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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB

A EDUCAÇÃO INFANTIL NA PEDAGOGIA WALDORF

Celma Scognamiglio de Campos Lourenço1

RESUMO

Este estudo teve o objetivo de descrever como a Pedagogia Waldorf vê a criança da Educação
Infantil e como o seu desenvolvimento pleno interfere na formação integral humana. De acordo
com a revisão bibliográfica, a Pedagogia Waldorf foi criada na Alemanha, em 1919, após a
Primeira Guerra Mundial, em um período de caos econômico, social e político. O idealizador
dessa Pedagogia foi Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, ciência que a fundamenta,
afirmando que as escolas devem ter como principal função, a de formar seres humanos livres,
e capazes de por si mesmos, encontrarem seu caminho. Dentre os autores pesquisados para a
constituição deste trabalho, destacaram-se, Rudolf Steiner (1861-1925), Lanz, (2000), Araújo,
(2016), Stezer, (2010), Andrade, (2013), Lameirão (2015) e outros. A metodologia utilizada foi
a pesquisa descritiva, tendo como coleta de dados. o levantamento bibliográfico por meio de
livros, artigos e outros trabalhos acadêmicos. As conclusões mais relevantes são que na
Educação Infantil desenvolvida pela Pedagogia Waldorf, o “ser criança” é vivenciado de forma
real, proporcionando todas as experiências necessárias para que a criança tenha seu
desenvolvimento integral e holístico.

Palavras-chave: Pedagogia. Waldorf. Educação. Criança. Brincar.

1 Introdução

O presente artigo apresenta uma discussão teórica de como a Pedagogia Waldorf trata
“o ser criança” na Educação Infantil, sendo essa a fase mais importante da educação básica.
Partindo do princípio do respeito a individualidade de cada criança e do desenvolvimento dos
seus talentos e de suas capacidades, cada um em seu devido tempo.
A Pedagogia Waldorf, fundada em 1919, pelo cientista e filósofo, Rudolf Steiner, na
Alemanha, é baseada no conhecimento do ser humano e de sua relação com o meio, olhando
para o homem como um ser integrado e harmônico, físico, anímico e espiritual. Toda a prática
educativa da referida pedagogia é fundamentada a partir de uma profunda observação do “ser
criança” e das condições necessárias para seu desenvolvimento pleno, como afirma a
Antroposofia.

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Pós-graduando em Educação Infantil na Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB. celmascog@gmail.com.
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Este estudo delimitou-se ao primeiro setênio, que compreende do nascimento até a troca
dos dentes, por volta dos sete anos. Nesse primeiro momento é necessário mostrar à criança que
o mundo é bom, permitindo que sua imaginação e a criatividade fluam livremente resultando
num brincar com fantasia. Dessa forma, desenvolvendo vontades, capacidades e habilidades.
Um jardim da infância, como é designada a Educação Infantil Waldorf, deve proporcionar um
ambiente tranquilo para que as crianças brinquem, cantem, dancem, desenhem, pintem,
cozinhem, façam teatro, ouçam muitas histórias livremente sendo apenas crianças (LANZ,
1990).
O objetivo geral desse trabalho foi descrever como a Pedagogia Waldorf “educa” a
criança na Educação Infantil e como o desenvolvimento pleno dessa fase interfere diretamente
na formação integral do ser humano.
Esta pesquisa justificou-se por exigir um estudo mais aprofundado dessa Pedagogia,
com relação a Educação Infantil e gerando um trabalho resumido e acessível a outros
profissionais da educação. Espera-se contribuir por meio desse estudo, para a propagação no
meio acadêmico dos fundamentos da Educação Infantil na Pedagogia Waldorf.
A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva, tendo como coleta de dados o
levantamento bibliográfico por meio de livros, artigos e outros trabalhos acadêmicos.

2 A Pedagogia Waldorf

Na sociedade contemporânea, a aprendizagem está cada vez mais vinculada ao uso dos
recursos tecnológicos. Nas escolas Waldorf isso é bem diferente, uma vez que, em suas aulas,
são oferecidos aos alunos materiais bem incomuns como: lãs, agulhas de tricô, quadro-negro
com giz colorido, brinquedos de madeira, gizes de cera, velas para iluminar a hora da contação
de histórias, mesas de madeira, lápis preto, horta onde as crianças cultivam alguns alimentos
da merenda, brincadeiras ao ar livre, muitas atividades fora da sala de aula e outras tantas
particularidades. Não disponibilizando em seu ambiente educacional qualquer recurso
tecnológico para uso dos alunos. Como também, não aconselham o uso desses aparelhos em
casa, afirmando que esses intimidam o pensamento criativo, dificultando a interação humana e
prejudicando a atenção. Esses recursos devem ser utilizados numa fase em que a criança já está
madura o suficiente para fazer seu melhor uso, e que não atrapalhe seu poder criativo.
(CICHOCKI,2012)
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A Pedagogia Waldorf surge como uma educação inovadora voltada para atender as
necessidades da formação do ser humano como um todo. Seu método busca reconhecer o
homem como ser livre e original, sendo digno de um olhar individual, durante o seu processo
de desenvolvimento. Tal pedagogia se propõe a criar soluções criativas para a formação humana
integral (CEZAR et al., 2010).
No ano de 1919, Rudolf Steiner, idealizador da Pedagogia Waldorf e criador da
Antroposofia, foi convidado por Emil Motta, proprietário da fábrica de cigarros
Waldorf/Astória, para ministrar palestras aos seus funcionários. Como resultado, o palestrante
foi convidado a criar uma escola para os filhos dos operários da fábrica para que seguissem a
Antroposofia e assim criando gerações de pessoas melhores (LANZ, 1990).
Após muitos estudos sobre metodologias, didática e pedagogia, surge então, a primeira
escola na concepção sócio antropológica, em sete de setembro de 1919, na cidade de Stuttgard,
na Alemanha, a escola Die Freie Waldorffschule (Escola Waldorf Livre), composta por 12
docentes, formados por Steiner na Pedagogia Waldorf e 256 alunos iniciam suas atividades
(ARAÚJO, 2016).
Para Steiner (2010), a educação exerce um papel fundamental nas questões sociais
enquanto meio de se obter uma reforma da sociedade e das relações humanas, principalmente
através da valorização do ser humano e de seu desenvolvimento espiritual. Por esse motivo,
buscou uma estratégia pedagógica que incluía o desenvolvimento espiritual do aluno e sua
interação cósmica com o universo. A Antroposofia, que significa “Sabedoria Humana”, traz à
luz uma nova ciência, mais abrangente que a atual, pois amplia a visão do universo e do homem.
Um caminho de autoconhecimento do homem, cujos instrumentos são o pensar, o sentir e o
querer. Por fim, distinguem-se desde o início por ideais e métodos pedagógicos em oposição ao
dualismo do pensamento ocidental e a abordagem cartesiana (STEZER, 2010).
O homem possui, desde o seu nascimento, quatro corpos: o físico, o etérico, o astral e o
eu; porém, a Antroposofia considera que ao nascer, o único corpo que realmente nasce é o corpo
físico. Logo, o desenvolvimento gradual de cada um dos demais corresponde ao seu processo
de amadurecimento, que diz respeito ao contato com o mundo e, por consequência, ao seu
aprendizado. Esse processo leva vinte e um anos, mas pode durar a vida toda, uma vez que o
“eu” deve percorrer sucessivamente todos os seus corpos e neles, desenvolver algum tipo de
aprendizado (ANDRADE, 2013).
Buscando respostas às problemáticas fundamentais da sociedade, a Pedagogia Waldorf,
com base nos conhecimentos antropológicos estudados por Rudolf Steiner, no início do século
XX, acredita que a criança aprende na importância do seu brincar, diferente do aprender
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brincando, pois ela necessita do comando para ser livre. A criança antes dos sete anos é puro
instinto. Não se trata de um sistema educacional, mas sim uma arte que desperta o que há de
melhor no ser humano. Não se pretende “o educar’ com a referida pedagogia, mas sim o
despertar no tempo de cada um. E quanto aos professores devem ser despertados, em seguida,
devem despertar as crianças e os jovens novamente" (STEZER, 2010).
Segundo a UNESCO, esta pedagogia é apontada como o modelo capaz de responder aos
desafios educacionais da atualidade, principalmente nas áreas de grandes diferenças culturais.
No Brasil, a primeira escola Waldorf foi fundada em 1956, na cidade de São Paulo, com o
objetivo de contribuir para um mundo melhor. Atualmente, a referida escola conta com
aproximadamente 850 alunos e 75 professores Desde sua criação surgiram aproximadamente
1.000 escolas no mundo inteiro, espalhadas por 60 países, sendo 74 instituições escolares
oficiais no Brasil, sem levar em conta os jardins de infância com 9.702 estudantes do Jardim da
Infância até o Ensino médio (FEWB, 2016).

3 O Jardim-de-infância

A pedagogia Waldorf considera o jardim-de-infância como uma solução emergencial e


como um mal menor, resultado de uma vida cheia de afazeres de pais e mães ocupados demais
para dar a devida atenção aos filhos pequenos. Defendem que as crianças pequenas deveriam
estar com os pais em casa, com os irmãos e brincando com as crianças do bairro, num ambiente
familiar, fazendo coisas simples e corriqueiras, interagindo com a natureza e os afazeres de uma
casa. Mas infelizmente o que acontece é bem diferente, a maioria das crianças das grandes
cidades, vivem em apartamentos e sobrevivem em cidades barulhentas, poluídas, formando um
ambiente conturbado e nervoso, onde não existe o convívio com a vizinhança e seus afazeres
resumem-se em manusear aparelhos eletrônicos, cada vez mais modernos, que absorvem o dia
dessas crianças (LANZ, 1990).
A Pedagogia Waldorf pretende desenvolver a criança de forma integral, evidenciando o
respeito às características e necessidades de cada fase da vida. Espera-se que a criança passe de
forma harmônica e intensa, por cada uma dessas fases. A tarefa do Jardim-de-infância é de
formar seres humanos livres capazes de por si, encontrar o propósito e a direção para suas vidas,
ou seja, se tornarem autônomos e decididos para com o transcorrer da própria história Dessa
forma, com o dia bem dividido a criança após suas obrigações, como por exemplo, a hora do
lanche, onde cada um tem uma função, como fazer o pão, arrumar a mesa, lavar a louça e
guardar, a criança deve ser deixada livre para brincar da forma que quiser, pintando, modelando,
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recortando e, por fim, uma roda de contos finaliza o dia, onde todos em silêncio ouvem a
professora que, pausadamente, narra um conto de fadas, uma poesia, que devem ser contados
por trechos, para que desperte na criança, a curiosidade com relação à história
(ANTROPOSOFY, 2018).
Nessas condições, o jardim-de-infância deve levar a sério sua função, recriando tudo
aquilo que a criança não tem mais em casa, um ambiente agradável e próprio, de preferência
sob orientação de um ou dois educadores, com crianças de idades variadas, imitando uma
família composta de irmãos mais velhos e mais novos. A sala de jardim de infância é muito
importante e deve ser decorado para se tornar um ambiente aconchegante. A sala deve ser
composta de pequenos ambientes, como o “quarto de bonecas” e a “cozinha”. Com mesas
grandes para que vivenciem o social durante as refeições e algumas outras atividades, como a
culinária ou aquarela. Os panos e cavaletes para a construção de cabanas e circo devem estar
disponíveis, assim como os brinquedos de madeira e as bonecas de pano, conchas, pedras,
toquinhos de madeira, sementes, lã de carneiro, panos, giz de cera, entre outros, para que a
criança crie e use a fantasia que lhe é inerente. O dia deve ser cuidadosamente organizado, com
várias atividades, incluindo pequenos deveres, como cuidar da horta, arrumar a sala, preparar o
pão para o lanche, tudo isso de maneira prazerosa e espontânea (LANZ, 1990).
Nas escolas Waldorf, as turmas são denominadas como Maternal e Jardim. No maternal,
ficam as crianças menores de três anos, e nos Jardins ficam as crianças de três a seis anos. No
Jardim, os mais novos são cuidados, brincam e aprendem com as crianças mais velhas. A
criança aprende a brincar vendo os outros brincando, por meio da imitação. Como acontece em
sua casa, ambiente esse que é referência para a Pedagogia Waldorf, pois tudo nessas escolas
lembram o contexto familiar. A professora adota a postura da mãe, atendendo crianças com
faixas etárias diferentes e com a constante relação de troca, cuidando e auxiliando. Oferecendo
um ambiente aconchegante e harmonioso como o de um lar. As crianças menores de três anos
são amparadas já que se encontram na fase da birra e do egocentrismo, necessitando de um
cuidado mais individualizado (HEYDEBRAND, 1996).
O brincar possibilita na criança o ato do experimentar, do conquistar, do
desenvolvimento dos sentidos e da coordenação motora, tornando-se um adulto desenvolvido
em sua amplitude. A criança passa grande parte do tempo brincando, já que se desenvolve por
meio desse. O brincar nesta fase deve ser levado a sério assim como o trabalho para o adulto.
Pois brincando, a criança adquire experiências que as permitem se situar em seu ambiente,
conhecer o mundo e a si mesma e desenvolver suas capacidades de relacionamento social e sua
coordenação motora (ANTROPOSOFY, 2018).
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Na pedagogia Waldorf, a criança da educação infantil deve sentir que a escola é sua
segunda casa, como afirma Lanz (1990, p.41), “a permeabilidade da criança ao que está ao
redor dela é um fato que o educador deve conhecer e levar em conta”. A criança, pequena
absorve inconscientemente não apenas ´só o que existe sob o aspecto físico, como também o
clima emotivo do entorno, o caráter e os sentimentos das pessoas que as cercam, pois aberta
ao mundo, dispondo de confiança ilimitada, recebendo estímulos sensoriais do seu entorno, não
elaborando julgamento ou análise, e todas as percepções inadequadas são armazenadas no
inconsciente. Ainda não compreende o pensamento dos adultos. A criança apresenta o
desenvolvimento motor aprendendo por imitação. Deste modo, o educador Waldorf deve ser
honesto e digno de ser imitado, pois no exercício de imitação inconsciente estará fundamentada
a moralidade futura da criança (ANDRADE, 2013).
Dessa forma, os materiais naturais possuem grande importância para o desenvolvimento
das crianças, fazendo com que se sinta parte da Natureza, desenvolvendo um sentimento de
pertencimento em relação ao mundo e assim, todos os materiais didáticos e decorativos têm sua
origem e característica naturais, para que as crianças estejam o tempo todo interagindo com a
meio natural e sendo direcionadas para a realização de recitais de poesias que tem relação com
a natureza. Para Steiner, o entendimento de que o homem faz parte da Natureza acaba se
tornando um princípio educativo (ARAÚJO; 2016).

4 Os setênios
O ensino da Pedagogia Waldorf é dividido em setênios e essa segmentação tem como
objetivo o desenvolvimento equilibrado do indivíduo de acordo com a fase em que está. Para
Steiner, a vida humana não acontece de forma linear, mas em ciclos de aproximadamente sete
anos. Assim, em cada um desses ciclos, um determinado membro da entidade humana (corpo
físico, corpo etérico, corpo astral e a organização do eu) se desenvolve de maneira mais
pronunciada (LANZ; 1990).
A Pedagogia Waldorf baseia o planejamento nas fases do desenvolvimento, os
chamados de setênios. Os primeiros sete anos de vida devem ser dedicados ao conhecimento e
ao amadurecimento do corpo de seus limites e de suas capacidades. Nesse período a
aprendizagem acontece por meio de vias inconscientes principalmente pela imitação. A criança
alicerça suas experiências pelas brincadeiras que brotam da sua imaginação. Inicialmente o
corpo físico dá os sinais de maturidade e de solidez estrutural, que acontece entorno dos sete
anos. A gratidão pela vida é a virtude básica da criança dessa fase, onde ela aprende que, “o
mundo é bom” (SILVA et al., 2015).
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Nos primeiros anos de vida, a tríade composta pelo corpo, alma e espírito forma uma
unidade na criança. Nessa fase, o corpo etérico constitui-se como o elemento mais importante,
pois exerce sua influência por meio da cabeça e, à medida que a criança se desenvolve, seu
organismo também o faz e os períodos de vigília aumentam, logo, a criança passará mais tempo
acordada e consciente. Assim, gradativamente a tríade será desfeita. Porém, enquanto essa
unidade existir, as crianças ficam entregues aos seus processos vitais – alimentação, sono,
movimentos descontrolados (LANZ; 1990).
A criança inicia sua autonomia por meio do corpo físico como andar, os dentes
começarem a despontar, por exemplo, significa que o corpo etérico está se despedindo das
funções de “sistema de alerta” e passando a atuar de outra forma. Nesse momento, as crianças
já começam as interações com o meio em que vivem e a repetição inconsciente do que os adultos
fazem se torna uma forma de aprendizagem influenciada pelo meio e pelas pessoas que o
compõem. Quando a criança vai à escola o educador precisa conhecer bem essas etapas para
conduzir seu desenvolvimento integral (CORTELLESSA; 1989).
Segundo a Pedagogia Waldorf, no primeiro setênio, a maior tarefa da criança é
transformar seu modelo corpóreo recebido dos pais e, apropriando-se da morada em que
habitará durante toda sua a vida. Remodelando seu o corpo, tornando-o de acordo com o que a
criança precisa. O desenvolvimento dos ossos vincula-se ao aumento do peso e da gravidade
durante todo o processo de crescimento. Ganhando aperfeiçoamento, essa modelagem, até
aproximadamente os sete anos de vida. O corpo todo, parte da forma arredondada e indefinida,
desenvolve-se, rico em detalhes, modelando a cintura, o desenho da coluna e a expansão do
tórax. Toda forma corpórea se estabelece durante o primeiro setênio. Após esse período, a forma
do corpo se mantém e ela apenas cresce. Na fase referida, todas as capacidades da criança
desenvolvem-se por meio do contato com o ser humano e com os elementos e acontecimentos
do meio ambiente. Sendo muito importante o exemplo, pois aprende através desse. Os
professores das escolas Waldorf são preparados para que se tornem cada vez mais, capazes de
perceber a individualidade de cada criança como futuro adulto particular, com seus impulsos,
perguntas e contribuições próprias. O professor deve significar para cada criança a ponte entre
a criança e o mundo que a cerca (LAMEIRÃO;2015).
A criança como ser sensorial e imitador, onde aprendem pelo exemplo, imitando tudo o
que envolve o seu entorno. Nesse período concentra suas energias para o desenvolvimento e
maturação do corpo físico, prevalecendo nesta fase, o querer conhecendo o mundo pelo fazer,
onde as descobertas acontecem naturalmente, sem pressão, sem traumas ou medos, fazendo
com que amadureça de forma tranquila, tornando-se mais segura (LANZ;1990).
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O educador apresenta o mundo por meio dos gestos para a criança e, são eles que a
criança apreende ao imitar. Assim, jardinar, cozinhar, lavar, limpar, são atividades inerentes ao
espaço educativo durante a infância. Desenvolvendo linguagem expressiva do gesto, da fala, do
desenho e do movimento. A “memória corporal” como é definida a imitação caracterizada por
todo o aprendizado do setênio; esta memória vai se transformando no decurso desse período,
na capacidade de memória representativa. Por isso, os educadores dessa pedagogia devem estar
atentos a todos seus gestos e suas posturas diante dos pequenos. O ritmo é algo saudável para a
criança, lhe trazendo segurança. Cultiva-se diariamente, bons hábitos de higiene, alimentação,
respeito, veneração e socialização. A criança do jardim da infância, é inteiramente força de
vontade, pois deseja brincar e se movimentar. A forma como a criança brinca sofre a influência
da fantasia e do que vem de dentro, também pela imitação do trabalho e pelos gestos dos adultos
(HEYDEBRAND; 1996).

5 O currículo no Jardim-de-infância

Nas Escolas Waldorf o ensino-aprendizagem caminha seguindo alguns fundamentos


básicos inspirados na Antroposofia, que são: a liberdade individual que é a maior riqueza do
homem; o ensino que só pode ser vivo e luminoso se for livre; o ser humano visto como fruto
dos acontecimentos que remetem aos primórdios da humanidade. Quando a criança pequena
entra na escola, chega exalando curiosidade, e aos poucos vai desenvolvendo a propriedade da
língua, da escrita, da matemática e ciências (FEWB; 2016).
Ideologicamente, a escola Waldorf atua por meio do currículo pensado e desenvolvido
a partir de duas questões: a primeira; que ser humano deseja se formar? E a segunda: que tipo
de conhecimento tem mais valor? Dessa forma, a percepção de que o homem para ser
desenvolvido em sua plenitude deve ultrapassar pelo “poder” de um ou outro conhecimento.
Por isso, a importância sempre da indagação (SILVA et al.,2015).
No currículo da Pedagogia Waldorf a diversidade cultural é comprometida com os
princípios éticos humanos e presente na valorização da integração social da cooperação, da
integração da escola e da família, da infância saudável, da alegria e da responsabilidade nos
processos de aprendizagem, da excelência intelectual, da imaginação, da criatividade, do
cultivo da memória, das habilidades em resolução de problemas, da arte e do movimento, como
meios de exercitar capacidades e como elementos que permeiam todo o processo de
aprendizagem. Propiciando um desenvolvimento adequado a cada faixa etária nos âmbitos
físico, emocional e cognitivo com os professores em permanente processo de autoeducação:
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além da formação acadêmica os professores passam por uma formação específica em Pedagogia
Waldorf (ANDRADE; 2013).
O brincar livre faz parte do currículo e trata-se de um desafio para os educadores dessa
fase, pois não devem interferir nessa atividade que é inerente à criança. A criança se entrega ao
ambiente do qual os próprios educadores fazem parte, imitando, na medida que se identifica
com algum aspecto desse ambiente, direciona a intenção no brincar quando ela tem um objetivo
para a sua atividade, pois a intenção advém da possibilidade de a criança representar
internamente vivências anteriores. É dessa forma que a criança conquista o instrumento para a
vida cognitiva (BRANDÃO; REIS; 2018).
Os contos de fada também fazem parte do currículo, tratando-se de um tesouro da
humanidade, fruto das vivências da existência humana e de sua atuação que causa um efeito
inconsciente na alma, resgatando, por meio das imagens significativas o amadurecimento do
ser. Dessa forma, as crianças se reconhecem neles, embora de modo inconsciente, pois tem algo
em comum com sua própria alma. Os príncipes, as princesas, os anões, os gigantes, todos os
personagens, correspondem as mais diversas realidades interiores do homem. Os contos devem
ser narrados muitas vezes, sempre respeitando a sequência e usando as mesmas palavras pois
são um verdadeiro "alimento" para a alma das crianças, além de estimular a memória. Nunca
se deve interpretar, ou identificar alguma "moral da história", para as crianças pois esse
momento deve ser mágico e de puro deleite. As imagens vivenciadas por elas irão amadurecer
aos poucos, no inconsciente de cada uma delas e isso fará parte do aglomerado de informações
que será levado pela vida toda (STEZER; 2010).
O conto deve ser narrado de uma vez, assim a criança receberá a imagem inteira e não
em partes, pois ainda não possui a capacidade para recontar uma história com começo, meio e
fim. Já que sua memória se limita aos aspectos que sofrem interferência de sentimentos, ou seja,
a criança memoriza as cenas que lhe causaram prazer ou temor. O tom de voz usado pelo
professor deve ser o seu, comum de todos os dias, favorecendo um ambiente de sonho, e não a
dedução da criança a uma imagem que não seja a criada por ela mesma, a partir da história
contada. O ambiente de penumbra, estimula a vivência imaginativa da criança. Para as mais
agitadas, as histórias também podem ser contadas com o apoio de bonecos de pano, tipo
fantoches, simples, apresentando-as na forma de um pequeno teatro, dando mais movimento à
história prendendo a atenção (LANZ; 1990).
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6 Conclusão

Com o estudo realizado buscou-se descrever como a Pedagogia Waldorf vê a Educação


Infantil, dando a devida importância para com o desenvolvimento da criança, quanto ao espaço
e ao tempo para o desenvolvimento de uma infância saudável, sem procedimentos voltados para
uma alfabetização precoce, pois tudo que acontece nessa fase, interfere diretamente na
formação do indivíduo.
A Pedagogia Waldorf, baseada nas dimensões essenciais do homem: em que o sentir
tem relação com o presente, o pensar com o passado e o querer com o futuro, pode ser entendida
como uma proposta atemporal. E por fim, o jardim de infância Waldorf pode ser entendido
como um ambiente no qual a criança tem espaço para conhecer e superar seus limites, cada uma
no seu devido tempo.
Ao fim desse estudo, observa-se que um dos maiores diferenciais das Escolas Waldorf,
é sem dúvida, a percepção da criança enquanto criança, ou seja, evidenciando em seu currículo
o tempo de brincar livre, onde ela pode imaginar, construir, vivenciar e experimentar o mundo
“só dela”, o mundo infantil e de fantasias. Afinal, o “trabalho” da criança nesta fase é o brincar,
uma vez que é a partir disso que desenvolverá harmoniosamente o seu “eu”. Para que assim se
torne um ser humano autônomo, atento e que vive em harmonia com a natureza e com a
sociedade. São inúmeras as contribuições que a referida pedagogia tem a oferecer, ainda de
forma tímida, mas contundente em suas afirmações com relação a importância do
desenvolvimento da criança de maneira respeitosa em cada etapa de desenvolvimento no
Jardim-de-infância.
Dessa forma, a lacuna existente deve ser preenchida com novos estudos, e
conhecimentos das práticas que contribuirão de forma relevante para a Educação e para
Pedagogia, pois ampliando horizontes acerca das práticas pedagógicas, e, consequentemente,
influenciando nas metodologias de ensino, estimulando dessa forma, as escolas e os
professores, para que desempenhem um papel na formação de seres humanos integrais.

Referências

ANDRADE, Rafaela Guimarães de. A contribuição dos contos de fadas ao


desenvolvimento infantil no âmbito da pedagogia Waldorf / Rafaela Guimarães de
Andrade: Brasília: UnB. 2013.
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