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EMENTA
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE - Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ, ISABELA
KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA, , em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO, de acordo com a ata do julgamento.. Sem
condenação em honorários advocatícios ante o êxito da parte no recurso..
Salvador, Sala das Sessões, 04 de fevereiro de 2016.
EMENTA
RELATÓRIO
VOTO
Preliminarmente cumpre-me registrar, vez que já houve
pronunciamento dessa magistrada de forma diversa da aqui exarada, que após
reuniões entre os membros das Turmas Recursais da Bahia objetivando uniformizar
o entendimento sobre a matéria dos consórcios, particularmente sobre o momento
da devolução das parcelas pagas ao consorciado desistente, ao final de estudo e
debates, foi firmado o entendimento da forma que se segue:
§ 2o O consorciado excluído somente fará jus à restituição de que trata o caput se desistir após o pagamento de sua quinta
parcela de contribuição ao grupo, inclusive.
§ 3o Caso o consorciado excluído não atenda ao requisito do § 2o, será restituído do valor a que tem direito na forma do art.
31.
No entanto, tais disposições foram vetadas pela Presidência da
República, com a aquiescência final do Congresso Nacional, por
“inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público”, constando nas
justificativas para os vetos que tais disposições afrontavam “diretamente o artigo
51, IV, c/c art. 51, § 1o, III, do Código de Defesa do Consumidor, que estabelecem
regra geral proibitória da utilização de cláusula abusiva nos contratos de consumo”,
salientando-se, ainda, que, “embora o consumidor deva arcar com os prejuízos
que trouxer ao grupo de consorciados, conforme § 2 o do artigo 53 do Código de
Defesa do Consumidor, mantê-lo privado de receber os valores vertidos até o final
do grupo ou até sua contemplação é absolutamente antijurídico e ofende o
princípio da boa-fé, que deve prevalecer em qualquer relação contratual”,
mencionando, por fim, que “a inteligência do Código de Defesa do Consumidor é
de coibir a quebra de equivalência contratual e considerar abusivas as cláusulas
que colocam o consumidor em ‘desvantagem exagerada’, tal como ocorre no caso
presente”, razão pela qual “a devolução das prestações deve ser imediata, sob
pena de impor ao consumidor uma longa e injusta espera”6.
6 Fonte: :www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-010/2008/Msg/VEP-762-08.htm
11.795/087, não pode ser aplicada ao consorciado excluído porque ficou carente de
completo na medida em que houve alteração, em decorrência dos vetos presidenciais, do
art. 30, que ela faz expressa menção.
Enfim, deve-se observar que parte autora faz jus a devolução imediata dos
valores pagos.
Em relação ao valor a ser restituído em face dos valores pagos, devem ser
abatidos à taxa de administração no percentual contratado e o valor relativo ao seguro,
caso existente.
7 Art. 22. A contemplação é a atribuição ao consorciado do crédito para a aquisição de bem ou serviço, bem como para a restituição
das parcelas pagas, no caso dos consorciados excluídos, nos termos do art. 30.
§ 1º A contemplação ocorre por meio de sorteio ou de lance, na forma prevista no contrato de participação em grupo de
consórcio, por adesão.
§ 2º Somente concorrerá à contemplação o consorciado ativo, de que trata o art. 21, e os excluídos, para efeito de
restituição dos valores pagos, na forma do art. 30.
CONTRATAÇÃO POSTERIOR A LEI 11.795/08. DESISTÊNCIA DO
CONSORCIADO. DEDUÇÃO DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE
25%. ABUSIVIDADE NÃO EVIDENCIADA. PRECEDENTE DO STJ.
RETENÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE CLÁUSULA
PENAL E TAXA DE ADESÃO. MULTA DE 10% EM BENEFÍCIO DO
GRUPO QUE VAI AFASTADA PELA ONEROSIDADE EXCESSIVA.
MESMA NATUREZA DA CLÁUSULA PENAL. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. 1. Caso em que as partes firmaram
contrato de consórcio após a vigência da Lei 11.795/08. O demandante
desistiu imotivadamente do consórcio e requereu a restituição integral dos
valores pagos. 2. Cabível a restituição ao consorciado desistente dos valores
pagos, permitida a retenção da taxa de administração, cláusula penal
devidamente contratada (fl. 20, item 16.7) e taxa de adesão, conforme
entendimento firmado na Súmula 15 das Turmas Recursais Cíveis. 3. A taxa
de administração pode ser fixada em patamar superior a 10%, segundo o
entendimento consolidado pela jurisprudencia do STJ. Caso concreto em
que se mantém a incidência do percentual de 25%, como contratado. 4.
Multa de 10% que se mostra abusiva, uma vez que tem a mesma natureza da
cláusula penal, alterando apenas o beneficiário. Onerosidade evidenciada.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO (TJ-RS - Recurso Cível:
71005543921 RS, Relator: José Ricardo de Bem Sanhudo, Data de
Julgamento: 01/10/2015, Primeira Turma Recursal Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 05/10/2015)
Quanto ao pleito de desconto dos valores pagos a título de seguro, não há que
se falar em ilicitude, ou prática abusiva, desde que haja previsão contratual expressa,
como ocorre no caso sub judice. . Nesse sentido: