Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
br 1
RELEMBRANDO AS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
1ª Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado): É indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu (a
tarefa do intérprete é evitar injustiças).
2ª Corrente (Defensoria Pública): Socorrendo-se do Princípio do “in dubio pro reo”, não admite interpretação exten-
siva contra o réu (na dúvida, o juiz de interpretar em seu benefício)
3ª Corrente (Zaffaroni): Em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa
resultar num escândalo por sua notória irracionalidade.
O Código, atento ao Princípio da Legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite
que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo
ANALOGIA
Não é forma de interpretação, mas de integração.
ANALOGIA: parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é
preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar.
www.cers.com.br 2
“Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº
10.741, de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
Exemplo 1: Art. 181, I C.P. – (o legislador não lembrou da união estável – possível analogia “in bonam partem”).
Exemplo2: Art. 155 § 2º C.P. – Furto Privilegiado (não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção do legislador é
não privilegiar esse tipo de crime).
www.cers.com.br 3
1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL
CONCLUSÃO: a criação de tipos penais deve ser pautada pela proibição de comportamentos que de alguma forma
exponham a perigo ou lesionem valores concretos essenciais para o ser humano, estabelecidos na figura do bem
jurídico.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
EM RESUMO: o princípio da insignificância pode ser entendido como um instrumento de interpretação restritiva do
tipo penal. Sendo formalmente típica a conduta e relevante a lesão, aplica-se a norma penal, ao passo que, havendo
somente a subsunção legal, desacompanhada da tipicidade material, deve ela ser afastada, pois que estará o fato
atingido pela atipicidade.
www.cers.com.br 4
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO COM OS TRIBUNAIS SUPERIORES (STF / STJ):
- Requisitos:
1- Ausência de periculosidade social da ação
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
3- Mínima ofensividade da conduta do agente
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada.
STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram a capacidade econômica da vítima (STF -
RHC 96813; STJ-Resp. 1.224.795).
“A verificação da lesividade mínima da conduta apta a torná-la atípica, deve levar em consideração a importância
do objeto material subtraído, a condição econômica do sujeito passivo, assim como as circunstâncias e o resultado
do crime, a fim de se determinar, subjetivamente, se houve ou não relevante lesão ao bem jurídico tutelado.” (REsp
1224795, Quinta Turma).
Aplica-se o princípio da insignificância para os crimes cometidos com violência contra a pessoa?
Tem-se admitido o princípio nos crimes contra o patrimônio, praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa.
O delito de furto é o exemplo clássico.
CUIDADO: Quando qualificado o furto, porém, tem julgado não aplicando a insignificância, considerando ausente o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente.
Aplica-se o princípio da insignificância para crimes que tutelam bens difusos e coletivos?
Percebemos a tendência de parcela da doutrina em não admitir a aplicação do princípio da insignificância quando
o bem tutelado é difuso ou coletivo.
Os tribunais superiores, ora adotam essa tese, ora a ignoram, como se percebe dos exemplos a seguir:
Ex1: O STF e STJ negam o princípio nos crimes de estelionato previdenciário, moeda falsa, posse de drogas para
uso próprio, tráfico de drogas e tráfico de armas.
Ex2: o STF, no entanto, admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados
por funcionário público. STJ não admite (Súmula 599).
Ex3: o STF e o STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados
por particulares (ex: descaminho)
Ex4: o STF e o STJ têm decisões admitindo o princípio da insignificância nos crimes ambientais (há importante
divergência sobre o assunto).
O STF aplicou o princípio da insignificância para considerar a inexistência de justa causa para a ação penal contra
parlamentar acusado de pesca ilegal, vez que sua conduta não foi capaz de causar efetiva lesão ao meio ambiente:
“No caso, de acordo com o relatório de fiscalização, a autoridade ambiental abordara o deputado e outras duas
pessoas em embarcação fundeada em área marítima pertencente à unidade de conservação federal de proteção
integral. A Turma reputou não existir, no caso concreto, o requisito da justa causa a propiciar o prosseguimento da
ação penal, especialmente pela mínima ofensividade da conduta do agente, pela ausência de periculosidade social
da ação, pelo reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e pela inexpressividade da lesão jurídica provo-
cada. Assim, apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à tipicidade formal e subjetiva, não haveria a tipicidade
material, consistente na relevância penal da conduta e no resultado típico, em razão da insignificância da lesão
produzida no bem jurídico tutelado. A jurisprudência seria no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância
aos crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico
www.cers.com.br 5
tutelado —, quanto aos de perigo abstrato, como no art. 34, “caput”, da Lei 9.605/1998.” (Inq 3788/DF, rel. Min.
Cármen Lúcia, 1º.3.2016).
Aplica-se o princípio da insignificância para os crimes cometidos no ambiente domésticos e familiar contra a mulher?
O STF decidiu que o princípio da insignificância não se aplica a crimes cometidos no contexto de violência domés-
tica e familiar contra a mulher: “Princípio da insignificância e violência doméstica. Inadmissível a aplicação do prin-
cípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Com base nessa orientação, a
Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” no qual se pleiteava a incidência de tal
princípio ao crime de lesão corporal cometido em âmbito de violência doméstica contra a mulher (Lei 11.340/2006,
Lei Maria da Penha)” (RHC 133043/MT, Segunda Turma, DJe 20/05/2016).
Na mesma linha vem seguindo o STJ: “A jurisprudência desta Corte Superior está consolidada no sentido de não
admitir a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções
praticados com violência ou grave ameaça contra mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância
penal da conduta, não implicando a reconciliação do casal atipicidade material da conduta ou desnecessidade
de pena. Precedentes” (HC 333.195/MS, Quinta Turma, DJe 26/04/2016).
Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Excepcionalmente, porém, diante de peculiaridades do caso concreto, é possível incidir o princípio da insignificância,
desde que verificados os requisitos necessários para a configuração do delito de bagatela.
ATENÇÃO: o STJ firmou posição nesse sentido, reconhecendo possível o princípio da insignificância nas condutas
regidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (HC 225607/RS)
O princípio da intervenção mínima tem sido invocado no debate sobre o alcance das disposições relativas à lavagem
de dinheiro, especialmente após a alteração da Lei nº 9.613/98. Sabe-se que, em sua redação original, o art. 1º da
referida Lei trazia um rol de crimes, em geral graves, que poderiam ser considerados antecedentes à lavagem. Uma
vez em vigor a Lei nº 12.683/12, aboliu-se o rol antecedente, razão por que qualquer infração penal da qual resultem
bens, direitos ou valores passíveis de ocultação ou de dissimulação pode caracterizar a conduta pressuposta. É
nesta circunstância que a intervenção mínima ganha destaque, pois há apontamentos no sentido de que deve ser
observada a carga de gravidade da infração penal anterior para que eventualmente se legitime a punição do
branqueamento de recursos dela advindos.
IMPORTANTE DIFERENCIAR!
www.cers.com.br 6
CUIDADO! Não podemos confundir o Princípio da Insignificância com o Princípio da Adequação Social
ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: Consistente na punição do indivíduo baseada em seus pensamentos,
desejos e estilo de vida.
Conclusão:
Ex: “Art. 2º CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. ”
O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito Penal do fato, mas que considera circunstâncias
relacionadas ao autor, especificamente quando da análise da pena.
-CRIME DE DANO:
-CRIME DE PERIGO:
a) Perigo abstrato:
b) Perigo concreto:
- Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Presumir prévia e abstratamente o
perigo significa, em última análise, que o perigo não existe.
- Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a criação de crimes
de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado.
Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o crime
– bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).
Ex.: Arma desmuniciada – STF – jurisprudência atual – crime de perigo abstrato – demanda efetiva proteção do
Estado.
www.cers.com.br 7
DESDOBRAMENTOS:
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua responsabilidade condicionada à exis-
tência da voluntariedade (dolo/culpa).
Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:”
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”
- Adota o princípio da presunção de inocência ou de não culpa?
Concurso da Defensoria Pública: não trabalha com o princípio da presunção de não culpa (só com o princípio da
presunção de inocência).
Demais concursos: trabalham com os princípios como sinônimos (presunção de inocência ou não culpa).
a) “Art. 312 CPP: A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência (quando imprescindível para) da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).”
b)
c)
No julgamento do HC 126.292/SP, o STF, modificando orientação antes firmada, considerou possível o início da
execução da pena após o recurso em segunda instância.
Antes, no HC 84.078/MG, o tribunal havia considerado impossível que se executasse a pena antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória e estabeleceu a possibilidade de encarceramento apenas se verificada a
necessidade de que isso ocorresse por meio de cautelar (prisão preventiva). À época, asseverou o tribunal, para
além do princípio da presunção de inocência, que “A ampla defesa, não se a pode visualizar de modo restrito.
Engloba todas as fases processuais, inclusive as recursais de natureza extraordinária. Por isso a execução da
sentença após o julgamento do recurso de apelação significa, também, restrição do direito de defesa, caracterizando
desequilíbrio entre a pretensão estatal de aplicar a pena e o direito, do acusado, de elidir essa pretensão”.
www.cers.com.br 8
No novo julgamento, considerou-se que a prisão após a apreciação de recurso pela segunda instância não
desobedece a postulados constitucionais – nem mesmo ao da presunção de inocência – porque, a essa altura, o
agente teve plena oportunidade de se defender por meio do devido processo legal desde a primeira instância.
Uma vez julgada a apelação e estabelecida a condenação (situação que gera inclusive a suspensão dos direitos
políticos em virtude das disposições da LC nº 135/2010), exaure-se a possibilidade de discutir o fato e a prova,
razão pela qual a presunção se inverte. Não é possível, após o pronunciamento do órgão colegiado, que o princípio
da presunção de inocência seja utilizado como instrumento para obstar indefinidamente a execução penal.
Considerou-se, ainda, a respeito da possibilidade de que haja equívoco inclusive no julgamento de segunda
instância, que há as medidas cautelares e o habeas corpus, expedientes aptos a fazer cessar eventual
constrangimento ilegal.
O tema voltou à pauta do tribunal por meio das ADC 43 e 44, nas quais se pretendia a declaração de
constitucionalidade do art. 283 do CPP, segundo o qual “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão
preventiva”. Pretendia-se, com isso, evitar os efeitos da decisão tomada no habeas corpus já citado, ou seja, que a
prisão se tornasse possível após o julgamento de recursos em segunda instância.
O objetivo não foi todavia alcançado, pois o STF conferiu ao art. 283 do CPP interpretação conforme para afastar
aquela segundo a qual o dispositivo legal obstaria o início da execução da pena assim que esgotadas as instâncias
ordinárias.
1) Considerou-se que a presunção de inocência tem sentido dinâmico, modificando-se conforme se avança a
marcha processual.
2) Além disso, deve-se refletir a respeito do conceito de trânsito em julgado no processo penal, que o Código de
Processo Penal não estabelece.
3) Impedir a execução imediata exigindo que se esgotem também os recursos constitucionais impõe diversos efeitos
deletérios:
ATENÇÃO:
OBSERVAÇÃO:
É dispensável a convergência das duas instâncias, ou seja, ainda que tenha havido absolvição em primeira instância
o provimento da apelação interposta pelo Ministério Público autoriza a execução imediata da pena. Não há risco,
em qualquer dessas situações, porque o réu sempre tem a seu dispor o habeas corpus e as medidas cautelares.
www.cers.com.br 9
www.cers.com.br 10