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mação com seu pessoal. Um dos quesitos do vaga de “cuidar da imagem” e ‘para isso
ranking era “Clareza e abertura na comuni- utilizaria, particularmente, a promoção de
cação interna”. Apenas quatro entre as listadas eventos, entre outras ações não claramente
não obtiveram a maior pontuação nesse item, especificadas, mas que permitem a visuali-
as cinco estrelas. zação (e não visibilidade) da instituição.
O segmento de assessoria, em expansão, Trata-se de uma imagem externa, para “ser
apresenta-se hoje como um dos principais vista”, para garantir a “boa aparência” e obter
blocos de referência para o exercício das a “boa aceitação” da sociedade, do público
práticas jornalísticas, ao lado dos meios consumidor, dos demais públicos de interes-
impressos, da TV e à frente do rádio. Se- se.
gundo o professor Gaudêncio Torquato (2002: Segundo Jorge Duarte, fica nítida a
78), avançamos muito nas últimas décadas preocupação dos jornalistas em diferenciar
com o crescimento dos negócios, a abertura o papel dos dois profissionais, enfatizando-
do universo de locução e com o fenômeno se que jornalistas “cuidam da informação”
da globalização. Dados consolidados dão e os relações-públicas “cuidam dos relaci-
conta de que o faturamento das 10 maiores onamentos”. Na opinião do autor da pes-
empresas de assessoria atingiu em 2001 o quisa, há convicção entre os jornalistas de
patamar de 500 milhões de reais, o triplo de que o papel do relações-públicas está mais
1997. Já há duas brasileiras entre as 12 vinculado à questão da criação e manuten-
maiores empresas do mundo no ramo. A Casa ção de uma imagem institucional, embora eles
Branca – sede oficial do governo americano não saibam definir com maior rigor e pre-
– gasta por ano 3,5 bilhões de dólares com cisão as tarefas do relações-públicas e suas
estratégias de comunicação, sendo que 1,5 formas de operacionalização.
bilhão de dólares destinados ao relacionamen-
to com os meios. 4. Atribuições e responsabilidades
envolvidos com uma questão polêmica, frase proferida por um de seus principais
geralmente acham que foram traídos pela executivos: “a comunicação não é apenas útil;
insensibilidade do profissional no desenrolar ela é antes de tudo imprescindível”. Dados
da apuração ou na narração do fato. Aquela para ilustrar a evolução e o posicionamento
velha frase se encaixa nessas situações: “a da Rhodia no atual contexto: em 84, quando
culpa é sempre da imprensa”. O jornalista ainda não havia definido a sua “virada de
Alberto Dines (1997: 15) lembra que numa mesa” na comunicação, dos 92 releases
sociedade que busca o seu aperfeiçoamento enviados aos meios impressos, surgiram
não pode haver o espírito de “dedo no apenas 102 páginas. Já em 87, com a nova
gatilho” contra a imprensa, mas sim um política de relacionamento com a imprensa
acompanhamento crítico e atento de sua em andamento, dos 87 releases enviados aos
evolução. Na sua opinião, se um jornal jornais, a empresa ocupou um espaço equi-
cutucou um fato desconfortável não é mo- valente a 231 páginas. Uma demonstração
tivo para que seja criticado ou silenciado, pois clara que a profissionalização dos serviços
o lícito é mandar investigar, apurar e res- proporcionou um melhor aproveitamento dos
ponsabilizar os envolvidos nos atos que textos enviados aos meios de comunicação.
geraram a denúncia. Dines considera que a E daí por diante, a performance da Rhodia
explicação, o desmentido ou uma resposta foi melhorando a cada ano. Em 89, os quase
transparente mesmo não favorável à empresa 100 releases geraram 390 páginas na mídia
são mais dignos que o silêncio imposto pela impressa e 160 minutos de tevê. Já em 91,
omissão ou censura. com a imprensa totalmente entrosada com o
Um bom relacionamento com a imprensa posicionamento da organização, 800 entre-
pode transformar um problema em sucesso, vistas foram solicitadas através de sua as-
assim como a condução apropriada de uma sessoria de imprensa. Ou seja, a Rhodia
queixa pode resultar em aumento de satis-
praticamente não precisou procurar os veí-
fação do cliente. Quem garante é Christopher
culos. Os jornalistas já tinham a empresa
Haskins, chairman da Northern Foods, da
como uma fonte permanente de notícias.
Grã-Bretanha. Mesmo definindo os homens
Exemplos como a Rhodia já fazem parte do
de negócios britânicos como paranóicos e
cotidiano de muitas outras empresas no Brasil,
sigilosos, integrantes de uma cultura de
que preocupadas em sistematizar as infor-
patrocínio e elitismo e muito reticentes nos
mações geradas em seus diversos núcleos e
contatos periódicos com a mídia, Haskins
aperfeiçoar seus relacionamentos não só com
acredita que só através da imprensa é que
a imprensa, mas também com outros segmen-
os políticos e executivos conseguem se
comunicar de uma maneira eficaz com seus tos, têm procurado estruturar ou ampliar suas
eleitores e clientes. participações junto à opinião pública, con-
Este tipo de pensamento, há alguns anos tratando os serviços de profissionais prepa-
muito comum nos países da Europa e nos rados ou empresas bem estruturadas.
EUA, começa a ser absorvido com total
seriedade aqui no Brasil. Experiências recen- 6. A dimensão das razões
tes demonstram isso: a Rhodia S.A. - um
gigante empresarial vinculado ao grupo fran- Demonstra-se assim, que o papel da as-
cês Rhonê-Poulenc - apresentou um ambi- sessoria de imprensa é fundamental na atual
cioso plano de comunicação social desenvol- conjuntura, a fim de profissionalizar fontes
vido a partir da década de 80 e que em pouco e disputar audiências e que impõe novos e
tempo a projetou como uma empresa mo- complexos desafios. As novas tecnologias, a
derna, aberta, sem medo da verdade e dirigida quebra das fronteiras comerciais, a
com uma visão não apenas voltada para mundialização das organizações, os relacio-
situações eminentemente técnicas e burocrá- namentos, as ferramentas e a formação, além
ticas, mas também posicionando-se nos de alguns outros aspectos demonstram uma
principais veículos de comunicação com série de mudanças que tem provocado uma
idéias políticas e sociais que interessam ao reviravolta no mundo da informação e na
país. Marcou sua presença na mídia com uma forma como as empresas lidam com o pro-
460 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV
cesso de gerenciamento deste universo. Hoje, não é apenas mais um simples repassador ou
por exemplo, constatamos uma excessiva receptor de informações, mas sim aquele que
oferta de informação e uma pulverização de busca condições para se inserir como gestor
públicos e meios. Lidamos com um de informação, em um processo dinâmico,
vastíssimo horizonte de mídias de todos os novo e desafiador.
tipos e tamanhos, dos jornais de comunida- As assessorias de imprensa se expandi-
des às grandes redes de comunicação espa- ram principalmente nas últimas décadas. O
lhadas pelo mundo, das redes de informação crescimento se deu na atualidade, em função
das ONGs às agências on-line dos jornais. da expansão dos negócios, através de incor-
E se as empresas estão irremediavelmente porações, fusões e que com isso consequen-
ligadas ao mundo da informação, o que é temente as empresas passaram a ter uma
preciso é melhorar a qualidade da comuni- maior necessidade de comunicação, bem
cação que se pratica, torná-la cada vez mais como se definiu uma abertura do universo
estratégica, oportuna, coerente com os ne- de locução, onde os meios de comunicação
gócios e os valores de cada organização. O saíram de um discurso autoritário para um
que só se faz com organizações cada vez mais discurso muito mais democrático, denunci-
integradas à vida social, atentas ao seu correto ando escândalos e corrupções não só das
posicionamento, coerentes com suas políti- malhas da administração pública como tam-
cas. A comunicação deve ser o resultado de bém dos negócios ilícitos das empresas
uma postura empresarial possível de ser privadas. Isto obrigou as empresas a serem
apresentada e justificada junto à sociedade. mais transparentes para a sociedade. As
Perde poder na atualidade o antigo setor posturas low profile estão sendo substituídas
de comunicação como único depositário da pelas posturas high profile. Um terceiro fator
informação a ser transmitida à mídia, e identificado, o fenômeno da globalização,
ganham destaque a própria organização e pois cada vez mais as empresas e os negó-
todos os seus componentes, que estão o tempo cios estão transnacionais. Com os países
todo interagindo com o mercado e a própria “derrubando” suas fronteiras do ponto de vista
imprensa. Para os profissionais que estão político e econômico isto cria, de certa forma,
atuando na área, o grande desafio apontado a necessidade de uma teia de organização
é o de qualificar a informação disponível, global, uma malha mais abrangente. O que
reconhecer a pluralidade dos públicos, imediatamente obriga as empresas a reagir
posicionar corretamente a organização junto com intensidade aos fenômenos de mercado.
aos meios de comunicação dentro de um Através de uma competente administra-
projeto sistemático e permanente, que englo- ção das informações, uma organização ne-
be preceitos éticos bem definidos, falas cessita de um bom trabalho de comunicação
programadas e ajustadas, uniformes e tem- desde o momento em que é criada e que
peradas com uma boa cultura de comunica- conforme se amplia expande o seu sistema
ção. A cada dia se define um consumidor de comunicação. Ao mesmo tempo, as gran-
de informação/produtos/serviços/cidadão des organizações partiram na frente e se
muito mais exigente, mas que é preciso consolidaram, mas cada organização precisa
cultivar e conquistar. E isto depende eviden- criar a sua identidade, independente de seu
temente de uma boa formação dos profissi- porte, planejando uma intensa comunicação
onais. Há espaço para oportunidades cada vez para tipificar produtos e serviços diferenci-
mais interessantes, mas é preciso muita ados.
responsabilidade, eficácia e criatividade. É Ficou caracterizado que a informação é
preciso também que se reflita a respeito de vital para a vida das organizações, pois as
projetos, estratégias e conceitos. É preciso empresas precisam saber o que está acon-
rever rapidamente conhecimentos e questi- tecendo na sociedade. É a partir destas
onar ações e ferramentas a cada situação possibilidades que são definidas estratégias,
nova. Antes de tudo, é preciso não temer táticas, processos, métodos e filosofias.
o novo, arriscar e ousar. Ao tentar reconhe- Ao valorizar a importância da formação
cer os novos espaços de atuação, o estudo e da ética, foi detectada a necessidade de uma
em questão identificou um profissional que postura de informação clara, transparente,
OPINIÃO PÚBLICA E AUDIÊNCIAS 461
objetiva e concisa por parte do profissional, onar a chamada revolução das fontes.
mediador, procurando sistematicamente ajus- Revolução que rompe as fronteiras do
tar os interesses da sociedade aos interesses jornalismo, impondo aos processos sociais
da organização. É preciso definir melhor as uma nova linguagem, tão vigorosa quanto
formas de comunicação a serem utilizadas, eficaz: a linguagem do acontecimento, com
prevendo principalmente a compatibilização a qual se produz a atualidade, dinâmica
do código do consumidor com as informa- complicada da qual o jornalismo faz parte.
ções que saem das organizações. O potencial transformador dos aconteci-
Com a consolidação da democracia e a mentos através da atualidade tem, no sen-
abertura da economia ao mercado internaci- tido jornalístico do conceito, a dimensão das
onal, novas regras se definiram para as razões, que mais não é do que a dimensão
empresas, instituições e pessoas públicas. A ética. O direito à vida, à liberdade, à ver-
comunidade e seus vários segmentos assu- dade, à informação; à honra e à dignidade;
miram lugar de destaque e comunicar-se o direito à casa, ao voto, à justiça, à edu-
deixou de ser uma opção, transformando-se cação, ao trabalho, à saúde; o direito de falar,
em necessidade, obrigação e imposição de de ir e vir, de silenciar, de estar só e de se
um relacionamento onde credibilidade, opor- associar. Na dimensão das razões está a fonte
tunidade e reconhecimento são fundamentais. dos critérios para atribuir significados aos
Responder prontamente às demandas que são acontecimentos e às transformações que eles
colocadas pelos usuários é questão primor- produzem ou podem produzir.
dial, já que cada vez mais torna-se difícil Na perspectiva pragmática, contribuir para
manter uma boa imagem omitindo-se em a credibilidade da notícia é a maneira mais
momentos de crise, deixando sem respostas inteligente de, na contrapartida, as fontes
as queixas e reclamações, fugindo do escla- institucionais se beneficiarem do jornalismo
recimento de problemas que afetam a comu- e do sucesso da sua vocação perseverante.
nidade. Tudo isso, exige um relacionamento Mas a razão mais forte é de natureza ética
cada vez mais profissional com os públicos, e tem nome que identifica um dos mais
e principalmente com a utilização correta dos preciosos valores universais: direito à infor-
meios de comunicação. mação, o direito de informar e ser informa-
Planejar de maneira sinérgica e integra- do, de opinar e receber opiniões - que não
da, tornar equilibrados os fluxos, tornar pertence aos jornalistas, nem à imprensa, nem
simétricos o institucional e o comercial, às fontes, mas à sociedade e a cada cidadão.
valorizar e enfatizar canais participantes, Existe, portanto, o dever de socializar,
estabelecer uma identidade forte e transpa- além das informações, as opiniões, os saberes
rente para a projeção externa e reconhecer e os conhecimentos que ajudam à compre-
a comunicação como poder organizacional ensão da realidade ou a transformá-la para
também foram objetos identificados pela melhor. Essa é a vertente que legitima a
pesquisa como fundamentais para que as atuação profissional dos jornalistas nas ins-
empresas possam alcançar o que Chaparro tituições, produtoras interessadas de aconte-
denomina de a dimensão das razões, dimen- cimentos e conteúdos. E que deu sentido a
são de natureza ética e que pode proporci- esta pesquisa.
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