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Encontro Internacional dos Estudos Medievais - ABREM

De Regimine Principum. Tomás de Aquino e sua interpretação sobre os


conflitos entre poder secular e poder espiritual

Kellen Jacobsen Follador


Universidade Federal do Espírito Santo

Resumo: Tomás de Aquino deixou seu pensamento político expresso em várias


obras, mas, no que tange à Plenitudo Potestatis podemos considerar que o texto
mais contundente é o De Regimine Principum escrito ao Rei de Chipre. Nessa obra
o aquinate aborda as várias formas de governo, a origem e natureza do Estado,
assim como, sua relação com a Igreja. No contexto do século XIII onde a teoria da
Plenitudo Potestatis angariava adeptos e inimigos, o doutor angélico manteve-se
equilibrado entre as instâncias de poder, defendendo a distinção entre as
prerrogativas da vida espiritual e da vida terrena.

Palavras-chave: Tomás de Aquino. De Regimine Principum. Plenitudo Potestatis.

Introdução

Tomás de Aquino foi o maior representante da corrente filosófica Escolástica.


Conheceu e citou em suas obras filósofos gregos, fontes patrísticas e as principais
doutrinas dos pensadores de seu tempo. Mas, no que toca ao desenvolvimento da
filosofia o aquinate sempre é lembrado pela relação íntima que manteve com os
escritos do filósofo grego Aristóteles.
Lima 1 acredita que Tomás conseguiu construir um pensamento próprio, que o
destacou entre os escolásticos. Utilizou a patrística de Agostinho e a filosofia de
Aristóteles “sem, contudo propender servilmente a qualquer das duas, porquanto
seu cristianismo se assemelha muito do de Agostinho e sua filosofia se aproxima
bastante da de Aristóteles”. Nicola Abbagnano 2 também acredita que o aquinate fez
bom uso das obras aristotélicas sem perder o brilhantismo frente a elas. Para o
autor, por meio da explicação de Tomás de Aquino “o aristotelismo torna-se flexível
e dócil a todas as exigências da explicação dogmática”, pois, ele buscou integrar a

1
LIMA, José Jivaldo. Da política à ética: o itinerário de Santo Tomás de Aquino. 2005. 266p. Tese
(doutorado) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica, Rio
Grande do Sul, 2005. Orientação do Prof. Dr. Luís Alberto De Boni, p.12
2
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. 3. Ed, Lisboa: Presença, 1985, p. 20
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filosofia de Aristóteles e a fé. Hilário Franco Junior corrobora com Abbagnano ao
declarar que “Tomás de Aquino reinseriu o aristotelismo numa linha cristã,
adequando melhor o pensamento da Igreja às novas condições socioculturais da
época”.
O angélico deixou seu pensamento político expresso em várias obras 4, mas,
no que tange à Plenitudo Potestatis podemos considerar que o texto mais
5
contundente é o De Regimine Principum escrito ao Rei de Chipre. Nessa obra o
aquinate aborda as várias formas de governo, a origem e natureza do Estado, assim
como, sua relação com a Igreja. 6
No que se refere à mencionada obra, parece ter certo consenso entre
estudiosos aqui pesquisados o fato dela não se encaixar perfeitamente em um perfil
7
de filosofia política. Souza e Barbosa destacam que, de forma geral, o conjunto de
textos do aquinate “não nos oferece uma teoria política suficientemente
sistematizada acerca das relações entre o poder espiritual e secular”, e, no caso da
obra De Regimine Principum o que há são algumas teses que abordam o assunto, e,
8
não um tratado de filosofia política. De Boni acrescenta que o texto possui um
maior caráter teológico que filosófico. Essa característica teológica pode ser notada
a partir das passagens nas quais o aquinate corrobora com o pensamento
agostiniano e faz menção aos livros bíblicos. Aliás, quase todos os dezenove

3
FRANCO JR., Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006, p.
165
4
Tais obras são: Comentários aos quatro livros de Pedro Lombardo, Suma Teológica, Suma contra
os gentios, Comentários à Ética nicomaqueia e Comentários à Política de Aristóteles, Tratado sobre o
governo dos judeus à Duquesa de Brabante
5
De Regimine principum seu De Regno ad Regem Cypri [Do governo dos príncipes (ou do Reino) ao
Rei de Cipro]. No presente artigo utilizamos a tradução cf. SANTOS, Arlindo Veiga dos. Filosofia
política de Santo Tomás de Aquino. 3. ed., São Paulo: Bushatzky, 1955. Discutiremos no artigo os
capítulos que são de autoria de Tomás de Aquino, pois, pelo fato de ele ter deixado a obra
incompleta, seu discípulo Tolomeu de Luca terminou parte do compêndio. O livro I com quinze
capítulos e o livro II com quatro capítulos são de autoria do aquinate. Seguem-se mais 12 capítulos
do livro II de autoria de Tolomeu de Luca, 22 capítulos no livro III e 28 capítulos no livro IV. O livro III
e IV são atribuídos a Tolomeu de Luca, mas com pouca certeza, parece antes uma junção de textos
de mesmo gênero que os livreiros da época acrescentaram ao opúsculo tomista no intuito de valorizar
tais escritos.
6
STREFLING, Sérgio Ricardo. Igreja e poder: plenitude do poder e soberania popular em Marsílio
de Pádua (Coleção Filosofia – 146). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, p. 48.
7
SOUZA, José Antônio de C. R. de; BARBOSA, João Morais. O reino de Deus e o reino dos
homens: as relações entre os poderes espiritual e temporal na Baixa Idade Média (da Reforma
Gregoriana a João Quidort). Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997, p. 106.
8
DE BONI, Luis Alberto. De Abelardo a Lutero: estudos sobre filosofia prática na Idade Média. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2003, p. 104.
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capítulos do livro I e II são finalizados com passagens bíblicas que visam


exemplificar o assunto abordado.
Como mencionado, as teorias de Aristóteles e Santo Agostinho são
abordadas ao longo do De Regimine Principum. Veremos a partir de então como
ambos os pensadores influenciaram Tomás de Aquino a pensar no homem como um
animal político e suas relações com a cidade terrena e a cidade celeste.

Análise da obra de Regimine Principum

A influência aristotélica dá-se principalmente na divisão das formas de


governo e suas respectivas corruptelas. No livro Política o estagirita divide as boas
formas de governo em monarquia, aristocracia e democracia e suas respectivas
formas corrompidas em tirania, oligarquia e demagogia. Com base na leitura das
recentes traduções9 de Aristóteles, Tomás de Aquino classificou os bons governos
em reino, aristocracia e polícia e os maus em tirania, oligarquia, democracia.10
Ainda no livro I capítulo I, o doutor angélico explica o surgimento do Estado
face à necessidade humana, já que sendo o homem por natureza um animal social e
político é mister que tenha um líder que o governe visando o bem comum. Usa
textos bíblicos para fundamentar a necessidade de um governante, como em
Provérbios (11: 14) onde Salomão diz que “onde não há governante, dissipar-se-á o
povo”. Tal governante poderia no desenvolvimento de suas prerrogativas executar
um bom ou mau governo.
O bom governo era pautado pela busca do bem comum, onde “a multidão é
ordenada pelo governante ao fim dela”. Esse fim seria a união a Deus na cidade
celeste. Para tanto, o governante deveria oferecer aos súditos uma convivência que
possibilitasse viver em paz e harmonia com o próximo, de forma que, os homens se
respeitando mutuamente conseguiriam agir conforme os preceitos ditados pela
Igreja e assim serem agraciados com a vida eterna. Em contrapartida, o mau
governo prejudicaria a caminhada dos homens e os propósitos da Igreja. Para eles,

9
As traduções dos textos vinham do idioma árabe e eram recentes à época do Aquinate.
10
De regimine principum, I, I, 4-5.
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logo, se “o governo se ordenar, não ao bem comum da multidão, mas ao bem


privado do regente, será injusto e perverso o governo”. 11
Conforme Tomás de Aquino, o Estado surgiria não do pecado, como pensava
Agostinho, mas da necessidade humana de viver em coletividade e ser guiado ao
bem comum no que se refere às questões temporais. Nessas duas abordagens
sobre o surgimento do Estado e sobre o caráter naturalmente sociável e político do
homem, vemos a concordância do aquinate com o filósofo grego, mas, logo
Agostinho se faria presente nessa discussão no que se refere ao fim a que se
ordena a polis. Para Aristóteles a polis seria a maior realização do indivíduo, uma
vez que ele se tornaria pleno na execução de sua cidadania, mas para Tomás não,
pois o indivíduo vê algo além da polis, isso é, a vida eterna. Nesse contexto Aquino
se remete as duas cidades de Santo Agostinho, onde a maior realização do homem
seria a recompensa em participar da cidade celeste.
Lima12 conclui que o doutor angélico concorda com Agostinho sobre a
coexistência de ambas as realidades, humana e divina, e a convivência dos dois
tipos de cidadãos. Para o autor, o aquinate ainda defende que cada uma das
cidades, terrena e celeste, teria seu próprio dirigente conforme seu fim. Segundo
pregou Santo Agostinho, o poder terreno foi instituído por Deus: “É seguramente a
Providência divina que estabelece os reinos humanos”. Ao poder espiritual, na
concepção tomasiana, cabe gerir o que respeita à salvação da alma.
No contexto das disputas sobre as esferas de poder do Sumo Pontífice e do
monarca, essa abordagem tomasiana delimita as prerrogativas e o limite de cada um
dos poderes, não pendendo nem para a Plenitudo Potestatis nem para a monarquia
teocrática.
Apesar de não defender uma monarquia teocrática, Tomás de Aquino
defendeu categoricamente a monarquia enquanto melhor forma de governo. Nesse
sentido, ao analisar as formas de governo proposta por Aristóteles, Tomás de
Aquino prioriza a monarquia e define ser o rei “o que preside único e pastor que
busca o bem comum e não o interesse próprio”.13 A função do rei seria promover a

11
De regimine principum, I, I, 4.
12
LIMA, op. cit., p.229-230.
13
De regimine principum, I, I, 6.
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paz e assim “procurar a salvação daquele cuja governança tomou”.14 O rei não teria
escolha quanto à função a desempenhar, não poderia julgar a tarefa de manter a
paz de seu povo, poderia antes, escolher os meios para alcançar tal fim. Logo “tanto
mais útil será um regime, quanto mais eficaz for para conservar a unidade da paz”.
Ainda no capítulo II já se delineia a defesa à monarquia como melhor forma de
governo e tal defesa se apóia em argumentos baseados na análise sobre a
natureza, sobre a razão e sobre a experiência. Essa última consiste em relatos
bíblicos sobre a importância de um só governante, como demonstrado em Jeremias
(12: 10) “os muitos pastores arruinaram minha vinha”. 15
A monarquia enquanto governo uno e virtuoso era o mais adequado, porém
também poderia ser o pior, se corrompido, porque é o que mais se afasta do bem
público, ou seja, beneficia apenas um, o tirano. A corruptela da monarquia, a tirania,
oferecia tanto males temporais como a cobiça de bens dos súditos, quanto males
espirituais, como o fato de o tirano se incomodar com os homens virtuosos em seu
reino.16
Para Tomás de Aquino, o rei tirano trazia muitos males aos cristãos, tanto
temporais quanto espirituais. Era necessário ser “elevado a rei, por aqueles a quem
tal função compete, um homem de condição tal que não seja provável inclinar-se
para a tirania”.17 Mas caso o rei se corrompesse em tirano, o melhor era resistir.
Convinha mais tolerar a tirania branda do que enfurecer o tirano, ou, do que derrubá-
lo causando a emergência de outro mais opressor. Aliás, o aquinate defendia que
devemos ser submissos inclusive aos senhores ruins, e dessa forma, dar
testemunho a Deus.18
Porém, existia uma brecha no que se refere à resistência ao tirano. Ao
indivíduo ou a um grupo de forma privada não era aconselhável agir contra o tirano,
mas sim à autoridade pública que representava a coletividade.19 Infelizmente nessa
parte do texto Tomás de Aquino não deixa claro quem seria essa autoridade pública,
mas na sequência do texto, apesar de não responder a esse ponto, destaca que na

14
De regimine principum, I, II, 8.
15
Ibidem, 11.
16
Ibidem, I, III, 17.
17
Ibidem, I, VI, 27.
18
De regimine principum, I, VI, 28.
19
Ibidem, 30.
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ausência de recurso humano capaz de subtrair o poder do rei tirano devia-se


recorrer a Deus, rei de todos os reis e homens, pois, “que em seu poder está
converter à mansidão o coração cruel do tirano” e prossegue defendendo que “aos
tiranos que julga indignos de conversão, pode eliminá-los ou reduzi-los à condição
miserável”, conforme demonstra o trecho bíblico Eclesiastes (10: 17) onde “Destruiu
Deus os tronos dos chefes soberbos e no lugar deles assentou os mansos”. Em
contrapartida Deus também pode permitir que um rei tirano governe devido aos
pecados do povo, e, nesse caso, o povo deveria se arrepender e pedir perdão a
Deus para que Ele desse fim à tirania. 20
Ao declarar que a autoridade pública ou o próprio Deus poderia acabar com
um governo tirano, acreditamos que Tomás de Aquino acabou por permitir
interpretações favoráveis a Plenitudo Potestatis, uma vez que, o Sumo Pontífice era
o maior representante de Deus na terra, e, dessa forma poderia intervir em nome de
Deus nas questões que se fizessem necessárias e prejudiciais aos cristãos.
Tomás de Aquino era favorável à monarquia, mas totalmente contrário à
tirania. Para o aquinate a finalidade do rei era de suma importância, pois, enquanto
ministro de Deus deveria governar buscando o bem comum, uma vez que “todo
poder vem de Deus e o ministro de Deus é vingador contra aquele que faz o mal”. 21

Nesse sentido, o rei poderia esperar Nele a recompensa pelo seu reino, pois nada
de terreno faz o rei ser realmente feliz, pois a felicidade é a glória de Deus. Assim, o
rei não deveria buscar honra e glória em seu governo, mas, conforme as teorias de
Santo Agostinho aqui retomadas por Tomás de Aquino, esperar em Deus sua
recompensa, esperar sua vida eterna na cidade celeste e não as bonanças e
riquezas na cidade terrena. Corroboramos essa interpretação com a opinião de De
Boni 22 sobre as recompensas que o rei poderia receber, onde “os bens terrenos não
podem aquietar o desejo humano” premissa bebida na fonte agostiniana “Nosso
coração está inquieto, Senhor, enquanto não descansa em ti”.
Na visão tomasiana, a esfera de poder real, em sua particularidade, se
comparava ao governo universal de Deus. Assim como Deus governa o Universo, o
rei deve governar a multidão, ou seja, o particular. E aquele que recebeu essa

20
Ibidem, 31.
21
De regimine principum, I, VIII, 35.
22
DE BONI, op. cit., p. 110
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função, deve ser como Deus no universo, logo, se meditar nisso o rei será justo
exercendo no reino, em nome de Deus, o julgamento de seus súditos. 23
Todas essas prerrogativas do poder real, defendidas por Tomás de Aquino,
como ser o rei o ministro de Deus e o vingador contra aquele que faz o mal, ter sua
função de governo comparada no âmbito particular com a função do governo de
Deus sobre o Universo, poderiam ser interpretadas como uma defesa do aquinate
aos monarcas frente ao desejo a Plenitudo Potestatis do papado, ou, mesmo uma
defesa à monarquia teocrática. Contudo, apesar de seu brilhantismo, o aquinate era
um homem de seu tempo, um religioso que acreditava na superioridade das
questões espirituais frente às terrenas. Nesse sentido, todos os homens, inclusive o
rei, prosseguem sua vida terrena, mortal, esperando a bem aventurança, após a
morte, no gozo de Deus. Essa bem aventurança que seria o fim último dos homens
organizados em sociedade é direcionada pelos ministros da Igreja de Cristo.
Portanto, os cuidados com o fim último, isso é: o gozo em Deus, a salvação eterna,
a morada na cidade celeste, pertenciam ao Sumo Sacerdote.
Vale destacar que Tomás de Aquino ressalta a ideia de “afim de ficarem as
coisas espirituais distintas das terrenas [...] daí na Lei de Cristo, os reis devem ser
sujeitos aos sacerdotes” como um aviso ao governante rei de Chipre, e, aos demais
que viessem a lê-lo.
Na Suma Teológica24 reafirma essa distinção entre a esfera espiritual e
terrena ao declarar que:
Os reis não exercem nenhum poder sobre questões espirituais, porque não
receberam as chaves do reino dos céus, e o exercem apenas no domínio
secular, embora o seu poder também provenha de Deus [...], e, por tal
motivo, deve-se reconhecer a excelência do mesmo, de modo que os
monarcas cristãos podem exercê-lo na sociedade cristã sob a inspiração do
Senhor [...]. 25

Ambos os poderes, espiritual e temporal, foram criados por Deus para dirigir
Seus propósitos, porém, em esferas distintas. No que se refere à esfera espiritual os
papas certamente teriam superioridade em relação aos reis, porque quem cuida do
último fim, no caso o papa, deve ter prioridade sobre os que têm o cuidado das
coisas ordenadas ao fim, os reis, e, dirigi-los com seu mando. Da mesma forma, o

23
De regimine principum, I, XII, 54-55
24
São Tomás de Aquino, Comentário às sentenças, IV, dist. 19, q. 1a 1, qca. 3, sol. 3a 2, cf. nota 30
25
SOUZA; BARBOSA, op. cit., p. 123
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rei deve presidir todos os ofícios humanos e ordená-los com o império do seu
governo, a fim de proporcionar a seus súditos o gozo de Deus. 26

Considerações finais

No contexto do século XIII onde a teoria da Plenitudo Potestatis angariava


adeptos e inimigos, o doutor angélico manteve-se equilibrado entre as instâncias de
poder. Em nenhum momento declara que o Sumo Pontífice possuía a Plenitudo
Potestatis, nem que o rei deveria governar de forma teocrática. Antes o que faz é
delimitar as esferas de poder “afim de ficarem as coisas espirituais distintas das
terrenas”.
27
Como destaca Strefling a contribuição de Tomás de Aquino às discussões
acerca do desejo de Plenitudo Potestatis pelos Sumos Pontífices consiste em, por
um lado, conservar a autonomia dos dois poderes Estado-Igreja e, por outro,
subordinar o poder monárquico ao poder papal. Para o angélico, o Rei e Sacerdote
universal, Cristo, delegou a seus apóstolos, na pessoa do Sumo Pontífice, a função
de orientar ética e religiosamente todos os reis de forma que eles possam cumprir a
divina missão de governar buscando o bem comum e, assim, proporcionar as
condições necessárias aos cristãos para atingir a felicidade eterna. Logo entre a
autonomia e a subordinação, Tomás de Aquino aconselhou tanto papas quanto
monarcas de sua época. Coube aos homens de seu tempo usar tais conselhos da
forma que melhor conviesse, ora para defender a Plenitudo Potestatis ora para
criticá-la.

26
De regimine principum, I, XV, 64
27
STREFLING, op. cit. p. 50
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