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INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA DO SOLO NA ENERGIA TRANSFERIDA ÀS HASTES

DO SPT

Frankslale Fabian Diniz de Andrade Meira1; Raimundo Leidimar Bezerra2; Erinaldo Hilário
Cavalcante3; Fernando Artur Brasil Danziger4; Bernadete Ragoni Danziger5

RESUMO

O trabalho apresenta e discute resultados parciais de uma campanha de ensaios onde foram medidos Nspt (índice
de resistência à penetração do SPT), torque (SPT-T) e a energia transferida às hastes do SPT. Os resultados obtidos
mostraram que a resistência do solo não influencia a energia transferida às hastes.

ABSTRACT

The paper presents partial results of a series of field tests where Nspt, torque and the energy delivered to the rods
have been measured. It was found that the soil resistance did not influence the energy delivered to the rods.

PALAVRAS-CHAVE – Energia do SPT, Torque, SPT.

INTRODUÇÃO

PALACIOS [1] e SCHMERTMANN & PALACIOS [2] apresentaram o desenvolvimento de uma metodologia
com aplicação da equação da onda para estudar a dinâmica do SPT (Standard Penetration Test).

Os integrantes do Comitê Técnico (TC-16) reunidos em 1988 na cidade de Orlando e, em 1989, na cidade do Rio
de Janeiro, durante a realização do XII ICSMFE, preocupados com a qualidade dos dados obtidos com o SPT,
contemplaram-no com um procedimento internacional de referência, ISSMFE [3], e recomendaram a aferição do
equipamento em termos de energia transferida às hastes.

SCHMERTMANN & PALACIOS [2] mostraram que o valor de Nspté influenciado pela energia transferida às
hastes, mas não tecem comentários quanto à resistência do solo influenciar o valor daquela energia. No entanto, outros
estudos têm revelado a possibilidade de haver alguma influência do Nspt na energia máxima transferida às hastes, a
exemplo de MORGANO & LIANG [4].

No final da década de 80, RANZINI [5] idealiza o SPT-T (Standard Penetration Test com medição do torque)
como um procedimento complementar ao SPT tradicional, permitindo a medição do torque necessário à mobilização do
atrito lateral entre o amostrador padrão e o solo, juntamente com a realização do ensaio de penetração padrão. De
acordo com DÉCOURT e QUARESMA FILHO [6], a medição do torque não introduz modificações nos procedimentos
tradicionais do SPT, visto que é uma etapa executada após a medida da resistência à penetração (Nspt).

O objetivo deste trabalho é verificar a influência da resistência do solo na energia transferida às hastes do SPT.
Os dados foram obtidos a partir de campanhas de ensaios realizadas em bairros da cidade de João Pessoa, a partir de
instrumentação instalada junto ao topo da composição de hastes do sistema de SPT usual no Brasil. As energias foram
calculadas através de três métodos, EF2, E2F e EFV. O cálculo da energia pelo método EF2 considera a integral da
força elevada ao quadrado em um intervalo de tempo até a força se anular pela primeira vez. O método E2F é calculado
com o mesmo registro de força ao quadrado, porém só até o tempo t = 2l , sendo l o comprimento da composição de
c
hastes e c a velocidade de propagação da onda. O método EFV considera a integral do produto da força pela velocidade
num intervalo de tempo até a integral alcançar o valor máximo. Detalhes sobre as campanhas de ensaio podem ser
obtidas em MEIRA [7] e CAVALCANTE [8].

1
Mestrando, DEC/UFPB – Campina Grande
2
Professor, DEC/CCT/UFPB, Campina Grande
3
Doutorando, COPPE/UFRJ – Engenheiro/ATECEL/UFPB
4
Professor, COPPE/UFRJ
5
Professora, DEC/UFF
CAMPANHA DE ENSAIOS

Para realizar esta pesquisa foi executada uma campanha de sondagens à percussão em bairros da área metrolitana
da cidade de João Pessoa, nas proximidades da BR-230, no trecho João Pessoa-Cabedelo (Rodovia Transamazônica).
Essa campanha de ensaios foi realizada com a colaboração da ATECEL (Associação Técnico-Científica Ernesto Luiz
de Oliveira Júnior), que disponibilizou o equipamento do SPT e o pessoal de apoio. O SPT Analyzer, um sistema de
aquisição de dados portátil para registro de força e de velocidade nas hastes, e a instrumentação (strain-gauges e
acelerômetros), pertencem à Área de Geotecnia da COPPE/UFRJ.

O torquímetro utilizado (para obtenção do torque máximo), com capacidade para aplicar e registrar até 480N.m,
fabricado pela Gedore, é de propriedade da Área de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da UFPB, campus
de Campina Grande.

Análise dos Resultados

Na Figura 1 são apresentados os valores da resistência à penetração NSPT em função da profundidade, obtidos a
partir das cinco sondagens efetuadas. Da figura constata-se que em três (sondagens 1, 2 e 5) das cinco sondagens há um
nítido crescimento da resistência à penetração (Nspt) a partir de aproximadamente 4m de profundidade. Apenas as
sondagens efetuadas nos bairros do Bessa (no terreno da ATECEL) e na Elevatória 15 indicam que a resistência tende a
diminuir para profundidades maiores que 6m-7m. Este comportamento é característico das areias encontradas nessa área
de João Pessoa, conforme relatado por MEDEIROS [9].

N spt
0 10 20 30 40 50 60 70
0
Sondagem 1
2 Mandacaru
4 Sondagem 2
Mandacaru
6
z (m)

Sondagem 3
8
Terreno_Atecel
10
Sondagem 4
12 Elevatória 15
14 Sondagem 5
Elevatória 14
16

Figura 1. Resistência à penetração (Nspt) em função da profundidade a partir de cinco sondagens realizadas em
João Pessoa.

Na Figura 2 são apresentados os valores de torque em função da profundidade, a partir das cinco sondagens
realizadas. Da figura observa-se basicamente a mesma tendência de comportamento verificado para NSPT.

Na Figura 3 são apresentados os valores do índice de torque (T/Nspt) com a profundidade. Observa-se que tais
valores são razoavelmente constantes com a profundidade, mostrando que as variações de T e Nspt mencionadas
anteriormente obedeceram a padrões semelhantes. Cabe lembrar que a relação entre o torque e a resistência à
penetração foi proposta por DÉCOURT e QUARESMA FILHO [6; 10] como fator indicador do tipo de solo.
T(N.m)
0 100 200 300 400 500 600
0
Sondagem 1
2 Mandacaru
4 Sondagem 2
Mandacaru
6
z (m)

Sondagem 3
8 Terreno_Atecel
10 Sondagem 4
Elevatória 15
12
Sondagem 5
14 Elevatória 14
16

Figura 2. Torque máximo (T) em função da profundidade a partir de cinco sondagens realizadas em João
Pessoa.

T/NSPT
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
0
Sondagem 1
2 Mandacaru

4 Sondagem 2
Mandacaru
6
z (m)

8 Sondagem 3
Terreno_Atecel
10
Sondagem 4
12 Elevatória 15
14 Sondagem 5
16 Elevatória 14

Figura 3. Valores do índice de torque ao longo da profundidade nos furos de sondagens efetuados em bairros de
João Pessoa.

Correlações Obtidas

Na Figura 4 é apresentada a correlação linear e os limites de confiança (bandas de confiança) de 95% entre os
valores de NSPT e os valores do torque (T) obtidos a partir das cinco sondagens realizadas em João Pessoa. Da figura
pode-se observar uma tendência de crescimento linear nos valores do torque à medida que aumenta a resistência à
penetração do SPT. A correlação apresentada entre os valores de T e os de NSPT, a partir do modelo de regressão linear
ajustado, tem um coeficiente de determinação R2 = 0,74, mostrando que existe uma correlação entre os parâmetros. No
entanto, nota-se uma razoável dispersão dos dados, caracterizada pelo valor do erro padrão EP verificado (EP= 75,29
N.m). Essa tendência é mais evidenciada para valores de NSPT e T menores que 25 e 200N.m, respectivamente. Esta
constatação corrobora a opinião de RANZINI [5], o qual sugere um certo limite para validação da equação proposta, ou
seja, valores de torque menores ou iguais a 200N.m. Para valores acima de 200N.m, os erros de medidas devidos às
dificuldades de aplicação correta do torque às hastes por um homem podem comprometer a correlação. De fato, os
dados mostram que a dispersão dos valores de torque abaixo de 200N.m apresentou-se menor do que para os valores
maiores.

A relação entre o torque e a resistência à penetração foi proposta por DÉCOURT e QUARESMA FILHO [6]. De
posse das medidas do torque e dos valores da resistência à penetração, obtidos a partir de ensaios efetuados na bacia
terciária de São Paulo, DÉCOURT e QUARESMA FILHO [6] verificaram a existência de alguma relação entre estes
dois parâmetros. Em geral, há uma constante (K) entre o torque e N para um determinado tipo de solo, ou seja T=K.N.

A correlação mostrada na Figura 4, quando transformada para o mesmo sistema de unidades empregado por
DÉCOURT e QUARESMA FILHO [10], assume a seguinte forma:

T =2,25 + 1,05 Nspt [kgf.m] (1)

A Equação 1 é muito semelhante à equação proposta por DÉCOURT e QUARESMA FILHO [10], obtida para
solos sedimentares, T = 2 + N72, onde N72 é a resistência à penetração obtida sob um nível de eficiência de energia
transferida da ordem de 72% (em relação à energia teórica de queda livre), considerada típica por aqueles autores. Os
resultados das medidas relativas ao presente trabalho (ver ainda MEIRA [7] e CAVALCANTE [8]) indicam valores
típicos de eficiência da ordem de 75% para os métodos EF2 e E2F, portanto muito próximos dos referidos por
DÉCOURT e QUARESMA FILHO [10]. O método EFV forneceu valores maiores, da ordem de 84%.

Correlação obtida entre os valores do Nspt e os valores do Torque


T = 10,500 x Nspt + 22,509 (N.m)
Coef. de correlação: R = 0,86
R 2 = 0,74 e E.P.= 75,29 N.m

500 ar
line
ão
laç
orre
400 C

300
T (N.m)

200

100 BANDAS DE CONFIANÇA


DE 95%

0
0 10 20 30 40 50 60

Nspt

Figura 4. Correlação obtida entre o torque e a resistência à penetração a partir das campanhas de ensaios
realizadas em João Pessoa.

São apresentados nas Figuras 5, 6 e 7 os gráficos de energia (obtidos pelos métodos EF2, E2F e EFV) versus
NSPT. Observando-se apenas os pontos dos gráficos, é fácil constatar-se a inexistência de alguma tendência de
comportamento em todos os casos. Efetuando-se uma regressão linear, obtêm-se retas que indicam uma tendência de
pequeno crescimento da energia com o crescimento de Nspt nos casos de EF2 e E2F e comportamento inverso no caso
de EFV. A tendência em cada caso deve ser encarada com muito cuidado, não apenas pelos valores muito baixos dos
coeficientes de correlação, como pela própria validade de se efetuarem correlações lineares com pontos tão distantes de
uma distribuição em torno de uma reta.
Correlação obtida entre os valores de EF2 e os valores de Nspt
EF2 = 1,4633 x Nspt + 1,4633
Coef. de correlação: R = 0,30
2
R = 0,09 E.P.= 59,49 Joules
480

e ar
ção lin
Correla
420
EF2 (Joules)

360

300

BANDAS DE CONFIANÇA
240 DE 95%

180
0 10 20 30 40 50 60
Nspt
Figura 5. Correlação entre os valores de energia obtidos pelo método EF2 e os valores de Nspt a partir das
sondagens realizadas em João Pessoa.

Correlação obtida entre os valores de E2F e os valores de Nspt


E2F = 1,3208 * Nspt + 269,85
Coef. de correlação: R = 0,21
2
R = 0,04 E.P.= 72,76 Joules
450

400
ar
ção line
350
Correla
300
E2F (Joules)

250

200
BANDAS DE CONFIANÇA
150 DE 95%

100

50
0 10 20 30 40 50 60
Nspt

Figura 6. Correlação entre os valores de energia obtidos pelo método E2F e os valores de Nspt a partir das
sondagens realizadas em João Pessoa.

Nas Figuras 8, 9 e 10 são apresentados os gráficos de energia versus torque para todas as sondagens realizadas.
Como seria de se esperar, as observações referentes a energia versus torque são as mesmas do caso energia versus NSPT.

Assim, para qualquer das grandezas associadas à resistência do solo consideradas – tanto o Nspt como o torque –
as indicações são de que a resistência não influencia os valores da energia transmitida à composição de hastes.
Figura 7. Correlação entre os valores de energia obtidos pelo método EFV e os valores de Nspt a partir das
sondagens realizadas em João Pessoa.

Correlação obtida entre os valores de EF2 e os valores de T


EF2 = 0,1616 x T + 326,60
Coef. de correlação: R = 0,36
2
R = 0,13 E.P.= 53,34 Joules
480

420 çã o linear
Correla
EF2 (Joules)

360

300
BANDAS DE CONFIANÇA
DE 95%
240

180
0 100 200 300 400 500
T (N.m)

Figura 8. Correlação entre os valores de energia obtidos pelo método EF2 e os valores de T, a partir das
sondagens realizadas em João Pessoa.
Correlação obtida entre os valores de E2F e os valores de T
E2F = 0,16408 x T + 262,68
Coef. de correlação: R = 0,28
2
R = 0,08 e E.P.= 71,43 Joules
450

400

o linear
350 Correlaçã
300
E2F (Joules)

250

200
BANDAS DE CONFIANÇA
DE 95%
150

100

50
0 100 200 300 400 500
T (N.m)

Figura 9. Correlação entre os valores de energia obtidos pelo método E2F e os valores de T, a partir das
sondagens realizadas em João Pessoa.

Figura 10. Correlação entre os valores de energia obtidos pelo método EFV e os valores de T, a partir das
sondagens realizadas em João Pessoa.

CONCLUSÕES

Os dados obtidos mostraram uma correlação linear entre os valores de Nspt e torque T. A equação obtida para a
correlação é basicamente a mesma equação proposta por DÉCOURT e QUARESMA FILHO [6; 10] para solos
sedimentares. A energia típica transmitida à composição de hastes foi de 75% da energia teórica de queda livre,
considerando-se os métodos EF2 e E2F, e 84% no caso do método EFV.

Os resultados da pesquisa indicaram que a resistência do solo – representada como NSPT ou como torque – não
influenciou os valores da energia transmitida à composição de hastes.
AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Associação Técnico-Científica Ernesto Luiz de Oliveira Júnior (ATECEL), pelo apoio
técnico e logístico; às empresas de sondagens que permitiram instrumentar seu equipamento de SPT; ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro; à Área de Geotecnia da
COPPE/UFRJ; à Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB), pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] PALACIOS, A. (1977), Theory and Measurements of Energy Transfer During Standard Penetration Test
Sampling, Ph.D. Thesis, University of Florida, Gainesville, 390 p.

[2] SCHMERTMANN, J. H. & PALACIOS, A. (1979), Energy Dynamics of SPT, Journal of the Geotechnical
Engineering Division – ASCE – vol. 105, N° GT8, pp. 909-926.

[3] ISSMFE (1989), Report of the Technical Committee on Penetration Testing of Soils - TC 16 - With Reference
Test Procedures – CPT - SPT – DP - WST – International Reference Test Procedure for the Standard
Penetration Test (SPT), pp. 17-19.

[4] MORGANO, C. M. & LIANG, R. (1992), Energy Transfer in SPT; Rod Length Effect, In:
Proceedings of the Fourth International Conference on the Application of Stress-Wave
Theory to Piles, Netherlands, pp. 121-127.

[5] RANZINI, S.M.T. (1988), SPTF. Nota técnica. Solos e Rochas, ABMS/ABGE, Vol.11, N.º único pp. 29-30.

[6] DÉCOURT, L e QUARESMA FILHO, A.R. (1994), Pratical Applications of Standard Penetration Tests
Complemented by Torque Measurements, SPT-T; Present Stage and Future Trends, Proc. of XIII ICSMFE.
Vol. 1. pp. 143-416.

[7] MEIRA, F. F. D. A. (2001), Estudo Comparativo entre a Energia Transferida às Hastes do SPT e a Resistência
do Solo. Dissertação de mestrado, DEC/UFPB, Campina Grande, 137p.

[8] CAVALCANTE, E.H. (2002), Estudo Teórico-Experimental sobre o SPT, Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ
(em preparação).

[9] MEDEIROS, J.L.G. (1998) Estudo do Comportamento Tensão-deformação de um Depósito Arenoso da


Cidade de João Pessoa através do Pressiômetro de Ménard. Dissertação de mestrado, UFPB, Campina Grande.

[10] DÉCOURT, L e QUARESMA FILHO, A.R. (1991), The SPT-CF, An improved SPT, Proc. SEFE II, vol.1, pp.
106-110.

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