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O Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa

O Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos


Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa:
Um projecto sustentável com futuro

Rui M. C. Godinho

Engenheiro Químico e Sanitarista. Professor Universitário.


Administrador da Valorsul, SA

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O Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa

Resumo

- O modelo de gestão de Sistemas Ambientais


(Abastecimento de Água, Drenagem e Tratamento de Águas
Residuais, Recolha, Tratamento e Valorização de
Resíduos), adoptado em Portugal desde a década de
noventa do Século XX;

- Os conceitos de Sistemas Municipais, Intermunicipais e


Multimunicipais;

- Os Sistemas Multimunicipais como instrumentos


agregadores das responsabilidades e competências do
Estado Central e das Autoridades Locais;

- Os Sistemas Multimunicipais como modelos empresariais


de capitais públicos na gestão dos Sistemas Ambientais
referidos antes;

- O Sistema Multimunicipal de Gestão Integrada de


Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa
– o primeiro a ser constituído em Portugal há dez(10) anos
(1994);

- A empresa Valorsul, SA (Sociedade Anónima de Capitais


Maioritariamente Públicos), como entidade concessionária
do Sistema Multimunicipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa;

- Principais aspectos técnicos, económicos, financeiros e


ambientais do Sistema Integrado gerido pela Valorsul, SA,
desde a sua origem até hoje;

- Apresentação dos parâmetros de gestão mais relevantes,


que permitem, passados 10 anos que o Projecto Valorsul
reuna condições para caminhar para a excelência;

- Referência ao facto de no Projecto Valorsul coincidirem as


principais tecnologias hoje disponíveis para tratamento e
valorização de Resíduos Sólidos Urbanos e suas fracções
mais importantes;

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- Recusa dos Resíduos Sólidos Urbanos continuarem a ser


chamados “Lixo”. São, pelo contrário, geridos como um
“Recurso” valorizável no quadro da formação de cadeias de
valor acrescentado durante o seu ciclo de vida;

- As políticas de Controlo Ambiental e Sensibilização e


Educação Ambiental, componentes estruturantes da Gestão
do Sistema Integrado gerido pela Valorsul,SA;

- A sustentabilidade do Projecto Valorsul, assente em


factores tecnológicos, ambientais, sociais (tarifas justas) ,
culturais e de boa governação;

- A excelência do Projecto Valorsul reconhecido pela Ordem


dos Engenheiros de Portugal como uma das 100 obras de
Engenharia mais notáveis do Século XX em Portugal;

- A originalidade e virtualidades do modelo de Gestão de


Sistemas Ambientais baseado em Sistemas
Multimunicipais, como eventual produto de exportação da
experiência portuguesa nestas matérias.

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As atribuições e competências sobre gestão de


Sistemas de Serviços Ambientais em Portugal

Legalmente, em Portugal, são da responsabilidade dos Municípios


as atribuições e competências em matérias de planeamento,
construção, exploração, manutenção e gestão de Sistemas da
Abastecimento de Água, Drenagem e Tratamento de Águas
Residuais, Recolha, Tratamento e Valorização de Resíduos
que, por razões de síntese, poderemos designar Sistemas de
Serviços Ambientais.

A cobertura do País em infra-estruturas e serviços adequados


deste destes Sistemas, sofreu um significativo impulso na década
de 90 do Século XX, devido à disponibilidade dos meios
financeiros – Fundos Estruturais e Fundo de Coesão – de que
Portugal beneficiou ( e ainda beneficia e beneficiará até, pelo
menos , 2013), devido à sua adesão à hoje designada União
Europeia.

Números provisórios de 2002, indicam que as taxas de


cobertura do País, serão de 92% em Sistemas de
Abastecimento de Água, 70% em Drenagem de Águas
Residuais, 50% em Tratamento de Águas Residuais, e 98% em
Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos. O Plano
Estratégico de Águas de Abastecimento e Saneamento de
Águas Residuais estima , para 2006, taxas de 95% em Águas
de Abastecimento e 90% em Drenagem e Tratamento de
Águas Residuais, indicadores que, a verificarem-se, situarão
Portugal ao nível dos seus parceiros europeus mais
desenvolvidos.

Sendo uma competência dos Municípios, historicamente a gestão


destas infra-estruturas (que se podem chamar de 1ª geração), foi
concretizada através de “Serviços Municipais” e “Serviços
Municipalizados”, os primeiros integrados nas clássicas
orgânicas dos serviços municipais e os segundos, embora
dependendo, política e funcionalmente do órgão municipal
Câmara Municipal, assumem alguma autonomia, através da
transferência das competências municipais destas áreas para o
seu âmbito de gestão empresarial.

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Contudo, por razões de economia de escala, foram sendo criados


de Sistemas Intermunicipais, na base da prévia constituição de
Associações de Municípios com fins específicos, o mais antigo
dos quais, na área dos Resíduos Sólidos Urbanos, é o Sistema
Lipor – Sistema Intermunicipal de Resíduos Sólidos da Área
Metropolitana do Porto, que envolve 13 municípios.

No início da década de 90, após uma revisão da Constituição da


República Portuguesa em matéria económica, o Governo de então
legislou no sentido de ser aberta a possibilidade de o sector
privado aceder às áreas estratégicas das Águas, Saneamento e
Resíduos.

Foi então criado um outro tipo de Sistema Plurimunicipal, os


Sistemas Multimunicipais, constituídos pelo Estado e pelos
Municípios da área respectiva, os quais deram origem a empresas
de capitais públicos, com o Estado em maioria, abrindo-se a
possibilidade de parte dos capitais públicos poderem ser
privatizados, segundo condições a estabelecer, mas
preferencialmente por concurso público.

O quadro legal hoje existente em Portugal, permite que, tanto para


Sistemas de Gestão Intermunicipais ou Multimunicipais, haja
entrada de capitais privados. São, contudo, poucas as situações
em que isso se verifica.

Para o caso concreto da Gestão dos Resíduos Sólidos


Urbanos foram criados 31 Sistemas Intermunicipais e
Multimunicipais (14) que cobrem a totalidade do território
português, integrando componentes diversificadas dos respectivos
Sistemas de Resíduos Sólidos envolvidos. Pode, no entanto,
afirmar-se que, na generalidade, envolvem os sub-sistemas de
recolha selectiva, triagem, deposição, tratamento e valorização,
mantendo-se a recolha indiferenciada como sistemas municipais a
que se agrega, em algumas situações, como é o caso de Lisboa,
a recolha selectiva.

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Para o caso dos Sistemas Multimunicipais, o Estado atribui


directamente à respectiva empresa de capitais públicos (ou
maioritariamente de capitais públicos), previamente constituída, a
Concessão pelo planeamento, projecto, execução e gestão do
correspondente Sistema de Gestão Integrado. Estas empresas
assumem juridicamente a natureza de Sociedades Anónimas de
Capitais Públicos ou de Capitais Maioritariamente Públicos,
quando existir um ou mais accionistas privados.

Para os casos de Sistemas Municipais, Intermunicipais e


Regionais, a legislação portuguesa permite a constituição de
Empresas Municipais, Intermunicipais e Regionais, a partir de
decisões dos órgãos próprios dos Municípios, Associações de
Municípios e Regiões Administrativas (ainda inexistentes),
dotadas de capitais próprios, para a exploração e gestão de
Sistemas de Abastecimento de Água, Drenagem e Tratamento de
Águas Residuais e Recolha, Transporte e Valorização de
Resíduos Sólidos.

Para todos os tipos de Sistemas de Gestão possíveis no quadro


legal vigente em Portugal, devem estar presentes, pelo menos, os
seguintes Princípios Fundamentais de Gestão:

- Prossecução do interesse público;


- Procura da obtenção do carácter integrado do Sistema;
- Prosseguir objectivos de eficiência técnica, económica,
financeira, ambiental e social;
- Prevalência do modo de gestão empresarial.

Neste momento, em Portugal, o Governo de cariz fortemente neo-


liberal, vem procurando ensaiar vários modelos de reestruturação
do sector dos Sistemas de Serviços Ambientais (Águas,
Saneamento e Resíduos), no sentido de proceder à sua
privatização, pelo menos parcial. Estão anunciadas decisões de
implementação do modelo escolhido para o ano de 2005.

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O Sistema Multimunicipal de Gestão Integrada de


Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de
Lisboa(Norte) – Valorsul, S. A .

O primeiro Sistema Multimunicipal de Gestão Integrada de


Resíduos Sólidos Urbanos criada em Portugal, a abrigo da
legislação publicada no início dos anos 90, foi o Sistema
Multimunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos da
Área Metropolitana de Lisboa (Norte), envolvendo os Municípios
de Lisboa, Loures, Vila Franca de Xira e Amadora, abrangendo
uma população de cerca de 1,2 milhões de habitantes.

Foi criado em 16 de Setembro de 1994 – há precisamente 10


anos – e é o maior Sistema Multimunicipal de Gestão de
Resíduos existente em Portugal.

Para se encarregar da exploração e gestão deste Sistema, foi


criada a empresa Valorsul – Valorização e Tratamento de
Resíduos Sólidos da Área Metropolitana de Lisboa (Norte), S.
A . , que inicialmente constituiu uma empresa de capitais públicos,
com os seguintes accionistas:

- Sociedade Parque Expo98 - 26% - 15,6 % (2004)


- Empresa Geral de Fomento - 25% - 35,4% (2004)
- Câmara Municipal de Lisboa - 20%
- EDP – Electricidade de Portugal - 11%
- Câmara Municipal de Loures -10%
- Câmara Municipal de Amadora - 4%
- Câmara Municipal de Vila Franca
de Xira - 4%

A EGF – Empresa Geral de Fomento é a empresa pública que


representa o Estado Central nas empresas multimunicipais de
exploração e gestão de resíduos sólidos urbanos.

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Hoje, a Valorsul é uma empresa de capitais maioritariamente


públicos, dado que, entretanto, a EDP foi maioritariamente
privatizada.

À Valorsul foi atribuído pelo Governo Português, através do


Ministério do Ambiente, um contrato de Concessão do Sistema
Multimunicipal pelo período de 25 anos, com início em 1995 e
conclusão em 2020.

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O Sistema de Gestão Integrada da Valorsul

O Sistema de Gestão Integrada da Valorsul é constituído por


quatro instalações estruturantes, a que se chama Unidades
de Tratamento e Valorização (UTV):

- Central de Incineração ou Unidade de Valorização


Energética;

- Aterro Sanitário e Instalação de Tratamento e Valorização


de Escórias;

- Centro de Triagem Multimaterial e Ecocentro;

- Estação de Tratamento e Valorização Orgânica.

A Fig.1 representa esquemáticamente, em diagrama de blocos, o


Sistema de Gestão Integrada da Valorsul:

Energia
Eléctrica

Gases
Tratados

Recolha CTRSU AS
Indiferenciada Sólidos Estação de
Sólidos
Residuais
Residuais Inertização
Inertizados

Inertes Construção
Cívil
Escórias Metais
ITVE
não Ferrosos

Metais
Ferrosos

Recolha Selectiva Indústria


Papel/Cartão
Papel/ Cartão Recicladora
Vidro
Embalagens
CTE Vidro

Embalagens

Recolha Selectiva Composto Agricultura


matéria orgânica ETVO
CO2+H2O

Energia Eléctrica

CTRSU - Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos


AS - Aterro Sanitário
ITVE - Instalação de Tratamento e Valorização de Escórias
CTE - Centro de Triagem e Ecocentro
ETVO - Estação de Tratamento e Valorização Orgânica

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A Valorsul orienta, portanto, a sua actividade fundamental para o


Tratamento e Valorização dos Resíduos Sólidos Urbanos, não
se incluindo nas suas atribuições intervenções nos domínios da
Recolha Indiferenciada, da Recolha Selectiva ou do Transporte a
Destino Final dos Resíduos Sólidos Urbanos produzidos na sua
área de actuação ou em outras.

Em 2003, os Resíduos Sólidos Urbanos sobre que incide a


actuação da Valorsul, apresentavam a seguinte composição física:

- Orgânicos - 36% - Finos - 12%


- Papel/cartão - 25% - Metais - 2%
- Plásticos - 9% - Têxteis - 5%
- Vidro - 6% - Outros - 5%

Verifica-se perante estes valores que se trata de Resíduos Sólidos


Urbanos equivalentes aos da maioria das Capitais e Áreas
Metropolitanas da Europa.

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A Central de Incineração – Unidade de Valorização Energética

Para a situação concreta em que foram tomadas decisões


relativamente à resolução do grave problema de tratamento e
destino final dos Resíduos Sólidos Urbanos dos Municípios da
Área Metropolitana de Lisboa (Norte), em 1994, foram seguidas as
orientações do Plano Director para o Tratamento e Destino
Final dos Resíduos Sólidos, elaborado no final da década de 90
aprovado em 1990 e que tive oportunidade de apresentar no
SILUBESA - Simpósio Luso – Brasileiro de Engenharia
Sanitária e Ambiental, realizado em Belo Horizonte, em
Dezembro de 1990.

Nesse Plano Director era proposta a adopção da tecnologia de


Incineração dos Resíduos Sólidos Urbanos recolhidos de
forma in diferenciada, com aproveitamento da energia produzida
com o calor e vapor gerados no processo de queima, e instalação
de exigentes condições de protecção ambiental, tanto nas
emissões como na zona envolvente da unidade a construir.

Depois de um processo de esclarecimento técnico e político,


envolvendo decisores, ambientalistas e a população da área
escolhida para a instalação da unidade, esta foi construída e tem
revelado um excelente funcionamento técnico e em termos de
protecção ambiental, pois têm sido cumpridas as mais exigentes
normas ambientais europeias em matéria de poluição atmosférica,
das águas do rio Tejo, junto do qual está implantada, de saúde
pública e nos ecossistemas aquáticos e terrestres.

Na Fig.2 pode observar-se uma fotografia da Central de


Incineração – Unidade de Valorização Energética:

Vila Franca
de Xira

Loures

Odivelas

Amadora
Lisboa

S. João da Talha - concelho de


Loures

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A Central de Incineração esta dimensionada para processar


2016 toneladas/dia de Resíduos Sólidos Urbanos(RSU),
garantindo uma capacidade de 662 256 toneladas/ano de RSU
com 90% de disponibilidade. Em 2003 foram tratadas (e
valorizadas energeticamente ) na Central de Incineração 590 164
toneladas de RSU do total de 751 665 toneladas no Sistema da
Valorsul, o que perfaz uma média diária de 1610 toneladas,
verificando-se portanto uma “folga” de cerca de 400 toneladas/dia,
que poderão ser utilizadas com RSU do próprio sistema se se
verificarem crescimentos na produção ( o que não vem
acontecendo nos últimos anos), ou de outros sistemas vizinhos
com instalações sub - dimensionadas ou em rotura ( o que já está
acontecer).

Em termos energéticos, a central da Valorsul tem uma


capacidade de 507 kWh/ tonelada de RSU, totalizando em
2003 uma produção de 298 GWh, correspondentes a uma
potência instalada líquida de 39 MW, descontados que foram os
auto - consumos.

A energia produzida neste processo é considerada “energia


renovável” ou “energia verde”, nos termos do actual
enquadramento legal da União Europeia e de Portugal e, por isso,
os seus produtores – neste caso a Valorsul - beneficiam de um
preço bonificado de compra por parte da rede nacional de
distribuição de energia eléctrica (REN).É bom para a empresa
Valorsul, em termos de resultados de exploração e de gestão, e é
bom para o País, que assim, beneficia a sua factura energética
externa fortemente dependente do “crude”.

Em termos de controlo ambiental, a Central da Valorsul, em


2003, mantinha um muito elevado nível de cumprimento das
mais exigentes normas europeias. Em todos os parâmetros
constantes da Directiva Europeia 2000/76/CE relativa e emissões
atmosféricas de unidades de queima de resíduos, cuja
obrigatoriedade de cumprimento para Portugal só acontecerá em
2005, a Central da Valorsul não só os cumpre integralmente como
para os considerados mais nocivos, apresenta valores cera de 10
vezes inferiores aos limites fixados. É, por exemplo, o caso das
Dioxinas e Furanos, cujo valor limite da Directiva é de 0,1
ng/Nm3, sendo os valores medidos, verificados e auditados
pelo Ministério do Ambiente de Portugal , de 0,01 ng/Nm3, o

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mesmo sucedendo com o parâmetro Metais Pesados


(mercúrio, cádmio, crómio, chumbo, níquel, etc.).

No Quadro 1 pode verificar-se o cumprimento da Directiva


referida, para todos os parâmetros:

Concentrações regulamentadas versus concentrações médias observadas

Norma* Autorização Compromisso Valores Directiva


2000/76/CE
Parâmetros Unidades 89/369/CEE CTRSU médios
Port. 286/93 CTRSU 2003

3 10
Partículas mg/Nm 30 20 10 3
» 20 20 12 10
HCl 50
SO 2 » 50 50 8 50
300
» 2 1 0,8 0,1 1
HF
NO » na 250 250 232 200
x
CO 50 50 8 50
» 100
Compostos Orgânicos » 10
20 10 10 1
(TOC)

Pb+Cr+Cu+Mn » 5 1 0,5 0,019


Ni+As » 1 0,5 0,3 0,002 **
Cd+Hg 0,2 0,1 0,08 0,001
»
3
Dioxinas e Furanos ng/Nm 0,05 0,01 0,1
na 0,1
(PCDD+PCDF) TEC
* Revogação ** Sb+As+Pb+Cr+Co+Cu+Mn+Ni+V: 0,5 mg/Nm3
Cd+Tl: 0,05 mg/Nm3
Hg:
0,05 mg/Nm3

Estes resultados são obtidos devido ao elevado nível de


exigência, a todos os níveis, que se verificam no desempenho
técnico, em termos de exploração e gestão, em toda a empresa.
Os resultados verificados no Sistema de Controlo Ambiental são
fiscalizados e auditados pelo Ministério do Ambiente e por uma
Comissão Técnica de Acompanhamento, composta por
representantes credenciados.

Contudo, os cuidados da Valorsul com o ambiente das suas


instalações reflecte-se também nas respectivas envolventes.
Todas as unidades técnicas são envolvidas por um adequado
enquadramento paisagístico que, em regra, representa o dobro da
área de implantação da respectiva unidade.

Além disso, para o caso concreto da Central de Incineração, foram


definidos e montados desde o início do seu funcionamento, um
conjunto de “Programas de Monitorização”, em parceria com

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Universidades e outros estabelecimentos científicos de


elevado nível, envolvendo diversas áreas:

- Vigilância da qualidade do ar (em descontínuo);

- Vigilância da qualidade do ar (em contínuo);

- Qualidade da água e dos sedimentos;

- Ecossistemas terrestres e estuarinos (Rio Tejo);

- Ruído ambiente;

- Vigilância da saúde pública;

- Avaliação da atitude dos residentes das zonas vizinhas.

Os resultados obtidos nestes “programas de monitorização” são


usados internamente como elementos de avaliação e definição de
estratégias de investigação e desenvolvimento e, além disso, são
encaminhados para a Comissão de Acompanhamento e,
periodicamente, divulgados publicamente em sessões
organizadas para o efeito.

Trata-se de um processo de transparência na gestão de um


grande equipamento ambiental, de credibilização do processo e
da empresa e da empresa em termos públicos que felizmente tem
sido conseguido com sucesso, dado que, ao contrário do que por
vezes acontece, a Central tem contribuído para um melhor
ambiente na sua zona de implantação.

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Aterro Sanitário e Instalação de Tratamento e Valorização de


Escórias

Um Sistema de Gestão Integrada como o da Valorsul, necessita


sempre de dispor de um ou mais Aterros Sanitários. De facto,
num sistema com estas características, as várias UTVs têm de
funcionar em estreita articulação, normalmente fazendo parte de
uma Unidade Orgânica de Exploração da empresa.

O Aterro Sanitário da Valorsul constitui uma UTV de fins


múltiplos, pois integra:

- as valências de “aterro” propriamente ditas, que são


utilizadas em situações de “paragem programada” ou de
avaria acidental da Central de Incineração;

- “célula” preparada para receber as cinzas resultantes


queima do resíduos e da “inertização” e tratamento
dos poluentes formados naquela;

- Instalação de Tratamento e Valorização de Escórias


produzidas e recolhidas durante o processo de
incineração.
Aqui é realizada a “maturação” das escórias e feita a
separação das componentes “inertes” das “ferrosas” e
“não - ferrosas”. As primeiras são encaminhadas para a
construção de sub - bases de estradas e as restantes são
enviadas para as respectivas indústrias recicladoras.

A Fig.3 representa o conjunto da UTV referida:

Componentes:

Infra-estruturas de apoio
Célula RSU V. F. Xira

ITVE
Célula de deposição
de cinzas inertizadas

Expansão
Deposição de
RSU

Célula de
deposição de
RSU

Tratamento de lixiviados

Área: 41 ha

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A exploração adequada desta UTV implica a existência de uma


Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes e de “programas
de monitorização”, incluindo águas superficiais, sub -
superficiais e biogás. Quanto a este, além de ser canalizado para
uma rede de colectores instalada, está em curso de execução um
unidade de aproveitamento energético, dada o elevado teor em
metano que apresenta.

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Central de Triagem Multimaterial e Ecocentro

Todos os Municípios que integram o Sistema Valorsul dispõem de


sub – sistemas de recolha selectiva, tanto através de redes
municipais de ecopontos como de recolhas selectivas porta
– a – porta. Alguns, ou pelo menos parte, destes sub - sistemas
contaram com apoio financeiro e técnico da Valorsul para se
constituírem e entrarem em funcionamento.

Estas redes de ecopontos assentam no conceito


“multimaterial”, ou seja, integram fluxos de recolha para
reciclagem de “papel – cartão”, “vidro” e “embalagens”, sendo
que este último contém vários tipos de materiais plásticos e de
materiais metálicos, “ferrosos” e “não - ferrosos”, como é o caso
do alumínio. Em alguns casos verifica-se também a existência de
pequenos contentores para “pilhas” e “baterias”.

Todas as recolhas selectivas são conduzidas a uma Central de


Triagem explorada e gerida pela Valorsul, onde são triadas as
várias componentes deste Sistema Trifluxo, que posteriormente
são enviadas para a indústria recicladora, a qual através da em
presa Sociedade Ponto Verde procede à sua valorização,
envolvendo o pagamento de um “valor de contrapartida” para
cada material à Valorsul e aos Municípios.

Na Fig.4 está representada uma Fotografia da Central de Triagem


da Valorsul:

Vila Franca
de Xira

Loures

Odivelas

Amadora
Lisboa

Vale do Forno - concelho de


Lisboa

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A Central de Triagem da Valorsul está dimensionada para uma


capacidade de 105 000 toneladas/ano, correspondentes a:

- vidro – 30 000 toneladas / ano


- papel/cartão – 50 000 toneladas/ano
- embalagens - 25 000 toneladas/ano

Dado que em 2003 foram somente recicladas 33 000 toneladas


provenientes dos sistemas de recolhas selectivas dos municípios
(18 200 toneladas de “papel/cartão”, 11600 toneladas de “vidro”,
3216 toneladas de “embalagens”) ainda há muito a fazer para
aumentar as componentes de reciclagem do Sistema Valorsul.

Em termos percentuais e de capitação, os resultados verificados


em 2003, correspondem aos seguintes valores:

- papel/cartão - 25,8% - 15,4 Kg/hab/ano


- vidro - 24,8% - 9,8 Kg/hab/ano
- embalagens - 4,9% - 2,7 Kg/hab/ano

Dado que os sub - sistemas municipais estão no essencial bem


equipados e as redes de ecopontos estruturados em praticamente
todo os seus territórios, será unicamente com um forte e
continuado investimento em sensibilização e educação cívica
e ambiental, que se reflicta numa crescente e consolidada
participação dos cidadãos, que se conseguirá fazer subir os
resultados hoje verificados para níveis já existentes em
outros países europeus e assim cumprir os objectivos
comunitários, expressos por exemplo na chamada “Directiva
Embalagens” emanada da União Europeia, já transposta
desde Dezembro de 1997 para o ordenamento jurídico
português:

- Até 31.12.2005 deverão ser valorizados um mínimo de


50% em peso dos “resíduos de embalagem” e reciclados
um mínimo de 25% em peso da totalidade dos “materiais
de embalagem” contidos nos “resíduos de embalagem”,
um mínimo de 15% para cada “material de embalagem”.

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Estação de Tratamento e Valorização Orgânica

Trata-se da última unidade estruturante do Sistema Valorsul,


ainda em construção, prevendo-se o seu arranque para o 1º
semestre de 2005, fechando-se assim o Sistema de Gestão
Integrada.

Esta UTV introduz em Portugal, pela primeira vez, a tecnologia


de “Digestão Anaeróbia” associada a uma “Compostagem”
complementar, a partir do processamento de matéria orgânica
recolhida selectivamente em grandes produtores como
restaurantes, cantinas, mercados, hotéis e outros, contribuindo
para que possam vir a ser cumpridas as estratégias nacionais e
comunitárias de “desviar” da deposição em Aterros Sanitários
quantidades progressivamente maiores de resíduos urbanos
biodegradáveis. Assim, deverão ser asseguradas as seguintes
reduções de resíduos urbanos biodegradáveis destinados a
aterro para:

- 75% da quantidade total, em peso, dos resíduos urbanos


biodegradáveis produzidos em 1995, até Janeiro de 2006;
- 50% da quantidade total, em peso, dos resíduos urbanos
biodegradáveis produzidos em 1995, até Janeiro de 2009;
- 35% da quantidade total, em peso, dos resíduos urbanos
biodegradáveis produzidos em 1995, até Janeiro de 2016.

Tendo em vista a obtenção das referidas metas, o Governo


Português apresentou no ano passado um documento estratégico
sobre esta matéria que, genericamente passa pela construção
até 2016 de mais treze Unidades de Valorização Orgânica do
tipo da ETVO da Valorsul, a nível nacional.

A ETVO da Valorsul terá uma capacidade de 40 000


toneladas/ano, em 1ª fase, evoluindo posteriormente, para 60
000 toneladas/ano.

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O Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa

Na Fig.5 está representada uma fotografia da ETVO, em fase final


de construção:

Vila Franca
de Xira

Loures

Odivelas

Amadora
Lisboa

São Brás - concelho de


Amadora

O processo de Digestão Anaeróbia permite um aproveitamento


quase integral da matéria orgânica, pois o processo produz biogás
que será fonte de alimentação de um sistema de produção de
energia eléctrica associado. O biogás da ETVO da Valorsul
permitirá uma produção de energia de 7 a 9 GWh/ano,
constituindo-se assim como mais um centro produtor de
energias renováveis do Sistema Valorsul.

O material digerido nos reactores onde tem lugar a Digestão


Anaeróbia seguirá para um processo de “pré” e “pós –
compostagem”, originando no final um produto (“composto”) que
poderá ser usado com vantagem em algumas práticas agrícolas e
na correcção de solos ácidos e pobres em matéria orgânica.

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O Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa

Indicadores Económicos e Financeiros

O Sistema Valorsul já investiu até hoje, na concretização do seu


Sistema de Gestão Integrada, € 211,781 milhões de euros,
estimando-se que até ao final da Concessão (2020), este
valor suba para € 315,978 milhões de euros.

Para concretização do seu Sistema de Gestão Integrada, a


Valorsul recorreu a várias fontes de Financiamento, assim
distribuídos em percentagem:

- Fundos Comunitários (Fundo de Coesão) - 34%


- Empréstimo do Banco Europeu de Investimentos - 29%
- Meios Próprios
(Capital Social, Auto – financiamento, Banca Comer-
cial) - 37%

As receitas da Valorsul são constituídas no essencial pela


venda da energia, fornecimento de serviços ao exterior onde
avultam as tarifas pagas pelos municípios e pela operadores
particulares para entrega, tratamento e valorização dos seus
RSU nas UTVs da Valorsul, e as contra – partidas devidas
pelas entregas de materiais resultantes das recolhas
selectivas e da Central de Triagem.

Em 2003, o Volume de Negócios da Valorsul foi de € 42,5


milhões de euros, distribuídos por € 22,5 milhões de energia, €
18 milhões de fornecimento de serviços ao exterior e € 2 milhões
de materiais para reciclagem, sendo em 2004, as tarifas de €
24,51 para os RSU municipais e € 49,03 para RSU entregues
por operadores particulares.

Em 2003, a Valorsul fechou o ano com Resultados Operacionais


positivos de € 6,2 milhões de euros, a que corresponderam
Resultados Líquidos de cerca de € 5 milhões de euros.

Para a obtenção destes resultados muito contribuiu o facto de a


energia produzida ser vendia a preço bonificado, pois é
considerada “energia verde”, para além também de um
empenhamento competente por parte dos seus quase 200
trabalhadores e de uma gestão criteriosa do objecto da missão
que foi confiada à Valorsul.

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O Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos da Área Metropolitana de Lisboa

Conclusão

O lema da Valorsul expresso na frase “O Lixo deixou de ser


Lixo. Hoje é um Recurso” tem plena aplicação no trabalho que
tem vindo a ser desenvolvido neste 10 anos, o que teve já como
resultado, entre outros, a atribuição à Valorsul pela Ordem dos
Engenheiros Portugueses da ”Marca de Notabilidade” de uma
das cem mais importantes obras de engenharia do Século XX.

Agora, os desafios que estão colocados a quem trabalha e dirige


hoje a empresa e aos sucessores, é o “Desafio da Excelência”.

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