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WBA0557_V1.

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Gestão Energética: ISO 50.001:2011
Gestão Energética: ISO 50.001:2011
Autoria: Bruno Pizol Invernizzi
Como citar este documento: PIZOL INVERNIZZI, Bruno. Gestão Energética: ISO 50.001:2011. Valinhos,
2017.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: O consumo energético no Brasil e no mundo 05
Assista a suas aulas 31
Unidade 2: Principais fontes de energia 40
Assista a suas aulas 70
Unidade 3: Eficiência energética e sua importância 77
Assista a suas aulas 93
Unidade 4: Pontos de perda energética 101
Assista a suas aulas 119

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Gestão Energética: ISO 50.001:2011
Autoria: Bruno Pizol Invernizzi
Como citar este documento: PIZOL INVERNIZZI, Bruno. Gestão Energética: ISO 50.001:2011. Valinhos,
2017.

Sumário
Unidade 5: Programas de eficiência energética no Brasil 126
Assista a suas aulas 144
Unidade 6: Principais pontos da norma iso 50.001:2011 151
Assista a suas aulas 172
Unidade 7: Processo de certificação 179
Assista a suas aulas 195
Unidade 8: Aplicação da norma ISO 50001:2011 203
Assista a suas aulas 218

3
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Apresentação da Disciplina

Esta disciplina busca abordar tanto as fon- esta empresa um escritório ou uma grande
tes de energia quanto os novos conceitos indústria. Na sociedade atual, mesmo den-
de gerenciamento que podem ser utilizados tro de casa, as pessoas estão se preocupan-
na manutenção desses recursos. Na atuali- do com este tema, não sendo raras as vez-
dade, as empresas, sejam elas de pequeno, es que os lojistas usam o selo PROCEL de
médio ou grande porte, estão em busca de consumo de energia presente nos produtos
redução de custos de modo que o preço de para convencer o consumidor de que o pro-
seus produtos possa ser reduzido substan- duto ofertado de fato vale o investimento.
cialmente, gerando assim maiores rentab- Para auxiliar as empresas na gestão dos gas-
ilidades e destaque no mercado. O enten- tos energéticos, a ISO (International Organi-
dimento e a aplicação de conceitos como zation for Standardization) criou em 2011 a
eficiência energética atrelados ao entendi- primeira versão da norma ISO 50.001. Esta
mento dos principais pontos de perdas en- norma faz parte de um pacote de normas
ergéticas ao qual um sistema está sujeito, que visa não somente a redução de gastos
podem gerar grandes reduções de custos das empresas, mas também uma redução
para as empresas, tendo em vista o fato de na emissão de CO2 e de outros poluentes,
a energia elétrica estar presente na maioria sendo também dessa forma uma norma de
das fases de um processo produtivo, seja cunho ambiental.

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Unidade 1
O consumo energético no Brasil e no mundo

Objetivos

1. Este tema tem como principal obje-


tivo introduzir o conceito de energia
elétrica e sua transmissão, bem como
gerar um maior entendimento sobre
as principais fontes utilizadas no Bra-
sil e no mundo.

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Introdução

A energia elétrica é a base da economia energia ser necessária ao desenvolvimento,


moderna, sendo aquela essencial para o a busca por fontes já existentes tem gerado
desenvolvimento socioeconômico de qual- questões geopolíticas mundiais e em alguns
quer nação. As principais fontes de energia casos podem ser fatores responsáveis pela
utilizadas no mundo são: hidráulica, car- geração de conflitos em grandes propor-
vão, petróleo, gás natural e nuclear. Dessas ções entre nações. Por isso, cada vez mais
fontes de energia somente a hidráulica é tem-se a busca por novas fontes de energia,
do tipo renovável, sendo que nem todos os onde em geral os países estão buscando por
países possuem reservas de água suficien- fontes renováveis, já que as fontes não reno-
tes para geração de energia a partir desta váveis são escassas e tendem a desaparecer
fonte. Assim, diversos países buscam fontes com o tempo. O presente tema irá apresen-
alternativas como as demais supracitadas, tar as principais formas de energia que vem
sendo que cada uma possui suas vantagens sendo utilizadas no mundo, dando enfoque
e desvantagens. para o Brasil. Porém as formas apresentadas
neste material não são as únicas existentes,
A busca por fontes renováveis se faz cada
mas essas podem ser tidas como as princi-
vez mais necessária, além da hidráulica, po-
pais e mais aplicáveis devido às relações de
demos destacar também a eólica e a solar,
além da biomassa que vem ganhando espa- custo-benefício.
ço no cenário mundial. Devido ao fato de a
6/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
1. Energia exemplo, sendo que esta última forma de
energia nada mais é do que a quantidade de
Embora o termo “Energia” seja em geral quilocalorias presentes nos alimentos.
empregado pelas pessoas com o intuito de
Porém, para efeitos da presente aula, o ter-
designar energia elétrica, aquela que ocor-
mo “Energia” será empregado no sentido
re quando um interruptor é acionado resul-
mais utilizado no mundo empresarial, sen-
tando em uma luz acesa, ou como energia
do aquelas formas utilizadas na produção
mecânica, aquela que faz com que um carro
de energia elétrica e nos transportes. Esta
se desloque de um ponto A para um ponto
separação é realizada pois abordar todos
B, este termo possui um aspecto mais am-
os tipos de energia existentes demandaria
plo quando avaliado por um profissional da
muito tempo além de se tratar de um co-
área da física ou da química.
nhecimento muito específico onde em sua
Para estes profissionais, o termo “Energia” é grande maioria não seria aplicado ao coti-
amplo e atinge a tudo aquilo que existe no diano de uma empresa.
nosso universo, desde a forma como a luz
gerada pelo sol é concebida até o momen-
to em que os seres humanos se beneficiam
desta através do consumo de alimentos por
7/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
que ocorre por meio dos cabos e conecto-
Para saber mais res elétricos. Esta é percebida, por exemplo,
quando um equipamento elétrico como um
A energia proveniente do Sol é percebida pelos
televisor se encontra ligado.
seres que vivem na superfície do planeta Terra em
forma de luz e calor. Essa energia é gerada por um Para que a eletricidade ocorra, é necessá-
processo denominado “Fusão Nuclear”, onde di- rio que exista um meio condutor, como um
versos átomos se chocam uns com os outros de cabo elétrico, o qual deva ser constituído
modo que seus núcleos se fundem. Este proces-
de um material que seja capaz de permitir
a movimentação das cargas elétricas, sendo
so libera grande quantidade de energia térmica,
assim denominado condutor elétrico, como
sendo que a temperatura no núcleo do sol é esti-
é o caso dos fios de cobre.
mada em 15.000.000ºC1.
1 Disponível em: <https://www.if.ufrgs.br/ast/solar/portug/ Além do cobre, existem outros materiais
sun.htm>. Acesso em: 10 out. 2017. que também são considerados condutores
elétricos: ferro, alumínio, prata, ouro, entre
1.1 Eletricidade outros, sendo que em geral os metais são
excelentes condutores elétricos. A tabela 1
O termo eletricidade é utilizado para de- lista a condutividade elétrica de alguns ma-
signar a movimentação de cargas elétricas teriais.

8/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Tabela 1 – Condutividade elétrica de alguns metais.
1.2 Potência elétrica e consumo
Condutividade elétrica
Metal elétrico
(W-m)-1
Ferro 1,0 . 107
Alumínio 3,8 . 107 Todos os equipamentos elétricos possuem
Ouro 4,3 . 107 uma potência elétrica, sendo que esta indica
Cobre 6,0 . 107 o quanto de energia elétrica o equipamen-
Prata 6,8 . 107
Fonte: Callister (2002, p.421) to irá consumir quando ligado, bem como a
força que ele tem. A unidade utilizada para
Nota-se pela tabela 1 que embora o cobre
a potência elétrica no sistema internacional
seja o material mais aplicado em cabos e
é o Watt, cuja abreviatura é W.
conexões elétricas, a prata é melhor con-
dutor elétrico frente ao cobre. A justificati- Um exemplo típico para ilustrar a aplicação
va para o emprego do cobre e não da prata prática da potência elétrica, pode ser visto
é uma questão de custo, sendo a prata um comparando duas lâmpadas: uma de 60W e
material mais caro do que o cobre. outra de 100W. Dessa comparação é possí-
vel concluir os seguintes aspectos:
1. A lâmpada de 60W é mais econômica
do que a lâmpada de 100W;

9/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


2. A lâmpada de 100W é mais forte do P=V.I Equação 1
que a lâmpada de 60W, ou seja, ela
ilumina mais. Saber a potência elétrica de cada equipa-
mento é importante para a execução dos
O mesmo pode ser aplicado para os equipa-
mentos em uma empresa, seja esta um es- cálculos de consumo elétrico do equipa-
critório ou uma área industrial, sempre que mento. Para efetuar o cálculo do consumo
um equipamento possuir uma potência elé- elétrico de um dado equipamento, basta
trica maior, este terá um maior consumo de multiplicar a sua potência elétrica pelo tem-
energia elétrica, porém será capaz de entre- po que este equipamento ficou ligado, sen-
gar uma força maior durante a execução do do que a unidade de medida do tempo tem
trabalho. que estar em horas, portanto a unidade de
A potência elétrica é definida conforme a medida utilizada para o consumo elétrico é
Equação 1, onde P é a potência elétrica, I é Watt hora, que pode ser abreviado por Wh.
a corrente elétrica e V é a tensão elétrica. A A equação 2 exibe a forma de cálculo para o
corrente elétrica possui como unidade pa- consumo elétrico.
drão de medida o Ampere, cuja abreviatura
E = P . t Equação 2
é A, enquanto que a tensão elétrica possui
como padrão de medida o Volt, cuja abre-
viatura é V.

10/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Onde, E é o consumo de energia elétrica, P Para a resolução deste exemplo, deve-se
é a potência elétrica do equipamento e avaliar as unidades que estão sendo utiliza-
t é o tempo pelo qual este permaneceu em das, neste caso Watt para a potência elétri-
uso (ligado). Como exemplo prático pode- ca e minutos para o tempo, porém o tempo
mos utilizar o chuveiro elétrico. Os chuvei- tem que estar expressado em horas, por-
ros elétricos, em sua maioria, possuem uma tanto:
chave seletora, a qual possui em geral 3 po-
sições: desligado, verão e inverno. A potên-
cia elétrica para as posições verão e inverno
podem variar conforme o equipamento. Su- Foi determinado que 15 minutos equivale a
pondo que um dado chuveiro esteja ligado 0,25 hora, sendo assim, o cálculo do consu-
na posição verão, sendo a potência especi- mo elétrico é:
ficada pelo fabricante de 2200W para esta
posição, sabendo que este chuveiro perma-
Portanto o consumo elétrico do chuveiro
neceu ligado por um período de 15 minutos,
quando ligado na posição verão é de 550
qual seria o seu consumo de energia elétri-
Wh ou 0,55 kWh.
ca?

11/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


cimento elétrico das regiões Sul, Sudeste,
Link Centro-Oeste.

A empresa COPEL, que é uma estatal paranaen- Ao final da década de 90, iniciou-se um pro-
se, possui um simulador de consumo que pode cesso para interligar as 2 redes elétricas.
ser utilizado para estimar o consumo de energia Esta ligação foi executada conforme ilus-
elétrica em uma residência, confira. Disponível trado pela linha amarela presente no mapa
em: <http://www.copel.com/hpcopel/simu- da figura 1.
lador/index.htm>. Acesso em: 15 out. 2017.

1.3 A rede elétrica brasileira

Até meados da década de 90, a rede elétrica


brasileira era dividida em 2 grandes partes
chamadas de Norte e Sul. A rede elétrica do
Norte era responsável pelo abastecimento
elétrico de parte da região Norte e de toda
a região Nordeste, enquanto que a rede elé-
trica do Sul era responsável pelo abaste-
12/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
Figura 1 – Mapa ilustrativo da interligação Norte-Sul.

Fonte: <http://www.eletrobras.gov.br>.

13/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


A interligação foi realizada com o intuito cou conhecida também por “Linhão”, devi-
de suprir demandas excedentes, de modo do a extensão do cabeamento.
que caso uma das redes, seja ela a Norte ou
a Sul, estiver sobrecarregada, essa deman-
da momentânea por energia será suprida
pela outra linha, evitando problemas como
Para saber mais
Nos anos de 2001 e 2002, devido à falta de inves-
“apagões” (falta de energia que atingia re-
timentos feitos no setor energético, em conjunto
giões inteiras), o que era recorrente em me-
com a escassez de chuvas, o país vivenciou uma
ados da década de 90, antes da construção
época onde se tinha um risco iminente de “apa-
da interligação Norte – Sul.
gão”. Chegou a ser criado pelo então presidente
Os “apagões” eram mais comuns de ocorrer Fernando Henrique Cardoso o chamado Ministé-
nas regiões Sul e Sudeste, devido a densida- rio do Apagão, o qual ficou responsável por ge-
de demográfica nessas regiões ser superior renciar a crise.
às demais regiões. Em adição, essas regiões
tiveram um processo de urbanização e in-
dustrialização acelerado em relação ao res-
tante do país, tendo sido o fator motivante
para a realização da interligação, a qual fi-
14/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
Quando a interligação Norte – Sul foi con- 1.4 A matriz energética mundial
cluída em 1998, criou-se através da resolu-
ção 351/98 do Ministério de Minas e Energia A matriz energética é composta por diver-
o Sistema Interligado Nacional – SIN, sendo sos tipos de fonte geradora e de mercado
este um sistema de coordenação e controle consumidor. A energia elétrica é consumida
da geração e distribuição de energia elétri- principalmente pela indústria e pelas resi-
ca no Brasil. dências, porém o setor de transportes con-
some energia por fontes derivadas do pe-
tróleo principalmente, sendo que os moto-
Link res de combustão interna ainda são os mais
Maiores informações sobre o SIN, tais como a ex- vendidos no mundo.
tensão da rede atual, seu mapeamento e deta- A figura 2 apresenta o consumo energético
lhes sobre a rede nacional de transmissão elétrica total, para todos os setores incluindo todos
podem ser vistas no link. Disponível em: <http:// os tipos de fonte energética.
www.ons.org.br/pt/paginas/sobre-o-sin/o-
-que-e-o-sin>. Acesso em: 18 out. 2017.

15/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Figura 2 – Matriz energética mundial em 2014, divisão por fonte de energia.

Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2015)

16/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


A figura 3 apresenta o consumo energético apenas para energia elétrica. Os dados utilizados
para confecção deste gráfico foram extraídos da “Resenha Energética Brasileira” emitida no ano
de 2015 para o ano calendário de 2014 pelo Ministério de Minas e Energia – MME.
Figura 3 – Matriz elétrica mundial em 2014, divisão por fonte de energia.

Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2015)

17/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Em ambas as figuras notam-se uma for- 1.5 A matriz energética brasilei-
te presença das formas de energia não re- ra
nováveis, tais como: Gás Natural, Carvão,
Urânio, Óleo e Gás (GLP e GNV). Conside- A matriz energética nacional pode-se di-
rando todas as formas de energia, as prin- vidir em diversas frentes de acordo com o
cipais fontes geradoras de energia no mun- usuário. Os principais usuários no Brasil
do são o óleo e o carvão. A figura 3 mostra são: indústria (energia elétrica é a principal
que as principais fontes de energia elétrica forma consumida), transporte (óleo diesel e
no mundo são o carvão e o gás, sendo que gasolina ainda são os principais combustí-
a energia gerada por usinas hidroelétricas veis) e residências (energia elétrica é a prin-
corresponde a menos da metade da ener- cipal forma consumida).
gia gerada pelas usinas termoelétricas, que A matriz energética brasileira é compos-
utilizam o carvão como fonte geradora. ta em sua maior parte por fontes renová-
veis, sendo o país com a matriz energética
mais renovável do mundo, isso é decorrente
principalmente pela utilização do potencial
hídrico disponível.

18/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


A figura 4 ilustra o consumo final de energia por fonte, onde é possível notar que a principal fonte
de consumo de energia no Brasil ainda é o óleo diesel, o qual é consumido principalmente pelo
setor de transporte. Os dados apresentados foram extraídos do Balanço Energético Nacional
(BEN) emitido em 2016 para o ano calendário de 2015.
Figura 4 – Matriz energética brasileira em 2015, divisão por fonte de energia.

Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2016)

19/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Figura 5 – Consumo energético na indústria brasilei-
ra no ano de 2015, divisão por fonte geradora.
Link
Sugerimos que visite para verificar o Balanço
Energético Nacional divulgado pelo Ministério de
Minas e Energia – MME no ano de 2016, sendo
que este apresenta os resultados obtidos para o
ano calendário de 2015. Disponível em: <http://
www.cbdb.org.br/informe/img/63socios7.
pdf>. Acesso em: 8 dez. 2017.

Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2016)

As figuras 5, 6 e 7 ilustram as principais


fontes de energia utilizadas por cada tipo
de usuário. Nota-se que a principal fonte
de energia para a indústria e para as resi-
dências é a energia elétrica, que no Brasil é
principalmente gerada pelas usinas hidro-
elétricas, enquanto que o setor de transpor-
te consome principalmente o óleo diesel.
20/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
Figura 6 – Consumo energético no transporte brasileiro no ano de 2015, divisão por fonte geradora.

Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2016)

21/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Figura 7 – Consumo energético nas residências brasileiras no ano de 2015, divisão por fonte geradora.

Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2016)

22/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Até o final de 2015, a geração de energia Figura 8 – Produção de energia elétrica para a matriz ener-
gética brasileira em 2016, divisão por fonte de energia.
elétrica presente na matriz energética bra-
sileira era constituída principalmente por 7
diferentes fontes: hidroelétrica, termelétri-
ca (Gás Natural), eólica, termelétrica (Óleo
e Diesel), biomassa, termelétrica (Carvão)
e nuclear. Além dessas, também consta um
percentual muito pequeno para a energia
elétrica gerada por placas fotovoltaicas
(Solar), sendo esta muito próxima de 0%.
Somando toda a capacidade de geração de
energia elétrica, o Brasil produziu em 2015 Fonte: adaptado de MME (BRASIL, 2016)
um total de 615,9 TWh (615,9 trilhões de
Watts-horas), a figura 8 representa a divi-
são da produção de energia elétrica total no
ano de 2015, distribuída por cada uma das
principais fontes de energia.

23/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Para saber mais
Em 2017 o senador Ciro Nogueira (PP-PI) enviou
para aprovação no senado o projeto de lei (PLS)
304/2017, que proíbe a comercialização de auto-
móveis movidos a combustíveis fósseis (gasolina,
diesel e GNV) até 2030. Sendo assim, qualquer
carro produzido a partir deste ano somente pode-
rá ser de combustão interna se utilizar fontes com
baixas emissões de CO2, como é o caso do etanol
e do biodiesel.

24/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Glossário
Eletricidade: nome dado a uma das formas mais importantes da energia, e aos fenômenos pelos
quais manifesta a presença de partículas elementares, os elétrons, quer em repouso, quer em
movimento.
Energia: vigor, atividade, eficácia.
Hidrelétrica: conjunto de instalações industriais destinadas à produção e distribuição de eletri-
cidade gerada a partir de força hidráulica.

25/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


?
Questão
para
reflexão

Supondo a humanidade em um futuro distante em que


todas as fontes de energia não renováveis, como com-
bustíveis fósseis, tenham se esgotado, supondo também
que os rios tenham secado, o sol tenha sido escurecido
pela poluição de modo que sua energia já não possa ser
captada e os ventos já não tenham mais a mesma força.
Quais novas fontes de energia você proporia para serem
utilizadas no abastecimento energético global?

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Considerações Finais
• Existem diversas formas de energia, porém para esta disciplina somente o
conceito de energia elétrica interessa.
• Os condutores elétricos permitem que a eletricidade exista, sem eles não
seria possível realizar a condução de cargas elétricas, fenômeno este que é
necessário à existência da eletricidade como conhecemos.
• A rede elétrica brasileira é totalmente integrada, sendo que a energia pro-
duzida em qualquer usina brasileira pode ser aproveitada em qualquer lugar
do país independente de sua localização.
• As principais fontes de energia utilizadas pelos seres humanos nos dias atu-
ais ainda são o carvão e os combustíveis fósseis.
• As principais fontes de energia utilizadas no Brasil são os combustíveis fós-
seis e a hidrelétrica.
• O Brasil é o país que mais utiliza as energias renováveis, principalmente de-
vido ao seu potencial hídrico.
27/225
Referências

BRASIL. Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobras. Ministério de Minas e Energia. Transmis-


são de Energia.  [20--?]. Disponível em: <http://eletrobras.com/pt/Paginas/Transmissao-de-E-
nergia.aspx>. Acesso em: 18 set. 2017.

BRASIL. Empresa de Pesquisa Energética. EPE. Ministério de Minas e Energia – MME.  Balanço
Energético Nacional: Relatório Síntese - ano base 2015. Rio de Janeiro: Ministério de Minas e
Energia – MME, 2016. 62 p. Disponível em: <http://www.cbdb.org.br/informe/img/63socios7.
pdf>. Acesso em: 18 set. 2017.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia -MME. Resenha Energética Brasileira: Exercício de 2014.


Brasília: Ministério de Minas e Energia - MME, 2015. 32 p. Disponível em: <http://www.mme.
gov.br/documents/1138787/1732840/Resenha+Energética+-+Brasil+2015.pdf/4e6b9a34-6b2e-
-48fa-9ef8-dc7008470bf2>. Acesso em: 18 set. 2017.
BRASIL. Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS. Ministério de Minas e Energia. O SISTEMA
INTERLIGADO NACIONAL. [20--?]. Disponível em: < http://www.ons.org.br/pt/paginas/sobre-o-
-sin/o-que-e-o-sin>. Acesso em: 18 set. 2017.

 BRASIL. Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS. Ministério de Minas e Energia. CAPACI-


DADE INSTALADA NO SIN - 2016 / 2021.  [20--?]. Disponível em: <http://www.ons.org.br/pt/
paginas/sobre-o-sin/o-sistema-em-numeros>. Acesso em: 18 set. 2017.
28/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
Referências

BRASIL. Portal Brasil. Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (secom). Ma-


triz energética. 2010. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/11/matri-
z-energetica>. Acesso em: 18 set. 2017.

CALLISTER JUNIOR, William D. (Ed.). Propriedades Elétricas: Condução Elétrica. In: CALLISTER JU-
NIOR, William D. (Ed.). Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 5. ed. Rio de Janeiro:
Ltc - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002. Cap. 19. p. 416-422.
EDP BRASIL (São Paulo). Conceitos sobre energia elétrica. [200-?]. Disponível em: <http://www.
edp.com.br/pesquisadores-estudantes/energia-eletrica/conceitos-sobre-energia-eletrica/Pagi-
nas/default.aspx>. Acesso em: 18 set. 2017.
ENGEVISTA: A MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL E A COMPETITIVIDADE DAS NAÇÕES: BASES DE
UMA NOVA GEOPOLÍTICA. Niterói: Universidade Federal Fluminense - UFF, v.9, n.1, jun. 2007.
Mensal. P. 47-56. Disponível em: <http://www.uff.br/engevista/9_1Engevista5.pdf>. Acesso em:
18 set. 2017.
HAMILTON, Calvin J. (Ed.).  O Sol.  1997. Traduzido por Kepler Oliveira. Disponível em: <https://
www.if.ufrgs.br/ast/solar/portug/sun.htm>. Acesso em: 17 set. 2017.

REIS, Lineu Belico dos (Ed.). Geração de Energia Elétrica. 3. ed. São Paulo: Manole Ltda., 2017.
536 p.
29/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo
Referências

RIBEIRO, Amarolina. Distribuição de energia elétrica no Brasil;  Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/distribuicao-energia-eletrica-no-brasil.htm>. Acesso
em: 18 set. 2017.
YOUNG, Hugo D. et al (Ed.). Física 3: Eletromagnetismo. 10. ed. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2005. 402 p.

30/225 Unidade 1 • O consumo energético no Brasil e no mundo


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: O Consumo Energético no Brasil Aula 1 - Tema: O Consumo Energético no Brasil e
e no Mundo. Bloco I no Mundo. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
37dda81c38da7c82344a55b73bc9ca17>. 1d/5a84e526edf4699c632e5d7c8c8e3c2f>.

31/225
Questão 1
1. Leia o trecho abaixo, retirado da reportagem “Relembre os maiores ble-
cautes das últimas décadas pelo mundo”, escrita por iG São Paulo, a qual
foi publicada pelo site de notícias da empresa iG no dia 11 de novembro de
2009, e assinale a alternativa correta:
“O blecaute italiano foi causado por uma forte tempestade que atingiu a li-
nha de transmissão que enviava energia elétrica da Suíça para a Itália. A falha
sobrecarregou o sistema de geração de energia e causou um efeito casca-
ta, derrubando o fornecimento em todas as áreas do país.” (Disponível em:
<http://ultimosegundo.ig.com.br/apagao/relembre-os-maiores-blecautes-
-das-ultimas-decadas-pelo-mundo/n1237786435371.html>. Acesso em: 18
out. 2017)

32/225
Questão 1
Este texto se refere a qual problema similar e que era recorrente no Brasil na
década de 90?

a) Crise hídrica.
b) “El niño”.
c) Transposição do Rio São Francisco.
d) Apagão.
e) “La Niña”.

33/225
Questão 2
2. O que é o Sistema Interligado Nacional – SIN?

a) Sistema de coordenação e controle da geração e distribuição de energia elétrica no Brasil.


b) Um cabo de longa extensão que liga as redes de alta tensão do Norte e do Sul do país.
c) Rede elétrica que transmite energia elétrica para os estados das regiões Sul, Centro-Oeste e
Sudeste.
d) Criado através da resolução 351/98 do Ministério de Minas e Energia se trata de um sistema
que visa o controle somente das redes de distribuição elétrica de baixa tensão.
e) Conjunto de cabos que ligam o Norte do país ao Nordeste.

34/225
Questão 3
3. Sabendo que uma lâmpada fluorescente de 15W possui a mesma lumi-
nosidade (capacidade de iluminação) de uma lâmpada incandescente de
60W de potência. Calcule a economia gerada após 1 hora de uso com a
lâmpada de 15W no lugar de uma lâmpada de 60W de potência.

a) 0,060 kWh.
b) 0,075 kWh.
c) 0,045 kWh.
d) 0,020 kWh.
e) 0,015 kWh.

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Questão 4
4. Sabendo que a potência elétrica de um chuveiro elétrico é de 4000W,
calcule o consumo mensal em kWh de uma residência onde vivem 4 pes-
soas. Considere que cada pessoa toma 2 banhos de 12 minutos por dia e
o mês em questão possui 30 dias.

a) 186 kWh.
b) 192 kWh.
c) 200 kWh.
d) 165 kWh.
e) 223 kWh.

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Questão 5
5. Sabendo que um país é famoso pelos seus ventos, que sopram fortes e
de forma constante, e que este não dispõe de recursos hídricos ou plan-
tações, por fim, este país se localiza no extremo norte, onde o sol não se
faz presente por longos períodos. Qual seria a fonte de energia renovável
mais indicada para esse caso?

a) Termonuclear.
b) Termoelétrica (Carvão).
c) Hidroelétrica.
d) Termoelétrica (Óleo Diesel).
e) Eólica.

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Gabarito
1. Resposta: D. controle das redes de baixa tensão, mas de
todas as redes atuantes no país, principal-
“Apagão” mente as de alta tensão.
Entre todas as alternativas, a única que pos-
sui similaridade com Blecaute é a resposta D 3. Resposta: C.
“Apagão”, todas as demais respostas se re-
ferem a temas envolvendo tempo, tempera- “0,045 kWh”
tura e questões hídricas. Forma de resolução:
Como as respostas estão em kWh e não
2. Resposta: A. Wh, primeiro tem-se que transformar W
“Sistema de coordenação e controle da ge- em kW, portanto a lâmpada de 15W possui
ração e distribuição de energia elétrica no 0,015kW enquanto a lâmpada de 60W pos-
Brasil. sui 0,060kW

Somente a questão A é correta, pois o SIN Como E = P x ∆t


se trata de um sistema e não de um cabo, Para a lâmpada de 15W – E15W = 0,015kW
ou conjunto de cabos e redes, não sendo x 1 hora = 0,015kWh
responsável somente pela coordenação e
Para a lâmpada de 60W – E60W = 0,060kW
38/225
Gabarito
x 1 hora = 0,060kWh E = P x ∆t = 4000W x 48 horas = 192.000Wh
Para saber a economia de energia elétrica = 192kWh
deve-se fazer o consumo da lâmpada de
60W subtraído do consumo da lâmpada de
5. Resposta: E.
15W, portanto:
“Eólica”
E60W – E15W = 0,060kWh – 0,015kWh =
Entre todas as alternativas, apenas a C (Hi-
0,045kWh
dráulica) e a E (Eólica) são fontes de energia
renováveis, porém conforme informado no
4. Resposta: B. enunciado, o país não dispõe de recursos
“192kWh” hídricos, além de possuir ventos constantes
e fortes, o que é essencial para uma usina
Primeiro deve-se calcular a quantidade de eólica.
banhos tomados no mês, portanto 2 x 4 x 30
= 240 banhos por mês.
Como cada banho tem a duração de 12 mi-
nutos, então temos 240 x 12 = 2.880 minu-
tos (48 horas)
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Unidade 2
Principais fontes de energia

Objetivos

1. Este tema tem como principal obje-


tivo gerar um melhor entendimen-
to sobre as fontes de energia. Além
disso, ao final deste o aluno deverá
saber identificar os principais pontos
envolvidos na obtenção de energia.

40/225
Introdução

As fontes de energia são utilizadas na pro- tes em seus países, de forma a depender o
dução de algum tipo de energia específica, mínimo possível da importação de energia.
como por exemplo a gasolina que é utiliza- No Brasil por exemplo, as principais fon-
da no motor dos carros para produzir ener- tes utilizadas são a hidráulica, o petróleo e
gia cinética, ou ainda os ventos que podem a cana-de-açúcar, sendo todas essas fon-
ser utilizados como fonte de energia para tes abundantes no país. Os demais países
produção de energia elétrica nos aerogera- do mundo, de forma geral, ainda são muito
dores. As fontes renováveis (eólica, hídrica, dependentes do petróleo, porém a maioria
maremotriz, geotérmica, etanol, entre ou- desses não possui reservas de petróleo em
tras), embora hoje sejam menos utilizadas seu território, tendo que importar de outros
pelo ser humano, são as mais desejáveis países. Na Europa, por exemplo, existe uma
pelo fato de não serem esgotáveis, enquan- dependência do petróleo e do gás natural
to que as largamente utilizadas, que são as produzidos pela Rússia, onde qualquer ten-
não renováveis (petróleo, urânio, gás natu- são local pode fazer com que os preços des-
ral, carvão mineral, entre outras), tendem a ses dois produtos disparem, ou ainda, que o
se tornar cada vez mais escassas. Ao buscar governo Russo interrompa o fornecimento
por novas fontes de energia, sejam essas re- para a Europa. Este é um exemplo da impor-
nováveis ou não, os governantes tendem a tância das fontes de energia e o motivo pe-
priorizar as fontes que são mais abundan- los quais essas geram tantos conflitos.

41/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


1. Fontes primárias de energia ção desses subprodutos é necessário fazer
o chamado “refino do petróleo”, processo
Fontes primárias de energia são aquelas pelo qual este é submetido visando a sua
que podem ser obtidas diretamente na na- divisão nos diversos subprodutos.
tureza, como por exemplo o carvão, o gás
As fontes de energia podem ser divididas
natural, o urânio e o petróleo. Além dessas
em renováveis e não renováveis. As fontes
formas, são fontes primárias o vento, o sol e
de energia renováveis são aquelas cuja sua
resíduos vegetais e animais. A gasolina e o
utilização e seu uso não geram o seu es-
etanol não são fontes primárias de energia,
gotamento, pois essas estão sempre se re-
tendo em vista que a primeira é derivada do
novando em curtos espaços de tempo, por
petróleo e a segunda da cana-de-açúcar.
exemplo, todas as energias que são obtidas
Conforme visto na unidade 1, a principal a partir de elementos naturais como a água
fonte primária de energia utilizada nos dias (energia hídrica), os ventos (energia eólica),
atuais, tanto no Brasil quanto no mundo, o sol (energia solar), entre outras.
é o petróleo, sendo que diversas fontes de
As fontes de energia não renováveis são o
energia utilizadas pelo homem contempo-
râneo derivam desta, como é o caso do GLP,
da gasolina e do óleo diesel. Para a obten-
42/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
oposto, ou seja, são fontes que quando uti- é realizada em um curto espaço de tempo,
lizadas não irão se regenerar em um curto sendo que as safras de cana-de-açúcar são
espaço de tempo, sendo esses recursos li- anuais. Contudo a cana-de-açúcar é uma
mitados. O principal exemplo é o petróleo, fonte de energia considerada renovável.
que embora ocorra de forma natural, este Outra preocupação do mundo moderno em
leva milhões de anos desde a decomposição relação as fontes de energia é o meio am-
de material orgânico até a sua formação. biente, onde cada tipo específico de fonte
Outras fontes de energia não renováveis gera um dado impacto ambiental, sendo
que são largamente utilizadas na atualida- que este deve ser avaliado como um risco
de são: carvão, gás natural e o urânio. para a atual geração bem como para as ge-
Dessa forma, uma fonte de energia que po- rações futuras.
deria se encaixar como não renovável é a O impacto ambiental mais comentado, sem
cana-de-açúcar, pois uma vez que a planta- dúvida nenhuma, é o efeito estufa gerado
ção é extraída não se tem mais como extrair principalmente pela emissão de CO2, po-
novamente. Porém, esta pode ser plantada rém mesmo quando usamos a água como
novamente, sendo que esta plantação será fonte de energia, em nossas hidroelétricas,
aproveitada pela mesma geração de pesso- existe um grande impacto ambiental devido
as que a plantou, ou seja, sua regeneração ao represamento da água, o que gera uma
43/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
inundação em toda a várzea do rio em sua energética seja predominantemente hí-
região represada, resultando em redução drica, também utiliza carvão, gás natural,
principalmente da flora local. óleo diesel, além da eólica e muito pouco da
Já para o caso da utilização de urânio, não energia solar, sendo que até mesmo o tão
ocorre a emissão de CO2, também não é ne- questionável urânio está presente.
cessário inundar uma região inteira para
que a sua energia seja utilizada, porém a Para saber mais
sua manipulação exige cuidados específicos Em 1997 foi assinado em Kyoto, no Japão, o pri-
em relação a radioatividade deste elemento meiro tratado sobre redução da emissão de po-
químico, o que gera grandes preocupações luentes. Este tratado foi chamado de Protocolo
na comunidade mundial. de Kyoto, sendo que os países que o assinaram
se comprometeram, entre outras coisas, com a
Portanto, todas as formas de energia pos-
redução dos níveis de emissão de poluentes em
suem algum impacto, sendo assim os go-
5,2%, para os anos compreendidos entre 2008 e
vernantes buscam sempre que possível va-
2012, em relação aos níveis de 1990.
riar as fontes de energia utilizadas pelo país,
de modo a distribuir a geração de energia
em diversas fontes distintas. O Brasil segue
este exemplo, pois embora a nossa matriz
44/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
Os depósitos de petróleo se encontram
Link em rochas sedimentares, estando em seus
poros e fraturas, podendo se apresentar
Para encontrar maiores informações sobre o tra- na forma gasosa, líquida ou sólida. Nesses
tado de Kyoto, visite o link. Disponível em: <http:// depósitos, além do petróleo, encontram-
protocolo-de-kyoto.info/aquecimento-glo- -se água salgada e uma mistura de gases.
bal.html>. Acesso em: 21 out. 2017. Devido à presença dessa mistura de gases,
quando se tem uma perfuração nos poços
1.1 Petróleo de petróleo, este jorra por conta da pressão
gerada pelos gases. A formação do petróleo
O petróleo é composto basicamente por
se dá pela decomposição de matéria orgâ-
misturas de hidrocarbonetos (moléculas
nica por bactérias em meios com baixo teor
de carbono e hidrogênio), outros elemen-
de oxigênio, sendo a pressão exercida pelos
tos químicos comumente presentes em sua
movimentos da crosta terrestre essencial
composição são o enxofre e nitrogênio e
para a sua formação. Este é a principal fonte
oxigênio, porém em pequenas quantidades,
de combustível utilizada no mundo, sendo
sendo que a sua composição varia de acor-
uma fonte de energia não renovável e po-
do com a sua procedência.
luente. A combustão dos derivados de pe-

45/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


tróleo gera grandes volumes de CO2, devido neste processo, os subprodutos são separa-
ao fato de este ser composto por hidrocar- dos pela sua densidade. A figura 9 ilustra o
bonetos. esquema de uma torre de destilação fracio-
nada.

Link
Maiores informações sobre o petróleo e sua forma
de produção, bem como o percurso percorrido até
a sua utilização podem ser obtidas no link. Dis-
ponível em: <http://www.petrobras.com.br/
pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/>.
Acesso em: 21 out. 2017.

A principal etapa do processo de refino do


petróleo consiste na destilação fraciona-
da do mesmo, onde são gerados diferentes
produtos para utilização de acordo com o
tipo de hidrocarboneto gerado, sendo que
46/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
Figura 9 – Esquema da destilação fracionada utilizada no refino de petróleo.

Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/meio-ambiente/petroleo>.

47/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


A figura 9 mostra os principais subprodutos A figura 10 mostra o perfil esquemático de
do petróleo, que são: o gás liquefeito de pe- uma usina termelétrica, onde observa-se
tróleo (GLP), a gasolina automotiva, a nafta, que, para este tipo ilustrado, os combustí-
querosene de aviação, querosene, diesel e veis utilizados são gás natural e óleo. Am-
outros óleos combustíveis. bos são abastecidos na câmara de combus-
Conforme visto na unidade anterior, no tão, onde ocorre a adição de ar atmosférico
Brasil utiliza-se os subprodutos diesel, óleo por meio de um compressor, gerando dessa
combustível, gasolina e querosene no setor forma uma reação de combustão a qual re-
de transporte para abastecimento de car- sulta na emissão de gases em altas tempe-
ros, caminhões, aviões, barcos, entre outros. raturas, os quais são responsáveis por girar
Para a produção de energia elétrica, são uti- as pás da turbina, transformando a energia
lizados o diesel e os óleos combustíveis, os térmica em energia cinética. O eixo da tur-
quais são enviados para as usinas termelé- bina é o mesmo eixo do gerador, sendo o
tricas. Já o GLP é utilizado em residências gerador responsável por converter a energia
principalmente para abastecimento dos cinética do eixo em energia elétrica, a qual
fornos e fogões, além disso, as residências é transmitida para o transformador onde a
também utilizam o diesel, óleo, gasolina e “eletricidade” (energia elétrica) é converti-
querosene. da para valores de tensão e corrente pró-

48/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


prios para as linhas de transmissão. Após os gases serem utilizados para movimentar a turbina,
esses são devolvidos para a atmosfera por meio do exaustor.
Figura 10 – Esquema de funcionamento de uma usina termelétrica.

Fonte: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_par3_cap6.pdf>.

49/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


1.2 Hídrica se observa que o reservatório é construído
por meio de uma represa de água. Existe
A energia hídrica é utilizada principalmente uma porta de controle, a qual é responsável
para a produção de energia elétrica, sendo por acionar e controlar o funcionamento da
considerada uma fonte limpa (sem emissão turbina, quando esta é totalmente aberta
de poluentes) e renovável. Porém, para que tem-se a potência máxima sendo gerada, e
esta possa ser utilizada, as obras de cons- quando se encontra totalmente fechada a
trução incluem a mudança no curso de rios turbina é desligada.
e a formação de um reservatório, o qual re-
A água, sob alta pressão, é empurrada para
sulta na inundação de grandes áreas.
um duto que liga o reservatório à turbina.
O seu princípio de funcionamento é similar Quando a água entra em contato com as
ao de um antigo moinho de água, onde a pás da turbina, ela força as pás em um sen-
força da água é utilizada para movimentar a tido único fazendo com que a turbina gire
moenda. Porém, neste caso a força da água em torno do seu eixo, dessa forma a energia
gira uma turbina, sendo que o eixo desta é hídrica é convertida em energia mecânica
acoplado a um gerador. (energia cinética, pois o eixo central está em
A figura 11 ilustra um esquema de funcio- movimento).
namento de uma usina hidroelétrica, onde
50/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
O eixo central desta turbina é o mesmo eixo central do gerador, que é o responsável por converter
a energia mecânica do eixo em energia elétrica, a qual é enviada para o transformador, onde a
“eletricidade” (energia elétrica) é convertida para valores de tensão e corrente próprios para as
linhas de transmissão.
Figura 11 – Esquema de funcionamento de uma usina hidroelétrica.

Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25039>.

51/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


Uma usina hidroelétrica possui diversas tur- Esta matéria prima é utilizada pela indústria
binas, sendo que a de Itaipu, por exemplo, sucroalcooleira na produção de álcool, açú-
possui 20 unidades geradoras, ou seja, 20 car e a tradicional cachaça brasileira. Além
turbinas. Toda a água que passa por essas disso, o bagaço da cana-de-açúcar é utili-
turbinas depois é despejada na parte baixa zado para produção de energia em plantas
do rio, o qual segue seu curso normal. de biomassa.
Contudo, os principais compostos da cana-
1.3 Cana-de-açúcar -de-açúcar utilizados na produção de ener-
gia são a fibra, que constitui o chamado
A cana-de-açúcar possui uma composição bagaço, e a matéria orgânica que é princi-
média de 13% de fibra (celulose, hemice- palmente constituída de sacarose, a qual é
lulose e lignina) e 87% de caldo, dos quais utilizada na produção do álcool.
temos os percentuais de, segundo Ribeiro
O álcool produzido a partir da cana-de-açú-
(1999, p.3-4), “74,5% de água, 25% de ma-
car também pode ser misturado a óleos ve-
téria orgânica e 0,5% de material mineral”,
getais (extraído da soja, mamona, dendê,
que varia em função das seguintes condi-
girassol entre outros) para a produção do
ções: clima, solo, tipo de cultivo, variação de
biodiesel.
cana que é empregada, estágio de matura-
ção e idade.
52/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
Para saber mais Link
O hidrogênio seria a fonte de energia menos po- Você poderá encontrar alguns esclarecimentos
luente, pois o produto da sua combustão é a água. quanto ao emprego do hidrogênio como fonte
Este pode ser utilizado da mesma forma que qual- de energia no artigo de Flávia Martini,  Hidrogê-
quer outro combustível, ou seja, basta iniciar a sua nio é alternativa de energia viável, limpa e reno-
combustão tendo o oxigênio como comburente. vável. Disponível em: <http://www.jornal.uem.
Além de ser uma fonte de energia limpa e total- br/2011/index.php?option=com_conten-
mente renovável, já que em tese poderia ser ob- t&view=article&id=325:hidrogo-lternativa-
tido a partir da água, sua queima produz grandes -de-energia-vil-limpa-e-renovl&catid=56:-
quantidades de energia. Porém, a sua utilização jornal-68-julho-de-2007&Itemid=2>. Acesso
ainda não é possível pela dificuldade de obten- em: 23 out. 2017.
ção deste elemento como H2, sendo esta a forma
apropriada para a combustão, além disso o seu
Portanto, a cana-de-açúcar é a base para 3
armazenamento também é um ponto crítico.
diferentes tipos de fonte de energia, o eta-
nol, o biodiesel e a biomassa. Os dois pri-
meiros são utilizados como combustível no

53/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


setor de transporte e em usinas termelétricas, já o último é utilizado na produção de energia elé-
trica nas usinas de biomassa. As usinas de biomassa também podem utilizar qualquer outra fon-
te orgânica que se encontre em decomposição (esterco, restos de alimentos, resíduos agrícolas
entre outros), gerando assim o gás metano sendo este o combustível utilizado por essas usinas.
A figura 12 ilustra um esquema simplificado de uma usina termelétrica, sendo que este modelo
pode utilizar diversas fontes de energia, inclusive o etanol e o biodiesel.
Figura 12 – Esquema de funcionamento de uma usina termelétrica.

Fonte: <http://caroldaemon.blogspot.com.br/2013/09/como-funciona-uma-termoeletrica.html>.

54/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


em contato com a turbina, ele faz com
que esta gire em torno do seu eixo
Observa-se que o sistema é composto por:
central, gerando energia mecânica
1. Fornalha: região onde ocorre a quei- (energia cinética).
ma do combustível, sendo que esta 4. Gerador: compartilha com a turbina
possui uma chaminé onde os gases o mesmo eixo, sendo que o gerador é
provenientes da queima são lançados o responsável por converter a energia
para a atmosfera; mecânica (energia cinética) do eixo
2. Caldeira: trata-se de um tanque es- em energia elétrica.
férico selado, onde se encontra uma 5. Rede elétrica: é a rede de transmis-
mistura de água e vapor. Este tanque é são de energia, porém a figura não
constantemente aquecido pela forna- está completa, pois a eletricidade ge-
lha, dessa forma a água sempre se en- rada pelo gerador não possui condi-
contra em ebulição, formando a mis- ções adequadas para a sua transmis-
tura em equilíbrio de líquido e vapor. são, sendo necessária a existência de
3. Turbina: trata-se de um rotor com di- um transformador entre o gerador e
versas pás em hélice. Quando o vapor a rede elétrica. O transformador é o
de água proveniente da caldeira entra responsável por adequar a “eletricida-
55/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
de” de modo que esta possa entrar na (etanol, biodiesel entre outros) é utilizada
rede de transmissão. para aquecimento da água.
6. Condensador: após o vapor de água A figura 13 ilustra uma usina de biomassa,
passar pelas pás da turbina, gerando onde se observa o mesmo esquema já visto
energia cinética no eixo central, este para a usina termelétrica a etanol e biodie-
vapor passa por um condensador, o sel ilustrada na figura 12, porém o material
qual é responsável pelo seu resfria- combustível utilizado para este caso é o ba-
mento, fazendo com que este retorne gaço da cana-de-açúcar.
a forma líquida, recomeçando o pro-
cesso.
A diferença entre as usinas termelétricas
representadas nas figuras 10 e 12 consiste
do meio utilizado para movimentar a turbi-
na. Na figura 10 a movimentação da turbina
é realizada pelos gases produto da combus-
tão do óleo e do gás natural. Na figura 12
a movimentação da turbina é realizada pelo
vapor de água, sendo que a fonte de energia
56/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
Figura 13 – Esquema de funcionamento de uma usina de biomassa.

Fonte: < http://www.nalutaenalabuta.com.br/2011/02/funcionamento-da-usina-de-biomassa.html >.

57/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


1.4 Gás natural misturado com o petróleo, seja dissolvi-
do ou formando apenas uma capa ao redor
O gás natural também é uma mistura de hi- deste. Enquanto que o não associado, como
drocarbonetos, ou seja, é composto princi- o nome já sugere, é encontrado de forma
palmente por carbono e hidrogênio, sendo pura sem petróleo ou água. Pode ser utiliza-
que os principais são metano (CH4), eteno do como fonte de energia para o transporte
(C2H6) e propano (C3H8). O metano é pre- (GNV – Gás Natural Veicular) ou como fonte
dominante, constituindo mais de 70% da de energia nas usinas termelétrica, confor-
composição do gás natural. me ilustrado na figura 10.
O gás natural é assim chamado pois na na-
tureza, em pressões atmosféricas normais, 1.5 Carvão Mineral
ele é encontrado na forma de gás, o que di-
fere esta fonte das demais estudadas até Essa fonte, assim como as demais, é com-
então, já que todas se encontravam ou no posta por diversos hidrocarbonetos, por-
estado sólido ou no estado líquido. tanto também é uma fonte emissora de CO2,
sendo este obtido na natureza na forma só-
Esta fonte de energia pode ser dividida em lida e assim como o gás natural não asso-
2: associada e não associada. A associada ciado, esta fonte de energia não necessita
é encontrada em reservatórios geológicos
58/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
de nenhum processo para sua utilização, turfa (aproximadamente 45%).
como ocorre com a gasolina (derivada do O carvão mineral mais utilizado como fonte
petróleo) ou o álcool (derivado da cana-de- de energia é a hulha, sendo que este é apli-
-açúcar). cado nas usinas termelétricas para a gera-
O carvão mineral assim como o petróleo é ção de energia elétrica. O modelo de usina
de origem fóssil, sendo que a sua forma- termelétrica que utiliza esta fonte de ener-
ção leva milhões de anos, o que o coloca na gia está representado na figura 12.
tabela de fontes não renováveis. A sua ex-
tração pode ser simples quando as reservas 1.6 Eólica
se encontram próximas a superfície, porém
quanto mais profundo este estiver, mais Utiliza como fonte de energia a força dos
cara será a sua extração. ventos, sendo o seu modelo de usina similar
aos demais apresentados, porém onde exis-
São identificados 4 diferentes tipos de car-
te vapor d’água para uma usina termelétri-
vão mineral de acordo com a quantidade de
ca, este vapor deve ser substituído pelo ven-
carbono existente em massa. O mais puro é
to, com uma peculiaridade, devido ao fato
o antracito (Aproximadamente 90% de car-
da velocidade de rotação do eixo neste tipo
bono), seguido da hulha (75% a 85%), linhi-
de usina ser extremamente lento utiliza-se
to (60% a 75%) e por fim o menos puro é a
59/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
uma multiplicadora antes do gerador. A figura 14 ilustra os principais componentes de uma torre
geradora de energia eólica.
Figura 14 – Esquema de funcionamento de uma torre eólica.

Fonte: <http://www.industriahoje.com.br/o-que-e-um-gerador-eolico>.

60/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


Os componentes mais básicos mostrados velocidade (eixo das pás) e na sua saí-
pela figura 14 são: da é acoplado o eixo de alta velocida-
1. Direção do vento: o anemômetro e o de que entra no gerador. Essa multi-
cata vento presentes na cauda da nave plicação ocorre por meio de engrena-
indicam a direção do vendo e a sua ve- gens como em uma caixa de câmbio
locidade, de modo que o controle de automotiva, porém só existe uma re-
direção possa girar a nave para me- gulagem (não existe troca de marcha).
lhor aproveitamento do vento. 4. Gerador: assim como nos outros
2. Pás: elas se movimentam de acordo modelos de usina, o gerador é o res-
com a força do vento, girando o seu ponsável por converter a energia ciné-
eixo central (eixo de baixa velocidade), tica do eixo em energia elétrica.
o qual é acoplado à caixa de velocida- 5. Transformador: embora não es-
des. teja ilustrado, este componente é es-
3. Caixa de velocidade (Multiplicadora): sencial, pois converte a energia elétri-
funciona como uma multiplicadora de ca a valores de tensão e corrente apro-
velocidade do eixo, de modo que na priados para a linha de transmissão.
sua entrada é acoplado o eixo de baixa

61/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


1.7 Nuclear Figura 15 – Esquema de funcionamen-
to de uma usina termonuclear.

Os principais combustíveis utilizados na


usina nuclear são o Tório (Th), o Plutônio
(Pu) e o mais conhecido e utilizado o Urânio
(U). As usinas são de construção similar as
termelétricas, porém possuem um revesti-
mento que atua como barreira para a irra-
diação.
A figura 15 ilustra os principais componen-
tes desse tipo de usina, onde é possível ob-
servar que existem 3 circuitos de circulação
de água independentes, sendo 2 deles to-
talmente fechados.

Fonte:<http://www.eletronuclear.gov.br/LinkClick.as-
px?fileticket=Vv9XO5nsTVc%3d&tabid=347>.

62/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


O circuito primário (amarelo), correspon- na, girando o eixo central desta, sendo este
de ao circuito que tem contato direto com o mesmo do gerador elétrico. O gerador
o reator, sendo que a água presente neste elétrico por sua vez, converte a energia me-
circula entre as barras do elemento com- cânica (energia cinética) do eixo em energia
bustível, tendo por função refrigerar o ele- elétrica. A energia elétrica é então tratada
mento combustível, impedindo que este pelos transformadores e depois enviada
atinja temperaturas suficientemente altas para a rede elétrica.
para fundir o material do reator nuclear, o O terceiro circuito é o sistema de água de
que poderia resultar em vazamento de ra- refrigeração (verde), sendo que este é o
diação. Outras funções desse circuito são: único circuito aberto, ou seja, que permite
absorver a radiação emitida, já que a água troca com o meio. A água presente neste
é um excelente meio para tal, além de par- circuito provém de um tanque de alimenta-
ticipar diretamente da troca de calor com o ção, que pode ser uma piscina ou um rio, ou
circuito secundário. ainda, como no caso das usinas brasileiras,
O circuito secundário (azul) recebe o calor este circuito pode ser abastecido com água
do circuito primário no “gerador de vapor”, do mar. A principal função deste é realizar a
sendo que este circuito é o responsável pela troca de calor com o circuito secundário no
transmissão de força para as pás da turbi- “condensador”, permitindo assim que o va-
63/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia
por de água gerado no “gerador de vapor” e
utilizado para girar a turbina seja resfriado
retornando a água à sua forma líquida.

Para saber mais


O maior acidente envolvendo radiação já regis-
trado ocorreu em 1986 na cidade de Chernobyl na
Ucrânia, quando um dos quatro reatores da usina
explodiu. Este evento em conjunto com o vento e
a chuva, ocasionou no espalhamento da radiação
resultando em torno de 15 mil mortes, conforme
divulgado pelo governo.

64/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


Glossário
Combustível: substância que reage com um comburente, em geral o oxigênio, liberando energia.
Fósseis: restos ou vestígios de seres vivos em rochas.
Hidrocarboneto: são os compostos mais simples da química orgânica, sendo formados apenas
por átomos de hidrogênio e carbono, são apolares, portanto não condutores de corrente elétrica.

65/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


?
Questão
para
reflexão
Sabendo que os combustíveis fósseis são altamente poluentes, de-
vido à liberação de CO2, a utilização da força hídrica requer a cons-
trução de barragens que resultam em inundações de grandes re-
giões nas margens do rio, a geração de energia nuclear possui o
risco de liberação de radiação, porém este último não emite CO2 e
nem gera grandes modificações ambientais, qual seria a fonte de
energia mais indicada para uma nova usina próxima a uma área de
preservação ambiental?

66/225
Considerações Finais

• Fontes de energia são divididas em renováveis e não renováveis.


• Os principais tipos de usina são as hidroelétricas, termoelétricas, eólicas e
termonucleares.
• Todas as fontes de energia geram algum tipo de impacto ambiental.
• As usinas são constituídas por uma turbina, um gerador, um eixo que liga a
turbina ao gerador e um transformador. Basicamente o que varia entre um
tipo de usina e outro é a fonte utilizada para fazer com que a turbina fun-
cione.

67/225
Referências

BRASIL. ANEEL. Ministério de Minas e Energia - MME. Atlas de Energia Elétrica do Brasil: A pro-
dução de energia elétrica e a co-geração. [200-?]. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/
arquivos/PDF/atlas_par3_cap6.pdf>. Acesso em: 22 set. 2017.

BRASIL. ANP. Ministério de Minas e Energia - MME. Gás Natural. [20--?]. Disponível em: <http://
www.anp.gov.br/wwwanp/gas-natural#>. Acesso em: 22 set. 2017.

BRASIL. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE. Ministério de Minas e Energia


- MME. Geração de Energia Elétrica: Tipos e Fontes de Energia. Disponível em: <https://www.
ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-atuamos/fontes?_adf.ctrl-state=t0h1u87yy_4&_
afrLoop=70526113814538#!>. Acesso em: 21 set. 2017.
BRASIL. Portal Brasil. Secretaria da Educação.  Carvão Mineral.  2011. Disponível em: <http://
www.brasil.gov.br/infraestrutura/2011/11/carvao-mineral>. Acesso em: 22 set. 2017.

COSTA, Priscilla Rodrigues de Oliveira; DUARTE, Fábio Soares. A UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA DA


CANA-DE-AÇÚCAR COMO FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL APLICADA NO SETOR SUCROALCO-
OLEIRO. Raf - Revista de Administração da Fatea, Lorena, v.3, n.3, p.81-96, 2010. Anual.
ITAIPU BINACIONAL (Foz do Iguaçu/PR). Energia: Geração. [20--?]. Disponível em: <https://www.
itaipu.gov.br/energia/casa-de-forca>. Acesso em: 22 set. 2017.

68/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


Referências

KERDNA PRODUÇÃO EDITORIAL LTDA (Brasil).  Protocolo de Kyoto.  [20--?]. Disponível em:
<http://protocolo-de-kyoto.info/>. Acesso em: 21 set. 2017.
LIMA, Allan Kardec Craveiro de. A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM UMA INDÚSTRIA DE ELETRO-
ELETRÔNICOS DO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS: DESAFIOS DE IMPLANTAÇÃO E NOVAS
POSSIBILIDADES.  2014. 141 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Recursos da
Amazônia, Faculdade de Tecnologia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM, 2014.
MORO, Guilherme Andre dal; MENTA, Eziquiel. Potencial energético de uma usina hidroelé-
trica.  2010. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?au-
la=25039>. Acesso em: 22 set. 2017.

PORTAL ENERGIA (Brasil). Fontes de energia renováveis e não renováveis. 2015. Disponível em:


<https://www.portal-energia.com/fontes-de-energia/>. Acesso em: 21 set. 2017.
RIBEIRO, Carlos A. F.; BLUMER, Solange A. G.; HORII, Jorge.  FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA
SUCROALCOOLEIRA: TECNOLOGIA DO AÇÚCAR. Piracicaba/SP: Escola Superior de Agricultura
- USP, 1999. 70 p. Apostila Universitária - DEPARTAMENTO DE AGROINDÚSTRIA, ALIMENTOS E
NUTRIÇÃO.

69/225 Unidade 2 • Principais fontes de energia


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ab210738314939aea53519bf94b6b440>. 6fd660c6df31c560b113ed60f409b541>.

70/225
Questão 1
1. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna:

Uma usina ___________ utiliza a força de gases na movimentação da tur-


bina, a qual é responsável por girar o eixo central do gerador, resultando na
conversão de energia mecânica em energia elétrica.

a) Eólica.
b) Termelétrica.
c) Solar.
d) Hidroelétrica.
e) Maremotriz.

71/225
Questão 2
2. As alternativas abaixo contêm componentes que são comuns de uma hi-
drelétrica em relação a uma usina eólica, com exceção de:

a) Bomba d’água.
b) Gerador.
c) Multiplicadora.
d) Transformador.
e) Pás.

72/225
Questão 3
3. Hidrocarboneto muito utilizado pelo setor de transporte e para a geração
de energia, sendo derivado de uma fonte de combustível fóssil. Estamos nos
referindo ao:

a) Urânio.
b) Etanol.
c) Biodiesel.
d) Diesel.
e) Carvão Mineral.

73/225
Questão 4
4. Em uma usina termonuclear, assinale a alternativa que indica qual é o circui-
to utilizado para movimentação da turbina, resultando na geração de energia
elétrica.

a) Circuito primário.
b) Circuito secundário.
c) Circuito terciário.
d) Circuito elétrico.
e) Sistema de água de resfriamento.

74/225
Questão 5
5. Qual desses combustíveis não é utilizado em uma usina de biomassa.

a) Bagaço de cana-de-açúcar.
b) Palha.
c) Restos de animais.
d) Óleo diesel.
e) Lixo.

75/225
Gabarito
1. Resposta: B. de combustível fóssil e não um derivado.

Usina eólica usa a força dos ventos, a usina 4. Resposta: B.


solar utiliza a energia solar, a usina hidrelé-
trica utiliza a força da queda de água e a A alternativa A traz o circuito responsável
usina maremotriz utiliza as marés. pela evaporação do circuito secundário,
sendo que o circuito primário fica em con-
2. Resposta: A. tato direto com o reator. Uma usina termo-
nuclear não possui circuitos terciários. Cir-
Conforme descrito no item 1.6, todos os cuitos elétricos não são utilizado para a mo-
itens com exceção do item A constituem vimentação da turbina. O sistema de água
uma torre para geração de energia eólica. de resfriamento é utilizado na condensação
Bomba de água não é utilizada neste tipo de do circuito secundário.
usina.
5. Resposta: D.
3. Resposta: D.
Este tipo combustível (óleo diesel) é utiliza-
As alternativas A, B, C e E não trazem com- do em termelétrica à óleo, não sendo utili-
bustíveis derivado de uma fonte fóssil. No zado nas usinas de biomassa.
caso da alternativa E, o carvão é uma fonte
76/225
Unidade 3
Eficiência energética e sua importância

Objetivos

1. Apresentar o conceito de eficiência ener-


gética, de modo a conscientizar o aluno
sobre a sua importância, seja no seu coti-
diano ou na aplicação empresarial. Tam-
bém serão apresentados alguns progra-
mas e ferramentas, os quais poderão au-
xiliar na escolha de produtos com melhor
eficiência energética.

77/225
Introdução

Na atualidade, seja em uma residência ou de um sistema de etiquetagem, que busca


em uma indústria, a redução de custos é informar ao consumidor os dados de con-
desejável, sendo que a economia energéti- sumo de cada equipamento, permitindo as-
ca pode trazer bons resultados em relação sim uma escolha mais consciente. O mesmo
a esta questão. O conceito mais importan- pode ser aplicado na indústria, onde equi-
te e aplicável para a economia de energia pamentos de melhor rendimento podem
é a eficiência energética, a qual pode nos substituir equipamentos mais antigos e de-
garantir um produto que atende às expec- fasados, gerando assim reduções de custos
tativas em relação a sua funcionalidade, e mais expressivas e que resultam em maior
também garante baixo consumo energéti- competitividade para as indústrias que
co. Dentro das residências, quando se fala aplicam esses conhecimentos. As formas
em economia de energia logo se pensa em de cálculo aplicáveis à eficiência energética
apagar as luzes ao sair de um dado recinto, são complexas e dependem de resultados
ou reduzir o tempo de banho quando se uti- laboratoriais, portanto não será o foco des-
liza um chuveiro elétrico. Porém, a redução ta disciplina apresentar a forma de cálculo,
no consumo tem relação também com a mas sim passar o conhecimento básico e as
eficiência energética dos produtos utiliza- ferramentas necessárias para que a gestão
dos, que pode ser acompanhada por meio energética possa ser aplicada.

78/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância


1. Economia de energia sim existe algum tipo de dano ao meio am-
biente. No caso das hidroelétricas existe a
Conforme visto nas unidades anteriores, a questão do desmatamento, devido a mu-
energia possui diferentes formas e fontes. dança no curso dos rios e as inundações das
Toda fonte de energia possui um custo, o regiões onde se formam as represas.
qual para um consumidor final deve ser as-
Portanto quando falamos em economia de
sociado aos custos de transformação desta
energia, seja esta nas residências, no trans-
fonte de energia em energia propriamente
porte ou nas indústrias, podemos abranger
dita, como é o caso das hidroelétricas, onde
tanto os custos financeiros quanto os im-
a fonte de energia é a água, porém a ener-
pactos ambientais.
gia hídrica precisa ser convertida em ener-
gia elétrica, sendo que esse processo possui A energia é utilizada para o funcionamento
um custo financeiro. de equipamentos, sejam esses simples como
as lâmpadas, ou mais complexos como ge-
Também foi visto que, para extração e/ou
ladeiras, carros ou até mesmo uma fábrica.
utilização de toda e qualquer fonte de ener-
gia existe um custo ambiental, pois os im- Todos os equipamentos transformam a
pactos ambientais são inevitáveis, mesmo fonte de energia utilizada em algum outro
para as fontes menos poluentes, ainda as- tipo de energia, por exemplo, a lâmpada

79/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância


que converte energia elétrica em luz e ca-
lor. Sabendo que o principal objetivo primá- Para saber mais
rio da lâmpada é iluminar e não esquentar Em 1879 Thomas Alva Edison (1847 - 1931) in-
um dado ambiente, a energia convertida em ventou a primeira lâmpada elétrica, a qual utiliza-
calor é considerada como sendo uma perda, va filamento de carbono. Além de inventar a lâm-
pois essa também poderia ser convertida pada, Edison ainda inventou e registrou mais de 2
em luz. mil patentes ao logo da sua vida.
Essas perdas energéticas ocorrem para to-
dos os equipamentos, não só para a lâmpa- 1.1 Conservação de energia
da. Quando um equipamento possui perdas
menores do que outro equipamento, dize- Pelo princípio da conservação de energia,
mos que este possui uma melhor eficiência o qual é enunciado pela primeira lei da ter-
energética. modinâmica que diz: “A variação de energia
interna de um sistema fechado U é igual
a diferença entre o calor Q trocado com o
meio externo e o trabalho t por ele realizado
durante uma transformação”, o qual pode
ser expresso pela equação 3:
U = Q - t Equação 3
80/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
De uma forma simplificada, toda energia Na verdade este aquecimento é uma perda
utilizada em um dado sistema é convertida energética, pois esta energia não é aprovei-
em aquecimento desse sistema e a entrega tada para a função primária do equipamen-
daquilo que se espera deste; se retomarmos to, que no caso do carro é produzir movi-
ao exemplo da lâmpada, podemos conside- mento e no caso da lâmpada é produzir luz.
rar essa um sistema, onde entregasse ener- Novamente podemos falar sobre eficiên-
gia elétrica para este sistema e obtivesse cia energética, através da comparação de
aquecimento da lâmpada e a entrega de luz. duas lâmpadas diferentes. Vamos comparar
Um outro exemplo prático dessa afirma- uma lâmpada incandescente a uma lâmpa-
ção pode ser visto no sistema de combus- da fluorescente, onde o próprio fabricante
tão interna de um veículo, onde entregasse garante que uma lâmpada fluorescente de
a energia do combustível, a qual é parcial- 15W ilumina tanto quanto uma lâmpada
mente convertida em movimento para o incandescente de 60W. Seria isso possível?
carro (aquilo que esperamos deste sistema) Uma lâmpada de menor potência iluminar
e outra parte é convertida em calor, sendo mais do que uma de maior potência. Con-
este calor o responsável pelo aquecimento forme visto no subitem “Potência elétrica
do motor. e consumo elétrico” presente na unidade
1, quanto maior a potência, maior a força a
81/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
ser produzida pelo equipamento, no caso a cente embora tenha uma potência inferior
lâmpada, porém foi omitida uma informa- (menor consumo energético) consegue ilu-
ção de extrema importância, chamada efi- minar tanto quanto a incandescente. Ainda
ciência energética. A lâmpada fluorescente para efeito de comparação, pode-se aplicar
possui maior eficiência energética do que uma lâmpada de LED, sendo que essa pos-
a lâmpada incandescente, essa afirmação sui uma eficiência energética ainda maior,
pode ser constatada quando colocamos a pois as perdas devidas ao aquecimento são
mão em ambos tipos de lâmpada quando ínfimas.
estão acessas, onde se nota que a lâmpada
fluorescente quase não aquece, enquanto 1.2 Eficiência Energética
a lâmpada incandescente aquece muito, a
ponto de termos que utilizar algum isolan- Conforme visto nos itens anteriores, a efici-
te para poder tocá-la, como uma camise- ência energética consiste em executar um
ta. Dessa forma, podemos concluir que, a dado “trabalho” com o mínimo de energia
energia elétrica consumida pela lâmpada possível. Portanto, para buscarmos uma
fluorescente (15W) é melhor aproveitada melhor eficiência energética devemos op-
do que a energia consumida pela lâmpada tar por equipamentos que façam o melhor
incandescente (60W), sendo que a fluores- aproveitamento possível da energia, como

82/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância


no exemplo da lâmpada fluorescente. G, dependendo do produto. Essa classifica-
Para medir a eficiência de um dado produto, ção leva em conta somente o consumo em
foi lançado no Brasil o Programa de Brasi- uso, ou seja, não leva em conta o consumo
leiro de Etiquetagem (PBE), o qual é coorde- energético necessário para a fabricação do
nado pelo INMETRO e contém informações equipamento. A figura 16 ilustra o modelo
sobre o desempenho do produto, sendo a de etiqueta utilizada pelo programa PBE do
eficiência energética um dos atributos ava- INMETRO.
liados por este programa. O intuito do PBE é
fornecer informações aos consumidores de
modo a facilitar a escolha de qual produto
comprar, além de aumentar a competitivi-
dade entre os fabricantes, gerando a neces-
sidade de melhorias nos produtos forneci-
dos.
Para a eficiência energética, o INMETRO
classifica os produtos de melhor desempe-
nho com “A” e a classificação para os itens
de pior desempenho pode variar entre C e
83/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
Figura 16 – Modelo de etiqueta utilizada pelo programa PBE do INMETRO.

Fonte: <http://www2.inmetro.gov.br/pbe/a_etiqueta.php>.

84/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância


1.3 Aplicações na Indústria
Link Na indústria o consumo energético deve ser
Você poderá encontrar as tabelas contendo todos os pro-
dutos aprovados pelo INMETRO quanto ao programa de eti-
medido por unidade produzida, sendo acon-
quetagem. Essas tabelas são divididas por produto e trazem selhado utilizar como unidade de medição
a classe de potência para cada item, bem como o seu con- o kWh em relação a quantidade produzida,
sumo. Disponível em: <http://www.inee.org.br/eficien- como por exemplo “kWh por quilograma de
cia_o_que_eh.asp?Cat=eficiencia>. Acesso em: 19 out. peça tratada” ou “kWh por litro de produ-
2017. to”, entre outros.
Essa forma possibilita uma melhor visuali-
Para saber mais zação do custo energético para a produção.
O programa de etiquetagem do INMETRO começou em Porém, este método não garante a localiza-
17 de outubro de 2001, com a publicação da lei nº10.295, ção das perdas energéticas, mas somente
que ficou conhecida como Lei de Eficiência Energética. O uma visão geral dos gastos com energia.
programa estabelecido pela lei é voluntário, sendo que Conforme dados extraídos do site PROCEL
somente as empresas que desejam passar por este pro- (Programa Nacional de Conservação de
cesso são avaliadas. Energia Elétrica), 40% da energia elétrica
produzida pelo Brasil é consumida pela in-
85/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
dústria, sendo que dois terços dessa energia
são utilizados por sistemas motrizes, sendo
esses sistemas o principal alvo dos progra-
Link
Consulte maiores informações sobre o progra-
mas de eficiência energética no setor indus-
trial. ma PROCEL no site. Disponível em: <http://
www.procelinfo.com.br/main.asp?TeamI-
O PROCEL foi instituído em 1985 para pro-
D={921E566A-536B-4582-AEAF-7D6CD1D-
mover o uso eficiente da energia elétrica e
F1AFD}#>. Acesso em: 19 out. 2017.
combater o seu desperdício. Este programa
é coordenado pelo Ministério de Minas e O uso eficiente da energia reflete para a
Energia e executado pela Eletrobras. empresa numa melhor utilização das suas
Em conjunto com universidades brasileiras, instalações e equipamentos, economizan-
o PROCEL tem implantado 14 laboratórios do com a compra de energia, seja essa ele-
de otimização de sistemas motrizes, com tricidade ou qualquer outra natureza, além
o intuito de desenvolver mão de obra qua- de aumentar a produtividade e o padrão de
lificada e pesquisas nesta área. No ano de qualidade. Além disso, a sociedade também
2016, este programa foi responsável pela se beneficia desse uso mais consciente por
economia de 15,15 bilhões de kWh, além parte da indústria, uma vez que assim tería-
de reduzir as emissões em 1,238 milhões de mos mais energia disponível devido à redu-
toneladas de CO2. ção da demanda industrial.
86/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
1.4 Barreiras para aplicação da o quanto podem lucrar com a diminuição
Eficiência energética no Brasil do consumo energético, além da economia
com recursos financeiros.
No Brasil atual existem algumas dificulda-
Em relação ao governo, hoje pouco se faz
des para aplicação de programas de Efici-
em relação à conscientização da população
ência Energética, uma vez que as empresas
em relação ao meio ambiente, sendo que os
brasileiras ainda não enxergam os benefí-
trabalhadores não receberam uma educa-
cios envolvidos nas questões energéticas,
ção voltada para este tema, ficando assim a
dando enfoque para investimentos em ou-
encargo das empresas tentarem educar os
tros setores que julgam mais atrativos e de
seus colaboradores.
maior retorno para os negócios.
Portanto, a aplicação dos conceitos conti-
Falar em redução da emissão de CO2 e ga-
dos na eficiência energética acaba sendo
nhos ambientais ainda não traz qualquer
restrita, somente sendo utilizada por pou-
incentivo para que as empresas iniciem in-
cas empresas, sendo essas em geral gran-
vestimentos. Portanto, as metas ambien-
des multinacionais que possuem uma cul-
tais nacionais não contam com a colabora-
tura voltada para o meio ambiente e a ges-
ção da grande maioria das empresas. Além
tão de recursos energéticos.
disso, poucas são as empresas que notam
87/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
Para saber mais
Em 2014 o Brasil foi responsável pela emissão
de 1,59 toneladas de CO2 para cada mil quilos de
energia consumida (tCO2/tep). Com esses núme-
ros, o país se encontra bem abaixo dos valores
médios emitidos por outros países da América do
Sul e do mundo. A média da América do Sul foi de
1,84 tCO2/tep, enquanto que a média mundial foi
de 2,34 tCO2/tep.

88/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância


Glossário
Economia: Moderação no consumo; controle de excessos: economia de forças.
Eficiência: capacidade de realizar tarefas ou trabalhos de modo eficaz e com o mínimo de des-
perdícios; podendo ser identificada como um sinônimo de produtividade.
Energia: vigor, atividade, eficácia, podendo destacar calor e trabalho como forma de energia em
trânsito.

89/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância


?
Questão
para
reflexão

Dentro do cenário empresarial brasileiro, reflita quais


ações poderiam ser tomadas pelo governo e pelos em-
presários para que o país pudesse realizar maiores de-
senvolvimentos em eficiência energética.

90/225
Considerações Finais

• Durante a conversão de energias, em qualquer equipamento, existe uma


perda em forma de calor.
• Eficiência energética é a redução de perdas de energia durante a sua utili-
zação, resultando em equipamentos de mesma potência, porém mais eco-
nômicos.
• Existe o programa brasileiro de etiquetagem, o qual pode auxiliar o consu-
midor no momento da compra de um produto, caso este esteja em busca de
um produto mais econômico.
• A principal dificuldade brasileira para implantação de um programa de efi-
ciência energética se encontra no fato de as empresas atuais não enxerga-
rem os benefícios da gestão energética.

91/225
Referências

BRASIL. COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA.  Manual de Eficiência Energética na Indús-


tria. 2005. Curitiba: Companhia Paranaense de Energia, 2005. 155p.
BRASIL. INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. Eficiência Energética: O que é efi-
ciência energética? [201-?]. Disponível em: <http://www.inee.org.br/eficiencia_o_que_eh.asp?-
Cat=eficiencia>. Acesso em: 26 set. 2017.

BRASIL. Procel. Ministério de Minas e Energia - MME. PROCEL INFO: O Programa. [200-?]. Dispo-
nível em: <http://www.procelinfo.com.br/main.asp?TeamID={921E566A-536B-4582-AEAF-7D-
6CD1DF1AFD}#>. Acesso em: 27 set. 2017.

CELPE NEOENERGIA (Recife/pe). O que é eficiência energética. [201-?]. Disponível em: <http://


www.celpe.com.br/Pages/Eficiência Energética/o-que-e-ef-energetica.aspx>. Acesso em: 26 set.
2017.
LIMA, Allan Kardec Craveiro de. A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM UMA INDÚSTRIA DE ELETRO-
ELETRÔNICOS DO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS: DESAFIOS DE IMPLANTAÇÃO E NOVAS
POSSIBILIDADES.  2014. 141 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Recursos da
Amazônia, Faculdade de Tecnologia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus/AM, 2014.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. (Ed.). Física II: Termodinâmica e Ondas. 10. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2004. 328p.
92/225 Unidade 3 • Eficiência energética e sua importância
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Aula 3 - Tema: Eficiência Energética e Sua Im- Aula 3 - Tema: Eficiência Energética e Sua Im-
portância. Bloco I portância. Bloco II
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1d/4aff9129fbe2692e1406b1f7a9979952>. de4970eb9a990b3c1f9f4eabcac0818b>.

93/225
Questão 1
1. Tendo dois equipamentos, A e B, sabendo que ambos entregam o mesmo
resultado (trabalho), se A possui um consumo energético superior a B, o que
podemos concluir.

a) B possui uma eficiência energética superior à de A.


b) A possui uma eficiência energética superior à de B.
c) A eficiência energética de ambos é similar.
d) Não se pode concluir nada em relação à eficiência energética.
e) Consumo energético é a mesma coisa que eficiência energética.

94/225
Questão 2
2. Durante a utilização de um carro, nota-se que o seu motor aquece até uma
temperatura próxima de 85ºC (o que é normal pelo manual do fabricante),
este aquecimento ocorre devido a(ao):

a) Eficiência energética.
b) Desperdício energético.
c) Consumo energético.
d) Velocidade do veículo.
e) Falta de manutenção do veículo.

95/225
Questão 3
3. Assinale a alternativa que indica o que representa o item marcado com
ponto de interrogação na figura abaixo.

Figura - Modelo de etiqueta utilizada pelo programa PBE do INMETRO.

Fonte: <http://www2.inmetro.gov.br/pbe/a_etiqueta.php>.

96/225
Questão 3

a) Tipo de equipamento.
b) Indicação da eficiência energética do equipamento.
c) Informações adicionais sobre o produto.
d) Nome do fabricante.
e) Indicação do consumo de energia.

97/225
Questão 4
4. O uso eficiente da energia reflete para a empresa uma melhor utilização
das suas instalações e equipamentos, o que resulta em:

a) Aumento do consumo energético.


b) Redução da produtividade.
c) Redução na qualidade do produto.
d) Redução do consumo energético.
e) Maior emissão de CO2.

98/225
Questão 5
5. Qual item possui um empecilho a implantação de um programa de efici-
ência energética no Brasil.

a) Acesso à educação de qualidade.


b) O aumento do salário mínimo.
c) A falta de investimentos por parte dos empresários.
d) O grande incentivo à adesão dos programas para redução na emissão de CO2.
e) O fato de a cultura regional ser voltada para o meio ambiente.

99/225
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: D.

Se os dois equipamentos entregam o mes- Todas as demais alternativas são contra o


mo efeito, como A necessita mais energia uso eficiente de energia.
elétrica do que B, portanto B é mais eficien-
te. 5. Resposta: C.
Todas as demais respostas contribuiriam
2. Resposta: B. para a implantação de sistemas de gestão
energética.
O aquecimento, conforme informado no
item 1.1, representa uma falta de eficiência
do sistema, portanto se trata de um desper-
dício energético.

3. Resposta: E.

Conforme indicado pela figura.

100/225
Unidade 4
Pontos de perda energética

Objetivos

1. Este tema tem por objetivo apresentar


os principais pontos de perdas ener-
géticas em diversos sistemas, bem
como o efeito dessas perdas no coti-
diano das pessoas e empresas. Por fim,
discorreremos sobre algumas formas
de mitigar tais perdas, resultando em
melhorias na eficiência energética.

101/225
Introdução

A energia é essencial para a evolução da so- do ao chamado “efeito joule”. Perdas como
ciedade, onde o homem primitivo utilizava a essas ocorrem em todos os tipos de siste-
energia térmica gerada pelo fogo para o seu ma onde se têm energia, seja esta elétrica,
aquecimento. Porém, desde essa mesma térmica ou de qualquer outra forma. Todas
época existia o problema das perdas ener- essas perdas geram altos custos, tanto ao
géticas, já que parte do calor gerado era uti- consumidor final quanto ao setor empresa-
lizado para o aquecimento dos gravetos até rial. Devido à alta competitividade, mitigar
que esses atingissem temperatura suficien- essas perdas é extremamente importante e
te para gerar fogo e brasa. Deste tempo aos necessário para as empresas, sem falar nas
tempos atuais, as perdas energéticas con- famílias que cada vez mais estão com o seu
tinuam a existir, porém nas mais variadas orçamento apertado. Por fim, essas perdas
formas. Se utilizarmos como referência a também geram problemas ambientais, já
energia elétrica utilizada pelo homem, con- que se torna necessária uma maior produ-
forme site da ANEEL no ano de 2016, con- ção energética para suprir as demandas, o
siderando somente a EDP de São Paulo fo- que faz com que mais emissões de gases
ram perdidos mais de 723 mil MWh, sendo sejam realizadas, além da necessidade de
essas perdas relacionadas à transformação desmatamento para construção de novas
de energia elétrica em energia térmica, a usinas.
qual ocorre nos cabos de transmissão devi-

102/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


1. Perdas energéticas
Para saber mais
Energia útil pode ser definida como sendo
O Efeito Joule ocorre em um condutor elétrico
a parcela da energia efetivamente utiliza-
sempre que este possui movimentação de cargas
da para a atividade humana, sendo que a
elétricas (eletricidade). Todo condutor possui uma
parcela não utilizada é o que chamamos de
resistência a movimentação de cargas, sendo que
perda energética.
os melhores condutores possuem uma resistência
As perdas energéticas podem ocorrer de di- mais baixa. Essa resistência é a responsável por
versas formas, sendo que em geral resultam converter energia elétrica em energia térmica, re-
em aquecimento, exceto para equipamen- sultando em aquecimento do condutor, denomi-
tos onde o aquecimento é desejável, como nado por Efeito Joule.
no caso de um aquecedor, sendo que nes-
te último podemos considerar como perda Essas perdas energéticas geram ineficiência
energética a parcela de energia utilizada no sistema que se encontra em uso, portan-
para o aquecimento do próprio equipamen- to devem ser reduzidas ao seu mínimo va-
to, por exemplo. lor possível. Como as perdas são inerentes
a qualquer processo, a sua total eliminação
na prática é impossível, mas podemos bus-

103/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


car meios para mitigar essas perdas, como • Perdas devido à iluminação: o primei-
alguns exemplos abaixo: ro ponto nasce no projeto do empre-
endimento, onde a luz natural prove-
• Perdas devido à emenda: toda emen- niente do sol deve ser aproveitada ao
da de fio gera perda energética, po- máximo, através da utilização de ja-
rém podemos reduzir essas perdas nelas maiores e claraboias (aberturas
utilizando fita isolante, evitando unir no alto das edificações). Outras ações
fios com bitolas diferentes e evitando são mais simples, como definir um lo-
realizar a união entre materiais dife- cal para estudo deixando uma luz de
rentes também. maior potência luminosa somente
• Equilíbrio de fases: damos o nome de para este ponto. Evitar ligar lâmpa-
fase aos terminais elétricos, tais como das em um mesmo circuito, pois dessa
forma quando se acende uma todas as
uma tomada por exemplo. O equilíbrio
outras acendem junto, o que aumenta
de fases deve ser realizado, de modo a
o consumo, sendo que por vezes essa
evitarmos ligar muitos equipamentos
iluminação é desnecessária. Utiliza-
em uma única tomada por exemplo,
ção de lâmpadas com maior eficiência
gerando uma descarga muito grande energética, como por exemplo as lâm-
neste único ponto. padas de LED.
104/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
• Ventilação: essa inclui a utilização de • Esses são alguns exemplos práticos
ar condicionado, sendo que é manda- que podem ser aplicados a uma resi-
tório evitar não abrir portas ou jane- dência, mas também são aplicáveis
las quando este estiver em funciona- ao setor empresarial. Maiores infor-
mento. Quando o dia tiver sido quen- mações sobre este assunto podem
te, porém a noite estiver mais fria, se ser obtidas em manuais de empresas,
o ambiente externo ainda estiver bem como a FIESC (Federação das Indús-
aquecido, evitar o uso de ar condi- trias do Estado de Santa Catarina), de
cionado, procurando usar somente a onde foram extraídos todos os exem-
função ventilador, pois assim aprovei- plos acima.
ta-se o ar frio que está do lado de fora
para resfriar a parte interna da casa.
• Refrigerador (Geladeira): para este
Link
caso, é fortemente recomendável O manual da FIESC e maiores informações sobre
avaliar de tempos em tempos o siste- o assunto eficiência energética podem ser con-
ma de vedação, pois se a borracha ve- sultados. Disponível em: <https://fiesc.com.
dadora não estiver cumprindo com a br/energia/eficiencia-energetica-na-indus-
sua função, esta deve ser substituída. tria>. Acesso em: 27 out. 2017.

105/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


1.1 Perdas na distribuição de perdas, os quais são utilizados como parâ-
energia metro para avaliar a eficiência de cada con-
cessionária. Essa avaliação é realizada com-
Conforme descrito no site da ANEEL, as per- parando a quantidade de energia produzida
das ocorridas na distribuição de energia são com a quantidade utilizada pelos consumi-
divididas em dois grupos: perdas técnicas dores, sendo que estes dados são coletados
e perdas não técnicas. As perdas técnicas mensalmente pela Câmara de Comerciali-
são relacionadas ao efeito joule e perdas zação de Energia Elétrica (CCEE). Os custos
que ocorrem no núcleo dos transformado- com as perdas são rateados meio a meio en-
res, entre outros motivos. Já as perdas não tre a empresa responsável pela geração e os
técnicas são principalmente decorrentes de consumidores. As regras para o cálculo são
furtos, como no caso do famoso “gato” (li- definidas pelos Procedimentos de Distribui-
gação clandestina), bem como fraudes de ção de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
energia (adulteração no medidor), erros de Nacional (PRODIST). A figura 17, que foi ex-
medição e de faturamento. traída do site da ANEEL, mostra as perdas
A ANEEL realiza avaliações nas redes de no setor elétrico.
cada concessionária de tempos em tempos
com o intuito de avaliar os percentuais de
106/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
Figura 17 – As perdas no setor elétrico.

Fonte: <http://www.aneel.gov.br>.

107/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


Link Para saber mais
Maiores informações sobre perdas comerciais de No dia 12 de novembro de 2012, o site de notí-
energia, tais como gráfico comparativo entre as cias do Terra noticiou que o Centro de Gestão e
diversas regiões brasileiras e o resto do mundo Estudos Estratégicos (CGEE) realizou um estudo
podem ser visualizadas. Disponível em: <http:// de perdas energéticas, o qual indicou que 15% da
www.abradee.com.br/setor-de-distribui- energia gerada no Brasil é perdida entre a gera-
cao/perdas/furto-e-fraude-de-energia>. ção e o consumo. Em outros países a taxa é bem
Acesso em: 29 out. 2017. menor, girando em torno de 7%.

1.2 Perdas na indústria


Link Conforme divulgado pela Empresa de Pes-
Outras informações sobre PRODIST podem ser quisa Energética (EPE), no relatório de con-
vistas no link. Disponível em: <http://www.ane- sumo mensal de energia elétrica por classe
el.gov.br/prodist>. Acesso em: 27 out. 2017. (regiões e subsistemas), no ano de 2016 fo-
ram consumidos no Brasil um total de 460,8
milhões de MWh, dos quais 164,6 milhões
108/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
de MWh (35,7%) foram consumidos pela A gestão energética tem por base a nor-
indústria, sendo que dentro do setor indus- ma ISO 50001, a qual adota um ciclo PDCA
trial, o setor metalúrgico é o mais expressivo (Plan, Do, Check e Act) similar ao presente
(21,94 milhões de MWh) seguido pelo setor em outras normas de gestão, como a ISO
alimentício (11,98 milhões de MWh). 9001, o qual sugere uma melhoria contínua
A indústria é o setor que mais utiliza a ener- dividido em quatro etapas, planejamen-
gia elétrica no país, seguida do setor resi- to (Plan), execução (Do), verificar ou checar
dencial que consumiu em 2016 um total (Check) e ação (Act).
de 132,9 MWh (28,8%) e comercial com Ao final da etapa de verificação tem-se os
um total de 87,9 milhões de MWh (19,1%). resultados obtidos, os quais devem ser com-
Portanto, o setor industrial deve ser o maior parados com os objetivos e requisitos esta-
foco para o controle de perdas energéticas, belecidos na etapa de planejamento, sendo
já que é o maior consumidor desta. que com base nesses dados deve-se tomar
Conforme estudo realizado por Silva (2013), uma ação, a qual retorna o processo a etapa
os principais pontos para aumento da efi- inicial de planejamento, por isso este é um
ciência energética e mitigação das perdas processo cíclico ao qual chamamos de Me-
são: gestão energética, sistemas motrizes e lhoria Contínua.
sistemas de iluminação.
109/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
Sistemas motrizes são os motores elétricos, de LED, onde as perdas com a utilização do
os quais transformam a energia elétrica primeiro tipo são em torno de 80% maior.
em energia mecânica, sendo que esse tipo Mosko, Pilatti e Pedroso (2010) dividiram as
de equipamento é responsável por mais da perdas energéticas em 3 diferentes pontos:
metade do consumo elétrico na indústria. projeto, produção e automação e manuten-
Sistemas de iluminação, embora tenham ção, tendo sido destacadas algumas ações
maiores pesos no consumo elétrico residen- que podem ser tomadas em cada caso. O
cial, pode-se obter grandes ganhos energé- projeto refere-se na construção da planta
ticos na indústria, uma vez que a eficiência industrial, onde o aproveitamento da luz
energética varia muito de acordo com o tipo natural deve ser levado em conta, evitan-
de lâmpada utilizado, podendo acarretar em do assim regiões de penumbra onde se faça
uma perda de mais de 85% quando compa- necessária a utilização de lâmpadas para
rada uma lâmpada incandescente com uma compensar a falta de iluminação. A venti-
lâmpada de vapor de sódio por exemplo, lação natural deve reduzir a necessidade
sendo a lâmpada de sódio mais aplicada ao de ventiladores e ar condicionados, sempre
chão de fábrica. Já para ambientes de es- que possível. Além desses pontos, os referi-
critório, pode-se comparar a utilização de dos autores também sugerem que o proje-
lâmpadas incandescentes com as lâmpadas to elétrico deva evitar a utilização de cabos
110/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
extensos para entre as tomadas e os equi- tenção em atraso pode gerar perdas devido
pamentos, pois quanto maior a extensão do ao atrito, por exemplo.
cabo, maior será a queda de tensão.
Para a produção, deve-se aplicar uma pro- Para saber mais
gramação de modo a evitar paradas na li- Além da eficiência energética, os sistemas elé-
nha, pois manter um equipamento ligado tricos também possuem uma característica de-
sem este ser utilizado gera perdas expres- nominada Fator de Potência (FP), a qual deve ser
sivas. Desligar um equipamento também levada em consideração em relação à redução do
pode gerar grandes perdas, pois esses con- consumo energético. O FP de cada equipamento
somem grandes quantidades de energia ao pode ser encontrado no seu manual, sendo ex-
serem religados, portanto um equipamen- presso por meio de curvas de potência.
to somente deve ser desligado caso vá ficar
um longo período sem ser utilizado.
1.3 Classificação do tipo de per-
A automação pode melhorar a eficiência da energética
energética de um dado equipamento atra-
vés do aumento de rendimento das máqui- Conforme explicado por Capaz e Nogueira
nas. O mesmo ocorre com relação à manu- (2014), os motores elétricos possuem ren-
tenção, pois um equipamento com manu-
111/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
dimento muito superior aos motores térmi- ser utilizadas como justificativa. A figura
cos (como por exemplo o motor de um car- 18 mostra um esquema para determinar se
ro). Enquanto um motor térmico possui efi- uma perda pode ou não ser mitigada.
ciência energética inferior a 50%, um motor Figura 18- Classificação das perdas em um sistema energético.

elétrico poderia ter as suas perdas energéti-


cas evitadas. Porém, o fato de essas perdas
existirem pode ser justificado de forma téc-
nica ou de forma econômica.
As perdas por motivos técnicos são aque-
las relacionadas às características dos ma-
teriais, como a resistividade elétrica, sendo
dessa forma inevitáveis. Portanto, a solução
seria o desenvolvimento de materiais com
menor resistividade elétrica.
As perdas por motivos econômicos ocorrem
quando o custo para a redução da perda é Fonte: Capaz e Nogueira (2014, p.63)

muito alto, tornando dessa forma a sua re-


dução inviável. Ambas as perdas podem
112/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética
Pelo esquema apresentado na figura 18, no-
ta-se que existem 3 possibilidades de clas-
sificação para o tipo de perda que ocorre em
um motor elétrico. As perdas irreversíveis
são aquelas que resultam em aquecimen-
to. As perdas justificadas são aquelas que
ocorrem por limitações técnicas e econômi-
cas. As perdas que podem ser reduzidas são
aquelas que não se enquadram em nenhum
dos outros 2 tipos. Esse mesmo esquema
pode ser utilizado para qualquer outro sis-
tema que envolva perda de energia.

113/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


Glossário
Claraboia: parte envidraçada em um telhado para entrada de claridade.
Mitigar: abrandar, suavizar, atenuar.
Motriz: que produz movimento, também conhecida por driving force. Palavra amplamente uti-
lizada na engenharia para explicitar alguma força motriz, como o papel da água nas usinas hi-
dráulicas.

114/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


?
Questão
para
reflexão

Estando dentro de uma sala, imagine quais pontos de


perda de energia elétrica poderiam ser melhorados den-
tro desta, desde as perdas mais simples como iluminação,
até os tipos mais complexos, como a utilização de equi-
pamentos de maior eficiência energética.

115/225
Considerações Finais
• Perdas energéticas geram ineficiência em um dado sistema, resultando em
maiores consumos energéticos.
• As perdas podem ocorrer de diversas formas, desde uma emenda malfeita,
até uma vedação que se encontra desgastada.
• A distribuição de energia elétrica também gera perdas elétricas, as quais
são repassadas ao consumidor, sendo que somente metade dos prejuízos
são absorvidos pela fonte geradora.
• A indústria é o maior consumidor de energia elétrica, portanto as reduções
de perdas neste setor acarretam em grandes ganhos energéticos para o
país, além dos ganhos ambientais.
• As perdas energéticas podem ser classificadas em 3 tipos: irreversíveis, jus-
tificadas e perdas a serem reduzidas.

116/225
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasília/df). Furto e Fraude


de Energia. [201-?]. Disponível em: <http://www.abradee.com.br/setor-de-distribuicao/perdas/
furto-e-fraude-de-energia>. Acesso em: 29 set. 2017.

BRASIL. ANEEL - AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Perdas de Energia. 2015a. Dispo-


nível em: <http://www.aneel.gov.br/metodologia-distribuicao/-/asset_publisher/e2INtBH4EC4e/
content/perdas/654800?inheritRedirect =false>. Acesso em: 27 set. 2017.

_______.PRODIST. 2015b. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/metodologia-distribuicao/-/


asset_publisher/e2INtBH4EC4e/content/perdas/654800?inheritRedirect =false>. Acesso em: 27
set. 2017.
BRASIL. Empresa de Pesquisa Energéticas. Ministério de Minas e Energia - MME. Consumo men-
sal de energia elétrica por classe (regiões e subsistemas) – 2004-2017. 2017. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/mercado/Paginas/Consumomensaldeenergiael%C3%A9tricaporclas-
se(regi%C3%B5esesubsistemas)%E2%80%932011-2012.aspx>. Acesso em: 28 set. 2017.

CAPAZ, Rafael Silva; NOGUEIRA, Horta (Ed.). Ciências Ambientais para Engenharia. Rio de Ja-
neiro: Campus / Elsevier, 2014. 352p.

117/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


Referências

FIESC (Santa Catarina). EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA. [201-?]. Disponível em: <ht-


tps://fiesc.com.br/energia/eficiencia-energetica-na-industria>. Acesso em: 27 set. 2017.

________. Manual FIESC: Uso Eficiente de Energia na Indústria. Florianópolis: FIESC, [200-?]. 30p.


MOSKO, Juliano Marcos; PILATTI, Luiz Alberto; PEDROSO, Bruno (Ed.). EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
NA INDÚSTRIA: ELABORAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO DE ENER-
GIA. Revista de Engenharia e Tecnologia, Ponta Grossa, v.2, n.1, p.17-23, abr. 2010. Mensal.
PANESI, A.R.Q. (Ed.1).  Fundamentos da Eficiência Energética.  São Paulo: Ensino Profissional,
2006.
SILVA, Vanessa Pereira da. Análise da Eficiência Energética em uma Indústria Têxtil: Um estudo
de caso relacionando perdas e produtividade. 2013. 101 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia de Produção, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB,
2013.

118/225 Unidade 4 • Pontos de perda energética


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Pontos de Perda Energética. Blo- Aula 4 - Tema: Pontos de Perda Energética. Blo-
co I co II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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1d/950bc202fcf3e0d2a9384864c5bde11c>. 72d9b62e23e3033e4c6d06a7d8909d64>.

119/225
Questão 1
1. Qual é o principal indício de que um dado equipamento está tendo perdas
energéticas?

a) Resfriamento.
b) Quebra.
c) Fios descascando.
d) Aquecimento.
e) Queda da chave geral do quadro de força.

120/225
Questão 2
2. Qual tipo de perda pode ser considerado como perda técnica em uma
rede de transmissão de energia?

a) Perdas por fraude elétrica.


b) Perdas no núcleo do transformador e por Efeito Joule.
c) Perdas conhecidas como “gato”.
d) Perdas por modificação no medidor de consumo.
e) Perdas por furto de energia.

121/225
Questão 3
3. Qual é a sequência correta das ações dentro de um ciclo PDCA;

a) Planejar, executar, checar e atuar.


b) Executar, planejar, checar e atuar.
c) Planejar, atuar, executar e checar.
d) Planejar, checar, executar e atuar.
e) Checar, executar, atuar e planejar.

122/225
Questão 4
4. Qual ação pode ser tomada para mitigar as perdas elétricas?

a) Manter o ar condicionado ligado o tempo todo, mesmo que ninguém esteja presente no re-
cinto.
b) Trocar lâmpadas de LED por lâmpadas incandescentes.
c) Executar um projeto de arquitetura que valoriza a luz natural.
d) Evitar ao máximo a produção contínua no chão de fábrica, dando preferência para a parada
de máquina entre produções.
e) Evitar fazer paradas programadas para a manutenção preventiva dos equipamentos.

123/225
Questão 5
5. Ao analisar um dado sistema, um engenheiro constatou que parte das
perdas energéticas deste poderiam ser reduzidas, porém o custo envolvi-
do nesta operação é muito elevado. Qual classificação seria a mais coe-
rente para essa perda?

a) Perda Irreversível, pois esta não é possível de ser reduzida.


b) Perda a ser reduzida, pois não existe nenhuma justificativa técnica ou econômica para não a
reduzir.
c) Perda Justificada, pois existe uma limitação técnica.
d) Perda Irreversível, pois esta é economicamente inviável.
e) Perda Justificada, pois esta é economicamente inviável.

124/225
Gabarito
1. Resposta: D. 5. Resposta: E.

Toda perda energética resulta no aqueci- Conforme enunciado, essa perda pode ser
mento do equipamento. reduzida, porém é economicamente inviá-
vel, portanto esta é reversível, porém é jus-
2. Resposta: B. tificável que a redução não seja aplicada
devido ao seu alto custo.
As demais respostas se referem às perdas
não técnicas.

3. Resposta: A.

As demais alternativas não possuem a se-


quência correta.

4. Resposta: C.

As demais ações apresentadas nos quatro


itens geram maiores consumos de energia.
125/225
Unidade 5
Programas de eficiência energética no Brasil

Objetivos

1. Este tema visa apresentar os projetos,


decretos e leis, referentes às questões
de eficiência energética, lançados
pelo governo federal brasileiro, bem
como apresentar a cronologia confor-
me a qual esses foram lançados.

126/225
Introdução

Com a primeira crise do petróleo na década gética, bem como a busca por novas fontes
de 70, a eficiência energética passou a ser de energia, também tomou força e passou
uma preocupação mundial, onde os países a ser discutida, de modo que providências
industrializados passaram a adotar medi- passaram a ser tomadas na década de 80
das para reduzir a dependência do petró- com o lançamento de programas como o
leo. Esse processo incluiu tanto a busca por PROÁLCOOL e o CONSERVE, sendo que am-
sistemas que gerassem menores consumos bos visavam reduzir a dependência do país
energéticos, quanto a busca por novas fon- em relação ao petróleo, além da busca por
tes de energia, preferencialmente aquelas uma fonte de energia local e que gerasse ín-
que fossem abundantes no território de dices mais baixos de emissão de CO2. Para
cada país. a década de 90 foi criado um novo projeto,
que previa que todas as concessionárias de
A variação climática passou a ser preocu-
energia deveriam investir parte dos seus
pação mundial na década de 1980, o que
lucros em projetos de eficiência energéti-
reforçou ainda mais a necessidade de no-
ca. Porém os esforços não pararam por aí,
vas fontes energéticas, visando a redução
desde então novos projetos foram criados
nas emissões de CO2, sendo que esta ação
no país no sentido de melhorar a eficiência
foi realçada com a assinatura do tratado de
energética, inclusive projetos de longo pra-
Kyoto em 1997. No Brasil a eficiência ener-
zo, como é o caso do PNE 2030.
127/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
1. Programas brasileiros - MME, porém, o PROCEL é executado pela
Eletrobrás enquanto o CONPET é executado
Os programas para incentivo da eficiência pela Petrobras.
energética no Brasil tiveram o seu início na
Após esses 3 projetos, muitos outros foram
década de 80 com um programa denomi-
lançados com o mesmo intuito. A figura 19
nado CONSERVE. O PROCEL (Programa Na-
ilustra uma linha do tempo, a qual contém
cional de Conservação de Energia Elétrica)
os principais projetos e leis lançados com a
e o CONPET (Programa Nacional da Racio-
mesma finalidade, conforme considerada
nalização do Uso dos Derivados do Petró-
por Altoé et al (2017).
leo e Gás Natural) foram os dois primeiros
programas brasileiros de expressão volta-
dos para a conservação de energia, tendo
sido criados em meados da década de 80.
O PROCEL foi criado para atendimento ao
setor elétrico, enquanto o CONPET foi cria-
do para atendimento ao setor de derivados
de petróleo. Ambos os projetos são coor-
denados pelo Ministério de Minas e Energia

128/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


Figura 19 – Linha do tempo dos principais programas e leis lançados com o intuito de promover a eficiência energética no Brasil.

Fonte: Altoé et al (2017, p.292)

129/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


1.1 CONSERVE gia de um modo geral e óleo combustível
em particular”. O CONSERVE foi o pioneiro a
Conforme Souza, Guerra e Kruger (2011), promover a Eficiência Energética no Brasil.
no início dos anos 80 existiu um programa
denominado CONSERVE, o qual foi respon- 1.2 programa de mobilização
sável por uma redução de aproximadamen- energética - PME
te 18% no consumo industrial de óleo com-
bustível, sendo que tal resultado foi obtido No ano de 1982 foi iniciado o PME, o qual foi
em seu primeiro ano de atuação, porém de- definido pelo Decreto nº87.079 como sen-
vido às distorções ocorridas no programa e do um conjunto de ações dirigidas à con-
aos obstáculos, como a crise econômica da servação de energia e a substituição dos
década de 80, este não pode atingir seu ple- derivados de petróleo. Este projeto visa a
no potencial, conforme previsto inicialmen- substituição dos derivados de petróleo por
te. combustíveis alternativos nacionais. Entre
as prioridades, podem-se destacar o enfo-
Behrens (1985, p.3) relata que este progra-
que dado para a produção, transporte e uso
ma foi administrado pelo BNDES, consistin-
do álcool, uso da eletricidade, a pesquisa e o
do em um fundo de recursos a ser utilizado
como subsídio, beneficiando “empresas sob desenvolvimento da produção e uso de óle-
controle nacional que demonstrassem ca- os vegetais.
pacidade para substituir ou conservar ener-
130/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
Link
Confira o Decreto nº87.079 de 02 de abril de 1982, Diretrizes para o programa de mobilização energética,
na íntegra em: < http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoSigen.action?norma=509719&i-
d=14333449&idBinario=15673287 >. Acesso em: 18 out. 2017.

1.3 PROCEL

Foi instituído em 30 de dezembro de 1985, com o intuito de promover o uso eficiente da energia
elétrica e combater o seu desperdício. Entre as medidas adotadas, tem-se a utilização de um selo
para os equipamentos eletrônicos, o qual indica a eficiência energética destes, tornando assim
mais fácil a identificação dos equipamentos que possuem menor consumo de energia.
O programa de etiquetagem também atende as edificações, o qual busca incentivar a conserva-
ção dos recursos naturais em geral, como água, luz e ventilação, reduzindo dessa forma o des-
perdício e os impactos sobre o meio ambiente.
Para o setor industrial, o PROCEL atua junto as universidades brasileiras, com o intuito de desen-
volver maiores conhecimentos sobre a otimização de sistemas Motrizes.
131/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
luentes na atmosfera;
Link • A racionalização dos combustíveis de-
Outras informações sobre o PROCEL podem rivados do petróleo e do gás natural;
ser obtidas visitando o site. Disponível em: • O fornecimento de apoio técnico para
<http://www.procelinfo.com.br/main.as- melhorias na eficiência energética e
p?Team=%7B505FF883-A273-4C47-A14E- no uso final;
-0055586F97FC%7D>. Acesso em: 12 out.
• Promover a pesquisa e o desenvolvi-
2017.
mento tecnológico;
1.4 CONPET • Conscientização dos consumidores
sobre a importância do uso racional
Foi criado em 1991, com o intuito de de- de energia, visando o desenvolvimen-
senvolver uma cultura voltada à contenção to sustentável e uma melhor qualida-
do desperdício de recursos naturais não re- de de vida.
nováveis. Este programa tem por principais
objetivos:
• A redução na emissão dos gases po-

132/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


• A valorização dos recursos energéti-
Link cos, bem como a proteção do meio-
-ambiente;
No site, disponível em: <http://www.conpet.
gov.br/portal/conpet/pt_br/conteudo-ge-
• Promover a utilização de gás natural;
rais/conpet.shtml>, você poderá consultar as • A identificação de soluções energéti-
diversas notícias relacionadas ao CONPET bem cas adequadas a cada região do país;
como as atuações deste programa na eficiência
• Promover a utilização de biocombus-
energética de equipamentos, educação e trans-
tíveis na matriz energética nacional,
porte. Acesso em: 12 out. 2017.
bem como o seu fornecimento em
todo o território nacional;
1.5 Política energética nacional
• Mitigar a emissão de gases causado-
– PEN
res do efeito estufa.
Instituído em 6 de agosto de 1997 pela Lei A Lei nº 9.478 também foi a responsável
nº 9.478, a Política Energética Nacional visa pela criação da ANP (Agencia Nacional do
entre outros objetivos: Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis),
bem como as suas atribuições, estrutura
organizacional e seus processos decisórios.
133/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
máquinas e equipamentos fabricados e co-
Para saber mais mercializados, sejam esses de procedên-
cia nacional ou importados, bem como as
Conforme publicado pelo site do estadão em
edificações construídas no país. Em 19 de
04/11/2015, o Brasil é o país onde a população
dezembro de 2001, foi publicado o decreto
mais se preocupa com o aquecimento global,
nº4.059, que regulamenta a Lei nº10.295.
além de a população brasileira ser a que mais
apoia medidas para o combate deste fenômeno.
1.7 PNE 2030
1.6 Lei nº10.295 e Decreto Conforme o Portal Brasil (2011), este pro-
nº4.059 grama foi um marco no setor energético
brasileiro, pois permitiu estimar a deman-
Foi publicada em 17 de outubro de 2001,
da por energia no país em um período de 25
dispondo sobre a Política Nacional de Con-
anos, tendo em vista que este foi divulgado
servação e Uso Racional de Energia, sendo
no ano de 2005.
esta composta por 6 artigos, os quais es-
tabelecem que o Poder Executivo é o res- Foram desenvolvidos estudos em quatro
ponsável por desenvolver mecanismos que grandes grupos diferentes: macroecono-
promovessem a eficiência energética de mia, demanda, oferta e estudos finais. Este
134/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
traçou diferentes possibilidades para o fu-
turo do país, onde para cada cenário foi Link
avaliada a possibilidade de aplicação da efi- No site aqui indicado, você poderá confe-
ciência energética, sendo que quanto maior rir o Plano Nacional de Energia 2030 na ínte-
fosse o desenvolvimento econômico, maior gra. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/
seria a possibilidade de ganhos com a efici- PNE/20080111_1.pdf>. Acesso em: 20 out.
ência energética. 2017.

1.8 PBE de veículos


Para saber mais Este é um programa voltado para o mercado
No dia 19 de agosto de 2014, a Redação da revis-
de veículos leves comercializados no país,
ta Exame publicou que a EPE (Empresa de Pesqui-
devendo o veículo ser de combustão interna
sa Energética) divulgou que até 2050 a demanda
movido a álcool ou gasolina (Ciclo Otto), os
por energia elétrica no país será triplicada. Esses
veículos de ciclo diesel também são partici-
dados fazem parte do PNE 2050 que se trata do
pantes. O programa é voluntário, portanto
segundo estudo brasileiro para previsão da de-
os dados somente serão divulgados caso o
manda em longo prazo.
fabricante queira participar da pesquisa.

135/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


A classificação para este programa varia de 1.9 PBE edifica
“A” a “E”, onde a classificação “A” corres-
ponde aos veículos de menor consumo, en- Este projeto é uma extensão do projeto utili-
quanto a classificação “E” corresponde ao zado para o mercado veicular, sendo similar
veículo de maior consumo. ao PBE de Veículos, apresentando o mesmo
sistema de classificação, que por sua vez é
realizada de acordo com requisitos estabe-
Link lecidos em normas e regulamentos técni-
cos.
No site do INMETRO, você pode consultar as ta-
belas para cada ano, as quais contém todos os
modelos avaliados, partindo do ano de 2009. Dis-
1.10 PNEf – Plano Nacional de
ponível em: <http://inmetro.gov.br/consumi- Eficiência Energética
dor/tabelas_pbe_veicular.asp>. Acesso em:
Este plano faz parte do PNE 2030, descre-
20 out. 2017.
vendo ações diversas a serem implementa-
das em setores variados como o industrial,
edificações, transportes, entre outros, com
o intuito de aumentar a conservação de
energia.
136/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
1.11 Resolução ANEEL 482 o proprietário da residência utiliza os crédi-
tos gerados no período diurno.
Esta resolução foi criada no dia 17 de ou-
tubro de 2012, sendo que o seu papel é es- Para saber mais
tabelecer as condições gerais para a micro-
Conforme divulgado pelo site da empresa auto-
geração e minigeração de energia. Dessa
mobilística Honda, a empresa construiu um par-
forma, ficou permitida a utilização de um
que eólico em Xangri-Lá (RS) para geração de
sistema de crédito, onde uma pessoa física
energia limpa, sendo que no ano de 2015 a Hon-
pode fornecer energia elétrica para a rede.
da conseguiu reduzir a emissão de poluentes em
Supondo que uma residência seja abaste- mais de 50%. A energia gerada neste parque, em-
cida pela energia elétrica gerada por placas bora esteja localizado em Xangri-Lá, é utilizada
solares, sendo essas placas pertencentes pela planta de Sumaré, sendo isto possível devido
à residência. A energia produzida pode ser a um sistema de crédito, onde a energia produzi-
vendida para a rede, de modo que isso gera da para inserção na rede se torna créditos para o
créditos para a residência, permitindo que CNPJ da empresa, podendo ser utilizada em qual-
esses sejam retirados pelo usuário no perí- quer lugar do país. A Honda se enquadra como
odo noturno, quando as placas solares não autoprodutora de energia elétrica, o que é esta-
têm utilidade. Sendo assim, durante a noite belecido pelo decreto nº2.003 de 1996.

137/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


1.12 Resolução ANEEL 687 servem para fontes renováveis (hídrica, so-
lar, eólica, biomassa, entre outras). Na re-
Esta resolução foi criada em 24 de novem- solução anterior a fonte geradora era mais
bro de 2015, se refere a uma melhoria na restrita, sendo aplicável a fonte de energia
resolução 482, tendo o processo de utiliza- hidráulica, solar, eólica, biomassa ou coge-
ção dos créditos gerados ampliado, além da ração qualificada (termelétricas conforme
desburocratização do processo de legaliza- disposto na resolução da ANEEL nº235). Já a
ção do gerador junto as concessionárias de presente resolução, não restringe o tipo de
energia. fonte geradora, desde que esta seja do tipo
Um dos principais pontos de mudança foi a renovável.
classificação para a quantidade de energia
gerada, onde na resolução anterior a mi-
crogeração de energia era de até 100kW,
enquanto que na atual é de até 75kW, para
a minigeração o anterior era de 100kW a 1
MW, enquanto que na atual corresponde a
75kW a 5 MW. Todos os valores de geração,
tanto na resolução anterior quanto nesta
138/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil
Glossário
Ciclo Otto: motor de combustão interna que funciona com um ciclo de quatro tempos (admis-
são, compressão, expansão e exaustão).
Minigeração de energia: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior
a 75 kW e menor ou igual a 5 MW. Ela, necessariamente, é pertencente a uma unidade consumi-
dora (por exemplo indústria, residência, comércio) devendo estar devidamente conectada à rede
de distribuição.
Sustentável: que tem condições para se manter ou conservar.

139/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


?
Questão
para
reflexão

Pensando em relação a uma empresa genérica, quais dos proje-


tos apresentados nesta unidade poderiam ser aplicados? Como
esses projetos poderiam melhorar a eficiência energética dentro
dessa empresa? Quais resultados seriam esperados? Esses resul-
tados justificariam os investimentos executados pela empresa?

140/225
Considerações Finais

• Os programas de eficiência energética brasileiros tiveram início nos anos


80, tendo sido o CONSERVE o primeiro programa neste seguimento.
• O PROCEL e o CONPET foram os primeiros programas brasileiros a terem a
atenção do governo federal.
• Os programas de eficiência energética brasileiros, assim como os demais
programas realizados pelo mundo, foram impulsionados pela crise do pe-
tróleo que ocorreu na década de 70.
• De forma geral, os programas de eficiência energética têm por base a con-
servação de energia, a redução de emissões de CO2 e a busca pelo desen-
volvimento de fontes de energia renováveis, devendo essas de preferência
serem facilmente encontradas no território nacional.

141/225
Referências

ALTOÉ, Leandra et al. Políticas públicas de incentivo à eficiência energética. Estudos Avança-


dos,  [s.l.], v.31, n.89, p.285-297, abr. 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/
s0103-40142017.31890022.

BEHRENS, Alfredo.  Uma Avaliação do Programa CONSERVE/Indústria.  Rio de Janeiro: IPEA/


INPES, 1985. 37p.
BRASIL. Congresso. Senado. Decreto nº 87.079, de 02 de abril de 1982. Diretrizes Para O Pro-
grama de Mobilização Energética. Brasília/DF.
BRASIL. CONPET. Ministério de Minas e Energia - MME. CONPET. [201-?]. Disponível em: <http://
www.conpet.gov.br/portal/conpet/pt_br/conteudo-gerais/conpet.shtml>. Acesso em: 02 out.
2017.
BRASIL. Constituição (1997). Lei nº 9.478, de 06 de outubro de 1997. Dos Princípios e Objetivos
da Política Energética Nacional. Brasília/DF.
BRASIL. Empresa de Pesquisa Energética. Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Ener-
gia 2030. Rio de Janeiro: Ministério de Minas e Energia, 2007. 412 p. Disponível em: <http://www.
epe.gov.br/PNE/20080111_1.pdf>. Acesso em: 30 set. 2017.

142/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


Referências

BRASIL. PORTAL BRASIL. PNE 2030 é considerado marco na história do setor energético. 2011.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2011/12/pne-2030-e-considerado-mar-
co-na-historia-do-setor-energetico>. Acesso em: 30 set. 2017.

BRASIL. Procel. Ministério de Minas e Energia - MME. O Programa. [201-?]. Disponível em: <http://
www.procelinfo.com.br/main.asp?Team={505FF883-A273-4C47-A14E-0055586F97FC}>. Acesso
em: 02 out. 2017.
SOUZA, Andréa de; GUERRA, Jorge Carlos Correa; KRUGER, Eduardo Leite (Ed.). OS PROGRAMAS
BRASILEIROS EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA COMO AGENTES DE REPOSICIONAMENTO DO SETOR
ELÉTRICO. Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, v.7, n.12, p.1-7, jul. 2011. Semestral. Dis-
ponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/2571>. Acesso em: 28 set. 2017.
VIANNA, Luiz Gustavo de Vargas; RAMOS, Maria Olivia de Souza; PEREIRA, Osvaldo Soliano. Pro-
grama de conservação de energia elétrica, seus desdobramentos e necessidades para conso-
lidação. In: VII CBPE - CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO, 7. 2010, São
Paulo/sp. Energia 2030: Desafios para uma nova Matriz Energética. São Paulo: Sociedade Bra-
sileira de Planejamento Energético, 2010. v. 1, p. 1 - 10.

143/225 Unidade 5 • Programas de eficiência energética no Brasil


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: Programas de Eficiência Energé- Aula 5 - Tema: Programas de Eficiência Energéti-
tica no Brasil. Bloco I ca no Brasil. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5a-
1d/5e4f202b80dd471154115718ac6bb1e9>. 326a1e8127a783b1f8ae71cd21b545>.

144/225
Questão 1
1. O ____________ foi o primeiro programa de eficiência energética lan-
çado no Brasil. Este ocorreu no início dos anos 80, tendo como foco a redu-
ção do consumo industrial de óleo combustível. Assinale a alternativa que
preenche corretamente a lacuna.

a) PNE 2030.
b) CONSERVE.
c) PROCEL.
d) PEN.
e) CONPET.

145/225
Questão 2
2. Programa que teve o seu início em meados da década de 80, que visa
promover o uso eficiente da energia elétrica. Dentre as principais ações,
foi estabelecido um programa de etiquetagem, com o intuito de informar
ao consumidor o gasto energético dos equipamentos eletrônicos. Esta
afirmação se refere a qual dos programas abaixo:

a) PNE 2030.
b) CONSERVE.
c) PROCEL.
d) PEN.
e) CONPET.

146/225
Questão 3
3. Quais características estão presentes nos programas de eficiência ener-
gética de forma geral?

a) Construção de hidroelétricas somente.


b) Utilização de fontes não renováveis de energia.
c) Utilização de fontes com altas emissões de CO2.
d) Conservação de energia; Redução de emissões de CO2; Busca pelo desenvolvimento de fon-
tes de energia renováveis.
e) Utilização de óleo diesel preferencialmente à gasolina.

147/225
Questão 4
4. As resoluções 482 e 687 da ANEEL, preveem a possibilidade de uma fon-
te geradora ser ligada a rede de transmissão. A energia elétrica gerada é
convertida em créditos que podem ser utilizados para utilização de ener-
gia elétrica da rede por parte da fonte geradora. Sobre essas resoluções
pode-se afirmar que:

a) Qualquer tipo de fonte geradora pode participar do programa.


b) Participa do programa somente as fontes solares.
c) Todos os tipos de fontes renováveis participam do programa.
d) Fontes de energia não renováveis também podem participar do programa.
e) Participam do programa todos os tipos de fonte geradora, exceto gasolina.

148/225
Questão 5
5. Qual evento ocorrido na década de 70 acarretou em programas mun-
diais para o desenvolvimento da eficiência energética?

a) Crise na bolsa de valores.


b) Guerra do Vietnã.
c) Crise do Petróleo.
d) Tratado de Kyoto.
e) Crise hídrica.

149/225
Gabarito
1. Resposta: B. programa, o que é um equívoco já que todos
os tipos participam.
Os demais programas foram criados após
o CONSERVE, sendo o segundo programa o 4. Resposta: C.
PROCEL, em meados da década de 80.
As demais respostas trazem fontes que não
2. Resposta: C. participam do programa, com exceção da
resposta “B”, porém esta afirma que so-
PROCEL foi o único programa, entre os cita- mente um dos tipos de energia renovável
dos, que utilizou a etiquetagem de produ- participa do programa, o que é errado, já
tos. que todos os tipos participam.

3. Resposta: D. 5. Resposta: C.
As demais respostas se referem a caracte- Conforme descrito na introdução desta uni-
rísticas que são contra os programas de efi- dade, a crise do petróleo impulsionou o de-
ciência energética, com exceção da respos- senvolvimento dos programas de eficiência
ta “A”, porém esta afirma que somente um energética, já que muitos países dependiam
dos tipos de energia renovável participa do e ainda dependem desta fonte de energia.
150/225
Unidade 6
Principais pontos da norma iso 50.001:2011

Objetivos

1. Este tema tem por objetivo apresen-


tar a norma ISO 50.001, expondo seus
principais aspectos de modo a gerar
um melhor entendimento sobre a sua
correta interpretação.

151/225
Introdução

A ISO é uma instituição internacional e não norma idêntica criada foi a “ABTN NBR ISO
governamental, sendo constituída por or- 50.001:2011: Sistemas de gestão da ener-
ganizações normativas de 162 países. Cada gia – Requisitos com orientações para uso”.
país possui uma organização responsável Todas as normas são produzidas por meio
por escrever as suas normas técnicas, no de um comitê designado pela ABNT, tendo
caso do Brasil a organização responsável sido a norma em questão produzida pela
é a ABNT. As normas geradas pela ISO po- Comissão de Estudo Especial de Gestão e
dem possuir uma norma idêntica produzida Economia de Energia (ABNT/CEE-116). Esta
pela ABNT, sendo que esta norma se tra- comissão participou também da elaboração
ta de uma tradução da norma ISO correla- da norma pela ISO. A norma ABNT NBR ISO
ta. Quando uma norma idêntica é gerada 50.001 especifica requisitos para o estabe-
pela ABNT, esta é discrimina esta através lecimento, a implementação, a manuten-
da nomenclatura “ABNT NBR ISO” seguida ção e a melhoria contínua em um sistema
do seu número de identificação, que deve de gestão de energia, sendo o seu propósito
ser o mesmo gerado pela ISO. A norma “ISO habilitar uma dada organização a estabele-
50.001:2001 – Energy management systems cer sistemas e processos em busca de me-
– Requirements with guidance for use” é uma lhoria na performance energética, incluin-
das normas técnicas escritas pela ISO, ten- do a sua eficiência, uso e consumo.
do sido traduzida pela ABNT, sendo que a

152/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


1. A norma iso 50001

A estrutura resumida da norma ISO 50001 pode ser vista na figura 20.
Figura 20 – Estrutura da norma ISO 50001 resumida.

Fonte: adaptada de ABNT NBR ISO 50001:2011.

153/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


1.1 O prefácio da norma gia utilizando o ciclo PDCA (Planejar, Fazer
ou Executar, Checar e Atuar) como ferra-
O prefácio nacional apresenta a ABNT ao menta para promover a melhoria contínua.
leitor, bem como as responsabilidades téc- Por fim, a abrangência é estendida a todos
nicas pela norma, os comitês e comissões os tipos de organizações independente de
envolvidas na criação da norma e por fim seu tamanho, localização, cultura ou socie-
trata sobre o escopo internacional da norma dade na qual estão inseridas.
ISO correlata. Para o caso da norma ABNT
A figura 21 ilustra o ciclo PDCA, correlacio-
NBR ISO 50001:2011 o comitê responsável
nando este com cada um dos requisitos da
é o ABNT/CEE-116.
norma.

1.2 A introdução da norma

A introdução descreve o propósito da nor-


ma, o qual consiste na melhoria do desem-
penho energético, bem como seus objeti-
vos e abrangência. Conforme descrito neste
item, o objetivo desta norma é a redução de
impactos ambientais e do custo com ener-
154/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
Figura 21 – Ciclo PDCA e os requisitos da norma ABNT NBR ISO 50001:2011.

Fonte: adaptado de ABNT NBR ISO 50001:2011.

155/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


Portanto, a norma ABNT NBRISO 50001:2011
é focada na melhoria do desempenho ener-
gético através da redução de impactos am-
Link
bientais e custos com energia, utilizando No site da ABNT, você encontrará uma plataforma
por base o ciclo PDCA para a promoção da para busca das normas técnicas da ABNT, poden-
melhoria contínua. do encontrar inclusive as normas supracitadas,
bem como a norma ISO 50001:2011. Para adquirir
Para saber mais qualquer norma, a pessoa deve possuir um cadas-
tro na ABNT e pagar o valor solicitado pela norma
As normas ISO 9001, ISO 14000 e OHSAS 18000
também são focadas em melhorias contínuas em questão. Disponível em: <http://www.abnt-
através da utilização do ciclo PDCA, porém cada catalogo.com.br/>. Acesso em: 24 out. 2017.
uma dessas atua com uma dada abordagem. A
ISO 9001 aborda temas de gestão da qualida-
de, a norma ISO 14001 aborda temas de gestão
ambiental, enquanto a norma OHSAS 18001 lida
Link
com temas de segurança e saúde ocupacional. Acesse o link para conhecer uma plataforma para
Essas 3 normas são as mais conhecidas e aplica- busca das normas técnicas da ISO, como por
das pelas empresas, sendo por vezes obrigatórias exemplo a norma ISO 50001:2011. Disponível
para fornecedores de empresas de grande porte,
em: <https://www.iso.org/standards.html>.
como por exemplo as grandes montadoras do se-
tor automobilístico. Acesso em: 25 out. 2017.

156/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


1.3 O escopo da norma 1.4 Os termos e definições apli-
cados à norma
O escopo da norma determina a abrangên-
cia desta. Para a norma ISO 50001:2011 Para esta norma a lista de termos e defini-
o escopo determina que esta é aplicável a ções aplicada é extensa, sendo compos-
todas as variáveis que afetam o desempe- ta por 28 itens, muitos deles são utilizados
nho energético, sendo que essas variáveis em outras normas de gestão. Entretanto,
devem ser monitoradas e controladas pela existem alguns termos que são específicos
organização sempre que possível. Também desta norma, sendo que para alguns casos,
são abordados requisitos para medição, do- embora o termo seja comum, a sua defini-
cumentação e comunicação, bem como o ção pode ter outra conotação ou sentido.
estabelecimento, a implementação, a ma- Contudo, é aconselhável que este item seja
nutenção e melhoria de um sistema de ges- lido antes da leitura da norma, pois um sen-
tão energética. tido diferente que pode ser aplicado ao ter-
mo pode alterar por completo o sentido e a
interpretação de uma dada frase.

157/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


Seguem alguns itens de relevância: tas vezes vendas e compras se encon-
tram em um mesmo ambiente, mas
• Fronteiras: definem-se como sendo
são processos diferentes).
um limite físico, podendo ser aplica-
do por exemplo a um dado processo, • Eficiência energética: é uma correlação
ou ainda a um conjunto de processos. entre a entrada e a saída de um dado
A definição de fronteiras é importan- processo, devendo esta ser expressa
te, pois deve-se definir quais itens da em porcentagem. A energia consu-
norma serão aplicados a quais pro- mida efetivamente deve ser dividida
cessos, ou ainda a quais localidades, pela energia inicial.
por exemplo escritório e chão de fá- • Desempenho energético: embora seja
brica, ou processo de compras e pro- confundido com eficiência energé-
cesso de vendas. Cada processo pode tica, este é mais abrangente, sendo
ter requisitos diferentes sendo aplica- relacionado com o uso da energia, o
dos, bem como cada localidade, por- consumo, a própria eficiência energé-
tanto a definição de fronteiras se faz tica, entre outros. Por exemplo, desli-
necessária, seja esta delimitada por gar a luz ao deixar um ambiente não
uma barreira física (parede, muro...) reduz a eficiência energética, mas re-
ou por uma barreira imaginária (mui-
158/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
duz o consumo de energia, portanto o 1.5 Os requisitos aplicados pela
desempenho energético é melhorado. norma
A troca de uma lâmpada incandes-
cente por uma lâmpada fluorescente A parte de requisitos é composta por 7 itens
resulta em uma melhoria da eficiência diferentes, conforme foi apresentado na es-
energética, porém se esta ficar acesa trutura da norma. Cada item pode ser com-
por um período muito maior de tempo posto de subitens sendo o item 5 o mais
pode não resultar em uma redução do extenso devido ao fato de tratar da imple-
consumo, mas mesmo assim temos mentação e operação do sistema de gestão
uma melhoria no desempenho ener- da energia (SGE).
gético. A norma em questão leva em considera-
• Uso de energia: é a forma como a ener- ção que é do interesse da empresa ter um
gia é aplicada, por exemplo: ventila- SGE que seja funcional. Para tal, a empresa
ção, iluminação, processo etc.. deve implementar o SGE especificando pra-
zos para que este seja avaliado, passando
por uma análise crítica, devendo a periodi-
cidade desta ser determinada pela própria
organização. Logicamente que quanto mais
159/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
curto for o espaço de tempo entre essas 1.5.1 Requisitos gerais
análises críticas, mais rápida será a tomada
de ação, porém quanto maior for o período Estabelece todos os pontos que a organi-
de tempo, mais dados estatísticos poderão zação deve seguir de modo geral, determi-
ser levantados. Normalmente, para qual- nando os quesitos que a organização pre-
quer sistema de gestão utiliza-se o período cisa atender para o estabelecimento de um
de 1 ano, sendo que para os processos mais SGE. Pode-se destacar a necessidade de um
críticos costuma-se adotar 6 meses, para escopo bem como a definição das fronteiras
um acompanhamento mais próximo. dentro das quais o SGE irá atuar. Esses dois
pontos conduzem a uma maior flexibilida-
Além disso, existe a questão do custo, pois
de da empresa, pois juntos delimitam quais
quanto mais engajada a empresa estiver,
itens deverão estar presentes em quais pro-
maiores serão os custos para aplicação da
cessos, permitindo dessa forma que a em-
melhoria contínua, porém maiores serão os
presa atenda a pontos específicos da norma
retornos.
em cada fase do seu processo.

160/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


1.5.2 Responsabilidade da dire- comprometida somente com o sistema de
ção gestão, mas também com o desempenho
energético da organização.
É responsabilidade da alta direção definir,
Entre outras responsabilidades da alta dire-
estabelecer, implementar e manter uma
ção, tem-se a necessidade da definição de
política energética para o atendimento aos
um representante da direção (RD), além da
requisitos presentes nesta norma. Também
aprovação da formação de uma equipe de
é sua responsabilidade o fornecimento de
gestão da energia.
recursos, o que inclui mão de obra, treina-
mentos, equipamentos e recursos financei- O RD tem por função garantir que o SGE
ros para que o estabelecimento, a imple- atue de forma concreta dentro da organi-
mentação, a manutenção e a melhoria con- zação, além de ser o responsável por relatar
tínua do SGE sejam possíveis. a alta direção o desempenho energético da
organização, bem como o desempenho do
Esta norma também atua no sentido de pro-
SGE.
mover a melhoria contínua não só do pró-
prio sistema, mas também do seu produto,
que neste caso é o desempenho energéti-
co. Portanto, a alta direção não deve estar
161/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
política estabelecida. Além disso, esta deve
Para saber mais estar em acordo com a natureza e escala de
uso de energia pela organização. Inclusive o
O representante da direção (RD) também é ne-
consumo energético em transportes pode
cessário em outras normas de gestão, porém uma
ser incluído no escopo e nas fronteiras da
mudança recente na ISO 9001 não torna este ne-
organização.
cessário, devendo não só a alta direção, mas tam-
bém a gerência e supervisão, serem envolvidas
como responsáveis. Na prática não se tem mais
1.5.4 Planejamento energético
uma pessoa que seja responsável pela qualida-
O planejamento energético deve estar em
de em todos os setores, mas cada setor tem o seu
consonância com a política da qualidade,
gestor como responsável.
sendo que suas atividades devem resul-
tar em melhoria contínua do desempenho
1.5.3 Política Energética energético da organização.
Deve ser definida pela alta direção, sendo A organização deve assegurar que todos os
de fácil entendimento para que todos os requisitos, inclusive os legais, sejam aten-
colaboradores possam interpretar e enten- didos na sua íntegra em todos os assuntos
relacionados à eficiência energética, uso e
der como cada um pode contribuir com a
consumo de energia.
162/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
Uma revisão energética deve ser desenvol- Também deve ser estabelecido um plano de
vida, registrada e mantida. Os critérios e metas, o qual deve ter um cronograma para
metodologias aplicados a esta revisão de- cumprimento de cada meta estabelecida.
vem ser documentados, de modo que esses As metas devem estar consistentes com a
possam ser repetidos sempre que necessá- política energética da empresa. Esses pla-
rio, mantendo assim uma referência correta nos de metas devem conter os responsáveis
ao longo dos anos, garantindo que os dados por cada meta, bem como o seu prazo.
coletados de fato estejam apresentando
melhorias.
1.5.5 Implementação e opera-
A revisão inicial deve ser utilizada para esta-
belecer uma linha de base, a qual será utili- ção
zada para comparações futuras, no sentido
de comprovar que a gestão energética ado- Dentro desta etapa o primeiro passo é o
tada pela empresa apresenta resultados fa- treinamento dos colaboradores, sendo ne-
voráveis. cessário que a capacitação desses leve em
Indicadores de desempenho energético de- conta o grau de instrução, os treinamentos
vem ser criados de acordo com uma meto- externos e internos, habilidades e experiên-
dologia pré-estabelecida, a qual deve ser cia. Sempre que necessário, a organização
corretamente documentada permitindo a deve treinar os envolvidos no processo de
sua reprodução. gestão energética, devendo todos os regis-
163/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
tros serem mantidos para comprovações Isso inclui também proteção virtual aos do-
posteriores, além de controle interno. cumentos que estejam disponíveis na rede.
O treinamento de colaboradores por si só
não garante comprometimento e conheci- Para saber mais
mento por parte deste. Além disso, todos os Em matéria escrita por Leandra Felipe e divulga-
colaboradores devem ser constantemente do no dia 31 de maio de 2017 pelo site Agência
informados sobre o desempenho da empre- Brasil, bilhões de dólares foram perdidos no mun-
sa, através dos indicadores, que devem ser do em 2016 devido a cibercrimes. A reportagem
divulgados periodicamente e estarem ao destaca um ataque que ocorreu de forma simul-
alcance de todos. tânea em 150 países, além de alertar para a pos-
Todos os processos da empresa devem es- sibilidade de esse tipo de situação se tornar cada
tar corretamente documentados, desde a vez mais comum.
sua política, escopo e fronteiras até os re-
sultados obtidos, análises críticas e divul- O planejamento também está presente nes-
gação dos indicadores. Além disso, esses te item, sendo necessário a todas as ope-
documentos devem ser mantidos de modo rações e manutenções que gerem grandes
a serem preservados ao longo do tempo, consumos energéticos, devendo ser identi-
evitando que a informação seja perdida. ficados para facilitar o seu planejamento.
164/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
Para o caso de projetos, a organização deve ficativos serem respondidos e investigados
levar em consideração oportunidades de pela organização. Os registros dos desvios,
melhoria que levem à redução dos gastos suas avaliações e ações geradas devem ser
energéticos em instalações, equipamentos, mantidos.
sistemas e processos. Um plano e cronograma de auditoria devem
Sempre que for necessária a aquisição de ser gerados pela organização, esses devem
um bem ou serviço, deve-se levar as ques- estabelecer uma periodicidade. Os resulta-
tões energéticas em consideração, utilizan- dos da auditoria devem ser documentados
do-as como parte integrante do produto e mantidos em registro.
adquirido. Todas as não conformidades obtidas devem
ser analisadas criticamente, terem suas
1.5.6 Verificação causas raiz detectadas e ações corretivas
devem ser geradas para sanar o problema.
Todos os requisitos legais, bem como os
A efetividade das ações deve ser realizada
pontos identificados como relevantes ao
de modo a garantir que essas não ocorram
desempenho energético devem ser monito-
novamente. Todas as não conformidades,
rados, medidos e analisados em intervalos
bem como o seu processo de resolução de-
planejados, devendo todos os desvios signi-
vem ser documentados e mantidos.
165/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
Todos os registros feitos pela organização 1.6 O Anexo A
devem ser arquivados de forma adequada,
devendo a forma e o tempo de retenção se- Este anexo visa facilitar a interpretação dos
rem transformados em procedimentos pela requisitos presentes no item 4 da norma,
organização. sem modificar qualquer ponto estabeleci-
do neste item. O item 4 é apresentado pela
1.5.7 Análise crítica pela direção norma em forma de tópicos, já este anexo
é apresentado em forma de texto e busca
A análise crítica pela direção é fundamental, dar explicações sobre o funcionamento de
pois comprova o envolvimento desta com cada etapa da norma, desde a implantação
o SGE, além de possibilitar uma tomada de do sistema.
ação para casos mais específicos e que en-
volvam maiores aportes financeiros, permi- 1.7 O Anexo B
tindo também a inclusão de ações no pla-
nejamento da empresa. Esta etapa deve ser O anexo B visa correlacionar cada item pre-
realizada também com uma periodicidade sente nesta norma com itens de outras nor-
pré-estabelecida, sendo que os seus regis- mas, como a ISO 9001 por exemplo. Trata-se
tros devem ser corretamente arquivados. de uma tabela de correlação onde todos os
itens da norma desde o escopo até o último
166/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011
item de requisito do sistema são correlacio-
nados com as demais normas de gestão da
ISO.
Link
No link, você pode baixar um guia para aplica-
Todas as normas de gestão, seja esta de ges- ção da norma ABNT NBR ISO 50001. Disponí-
tão energética, gestão da qualidade, gestão vel em: <http://procobre.org/media-center/
ambiental, entre outras, possuem uma es-
pt-br/publicacoes/24-gestao-de-energia/
trutura muito similar, tendo modificações
394-guia-para-aplicacao-da-norma-abnt-
apenas em seus requisitos específicos, por-
tanto o entendimento de uma delas propor- -nbr-iso-50001-gestao-da-energia.html>.
ciona entendimento para as demais, sendo Acesso em: 26 out. 2017.
todas baseadas no ciclo PDCA.
As diferenças se encontram somente na in-
terpretação dos seus requisitos específicos,
sendo que de uma forma geral a maioria dos
requisitos é comum a todas essas normas.
Desse modo fica mais simples a geração de
um sistema de gestão integrado, que seria a
unificação de todas as boas práticas em um
único documento da organização.

167/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


Glossário
RD: Representante da direção.
Registros: documentos utilizados para comprovar que uma dada ação foi realizada.
SGE: Sistema de gestão da energia.

168/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


?
Questão
para
reflexão

Considerando dentro do seu ambiente de trabalho, ou


até mesmo dentro de casa, seria possível empregar a
norma de Gestão Energética ISO 50001? Supondo que
você seja o RD de uma dada organização, quais ações
poderiam ser tomadas no sentido de estabelecer, imple-
mentar, manter e melhorar o SGE desta empresa?

169/225
Considerações Finais

• A norma ABNT NBR ISO 50001:2011 tem por objetivo a redução de impac-
tos ambientais bem como os custos com energia.
• A norma ABNT NBR ISO 50001:2011 utiliza o processo de melhoria contínua
com base no ciclo PDCA.
• O escopo e as fronteiras ajudam a determinar a abrangência do SGE.
• A alta direção é a principal responsável pelo SGE.
• O controle de documentos e registros é crítico, devendo esses serem manti-
dos em boas condições para avaliações futuras.

170/225
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50001: Sistemas de gestão da


energia - Requisitos com orientações para uso. 1 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. 32 p.
BRASIL. INMETRO. Acreditação:  Sobre Acreditação de Organismos de Certificação. Disponí-
vel em: <http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/sobre_org_cert.asp>. Acesso em: 25 out.
2017.
LOPES, Miguel Ferreira. BUILDONE – APLICAÇÃO DE GESTÃO DE ENERGIA COMPATÍVEL COM
A NORMA ISO 50001. 2014. 113 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Eletrotécnica
e de Computadores, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2014.
PINTO, Álvaro Braga Alves. A gestão da energia com a norma ISO 50001. 2014. 167 f. Disserta-
ção (Mestrado) - Curso de Engenharia de Energia, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2014.

171/225 Unidade 6 • Principais pontos da norma iso 50.001:2011


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f47dade085371ed7cff4ff6f72433a0a>. f92f7a434257c03fec6eedd19cfad134>.

172/225
Questão 1
1. A definição “é um limite físico, podendo ser aplicado por exemplo a um
dado processo, ou ainda a um conjunto de processos”, refere-se a qual ter-
mo presente na norma ABNT NBR ISO 50001:

a) Escopo.
b) Fronteira.
c) Melhoria contínua.
d) Ciclo PDCA.
e) Organização.

173/225
Questão 2
2. A definição “é uma correlação entre a entrada e a saída de um dado pro-
cesso, devendo esta ser expressa em porcentagem”, refere-se a qual termo
presente na norma ABNT NBR ISO 50001:2011

a) Fronteira.
b) Melhoria contínua.
c) Desempenho energético.
d) Eficiência energética.
e) Uso da energia.

174/225
Questão 3
3. Referente ao período para avaliação do sistema de gestão da qualidade
conforme a norma ABNT NBR ISO 50001:2011, é correto dizer que:

a) A norma estabelece que este período deve ser de 1 ano.


b) A norma estabelece que este período deve ser de no máximo 1 ano.
c) A norma estabelece que este período deve ser de 6 meses.
d) A norma estabelece que este período deve ser de no máximo 6 meses.
e) A norma não estabelece o período, devendo este ser estabelecido pela própria organização.

175/225
Questão 4
4. Conforme estabelecido pela norma ABNT NBR ISO 50001, a respeito da
alta direção é correto afirmar que:

a) Esta não é responsável por estabelecer a política da qualidade.


b) Esta não é responsável por divulgar a política da qualidade.
c) Esta não é responsável pelo fornecimento de recursos, incluindo mão de obra qualificada;
d) Esta é responsável por designar um representante da direção.
e) Esta não é responsável pela melhoria contínua do desempenho energético da organização.

176/225
Questão 5
5. Sobre a análise crítica pela direção, um dos requisitos da norma estuda-
da, é correto afirmar que:

a) As leis e suas alterações não precisam ser analisadas.

b) Os indicadores da organização não têm qualquer relevância.

c) Não necessita de uma periodicidade para ser realizada.

d) É uma forma de demonstrar o comprometimento da alta direção com o sistema de gestão


da energia.

e) Não necessita de um registro oficial.

177/225
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: D.
O termo fronteira é definido no item 1.4 Ter- Conforme descrito no item 1.5.2 Responsa-
mos e definições. bilidades da direção, todos os itens mencio-
nados como não sendo de responsabilidade
2. Resposta: D. desta na verdade são.
5. Resposta: D.
O termo eficiência energética é definido no
item 1.4 Termos e definições. Conforme descrito no item 1.5.7 esta reu-
nião evidencia o comprometimento da di-
3. Resposta: E. reção com o SGE.

Conforme definido no item 1.5 Os requi-


sitos aplicados pela norma, não existe um
período estabelecido por norma, mas nor-
malmente se aplica 1 ano.

178/225
Unidade 7
Processo de certificação

Objetivos

1. Apresentar o funcionamento da certi-


ficação, bem como a sistemática uti-
lizada para tal, gerando um melhor
entendimento no processo de certifi-
cação de uma organização.

179/225
Introdução

A ISO é uma instituição reconhecida inter- (redução de custos e preservação do meio


nacionalmente, sendo também a instituição ambiente) de forma conjunta. Investir nes-
cujas normas são mais difundidas e acei- ta norma, assim como investir em qualquer
tas no mundo. Existe uma gama de normas outra norma ISO, é uma opção da organi-
desta instituição que se tornou obrigatória zação, porém este investimento gera frutos
em grandes empresas, como é o caso da ISO como a eficiência energética, sustentabi-
9001, em que são exigidas de fornecedores lidade e redução de custos. A certificação
e subfornecedores, tornando essas normas nesta norma se faz necessária, pois dessa
necessárias inclusive para empresas me- forma a alta direção tem a garantia de que
nores e pequenos distribuidores. A norma o sistema realmente funciona, já que para
ISO 50001 na atualidade não faz parte des- que a certificação seja alcançada, uma au-
sa gama exigível, porém para uma empresa ditoria realizada por órgão independente se
engajada em questões ambientas ou em re- faz necessária. Após a obtenção da certifi-
duções de custos, a norma apresenta uma cação, também é necessária a manutenção
proposta interessante, podendo ser aplica- desta, através de auditorias periódicas a se-
da para qualquer um dos dois intuitos ou rem realizadas também por órgão indepen-
ainda para os dois intuitos ao mesmo tem- dente. Dessa forma não só a alta diretoria,
po, já que esta implica em ambos efeitos mas também os atuais e futuros investido-

180/225 Unidade 7 • Processo de certificação


res podem ter confiança de que o sistema 4. Realizar auditoria de terceira parte, a
de gestão energética adotado pela organi- qual deverá ser executada por um ór-
zação de fato é aplicado no cotidiano desta. gão certificador.
Esse é um resumo dos principais passos en-
1. O processo de certificação volvidos na certificação, onde os 3 primeiros
já foram apresentados na unidade 6. Preci-
Para uma organização ter o seu sistema de samos então nos focar no quarto passo, que
será desenvolvido a seguir.
gestão certificado deve-se seguir alguns
De modo geral, para a realização dos 3 pri-
passos: meiros passos as organizações costumam
1. Escolher a norma conforme o tipo de contratar empresas especializadas na im-
plantação de sistemas de gestão, com foco
certificação que deverá ocorrer (ISO na norma desejada. Essas empresas sub-
50001:2011, ISO 9001:2015 etc.); contratadas possuem pessoal previamen-
2. Implantar o sistema de gestão seguin- te qualificado, pois para realizar a auditoria
interna se faz necessário um profissional
do as diretrizes da norma a ser certifi- que tenha sido certificado na sua execução,
cada; através da certificação de “Auditor Interno”.
3. Realizar ao menos uma auditoria in- Para a realização da auditoria de terceira
terna para garantir que o sistema de parte, exige-se uma empresa que tenha sido
acreditada pelo organismo acreditador atu-
gestão esteja conforme;
181/225 Unidade 7 • Processo de certificação
ante no país. No caso do Brasil, o organis-
mo acreditador reconhecido pelo Governo
Brasileiro é o INMETRO, sendo que somente
Para saber mais
este pode dar o título de “organismo certi- Cada ramo de atuação necessita uma certificação
ficador” a qualquer organização atuante no específica por parte da organização. No caso de
Brasil.
um laboratório, por exemplo, seja este de qualquer
Portanto, para se obter uma certificação ramo como o metalúrgico ou de análises clínicas,
ISO não basta contratar uma organização
qualquer para que seja realizada a audito- deve ser acreditado pelo INMETRO, pois todo e
ria de terceira parte, essa organização tem qualquer laboratório emite “certificados de con-
que ser obrigatoriamente acreditada pelo formidade”. Sendo assim, se os laboratórios são
INMETRO. Além disso, os auditores que irão
realizar a auditoria de certificação deverão organismos certificados, logo a sua atuação exi-
ser previamente certificados como “Auditor ge a acreditação pelo INMETRO, a qual é realizada
Líder”. em conformidade com a norma ABNT NBR ISO/
A certificação para “Auditor Interno” e “Au- IEC 17025. Quando um dado ensaio é solicitado a
ditor Líder” segue o mesmo critério esta- um laboratório específico, deve-se solicitar o es-
belecido para a certificação ISO, ou seja, a
organização que irá emitir o certificado de- copo de acreditação deste, para saber se o ensaio
verá ter sido previamente acreditada pelo solicitado se encontra acreditado pelo INMETRO.
INMETRO.

182/225 Unidade 7 • Processo de certificação


1.1 Acreditação de organismos • Certificação de Sistemas de Gestão,
certificadores a qual é acreditada em acordo com a
norma ABNT NBR ISO/IEC 17021;
Conforme descrito pelo site do INMETRO,
• Certificação de Pessoas, a qual é acre-
existe dentro desta instituição uma divisão
ditada em acordo com a norma ABNT
responsável pela acreditação de organis-
NBR ISO/IEC 17024;
mos certificadores, denominada por Dicor
(Divisão de Acreditação de Organismos de Portanto, ao adquirir um serviço de certi-
Certificação). ficação, a pessoa física ou organização in-
teressada deve verificar se a organização
A acreditação emitida pela Dicor é realizada certificadora se encontra acreditada em
em acordo com o tipo de certificação a ser conformidade com a respectiva norma pelo
expedida pelo organismo certificador. São 3 INMETRO.
tipos diferentes de certificação que podem
ser acreditadas pelo INMETRO:
• Certificação de Produtos, a qual é
acreditada em acordo com a norma
ABNT NBR ISO/IEC 17065;

183/225 Unidade 7 • Processo de certificação


interno, porém seguindo as recomendações
Link do item 1.1, onde é descrito que este pro-
fissional deverá ser certificado por um orga-
Confira aspectos relacionados ao sistema de acre- nismo certificador devidamente acreditado
ditação de organismos certificadores e as empre- pelo INMETRO.
sas acreditadas em diversos tipos de certificação.
Os cursos para certificação de pessoal são
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/
de curta duração, em geral duram em torno
credenciamento/sobre_org_cert.asp>. Aces-
de 24 horas, sendo compostos por:
so em: 25 out. 2017.
1. Estrutura do sistema de gestão em
1.2 Certificação de Pessoal questão;
2. Planejamento, preparação e realiza-
Antes de iniciar um processo de certifica- ção de auditorias internas com base
ção da organização, esta deve providenciar na norma específica ao sistema de
a contratação de profissionais certificados gestão em questão;
conforme a norma desejada, sendo neces- 3. Realização de auditorias internas in-
sário que este seja “Auditor Interno” na nor- cluindo as reuniões de abertura e fe-
ma em questão. Outra opção seria a empre- chamento.
sa realizar a qualificação de um profissional
184/225 Unidade 7 • Processo de certificação
A formação de auditores é realizada com
base na norma de auditoria e não com base Para saber mais
na norma de certificação da organização, É comum empresas que prestam serviços na área
por exemplo, o curso de formação de “Au- de consultoria em gestão possuírem um ou mais
ditor Interno ABNT NBR ISO 9001:2015” colaboradores formados como “Auditor Líder”,
não possui foco na norma ABNT NBR ISO porém este requisito não é obrigatório, lembran-
9001:2015, mas sim na norma ABNT NBR do que a etapa de auditoria interna, a qual a em-
ISO 19011:2012, pois esta é a norma espe- presa deve executar antes da auditoria de certifi-
cífica para auditoria em um sistema de ges- cação, necessita somente de um profissional cer-
tão. Neste curso somente alguns pontos da tificado como “Auditor Interno”.
ABNT NBR ISO 9001:2015 são abordados. É
aconselhável que o profissional receba um
1.3 Certificação da organização
treinamento em interpretação da norma
em questão. Para o caso de empresas que Existem 3 diferentes tipos de auditoria:
atuem como órgão certificador, os audito-
res devem receber obrigatoriamente o trei- • Auditoria de primeira parte: é aquela
namento de “Auditor Líder”. que a organização executa nos seus
próprios sistemas e procedimentos,

185/225 Unidade 7 • Processo de certificação


tendo por objetivo assegurar a manu- al que presta serviço para ela. Assim
tenção e o desenvolvimento do siste- como na auditoria interna, necessita-
ma de gestão avaliado. Esta também -se de pessoal qualificado como “Au-
é chamada de “Auditoria Interna”, de- ditor Interno”.
vendo ser realizada por pessoal pre- • Auditoria de terceira parte: é aquela
viamente qualificado como “Auditor executada pelo organismo certifica-
Interno”. dor, tendo por objetivo a certificação
• Auditoria de segunda parte: é aquela da organização solicitante. Ela só pode
que a organização executa nos siste- ser realizada por pessoal qualifica-
mas e procedimentos dos seus forne- do como “Auditor Líder”. Este tipo de
cedores e subfornecedores. Lembran- auditoria também pode ser realizado
do que, em alguns casos, os fornece- para propósitos legais, regulamenta-
dores e subfornecedores encontram- res e similares, sendo o principal pon-
-se dentro das instalações da própria to a necessidade de uma instituição
organização que executa a auditoria. terceira, a qual não pode ter qualquer
Para este caso, embora a auditoria seja interesse ligado a este processo.
realizada nas instalações da própria
empresa, o objetivo é avaliar o pesso-
186/225 Unidade 7 • Processo de certificação
Independentemente do tipo de auditoria
que está sendo executada, a norma que dá Para saber mais
as diretrizes para execução dessa audito- Conforme levantamento noticiado pelo site da
ria, para o caso das “Normas de Gestão”, é a ABNT, a ISO realizou uma pesquisa de mercado na
ABNT NBR ISO 19011, logicamente que esta qual constatou que cerca de 12 mil empresas no
deva ser aplicada em conjunto com a norma mundo possuem certificado ISO 50001. Para efei-
desejada pela organização que solicitou a tos de comparação, a norma ISO 14001 possui
certificação. cerca de 300 mil certificados emitidos, porém a
O certificado deverá ser emitido para a nor- norma ISO 14001 encontra-se no mercado desde
ma solicitada pela organização, por exem- 1996.
plo a norma ABNT NBR ISO 50001:2011,
portanto a ABNT NBR ISO 19011 será utili- 1.3.1 A auditoria conforme a norma ABNT
zada somente como diretriz para a execução NBR ISO 19011
da auditoria, e não como a norma objeto de
A auditoria é um método para avaliar a con-
certificação.
formidade de um dado sistema com os re-
quisitos pré-estabelecidos por normas e leis
aplicáveis. Para o caso de uma auditoria em

187/225 Unidade 7 • Processo de certificação


sistema de gestão, utiliza-se a norma espe- sobre a competência dos envolvidos no pro-
cífica ao tipo de gestão aplicável, por exem- cesso de auditoria, incluindo os auditores, o
plo para o sistema de gestão da energia gestor do programa de auditoria e a equipe
é utilizada a norma ABNT NBR ISO 50001, de auditoria.
para o sistema de gestão da qualidade é uti- Uma auditoria deve ser conduzida de forma
lizada a norma ABNT NBR ISO 9001 e assim a levar os auditores a conclusões semelhan-
por diante. tes, garantindo assim que o auditor em si
Independente da norma de gestão aplicá- não seja um fator preponderante para aná-
vel, a condução da auditoria deve utilizar lise, de modo que os fatos observados de-
por base a norma ABNT NBR ISO 19011. vam ser suficientes para uma análise corre-
Esta condição é aplicável a qualquer tipo de ta e justa. Para que esta “repetibilidade” na
auditoria, seja esta de primeira, segunda ou conclusão ocorra, a ABNT NBR ISO 19011 é
terceira parte. pautada em alguns princípios descritos por
A norma ABNT NBR ISO 19011 não estabe- ela mesma, sendo eles: Integridade, apre-
lece qualquer requisito, sendo seu escopo sentação justa, devido cuidado profissional,
baseado no fornecimento de orientações confidencialidade, independência e abor-
para a execução da auditoria em sistemas dagem baseada em evidência.
de gestão. Também são dadas orientações
188/225 Unidade 7 • Processo de certificação
Todos esses princípios, quando aplicados de um claro conflito de interesse neste caso.
forma conjunta, garantem não só uma con- Todas as auditorias, independentemente do
clusão similar entre os auditores, mas tam- tipo, devem ser planejadas com antecedên-
bém um julgamento justo em relação à em- cia, de modo que a organização e o setor a
presa, independente da conclusão final ser ser auditado tenha ciência do momento no
a favor ou contra a certificação da mesma. qual as auditorias ocorrerão, de modo que
Durante a auditoria o auditor nada mais é todos os recursos requisitados estejam ap-
do que um juiz, que irá julgar se a sistemáti- tos para uso no momento em que aconte-
ca da empresa é válida ou não. cerem. Os critérios para a auditoria também
Além disso, o principal papel de um auditor devem ser claros e de conhecimento de to-
não é buscar não conformidades no sistema dos os envolvidos, para que dessa forma se-
de gestão, mas este deve buscar a confor- jam evitados discussões e conflitos durante
midade, sendo que o oposto virá como uma a sua execução.
consequência e não como uma situação for- O processo de auditoria é composto pelas
çada. Por isso a independência é de extrema seguintes atividades: reunião de abertura,
importância para que o julgamento não seja condução da auditoria, revisão da auditoria,
a favor ou contra a parte auditada. Durante reunião de fechamento e acompanhamento
uma auditoria interna um profissional não
quando for necessário.
pode auditar o seu próprio setor, pois existe
189/225 Unidade 7 • Processo de certificação
A reunião de abertura é utilizada principal- apresentação do relatório final, contendo
mente para esclarecimentos sobre o fluxo e os resultados e as conclusões devendo es-
critérios. A condução da auditoria é o mo- ses serem discutidos até que o auditado en-
mento onde o auditor vai a campo, devendo tenda e aceite todos os pontos contidos no
este utilizar de técnicas para realização de relatório, incluindo as não conformidades.
perguntas extraindo informações dos co- O acompanhamento deverá ser realizado
laboradores, buscando evidências de que o sempre que houver a necessidade de ações
sistema de gestão aplicado de fato funcio- corretivas, as quais se fazem necessárias
na e é entendido por todos os colaborado- quando existirem não conformidades no
res da organização. A condução da auditoria sistema de gestão.
também é o momento onde ocorre a emis-
são das SAC (Solicitação de ação corretiva).
A revisão da auditoria é o momento onde os
auditores se reúnem para realizar o fecha-
mento do relatório, incluindo todas as con-
formidades e não conformidades apresen-
tadas pelo sistema de gestão em questão.
A reunião de fechamento é utilizada para

190/225 Unidade 7 • Processo de certificação


Glossário
Acreditação: reconhecimento formal por um organismo acreditador, de que um organismo de
avaliação da conformidade atende a requisitos previamente definidos e demonstra ser compe-
tente para a realizar suas atividades com confiança.
Certificação: é um processo no qual uma organização independente avalia se determinada or-
ganização atende a uma dada norma técnica pré-estabelecida.
SAC: Solicitação de ação corretiva.

191/225 Unidade 7 • Processo de certificação


?
Questão
para
reflexão

Supondo que você seja funcionário de um organismo cer-


tificador, seria coerente aceitar atuar na certificação de
uma organização, sendo que um parente próximo é o res-
ponsável pelo sistema de gestão a ser auditado? O con-
ceito de imparcialidade seria bem aplicado neste caso? E
se o seu parente próximo não fosse o responsável, porém
atuasse para esta organização, quais seriam as suas res-
postas para os questionamentos levantados?

192/225
Considerações Finais

• Para que a certificação ocorra, a empresa deve ter um sistema de gestão de-
vidamente implantado e em uso, em acordo com os requisitos presentes na
norma a ser avaliada;
• Para as normas de gestão, as diretrizes de uma auditoria são encontradas na
norma ABNT NBR ISO 19011;
• Existem 3 tipos de auditoria: primeira parte, segunda parte e terceira parte;
• A auditoria de terceira parte deve ser realizada por um organismo certifica-
dor, o qual deve ser independente da organização solicitante e devidamente
acreditado pelo INMETRO.

193/225
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50001: Sistemas de gestão da


energia - Requisitos com orientações para uso. 1 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. 32p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 19011: Diretrizes para auditoria de
sistemas de gestão. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 45p.
BRASIL. INMETRO. Acreditação:  Sobre Acreditação de Organismos de Certificação. Disponí-
vel em: <http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/sobre_org_ cert.asp>. Acesso em: 25 out.
2017.
LOPES, Miguel Ferreira. BUILDONE – APLICAÇÃO DE GESTÃO DE ENERGIA COMPATÍVEL COM
A NORMA ISO 50001. 2014. 113 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Eletrotécnica
e de Computadores, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2014.
PINTO, Álvaro Braga Alves. A gestão da energia com a norma ISO 50001. 2014. 167 f. Disserta-
ção (Mestrado) - Curso de Engenharia de Energia, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2014.

194/225 Unidade 7 • Processo de certificação


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: Processo de Certificação. Bloco I Aula 7 - Tema: Processo de Certificação. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
7d203010ffb2dcbdccf83e24349ce4fa>. 762df861cab13823be0198a8396658a6>.

195/225
Questão 1
1. A definição “é aquela que a organização executa nos seus próprios siste-
mas e procedimentos, tendo por objetivo assegurar a manutenção e o de-
senvolvimento do sistema de gestão avaliado”, refere-se a qual tipo de audi-
toria:

a) Auditoria externa.
b) Auditoria de fornecedor.
c) Auditoria de terceira parte.
d) Auditoria interna.
e) Auditoria de segunda parte.

196/225
Questão 2
2. Quais são os 3 tipos de auditoria definidos pela norma ABNT NBR ISO
19011?

a) Auditoria de produto, auditoria de processos e auditoria interna.


b) Auditoria de processos, auditoria de fornecedor e auditoria de terceira parte.
c) Auditoria de produto, auditoria de fornecedor e auditoria de primeira parte.
d) Auditoria de primeira parte, auditoria de segunda parte e auditoria de terceira parte.
e) Auditoria interna, auditoria de fornecedores e auditoria de processos.

197/225
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. O que pode ser afirmado a respeito da
qualificação dos auditores para execução da auditoria de terceira parte:

a) É necessário que esses possuam certificação como “Auditor Líder”.


b) Somente a certificação como “Auditor Interno” é suficiente.
c) Não é necessária qualquer certificação, basta este já ter atuado por um período superior a 10
anos no processo a ser auditado.
d) A qualificação pode ser realizada internamente pela organização interessada.
e) Este deve ser qualificado como “Auditor Líder” por uma organização qualquer, mesmo que
esta não seja acreditada pelo INMETRO.

198/225
Questão 4
4. Referente à auditoria, pode-se afirmar que:

a) O principal objetivo é encontrar não conformidades.


b) Não é necessário um planejamento prévio.
c) Sua execução não necessita de um escopo.
d) Tem como principal foco a avaliação do sistema de gestão da organização interessada, onde
se deve buscar a conformidade com a norma aplicável.
e) A reunião de abertura é realizada com o intuito de definir o escopo da auditoria.

199/225
Questão 5
5. A definição “é aquela executada pelo organismo certificador, tendo por
objetivo a certificação da organização solicitante. Esta só pode ser reali-
zada por pessoal qualificado como Auditor Líder”, refere-se a qual tipo de
auditoria:

a) Auditoria de primeira parte.


b) Auditoria de fornecedor.
c) Auditoria de terceira parte.
d) Auditoria interna.
e) Auditoria de segunda parte.

200/225
Gabarito
1. Resposta: D. por um “Auditor Líder”, sendo que o organ-
ismo certificador deve ser acreditado pelo
Conforme descrito no item 1.3 Certificação INMETRO.
da organização, a afirmação é referente à
4. Resposta: D.
Auditoria Interna.
Conforme descrito no item 1.3.1 a audito-
2. Resposta: D. ria conforme a norma ABNT NBR ISO 19011
deve ser executada de modo a buscar a con-
Conforme descrito no item 1.3 Certificação formidade do SGE, sendo que qualquer não
da organização, os 3 tipos de auditoria con- conformidade será obtida por consequên-
forme a norma ABNT NBR ISO 50001 são: cia. Dessa forma garante-se uma avaliação
auditoria de primeira parte, auditoria de se- justa. Quando um auditor busca a não-con-
gunda parte e auditoria de terceira parte. formidade, este está executando uma au-
ditoria tendenciosa, podendo prejudicar o
3. Resposta: A. auditado.

Conforme descrito no item 1.3 Certificação


da organização, a auditoria de terceira
parte deve ser realizada obrigatoriamente
201/225
Gabarito
5. Resposta: C.

Conforme descrito no item 1.3 Certificação


da organização, a afirmação faz referência à
auditoria de terceira parte, tendo sido men-
cionado inclusive que esta é para certifica-
ção.

202/225
Unidade 8
Aplicação da norma ISO 50001:2011

Objetivos

1. Apresentar o atual cenário brasilei-


ro, comparando-o com o cenário in-
ternacional e mostrando o potencial
para aplicação da norma ABNT NBR
ISO 50001, utilizando por base o setor
industrial.

203/225
Introdução

O Brasil possui diversos programas em efi- as normas ABNT NBR ISO 9001 e ABNT NBR
ciência energética (EE), os quais vêm sendo ISO 14001 sejam atuantes, já se encontram
criados desde a crise do petróleo, tendo o seu um passo à frente, sendo que para o atendi-
início no começo da década de 1980. Desde mento desta nova norma é necessário ape-
este período, diversos programas e incen- nas realizar algumas adequações, as quais
tivos ao desenvolvimento de novas fontes deverão ser voltadas a requisitos específi-
de energia foram concedidos pelo governo, cos, além do conhecimento técnico neces-
porém a criação da norma ABNT NBR ISO sário. Somado ao conhecimento prévio em
50001 no ano de 2011 pode aproximar ain- normas de gestão e meio ambiente, empre-
da mais a questão de EE das organizações sas que possuam algum programa interno
brasileiras. Embora esta norma seja recente, voltado à EE também podem ter facilidade
as suas bases não se diferem muito de nor- para implantação desta norma. Um pon-
mas já conhecidas pela maioria das empre- to negativo referente à implantação desta
sas, como é o caso da ABNT NBR ISO 9001. norma vem dos investimentos financeiros,
Como a norma ABNT NBR ISO 50001 possui sendo que o país ainda não possui uma re-
aspectos de gestão mesclados com ques- gra específica para incentivos neste setor, o
tões ambientais, empresas que possuem que poderia vir a reduzir os custos de orga-
um sistema de gestão integrado (SGI), onde nizações interessadas na sua implantação.

204/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011


1. Aplicação da norma iso do sido utilizada como base as normas ISO
50001:2011 9001 e ISO 14001, por isso possui um ca-
ráter voltado à gestão e ao meio ambiente.
A norma ISO 50001:2011 é genérica, po- No mesmo ano foi criada no Brasil a norma
dendo ser aplicada por qualquer tipo e porte ABNT NBR ISO 50001:2011, a qual é uma
de organização. Esta possui como principal tradução da norma ISO 50001, sendo que
foco a eficiência energética, tendo por obje- o seu texto foi mantido na íntegra, logica-
tivo a redução do consumo energético, bem mente que devido à tradução foi necessária
como a preservação ambiental, sendo este a adequação de algumas palavras, mas sem
segundo ponto um resultado indireto a par- a perda do seu sentido.
tir da redução do consumo energético. Para Conforme matéria escrita por Sandrine
que esta afirmação faça sentido, deve-se Tranchard e divulgada pelo site de notícias
levar em consideração que toda energia ge- da ISO em 14 de junho de 2016, a norma
rada tem um efeito negativo ao meio am- ISO 50001 iniciou o seu processo de revisão.
biente, seja a emissão de gases poluentes Todas as normas ISO são revisadas em uma
ou a devastação de regiões inteiras. Portan- periodicidade de 5 anos, sendo que durante
to esta norma também possui um caráter esse processo a norma pode ser mantida ou
ambiental. modificada, ou até mesmo cancelada, caso
A norma foi criada no ano de 2011, ten- os participantes do comitê julguem que esta
não se aplica mais.
205/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
1.1 Aplicação da norma ISO
Para saber mais 50001:2011 no mundo
Na construção de cada norma ISO são envolvidos
diversos organismos normativos de todo o mundo, Em setembro de 2017 a ISO divulgou uma
no Brasil este organismo é a ABNT a qual é reco- pesquisa realizada em 2016, quantificando
nhecida pelo governo brasileiro com sendo a en- o número de empresas que possuem algum
tidade responsável pelas normas do Brasil. Cada tipo de certificado ISO, o resultado desta
país possui a sua entidade, AFNOR na França, DIN encontra-se na tabela 1, a qual foi extraída
na Alemanha, ANSI nos Estados Unidos e assim do site da ISO.
por diante. Cada entidade designa uma comissão
para confecção da norma em questão, onde para
a norma ISO 50001 no caso do Brasil foi desig-
nado a CEE-116, sendo responsável por tratar de
assuntos ambientais. Após o término da edição
da norma ISO, cada comissão representante dos
países recebe uma prévia da norma, a qual é utili-
zada para gerar a sua norma interna correlata. No
caso do Brasil o CEE-116 utilizou esta prévia para
gerar a norma ABNT NBR ISO 50001.

206/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011


Tabela 1- Resultado obtido para a pesquisa referente a quantidade de certificados ISO válidos ao final do ano de 2016.

Fonte: adaptado de: <http://isotc.iso.org/livelink/livelink/fetch/-8853493/8853511/8853520/18808772/00._


Executive_summary_2016_Survey.pdf?nodeid=19208898&vernum=-2>

207/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011


Na tabela 1 a quantidade de certificados vá- Figura 20 – Gráfico de certificados emiti-
dos por país até 01/01/2017.
lidos para a norma ISO 50001 encontra-se
destacada em amarelo. Esta tabela mostra
a importância que a norma está ganhando
no cenário mundial, tendo em vista o maior
aumento percentual de certificações entre
os anos de 2015 e 2016. A quantidade de
certificações ISO 50001 expedida em 2016
foi superior a normas como a ISO/TS 16949,
a qual é reconhecida e amplamente utiliza-
da pelo setor automotivo. Somente as nor-
mas ISO 9001 e ISO 14001 se mostraram Fonte: adaptado de <https://www.iso.org/the-iso-survey.html>

mais interessantes ao público.


O gráfico mostrado na figura 20 indica os 9
países com maiores números de certificados
emitidos até o final de 2016, além de mos-
trar a quantidade de certificados emitidos
para o Brasil e outros países.
208/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
ranking da ISO. O Brasil é o segundo país do
Link continente com maior número de certifica-
ções, contendo 22 sendo o 47º colocado,
Confira o site que contém o Survey data utilizado seguido por México (18), Chile (17) e Canadá
para levantamento dos dados citados na figura (8).
20, bem como o Executive summary utilizado para A Alemanha vem adotando diversas medi-
levantamento dos dados citados pela tabela 1. das internas em relação à eficiência ener-
Disponível em: <https://www.iso.org/the-iso- gética, por exemplo o Plano de Ação Nacio-
nal de Eficiência Energética 2008-2016, o
-survey.html>. Acesso em: 27 out. 2017.
qual prevê a redução no consumo de ener-
gia neste período, incluindo os setores de
A partir dos dados levantados, observa-se
transporte e industrial, além de edifícios
que os países europeus são os que mais
em geral. Esse cenário levou a Alemanha ao
possuem a certificação ISO 50001. Desta-
primeiro lugar no ranking Internacional de
que também para China e Índia, que apare-
Eficiência Energética de 2014, o qual foi di-
cem, respectivamente, como quarto e sexto
vulgado pela ACEEE (American Council for na
colocados.
Energy-Efficient Economy). Contudo, todos
Do continente americano o país com maior esses fatos contribuíram para que a Alema-
número de certificações na norma ISO nha seja o país com mais certificações ISO
50001 é o Estados Unidos, com 47 certifi- 50001 emitidas no mundo.
cados emitidos sendo o 35º colocado do
209/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
Aplicação da norma ISO
Para saber mais 50001:2011 no Brasil
Em 2011 a Alemanha iniciou o desligamento dos
seus reatores nucleares, os quais estão sendo Até meados de 2014 o Brasil possuía ape-
substituídos por fontes renováveis de energia. O nas 13 organizações certificadas na norma
fator que motivou tal ação foi o acidente nuclear ISO 50001, entre elas temos a fábrica da
de Fukushima que ocorreu no mesmo ano, onde
um terremoto seguido por um tsunami afetou a FIAT em Betim/MG, a fábrica da empresa de
cidade, a qual está localizada na costa do Japão. ar comprimido Metalplan em Cajamar/SP e
Essa sequência de eventos, terremoto e tsunami a BASF em Guaratinguetá/SP.
danificou a usina nuclear, o qual resultou em um
desastre atômico nível 7, o mais grave na Escala Em 2016, o Brasil contava com 22 organiza-
Internacional de Acidentes Nucleares, deixando ções que possuiam a certificação ISO 50001,
este acidente ao lado do ocorrido em Chernobyl.
sendo que este número vem aumentando
Link: Maiores informações sobre o acidente de com o passar do tempo, onde é possível no-
Fukushima, bem como o seu resultado ao lon-
go do tempo são discutidas no artigo de Vanes- tar que a cada ano mais empresas possuem
sa Barbosa, 5 anos após o desastre nuclear de interesse na aquisição da norma para im-
Fukushima-em imagens. Disponível em: <https:// plantação e certificação.
exame.abril.com.br/mundo/5-anos-apos-o-de-
sastre-nuclear-de-fukushima-em-imagens/>. O trabalho apresentado por Gazola, Silva
Acesso em: 28 out. 2017. e Miguel (2016) no CONTECC (Congresso
210/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
Técnico Científico da Engenharia e da Agro- ação, como a troca da iluminação por lâm-
nomia) em 2016, apresenta resultados da padas de maior eficiência energética, pode
implantação da norma ISO 50001 na usi- resultar em reduções de gastos com energia
na de Itaipu, onde somente para a ilumi- elétrica expressivas.
nação viária da margem direita de ITAIPU
obteve-se uma redução de mais de 41% da
energia elétrica utilizada. Além disso, tam-
Para saber mais
A usina de Itaipu fica localizada no rio Paraná, na
bém foi apresentado um estudo realizado
fronteira entre Brasil e Paraguai, sendo esta usina
para estação de tratamento de água, onde
pertencente a ambos países, logo é classificada
a substituição de motobombas por outras
como uma usina binacional. Esta foi construída
mais atuais e de menor potência resultou
entre os anos de 1975 e 1982, quando ambos pa-
em uma redução de quase 50% no consumo
íses se encontravam em regime de ditadura mili-
de energia elétrica.
tar.
Esse estudo comprova a eficiência da norma
ISO 5001 na redução de gastos energéticos.
Logicamente que a economia em termos
do custo total pode variar de empresa para
empresa. Mas nota-se que uma simples
211/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
No Brasil, embora existam programas e leis porém uma fábrica pré-existente pode con-
que promovam a eficiência energética, não tinuar a sua operação com equipamento de
existe nenhum programa ou legislação que baixa eficiência.
atue no incentivo para implantação da nor- Além disso, não existe nenhuma legislação
ma ABNT NBR ISO 50001, no sentido de que premie empresas por redução do seu
condizer incentivos ou subsídios para a sua consumo energético por peça produzida,
aplicação. por exemplo. Observando que para que esta
A legislação existente, como a Lei 10.295 redução ocorra, seria necessário que a em-
publicada em 2001, gera melhorias em equi- presa implantasse um processo de melhoria
pamentos comercializados, destacando que contínua, afim de reduzir o consumo anual
os equipamentos fabricados e importados por unidade produzida.
a partir de 2002 devam ter suas eficiências Vamos supor que uma empresa decida tro-
energéticas comprovadas como sendo de car todos os seus equipamentos por outros
alto rendimento. Porém esta lei não possui mais modernos e de maior eficiência ener-
qualquer solicitação para equipamentos gética. Após a realização dessa troca, a em-
que já se encontram em uso, ou seja, a mon- presa deixaria de se preocupar com a me-
tagem de uma fábrica nova será realizada lhoria contínua, já que esta não possui uma
com equipamentos de melhor rendimento, gestão para este processo.
212/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
A norma ISO 50001 atua neste sentido, de altos gastos energéticos. Portanto, a norma
gerar uma gestão energética para empre- não atua somente no sentido de realizar a
sa, ou seja, cada setor deve possuir metas troca de equipamentos defasados por equi-
de redução anual. Dessa forma, o gestor de pamentos mais novos, mas também atua na
cada setor deveria se preocupar com a me- conscientização dos colaboradores, geran-
lhoria contínua, gerando redução de custos do uma cultura contra o desperdício.
ano após ano. Pensar somente na eficiência energética de
Lembrando que eficiência energética é so- um equipamento, é o mesmo que pensar em
mente um dos pontos abordados pela nor- produzir uma única peça boa. Sem um pro-
ma ISO 50001, existem outros pontos, como cesso de gestão da qualidade, onde se apli-
projeto para permitir melhor aproveita- ca a melhoria contínua, as empresas produ-
mento da luz natural, gestão de processos, ziriam somente algumas peças boas, pois
de modo a manter o funcionamento de um não atacariam a causa raiz do problema.
dado equipamento pelo menor número de O mesmo ocorre com a gestão energética,
horas possível, evitando também que este onde não adianta trocar o equipamento por
seja acionado diversas vezes ao longo da se- um outro mais recente e de maior eficiência.
mana, já que o acionamento de um equipa- Para garantir que essa troca tenha sido rea-
mento é um momento crítico, onde se tem lizada de forma a garantir a redução do con-
213/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011
sumo energético, a organização deve reali-
zar manutenção preventiva no seu equipa- Link
mento, para garantir que ao longo do tempo Conforme escrito por Anderson Figo para a revis-
este mantenha a sua eficiência energética. ta Exame em matéria publica no ano de 2016, a
Pensando no caso da Alemanha, onde o go- principal estratégia da Alemanha para modificar
verno enxergou a necessidade de redução a sua matriz de produção energética, substituin-
do consumo energético devido a questões do a atual por uma matriz mais sustentável, parte
ambientais tidas como graves, como o caso da descentralização da geração de energia. Essa
de vazamento de radiação, no Brasil essas descentralização é realizada por meio de incenti-
questões não são levadas com tanta prio- vos à população através de um programa de sub-
ridade, principalmente devido ao fator de sídios para que a própria população e as empresas
a nossa matriz energética ser constituída produzam a sua própria energia elétrica. A única
principalmente por fontes tidas como lim- restrição envolvida é que obrigatoriamente a pro-
pas, como é a caso das hidrelétricas. Porém dução deve ocorrer por meio de painéis solares ou
deve-se lembrar que além de questões am- parques eólicos. Disponível em: <https://exame.
bientais, existe a questão do consumo ex- abril.com.br/mundo/como-a-alemanha-
cessivo poder nos levar a futuros “apagões” -quer-se-tornar-um-pais-totalmente-ver-
devido à falta de gestão energética. de-ate-2050/>. Acesso em: 29 out. 2017.

214/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011


Glossário
Certificação: documento escrito emitido por uma organização independente, o qual assegura
que um produto, serviço ou sistema atende a requisitos específicos.
EE: Eficiência Energética.
SGI: Sistema de Gestão Integrado.

215/225 Unidade 8 • Aplicação da norma ISO 50001:2011


?
Questão
para
reflexão

Sabendo da importância que as questões ambientas


possuem nas nossas vidas, além do fato de a crescente
demanda por energia elétrica poder gerar um problema
futuro de colapso da nossa rede elétrica, quais políticas,
leis e programas o Brasil poderia adotar no sentido de
promover o uso da norma ISO 50001 por parte das orga-
nizações, sejam essas estatais ou privadas? Além disso,
o que poderia ser feito em relação ao consumidor final
que é inscrito como pessoa física?
216/225
Considerações Finais
• Atualmente o país que mais investe em eficiência energética é a Alemanha,
sendo este o país com o maior número de certificação ISO 50001 válido.
• O principal motivo pelo sucesso da ISO 50001 na Alemanha vem dos subsí-
dios dados pelo país.
• No Brasil a norma ISO 50001 se encontra em ascensão, ainda que esta seja
lenta.
• O principal motivo para a lenta ascensão da norma ISO 50001 no Brasil é
o baixo incentivo do governo no sentido de promovê-la, o que poderia ser
feito por meio de subsídios que sejam interessantes para as organizações.

217/225
Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: Aplicação da Norma ISO Aula 8 - Tema: Aplicação da Norma ISO
50.001:2011. Bloco I 50.001:2011. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
5673c7318f22d21f4f442288d72c2ceb>. b2762e1af7465d2452b5f8fb22529cd7>.

218/225
Questão 1
1. A norma ABNT NBR ISO 50001:2011 tem por principal foco:

a) Eficiência energética.
b) Qualidade do produto.
c) Gestão ambiental.
d) Saúde e segurança ocupacional.
e) Gestão de riscos.

219/225
Questão 2
2. Em 2016 a ISO realizou um levantamento, o qual constatou que a Ale-
manha é o país com maior quantidade de certificação válidas para a nor-
ma ISO 50001. Um dado evento ambiental ocorrido no ano de 2011 foi um
dos motivadores para que a Alemanha ocupasse esta colocação no ranking
mundial, qual seria este evento?

a) Furacão na Flórida, que resultou na destruição de linhas de alta tensão nos EUA.
b) Terremoto no México, que resultou na destruição de uma hidrelétrica.
c) Tsunami nas Filipinas, que resultou na destruição de uma usina nuclear.
d) Terremoto seguido de Tsunami no Japão, que resultou em danos na usina nuclear de Fukushi-
ma.
e) Terremoto seguido de Tsunami na Tailândia, que resultou em danos em um parque eólico.

220/225
Questão 3
3. Referente a políticas de eficiência energética, qual é o país que, até o
ano 2017, mais tem investido neste assunto?

a) França.
b) Inglaterra.
c) Estados Unidos.
d) Bélgica.
e) Alemanha.

221/225
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. No Brasil a norma ISO 50001 ainda não está
sendo largamente requisitada por parte das organizações, tanto que em
levantamento realizado no ano de 2016, apenas 22 organizações possuíam
certificação válida para a norma em questão. Pode-se destacar como gran-
de motivador para a falta de interesse das empresas em implantar a norma
ISO 50001:

a) O baixo consumo energético das industrias brasileiras.


b) A falta de legislação que dê incentivos e subsídios para que as empresas possam ser moti-
vadas.
c) O baixo retorno que seria obtido por parte das empresas.
d) O fato de a energia no Brasil ter um custo relativamente baixo.
e) O fato de o pré-sal ter reduzido os gastos brasileiros com energia renovável.

222/225
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. A política de incentivos para aplicação da
norma ISO 50001 por parte da Alemanha tem sido motivada por diversos
fatores, entre eles, cita-se:

a) Fatores ambientais e econômicos.


b) A revolução industrial.
c) A necessidade por produtos de alta qualidade.
d) A falta de segurança em ambientes industriais.
e) Fatores de riscos em investimentos empresariais.

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Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: B.
Conforme descrito no primeiro parágrafo Conforme descrito no item 1.2, a falta de
do item 1, o principal foco da norma é a efi- legislação que incentive e dê subsídios é o
ciência energética. principal fator, visto que na Alemanha esse
tipo de política resultou em grande adesão
2. Resposta: D. da norma por parte das organizações.

O acidente de Fukushima foi um dos gran- 5. Resposta: A.


des motivadores para o desligamento das
usinas nucleares, sendo que a implantação Conforme descrito no item 1.2, os fatores
da norma ISO 50001 foi e tem sido crucial ambientais e econômicos são os principais
para permitir o desligamento das usinas nu- motivadores, todos os demais itens se refe-
cleares. rem ao fator motivador para a aplicação de
outras normas, como gestão da qualidade,
3. Resposta: E. segurança e saúde ocupacional e gestão de
riscos.
Conforme citado no item 1.1, a Alemanha é
o país com uma política mais voltada à efici-
ência energética no mundo.
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