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COMPORTAMENTO

EMPREENDEDOR
AULA 1

Prof. Elton Schneider


CONVERSA INICIAL

“Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor,


dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros,
psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes
recompensas da satisfação econômica e pessoal” (Hisrich, 2014).
Tal definição não passa a sensação de que o empreendedor é uma
espécie de Super-Homem ou, ao menos, alguém muito especial? Daí surge o
mito de que o empreendedor é alguém raro, altamente qualificado e além do
alcance de nós, simples mortais. O mito é algo criado pelo imaginário popular e
que se torna verdade sem que ninguém o questione. Felizmente, ser um
empreendedor não é missão para escolhidos ou pessoas “fora da curva de
normalidade”. Todos nós podemos e devemos ser empreendedores.
A partir desta aula, derrubaremos esse mito e mostraremos que é, sim,
possível agirmos em nossa vida, no campo pessoal, social ou profissional, como
verdadeiros e eficazes empreendedores. Conheceremos, portanto, mais sobre
essa figura cada vez mais importante à sociedade e, com isso, aprenderemos a
exercitar mais nosso espírito empreendedor.
Vamos à nossa aula!

CONTEXTUALIZANDO

O ato de empreender é antigo, e com o tempo passou por transformações


em termos do que fazer, como fazer, onde fazer e até mesmo por que fazer,
porém sua essência não mudou.
De forma simples, podemos dizer que empreender é transformar, seja a
si mesmo, seu entorno, seu negócio, sua sociedade, seu mundo; enfim,
empreender é agir pela mudança, mas não de forma impensada e desastrada.
Empreender é a arte de transformar uma ideia em realidade, com o máximo de
impacto positivo possível.
A figura do empreendedor é a de uma pessoa que tem certo perfil e que
segue algumas crenças e características. Ela tem um conjunto de competências
e age com determinação, não temendo o fracasso ou o erro, aprendendo
sempre.
A presente rota apresenta inicialmente os conceitos e as características
da ação empreendedora, mostrando que ela tem atributos próprios que podem

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ser analogamente considerados uma caminhada, na qual se percebem um
começo, um caminho e um destino, havendo em seu caminhar diferentes
desafios, riscos e decisões.
A seguir, serão apresentados os diferentes focos e tipos de ações
empreendedoras, de modo que o ato de empreender assuma diferentes feições,
dependendo como, onde e por que se empreende.
Posteriormente, discutiremos a relação entre a sorte, a criatividade e a
ação empreendedora, buscando entender melhor como se processa o desafio
de obter resultados mediante o esforço empreendedor. Isso nos remeterá ao
CHA empreendedor; não à bebida quente e saborosa, mas às Capacidades, às
Habilidades e às Atitudes (CHA) do empreendedor.
Para finalizar, descreveremos quais elementos podem ser considerados
as bases do empreendedor; ou seja, se o empreendedor tem um perfil, é preciso
que se entenda quais são as características desse perfil, pois serão essas
características que descreverão quem é esse tipo de pessoa que comumente é
chamada de empreendedor. Também há muito mais: são indicados exercícios
que propiciam melhor fixação do conteúdo aqui descrito. Bom estudo!

TEMA 1 – CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO EMPREENDEDORA

Ao analisarmos a evolução dos conceitos de empreendedorismo,


notamos que se trata de um tema com diferentes facetas, conectando-se de
modo amplo a pontos de vista bastante variados. No quadro a seguir, no qual se
vê a definição de diferentes autores, essa realidade fica bastante perceptível:

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Figura 1 – Conceitos de empreendedorismo

Fonte: Farah, 2008.

Essa diversidade de definições é útil, pois nos faz analisar esse fenômeno
da ação humana de modo mais amplo. No entanto, mesmo com todas essas
vertentes, há elementos presentes nas diferentes definições que se repetem.
Podemos dizer que empreender é todo esforço que se refere a uma
pessoa que busca uma mudança, ao desejo de se querer sair de uma situação
para outra. Empreender, portanto, tem forte relação com as palavras decidir e
agir.
Decidir, porque empreender depende do momento e do contexto em que
o empreendedor percebe um caminho o qual deseja percorrer, vê que se trata
de uma ação que vale a pena, e acredita que ela não só é possível como
desejada. Daí a decisão de ir em busca de sua realização. Por tal razão, os
dicionários colocam decidir fazer algo ou cismar como sinônimos de
empreender, além de relacionar essa palavra com tentar, experimentar,
resolver executar. Conclui-se que o começo da caminhada empreendedora
está na decisão de percorrer certo caminho em busca do alvo percebido, e isso
só acontece quando a pessoa se mostra efetivamente disposta a participar desse
processo de mudança.
É importante considerar que a decisão de empreender está altamente
relacionada à situação política, econômica, cultural e social do meio em que o
empreendedor pretende interferir. Mesmo considerando que o
empreendedorismo tem suas raízes na própria origem do homem – já que foi
mediante sua ação que todas as transformações da humanidade aconteceram –
, o empreendedor ganhou relevância no final do feudalismo, ampliando seu papel

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e sua importância a contar da Revolução Industrial, e depois com todas as
transformações dos séculos XX e XXI.
Cabe aqui analisar o empreendedorismo na realidade brasileira, e, para
isso, analisaremos o quadro que se segue:

Figura 2 - Análise histórica da relação entre o empreendedor e seu contexto de


atuação

ÉPOCA LOCAL CONTEXTO CONSTATAÇÕES

Fim feudalismo e início Surgimento do capitalismo comercial


Século Europa transformações como renascimento, como um novo modo de produção,
XIV Ocidental reforma protestante, burguesia e impulsionando, por sua vez,
cidades/nações. a expansão marítima europeia.

A colonização atendeu a objetivos bem Sociedade alicerçada sobre o


claros: o fornecimento de matéria latifúndio, o trabalho escravo e a
prima para a Europa monocultura voltada à exportação.

Sociedade em que as classes e grupos Contexto adverso ao


sociais fossem extremamente desenvolvimento do “espírito
desiguais. empreendedor”.

A economia foi, quase sempre,


O burguês, nosso efetivo
negócios de poucos (os grandes
empreendedor, só aparecerá
proprietários), pois os escravos e,
tardiamente no Brasil e, ainda por
depois, os trabalhadores livres e
cima, ligado aos proprietários rurais
assalariados pouco participaram como
(os cafeicultores).
empreendedores.

Nossa história, em seus cerca de 500


Tal situação dificultou muito a ação
anos, não privilegiou a liberdade seja
do empreendedor já que para ele a
econômica,
liberdade é de suma importância.
social ou política.
1500 a
Brasil
2000 A sociedade tinha duas castas:
escravos negros e homens livres.
A família patriarcal junto ao Nestas, o trabalho sempre foi
catolicismo, por sua vez, foram fatores entendido como algo negativo,
de inibição do ethos empreendedor. pejorativo, desvalorizado. O trabalho
– no universo simbólico do
catolicismo – é um fardo que se
deve carregar por conta do pecado
original.

A sucessão de presidentes que saiam


Foi em meados da década de 1930, dos estados mais poderosos (Política
que o Brasil e sua sociedade assumem do café com leite), fez com que o
um caráter urbano e, portanto, de face desenvolvimento econômico
capitalista. padecesse de agentes individuais
empreendedores.

Por fim, no regime militar, Essa modernização gerou, em seu


com supressão das liberdades bojo, uma enorme dificuldade nas
democráticas, que se terá o maior esferas sociais, tornando a

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volume de geração de capital, por sociedade brasileira uma das mais
conta da indústria. industrializadas do mundo, mas com
uma das piores distribuições de
renda entre todos os países do
globo.

Fonte: Adaptado de Prando, 2010, p. 98-100.

Essa abordagem é muito rica, pois nos mostra que temos uma herança
empreendedora nem sempre favorável, na qual influências históricas de ordem
cultural, política, religiosa e social fizeram com que nosso espírito
empreendedor sofresse muito em seu crescimento e sua evolução. O
importante é ver que, mesmo com todas essas limitações, o empreendedor
brasileiro tem atuado de forma dinâmica e transformadora.
Podemos perceber que a verdadeira ação empreendedora é formada pela
percepção e pelo desejo de ação, seguida de um trabalho de mobilização de
recursos e de cálculo de riscos que orienta e viabiliza a realização da mudança
desejada. Esse trabalho é permeado por desafios de ordem pessoal,
interpessoal, técnica e gerencial, sendo realizado mediante recursos de ordem
física, humana, material, financeira e tecnológica, trabalhados de forma
planejada, ordenada, negociada e voltada para a minimização dos riscos e erros.

TEMA 2 – PRINCIPAIS FOCOS E TIPOS DE AÇÕES EMPREENDEDORAS

O querer é o grande elemento motivador e direcionador da ação humana.


É a contar da hora que a pessoa define o que ela quer que todo o processo de
caminhar em direção à conquista desse alvo desejado começa. Contudo, em
muitas vezes, as pessoas manifestam seu querer por aquisições de bens,
realização de viagens, casamentos, constituição de família, etc. No fundo, tudo
isso é apenas parte do efetivo querer de todas elas, que é a felicidade. Gikovate
(1981) referenda essa visão ao dizer que “a meta do homem livre é a felicidade
em vida; ou seja, aquilo que a religião prometeu para depois da morte e a ciência
sugeriu que é impossível”.
Toda e qualquer ação, de forma direta ou indireta, tem relação com o fato
de as pessoas quererem a felicidade. Em busca disso, as pessoas se abastecem
para enfrentar as lutas e desafios da vida. Portanto, todo empreendedor é um
excelente caçador de felicidade, ainda mais porque ele sabe que a felicidade, na
verdade, não é um alvo, mas, sim, um caminho; ou seja, ser feliz tem relação
com o que somos e fazemos a cada dia. Se nos dedicamos a algo que nos

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remete a boas sensações e nos motiva a seguir, significa que vivemos a
felicidade. Sabendo disso, torna-se muito mais coerente pensar em enfrentar
caminhadas empreendedoras, pois percebemos que esse caminhar é o que nos
dá a saúde pessoal que nos faz levantar todo dia em busca de novas realizações.
Nessa percepção, podemos inferir que empreender é o combustível para nossa
felicidade.
2.1 Então, só é feliz quem monta o próprio negócio?
Aí reside um dos grandes enganos relacionados ao empreendedorismo.
Empreender é fazer acontecer e, portanto, criar a própria empresa
empreendendo é apenas uma das maneiras possíveis de empreender. Há várias
outras maneiras de empreender. Tudo que possa acontecer dentro do caminhar
em busca de realizações são formas de se empreender.
Dentre essas formas, destacam-se:

 O empreendedorismo de negócios: Aqui está o empreender mais


clássico em termos do reconhecimento da palavra empreender. É o
sujeito que deseja fazer acontecer de modo próprio, gerando retornos
para si, sendo o grande senhor e o responsável por tudo que se relaciona
com suas ações empreendedoras. Em outras palavras, o empreendedor
aqui é o dono do negócio. Aquele que empreende em busca da montagem
de um negócio próprio.
 O intraempreendedor: Esse especial tipo de empreendedor é cada dia
mais importante no mundo. São aquelas pessoas que agem e batalham
para que tudo aconteça conforme planejado e desejado pelo dono do
negócio, porém o empreendedor não é o dono. Ele age e trabalha como
se fosse o dono, atuando dentro de seu espaço e nível de poder, e busca
a transformação com o mesmo grau de motivação e fé do verdadeiro
dono. Aqui se descreve o perfil de colaborador que o mercado mais quer,
ou seja, aquela pessoa que se empodera pela energia de realização e
parte para a ação com a máxima dedicação, usando o limite de suas
capacidades e habilidades.
 O empreendedor público: Aqui fazemos essa distinção em virtude do
alvo do empreendedor. O empreendedor público é um intraempreendedor
clássico, porém sua motivação não está na captação de lucros financeiros
como o empreendedor tradicional. Sua ação, como um agente público, é
a obtenção da maior efetividade por parte do cidadão. Toda a energia do
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servidor é direcionada para o atendimento das demandas públicas,
trabalhando para que os resultados sejam os melhores possíveis com o
máximo de amplitude.
 O empreendedor social: O empreendedor dessa natureza pode ser o
dono de uma organização não governamental (ONG) ou mesmo um
funcionário ou voluntário que age com determinação em busca de
resultados socioambientais. Sua meta, mesmo não sendo financeira,
demanda uma atuação firme e dedicada, competente e equilibrada para
que as metas não econômicas se tornem reais, conforme planejado.

No fundo, os diferentes tipos são apenas fotografias diferentes de um


mesmo elemento: aquela pessoa que compra a briga em termos de fazer
acontecer as metas que foram estabelecidas sejam delas próprias, de terceiros,
econômicas, sociais ou ambientais. Esse agente transformador responde pelo
nome de empreendedor, independentemente do contexto e da natureza de sua
ação. É importante salientar que se tratam também de pessoas com senso
crítico, determinadas a fazer do melhor modo possível, aliadas às mudanças e
conscientes de seu papel na sociedade e no planeta. Esses são aspectos
importantes a serem considerados, sem considerar o tipo de ação que será alvo
do agir do empreendedor.

2.2 Elementos que despertam as pessoas para a ação empreendedora

Esses elementos são muito interessantes, pois, segundo estudos


relacionados ao empreendedorismo, há dois grandes fatores que levam as
pessoas a empreender: a necessidade e a oportunidade. O quadro a seguir
resume o perfil desses dois tipos:

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Figura 3 – Perfil das pessoas que empreendem por necessidade e/ou
oportunidade

Fonte: Schneider, 2011.

É característica de sociedades com maior escassez de recursos e preparo


a grande incidência de empreendedores por necessidade, já que se trata de um
tipo de ação que busca essencialmente a sobrevivência, algo ainda mais
desafiante em lugares onde o volume de pessoas com esse nível de exigência
básico é elevado.

O Brasil, nos primeiros estudos a respeito, adquiriu um perfil de país


possuidor de mais empreendedores por necessidade do que por oportunidade.
Entretanto, no decorrer do tempo, essa realidade se alterou a ponto de estudos
mais recentes apontarem que o percentual de empreendedores por
oportunidade superou os por necessidade. É interessante ver que esse fato nos
remete à importância dos governos incentivarem seus empreendedores a agir,
dando a eles condições e apoio, pois as economias nunca foram tão
dependentes de seus empreendedores como hoje. Desse contexto, surge o
conceito do empreendedor de impacto, ou seja, aquele tipo de empreendedor
cuja ação gera uma repercussão extremamente alta e de grande importância
para o país em que atua. Esses empreendedores de impacto são, na verdade,
os empreendedores de grandes oportunidades, aqueles que conseguem
perceber oportunidades de maior magnitude e se organizam para poder
aproveitá-las da melhor maneira possível.

TEMA 3 – A LIGAÇÃO ENTRE SORTE, CRIATIVIDADE E AÇÃO


EMPREENDEDORA

Seria muito superficial pensar que as ações empreendedoras de sucesso


foram fruto da simples sorte. O sucesso hoje, em meio a tantas transformações
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e complexidades, demanda uma boa dose de competência, arrojo, liderança,
capacidade decisória e gestão, enfim, fatores como planejamento (capacidade
técnica), gestão (capacidade gerencial), visão sistêmica (capacidade analítica) e
criatividade (capacidade inovadora) são muito mais relevantes e decisivas do
que a sorte.
Se pensarmos que sorte é aquilo que acontece com a pessoa certa e
preparada, na hora e no local certos, podemos concluir que o empreendedor se
torna um excelente candidato à sorte. Afinal, é uma pessoa em constante
processo de evolução (preparado), que consegue ter uma percepção acima da
média do mercado e tendências, o que lhe coloca no lugar certo, e um timing dos
acontecimentos que o habilita a chegar à frente dos outros (hora certa).
Podemos até dizer que quando alguém diz que certo empreendedor de
sucesso teve sorte, talvez ele esteja apenas dizendo que se trata de uma pessoa
que se habilitou à maior colheita possível da sorte. No entanto, se pensarmos
um pouco mais, concluiremos que a sorte é sempre bem recebida, e caso ela
resolva aprontar no caminho do empreendedor, ele com certeza ficará muito feliz
com sua ajuda, mesmo que já tenha se preparado para fazer acontecer sem
contar com essa dose de sorte.

3.1 Criatividade: será que isso é importante para o empreendedor?

A seguir, há uma definição. Leia-a e tente descobrir se é a definição de


empreendedor ou de criatividade:

É uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em


informações e têm a sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Pessoas
criativas possuem comportamentos diferentes: são curiosas ao extremo, são
persistentes, são bem-humoradas, são independentes em seus atos e responsáveis
por tais, possui rápida desenvoltura em atividades, fácil percepção, habilidade no
aprendizado e ainda são grandes visionárias, já que conseguem prever as
consequências possíveis de ocorrer em suas criações por erros ou imprevistos.
(Cabral, 2016)
Tudo bem! Você viu a fonte e descobriu que é a definição de criatividade,
mas será que não poderia ser também a descrição do perfil de um
empreendedor? São dois elementos tão próximos que é possível confundi-los.
O empreendedor é essencialmente uma pessoa criativa. Ele utiliza essa
qualidade em toda sua caminhada e, muitas vezes, é ela a grande arma para
obter o sucesso.
O empreendedor usa a criatividade desde o momento de buscar uma ideia
que tenha o potencial de ser uma oportunidade, passando pela montagem –
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estruturação conceitual ou modelagem – dessa ideia, seu aprimoramento, seu
planejamento e sua execução. Criar é uma das atividades mais úteis e
frequentes de um empreendedor.
A aliança da sorte com a criatividade pode ser um importante elemento de
conquista do sucesso por parte do empreendedor. Contudo, ele conta com a
criatividade e torce para que a sorte apareça, e não o contrário. É importante,
então, que o empreendedor se esforce para obter o maior potencial criativo
possível, pois se essa qualidade estiver presente em suas ações, com certeza
ela servirá como um trevo de quatro folhas para atrair a sorte ou, pelo menos,
para afastar o azar.

TEMA 4 – O CHA EMPREENDEDOR

Fica nítida a necessidade de o empreendedor desenvolver todo um


conjunto de habilidades e competências para poder fazer sua caminhada em
busca da realização de seus sonhos/objetivos. Isso não significa, no entanto,
que sua ação somente poderá começar quando ele estiver pronto; pelo contrário,
boa parte desses requisitos é adquirida no caminhar.
Considerando os desafios das mudanças pretendidas, o empreendedor
precisa:

Figura 4 – Necessidades do empreendedor

Também é preciso ter a consciência de que a decisão de empreender tem


implícita a questão de que se vai agir ou estruturar algo novo, diferente do que
está apresentado e com um bom grau de inovação em seu conteúdo, forma e/ou
estrutura.

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Importante notar que não comparamos o inteligente com o não inteligente
ou o mais provido com o menos provido. Destacam-se a postura do
empreendedor perante o mundo, sua complexidade, seus desafios e suas
demandas. A maneira de ser e de agir do aquele um é a mais coerente com a
realidade do século XXI, pois, em um mundo competitivo, globalizado,
tecnológico e altamente dinâmico, pessoas acomodadas, medrosas e pouco
ativas tendem a colher menores frutos, já que o contexto complexo premia quem
melhor o percebe, age sobre ele e se orienta pela criatividade e inovação em
busca da superação.
Ser um empreendedor, portanto, é agir a cada dia com a confiança e a
determinação de que se aprende sempre, de que cada passo é uma forma de
evolução, mesmo que seja um passo mal dado. Mesmo sem estar pronto,
começa-se a caminhar e se torna melhor a cada dia, tal qual fazemos quando
aprendemos a andar de bicicleta: perdemos o equilíbrio a cada segundo em
busca da obtenção do próprio equilíbrio, e cada movimento de compensação do
desequilíbrio traz o novo equilíbrio, que gera novo desequilíbrio e nova ação de
equilíbrio; assim se segue pedalando, aprendendo a se equilibrar, mesmo em
estradas não pavimentadas, desconhecidas, perigosas ou fora de nosso
caminho desejado.

4.1 Existe um CHA para o empreendedor?

Veja bem: não estamos falando dos deliciosos líquidos que tomamos
quentes ou gelados, mas, sim, da sigla que, em administração, significa a soma
das capacidades (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber fazer
acontecer) de uma pessoa.
Há, com certeza, uma formação sistêmica desses elementos na
identificação e formato do empreendedor. Como é que um empreendedor pode
querer agir sobre um mercado sem o saber a respeito desse mercado? A partir
desse saber, ele agrega análises, reflexões e metodologias que lhe permitiram
identificar como agir sobre aquele mercado; ou seja, ele lançará mão de
habilidades que lhe darão a condição de saber o que fazer nesse mercado. Por
fim, sabendo o que fazer e planejando isso, ele precisa agir tornando esse plano
de interferência no mercado algo real e dentro do esperado. Aqui se fala de saber
fazer acontecer o que havia se estabelecido em seu planejamento.

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Desse modo, podemos seguir em várias frentes nas quais se percebe
essa relação das capacidades com as habilidades e atitudes. Um empreendedor
precisa ter determinação e energia, mas não pode perder o controle ou se deixar
levar pelo sentimento, comprometendo sua visão e sua necessidade de ação
sobre os problemas. Esse controle dos sentimentos demanda um
autoconhecimento (saber), que o remete à reflexão (saber fazer) em momentos
de crise, evitando que reações intempestivas e inadequadas minem a efetividade
de suas ações (saber fazer acontecer). Observando desafios como o de
implantar processos sinérgicos, definir e colocar em condições de uso uma
estrutura tecnológica ou desenvolver ações na qual dissemina valores, ética e
moral, podemos ver que há essa estreita e importante relação entre
capacidades, habilidades e atitudes. Falhas nessa rede podem representar
fracassos, más decisões ou mesmo ações desastrosas.

TEMA 5 – O PERFIL DO EMPREENDEDOR

5.1 Teria como apresentar o perfil do empreendedor? Existe um perfil que


o represente?

Sim, é possível se falar de perfil empreendedor. Observando a prática


empreendedora, é possível identificar elementos que se destacam na ação do
empreendedor. De imediato, a importância de ele ser um bom gerente, já que a
todo o momento é desafiado a gerenciar pessoas, tempo, processos, planos,
finanças, materiais, logística, tecnologias etc. Ele não pode se eximir de tais
questões, afinal, o negócio precisa que tudo isso funcione a contento para que
se possa chegar aonde se deseja. É preciso gerenciar tudo ao mesmo tempo e
de forma equilibrada, coerente e eficaz.
Aquele perfil do empreendedor, no início da ação empreendedora,
extremamente criativo, sonhador, corajoso e perceptivo, precisa, na ação
gerencial, receber boas doses de razão, de controle emocional, de gestão de
informação, de boa tomada de decisão e, ainda, de gerenciamento claro,
objetivo, que sabe pedir, controlar e rever rumos. Portanto, gerir uma ação
empreendedora é uma missão que não é simples e nem rotineira. Demanda
constante atenção e determinação para não se perder o norte e, ao mesmo
tempo, manter o barco na direção e na velocidade corretas. Isso demonstra que,

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na verdade, o desafio passa pelo exercício de um triplo e dinâmico papel a ser
desenvolvido:

 Por um lado, o empreendedor deve ter boas ideias, ser visionário,


determinado, criativo e sonhador. Deve manter sua essência
empreendedora.
 Deve também saber planejar, organizar os planos, ações, recursos e
metas. Deve fazer uso de sua essência gerencial.
 Por fim, deve ser capaz de executar o que foi planejado. Fazer uso de sua
essência técnica.

5.2 Características essenciais ao empreendedor

Na verdade, as características mudam dependendo do local por ele


ocupado em sua caminhada empreendedora. Algumas características são
essenciais no começo da ação, outras lhe apoiam no meio do trajeto, e há ainda
as que o suportam nos locais mais avançados da trilha empreendedora. De um
modo sintético, pode se dizer que existe um mix de características que dão ao
empreendedor o perfil e as condições necessárias para sua ação:
Figura 5 – Características do empreendedor

Com base na frase ir a campo, pode se resumir as características


essenciais de um empreendedor, já que não se pode falar em empreender sem
uma certa dose de inovação; muito menos, sem o exercício da gestão das
diferentes frentes do negócio que demandam um reger bem afinado. A
necessidade de agir e contribuir para que a mudança desejada saia do mundo
dos sonhos para a realidade é crucial. Em vários momentos, a ação criativa será
aliada e decisiva para o sucesso do empreendedor, ao se ter fé e acreditar que

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dará conta dos desafios, mantendo sua autoestima em bom grau. Como nada é
feito sozinho em termos de empreendedorismo, é extremamente importante que
o empreendedor saiba motivar, não somente a si mesmo, mas também todos os
demais envolvidos nas ações empreendedoras. Ele precisa não esmorecer
perante os problemas e surpresas desagradáveis, pois sabe que nem tudo
acontece conforme planejado e que o inesperado está sempre à espreita nas
ações empreendedoras, desejando achar uma brecha para se manifestar. Deve
se organizar no sentido de saber planejar e também de manter suas informações
e ações bem claras, feitas da melhor forma possível e dentro dos custos e
qualidades esperadas.
Com a especificidade, a complexidade e os desafios das ações
empreendedoras, outras características ganham magnitude e passam a ser
relevantes em termos de estarem presentes no empreendedor. Questões como
bom relacionamento interpessoal, empatia, liderança, competência técnica, ética
e outras sempre são úteis e desejadas, porém muitas delas estão embutidas nas
características listadas anteriormente. O importante é perceber quais as
demandas advindas da realização do sonho e se preparar o máximo possível
para dar conta delas com o melhor nível possível de efetividade. Novamente, o
lema de eterno aprendiz se realça na vida do empreendedor.
Essa lista de características, contudo, não deve nos levar a crer que
somente depois de se atingir um certo grau de competência nessas
características é que se poderá partir para a ação empreendedora. Não se trata
disso. Aqui é importante saber quais elementos circulam nas veias dos
empreendedores e, a partir disso, tratar da cobertura das lacunas, ou seja,
buscar o aperfeiçoamento nessas direções, dando maior prioridade às que se
apresentam mais limitadas, para depois seguir para as demais, não de modo
sequêncial, mas sim sistêmico. A cada dia, deve se olhar essas características
e buscar degraus a serem subidos na busca da obtenção do patamar adequado
para se tornar um empreendedor de alto impacto e realização.

FINALIZANDO

A presente aula teve o desafiante objetivo de apresentar o empreendedor,


seu perfil, seus requisitos, suas características e ainda uma evolução histórica,
conceitual e contextual. Importantes elementos desse sujeito cada dia mais
importante na economia, na sociedade e nos negócios foram trabalhos,
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apontando não somente para sua relevância, mas também para os desafios a
que nos submetemos quando resolvemos empreender em busca da obtenção
de certos objetivos ou sonhos.
Aprendemos que elementos como sorte, criatividade, capacidades,
habilidades e atitudes permeiam as ações empreendedoras, fazendo com que
os agentes dessas ações sejam pessoas preparadas, dinâmicas, persistentes e
capazes de solucionar problemas, contornar obstáculos, superar resistências ou
mesmo inovar quando o contexto assim o exigir.
Esse conhecimento sobre o empreendedor e a ação empreendedora é de
grande valia na formação do gestor na medida em que certas características
presentes na essência do empreendedor precisam também estar presentes no
gestor, possibilitando que alie a sua capacidade técnica e gerencial, uma
personalidade empreendedora, criativa e inovadora, que incrementa muito sua
atuação e a obtenção de resultados.

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REFERÊNCIAS

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VERÍSSIMO, R. As diferenças entre o empreendedor e o gestor.


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