Sei sulla pagina 1di 278

Eletromagnetismo

Organizado por Universidade Luterana do Brasil

Eletromagnetismo

Gelson Luiz Fernandes Barreto

Universidade Luterana do Brasil – ULBRA


Canoas, RS
2016
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil.
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.

ISBN: 978-85-5639-219-0
Dados técnicos do livro
Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Geórgia Píppi
Sumário

1. Eletrostática...............................................................................4
2. Eletrostática 2..........................................................................26
3. Eletrodinâmica I.......................................................................45
4. Eletrodinâmica II......................................................................64
5. Eletromagnetismo....................................................................84
6. Ondas...................................................................................120
7. Óptica Geométrica – i............................................................148
8. Óptica Geométrica – II...........................................................184
9. Interação da radiação eletromagnética com a matéria............217
10. Introdução ao estudo da física moderna ..............................253
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 1

Eletrostática
2   Física

1.1 Histórico

Os fenômenos elétricos estão presentes na maioria de nossas


atividades. Aparelhos eletrodomésticos, maquinário industrial,
meios de transporte, enfatizando a sua importância na vida atu-
al do ser humano. Eles já eram conhecidos a mais de 2000 a.C.

O grego Tales, de Mileto (640 - 546 a.C.), foi o primeiro


a observar que, atritando-se uma substância resinosa denomi-
nada âmbar com um pedaço de lã, ela adquiria a propriedade
de atrair corpos leves como penas, fios de palha etc. É dela
que deriva a palavra "ELETRICIDADE", pois a palavra grega
correspondente para designar âmbar é "ELEKTRON".

Uma das primeiras obras sobre o assunto surgiu no sé-


culo XVI, com o médico e físico inglês William Gilbert (1544
– 1603), que publicou, em 1600, um extenso tratado deno-
minado "De Magnete" (que significa “Sobre o Magnetismo”).

No início do século XVIII, O físico francês Charles François


de Cisternay Dufay (1698 – 1739), analisando experiências,
concluiu que certas substâncias "conduziam" bem a eletrici-
dade, enquanto outras não o faziam. Dessa maneira, esta-
vam sendo estabelecidos os conceitos de "corpos condutores"
e "corpos isolantes".

Benjamim Franklin (1706-1790) se interessou pelo estudo


dos fenômenos elétricos. Esse cientista realizou um número
muito grande de experiências que contribuíram significativa-
mente para o desenvolvimento da eletricidade.
Capítulo 1 Eletrostática 3

Franklin enunciou a lei da “conservação da carga elétrica”,


ou seja: a soma resultante das cargas dentro de uma região é
constante.

Em 1897, ocorre a descoberta do elétron por Joseph John


Thomsom (1856 – 1940). A partir daí, ficou-se sabendo que a
eletrização de um corpo acontece quando ele perde ou ganha
elétrons, ficando, então, eletrizado positiva ou negativamente,
respectivamente.

1.2 Carga Elétrica

O conceito de carga não existe. É com um associar carga com


energia, pois os corpos possuem partículas que possuem energia.

Simbolicamente, usa-se para carga: Q ou q, e a unidade


de medida é o COULOMB ( C ).

Para as partículas elementares, próton, elétron e nêutron,


tem-se:

Carga ( C ) Massa ( kg)


próton + 1,6 x 10-19 1,67 x 10-27
elétron - 1,6 x 10-19 9,11 x 10-31
nêutron 0 1,67 x 10-27

A carga total de um corpo pode ser dada como um múlti-


plo a da carga fundamental do elétron.
4   Física

Onde representa o número de elétrons, sendo sempre


um número inteiro. E o módulo da carga do elétron.

OBS.: Um Coulomb de carga é uma


quantidade muito grande de elétrons, por
isso usam-se múltiplos menores como:

mC = mili.Coulomb = 10-3 C
µC = micro.Coulomb = 10-6C

Perguntinha:

a) Quantos elétrons são necessários para obtermos um Cou-


lomb de carga?
b) O que você conhece que chega próximo desse número?
Capítulo 1   Eletrostática   5

A eletrostática apresenta dois princípios fundamentais:

ÂÂa) “Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem, e car-


gas elétricas de sinais opostos se atraem.”

Figura 1-01:  Diagrama de atração e repulsão.

Esses processos de atração e repulsão ocorrem por meio


de uma força de origem elétrica, que será analisada no próxi-
mo capítulo.

ÂÂb) “A carga total de um sistema isolado se mantém


constante.”

Ou seja, para qualquer processo elétrico dentro de um sis-


tema isolado, tem-se:
6   Física

A tendência dos corpos na natureza é de serem neutros, ou


seja, igual número de prótons e nêutrons:

Assim, a carga total do corpo é nula. E isso, para a eletrici-


dade, não serve, pois não haveria transferência de partículas,
de energia entre os corpos e nós não teríamos a parafernália
eletrônica que dispomos hoje.

Então, é necessário que os corpos sejam eletrizados, ou


seja, possuam diferentes números de elétrons e de prótons:

1.3 Eletrização

Todos os corpos podem ser eletrizados. Para um corpo ficar


eletrizado, é necessário que, ou tiremos elétrons dele, ou colo-
quemos elétrons nele. No primeiro caso, dizemos que o corpo
ficou eletrizado positivamente e, no segundo caso, ficou eletri-
zado negativamente.

Os fenômenos de eletrização estão presentes diariamente


em nossa vida. É devido à eletrização dos eletrodomésticos
que se aconselha ligar um “fio terra” para descarregar a eletri-
cidade que se acumula nos mesmos. Pelo fato da eletricidade
Capítulo 1   Eletrostática   7

gerada pelos processos de eletrização não ter correntes elétri-


cas, ela é chamada de eletricidade estática.

Em dias muito secos, é comum as pessoas apertarem as


mãos e levarem choques elétricos mutuamente.

Também, em dias secos, principalmente nos dias frios, é


comum, ao tirarmos a roupa, ouvirmos estalidos e sentirmos o
corpo eletrizado. Isso se deve à eletrização de nossas roupas e
do nosso corpo devido ao atrito mútuo.

A umidade do ar prejudica muito a possibilidade de se ele-


trizar um corpo. A água é uma substância polar, fazendo a umi-
dade ser atraída por superfícies eletrizadas, neutralizando-as.

1.3.1 Atrito
Tirar elétrons e colocar elétrons em um corpo é algo relati-
vamente fácil. Fazemos isso a todo instante. Quando roçamos
nosso corpo em nossas roupas, estamos eletrizando a nós e a
nossas roupas respectivamente. De uma maneira geral, para
eletrizarmos dois corpos de naturezas diferentes, basta esfregar-
mos um no outro (e não é preciso muita força!). Corpos de mes-
ma natureza não se eletrizam dessa maneira. A essa forma de
eletrização, em que arrancamos ou doamos elétrons atritando
um corpo com outro, denominamos de eletrização por atrito. A
eletrização por atrito também é chamada de triboeletricidade.

Não é muito fácil saber, em uma eletrização por atrito, quem


doa elétrons e quem recebe elétrons. Somente com algumas
atividades experimentais específicas podemos saber com que
“carga” elétrica fica um corpo ou outro. Alguns experimentos
8   Física

já determinaram uma ordem de triboeletrização entre algumas


substâncias, e com essas substâncias constituiu-se a série tribo-
elétrica, que apresentamos na tabela abaixo:

Vidro
Marfim

Madeira
Papel
Seda
Enxofre

Tabela 1-01:   Série Triboelétrica

Nessa tabela, a substância “de cima”, quando atritada com


a substância “de baixo”, cede elétrons e fica positiva; da mes-
ma maneira, a substância “de baixo” recebe elétrons e fica
negativa. Por exemplo, se atritarmos vidro na lã, o vidro fica
positivo e a lã fica negativa; se atritarmos a lã na seda, a lã
fica positiva e a seda fica negativa, e assim por diante.

Por atrito, duas substâncias diferentes, inicialmente neu-


tras, ficam eletrizadas com cargas de mesmo módulo e de
sinais diferentes.

1.3.2 Indução
Uma vez que tenhamos um corpo previamente eletrizado, este
pode se aproximar de um outro, neutro, e eletrizá-lo por influên-
cia. Essa influência pode ser uma indução ou uma polarização.
Capítulo 1 Eletrostática 9

Teremos indução, quando influenciamos um objeto metá-


lico. Se o corpo previamente eletrizado, que chamaremos de
indutor, estiver positivo, ao se aproximar de um objeto metá-
lico neutro, o induzido, os elétrons-livres deste serão atraídos
para a extremidade mais próxima ao corpo positivo, dividindo,
então, as cargas do corpo neutro, ficando um lado positivo e
outro negativo. Ver diagrama.

Figura 1-02: Indução, indutor positivo.

Uma vez que afastemos novamente o indutor, tudo volta ao


normal no induzido, ficando este novamente com carga total nula.

Se o indutor estiver negativo, ao se aproximar do induzi-


do, os elétrons-livres deste serão repelidos para a extremida-
de oposta ao corpo negativo, dividindo, então, as cargas do
corpo neutro, ficando um lado positivo e outro negativo. Ver
diagrama.

Figura 1-03: Indução, indutor negativo.


10   Física

Uma vez que afastemos novamente o indutor, tudo volta ao


normal no induzido, ficando este novamente com carga total nula.

Então, para que o induzido fique eletricamente carregado,


é necessário ligá-lo a um Terra (corpo de massa maior, que
pode receber ou doar elétrons, e que, na maioria das vezes,
é a própria Terra); por um fio metálico, essa transferência é
instantânea. Portanto, logo em seguida, pode-se desfazer a
ligação. No caso do indutor negativo, os elétrons do induzido
por ele são repelidos, por ele, descendo pelo fio até o Terra.
Quando se desfizer o contato, ele ficará carregado positiva-
mente, pois os elétrons que foram para o Terra, não terão
como retornar.

Figura 1-04:   Eletrização por indução, com indutor negativo.

Sendo o indtutor positivo, o processo é o contrário, irão su-


bir elétrons do Terra para o induzido, neutralizando os prótons
que foram repelidos. Após cortar o fio condutor, eles não têm
como retornar. Assim, o número de elétrons fica maior que o
de prótons, ficando o induzido eletricamente negativo.
Capítulo 1 Eletrostática 11

Após a indução com o Terra, o induzido fica eletrizado com


carga de sinal oposto ao indutor.

1.3.2.1 Polarização
Teremos polarização quando o induzido não for um objeto
metálico, mas um dielétrico qualquer. Nesse caso, não existem
elétrons-livres para se movimentarem para as extremidades do
corpo. As moléculas polarizadas da superfície do induzido é que
se orientam sob influência da carga elétrica do indutor, torcen-
do-se e mostrando a carga de sinal contrário. Ver diagrama.

Figura 1-05 (a): Polarização, indutor positivo.

Figura 1-05 (b): Polarização, indutor negativo.


12   Física

1.3.3 Contato
Quando o indutor encostar tocar no induzido, teremos o
que denominamos de eletrização por contato. Nessa situação,
ao se encostarem, indutor e induzido, haverá uma redistribui-
ção de cargas nos dois entes. Como consequência, o induzido
ficará com a mesma carga do indutor.

Por exemplo, se o indutor for positivo e este tocar no in-


duzido, este último ficará também positivo. Se o indutor for
negativo e encostar no induzido, este ficará também negativo.

Geralmente, para efeitos práticos, consideram-se os cor-


pos envolvidos como esferas metálicas idênticas. Esferas para
ter uma distribuição uniforme de cargas metálicas para poder
conduzir cargas elétricas e idênticas para ter a mesma quanti-
dade de cargas.

Considere duas esferas metálicas idênticas A e B, com car-


gas QA e QB , respectivamente. Antes do contato, a carga total
do sistema é:

QTOTAL = QA + QB

E, após o contato, também será: Q TOTAL = Q A + Q B, mas


com

QA + QB
Q A = QB =
2
Capítulo 1   Eletrostática   13

Exercícios

Exercícios sobre Eletrostática

1.
Determine a carga elétrica da eletrosfera do átomo de
chumbo ionizado positivamente com carga +4, sabendo
que ele tem 82 prótons e 126 nêutrons.

2. Qual a carga do núcleo do átomo do problema anterior?

3. Qual a carga elétrica do átomo do problema anterior?

4. Um corpo está eletrizado com carga 7,2.10-7 C. Determine


quantos (elétrons; prótons) esse átomo (perdeu; ganhou).

5. Um corpo recebeu 2,7 . 1018 elétrons. Determine a carga


elétrica desse corpo.
6. A carga elétrica de uma substância vale -2,144 . 10-6 C.
Determine o número de elétrons que essa substância (ga-
nhou; perdeu).

7. Uma esfera feita de zinco possui 7 . 1017 átomos. Sabendo


que cada um está ionizado com carga +2, determine a
carga elétrica da esfera.

8. Sabendo que a carga elétrica de um corpo vale 8 . 10-6 C,


que é formado de ferro e que existem 2,5 . 1013 átomos de
ferro nesse corpo, determine o número de prótons ou elé-
14   Física

trons em excesso em cada átomo de ferro (suponha todos


os átomos iguais).

9. Um corpo eletrizado apresenta um excesso de 1013 elétrons.


Determine o valor da carga elétrica desse corpo.

10. Um corpo é eletrizado, adquirindo uma carga elétrica po-


sitiva igual a 3,2 .10-5 C. Quantos elétrons o corpo perdeu
durante a eletrização?

11. Depois de eletrizado, um corpo apresenta uma carga elé-


trica negativa de 0,16 . 10-18 C. Quantos elétrons o corpo
(perdeu; ganhou) na eletrização?

12. Um corpo que recebeu 3,5 . 1013 elétrons deve adquirir


uma carga elétrica igual a:

13. Um objeto possui uma carga elétrica igual a 10,4 . 10-6


C. Sabendo que metade dos seus átomos estão eletrizados
com carga -4, determine o número total de átomos que
existe nesse objeto.

14. Determine o sinal da carga elétrica de 6 esferas A, B, C,


D, E e F, sabendo que: A atrai C; B repele D que atrai E; C
repele E que atrai F que está carregada positivamente.

15. De posse de 4 esferas M, N, P e Q, verifica-se que: A


esfera M atrai a esfera N que, por sua vez, repele P; A
esfera P atrai a esfera Q que está carregada positivamen-
Capítulo 1   Eletrostática   15

te. Com essas informações, determine o sinal da carga


elétrica das esferas.

16. Considere quatro objetos eletrizados X, Y, Z e K. Verifica-


-se que X repele Y e atrai Z. Por sua vez, Z repele K. Sa-
bendo que K está eletrizado positivamente, qual o sinal
da carga Y?

17. Tendo seis paralelepípedos eletricamente carregados, K,


H, B, I, X e A e, sabendo-se que: K repele I que atrai X; H
atrai B e repele A; B atrai I que está carregado com carga
positiva. Determine o sinal das cargas elétricas de cada
um dos outros paralelepípedos.

18. Duas folhas, de um mesmo tipo de papel são atritadas en-


tre si. Elas ficarão eletrizadas? E se atritarmos duas barras
de um mesmo plástico? Explique.

19. Levando em consideração que a tabela ao lado indica o


comportamento elétrico de duas substâncias ao serem atri-
tadas, ficando, sempre, a que está na parte superior ele-
trizada positivamente, indique as cargas das substâncias
abaixo, quando atritamos:
Plexiglass
a) lã com vidro; Vidro
Marfim
b) lã com seda; Lã
Madeira
c) madeira com papel;
Papel
d) madeira com vidro. Seda
Enxofre
16   Física

20. No processo de eletrização por atrito do vidro com a seda,


o número de elétrons em excesso na seda é maior, menor
ou igual ao número de prótons em excesso no vidro?

21. Um pedaço de marfim é atritado com uma folha de papel.


Qual será o sinal da carga elétrica que cada um adquire?
Qual deles perdeu elétrons?

22. Uma barra de plexiglass é atritada com um pedaço de lã e


uma pedra de enxofre é atritada com uma folha de papel.
A barra de plexiglass, após atritada, irá atrair ou repelir:
a) a folha de papel;

b) a pedra de enxofre.

23. Em dias secos, pode-se ouvir estalidos ao tirarmos uma


blusa de lã usada em contato direto com apele. Explique
por que isso acontece.

24. Para evitar a formação de centelhas elétricas, os cami-


nhões transportadores de gasolina costumam andar com
uma corrente metálica arrastando pelo chão ou próxima a
ele. Explique.

25. Porque uma pessoa segurando uma barra metálica não


consegue eletrizá-la por atrito?
Capítulo 1   Eletrostática   17

26. Uma barra eletrizada negativamente é colocada próxima


de um corpo metálico, como mostra a figura que segue.
Para onde se deslocam os elétrons livres desse corpo me-
tálico? Qual o sinal da carga que aparece em A? E em B?
Como se denomina essa separação de cargas que ocorre
no corpo metálico?

A B

27. Suponha agora que o corpo AB seja um dielétrico (isolan-


te), haverá movimento de elétrons livres no corpo AB? Des-
creva o que se passa no dielétrico e diga qual carga que
aparecerá em A e em B no processo. Como se denomina
esse fenômeno?
18   Física

28. Considere a figura abaixo. Suponha que afastássemos o


indutor (que está carregado positivamente) ou condutor
(que no início está neutro) antes de desfazermos a ligação
com a terra. O que ocorreria com os elétrons em excesso
no condutor PQ? O condutor PQ ficaria carregado positi-
vamente, negativamente ou neutro?

P Q
INDUTOR
+

CONDUTOR TERRA
OU
INDUZIDO

29. Três blocos metálicos, A, B e C encontram-se em contato


apoiados sobre uma mesa de material isolante. Dois bas-
tões, P1 e P2, eletrizados positivamente são colocados pró-
ximos às extremidades dos A e C, como mostra a figura
que segue. Uma pessoa (usando luvas isolantes) separa os
blocos entre si e, em seguida, afasta os bastões eletrizados.
Capítulo 1 Eletrostática 19

P1 + A B C + P2

isolante

a) Descreva o movimento dos elétrons livres nos blocos,


causado pela aproximação dos bastões P1 e P2.

b) Diga qual é o sinal da carga de cada bloco após se-


rem, separadas.

30. Um corpo eletrizado positivamente é aproximado da boli-


nha de um pêndulo elétrico. Se a bolinha for atraída pelo
corpo, podemos concluir que ela está........................... E
se ela for repelida?

31. Uma esfera metálica carregada, M, é aproximada de um


eletroscópio de folhas de alumínio, conforme o esquema
abaixo. A carcaça metálica R do eletroscópio está em con-
tato elétrico permanente com o solo.

M T
isolante

R
20   Física

Enquanto a esfera M estava muito afastada do eletroscó-


pio, estabeleceu-se um contato elétrico transitório entre T e R.
Qual a afirmação correta em relação a essa experiência?

a) As folhas só abrirão quando M tocar em T.

b) As folhas só abrirão quando M tocar em R.

c) As folhas só abrirão se o contato entre T e R for mantido


permanentemente.

d) As folhas só abrirão se a carcaça R receber uma carga


de mesmo valor, mas de sinal oposto os de M.

e) As folhas abrirão à medida que M vai se aproximando


de T.
Capítulo 1   Eletrostática   21

Gabarito
1. 1. q = - 1,248 . 10-17 C 2. q = 1,312 . 10-17 C

3. q = 6,4 . 10-19 C 4. elétron ; perdeu N = 4,5 . 1012 é

5. q = 0,432 C 6. ganhou ; N = -1,34 . 1013 é

7. q = 0,224 C 8. x = + 2 prótons em excesso

9. q = 1,6 . 10-6 C 10. N = 2 . 1014 e

11. 1 é ; ganhou 12. 5,6 µC

13. 1,625 . 1013 átomos 14. A+ ; B+ ; C- ; D+ ; E- ; F+

15. M + ; N - ; P - ; Q + 16. Y -

18. Não. O tamanho das moléculas deve ser


17. K+ , H+ ; B- ; I+ ; X- ; A+
diferente

19. a) - + ; b) + - ; c) + - ; d) - 20. Igual

21. Marfim 22. a) repele ; b) atrai

23. São elétrons retornando ao lugar original 24. Aterramento da carroceria


25. Dois condutores trocam elétrons
26. Para B, + , - , livres ; indução
permanentemente
27. Não. Reorganização das moléculas. A + 28. Retornariam ao terra
; B - ; Polarização. Neutro.

29. A - ; B + ; C – 30. Negativa ou neutra ; +

31. e
22   Física

Bibliografia

GOMES, Luis Carlos, ‘Apostila de aula’, CMPA, RS, 2005.

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

BASSALO, José Maria Filardo. Crônicas da Física. Tomo I. Be-


lém: Universidade Federal do Pará, 1987.

HALIDAY, D.,RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Física,


Volume 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Cien-
tíficos Editora S.A., 7ª edição, 2004.

TIPLER, P. A., MOSCA, G., Física para Cientistas e Engenhei-


ros. Volume 3. Rio de janeiro, LTC,6ª ed., 2008.

SEARS, F.W., ZEMANSKY, M.W., YOUNG, H.D., FREEDMAN,


R.A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10ª edição,
2003.

JEWETT, J.W.JR.,SERWAY, R. A. Física para Cientistas e Enge-


nheiros. Volume 3. São Paulo, Cenage Learning, 8ª edição
2011.

KELLER, F, J., GETTYS, W, E. ,SKOVE, M. J. Física. Volume 3.


São Paulo, Markon Books.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 2

Eletrostática 2
24   Física

2.1 Força Elétrica

A interação entre cargas elétricas de atração ou de repulsão se


dá por meio de uma força de origem elétrica, Charles Augus-
tin Coulomb (1736-1806), realizou inúmeras experiências nas
quais identificou os fatores que influenciam a força elétrica (Fe)
ou (F) entre duas cargas.

Figura 2-01:  Força elétrica de atração e de repulsão.

Coulomb concluiu que o módulo da força era:

a) O módulo é diretamente proporcional ao produto dos


módulos entre as duas cargas.

b) O módulo é inversamente proporcional ao quadrado da


distância entre elas.
Capítulo 2   Eletrostática 2   25

Assim, tem-se:

Onde , indica uma proporcionalidade.

Matematicamente, para ter-se uma equação no lugar de


uma proporção, é necessário inserir uma constante.

Então a constante determinada por Coulomb, tem a ver


com o meio no qual as cargas estão inseridas. Como a con-
centração de partículas do meio pode alterar o módulo da
força, o meio escolhido por Coulomb, foi o vácuo, onde a
constante elétrica desse meio é K0.

Sendo K0 a constante elétrica do vácuo e tem módulo

, o que equivale a

, onde corresponde à permissividade

elétrica do vácuo e tem módulo:


26   Física

Como força é uma grandeza vetorial, tem-se que:

ou

O vetor força entre as cargas Q1 e Q2 tem o mesmo módulo


e unidade, a direção é da reta que une as duas cargas. O
sentido será sempre contrário. E é aplicada em corpos diferen-
tes, a carga Q1 exerce força sobre a carga Q2 , e a carga Q2
exerce uma força igual sobre a carga Q1 .

Quando se tem um sistema com mais de duas cargas, de-


ve-se fazer vetorialmente a força resultante entre elas.

ÂÂExemplo 2-01:

Determine a força resultante sobre a carga Q3 , sendo Q1 =


3µC, Q2 = 4µC e Q3 = – 1µC , quando separadas no vácuo, as
distâncias indicadas abaixo:

Q1 30 cm
Q3 20 cm Q2
Capítulo 2   Eletrostática 2   27

A força resultante sobre a carga Q3 é:

ÂÂExemplo 2-02:

Na questão anterior, determine a força resultante sobre Q1:

ÂÂExemplo 2-03:

Na questão anterior, determine a força resultante sobre Q2:


28   Física

O gráfico da força em função da distância é um ramo de


parábola, pois, conforme a distância entre as cargas aumenta,
a força e tende a ‘zero’.

Gráfico 2-01:   Força elétrica em função da distância.

2.2 Campo Elétrico

O conceito de campo elétrico é abrangente e determina uma


região no espaço onde uma carga exerce uma interação elé-
trica com outra.

Chama-se uma carga de carga 'Q' e a outra carga de teste


'q' ou, às vezes, de puntiforme, pois o |Q| >>|q|. Portanto, ao
posicionar uma carga 'q' de uma carga 'Q' , e esta sofrer al-
guma ação elétrica (atração ou repulsão), pode-se concluir
Capítulo 2   Eletrostática 2   29

que a carga 'q' está ao alcance da carga criadora 'Q' por-


tanto, está dentro da região de campo elétrico gerado pela
carga criadora.

Campo elétrico é uma grandeza vetorial, denomina-se ve-


tor campo elétrico E, cujo módulo pode ser expresso por:

Onde F, representa a força elétrica entre as duas cargas.


Sua unidade é , e, como a força é dada pela lei de Coulomb,
tem-se:

Assim, o E, é diretamente proporcional ao módulo 'Q' e in-


versamente proporcional a quadrado da distancia entre elas.
Como a carga teste não interfere no módulo do E, define-se
o seu sentido em função do sinal da carga criadora.

Q > 0 → Afastamento

Q < 0 → Aproximação

Sendo sua direção a da reta que as une. A representação


do vetor E se dá por linhas de força, que são linhas imaginá-
rias que saem de uma carga positiva e entram em uma carga
negativa. São linhas abertas que nunca se cruzam e quanto
30   Física

mais próximas, mais intenso é o módulo de E. Sendo o E tan-


gente às linhas em qualquer posição.

Q > 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q > 0 (E → F →)

Q > 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q > 0 (E → F →)

Q < 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q > 0 (E → F →)

Q < 0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - q < 0 (E → F →)

A representação do E, para cargas puntiformes, positiva


ou negativa, tem um formato radial.

+ -

Figura 2-02:   Sentido do campo elétrico gerado por cargas.

A representação do E, para placas uniformemente carre-


gadas com sinais opostos.
Capítulo 2   Eletrostática 2   31

++++++++ +

---------

Figura 2-03:  Campo elétrico entre duas placas carregadas com cargas
de sinais opostos.

Sendo as placas de mesmo sinal, as linhas de força seriam


de repulsão.

ÂÂExemplo 2-04:

Quais as características do campo elétrico gerado por uma


carga Q = 4µC, em um ponto ‘p’ situado a 30 cm da mesma,
no vácuo?

Q 30 cm p
32   Física

Havendo duas ou mais cargas criadoras, determina-se o


módulo resultante do E, seguindo-se as regras de operações
com vetores.

ÂÂExemplo 2-05:

Determine o campo resultante em um ponto 'p' situado en-


tre duas cargas Q1 = 3µC , Q2 = 1µC, quando separadas no
vácuo as distâncias indicadas abaixo:

Q 3 cm
p 2 cm
Q2

Considerando-se um condutor eletricamente carregado, o


campo elétrico gerado existe a partir da sua superfície, sendo
nulo no seu interior.
Capítulo 2   Eletrostática 2   33

Exercícios - I

1. Considere duas cargas positivas, q1 e q2, sendo q1 maior


do que q2. Para que uma terceira carga q fique em equilí-
brio quando colocada sobre a linha que una q1 e q2, sua
posição deverá ser:
a) entre q1 e q2, mais próxima de q1 se q for positiva;

b) à esquerda de q1 se q for negativa;

c) entre q1 e q2, mais próxima de q2 se q for positiva;

d) entre q1 e q2, mais próxima de q1 se q for negativa.

+ +
q1 q2

2. Observe o desenho que segue e indique para cada situação


proposta, o que acontece:
a) Qual o novo módulo da força F se a distância entre as
cargas aumentasse para 6 m?

b) Qual o novo módulo da foça F se q1 duplicasse e q2


quadruplicasse?

c) Qual o novo módulo da força F se q1 duplicasse, q2 octu-


plicasse e a distância entre as cargas aumentasse para 9 m?

d) Qual o novo módulo da força F se a distância aumen-


tasse para 27 m sem alterarmos o valor inicial das cargas?
F F = 24N

3m
34   Física

3. Duas cargas elétricas com valores respectivamente iguais


a q1 = 2 µC e q2 = 3 µC são colocadas no vácuo e es-
tão separadas por uma distância de 2 cm uma da outra.
Sabendo que a força que surge entre elas é de repulsão e
com intensidade de 135 N, determine o valor da constante
elétrica “k” da expressão geral da lei de Coulomb.

4. Duas esferas metálicas, uma com carga de 0,2 µC e outra


com carga de – 0,1 µC, estão colocadas no vácuo e afas-
tadas de 10 cm uma da outra.
a) calcule a força entre elas;

b) se as duas esferas forem colocadas em contato e separa-


das novamente por 10 cm, qual será o novo valor da força
entre elas? Será uma força de atração ou repulsão?

5. Uma carga pontual positiva, q1 = 0,23 µC é colocada a


uma distância r = 3 cm de outra carga pontual negativa
q2 = – 0,6 µC.
a) supondo que as carga estejam no vácuo, calcule o valor
da força que as carga exercem entre si;

b) o valor da força que a carga q1 exerce sobre q2 é maior,


menor ou igual à força que q2 exerce sobre q1?

c) se multiplicássemos a carga q1 por 4 e dividíssemos q2


por 2, o que aconteceria com a força?
Capítulo 2   Eletrostática 2   35

d) considerando que os valores de q1 e de q2 não tivessem


sidos alterados, mas que a distância entre as cargas fosse
duplicada, qual seria o novo valor da força?

e) se essas cargas estivessem mergulhadas em óleo, qual


seria o módulo da força entre elas?

6. Duas cargas elétricas pontuais estão separadas por uma


distância de 15 cm. Altera-se a distância entre essas cargas
até que a força elétrica entre elas se torne 25 vezes maior:
a) A distância entre as cargas foi aumentada ou diminuída?

b) Qual o novo valor da distância entre elas?

7. Colocam-se no vácuo duas cargas elétricas pontuais iguais


a uma distância de 2 cm uma da outra. A intensidade da
força de repulsão entre elas é de 202,5 N. Determine o
valor das cargas.

8. Duas cargas elétricas (q1 e q2) se atraem com uma força F.


Para quadruplicar a força entre as cargas, é necessário:
a) duplicar a distância entre as cargas;

b) quadruplicar a distância entre as cargas;

c) dividir por dois a distância entre as cargas;

d) dividir por quatro a distância das cargas;

e) duplicar o valor de q1 ou de q2.


36   Física

9. Duas cargas q e Q atraem-se com força F. Dobrando-se a


distância r entre ambas, a força de atração será:

a) F/2

b) F/4

c) 4.F

d) 2.F

e) F

10. Duas esferas metálicas pequenas A e B, de massas iguais,


suspensas por fios isolantes conforme indica a figura, são
carregadas com cargas elétricas positivas que valem res-
pectivamente Q na esfera A e 2.Q na esfera B. Sendo F1 a
força exercida por A sobre B e F2 a força elétrica exercida
por B sobre A, pode-se afirmar que:
a) F1 = F2

b) F1 = 2.F2

c) F1 = ½.F2

d) F1 = 4.F2

e) F1 = ¼.F2
Capítulo 2   Eletrostática 2   37

11. Determine a força elétrica que surge quando duas cargas


elétricas de 7 µC e outra de 3,6 µC são colocadas a 2 cm
de distância uma da outra.

12. Uma carga elétrica igual a 2,5 µC é colocada a 5 cm de


distância de uma outra carga Q. Determine o valor de Q
sabendo que a força que surge entre elas é igual a 37,8 N.

13. Se uma força de repulsão igual a 9 430 N aparece quan-


do colocamos uma carga elétrica igual a 4,1 µC a 3 mm
de uma outra carga, calcule o valor da carga.

14. Quando duas cargas iguais a 8,6 µC e – 5 µC, respec-


tivamente, são colocadas próximas uma da outra, surge
uma força elétrica de atração igual a 430 N. Determine a
distância em que essas cargas foram colocadas.

15. Um corpo com excesso de 3,125 . 1013 elétrons é colo-


cado a uma distância de um outro objeto com excesso de
2,5 . 1013 prótons. Nesse instante, surge uma força elé-
trica de (atração; repulsão) entre eles com intensidade de
450 N. Determine a distância (r) entre esses corpos.

Gabarito 5. a) F = 1,38 N 9. b
1. c b) igual 10. a
2. a) F = 6 N c) F = 2,76 N 11. F = 567 N
b) F = 192 N d) F = 0,345 N 12. q = 4,2 µC
c) F = 42,67 N e) F = 0,3 N 13. q = 2,3 µC
d) F = 0,29 N 6. a) diminui 14. r = 3 cm
3 . k = 9.109 b) 3 cm 15. r = 2 cm ; atração
4. a) F = 0,018 N 7. q = 3 . 10-6 C
b) F = 2,25 . 10-3 N 8. c
38   Física

Exercícios - II

1. Uma carga elétrica puntiforme q é colocada em um ponto P


de um campo elétrico E. Pode-se afirmar que:
a) A intensidade do vetor campo elétrico em P depende do
módulo da carga puntiforme aí colocada.

b) O vetor campo elétrico em P tem sentido que depende


do sinal de q.

c O vetor campo elétrico em P tem mesma direção e senti-


do da força, que aplica em q > 0.

d) O vetor campo elétrico em P tem sentido oposto ao da


força, que aplica em q > 0.

e) Nada do que se afirmou é correto.

2. Em um ponto do espaço, o vetor campo elétrico tem in-


tensidade 3,6 x 103 N/C. Uma carga puntiforme de 1,0 x
10–5 C colocada nesse ponto sofre a ação de uma força
elétrica. Calcule a intensidade da força.

3. Determine a intensidade do vetor campo elétrico originado


por uma carga puntiforme fixa Q = 10µC, em um ponto P
no vácuo distante 10 cm da carga.

4. Duas cargas elétricas puntiformes Q1 = 16µC e Q2 = –


9µC estão separadas por uma distância de 7 m, no vácuo,
onde k = 9 x 109 N.m2/C2. Calcule o módulo do vetor
Capítulo 2   Eletrostática 2   39

campo elétrico resultante em um ponto P da reta que pas-


sa pelas cargas, a 4 m da carga Q1 e 3 m da carga Q2.

5. Um elétron é abandonado em repouso em um ponto P de


um campo elétrico uniforme. O elétron adquire:
a) Movimento retilíneo uniforme.

b) Movimento retilíneo uniformemente acelerado.

c) Movimento retilíneo uniformemente retardado.

d) Movimento circular uniforme.

e) Fica parado.

6. Considere as afirmações:

I – O campo elétrico no interior de um condutor es-


férico eletrizado, seja maciço ou oco, é nulo.

II – Na superfície de um condutor eletrizado em


equilíbrio, o campo elétrico é normal à superfície.

III – O campo elétrico originado por um condutor es-


férico de raio R eletrizado com carga Q, em pontos
externos à esfera, é calculado considerando que Q
seja puntiforme e concentrada no centro da esfera.

a) Só a I é correta.

b) Só a II é correta.

c) Só a III é correta.
40   Física

d) Todas são corretas.

e) Todas estão corretas.

7. Uma esfera metálica oca de raio R = 5,0 cm foi eletrizada


com a carga de 3,0 x 10–7 C. Calcule as intensidades dos
vetores campo elétrico nos pontos situados a 1,0 cm e
10,0 cm do centro da esfera. k = 9 x 109 N.m2/C2.

Gabarito
1. c
2. 3,6 . 10–2 N
3. 9 . 106 N/C
4. 1,8 . 104 N/C
5. b
6. d
7. E1 = 0 ; E2 = 2,7 . 105 N/C
8. 2,7 x 10–2 J
Capítulo 2 2   41
41   Física
  Eletrostática

Bibliografia

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2 e 4,


Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição, 2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.

CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja-


neiro: Reichmann & Af­fonso Ed., 2001.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 3

Eletrodinâmica I
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   43

3. 1 Histórico

Por muito tempo a ciência procurou construir um modelo úni-


co e uniforme que explicasse todos os fenômenos da nature-
za. Cada tentativa nesse sentido, porém, era desmentida por
uma série de fenômenos que não se "sujeitavam" a uma única
explicação. Assim, proliferavam inúmeras teorias sobre "subs-
tâncias" e "fluidos", que procuravam dar conta de fenômenos
particulares. Esse foi o caso dos "fluidos magnéticos", uma
misteriosa entidade que explicaria o magnetismo avesso aos
modelos físicos até então predominantes. A tarefa de desmis-
tificá-los integrando o magnetismo aos fenômenos eletrodinâ-
micos, caberia, entre outros, ao francês Ampère e ao alemão
Ohm, que, além disso, estabeleceriam unidades de medidas
das correntes elétricas.

Filho de um abastado comerciante de seda, André Marie


Ampère nasceu em 1775, dominou vastas áreas do conheci-
mento humano, sobretudo a matemática e a filosofia raciona-
lista de Descartes e dos enciclopedistas de sua época.

Em 1793, durante a chamada Época do Terror, o pai de


André Marie foi guilhotinado pelo governo revolucionário, e
o jovem passou a dar aulas particulares para manter-se. De
1801 a 1803, ocupou a cátedra de física em Bourg-en-Bresse.
Desse período, data sua primeira obra publicada, Considera-
ções sobre a Teoria Matemática do Jogo, que lhe abriria as
portas para cargos cada vez mais relevantes. Foi professor de
matemática em Lyon, instrutor (e posteriormente professor) de
análise matemática na Escola Politécnica de Paris, inspetor ge-
44   Física

ral da Universidade de Paris e professor de filosofia da Facul-


dade de Letras, muitas vezes, acumulando cargos.

Em 1814, ano em que publicava Memórias sobre a Inte-


gração das Equações de Derivadas Parciais, foi eleito membro
da Academia de Ciências.

Foi na academia que Ampère, em 1820, apresentou os


primeiros trabalhos sobre o que chamaria eletrodinâmica, um
novo ramo da física. Tais estudos inspiravam-se nas pesquisas
do dinamarquês Hans Christian Oersted, e demonstravam ex-
perimentalmente que as correntes elétricas se atraem ou se re-
pelem mutuamente, como no fenômeno do magnetismo. Este,
em suma, era de natureza idêntica à eletricidade e não era
provocado por algo como "fluidos magnéticos".

Inicialmente, Ampère explicou essa identidade entre a ele-


tricidade e o magnetismo a partir da hipótese de que havia
correntes elétricas na superfície dos ímãs. Mais tarde, sob a
orientação de Jean Fresnel (1788-1827), abandonou essa
concepção, a favor da hipótese de que tais correntes se situ-
ariam não na superfície do ímã, mas em torno de cada uma
de suas moléculas. Embora violentamente atacada na época,
essa hipótese abriria caminho para a elaboração, nas primei-
ras décadas do século XX, da moderna teoria eletrodinâmica,
que estabelece a identidade entre a eletricidade e o magnetis-
mo ao nível dos elétrons.

As experiências de Ampère baseavam-se em aparelhagens


simples. Por exemplo, ele construiu um dispositivo de apenas
dois condutores elétricos paralelos, um fixo e outro móvel em
torno de um eixo. Assim, pôde constatar a criação de um cam-
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   45

po magnético entre os condutores, quando estes eram atra-


vessados pela corrente elétrica, o que era evidenciado pelo
movimento de atração ou de repulsão do condutor móvel.

Dessas observações, resultariam os quatro importantes


princípios do eletromagnetismo, formulados por Ampère:

ÂÂAs ações de uma corrente ficam invertidas quando se


inverte o sentido dela.

ÂÂAs ações exercidas sobre um condutor móvel por dois


outros fixos, situados a igual distância em relação ao
primeiro, são iguais.

ÂÂA ação de um circuito fechado, ou de um conjunto de


circuitos fechados, sobre um elemento infinitésimo de
uma corrente elétrica é perpendicular a esse mesmo ele-
mento.

ÂÂCom intensidades constantes, as interações de dois ele-


mentos de corrente não mudam quando suas dimensões
lineares e suas distâncias são modificadas em uma mes-
ma proporção.

A partir dessas experiências, Ampère calculou a relação


entre a força magnética e a intensidade da corrente elétrica,
pela mensuração da distância entre os dois condutores (fixo e
móvel) quando percorridos por eletricidade.

Com esse cálculo, tornou-se possível quantificar a intensi-


dade da corrente elétrica, isto é, medir o fluxo de uma determi-
nada quantidade de eletricidade em uma unidade de tempo.
Em homenagem ao seu formulador, a unidade dessa medida
46   Física

de intensidade da corrente elétrica receberia o nome de am-


père, cujo símbolo é A. Define-se ampère como o equivalente
a 1 coulomb (6,28x 1018 elétrons) por segundo.

As conclusões de Ampère sobre a eletrodinâmica – apre-


sentadas em várias sessões da Academia de Ciências – foram
sistematizadas em Teoria Matemática dos Fenômenos Eletrodi-
nâmicos, Deduzida Unicamente da Experiência, que publicou
em 1827. Além desses estudos, Ampère também realizou inú-
meras pesquisas sobre mecânica, matemática, geometria, óp-
tica, e assim por diante. Nos últimos anos de sua vida, também
passou a se dedicar à filosofia e, sob a influência da leitura do
filósofo alemão Immanuel Kant, desenvolveu uma classifica-
ção do conhecimento humano, de que resultaria Ensaio sobre
a Filosofia das Ciências, publicado em 1834, dois anos antes
de sua morte.

Em suas pesquisas que conduziram à quantificação da in-


tensidade da corrente elétrica, Ampère também elaborou a
distinção entre esse conceito e o da tensão elétrica (que po-
pularmente é denominada "voltagem"). Apesar disso, e devido
à insuficiência de instrumentos disponíveis, ele não chegou a
estabelecer a relação entre esses dois conceitos – o que ca-
beria ao físico alemão Ohm.

George Simon Ohm nasceu em Erlangen, Alemanha, em


1787. Filho de um próspero serralheiro que gostava de mate-
mática, logo se revelou um habilidoso pesquisador, realizan-
do experiências com instrumentos que ele próprio fabricava.
Depois de estudar na Universidade de Erlangen, em 1817,
passou a lecionar matemática e física no Colégio Jesuíta de
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   47

Colônia. Em 1827, publicou Teoria Matemática das Correntes


Elétricas, mas o trabalho foi recebido com tanta frieza que ele
se demitiu do colégio. A partir de 1833, no entanto, passou a
ensinar na Escola Politécnica de Nuremberg.

O reconhecimento de sua obra começaria a vir da Ingla-


terra, quando a Sociedade Real de Londres lhe outorgou uma
medalha (1841). Em 1849 foi-lhe confiada a cadeira de física
experimental da Universidade de Munique, que ocuparia até a
morte, em 1854.

Em suas experiências, Ohm procurou analisar a possível


relação entre a intensidade e a tensão de uma corrente elétri-
ca que atravessa um condutor. Verificou que a intensidade da
corrente elétrica, medida em ampères, e a diferença de poten-
cial (ou tensão), medida em volts, estão relacionadas segundo
uma proporção constante. Essa proporção denomina-se resis-
tência elétrica.

Durante muito tempo, as pesquisas sobre a eletricidade e o


magnetismo desenvolveram-se de modo paralelo, sem nenhu-
ma relação entre si. Segundo o modelo da estática newtonia-
na, era impossível a relação entre esses dois fenômenos. Em
1820, porém, uma simples experiência, idealizada pelo físico
dinamarquês Hans Christian Oersted, demonstraria a possibi-
lidade de interligar os dois fenômenos: segundo suas próprias
palavras, ele estendeu "uma porção retilínea de um fio (percor-
rido por uma corrente produzida por uma pilha) acima de uma
agulha imantada e paralelamente à sua direção". Percebeu
então que "a agulha sai de sua posição, o polo que se acha
sob a parte do fio conjuntivo mais próxima do polo negativo
48   Física

do aparelho galvânico desvia-se para oeste... Se o fio estiver


disposto horizontalmente debaixo da agulha, os efeitos serão
os mesmos, a menos que sejam de sentido contrário".

Comunicadas no mesmo ano na Academia de Ciências


de Paris, tais conclusões foram recebidas com ceticismo. Elas,
no entanto, serviram de inspiração para as investigações de
Ampère, que anunciaria, tempos depois, conclusões idênticas
para o mesmo público.

3.2 Corrente Elétrica (I)

É definida como o fluxo orientado de elétrons livres em um


condutor. Em outras palavras, é a quantidade de carga que
atravessa a área da secção transversal do condutor em um
intervalo de tempo.

Q
I = lim
∆t → 0 ∆t
Q
I=
∆t
1C
A unidade da corrente elétrica é Ampère ( 1 A = )
1s
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   49

e–
e–
A
e–
e–

Figura 3-01-   Fluxo de elétrons.

Essa organização do movimento dos elétrons se deve à


aplicação de uma DIFERENÇA DE POTENCIAL, nas extremi-
dades do condutor.

DDP, significa a energia que cada carga deve receber


para realizar um trabalho, ou seja, um deslocamento dentro
de um condutor.

DDP é medida em VOLTS (V), e também conhecida como


tensão ou voltagem. O seu símbolo é U.

1J
1V =
1C

3.3 Resistência Elétrica (R)

Representa a oposição à passagem dos elétrons pela estrutura


da rede cristalina dos elétrons do material.
50   Física

Ou seja, é a dificuldade encontrada pelas partículas (e-),


para atravessarem um condutor. Quanto maior a dificuldade,
mais energia eles perdem.

A resistência pode ser defina pela razão entre DDP aplica-


da e a corrente elétrica gerada.

U
R=
I
Isso significa que a intensidade da corrente aumenta con-
forme a voltagem se eleva, mas diminui quando a resistência
aumenta de valor.

Seus valores são expressos em ohms, unidade de medida


de resistência, assim denominada em homenagem ao cientista
alemão. Então a unidade de resistência é o OHM (Ω), que
significa 1V .
1A
A resistência pode ser determinada levando-se em conside-
ração as características do condutor, como área (A), compri-
mento (L) e tipo de material (ρ).

L
R= ρ
A
Onde: L é o comprimento do condutor, A a área de sua
seção transversal (a "espessura") e ρ, a sua resistividade, isto
é, a resistência apresentada por unidade métrica do material
de que o condutor é feito. Cada material possui um determi-
nado valor de resistividade, e essa propriedade passou a ser
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   51

aplicada posteriormente na criação dos dispositivos chamados


resistências, usados em aparelhos como chuveiros e ferros de
passar elétricos

3.4 Potência Elétrica

Uma grandeza muito importante em eletricidade é a potência


elétrica, que representa a energia perdida pelos elétrons ao
passarem por uma resistência em função do tempo.

ENERGIA
P= P = UI = U² = RI²
TEMPO R

A unidade de potência é o W (watt), 1W = IJ


1s
Em eletricidade, é muito usual trabalhar o tempo em horas
e a potência em kW (quilowatts), com isso, a energia elétrica
pode ser medida em kWh.

1kWh = 3.6x106J

Exercícios

1. Um ferro de soldar tem potência de 120 W, dimensionado


para trabalhar ligado a uma fonte de 240 V. Se quisermos
52   Física

ligar um fusível de proteção ao ferro de soldar, dentre os


valores abaixo, devemos escolher o de:
a) 0,1 A

b) 0,5 A

c) 1,0 A

d) 5,0 A

e) 13,0 A

2. Um chuveiro elétrico, ligado em 120 V, é percorrido por uma


corrente elétrica de 10 A durante 10 min. Quantas horas
levaria uma lâmpada de 40 W, ligada nessa rede, para
consumir a mesma energia elétrica que foi consumida pelo
chuveiro?
a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

3. Um chuveiro elétrico de resistência R = 10Ω foi construído


para trabalhar sob tensão de 110 V. Para adaptá-lo ao uso
em 220 V, mantendo a mesma potência para aquecimento
da água, deve-se substituir a resistência R por outra de:
a) 40,0 Ω
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   53

b) 20,0 Ω

c) 5,0 Ω

d) 4,0 Ω

e) 2,5 Ω

4. O quilowatt-hora tem dimensão de:


a) potência elétrica

b) quantidade de eletricidade

c) potencial elétrico

d) campo elétrico

e) energia

5. A potência dissipada para um determinado chuveiro elétrico


é da ordem de 5 000 W. Se forem cobrados R$ 0,40 pelo
consumo de 1 kW.h, qual seria o custo aproximado de um
banho quente de 15 min desse chuveiro?
a) R$ 2,00

b) R$ 1,50

c) R$ 0,25

d) R$ 0,50

e) R$ 0,05
54   Física

6. Um chuveiro elétrico é construído para a tensão de 220 V,


consumindo então potência de 2,0 kW. Por engano, sub-
mete-se o chuveiro à tensão igual a 110 V. Admitindo que
a resistência elétrica do chuveiro permaneça invariável, a
potência que ele dissipa passa a ser:
a) 0,50 kW

b) 1,00 kW

c) 2,00 kW

d) zero

e) N.R.A.

7. Um fio de secção transversal constante, feito de determinado


material, tem 10,0 km de comprimento e 50,0 mm² de
secção transversal. Sua resistência é de 4,0 Ω. Qual é
o valor, em Ω.m, da resistividade elétrica do material do
qual é feito o fio?
a) 2,0 . 101

b) 2,0 . 10-2

c) 2,0 . 10-5

d) 2,0 . 10-8

e) 2,0 . 10-12

8. Um fio de ferro homogêneo, de 2 m de comprimento, tem


área de secção transversal de 20 cm². Sabendo que a sua
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   55

resistividade ρ é de 1,7 . 10-8 Ω.m, o valor da resistência


do fio, em Ω, é de:
a) 2 .10-8

b) b) 1,7 . 10-8

c) c)1,7 . 10-7

d) 2,0 . 10-5

e) e) 4 . 10-3

9. As características de um chuveiro elétrico costumam ser


apresentadas assim: potência elétrica P quando ligado à
tensão V. Em termos dessas grandezas, podemos dizer que
a resistência elétrica (R) do chuveiro e a corrente elétrica (i)
que passa através dele, quando ligado, são dadas, respec-
tivamente, por:
a) P/V e P.V

b) V/P e P2.V

c) P2/V e V/P

d) V2/P e P/V

e) P.V2 e P/V

10. Um chuveiro elétrico ligado a uma rede de 220 V consome


1 210 W de potência.
a) Qual a intensidade de corrente elétrica utilizada pelo
chuveiro?

b) Qual a resistência do chuveiro?


56   Física

11. Um chuveiro elétrico de 220 V dissipa uma potência de


3,6 kW.
a) Qual o custo de um banho de 20 min de duração se a
tarifa é de R$ 0,18 por kW.h?

b) Desejando dobrar a variação de temperatura da água,


mantendo constante a sua vazão, qual deve ser a nova
resistência do chuveiro?

12. Um condutor linear com 10 ohms de resistência é per-


corrido por uma corrente elétrica de 2,0 A durante 2,0 s.
Calcular, em joules, a quantidade de energia produzida.

13. Os valores nominais de um resistor são 10 Ω e 40 W. Isso


significa que, utilizado nas condições especificadas pelo
fabricante, ele deve ser submetido a uma tensão, em volts,
e a uma corrente, em ampères, respectivamente, de:
a) 400 e 8 d) 20 e 2

b) 40 e 4 e) 10 e 4

c) 40 e 2

14. Uma lâmpada é fabricada com as seguintes especifica-


ções: 120 V - 60 W. Nesse caso, a resistência da lâmpada,
quando submetida à tensão nominal, vale:
a) 0,50 Ω

b) 2,00 Ω

c) 1,2 . 102 Ω
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   57

d) 2,4 . 102 Ω

e) 4,8 . 102 Ω

15. Duas lâmpadas incandescentes, cujas especificações são


40 W - 120 V e 200 W - 120 V, apresentam, quando em
funcionamento normal, resistências elétricas respectiva-
r
mente iguais a R40 e R200. Quanto vale a razão ?
2
a) 0,20

b) 0,50

c) 5,00

d) 0,40

e) 2,00

16. Um resistor de resistência elétrica r, quando ligado a uma


ddp igual a 220 V, dissipa 1 000 W. Para que outro resis-
tor, ligado a 110 V, dissipe 2 000 W, deve ter resistência
elétrica:
r r r
a) 2r b) r c) d) e)
2 4 8

17. Se uma lâmpada de potência 100 W permanecer ligada


durante 5 horas por dia, ao fim de 30 dias, o consumo de
energia elétrica correspondente será de:
a) 15 W.h

b) 150 W.h
58   Física

c) 15 kW.h

d) 150 kW.h

e) 1 500 kW.h

18. Sabe-se que:


I – a corrente elétrica que atravessa um fio condutor é
inversamente proporcional à resistência elétrica do fio.

II – a resistência elétrica de um fio condutor é inver-


samente proporcional à área de sua secção reta.

Baseado nessas informações, resolva os itens a e b abaixo.


a) Como a corrente de um fio condutor está relacionada
com área da secção reta do fio?

b) Se a corrente que atravessa um fio de 1 mm de raio é


5 A, qual será a corrente que atravessa um fio do mesmo
material, de mesmo comprimento e raio igual a 2 mm,
submetido à mesma diferença de potencial.

19. Sabe-se que a resistência elétrica de um fio cilíndrico é


diretamente proporcional ao seu comprimento e inversa-
mente proporcional à área de sua secção reta?
a) O que acontece com a resistência do fio quando tripli-
camos o seu comprimento?

b) O que acontece com a resistência do fio quando dupli-


camos o seu raio?
Capítulo 3   Eletrodinâmica I   59

20. A resistência elétrica de um fio com 300 m de comprimento


e 0,3 cm de diâmetro é de 12 Ω. Determine a resistência
elétrica de um fio de mesmo material, mas com diâmetro
de 0,6 cm e comprimento de 150 m.
a) 1,5 Ω

b) 3 Ω

c) 6 Ω

d) 12 Ω

e) 24 Ω

Gabarito 11. a) R$ 0,216 ; b) 6,72 Ω


1. b 12. 80J
2. e 13. d
3. a 14. d
4. e 15. a
5. d 16. e
6. a 17. c
7. d 18. a) i∝ ; b) i = 20 A
8. c 19. a) aumenta 3 x
9. d b) diminui 4 x
10. a) 5,5 A ; b) 40 Ω 20. 1,5 Ω
60   Física

Bibliografia

AXT, R. O papel da experimentação no ensino de ciências. In


MOREIRA, M.A. e AXT, R. Tópicos em ensino de Ciências,
Sagra editora, Porto Alegre, 1991.

MOREIRA, M.A. O professor pesquisador como instrumento


de melhoria ao ensino de ciências. In: MOREIRA, M.A. e
AXT, R. Tópicos em Ensino de Ciências, Sagra editora, Porto
Alegre, 1991.

VILLANI, A. Idéias espontâneas e ensino de física. In: Ensino de Fí-


sica: dos fundamentos à prática. Vol 1, SE/SP - CENP- 1988.

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2 e 4,


Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição, 2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.

CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja-


neiro: Reichmann & Af­fonso Ed., 2001.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 4

Eletrodinâmica II
62   Física

4.1 Classificação de corrente Elétrica

Pode-se classificar a corrente quanto a sua forma e ao seu


sentido.

4.1.1 Quanto à forma pode ser:


ÂÂ4.1.1.1 Corrente contínua (CC):

É a corrente que mantém a mesma intensidade do fluxo,


mesma direção e sentido.

A maioria dos equipamentos eletrônicos residências funcio-


na com corrente continua.

Figura 4-01   Corrente Contínua.

A área desse gráfico fornece a quantidade de carga que


passa pelo condutor no intervalo de tempo.

As fontes de corrente contínua, são todos os tipos de pilhas


e de baterias.
Capítulo 4 Eletrodinâmica II 63

 4.1.1.2 Corrente Alternada (CA):

É a corrente que oscila em um intervalo de tempo inverten-


do sua fase e variando o seu módulo.

Figura 4-02 Corrente Alternada.

A fonte de corrente alternada é a própria rede a elétrica,


com uma frequência 60 Hz, ou seja, oscila sessenta vezes por
segundo.

4.1.2 Quanto ao sentido forma pode ser:


 4.1.2.1 Corrente Real:

Representa o movimento dos elétrons livres do condutor de


um potencial menor, para um maior, ou seja, contra o sentido
do campo elétrico estabelecido.
64   Física

ÂÂ4.1.2.2 Corrente Convencional:

Representa o movimento dos “prótons” do condutor de


um potencial maior, para um menor, ou seja, a favor do senti-
do do campo elétrico estabelecido.

Na prática, os prótons não se movem, essa convenção


pode ser feita pelo fato de o próton e o elétron possuírem o
mesmo módulo de carga. Então se pode fazer a analogia de
que quando um elétron se desloca em um sentido e um próton
se desloca em sentido oposto.

O sentido da corrente elétrica adotado no Brasil é o con-


vencional, ou seja, do positivo para o negativo.

4.2 Circuito Elétrico

É qualquer dispositivo que permite a passagem de corrente elé-


trica. Deve conter, no mínimo, uma bateria (para fornecer ener-
gia), uma resistência (para dissipar energia), e fios de conexão.

Figura 4-03   Circuito elétrico.


Capítulo 4 Eletrodinâmica II 65

4.3 Associação de resistores:

Geralmente, tem-se que trabalhar com mais de uma resistên-


cia, então temos que associá-las (somá-las):

4.3.1 Associação de resistores em Série:


A corrente possui somente um caminho a percorrer. Todos
os elétrons que entram no circuito tem que passar por todos
os resistores.

I R1 R2 R3

A B

Figura 4-04 Circuito série.

Onde:

• R1, R2 e R3, resistências.


• A, polo positivo da bateria.
• B, polo negativo da bateria.
As características de um circuito assim são:
66 Física

A corrente em todos os resistores é a mesma. O potencia


total do circuito é a soma das quedas dos potenciais em cada
resistência. E a resistência total ou equivalente é soma das
resistências parciais.

4.3.2 Associação de resistores em Paralelo:


A corrente possui dois ou mais caminhos para percorrer.
A corrente que vinha por um único caminho, ao chegar em
um nó se divide, inversamente proporcional às resistências dos
caminhos a percorrer.

R1

I
A
R2
B

R3

Figura 4-05 Circuito em paralelo.


Capítulo 4 Eletrodinâmica II 67

A corrente total é a soma de cada correte que passa em


cada resistor. O potencia total do circuito é igual em todas as
resistências, pois cada uma está ligada diretamente à bateria.
E a resistência total ou equivalente é soma dos inversos das
resistências parciais.

Quando se tem apenas duas resistências, a resistência


equivalente pode ser dada, por:

Quando se tem várias resistências iguais, a resistência


equivalente pode ser dada, por:

Onde n, é o número de resistores.


68   Física

“Sempre em paralelo, a resistência equivalente é menor


do que a menor resistência que participa da soma.”

4.3.3 Associação de resistores em Mista:


Quando uma associação apresentar partes em série e par-
tes em paralelo, simultaneamente.

Para chegar à resistência equivalente, deve-se iniciar a


resolver pela parte que apresenta resistores com as mesmas
características; em série a mesma corrente e em paralelo a
mesma diferença de potencial. E não importa a posição deles
no circuito.

Figura 4-06   Circuito misto.

Para esse exemplo, deveríamos resolver R1 e R2 em parale-


lo, assim como R4 e R5 também em paralelo. A soma dos deles
deve se somar em série com R3.
Capítulo 4 Eletrodinâmica II 69

Uma fácil maneira de resolver essas questões é tentar fazer


uma tabela, com valores de resistência parciais e equivalente,
com as correntes, voltagens e potências.

Exemplo resolvido 01:

No circuito abaixo, temos três lâmpadas ligadas a uma ba-


teria de 100 V. Sendo R1 = 120 Ω; R2= 240 Ω e R3= 120 Ω,
complete a tabela.

R( Ω ) I (A) U (V) P(W)


R1 120 0,5 60 30
R2 240 1/6 40 20/3
R3 120 1/3 40 40/3
RAB 200 0,5 100 50

Exemplo resolvido 02:

Três lâmpadas iguais são ligadas em série; quando se apli-


ca uma certa d.d.p. a essa combinação, a potência consumida
é 120 W. Que potência seria dissipada se a mesma d.d.p.
fosse aplicada a essas lâmpadas caso elas estivessem ligadas
em paralelo?

1º) Em série:

Tem-se uma resistência R, para cada lâmpada, o que nos


dá uma resistência equivalente de 3R.
70 Física

2º) Em paralelo, tem-se a resistência equivalente: R/3

Exercícios

1. São associados em paralelo dois resistores, de 100 Ω e de


50 Ω, respectivamente. A resistência equivalente será:
a) 20 Ω

b) 25 Ω

c) 33,3 Ω

d) 250 Ω

e) 150 Ω

2. Na figura abaixo, estão representados dois resistores, R1 e


R2, de valores diferentes, ligados à mesma diferença de
Capítulo 4 Eletrodinâmica II 71

potencial ∆UAB associados em paralelo (I) e em série (II).


Podemos afirmar que:

R1
R1 R2
R2

(I) (II)

a) corrente que passa por R1 é maior em (I);

b) corrente que passa por R2 é maior em (II);

c) tensão em R1 é menor em (I);

d) tensão em R2 é maior em (II);

e) resistência equivalente em (I) é maior.

3. A figura abaixo representa um trecho de circuito elétri-


co. A diferença de potencial entre as extremidades do
circuito é 2 V. Determine os valores de i e R, respectiva-
mente, para a associação.

a) 1 A e 4 Ω
2Ω
b) 2 A e 8 Ω

c) 3 A e 6 Ω
i=3A
d) 4 A e 4 Ω
R
e) 6 A e 4 Ω
72 Física

4.Um resistor de 5 Ω e um resistor de 20 Ω estão associados


em série. A essa associação, é aplicada uma d.d.p. de
100 V. Calcule:
a) a resistência equivalente da associação;

b) a intensidade da corrente do circuito;

c) a tensão em cada resistor.

5.O circuito esquematiza três pilhas de 1,5 V cada, ligadas


em série às lâmpadas L1 e L2. A resistência elétrica de cada
uma das lâmpadas é de 15 Ω. Desprezando-se a resis-
tência das pilhas, qual é a corrente elétrica que passa na
lâmpada L1?

a) 0,05

b) 0,10
pilhas
c) 0,15

d) 0,30 L1 L2
e) 0,45

6. Dois resistores idênticos são associados em série. Se, ao


serem percorridos por uma corrente de 2 A produzem, no
total, uma queda de potencial de 252 V, qual o valor, em
ohms, da resistência de cada um desses resistores?
Capítulo 4 Eletrodinâmica II 73

7. Um resistor sujeito à tensão U1 = 3,0 V é percorrido por


corrente i1 = 1,5 A. Outro resistor sujeito à tensão U2 =
6,0 V é percorrido por corrente i2 = 2,0 A. Calcule a cor-
rente que percorrerá o circuito quando os dois resistores
forem ligados em série e os terminais da associação forem
sujeitos à tensão ∆U = 15,0 V.

8. Dois resistores R1 = R e R2 = 3.R são ligados em série. Se a


tensão elétrica entre as extremidades dos terminais é 120
V, determine a voltagem que passa pelo resistor R2.
a) 30 V

b) 40 V

c) 60 V

d) 90 V

e) 120 V

9.A resistência equivalente à associação de resistores da figura é:

a) 4.R
R R
b) 2.R

c) R

d) R/2
R R
e) R/4
74   Física

10. Tem-se duas lâmpadas incandescentes com as seguintes


características:
Lâmpada A: 110 V - 100 W

Lâmpada B: 110 V - 200 W

Associando-se as duas lâmpadas em série e ligando-as a


uma tomada de 220 V, pode-se afirmar que:

a) ambas queimam imediatamente;

b) ambas queimam após certo tempo;

c) a queda de tensão na lâmpada A será maior que na


lâmpada B;

d) elas brilham mais intensamente;

e) o brilho de ambas será menor.

11. Dois resistores iguais estão ligados em série a uma tomada


de 110 V e dissipam ao todo 550 W de potência. Observe
as figuras abaixo.
Capítulo 4 Eletrodinâmica II 75

R
110 V

R
R

220 V

A potência total dissipada por esses mesmos resistores, se


são ligados em paralelo a uma tomada de 220 V, é igual a:

a) 550 W

b) 4 400 W

c) 1 100 W

d) 2 200 W

e) 8 800 W

12. A resistência equivalente à associação da figura abaixo é:


76 Física

a) 5.R
R R
b) 3.R

c) 2,5.R
R R
d) 1,2.R
R
e) 0,8.R

13. Para que as associações de resistores ao lado tenham a


mesma resistência equivalente, o resistor R deve valer:

a) 3 Ω 3Ω 6Ω

b) 6 Ω
6Ω R
c) 9 Ω

d) 12 Ω 3Ω 6Ω
e) 15 Ω

6Ω R

14. Dispõe-se de três resistores de resistências de 300 Ω, uti-


lizando os três resistores, para obtermos a maior potência
possível, devemos associá-los da seguinte forma:
a) dois em paralelo, ligados em série com o terceiro;

b) os três em paralelo;

c) dois em série, ligados em paralelo com o terceiro;


Capítulo 4 Eletrodinâmica II 77

d) os três em série;

e) N.R.A.

15. Dispõe-se de vários resistores iguais, de resistência R = 1 Ω.


a) Faça um esquema mostrando o número mínimo de re-
sistores necessários e a maneira como eles devem ser asso-
ciados para se obter uma resistência equivalente de 1,5 Ω.

b) Mostre o esquema de outra associação dos resistores


disponíveis que também tenha uma resistência equivalente
de 1,5 Ω.

16. Um fio homogêneo tem resistência R. Divide-se o fio em


quatro partes iguais, que são soldadas como mostra a fi-
gura. A resistência dessa associação será:

a) 4.R

b) 3.R

c) R/3

d) R/4

e) 5.R/8
78 Física

17. A resistência do resistor equivalente da associação abaixo vale:

a) 2.R

b) R R
R
c) R R
2
d) R
3
e) R R R
4

18. No esquema da figura abaixo, temos que R1 = 3 Ω e R2


= R3 = R4 = R5 = R6 = 6 Ω. Qual a resistência equivalente
entre A e B?

a) 2 Ω
R2
b) 4 Ω R1 = 3 Ω
R5
c) 6 Ω R1 = 3 Ω R3
d) 8 Ω R4
e) 10 Ω R6

19. A figura representa o trecho AB de um circuito elétrico, em


que a diferença de potencial entre os pontos A e B é de 30
V. A resistência equivalente desse trecho e as correntes nos
ramos i1 e i2 são, respectivamente:
Capítulo 4 Eletrodinâmica II 79

a) 5 Ω; 9,0 A; 6,0 A
i2 i1
b) 12 Ω; 1,0 A; 1,5 A
15 Ω
c) 20 Ω; 1,0 A; 1,5 A 30 Ω
d) 50 Ω; 1,0 A; 1,5 A 5Ω

e) 600 Ω; 9,0 A; 6,0 A

20. Submete-se a associação de resistores representada abai-


xo a uma diferença de potencial de 20 V. Os valores das
correntes i1, i2 e i3 são, em ampères, respectivamente:

a) 0,08; 0,02; 0,10 i1 i2

b) 0,02; 0,08; 0,10 200 Ω


800 Ω
c) 1,0; 0,025; 0,50
1 1
d) ; ; 0,50
12 42 40 Ω
1
e) 0,08; 0,8;
52 i3

Gabarito
1. c 11. e
2. b 12. d
3. e 13. d
4. a) 25 Ω ; b) 4 A 14. b
c) 20 V ; d) 80 V 15. Desenho
5. c 16. e
6. 63 Ω e 63 Ω 17. c
7. 3 A 18. d
8. d 19. b
9. c 20. a
10. e
80   Física

Bibliografia

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2


e 4, Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição,
2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.

CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja-


neiro: Reichmann & Af­fonso Ed., 2001.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 5

Eletromagnetismo

ÂÂ
E
letromagnetismo é o ramo da Física que estuda as inte-
rações elétricas e magnéticas em conjunto.
82   Física

5.1 Magnetismo

Magnetismo é a propriedade de certos materiais atraírem pe-


daços de ferro.

5.1.1 Imãs
São pedaços de metais ferrosos que têm a propriedade de
se atraírem ou repelirem mutuamente e de atraírem pedaços
de ferro. As observações desses fenômenos magnéticos são
muito antigas. Esses materiais ferrosos, hoje denominados de
magnetita (Fe3O4), eram muito comuns na região da Ásia
conhecida por Magnésia, e o grego Tales de Mileto, no sé-
culo VI a.C., foi um dos primeiros a fazer observações dos
fenômenos magnéticos.

Os ímãs podem ser naturais (permanentes) ou artificiais


(temporários).

Em qualquer ímã, por menor que ele seja, existem duas


regiões distintas onde suas propriedades magnéticas se ma-
nifestam mais intensamente. Essas regiões são denominadas
polos magnéticos do ímã.

Quando um ímã está livre para girar em torno do seu cen-


tro de gravidade, em um plano horizontal, um dos seus polos
aponta sempre para próximo do Norte geográfico da Terra.
Esse polo é chamado polo norte magnético do ímã. O outro
polo, que aponta para próximo do polo Sul geográfico da Ter-
ra, é chamado polo sul magnético do ímã.
Capítulo 5   Eletromagnetismo   83

Figura 5-01   Polos de um imã.

5.1.2 Princípio Fundamental


“Polos magnéticos de mesmo nome se repelem enquanto
polos magnéticos de nomes diferentes se atraem.”

Figura 5-02   (A) Atração. Figura 5-02 – (B) Repulsão.

5.1.3 A Terra
A Terra, devido ao núcleo de ferro liquido, pode ser con-
siderada um grande ímã em cujo Norte geográfico se situa o
84   Física

seu polo Sul magnético e em cujo Sul geográfico está o polo


Norte magnético.

Figura 5-03   A Terra, como um imã.

5.1.4 Inseparabilidade
Constata-se, experimentalmente, que é impossível isolar os
polos de um ímã. Ou seja, quando dividimos um imã, em
cada pedaço sempre haverá um polo norte e um polo sul.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 85

Figura 5-04 A Inseparabilidade dos polos.

5.2 Campo Magnético

Chama-se campo magnético a região do espaço modificada


pela presença de um ímã, de um condutor percorrido por uma
corrente elétrica ou de um corpo eletrizado em movimento.

O vetor indução magnética caracteriza a intensidade, a dire-


ção e o sentido do campo magnético em um ponto do espaço.

A unidade de indução magnética no S.I. é o tesla (T), sendo

Linhas de indução são linhas que permitem uma visualiza-


ção do campo magnético. Têm as seguintes características:
86   Física

ÂÂa) são tangentes ao vetor indução magnética em cada


ponto;

ÂÂb) são orientados no sentido desse vetor;

ÂÂc) são sempre fechadas, isto é, não têm fontes nem sor-
vedouros;

ÂÂd) a densidade das linhas de indução permite avaliar a in-


tensidade do campo magnético em determinada região.

5.2.1 Experiência De Oersted


O físico Hans Christian Oersted provou experimentalmente
que um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica é
capaz de provocar deflexões da agulha de uma bússola colo-
cada nas suas proximidades.

A experiência de Oersted provou que uma corrente elétri-


ca produz efeitos magnéticos e que, portanto, os fenômenos
elétricos e magnéticos estão fortemente relacionados entre si,
constituindo dois aspectos diferentes do comportamento das
cargas elétricas.

Podemos constatar experimentalmente os seguintes fatos,


que constituem manifestações de fenômenos eletromagnéticos.

ÂÂa) Certos minérios de ferro e algumas outras ligas metá-


licas se atraem ou repelem mutuamente, além de atraí-
rem pequenos pedaços de ferro.
Capítulo 5   Eletromagnetismo   87

ÂÂb) Um fio condutor percorrido por corrente elétrica exer-


ce forças sobre partículas eletrizadas leves em movimen-
to nas suas proximidades.

ÂÂc) Dois fios condutores percorridos por corrente elétrica,


quando próximos um do outro.

5.3 Campo Magnético Gerado por uma


Corrente Elétrica

O campo magnético gerado por uma corrente elétrica em um


fio pode ser dado por:

5.3.1 Campo Magnético Gerado por fio


Condutor
Dado um condutor longo, percorrido por uma corrente
elétrica nas suas proximidades, a corrente produz um campo
magnético em um ponto P cujo vetor indução magnética tem
as seguintes características:
88 Física

Figura 5-05 Campo magnético em um fio condutor.

Módulo:

Direção: perpendicular ao plano formado pelo fio e pela


reta perpendicular ao fio que contém o ponto P.

Sentido: dado pela “regra da mão direita”. Coloque o po-


legar no sentido da corrente e com os demais dedos segure o
fio em um movimento circular. Os dedos indicam o sentido do
campo magnético.

As linhas de indução nesse caso são círculos concêntricos


com o fio.

A permeabilidade magnética do vácuo é uma constante,


em unidades do S.I., vale µ0 = 4 . π . 10-7 T.m
A
Capítulo 5 Eletromagnetismo 89

5.3.2 Campo Magnético Gerado por uma Espira


Quando o fio tiver um formato geométrico, temos uma es-
pira circular, triangular, retangular ou quadrada.

Intensidade da indução magnética no centro de uma espira


circular

Figura 5-06 Campo magnético em uma espira circular.

Pela regra da mão direita, a corrente no sentido anti-horá-


rio, o campo magnético aponta para cima do plano a partir
do centro da espira, saindo. O que caracteriza o polo Norte
magnético.

Sendo a corrente no sentido horário, o campo estaria en-


trando no ponto ‘O’, no centro, o que representa o polo Sul
magnético.
90 Física

5.3.3 Campo Magnético Gerado por um


Solenoide
Quando o fio for enrolado em torno de um pedaço de fer-
ro, tem-se um solenoide.

Figura 5-07 Campo magnético em um solenoide.

Intensidade da indução magnética no interior de um solenoide:

Onde N, é o número de Espiras (voltas) e , o comprimen-


to. A razão N/  , é denominada densidade de espiras.

O campo magnético de um solenoide se comporta como o


de um imã em forma de barra. Um solenoide muito longo per-
corrido por uma corrente elétrica constante produz um campo
magnético uniforme em seu interior, com linhas de indução
paralelas ao eixo do solenoide, exceto nas proximidades das
bordas. Nos pontos exteriores ao solenoide, o campo é nulo.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 91

5.4 Força Magnética

Pode analisar a força magnética, sobre uma carga, sobre um


fio percorrido por uma corrente elétrica e entre dois fios.

5.4.1 Força Magnética sobre uma carga


A força magnética ( ) que age sobre uma partícula eletri-
zada com carga positiva q, quando a partícula se move, com
velocidade v, na região de um campo magnético de indução
. A força tem as seguintes características:

Módulo: Fm = B . q . v . sen θ

Figura 5-08 Força magnética em uma carga.


→ →
Direção: da perpendicular ao plano determinado por v e B;

Sentido: dado pela regra da mão direita ⇒

Polegar = Velocidade da carga;

Indicador = Campo magnético;

palma = Força magnética;


92 Física

Fig. 5-09 Regra da mão direita.

O ângulo θ, é entre o campo magnético e a velocidade.

Obs.: Caso a carga seja


negativa, deve-se inverter
o sentido de uma das
grandezas acima.

Analisaremos o movimento de uma carga em um campo


magnético uniforme para três situações:

1. θ = 0°: aquela em que a velocidade da carga é paralela


ao campo ⇒ a partícula realiza um movimento retilíneo
uniforme, devido ao fato de ser nula a força magnética, se
nenhuma outra força estiver agindo sobre ela;
2. θ = 90°: aquela em que a velocidade da carga é per-
pendicular ao campo ⇒ nesse caso, a força magnética
atua como uma força centrípeta, forçando a partícula a
realizar um movimento circular uniforme, ou seja, a des-
Capítulo 5 Eletromagnetismo 93

crever uma trajetória circular com velocidade de módulo


constante, de raio;

3. 0° < θ < 90°: aquela em que a velocidade da carga não


é nem perpendicular e nem paralela ao campo ⇒ aqui a
velocidade da partícula é decomposta em dois vetores, sen-
do um deles paralelo ao campo e outro perpendicular. A
composição desses vetores, obrigam a partícula a descrever
um movimento helicoidal com o raio dado pela componen-
te perpendicular do vetor velocidade e o passo dado pela
componente paralela do vetor velocidade ao campo.

Observação: o selecionador de velocidades é um dispositivo


que tem por finalidade a obtenção de partículas eletrizadas
que penetram em certa região com velocidades preestabele-
cidas. As velocidades dependem apenas das intensidades do
campo elétrico e do campo magnético produzidos no dispo-
sitivo. Quando a força elétrica é anulada pela for magnética,
tem-se uma trajetória retilínea com:

5.4.2 Força sobre um fio condutor


Quando um elemento de corrente elétrica percorre um
condutor, o cálculo da força magnética que age é dado por:

Fm = B. I .  sen θ
94   Física

Figura 5-10   Força magnética em um condutor.


Onde:

I  é a corrente elétrica, em A.

  é o comprimento do fio, em m.

θ  é o ângulo entre o fio, campo magnético.

A direção e o sentido dados pela regra da mão direita, basta


trocar a velocidade pela corrente elétrica (convencional), assim
a força será sempre perpendicular à palma da mão e saindo.

5.4.3 Força entre dois fios condutores


Dado um condutor longo, percorrido por uma corrente
elétrica nas proximidades e paralelamente a um elemento de
corrente, constata-se experimentalmente que o elemento de
corrente fica sujeito à ação de uma força que apresenta as
seguintes características:

ÂÂa) A força é de atração se os sentidos da corrente que


percorre o condutor e do elemento coincidem e de re-
pulsão quando esses sentidos são opostos.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 95

 b) A intensidade da força é diretamente proporcional ao


produto da intensidade da corrente que percorre o con-
dutor pelo módulo do elemento de corrente e inversa-
mente proporcional à distância que os separa.

 c) Um elemento de corrente é equivalente ao produto de


uma carga em movimento pela sua velocidade (vetorial).

 d) Quando dois fios condutores, longos e retilíneos, si-


tuados no vácuo, a uma distância de 1 m um do outro,
são percorridos por correntes elétricas de intensidades
iguais, a intensidade da corrente que percorre cada um
desses condutores será de 1 A se eles se atraírem ou
repelirem com uma força, por metro de condutor, de
intensidade igual a 2 . 10-7 N/m.

Onde:

I1 e I2  é a corrente elétrica nos fios 1 e 2, em A.

  é o comprimento dos fios (igual para ambos), em m.

r  é o raio, a distância entre o fios, em m.


96   Física

5.5 Indução eletromagnética

A indução eletromagnética é o fenômeno que consiste no apa-


recimento de uma corrente elétrica em uma espira quando há
movimento relativo entre a espira e um ímã. A corrente que,
nessas condições, aparece na espira, recebe o nome de cor-
rente induzida. Aparecerá uma corrente induzida em um circui-
to sempre que houver variação do fluxo da indução magnética
a partir da área limitada pelo circuito, seja pela variação da
intensidade B da indução, ou pela variação da área ou do
ângulo que B faz com a normal à área no decurso do tempo.

5.5.1 Fluxo Magnético


O módulo do fluxo da indução magnética através de uma
superfície aberta é igual ao número de linhas de indução que
atravessam a superfície. O módulo do fluxo da indução mag-
nética através de uma superfície fechada é nulo.

Φ = B.A.cos θ
Onde:

Φ  é o fluxo, em Weber (Wb).

B  é o campo em Tesla (T).

A  é a área da superfície, em m2.

θ  é o ângulo entre a Normal da superfície e o campo


magnético.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 97

Figura 5-11 Fluxo magnético.

5.5.2 Indução – Lei de Faraday


A lei de Faraday, referente à indução de uma f.e.m.(ddp)
() em um circuito, pode ser assim enunciada: “Toda vez que o
fluxo magnético através da área limitada por um circuito variar
com o decorrer do tempo, será induzida nesse circuito uma
força eletro-motriz”.

Onde:

ε  é a fem(ddp), em Volts (V).

∆Φ  é a variação do fluxo, em Wb.

∆t  é intervalo de tempo, em s.

Uma barra metálica que se move com velocidade cons-


tante dentro de um campo magnético, ficará sob ação de
uma força magnética. A força provoca um deslocamento de
98 Física

cargas, devido a indução magnética, gerando nas extremi-


dades uma ddp:

ε =  Bv
Onde:

ε  é a fem(ddp), em Volts (V).

 é o comprimento da barra, em m.

v  é a velocidade em m/s.

Ao ligarmos as extremidades da barra a uma resistência,


haverá um movimento de partículas, gerando uma corrente
elétrica induzida,

Onde:

ε  é a fem(ddp), em Volts (V).

R  é a resistência, em Ω.

Iind  é a corrente induzida em A.

5.5.3 Lei de Lenz


A lei de Lenz constitui uma regra prática para a determi-
nação do sentido da corrente induzida em um circuito. Seu
Capítulo 5   Eletromagnetismo   99

enunciado pode ser: “O sentido da corrente induzida em um


circuito é tal que o efeito da corrente tende a se opor à causa
que a produz”.

Isso justifica o sinal de menos (-) na lei de Faraday.

Figura 5-12   Lei de Lenz.

5.6 Transformadores

Transformadores são aparelhos que permitem elevar ou abaixar


tensões. Nas linhas de transmissão de energia elétrica, usam-
-se transformadores nas proximidades da estação geradora,
para elevar a voltagem. As linhas transmitem a corrente de
alta tensão e baixa intensidade, sem grandes perdas devidas
ao efeito Joule. Próximo ao local de consumo, outros transfor-
madores abaixam a tensão ao valor utilizado nas residências
(110 V ou 220 V) ou nas indústrias (220 V ou 380 V). Também
se usam transformadores em equipamentos eletrônicos.
100 Física

 Um transformador é constituído de um núcleo de fer-


ro com dois enrolamentos que se chamam, respectiva-
mente, primário e secundário. O transformador eleva ou
abaixa a tensão, conforme o número de espiras do se-
cundário seja maior ou menor que o número de espiras
do primário. O aumento da tensão é acompanhado de
uma redução da intensidade da corrente e vice-versa.

Um transformador ideal é aquele que transfere energia do cir-


cuito primário para o circuito secundário sem perda de potência.

Onde:

U é ddp, em Volts (V).

N é o número de espiras.

I é a corrente em A.

P é a potência em W.
Capítulo 5   Eletromagnetismo   101

Exercícios

Eletromagnetismo I

1. Uma carga elétrica puntiforme q = 2,0 C de massa m = 1,0 .


10-7 kg penetra, com velocidade v = 20 m/s, em um campo
magnético uniforme de indução B = 4,0 T, através de um orifí-
cio O existente em um anteparo.

B


v

q O anteparo

a) Esquematize a trajetória descrita pela partícula no cam-


po, até incidir pela primeira vez no anteparo.

b) Determine a que distância do ponto O a partícula incide


no anteparo.

2. Um feixe de elétrons, sob ação simultânea de um campo


elétrico uniforme de intensidade E = 4,0 . 103 N/C e de
um campo magnético uniforme de indução B = 2,0 . 10-2
T, não sofre desvio. Sabendo que E, B e a velocidade v, dos
elétrons são perpendiculares entre si, determine:
a) o módulo da velocidade v dos elétrons; b) o raio da
trajetória dos elétrons se o campo elétrico fosse removido.


102   Física

3. Um condutor retilíneo de comprimento 0,20 m, percorri-


do por uma corrente elétrica de intensidade i = 10 A, é
imerso em um campo magnético uniforme de indução B
= 2,0. 10-3 T. Determine a intensidade da força magnética
que age sobre o condutor nos casos:
a) o condutor é disposto paralelamente às linhas de in-
dução;

b) o condutor é disposto perpendicularmente às linhas de


indução.

4. Um elétron em um tubo de raios catódicos está se moven-


do paralelamente ao eixo do tubo com velocidade 107
m/s. Aplica-se um campo de indução magnética B, de 4
T, formando um ângulo de 30o com o eixo do tubo. Sendo
a carga do elétron 1,6 . 10-19 C, a intensidade da força
magnética que sobre ele atua tem valor:

5. Um trecho MN de um fio retilíneo, com comprimento de 10


cm conduzindo uma corrente elétrica de 10 A, está imerso
em uma região, no vácuo, onde existe um campo de in-
dução magnética de 1,0 T, conforme a figura. A força que
age no trecho do fio tem intensidade:

B
i

M N
Capítulo 5 Eletromagnetismo 103

a) 1,0 N para dentro do papel;

b) 0,5 N para fora do papel;

c) 1,0 N no sentido do campo;

d) 1,5 N no sentido oposto ao do campo;

e) 1,0 N para fora do papel.

6. Um fio retilíneo e muito longo é percorrido por uma corren-


te elétrica de intensidade i = 10 A, determine a intensida-
de do vetor indução magnética B em um ponto situado a
uma distância r = 20 cm do fio.

7. Dois fios longos e paralelos (1) e (2) são percorridos por


correntes elétricas de intensidades i1 = 6,0 A e i2 = 8,0 A,
conforme mostra a figura ao lado. Determine a intensida-
de do vetor indução magnética resultante no ponto P, que
dista r1 = 4,0 cm do fio (1) e r2 = 8,0 cm do fio (2).

1) 2)

i1 i2

r1 r2

8. Uma espira circular de raio R = 2.π cm é percorrida por


uma corrente elétrica de intensidade i = 4,0 A, conforme
104   Física

a figura abaixo. Represente o vetor indução magnética B


no centro O da espira e calcule sua intensidade.

R
i

9. Um elétron, a princípio, se desloca paralelamente e à pe-


quena distância de um fio, onde circula uma corrente elé-
trica de mesmo sentido que o deslocamento do elétron.
Nessas condições:
a) o elétron acabará por se chocar com o fio;

b) o elétron se afastará do fio;

c) o elétron se manterá paralelo ao fio;

d) o elétron descreverá um movimento hiperbólico em tor-


no do fio;

e) os dados são insuficientes.

10. Uma espira retangular é colocada dentro de uma região


onde há um campo de indução magnética B, uniforme, de
modo que o plano da espira é perpendicular a B, como mos-
tra a figura. Sabendo que a intensidade de B aumenta com o
tempo, determine o sentido da corrente induzida na espira.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 105

11. Um ímã em forma de barra aproxima-se de um solenoide,


como indica a figura, de modo que o eixo do ímã coincide
com o eixo do solenoide. Determine o sentido da corrente
induzida, no trecho XY.

S
N
V
X Y

12. Tem-se um solenoide ideal no interior do qual o campo


magnético de indução tem intensidade 2,0 . 10-3 T. A cor-
rente elétrica que o atravessa tem intensidade 5,0 A. De-
termine o número de espiras existentes em um comprimen-
to igual a 60 cm de solenoide. Adote µo = 4π . 10-7 T.m/A
≈ 1,2 . 10-6 T.m/A

13. Um transformador ideal tem 120 espiras no primário e 480


espiras no secundário. Uma tensão alternada de valor eficaz
60 V é aplicada no primário de modo que este é percorrido
por uma corrente de valor eficaz 2,0 A. Calcule:
a) o valor eficaz da tensão no secundário;
106   Física

b) o valor eficaz da corrente no secundário.

14. Em uma região do espaço existem campo elétricos e mag-


néticos variando com o tempo. Nessas condições, pode-se
dizer que nessa região:
a) existem necessariamente cargas elétricas;

b) quando o campo elétrico varia, cargas induzidas de


mesmo valor absoluto, mas de sinais contrários, são criadas;

c) à variação do campo elétrico corresponde ao apareci-


mento de um campo magnético;

d) a variação do campo magnético só pode ser possível


pela presença de ímãs móveis;

e) o campo magnético variável pode atuar sobre uma


carga em repouso de modo a movimentá-la independente-
mente da ação do campo elétrico.

Exercícios eletromagnetismo II

1. Um campo magnético uniforme, B = 3 . 10-4 T atua no


sentido positivo do eixo das abcissas (eixo x). Um próton é
atirado através do campo, no sentido positivo do eixo das
ordenadas, com uma velocidade de 5 . 106 m/s. Cal-
cule o vetor força magnética sobre o próton. (Dado: qpróton
= 1,6 . 10-19 C)
Capítulo 5   Eletromagnetismo   107

2. A carga da figura ao lado é um próton (m = 1,67 . 10-27


kg), com velocidade de 5 106 m/s. Ela está passando por
um campo magnético uniforme dirigido para fora da pá-
gina. Sabendo que o campo de indução magnética vale
30 G (G = gauss ⇒ 1 G = 10-4 T), descreva a trajetória
descrita pelo próton e determine o raio dessa trajetória.

B

+q

3. Um próton penetra em um campo magnético de densidade


de fluxo 1,5 Wb/m2 (1 Wb/m2 = 1 T), com uma veloci-
dade de 2 . 107 m/s, a um ângulo de 30o com o campo.
Calcule a força sobre o próton.

4. Um feixe de raios catódicos (feixe de elétrons; m = 9,1 .


10-31 kg e q = -e) é aprisionado em um círculo de 2 cm de
raio, por um campo uniforme B = 4,5 . 10-3 T. Qual é a
velocidade dos elétrons?

5. Na figura abaixo, um próton (q = +e e m = 1,67 . 10-27 kg)


é disparado com velocidade de 8 . 106 m/s, a um ângulo
de 30o com o campo B = 0,15 T, cujo sentido é mostrado
108 Física

ao lado. Determine a trajetória seguida pelo próton bem


como o raio dessa trajetória.


B

-
e 30o

6. Partículas alfa (m = 6,68 . 10-27 kg e q = +2e) são acele-


radas desde o repouso através de uma ddp de 1kV. Então,
elas entram em um campo magnético B = 0,2 T perpen-
dicular à direção de seus movimentos. Calcule o raio de
suas trajetórias. A energia cinética final de cada partícula
(Ec = ) é igual à energia potencial elétrica perdida
(Ep = ∆U.q).

7. Um campo saindo do plano da página tem valor 0,8 T,


como indica a figura ao lado. O fio mostrado na figura
transporta um corrente de 30 A. Calcule o módulo, a di-
reção e o sentido da força que atua em 5 cm de compri-
mento desse fio.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 109


B
i

8. Um solenoide tem núcleo de ar, 2000 espiras, 60 cm de


comprimento e 2 cm de diâmetro. Se uma corrente de 5
A passa por ele, qual é a densidade de fluxo dentro dele
(campo de indução magnética)?

9.Uma bobina de fio circular, com 40 espiras, tem um diâme-


tro de 32 cm. Que corrente precisa fluir em seus fios para
produzir uma densidade de fluxo de 3 . 10-4 Wb/m2 em
seu centro?
Obs.: Junte a expressão do campo de indução magnética para
a bobina e para a espira.

10. No modelo de Bohr do átomo de hidrogênio, o elétron se


desloca com velocidade de 2,2 . 106 m/s em um círculo (r
= 5,3 . 10-11 m), em torno do núcleo. Calcule o valor de
B, no núcleo, devido ao movimento do elétron.
110   Física

11. Dois fios longos e paralelos, distantes entre si 10 cm, trans-


portam correntes de 6 A e 4 A. Calcule a força em um
metro de comprimento do fio, se as correntes apresentam
mesmo sentido. E se possuíssem sentidos opostos?

12. Considere os três fios longos, retos e paralelos que aparecem


na figura abaixo. Calcule a força em 25 cm do fio central.

3cm 5cm

13. Um íon (q = +2e) penetra em um campo magnético


que tem uma densidade de fluxo de 1,2 Wb/m2 (Não
esqueça que 1 Wb/m2 = 1 T), com uma velocidade de
2,5 . 105 m/s, perpendicular ao campo. Determine a
força sobre o íon.

14. Qual deve ser a massa de um íon positivo (q = + 1013e),


que se move a 107 m/s, e é mantido em uma trajetória
circular de 1,55 m de raio por um campo magnético de
0,134 Wb/m2?
Capítulo 5   Eletromagnetismo   111

15. Um elétron é disparado, com velocidade de 5 . 106 m/s,


da origem de um sistema de coordenadas. Sua velocidade
inicial faz um ângulo de 20o com o eixo x positivo. Descre-
va seu movimento se existe um campo magnético B = 20
G no sentido x positivo.

16. Um fio reto de 15 cm de comprimento, transportando uma


corrente de 6 A, está em um campo de indução magnética
uniforme de 0,4 T. Qual é a força sobre o fio quando ele está:
a) em ângulo reto com o campo;

b) a 30o com o campo.

17. Um solenoide com núcleo de ar, de 50 cm de comprimento,


tem 4 000 espiras enroladas nele. Calcule B em seu inteiro
quando uma corrente de 0,25 A passa pelo enrolamento.

18. Calcule a densidade de fluxo no ar em um ponto distante


6 cm de um fio longo e reto, que transporta uma corrente
de 9 A.

19. Uma espira retangular move-se em uma região onde exis-


te um campo magnético uniforme conforme indica a figu-
ra. Determine o sentido da corrente induzida nessa espira.
112 Física

20. Indique o sentido da corrente induzida no fio do solenoide da


figura ao lado, quando dele é afastado o polo Norte do ímã.

N S

A B

21. A figura que segue representa um condutor colocado sob a


ação de um campo magnético constante, com uma barra
metálica apontada sobre o condutor deslocando-se com
velocidade v.
Capítulo 5 Eletromagnetismo 113

B
A D

B C

Dadas as afirmativas:

I) O fluxo magnético no interior da espira ABCD está di-


minuindo, em módulo.

II) A corrente induzida circula na espira no sentido anti-


-horário.

III) A força que atua na barra é perpendicular à velocidade.

São corretas:

a) somente I

b) somente II

c) somente III

d) duas delas e) todas


114 Física

A figura que segue refere-se aos problemas 22 e 23.

22. Na figura, a barra condutora AD está em contato com os


condutores AB e CD. O conjunto encontra-se imerso em
um campo de indução magnética constante e igual a 1,2
WB/m². A resistência elétrica total do circuito é a represen-
tada na figura e vale 0,4 Ω. A barra AD mede 30 cm e se
movimenta para a direita com velocidade constante de 3
m/s. Nessa situação, a força eletromotriz induzida entre os
extremos da barra AD vale:
a) 0,90 d) 0,36

b) 1,08 e) 1,20

c) 3,60

23. Com relação ao problema anterior, a corrente elétrica in-


duzida vale, em ampères:
a) 1,20 d) 3,60

b) 2,70 e) 0,97

c) 0,36
Capítulo 5   Eletromagnetismo   115

Gabarito
Exercícios sobre Eletromagnetismo – I
1. a) semicircunf. para a direita. b) 0,50 m
2. a) 2,0 . 105 m/s b) ≈5,7 . 10-7 m
3. a) Fm = 0 b) Fm = 4,0 . 10-3 N
4. F = 3,2 . 10-12 N
5. e
6. B = 1,0 . 10-5 T
7. B = 1,0 . 10-5 T
8. B = 4,0 . 10-5 T
9. b
10. anti-hirário
11. De X para Y
12. 200 espiras
13. a) 240 V b) 0,50 A
14. c
Exercícios sobre Eletromagnetismo – II
1. 2,4 . 10-16 N
2. 17,4 m
3. 2,4 . 10-12 N
4. 1,58 . 107 m/s
5. 28 cm - traj. helicoidal
6. 3,2 cm
7. 1,2 N
8. 0,021 T
9. 1,9 A
10. 12,5 T
11. 4,8 . 10- 5 N
12. 3,0 . 10-4 N p/ direita
13. 9,6 . 10-14 N
14. 5,28 . 10-14 kg
15. 0,49 cm - traj helicoidal
16. a) 0,36 N b) 0,18 N
17. 2,5 . 10-3 T
18. 3. 10-5 T
19. anti-horário
20. B → A
21. d
22. b
23. b
116   Física

Bibliografia

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2


e 4, Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição,
2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.

CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja-


neiro: Reichmann & Af­fonso Ed., 2001.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 6

Ondas

ÂÂ
G
enericamente, define-se uma onda como qualquer
perturbação que se propaga em um meio transpor-
tando energia e quantidade de movimento. Essa defini-
ção exige basicamente uma fonte emissora e um receptor.
Acontece que as ondas podem ser divididas, quanto à sua
natureza, quanto à direção de perturbação e quanto à
direção de propagação.
118   Física

6.1 Quanto à sua natureza

Dividimos as ondas quanto à sua natureza em dois grupos:

6.1.1 Ondas mecânicas


São aquelas que exigem um meio material e elástico para
se propagar. Quando uma onda se propaga ao longo de um
meio material, cada ponto desse meio executa um movimento
vibratório em torno de sua posição de equilíbrio, mas não so-
fre translação, de uma posição para outra do meio, junto com
a corda. Em outras palavras, em uma onda, há transporte de
energia de um ponto para outro do meio sem que haja trans-
porte de matéria entre esses pontos.

Ex.: som, ondas na superfície da água, ondas em uma cor-


da etc.

6.1.2 Ondas eletromagnéticas


São aquelas que não exigem meio algum para se propa-
gar, isto é, são aquelas que podem se propagar também no
vácuo.

Ex.: luz, ondas de rádio, micro-ondas, raios-X etc.


Capítulo 6   Ondas   119

6.2 Quanto à direção de perturbação

Também dividimos as ondas quanto à direção de perturbação


em dois grupos.

6.2.1 Ondas longitudinais


São aquelas que apresentam mesma direção de perturba-
ção e de propagação.

Ex.: som, ondas em uma mola etc.

Figura 6-01   Onda longitudinal, em uma mola.

6.2.2 Ondas transversais


São aquelas que apresentam direção de perturbação per-
pendicular à direção de propagação.

Ex.: ondas em uma corda, Luz, qualquer onda eletromag-


nética etc.
120   Física

Figura 6-02   Onda transversal, em uma corda.

6.3 Quanto à direção de propagação

Dividimos as ondas quanto à direção de propagação em três


grupos.

6.3.1 Ondas unidimensionais


São aquelas que se propagam em uma única direção.

Ex.: ondas em uma mola, ondas em uma corda etc.

6.3.2 Ondas bidimensionais


São aquelas que se propagam em duas dimensões.

Ex.: ondas na superfície da água etc.


Capítulo 6   Ondas   121

6.3.3 Ondas tridimensionais


São aquelas que se propagam nas três dimensões.

Ex.: ondas sonoras, ondas luminosas, ondas eletromagné-


ticas etc.

6.4 Pulso e trem de ondas

Quando as perturbações são produzidas periodicamente, te-


mos um trem de ondas periódicas, ou uma onda periódica.
“Todas as partículas do meio vibram com o mesmo período e
a mesma frequência da fonte de perturbação.”

6.4.1 Representação gráfica de uma onda


Para facilitar o entendimento, utilizaremos uma corda pre-
sa em uma extremidade e sendo movimentada a partir da
outra ponta.

Figura 6-03  Onda transversal, periódica, em uma corda.


122 Física

6.5 Amplitude, Frequência e Período

Amplitude (A) é o afastamento máximo do ponto de repouso


da corda até seu maior afastamento.

Frequência (f) é o número de pulsos, ciclos, vibrações ou


oscilações que ocorrem em um intervalo de tempo de 1 segun-
do. Podemos definir frequência como a frequência com que
oscilam todos os pontos do meio no qual ela se propaga ao
serem atingidos pela onda. O valor dessa frequência é sempre
igual à frequência da fonte que deu origem à onda, isto é, é
uma característica da fonte emissora da onda.

A unidade de medida de frequência é o hertz (Hz) que cor-


responde a ou s-1.

Período (T) é o tempo que demora para ocorrer uma osci-


lação, ciclo, pulso ou vibração.

Como podemos observar, frequência e período são gran-


dezas inversamente proporcionais, isto é, quando uma cresce,
a outra decresce. Assim, pode-se escrever:

ou
Capítulo 6 Ondas 123

6.6 Velocidade de propagação

A definição de velocidade é válida para qualquer parte do estudo


da Física, isto é, a distância percorrida (∆S) em função do tempo
(∆t). Supondo a corda um meio uniforme, a velocidade de uma
onda em uma corda é constante. Assim, podemos escrever:

6.6.1 Velocidade de propagação de uma onda


em uma corda
A velocidade das ondas mecânicas depende principalmen-
te do tipo de onda, da densidade e das propriedades elásticas
do meio. Em alguns casos em particular, porém, pode depen-
der da frequência e da amplitude.

A amplitude influencia na velocidade apenas nos casos em


que é muito grande, por exemplo, ondas geradas por explo-
sões. De forma genérica, podemos dizer que a amplitude não
influencia na velocidade da onda no meio.

A frequência pode influenciar a velocidade da onda em


dois casos: ondas na superfície de um líquido e ondas ultras-
sônicas. Em outros casos, a frequência não influencia na velo-
cidade da onda.

Já a temperatura do meio provoca variação na densidade


do meio e nas propriedades elásticas do mesmo, acarretando,
124 Física

portanto, alterações na velocidade. Essas alterações são mais


significativas em líquidos e gases.

Em uma corda, a velocidade da onda modifica segundo a


expressão:

onde:

F = força aplicada à corda (tensão), (em N).

µ = densidade linear da corda,

m = massa da corda, (em kg).

 = comprimento da corda (em m).

6.6.2 Comprimento de onda


Quando uma onda está se propagando, enquanto uma partícu-
la do meio efetua uma vibração completa, isto é, durante o pe-
ríodo (T), essa onda avança certa distância, denominada com-
primento de onda (λ). Não é difícil concluir que o comprimento
de onda (λ)( Lâmbda), medido em metros (m), é a distância que
separa dois vales, duas cristas ou, ainda, três nós consecutivos.
Capítulo 6 Ondas 125

Figura 6-04 Onda transversal, comprimento de onda.

Assim, podemos escrever:

ou

Essa última é conhecida como a equação fundamental da


onda:

6.7 Equação da Onda

Para estabelecer a equação da onda, vamos tomar uma onda


transversal que se propaga na direção do eixo x, e no mesmo
sentido desse eixo, com velocidade de módulo v. Na Figura
6-04, se considerarmos o início da onda no instante de tempo
considerado como inicial (t0 = 0) e em um instante posterior
genérico (t1 ≠ 0), equivalente a um comprimento de onda, ve-
126 Física

rifica-se o mesmo padrão espacial, ou seja, o mesmo forma-


to, e para os comprimentos de ondas e tempos consecutivos.
Assim, tem-se uma onda periódica, e em qualquer instante de
tempo, o padrão espacial da onda pode ser dado por uma
função harmônica (seno ou cosseno). Assim, para t = 0:

Onde, A representa a amplitude da onda, λ, o comprimen-


to de onda e o número de onda (K ):

k = 2π/λ

No argumento da função seno, aparece a variável x mul-


tiplicada por k pela própria definição do seno como função
periódica (e da onda como fenômeno periódico no espaço).
Por isso, deve-se ter:

usando a expressão acima, fica:

Asen(kx+kλ)=Asenkx.

Essa expressão é uma identidade trigonométrica porque


kλ = 2π.

Tomando os pontos x’ e x tal que x − x’ = vt, ou seja, tal


que x − x’ representa a distância percorrida pela onda durante
o intervalo de tempo t, temos:
Capítulo 6 Ondas 127

ou:

e usando a expressão acima para y(x,t = 0) com v = ω/k


tem-se

Nessa equação, está implícita a condição y = 0 para x =


0 e t = 0, o que não é necessário para uma onda arbitrária. A
equação geral da onda que se propaga sobre o eixo X no mes-
mo sentido que aquele considerado positivo para esse eixo é:

Onde δ é chamada fase inicial.

Fazendo v → − v na demonstração acima obtemos a


equação da onda que se propaga em sentido contrário àquele
considerado positivo para o eixo X:
128   Física

Observe que tomando δ = 0 e x = π/k na primeira equa-


ção geral da onda, obtemos y (π/k,t) = asen (π − ωt), e le-
vando em conta que sen (π − θ) = sen θ, temos que y (π/k,t)
= asen ωt. Essa é a equação de movimento de uma partícula
em MHS com elongação nula em t = 0. Assim, a partícula do
meio pelo qual passa a onda, na posição x = π/k, é um osci-
lador harmônico. O mesmo cálculo pode ser feito para outra
posição, levando a conclusão de que a partícula correspon-
dente tem, também ela, um MHS, mas com uma diferença de
fase em relação ao MHS da primeira partícula. Isso já era de
se esperar, já que estamos considerando ondas harmônicas.

Embora a discussão acima tenha sido baseada nas ondas


transversais por questões didáticas, as fórmulas obtidas valem
também para as ondas longitudinais.

6.8 Reflexão de um pulso em uma corda

Quando um pulso, propagando-se em uma corda, atinge sua


extremidade, pode retornar para o meio em que estava se pro-
pagando. Esse fenômeno é denominado reflexão. Talvez seja
esse o fenômeno mais comum para as ondas. Intuitivamente,
sabemos que refletir significa, incidir sobre uma superfície e
voltar para o mesmo meio. Esse fenômeno, porém, só ocorre
quando a onda incide em uma superfície em que a velocidade
de propagação dessa onda é diferente da velocidade de propa-
gação da mesma no meio de onde ela propagava-se anterior-
mente. Isso não significa que, nesse caso, só ocorra reflexão.
Capítulo 6   Ondas   129

Caso a onda incidente seja periódica, tanto a onda refleti-


da como a transmitida devem ter a mesma frequência da onda
incidente.

Essa reflexão pode ocorrer de duas formas:

6.8.1 Extremidade Fixa


Se a extremidade é fixa, o pulso sofre reflexão com inversão
de fase, mantendo todas as outras características.

Figura 6-05   Reflexão de Onda, em uma extremidade fixa.

6.8.2 Extremidade Livre


Se a extremidade é livre, o pulso sofre reflexão e volta ao
mesmo semiplano, isto é, não ocorre inversão de fase.

  Figura 6-06   Reflexão de Onda, em uma extremidade Livre.


130   Física

6.9 Refração de um pulso em uma corda

A refração de uma onda consiste na sua passagem de um


meio para outro, onde sua velocidade é diferente.

Quando uma onda sofre refração, sua velocidade é al-


terada, porém sua frequência permanece constante (muda o
meio e não a fonte). Em consequência disso, o comprimento
de onda também muda.

Quando uma onda que se propaga em uma corda de me-


nor densidade passar para outra de maior densidade, dizemos
que sofreu uma refração.

Figura 6-07  Refração da onda.

6.10 Princípio da Superposição

 Quando duas ou mais ondas se propagam, simultaneamente,


em um mesmo meio, diz-se que há uma superposição de on-
das. Ou uma interferência.

Como exemplo, considere duas ondas propagando-se


conforme indicam as figuras:
Capítulo 6   Ondas   131

Supondo que atinjam o ponto P no mesmo instante, elas


causarão nesse ponto uma perturbação que é igual à soma
das perturbações que cada onda causaria se o tivesse atingido
individualmente, ou seja, a onda resultante é igual à soma
algébrica das ondas que cada uma produziria individualmente
no ponto P, no instante considerado.

Figura 6-08   Superposição com mesma fase.

Após a superposição, as ondas continuam a se propagar


com as mesmas características que tinham antes. Os efeitos
são subtraídos (soma algébrica), podendo-se anular no caso
de duas propagações com deslocamento invertido.

Figura 6-09   Superposição com fase oposta.


132   Física

6.11 Som

De forma genérica podemos definir som fisicamente, como:

“Uma onda mecânica, longitudinal, que apresenta frequên-


cia entre 20 Hz e 20 000 Hz.”

Dessa definição podemos inferir que ondas abaixo de 20


Hz são denominadas infrassons e acima de 20 000 Hz são
chamadas de ultrassons.

6.11.1 Fontes sonoras


Para que um objeto sirva como fonte sonora, é fundamen-
tal que ele possa vibrar. Para isso é necessário que o corpo
possua: massa e elasticidade.

a) massa:

Apesar de não ser a melhor definição para essa grandeza,


vamos considerar a massa de um corpo como a quantida-
de de matéria que está presente no mesmo.

Não confunda massa com peso. São grandezas completa-


mente diferentes. O peso está associado à força gravitacio-
nal que os astros exercem sobre os objetos próximos a eles.

b) elasticidade

É a propriedade que a matéria tem de recuperar-se de dis-


torções sofridas, tanto na forma como no volume.
Capítulo 6 Ondas 133

Quando comprimimos um objeto que apresente a proprie-


dade física da elasticidade, este tende a retornar a posição
original, antes da compressão.

Entretanto, a matéria mais ou menos comprimida torna-


-se mais ou menos densa. Isto é, aumenta ou diminui
sua densidade.

c) Densidade (µ)

É a razão entre a massa e o volume de um corpo.

Podemos dizer que um corpo torna-se mais denso quando


seu volume diminui e menos denso quando seu volume
aumenta. Isto é, a densidade é uma grandeza diretamente
proporcional à massa do corpo e inversamente proporcio-
nal ao volume do mesmo.

µ=

6.11.2 Velocidade do som


O som se propaga com maior velocidade nos meios mais
densos.

Vferro > Vágua > Var (Var = 340 m/s)


134   Física

6.11.3 Qualidades do som


Denomina-se de qualidades do som:

a) Altura: característica determinada pela frequência.


Assim, tem-se um som:

Alto: de grande frequência, um som ‘agudo’.

Baixo: de pequena frequência, um som ‘grave’.

b) Intensidade: característica determinada pela amplitu-


de (energia). Assim, tem-se um som:

Forte: de grande amplitude, energia e volume.

Fraco: de pequena amplitude, energia e volume.

c) Timbre: característica que permite diferenciar dois


sons de mesma altura e intensidade, porém emitidos por
fontes diferentes.
Capítulo 6   Ondas   135

Lista de exercícios

1. No ar, sob condições normais de temperatura e pressão, uma


fonte sonora emite um som cujo comprimento de onda é de
25 cm. Supondo que a velocidade de propagação do som
no ar é de 340 m/s, a frequência do som emitido será de:
a) 1360 Hz d) 3200 Hz

b) 1600 Hz e) 3400 Hz

c) 2720 Hz

2. Uma onda sonora de 0,68 m de comprimento de onda pro-


paga-se no ar com velocidade de 340 m/s. O período e
a frequência das vibrações produzidas nas partículas do
meio devido à propagação dessa onda, são respectiva-
mente de:
a) 0.0043 s e 231,2 Hz d) 0.002 s e 500 Hz

b) 500 s e 0.002 Hz e) 231,2 s e 0.0043 Hz

c) 0.004 s e 250 Hz

3. Um som se propaga no ar com velocidade de 340 m/s e


tem comprimento de onda de 3,4 m. Se o mesmo som se
propagar na água, sua frequência:
a) valerá 10 Hz

b) valerá 100 Hz

c) valerá 0,01 Hz
136   Física

d) valerá 340 Hz

e) não estará determinada, pois sua velocidade de propa-


gação na água muda

4. O ouvido humano consegue ouvir sons desde aproximada-


mente 20 Hz até 20 000 Hz. Considerando que o som se
propaga no ar com velocidade de 330 m/s, que intervalo de
comprimentos de onda é detectável pelo ouvido humano?
a) de 16,5 m a 0,0165 m

b) de 16,5 m a 1,65 m

c) de 82,5 m a 0,825 m

d) de 8,25 m a 0,0825 m

e) de 20 m a 0,20 m

5. Para que se receba o eco de um som no ar, onde a veloci-


dade de propagação é de 340 m/s, é necessário que haja
uma distância de 17 m entre a fonte e o anteparo onde o
som é refletido. Na água, onde a velocidade de propaga-
ção do som é de 1 600 m/s, essa distância precisa ser de:
a) 34 m d) 160 m

b) 60 m e) 1500 m

c) 80 m
Capítulo 6   Ondas   137

6. Para pesquisar a profundidade do oceano em uma certa


região, usou-se um sonar instalado em um barco em re-
pouso. O intervalo de tempo decorrido entre a emissão do
sinal (ultrassom com frequência de 75 000 Hz) e a chega-
da da resposta (eco) ao barco é de 1 s. Supondo que a
velocidade de propagação do som na água seja de 1 500
m/s, a profundidade do oceano nessa região é de:
a) 25 m d) 750 m

b) 50 m e) 1 500 m

c) 100 m

7. Um vibrador ligado a uma mola espiralada produz uma


onda longitudinal harmônica que se propaga ao longo
dela. A frequência da fonte é de 0,4 Hz e a distância entre
duas rarefações consecutivas na mola é de 0,02 m. Deter-
mine a velocidade da onda nessa mola.

8. Um homem produz ondas, balançando um barco na su-


perfície de um lago de águas paradas. Ele observa que
o barco apresenta 16 oscilações em 20 segundos, sendo
que cada oscilação produz uma onda. A crista de uma
dada onda leva 6 segundos para alcançar uma praia que
se encontra à distância de 12 m. Calcule o comprimento
de onda das águas na superfície do lago.
138   Física

9. Qual a frequência das ondas sonoras que, em um deter-


minado meio, apresentam velocidade de propagação de
5000 m/s e comprimento de onda de 20 m?

10. A 20°C as ondas sonoras apresentam no ar velocidade de


propagação igual a 340 m/s. Determine o comprimento
de onda das ondas sonoras de frequência 500 Hz.

11. Uma onda sonora de frequência 250 Hz propaga-se na


água e apresenta comprimento de onda igual a 5,8 m.
Determine a velocidade dessa onda na água.

12. Uma martelada é dada na extremidade de um trilho. Na


outra extremidade encontra-se um indivíduo que ouve dois
sons, com uma diferença de tempo de 0,18 s. o primei-
ro se propaga através do trilho, com velocidade de 3400
m/s, e o segundo, através do ar, com velocidade de 340
m/s. Determine, em metros, o comprimento do trilho.

13. Um som simples de frequência 3400 Hz propaga-se no ar


com velocidade de 340 m/s. Assinale a opção correta:
a) o referido som é uma onda eletromagnética;

b) o referido som é uma onda transversal;

c) o referido som tem comprimento de onda de 10 cm;

d) o referido som tem comprimento de onda de 10 m;

e) o referido som terá velocidade de 340 m/s em qual-


quer meio de propagação.
Capítulo 6   Ondas   139

14. Em uma corda esticada, propaga-se uma onda harmônica


de frequência f = 20 Hz e velocidade v = 30 m/s. Calcule
a menor distância entre dois pontos que oscilam em fase.

15. Uma onda harmônica de frequência f = 40 Hz propaga-se


em uma corda esticada. Sabendo que o comprimento de
onda é λ = 2,0 m, calcule a velocidade de propagação
da onda.

16. Qual é a velocidade de propagação de uma onda, em


m/s, que se desloca em um meio homogêneo e isotrópico
com período de 0,04 s e comprimento de onda igual a
100 metros?

17. A lâmina de uma campainha elétrica imprime a uma corda


esticada 60 vibrações por segundo. Se a velocidade de
propagação das ondas na corda for de 12 m/s, então qual
a distância entre duas cristas consecutivas em metros?

18. A figura abaixo representa uma onda senoidal de 5 Hz de


frequência que se propaga ao longo de uma corda. Deter-
mine a velocidade de propagação da onda.

10 cm

19. Um trem de ondas senoidais de frequência 440 Hz pro-


paga-se ao longo de uma corda tensa. Verifica-se que a
140 Física

menor distância que separa dois pontos que estão sempre


em oposição de fase é 40 cm. Nessas condições, qual a
velocidade de propagação das ondas na corda?
20. A figura ao lado representa um trecho de uma onda que
se propaga com velocidade de 345 m/s. Determine a fre-
quência dessa onda.

225 cm

21. Uma onda de comprimento de onda igual a 0,5 m e fre-


quência 4 Hz propaga-se em uma superfície líquida. Esta-
belece-se um eixo x ao longo do sentido de propagação.
No instante t = 0 observa-se um partícula na origem do
sistema de coordenadas. Qual será a coordenada x da
partícula, decorridos 10 s?

22. No ar, e em condições normais de temperatura e pressão,


uma fonte sonora emite um som cujo comprimento de onda
é de 25 cm. Supondo a velocidade de propagação do som
no ar igual a 340 m/s, qual a frequência do som emitido?

23. Um jovem está observando do porto a chegada de ondas


do mar. Usa um cronômetro e toma como referência um
poste que emerge da água, para verificar que passam 30
cristas de onda em um minuto. Depois, observa a crista de
Capítulo 6   Ondas   141

um onda e determina que ela percorre a distância de 16


m, entre dois postes, em 2 segundos.
a) Qual a velocidade de propagação das ondas?

b) Qual o comprimento de onda?

24. Em um lago, o vento produz ondas periódicas, que se


propagam com velocidade de 2 m/s. O comprimento de
onda é 10 metros. Determine o período de oscilação de
um barco que está ancorado nesse lago.

25. A Rádio da ULBRA opera na frequência de 107,7 MHz.


Considerando-se que a velocidade de propagação das on-
das eletromagnéticas na atmosfera é igual a 300 000 km/s,
determine o comprimento de onda emitida pela Rádio.

26. Determine a frequência dos raios X, cujo comprimento de


onda no vácuo é igual a 0,1 Å. Considere c = 3 . 108 m/s.

27. Um sinal eletromagnético é recebido de volta, em uma


estação terrestre de radar, 2,5 segundos após ter sido en-
viado à Lua. Calcule a distância da Terra à Lua, em km.
Considere c = 3 . 108 m/s.

28. Qual é a velocidade de propagação de uma onda que se


desloca em um meio homogêneo e isotrópico com frequ-
ência de 25 Hz e comprimento de onda igual a 200 m?
142 Física

29. Um dispositivo elétrico faz uma corda esticada vibrar 120


vezes por segundo. Se a velocidade de propagação das
ondas na corda for de 48 m/s, então qual o comprimento
de onda produzida nessa corda?

30. O gráfico abaixo representa a forma de um fio, em um de-


terminado instante, por onde se propaga uma onda, cuja
velocidade vale 6 cm/s.

1cm

Determine:

a) a amplitude da onda;

b) o comprimento de onda;

c) a frequência da onda.

31. Uma onda harmônica de frequência 550 Hz propaga-se


em uma corda esticada. Sabendo que o comprimento de
onda é 0,02 m, calcule a velocidade de propagação des-
sa onda.
Capítulo 6 Ondas 143

32. A distância linear entre dois pontos que encontram-se em


oposição de fase (uma crista e um vale) em uma onda é
25 cm. Sabendo que o período de oscilação dessa onda é
de 0,005 s, determine a velocidade de propagação dessa
onda, nesse meio.

33. A figura abaixo mostra duas ondas que se propagam em


cordas idênticas (mesma velocidade de propagação). Po-
de-se afirmar que:
a) A frequência em I é menor que em II, e o comprimento
de onda em I é maior que em II.

b) A amplitude em ambas é a mesma, e a frequência em


I é maior que em II.

c) A frequência e o comprimento de onda são maiores em I.

d) As frequências são iguais, e o comprimento de onda é


maior em I.

e) A amplitude e o comprimento de onda são maiores em I.

II
144   Física

Gabarito:
1. a 13. c 24. t = 5 s
2. d 14. λ = 1,5 m 25. λ = 2,79 m
3. b 15. v = 80 m/s 26. f = 3 . 1019 Hz
4. a 16. v = 2 500 m/s 27. λ = 3,75 . 108 m
5. c 17. λ = 0,2 m 28. v = 5 000 m/s
6. d 18. v = 200 cm/s 29. λ = 0,4 m
7. v = 0,08 m/s 19. v = 352 m/s 30. a) 2 cm
8. λ = 2,5 m 20. f = 230 Hz b) 12 cm
9. f = 250 Hz 21. x = 0 c) 0,5 Hz
10. λ = 0,68 m 22. f = 1,36 kHz 31. v = 11 m/s
11. v = 1450 m/s 23. a) v = 8,0 m/s 32. 100 m/s
12.  = 68 m b) λ = 16 m 33. a

Bibliografia

BRUNET, Ana e LEYSER, Magda. Funções Trigonométricas:


uma abordagem conceitual e dinâmica. Minicurso – sim-
pósio ULBRA. Canoas, 2004.

HALLIDAY, RESNICK & WALKER. Fundamentos de Física. vol.


2. 4ª. Edição. Rio de Janeiro: LTC, 1993.

Movimento Ondulatório. (*Preparado por C.A. Bertulani para


o projeto de Ensino de Física a Distância. Disponível na In-
ternet em <http://www.if.ufrj.br/persons/bertulani.html>.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2 e 4,


Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição, 2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm J., Física,


Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 7

Óptica Geométrica – i

ÂÂ
A
ntes de qualquer coisa, cabe uma observação sobre
a língua portuguesa. É muito comum encontrarmos a
palavra “ótica” associada ao conceito da visão. Acontece
que essa palavra está relacionada ao processo de audi-
ção e não da visão. O correto é sempre utilizar a palavra
“óptica” quando estamos nos referindo à visão.
Uma das perguntas mais antigas da humanidade no
aspecto científico diz respeito a como o ser humano (e
não só o ser humano) consegue ver as coisas. É no intui-
to de explicar o processo da visão que a física criou um
ramo denominado óptica. Essa preocupação remota dos
antigos pensadores da Grécia Antiga (séculos V-III a.C.),
passando pela Escola Arábica (séculos IX-X) e, finalmente,
chegando até a Óptica Moderna (século XVII em diante).
146   Física

É comum os livros atribuírem ao século XVII o surgimento


da óptica geométrica tal como a conhecemos nos dias de
hoje. No entanto, de um ponto de vista histórico, a óptica
geométrica tem suas raízes em especulações muito mais
remotas, feitas pelos principais pensadores da Antiguida-
de, e remonta a vinte longos séculos de discussões. Por
exemplo, a ideia de raio de luz, assim como a conhece-
mos hoje em dia no estudo da óptica geométrica, é atri-
buída ao matemático Euclídes (Alexandria ≈ 300 a.C.).
Foi também encontrado estudos sobre a refração da luz,
atribuído a Cláudio Ptolomeu (Alexandria ≈ 140 a.C.). O
importante observar é que em momento algum da história
da humanidade esse estudo esteve estagnado, ao con-
trário, ele sofreu modificações expressivas, sobretudo no
século XVII, quando Huygens introduziu a ideia de que a
luz comporta-se como uma onda. Christian Huygens (pro-
fessor holandês 1629 – 1695) demonstra que todos os
fenômenos físicos conhecidos na época podiam ser me-
lhor explicados se admitíssemos a luz como uma onda e
não uma partícula. Contrapondo-se a essas ideias, Isaac
Newton (físico inglês 1642 – 1727), admitia que a luz
comportava-se como uma partícula. Essas discussões so-
bre a dualidade onda partícula só fizeram despertar vários
outros aspectos importantes no estudo da óptica. Nomes
de vulto, como Hertz, Maxwell, Planck, Einstein e muitos
outros, contribuíram significativamente para estabelecer
novos conhecimentos na área da óptica. A Física Moder-
na, ou Física Contemporânea, utiliza vários desses conhe-
cimentos para explicar fenômenos simples como as cores
vivas que aparecem em uma bola de sabão. Hoje em dia
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   147

esse estudo é dividido, para efeitos didáticos, em óptica


geométrica e óptica física. Nesse primeiro momento, va-
mos nos preocupar apenas com os aspectos geométri-
cos do estudo da óptica. Posteriormente, poderemos fazer
uma breve análise dos aspectos físicos da luz.
148 Física

7.1 Fonte luminosa

Pode-se dividir os corpos em corpos luminosos e iluminados.


Independentemente de admitirmos que os corpos são dividi-
dos dessa forma, todos os corpos para ser vistos devem, de
alguma forma, estar “emitindo” ou “refletindo” luz. Dizemos
que todos os corpos são fontes luminosas. Para diferenciá-los,
dizemos que os corpos luminosos são chamados de fontes de
luz primária e os corpos iluminados são chamados de fontes
de luz secundária.

7.1.1 Fonte de luz primária


Qualquer corpo que transforme algum tipo de energia em
energia luminosa, pode ser considerado uma fonte de luz primária.

Ex.: o fogo, o sol, um vaga-lume, uma vela acesa, uma


lâmpada acesa etc.

Figura 7-01 Fontes de luz primária.


Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 149

7.1.2 Fonte de luz secundária


Qualquer corpo que não tenha luz própria, isto é, que no
escuro não consiga ser vista. Para vermos uma fonte de luz
secundária, precisamos fazer com que algum tipo de luz incida
sobre a mesma. Só conseguimos observar uma fonte de luz
secundária por que ela reflete a luz que incide sobre ela.

Ex.: a lua, uma mesa, uma pessoa etc.

Figura 7-02 Fontes de luz secundária.

7.2 Raio de Luz

Para facilitar o estudo da óptica geométrica, vamos definir


o conceito de raio de luz. Dizemos que a luz propaga-se
através de raios representados graficamente por um seg-
mento de reta orientado. Um raio de luz indica a direção
e o sentido de propagação da luz. Devemos entender por
direção, a reta suporte por onde o raio passa e o sentido,
representado pela ponta da seta, como para onde o raio se
propaga. Observe que uma direção pode apresentar sem-
pre dois sentidos.
150 Física

sentidos
direção

raios de luz

Quando vários raios de luz são representados, dizemos


que constituem um feixe de luz ou um pincel de luz. Os feixes
de luz podem apresentar-se basicamente de três formas:

7.2.1 Feixe de luz divergente


Quando os raios de luz divergem a partir da fonte emisso-
ra. Em geral, essa é a forma mais comum de apresentação dos
raios de luz. A grande maioria dos objetos, fontes primárias e/
ou secundárias, apresentam raios de luz de forma divergente.

Ex.: vela acesa ou apagada, Sol, uma mesa etc.

7.2.2 Feixe de luz convergente


Quando os raios de luz convergem para um ponto. Nesse
caso, necessitamos de um objeto que faça os raios sofrerem
um desvio em seu caminho para convergirem para um único
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   151

ponto. É comum exemplificarmos raios convergente utilizando


lentes convergentes interceptando raios de luz.

Ex.: raios de luz sendo interceptados por uma lente convergente.

7.2.3 Feixe de luz Paralelo


Quando os raios de luz são paralelos entre si. Essa é uma
das poucas situações em que o homem conseguiu superar a
natureza. Para obtermos raios de luz paralelos entre si precisa-
mos utilizar uma laser, que nada mais é do que um conjunto
de raios de luz “colimados”, por meio de um processo eletro-
magnético. Para fontes de luz muito distantes, podemos assu-
mir os raios de luz que chegam a determinado objeto como
praticamente paralelos entre si. Por exemplo, os raios de luz
que são emitidos pelo Sol são divergentes, porém os raios de
luz que saem do Sol e chegam na Terra, são praticamente pa-
ralelos entre si. Esse paralelismo é devido a grande distância
existente entre o Sol e a Terra.

Ex.: laser, raios do Sol que chegam na Terra etc.


152   Física

7.3 Meios de propagação da luz

A luz é uma onda eletromagnética. Toda onda eletromagné-


tica não exige um meio para se propagar, isto é, ela pode
propagar-se também no vácuo. Apesar disso, a luz também se
propaga em outros meios. Esses meios são divididos em:

7.3.1 Meio transparente


É aquele que permite a visualização nítida das imagens dos
objetos através da passagem da luz por eles.

Ex.: ar, vidro transparente, água etc.

7.3.2 Meio translúcido


É aquele que permite a passagem da luz, mas não permite
uma visualização nítida das imagens dos objetos através dele.

Ex.: papel manteiga, vidro canelado, vidro leitoso etc.

7.3.3 Meio opaco


É aquele que não permite a passagem da luz.

Ex.: madeira, parede de tijolos, uma pessoa etc.


Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   153

7.4 Velocidade da luz

Já ficou estabelecido acima que, para efeito do estudo da ópti-


ca geométrica, a luz será adotada como uma onda eletromag-
nética. Qualquer onda eletromagnética é proveniente da inte-
ração entre dois campos, como sugere o próprio nome, um
elétrico e outro magnético. Dependendo da frequência com
que esses campos estejam vibrando, eles gerarão uma onda
com determinada frequência. O nosso corpo possui células
que são sensíveis a determinadas frequências, isto é, depen-
dendo da frequência com que a onda eletromagnética atin-
ja nosso órgão visual, as células existentes no mesmo serão
excitadas produzindo um impulso elétrico que avisará nosso
cérebro que, alguma coisa diferente está acontecendo lá fora.
Independentemente da frequência com que a onda eletromag-
nética esteja sendo gerada, todas as ondas eletromagnéticas,
inclusive a luz, possuem, em um mesmo meio, a mesma ve-
locidade, já que a velocidade de uma onda é característica
do meio onde ela está se propagando e não da fonte que a
gerou. A fonte é responsável pela frequência geradora. Depois
de muitos erros e acertos, os cientistas chegaram a conclusão
que a luz propaga-se no vácuo com uma velocidade limite,
impossível de ser alcançada e muito menos ultrapassada. A
partir do ano de 1983, por decisão dos órgãos científicos in-
ternacionais, a velocidade da luz, no vácuo, passou a ser con-
siderada uma constante universal com valor bem determinado,
exatamente igual a:

c = 299 792 458 m/s


154 Física

Porém, para efeitos de cálculos que não exijam uma preci-


são tão grande, é muito comum utilizarmos, para a velocidade
da luz no vácuo, o valor:

c = 300 000 000 m/s ou c = 300 000 km/s

c = 3 . 108 m/s ou c = 3 . 105 km/s

7.5 Princípios da óptica geométrica

7.5.1 Propagação retilínea da luz


Em um meio homogêneo e transparente, a luz propaga-se
sempre em linha reta.

Figura 7-03 Propagação retilínea da luz.

7.5.2 Independência dos raios luminosos


Os raios de luz de um feixe são independentes.

Figura 7-04 Independência dos raios.


Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 155

7.5.3 Reversibilidade dos raios luminosos


O caminho da luz não se modifica quando permutamos as
posições da fonte e do observador.

Figura 7-05 Caminho da luz.

Em decorrência aos três princípios fundamentais da óptica


geométrica, pode-se notar o aparecimento da sombra. Mas
existe diferença entre sombra e penumbra? Para responder a
essa pergunta, vamos inicialmente considerar uma fonte pun-
tiforme, isto é, em forma de ponto (que apresente dimensões
desprezíveis, comparada com o que se está estudando). Essa
fonte ao iluminar um objeto provoca o aparecimento de uma
sombra em um anteparo colocado imediatamente atrás do ob-
jeto que está sendo iluminado. Observe o desenho que segue.

Figura 7-06 Projeção da sombra.


156 Física

Agora, vamos supor que a nossa fonte tenha dimensões


não desprezíveis, isto é, o seu tamanho não pode ser descon-
siderado. A sombra que aparecerá no anteparo virá acompa-
nhada de uma região mais clara em seu contorno denominada
penumbra. Essa penumbra dependerá da distância entre fonte
e objeto, e entre objeto e anteparo. Além disso, a penumbra
também dependerá do tamanho da fonte e do tamanho do
objeto. Observe o desenho que segue.

Figura 7-07 Projeção da sombra com penumbra.

7.6 Principais fenômenos ópticos

No estudo da óptica, existem diversos fenômenos que a físi-


ca consegue explicar com bastante segurança. Para os nossos
estudos em óptica geométrica, alguns deles são mais úteis.
Vamos discutir um pouco quatro desses fenômenos para apro-
fundá-los mais adiante.
Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 157

7.6.1 Reflexão especular da luz


O fenômeno da reflexão tem a ver com o retorno de um
raio de luz que atinge uma superfície opaca. Quando um feixe
de luz atinge uma superfície lisa e polida, retorna ao meio do
qual é proveniente. Supondo que a superfície, além ser lisa e
polida também for plana, e sendo os raios, do feixe incidente,
paralelos entre si, os raios do feixe emergente, isto é, os raios
refletidos, serão, também, paralelos entre si.

Figura 7-08 Reflexão da luz.

7.6.2 Reflexão difusa da luz


Quando um feixe de raios paralelos entre si incidem em
uma superfície rugosa mas opaca, os raios refletidos, isto é, o
feixe emergente, retornam ao meio do qual são provenientes,
porém perdendo o paralelismo entre si.

Figura 7-09 Reflexão difusa da luz.


158 Física

7.6.3 Refração da luz


O fenômeno da refração está associado à passagem da
luz de um meio para outro. Para tanto é necessária a presença
de dois meios transparentes ou translúcidos. Quando um feixe
de luz, de raios paralelos entre si, incide em uma superfície
refratora, isto é, uma superfície que separa dois meios trans-
parentes ou translúcidos, os raios passam a se propagar no
segundo meio. Caso os dois meios sejam homogêneos, indi-
vidualmente, os raios emergentes, isto é, os raios refratados,
não perdem o paralelismo entre si.

Figura 7-10 Refração da luz.

7.6.4 Absorção da luz


Quando um feixe de luz incide em uma superfície e não so-
fre reflexão nem refração, dizemos que ele foi absorvido pela
superfície. O fenômeno da absorção está associado a perda
de energia da luz para a superfície.

Figura 7-11 Absorção da luz.


Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   159

Obs.: Nenhum desses fenômenos ocorre se-


paradamente. Isto é, não existem superfícies com-
pletamente refletoras, nem especularmente, nem
difusamente, bem como não existem superfícies
completamente refratoras, e também não existem
superfícies completamente absorventes. Em todas as
situações podemos observar todos esses fenômenos.
O que ocorre é que, em algumas situações, um ou
outro fenômeno sobressai em relação aos outros.

Lista de exercícios n° 1

1. Complete a frase: o filamento de uma lâmpada .................


................ de luz.
a) é necessariamente uma fonte primária;

b) é necessariamente uma fonte pontual;

c) é necessariamente uma fonte extensa;

d) pode ser uma fonte secundária;

e) não é uma fonte.

2. A velocidade de propagação da luz vermelha no vácuo é:


a) igual à da luz violeta;
160   Física

b) maior do que a da luz violeta;

c) menor do que a da luz violeta;

d) maior do que a da luz verde e menor do que a da luz azul;

e) menor do que a da luz verde e maior do que a da luz azul.

3. A luz do Sol leva, aproximadamente, 8 min e 20 s para che-


gar à Terra. Sendo 3 . 108 m/s a velocidade de propaga-
ção da luz no vácuo, determine a distância do Sol a Terra,
em km.

4. Alguns anos atrás, o homem enviou um sonda espacial com


destino a Júpiter para colher informações desse planeta.
Sabendo que a distância média do citado planeta à Terra
é de 630 . 106 km, um sinal eletromagnético emitido pela
sonda, levaria quanto tempo para ser captado na Terra?

5. Uma unidade de medida muito utilizada em astronomia é


o “ano-luz” e corresponde à distância percorrida pela luz
em uma viagem que durasse o tempo de 1 ano terrestre.
Sabendo que a luz possui uma velocidade no vácuo de
aproximadamente igual a 3 . 105 km/s, determine, em km,
o valor correspondente a essa distância.

6. A estrela mais próxima da Terra, depois do Sol, é Alfa do Cen-


tauro e está a 3,4 anos-luz. Calcule essa distância em km.
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   161

7. Uma estrela emite radiação que percorre a distância de 1


bilhão de anos-luz até chegar a Terra e ser captada por
uma antena telescópica. Isso quer dizer:
a) A estrela está a 1 bilhão de km da Terra.

b) Daqui a 1 bilhão de anos, a radiação da estrela não


será mais observada na Terra.

c) A radiação recebida na Terra foi emitida pela estrela há


1 bilhão de anos.

d) Hoje, a estrela está a 1 bilhão de anos-luz da Terra.

e) Quando a radiação foi emitida, a estrela tinha idade


de 1 bilhão de anos.

8. A luz proveniente da explosão de uma estrela percorre 4,6


anos-luz para chegar à Terra, quando, então, é observada
por telescópio. Podemos concluir que:
a) A estrela estava a 365 mil quilômetros da Terra.

b) A estrela estava a 13,8 milhões de quilômetros da Terra.

c) A estrela estava a 4,6 milhões de quilômetros da Terra.

d) A estrela tinha 4,6 milhões de anos quando a explosão


ocorreu.

e) A explosão ocorreu 4,6 anos antes da observação.

9. Recentemente, foi anunciada a descoberta de um sistema


planetário, semelhante ao nosso, em torno da estrela
162   Física

Vega, que está situada a cerca de 26 anos-luz da Terra.


Isto significa que a distância de Veja até a Terra, em metros
é da ordem de:
a) 1017

b) 109

c) 107

d) 105

e) 103

10. Um edifício projeta no solo uma sombra de 30 metros. No


mesmo instante, um observador toma uma haste vertical
de 70 cm de comprimento e nota que sua sombra mede
50 cm. Qual a altura do edifício?

11. Para determinar a altura de uma torre, um homem de 1,70


m de altura mediu os comprimentos da sombra da torre e
de sua própria sombra, encontrando, respectivamente, os
valores 40 m e 1 m. Determine a altura da torre.

12. Um disco opaco de 10 cm de raio é colocado entre uma


fonte de luz puntiforme e um anteparo opaco, paralelo ao
disco. As distâncias da fonte ao disco e dela ao anteparo
são, respectivamente, iguais a 1 m e 4 m. Determine o raio
da sombra do disco projetada sobre o anteparo.
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   163

13. Um objeto linear está situado a 20 cm de uma câmara


escura de orifício, de comprimento 30 cm. Sabendo que
a altura da imagem projetada é de 6 cm, determine a
altura do objeto.

14. Um grupo de escoteiros deseja construir um acampamen-


to em torno de uma árvore. Por segurança, eles devem
colocar as barracas a uma distância tal da árvore que, se
esta cair, não venha a atingi-los. Aproveitando o dia enso-
larado, eles medem, ao mesmo tempo, os comprimentos
das sombras da árvore e de um deles, que tem 1,50 m
de altura; os valores encontrados foram 6,0 m e 1,80 m,
respectivamente. A distância mínima de cada barraca à
árvore deve ser de:

15. Tales de Mileto, um famoso matemático, foi o primeiro ho-


mem a medir a altura da grande pirâmide de Queops. Essa
pirâmide, a maior dentre as pirâmides do Egito, demorou
20 anos para ser construída, utilizou 2 milhões de pedras e
mais de 100 000 homens trabalharam em sua construção.
Para isso, ele colocou um bastão de 1 m de comprimento
cravado no chão de forma vertical ao mesmo e mediu a
sombra que este projetava no chão, encontrando o valor
26 cm. Ao mesmo tempo, ele mediu a sobra que a pirâmi-
de projetava no chão e encontrou o valor 10 m. Sabendo
que a pirâmide tem base quadrada de lado 60 m, deter-
mine a altura dessa pirâmide.

16. Durante uma trovoada, sempre se vê a luz antes de se ou-


vir o ruído do trovão. Discutir esse fato em termos das vá-
164   Física

rias velocidades de ondas. Esse fenômeno pode ser usado


na determinação da distância em que acontece a tempes-
tade? Por exemplo, a que distância deve ter ocorrido um
relâmpago se, a partir do vislumbre do clarão, conta-se 5
segundos para começar a ouvir o trovão?
Considere a velocidade do som no ar igual a 340 m/s.

17. Quando o ar quente sobe em volta de um radiador ou de


um cano de aquecimento, os objetos atrás parecem tremu-
lar ou ondular. O que está acontecendo?

18. A luz demora cerca de 8 minutos para percorrer a distân-


cia entre o Sol e a Terra. Ela se atrasa consideravelmente
pela atmosfera terrestre?

19. Qual o comprimento de onda em metros, mícrons (10-6),


nanômetros (10-9) e ângströms (Å = 10-10 m):
a) Dos raios-X moles, que têm frequência de 2 × 1017 Hz?

b) Da luz verde, que apresenta frequência de 5,6 × 1014 Hz?

20. O espectro visível abrange um intervalo de comprimento


de onda entre cerca de 400 nm e cerca de 700 nm. Ex-
presse esses comprimentos de onda em cm.

21. Supondo que o raio da órbita da Terra seja de 149 000


000 km e tomando o melhor valor da velocidade da luz,
calcule o tempo necessário para a luz percorrer uma dis-
tância equivalente ao diâmetro daquela órbita.
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   165

Gabarito
1. a 15. 153,84 m
2. b 16. 1 700 m
3. 150 000 000 km 17. Uma diferença de temperatura do
4. 35 min meio provoca variações no índice de re-
5. 9,47 . 1012 km fração do meio, acarretando a refração
6. 3,22 . 1013 km da luz nesse meio.
7. C 18. Sofre um atraso insignificante
8. E por ser muito pequeno.
9. A 19. a) 1,5 . 10-9 m 1,5 . 10-3 µm
10. 42 m 1,5 nm 15 Å
11. 68 m b) 5,37 . 10-7 m 0,537 µm
12. 40 m 537 nm 5 370 Å
13. o = 4 cm 20. 400 . 10-7 cm e 700 . 10-7 cm
14. S = 5,0 m 21. 993,33 s

7.7 Leis da Reflexão

Qualquer que seja o tipo de reflexão que ocorra na superfície,


seja ela especular ou difusa, os raios, individualmente, sempre
obedecem a duas leis básicas:

ÂÂ1ª lei da reflexão:

“O raio incidente, o raio refletido e a linha normal à super-


fície refletora são coplanares.”

Entende-se raio incidente (I) como o raio proveniente de


uma fonte luminosa que incide na superfície. Como raio re-
fletido (R) (também denominado emergente) como o raio que
retorna ao meio de onde era proveniente após a incidência
na superfície. E linha normal à superfície (N), uma linha ima-
166 Física

ginária, que forma com a superfície, no ponto de incidência


do raio incidente, um ângulo de 90°, isto é, perpendicular à
superfície. Quando dizemos que essas três linhas são coplana-
res, estamos afirmando que todas devem pertencer ao mesmo
plano (α).

plano (α)

I N R

Figura 7-12 Superfície refletora.

 2ª lei da reflexão:

“O ângulo de incidência (θ1), formado entre o raio inciden-


te e a linha normal, é sempre igual ao ângulo de reflexão
(θ2), formado entre o raio refletido e a linha normal.”

N R
I

θ1
θ2

Figura 7-13 Ângulo incidente é igual ao refletido.


Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 167

Observe que podemos aplicar ambas as leis da reflexão


para explicar os dois tipos de reflexão que vimos anteriormen-
te. A mais óbvia é a reflexão especular, quando um feixe de
raios paralelos incidem em uma superfície plana e polida e
retornam ao meio de onde vieram.

Figura 7-14 Superfície refletora com reflexão especular.

7.8 Leis da Refração

Refratar significa atravessar de um meio para o outro. Quan-


do dizemos que um raio sofreu refração, estamos automatica-
mente dizendo que ele começou a propagar-se em um meio
diferente do que o que ele estava “andando”. É graças ao
fenômeno da refração da luz no ar que conseguimos enxergar
os objetos que nos rodeiam, nesse caso dizemos que o ar é
um meio transparente. Caso a luz não conseguisse refratar-se
pelo ar, não conseguiríamos ver. É também devido ao fato da
luz refratar-se no meio vidro que conseguimos colocar óculos
para corrigir eventuais defeitos de visão. Qualquer que seja o
tipo de refração que ocorra entre dois meios, os raios, indivi-
dualmente, sempre obedecem a duas leis básicas:
168 Física

 1ª lei da refração:

“O raio incidente, o raio refratado e a linha normal à super-


fície refratora são coplanares.”

Entende-se raio incidente (I) como o raio proveniente de


uma fonte luminosa que incide na superfície. Como raio re-
fratado (R) como o raio que atravessa a superfície passando
a propagar-se em um segundo meio, diferente do anterior. E
linha normal à superfície (N), uma linha imaginária, que forma
com a superfície, no ponto de incidência do raio incidente, um
ângulo de 90°, isto é, perpendicular à superfície. Quando di-
zemos que essas três linhas são coplanares, estamos afirman-
do que todas devem pertencer ao mesmo plano (α).

plano (α)
N
I

superfície refratora

Figura 7-15 Raio refratado.

7.10.1 Índice de refração


Antes de enunciarmos a 2ª lei da refração, é fundamental
definirmos uma grandeza muito importante para o estudo da
óptica, o índice de refração de um material.
Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 169

Quando a luz atravessa a superfície que separa dois meios,


ela passa a se propagar de acordo com as características des-
se segundo meio. O índice de refração é uma relação entre a
velocidade da luz em um determinado meio e a velocidade
da luz no vácuo (c). Em meios com índices de refração mais
baixos (próximos a 1) a luz tem velocidade maior (ou seja,
próximo a velocidade da luz no vácuo). A relação matemática
para o índice de refração (n) é:

Onde:

c  é a velocidade da luz no vácuo (c = 3 x 108 m/s);

v  é a velocidade da luz no meio.

De modo geral, a velocidade da luz nos meios materiais é


menor que c; e assim, em geral, teremos n > 1. Por extensão,
definimos o índice de refração do vácuo, que obviamente é
igual a 1. Portanto, sendo n o índice de refração de um meio
qualquer, temos:

n>1

A velocidade de propagação da luz no ar depende da fre-


quência da luz, já que o ar é um meio material. Porém, essa
velocidade é quase igual a 1 para todas as cores. Ex.: índi-
ce de refração da luz violeta no ar = 1,0002957 e índice
de refração da luz vermelha no ar = 1,0002914. Portanto,
nas aplicações, desde que não queiramos uma precisão muito
170   Física

grande, adotaremos o índice de refração do ar como aproxi-


madamente igual a 1:

A experiência mostra que, em cada meio material, a velo-


cidade diminui com a frequência, isto é, quanto maior a frequ-
ência, menor a velocidade.

vvermelho > vlaranja > vamarelo > vverde > vazul > vanil > vvioleta
É comum confundirmos a refringência do meio com sua
densidade. Em geral, quando a densidade de um meio au-
menta, seu índice de refração também aumenta, mas isso não
é regra, isto é, não podemos afirmar que um meio mais denso
seja mais refringente e vice-versa. Variações de temperatura
e pressão alteram a densidade de um meio provocando al-
terações também no índice de refração desse meio. No caso
dos sólidos, essa alteração é pequena, mas para os líquidos,
as variações de temperatura são importantes, e no caso dos
gases, tanto as variações de temperatura como as de pressão
devem ser consideradas.

A maioria dos índices de refração é menor que 2; uma


exceção é o diamante, cujo índice é aproximadamente 2,4.
Para a luz amarela emitida pelo sódio, sua frequência é f =
5090.1014 Hz e cujo comprimento de onda no vácuo é λ =
589 nm. Essa é a luz padrão para apresentar os índices de
refração.

Consideremos dois meios A e B, cujos índices de refração


são nA e nB; se nA > nB, dizemos que A é mais refringente que B.
Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 171

Consideremos dois meios transparentes A e B e um feixe


de luz dirigindo-se de A para B. Para que haja feixe refletido é
necessário que nA ≠ nB .

Quando nA = nB, não há luz refletida e também não há


mudança na direção da luz ao mudar de meio; dizemos que
há continuidade óptica. Quando temos um bastão de vidro
dentro de um recipiente contendo um líquido com o mesmo
índice de refração do vidro, a parte do bastão que está sub-
mersa, não refletindo a luz, fica "invisível".

Assim como fizemos para o meio vácuo, escolhido como


meio de referência, podemos arbitrar qualquer outro meio
como referência. Nesse caso, dizemos que o índice de refra-
ção que surge é dito relativo.

Se o índice de refração de um meio A é nA e o índice de um


meio B é nB, definimos:

Índice de refração do meio A em relação ao meio B ⇒

Índice de refração do meio B em relação ao meio A ⇒

Sendo vA e vB as velocidades da luz nos meios A e B, temos:


172 Física

 2ª lei da refração:

A Segunda Lei da Refração foi descoberta experimental-


mente pelo holandês Willebrord Snell (1591 - 1626) e mais
tarde deduzida por René Descartes (1596 – 1650), a partir
de sua teoria corpuscular da luz. Nos Estados Unidos, ela é
chamada de Lei de Snell e na França, de Lei de Descartes; no
Brasil é costume chamá-la de Lei de Snell-Descartes.

“O produto do índice de refração do meio pelo seno do


ângulo formado pela linha normal e do raio de luz existente
nesse meio é constante para qualquer meio.”

Equação de Snell-Descartes

meio 1 θ1

θ2
meio 2
Figura 7-16 Relação de Snell-Descartes.
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   173

Observando a equação acima, o que acontece com a po-


sição do raio refratado quando passa de um meio 1 para o
meio 2, sendo n1 > n2, e quando for o contrário? Escreva sua
conclusão abaixo.
174   Física

Exercícios II

22. Às vezes, ao olharmos para uma janela de vidro, vemos


duas imagens refletidas, ligeiramente deslocadas uma da
outra. Qual a causa?

23. Um objeto imerso em água parece estar mais perto da


superfície do que acontece na realidade. Por quê? As pis-
cinas são sempre mais profundas do que parecem. É o
mesmo fenômeno?

24. Ondas de rádio ou de televisão podem ser refletidas? E refra-


tadas? Dê exemplos de situações em que isto poderia ocorrer.

25. Um raio de luz no ar atinge uma superfície de vidro. Existe


alguma faixa de ângulos para a qual ocorre reflexão total?

26. De acordo com tabelas de índices de refração, pode-se ob-


servar que o índice de refração do diamante (≈ 2,42) é
muito maior que o do vidro (≈ 1,50). Existe uma faixa maior
ou menor de ângulos para os quais ocorre a reflexão inter-
na total? Isso tem algo a ver com o fato de um diamante
verdadeiro cintilar mais do que uma imitação de vidro?

27. A luz do Sol, ou das estrelas, desvia-se sempre em direção à


vertical, quando passa pela atmosfera. Por quê? Isso poderá
significar que uma estrela não está onde parece estar?

28. Um estudante argumentou que, devido à refração na at-


mosfera, o Sol pode ser visto após o ocaso e que, portan-
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   175

to, o dia é maior do que seria se não houvesse atmosfera


na Terra. Primeiramente, o que significa dizer que o Sol
pode ser visto após se pôr? Em segundo lugar, comente a
validade dessa conclusão.

29. Por que o comprimento de onda da luz varia e o mesmo


não acontece à sua frequência, na passagem de um mate-
rial para outro?

30. Quando a luz incide em uma interface entre dois mate-


riais, o ângulo do raio refratado depende do comprimento
de onda, mas o do raio refletido não. Por quê?

31. Uma substância possui índice de refração absoluto igual a


1,25. Sendo a velocidade de propagação da luz no vácuo
igual a 3,0 . 108 m/s, determine qual a velocidade de pro-
pagação da luz na referida substância.

32. Sabendo que a luz se propaga em um meio A com a meta-


de da velocidade de sua propagação no vácuo e com um
terço dessa velocidade em um meio B, determine o índice
de refração do meio A em relação ao meio B.

33. Na figura que segue, OABC é a seção de um bloco de


plástico transparente. Uma fonte puntiforme em B é vista
por um observador em D através do caminho óptico BID.
As coordenadas dos pontos da figura são: B = (40;50); I
= (0;20); D = (-20;0) e a velocidade da luz é c = 3,00.108
m/s. Qual a velocidade da luz no plástico?
176 Física

B
A

I
D O C

34. Um feixe paralelo de luz faz um ângulo de 30° com a


superfície de uma placa de vidro que tem um índice de re-
fração igual a 1,50. Qual o ângulo entre o feixe refratado
e a superfície do vidro?

35. Uma placa de vidro é atingida por um feixe de luz com


um ângulo de incidência de 60°. Parte do feixe é refletido
e parte refratado fazem um ângulo de 90° entre si. Qual o
índice de refração do vidro?

36. Um raio de luz incide sobre uma superfície plana que separa
duas substâncias transparentes cujos índices de refração são
1,60 e 1,40. O ângulo de incidência é de 30° e o raio vem
do meio de maior índice. Calcule o ângulo de refração.

37. Mantém-se na superfície da água de um tanque uma pla-


ca de vidro de faces paralelas cujo índice de refração é
1,60. Um raio vindo de cima faz um ângulo de incidência
de 45° com a superfície superior do vidro.
a) Que ângulo faz o raio com a normal, na água?
Capítulo 7   Óptica Geométrica – i   177

b) Como esse ângulo varia com o índice de refração do vidro?

38. Qual a velocidade da luz de 500 nm de comprimento de


onda (no vácuo), em um vidro cujo índice a esse compri-
mento de onda é de 1,50? Qual o comprimento de onda
dessas ondas, no vidro?

39. Uma placa de vidro de 3 mm de espessura, de índice 1,50,


é colocada entre uma fonte puntiforme de luz, cujo com-
primento de onda é de 600 nm (no vácuo), e uma tela. A
distância entre a fonte e a tela é de 3 cm. Quantas ondas
existem entre a fonte e a tela?

40. A luz de uma certa frequência tem comprimento de onda de


442 nm na água. Qual o comprimento de onda dessa luz,
quando passa para o dissulfeto de carbono. (n = 1,628)?

41. Uma fonte puntiforme de luz está a 20 cm abaixo da su-


perfície da água. Ache o diâmetro do maior círculo na
superfície através do qual a luz pode emergir da água.

42. A velocidade da luz no clorofórmio é 1,99 × 108 m/s.


Qual é o seu índice de refração?

43. A velocidade de propagação da luz amarela na água é


225 000 km/s, e no óleo 200 000 km/s. Determine
a) O índice de refração absoluto da água.

b) O índice de refração absoluto do óleo.


178 Física

c) O índice de refração do óleo em relação à água.

d) O índice de refração da água em relação ao óleo.

44. A luz se propaga em um meio A com a metade da veloci-


dade de sua propagação no vácuo, e com um terço, em
um meio B. Calcule o índice de refração do meio A em
relação ao meio B.

45. Um raio luminoso passa do vácuo para o meio A, confor-


me indica a figura abaixo.

vácuo

30º

meio A 30º

a) Qual o índice de refração absoluto do meio A?

b) Qual a velocidade de propagação da luz no meio A?

46. O índice de refração de um certo meio é √2 para a luz ver-


melha e √3 para a violeta. Dois raios luminosos monocro-
máticos, um vermelho e outro violeta, após propagarem-
-se no meio considerado, passam para o ar. O ângulo de
incidência de ambos é de 30°. Calcule o ângulo formado
pelos dois raios refratados entre si.
Capítulo 7 Óptica Geométrica – i 179

47. Um raio de luz propagando-se no meio A atinge, sob inci-


dência rasante, a superfície que separa dois meios A e B.
Sabendo que nA = √3 e nB =√2, determine o ângulo de
refração e o desvio sofrido pelo raio de luz.
meio A

Gabarito 29. Porque a frequência sempre depen-


22. Devido a reflexão da luz pelas duas de da fonte que produz as ondas.
superfícies paralelas do vidro 30. Porque o raio refratado muda de
23. Devido a diferença entre os índices meio e o raio refletido permanece no
de refração da água e do ar, de modo mesmo.
que a luz, na água (meio mais refrin- 31. 2,4 . 108 m/s
gente), se afasta da normal, em relação 32. 2/3
à luz no ar (meio menos refringente). 33. 2,55 . 108 m/s
24. Sim. Sim. Tanto a reflexão como a 34. 54,73°
refração das ondas de radiofrequência 35. 1,73
podem ocorrer nas camadas ionizadas 36. 34,85°
da atmosfera. 37. a) 32,11°
25. Não, pois para haver reflexão total, b) Será tanto menor quanto maior
o raio incidente deve, obrigatoriamen- for o índice de ref. do vidro.
te, passar de um–meio mais refringente 38. VVI = 2 . 108 m/s
para outro menos refringente. λVI = 333,33 nm
26. Sim. (idem anterior). É evidente que 39. 52 500 ondas
o cintilar do diamante é motivado por 40. 362 nm
esse fenômeno. 41. 45,6 cm
27. Porque ocorre a passagem da luz 42. ≅1,5
de um meio menos refringente (vácuo) 43. a) 1,33
para outro mais refringente (atmosfera). b) 1,5
Evidente. c) 1,125
28. Significa dizer que há um desvio d) 0,889
dos raios solares em relação à nor- 44. 0,667
ma – devido à variação dos índices de 45. a) √3 ou 1,732
refração ao longo da trajetória da luz b) 173 205,08 km/s
– de modo que cada vez mais afastam- 46. 15°
-se da mesma. 47. 60° e 30°
180   Física

Bibliografia

MOREIRA, M.A. O professor pesquisador como instrumento


de melhoria ao ensino de ciências. In: MOREIRA, M.A. e
AXT, R. Tópicos em Ensino de Ciências, Sagra editora, Porto
Alegre, 1991.

VILLANI, A. Idéias espontâneas e ensino de física. In: Ensino


de Física: dos fundamentos à prática. Vol 1, SE/SP - CENP-
1988.

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2


e 4, Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição,
2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 8

Óptica Geométrica – II
182 Física

8.1 Espelho plano

Considera-se um espelho plano, qualquer superfície plana e


altamente refletora. Um pedaço de metal plano e polido, ou
uma superfície de vidro plana revestida com nitrato de prata,
são ótimos espelhos planos. É importante considerar que, na
superfície de metal, o espelho encontra-se na parte anterior
enquanto com o vidro a parte espelhada está na parte poste-
rior. Isso acarreta uma pequena distorção quando utilizamos
o vidro pintado, pois até que o raio de luz atinja o espelho ele
sofrerá uma refração no vidro.

8.1.1 Imagens em espelhos planos


Como se formam as imagens em um espelho plano. Vamos
analisar a seguir por meio de um desenho.

A A’

Figura 8-01 Formação Imagem.


Capítulo 8   Óptica Geométrica – II   183

Observe que o objeto A colocado na frente do espelho


emite raios que incidem no mesmo e são refletidos por este.
Acontece que os raios refletidos são divergentes entre si. Para
formar uma imagem é necessário que os raios refletidos se
cruzem. Como isso não é possível, pois os raios refletidos são
divergentes, somos obrigados a prolongar os raios refletidos
e analisar o cruzamento dos prolongamentos dos raios refle-
tidos. Dessa forma, conseguimos notar a formação de uma
imagem A’, no interior do espelho. A essa imagem, formada
pelo encontro do prolongamento dos raios refletidos, damos
o nome de imagem virtual. Outra coisa que podemos notar
é o tamanho da imagem comparada ao tamanho do objeto.
Note que ambas possuem as mesmas dimensões, assim dize-
mos que a imagem em um espelho plano é igual ao objeto.
Se você pegar uma régua milimetrada poderá observar que
a distância entre o objeto A e o espelho plano é exatamente
igual a distância entre a imagem A’ e o espelho plano.

8.1.2 Campo visual


Quando se olha para um espelho plano, a imagem vis-
ta depende da posição e do tamanho do espelho, isto é, o
campo visual permitido para um espelho é diferente do cam-
po visual para outro espelho de dimensões diferentes. A posi-
ção do observador em relação ao que está sendo observado
também é uma característica fundamental para determinar o
campo visual de um espelho plano. O desenho que segue
mostra como se pode determinar o campo visual de um espe-
lho plano. Qualquer objeto colocado na área cinza a frente do
184 Física

espelho poderá ser observado pelo observador (o) colocado


na posição indicada.

O’ O

O’

Figura 8-02 Campo visual.

8.1.3 Associação de espelhos planos


Quando dois ou mais espelhos são colocados próximos
um do outro, a luz refletida em um dos espelhos (imagem)
é transmitida ao outro formando uma segunda imagem. De-
pendendo do ângulo entre os espelhos, o número de imagens
produzidas pela associação dos dois espelhos planos pode ser
determinado pela expressão:

Onde:

N  número de imagens formadas

α  ângulo entre os espelhos


Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 185

Obs.: A expressão deve ser um número inteiro. Se


for par, a expressão valerá para qualquer posição do
ponto luminoso colocado entre os espelhos. Se for ím-
par, a expressão somente será válida quando o ponto lumi-
noso for equidistante dos dois espelhos (mediatriz do plano
entre os espelhos).

Exercícios

1. Um observador O vê o ponto P por reflexão. Trace um raio


de luz que, partindo de P, permita ao observador ver a
imagem.

2. Desenhe a imagem do objeto de figura.


186 Física

3. Um observador O está diante do espelho E da figura. Quais


pontos ele poderá ver por reflexão no espelho?

A
B

C
O

4. Verifique quais pontos um observador colocado na posição


P consegue observar olhando exclusivamente as imagens
através do espelho plano colocado a sua frente, como in-
dica a figura que segue.

B• •A
•C
•D

E•
P•

5. Um espelho plano fornece uma imagem de um objeto


situado a uma distância de 20 cm do espelho. Deslocan-
do-se o espelho 30 cm em uma direção normal ao seu
próprio plano, que distância separará a antiga imagem e
a nova imagem?
Capítulo 8   Óptica Geométrica – II   187

6. Um espelho plano fornece uma imagem de um certo ob-


jeto situado a uma distância igual a 30 cm do espelho.
Deslocando o espelho 10 cm, afastando-o do objeto com
velocidade de 5 cm/s, determine:
a) a distância entre a antiga e a nova imagem;

b) a velocidade a imagem.

7. Um raio de luz incide sobre um espelho plano, formando


com a normal ao espelho um ângulo de 30°. Faz-se, en-
tão, com que o espelho gire em torno de um eixo fixo e
ortogonal ao raio incidente até atingir uma posição na
qual tal raio incidente forme com a normal ao espelho um
ângulo de 45°. Determine:
a) o ângulo de giro do raio refletido;

b) o ângulo de giro do espelho.

8. Determine a quantidade de imagens formadas de um ponto


objeto P colocado entre dois espelhos planos que formam
entre si um ângulo de 60°.

9. Um objeto é colocado sobre a bissetriz do ângulo formado


por dois espelhos planos, produzindo-se 35 imagens do
referido objeto. Determine o ângulo entre os espelhos.
188 Física

10. Determine o número de imagens formadas de um ponto


objeto P colocado no plano bissetor de dois espelhos pla-
nos que formam entre si um ângulo de 120°.

11. Dois espelhos planos formam entre si um certo ângulo.


Calcule esse ângulo sabendo que reduzindo-o de 10° o
número de imagens produzidas pelo sistema de um dado
objeto é aumentado em 6 vezes.

12. Construa a imagem do triângulo ABC, vista pelo observa-


dor O, indicado na figura.

C
•O
B
A

13. Um automóvel se desloca segundo uma trajetória retilínea


e com velocidade constante. O motorista, olhando para o
espelho retrovisor, vê a imagem de um poste se deslocando
com velocidade de 60 km/h. Quanto marca o velocímetro?

14. A figura representa um objeto A, colocado a uma distância


de 2,0 m de um espelho plano S, e uma lâmpada L, colo-
cada à distância de 6 m do espelho.
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 189

2,0 m
A•

6,0 m

L•

a) Desenhe o raio emitido por L e refletido por S, que atin-


ge A. Explique a construção.

b) Calcule a distância percorrida por esse raio.

15. Um espelho plano está disposto horizontalmente no solo.


Um observador cujos olhos estão a 1,80 m acima do pla-
no do espelho e a 2 m do centro do espelho olhando para
esse ponto, vê a ponta de uma árvore que está a 30 m do
centro do espelho. Determine a altura da árvore.

1,80 m

2,0 m

16. Uma pessoa está de pé diante de um espelho plano ver-


tical: no espelho, ela se enxerga de corpo inteiro. Faça o
esquema dos raios de luz mediante os quais ela enxerga o
topo de cabeça; idem para a ponta dos pés.
190 Física

17. Um raio luminoso incide sobre um espelho plano, forman-


do com a normal ao espelho um ângulo de 12°. Se o
espelho girar, de modo que o raio incidente forme com a
normal, na nova posição, um ângulo de 36°, de que ân-
gulo girará o raio refletido?

18. Em um teatro, uma pessoa deseja obter uma cena com


32 figurantes. Para tanto, ela dispõem de 4 artistas e 2
espelhos planos. Para a obtenção de tal cena, os espelhos
devem ser dispostos formando entre si um ângulo λ. Cal-
cule o ângulo .

19. Dois espelhos planos formam entre si um ângulo de 60°.


Um ponto luminoso está à distância a = 2,00 cm de um
dos espelhos e à distância b = 4,00 cm do outro espelho.
Quantas imagens do ponto luminoso são formadas pelos
espelhos?

20. Tem-se um objeto O defronte a dois espelhos planos per-


pendiculares entre si. Os pontos A, B e C correspondem às
imagens formadas do referido objeto. A distância AB é 80
cm e a distância BC é 60 cm.
a) Qual a distância entre o objeto e a imagem B?
Capítulo 8   Óptica Geométrica – II   191

b) Desenhe o esquema com os espelhos, o objeto e as


imagens.

Gabarito b) 15° 15. 27 m


1. Desenho 8. 5 16. Desenho
2. Desenho 9. 10° 17. 48°
3. A 10. 2 18. 45
4. A e C 11. 30° 19. a) 5
5. 60 cm 12. Desenho 20. a) 100 cm
6. a) 20 cm 13. 30 km/h b) Desenho
b) 10 cm/s 14. a) Desenho
7. a) 30° b) 10 m

8.2 Espelhos esféricos

No nosso dia a dia, é muito comum encontrarmos diversas situ-


ações em que nos miramos em espelhos não planos. Quando
olhamos para uma colher metálica, por exemplo, a imagem
formada pela mesma, dependendo do lado da colher que es-
colhemos, deformará nosso rosto de uma forma ou outra. Os
espelhos utilizados por senhoras para retocar a maquiagem,
os espelhos retrovisores em alguns carros, os espelhos coloca-
dos dentro de elevadores em prédios comerciais, enfim uma
infinidade de outros exemplos. Esses espelhos que não são
formados por superfícies planas são denominados de Espe-
lhos Esféricos. Existe uma infinidade de possibilidades de tra-
balhar com superfícies esféricas de vários formados diferentes.
No nosso curso, a ideia é restringir o estudo para superfícies
regulares que possibilitem uma análise simples da formação
de imagens pelas mesmas. Portanto, para nosso interesse, a
melhor definição para um espelho esférico é a seguinte:
192 Física

“Espelho Esférico é uma calota esférica em que ocorre re-


flexão regular da luz.”

Figura 8-03 Espelho esférico.

8.2.1 Elementos geométricos


Para começar este estudo, é fundamental nomear alguns
elementos geométricos importantes dos espelhos que serão
úteis mais adiante. Lembre-se que os espelhos esféricos que
debruçaremos nossos estudos são oriundos de uma esfera,
portanto, muitos dos elementos utilizados no estudo da esfera
serão de grande utilidade para nós além de outros que come-
çaremos a descrever a partir de agora.
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 193

R
Eixo Principal
O V
E
Eixo Secundário
raio (R)

Figura 8-04 Espelho esférico (vértice). Figura 8-05 Espelho esférico (vértice).

Onde:

O = Centro de curvatura do espelho. É um ponto coinci-


dente ao centro da esfera que originou o espelho.

R = raio de curvatura. É o segmento de reta que coincide


com o raio da esfera que originou o espelho.

V = vértice principal do espelho. É o centro da calota


esférica.

E = Eixo principal do espelho. É a reta imaginária que


passa pelo centro de curvatura (O) e pelo vértice (V) do
espelho.

Eixo secundário. É qualquer outra reta que passe pelo cen-


tro de curvatura (O) do espelho.
194 Física

O ponto central entre o centro de curvatura (O) e o vérti-


ce (V), no eixo principal, é denominado de foco principal do
espelho (f). A distância focal é, portanto, a metade do raio de
um espelho. Esse ponto é de fundamental importância no estu-
do dos espelhos esféricos, pois, quando um conjunto de raios
paralelos entre si e ao eixo principal incidem ao mesmo tempo
no espelho, os raios refletidos tomam a direção do foco. Ob-
serve que a calota esférica pode ser espelhada tanto na parte
interna como na parte externa. Dependendo do espelhamento,
esse espelho receberá o nome de espelho CÔNCAVO (quan-
do o espelhamento for feito na parte interna da calota) ou
CONVEXO (quando o espelhamento for feito na parte externa
da calota). Independentemente desse espelhamento, os raios
incidentes paralelos ao eixo principal são refletidos na direção
do foco do mesmo.

Figura 8-06 Foco Côncavo. Figura 8-07 Foco Convexo.


Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 195

Obs.:

1. É importante observar que os focos dos espelhos esféricos,


tanto o côncavo como o convexo, não saíram do lugar, isto
é, encontram-se no meio do caminho entre o centro de cur-
vatura (O) e o vértice principal (V). Ambos os focos estão
situados no interior da esfera que originou o espelho. O que
mudou foi a posição do espelhamento da calota esférica,
isto é, muda o lado por onde vêm os raios incidentes.
2. Como o foco principal do espelho côncavo encontra-se na
sua “frente”, é comum dizermos que ele é real. Como o
foco principal do espelho convexo encontra-se “dentro” do
mesmo, é comum dizermos que ele é virtual.
3. Como trabalhamos geralmente com espelhos esféricos
delgados, para facilitar a parte geométrica dos estudos,
representaremos, a partir de agora, os espelhos côncavos
e os convexos como indicam os desenho que seguem.

Espelho côncavo Espelho convexo

4.Segundo Harley, para que um espelho esférico forneça uma


imagem sem distorções esféricas ou cromáticas, são ne-
cessários alguns itens:
a) O raio de abertura do mesmo (α) não pode ser maior
que 10°.
196 Física

b) O raio incidente ao espelho não pode formar um ân-


gulo muito grande com uma linha imaginária paralela ao
eixo principal.

c) Os raios incidentes e refletidos devem estar o mais pró-


ximo possível um do outro.

Esses três itens garantem que a imagem é a melhor possível.

8.2.2 Determinação gráfica de imagens


Podemos determinar graficamente imagens que são for-
madas em espelhos esféricos. Para isso, precisamos conhecer
alguns raios particulares especiais.

 a) Todo raio incidente paralelo ao eixo principal é refleti-


do no espelho retornando na direção do foco principal.

 b) Segundo o princípio da reversibilidade dos raios lu-


minosos, todo raio incidente que tem a direção do foco
principal é refletido paralelamente ao eixo principal.
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 197

 c) Todo raio incidente que tem a direção do centro de


curvatura do espelho esférico é refletido na mesma dire-
ção, isto é, sobre ele mesmo.

 d) Todo raio que incide no vértice principal do espelho


esférico é refletido no quadrante oposto formando com
o eixo principal o mesmo ângulo do raio incidente.

β α
α β
198 Física

Exemplo:

Utilizando os raios particulares acima descritos, encontre a


posição e dê as características da imagem de um objeto “O”
colocado na frente de um espelho esférico côncavo, como in-
dica o desenho que segue.

Para caracterizar uma imagem, utilizamos as seguintes de-


nominações:

 Se a imagem for formada pelo encontro dos próprios


raios refletidos, dizemos que ela é real, se ela for forma-
da pelo encontro dos prolongamentos dos raios refleti-
dos, dizemos que ela é virtual.

 Se a imagem estiver de cabeça para baixo, em relação


à disposição do objeto, dizemos que ela é invertida, se
estiver de cabeça para cima, dizemos que ela é direta
ou direita.

Â É costume indicar também a posição da imagem em


relação ao espelho, isto é, se ela encontra-se antes do
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 199

centro de curvatura (O), no centro de curvatura (O), en-


tre o centro de curvatura (O) e o foco principal (F), no
foco principal ou entre o foco principal (F) e o vértice (V)
do espelho.

8.2.3 Determinação algébrica de imagens


Assim como fizemos geometricamente, também podemos
determinar algebricamente imagens que são formadas em
espelhos esféricos. Para isso, precisamos estabelecer algu-
mas convenções.

f
p’
r = 2.f
p

Onde:

f = distância focal

p’ = posição da imagem em relação ao espelho (direção


horizontal – eixo X)
200 Física

r = 2.f = raio de curvatura do espelho

p = posição do objeto em relação ao espelho (direção


horizontal – eixo X)

o = tamanho do objeto (direção vertical – eixo Y)

i = tamanho da imagem (direção vertical – eixo Y)

+ -
x

Luz incidente
-

Utilizando as convenções acima descritas, podemos mon-


tar duas equações importantes para determinar algebricamen-
te as imagens formadas por espelhos esféricos de objetos.

8.2.3.1 Equação dos pontos conjugados

B C B’ F

A’
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 201

Observe que os triângulos ABCA e CA’B’C são triângulos


semelhantes, isto é, são triângulos que apresentam os mesmos
ângulos internos. Daí, pode-se escrever:

Da mesma forma, os triângulos DFVD e FA’B’F também são


triângulos semelhantes. Portanto, também se pode escrever:

O desenho permite notar que AB = DV, consequentemente,


a razão é igual a . Dessa forma, podemos escrever que:

Substituindo os valores, utilizando as convenções estabele-


cidas anteriormente, podemos afirmar que: CB = p – 2.f ; CB’
= 2.f – p’ ; FV = f ; FB’ = p’ – f. Assim, temos:


202 Física

∴ Simplifican-
do e isolando f, temos:

∴ Dividindo todos os membros por


f.p’.p, temos:

∴ Fazendo as simplificações
devidas, ficamos com:

8.2.3.2 Equação do aumento linear

Observe que os triângulos ABVA e A’B’VA’ são triângulos


semelhantes, isto é, são triângulos que apresentam os mesmos
ângulos internos. Daí, pode-se escrever:
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 203

Vamos simbolizar o tamanho do objeto pela letra “o” e o


tamanho da imagem pela letra “i”. Podemos observar que AB
corresponde ao tamanho a do objeto e A’B’ ao tamanho da
imagem. Assim, como BV corresponde à distância que o obje-
to encontra-se do espelho (p) e B’V a distância que a imagem
encontra-se do espelho. Dessa forma, podemos escrever:

O sinal negativo indica que a imagem formada nesse caso


está invertida em relação à disposição do objeto. A razão entre
o tamanho da imagem e o tamanho do objeto informa o au-
mento linear (A) sofrido pelo objeto. Assim, podemos escrever:

Exercícios

1. Construa e dê as características da imagem do objeto


das figuras:
204 Física

a)

V F C

b)

V F C

c)

V F C
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 205

d)

C F V

e)

C F V

2.Construa a imagem do objeto das figuras abaixo:

a)

E
V F C
206 Física

b)

V F C

c)

V F C

3. Construa a imagem do quadrado ABCD indicado na figura.


O ponto C representa o centro de curvatura do espelho:

C D F V E
B A
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 207

4.Construa a imagem do triângulo ABC indicado na figura. O


ponto C representa o centro de curvatura do espelho:

V F C

B A

5.Um objeto luminoso de 10 cm de altura encontra-se a 20


cm de um espelho côncavo de raio de curvatura 60 cm.
a) Qual a posição da imagem?

b) Qual a altura da imagem?

c) Qual o aumento linear transversal?

6.Um espelho esférico côncavo tem raio de curvatura 40 cm.


Um objeto luminoso de 8 cm de altura é colocado a 30 cm
do espelho. Determine:
a) a abscissa da imagem;

b) a altura da imagem;

c) o aumento linear transversal.


208   Física

7. Um objeto de 6 cm de altura está localizado à distância de


30 cm de um espelho esférico convexo, de 40 cm de raio.
Determine a posição e altura da imagem.

8. Um objeto localizado a 30 cm em frente a um espelho con-


vexo forma imagem a 10 cm atrás do espelho. Qual é a
sua distância focal?

9. Um objeto real, frontal, tem sua imagem projetada em um


anteparo e ampliada 2 vezes. Na projeção, foi utilizado
um espelho esférico de raio 40 cm. Determine:
a) o tipo de espelho;

b) a distância do anteparo ao vértice do espelho.

10. Um espelho esférico conjuga um objeto luminoso, situado


a 30 cm do vértice do espelho, uma imagem direita e 2
vezes menor que o objeto. Determine:
a) o tipo do espelho utilizado;

b) o seu raio de curvatura.

11. A distância entre o objeto real e a imagem que lhe con-


juga um espelho côncavo é 36 cm. A imagem é invertida
e cinco vezes maior do que o objeto. Determine o raio de
curvatura do espelho.
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 209

12. Deseja-se projetar uma imagem, de um objeto real, sobre


uma tela usando um espelho esférico que dista 6,0 m dela.
A distância do objeto ao espelho deve ser igual a 25 cm e
sua altura é de 2,0 cm. Determine:
a) o tipo do espelho e sua distância focal;

b) o tamanho da imagem e se ela será direita ou invertida.

13. Determine que espécie de espelho esférico se deve usar e


qual deve ser seu raio de curvatura a fim de se obter, de
um certo objeto, uma imagem direita e reduzida a ¼ do
tamanho do objeto, tal imagem devendo ficar situada a 20
cm de distância do espelho.

14. Um espelho côncavo tem raio de curvatura igual a 24 cm.


Um objeto de 4 cm de altura é colocado a 48 cm à frente
desse espelho.
a) A que distância do espelho se forma a imagem?

b) Que se pode dizer a respeito da natureza e do tamanho


dessa imagem?

15. O espelho esférico abaixo tem raio de curvatura igual a 4


m. O objeto “o”, de 5 cm de altura, é colocado a 3 m na
frente do espelho.
210   Física

a) Esboce na figura a construção da imagem mediante


traçado de raios de luz.

b) Determine por maio de cálculos a posição e a altura da


imagem.

16. Um observador, estando a 10 cm de distância de um espe-


lho esférico, vê sua imagem direita e ampliada três vezes.
Qual a sua distância focal.

17. Uma menina está a 20 cm de um espelho esférico côncavo


e observa uma imagem direita do seu rosto, duas vezes
ampliada.
a) Represente esquematicamente o espelho côncavo, o
objeto e a imagem conjugada.

b) Determine a distância focal do espelho.

18. Uma pessoa quer se barbear a 60 cm de um espelho côn-


cavo. Para isso deseja uma imagem direita aumentada em
50%. Qual o raio R de curvatura do espelho?

19. A distância entre a imagem e um objeto colocado em fren-


te a um espelho côncavo é de 16 cm. Sabendo que a ima-
gem é invertida e três vezes menor que o objeto, determine
o raio de curvatura do espelho.
Capítulo 8 Óptica Geométrica – II 211

20. O espelho esférico da figura tem raio de curvatura 50 cm.


O objeto “o”, de 10 cm de altura, é colocado a 100 cm na
frente do espelho. Calcule a abscissa e a altura da imagem.

V F C

21. Um pesquisador necessita observar melhor um pequeno


objeto. Para tal, projeta, com o auxílio de um espelho, a
imagem real do objeto, ampliada 10 vezes, sobre uma tela
situada a 9 m de distância do objeto.
a) Determine o tipo de espelho utilizado e sua distância focal.

b) Determine a distância da tela ao espelho.

c) Construa graficamente o esquema correspondente.

22. Mediante um espelho localizado a 1,80 m de um obje-


to luminoso frontal, deseja-se obter uma imagem direita,
cuja grandeza seja 2/3 da do objeto. Determine o tipo de
espelho a adotar e sua distância focal.

23. Um objeto colocado diante de um espelho esférico côn-


cavo, com raio de curvatura de 60 cm, provoca a forma-
ção de uma imagem três vezes menor que o objeto. De
quantos centímetros, e em que sentido, o objeto deve ser
212   Física

deslocado para que a imagem seja real e três vezes maior


que o objeto?

24. Um objeto colocado a 50 cm de um espelho esférico côn-


cavo produz uma imagem a uma distância x do espelho.
Afastando-se 10 cm o objeto de sua posição inicial, a nova
imagem fica localizada a uma distância 0,6x do espelho.
Calcule o raio de curvatura do espelho.

25. Um quadrado de área igual a 1,0 dm² está colocado per-


pendicularmente ao eixo de um espelho côncavo, a 1,0
m do seu vértice. A imagem é real e de área igual a 0,16
dm². Determine o raio de curvatura do espelho.

Gabarito: 13. convexo; –160/3 cm


1. desenho 14. a) 16 cm
2. desenho b) real, invertida e 4/3 cm de altura
3. desenho 15. a) desenho
4. desenho b) 6 m e – 10cm
5. a) – 60cm 16. 15 cm
b) 30 cm 17. a) desenho
c) 3 b) 40 cm
6. a) 60 cm 18. 3,60 m
b) – 16 cm 19. 12 cm
c) – 2 21. a) côncavo e 10/11m
7. p’ = – 12 cm e i = 2,4 cm b) 10 m
8. – 15 cm c) desenho
9. a) côncavo 22. convexo; – 3,6 m
b) 60 cm 23. 80 cm, aproximando-se do espelho
10. a) convexo 24. 80 cm
b) – 60 cm
25. ≈ 57 cm
11. 15 cm
12. a) côncavo , 24 cm
b) 48 cm , invertida
Capítulo 8 213
  Óptica Geométrica II   213
–    Física

Bibliografia

MOREIRA, M.A. O professor pesquisador como instrumento


de melhoria ao ensino de ciências. In: MOREIRA, M.A. e
AXT, R. Tópicos em Ensino de Ciências, Sagra editora, Porto
Alegre, 1991.

VILLANI, A. Idéias espontâneas e ensino de física. In: Ensino


de Física: dos fundamentos à prática. Vol 1, SE/SP - CENP-
1988.

ÁLVARES, Beatriz Alvarenga & LUZ, Antonio Máximo Ribeiro


da. Curso de Física. Volume 3. 3ª Edição. São Paulo: HAR-
BRA, 1994.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vols. 2


e 4, Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição,
2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 9

Interação da radiação
eletromagnética com a
matéria
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   215

9.1 Radiação

Radiação é a propagação de energia através do espaço ou da


matéria. A luz solar, as ondas de rádio, o raio-X e a radioativi-
dade são alguns exemplos de radiações.

A radiação é, normalmente, dividida em dois grupos:

- radiação corpuscular;

- radiação eletromagnética.

Partículas subatômicas tais como elétrons, prótons, nêu-


trons deuterons e alfas, quando possuem alta velocidade, for-
mam feixes de radiação corpuscular.

Como todas as partículas têm massa m e velocidade v, a


energia dessa radiação corpuscular é calculada pela equação:

E = 0,5.m.v2
Já as radiações eletromagnéticas não possuem massa. São
ondas que possuem oscilações elétricas e magnéticas e que
viajam em uma mesma velocidade, diferindo entre elas pelos
respectivos comprimentos de onda (λ).

A energia das radiações eletromagnéticas pode ser deter-


minada a partir da série de equações:

E = h.f p = E/c = h.f/c f = c/λ E = h.c/λ


Onde:

h = constante de Planck = 6,62.10-34 J.s


216   Física

f = frequência da radiação;

c = velocidade da luz = 3.108 m/s (no vácuo).

Convém lembrar também alguns valores básicos:

- próton e elétron têm cargas de mesmo valor, diferin-


do apenas no sinal dessa carga. q = ± 1,602.10-19 C.

- a massa do próton e do nêutron é igual. M =


1,67.10-27 Kg

- a massa do elétron é 1.840 vezes menor. m=


9,1.10-31 Kg

- o diâmetro do átomo é da ordem de 10-8 cm e o


do núcleo atômico de 10-12 cm. Portanto, podemos
notar que o núcleo ocupa uma parte muito pequena
do volume do átomo. Seu diâmetro é 10.000 vezes
menor que o diâmetro do átomo. Conclusão: o áto-
mo é um grande vazio!

9.2 Radioatividade

Radioatividade (radiatividade) é o fenômeno pelo qual um


núcleo instável emite espontaneamente determinadas entida-
des (partículas e ondas) transformando-se em outro núcleo
mais estável.

As entidades emitidas pelos núcleos recebem, generica-


mente, o nome de radiações.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   217

O fenômeno da radiatividade é exclusivamente nuclear,


isto é, ele se deve unicamente ao núcleo do átomo.

Fatores químicos, estados físicos, pressão e temperatura


não influem na radiatividade de um elemento. Isso porque a
radiatividade não depende da nuvem eletrônica do átomo,
mas apenas do fato de seu núcleo ser instável.

A radiatividade do Urânio, por exemplo, será a mesma,


não importando o estado físico da amostra. Também não in-
fluirá o fato do Urânio estar isolado (puro) ou ligado a outros
elementos.

9.3 Natureza da emissão

A emissão radiativa é constituída de partículas de carga positi-


va, partículas de carga negativa e radiações eletromagnéticas.

9.3.1 Radiação alfa (α)


A radiação α é composta por partículas positivas iguais ao
núcleo do elemento Hélio. O núcleo do elemento Hélio apre-
senta dois prótons e dois nêutrons. As partículas α são pesadas
e lentas, sendo facilmente freadas. Embora sejam expulsas do
núcleo radiativo com velocidade de quase 20.000.000 m/s, io-
nizam fortemente o ar e, com isso perdem energia rapidamente.

Partícula α = 4

218   Física

9.3.2 Radiação beta (β)


Esse tipo de radiação é constituída por elétrons.

Cada partícula β é um elétron. As partículas β são rápidas


e leves, bem mais penetrantes que as partículas α. As partícu-
las β emitidas pelo Actínio 288 são emitidas com 99,95% da
velocidade da luz, ou seja, com 3 x 108 m/s. Sendo elétrons,
são menores e menos ionizantes que as partículas α, sendo,
por isso mesmo, mais penetrante que estas.
0
−1â
Partícula β =

Figura 9-01   Formação e emissão de uma partícula beta.

A partícula −01â , (que é um elétron) deve-se formar pela


desintegração de um nêutron, segundo o esquema:

nêutron → próton + elétron + neutrino


O elétron assim formado é expulso imediatamente pelo nú-
cleo e recebe a denominação de partícula β.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   219

9.3.3 Radiação gama γ


Os raios γ são ondas eletromagnéticas cujo comprimento
de onda é muito pequeno. É uma radiação eletromagnética
sem peso, como a luz e as ondas de rádio, mas muito mais
penetrante. Sob certos aspectos, a radiação γ se assemelha ao
raio-X, embora seja muito mais energético.

Esse tipo de radiação acompanha normalmente as radia-


ções α e β.

As radiações γ apresentam carga nula e massa nula.

As radiações nucleares α e β são desviadas em presença


de campos magnéticos, ao passo que a radiação nuclear γ
não sofre desvio em campos magnéticos, como pode ser visto
na Figura 9-01.

Existem outras radiações que não são originadas no núcleo


dos átomos.

9.3.4 Raio-X
O raio-X é semelhante à radiação γ, porém, menos pene-
trante. Os raios γ se originam no núcleo atômico enquanto
que os raios-X se formam a partir da colisão dos elétrons com
partículas de gases ou sólidos.

9.3.5 Nêutrons
Os Nêutrons são partículas sem carga, com peso médio,
mas muito penetrantes. Só aparecem soltos dentro dos reato-
res nucleares.
220   Física

Figura 9-02   Comparação do poder de penetração entre as radiações.

9.3.6 Representação das partículas


Adota-se a seguinte convenção:
MASSA
CARGA X
Onde X é o símbolo do elemento.

A massa (A) é a soma dos prótons com os nêutrons do nú-


cleo atômico.

A carga são os prótons do núcleo atômico, que correspon-


de a seu número atômico (Z).

Exemplificando: na tabela periódica, o Iodo é apresentado


na forma:
127
3 I
5

Essa representação indica que o átomo de Iodo apresenta:

53 prótons; 74 neutros; 53 elétrons; 127 gramas por mol


de massa.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   221

Tabela resumo

Radiação Natureza Carga Massa

α núcleo do He +2 4

β elétron -1 desprezível

γeX ondas eletromagnéticas 0 0

Nêutron nêutron 0 1

Tabela 9-01  Representação das radiações.

9.4 As transformações radioativas

Quando um átomo emite partículas α ou β, seu núcleo se


modifica e, portanto, o elemento emissor transforma-se em um
novo elemento. Dizemos que houve transformação, desinte-
gração ou decaimento.

9.4.1 1ª Lei da Radiatividade ou Lei de Sody


“Quando um átomo emite partículas α, seu número atômi-
co diminui duas unidades e seu número de massa diminui
de quatro unidades.”

Exemplificando: o 238
92 U tem 92 prótons e 146 nêutrons, isto

é: Z = 92 e A = 238. Ao emitir uma partícula α ( 42 α) ele está


perdendo dois prótons e dois nêutrons, decaindo para o Th-
234 que tem Z = 90 e A = 234.
222   Física

Somente os elementos com número atômico superior a 82


emitem partículas α espontaneamente.

9.4.2 2ª Lei da Radiatividade ou Lei Fagens-


Russel-Sody
“Quando um átomo emite a partícula β, seu número atô-
mico aumenta em uma unidade e seu número de massa
permanece o mesmo.”

Exemplificando: tomando o 13755 Ba que tem Z = 55 e A =

137, tendo 82 nêutrons, ao emitir um elétron de seu núcleo


(partícula β), ele aumenta em um próton e diminui um nêutron,
decaindo para 137 56 Ba.

Ao se desintegrar um nêutron no interior do núcleo, for-


mam-se um próton, um elétron (a partícula β) e um neutrino.
A partícula β e o neutrino são expulsos imediatamente, mas
o próton lá permanece. Dessa forma, uma carga nula é subs-
tituída por uma carga positiva, sendo que a massa nuclear
fica inalterada.

Através das desintegrações e decaimentos, os átomos ori-


ginais vão se transformando nos átomos estáveis que conhece-
mos através da tabela periódica. No entanto, a natureza apre-
senta, além dos 92 átomos estáveis, uma série de isótopos,
isótonos e isóbaros que estão em contínuas transformações.

9.4.3 Isótopos
São átomos com mesma propriedade química (mesmo
número atômico), mas diferente número de massa. ( = Z mas
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   223

≠ A). Isótopos conhecidos são o 126 C e o 146 C (radiativo) ou


92 U e o 92 U (radiativo). Uma emissão α e duas β trans-
o 238 235

formarão o átomo em um isótopo com número de massa 4


vezes menor.

9.4.4 Isóbaros
São átomos diferentes que apresentam o mesmo número
40
de massa (≠ Z mas = A). Isóbaros conhecidos são o 20 Ca e
o 40
22 Ti.

9.4.5 Isótonos
São átomos diferentes, com massas atômicas diferentes,
porém, apresentam o mesmo número de nêutrons (≠ Z, ≠ A
mas = N). São Isótonos estáveis o K e o Ca.

9.5 Cinética radioativa

A cinética radiativa mostra que alguns elementos radioativos


se desintegram rapidamente, enquanto outros se desintegram
mais lentamente. Esses últimos são basicamente mais duráveis.

Não é possível prever com exatidão a duração de um nú-


cleo radiativo. Ele poderá permanecer sem se desintegrar du-
rante segundos, dias ou séculos.

Contudo, existem cálculos estatísticos capazes de nos for-


necer uma estimativa do tempo de vida de um átomo radiativo.
224   Física

9.5.1 Velocidade de desintegração


A medida que um corpo emissor se desintegra, a quanti-
dade do elemento radiativo diminui. Portanto, podemos definir
velocidade de desintegração relacionando a variação do
número de átomos com o tempo gasto nessa variação.

nº de átomos desintegrados
velocidade de desintegração =
tempo gasto na desintegração

9.5.2 Vida média (Vm)


A vida média é o tempo provável de duração de um nú-
cleo radiativo. Não é possível prever a duração de um deter-
minado núcleo, mas podemos conhecer o tempo estatístico
de sua duração.

Se o elemento Rádio tem uma vida média de 1.610 anos,


devemos concluir que um núcleo desse elemento, estatistica-
mente, levará 1.610 anos para se desintegrar. Isso, porém,
não exclui a possibilidade de que se desintegre antes ou de-
pois desse tempo.

A vida média é o tempo necessário para que a média dos


átomos se desintegre. A tabela da vida média dos elementos
radioativos foi determinada a partir da observação do tempo
gasto na desintegração de diversos elementos do mesmo áto-
mo e calculando-se a média entre eles.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   225

9.5.3 Constante radiativa ou constante de


desintegração (λ)
Essa constante mostra qual é a fração de átomos que se
desintegra em uma fração de tempo. A equação é:

1
λ=
Vm

Sabendo-se que a vida média do Th-232 é de 2,01X1010


anos, o resultado apresentado pela constante radiativa indica
que, para uma amostra com 2,01X1010 átomos de tório, ape-
nas um átomo se desintegrará em um ano.

9.5.4 Intensidade radiativa (I)


Corresponde ao número de partículas α ou β emitidas na
unidade de tempo. A intensidade radiativa depende do núme-
ro de átomos (N) existentes na amostra do elemento radiativo.

I = λ.N

9.5.6 Meia-vida (T1/2)


Meia-vida ou período de semi-desintegração é o tempo
necessário para que se desintegre a metade da massa inicial
de uma substância radiativa.

O número de átomos (N) e a intensidade de radiação ficarão


reduzidas pela metade após o período de semidesintegração.
226   Física

A meia-vida não depende da massa inicial. Qualquer que


seja, diminuirá pela metade após transcorrer o tempo igual à
meia-vida.

Uma expressão muito útil para relacionar a massa inicial


com aquela que ainda não se desintegrou é:

m0
m=
2x

Onde:

m0 é a massa inicial;

m é a massa final;

x é o número de meias-vidas transcorridos, sendo que;

tempo
x=
T

Exemplo: um elemento radiativo tem meia-vida de 4 ho-


ras. Partindo de uma amostra com 100 gramas, qual é a mas-
sa que restará após 12 horas?

Solução: x = 12/4 = 3 meias-vidas;

M = 100/23 = 12,5 gramas.

Logo, após 12 horas, ainda restará 12,5 gramas de mate-


rial radiativo.

Os isótopos radiativos (radioisótopos) podem ser produzi-


dos artificialmente em um reator nuclear ou em um cíclotron.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   227

9.6 Aplicação dos Radioisótopos

Como os radioisótopos podem ser facilmente detectados,


mesmo em quantidades pequenas, a sua aplicação é muito
grande na indústria, agricultura, geologia, biologia, paleonto-
logia e na medicina, tanto como traçadores como destruidores
de células necrosadas.

9.6.1 Na agricultura
É utilizado na observação da absorção de minerais do solo
pelas plantas. Utiliza-se o P - 32, isótopo do P - 31. Também é
utilizado o Zn - 65, isótopo do Zn - 64, o qual, sendo espalhado
na lavoura, determina a velocidade e a distância que percorre

a erosão laminar do solo. Com o contador Geiger-Mül-


ler acompanha-se o percurso dos sedimentos. Esse método
também é usado para determinar o tempo de açoreamento de
reservatórios e a migração e formação de bancos de areia em
rios e mares.

Os radioisótopos, na agricultura, também são utilizados


como bioindicadores (traçadores) em experimentos para criar
novas espécies de plantas (biogenética), no melhoramento ge-
nético e nos testes para alteração do metabolismo no controle
de insetos.

9.6.2 Na medicina
Os traçadores são muito empregados para localizar nó-
dulos ou trancamentos na circulação sanguínea. Ao se injetar
228   Física

NaCl, usando-se o isótopo Na - 24, na planta do pé de uma


pessoa adulta, a solução leva 1 minuto para chegar na virilha,
se a pessoa estiver sadia. Caso haja um nódulo ou trombose,
o acompanhamento do trajeto do isótopo radiativo irá detec-
tá-lo.

Mas a principal aplicação médica dos radioisótopos é


na radioterapia e na radiologia, onde o tumor é mapeado
e bombardeado com o Co - 60. Antigamente, o tumor era
bombardeado com R-x e o Ra, cujas emissões eram de baixa
frequência e o custo assombroso, causando efeitos colaterais
como lesões na pele. Com o uso do Co - 60, cuja emissão γ
é de maior frequência, a radiação não é absorvida pelo tecido
sadio, apenas pelo tumor. Para isso, é necessário mapear o lo-
cal do tumor. O mapeamento é feito com o emprego da RMN.

A Ressonância Magneto-Nuclear (RMN) é um processo de


emissão radiativa que gera uma vibração nas células vivas em
torno do tumor. Como as células mortas do tumor não reagem
à vibração, a imagem radiológica formada irá mostrar a re-
gião estática, que é a localização do volume do tumor.

No tratamento da tireóide é utilizado o I - 131. As célu-


las necrosadas se desprendem dessa glândula, são absorvidas
pela corrente sanguínea, mantendo a propriedade de reter o
iodo radiativo que as destrói.

9.6.3 Na biologia
As aplicações dos radioisótopos se permeiam e até se
confundem com as aplicações específicas da agricultura e da
medicina. O estudo do transporte de nutrientes nas plantas,
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   229

realizado com traçadores de P - 32, servem para mapear a


distribuição dos nutrientes nas diversas partes da planta e de-
terminar a velocidade com que esse fenômeno ocorre.

O acompanhamento da divisão dos cromossomos é feita a


partir da aplicação de radiação no cromossoma original.

Para se acompanhar o crescimento de uma colônia de pla-


nárias, que se multiplicam por cissiparidade, basta inocular
em uma delas um radioisótopo e contabilizar, tempos após, o
número de indivíduos portadores de radiação.

9.6.4 Na geologia e na paleontologia


Os radioisótopos são empregados para determinar a idade
das rochas e dos fósseis. Com um Espectrógrafo de Massa,
pode-se determinar exatamente a quantidade relativa dos di-
ferentes isótopos em uma amostra. Para se determinar a idade
de uma rocha, utiliza-se a análise do U - 238 presente nessa
rocha, o qual, por meio de uma série de desintegrações, pro-
duz o Pb - 206, como último membro da série. Observando-
-se a quantidade de U - 238 presente na amostra de rocha
e conhecendo-se a meia-vida de semidesintegração de cada
membro da série, pode-se determinar o tempo necessário para
a formação de todo o Pb - 206 presente na rocha. Esse cálculo
fornece a idade aproximada da rocha.

A meia-vida do Carbono 14 é de 5600 anos. Ele é empre-


gado na determinação da idade de fósseis.

O C - 14 é produzido constantemente na atmosfera, quan-


do neutrons de raios cósmicos colidem com o Nitrogênio:
230   Física

O carbono assim formado se mistura com os outros gases


da atmosfera, reagindo com o O2 e formando o C*O2 radiativo
(o asterísco indica o C radiativo), sendo absorvido pelas plan-
tas no processo de fotossíntese, tornando-se um constituinte
do tecido vegetal. Por seu turno, o animal pode alimentar-se
desse vegetal, tornando-se o C - 14 um constituinte do tecido
animal. Quando a árvore ou o animal morre, já não absorve
mais o C - 14 e a sua quantidade no organismo permanece
inalterada. Com o tempo, o C - 14 se desintegra e após 5600
anos sua quantidade cai pela metade. Assim, comparando-se
o nível de C - 14 presente em uma árvore recém abatida e
comparando-se com o nível presente em um pedaço de ma-
deira antiga, da mesma espécie, pode-se determinar a idade
da mesma a partir do nível radiativo apresentado.

Após o período de 10 semidesintegrações (5600 anos) a


quantidade de C - 14 restante é tão pequena que não existem
mais aparelhos capazes de detectar suas radiações.

Na produção artificial do C - 14 são empregados os nêu-


trons da pilha atômica para bombardear o Nitrogênio, produ-
zindo o íon C* ou provocando a reação que forma o C*O2.

9.6.5 Na indústria
Os radioisótopos são largamente utilizados como controla-
dores de qualidade do produto. Em uma tubulação subterrânea,
identifica-se o local do vazamento introduzindo-se um traçador
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   231

e acompanhando-o no seu percurso. No momento em que a


intensidade de emissão diminui, localiza-se o vazamento.

O controle de qualidade da espessura de uma lâmina me-


tálica é realizada fazendo-se incidir radiação em um lado da
lâmina e detectando-se a intensidade que a atravessa. Quan-
do a intensidade varia, significa que a espessura da lâmina
não é uniforme.

Na indústria alimentícia, a radiação aplicada nos alimen-


tos evita que estes produzam brotamentos e aumenta a dura-
bilidade dos mesmos.

Na indústria médica, a esterilização dos materiais está sen-


do feita com processos de emissões radiativas.

9.6.6 Outras aplicações


ÂÂirradiação com nêutrons para determinação do meta-
bolismo de proteínas, utilizado na elucidação de crimes;

ÂÂacompanhamento da distribuição dos poluentes atmos-


féricos expelidos por uma indústria;

ÂÂprodução de energia nas usinas atômicas;

ÂÂprodução de armas nucleares.

Um dos equipamentos muito utilizado para detectar a pre-


sença de radiatividade, é o contador Geiger-Müller. As partí-
culas α e β e as radiações γ emitidas, ionizam os gases do ar
próximos á fonte emissoras. Esse gás ionizado, ao penetrar
no tubo de captação do contador Geiger-Müller, gera uma
232   Física

descarga elétrica no aparelho que é amplificado para um alto-


-falante, produzindo ruídos. A intensidade do ruído é propor-
cional à intensidade da emissão radiativa.

Figura 9-03   Contador Geiger-Müller

Na Figura 9-03, é apresentado um modelo de contador


Geiger-Müller utilizado pelos geólogos em campo, quando
procuram localizar minerais que contenham substâncias radia-
tivas tais como o urânio. Na medicina, esse aparelho serve
para acompanhar o deslocamento do traçador radiativo, e na
indústria ele é utilizado para determinar a espessura de uma
lâmina que é produzida em fluxo contínuo.

Hoje, existem versões mais modernas desse aparelho que


apresenta, de forma digital, a intensidade do ruído.

Outro aparelho de largo uso para identificação dos isótopos


radiativos é o Espectrógrafo de massa, o qual apresenta a van-
tagem sobre o contador Geiger-Müller: ele identifica e quan-
tifica o isótopo. Contudo, para oferecer essas vantagens, esse
aparelho tem grandes dimensões, não podendo ser portátil.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   233

Na figura abaixo, é mostrado o Espectrógrafo de massa.

Figura 9-04   Espectrógrafo de massa.

Um feixe de íons, supostamente puros, é colocado no cáto-


do do tubo de descarga. Através de um campo elétrico e de um
campo magnético seletores de velocidades, esse feixe é acele-
rado em direção à abertura de entrada, onde ele é submetido
a um campo magnético vertical. O qual desvia a trajetória do
feixe, fazendo-o colidir com uma chapa fotográfica. Os isótopos
mais pesados demoram mais para sofrer o desvio, formando
trajetórias de maior diâmetro. Ao se medir, na fotografia, a dis-
tância entre a abertura de entrada e o local de impacto do feixe,
pode-se determinar a massa do íon pela equação:

m.v
R=
q.B
234   Física

A tabela que segue apresenta a meia-vida de alguns ele-


mentos radiativos.

NÚMERO ATÔMICO NUCLÍDEO MEIA-VIDA


1 H-3 12 anos
6 C-14 5.600 anos
7 N-16 7,35 segundos
8 O-19 27 segundos
11 Na-21 23 segundos
11 Na-22 3 anos
11 Na-24 14,8 horas
19 K-40 1.260.000.000 anos
19 K-42 12,4 horas
20 Ca-49 30 minutos
26 Fe-59 47 dias
27 Co-60 5,26 anos
47 Ag-106 8,2 dias
47 Ag-108 2,3 minutos
53 I-124 4 dias
53 I-131 8 dias
53 I-132 2,4 horas
55 Cs-137 30 anos
79 Au-199 3,3 dias
80 Hg-197 65 horas
90 Th-232 13.900.000.000 anos
90 Th-234 24 dias
92 U-228 9,3 meses
92 U-233 160.000 anos
92 U-235 710.000.000 anos
92 U-238 4.500.000.000 anos
92 U-239 23 minutos
94 Pu- 236 2,7 anos
Tabela 9-02   Meias-vidas dos elementos.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   235

Os elementos trans-urânicos são todos artificiais e radiati-


vos, sendo produzidos em laboratório, apresentando meias-vi-
das pequenas. É provável que, no início dos tempos, houvesse
na natureza esses elementos, os quais, pelo seu decaimento
natural, se desintegraram dando origem a outros átomos está-
veis e desaparecendo de forma sistemática.

9.7 Famílias ou séries radioativas

São radiativos naturais todos os elementos cujo número


atômico for superior a 82 até 92. Assim, o Bismuto, o Polônio,
o Astato, o Frâncio, o Rádio, o Actínio, o Tório, o Protactínio
e o Urânio, com todos os seus isótopos, são elementos radia-
tivos naturais.

Esses elementos têm sido agrupados em três séries ou fa-


mílias em que os isótopos, após emissões α e β, convertem-se
em um isótopo estável, o Chumbo.
236   Física

9.7.1 Série do Tório


RADIOELEMENTO E
ELEMENTO SÍMBOLO MEIA-VIDA
RADIAÇÃO EMITIDA

Tório Tório 90
Th232 1,41X1010 anos
↓α
Mesotório I Rádio 88
Ra228 5,77 anos
↓β
Mesotório II Actínio 89
Ac228 6,13 horas
↓β
Radiotório Tório 90
Th228 1,913 anos
↓α
Tório X Rádio 88
Ra224 3,64 dias
↓α
Emanação de Tório Radônio 86
Rn220 55 segundos
↓ α (tóron)
Tório A Polônio 84
Po216 0,15 segundos
β
↓ α Astato 216 Astato 85
At216 3X10-4 segundos
↓α
Tório B Chumbo 82
Pb212 10,64 horas
β
Tório C Bismuto 83
Bi212 60,6 minutos
β ↓α
Tório C’ Polônio 84
Po212 3,04X10-7 seg.
↓α
Tório C’‘ Tálio 81
Ta208 3,1 minutos
β
Tório D Chumbo 82
Pb208 estável
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   237

9.7.2. Série do Urânio


RADIOELEMENTO E
ELEMENTO SÍMBOLO MEIA-VIDA
RADIAÇÃO EMITIDA
Urânio I Urânio 92
U238 4,51X109 anos
↓α
Urânio X1 Tório 90
Th234 24,10 dias
↓β
Urânio X2 Protactínio 91
Pa234 1,17 minutos
↓β
Urânio II Urânio 92
U234 2,47X105 anos
↓α
Iônio Tório 90
Th230 80.000 anos
↓α
Rádio Rádio 88
Ra226 1.620 anos
↓α
Emanação de Rádio Radônio 86
Rn222 3,823 dias
↓ α (rádon)
Rádio A Polônio 84
Po218 3,05 minutos
β
↓ α Astato 218 Astato 85
At218 2 segundos

Rádio B | α Chumbo 82
Pb214 26,8 minutos
β
Rádio C Bismuto 83
Bi214 19,7 minutos
β
Rádio C’ Polônio 84
Po214 1,64X10-4 seg.

↓ α Rádio C’‘ Tálio 81
Tl210 1,3 minutos
β
Rádio D Chumbo 82
Pb210 21 anos
↓β
Rádio E Bismuto 83
Bi210 5,01 dias
α
↓ β Tálio Tálio 81
Tl206 4,19 minutos

Rádio F Polônio 84
Po210 138,4 dias
↓ α /β
Rádio G Chumbo 82
Pb206 estável
238   Física

9.7.3 Série do Actínio


RADIOELEMENTO E
ELEMENTO SÍMBOLO MEIA-VIDA
RADIAÇÃO EMITIDA
U235
Actinourânio Urânio 92
7,1X108 anos
↓α
Th231
Urânio γ Tório 90
25,5 horas
↓β
Pa231
Protactínio Protactínio 91
3.250 anos
↓α
Ac227
Actínio Actínio 89
21,6 anos
α
Fr223
↓β Actínio K Frâncio 87
22 minutos

Th227
Radioactínio ) Tório 90
18,5 dias
↓α /β
Ra223
Actínio X Rádio 88
11,43 dias
↓α
Rn219
Emanação de Actínio Radônio 86
4 segundos
↓α
Po215
Actínio A Polônio 84
1,78X10-3 seg.
β
At215
↓ α Astato 215 Astato 85
10-4 segundos

Actínio B Pb211
Chumbo 82
36,1 minutos
β |α
Actínio C Bismuto 2,15 minutos
β 83
Bi211
Actínio C’ Polônio 0,52 segundos
|α 84
Po211
↓ α Actínio C’‘ Tálio 4,78 minutos
β 81
Pb207
Actínio D Chumbo estável
82
Pb207
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   239

Muitos elementos não radiativos apresentam isótopos ra-


diativos (radioisótopos), normalmente em percentuais muito
baixos. Esses radioisótopos são naturais.

Os casos mais conhecidos de isótopos naturais radiativos


são do C - 14, I - 131, o Deutério e o Trício e o Co - 60.

Com o avanço da Física nuclear moderna, hoje em dia, po-


de-se obter radioisótopos em laboratório praticamente de todos
os elementos químicos. Esses radioisótopos são artificiais.

Cada elemento químico apresenta um ou mais radioisóto-


pos. A tabela que segue, mostra o principal radioisótopo de
cada elemento, com suas principais radiações e o seu período
de meia-vida.

9.8 Proteção Radiológica

Existe uma nomenclatura especifica, assim como regras para a


absorção da energia pelo tecido humano.

9.8.1 exposição (X)


Os raios X ou gama, ao interagir com os átomos de um
meio, produzem elétrons ou pares elétron-pósitron. A exposi-
ção X é uma grandeza definida para esses raios, tendo o ar
como meio de interação. Essa grandeza é dada pelo quocien-
te ∆Q/∆m onde ∆Q é a soma das cargas elétricas de todos
os íons de um mesmo sinal, produzidos no ar, quando todos
os elétrons e pósitrons liberados pelos fótons da radiação X ou
240   Física

gama, em um elemento de volume de ar cuja massa é ∆m, são


completamente freados no ar.

∆Q
X=
∆m

A unidade de exposição é o Roentgen

1 R = 2,58 x 10-4 C
Kg

9.8.2 Dose Absorvida (D)


Uma vez que a exposição é definida em termos de ioniza-
ção das partículas do ar, ela não é adequada para descrever a
energia de qualquer tipo de radiação absorvida por qualquer
tipo de meio. Por outro lado, as mudanças químicas e biológi-
cas que ocorrem, por exemplo, no tecido exposto à radiação
X, dependem da energia absorvida pelo mesmo. Dessa forma,
foi introduzida a grandeza dose absorvida D. Ela é definida
pela ICRU como a energia E absorvida da radiação pela mas-
sa m do absorvedor.

E
D=
m

A unidade oficial de dose absorvida recomendada pela


ICRU de 1950 a 1975 foi o rad (radiation absorbed dose),
definida como:
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   241

erg J
1 rad = 100 = 10-2
g kg

O rad foi definido de tal forma que uma exposição à ra-


diação X ou gama de 1 R resultasse em uma dose absorvida
pelo tecido mole ou água de aproximadamente 1 rad, isto é, a
razão rad/R = 1, independentemente da energia da radiação.
Mas isso nem sempre é verdade para outros meios. No caso
do osso, por exemplo, essa razão vale aproximadamente 4
para raio X de baixa energia usada em radiologia diagnóstica,
isto é, uma exposição de 1 R corresponde a uma dose absor-
vida pelo osso de 4 rad; para energias superiores a 300 keV, a
razão rad/R é aproximadamente igual a 1.

Em 1975, a ICRU adotou para a unidade de dose absorvi-


da o gray (Gy) no sistema Internacional de Unidades.

1 Gy = 1 J/kg

A relação entre o Gy e o rad é dada por 1 Gy = 100 rad

9.8.3 Dose Equivalente (H)


Os efeitos químicos e biológicos que ocorrem em um meio
exposto à radiação dependem não só da energia absorvida
pelo meio, mas também do tipo da radiação incidente e da
distribuição da energia absorvida. Por exemplo, para uma
mesma dose absorvida por um meio, o dano será tanto maior
quanto for a densidade de ionização produzida pela radiação
do meio. Para se levar em conta esses fatos, foi introduzida a
grande dose equivalente H, definida como o produto da dose
242   Física

absorvida D pelo fator de qualidade Q e pelos fatores de mo-


dificação N.

H=D.Q.N

Observação
A unidade de dose equivalente, adotada pela ICRU
até 1975, foi o rem (roentgen equivalente men)

1 rem = 1 rad . Q . N, para fótons Q = N = 1 e por-


tanto 1 Sv = 1 Gy.

A relação entre o sievert e o rem é 1 Sv = 100 rem

Em resumo, para raios-X, raios gama e elétrons, um Gray é


igual a um sievert. Para radiação incidente X ou gama a dose
absorvida, pelo tecido mole, é praticamente igual à exposição.
Portanto, para fontes artificiais de maior uso, o roentgen, o
gray e o sievert possuem praticamente os mesmos valores.

9.8.4 Atividade (a)


A atividade de uma amostra de qualquer material radioa-
tivo é definida como o número de desintegrações dos núcleos
de seus átomos constituintes por unidades de tempo, isto é, a
velocidade de desintegração dos átomos. Esse conceito é útil,
uma vez que não há modo direto para se determinar o núme-
ro de átomos presentes em uma amostra, exceto através da
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   243

radioatividade desses átomos. Existem equipamentos, como


os contadores Geiger, que medem diretamente a atividade de
uma amostra.

A unidade A de uma amostra radioativa em um instante


pode ser expressa por:

A=λ.N

Unidades de medida de atividade:

Uma das unidades de medida utilizada para atividade é


o curie (Ci), igual a 3,7x1010 desintegrações por segundo,
sendo seus submúltiplos o milicurie (mCi) e o microcurie (µCi).

1 mCi = 3,7 x 107 s-1

1 µCi = 3,7 x 104s-1.

Em 1975, a Comissão Internacional de Unidades e Medidas


Radiológicas (ICRU) recomendou o uso do becquerel (Bq) como
unidade de atividade no Sistema Internacional de unidades.

1 becquerel (Bq) é definido como 1 desintegração por segundo.

1 Ci = 3,7 x 1010Bq.

ICRP – International Commission on Radiological Protection

ICRU – International Commission on Radiological Units na


Measurements
244   Física

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear

50 mSv o limite anual de dose equivalente para os que


trabalham com radiação (icrp)

5 mSv – Para indivíduos do público, a dose equivalente


anual

ENERGIA (MeV) CAMADA SEMIRREDUTORA (cm)


Raios-X ou Gama Tecidos humanos Chumbo
0,01 0,13 4,5 x 10-4
0,05 3,24 0,8 x 10-2
0,1 4,15 1,1 x 10-2
0,5 7,23 0,38
1,0 9,91 0,86
5,0 23,10 1,44
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   245

Exercícios

1. Injeta-se intravenosamente mercúrio – 197 que emite radia-


ções gama em um paciente com 74 kg. Calcule a dose
absorvida pelo paciente em rad e em Gy, se a energia total
absorvida pelo organismo do paciente for 7,4 x10-2 J.

2. Um paciente com 80 kg, foi submetido a uma dose absor-


vida de 5 x10-3 Gy na detecção de um tumor. Calcule a
energia total desse tratamento.

3. Um paciente com massa de 45 kg, foi submetido a uma


dose absorvida de 5 x 10-2 Gy. Qual a energia total absor-
vida pelo organismo.

4. Calcule a massa de um paciente que teve uma dose absorvi-


da de 1 x 10-3 Gy. Sendo a energia total absorvida de 3 J.

5. Uma fonte de radônio de 2 m Ci, cuja meia-vida é de 3,83


dias, é permanentemente implantada em um paciente.
Qual é a radiação total emitida.

6. Uma fonte de Iodo 131 (131I)) com vida média de 11,52 dias
tem uma atividade inicial de 3 m Ci. Encontre:
a) a meia-vida;

b) o número total de desintegrações da fonte.


246   Física

7. A atividade de um certo fóssil diminui de 1530 desintegra-


ções por minuto para 190 desintegrações por minuto já
com correção da radiação de fundo, durante o processo
de fossilização. Sendo a meia-vida do isótopo radioativo
do 14C de 5760 anos, determine a idade do fóssil.

8. O volume de fluído extracelular pode ser medido injetando-


-se sulfato de sódio marcado com 35S. Uma tal fonte tem
uma atividade inicial de 2 m Ci. Sabendo-se que esse isó-
topo tem uma meia-vida de 87 dias. Calcule:
a) a atividade da fonte após 60 dias em Curie e em bec-
querels;

b) após quanto tempo a atividade cai a 0,5 m Ci.

9. Um material radioativo contém inicialmente 3 mg de


U, cuja meia-vida é de 2,48 x 105 anos. Quantas miligra-
234

mas de 234U existirão após 4,96 x 105 anos.

10. Determine a dose equivalente máxima permissível por hora


para um trabalhador com radiação. Considera-se que um
ano de um trabalhador com radiação corresponda a 50
semanas x 40 h/semana. Sabe-se que o limite máximo
permissível (LMP) para um trabalhador com radiação é de
50 m Sv/ano.
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   247

11. O oxigênio radioativo 15O tem uma meia-vida de 2,1


minutos.
a) quanto vale a constante de decaimento;

b) quantos átomos radioativos existem em uma amostra


com atividade de 4 m Ci.

12. Calcule a energia máxima e o comprimento de onda míni-


mo de R – X produzidos por um tubo operando a 15 keV e
a 150 keV.

13. A taxa de desintegração de 1 g de 40K é de 105. s-1. Qual


é sua constante de decaimento.

14. Calcule a atividade de uma amostra de 1 g de , cuja


meia-vida é de 28 anos.

15. Calcule a energia máxima e o comprimento de onda míni-


mo de um fóton produzido em um tubo de raios-X, quando
a diferença de potencial entre seus eletrodos for de 40 kV.

16. Qual é a percentagem de raios-X transmitida através de


uma material de 10 cm de espessura, sendo µ = 0,2 cm-1.

17. O coeficiente de atenuação do tecido humano para fótons


de 1 MeV é de 7 m-1. Calcule a espessura e a camada
semirredutora.
248   Física

18. Que percentagem de intensidade de um feixe de fótons de


1 MeV será transmitida através de 20 cm de tecido huma-
no. Use os dados do problema anterior.

Gabarito 11. a) 5,5 x 10-3. s-1; b) 2,69 x 10 10


1. 0,1 rad e 10-3 Gy átomos
2. 0,4 J 12. a) 8,28 x 10-11m e 15 keV: b) 8,28 x
3. 2,25 J 10-12 e 150 keV
4. 375 kg 13. 1,5 x 10 22 átomos
5. 3,5 x 1013 átomos 14. 5,258 x 10 12. s-1
6. a) 8 dias; b) 1,11 x 1014 átomos 15. 6,4 x 10 –15J e 3,1 x 10 –11m
7. 17280 anos 16. 13,53%
8. a) 1,24 mCi; b) 174 dias 17. 9,9 cm
9. 0,75 mg 18. 24,6%.
10. 0,025 mSv/h
Capítulo 9   Interação da radiação eletromagnética...   249

Bibliografia

OKUNO, E. . Radiacao: Efeitos, Riscos e Beneficios.. 1. ed.


SAO PAULO: HARBRA, 1988. v. 1. 81p

OKUNO, E. ; CALDAS, I. L. ; CHOW, C. . Fisica Para Ciencias


Biologicas e Biomedicas. 1. ed. S. Paulo, Brasil: Harper &
Row do Brasil, 1982. v. 1. 490p.

HENEINE, Ibrahim F. , Biofísica Básica, ed. Atheneu . São Pau-


lo , 1993

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vol 4,


Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição, 2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 4, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.

CHAVES, Alaor, Física, Vol. 2 – Eletromagnetismo, Rio de Ja-


neiro: Reichmann & Af­fonso Ed., 2001.
Gelson Luiz Fernandes Barreto

Capítulo 10

Introdução ao estudo da
física moderna
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     251

10.1 Introdução: Atomística

A Química é a ciência que estuda os materiais existentes na


natureza ou que são produzidos pelo homem, as transforma-
ções químicas sofridas por essas matérias e a energia que
acompanha essas transformações.

Os Primeiros Modelos Atômicos.

ÂÂa) O átomo de Dalton: para Dalton, cada átomo seria


uma minúscula partícula esférica, maciça e indivisível;

ÂÂb) Modelo de Rutherford – Bohr: o átomo seria como o


modelo planetário, onde o núcleo seria o Sol e a eletros-
fera, os planetas;

ÂÂc) Modelo de Sommerfeld: é o modelo atual com a acei-


tação do modelo das órbitas elípticas.

O núcleo é constituído de prótons e nêutrons. A massa do


nêutron é ligeiramente maior que a massa do próton, porém
podemos admitir que suas massas são praticamente iguais.
252   Física

10.1.1 Conceitos Importantes


ÂÂNúmero Atômico (Z): chama-se número atômico (Z) o
número de prótons do núcleo de um átomo;

ÂÂNúmero de Massa (A): chama-se número de massa


(A), a soma do número de prótons (Z) e do número de
nêutrons (N). Equação: A = Z + N;

ÂÂIsótopos: são átomos com mesmo número de prótons e


diferente número de massa.

ÂÂIsóbaros: são átomos de diferentes números de pró-


tons, mas que possuem o mesmo número de massa;

ÂÂIsótonos: são átomos de diferentes números de prótons,


diferentes números de massas, porém com mesmo nú-
mero de nêutrons.

10.1.2 Princípio da dualidade matéria-onda


A toda partícula em movimento está associada uma onda
e vice-versa.

10.1.3 O Princípio da Incerteza


Jamais poderemos determinar, simultaneamente, a posição
exata de uma partícula e a sua velocidade, em um dado instante.

10.1.4 Orbital
O físico austríaco Erwin Schrödinger deduziu equações ma-
temáticas que determinaram regiões no espaço onde teríamos
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     253

grande probabilidade de encontrar determinado elétron. Essa


região espacial foi denominada de orbital.

10.1.5 Os Números Quânticos


ÂÂOs níveis – número quântico principal (n): é aquele que
caracteriza a camada ou nível a que pertence o elétron.
O número quântico principal n é um número inteiro e
seus valores são: n = 1, 2, 3, 4, ... respectivamente para
os elétrons das camadas K, L, M, N, ...;

ÂÂOs subníveis – número quântico secundário (l): os dife-


rentes subníveis foram chamados de s, p, d, f, ...;

ÂÂOs orbitais – número quântico magnético (Ml): em cada


subnível, encontramos determinado número de orbitais.
O número de orbitais em cada subnível é calculado a
partir da expressão: nº de orbitais = (2l + 1), onde l é o
número quântico secundário.

ÂÂO spin – número quântico de spin (Ms): o que é “spin”


do elétron? Em inglês é rotação. Admitindo o elétron
com forma esférica, este teria um movimento de rotação
em torno do seu eixo, como o movimento de rotação da
Terra. Seu valor varia de – ½ a +½ ;
254   Física

Figura 10-01  Ilustração sobre os spins.

10.1.6 Princípio da exclusão de Pauli


Em um orbital, encontraremos, no máximo, dois elétrons, e
com spins contrários. Ou, de outra forma: em um átomo, jamais
encontraremos 2 elétrons com seus 4 números quânticos iguais.

NOTA:

Terá maior energia o elé-


tron que possui maior soma
de nº quântico principal (n)
+ nº quântico secundário (l).

Diagrama de Linus Pauling

O dispositivo prático que nos indica a sequência crescente


de energia dos elétrons nos subníveis.
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     255

Figura 10-02   Diagrama de Pauling.

10.1.7 Radioatividade
É o fenômeno pelo qual um núcleo instável emite espon-
taneamente determinadas (partículas e ondas), genericamen-
te chamadas de radiações, tranformando-se em outro núcleo
mais estável. Esse fenômeno se deve unicamente ao núcleo
do átomo.

A descoberta da radiatividade foi um dos acontecimentos


mais importantes no processo que culminou no desenvolvi-
mento da estrutura atômica. Em 1896, o francês Antoine Henri
Becquerel observou que o urânio emite raios de grande po-
256   Física

der de penetração, capazes de sensibilizar filmes fotográficos,


mesmo lacrados.

Essas propriedades que certos materiais têm de emitir raios


espontaneamente foi chamada de radiatividade.

Existem três modalidades de radiações, denominadas alfa


(α), beta (β) e gama (γ); e elas podem ser separadas por um
campo magnético ou elétrico.

Representação da partícula alfa: ou

Representação da partícula beta:

Representação da radiação gama: γ.

10.1.7.1 Perigo Oculto

As radiações nucleares, especialmente a gama, são extre-


mamente perigosas, pois provocam destruição das células,
queimaduras, efeitos genéticos etc.

As radiações luminosas (luz) você pode ver, as caloríficas


(calor) você pode sentir, as nucleares, entretanto, você não
pode ver, sentir, ouvir, cheirar nem provar. Os nossos sentidos
não têm sensibilidade suficiente para detectar as radiações nu-
cleares e é aí que mora o perigo. Vários acidentes já ocorre-
ram no mundo, inclusive no Brasil, em Goiânia.
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     257

10.1.7.2 Poder de Penetração das radiações

Figura 10-03  Penetração da radiação na matéria.

Genericamente, podemos afirmar que, quanto maior a fre-


quência da onda, isto é, quanto menor o seu comprimento de
onda, maior será o seu poder de penetração. Essa “lei” afir-
ma, também, que, quanto menor a massa da partícula, maior
será o seu poder de penetração na matéria.

10.2 Conceitos Básicos de Física Moderna

10.2.1 Introdução
Física Clássica lida principalmente com fenômenos ma-
croscópicos, além de resultar de ideias intuitivas com base na
nossa experiência quotidiana. Já a Física Quântica trata prin-
cipalmente de fenômenos na escala atômica e sub-atômica.
Como não temos experiências diárias para essa escala, a físi-
ca quântica não se parece com nada do que vimos em física
clássica. A Física Quântica se propõe a responder perguntas
como: por que as estrelas brilham? Por que os elementos po-
dem ser classificados em uma tabela periódica? Como funcio-
nam os transistores e outros dispositivos da microeletrônica?
258   Física

Por que o cobre é um bom condutor de eletricidade e o vidro é


um isolante? Na verdade, toda a química, incluindo a bioquí-
mica, se baseia na física quântica.

A energia de uma onda eletromagnética é transportada em


pacotes chamados de fótons ou quanta. A energia E de um
fóton, para uma onda de frequência f e comprimento de onda
λ, é dada por: E = h.f = h. c
λ
A experiência de espalhamento realizada por Rutherford
mostra que no centro de um átomo existe um núcleo denso,
muito menor do que o tamanho global de um átomo, porém
contendo a carga positiva total do átomo e quase toda a mas-
sa do átomo.

10.2.2 A teoria dos Fótons


A radiação emitida por um corpo aquecido no interior de
um forno pode ser observada por um buraquinho em uma
das paredes de um forno. À medida que a temperatura au-
menta, a radiação visível passa de uma coloração avermelha-
da, depois passa para uma coloração mais esbranquiçada,
tendendo para o azulado. O espectro é contínuo, porém a
coloração se desloca para frequências mais elevadas com o
aumento de temperatura. Se fizermos um gráfico da intensida-
de luminosa em função da frequência, teremos discrepâncias
enormes quando comparamos o esperado pela física clássica
e os resultados experimentais. Essas diferenças se dão, pois,
pela física clássica; a troca de energia entre a radiação e os
“osciladores” nas paredes se dá de forma contínua (qualquer
quantidade de energia pode ser absorvida ou emitida). Para
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     259

resolver esse problema, em dezembro de 1900, Max Planck


postulou que a troca seria “quantizada”: um oscilador de fre-
quência f só poderia emitir ou absorver energia em múltiplos
inteiros de um “quantum de energia”.

A quantidade elementar associada à grandeza é chamada


de quantum dessa grandeza (o plural é quanta). Como exem-
plo de quantização, podemos citar o dinheiro.

Em 1905, Einstein, em um trabalho intitulado “Um ponto


de vista heurístico sobre a produção e transformação da luz”,
propôs uma teoria do efeito fotoelétrico baseada em uma ex-
tensão muito mais audaciosa das ideias de Planck sobre quan-
tização, a de que a radiação eletromagnética de frequência f
era quantizada; a quantidade elementar de luz é hoje chama-
da de fóton. Mas afinal, o que é o fóton? Na verdade, até hoje
ele não é compreendido perfeitamente. Segundo Einstein, um
quantum de luz de uf tem uma energia dada por:

E = h.f =h . ω

h = 6,63 . 10-34 J.s = 4,14 . 10-15 eV.s

h = h ≅ 1,0546 . 10-34 J.s ≅ 6,582 . 10-16 eV.s


Onde E é a energia do fóton, f é a frequência da radiação


eletromagnética, h é uma constante universal conhecida como
constante de Planck, h (lê-se “agá cortado”) é a razão entre a
constante de Planck e 2π e ω é a velocidade angular da onda
eletromagnética.
260   Física

Essa é a menor energia que uma onda luminosa de fre-


quência f pode possuir, a energia de um único fóton. Einstein
propôs que sempre que a luz é absorvida ou emitida por um
corpo, essa absorção ou emissão ocorre nos átomos do corpo.

Planck procurou por muitos anos, com grande esforço, en-


contrar uma explicação para o seu postulado dentro da física
clássica. Acabou, muito a contragosto, convencendo-se de
que isso não seria possível.

Desde que os fótons viajem na velocidade da luz, eles de-


vem, de acordo com a teoria da relatividade, ter massa de
repouso zero; portanto, sua energia é totalmente cinética. Se o
fóton deixar de se mover com a velocidade da luz, ele deixa de
existir. Então, para m0 = 0, a relação momentum-energia rela-
tivística torna-se E = p.c. Assim, cada fóton tem um momento:

p= E = hν = h
c c λ

Do ponto de vista quântico, um feixe de energia eletromag-


nética é composta de fótons viajando na velocidade da luz. A
intensidade do feixe será proporcional ao número de fótons
cruzando uma unidade de área em um determinado intervalo
de tempo. Assim, se o feixe for monocromático (uma única
frequência) a intensidade será dada por:

número.de.fótons
I = (energiade.um.fóton)x
áreaxtempo
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     261

10.2.3 Efeito fotoelétrico


Em 1887, Heinrich Hertz produziu uma descarga oscilante
fazendo saltar uma faísca entre dois eletrodos para gerar on-
das que eram detectadas por uma antena ressonante que tam-
bém era acompanhada de uma faísca entre os eletrodos. Pela
observação, ele notou que a faísca de detecção saltava com
mais dificuldade quando os eletrodos da antena receptora não
estavam expostos à luz. Com essa experiência, ao comprovar
as teorias de Maxwell, coroamento da física clássica, Hertz es-
tava descobrindo o efeito fotoelétrico, uma das primeiras evi-
dências experimentais da quantização.

Quando iluminamos uma superfície metálica com um raio


luminoso de comprimento de onda suficientemente pequeno,
a luz faz com que elétrons sejam emitidos pelo metal. Esse fe-
nômeno, que recebe o nome de efeito fotoelétrico é essencial
para o funcionamento de equipamentos como câmaras de TV
ou óculos de visão noturna.

vácuo janela de quartzo

T C

luz incidente

i A i

V-+

Figura 10-05-A   Esquema do efeito fotoelétrico.


262   Física

Figura 10-05-B   Esquema do efeito fotoelétrico.


Na experiência proposta na Figura 10-5-A, o coletor C
deve ficar ligeiramente negativo em relação ao alvo T. Essa
ddp reduz a velocidade dos elétrons ejetados. Quando au-
mentamos o valor negativo de V até que a corrente em A seja
nula, atingimos o potencial de corte (Vcorte). Nesse ponto, os
elétrons de maior energia ejetados pelo alvo são detidos pou-
co antes de chegar ao coletor. Assim, Kmáx, a energia cinética
desses elétrons é dada por:

Kmáx = e.Vcorte
1 . me . v2m = e . Vcorte
2
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     263

O experimento mostra que, para uma luz de uma dada


frequência, o valor de Kmáx não depende da intensidade da luz
incidente no alvo.

A energia que pode ser transferida da luz incidente para um


elétron do alvo é a energia de um único fóton. Aumentando
a intensidade da luz, aumentamos o número de fótons que
incidem no alvo, mas a energia de cada fóton permanece a
mesma, já que a frequência não mudou. Assim, a energia má-
xima transferida para o elétron também permanece a mesma.

Ao medirmos o potencial de corte (Vcorte) para diversas fre-


quências da luz incidente, verifica-se que o efeito fotoelétrico
não acontece para uma frequência inferior a uma denomina-
da frequência de corte (fo) ou comprimento de onda de corte
(λo). Verifica-se também que o resultado não depende da in-
tensidade da luz incidente.

A existência de uma frequência de corte é explicada natu-


ralmente quando pensamos na luz em termos de fótons. Os
elétrons são mantidos na superfície do alvo por forças elétri-
cas. Para escapar do alvo, um elétron necessita de uma certa
energia mínima Φ, que depende do material de que é feito o
alvo e recebe o nome de função trabalho. Quando a energia
h.f cedida por um fóton a um elétron é maior que a função tra-
balho do material, o elétron pode escapara do alvo; quando a
energia cedida é menor que a função trabalho, o elétron não
pode escapar.

Utilizando os conceitos da conservação da energia à emis-


são fotoelétrica, Einstein resumiu os resultados dos experimen-
tos do efeito fotoelétrico na equação:
264   Física

h.f = Kmáx + φ

φ
Vcorte = ( he ) .f-
e

O físico americano R. A. Millikan não acreditou na explica-


ção de Einstein, e passou os dez anos seguintes fazendo uma
série de experiências com o objetivo de demonstrar que a predi-
ção de Einstein era incorreta. O resultado foi que, nas palavras
de Millikan, “... contra todas as minhas expectativas, vi-me obri-
gado, em 1915, a afirmar sua completa verificação experimen-
tal, embora nada tivesse de razoável, uma vez que parecia violar
tudo o que conhecíamos sobre a interferência da luz”.

Podemos resumir as características do efeito fotoelétrico em


quatro itens:

ÂÂO número de elétrons arrancados de uma placa metálica


devido à incidência de radiação eletromagnética sobre ela
é diretamente proporcional à intensidade da radiação.

I=N.h.f

∆E e N = nº.fótons
I=
∆t ∆t

ÂÂO potencial de corte é o mesmo qualquer que seja a


intensidade da radiação eletromagnética incidente.

e . Vo = h . f – φ

• A energia dos elétrons arrancados depende da frequência


e não da intensidade da radiação eletromagnética incidente.
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     265

“Isso significa que, quanto mais profundamente no interior


da placa se encontra o elétron que vai ser arrancado, me-
nor será a sua energia cinética ao sair dela, já que a ener-
gia de cada fóton absorvido fica repartida entre o elétron
arrancado e os outros elétrons e átomos que constituem a
placa. Assim, para radiações eletromagnéticas com dada
frequência, a máxima energia cinética que cada elétron
pode ter corresponde à situação em que o elétron é arran-
cado da superfície da placa, de modo que toda a energia
do fóton é absorvida por ele.”

•Não existe retardo entre o instante em que a radiação


eletromagnética atinge a superfície da placa e o instante em
que aparecem os elétrons arrancados.

“Pela teoria quântica, o conceito de partícula está associa-


do à transferência instantânea de energia de um ente físi-
co a outro, em uma colisão. Assim, considerando os fótons
como partículas, a teoria quântica garante que existe uma
transferência de energia instantânea aos elétrons, que tam-
bém são considerados como partículas.”

10.2.4 Espalhamento Compton


Um fenômeno chamado de espalhamento Compton, ini-
cialmente explicado em 1923 pelo físico americano A. H.
Compton, fornece uma confirmação adicional direta da na-
tureza quântica dos raios-X. Quando os raios-X colidem com
uma matéria, uma parte da radiação é espalhada, do mesmo
modo que a luz visível sofre reflexão difusa ao incidir sobre
266   Física

uma superfície rugosa. Compton e outros descobriram que


uma parte da radiação espalhada possuía frequência menor
(comprimento de onda maior) do que a radiação incidente e
que a diferença de comprimento de onda dependia do ângulo
de espalhamento. Especificamente, se a radiação espalhada
emerge formando um ângulo θ com direção incidente, sendo
λ o comprimento de onda da radiação incidente e λ’ o com-
primento de onda da radiação espalhada, verificamos que:

h
λ’ - λ =
m . c (1 - cos φ)

Figura 10-06  Esquema do espalhamento Compton.

10.2.5 Espalhamento e Produção de Raios-X


A produção e o espalhamento de raios-X fornecem exem-
plos adicionais sobre a natureza quântica das ondas eletro-
magnéticas. Os raios-X são produzidos quando elétrons com
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     267

velocidades elevadas acelerados por potenciais da ordem de


103 V a 106V colidem com um alvo metálico. Eles foram ini-
cialmente produzidos em 1895 por Wilhelm Röntgen. Elétrons
são “evaporados” do cátodo quente pela emissão termoiônica
e são acelerados no sentido do ânodo (o alvo) por uma gran-
de diferença de potencial V.

Dois processos distintos são envolvidos na emissão de raios-


-X. No primeiro, alguns elétrons são freados ou param pela
ação do alvo e uma parte ou a totalidade da energia cinética
do elétron é convertida diretamente em um espectro contínuo
de fótons, incluindo os raios-X. Esse processo é chamado de
bremstrahlung (palavra alemã que significa freio da radiação).

O segundo processo fornece pico no espectro de raios-X


para frequências características e comprimentos de onda que
dependem do material do alvo. Outros elétrons, caso possu-
am energia cinética suficiente, podem transferir energia cinéti-
ca, total ou parcialmente, para átomos individuais no interior
do alvo.

Atividades

1. Uma unidade de energia muito utilizada em mecânica quân-


tica é o elétronvolt. Define-se o elétronvolt como a quanti-
dade de energia necessária para que um elétron (q = 1,6
x 10-19C) seja puxado ou empurrado sob uma diferença de
potencial de 1,0 volt. Expresse o valor de um elétronvolt
em unidades de joules.
R.: 1 eV = 1,602 x 10-19J.
268   Física

2. Encontre o comprimento de onda e a frequência de um fóton


de 1,0 keV.
R.: 12,4 Å; 2,42 x 1017 Hz.

3. Encontre o valor do momentum de um fóton de 12,0 MeV.


R.: 12 MeV/c.

4. Calcule a frequência do fóton produzido, quando um elétron


de 20 keV sai do repouso em um colisão com um núcleo
pesado.
R.: 4,84 x 1018 Hz.

5. Determine o valor máximo do comprimento de onde um fó-


ton que separa uma molécula cuja energia de ligação é de
15 eV.
R.: 827 Å.

6. Uma luz monocromática de comprimento de onda 3000 Å


incide normalmente sobre uma superfície de área 4 cm².
Se a intensidade da luz for de 15 X 10-2 W/m², determine
a taxa com que os fótons atingem a superfície.
R.: 9,02 x 1013 fótons/s.

7. Uma estação emissora de rádio opera com uma frequência


de 103,7 MHz e com uma potência de saída de 200 kW.
Determine a taxa de emissão de quanta dessa estação.
R.: 2,91 x 1030 quanta/s.
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     269

8. Encontre o comprimento de onda e a frequência de um fóton


de 1,0 MeV.
R.: 1,24 x 10-2 Å; 2,42 x 1020 Hz.

9. Encontre o comprimento de onda e a frequência de um fó-


ton, cujo momentum mede 0,02 MeV/c.
R.: 6,20 x 10-1 Å; 4,84 x 1018 Hz.

10. Encontre o valor do momentum de um fóton de 4,0 keV.


R.: 4 keV/c

11. Encontre a energia associada a um fóton, cujo momentum


mede 10,0 MeV/c.
R.: 10 MeV

12. Encontre a energia de um fóton, cujo comprimento de


onda mede 4000 Å.
R.: 3,1 eV

13. Quanto devem medir a energia e o momentum de um fó-


ton, cuja frequência mede 106 Hz?
R.: 4,14 x 103 MeV; 4,14 x 103 MeV/c

14. Determine o valor do momentum de um fóton, cujo com-


primento de onda mede 10,0 Å.
R.: 1,24 Mev/c
270   Física

15. Se o máximo comprimento de onda de um fóton necessá-


rio para separar uma molécula diatômica é 3000 Å, qual
é sua energia de ligação?
R.: 4,13 eV

16. Quanto deve medir o momentum de um fóton que tenha a


mesma energia de 10,0 MeV de uma partícula alfa?
R.: 10 MeV/c

17. Uma estação de rádio tem uma potência de saída de 150


kW em uma frequência de 101,1 MHz. Encontre o número
de fótons que atravessam uma unidade de área por tempo
a um quilômetro da estação de rádio. Suponha que a es-
tação irradia uniformemente em todas as direções.

18. Uma onda eletromagnética plana de 300 MHz incide nor-


malmente em uma superfície de área igual a 50,0 cm². Se
a intensidade da onda é de 9 x 10-5 W/m², determine a
taxa pela qual os fótons atingem a superfície.
R.: 2,26 x 1018 fótons/s.

19. Uma fonte de luz de frequência 6 x 1014 Hz produz 10 W.


Quantos fótons são produzidos em 1 segundo?
R.: 2,52 x 1019 fótons.
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     271

Exercícios

1. Uma lâmpada de vapor de sódio é colocada no centro de


uma casca esférica que absorve toda a energia que che-
ga até ela. A lâmpada tem uma potência de 100 W; su-
ponha que toda a luz seja emitida com um comprimento
de onda de 590 nm. Quantos fótons são absorvidos pela
esfera por segundo?

2. Uma placa feita de potássio está a uma distância r = 3,5


m de uma fonte luminosa isotrópica de potência P = 1,5
W. A função trabalho φ do potássio é 2,2 eV. Suponha que
a energia contida na luz fosse transferida continuamente
para o alvo (ou seja, que a luz se comportasse como uma
onda clássica ao transferir energia para a placa). Quanto
tempo seria necessário para que a placa acumulasse ener-
gia suficiente para ejetar um elétron? Suponha que a placa
absorva toda a luz incidente e que o elétron a ser ejetado
recebe energia de uma região circular da placa com um
raio igual a 5,0 . 10-11 m, o raio de um átomo típico.

3. Determine o valor da função trabalho do sódio a partir do


gráfico abaixo.
272   Física

visível ultravioleta

Potencial de corte (Vcorte)

3,0

2,0

1,0

frequência de corte (fo)


2 4 6 8 10 12
frequência da luz
incidente f (1014 Hz)

Potencial de corte Vcorte em função da frequência f da luz incidente para um alvo


de sódio T na montagem da figura do item 3 (Os dados são os obtidos por R. A.
Millikan em 1916).

4. A luz amarela de uma lâmpada de vapor de sódio usada em


iluminação pública é mais intensa em um comprimento de
onda de 589 nm. Qual é a energia dos fótons para esse
comprimento de onda?

5. O leitor precisa escolher um elemento para uma célula foto-


elétrica que funcione com luz visível. Quais dos seguintes
elementos são apropriados (a função trabalho aparece en-
Capítulo 10    Introdução ao estudo da física moderna     273

tre parênteses): tântalo (4,2 eV); tungstênio (4,5 eV); alu-


mínio (4,2 eV); bário (2,5 eV); lítio (2,3 eV)?

6. A função trabalho do tungstênio é 4,50 eV. Calcule a velo-


cidade dos elétrons mais rápidos ejetados da superfície de
uma placa de tungstênio quando fótons com uma energia
de 5,80 eV incidem na placa.

7. Um feixe luminoso incide na superfície de uma placa de


sódio, produzindo uma emissão fotoelétrica. O potencial
de corte dos elétrons ejetados é 5,0 eV e a função traba-
lho do sódio é 2,2 eV. Qual é o comprimento de onda da
luz incidente?

8. Determine a energia cinética máxima dos elétrons ejetados de


um certo material se a função trabalho do material é 2,3 eV
e a frequência da radiação incidente é 3,0 x 1015 Hz.

9. A luz solar pode ejetar elétrons da superfície de um satélite


em órbita, carregando-o eletricamente; os projetistas de
satélites procuram minimizar esse efeito por meio de reves-
timentos especiais. Suponha que um satélite seja revestido
de platina, um metal com uma função trabalho muito ele-
vada (φ = 5,32 eV). Determine o maior comprimento de
onda da luz solar incidente que é capaz de ejetar elétrons
de uma superfície revestida com platina.
274   Física

Gabarito:
1. N = 2,97 . 1020 fótons
2. ∆t = 1,28 h
3. Φ ≈ 2,36 eV
4. ∆E = 2,11 eV
5. lítio e bário
6. v = 6,75 . 105 m/s
7. λ = 170 nm
8. Kmáx. = 10,13 eV
9. λ = 2335 Å

Bibliografia

OKUNO, E. Radiacao: Efeitos, Riscos e Beneficios. 1. ed. SAO


PAULO: HARBRA, 1988. v. 1. 81p

OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Fisica Para Ciencias


Biologicas e Biomedicas. 1. ed. S. Paulo, Brasil: Harper &
Row do Brasil, 1982. v. 1. 490 p.

HALLIDAY / RESNIK / WALKER, Fundamentos de Física, vols.


2 e 4, Ed. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 6ª
edição, 2002.

SEARS / ZEMANSKY / YOUNG / FREEDMAN, Física, Vol 4,


Addison Wesley do do Bra­sil, São Paulo, 10ª edição, 2003.

KELLER, Frederikc J., GETTYS, W. Edward, SKOVE, Malcolm


J., Física, Vol. 2, Ma­kron Books do Brasil, São Paulo, 1ª
edição, 1999.

TIPLER, Paul, Física, Vol. 4, Livros Técnicos e Científicos, Rio de


Janeiro, 4ª edição, 2000.

Potrebbero piacerti anche