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CONFORTO

AMBIENTAL

PROFESSORES
Esp. Alexandro Gasparini Larocca
Esp. Mayara Fernanda Pontes Peres
Esp. Renata Catânio
CONFORTO AMBIENTAL

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


LAROCCA, Alexandro Gasparini; CATÂNIO, Renata; PERES, Mayara
Fernanda Pontes.
Conforto Ambiental. Alexandro Gasparini Larocca, Renata Catânio,
Mayara Fernanda Pontes Peres.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2017.
p.194
“Graduação em Design - EaD”.
1. Design. 2. Conforto. 3. Ambiental EaD. I. Título.

CDD - 22ª Ed. 760


CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício


Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção
de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de
Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação
Pinelli, Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Siqueira Camargo,
Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração José Jhonny Coelho, Designer Educacional Isabela
Agulhon Ventura e Giovana Cardoso, Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda,
Revisão Textual Pedro Afonso Barth e Érica Fernanda Ortega, Ilustração Bruno Pardinho e Marta
Kakitani, Fotos Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Alexandro Gasparini Larocca


Possui Especialização em Arquitetura de Interiores - Projetos de Ambientes e
Qualidade de Vida (UNIFIL-2010). Especialização em Projeto Arquitetônico - Com-
posição e Tecnologia do Ambiente Construído (2015) e graduação em Arquitetura
e Urbanismo pela Universidade Filadélfia de Londrina (UNIFIL- 2007). Atualmente
é Docente no Instituto Paulista (UNIP) e na União de Universidades Integra-
das de Maringá (UNIFAMMA) proprietário do Escritório Zuhause Arquitetura e
membro da Câmara Técnica do CAU - Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural.
http://lattes.cnpq.br/6474551567967310

Mayara Fernanda Pontes Peres


Possui Especialização em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do
Ambiente Construído pela Universidade Estadual de Londrina (UEL, 2013) e
Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Marin-
gá (UEM, 2010), Atualmente é professora do Centro Universitário de Maringá
(UNICESUMAR) e atua como arquiteta em escritório próprio. Tem experiência
na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Projeto Arquitetônico e
Conforto Ambiental.
http://lattes.cnpq.br/7425343070365520

Renata Catânio
Especialista em Iluminação e Design de Interiores pelo Instituto de Pós Gradua-
ção e Graduação em Londrina (IPOG, 2012) e graduada em Design de Interiores
pela Unicesumar (2009). Atualmente fornece palestra e cursos sobre Ilumina-
ção Inovação e Tecnologia. Trabalha como Lighting Designer criando projetos
luminotécnicos de acordo com a necessidade de cada cliente.
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4492354E1
apresentação

Conforto Ambiental
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao curso a dis- dável para todos os climas. Além de verificar como as
tância de Design de Interiores da Unicesumar! É com ondas de calor reagem, as escolhas de alguns materiais,
grande felicitação que iremos demonstrar a você mais aplicação da ventilação natural e o trajeto do sol farão
um material facilitador para essa jornada. Este livro é que seu projeto fique mais confiante para posicionar
uma peça fundamental que o curso fornece para sua seu layout de forma que favoreça no conforto térmico.
evolução como aluno de Design de Interiores para um Na Unidade III, definimos o conforto acústico esclare-
grande profissional da área. Seja determinado pela cendo suas propriedades e sua expansão. Você saberá
busca em conhecimento, que nós iremos colaborar o conceito de ruídos e como solucionar situações nas
abrindo os caminhos para sua aprendizagem. quais o indivíduo deseja isolar esse som. Saber usar
Este livro apresenta cinco unidades didáticas que materiais corretos para cada tipo de situação de ruídos,
exemplificam bem o uso do conforto ambiental e ilu- seus impactos e suas vibrações, trará escolhas coerentes
minação, temas hoje essenciais para obter bons pro- e funcionais para seu projeto.
jetos de interiores. Será de fundamental importância A Unidade IV, por sua vez, complementa todos os con-
para você, aluno que deseja projetar com responsabili- ceitos anteriores, mas destacando o estudo da luz e suas
dade e eficiência, saber das normas e regulamentações definições. Iremos entender como nossos olhos reagem
que cercam esses conteúdos. em contato com essa luz e a importância da cor com a
A Unidade I veio para expandir seus conhecimentos luz. Logo após trataremos a fundo sobre iluminação
sobre todos os tipos de conforto ambiental existentes artificial, estudo essencial para fazer futuros cálculos
ao nosso redor desde seus conceitos até suas utilizações; luminotécnicos. Na sequência, iremos observar os
expandir nossa visão de como vivemos em meio a muito tipos de iluminação artificial fornecidas no mercado
desconforto sem imaginar que nos afeta corpo e mente e como aplicá-las no seu projeto de iluminação.
interferindo na nossa saúde e bem-estar. A base do estudo Finalizamos com chave de ouro nossa Unidade V, aplican-
de conforto ambiental é o nosso habitat e os aconteci- do na prática o estudo da iluminação em seus projetos,
mentos variáveis desse ambiente como temperatura do ar, aprendendo cálculos luminotécnicos e executando-os em
ruídos, radiação solar e iluminação natural. Sua função trabalhos residenciais e comerciais. Iremos apresentar
será compreender esses acontecimentos e trazer soluções profissionais renomados na área e seus projetos para que
viáveis para colaborar nas atividades humanas de cada você se inspire e se fortaleça para essa jornada.
indivíduo com base nas soluções apresentadas no livro. O nosso objetivo neste livro foi apresentar de forma
Após os conceitos essenciais de conforto, a Unidade II eficiente e prática conteúdos vistos como complexos no
terá um estudo mais específico do conforto térmico, o Design. Verá que ao ler você alcançará entendimento,
qual explica as exigências humanas de como se sentir aplicando toda essa aprendizagem em seus projetos e
confortável termicamente em variados ambientes, e buscando incentivo para mais conhecimento e sempre
as soluções para que esse corpo sinta esse conforto se aprimorando. Pois um designer em atividade não
em qualquer atividade do dia a dia. Poderá também para em momento algum de buscar melhorias que
fazer análises climáticas que irão facilitar no estudo de favoreçam seus clientes e o meio em que vivem.
estratégias para um projeto de interiores que ficará agra- Saudações iluminadas! Prof.ª Renata Catânio.
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
O QUE É CONFORTO AFINAL, O QUE É A LUZ?
AMBIENTAL?
124 A Luz, o Olho Humano e a Cor
14 O Conforto Ambiental e a Eficiência
132 Princípios Básicos da Iluminação
Energética
Artificial
16 O Conforto Térmico
136 Tipos de Iluminação Artificial
18 O Conforto Acústico
140 Os Tipos de Luminárias
24 O Conforto Visual
144 Sistemas de Iluminação
30 Luz Natural e Controles de
Ofuscamento UNIDADE V
ILUMINAÇÃO APLICADA
UNIDADE II NO DESIGN DE INTERIORES
CONFORTO TÉRMICO
160 Iniciando um Projeto Luminotécnico
46 Exigências Humanas
168 Cálculo Luminotécnico
50 Os Diferentes Climas e seus Princípios
172 Iluminação para Projetos Residenciais
56 Propriedades Térmicas dos Materiais
176 Iluminação para Projetos Comerciais e
de Construção
Escritórios
66 Ventilação Natural
180 Analisando alguns Projetos de
70 Geometria Solar Iluminação

UNIDADE III 193 Conclusão Geral


CONFORTO ACÚSTICO
88 O Som
92 O Ruído e o Ambiente Interno
98 Formas do Ambiente Interno
104 Materiais Acústicos e o Tempo de
Reverberação
O QUE É CONFORTO
AMBIENTAL?

Professor
Esp. Me. Marcelo
Alexandro Cristian
Gasparini Vieira
Larocca / Esp. Mayara Fernanda Pontes Peres
Esp. RenataEsp.
Professora Catânio
Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O Conforto Ambiental e a Eficiência Energética
• O Conforto Térmico
• O Conforto Acústico
• O Conforto Visual
• Luz Natural e Controles de Ofuscamento

Objetivos de Aprendizagem
• Entender o conceito de Conforto Ambiental.
• Relacionar o Conforto Ambiental com a Eficiência Energética.
• Entender os conceitos de Conforto Térmico, Acústico e Visual.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a), já ouviu falar de conforto ambiental? Esse assun-


to é muito interessante e faz parte do nosso dia a dia mais do que você
pode imaginar. Pense em como você se sente bem em um determinado
ambiente, o que ele deve ter? A temperatura deve ser agradável, assim
como a iluminação, e não podemos deixar de lado a acústica desse espa-
ço. Então, conseguiu pensar em um local como esse? Essa preocupação
deve existir sempre que projetamos um ambiente. Essa responsabilidade
divide-se entre todos os profissionais da área, os designers de interiores,
os arquitetos e os engenheiros civis.
Portanto, dividiremos os nossos estudos nestas três frentes: conforto
térmico, acústico e visual. Cada uma delas exige um tipo de preocupação
e isso muitas vezes nos faz dar prioridade a um ou outro aspecto. Pode-
mos citar como exemplo um auditório, no qual a maior preocupação é
com a acústica do ambiente e, portanto, acabamos deixando de lado o
conforto térmico e visual naturais e trabalhamos com os artificiais.
Falando em estratégias naturais e artificiais, vamos sempre buscar o
conforto ambiental, gastando o mínimo de energia possível. Isso pode
ser feito utilizando elementos como o sol, o vento, a umidade e a tem-
peratura, pois são todos elementos naturais, com grande influência nos
nossos projetos e que devemos utilizar a nosso favor. Isso faz que nosso
edifício seja mais eficiente energeticamente, o que é uma constante pre-
ocupação no momento que estamos vivendo. Esse tema será abordado já
no primeiro tópico da Unidade I do livro.
Assim, convidamos vocês nesta unidade a conhecer as diferentes
frentes de conforto. No tópico 1, veremos sobre conforto ambiental, ao
passo que no tópico 2, trataremos do conforto térmico, no 3 sobre con-
forto acústico e nos tópicos 4 e 5 sobre conforto visual, para, nas próxi-
mas unidades do livro, aprofundarmos seus conhecimentos sobre cada
um dos temas.
CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto Ambiental e a
Eficiência Energética
Olá, aluno(a), neste tópico vamos entender o con- preocupação com a economia de energia nos nossos
forto ambiental e a importância da eficiência ener- dias. Temos visto campanhas de conscientização e,
gética nesta área de atuação. Projetar um ambiente por isso, devemos colaborar com o nosso usuário e
confortável gastando bastante energia é fácil, nosso permitir que ele possa sentir-se confortável, fazendo
desafio é proporcionar esse conforto para o nosso economia. O designer deve, em todas as etapas do
usuário gastando o mínimo de energia possível. Por- seu projeto, preocupar-se com os conceitos que ve-
tanto, eficiência energética é obter um determinado remos no decorrer deste livro.
serviço, gastando poucos recursos. O homem busca o conforto ambiental desde os
A eficiência energética é uma forma de compa- primórdios da história. Podemos lembrar que na
rar duas edificações, sendo que, será mais eficiente pré-história, ele já procurava um local para se prote-
aquela que proporcionar o mesmo nível de confor- ger das intempéries, aquecia-se com o fogo, buscan-
to, com um menor gasto de energia. Há uma grande do sentir-se confortável em cada variação do clima.

14
DESIGN

Com o passar do tempo, essas estratégias foram evo-


luindo; essa arquitetura, tão primordial, tão pura, é
o que chamamos de arquitetura vernacular e temos
muito a aprender com ela.
A arquitetura vernacular é aquela em que o homem
adaptava-se ao seu ambiente, e ela traz um primeiro
ponto que é tirar vantagem do clima, aproveitar aquilo
que é agradável, desejável e evitar o que é indesejável.
Devemos seguir essa ideia em nossos projetos. Na
antiga Roma, já existiam sistemas de aquecimento de
água e também dos ambientes, porém esses sistemas
utilizavam o fogo e, consequentemente, a madeira.
Com o passar do tempo, isso tornou-se insustentável,
então precisaram ir em busca de novas alternativas. Figura 1- Exemplo de Arquitetura Vernacular, Iglu

E isso aconteceu também nos nossos tempos:


com a revolução industrial, surgiram novos mate- No Brasil, temos a etiquetagem da PROCEL, que
riais, como o aço e o vidro. A partir desse momento, classifica desde eletrodomésticos até as edificações.
começou um período que chamamos de arquitetura Internacionalmente, a etiqueta mais importante é o
internacional: todos os edifícios, em diferentes lo- LEED. Dependendo da quantidade de requisitos que
cais do mundo, passaram a ter as mesmas caracterís- a edificação atinge, ela recebe diferentes classifica-
ticas, sem preocupação com o clima, utilizando sis- ções em cada tipo de etiquetagem. Esta ideia é muito
temas artificiais de ventilação, pois essas edificações importante para incentivar o uso de novas tecnolo-
envidraçadas, tornavam-se grandes estufas. gias, novas descobertas com menor gasto de energia.
Essa arquitetura não sustentou-se por muito tem- Além destas etiquetagens, desde 2013, temos em
po. Tivemos a crise do petróleo e ainda uma grande vigor no Brasil a Norma de Desempenho para Edifi-
preocupação com os recursos naturais, como a água, cações Habitacionais, que é a NBR 15575. Essa norma
que, no caso do Brasil, é a principal geradora de ener- traz vários parâmetros que as edificações devem atin-
gia. A partir desses problemas, a preocupação com gir, com relação ao conforto térmico, acústico, lumí-
a arquitetura sustentável voltou à tona e vem sendo nico e até mesmo de saúde, higiene e qualidade do ar.
cada vez mais explorada. Portanto, você sempre deve aliar o seu projeto
Hoje temos as etiquetagens das edificações, que às estratégias de conforto ambiental, que gastem o
são formas de incentivar a utilização de estratégias mínimo de energia possível e satisfaça o seu usuário.
naturais de conforto ambiental. Essas etiquetagens Durante todo o livro, você estará estudando formas
são classificações para edificações que atingem al- de proporcionar conforto térmico, acústico e lumí-
guns requisitos de sustentabilidade. Na maioria dos nico, entendendo esses elementos e o que influencia
casos, essa etiquetagem é utilizada como uma forma em cada um deles, e eles não podem ser esquecidos
de marketing pelas empresas. em nenhum momento da sua vida profissional.

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CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto
Térmico
Como você pôde observar, conforto ambiental é um arquiteturas, vestimentas e soluções térmicas.
tema bem amplo. Neste tópico, vamos nos concen- O posicionamento do sol tem uma influência
trar apenas em um dos ramos. E então, pronto para enorme, não só na questão do aquecimento, mas
iniciar o assunto conforto térmico? consequentemente na luz natural. Para entender
Quando pensamos em conforto térmico, pode- melhor essa questão, vamos aprender a utilizar a
mos nos imaginar em alguns lugares que nos garan- carta solar, ela é uma planificação de como acontece
tem essa sensação, pode ser um local bem ventilado a movimentação deste elemento em relação à Terra.
no verão ou uma lareira para aquecer no inverno. Apesar de sabermos que é a Terra que gira em tor-
O conforto térmico é o resultado de uma com- no do sol e não o contrário, neste conteúdo veremos
binação de variáveis, sendo estas o sol, a umidade, o que vamos simular o contrário.
vento e a temperatura. Então, cada região do mundo Em cada região do mundo, o sol ficará posicio-
tem o seu clima característico, por isso as diferentes nado em locais diferentes em relação ao observador.

16
DESIGN

O que influencia totalmente no clima dessa região. O conforto das pessoas passou a ter uma importân-
E cada pessoa também reage de forma diferente aos cia ainda maior com a criação das leis trabalhistas,
estímulos do clima, alguns sentem mais calor, outros pois, a partir delas, o trabalhador passou a ter direito
mais frio, estando no mesmo ambiente. a um local de trabalho salubre, em que pudesse de-
Os materiais que utilizamos nas edificações tam- senvolver a sua atividade.
bém são muito importantes no aquecimento dos A utilização do ar-condicionado tornou-se uma
ambientes. Sempre que você projetar, fará escolhas das opções, porém gerou alguns problemas, sendo
de materiais, influenciando diretamente no conforto um deles a falta de limpeza dos filtros desses equipa-
da edificação. mentos, além da questão da umidade do ar, que fica
A vegetação é um elemento importantíssimo extremamente baixa, e também a diferença de tem-
no conforto térmico de um local. Como sabemos, peraturas internas e externas. O mesmo ocorre com
o homem vem destruindo a natureza e, como con- o processo de aquecimento por meio da calefação,
sequência disso, temos o aumento da temperatura, soluciona o problema da temperatura, mas diminui
estações sem características marcantes e isso difi- muito a umidade do ar.
culta ainda mais o trabalho de manter um ambiente Por isso, devemos nos ater às soluções naturais,
em conforto térmico. Nas cidades, vemos ruas cada mesmo que, em momentos extremos, essas soluções
vez menos arborizadas, sendo que as árvores conse- citadas acima precisam ser utilizadas. Segundo Lam-
guem amenizar em grande parte a temperatura, por berts, Dutra e Pereira (1997), a importância do con-
isso são tão importantes. forto térmico é baseada em três fatores, sendo eles: a
Um outro problema que enfrentamos é a des- satisfação do homem, ou seja, o seu bem-estar, a per-
truição da camada de ozônio. Ela tem como função formance humana, que pode ser afetada se está mui-
filtrar os raios solares e, com a diminuição dessa to calor ou muito frio, e a conservação de energia.
camada, recebemos cada vez mais radiação, in- Você vai buscar entender na próxima unidade
fluenciando diretamente na temperatura de todo o todas as variáveis de conforto, assim como o com-
planeta. portamento do ser humano e será capaz de entender
As consequências da ação do homem geram as estratégias naturais e como deve aplicá-las.
cada vez mais problemas para ele mesmo; catástro-
fes acontecem por conta deste comportamento. Por
isso, temos a função de aprender como gastar a me- REFLITA
nor quantidade de energia, aproveitando as carac-
terísticas naturais de um determinado local. Sabia Conforto térmico é o estado mental que ex-
que, por exemplo, o vento vêm com maior predo- pressa satisfação do homem com o ambiente
minância de uma determinada direção? E que para térmico que o circunda.

ele circular dentro das edificações é necessário que (ASHRAE - American Society of Heating, Refrigeration
ele tenha não só por onde entrar, mas também por and Air Conditioning Engineers).

onde sair?

17
CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto
Acústico
O que você pensa quando lê a palavra acústica? Logo sempre priorizando a função daquele projeto. Então,
vem na sua mente um teatro ou auditório, não é já podemos perceber que o nosso objeto de estudo
mesmo? Pois saiba que a preocupação acústica deve nesta frente será o som.
acontecer em qualquer ambiente que você projetar. Para dar qualidade acústica a um espaço, deve-
Ela é um subsídio do projeto e deve ser considerada mos perceber qual será a interferência acústica que o
desde o levantamento de dados. projeto fará no entorno e também o contrário. É ne-
Isso acontece porque, em qualquer local, deve- cessário, ainda, compreender o fenômeno do som, o
mos evitar a entrada de ruídos externos na edificação que veremos mais à frente, na Unidade III, que tra-
e isso é uma preocupação com o conforto acústico. tará especificamente de conforto acústico.
O projeto acústico deve ser funcional, cada elemen- Um dos nossos grandes desafios neste projeto
to deve ser bem pensado e trabalhar para uma boa será a grande quantidade de ruídos externos que
difusão do som, deve ter uma função para existir, existem hoje, os ruídos urbanos. Então, você deve

18
DESIGN

sempre fazer uma observação sonora antes de ini- REFLITA


ciar o projeto; deve-se pensar em soluções, sem dei-
xar que isso bloqueie a sua criatividade.
A criatividade é, em qualquer área, um dos
Vamos voltar um pouco na história para que
elementos fundamentais para a resolução
você comece a ter um contato com termos da acústi- de um problema. No caso da acústica, não
ca. Na Antiguidade, os gregos e romanos já constru- é diferente; utilizar a criatividade e os ma-
teriais adequados para resolver a questão
íam grandes teatros. Não se sabe ao certo se havia a
do ruído de um ambiente é de importância
intenção acústica, porém havia um objetivo visual, o fundamental.
que resultou em soluções utilizadas até hoje.
Os teatros dos gregos tinham um formato semi-
circular, a função deste espaço para eles era de um
cenário religioso, então ali desenvolviam-se peças e Nos teatros romanos, porém, a topografia não era
cultos. A plateia era escalonada, aproveitando a to- aproveitada, por isso uma grande estrutura precisa-
pografia do terreno, e distribuída em semicírculo, o va ser construída, contudo a configuração em semi-
que promove uma aproximação das pessoas ao pal- círculo era a mesma. O palco ficava mais próximo
co, para uma boa visão e, consequentemente, uma da plateia e, pela construção que era erguida, ha-
boa audição, como podemos observar na imagem a viam superfícies mais fechadas lateralmente e mais
seguir (Figura 2). altas, o que trouxe um reforço sonoro para os palcos.

Figura 2 - Teatro Grego

19
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 3 - Teatro Romano

Essa estrutura funcionava como uma concha acústi- As igrejas desse período possuem cúpulas, que são
ca, como podemos observar na imagem a seguir (Fi- superfícies côncavas. Este tipo de superfície para o
gura 3), sendo aquela que era utilizada geralmente projeto acústico pode causar uma grande focaliza-
em palcos ao ar livre, que serve para fazer a reflexão ção do som, o que se torna um defeito acústico que
do som para o público. Além disso, para esse povo, o vamos estudar mais à frente (Figura 4).
teatro tinha a função de divertimento.
Após a antiguidade, vem a Idade Média e pas-
sam muitos anos sem se desenvolver um teatro, por
conta do cristianismo. O que podemos estudar nes-
te momento são as igrejas. Você já entrou em uma
grande igreja que estava vazia? Percebeu o grande
reforço sonoro que acontece na voz? As igrejas ge-
ralmente possuem um grande volume e superfícies
muito reflexivas, o que leva a um aumento da inten-
sidade do som neste ambiente. Geralmente, as igre-
jas eram construídas em pedra e alvenaria, materiais
muito reflexivos, que causam um grande reforço
sonoro, sendo estas edificações importantes para o
desenvolvimento da música. Figura 4 - Cúpula da Basílica de São Pedro, Vaticano

20
DESIGN

Figura 6 - Teatro Olímpico, em Vicenza – Andrea Palladio, primeiro tea-


tro permanente com cenário fixo

E no período gótico, o arco ogival é desenvolvido, o que


deixa as igrejas ainda mais altas, provocando então, ou-
tro defeito acústico, que chamamos de eco (Figura 5).
Após esse período, vem o renascimento, um mo-
mento em que retoma-se a valorização da arte e da
literatura. Dessa forma, os teatros voltam a ser cons-
truídos, ainda com o mesmo formato dos da anti-
guidade, porém em espaços totalmente fechados. Os
espaços fechados fazem que o som tenha um com-
portamento diferente dos espaços abertos.
Nesses teatros, o som é refletido por todas as su-
perfícies internas, como teto, paredes, piso. Por isso,
há um grande reforço sonoro, ainda mais por serem
grandes espaços. A grande reflexão é compensada
pelo grande público, já que as pessoas absorvem o
som. Nesse momento, surge um novo desafio, que é
a ligação entre o palco e o proscênio; temos dois am-
bientes acusticamente diferentes, ligados por uma
abertura, chamada “boca de cena” (Figura 6). Figura 5 - Arco Ogival

21
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 7 - Ópera de Sydney

22
DESIGN

N
SAIBA MAIS
o barroco, temos o desenvolvimento
da ópera, e é preciso de um local para
O aumento do ruído, especialmente nos cen- alocar a orquestra. Como este é um pe-
tros urbanos, é sem dúvida um dos graves
ríodo em que desenvolveu-se uma ar-
problemas do nosso tempo, consequência do
desenvolvimento tecnológico e industrial e do quitetura muito decorada, os palcos são cheios de
crescimento sem controle e sem planejamen- adornos, os quais absorvem o som, mas o local da
to das cidades. Em locais onde há constante
orquestra é um local muito reflexivo. Aqui surge
aglomeração de pessoas e veículos nas vias
de circulação, percebe-se o descontentamen- um outro desafio, que é equilibrar a absorção des-
to geral dos transeuntes e dos usuários dos tes dois espaços.
imóveis próximos, com sucessivas reclama-
No séculos XIX, continuam os teatros fechados,
ções aos órgãos competentes e anseio por
uma solução definitiva. Os habitantes sentem agora trazendo a orquestra para um local destaca-
seu espaço comum e privativo invadido pelo do em relação ao palco. A audiência continua sendo
ruído de tráfego, que dificulta a comunicação
distribuída em leque, porém rodeada de nichos e pi-
oral, mascara os sons cotidianos e destrói a
identidade sonora dos ambientes. lares, que ajudam na difusão do som.
E finalmente no século XX, a acústica passa a ter
Fonte: adaptado de Scherer, Piageti e Vani (2008).
um embasamento científico. Wallace Sabine desen-
volve a fórmula do tempo de reverberação, relacio-
nando o volume do ambiente com os materiais de
revestimento internos. A partir daqui, a acústica se
desenvolve mais rápido, surgem os teatros de planta
retangular, o que, junto com a fórmula de Sabine,
resulta em teatros com qualidade acústica. Porém, as
paredes paralelas podem gerar um defeito acústico,
que veremos mais à frente na unidade de conforto
acústico.
No final do século XX, desenvolvem-se novas
formas, como a Ópera de Sydney (Figura 7), pois há
o surgimento de novos materiais. Começa também
aqui o desafio dos espaços de múltiplo uso.
Atualmente, além das questões internas da acús-
tica, ainda temos que nos preocupar com a grande
quantidade de ruídos urbanos existentes. Esses ru-
ídos podem prejudicar qualquer tipo de projeto e
isto é prejudicial ao homem. Então, o nosso desafio
é manter a qualidade ambiental, controlando estes
ruídos e fazendo uma boa propagação do som den-
tro dos espaços.

23
CONFORTO AMBIENTAL

O Conforto
Visual
Pense que está acordando de uma boa noite de sono seu uso. Saindo do seu trabalho já a noite, você está
e ao abrir os olhos a luz do dia e seus raios solares estressado, cansado, com fadiga sem saber ao certo
o atingem pela abertura da janela, vindo a sensação a causa, chega em sua casa e aciona algumas luzes
de desconforto e a necessidade de levantar. Indo de tonalidades mais amareladas, pega seu livro para
para o trabalho de carro, seus olhos recebem uma ler e liga uma fonte de iluminação direcionada a ele
incidência de luz solar que os afetam causando uma e o seu corpo já vai sentindo um alívio da tensão
saturação lhe fazendo colocar óculos escuros ou e logo vem a sensação de tranquilidade e relaxa-
utilizar o para sol do carro para continuar a dirigir mento sem entender muito bem essa alteração de
com segurança. Chegando ao trabalho, se depara humor e como suas reações mudam drasticamen-
com grande exposição de luz na cor branca que lhe te. Isso se dá pela falta de conforto visual no meio
faz sentir vontade de trabalhar e ficar ativo, mas ao onde se vive.
utilizar a tela do seu computador, o reflexo dessas Para que possamos melhorar nossa rotina transfor-
luzes brancas afetam a tela causando incômodo em mando de transtornos para sensações mais agradá-

24
DESIGN

veis, a dica é simples, aplicar o conforto visual em A cidade de Nova Iorque nos anos 40 era uma mega-
nosso cotidiano utilizando de estudos que projetam lópole tomada por prédios, tornando-se mais escura
a luz ao nosso favor evitando também ofuscamentos. pela quantidade de arranha-céus construídos. Nessa
A luz altera sentimentos, sensações de frio ou calor, época, ocorria o uso maior de luz artificial sem se
saúde do corpo e mente, trazendo qualidade de vida. preocupar com o abuso dessa energia e a falta de luz
Um bom sistema de iluminação é a escolha de lu- natural, logo o planeta respondeu de forma negativa
minárias e lâmpadas corretas para iluminação artificial, a esse excesso, criando, assim, a eficiência energéti-
utilizar ao máximo da iluminação natural, e unindo ca que mudaria totalmente esse conceito perante a
toda essa luz com uso de complementos como as cores e iluminação.
revestimentos que se alcançará um bom conforto visual.
Lembrando também que nesse tópico irá unir
o conforto visual e a eficiência energética para con-
quistar projetos que favoreçam economia de energia.
Contudo não foi sempre assim a preocupação
de unir conforto visual com eficiência energética.
Primeiramente o homem buscava meios de sobre-
vivência; logo veio a tecnologia e o homem criava
luz artificial, desvalorizando a nossa luz natural e,
com as imagens a seguir, podemos ver a evolução do
homem desde sua origem até os dias atuais na busca
de um bom conforto e eficiência energética.

Figura 8 - A moradia e a vida do homem na pré-história era determina- Figura 9 - Nova Iorque nos anos 40 tomada por prédios sem se
da pela luz natural, o dia e a noite, decisões de direções e tempo preocupar com meio ambiente

25
CONFORTO AMBIENTAL

a criação de ambientes iluminados que sejam con-


fortáveis, pareçam naturais e sejam física e men-
talmente bom para nós. Também temos os meios
necessários para criar deliberada ou acidental-
mente ambientes desconfortáveis e insalubres se
insistirmos em trabalhar contra os padrões da luz
natural. Nesse sentido, o projetista tem o enorme
poder de influenciar não somente a percepção
visual, mas também a experiência emocional e fí-
sica do ambiente construído. Para que possamos
fazer isso intencionalmente, precisamos entender
os padrões e as propriedades da luz natural.

O conjunto da iluminação natural com artificial,


sendo bem projetado, atinge economia de energia
aproveitando de dia a luz diurna e seus raios solares,
e a luz artificial utilizando controles de iluminação
no período noturno (lâmpadas com pouca watta-
gem, circuitos, dimmer, automação), ocasionando
qualidade de vida nos espaços de cada indivíduo. O
consumo energético está ligado totalmente à preo-
Figura 10 - Nos dias atuais, arquitetura City Hall em Londres, de Nor-
man Foster, visando a sustentabilidade cupação de uma futura escassez de energia em todo
mundo. Segundo Vianna e Gonçalves (2001), há
uma busca dentro da arquitetura nos dias atuais em
No edifício City Hall em Londres, do renomado reduzir a poluição sonora, visual e acústica, retiran-
arquiteto Norman Foster, ocorreram vários estu- do menos da natureza e procurando novas tecnolo-
dos de sua localidade, seu aspecto formal e fun- gias limpas e sustentáveis para beneficiar a todos nos
cional, tornando uma obra preocupada com a dias de hoje e futuramente.
diversidade do clima e ruídos, garantindo bom
desempenho na edificação e tornando uma arqui- COMO ATINGIR UM BOM
tetura sustentável. CONSUMO ENERGÉTICO DENTRO
Quando se trata de atingir um bom conforto DO DESIGN DE INTERIORES?
visual, é preciso analisar principalmente o uso ade- Primeiramente devemos entender que o designer de
quado das cores, texturas e contrastes, assim como interiores que irá projetar a iluminação de um deter-
calcular a quantidade de iluminação necessária para minado local tem que estar desde o início das etapas
que determinada atividade do dia a dia possa ser de projetos. Ele terá vantagens em relação àquele que
cumprida com um bom desempenho. Interessan- assumiu depois da construção ou reforma pronta, já
te também se preocupar com a iluminação natural que caminhará com o engenheiro ou arquiteto traba-
aplicada em cada ambiente, de acordo com Innes lhando com a luz definindo o ambiente no todo, ana-
(2012, p. 37), compreender isso pode nos permitir lisando materiais, cores, objetos e toda composição

26
DESIGN

existe a luz razão e a luz emoção. Mesmo


da obra. A luz hoje é um fator predominante em uma quando utilizamos a luz razão é indispen-
arquitetura, pois consegue deixar os ambientes acon- sável uma boa quantidade de emoção para
chegantes, confortáveis, valoriza elementos, como co- que o todo funcione adequadamente, pois
lunas antes nem imaginadas em revelar interagindo não estamos fazendo a iluminação para que
a obra se baste,ou seja, para as paredes, o
com o ambiente, destaca detalhes e incentiva o mora- concreto, as portas. Nós estamos iluminando
dor a viver melhor e mais tempo nesse local. para o bem-estar das pessoas e, ao envolver-
Hoje temos algumas normas que nos possibi- mos o ser humano, lidamos com a emoção,
litam compreender melhor como montar um pro- e em maior ou menor grau, esse sentimento
estará presente.
jeto de iluminação e seguir dentro da lei. Uma de-
las, e talvez a mais importante, é a ABNT - NBR
15575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempe- E para obtermos um bom conforto visual unido ao
nho. Essa norma é dividida em seis partes e em qua- bom consumo energético, devemos iniciar o projeto
tro delas trata-se de conforto ambiental, nas quais analisando alguns fatores como:
se inclui a do desempenho lumínico. Para níveis de • Realizar um levantamento físico do local, cor
Iluminância do Design de Interiores, ABNT - NBR de piso, parede e teto, pois dependendo das
8995-1; nela se orienta qual nível de iluminação pre- cores e materiais que serão escolhidos, se fo-
rem mais escuros, menos reflexo terão, por-
cisa para cada tipo de ambiente. Todas essas normas
tanto, mais potência e aplicação de luz; sen-
você encontra no site da ABNT. do cores mais claras, mais reflexão, exigindo
Vimos que é interessante participar desde o início menos luz.
do projeto e entender de algumas normas para desen- • Analisar quem irá morar no local, já que a
volver o luminotécnico, buscando obter um bom con- idade e estilo de vida também irão inter-
forto visual. Uma vez sabendo calcular a iluminação ferir na maneira de projetar. Um exemplo
geral de um ambiente, estamos caminhando para dar seria um projeto para um casal de idosos,
início a vários outros projetos que nos esperam. Porém no qual se exigirá mais iluminação e com
variação de tonalidades trabalhando com
existem situações e locais que não precisam de cálculo
circuitos diferenciados de acordo com a ne-
nenhum para ser projetado, mas sim de um conjun- cessidade que esse idoso terá dentro de sua
to de informações que seu cliente lhe expressou, suas residência. Outra para uma casal jovem,
vontades e sentimentos, e utilizar a luz para revelar podendo elaborar projetos de iluminação
sentimentos naquele cenário; assim, o trabalho do De- mais cênicas, preocupando menos com a
signer será utilizar de suas experiências e inspirações claridade e mais com efeitos que a luz nos
fornece.
para montar esse tão particular e sensitivo projeto.
• Definir luminárias e seus complementos, a
Quando falamos de conforto visual e uma boa
preferência nos dias atuais é fazer uso de pe-
iluminação de um ambiente, nós temos sim que nos
ças e lâmpadas que utilizam o Led, um siste-
preocupar com cálculos e projetos concretos que ma com grande economia e durabilidade.
nos permitiram ter respostas exatas, mas acima de • Calcular a quantidade de luminárias para
tudo a luz causa sentimento e emoção, conforme Sil- cada ambiente e situação, lembrando que esse
va (2009, p. 83): cálculo varia conforme o uso do local.

27
CONFORTO AMBIENTAL

• Utilizar circuitos diferentes para cada tipo


vemos nos preocupar com o tipo de cliente que irá
de luminária ou lâmpada, exemplo; uma
sala com variados spots de embutir, pen- receber essa luz, qual sua rotina, que local da resi-
dente e plafons, aplicar um circuito para dência prefere e, com isso, transmitir sensações boas
cada tipo, criando até cenas de luz para cada com a iluminação.
ocasião. A iluminação é distinta para os ambientes: um
• Calcular o consumo energético, antes mesmo ambiente comercial necessita de iluminação que
de começar a execução do projeto, analisan- forneça destaques aos produtos de venda; em uma
do se tudo que será aplicado em iluminação
indústria, a iluminação geral tem que predominar
terá capacidade de consumo; procurar com
sendo mais clara, utilizando cores de luz brancas
projeto utilizar menos gastos de energia e ver
a viabilidade da instalação com engenheiros para obter mais produção; uma urbanização analisa
elétricos e eletricistas. toda comunicação visual que se expõe em seu en-
torno, utilizando luzes de cor neutra e mais potentes
Pinheiro e Crivelaro (2013) enfatizam que uma ilu- para iluminar bem ruas e praças, já em residências,
minação inadequada pode causar desconforto e fa- como já expomos anteriormente, deve-se analisar as
diga visual, dor de cabeça, ofuscamento, redução da necessidades de cada morador e seu estilo de vida
eficiência visual ou mesmo acidentes. Por isso de- para um bom projeto.

os projetistas precisam estar cientes de todas as


OFUSCAMENTO E SOLUÇÕES fontes potenciais de ofuscamento e reflexão. Os
O ofuscamento é um tipo de iluminação aplicada problemas acarretados pelo ofuscamento são
que, em seu processo de adaptação, pode causar complexos e não podem ser evitados quando se
perda de visibilidade, perturbação e desconforto. projeta apenas com plantas baixas; o controle
do ofuscamento exige que o projetista pense
Quando uma luz incômoda em determinado lo- constantemente em três dimensões e visualize
cal, impedindo de enxergar algo, ou reflete além a cena que o usuário experimentará.
do que deveria, isso é chamado de contraste ou
saturação. Há também aquela luz que está mal po- O ofuscamento de luz tanto natural quanto artificial
sicionada no ambiente, dando visibilidade ao lo- é um fator predominante a se preocupar e solucio-
cal ou objeto, mas fazendo que o indivíduo esforce nar a questão. Para reduzirmos o ofuscamento, de-
muito a visão ou se incomode tentando se movi- vemos analisar:
mentar para ajustar a luz causando perturbação e • Evitar luminárias que o foco se direciona no
nervosismo. observador, isso serve muito para luminárias
Como Innes (2012, p. 98) descreve, não existe de jardim, aplicando-se peças no chão e dire-
uma solução simples e com garantia de solução do cionando para cima, nas quais a pessoa obser-
problema: va a luz e logo ocasiona um clarão e os olhos

28
DESIGN

já se irritam com a quantidade de luz atingida;


para isso, utilize direcionar as luminárias para
as plantas e paredes, colocar peças com vidros
e proteção para reduzir o ofuscamento e ga-
rantir durabilidade das peças aplicadas.

Prefira por luminárias que tenham alternativas de


controle de luz, existem alguns métodos como, ale-
tas parabólicas (desvia luz em ângulo de 45º), redu-
zindo boa parte do ofuscamento e cuja utilização co-
labora em vários tipos de ambientes, principalmente
em escritórios que têm telas de computadores que
causam grande ofuscamento.
• Utilizar luminárias que tenham difusores
como vidros jateados e acrílicos, assim a luz
não fica direta aos olhos, evitando assim in-
cômodos para as pessoas, além de serem pe-
ças com boa estética que permite um ambien-
te mais bonito e agradável.
• Luminárias que fazem efeito rebatedor, utili-
zando lâmpadas que ficam escondidas e reba-
tem para cima refletindo ao teto e iluminando Figura 11 - Escritório com boa iluminação de trabalho e controle de
para baixo, iluminando, assim, todo o ambien- ofuscamento pela luz natural quando necessário
te. Existem outros meios como sistema “wall
washer”, luminárias que fazem um banho de
luz em uma parede dando um destaque para
onde se atingiu a luz e sancas de gesso com luz
indireta, onde a lâmpada se encontra dentro
do gesso e rebate para o ambiente iluminando
de uma forma homogênea e aconchegante.
• Na iluminação de destaque em paredes ou
quadros, optar por luminárias que direcio-
nem a luz, valorizando assim o que deseja
destacar sem ofuscar e trazer incômodos às
pessoas que estão no ambiente.

Vale lembrar que esses tipos de luminárias causam


um efeito maravilhoso nos ambientes, mas em ques-
tão de iluminação pode ser pouca dependendo da
situação, portanto deve-se sempre analisar o am- Figura 12 - Sala de estar com sanca de gesso e luz indireta e spots de em-
biente para aplicar as peças. butir direcionável deixando o ambiente agradável sem ofuscamento de luz

29
CONFORTO AMBIENTAL

Luz Natural e Controles de


Ofuscamento
Como já vimos, a luz, sendo ela natural ou artificial, dos arquitetos como Lelé, Norman Foster, Santiago
bem projetada é de suma importância para trazer Calatrava projetaram essa interação da luz natural e
sensações, evitar fadigas e ajudar na nossa visão. A arquitetura em suas obras.
utilização da luz natural na arquitetura é um grande A melhor utilização de eficiência energética na
auxiliador em nossas vidas, pois nos permite ter pri- arquitetura é aquela na qual a luz artificial se usa so-
vilégios de visualizar no nosso dia a dia as transfor- mente na parte noturna e de dia a luz natural entra e
mações da luz do sol, que do seu nascer ao restante faz sua parte, trazendo iluminação para todos os am-
do dia nos faz sentir estimulados para trabalhar, es- bientes, pensando em seu controle para não esquen-
tudar e fazer nossa tarefas de rotina e, quando o sol tar e ofuscar; sistemas elétricos como o ar condicio-
vai se pondo com sua cor avermelhada, vai trazendo nado, por exemplo, mais eficientes utilizando menos
nostalgias e vontades de descansar e diminuir nosso energia; água e aquecedores com sistemas solares de
ritmo. Com base nessas sensações que a luz nos traz aquecimento; aparelhos elétricos mais eficientes e o
e a necessidade que temos por ela, alguns renoma- uso de materiais mais sustentáveis para projetar.

30
DESIGN

SAIBA MAIS
É importante também calcular qual método de
iluminação zenital e ventilação natural irá se encai-
O prédio considerado o mais sustentável do xar melhor no seu projeto. Saiba então quais são os
mundo, o The Edge, é um prédio de escritórios tipos de iluminação zenital:
de 40 mil metros quadrados que se localiza
em Amsterdã na Holanda, inclusive já virou • SHEDS: sua inclinação forma um tipo de
atração turística. dentes serrilhados que tem mais função se
Fonte: Caetano (2016, on-line)¹.
aplicado na direção sul.
• LANTERNIM: tipo de iluminação com aber-
tura na parte superior do teto que facilita a
ventilação dos ambientes e a melhor indica-
ção é direcioná-la sentido norte-sul.
Temos como exemplo o Hospital Sarah Kubitschek,
• CLARABOIA OU DOMUS: sua posição é
do Rio de Janeiro, projetado pelo arquiteto João Fil-
mais na horizontal, trazendo boa iluminação
gueiras de Lima, o Lelé, com mais de 52 mil m² de
por proporcionar variados tipos de aplicação
área construída, o qual tem iluminação e ventilação e formatos.
naturais, jardins, espelho d’água, local para banho de • ÁTRIO: iluminação natural direcionada na
sol para os pacientes, trazendo mais conforto para parte central da arquitetura com grande va-
trabalhos mais humanizados. riedade de formatos.
Com todas essas necessidades sustentáveis, a ilu-
minação natural está assumindo sua devida impor-
tância na arquitetura, principalmente em locais de
grandes tráfegos como hospitais, escolas, indústrias e
escritórios. Tanto pela sua forma estética, quanto pela
economia, essa luz colabora para que o usuário tenha
conforto visual e térmico.
Para que o projeto arquitetônico e de iluminação
natural caminhe corretamente, o ponto inicial é o posi-
cionamento do sol e suas transformações perante o local
projetado: isso faz que comece a arquitetar os tamanhos
e posicionamentos de aberturas e janelas, coloração de
vidros que determina a passagem dos raios solares.
Nessa nova maneira de projetar, primeiramente
deve-se analisar a luz natural para depois vir a arti-
ficial. A fachada e coberturas se incorporam com a
iluminação sempre se preocupando com a quantida-
de de insolação que irá se adentrar nos ambientes de
forma que consiga ter controle dessa claridade e calor Figura 13 - Exemplo da utilização de Shed Hospital Sarah Kubitschek
nos ambientes. em Salvador Arquiteto Lelé. Fonte: Rede Sarah (2016, online)².

31
CONFORTO AMBIENTAL

14 16

15

Figura 14 - Exemplo de Lanternim com grande ponto de luz natural tanto central quanto nas laterais. Figura 15 - Sala de estar com uma claraboia
central. Figura 16 - Iluminação central em um shopping trazendo ótima iluminação natural para o local de alto tráfego

Existem outros métodos para controlar o ofusca- com nosso clima e que apresenta diversas vantagens
mento da Luz Natural, como cortinas e variados para nossa vida e do nossas futuras gerações.
tipos de persianas para aplicar nas janelas, vidros e Nas unidades 4 e 5, apresentaremos a tabela de
seus acabamentos com controle de luz, assim pos- níveis de iluminância para Interiores e o cálculo lu-
sibilitando bastante a iluminação natural em qual- minotécnico para determinado tipo de ambiente e
quer ambiente sabendo aplicar os controles de luz utilização, assim facilitará para seu futuro projeto.
corretamente.
É de nossa total responsabilidade como Desig- REFLITA
ners de Interiores criar uma nova maneira de pen-
sar em consumo em que a luz natural seja encarada Acredito que a iluminação tem o poder de
como uma fonte de energia para ser fartamente usada revelar a essência das coisas, ela transforma
e disponível para qualquer projeto, seja ele arquite- o imaterial em realidade com a alma.
tônico ou interiores; pensar que aplicar a luz natural (Mônica Luz Lobo).

é economicamente viável, termicamente compatível

32
considerações finais

J
á deu para perceber que o conforto ambiental é muito importante para
os ambientes que serão futuramente projetados por você. É um requisito
de projeto indispensável e que deve ser pensado desde o levantamento de
dados.
Nas próximas unidades, você vai se aprofundar em cada um dos ramos que
são conforto térmico, acústico e visual. Espero que já tenha começado a perceber,
nos ambientes em que você vive, a necessidade de ter estas preocupações. Somen-
te o conjunto de todos estes fatores proporcionarão ao seu usuário o bem-estar.
Então, comece a perceber como acontece o “movimento” do Sol em relação à
você, como observador. Repare como a ventilação cruzada traz benefícios a uma
edificação. Ou como a umidade do ar influencia na sua saúde. Fique atento em
como o sol aquece superfícies como os vidros, como os diferentes tipos de fecha-
mento podem deixar um ambiente mais quente ou mais frio.
Você também pode começar a observar como os ruídos influenciam no de-
senvolvimento de uma atividade, não é possível ter concentração dessa forma.
Se você for a um teatro ou auditório, verifique como se dá a distribuição das
cadeiras, quais são os materiais que foram utilizados, se você está ouvindo e en-
xergando bem do seu lugar.
E por último, mas não menos importante, observe a iluminação ao seu redor:
ela é suficiente? Está agradável para a atividade que você está desempenhando?
Ou está cansando a sua visão? Está entrando muita luz natural pelas aberturas ou
essa luz é tão pouca que é necessário acender as lâmpadas durante o dia?
Só a observação dos fatores que você está estudando neste livro te levará a
aplicar os conhecimentos que serão adquiridos, por isso não perca tempo, mude
seu olhar em relação a todos esses pontos que são tão importantes e traga essa
qualidade de vida para os usuários dos ambientes que você irá projetar.

33
LEITURA
COMPLEMENTAR

A Sustentabilidade ao longo do Ciclo de Vida de Edifícios:


a Importância da etapa de Projeto Arquitetônico
Sustentabilidade e Desempenho Ambiental de Edifícios

Pelos grandes desafios que têm ainda que ser enfrentados em nosso país em termos
de infra-estrutura, construção habitacional, etc., o desenvolvimento da construção civil
é imprescindível. Porém, diante do tema sustentabilidade, há que se adotar novos cri-
térios para a concepção e desenvolvimento dos projetos construtivos e também os de
reabilitação, os quais vêm ganhando espaço no Brasil, uma vez que os edifícios come-
çam a atingir seus limites de desempenho ao uso.
A Agenda 21 consolida a ideia de que o desenvolvimento e a conservação do meio
ambiente devem constituir um binômio indissolúvel, que promova a ruptura do padrão
tradicional de crescimento econômico, tornando compatíveis duas grandes aspirações
da atualidade: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os países que permane-
cem em patamares insatisfatórios de renda e de riqueza, e o direito ao usufruto da vida
em ambiente saudável pelas futuras gerações (Assembleia Geral das Nações Unidas,
1992).
Segundo o United States Green Building Council, um empreendimento com bom de-
sempenho ambiental é caracterizado por ter minimizados, e até mesmo eliminados,
os seus impactos negativos no meio ambiente e em seus usuários. O conselho avalia o
desempenho ambiental de edifícios sob cinco enfoques: planejamento sustentável da
área construída; economia de água e eficiência em sua utilização; eficiência energética
e emprego de energia renovável; conservação de materiais e fontes de recursos; e qua-
lidade do ambiente (United States Green Building Council, 2002).
Interessante também a abordagem da empresa de arquitetura Doerr Architecture. Se-
gundo ela, todo projeto de empreendimento requer mudanças nos sistemas naturais
preexistentes e o consumo de energia e insumos, e por conseguinte, um projeto to-
talmente “verde” não seria possível. Entretanto, todo projeto apresenta-se como uma
oportunidade, e até mesmo responsabilidade, para o aperfeiçoamento do desempenho
ambiental dos empreendimentos. Segundo Doerr (2002), o desafio da sustentabilidade
é complexo e inclui a forma com que são obtidos os recursos utilizados, como é atingi-
do o seu aproveitamento máximo e considerada a eliminação da ideia de desperdício.

34
LEITURA
COMPLEMENTAR

Segundo o programa “Brown is Green” da Brown University, um empreendimento am-


bientalmente responsável tem reduzidos os impactos dos processos construtivos e os
ocorridos durante a sua vida útil. Os seus indicadores de bom desempenho ambiental
incluem a redução da carga energética empregada nos sistemas de aquecimento, refri-
geração e iluminação, e também a seleção dos materiais utilizados dando preferência
aos não tóxicos, renováveis, ou que contenham reciclados.
Apenas para fornecer uma noção de valores dos recursos naturais consumidos, John
(2000) aponta como destinados à construção civil de 14% a 50% da totalidade de recur-
sos naturais extraídos, conforme o país. A título de exemplo, segundo autor, no Brasil
as estimativas são escassas, porém considerando serem produzidos ao ano aproxima-
damente 35 milhões de toneladas de cimento Portland, e assumindo o traço médio de
1:6 em massa na sua mistura com agregados, somente na produção de concretos e
argamassas.
Os principais impactos ambientais decorrentes da extração de recursos naturais são a
escassez e extinção de fontes e jazidas, além de alterações na flora e fauna do entorno
destes locais de exploração.
Além da ciência dos impactos ambientais dos empreendimentos ao longo de seu ci-
clo de vida, e que serão apontadas neste artigo, existem alguns fatores externos que
podem impulsionar o setor rumo à sustentabilidade. São eles algumas exigências rela-
cionadas a aprovações legais de empreendimentos e processos licitatórios, e também
algumas restritivas e financiamentos.

Fonte: Cardoso e Degani (2016, on-line).

35
atividades de estudo

1. Ora, se é verdade que a diversidade de regiões, que dependem do aspec-


to do céu, produzem efeitos diferentes sobre as pessoas que aí nascem,
que são de um tipo diferente, tanto no que concerne à estrutura do cor-
po como na forma do espírito, está fora de dúvida que é uma escolha de
grande importância a adequação dos edifícios à natureza e ao clima de
cada região, o que não é difícil, posto que a natureza nos ensina a maneira
que devemos seguir (VITRUVIO (1986), primeiro capítulo do livro VI LES DIX
LIVRES D’ARCHITECTURE). Sobre a Arquitetura Vernacular, assinale a alter-
nativa correta:
a. É a arquitetura atual, na qual o homem constrói a sua edificação conforme
a sua vontade, excluindo as necessidades locais.
b. Essa arquitetura deve servir de referência para nós, pois o homem utiliza-
va-se dos materiais que tinha nas proximidades, adaptando-se às condi-
ções climáticas.
c. Um exemplo de arquitetura vernacular seriam os edifícios internacionais,
que utilizam materiais como aço e vidro em suas construções.
d. É possível aprender com a arquitetura vernacular a utilização de materiais
provenientes de lugares distantes de onde o edifício está sendo construído.
e. A adaptação climática, na arquitetura vernacular, não faz parte do pensa-
mento na hora de projetar um edifício.

2. A importância do conforto térmico é baseada em três princípios básicos,


sobre estes princípios, analise as afirmações a seguir e assinale as alterna-
tivas corretas:
I. A satisfação do homem é um desses princípios, já que ele deve sentir-se
em bem estar em qualquer ambiente que esteja, seja sua residência, seu
ambiente de trabalho ou de lazer.
II. A performance humana, quer dizer que, independente das condições de
conforto, segundo as leis trabalhistas, o homem deve desempenhar sua
tarefa com a melhor qualidade possível.
III. A conservação de energia é um dos princípios que nos faz pensar em al-
ternativas naturais para o conforto térmico, com a mínima utilização de
ar-condicionado ou calefação.
IV. Das principais variáveis climáticas do conforto térmico, não fazem parte a
temperatura, umidade e velocidade do ar.
V. As exigências humanas de conforto térmico não estão ligadas com o fun-
cionamento do seu organismo.

36
atividades de estudo

a. As alternativas, I, II, III e V.


b. As alternativas II e III estão corretas.
c. As alternativas I e IV estão corretas.
d. As alternativas I e III estão corretas.
e. As alternativas III, IV e V estão corretas.

3. O conforto acústico pode ser estudado em diferentes épocas da história,


relacione as colunas a seguir, com relação aos tipos de edifício em cada
época e assinale a alternativa que melhor corresponde com as afirmações:
I. Na Antiguidade, os teatros eram ao ar livre, configurando-se com plateias
em formato de leque. Nessa época, alguns povos utilizavam-se da topogra-
fia para escalonar a plateia, enquanto outros construíam grandes estrutu-
ras, que trabalhavam como conchas acústicas.
II. Na Idade Média, não tínhamos os teatros como referências, mas sim as
Igrejas, com seus materiais muito reflexivos, sua cúpulas e arcos ogivais.
III. Renascimento: nessa época surgiram os teatros fechados, de grande volu-
me, nos quais a reflexão é compensada pelo grande público.
IV. No Barroco, houve o surgimento da ópera e o desafio do equilíbrio do es-
paço desta, muito reflexivo, e do palco cheio de adornos.
V. Século XIX: foi nesse momento que surgiram as predições matemáticas, as
quais, junto com os teatros de planta retangular, trazem uma maior quali-
dade acústica aos espaços.
a. Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.
b. Apenas as alternativas II, III e V estão corretas.
c. Apenas as alternativas II, IV e V estão corretas.
d. Apenas as alternativas I, II, III e IV estão corretas.
e. Apenas as alternativas I, II, III estão incorretas.

4. Segundo Vianna e Gonçalves (2001), as variáveis projetuais da relação ar-


quitetura e clima estão equacionado em três níveis: o homem e suas exi-
gências humanas, clima e suas variáveis e a arquitetura como abrigo. E
afirma que o conforto avalia as exigências humanas e funcionais baseado
no princípio de que quanto maior for o esforço de adaptação do indivíduo,
maior será a sensação de desconforto. E um ambiente mal projetado pode
causar as seguintes sensações humanas:

37
atividades de estudo

I. Vontade de descansar e diminuir o ritmo.


II. Controle da fadiga e ajuda na nossa visão.
III. Desconforto e fadiga visual, dores de cabeça, ofuscamento, redução da
eficiência visual ou mesmo acidentes.
IV. Visualiza detalhes e incentiva o morador a viver melhor e mais tempo nes-
se local.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I está correta.
b. Apenas II está correta.
c. Apenas III está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma é correta.

5. A qualidade de iluminação em locais de trabalho não está totalmente li-


gada apenas ao nível de iluminação emitido ambiente. Tem que levar em
consideração a direção de luz, a distribuição da iluminação, escolha das co-
res da luz, sombra e controle de ofuscamento, buscando uma iluminação
uniforme. Quais são os tipos de ofuscamentos que precisamos solucionar
para obter bom conforto visual?
a. Contraste e Saturação.
b. Nostalgia e Ritmo.
c. Direção e Dimensionamento.
d. Insolação e Ventilação.
e. Radiação e Temperatura.

38
Design Passivo
Miriam Gurgel
Editora: Senac
Sinopse: o conceito de ‘Design Passivo’, desenvolvido na Alema-
nha a partir dos anos 1990, tem sido utilizado no mundo todo
como base para uma arquitetura e um design sustentáveis. Em-
prega conhecimentos relacionados ao clima local em que a edificação será construída, os
ventos incidentes, o layout do projeto, a destinação dada aos ambientes, os materiais utiliza-
dos e quaisquer outros fatores que visam sempre a um resultado energeticamente eficiente.
Arquitetura ou design “passivo”, porque se baseia no emprego dos meios naturais tanto para
o aquecimento da casa quanto para seu resfriamento, dependendo, consequentemente, de
pouca energia elétrica para garantir conforto ambiental aos seus moradores.

A Guerra do Fogo
Ano: 1981
Sinopse: na pré-história, em torno da descoberta do fogo, a tribo
Ulam é menos desenvolvida, eles ainda acham que o fogo é algo
sobrenatural e se comunicam apenas com gestos e grunhidos.
Quando a fonte de fogo deles apaga, três homens vão em busca
de outra chama e é quando encontram a tribo Ivaka, um grupo
mais desenvolvido de hábitos e comunicação mais complexa, além de dominar a produção do
fogo. Os homens sequestram uma mulher da tribo Ivaka e descobrem outra forma de viver.
Comentário: o filme gira em torno do fogo, sua conquista pelos meios naturais e a maneira
que iriam mantê-lo aceso. Contudo o filme ultrapassa essa premissa básica e entra fundo
em outros conceitos. Pode-se então distinguir os diversos grupos em estágios evolucionários
distintos ocupando um mesmo mundo. Veremos então como espaços onde vivem podem
influenciar a evolução humana.

No Site da Procel, você encontra artigos, publicações e manuais relacionados a eficiência


energética, além de proporcionar a lista de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos que
contém o selo de eficiência da Procel.

Acesse: http://www.procelinfo.com.br/main.asp
referências

ABNT catálogo. Disponível em: <https://www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em: 09 jul. 2016.


CARDOSO, F. F.; DEGANI, M. C. A sustentabilidade ao longo do ciclo de vida de edifícios: a importância da
etapa de projeto arquitetônico. In: Nutau 2002 - Sustentabilidade, Arquitetura e Desenho Urbano. Núcleo
de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 7 a 11
outubro 2002. Disponível em: <http://www.pcc.usp.br/files/text/personal_files/francisco_cardoso/Nutau%20
2002%20Degani%20Cardoso.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016.
FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de Conforto Térmico: arquitetura, urbanismo. 8. ed. São Paulo: Stu-
dio Nobel, 2003. Disponível em: <http://resgatebrasiliavirtual.com.br/moodle/file.php/1/E-book/Ebooks_
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INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. Edição em português. São Paulo: G. Gili, 2012.
LAMBERTS, R; DUTRA, L; PEREIRA, F. Eficiência Energética na Arquitetura. São Paulo: PW Editores.
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PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Conforto Ambiental: Iluminação, Cores, Ergonomia, Paisagismo e
Critérios para Projetos. 1ª Edição. São Paulo: Érica, 2013.
PROCEL INFO. Centro Brasileiro de Informação de eficiência energética. Disponível em: <http://www.pro-
celinfo.com.br/main.asp?TeamID={921E566A-536B-4582-AEAF-7D6CD1DF1AFD}#>. Acesso em: 09 ago.
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SCHERER, M. J.; PIAGETI, G.; VANI, L. O Ruído Urbano e a Desvalorização Imobiliária. XXII Encontro da
Sociedade Brasileira de Acústica - Sobrac. Belo Horizonte, MG, 26 a 29 de novembro de 2008.
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VIANNA, S. N.; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: UniABC, 2001.
VITRÚVIO. Les dix livres d’architecture. Livre VI. Tradução de Claude Perrault. Paris: Errance, 1986.

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² Em: <http://www.sarah.br/a-rede-SARAH/nossas-unidades/unidade-salvador/>. Acesso em: 28 nov. 2016.

40
gabarito

1. B
2. D
3. D
4. E
5. A

41
CONFORTO TÉRMICO

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Esp. Alexandro Gasparini Larocca / Esp. Mayara Fernanda Pontes Peres
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Exigências Humanas
• Os diferentes climas e seus princípios
• Propriedades térmicas dos materiais de construção
• Ventilação Natural
• Geometria Solar

Objetivos de Aprendizagem
• Entender como o ser humano reage diante das diferentes condições climáticas.
• Entender os diferentes climas e seus condicionantes.
• Compreender as propriedades térmicas dos materiais.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a)! Vamos iniciar nossos estudos sobre o conforto térmico


especificamente. Você pode perceber no seu dia a dia como sentir-se em
bem-estar térmico é importante. Quando você passa muito calor, não fica
cansado(a), incomodado(a) e seu desempenho nas atividades diminui? E
passar frio também não é agradável, não é mesmo?
Por isso, o usuário do seu projeto precisa sentir-se bem no ambiente, e
você vai precisar compreender como o corpo humano funciona em rela-
ção aos diferentes estímulos climáticos, assim será mais fácil buscar solu-
ções para os problemas.
Além de conhecer os usuários, você também vai precisar entender como
funcionam as condicionantes do clima, que são temperatura, umidade,
vento e radiação solar. Cada uma delas vai influenciar de maneiras dife-
rentes no seu projeto e é preciso saber aproveitar o lado positivo destes
fatores. São essas características que vão determinar cada tipo de clima.
Entendendo como são os climas, você poderá buscar soluções que ame-
nizem as situações em que seu usuário pode sentir-se desconfortável.
Existem estudos que nos auxiliam no encontro destas soluções, o que
você verá adiante.
Para aplicar algumas dessas soluções, será necessário entender quais são
os tipos de materiais que podemos utilizar, podendo ser opacos ou trans-
parentes. Você vai verificar como se comportam com relação à radiação
solar e quais são as propriedades.
Após compreender esse comportamento dos materiais, vamos nos ater a
duas variáveis muito importantes para o nosso país: o vento e a radiação
solar. Veremos que, para amenizar o calor, temos como principais estra-
tégias a ventilação e o sombreamento.
Em um primeiro momento, você vai aprender como promover a venti-
lação nos ambientes e após, entenderá como acontece a trajetória do sol,
para que você possa saber como e quando ele atingirá o ambiente que
está sendo estudado.
O estudo desta unidade permitirá que você torne a vida do seu usuário
melhor, mais produtiva, pois seu bem-estar depende de como se sente
dentro dos ambientes.
CONFORTO AMBIENTAL

Exigências
Humanas
No mundo todo, temos climas muito diferentes, e o ser peratura interna do nosso corpo tende a permanecer
humano é capaz de adaptar-se a eles. Temos alguns me- constante, aproximadamente 36,2ºC, independente
canismos que auxiliam nessa adaptação, como a vesti- do clima em que estamos. O metabolismo é respon-
menta, as tecnologias e as edificações. Pense em dife- sável por manter essa temperatura, ele queima as ca-
rentes países: o tipo de roupa muda de um local para lorias que existem nos alimentos e gera energia, isto
outro, assim como a arquitetura e, dependendo do tipo mantém o calor interno do corpo.
de clima, usamos diferentes tecnologias, para aquecer Além disso, o corpo humano faz algumas trocas
ou para resfriar. O nosso foco é o nosso usuário, por- térmicas com o meio e podemos dividi-las em trocas
tanto vamos entender um pouco como nosso organis- secas e trocas úmidas.
mo funciona com relação às condições climáticas. As trocas secas envolvem: convecção, condução
O ser humano é o que chamamos de um ser ho- e radiação. Enquanto as trocas úmidas são feitas por
meotérmico. Você sabe o que isso quer dizer? A tem- meio da evaporação.

46
DESIGN

Temperaturas Resposta Fisiológica

Tcorpo < Tneutra Ocorre a vasoconstrição

Tcorpo < 35ºC Ocorre a perda da habilidade

Tcorpo < 31ºC Esta situação é letal, também chamada de hipotermia

Tcorpo > Tneutra Ocorre a vasodilatação

Tcorpo > 37ºC Começa o Suor

Tcorpo > 39ºC Ocorre a perda de habilidade

Tcorpo > 43ºC Esta situação é letal, também chamada de hipertermia

Tabela 1 - Resposta Fisiológica e comportamental em função da diferença da temperatura do corpo e a temperatura Neutra
Fonte: Adaptada de Lamberts e Xavier (2002).

Vamos aos exemplos desses tipos de trocas. A con- do que seriam? Quando estamos com frio ou com
vecção acontece quando temos um fluido (gás ou calor, o nosso corpo reage e isso acontece por meio
líquido), exemplo: ao aquecermos água em uma pa- destes mecanismos, eles devem manter a tempera-
nela, o metal se esquenta e começa a aquecer as par- tura interna do nosso corpo constante. Para que as
tículas de água mais próximas a ele, essas partículas pessoas sintam-se em conforto térmico, elas não de-
quentes sobem, consequentemente, as frias descem, vem estar utilizando nenhum destes mecanismos.
são também aquecidas, até que temos a água quen- No frio, o nosso corpo tenta evitar a perda de
te por um todo, este fenômeno é o que chamamos calor, assim como aumentar a produção interna
de convecção. Com os seres humanos, acontece a do mesmo. Qual você acha que é o primeiro me-
perda de calor do corpo para o ar ou água, por isso canismo regulador que entra em ação quando sen-
nos sentimos tão confortáveis no calor quando en- timos frio? Se você disse arrepio ou tremor, você
tramos em uma piscina. se enganou. Antes destas reações, entra em ação a
Já a condução acontece quando existe contato, vasoconstrição periférica, que é quando os vasos
por exemplo, ao andarmos descalços em um piso frio, sanguíneos mais próximos da pele se contraem,
perdemos calor para este por meio da condução. para que a pele fique mais fria e não perca calor
A radiação ocorre sem a existência de contato, para o meio pela convecção ou condução. Depois
como quando nos aquecemos em frente a uma fo- é que temos o arrepio, que é um movimento mus-
gueira, ou, ainda, a forma como o sol aquece a terra. cular, o qual aumenta a rugosidade da pele, as-
E a evaporação, que é a troca úmida, acontece por sim temos menos áreas expostas e perdemos me-
meio da nossa transpiração. nos calor por convecção. E por último acontece
Os seres humanos têm mecanismos que cha- o tremor dos músculos, uma forma de acelerar o
mamos termorreguladores. Você tem alguma ideia metabolismo.

47
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 1- Vestimenta de Frio

Quando está frio, o ser humano tem algumas rea-


ções, como curvar-se, o que diminui a área exposta
do nosso corpo, esfregar as mãos, tomar uma bebida
quente, fazer atividade física. Tudo isso para que não
haja perda de calor.
Já no verão, o primeiro mecanismo termorregu-
lador a entrar em ação é a vasodilatação periférica,
ao contrário do frio, as veias próximas à pele dila-
tam-se, o que aumenta a temperatura da pele, o que
condiciona a perda de calor por convecção e radia-
ção. Depois disso, temos o suor como meio de re-
gulação, dependendo da umidade do ar, temos uma
certa dificuldade em perder calor desta forma. Nos
climas secos, as pessoas podem perder calor pela
transpiração sem nem perceber, já que o ar evapora
o suor dentro do próprio poro. Já nos climas mais
úmidos, há uma certa dificuldade em perder calor
desta forma, pois o ar já está saturado e não evapora
o suor que sai dos poros. Figura 2 - Desconforto no Verão

48
DESIGN

No calor, o metabolismo do ser humano já reduz das pessoas sintam-se confortáveis em uma deter-
automaticamente, pois não há necessidade de gran- minada situação, que envolve todas essas variáveis
de produção de energia. Além disso, nessa situação que vimos anteriormente.
procuramos uma sombra, locais bem ventilados,
piscina, usamos de tecnologias como ventiladores Índice de Resistência
Vestimenta
Térmica (CLO)
ou ar-condicionado para nos manter confortáveis.
Segundo Ashrae apud (LAMBERTS; DUTRA; Meia Calça 0,10
PEREIRA, 1997), conforto térmico pode ser definido
Meia Fina 0,03
como um estado de espírito que vai refletir a satisfa-
ção com o ambiente térmico em que a pessoa está. Isso Meia Grossa 0,05
quer dizer que o balanço de trocas térmicas deve ser
Calcinha/Sutiã 0,03
nulo e a temperatura da pele e o suor devem manter-se
dentro dos limites. Cueca 0,03
O conforto térmico tem ligação com os seguintes
Camisa Manga Curta 0,15
fatores: variáveis ambientais, vestimenta adequada e
a atividade que o usuário está desenvolvendo naque- Camisa Manga Longa 0,30
le espaço. As variáveis climáticas que influenciam no
conforto térmico são temperatura do ar, umidade Saia Grossa 0,25

relativa do ar e velocidade do ar. Além disso, quanto Jaqueta 0,35


maior for a atividade física, mais calor será gerado
pelo metabolismo. Calça Fina 0,20

A vestimenta tem a sua própria unidade de me- Calça Média 0,25


dida, que chamamos de “clo” (vem de clothing em
inglês). A vestimenta impede o contato da pele com Sapatos 0,04

o ar e evita a troca de calor com o ar ou com outras Tabela 2 - Índice de Resistência Térmica -Icl (CLO)
superfícies. Por isso, quanto mais frio, mais roupas Fonte: Norma ISO 7730 (2005, on-line)¹.

colocamos. A resistência da roupa vai influenciar no


conforto que sentimos. Portanto, precisamos entender como o corpo do ser
Ainda podemos dizer que o conforto térmico é humano funciona em relação às diferentes situações
algo subjetivo. Você já sentiu frio em um lugar, en- climáticas. Ele é o nosso usuário e é quem devemos
quanto outra pessoa estava confortável, ou o contrá- agradar com o nosso projeto. A partir de agora, você
rio? Então, a percepção do conforto muda de uma já tem uma noção de como isso acontece e está pron-
pessoa para outra, mas como veremos mais adiante to para entender os diferentes climas e os princípios
neste livro, há uma probabilidade de que a maioria para cada um deles.

49
CONFORTO AMBIENTAL

Os Diferentes Climas
e seus Princípios
Caro(a) aluno(a), está pronto para conhecer a gran- terminada região. Já o tempo, é a variação diária que
de diversidade de climas que temos no nosso país? O temos, como quando comentamos: “hoje está muito
clima é muito importante nas tomadas de decisões de frio e chuvoso”, não quer dizer que esta seja uma ca-
um projeto, pois este deve adequar-se a cada uma das racterística predominante da nossa região.
situações. Além do projeto ter a obrigação de atender Para que possamos analisar o clima, temos que
àquilo que o cliente deseja, ele também deve ter uma observá-lo em diferentes escalas. Em uma escala
resposta com relação às variáveis climáticas e à eficiên- mais abrangente, que podemos chamar de macrocli-
cia energética. Então, vamos ver como isso acontece. ma, descrevemos as características gerais de uma de-
Primeiro vamos diferenciar clima de tempo. Es- terminada região, como qual a temperatura média,
tes dois conceitos confundem-se muitas vezes. O se é um local que chove bastante ou que está sempre
clima é uma condição média, medida de 30 em 30 nublado, ou ainda se tem bastante vento, ou seja, são
anos, que determina as características de uma de- características gerais.

50
DESIGN

Em uma segunda escala, vamos para o mesocli-


ma, no qual temos influências de condições locais
como a topografia, a vegetação, o tipo do solo e a pre-
sença de obstáculos. Podemos perceber esse mesocli-
ma quando chegamos perto de um bosque dentro de
uma cidade, pois o clima torna-se mais ameno.
E em uma terceira escala é a qual chegamos mais
próximos da edificação que estamos trabalhando; é
nessa escala que podemos fazer as alterações. Aqui
temos características particulares de cada local,
como um prédio vizinho que sombreia ou a forma
como o sol atinge a edificação. Essas características
não são percebidas nas outras escalas, porém as três
são importantes para que possamos entender o local
que estamos trabalhando.
Portanto, cada local tem as suas variações, e as va-
riáveis climáticas que vamos estudar são as seguintes:
radiação solar, temperatura do ar, vento e umidade do
ar. Todas vão influenciar nas suas decisões de projeto,
por isso você deve entender cada uma delas.
A radiação solar é a principal fonte de energia do
planeta. É a partir do sol que temos o calor e tam-
bém a luz, não é possível separá-los, por isso sem-
pre que pensamos em conforto visual por meio das Figura 3 - Radiação Solar

aberturas, temos que lembrar do conforto térmico


e vice-versa. Vamos estudar no tópico 5 a geome- Ainda temos a influência, que, em alguns momen-
tria solar e entraremos mais a fundo neste assunto. tos do dia, o sol está mais distante da Terra e isto
Entretanto já podemos começar a pensar no quanto faz que a intensidade da radiação seja menor; é o
os movimentos de translação e rotação da terra in- que acontece nas horas mais próximas ao nascer e ao
fluenciam na forma como a radiação solar chega até pôr do sol. Como vimos acima, a vegetação também
nós, o que influencia nas estações do ano. pode mudar as características climáticas. Você tem
Podemos dividir a radiação em direta e difusa: alguma ideia do porquê isso acontece? Lembre-se
alguns raios solares vêm diretamente do sol até a su- de como funciona o metabolismo de uma planta: ela
perfície, mas uma parcela sofre influência da atmos- faz a fotossíntese e, para isso, ela precisa de radiação
fera, sendo absorvida e refletida pelas partículas do solar, a qual é absorvida pela planta e diminui entre
ar. Podemos notar que mesmo em um dia nublado, 60 e 90%. Além disso, as plantas sombreiam o solo, o
ainda temos luz, que é a parcela difusa. que também faz que a temperatura diminua.

51
CONFORTO AMBIENTAL

A
radiação solar divide-se em dois tipos de calor durante todo o dia, liberam o calor no período da
ondas: as curtas e as longas. As que vem noite, quando a temperatura é mais amena.
diretamente do sol, de forma direta ou Nos climas secos, porém, nos quais não há es-
difusa, ou as que são refletidas pelas su- sas partículas de vapor d’água, a temperatura acaba
perfícies, são as ondas curtas. Já as ondas longas, são caindo drasticamente e provocando picos de tempe-
produzidas por corpos aquecidos, as edificações, por ratura alta durante o dia e baixa durante a noite, isto
exemplo, recebem a radiação de onda curta, aque- não é confortável para o nosso usuário.
cem-se e depois liberam as radiações de onda longa. A velocidade do ar também é influenciada pe-
Agora vamos a outra variável, a temperatura do las massas, conforme elas se deslocam dos locais de
ar. Você já ouviu nos noticiários dizerem que está maior pressão para os de menor, o ar vai se movi-
vindo uma massa de ar frio para o seu estado? En- mentando. Além disso, os obstáculos também fazem
tão, são essas massas de ar que influenciam na tem- que o vento mude de direção ou diminua a sua ve-
peratura e também a forma como a radiação solar locidade. Podemos observar em uma mesma cidade,
atinge cada um dos locais. Vamos pensar em dois diferentes velocidades do vento, na área central, na
extremos, as regiões próximas à linha do Equador e qual temos aglomerados de prédios e nas áreas pe-
as regiões polares: os dois locais recebem a radiação riféricas, onde temos bairros residenciais de menor
de forma bem distintas, portanto as temperaturas densidade. Na própria edificação, podem ser utiliza-
também são muito diferentes. das estratégias para barrar o vento ou trazê-lo para
Com relação à temperatura, devemos sempre dentro da edificação.
identificar quais são os períodos em que nosso usuá- E a última variável climática é a umidade, re-
rio pode sentir-se desconfortável. Isso pode aconte- sultante de dois fatores: a evaporação da água e a
cer com relação a diferentes estações, como também evapotranspiração dos vegetais. Como vimos aci-
na variação de um único dia. ma, esta variável influencia na temperatura do local.
Vamos tomar como exemplo locais que têm a umi- Além disso, também está associada à forma como o
dade muito baixa: as partículas de vapor d’água absor- usuário perde calor por evaporação, que vimos no
vem a radiação, portanto, se não há umidade, a radia- tópico anterior, e em locais mais úmidos, há dificul-
ção chega mais diretamente à superfície, o que provoca dade em acontecer essa troca. Podemos modificar a
um grande aumento na temperatura durante o dia. A umidade próxima à edificação utilizando de vegeta-
noite, nos climas úmidos, as partículas que absorvem ção e elementos com água.

52
DESIGN

Figura 4 - Patio de los Arrayanes in La Alhambra, Granada, Espanha

53
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 5 - O clima brasileiro


Fonte: IBGE (2016, on-line).

No Brasil, a diversidade de climas é muito grande. gia. Um projeto bioclimático é aquele que se adequa
Podemos dividir o país em seis grandes regiões: tro- ao clima e visa atingir um bom desempenho térmi-
pical, equatorial, semiárido, tropical atlântico, tro- co. Podemos estudar a carta bioclimática para edi-
pical de altitude e subtropical. Cada um dos climas fícios desenvolvida por Givoni em 1969. Essa carta
tem suas características de temperaturas médias, nos mostra a combinação das variáveis climáticas
chuva e amplitude térmica entre inverno e verão. que podem manter o organismo humano em con-
Para estudar como o ser humano se relaciona forto e quais as estratégias que devem ser utilizadas
com o clima, temos a ciência chamada bioclimatolo- para trazer conforto em cada situação.

54
DESIGN

A inércia térmica é outra estratégia muito utilizada em


locais de baixa umidade e temperatura elevada. A falta de
umidade faz que, durante o dia, o calor seja muito grande,
pois não há partículas de água para absorver a radiação e,
durante a noite, a queda da temperatura é muito grande,
o que gera desconforto ao usuário. A inércia térmica
consiste em utilizar materiais nas paredes que absorvam
o calor durante o dia, mantendo este calor no seu interior
e liberando a noite, quando a temperatura cair.
Figura 6: Carta bioclimática de Givoni
Fonte: Lamberts e Xavier (et al., 2002). Em alguns casos extremos, nos quais a temperatu-
ra e a umidade do ar passam dos limites que tornam
Podemos observar que o ser humano se sente em possível utilizar uma dessas estratégias, é necessária a
conforto dentro de um limite dessas variáveis. A utilização de refrigeração, como o ar-condicionado.
zona de conforto limita-se entre as temperaturas de Por outro lado, para os climas mais frios, precisamos
18 a 29ºC e a umidade relativa entre 20 e 80%. fazer o aquecimento. Temos dois tipos de estratégias pas-
Com relação à zona de ventilação, podemos ob- sivas que utilizam o sol para fazer o aquecimento, sendo
servar que, se a temperatura passar dos 29ºC ou a elas a inércia térmica para aquecimento, nas temperaturas
umidade do ar for maior que 80%, esta estratégia irá entre 14 e 20ºC, que armazena calor nas paredes, e a outra
melhorar a sensação térmica do usuário. Ainda po- pelo próprio aquecimento solar, pelo qual criamos espaços
demos dizer que, acima dos 29ºC e com a umidade com isolamento para que o calor não saia de dentro deles,
abaixo dos 60%, a ventilação noturna é mais indicada, utilizado nas temperaturas entre 10 e 14ºC.
pois, durante o dia, utilizar esta estratégia só levaria o Temos também casos extremos para as temperatu-
calor para a área interna. ras baixas, nos quais devemos utilizar um sistema de
Para as regiões com baixa umidade e tempe- aquecimento artificial. E ainda, quando a temperatura
ratura elevada, também é indicado o resfriamento for menor que 27ºC e a umidade relativa muito bai-
evaporativo, pois a evaporação da água pode tanto xa, deve-se utilizar a umidificação do ambiente para
ajudar na redução da temperatura, quanto aumentar torná-lo mais confortável.
a umidade do ar. No Brasil, a estratégia mais importante ainda é o som-
breamento e a partir dos 20ºC . Essa estratégia deve ser
utilizada mesmo quando as condições encontram-se dentro
REFLITA
da zona de conforto. Nos locais onde mais de uma estratégia
se sobrepõe na carta de Givoni, devemos utilizar mais de
O Sol no verão está mais alto e, conforme uma delas para manter nosso usuário em conforto.
aproxima-se o inverno, fica mais baixo. Isso
acontece para nos aquecer, mas deve-se to- Portanto, podemos observar que as características
mar cuidado na proteção de ambientes em climáticas das diferentes regiões vão influenciar nas es-
relação ao sol, principalmente no verão. tratégias utilizadas, por isso é preciso observar bem qual
é o clima e como manter o usuário em conforto térmico.

55
CONFORTO AMBIENTAL

Propriedades Térmicas dos


Materiais de Construção
Agora falaremos sobre os materiais de construção como a lã de vidro, o isopor, o concreto celular,
que fazem o fechamento das edificações. Esses fe- entre outros.
chamentos podem ser tanto opacos, quanto trans- Os elementos que são opacos, absorvem calor tan-
parentes, o ganho térmico que um ambiente tem to do exterior, quanto do interior, dependendo do local
acontece pela transmissão do calor por meio des- que está mais quente. Vários fatores podem influenciar
tes elementos, por isso você deve entender como em uma maior ou menor absorção do calor, como a
acontece a transmissão do calor e como cada tipo cor do material e a orientação solar. Quanto mais cla-
de material se comporta. ro o material, menos calor ele absorve. Quanto mais
Primeiramente, entenda que a transmissão de exposto à radiação solar, mais calor será transmitido.
calor só acontece quando há diferença de tempe- Cada um dos materiais tem características di-
ratura, seguindo o sentido do mais quente para ferentes, ao transmitirem o calor de um lado para
o mais frio. Materiais que são bons isolantes tér- o outro, retém uma parte no seu interior, quanto
micos são aqueles que têm uma baixa densidade, mais calor retido, maior a sua inércia térmica.

56
DESIGN

Já os fechamentos transparentes são os princi- térmica, porém não há outra forma de controlar a
pais causadores do aumento da temperatura den- entrada de radiação nas edificações.
tro das edificações. Esses materiais, assim como os Então, por meio dos materiais transparentes, a
opacos, transmitem calor por meio de condução e radiação solar vai ter uma parte absorvida, outra re-
convecção, mas também pela radiação; nesse caso, fletida e uma última porção será transmitida. Essa
uma parcela da radiação é diretamente transmitida radiação solar possui ondas curtas e ondas longas e
para o interior. os materiais transparentes se comportam de manei-
O ganho de calor por meio das aberturas pode ras diferentes com relação a elas. As ondas curtas são
ser alterado de acordo com alguns fatores. Primei- aquelas que vêm diretamente do sol ou são refletidas
ro, a orientação e o tamanho da abertura, pois isso por alguma superfície, como o solo, e são compostas
vai determinar a exposição ao sol, assim como o fato tanto por luz, quanto por calor. Já as ondas longas
desta abertura ser sombreada. Outro fator é o tipo são aquelas produzidas por corpos aquecidos, for-
do vidro, que pode bloquear mais ou menos a radia- madas apenas por calor. Cada tipo de vidro transmi-
ção solar; esses materiais têm uma alta transmitância te ou reflete uma determinada porção dessas ondas.

Figura 7 - Material Transparente

57
CONFORTO AMBIENTAL

Temos vários tipos de fechamentos transparentes De um modo geral, os materiais têm a propriedade de
disponíveis no mercado, veremos alguns deles e suas absortividade, refletividade e transmissividade, a soma
propriedades: das três propriedades deve dar 100%. A absortividade
• Vidro simples: esses vidros transmitem mui- do material depende da cor superficial deste. Quanto
to as ondas curtas, por isso há uma grande mais próximo do branco, menor a sua capacidade de
entrada de luz e calor. São pouco reflexivos e absorção. Materiais metálicos absorvem pouca radia-
absorvem muito as ondas longas, provocan-
ção e são menos emissivos, o que significa que têm
do efeito estufa dentro dos ambientes.
uma baixa emissão do calor para o ambiente interno.
• Vidro verde: esse tipo de vidro é pigmentado
para que haja menos passagem de calor, po- Uma outra propriedade que o material tem é a
rém, consequência disso, há também menor condutividade térmica: representa quanto calor o
entrada de luz. São materiais mais absorventes. material é capaz de conduzir em uma unidade de
• Vidro ou película absorvente: são os chama- tempo e esta depende da densidade do material,
dos vidros fumês, têm o mesmo objetivo do quanto mais denso o material, maior a sua condu-
vidro verde, porém diminui ainda mais a en- tividade (λ).
trada das ondas curtas. Consequência da condutividade, temos a resis-
• Vidro ou película reflexivos: são vidros com tência térmica (R), que é a capacidade do material
aparência de espelho. Refletem tanto a onda
de resistir à passagem do calor. Os materiais mais es-
curta, quanto a onda longa. Diminuindo
também a entrada de luz natural. pessos (L) têm uma resistência térmica maior. Com
relação à condutividade, podemos dizer que quanto
• Vidro serigrafado: vidros utilizados para evi-
tar a visão de uma área para outra, causam maior ela for, maior a capacidade do material em
maior sombreamento. transmitir calor e consequentemente, menor é a sua
• Policarbonato: é um material muito maleável, resistência. Isto pode ser observado na fórmula da
mais resistente a choques e mais leve que o resistência térmica, a seguir:
vidro. Porém sua resistência térmica é maior, R = L/λ (m²K/W)
aumentando a sensação de efeito estufa.
• Vidro espectralmente seletivo: esses vidros Portanto, se um material têm uma espessura de 0,15m
têm uma alta performance, priorizando a en-
e a sua condutividade é de 0,90W/mK, a sua resistência
trada de luz natural e controlando o ganho
térmica será 0,17 m²K/W, segundo a fórmula acima.
de calor.
Quando a superfície é composta de mais de um
• Vidro de baixa emissividade: reduzem os ga-
nhos e as perdas de calor que acontecem por material, a resistência térmica pode ser calculada de
meio da onda longa. duas formas, em série ou em paralelo. A soma em
paralelo é mais simples e deve ser utilizada quando o
O uso de protetores solares nas aberturas diminui calor passa pela mesma área de todos os materiais. Já
consideravelmente o ganho de calor. Essas proteções a resistência em paralelo deve ser calculada quando
podem ser feitas de várias formas: prateleira de luz, o calor passa por áreas diferentes dos materiais. Veja
brises, varandas, beirais, marquises, volumes salien- então quando você deve utilizar cada um deles por
tes e vegetação. meio dos exemplos a seguir:

58
DESIGN

Exemplo 1 - Soma em série: Nela, A é a área do elemento, transversal ao sentido


Vamos calcular a resistência térmica de uma laje do calor e R é a resistência do material.
de concreto maciço, contrapiso de argamassa e Nesse exemplo, temos os seguintes dados, o re-
revestimento de granito. A laje de concreto tem boco tem espessura de 0,02m e condutividade de
espessura de 0,15m e sua condutividade térmica 1,15W/mK, o tijolo tem espessura de 0,14m e con-
é de 1,75W/mK. O contrapiso tem espessura de dutividade de 0,70W/mK, e a argamassa tem 0,14
0,05m e condutividade de 1,15W/mK e o grani- de espessura, assim como o tijolo, e 1,15W/mK de
to tem espessura de 0,02m e condutividade de condutividade.
3,00W/mK. Nesse caso, o calor passará igual- Primeiro vamos calcular a resistência dos três
mente pelos três materiais, por isso devemos materiais:
encontrar a resistência dos três e realizar uma RREBOCO = 0,02 / 1,15 = 0,017 m²K/W
soma simples. RTIJOLO = 0,14 / 0,70 = 0,20 m²K/W
RARGAMASSA = 0,14 / 1,15 = 0,12 m²K/W
RLAJE = 0,15 / 1,75 = 0,09 m²K/W
RCONTRAPISO = 0,05 / 1,15 = 0,04 m²K/W Nesse caso, tijolo e argamassa estão na mesma ca-
RGRANITO = 0,02 / 3,00 = 0,01 m²K/W mada, por isso serão os materiais que devem ser
RTOTAL = 0,09 + 0,04 + 0,01 = 0,14 m²K/W somados em paralelo. Agora vamos calcular a área
destes elementos, no sentido transversal ao calor.
Considerando que o tijolo tem 0,10m de altura e
Exemplo 2 - Soma em paralelo: 0,20m de comprimento:
Agora, vamos calcular a resistência térmica de ATIJOLO = 0,10 x 0,20 = 0,02m²
uma parede de alvenaria, composta por tijolos
cerâmicos, assentados com argamassa e revesti- A argamassa proporcional a um tijolo seria uma ca-
da com reboco. Neste exemplo, quando o calor mada lateral e uma camada inferior a ele, conside-
passar pela parede, ora passará pela caminho rando que a camada tem 0,02m:
reboco, tijolo e reboco, ora passará por reboco, AARGAMASSA = (0,22 x 0,02) + (0,10 x 0,02) =
argamassa e reboco. E a quantidade de arga- 0,0064m²
massa é bem menor que a do tijolo. Por con-
ta disso, não podemos simplesmente somar a Somaremos agora, em paralelo, tijolo e argamassa:
resistência dos três materiais, temos que fazer RTIJOLO+ ARGAMASSA = 0,02 + 0,0064 = 0,0264 = 0,0264 = 0,18 m²K/W

isso de forma proporcional, então usaremos a 0,02 + 0,0064 0,1 + 0,05 0,15

soma em paralelo, feita por meio da fórmula a 0,20 + 0,12

seguir:
Agora, podemos fazer a soma em série e teremos a
RT = Aa + Ab + … + An resistência total da parede:
Aa + Ab + … + An RPAREDE = RREBOCO +RTIJOLO+ARGAMASSA+RREBOCO=
Ra + Rb + … + Rn 0,017+0,18+0,017=0,21m²K/W

59
CONFORTO AMBIENTAL

Além da resistência do material, também temos a re-


sistência térmica superficial, esta tem relação com as
trocas de calor feitas por meio de convecção e radiação.
Uma superfície é aquecida por convecção e radiação e,
para que o calor penetre nela, depende da resistência
superficial do material. Após absorvido, esse calor pre-
cisa sair e aquecer o ar do outro lado, por convecção e
radiação e, novamente, para que ele saia, depende da
resistência superficial. No caso da resistência superfi-
cial externa, o valor será sempre 0,04m²K/W, enquan-
to a resistência superficial interna pode variar, no sen-
tido horizontal (paredes), independente da direção do
fluxo de calor, o valor será de 0,13m²K/W, no sentido
vertical (cobertura), quando o fluxo é ascendente, o
valor é de 0,10m²K/W e descendente, 0,17m²K/W.

RSI RSE
(m²K/W) (m²K/W)

Direção
do Fluxo
de Calor

0,13 0,10 0,17 0,04 0,04 0,04

Tabela 3 - Resistência Térmica Superficial


Fonte: Adaptada de Lamberts, Dutra e Pereira (1997).

Por isso, quando calculamos a resistência térmica de um


material, devemos somar a resistência superficial. Vamos
utilizar o exemplo 2 que fizemos acima para exemplificar:
RTOTAL= RSE + RPAREDE + RSI = 0,04 + 0,21 + 0,13 =
0,38m²K/W.

Agora, você vai ver como as paredes duplas podem


ser mais resistentes do que as paredes simples. Pri-
meiramente, devemos conhecer a resistência de uma
camada de ar.

60
DESIGN

Natureza da superfícies Espessura da Resistência Térmica


da câmara de ar Câmara de Ar (mm) do Ar RAR (m²K/W)

Direção
do Fluxo de Calor

Superfície não refletora 10 - 20 0,14 0,13 0,15

20 - 50 0,16 0,14 0,18

> 50 0,17 0,14 0,21

Superfície refletora 10 - 20 0,29 0,23 0,29

20 - 50 0,37 0,25 0,43

> 50 0,34 0,27 0,61

Tabela 4 - Resistência Térmica Superficial


Fonte: Adaptada de Lamberts, Dutra e Pereira (1997).

Utilizando o exemplo anterior, adicionando uma câ- Veja a seguir resistência da parede:
mara de ar de 0,06m, teríamos a resistência total da RLÃ = 0,06 / 0,045 = 1,33m²K/W
parede da seguinte forma: RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO+ARGAMASSA + RLÃ
RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO+ARGAMASSA + RAR + RTIJOLO+ARGAMASSA + RREBOCO + RSI
+ RTIJOLO+ARGAMASSA + RREBOCO + RSI RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 1,33 + 0,18 +
RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 0,17 + 0,18 + 0,017 + 0,13 = 1,90m²K/W.
0,017 + 0,13 = 0,73m²K/W.
Portanto, podemos observar que a maior resistência
E se essa câmara de ar tivesse uma superfície refle- da parede acontece quando o material isolante tér-
tora, como uma chapa de alumínio polido no seu mico é adicionado.
interior? Vamos ver como ficaria a resistência: Cada material tem a sua resistência térmica e o
RTOTAL = RSE + RREBOCO + RTIJOLO+ARGAMASSA + RAR inverso dela é o que chamamos de transmitância tér-
+ RTIJOLO+ARGAMASSA + RREBOCO + RSI mica (U). Por meio deste valor, podemos comparar
RTOTAL = 0,04 + 0,017 + 0,18 + 0,34 + 0,18 + dois materiais e saber qual deles transmitirá maior
0,017 + 0,13 = 0,90m²K/W. quantidade de calor.
U = 1 / RT (W/m²K)
E se, ao invés da câmara de ar, adicionarmos um
material isolante térmico, como a lã de rocha, cuja Vamos analisar a transmitância térmica dos elementos
condutividade é de 0,045W/mK? que calculamos a resistência nos exemplos anteriores?

61
CONFORTO AMBIENTAL

Câmara de Ar com
Parede Câmara de Ar Lã de Rocha
superfície refletora
Resistência
0,38 0,73 0,90 1,90
(m²K/W)
Transmitância
2,63 1,37 1,11 0,52
(W/m²K)
Tabela 5 - Resistência e Transmitância de alguma soluções construtivas.
Fonte: Adaptada de Lamberts, Dutra e Pereira (1997).

Você pode observar que, quanto maior a resistên- Q = q x A, na qual


cia, menor a transmitância, ou seja, a parede mais Q = fluxo de calor (W)
resistente, transmite menos calor. Com o valor da q = densidade de fluxo de calor (W/m²)
transmitância, podemos calcular qual será o fluxo A = Área do fechamento (m²)
de calor transmitido através da superfície, primeiro
temos que encontrar a densidade de fluxo de calor, Vamos utilizar nossos exemplos anteriores para
de acordo com as fórmulas a seguir: aprender a fazer esses cálculos? Vamos considerar
Superfície sombreada: que a parede tem 12,00m², está localizada na cidade
q = U x Δt, na qual de Maringá-PR, orientada para Norte, consideran-
q = densidade de fluxo de calor (W/m²) do o horário de 12h, sua radiação solar é de 66W/
U = transmitância térmica (W/m²K) m², a temperatura interna é de 24ºC e a externa é de
Δt = diferença entre as temperaturas interior e 32ºC. Primeiro vamos calcular para a parede som-
exterior (K) breada, ou seja, não é necessário utilizar a tempera-
tura solar:
Na superfície ensolarada, acrescenta-se o valor da
temperatura solar à equação de densidade de fluxo Câmara de Ar
Câmara Lã de
Parede com superfí-
de calor: de Ar Rocha
cie refletora
tSOLAR = α x I x RSE, na qual
q (W/m²) 21,64 10,96 8,88 4,16
α = coeficiente de absorção
I = radiação solar (W/m²) Q (W) 259,68 131,52 106,56 49,92
RSE = Resistência Superficial Externa (m²K/W) Tabela 6 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma solu-
ções construtivas sombreadas.
Fonte: Adaptada de Lamberts (1997).
A fórmula da densidade de fluxo de calor nesse caso
é a seguinte:
q = U (tSOLAR + Δt) Agora, vamos utilizar os mesmos dados, porém,
com a parede ensolarada, ou seja, vamos acrescentar
Calculada essa densidade, encontra-se o fluxo de ca- a temperatura solar. Ainda vamos ver o que acontece
lor que é a quantidade de energia (watts) transmiti- se a parede estiver pintada de preto (α=0,97) ou de
da por meio do fechamento. branco (α=0,2).

62
DESIGN

Câmara de Ar Fs = Fator Solar


Câmara Lã de
Branco Parede com superfí-
de Ar Rocha I = radiação solar (W/m²)
cie refletora

q (W/m²) 22,42 11,68 9,47 4,43


Na parte da fórmula em que você multiplicar U x
Q (W) 269,04 140,16 113,64 53,21 Δt, estará encontrando o valor de densidade de flu-
Tabela 7 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma solu-
xo de calor que atravessa a abertura por condução
ções construtivas ensolaradas e pintadas de branco. e, na outra parte, Fs x I, encontramos o valor do
Fonte: Adaptada de Lamberts, Dutra e Pereira (1997).
ganho solar por transmissão. Então, vamos calcu-
lar a densidade de fluxo de calor para uma janela
Câmara de Ar de 6m², composta por vidro simples de 3mm, cuja
Câmara Lã de
Preto Parede com superfí-
de Ar Rocha transmitância é de 5,79W/m²K e o Fator Solar é de
cie refletora
0,87. A situação é a mesma anterior: está localiza-
q (W/m²) 27,77 14,47 11,72 5,49
da na cidade de Maringá-PR, orientada para Norte,
Q (W) 333,30 173,62 140,67 65,90 considerando o horário de 12h, sua radiação solar
Tabela 8 - Densidade de fluxo de calor e fluxo de calor de alguma solu-
é de 66W/m², a temperatura interna é de 24ºC e a
ções construtivas ensolaradas e pintadas de preto. externa é de 32ºC.
Fonte: Adaptada de Lamberts, Dutra e Pereira (1997).
q = 5,79 x 8 + 0,87 x 66 = 103,74W/m²

Com todos esses dados, você pode observar a impor- Portanto, seu fluxo de calor será:
tância dos fechamentos serem sombreados e, também, Q = 103,74 x 6 = 622,44W
a influência que a cor externa têm no ganho de calor
dentro da edificação, quando o fechamento está ensola- Se essa superfície não fosse ensolarada, ou seja, não
rado. E os fechamentos transparentes? Lembra-se que, existisse a radiação incidente (I), teríamos as seguin-
além de transferir calor por radiação e convecção, tam- tes densidades de fluxo de calor e fluxo de calor:
bém há a transmissão direta? Por isso, para essas su- q = 5,79 x 8 = 46,32W/m²
perfícies precisamos conhecer o Fator Solar, vamos lá? Q = 46,32 x 6 = 277,92W
O fator solar (Fs) é a razão entre a quantidade
de energia solar que penetra por meio da superfí- Mais uma vez, podemos observar a importância
cie, pela energia incidente. Portanto, ele vai variar do sombreamento, principalmente das superfícies
de material, para material. No caso das superfícies transparentes. Seu ganho de calor é muito maior que
transparentes, para calcular a densidade de fluxo de o da parede preta do exemplo anterior. Portanto, é
calor, utilizaremos a fórmula a seguir: por meio desses fechamentos que temos a maior en-
q = (U x Δt) + (Fs x I), na qual trada de calor nas edificações.
q = densidade de fluxo de calor (W/m²) É preciso, então, observar os materiais, sua
U = transmitância térmica (W/m²K) orientação e a proteção que este recebe, para que a
Δt = diferença entre as temperaturas interior e edificação tenha um desempenho térmico adequado
exterior (K) e permita que o usuário sinta-se em bem-estar.

63
CONFORTO AMBIENTAL

64
DESIGN

SAIBA MAIS

Quando falamos de vidros reflexivos, temos


que tomar cuidado sobre as formas e posi-
ções destes. O Edifício 20 Fenchurch Street,
em Londres, mais conhecido como “Walkie
Talkie”, causou grandes transtornos na cidade.
Esse edifício tem um formato côncavo, o que
causa a concentração dos raios solares. Devi-
do à sua implantação, em alguns momentos
do dia, ele causa um reflexo muito intenso.
Isso fez que o edifício causasse sérios proble-
mas com relação ao seu entorno, gerando a
revolta da população, que chegou a fritar um
ovo no local onde o feixe de luz gera um calor
muito grande.

Fonte: adaptado de Joe Weisenthal, Business Insider


(2013, on-line)².

65
CONFORTO AMBIENTAL

Ventilação
Natural
Olá, aluno(a)! Agora você vai entender como acon- utilizada onde a temperatura for menor que 20ºC, nem
tece a ventilação natural nas edificações. Já percebeu maior que 32ºC. Vimos que o sombreamento é a es-
que alguns ambientes são muito bem ventilados, en- tratégia mais importante no nosso país e, em segundo
quanto outros o ar nem se movimenta? É necessário lugar, mas não menos importante, vem a ventilação.
saber promover esta ventilação nos ambientes que Vimos também que há diversas formas de per-
são projetados. der calor para o meio. Uma delas é a convecção, é o
Essa é uma das estratégias que encontramos na que acontece quando o ar passa em movimento pela
carta bioclimática de Givoni e que deve ser utilizada nossa pele e retira o calor. Quando estamos com
em situações nas quais a umidade do ar é maior que muito calor, ligar o ventilador pode ser um alívio,
80% e, também, em locais com umidade menor, po- não é mesmo? Isso acontece porque ele coloca o ar
rém com temperatura entre 27 e 32ºC. Não deve ser em movimento.

66
DESIGN

Uma outra variável que deve ser considerada é


a área útil de ventilação: as janelas quando abertas
tem uma área onde acontece a ventilação efetiva e
isto muda para cada tipo de janela.

Figura 8 - Utilização do ventilador

O vento pode ser desejável no verão e indesejável no


inverno, porém ele nem sempre vem da mesma dire-
ção, por isso é possível planejar essa ventilação. Al-
guns fatores também podem modificar a direção do
vento, como a topografia, a vegetação e as edificações.

Figura 10 - Diversos tipos de janela.

A implantação da edificação tem uma grande influ-


ência na ventilação. Como já foi dito anteriormente,
o vento pode vir de uma direção no verão e de outra
no inverno, por isso a forma como as aberturas loca-
lizam-se influencia no conforto térmico.
A forma como a edificação se integra com a ve-
Figura 9 - Vento indesejável no inverno getação influencia muito no controle da ventilação.
Plantas próximas às aberturas podem diminuir a
Podemos encontrar as informações sobre o vento intensidade do vento, atuando como uma barreira.
de uma determinada região, na rosa dos ventos, ela Elas ainda podem direcionar o vento para as abertu-
reúne algumas informações, como a direção, a velo- ras, quando esta for a necessidade. Tanto vegetação,
cidade e a frequência deste elemento, nas diferentes quanto edificações podem causar sombras de vento,
estações do ano. Devemos analisar estas informa- quanto mais altas e mais largas forem, maior a som-
ções para saber como orientar as aberturas. bra que causam.

67
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 11 - Mansarda

A técnica mais eficaz para promover a ventilação é a vertical. O ar, quando esquenta, sobe, por isso ele
cruzada, na qual o vento precisa ter por onde entrar precisa ter por onde sair; quando temos aberturas
e por onde sair da edificação. Devemos observar as altas, o ar quente sai por estas e o ar fresco é força-
divisórias e repartições dessas edificações e verificar do a entrar pelas aberturas mais baixas. Você verá a
se não estão interrompendo a ventilação. seguir formas de promover este tipo de ventilação.
Há formas de captar o vento, fazendo que ele en- Os lanternins são elementos muito utilizados
tre nas edificações. Isso se dá por meio da ventilação para saída de ar quente, consistem em duas abertu-

68
DESIGN

Para forçar a entrada de ar, podemos utilizar ain-


da os captores de ventos, que são parecidos com as
torres de ventilação, porém devem estar voltados para
o vento predominante. E uma estratégia para forçar a
ventilação, mesmo em dias chuvosos, é a utilização de
peitoris ventilados, assim, a janela não precisa estar
aberta para que haja a ventilação, mas para forçar a
entrada do vento por estas estruturas, precisamos uti-
lizar aberturas altas para saída de ar quente.
Também podemos controlar ou direcionar o ar,
utilizando elementos externos à edificação, antes mes-
mo dele atingi-la. Uma forma de promover a entra-
da do ar nas aberturas é a utilização de beirais, assim
como protetores solares e a própria vegetação. Esta
última pode ser locada também de forma a bloque-
ar e filtrar o vento, quando este for indesejável, o que
também pode ser promovido por elementos vazados.
Você viu anteriormente que, em alguns casos, deve-
mos optar pela ventilação noturna; isto ocorre quando
a temperatura está mais alta e a umidade do ar mais
baixa. O ar frio deve entrar na edificação nesse período
para retirar o calor das estruturas, lembrando que, para
ser eficiente, precisamos ter uma saída de ar quente.
Portanto, a ventilação deve ser explorada sempre
que você observar temperaturas mais altas, princi-
palmente quando a umidade relativa do ar também
estiver acima dos limites, pois é nesse momento que
o usuário tem maior dificuldade em perder calor por
evaporação e precisa da convecção para ajudá-lo.

ras zenitais na cobertura, o que favorece a ventila-


ção cruzada. Outro elemento que pode ser utiliza-
do na saída de ar quente é a mansarda, que ventila
a região do telhado, chamada ático. As torres de
ventilação têm a mesma função e, para que fun-
cionem, devem estar voltadas contrárias ao vento
predominante.

69
CONFORTO AMBIENTAL

Geometria
Solar
Para finalizar o nosso conteúdo de conforto térmi- de uma forma melhor, pensando nestes pontos.
co, você vai compreender como acontece a trajetória Então, vamos lá! Primeiro, você precisa lembrar
solar. Esse estudo se dá por meio da geometria solar. como acontecem os movimentos da Terra. Ela faz
Neste tópico, você vai entender que é possível deter- dois movimentos, o de rotação e o de translação. O
minar a posição do sol para o local em que está traba- movimento de rotação é o que a Terra faz em torno
lhando, de acordo com a hora do dia e a época do ano. do seu próprio eixo, esse movimento resulta nos dias
A geometria da insolação determina graficamen- e nas noites. Enquanto o movimento de translação é
te a posição do sol, de acordo com a latitude, a hora o que a Terra faz em torno do sol, que dura aproxi-
do dia e a época do ano. Você vai aprender a fazer a madamente 356 dias e 6 horas.
leitura desse gráfico, o que será importante para que A Terra percorre esta trajetória com uma incli-
saiba os momentos em que o sol vai entrar pelas aber- nação em seu eixo de 23º27’ em relação à Linha do
turas, em que horas do dia bate sol em determinada Equador. Isso vai definir os dois trópicos existen-
área do piso ou da parede. Você determinará o layout tes, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio.

70
DESIGN

Por conta dessa inclinação, os hemisférios recebem


quantidades diferentes de radiação em cada época DIA e NOITE
do ano. É por isso que, enquanto para nós aqui no
Brasil é inverno, no hemisfério Norte é verão, e vi-
ce-versa. Isso quer dizer que vem deste movimento,
somado à esta inclinação, as características das esta-
dia
ções do ano.
Temos alguns dias do ano que são muito impor-
tantes com relação às estações. São nesses dias que
sol
elas iniciam-se; para o verão e o inverno, temos os
solstícios e, para a primavera e o outono, temos os terra
equinócios. Vamos observar as características destes noite
dias. No equinócio, o Sol incide perpendicularmen-
te à Linha do Equador, dias e noites têm o mesmo
tempo de duração. Aliás, o nome equinócio vem Figura 12 - Movimento de rotação resulta nos dias e nas noites

dessa característica, significa “dias iguais às noites”.


No Hemisfério Sul, o Equinócio de primavera ocor- A posição que o Sol se encontra na abóbada celeste
re em torno de 23 de setembro, enquanto o de outo- será identificada por você por meio de dois ângu-
no, em 21 de março. los, chamados azimute e altura solar. O azimute (A)
Os solstícios têm características bem diferentes indica a projeção da trajetória do Sol em relação ao
dos equinócios. Em torno do dia 21 de junho, acon- Norte, varia de 0º a 360º. Já a altura solar (H) indica
tece o início do inverno no Hemisfério Sul, temos o ângulo que o Sol forma com o horizonte, este vai
a noite mais longa do ano, é quando o Sol incide variar de 0º a 360º. Por conta do movimento aparen-
perpendicularmente ao Trópico de Câncer. Já próxi- te do sol, estes ângulos vão variar de acordo com três
mo do dia 23 de dezembro, temos o início do verão fatores: hora do dia, dia do ano e latitude.
no Hemisfério Sul, esse é o dia mais longo do ano,
quando o Sol incide perpendicularmente no Trópi-
co de Capricórnio.
A sensação que as pessoas que estão na Terra
têm é de que o Sol que se movimenta ao seu redor e,
por muito tempo, acreditou-se nisto. Observe o céu:
você vai perceber que esse movimento é percebido
como uma circunferência na esfera celeste. Se con-
siderarmos um determinado dia e horário, pessoas
que estão em latitudes diferentes, observarão o Sol
em diferentes posições. Isto é o que chamamos de
trajetória aparente do Sol. Figura 13 - Movimento de translação, caracterizando as estações do ano

71
CONFORTO AMBIENTAL

Na carta solar, você vai observar esses ângulos e para demonstrar a utilização desse diagrama. Va-
será capaz de determinar a posição do sol de acordo mos iniciar, fazendo a leitura dos azimutes e alturas
com os fatores citados acima. Ela será um diagrama solares, nos dias de solstícios e equinócios, em três
que representa as projeções das trajetórias do sol du- horários diferentes.
rante todo o ano. Nessa carta, consideramos a Terra O procedimento para retirar as informações da
fixa e o Sol fazendo o movimento em torno dela. Carta Solar é o seguinte: para encontrar o Azimute:
Em cada época do ano, o Sol muda a sua trajetória. o azimute vai de 0º a 360º em relação ao Norte, dia
Podemos observar na carta solar que nas extremidades 22 de dezembro às 9 horas da manhã: com uma ré-
estão os dias de solstícios de inverno e verão, e a linha gua e uma lapiseira, pegar o ponto central da carta,
do centro representa o equinócio. As informações que esse ponto é o ponto do observador. Ligue o ponto
vamos encontrar nessa carta são: hora do dia, época do do observador até o ponto do horário, 09:00 até che-
ano, altura solar, azimute solar e trajetória do sol. gar na linha externa do círculo (azimute). O valor
encontrado é o valor do Azimute, 100º.
TRAJETÓRIA
SOLAR HORÁRIO
DO DIA

AZIMUTE ALTITUDE
SOLAR SOLAR

Figura 14 - Carta Solar e seus elementos de composição


Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (1997).
Figura 15 - Geometria Solar, Azimute e Altura Solar
Fonte: Adaptada de Frota e Shiffer (2003).

Por meio das informações desse diagrama, você po-


derá determinar se o sol vai entrar por uma deter- Para encontrar a altura solar, que vai de 0º a 90º em
minada abertura, por qual período isso acontece e se relação à altura do Sol, pegue um compasso, coloque
há necessidade de protegê-la. Isso pode ser determi- a ponta seca no ponto do observador e a ponta com
nante até mesmo para a determinação do layout do grafite no horário, depois trace um arco no sentido
ambiente que você vai desenvolver o projeto. horário até chegar na linha da Altura Solar, o valor
Vamos utilizar a carta solar da cidade de encontrado será a altura do Sol, em relação a 90º da
Maringá-PR, localizada à uma latitude de 23º25’S Terra, nesse caso 50º.

72
DESIGN

Figura 16 - Carta Solar de Maringá (Latitude 23º25’) gerada por meio


do programa Sol-Ar

Dia Hora
9h 12h 15h
22/Dez H= 50º H= 90º H= 50º

A= 100º A= 0º A= 260º
21/Mar
H= 40º H= 80º H= 40º
23/Set

A= 70º A= 0º A= 290º
22/Jun H= 25º H= 42º H= 25º

A= 45º A= 0º A= 315º
Tabela 9 - Análise de altura e azimute solar na carta solar de Maringá

Por meio dos dados encontrados, podemos constatar


que os azimutes ao meio dia são sempre 0º, conside-
rando-se o horário solar. As alturas solares, para um
mesmo dia, às 9h e às 15h serão sempre as mesmas e os
azimutes serão complementares, ou seja, ambos com a
mesma distância angular do norte. Isso acontece pois
esses horários são simétricos em relação ao meio-dia.

73
considerações finais

Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vimos sobre o conforto ambiental térmico, sobre
seu conceito e sua aplicação. No tópico I, aprendemos que o homem é um animal
homeotérmico, o que quer dizer que o homem é capaz de manter a temperatura
interna do corpo constante. Aprendemos também sobre as exigências do corpo hu-
mano em relação ao calor e ao frio. Que o corpo humano utiliza os mecanismos de
termorregulação para cada tipo de clima, sendo que, no verão, quando estamos com
calor, acionamos a vasodilatação e, no inverno, é acionada a vasoconstrição, e isso
nos garante, inclusive, a sobrevivência.
Aprendemos também que cada material tem uma resistência térmica diferente e
sua aplicação em ambientes pode afetar diretamente a qualidade térmica do espaço.
Entendemos também como calcular a quantidade de calor que um material deixa
atravessar por ele.
Vimos, ainda, a geometria solar e compreendemos que, por meio da carta solar,
podemos identificar, para determinadas datas do ano e horário, em qual lugar o Sol
estará, para assim podermos trabalhar de forma adequada os ambientes. No Verão,
devemos proteger os ambientes, evitar que a radiação solar entre direto no ambiente,
pois o que queremos é luz solar e não o calor. Já no inverno, trabalhamos os ambien-
tes de forma que a radiação solar, calor, entre nos ambientes, por isso o sol é mais
baixo nessa estação, para nos aquecer.
O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, apresenta grande variação
de clima, como vimos no mapa. Por isso temos que ter em mente que uma solução
para o Sul do país, em relação ao conforto térmico, não é a mesma que vai ser uti-
lizada para o Norte do país. É necessário entender e estudar o clima da região que
estamos trabalhando para desenvolver melhor as soluções projetuais dos ambientes
que estamos projetando.
Espero que após a leitura desta unidade o assunto esteja mais claro, entendendo
que será durante as aulas que a aplicação de toda essa teoria fará mais sentido. Bons
estudos!

74
LEITURA
COMPLEMENTAR

Prezado(a) Aluno(a), o texto para leitura é de um Artigo que fez um estudo sobre o con-
forto térmico e ambientes naturalmente ventilados. Boa Leitura!

Conforto térmico e ambientes naturalmente ventilados.


Avaliação de conforto térmico

A proposta de avaliação de conforto térmico apresentada pela norma americana STAN-


DARD 55 (2010, p. 5) é identificar condições térmicas aceitáveis para a maioria dos ocu-
pantes de espaços internos, já que “é difícil satisfazer a todos os ocupantes em um
espaço, visto que existe grande variações fisiológicas e psicológicas entre os ocupantes
de um espaço”. Ao considerar os aspectos psicológicos a norma considera que “dimen-
são psicológica de adaptação, pode ser particularmente importante em contextos onde
as interações das pessoas com o meio ambiente (ou seja, controle pessoal térmico),
ou diversas experiências termais, podem alterar as suas expectativas e, assim, a sua
sensação térmica e satisfação” (CANDIDO e DEAR, 2012, p. 85).
Para esta norma existem fatores principais e secundários a serem considerados ao se
fazer uma análise de conforto térmico. O “seis fatores principais que devem ser abor-
dados quanto a definição das condições de conforto térmico são: taxa metabólica, iso-
lamento roupas, temperatura do ar, temperatura radiante, velocidade do ar, umidade”
STANDARD 55 (2010, p. 5) e deixa claro que os outros fatores podem afetar a percepção
de conforto, embora não possam ser determinados ou mensurados cientificamente.
A norma internacional ISO 7730 (2005, on-line, p. 5)¹ diz que “sensação térmica de um
ser humano é principalmente relacionado ao equilíbrio térmico do seu corpo como
um todo. Este equilíbrio é influenciado pela actividade física e vestuário, bem como os
parâmetros ambientais: ar temperatura, temperatura radiante média, velocidade do
ar e umidade do ar”. Assim sendo a norma diz: “o conforto térmico é uma condição da
mente que expressa satisfação com o ambiente térmico”. Tal conceito corrobora com
o apresentado pela norma americana em muitos aspectos porém não considera as-
pectos psicológicos ao relacionar a percepção com o condições térmicas do ambiente.
Um estudo sobre a “influência do conforto térmico na atenção e memória em estudan-
tes universitários” BATIZ, E. C, GOEDERT, J, (2006) avalia uma proposta de análise sub-
jetiva de conforto térmico que aborda a natureza física, fisiológica e psicológica frente

75
LEITURA
COMPLEMENTAR

aos métodos abordados nas normas supracitadas. No resultado da pesquisa há uma


coincidência entre a sensação térmica percebida pelos estudantes quando da aplicação
do questionário subjetivo e os valores de PMV usado pela ISO. Porém não foi achado,
até o momento, na engenharia de produção mais nenhuma outra pesquisa que usa
este método, dando a entender que pode ser mais usado em avaliações com forte
carga psicológica.
Tipos de Ambientes na análise de conforto térmico
Os parâmetros ambientais tradicionalmente analisados em estudos de conforto térmi-
co em ambiente térmicos moderados são realizados em dois tipos de espaços: estáti-
cos e não estáticos. Os estáticos, ou seja, os que possuem suas variáveis controladas
artificialmente, geralmente são os estudos de laboratórios que iniciaram como estudo
de Fanger (1970) em câmaras climatizadas, que referenciam vários estudos e fornece-
ram subsídio dados que atualmente são usados em pesquisas realizados em situações
reais com o intuito de minimizar discrepância e obter maior precisão relacionados aos
fatores ambientais, bem como entender como os indivíduos reagem em situações nor-
mais de desconforto.
Estudos de conforto térmico podem ainda ser desenvolvidos em espaços não controla-
dos e nestes as variáveis ambientais podem alterar-se bastante em um mesmo espaços
de estudo, tanto ao longo do dia, quanto ao longo do ano e das características geográfi-
cas de onde este estudo é realizado, um exemplo são os ambientes naturalmente venti-
lados, Candido e Dear (2012, p. 81) em seu estudo revisional apresenta a “mais recente
revisão da ASHRAE 55 (2010) que incorpora a dialética entre as abordagens estática e
adaptativa de conforto térmico, propondo recomendações diferentes para edificações
com ar-condicionado e naturalmente ventilados”.
Uma das novas abordagens do conforto térmico em estudo é a que pesquisa os am-
bientes ventilados naturalmente, apontados como uma boa alternativa para atender
parâmetros ambientais no ambiente construído, principalmente os relacionados à efi-
ciência energética. Estas pesquisas buscam identificar e mensurar variáveis internas
que sofrem interferências nas condições ambientais externas, a influência do envelope
sobre as condições térmicas, bem como garantir que o homem mantenha-se em uma
faixa de conforto.

76
LEITURA
COMPLEMENTAR

Pereira et al. (2011, p. 3391) deixa claro que “existe uma influência do envelope sobre
o desempenho térmico” assim como o artigo de Rodrigues e Souza (2012, p. 193) que
aborda a ventilação natural como estratégia para o conforto térmico apresenta esta
complexidade ao concluí que “um projeto adequado de ventilação natural deve ser ava-
liado em detalhes, observando-se as condições climáticas e condições de vento locais,
para se ter ótimos resultados. No entanto, em função da complexidade das condições
de contorno e da imprevisibilidade das forças naturais, é muito difícil de se definirem,
corretamente, as condições de velocidade e a direção do vento, pois se trata de forças
variáveis, que não se pode controlar, como na ventilação mecânica”...

Fonte: Oliveira, Xavier e Torres. (2013, on-line).

77
atividades de estudo

1. As variáveis climáticas definem as características dos climas. As principais variáveis


que temos são: Radiação Solar, Temperatura do Ar, Velocidade do Ar e Umidade.
Sobre estas variáveis, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
I. Em climas secos, ocorrem grandes picos de temperatura durante o dia, por conta da
falta de vapor d’água na atmosfera. Uma estratégia para amenizar esse desconforto
do usuário é a utilização de paredes com baixa capacidade térmica, ou seja, que têm
capacidade de reter o calor em seu interior.
II. Nos climas muito úmidos, o usuário não consegue perder calor por evaporação, por isso
é necessário utilizar estratégias como a ventilação para melhorar o conforto térmico.
III. As condições do vento local podem ser alteradas com a presença de vegetação, edi-
ficações e outros anteparos naturais ou artificiais; permitindo tirar partido deles para
canalizar os ventos desviando-os ou trazendo-os para a edificação.
IV. A vegetação pode interceptar entre 60% e 90% da radiação solar, causando uma
redução da temperatura do solo. Isso acontece porque o vegetal absorve parte da
radiação solar para seu metabolismo.
a. Apenas as alternativas III e IV estão corretas.
b. Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.
c. Apenas as alternativas II e III estão corretas.
d. Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.
e. Todas as alternativas estão corretas.

2. O profissional precisa entender os conceitos de transmissão de calor e comporta-


mento térmico dos fechamentos para dimensionar e especificar corretamente as
aberturas e materiais a serem empregados na obra. Esses fechamentos podem ser
opacos ou transparentes, sobre este assunto, assinale a alternativa CORRETA:
I. Os fechamentos transparentes diferenciam-se dos opacos por uma determinada
característica chamada transmissividade térmica, que é a capacidade de transmitir
diretamente a radiação solar.
II. Nos fechamentos opacos, a absorção de calor é decorrente da cor superficial do
material. Em relação à absorção, quanto mais clara for a superfície menos calor ela
absorve.
III. Os fechamentos transparentes mais comuns, quando evitam a entrada de calor, dimi-
nuem também a entrada de luz natural, isso ocorre, pois as ondas curtas dividem-se
em ondas visíveis e infravermelhas.
IV. A transmissão de calor pelos fechamentos ocorre pela diferença das temperaturas
externa e interna, o sentido do fluxo é do local mais frio para o local mais quente.
Sendo que nas paredes isto ocorre de forma horizontal e nas lajes de forma vertical.

78
atividades de estudo

V. Podemos utilizar algumas variáveis para amenizar o ganho de calor pelos fechamen-
tos transparentes, são elas: proteções internas e externas, tipo de vidro, dimensões
e orientação da abertura.

As alternativas corretas que melhor correspondem ao enunciado do exercício são:


a. Apenas I e II.
b. Apenas II, III e IV.
c. Apenas II e V.
d. Apenas I, II, III e V.
e. Apenas II, III, V e IV.

3. Os materiais opacos têm características como: resistência térmica, condutividade


térmica e transmitância térmica. Estas características têm relação com a densidade
e a espessura das paredes. Fazendo uma relação entre os elementos citados acima,
assinale a alternativa CORRETA:
I. Materiais de menor densidade, como o isopor, têm resistência maior que os de
maior densidade.
II. Materiais muito densos, como o concreto, conduzem menos calor por unidade de tempo.
III. Se compararmos duas paredes de mesma condutividade e espessuras diferentes, a
de maior espessura será a mais resistente.
IV. Se compararmos duas paredes de mesma espessura, será mais resistente a que
tiver menor condutividade.
V. As paredes de maior resistência têm menor transmitância, ou seja, transmitem me-
nos calor.

As alternativas corretas são:


a. I, II, V e IV.
b. II, III, IV e V.
c. I, III, V.
d. I, II, III e V.
e. I, II e III.

4. Na Carta Bioclimática de Givoni, encontramos estratégias de projeto para o conforto


do usuário nas edificações. Sobre estas estratégias, assinale a alternativa CORRETA:
I. Nas condições delimitadas pela Zona de Conforto, há uma grande probabilidade de
que as pessoas se sintam em conforto térmico no ambiente interior.

79
atividades de estudo

II. Entre as zonas de ventilação, resfriamento evaporativo e massa térmica para res-
friamento acontecem algumas interseções. Nessas áreas do gráfico, mais de uma
estratégia devem ser adotadas, inclusive simultaneamente.
III. O sombreamento é uma das estratégias mais importantes no Brasil. Essa estratégia
deve ser utilizada sempre que a temperatura do ar for superior a 20ºC, até mesmo
na Zona de Conforto.
IV. Em algumas regiões, o clima pode ser muito severo, ultrapassando os limites de
temperatura e umidade relativa que tornam possível a aplicação de algum sistema
passivo para resfriamento ou aquecimento. Nesses casos, recomenda-se o uso de
aparelhos de ar-condicionado, para refrigeração, e de aquecimento artificial.
V. No clima quente e úmido, a ventilação cruzada é a estratégia mais simples a ser
adotada, fazendo que a temperatura interior acompanhe a variação da temperatura
exterior. A ventilação é aplicável independentemente da temperatura exterior.

As afirmações corretas que correspondem à Carta Bioclimática de Givoni são:


a. II, IV e V.
b. III, IV e V.
c. I, II, III e V.
d. II, III, V.
e. I, II, III e IV.

5. Para a compreensão do comportamento térmico das edificações, é necessária uma


base conceitual de fenômenos de trocas térmicas. Esse conhecimento permite tam-
bém melhor entendimento acerca do clima e do relacionamento do organismo hu-
mano com o meio ambiente térmico.
As trocas térmicas entre os corpos advêm de uma das duas condições básicas:
• existência de corpos que estejam a temperaturas diferentes.
• mudança de estado de agregação.
Os mecanismos de trocas de térmicas secas são:
a. convecção, radiação e condução.
b. convecção, precipitação e evaporação.
c. vaporização, radiação e condução.
d. convecção, radiação e evaporação.
e. condensação, radiação e evaporação

80
Manual do Conforto Térmico
Anésia Barros Frota, Sueli Ramos Schiffer
Editora: Studio Nobel
Sinopse: esta obra é um instrumento de trabalho fundamental
para estudantes e profissionais ligados à área de construções,
arquitetura e urbanismo. O autor procurou revelar aspectos
tecnológicos do conforto térmico a um nível compatível com a prática de projetar.

O site a seguir apresenta soluções para edificações eficientes em diferentes cidades.


Acesse: <http://projeteee.ufsc.br/>.

Link 1: Reportagem feita pela EPTV sobre conforto térmico, mostrando a Fazenda Santa Ger-
trudes e o prédio do Campus 2 da USP - São Carlos.
Parte 1 - disponível em: <htps://www.youtube.com/watch?v=OjlgD1ftxuEI>.
Parte 2 - disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=noJqdGL5HZ0>.
Parte 3 - disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kLBqRw7bD8Q>.
referências

FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual do Conforto Térmico. 8. ed. São Paulo:


Studio Nobel, 2003.
IBGE. O clima brasileiro. Disponível em: <http://7a12.ibge.gov.br/vamos-co-
nhecer-o-brasil/nosso-territorio/relevo-e-clima.html>. Acesso em: 28 nov. 2016.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arqui-
tetura. 3. ed. Procel: Rio de Janeiro, 1997.
LAMBERTS, R.; XAVIER, A. A. P. Conforto térmico e Stress Térmico. Labee:
Florianópolis, 2002.
OLIVEIRA, E. A. S.; XAVIER, A. A. P.; TORRES, F. Conforto térmico e am-
bientes naturalmente ventilados. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia da
Produção. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_
TN_STO_180_031_22778.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2016.

Referências On-Line
¹ Em: <http://www.buildingreen.net/assets/cms/File/ISO_7730-2005.PDF>.
Acesso em 11 dez. 2016
² Em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-138854/reflexo-do-walkie-talkie-fa-
z-carros-derreterem>. Acesso em: 06 nov. 2016

82
DESIGN

1. B
2. D
3. A
4. E
5. A

83
CONFORTO ACÚSTICO

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professor Esp. Alexandro Gasparini Larocca
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O som
• O ruído e o ambiente interno
• Formas do ambiente interno
• Materiais acústicos e o tempo de reverberação

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o fenômeno do som.
• Diferenciar os tipos de ruídos e as soluções para cada um deles.
• Entender como os materiais e as formas influenciam no ambiente
interno.
• Calcular o tempo de reverberação, saber adequar o ambiente
acusticamente.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!


Esta unidade tem como objetivo expor os assuntos relacionados à
acústica. A ideia é que você aprenda, primeiramente, os conceitos da
acústica, o que são e seus significados para que, nas próximas unidades,
com a abordagem de novos assuntos, você consiga compreender melhor
o assunto, pois esses conceitos acabam se repetindo outras vezes.
Antes de iniciar o nosso conteúdo, iremos definir o que é acústica,
para que você, caro(a) aluno(a), já saiba sobre o que iremos estudar neste
capítulo do livro. Então, Acústica é a disciplina que estuda os fenômenos
do som e a sua interação com nossos sentidos. Com esse estudo, pode-
mos trabalhar de forma que consigamos minimizar as condições desfa-
voráveis, como os ruídos, em ambientes.
É importante ressaltar que, neste capítulo, iremos trabalhar exclusi-
vamente com a Acústica e, para que tenham uma boa compreensão do
assunto, iremos no primeiro tópico abordar os conceitos. Logo em segui-
da, iremos aprender o que é ruído e como esse ruído se propaga em um
ambiente interno. Importante também saber como que a forma de deter-
minado ambiente influencia na propagação do som, bem como entender
o que é reflexão, absorção e transmissão, para que possamos entender da
melhor forma possível o que acontece com o som quando incide em uma
parede, por exemplo.
Depois de entendermos os conceitos, o que é som, ruído, seus meios
de propagação e sua divisão, iremos aprender sobre os materiais acústi-
cos. Estes são divididos em materiais absorventes e materiais isolantes
e, com esse conhecimento, você poderá aplicar esse entendimento nos
cálculos de absorção sonora em um ambiente, bem como saber se deter-
minado ambiente é adequado em relação ao seu tempo de reverberação
ideal, pois, como iremos estudar, cada ambiente, dependendo de sua fun-
ção, tem um tempo de reverberação ideal que devemos atingir.
Bons estudos!
CONFORTO AMBIENTAL

O Som
Caro(a) aluno(a), para iniciarmos o nosso estudo pois nem toda vibração pode ser percebida.
sobre Acústica, é necessário primeiro entender al- Entendida a natureza do som, precisamos tam-
guns conceitos que aparecerão durante o curso. Es- bém entender o que é o som. Conforme Bistafa
ses conceitos são importantes para a boa compreen- (2011), som é a sensação produzida no sistema au-
são da acústica e suas características. ditivo. Essa sensação é produzida pelo movimento
Primeiro precisamos entender sobre a natureza organizado das moléculas que compõem o ar e que
do som. O som tem sua origem na vibração de um se propaga até ser captada pelos nossos ouvidos.
objeto, provocando a vibração de partículas do meio. Outro item que precisa ser explorado é a Onda
No nosso caso da construção, essas partículas são a Sonora que é caracterizada pela Frequência. Segun-
do ar e os materiais de construção; depois disso, o do Silva (2005), é chamado de frequência o número
som é captado pelo ouvido humano. Nos nossos es- de oscilações completas por segundo. Elas são medi-
tudos, quando falamos de vibração, estamos falando das em ciclos de segundo (c.p.s.) ou em Hertz (Hz) e
apenas daquela que é percebida pelo ouvido humano, determina se o som é grave ou agudo.

88
DESIGN

Por exemplo: desempenho acústico em ambientes: o comprimen-


250 ciclos por segundo = 250 Hertz to de onda. Esse comprimento de onda é represen-
2.000 ciclos por segundo = 2.000 Hertz tado pela letra λ.

Na percepção do som pelo ouvido humano, é per-


SAIBA MAIS
cebido as faixas de frequência de 20Hz a 20.000Hz,
sendo que 20Hz é percebido um som mais grave, en-
quanto que, quanto mais se aproxima dos 20.000Hz, A unidade de frequência é conhecida como
percebe-se um som mais agudo. As faixas de Hertz em homenagem ao físico alemão Hein-
rich Rudouf Hertz (1857 - 1894), que provou
frequência ainda podem ser classificadas abaixo de que a eletricidade podia ser transmitida por
20Hz como infra som, que não são perceptíveis pelo meio de ondas eletromagnéticas. Com seus
ouvido humano e somente alguns animais emitem e estudos foi possível a criação do telégrafo
sem fio e do rádio.
são capazes de ouvir esse som, como os cachorros e
Fonte: adaptado de Bistafa (2011).
elefantes, e de sons acima de 20.000Hz, sendo deno-
minados de ultrassom, também não perceptível pelo
ouvido humano, são utilizados em exames clínicos
e navios, e os animais como morcegos e golfinhos A relação entre a frequência e o comprimento de
podem ouvir e emitir esse som. onda é de entendimento, pois, conforme Souza et
al. (2012), elas são inversamente proporcionais:
quanto maior a frequência, menor o comprimento
de onda, e quanto menor a frequência, maior é o
comprimento de onda. A velocidade de propaga-
ção do som no ar é de 344m/s, com temperatura
ambiente a 20ºC (na água essa velocidade chega a
1.500m/s), sendo que as frequências perceptíveis,
ou seja, aquelas entre 20Hz e 20.000Hz, possuem
comprimentos de ondas de 17m para a faixa de
20Hz e 17mm para faixa de 20.000Hz, conforme
a Figura 2.

Figura 1 - Frequência sonora

Segundo Souza et al. (2012), em relação à onda so-


nora, se for considerada a distância entre duas vibra-
ções seguidas a partir de uma única fonte, ou seja, a
distância que o som percorre a cada ciclo completo, Figura 2 - Comprimento de Onda
tem-se uma das características fundamentais para o Fonte: adaptada de Souza et al. (2012).

89
CONFORTO AMBIENTAL

A maioria dos sons que podemos ouvir são sons Segundo Valle (2009), são vários os fatos que expli-
complexos, pois um mesmo som possui várias fre- cam a conveniência de utilizar o decibel para medir
quências enquanto que um som puro, ou tom puro, as variações de um som:
tem somente uma faixa de frequência. • 1dB é a menor diferença sonora que o ouvido
humano consegue perceber.
INTENSIDADE SONORA • Variação para um valor maior produz valor
Intensidade sonora é a qualidade que permite ao positivo de dB, enquanto que uma variação
menor produz um valor negativo de dB.
ouvido diferenciar os sons fortes, ou seja, a energia
• 0dB significa que não houve variação.
que o som chega até o receptor. A intensidade so-
• Se a variação for para zero de potência, temos
nora varia aproximadamente com o logaritmo de
-∞dB
intensidade do som e é medida em W/m². O valor
de referência adotado internacionalmente é de 10-12 E para fazermos as medições em ambiente internos,
W/m², pois esse valor é próximo da intensidade mí- utilizamos o sonômetro, que nos dá o resultado em
nima audível a 1.000 Hz que corresponde ao valor decibel, dB(A), que é a escala audível.
de 0dB na escala dos decibéis (SOUZA, et al. 2012).
O comportamento da onda sonora, consideran-
do o som direto, ou seja, raio sonoro sem obstácu-
los ou interferências, tende a se propagar na forma
de uma esfera, sendo assim, a intensidade ou nível
sonoro diminui logaritmicamente à medida que se
afasta do som.

A ESCALA DECIBEL
A escala decibel (dB) é uma escala logarítmica, não
é unidade de medida, sendo utilizada para facilitar
os estudos acústicos. Foi nomeada em homenagem
ao inventor Alexander Graham Bell e se aproxima
da percepção do ouvido às flutuações da pressão e
da intensidade sonora. Para utilizar a escala logarít-
mica, é necessário utilizar o valor de referência, já Figura 3 - Aparelho Sonômetro, utiliza-
citado de 10-12W/m². do para medição de dB

90
DESIGN

SOMATÓRIA DE DECIBÉIS
É importante lembrar que, quando temos diversas Quando tivermos uma diferença de 10dB ou mais
fontes sonoras e precisamos saber qual é a somató- entre a fonte menor e a fonte sonora maior, o valor
ria dessas fontes, elas não podem ser somadas de da somatória será aproximado ao da fonte sonora de
forma simples. Souza et al. (2002) dizem que essa maior valor.
adição simples não pode acontecer, porque, como Vimos assim alguns conceitos relacionados à acús-
já foi dito anteriormente, o decibel é uma escala tica de forma geral. Esses conceitos se fazem neces-
logarítmica e, quando as fontes são sobrepostas, o sários, pois com o decorrer do curso serão vistos nas
valor máximo que será acrescentado é o de 3dB. A aplicações da acústica e, para um entendimento me-
somatória das fontes sonoras são expressas na se- lhor das leituras, você já conhece seus significados.
guinte fórmula:

Na qual:
LPtotal é o valor que queremos encontrar
Lp1, Lp2, Lp3 é o valor das fontes sonoras.

Por exemplo, temos duas fontes sonoras de 70dB


cada, quando aplicamos na fórmula, teremos um
acréscimo de 3dB, ou seja, a somatória de duas fon-
tes de mesmo valor é 73dB.
Exemplo de cálculo: ao menos 4 fontes sonoras
foram identificadas em um escritório: na circulação
das salas 69dB; na sala de reuniões 60dB; no equi-
REFLITA
pamento de ventilação 68dB e 70dB a conversação
de escritórios vizinhos. Devemos então calcular a
intensidade total do escritório: Toda a música que não pinta nada é apenas
um ruído.

Lptotal= 10log (( 10 (69/10) + (10 (60/10) + 10 (Jean Alembert).

(68/10) + 10 (70/10) = 74dB

91
CONFORTO AMBIENTAL

O Ruído e o
Ambiente Interno
Vimos no tópico anterior a definição de som, que é a O RUÍDO
sensação produzida no sistema auditivo, porém essa Conforme apresenta Fernandes (2002), o ruído, em
sensação pode ser agradável (som agradável) ou um sua definição subjetiva, é toda sensação auditiva de-
som indesejável, o ruído, que em geral pode gerar sagradável ou insalubre, enquanto que, por defini-
sensações desagradáveis ou até mesmo irritante. ção da física, diz que é todo fenômeno acústico sem
Além disso, seja o som agradável ou um ruído, componentes harmônicos definidos.
para que seja sentido, ouvido, é preciso que ele se A questão dos ruídos é complexa e subjetiva
propague, se espalhe no ambiente, e isso é base fun- para podermos distinguir se determinado som é
damental para a ciência de conforto acústico. Dessa ou não um ruído. Apesar de alguns sons poderem
maneira, precisamos compreender melhor esses ser classificados como ruídos, devemos prestar
dois conceitos, ruído e propagação do som, para as atenção ao contexto em que ele está inserido, pois
tomadas de decisões quanto a projetos de ambientes. pode ter diferente conotação em diferentes casos.

92
DESIGN

Por exemplo, o sobrevoo de um helicóptero, se for


Relação entre Ruídos e Bem estar
durante o período noturno, quando as pessoas estão
dormindo, pode ser classificado como um ruído, mas Repousante 0 - 50 dB

no caso de uma pessoa que necessite de socorro pelo Incomodativo 50 - 80 dB


helicóptero, já não é um ruído (BISTAFA, 2002).
Fatigante 80 - 100 dB
Souza et al. (2012) ainda dizem que até mesmo
uma música pode ser considerada um ruído, a partir Perigoso 100 - 120 dB

do momento em que ela atrapalha o andamento de Doloroso 120 - 140 dB


uma atividade; nos objetivos do espaço, prejudican-
Tabela 1 - Relação entre Ruídos e o Bem Estar
do a função de determinado ambiente, o som é con- Fonte: Brasil, Ministério do Trabalho, NR 15 (1990, on-line).
siderado um ruído.
Por isso, chamamos atenção, caro(a) aluno(a), Então, caro(a) aluno(a), devemos tratar a questão
nesse quesito de o que é ou não ruído, pois, quan- de ruídos em ambientes de forma responsável, pois,
do iremos resolver um problema de acústica em um como visto no parágrafo anterior, ele não é apenas
ambiente, devemos desenvolver nossa habilidade uma causa simples de incômodo, podendo levar a
acústica, ou seja, ter sensibilidade para entender os doenças e problemas de saúde gravíssimos.
problemas de ruídos e quais os ruídos devem ser tra-
tados no ambiente, para que possamos tomar deci-
SAIBA MAIS
sões projetuais da forma mais assertiva nos projetos.
Ainda Bistafa (2002) diz que, na maioria das ve-
zes, os ruídos geram sensações indesejáveis ou até Em relação ao som, podemos citar como
exemplo as cordas de um violino: elas não
mesmo problemas de saúde como: em níveis eleva- produzem sons quando seguramos uma
dos e se exposto ao ruído por longo período, este de suas extremidades e movemos de baixo
pode causar a perda da audição (efeito fisiológico), para cima. As cordas precisam ser instala-
das de forma adequada no violino e, quan-
incômodos, como perturbação do sono, stress, que- do as fazemos vibrar com o arco, geram
da de desempenho (efeito psicológico). som. Se quem estiver tocando o violino não
Nesse sentido, Souza et al. (2012) ainda com- for um músico, surgem sons, porém sem
harmonia, diferente de quando um músico
plementam que, nos casos de efeitos físicos, o ruí- toca o instrumento, gerando sons harmô-
do pode causar dores de cabeça, fadiga, distúrbios nicos. Então é possível concluir que ruído
cardiovasculares, distúrbios hormonais, gastrite, também pode ser definido como um som
sem harmonia.
disfunções digestivas, alergias e, no caso dos efeitos
psicológicos, perda de concentração e de reflexos, Fonte: adaptado de Bistafa (2011).

sensação de insegurança e a irritação permanente.

93
CONFORTO AMBIENTAL

Fonte do Ruído Intensidade Sonora - db(A) Característica orgânicas

Acima do Limiar da Dor.


• Avião a 5 metros 130 - 140
Surdez permanente

• Discoteca
Atinge o limiar da dor e por
• Martelo pneumático a 5 metros 110 - 130
causar surdez instantânea
• Buzina de automóvel

• Caminhão carregado a 5 metros


Excitante e provoca
• Motor 90 - 110
dependência
• Motosserra a 5 metros

• Despertador a 1 metro
70 - 90 Estressante
• Máquina de lavar roupa 1 metro

• Circulação no interior das habitações Aceitável, porém pode


50 - 70
• Conversação a 5 metros iniciar o stress auditivo

• Ambiente calmo 30 - 50 Confortável

• Vento suave
10 - 30 Silencioso
• Cochilo
Tabela 2 - Intensidade sonora de ruídos e suas características
Fonte: adaptada de Barros (1995).

Ainda os ruídos podem ser classificados como: ru- provenientes do meio urbano ou de vizinhos, não
ídos aéreos, que são os ruídos propagados pelo ar, são totalmente eliminados para ambientes de uso
sendo que em qualquer fresta, por mínimo que seja, comum, esses ruídos só são totalmente eliminados
o ruído vai passar - exemplos: janelas, vão da porta, em casos de ambientes que necessitem de baixa in-
fissuras, paredes, piso, teto etc. E também os ruídos tensidade sonora, que é o caso de estúdios e câma-
de vibração ou impacto, que são os ruídos causados ras acústicas.
por algum tipo de impacto. Porém quando formos tratar os ambientes para
De acordo com Souza et al. (2012), os ruídos de diminuir os ruídos, devemos saber que o tratamento
um ambiente podem ser resultado de atividades ex- varia conforme o tipo de ruído que temos em de-
ternas ou internas. Essas fontes de ruídos determi- terminado ambiente. Aqui iremos aprender mais
nam em conjunto um nível sonoro mínimo nos am- dois conceitos utilizados em acústica dos ambientes.
bientes denominado de ruído de fundo. Esse termo Como já vimos anteriormente, os ruídos podem ser
pode fazer referência aos ruídos gerados no próprio classificados como ruídos aéreos e ruídos de impac-
ambiente ou externo a ele. to ou vibrações de sólidos. Para o tratamento de ru-
O ruído de fundo dos ambientes, seja ele inter- ídos aéreos, utilizamos o termo de isolamento acús-
no - gerado dentro do ambiente: pessoas conver- tico, enquanto que para o tratamento de ruídos de
sando, aparelhos ligados etc., ou externo - ruídos impactos ou vibração utilizamos o termo isolação.

94
DESIGN

Obstáculo
Níveis Sonoros Admissíveis

Bibliotecas/ Sala de Desenho 35 - 45 dB(A)


Som Incidente

Salas de Aula 40 - 50 dB(A)

Dormitórios 30 - 40 dB(A)

Teatros 30 - 40 dB(A) Som Transmitido

Cinemas 35 - 45 dB(A) Som Refletido

Salas de Reunião 30 - 40 dB(A) Som Absorvido

Tabela 3: Níveis Sonoros Admissíveis


Fonte: ABNT 10.152 / 1987.

REFLITA
Figura 4: Esquema de Divisão do Som em um Obstáculo
Fonte: adaptada de Fernandes (2002).
O ruído deve ser entendido e tratado depen-
dendo do caso que precisa ser resolvido. Ruí-
dos iguais em diferentes contextos, requerem Compreendido o que acontece com uma onda sono-
soluções projetuais diferentes.
ra ao incidir sobre um obstáculo, apareceram mais
alguns termos em relação à acústica. Veremos a se-
guir quais seus significados e como funcionam.
Reflexão: uma onda sonora, gerada por um
som, quando encontra uma superfície sólida
PROPAGAÇÃO DO SOM como obstáculo à sua propagação, ela será refle-
Caro(a) aluno(a), entendido o que é ruído e mais al- tida, segundo as leis de Reflexão Ótica. Segun-
guns termos aplicados à acústica, precisamos com- do Fernandes (2002), a reflexão nesta superfície
preender como uma onda sonora se divide ao en- (obstáculo) é diretamente proporcional à dureza
contrar algum obstáculo, uma parede, por exemplo. do material e, conforme Valle (2006), a onda re-
Na Figura 4, vemos como é essa divisão. O som, ao fletida tem o mesmo ângulo de incidência. Por
incidir sobre um obstáculo, se divide de forma que exemplo, materiais como concreto, mármore,
uma parte dessa onda será absorvida pelo obstáculo azulejos, vidros, entre outros refletem quase
(todo material possui um índice de absorção que va- 100% do som incidente.
ria conforme o tipo de material, veremos isso mais
adiante), uma outra parte é refletida, ou seja, volta Um exemplo de reflexão que acontece bastante é
para o ambiente e uma terceira parte é transmitida no banheiro. Quem nunca se sentiu um cantor de
para outro ambiente. ópera no banheiro com a reflexão do som pelos

95
CONFORTO AMBIENTAL

azulejos? Experimente cantar da mesma forma em Transmissão: esse efeito acontece quando o som,
um ambiente sem material reflexivo para ver a di- ou uma parte dele, atravessa uma superfície, uma
ferença. parede, por exemplo, e surge do outro lado de for-
Absorção: como observamos na Figura 5, ma mais atenuada. Segundo Fernandes (2002),
uma parte do som é absorvida pelo obstáculo. esse fenômeno tem as seguintes características: a
Fernandes (2002) diz que a absorção é a pro- onda sonora que incide sobre uma superfície faz
priedade de alguns materiais que impedem que essa superfície vibre, transformando em uma
que o som incidente seja refletido para o am- fonte sonora. Dessa forma, a superfície vibrante
biente. Souza et al. (2012) informa, também, começa a gerar som para a outra face.
que quanto mais poroso o material, maior é a
absorção. Assim como os materiais, pessoas Importante lembrar que os materiais também tem
também são grandes absorvedores de som, por um índice de atenuação de transmissão de som, ou
exemplo em auditórios, a maior parte da ab- seja, dependendo de sua massa (espessura) esse ín-
sorção sonora se deve pelo fato de ter pessoas dice de atenuação em dB será maior ou menor. Ve-
na plateia. remos mais adiante o item materiais.

1 2

Figura 5 - Esquema de como a onda sonora reage a um obstáculo: 1)


absorção; 2) Reflexão e 3) Transmissão.

96
DESIGN

Difusão: para Vallen (2006), a superfície funcio-


na para o som, da mesma forma que uma parede
branca age para a luz: as ondas não são absorvi-
das por essa superfície, mas sim espalhadas para
todas as direções. A difusão consiste em propa-
gar a onda que incide sobre a superfície para to-
das as direções em um ambiente com a mesma
intensidade total. Isso quer dizer que, para cada
direção, irá uma pequena parcela da energia to-
tal. Em relação ao material, não existem materiais
difusores, o que fazemos para difundir o som em
um ambiente é trabalhar as formas e técnicas de
construção, usando materiais não absorvedores,
para produzir a difusão.

Aprendemos então o que é ruído e vimos também


que um mesmo ruído pode ter significados diferen-
tes dentro de um projeto. Por isso quando formos
trabalhar a acústica, precisamos entender qual é o
tipo de ruído que precisamos tratar, qual é a sua fon-
te e quais os métodos existentes. Aprendemos tam-
bém a diferença dos termos, isolamento e isolação,
pois eles são aplicados em casos diferentes, da mes-
ma forma que na próxima unidade iremos aprender
sobre os materiais de isolamento e absorção. Apren-
demos também sobre os fenômenos acústicos: refle-
xão, absorção, transmissão e difusão, pois quando
formos tratar acusticamente um ambiente, precisa-
remos entender como o som se divide dentro de um
ambiente. Os termos aplicados de forma correta e
entendido de formas correta, facilita o trabalho do
Designer no momento da resolução de determinado
problema.

97
CONFORTO AMBIENTAL

Formas do
Ambiente Interno
Caro(a) aluno(a), vimos no tópico anterior as pro- Quando projetamos as formas das superfícies (pa-
priedades sonoras, em relação à propagação do som rede, por exemplo) que irão compor o ambiente, es-
em ambientes. O som que é percebido pelo ouvinte é tamos diretamente determinando a propagação dos
resultante do raio sonoro direto e do refletido. Ao en- raios sonoros pela posição e pelas formas de teto,
contrar uma superfície, vimos que o som pode ser ab- piso, parede os objetos que compõem o ambiente.
sorvido, refletido ou transmitido, em quantidades que Quando utilizamos formas côncavas, convexas,
dependem da dimensão, forma e material da superfí- circulares e elípticas, devemos ter cuidados especiais
cie em que o som está incidindo. A direção dos raios redobrados com elas, pois essas formas promovem a
refletidos é influenciada diretamente pela forma da su- concentração, focalização dos raios sonoros e, con-
perfície. Segundo Souza et al. (2012), “o ângulo de re- sequentemente, a distribuição não uniforme do som
flexão é igual ao ângulo de incidência, Lei da Reflexão”. como na Figura 6.

98
DESIGN

Fonte sonora

Figura 6 - Distribuição do som não uniforme por superfícies côncavas


Fonte: adaptada de Souza et al. (2012).

SAIBA MAIS
Quando, de alguma forma, temos outras priorida-
des de projeto e a utilização dessas formas são ine-
vitáveis, é importante que sejam aplicadas sobre elas A escolha dos materiais que irão compor o
superfícies difusoras para evitar a concentração ou a ambiente é importante para aliar a estética
do ambiente com a acústica, por isso espe-
focalização do som. Veja na Figura 7: cifique adequadamente os materiais de aca-
bamentos que irão compor esse ambiente:
poltrona, aplicação do forro de gesso, paredes
de alvenaria coberta com gesso ou madeira,
piso de carpete ou vinílico ou madeira e piso
do palco em madeira.

Fonte: os autores.

Iremos entender como que o som trabalha em algu-


mas formas de ambientes.
Superfícies Côncavas e Convexas: caso seja ne-
cessário trabalharmos com superfícies côncavas
(Figura 8), a reflexão de raios nessa superfície
resulta na concentração deles. Segundo Silva
Figura 7 - Elementos difusores aplicados sobre a superfície
Fonte: adaptada de Souza et al. (2012). (2005), superfícies côncavas concentram a ener-

99
CONFORTO AMBIENTAL

gia sonora, focalizando-a. A concentração de Porém, não é somente com as formas côncavas, con-
energia faz que as ondas sonoras se sobreponham vexas e circulares que temos que tomar os devidos
umas às outras, resultando em alguns casos o re- cuidados. Apesar de ser as formas que mais necessi-
forço do som e em outros o enfraquecimento ou a tam cuidados, a mesma atenção, conforme Souza et
anulação do som. Tanto pontos nos quais exista o al. (2012), deve ser dada a paredes paralelas, ou seja,
excesso do som, quanto pontos onde tenha a falta ao paralelismo, de qualquer parte de uma sala (palco
são prejudiciais à boa audição nos ambientes. ou plateia), pois elas podem gerar as ondas estacio-
nárias. Segundo Fernandes (2002), as ondas estacio-
No caso das superfícies convexas, o resultado é o nárias ocorrem quando o trem de ondas volta sobre
oposto da superfície côncavas, os raios sonoros são a direção de incidência dos raios sonoros, aconte-
difundidos no ambiente. Silva (2005) informa que, cendo então uma sobreposição das ondas, sendo o
nesses casos, essa forma pode ser utilizada sem sistema de ondas resultantes conhecido como ondas
maiores complicações em ambientes onde haja a estacionárias.
exigência de boa audibilidade. O piso também é um dos detalhes importantes
do projeto. Quando projetamos o escalonamento
para os assentos da plateia, normalmente é
para cumprir um requisito visual, não ter
pessoas atrapalhando o campo de visão. Altura
entre fileiras mínima de 0,75m aplicada a esse
escalonamento já é suficiente para garantir o
requisito visual e também suficiente para garantir
a recepção sonora do som.

Figura 8 - Superfície Côncava e Convexa


Fonte: adaptada de Souza et al. (2012).
SAIBA MAIS
Uma outra solução para as paredes em formas côn-
cavas é utilizar algum tipo de material absorvente Para resolver esse problema em auditórios
na superfície. A aplicação desse material pode, de ou teatros, podemos utilizar também ele-
certa forma, ajudar a diminuir o efeito no som cau- mentos difusores e diferenciar as paredes
com pequenas inclinações. Essas alterna-
sado pela superfície côncava. Em salas para músi- tivas ajudam a solucionar o problema, evi-
cas e também para a palavra falada (auditórios, por tando a criação das ondas estacionárias e
exemplo), salas nas quais o desempenho acústico consequentemente melhorar a acústica do
ambiente.
deve ser prioridade no projeto, as superfícies cônca-
vas devem ser cuidadosamente estudadas antes de Fonte: adaptado de Souza et al. (2012).

serem aplicadas.

100
DESIGN

A solução para esse problema é relativamente sim-


ples: ao invés de deixarmos as paredes com ângulos
retos (90º graus) ou ângulos agudos, podemos abrir
essas arestas, criando então ângulos obtusos (Figu-
ra 11), que são ângulos mais abertos. Assim evita-se
a reflexão em excesso e podendo até colaborar, no
caso de salas com audiência, para o reforço sonoro
de lugares mais distantes da fonte sonora, pois, com
isso, o som é distribuído de uma forma melhor no
ambiente.

Figura 9 - Aplicação de difusores em paredes paralelas


Fonte: Adaptada de Souza et al. (2012).

No caso de cantos que formam ângulos retos e agu-


dos (Figura 10), apresentam, assim como as paredes
paralelas, superposição de onda sonora, alguns ca-
sos podem fazer que o som seja refletido em excesso,
voltando para a própria fonte sonora.
Figura 11 - Comportamento do som com ângulos obtusos
Fonte: Adaptada de Souza et al. (2012).

Em relação às dimensões mais adequadas para sa-


las como auditórios, temos algumas considerações.
Conforme Souza et al. (2012), uma das característi-
cas da fonte sonora que precisa ser levada em con-
sideração ao definir as dimensões de um ambiente é
a direcionalidade da fonte. Algumas fontes sonoras
apresentam melhor propagação para algumas dire-
Fonte
Sonora
ções. Em função dessas características, salas mais
alongadas (retangulares) são melhores que plantas
em formato quadrado. Porém com o afastamento da
fonte sonora e da última fileira da sala, por causa da
perda de intensidade e a absorção das pessoas, essa
Figura 10 - Comportamento da onda em arestas com ângulos agudos e retos
distância é limitada. Vejamos abaixo, na tabela 4,
Fonte: Adaptada de Souza et al. (2012). exemplos de distâncias:

101
CONFORTO AMBIENTAL

Condição de Inteligibili- SAIBA MAIS


dade e afastamento

Até 15 metros Excelente Normalmente, plantas menores podem re-


presentar, no caso da música, excesso de
15 a 20 metros Bom reflexão e tempo de reverberação maior que
o necessário, da mesma forma que um gran-
20 a 25 metros Regular (satisfatória) de espaço para a palavra falada representa
pequeno tempo de reverberação e baixa
Ruim (limite máximo intensidade sonora!
30 metros sem uso de amplificação
eletrônica). Fonte: adaptado de Souza et al. (2012).

Tabela 4: Relação entre o afastamento da fonte sonora e a inteligibilidade


Fonte: Adaptada de Souza et al. (2012).

Observamos então como que as formas do am-


Essas dimensões podem ser seguidas para salas nas biente interno e consequentemente como que o som
quais a função principal seja a palavra falada, po- (onda sonora) se comporta em determinadas for-
rém as proporções do projeto devem ser observa- mas. A forma côncava é uma das formas que temos
das. No caso de ambientes nos quais a música seja a que estudar de maneira mais aprofundada antes de
função principal do ambiente, no caso de orquestras colocarmos em um projeto, pois ela vai focalizar o
sinfônicas, os limites de dimensões são maiores e som, enquanto que formas como a convexa pode ser,
irão depender basicamente dos instrumentos fonte. dependendo do caso, uma aliada na difusão do som.
Contudo, caso a fonte seja apenas um instrumento, Na questão de salas com paredes paralelas, estas
a distância entre a fonte e o ouvinte é tão importante não podem existir em um ambiente, pois elas criam
quanto para a palavra falada. as ondas estacionárias, devendo então aplicarmos ele-
Ainda segundo Souza et al. (2012), locais de mentos difusores nestas paredes. Da mesma forma, não
apresentação musical podem ter variação no tipo e é uma boa ideia utilizar arestas (cantos) que formam
no número de fontes, da mesma forma que soluções ângulos retos ou agudos, sendo que a melhor forma de
aplicadas a salas de múltiplo uso. Podem ser empre- trabalhar é com ângulos obtusos, que irão nos ajudar
gados elementos que alterem o tamanho do ambien- também na difusão do som. A forma do ambiente está
te, seja da plateia ou do palco, bem como o volume diretamente ligada ao tipo de propagação do som que
de ar no ambiente, que está diretamente ligado ao queremos para determinado ambiente, por isso é de
tempo de reverberação (que veremos na próxima extrema importância entender qual é o comportamen-
unidade), controlando a proporção entre fonte e a to da onda sonora nos ambientes e como que as formas
audiência. irão refletir nesse comportamento.

102
DESIGN

103
CONFORTO AMBIENTAL

Materiais Acústicos e o
Tempo de Reverberação
Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos aprender siderado no ambiente. Conforme já vimos anterior-
sobre os materiais que absorvem o som e materiais mente, temos os ruídos que podem ser propagados
isolantes. Eles são necessários, pois, para cada tipo de de forma aérea e os ruídos de vibração ou impactos
situação que iremos trabalhar, será necessária a utili- (SOUZA et al., 2012).
zação deles, sendo às vezes somente isolante, às vezes Para diferenciar os ruídos que estão sendo tra-
só os materiais que absorvem o som e em determina- tados no ambiente, existem dois termos utilizados
das situações a composição dos dois materiais. Iremos para cada tipo de tratamento acústico que iremos
aprender também sobre o tempo de reverberação, os trabalhar: o isolamento que é referente ao tratamen-
cálculos necessários para sabermos se determinado to de ruídos aéreos, que temos como exemplos: a
ambiente tem o tempo ideal de reverberação. música dos bares, o ruído de trânsito (aviões, ônibus
A forma de tratamento do ambiente para redu- e caminhões), o barulho de máquinas e equipamen-
ção dos ruídos varia conforme o tipo de ruído con- tos de construção, a conversa dos vizinhos; e utiliza-

104
DESIGN

mos o termo isolação quando estamos nos referindo


ao tratamento de ruídos de vibração ou de impac-
to, tais como: centrais de ar condicionado, grupos
geradores, bombas d’água, máquinas de elevadores,
impactos produzidos pelo caminhar de pessoas no
andar superior, crianças jogando bola etc.
Para cada tratamento acústico que iremos traba-
lhar, é necessário também entender as características
Figura 13 - Amostra de
de cada material, pois eles possuem características e material acústico

objetivos diferentes. Para isso, precisamos entender


a diferença de materiais isolantes e os materiais ab-
sorvedores. Conforme Souza et al. (2012), a função Segundo Fernandes (2002), os materiais absorven-
isolar e absorver são complementares, porém elas tes acústicos (Figura 13) são de grande importância
demandam características diferentes dos materiais, no tratamento de ambientes. A NBR 10.151 especi-
sendo que nem sempre um bom material absorvente fica os procedimentos para o tratamento acústico de
é um bom material isolante; o contrário também vale. ambientes fechados. A dissipação da energia sonora
Em relação aos materiais que absorvem o som, por materiais absorventes depende fundamental-
Silva (2005) diz que a quantidade de energia sonora mente da frequência do som: normalmente é grande
que é absorvida em um ambiente é um dos fatores para altas frequências, caindo para valores muito pe-
mais importantes na redução do nível de ruído ou do quenos para baixas frequências.
controle das reflexões. Em geral, todos os materiais Valle (2009) classifica os materiais absorvedores
de construção possuem um grau maior ou menor de em dois grandes grupos, sendo os materiais mais
absorvidade sonora, e um determinado grau de refle- utilizados os porosos. No grupo desses materiais,
xividade. Porém, são chamados de materiais acústi- temos como exemplo a lã de vidro, lã de rocha, es-
cos os materiais que possuem uma alta capacidade de pumas e feltros. Eles funcionam da seguinte forma:
absorção de energia sonora e uma baixa reflexividade. quando uma onda sonora incide sobre esse tipo de
material, as ondas penetram na textura do material;
uma vez lá dentro, ela é refletida inúmeras vezes,
até o momento em que são canceladas e perdem a
energia. Se a espessura do material e a porosidade
for suficientemente grande, a absorção pode chegar
e até ultrapassar os 100%. Esses materiais podem ser
utilizados para faixa de frequência médio e agudos,
já nas frequências graves, a utilização deles acaba
sendo inviável, pois a espessura necessária para ab-
sorver essa faixa de frequência precisa ser grande, o
Figura 12 - Material Acústico aplicado no Teto que inviabiliza pelo custo e o consumo de espaço.

105
CONFORTO AMBIENTAL

Segundo Silva (2005), cada material tem um coe- Os índices são representados pela letra α (alfa)
ficiente de absorção, sendo que o valor desse índi- e a unidade de área de absorção é de 1m², conheci-
ce não é constante, pois ele varia com a frequência do como sabine métrico (sm). Esse nome foi dado
do som incidente. Dessa forma, se considerarmos em homenagem ao Professor Wallace C. Sabine,
os diversos materiais construtivos e quisermos sa- da Universidade de Harvard nos EUA, um dos
ber quais seus índices de absorção para as diversas estudiosos pioneiros da Acústica Arquitetônica
faixas de frequência, podemos fazer pesquisas nos (SILVA, 2005).
sites de empresas especializadas em produtos desse Os índices de absorção acústica são utilizados
tipo (exemplo: Knauff, Armstrong, Isover), pode- para demonstrar qual é a porcentagem que determi-
mos, também, consultar a bibliografia especializada nado material absorve de energia. Assim, quando
que já possui os índices de algum material, porém, dizemos que, de um tapete de boucle macio, o coe-
quando o material que quisermos utilizar não existe ficiente de absorção é α=0,52 para uma frequência
em bibliografias, podemos, por meio de laboratórios de 2048Hz, quer dizer que 52% da energia sonora
apropriados, determinar seus índices. incidente no tapete é absorvida.

Frequência
Item Material 128 512 2048
1 Azulejo cerâmico 0,010 0,012 0,000
2 Forro Armstrong Minaboard 0,31 0,51 0,74
3 Bloco de Concreto Rústico 0,36 0,31 0,39
4 Cadeira estofada com couro sintético 0,13 0,15 0,07
5 Carpete simples de 6mm forrado 0,10 0,25 0,40
6 Cortina grossa, drapeada 0,25 0,40 0,60
7 Cortina simples, leve, algodão, 0,25Kg/m² 0,07 0,49 0,66
8 Gesso acartonado “Gypsium” s/ sarrafo 0,29 0,05 0,07
9 Gesso Simples 0,035 0,03 0,028
10 Lã de Rocha 0,40 0,70 0,76
11 Lã de vidro de 25mm protegido por tecido 0,28 0,57 0,70
12 Mármore Polido 0,01 0,01 0,15
13 Placa Sonex Nova Fórmula 50/75 Illbruck 0,23 0,72 0,90
14 Poltrona estofada 0,18 0,28 0,28
15 Porta de madeira fechada 0,14 0,06 0,10
16 Público por pessoa 0,28 0,40 0,44
17 Tapete de 5mm de espessura 0,04 0,15 0,52
18 Tapete de lã de 15mm, forrado 0,20 0,35 0,50
Tabela 5 - Exemplos de Materiais e seus coeficientes de absorção.
Fonte: adaptado de Silva (2005).

106
DESIGN

CALCULANDO A ABSORÇÃO Quanto aos materiais utilizados para isolar um


DO AMBIENTE. ambiente, conforme Souza et al. (2012), todo ma-
Como já visto, todo material tem um determinado terial tem como uma de suas características reduzir
índice de absorção da onda sonora. Esse índice va- a intensidade sonora quando aplicado entre a fonte
ria conforme a faixa de frequência e a espessura do e o receptor, sendo que essa capacidade que o ma-
material que é aplicado no ambiente. Conhecido o terial tem de reduzir a intensidade sonora varia de
valor do coeficiente de absorção do material, o valor acordo com a frequência do som. Essa capacidade
da absorção é com base na área da superfície onde é expressa em decibéis e é chamada de índice de
o material é aplicado e como já visto a unidade é o atenuação.
Sabines Métricos (sm).
Espessura
Tipos de Divisórias Atenuação
Total
As = α x S
Porta comum, oca,
em que: As é a área da superfície total 3cm 15 dB
s/ vedação no batente
α = é o valor do coeficiente de absorção
Porta acústica,
do material 5 a 15cm 35 a 55 dB
madeira ou metal
S = área da superfície onde o material está
Vidro 4mm 4mm 26 dB
aplicado.
Vidro 6 mm 6mm 30dB
Vidro 12 mm 12 mm 36 dB
Se um material cobre uma área de 50m² e nessa su-
perfície é aplicado um tapete de 5mm de espessura Vidros 2x 6mm,
22mm 38 dB
espaçados 10mm
com coeficiente de absorção de α=015 na faixa de
512Hz, ele promove uma absorção de 7,5sm. Vidros 2x 6mm,
21,2cm 46 dB
espaçados 20mm
Esse cálculo deve ser realizado com todos os
materiais do ambiente, sempre em relação ao coe- Parede comum de
10cm 45 dB
tijolo em pé, rebocada
ficiente e à área do material, depois deve ser feito
Parede comum de
a somatória de todos as absorções para encontrar a 22cm 50 dB
tijolo deitado, rebocada
absorção total do ambiente.
Parede dupla de tijolo
A existência de mobiliário e pessoas também 30cm 60 dB
em pé, intervalo 10cm
devem ser calculados na absorção. Para esses casos,
Parede dupla de tijolo
geralmente os valores de absorção são por unida- 60cm 70 dB
deitado, intervalo 20cm
de e não por metragem quadrada. Se em uma sala
Laje simples de 10cm 10cm 40 dB
inserirmos 50 pessoas com índice de absorção de
Laje simples de 20cm,
0,40, a absorção de todas as pessoas passa a ser 21cm 48 dB
rebocada por baixo
20sm. Ou seja o valor da absorção das poltronas é
Paredes duplas de
multiplicado pela quantidade de poltronas e o va- 7 a 30cm 40 a 66 dB
gesso acartonado
lor encontrado, deve ser somado aos outros valores
Tabela 6 - Divisórias e índice de atenuação
encontrados. Fonte: adaptada de Valle (2009).

107
CONFORTO AMBIENTAL

Valle (2009) ainda diz que o vazamento de som da reverberação que ocorre em um ambiente é in-
de um ambiente está diretamente ligado ao tempo fluenciada por vários fatores:
de reverberação do espaço. Se esse espaço, for por • o volume espaço.
exemplo, o vão entre paredes duplas que formam • as dimensões do espaço.
uma parede, é necessário que a reverberação entre • o tipo, a forma e número de superfícies
as duas paredes seja reduzida. com que o som se encontra.
Uma solução para esse tipo de problema é, ao
construir uma parede dupla, aplicar um material ab- Souza et al. (2012) diz que, em ambientes fechados,
sorvente entre as paredes. Esse material pode ser a ocorrem várias reflexões sonoras e com isso aconte-
lã de vidro ou lã de rocha, pois são materiais que ce a reverberação. Quando a fonte sonora é cessada,
não se deterioram com o tempo e tem baixo custo. o som ainda pode ser percebido por um pequeno
A instalação desse material é fácil, ela não deve ser intervalo de tempo, fazendo que a extinção total do
comprimida entre as paredes, pode ocupar todo o som no ambiente não ocorra imediatamente, mas
espaço vazio, pode ser aplicada entre paredes de ti- sim depois de um determinado período de tempo,
jolo e também as paredes de gesso acartonado, que é que é medido em segundos, chamado de tempo re-
o mais encontrado. verberação. Cada ambiente tem seu tempo de re-
verberação ideal, que será em função do volume do
ambiente e a composição dos materiais.

SAIBA MAIS

Há locais onde o tratamento acústico é de


extrema importância tais como: teatros, au-
ditórios, anfiteatros, igrejas, ginásios, restau-
rantes, casas de show, salas de aula ou de
reunião, estúdio de gravação e as salas de
Figura 14 - Parede Simples, Parede Grossa e Parede Dupla controle, seja para rádio ou tv.
Fonte: adaptada de Valle (2009) e Souza et al. (2012). Não existe um determinado material que
resolva todos os problemas acústicos, por
isso cada projeto deve ser elaborado em fun-
ção de suas peculiaridades, que podem ser
TEMPO DE REVERBERAÇÃO aquelas relacionadas com as características
A reverberação é produzida pelas reflexões de sons do som, como também aquelas que melhor
em superfícies, que dispersam o som, enriquecen- cumpram as exigências decorativas, estéticas
e funcionais da obra arquitetônica.
do-o por sobreposição de suas reflexões. Alguns
materiais, como azulejo, mármore, concreto, podem Fonte: adaptado de Silva (2005).

refletir até 100% do som. A quantidade e qualidade

108
DESIGN

O tempo de reverberação é o maior responsável pela Para descobrirmos qual o tempo ideal de Re-
boa ou má acústica dos ambientes. Ambientes com verberação, temos o gráfico do Tempo Ideal de
tempo alto de reverberação são considerados pre- Reverberação da NBR 12179. No Gráfico, é in-
judiciais para a inteligibilidade do som, pois, como formado com base do volume e da função do am-
ocorre a sobreposição dos sons, acontece do receptor biente. Para descobrirmos qual o tempo ideal de
não conseguir identificar o som que está recebendo. reverberação, é relativamente simples. Primeiro
Sobre a relação entre o volume do recinto e o precisamos descobrir qual é o volume do ambien-
tempo de reverberação, Silva (2005) diz que, ao ob- te, cruzar uma linha com a função do ambiente,
servar diversos ambientes fechados, é possível notar por exemplo: uma sala de conferência com volume
que alguns ambientes são bons para conferências, de 1.200 m³, temos o tempo de Reverberação de
porém não são bons para música; o contrário tam- 0,8 segundos.
bém é válido, podem ser ótimos para concertos e
ruins para a palavra falada. Esse fato acontece, por-
que, para a palavra falada como para a música, seja
ela um concerto ou para música litúrgica, existe o
tempo ideal de reverberação, o TR.
O Tempo Ideal de Reverberação muda conforme
a função do ambiente que estamos trabalhando e o
volume do ambiente. Via de regra, quanto maior o
ambiente, maior será o tempo de reverberação.
Não existe uma tabela na qual aparece todos os
tempos de reverberação para todos os ambientes, o
que existe é um consenso entre os especialistas do tem-
po ideal para alguns ambientes, conforme a Tabela 7.
Gráfico 1 - Tempo ótimo de reverberação
Tipo Fonte: adaptado da NBR 12179.
Edifício TR
do Ambiente
• Área de Estar menor que 1,0s
• Dormitórios menor que 1,0s
Depois de encontrado o valor do Tempo de Rever-
Residencial beração Ideal do ambiente, podemos, por meio da
• Serviços menor que 1,0s
• Zonas Comuns menor que 1,5s Fórmula de Sabine, encontrar o tempo de reverbe-
Serviços • Escritórios menor que 1,0s ração da sala.
Administrativos • Lojas menor que 1,0s
Como já visto no cálculo da absorção do am-
Centro • Dormitórios menor que 1,0s biente, precisamos do valor de absorção total do
de Saúde • Zona Comuns menor que 1,5s
ambiente para realizarmos o cálculo do tempo de
• Sala de aula entre 0,8 e 1,5s
Educacional reverberação dele.
• Sala de Leitura entre 0,8 e 1,5s
Tabela 7 - Ambientes e Tempo de Reverberação
TR = 0,1618 x Volume
Fonte: Adaptada de Souza et al. (2012). Absorção total

109
CONFORTO AMBIENTAL

Conforme Souza et al. (2012), essa fórmula é aplicada Há exemplos de várias igrejas nas quais o tem-
de forma direta, sem nenhuma complexidade. As in- po de reverberação é excessivo, podemos destacar a
formações necessárias para o cálculo, como já visto, é o Basílica de São Pedro em Roma, onde o tempo de
volume do ambiente em m³ e a absorção total dos mate- reverberação chega a 10 segundos. Outro exemplo
riais, incluindo pessoas e poltronas. Geralmente o tem- de tempo excessivo de reverberação é um dos salões
po de reverberação de uma sala deve ser estimado nas da Biblioteca Pública de Los Angeles - EUA, onde
faixas de frequência de 128Hz, 512Hz e 2048Hz. Como o tempo de reverberação pode atingir 25 segundos.
a plateia é um elemento de grande absorção, e a quanti- Caro(a) aluno(a), nesta unidade aprendemos sobre
dade de público faz que altere o tempo de reverberação, os materiais acústicos, e o índice de absorção. É impor-
é aconselhado que se calcule o tempo de reverberação tante lembrar que o coeficiente de absorção varia confor-
com 100% da plateia e com uma lotação de 60% a 70%. me o material e a espessura, quanto mais poroso melhor
De forma geral, temos alguns passos para seguir é a absorção sonora do material. As faixas de frequência
para os cálculos da tempo de reverberação: também influenciam na absorção, pois para cada faixa,
• Calcular a absorção total do ambiente. do grave ao agudo, existe um índice de absorção.
• Identificar o tempo de reverberação ideal no Aprendemos também como calcular a absorção
gráfico da NBR. sonora de uma sala. Utilizamos para isso a fórmula
• Determinação do tempo de reverberação real. de Sabine e a unidade sabines métricos. O cálculo, de
• Comparação entre o tempo de reverberação forma resumida, é a multiplicação do coeficiente do
ótimo e real, ou a absorção necessária para material aplicado na superfície pela sua área. Lem-
alcançar o tempo ótimo de absorção.
brando sempre de calcular todos os materiais existen-
• Acréscimo, diminuição ou a troca de materiais
tes em uma sala.
absorventes em comparação para que seja al-
Para calcularmos o tempo de reverberação de
cançado o valor de tempo de reverberação ideal.
determinado ambiente, precisamos como primeira
informação saber a absorção total da sala, que nada
SAIBA MAIS mais é do que a somatória da absorção de todos os
materiais. Depois disso, precisamos conhecer o volu-
Segundo Lawrence (apud Souza, 2012), apesar me do ambiente em questão, lembrando que quanto
de existir outras fórmulas, a de Sabine é satis- maior o volume, maior é o tempo de reverberação.
fatória para a acústica de salas, com exceção Calculado o TR da sala, utilizamos o gráfico do Tem-
de casos especiais como estúdios de gravação
e salas similares. A fórmula de Sabine perde po de Reverberação Ideal para sabermos qual é o
a eficácia à medida que o coeficiente de ab- tempo ideal de reverberação (em segundos), do am-
sorção médio é maior, resultando em maiores biente que estamos trabalhando.
tempos de absorção. No caso de estúdios, a
absorção é muito grande, com isso pode ocor- Depois de descoberto o tempo ideal e o tempo de re-
rer grandes distorções com a fórmula. Nesse verberação real, temos que fazer as comparações. Caso
caso, a fórmula mais indicada é a de Eyring. o tempo real esteja muito maior que o ideal, precisamos
Fonte: adaptado de Souza et al. (2012). trabalhar os materiais de forma que o tempo de reverbe-
ração seja reduzido para chegar próximo do ideal.

110
considerações finais

P
rezado(a) aluno(a), nesta unidade, abordamos conceitos relacionados
à acústica de ambientes. A acústica faz parte da disciplina de Conforto
Ambiental, pois com ela conseguimos fazer que o usuário se sinta con-
fortável em relação à sonorização de um ambiente.
Entendemos o que são as faixas de frequências e quais as faixas de frequência
que o ser humano tem capacidade de ouvir, que são as faixas 20Hz a 20.000Hz.
Aprendemos também o que é a escala decibel (dB), como podemos fazer a me-
dição das fontes sonoras e, quando necessário aplicar a soma, como fazemos a
somatória de várias fontes sonoras.
Aprendemos também a definição de som, que é a sensação produzida no sis-
tema auditivo, podendo gerar sensações agradáveis ou som desagradável, mais
conhecido como ruído; vimos que a exposição prolongada aos ruídos podem ge-
rar danos à nossa saúde, desde irritação até a perda total da audição. No decorrer
desta unidade, vimos o funcionamento da propagação do som em um ambiente
interno e como que as formas - convexa, côncava e paredes paralelas - interferem
na propagação do som.
Além de entender o funcionamento da propagação do som, aprendemos a di-
ferença de aplicação dos materiais isolantes e dos materiais absorventes. Eles são
necessários, pois para cada tipo de situação que iremos trabalhar, será necessária
a utilização desses materiais. Dependendo da situação, iremos utilizar somente
os isolantes, às vezes só os materiais absorventes e em determinadas situações a
composição dos dois materiais. Aprendemos também sobre o tempo de rever-
beração e sua aplicação. O tempo de reverberação que temos em determinado
ambiente é ligado diretamente ao tipo de material que estamos trabalhando: se
trabalharmos com materiais que absorvem mais, teremos tempo de reverberação
menor, caso os materiais sejam mais refletores, teremos tempo de reverberação
maior. Porém, para termos ambientes acusticamente adequados, temos que ter as
duas situações balanceadas nos ambientes.

111
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), o texto abaixo é de uma dissertação sobre a relação da arquitetura com o
espaço adaptado para escola de música. Boa leitura!

Desempenho Acústico e Projeto de Salas para Escolas de Música


A acústica dos espaços construídos faz parte de um conjunto de requisitos, para o conforto
e bem estar do usuário, que podem ser considerados guias do projeto arquitetônico, ao in-
vés de limitações. As soluções propostas para solucionar os requisitos acústicos não devem
contradizer às demais exigências projetuais (função, dimensões, ventilação) e sim estarem
integradas a elas (LOPES, 2010).
Riduan (2010) relata que a tarefa de solucionar problemas acústicos tem sido complicada,
em partes, devido à lacuna existente na comunicação entre professores de música e os
agentes envolvidos nos processos da edificação. Para Ueno e Tachibana (2005) e Riduan
(2010), os músicos não conseguem expressar claramente com palavras a acústica das salas
da mesma maneira que conseguem ouvi-la e percebê-la. O ambiente da sala é percebido
pelos músicos tão melhor quanto maior for sua experiência na música. Essa percepção
mais apurada é o que permite que eles façam ajustes enquanto tocam (altura, afinação
etc.), de modo a melhorar a apresentação. Os músicos não estão conscientes da acústica
arquitetônica da sala, mas sim de como a sala soa. Esse aspecto dificulta a comunicação
entre o usuário e o projetista, tornando-se obstáculo para o projeto das qualidades acústi-
cas de um espaço.
Bispo et al. (2005) expõem que a compreensão e a incorporação dos fatores envolvidos
com o desempenho acústico durante o projeto dos espaços é o que garante que sejam
alcançados resultados satisfatórios. As qualidades acústicas devem ser concebidas desde
o início do projeto. O autor justifica que a intervenção acústica depois da realização da
construção não permite que as soluções sejam tão eficazes como aquelas previstas em um
projeto. Com isso, além dos prejuízos relacionados ao desempenho acústico, tem-se que a
obra fica onerada no aspecto financeiro.
Portanto, estratégias concebidas durante o processo projetual potencializam a existência
de uma edificação com melhor desempenho e menor custo para a implantação dessas
estratégias. Azevedo (1994) afirma que não existem fórmulas ou receitas prontas para o
projeto acústico, mas sim fenômenos físicos que precisam ser entendidos e estudados,
caso a caso, para balizar a escolha dos materiais e sua aplicação no ambiente.

112
LEITURA
COMPLEMENTAR

As questões relacionadas aos requisitos necessitam ser consideradas desde o início das ati-
vidades de projeto, e normalmente incluem definições de partido arquitetônico e implan-
tação. Lopes (2010) afirma que a setorização do programa no terreno é umas das decisões
iniciais de maior relevância. Tal setorização é relevante também nos projetos de reforma e
adequação, já que a decisão da localização dos ambientes pode ser feita com agrupamento
dos ambientes com fontes de ruído elevadas e daqueles que necessitam de silêncio. Além
disso, há de se considerar os ruídos provenientes do entorno e verificar qual a melhor im-
plantação conforme demanda do ambiente.
A atenção e o cuidado no projeto, o que inclui aspectos acústicos, é o que determina o
sucesso de uma escola de música (LAMBERTY, 1980). As questões acústicas são relevantes
tanto nos projetos de renovação e reforma dos espaços quanto nos de novas edificações
(POMPOLI; PRODI; FARNETANI, 2010).
Lopes (2010) afirma que as definições Ryherd (2008) explica que o êxito num projeto que de-
manda elevado desempenho acústico é resultado de um processo que envolve uma equipe
interdisciplinar, com profissionais que dominam o tema e possuem profundo conhecimento
da propagação sonora. Lopes (2010) cita que, em alguns casos, as definições de aspectos
acústicos caracterizam um projeto à parte. Defende ainda que a aplicação de uma metodolo-
gia projetual facilita a integração dos diferentes agentes envolvidos no processo e a coerência
e correta interface dos subprojetos que gerarão o edifício com adequado desempenho. Ueno
e Tashibana (2005) afirmam que é possível manipular o espaço para controlar o ambiente
sonoro da mesma forma e com a mesma importância que o músico manipula o instrumento
para produzir o som das soluções às questões acústicas, desde o princípio do processo de
projeto, é o que garante o melhor desempenho possível com o menor custo possível.
Na prática, a preocupação com o projeto acústico existe somente nos grandes empreendi-
mentos ou construções com destaque social. Koskinen, Toppila e Olkinuora (2010) lembram
que, na prática, as pequenas salas são normalmente negligenciadas quanto à solução de
questões acústicas e implantação dos elementos de acústica como forma de reduzir ou cor-
tar gastos ou mesmo por não possuírem recursos financeiros disponíveis. Wenger (2010)
mostra que um dos sinais dessa negligência são salas com volume inferior ao necessário,
tetos muito baixos, desconsideração ergonômica do instrumento no dimensionamento de
ambientes e organização em planta que não condiz com a atividade.

Fonte: Talin (2013, on-line).

113
atividades de estudo

1. No que se refere ao conforto acústico em arquitetura, assinale a opção correta.


a. Nas fachadas dos prédios, o vidro das janelas e das portas funciona como isolante acústico, o que dis-
pensa o tratamento de outros componentes como caixilhos, venezianas e montantes.
b. Em prédios multipavimentados, quanto mais baixo se estiver, menos intenso será o ruído gerado exter-
namente, em decorrência das altas velocidades dos ventos nos pavimentos superiores.
c. A intercalação de um vão entre um escritório e uma fachada externa amplamente envidraçada e volta-
da para um ambiente ruidoso é uma medida ineficiente para o conforto acústico.
d. As decisões decorrentes do projeto acústico sobre o isolamento sonoro de um recinto visam protegê-lo
das ações sonoras externas ou transformá-lo em um compartimento capaz de confinar fontes de ruídos.
e. Se os aspectos de acústica não forem resolvidos no ato de projeto do edifício, a correção dos proble-
mas acústicos poderá ser feita posteriormente, na execução da obra, o que não elevará os gastos finais.

2. Para resolvermos um problema acústico, utilizamos materiais que absorvem o som, nos ajudam a
controlar a inteligibilidade do mesmo, e materiais isolantes, que não deixam o som passar para outros
ambientes. No caso de uma sala de audiência, o controle acústico dos ambientes internos requer que
estas salas tenham tratamento que favoreça (I) a boa qualidade de recepção de som amplificado ele-
tronicamente na plateia e (II) completo isolamento acústico entre as salas de audiência e entre estas e
as áreas de circulação. Tais efeitos serão obtidos mediante o emprego de materiais
a. Isolantes acústicos em I e II.
b. Isolantes acústicos em I e de massa específica elevada em II.
c. De massa específica elevada, em I, e isolantes acústicos em II.
d. Absorventes acústicos em I e isolantes acústicos em II.
e. Absorventes acústicos em I e II.

3. Quando vamos trabalhar com acústica de ambiente, devemos entender como que o som se propaga,
como que se divide quando atinge um obstáculo para podermos encontrar a solução adequada para
os ambientes. Em relação a isso, analise a Figura I e assinale a opção correta em relação ao que acon-
tece com um som incidente em uma parede.

114
atividades de estudo

a. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre (A) absorção pelo ambiente, (B)
sofre difração pela parede e (C) é refletida para o ambiente anexo.
b. A Figura I nos apresenta somente a reflexão do som.
c. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre reflexão no próprio ambiente
(A), sofre absorção pela parede (B) e é transmitida para o ambiente contíguo (C).
d. A Figura I ilustra a (A) absorção, (B) a transmissão e (C) a reverberação para o ambiente contíguo.
e. A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encontrar uma parede, sofre transmissão no próprio am-
biente (A), sofre absorção pela parede (B) e é refletida para o ambiente contíguo (C).

4. Nenhuma parede de uma edificação reflete perfeitamente as ondas sonoras e, desse modo, parte da
energia sonora incidente é absorvida pelo material que constitui a parede. Assim, dependendo do tipo
de revestimento de uma parede, as ondas sonoras podem ser mais ou menos absorvidas. Dentre os
materiais apresentados a seguir, aquele que apresenta o maior índice de absorção sonora em uma
faixa de 500Hz é:
a. Reboco liso α = 0,02.
b. Revestimento de pedras sintéticas α = 0,05.
c. Bloco de concreto rústico α = 0,31.
d. Feltro de fibra natural com espessura de 5mm α = 0,18.
e. Chapas de mármore α = 0,01.

5. Projetos de auditórios ou salas de concertos necessitam de tratamento acústico adequado para evitar
tempos de reverberação acima do necessário. Para isso, pode afirmar que os requisitos necessários
para uma sala são:
I. Boa inteligibilidade do som.
II. Ausência de interferência de ruídos externos.
III. Distribuição sonora uniforme.
IV. Difusão sonora e tempo de reverberação adequado.

Em relação às afirmações citadas, qual alternativa está correta:


a. Somente a II e III.
b. As alternativas I, II e III estão corretas, sendo que a IV também é de extrema importância, pois todos os
ambientes tem um tempo de reverberação ideal.
c. As alternativas I, II e IV melhor descrevem os requisitos.
d. Somente as afirmações III e IV podem ser consideradas requisitos.
e. As afirmações II, III e IV estão corretas e a alternativa I é inválida.

115
atividades de estudo

6. As pesquisas de W. A. Sabine levaram a uma relação empírica para o tempo de reverberação TR (em
seg), proporcional ao volume V da sala (m3) e inversamente proporcional à absorção da superfície (em
m² ou sabins):

TR: 0,16 x V
A
Considere uma sala de aula de 11m de comprimento, 11m de largura e 3.8m de altura.
A sala tem 4 janelas de 1.10m x 2.00m.
A sala possui 15m² de cortina revestindo a parede.
A sala tem 1 porta de 1.10m x 2.10m
As paredes são rebocadas (coeficiente de absorção α1 = 0.03 a 500 Hz), o teto é de fibra sintética (α2 =
0.2), o piso é de pedra (α3 = 0.01), as janelas são de vidro (α = 0.03) e as cortinas são de algodão (α4 = 0.8).
A sala tem n = 62 cadeiras estofadas (α5 = 0.3). A porta tem (α6 = 0.3).
a. Verifique a absorção total.
b. Calcule o tempo de reverberação TR da sala usando a relação de Sabine.
c. Verifique, no gráfico I, qual o tempo de reverberação recomendado para uma sala de concerto.
d. Para diminuir o tempo de reverberação, a sala foi reformada, recobrindo o piso com um carpete (α =
0.32). Calcule o novo tempo de reverberação TR da sala.

7. Qual a soma dos níveis de duas fontes sonoras com os seguintes valores de níveis de pressão sonora?
a. 80 dB e 82 dB.
b. 60 dB e 80 dB.
c. 72 dB e 75 dB.
d. 76 dB e 81 dB.
e. 70 dB e 70 dB.

8. Com um medidor de pressão sonora, foram medidos separadamente os níveis de pressão sonora de dez
fontes sonoras, conforme indicado abaixo. Calcule o nível de pressão sonora resultante se todas as fontes
estiverem funcionando simultaneamente:

NP1 90 dB NP6 76 dB
NP2 94 dB NP7 80 dB
NP3 100 dB NP8 92 dB
NP4 85 dB NP9 100 dB
NP5 80 dB NP10 82 dB

116
Bê-á-bá da Acústica Arquitetônica
Ouvindo a Arquitetura
Lea Cristina Lucas de Souza, Manuela Guedes de Almeida e Luís
Bragança
Editora: EdUFSCar
Sinopse: destinado aos iniciantes em arquitetura, este livro visa
esclarecer e exemplificar possibilidades de atuação no ambiente acústico, pela integração
desse parâmetro com o projeto arquitetônico. Fazendo um paralelo entre as etapas de pro-
jeto e o estudo acústico dos ambientes, são definidos alguns conceitos básicos e as proprie-
dades do som, indispensáveis à aplicação da acústica em projeto. Sobre o tema, aborda-se,
aqui, desde a sua importância no contexto urbano, como ambiente externo, até o controle
de ruídos e o tratamento dos ambientes internos às edificações.
Comentário: este é um excelente livro de fácil entendimento. É um material de apoio excelente.

Link 1: Documentário - Júlio Prestes São Paulo, realizado em 1998 sobre a readequação do
prédio da antiga Estação Júlio Prestes, em São Paulo, próximo à estação da Luz, que foi trans-
formada na Sala São Paulo, uma das melhores salas de concertos do mundo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uH5NAzbU-LM>.
Comentário: a sala São Paulo é a casa da OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Pau-
lo. No Brasil, é a melhor sala de concertos, sendo assim, é um exemplo grandioso para quem
estuda acústica. Tudo na sala foi pensando em relação à acústica, um dos destaques é o teto
móvel, que pode ser adequado conforme a necessidade do espetáculo.

Link 2: o link a seguir é sobre as frequências estudadas no início da unidade I. Nele você poderá
ouvir um som que passa por todas as faixas de frequências, que vai de 20Hz até 20.000 Hz
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HkzVxwghiik>.

Link 3: assim como ouvir um som em todas as faixas de frequências nos ajuda a entender o
som, o link abaixo é sobre um tom puro.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MQpfW4KvrZM>.

Link 4: para entender melhor a reverberação, o link disponível contêm gravações do tempo
de reverberação que vai de 0,5 segundos até 5,0 segundos, tanto para palavra falada quanto
para a música.
Disponível em: <http://www.armstrong-brasil.com.br/reverb/main.jsp?lang=pt&measure=m&domain=pt>.
referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, ABNT. NBR


10.152: Níveis de Ruído para Conforto Acústico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.
______. NBR 12.179 - Tratamento Acústico em Recintos Fechados. Rio de Janei-
ro: ABNT, 1992.
BARROS, E. de A. Ruídos ocupacionais: seus efeitos e suas leis. Monografia apre-
sentada à CEFAC. Rio de Janeiro, 1995.
BISTAFA, S. R. Acústica Aplicada ao controle de Ruído. 2. ed. São Paulo: Blu-
cher, 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 15: atividades e operações insalubres. 1978.
Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/
nr_15.asp>. Acesso em: 29 dez. 2009.
FERNANDES, J. C. Acústica e Ruídos. Bauru: Unesp, 2002.
SILVA, P. Acústica Arquitetônica & Condicionamento de Ar. 5. ed. Belo Hori-
zonte: Edtal E. T. Ltda, 2005.
SOUZA, L. C. L., ALMEIDA, M. G., BRAGANÇA, L. Bê-à-bá da Acústica Ar-
quitetônica. Ouvindo a Arquitetura. São Carlos: EdUFSCar: 2012.
TALIN, L. C. A. Inter-relações entre aspectos arquitetônicos-construtivos e a
acústica em espaços adaptados para a prática musical. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Viçosa, 2013. Disponível em: <http://locus.ufv.br/bits-
tream/handle/123456789/6342/texto%20completo.pdf?sequence=1&isAllowe-
d=y>. Acesso em: 07 dez. 2016.
VALLE, S. Manual Prático da Acústica. 3. ed. Rio de Janeiro: Música e Tecnolo-
gia, 2009.

118
gabarito

1. (D) As decisões decorrentes do projeto acústico sobre 7.


o isolamento sonoro de um recinto visam protegê-lo
das ações sonoras externas ou transformá-lo em um a. 80 dB e 82 dB = 10 x log ((10^(80/10)) + ((10^(82/10))
compartimento capaz de confinar fontes de ruídos. = 84 dB

2. (D) absorventes acústicos em I e isolantes acústicos b. 60 dB e 80 dB = 10 x log ((10^(60/10)) + ((10^(80/10))


em II. = 80 dB

3. (C) A Figura I ilustra uma fonte sonora que, ao encon- c. 72 dB e 75 dB = 10 x log ((10^(72/10)) + ((10^(75/10))
trar uma parede, sofre reflexão no próprio ambiente = 72 dB
(A), sofre absorção pela parede (B) e é d. 76 dB e 81 dB = 10 x log ((10^(76/10)) + ((10^(81/10))
4. (C) bloco de concreto rústico α = 0,31 = 82 dB

5. (B) as alternativas I, II e III estão corretas, sendo que e. 70 dB e 70 dB = 10 x log ((10^(70/10)) + ((10^(70/10))
a IV também é de extrema importância, pois todos os = 73 dB
ambientes tem um tempo de reverberação ideal f. Explicando o resultado: quando é somado duas
6. fontes de valor igual, o acréscimo será de 3dB, vide
resultado da letra E.
a. Porta:1,10 x 2,10 = 2,31 m²
8. O valor da somatória de todas as fontes sonoras é 104 dB.
Piso: 11,00 x 11,00 = 121,00m²
Caso tenha dificuldades em calcular, é necessário
Teto: 11,00 x 11,00 = 121,00m² uma calculadora científica. Você deverá digitar a sen-
tença conforme a fórmula apresentada no início desta
Janela: (1,10 x 2,00) x 4 = 8,80m² unidade:
No cálculo da parede, deve-se calcular a metragem Lptotal = 10 x log (((10^(90/10)) + ((10^(94/10))
quadrada de todas as paredes e subtrair as metra- + ((10^100/10)) + ((10^(85/10)) + ((10^80/10)) +
gens que tem material diferente ((10^(76/10)) + ((10^(80/10)) + ((10^(92/10)) +
Parede: 11 x 3,80 = 41,80m² x 4 (são quatro pare- ((10^100/10))+ ((10^(82/10)) = 104 dB
des) = 167,20m² Explicando o resultado: quando temos uma diferença
167,20 - 8,80(janela) - 2,31(porta) - 15,00(cortina, o de 10dB ou mais entre a menor fonte sonora e a
material que é considerado é sempre o que está maior fonte, o valor será aproximado ao da fonte de
sobreposto) = 141,09m² maior valor.
Multiplica pelo coeficiente de cada material:
Parede: 141,09 x 0,03 = 4,23
Teto: 121,00 x 0,2 = 24,20
Piso: 121 x 0,01 = 1,21
Janelas: 8,80 x 0,03 = 0,26
Cortina: 15,00 x 0,8 = 12
Porta: 2,31 x 0,3 = 0,69
Cadeiras: 62 x 0,3 = 18,60
Somatória = 61,19 sm (sabines métricos)

b. TR = 0,16 x 459,80 m³
61,19
TR = 1,20 s

c. TR = 0,16 x 459,80
98,70
TR = 0,74s

119
AFINAL, O QUE É A LUZ?

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professora Esp. Renata Catânio
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A luz, o olho humano e a cor
• Princípios básicos da iluminação artificial
• Tipos de iluminação artificial
• Os tipos de luminárias
• Sistemas de iluminação

Objetivos de Aprendizagem
• Entender a relação de cor e luz.
• Analisar os conceitos da iluminação artificial.
• Conhecer as possibilidades de lâmpadas e luminárias disponíveis
no mercado.
• Conhecer os sistemas de iluminação e utilizar de maneira adequada
nos ambientes.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno (a), seja muito bem-vindo à unidade quatro, em que


iniciaremos um estudo profundo sobre a luz, cor e as variedades de lâm-
padas e luminárias que o mercado fornece. Esse estudo tem como intuito
compreender como a luz afeta a vida de cada indivíduo e como as cores
reagem ao serem impactadas com a luz. No cotidiano, essa luz conse-
gue alterar o humor, sensações, como de frio ou calor, confortáveis ou
desconfortáveis, cansados ou alertas, estimulados ou tristes, sonolentos
ou acordados, enfim, entre muitas outras sensações que o nosso corpo
fornece.
Na arquitetura, a iluminação nos revela cores, formas, texturas, mo-
vimentos, sombras e volumes, transformando um projeto em algo fun-
cional e estético e, com isso, não sendo apenas um complemento, mas
um dos principais projetos para o usuário se sentir satisfeito com o seu
trabalho de interiores.
O uso correto da luz vai trazer, durante o tempo, habilidades instin-
tivas a você, Designer de Interiores, pois com cada facho de luz e cada
iluminação adequada no ambiente, virá uma emoção diferente ao indi-
víduo, e da boa aplicação dessa iluminação, vêm sensações que trarão
prazer, e o seu projeto não terá apenas estudos técnicos, mas o emocional
estará presente em cada situação dependendo de cada perfil do cliente.
Perante toda essa importância que a luz faz em um projeto de interiores, surgiu
a necessidade de destacar que é a luz, e assim entender seus conceitos e como
nossos olhos reagem ao impacto com a luz. Também abordaremos as definições
das cores, sendo este um fator bastante importante para compor projetos de ilu-
minação. Conheceremos também os tipos de lâmpadas assim como seus usos,
as luminárias e seus sistemas, para que seja possível que todas a ideias saiam do
papel, que aconteça a mágica da transformação do local por meio da luz.
Esta unidade tem como fundamento orientar os passos iniciais de um projeto
de iluminação, abordando com detalhes e ilustrações para que você, futuro desig-
ner, possa colocar em prática todas as informações obtidas e ter sucesso em seu
papel como especificador de iluminação. Então, vamos lá, rumo a uma leitura no
mundo fascinante da luz!
CONFORTO AMBIENTAL

A Luz, o Olho Humano


e a Cor
É por meio dos nossos olhos que recebemos os es- O QUE É A LUZ?
tímulos visuais e luminosos, conforme entendemos Primeiramente devemos entender o que é luz. E va-
melhor na unidade I do livro, no tópico sobre con- mos afirmar que é uma fonte de energia que sensibili-
forto visual. Entrando em contato com os olhos, a za nossos olhos. Segundo Einstein, a luz se comporta
luz estimula diferentes sentidos e sensações e, por em alguns momentos como onda e em outros como
isso, o projeto de iluminação é tão importante em partícula, ou seja, a luz tem propriedades ondulató-
um ambiente. É por meio da luz, também, que rece- rias e corpusculares. Ela tem ondas de rádio, televi-
bemos as informações sobre cores, que percebemos são, micro-ondas, infravermelha, luz visível, raios ul-
as cores no meio em que vivemos. travioleta e raio X, entre outros. Como afirma Innes
Dessa maneira, nos subtópicos a seguir, discor- (2012), todas as formas de radiação eletromagnética
reremos mais sobre esses temas: a luz, o olho huma- diferem com seu comprimento de onda, podendo di-
no e a cor. zer que a luz é simplesmente uma energia visível!

124
DESIGN

são inúmeras as evidências da energia incor-


Podemos simplificar dizendo que, quando essa porada na luz. As células fotoelétricas trans-
energia de onda eletromagnética amplia e atinge formam a energia da luz visível em energia
nossos olhos, sensibilizando-o, conseguimos en- elétrica; as células industriais a laser são uti-
xergar a luz, ao ponto que a radiação infraverme- lizadas para fazer cortes complexos em todos
os tipos de materiais, desde delicadas folhas
lha, sendo ela também uma radiação eletromag- de papel até as mais espessas e duras chapas
nética, tem seu comprimento de onda diferente de aço. Mas a transformação mais onipre-
e somente nos traz a sensação de calor e não sua sente da energia luminosa é encontrada nas
visibilidade. plantas, que utilizam o poder da luz visível
para conter o dióxido de carbono e a água
Observe pela imagem a seguir que enxergamos
em alimento (um processo chamado fotos-
apenas as radiações de onda de 380 a 750 nm, e que síntese). O sistema visual humano converte a
a infravermelha é sentido apenas pelo calor. Por- energia luminosa que entra em nossos olhos
tanto a luz visível é uma pequena parte das ondas na energia química que é utilizada para levar
ao cérebro as informações recebidas pelos
eletromagnéticas. Entre 380 nanômetros a 750 na-
olhos.
nômetros visualizamos a luz, e com o aumento da
distância entre as ondas temos a infravermelha que Quando a luz incide em uma superfície, podem
identificamos pelo calor. ocorrer alguns fenômenos como:
• Reflexão: ocorre quando a luz incide em uma
superfície e essa retorna ao seu meio de ori-
gem. Existem vários exemplos de reflexão no
nosso cotidiano.

Para um profissional que trabalha diretamente com


projetos luminotécnicos, é necessário estudar muito
sobre esses conceitos, analisando a luz correta para a
superfície escolhida. Um exemplo é uma luz direcio-
nada a uma superfície lisa de cor clara, ela irá pro-
duzir uma reflexão igual em todos os lados, o que
chamamos de reflexão difusa, e quando aplicamos a
luz em uma superfície que contém cor, sendo ela bri-
lhante ou não, a luz tomará um pouco dessa cor e irá
refletir realçando levemente a tonalidade da peça.
Em reflexo em superfícies polidas, como metais
e espelhos, veremos um reflexo mais nítido, po-
Figura 1 - Na imagem mostra a pequena parte de luz visível rém não conseguimos enxergar em outros ângulos,
pense que está se vendo em uma beira de uma lago
A luz, portanto, ela pode ser transformada de ener- sua reflexão está aparente, mas não consegue se ver
gia química para energia produzida pelo calor, como se virar de lado e assim chamamos de reflexão re-
Innes (2012, p. 11) diz: gulada.

125
CONFORTO AMBIENTAL

• Refração: ocorre quando a luz se direciona


4
em linha reta, mas ao se encontrar com um
objeto transparente de diferentes densidades,
sua trajetória faz desvio alterando sua forma.
• Absorção: ocorre quando a luz atinge uma
superfície opaca interrompendo sua propa-
gação de luz. Um exemplo seria uma base de
cor preta sendo atingida pela luz: esta será
absorvida e não propaga luz.

Figura 2 - Luz refletida difusa em uma superfície lisa de cor branca. Figura
3 - Luz refletida difusa em uma superfície de relevo e com cor vermelha,
assim a luz empresta uma pouco da cor da parede e a reflete. Figura 4 -
Exemplo clássico de Refração: quando os objetos submersos na água so-
frem distorção. Figura 5 - A absorção de luz no carro de cor preto é maior
do que a do branco e a reflexão se torna mais abrangente no branco

126
DESIGN

O OLHO HUMANO
• Íris: controla a luz que entra pelo cristalino,
Vimos, então, que a luz é uma energia radiante que
captando mais luminosidade quando neces-
consegue sensibilizar nossos olhos, portanto o olho sário.
é nosso mecanismo de visão que recebe essa ener- • Fóvea: responsável pela frequência de cor e
gia, mas a curiosidade é: como nossos olhos reagem pequenos detalhes em parte do campo visual.
quando essa energia o atinge? • Ponto cego: é um ponto no qual não se tem
O olho impressiona com seus elementos e toda sensações luminosas pela falta de cones e bas-
sua habilidade de visão, mas iremos destacar seus tonetes.
principais pontos: Segundo Guerrini (2014), podemos obter uma re-
dução visual por conta da fadiga ocular provocada
• Cristalino: que também chamamos de lente,
por fatores da iluminação. Esse esforço visual pro-
ele é usado para focalizar o que se quer ver no
momento, mas eles são tão habilidosos que longado produz uma dilatação na pupila, que só é
nem sentimos esse foco acontecer. recuperado no sono diário, mostrando com isso que
• Retina: fica mais ao fundo do olho e é ela que uma iluminação tem que ser adequada ao nossos
recebe a luz que passa pelo cristalino, que olhos, trazendo um conforto visual e evitando do-
transmite ao nosso cérebro a informação, for- enças como insônia, fadiga e perturbações. Guerrini
mando as imagens que nós vemos. (2014) também nos alerta quanto à importância de

127
CONFORTO AMBIENTAL

fisiológicas diversas. A luz está sendo mal utiliza-


analisar os níveis de iluminação, assim como o tem- da. É preciso criarmos, ou melhor, recuperarmos
po e contraste, e não apenas ser visto a quantidade de no homem moderno uma “ consciência da visão.
luz, a qualidade é um fator predominante para evitar
transtornos como o ofuscamento, por exemplo. Por mais que o restante do nosso corpo deseja fazer es-
Outro fator importante é que nossos olhos, ao forço, o nosso olho quando quer descansar fica obser-
passar do tempo, vão diminuindo suas habilidades, vando o local, rodeando os olhares e automaticamente
velocidade de percepção, e o tempo de adaptação au- descansando, relaxando e causando conforto para logo
menta entre passar de um ambiente claro para escuro. após continuar seu esforço e se concentrar novamente.
A iluminação tem que ser adequada para cada tipo e Enfim, nosso olho é um fenômeno incrível. Po-
idade do indivíduo. Um projeto para um casal com demos algumas vezes vê-lo ainda como limitado,
idade de 30 anos difere de um com idade de 60 anos, mas logo ele trabalha para compensar essa limitação,
por isso devemos sempre nos atentar antes do projeto. trazendo-nos novos estímulos e formas de enxergar.
Precisamos de alguns requisitos para obtermos
uma boa visão e não prejudicar nossos olhos, de ní- COR E A LUZ
veis de iluminância e sua distribuição, luminância e Entre em um ambiente acione o interruptor e obser-
contrastes, tamanho da tarefa visual e tempo de sua ve a luz artificial ao seu redor; possivelmente verá
realização (VIANNA; GONÇALVES, 2001). luz branca e se perguntará: onde estão as cores nela?
Quanto à iluminância, deve-se analisar quanto E te responderei com base na experiência que Isaac
de luz necessitamos no local em que iremos utilizar e Newton aplicou. A luz branca na verdade é a mistura
como podemos distribuir essa iluminação evitando de todas as cores juntas, ou seja, quando a luz bran-
desconfortos e ofuscamentos. Por fim, como iremos ca bate no seu olho vem junto as cores vermelho,
conquistar toda essa iluminação adequada fazendo laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, e o nosso
que o ambiente fique agradável? Esses questiona- cérebro processa a cor branca.
mento iremos aprender durante a leitura do livro.
Os olhos passam por vários “choques” de luz, em
momentos com muita intensidade de luz branca e
intensa no local de trabalho e, ao sair e entrar num
restaurante, a luz já está amarelada e com baixa in-
tensidade; e tem a luz solar, que pode, em situações
variadas, ser boa ou ruim, causando ofuscamento.
Com todas essas variações de luz, sem perceber ad-
quirimos fadiga, cansaço, e sensibilidade nos olhos,
por isso Vianna e Gonçalves (2001, p. 100) afirmam:

uma boa parte da fadiga física que sentimos todos


os dias deve-se ao esforço realizado para se ver.
Abusamos de nossas faculdades visuais e paga- Figura 6 - Experimento realizado por Isaac Newton, no qual a luz do sol
mos direta ou indiretamente com perturbações atravessa um prisma de vidro

128
DESIGN

Ao atravessar as cores separadamente pelo prisma, Sendo assim, criamos então o sistema chamado
percebe-se que essa cor não se divide, como aconte- RGB (red, green, blue).
ce com a luz branca, por isso o nome dado de cores
puras. E ao direcionar uma luz branca em uma su-
perfície escura causara uma ausência de luz que se
chama preto.

R: Vermelho, G: Verde, B: Azul e W: Branco.

C: Ciano, M: Magenta, Y: Amarelo e K: Preto.

Figura 8 - Sistemas de cores RGB e CMYK

Ainda de acordo com Fraser e Banks (2007), ao unir


as cores primárias, o vermelho, verde e o azul, pro-
Figura 7 - Nesta imagem, percebe-se como a reflexão atinge as superfí-
cies claras, escuras e coloridas duz-se a luz branca, mas também cria-se as cores
secundárias:
De acordo com Fraser e Banks (2007), para produzir • Verde + vermelho = amarelo
a luz branca não são necessários as setes cores, basta • Vermelho + azul = magenta
seguir as seguintes indicações: • Verde + azul = Ciano
1. Vermelho - laranjado - amarelo fazem parte
da família do vermelho. Ao unir todas as cores, vemos que ao meio aparece
2. Verde representa ele mesmo. o preto.
3. Azul - anil - violeta fazem parte da família Criamos com essa união o sistema CMY (cian,
do azul. magenta, yellow) e o K (Black).

129
CONFORTO AMBIENTAL

SAIBA MAIS
caso o preto. Lembrando que isso serve para todas
as cores. E se aplicar uma incidência de luz vermelha
Como sua fisiologia é diferente, os animais na base branca? Essa base ficará na cor vermelha, re-
não veem as cores da mesma forma que nós.
fletindo aos olhos somente o vermelho.
Muitas vezes se afirma que os cães enxergam
em preto e branco, mas isso não é rigorosa- As cores interferem totalmente em nossas vidas,
mente verdadeiro. Enquanto a visão humana é tanto pelo aspecto psicológico, quanto físico, e sabendo
tricromática, os cães e a maior parte dos mamí-
feros tem visão dicromática. Isso significa que
utilizar de forma correta, irá influenciar positivamente
não podem distinguir algumas cores, como as ao receptor. Como designer, terá que sempre fazer aná-
pessoas com daltonismo severo. Os roedores, lises das cores antes de iniciar seus projetos para que
por outro lado, são acromatópticos, completa-
mente daltônicos. Os cães são compensados obtenha sucesso. Heller (2012, p. 21) nos afirma que:
por terem uma visão noturna superior: para os
predadores noturnos, isso é mais importante cada cor pode produzir muitos efeitos, frequen-
do que uma boa visão das cores. temente contraditórios. Cada cor atua de modo
Fonte: Fraser e Banks (2007, p. 28). diferente, dependendo da ocasião. O mesmo
vermelho pode ter efeito erótico ou brutal, no-
bre ou vulgar. O mesmo verde pode atuar de
modo salutar ou venenoso, ou ainda calmante.
Pinheiro e Crivelaro (2014) afirmam que as cores O amarelo pode ter um efeito caloroso ou ir-
ritante. Em que consiste o efeito especial? Ne-
sempre influenciaram a humanidade, e que seus sen-
nhuma cor está ali sozinha, está sempre cercada
tidos mudam conforme crenças, raças, nacionalidade de outras cores. A cada efeito intervêm várias
e seus aspectos culturais. Esse simbolismo de cores cores – um acorde cromático.
muda ao redor do mundo, por exemplo, a cor bran-
ca que nos representa paz e pureza, em alguns países A autora citou a palavra cromático, pelo motivo de
asiáticos e orientais representa morte, luto e má sorte. basear um de seus estudos no círculo cromático
muito usado por nós designer, estilistas, maquia-
COR DOS OBJETOS dores, artistas plásticos, enfim tudo relacionado ao
Agora te pergunto: como você enxerga as cores dos trabalho com cores e suas combinações.
objetos? Por que enxerga aquela sua blusa na cor
azul? As folhas das árvores verdes? A resposta é que
você enxerga a cor de um objeto do jeito que ele nos
reflete, ou seja, se incidir uma luz branca policro-
mática em uma base azul, ela irá devolver aos seus
olhos somente a cor azul, e todas as outras cores se-
rão absorvidas nessa base.
Imagine que agora colocou uma blusa de cor
verde e vem em sua direção uma luz de cor azul, a
luz verde da sua blusa será absorvida e não irá refle- Figura 9 -
tir cor alguma deixando sua blusa de cor escura no Círculo Cromático

130
DESIGN

• Composição Tetraédica: é a escolha de duas


O círculo cromático nos apresenta, na parte cen-
composições complementares formando um
tral, as cores primárias (vermelho, amarelo e azul), X no círculo cromático e obtendo quatro co-
cores essas que não se consegue encontrar por meio res, combinação mais complexa de uso no
de misturas com outras cores, pois elas são puras. E Design pela quantidade de cores utilizado em
logo em volta das cores primárias, temos as cores se- um único ambiente.
cundárias, causada pela mistura das cores primárias • Composição Monocromática: quando se
(violeta, verde, laranja). Na parte maior do círculo, escolhe uma das cores e muda a tonalidade
dela, facilita na composição de um ambiente
temos as cores terciárias, que são as misturas das co-
deixando-o mais linear.
res primárias com as secundárias. Agora, com esse
círculo completo, consegue-se criar harmonias das As cores influenciam sentimentos, sensações e até
cores encontrada na composição de duas ou mais vontades, como, por exemplo, aplicar cores alaran-
cores, possibilitando combinações agradáveis. jadas em ambientes de alimentação, estimulam a
Vejamos as principais combinações para utilizar sensação de fome, e a cor verde poderá trazer tran-
diariamente no design, de acordo com informações quilidade e leveza, o que é interessante para um am-
apresentadas por Heller (2012) e Fraser e Banks (2007): biente como um spa. Assim veio a conotação das
• Composição análoga: dá-se a escolha de co- cores quentes e frias, relacionadas tanto ao aspecto
res vizinhas vistas uma do lado da outra den- de experiências emocionais, quanto pelo aspecto de
tro do círculo cromático; escolha pela cor reflexão e absorção das cores.
base neutra como o branco e aplique duas
Temos cores que interferem na cultura, religi-
cores ou até mesmo a mesma cor com tons
ões, regiões e seus costumes, mas em sua maioria
diferentes.
cada pessoa irá sentir diferentes sensações ao ver
• Composição Complementar: usada para esco-
lher cores opostas dentro do círculo cromáti- uma cor. Muitas pessoas têm preferência por uma
co; essa opção é usada quando se deseja trazer única cor ou tons que ela fornece, então, antes de
grandes contrastes para o seu trabalho, por isso qualquer decisão, analise cada pessoa individual-
opte por uma cor predominante e outra que mente, que significado essa cor representa, prazer,
dará destaque em alguns lugares no projeto. satisfação, fome, humor, tristeza, enfim em que fa-
• Composição Triádica: quando montamos tor a sensibiliza para fazer a escolha correta
um triângulo dentro do círculo cromático em seus projetos.
com a mesma distância em todos os lados,
essa combinação vai trazer equilíbrio e ba- Figura 10 - Das cores
lanço dentro da decoração, por exemplo. quentes às cores frias

• Composição complementar dividida:


nesse caso, opta por uma cor e es-
colhe duas vizinhas das com-
plementares, isso irá obter
um contraste mais leve
do que as cores comple-
mentares.

131
CONFORTO AMBIENTAL

Princípios Básicos da
Iluminação Artificial
Você convive com a luz diariamente; no caso da Agora pegue uma lâmpada com embalagem nas
luz artificial, ela está presente em casas, bares, lojas, mãos e observe atrás da embalagem. Você encontra-
comércio, escolas e entre muitos outros. Deve-se rá várias informações técnicas a serem lidas, ainda
perguntar: qual lâmpada comprar? É eficiente? Vai antes da instalação no ambiente. Serão esses, além
funcionar? E a economia? Não se imagina que uma de mais outros conceitos, que serão explorados nes-
única lâmpada traz dentro dela tanta informação e te livro. Dessa maneira, apresentaremos a seguir as
que devemos aprender os princípios básicos para principais informações disponibilizadas sobre as
montar um bom projeto de iluminação. Serão es- lâmpadas, de acordo com Silva (2009):
pecificadas as principais definições de medições da • Fluxo Luminoso: é a quantidade de luz emi-
luz, elas podem parecer complexas, mas conforme a tida por uma fonte luminosa. Sua unidade de
leitura prosseguir, esclarecerá eventuais questiona- medida do fluxo luminoso é o Lumén (lm).
mentos. Uma lâmpada de LED de 9 watts emite cerca

132
DESIGN

de 830lm de fluxo luminoso. • Temperatura de Cor: é o termo usado para


• Intensidade Luminosa: é a quantidade de luz explicar as diferenças de tonalidades de uma
emitida em uma direção específica. Sua unida- fonte de luz, sua unidade é o Kelvin (K). Como
de de medida é a candela (cd). Uma lâmpada no suas cores podem ir de cor quente para fria, sua
formato de dicroica com LED acoplado tem uma analogia foi definida pelo calor em graus Cel-
lente que forma um ângulo e este direciona para sius para Kelvin. Tendo uma luz de cor mais
um objeto; uma lâmpada nesse formato pode amarelada, define como 2700K e indo para luz
obter até 900cd e alcançar mais de 5 metros. mais fria 6500K. Visto em tópicos anteriores,
• Iluminância: é a densidade de fluxo lumino- essa unidade colabora a escolher a tonalidade
so presente em uma superfície e a área desta, correta conforme a necessidade do indivíduo.
seu símbolo é o E e sua unidade de medida é • Índice de Reprodução de Cor: uma fonte lu-
o lux. Um lux é igual a um lúmen por metro minosa artificial tem uma cor real que é refle-
quadrado. Conseguimos fazer a leitura desses tida em todo lugar e sua unidade de medida
lux por meio de um aparelho que os profis- é o IRC. Tem que obter lâmpadas de quali-
sionais Lighting Designer utilizam, o luxí- dade que tragam IRC acima de 85 até 100.
metro. Temos também as normas da ABNT Para chegar nesses números, foi comparada
8995-1, que determinam quantos lux devem a luz do sol com a luz artificial, então quanto
ter para cada área. maior o IRC, mais próximo essa cor tem da
• Luminância: é a quantidade de luz que refle- luz solar e, assim, melhor fidelidade das co-
te em uma superfície e devolve essa reflexão res. Imagine que precise comprar uma blusa
ao observador, é uma luz visível ao contrário vermelha: vai até a loja e a iluminação desta
da iluminância; como sua medição está rela- está um pouco falha, mesmo assim compra a
cionada com o ângulo de visão dos olhos que blusa e ao sair da loja percebe que ela mudou
estão observando essa superfície, sua unida- a tonalidade, isso se dá pela falta de qualidade
de é candela por metro quadrado (Cd/m2). de IRC das lâmpadas desta loja.
Quando você está estudando e na sua mesa
se localiza um luminária que direciona luz
no seu livro, essa mesma luz refletirá no seus SAIBA MAIS
olhos e fará com isso a luminância.
• Eficiência Luminosa: apresenta a eficiência
da energia elétrica consumida se converten- O uso da luz na Arquitetura tem a dupla
do em luz e sua unidade de medida é o lu- função de trazer poesia e boa funcionalidade
aos edifícios, tendo esta última se tornado
mén por watt (lm/W). Uma lâmpada bulbo importante com crescimento das funções
de LED de 7W com 610lm tem 87lm/W. Esse impostas pela sociedade moderna do
cálculo consegue se fazer se tem a informa- século XX - edifícios complexos, de grandes
ção da quantidade de watt e do lúmen, assim dimensões e múltiplas funções.
faz uma equação simples: Fonte: Vianna e Gonçalves (2001, p. 41).

7watts ÷ 610lm = 87lm/W.

133
CONFORTO AMBIENTAL

NORMAS PARA NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA


Como apresentado anteriormente sobre iluminân-
cia, existe uma Norma Brasileira que especifica
quantidade de lux para cada ambiente. Para alcançar
a qualidade em um projeto, atendendo às normas,
deve-se olhar a tabela, ver quantos lux seu ambiente
precisa e fazer o cálculo luminotécnico para obter
essa quantidade de lux.
Informaremos neste livro algumas regras para
ambientes comerciais. No caso do interesse em mais
normas, é possível encontrá-las no site da ABNT.
Segue abaixo alguns dados que ABNT NBRISO_
CIE8995-1, que nos fornece:

Tipo de ambiente, tarefa ou atividade Em lux UGRL Ra Observações

22. Escritórios

Arquivamento, cópia, circulação, etc. 300 19 80

Escrever, teclar, ler, processar dados 500 19 80 Para trabalho com VDT, ver 4.10.

Desenho Técnico 750 16 80

Estações de projeto assistido por computador 500 19 80 Para trabalho com VDT, ver 4.10.

Recomenda-se que a iluminação


Salas de reunião e conferência 500 19 80
seja controlável.

Recepção 300 22 80

Arquivos 200 25 80

23. Varejo

Área de vendas pequena 300 22 80

Área de vendas grande 500 22 80

Área da caixa registradora 500 19 80

Mesa do empacotador 500 19 80


Tabela 01: Normas da ABNT ISO NBR 8995-1.
Fonte: adaptada de ABNT (2013).

134
DESIGN

135
CONFORTO AMBIENTAL

Tipos de Iluminação
Artificial
A quantidade de lâmpadas para aplicação nos pro- átomos de tungstênio, liberando energia, transfor-
jetos é bastante extensa, de formatos e maneiras de mando luz em calor. No ano de 2016, foi proibida
utilização diferentes. Por conta disso, iremos de- a venda de algumas wattagem da lâmpada, por não
monstrar os possíveis tipos de lâmpadas que pode- atenderem os níveis mínimo de eficiência energéti-
rão ser utilizados nos projetos. ca, e sabemos que, em um curto período de tempo,
A lâmpada incandescente é a nossa primeira his- todas as lâmpadas incandescentes serão proibidas.
tória de luz elétrica. Tiveram vários inventores en- Por conta de sua saída do mercado, mas com o con-
volvidos na criação desse incrível objeto, mas quem tínuo interesse do mercado por sua forma, talvez
obteve mais sucesso em comercializar foi Thomas pelos fatos históricos e tradições, as indústrias de
Edison em 1879. Essa lâmpada é composta de um lâmpadas estão “imitando” seu formato e utilizan-
filamento de tungstênio alojado no interior de um do componentes internos que economizam energia,
vidro da lâmpada preenchida com gás. Quando se como o caso do LED ou filamento de carbono, que
liga na eletricidade os filamentos se chocam com os são lâmpadas decorativas.

136
DESIGN

Quando a lâmpada incandescente foi perdendo for- Seus formatos são inúmeros:
ça no mercado por sua alta wattagem, pouca durabi- • PAR16, PAR20, PAR30 e PAR38.
lidade e falta de opção para novos formatos, foram • Palito, halopin e bipino.
criados outros tipos de lâmpadas e uma delas usa- • AR70 e AR111.
mos muito nos dias atuais: a Lâmpada Fluorescen- • Dicroica e Minidicroicas.
te, uma lâmpada de vapor de mercúrio em um tubo
de vidro e dois eletrodos em cada ponta e mais uma Apesar das lâmpadas halógenas serem bem eficien-
mistura de gases internos; ao acionar na eletricidade, tes, ainda teve a procura de uma fonte de luz mais
os eletrodos geram uma corrente elétrica que mistu- potentes para iluminação pública e estádios, por
ra esses gases e também emite radiação ultravioleta. exemplo, e surgiram as lâmpadas de descarga de alta
Essa lâmpada foi conquistando espaço por variar pressão. Elas conseguem ser muito potentes mesmo
formatos, tonalidades além de seu baixo consumo tendo formatos pequenos, seu sistema é durável e
de energia. Segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), tem baixa carga térmica. A luz que exala é de grande
essas lâmpadas possuem rendimento luminoso cin- brilho e eficiência os gases que possuem são os de
co vezes superior ao das lâmpadas incandescentes e sódio, mercúrio ou xenon, mas esse tipo de lâmpada
vida média dez vezes superior. Seu custo é bom pela demora alguns minutos para acender. Quando você
durabilidade e economia e hoje ela perde em venda está em um ambiente com esse tipo de lâmpada e
apenas pelas lâmpadas de LED. Existem nos forma- a energia cai, por exemplo, demora alguns minutos
tos de tubulares, compacta reta e espiral, compacta para restabelecer a luz. O uso desta é indicado para
não integrada e a circular. vitrines, estádios, fachadas, iluminação pública e fá-
Todas as lâmpadas que se aperfeiçoaram foram bricas. Ela possui os modelos de lâmpada de descar-
baseadas na incandescente, visto que as fluorescen- ga multivapores metálicos, vapor de sódio, vapor de
tes obtiveram sucesso em suas vendas, mas ainda mercúrio e mistas.
precisavam atender um público que começava a Todas as lâmpadas anteriormente apresentadas
ver a luz como algo que poderia causar efeitos nos podem ser substituídas por um único sistema que
ambientes, por isso precisavam de mais formatos e está conseguindo atingir grandes resultados por
grandes eficiências, e também devolver a cor mais suas inúmeras vantagens. O LED veio para revolu-
amarela que a incandescente oferecia: assim surgi- cionar o mercado de lâmpadas e luminárias. Mas o
ram as Lâmpadas Halógenas. Elas possuem um fila- que é o LED?
mento, mais seu gás muda para o Halógeno permi- São diodos emissores de luz, considerados hoje
tindo seus variados formatos. Elas podem ter baixo uma das maiores inovações tecnológicas. Sem ao
consumo em vista das incandescentes, seu custo é de menos perceber, ele sempre esteve presente em nos-
baixo para médio, sendo que podem ser usadas em sas vidas, pois foi descoberto já há um tempo e foi
variados ambientes, como residências e comércios, bastante utilizado nos anos 1970 dentro de eletrô-
em spots, plafons, arandelas, lustres e pendentes. O nicos, relógio digitais, vídeo games e na indústria
efeito visual no uso correto dessas lâmpadas pode automobilística, que adotou o LED inserido nos pai-
ser admirável. néis dos carros. Nos anos 1990, começou a evoluir

137
CONFORTO AMBIENTAL

com a criação do LED azul, que é a base para criar tenção, não gera calor e nem energia, seu efeito é tão
os LEDs de cor branco ou branco amarelado, hoje impactante que podemos utilizar em vários lugares
muito usados pelos arquitetos e designers. e um deles seria dentro de piscinas por não receber
E ao fazer a escolha por essas lâmpadas de LED, energia, em quartos, banheiros, salas, comerciais em
estará optando por inúmeras vantagens, que são: eco- tudo que queira chamar atenção para luz.
nomia de energia, economia de consumo, sem radia- Essa tecnologia é fornecida em duas opções: sis-
ção, pouco aquecimento, variados formatos, IRC de tema pontual, no qual a luz é levada de uma ponta
80 a 100%, vida útil longa, tensão bivolt em sua maio- a outra causando efeitos de vários pontos de luz na
ria, variadas temperaturas de cor conseguindo até co- pontas das fibras, e o sistema de luz lateral, no qual a
res diversas, fornece dimerização em alguns modelos, luz se espalha por toda fibra, dando um efeito mais
lâmpada sustentável, uso de LED com outras tecnolo- linear e homogêneo.
gias para atingir eficiência energética e, por fim, con- Com todas as opções de lâmpadas apresentadas,
segue transmitir efeitos visuais magníficos. já é possível fazer escolhas das quais deseja aplicar em
O LED é o presente e futuro da iluminação, tra- seus projeto de interiores, sendo necessário sempre ter
zendo benefícios para os projetos e o ser humano. cautela ao projetar iluminação, analisando os efeitos e
Seus formatos atingem todas as lâmpadas explora- sensações que deseja trazer para o cliente, especifican-
das nesse tópico e mais outros criados pela facilida- do lâmpadas que sejam agradáveis para esse usuário.
de de manusear o LED.
Outro tipo de iluminação é fornecido pela fibra
REFLITA
ótica. Poucos conhecem, mas os efeitos que trazem
para os olhos são incríveis. O sistema de fibra ótica
se diferencia do LED sobre ser um condutor de luz, Quando pensamos em iluminar algum am-
biente, temos de primeiramente idealizar o
ou seja, ele não tem energia elétrica passando por que se quer e, em seguida, planejar como
ele, somente uma lâmpada em sua fonte que traz ilu- poderemos realizar o idealizado, ou seja, é
minação para essas fibras. A fibra ótica, portanto, é necessário projetar o que queremos para
poder chegar ao nosso objetivo.
uma condutora de luz que recebe luz de uma única
fonte, levando luz para todas as fibras, tendo pou- (Mauri Luiz Silva).

quíssimo gasto de energia e também pouca manu-

138
DESIGN

Figura 11 - Alguns formatos de lâmpadas e fitas de LED fornecidas para venda

139
CONFORTO AMBIENTAL

Os Tipos de
Luminárias
Ao pensarmos em montar um bom projeto lumino- Se possível, é interessante ter uma loja de ilumina-
técnico, devemos entender sobre o uso das lâmpadas ção parceira, que te esclareça dúvidas frequentes
e seus efeitos, custo, energia consumida e, também, sobre o uso das luminárias. Não é possível conhe-
definir o tipo de luminária para cada ambiente, sen- cer tudo o que está disponível no mercado e en-
do que essa escolha não pode estar pautada apenas tender suas especificações, mas podemos analisar
em fatores estéticos. algumas questões como, por exemplo, saber se o
A função das luminárias, além de trazer estéti- acabamento da peça escolhida pode ir ou não num
ca, é a de distribuir melhor a luz das lâmpadas. Elas banheiro com grande incidência de vapor, ou até
possuem difusores e aletas que evitam o ofuscamen- mesmo em uma casa à beira mar, onde é possível a
to e encaixam nas lâmpadas, trazendo modernidade oxidação das luminárias, dependendo de seu ma-
e movimento; algumas delas colaboram com vidros terial; neste caso, o ideal são peças em alumínio,
e lentes para que essa lâmpadas tenha mais alcance plástico, vidro ou madeira, evitando as de aço ou
e definição de fachos. A luminária bem especificada ferro e impedindo que a ferrugem e a oxidação da
é a “cereja do bolo” em seu projeto de iluminação. luminária aconteça.

140
DESIGN

meio de sala de estar e jantar, laterais de cama


Busque por catálogos de luminárias: existem inú-
e muitos outros lugares tanto no comercial,
meros que irão facilitar o projeto e eles sempre têm quanto residencial. O uso de material para
todas especificações como que tipo de lâmpada uti- criação de pendentes são incontáveis, basta
lizar, seu material, dimensões e cores, facilitando ao escolher a peça que se encaixa mais em seu
máximo sua preferência. projeto. Seja cauteloso em aplicar pendentes
Saiba quais são as opções mais procuradas e es- em salas de tv para que não atrapalhe a visão
pecificadas por profissionais da área: desse aparelho.
• Plafons: eles podem ser de embutir ou so- • lustre: as pessoas costumam confundir pen-
brepor, sua instalação fica “colada” ao teto dentes com lustres, mas na verdade o lustre
servindo para todos os tipos de iluminação, é a peça de maior destaque, trazendo com ele
tanto direta, indireta e foco. Não tem regra de seus cristais e sua imponência; tem formatos
aplicação, podendo ir em todos os ambientes. diferentes com braços de candelabros, outros
Hoje nós temos no mercado as placas de LED em modelos imperiais, sendo comum a ten-
servindo como um plafon tanto de embutir dência clássica. Muitos desistiram de com-
no gesso quanto de sobrepor. Nela há uma prar lustres, porque viam muitas lâmpadas
vantagem de não ir lâmpadas, seus LEDs são em uma só peça, o que significaria um maior
acoplados nas peças tendo apenas um driver gasto de energia, mas hoje, com as lâmpadas
sem uso. Em soquetes assim, a iluminação de led, poucos watts são utilizados para um
fica mais ampla e sem sombras. grande lustre, tornando-o novamente uma
• Spots de embutir e sobrepor: são luminárias peça atrativa e possível de ser utilizada em
de menor tamanho que podem ser ou não diferentes projetos.
direcionadas, redondas ou quadradas, cores • As arandelas vieram para dar um uso maior
diversas, fácil instalação, podendo instalar para as paredes e uma iluminação mais fron-
em vários tipos de teto como de madeira ou tal tirando um pouco das luzes de teto. Elas
gesso, deixando os ambientes muito mais so- têm vários formatos e efeitos sem regras em
fisticados e com muitas opções para projetar. sua utilização. As arandelas se encaixam bem
para quem gosta de se maquiar; sua luz fron-
tal reflete com perfeição no rosto, tirando
Dentro da linha dos spots, temos também os trilhos
sombras e aumentando a reflexão de luz no
eletrificados com encaixe de spots que se movimen-
rosto eliminando as sombras desagradáveis
tam e direcionam para onde desejar. Eles ajudam na hora de se maquiar.
pessoas que não tem opção de aplicar teto de gesso • Luminárias e abajur: As luminárias de mesa
a instalar esses trilhos a um único ponto da laje e, servem para iluminar qualquer bancada em
como uma única fonte elétrica, consegue usar vários que ela seja colocada, pode ser para estudo ou
spots e aumentar a iluminação artificial. um suporte de luz para determinado ambien-
• Pendente: são peças que ficam penduradas te. Os abajures têm funções bem semelhantes
por fios tendo como função trazer um efeito com as luminárias de mesa. Mais seus forma-
decorativo para os ambientes. Pode ser co- tos, na maioria robustos e imponentes, trazem
locada em várias situações como bancadas para os ambiente uma sofisticação na decora-
de cozinha, bancadas de espaços gourmet, ção, além de trazer sensações aconchegantes.

141
CONFORTO AMBIENTAL

12 14

13

15

Figura 12 - Aplicação de um plafon com cristal no centro da sala. Figura 13


- Aplicação de spots de embutir no teto próximos das paredes dando desta-
ques aos revestimentos de parede instalados. Figura 14 - Pendentes insta-
lados acima da bancada dando uma modernidade para o ambiente. Figura
15 - Arandela de facho fechado e aberto dando destaque para parede

142
DESIGN

As luminárias de piso ou colunas de piso tem quase Projetores de alta eficiência: são para locais
a mesma função das de mesa, mas não necessitam de grandes que necessitam de bastante claridade. Um
mesa para serem apoiadas por conta da sua altura, estádio de futebol e quadra poliesportiva são exem-
podendo variar muito seu formato desde a coluna plos que precisam desse tipo de iluminação, eles
reta até com curvatura para deixar mais próxima têm poucos formatos, mudando conforme sua po-
essa luz do receptor. tência e não é uma peça esteticamente bonita, tem
• Luminárias jardim: para jardins e áreas exter- função única de iluminar bem. Hoje os projetores
nas, é comum a utilização dos embutidos de de LED são mais vendidos do que os de lâmpadas
solo, que são luminárias que resistem ao tem- de descarga, eles gastam menos energia e acendem
po, sendo instaladas no solo, dando um efeito
de imediato, ao contrário das de vapor, que demo-
up light. Indicado utilizar em ponta de árvo-
res grandes com palmeiras, colunas que de- ram para acender. Seu custo muda muito conforme
seja destaque, fachadas externas e paisagismo sua potência.
diversos. Tem grande variedade de formatos. Existem uma infinidade de luminárias para es-
pecificar, apresentamos aqui os modelos principais
Se não for possível utilizar o embutido de solo ou de base; use catálogos manuais e virtuais para inte-
querer mesclar a utilização, pode se instalar os espe- ragir com mais tipos de luminárias e suas funções,
tos de iluminação, que são luminárias que não ficam começando a escolher as que se encaixam na função
embutidas, mas espetadas no solo, possibilitando di- e estética dos seus projetos.
recionar e controlar o facho.
Uso mais comum em pai-
sagismo, entradas de locais
para marcar passagem.
O poste alto e o postinho
também são luminárias que
ajudam a iluminar áreas ex-
ternas. Com postes altos, é
possível iluminar ambientes
amplos e o postinho lugares
menores.
Os balizadores, por outro
lado, tem formato pequeno,
na sua maioria são de LED
e de fácil instalação, servem
para marcar pisadas, calça-
das, decks, fachadas peque-
nas, fornecendo uma agradá- Figura 16 - nesta imagem temos uma luminária de
vel visão de suas marcações. mesa e uma de piso, diferenciando-se pela sua altura

143
CONFORTO AMBIENTAL

Sistemas de
Iluminação
Conhecendo os tipos de lâmpadas e as luminárias, A iluminação uniformiza o ambiente com a luz
você estará no meio do caminho para complemen- e as luminárias que têm difusores acrílicos e ale-
tar seu projeto luminotécnico, mas é preciso agora tas são as mais usadas para esse tipo de ilumina-
entender o que fazer com essas informações, como ção. Essa iluminação traz mais flexibilidade aos
aplicar dentro do seu trabalho, qual usar, como usar, layouts no ambiente e a desvantagem de poder
e unir elementos complementares como gesso e ma- não atender locais que exigem maior nível de ilu-
deira, trazendo harmonia nos ambientes. Não se minância e, dependendo da luminária escolhida,
imagina o que pode se criar com esses sistemas, pro- pode causar ofuscamento se a lâmpada for apa-
tegendo, refletindo, refratando, dimerizando, filtran- rente. Seu uso pode ser aplicado em locais co-
do ou simplesmente dando destaque para lâmpada. merciais, escritórios, indústrias, supermercados,
A luz geral tem uma intensidade que permite salas de aula, em residência nas cozinhas, lavan-
maior visibilidade do local em que foi instalada. derias e despensas.

144
DESIGN

A luz com efeito é quando utilizamos a luz para ela


mesmo se destacar no ambiente, é como se colocasse
uma iluminação que emite cores como o sistema de
RGB das fitas de LED, ficando bem destacada essa luz.
Com a luz de tarefa, pode se colocar luminárias de
movimento como as colunas e luminárias de mesa que
irão focalizar na área de estudo ou leitura. Em uma
sala com uma poltrona, onde ali o indivíduo faz sua
leitura diária, coloque uma luminária de piso direcio-
nado para essa leitura, assim irá obter a luz de tarefa.
Ao optar por pendentes ou luminárias que não
têm difusores e as lâmpadas refletem diretamente na
pessoa, chamamos de iluminação direta, bem utiliza-
Figura 17 - Iluminação Geral aplicada no escritório trazendo uma luz das em lugares que necessitam de boa claridade, mas
homogênea e com facilidade de mudança do layout
cuidado com o ofuscamento por saturação. Penden-
tes são bons exemplos de luz direta e podem ser usa-
A Iluminação de destaque enfatiza um determinado dos em diferentes ambientes.
produto ou objeto que queira dar valorização no am- Se projetarmos um teto com aplicação de ges-
biente; lembre-se esse é o tipo de luz que a pessoa entra so e nele abrimos uma cava onde serão instaladas
no ambiente e observa primeiro. Para alcançar essa ilu- lâmpadas dentro, a luz ficará bem confortável e se
minação, procure pelo uso de spots e trilhos que irão chamará luz indireta; ela é bem utilizada pela sensa-
enfatizar sua parede ou seus objetos que queira destacar. ção de conforto que causa. Os arquitetos e designers
especificam bastante esse tipo de iluminação. Ela
pode ocorrer também por pendentes que fazem o
rebatimento e plafons de luz indireta. Uso maior em
lugares que necessitam menos de luz clara e potente,
no caso de salas, quartos, recepções e bares.
A iluminação de fachadas e monumentos é tam-
bém um fator importante para destacar: primeiramen-
te analise se tem alguma legislação do município que
poderá afetar seu projeto e leia muito sobre o contexto
histórico do monumento e só depois poderá começar
a projetar os sistemas de iluminação escolhendo lumi-
nárias tipo up light e down light, uso de refletores e até
uso de troca de cores para enfatizar mais esse monu-
mento. O Cristo Redentor localizado no Rio de Janei-
Figura 18 - Luz de destaque nas paredes das salas ro é um exemplo de luz com troca de cores.

145
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 19 - Cristo Redentor


Ainda sobre os sistemas de iluminação, devemos do Rio de Janeiro, vista noturna
saber tecnicamente como utilizar o sistema correto,
mas acima desses cálculos e luminárias diferencia-
das, temos que seguir o que Silva (2009) nos afirma,
que na realidade e na prática, iluminar um ambien-
te de forma adequada é muito mais que números e
fórmulas, pois luz, na maioria dos casos, pressupõe
emoção.

146
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), estamos no final de mais uma unidade cheia de in-
formações, que serão complementadas pela próxima leitura. Primei-
ramente foram esclarecidos os conceitos da luz para prosseguirmos e
vermos como essa luz atinge nossos olhos, suas reações e características
físicas e, assim, entender como ela é importante para melhorarmos nossas capa-
cidades físicas e emocionais.
Sobre as cores, foi apresentado um estudo para compreender a reflexão e ab-
sorção da luz na cor, também as cores primárias e seus complementos; o círculo
cromático veio para entender seu uso no Design e as emoções e sensações positi-
vas que a luz e a cor correta nos trazem.
As alterações das lâmpadas desde sua origem até os dias atuais são causadas
pela mudança de pensamento e economia; depois analisa-se a durabilidade e es-
tética, tanto que estão trazendo novamente o desenho da lâmpada incandescente,
mas com filamento de LED interno. Por conta desses pensamentos inovadores e
sustentáveis, devemos analisar o que está fora do conceito eficiente e melhorar a
maneira de aplicar lâmpadas.
Com as escolhas corretas das lâmpadas, ficará mais fácil optar por luminárias
funcionais, vendo que a iluminação nos traz sensações diversas dentro dos am-
bientes. Ela também oferece beleza, efeitos decorativos, estilo e cenas que farão a
pessoa se interessar em ficar mais tempo no local em que foi instalado.
Como projetar corretamente o uso das lâmpadas e luminárias sem saber uti-
lizar os sistemas que as compõem? Temos que entender que, ao instalar uma
lâmpada dentro de um difusor acrílico, formamos uma iluminação geral, e uma
lâmpada dicroica de LED em um spot de embutir forma outro sistema chamado
de destaque. Saiba que a escolha certa fará um ambiente com harmonia e, unindo
junto com a escolha de cores, alcançará resultados positivos para cada projeto.
Espero que tenha alcançado as expectativas de fazer compreender o mundo
da luz, cores, iluminação e seus sistemas, e que pratique essas teorias em seus
trabalhos profissionais.

147
LEITURA
COMPLEMENTAR

CROMOTERAPIA
A cromoterapia é uma forma de terapia alternativa que entende que cada cor possui uma
vibração e capacidade de cura específica. Desde Isaac Newton, no século XVII, até hoje,
cientistas pesquisam o poder da propriedade dos tons no organismo. Reconhecida pela
Organização Mundial de Saúde desde 1976, a terapia tem sido muito usada para melhorar
a saúde de pacientes sem a prescrição de medicamentos.
O Westwing sabe que as energias da casa são importantes para o bem-estar de seus mora-
dores. Saiba tudo sobre cromoterapia e veja como melhorar o astral de seu espaço e da sua
vida com mudanças na decoração. Veja um guia com o significado das cores e o poder que
elas podem exercer na saúde. Aprenda ainda como usar tons na sua casa para favorecer
sensações boas. Comece agora a levar o equilíbrio para a sua casa!

Cromoterapia: Significado das Cores


A cromoterapia acredita que as cores não somente influenciam no equilíbrio da casa, como
também podem ajudar no tratamento de saúde. Veja como alguns tons são usados em terapias:
• Vermelho: estimula a circulação sanguínea e permite a liberação de adrenalina. Cos-
tuma ser usado pela cromoterapia para trazer conforto, alegria, energia e excitação.
• Laranja: estimula o sistema respiratório e a fixação de cálcio. Está relacionado ao
otimismo, o relaxamento da mente e a calmaria.
• Amarelo: favorece o raciocínio e a memória. A cromoterapia acredita que o amarelo traz
energia, estimula o fígado, o intestino, vitaliza o coração e favorece o sistema imunoló-
gico. Ajuda no raciocínio lógico, no equilíbrio e no otimismo.
• Verde: a cor da natureza, equilíbrio, paz e harmonia. É conhecido por acalmar e des-
congestionar. O verde dá sensação de renovação e vida nova, ajudando em trata-
mentos do sistema digestivo.
• Azul: o tom é suavizante e calmante, atuando no sistema nervoso central. Possui
propriedades antissépticas, refrescantes e adstringentes. Proporciona paz e relaxa-
mento.
• Violeta: na cromoterapia, é conhecido por aumentar o magnetismo pessoal. A cor
tranquilizante exerce efeito calmante e estimula o metabolismo do cálcio. É muito
usado na concentração e meditação.
• Rosa: cor essencialmente feminina, enaltece a beleza e vibra o amor. Segundo a cro-
moterapia, o rosa energiza o sistema nervoso e purifica o sangue.

148
LEITURA
COMPLEMENTAR

• Branco: a união de todas as cores, é a combinação das frequências de todos os tons.


Recomenda-se o uso para energizar todo o corpo.

Cromoterapia na Decoração
As cores costumam ser usadas na decoração para dar estilo ou amplitude para um espaço.
Porém, a cromoterapia pode ser usada também no tratamento de casa, como uma prática
complementar de Feng Shui. Saiba sobre como aplicar as cores e seus efeitos no seu lar:
• Branco: um ambiente todo branco pode trazer prazer e calma. Passa a sensação de
limpeza. Segundo a cromoterapia, potencializa as demais cores.
• Verde: no chão, nos lembra natureza. Não incide muita luz, acalma o ambiente e seus
moradores.
• Azul: de cor clara, traz serenidade. Em tons escuros, transmite autoridade e pode ser
usado em ambientes sérios, como escritórios. É conhecido por refrescar o ambiente.
• Violeta: tem efeito purificador, transformando todas as energias em positivas. Para
usar em todo o ambiente, recomenda-se tons de lilás.
• Laranja: traz conforto para o espaço. Abre e estimula o apetite, sendo muito usado
em cozinhas e salas de jantar.
• Vermelho: energético e vibrante, o tom é indicado para casas de pessoas tímidas. A
cor ainda dá a sensação de esquentar o ambiente.
• Amarelo: indicado para trazer luz para espaços escuros, a cor é animadora e inspira-
dora. Em pisos, pode provocar a sensação de avanço.

A cromoterapia é uma forma de melhorar a circulação de energias boas pela casa. A partir
de suas necessidades, escolha suas cores e reforce o equilíbrio do seu lar!
A cromoterapia é uma forma de melhorar a circulação de energias boas pela casa. A partir
de suas necessidades, escolha suas cores e reforce o equilíbrio do seu lar! Com as dicas,
ideias e informações preparadas por nós do Westwing para você, esperamos que possa
aplicar a cromoterapia no seu lar da melhor maneira possível! Por isso, verifique os signifi-
cados das cores, separe as que melhor representam o seu estilo e aplique no seu ambiente
para levar harmonia, personalidade e estilo a sua casa! Invista nessa ideia!

Fonte: Westwing (2016, on-line)¹.

149
atividades de estudo

1. Innes (2012) afirma que a luz é uma forma de energia, em um momento age como
ondas eletromagnética e em outro como partículas corpusculares. Todas essas for-
mas de radiação eletromagnética se diferem por seu comprimento de onda, e a luz
tem uma onda cuja amplitude torna a luz visível. Por outro lado, a radiação infraver-
melha não nos provoca a sensação de visão, mas sim em forma de calor. Existem ou-
tras ondas eletromagnéticas abaixo da infravermelha que também não são visíveis
que podemos afirmar que são:
I. Raios X, Raios Gama e Raios Ultravioleta.
II. Ondas de rádio longas, ondas de rádio AM e ondas de rádio VHF.
III. Micro-ondas, ondas de televisão e ondas de rádio FM.
IV. Infravermelha, Raios X e Raios Gama.
V. Raios X, Micro-ondas, ondas de rádio longas.

a. I e II.
b. II e III.
c. Somente a III.
d. Todas as alternativas.
e. Nenhuma das alternativas.

2. Observe esta imagem:


Vimos no estudo das cores de como enxergar as cores dos objetos; que ao
bater luz branca em um objeto colorido, esta irá absorver as outras cores
e me devolver a reflexão da cor do objeto, sendo assim a luz branca nos
faz enxergar esses balões vermelho, amarelo e azul com faixas brancas.
Mas se projetasse uma luz de cor azul nesses balões, que cor eu veria neles
agora?
a. O primeiro balão de cor magenta com a sua faixa azul, o segundo balão de cor
verde e faixa azul e o último balão ficará todo azul.
b. Todos os balões e suas faixas ficam azuis.
c. Os dois primeiros balões ficam pretos e suas faixas azul, e o último balão todo azul.
d. O primeiro e o último balão na cor roxo, o segundo balão magenta e todas as faixas
azul.
e. Todos os balões ficam pretos e as faixas azuis.

150
atividades de estudo

3. Eficiência luminosa indica com que a energia elétrica consumida é convertida em luz e sua unidade
medida é lumens por watt (lm/W). Portanto qual é a eficiência luminosa de uma lâmpada LED de alto
fluxo de 20W com1800lm?
a. 96lm/W.
b. 98lm/W.
c. 100 lm/W.
d. 90lm/W.
e. 87lm/W.

4. Esclareça as diferenças de uma lâmpada de LED para uma lâmpada eletrônica. Qual delas tem mais
vantagens dentro da eficiência energética?

5. Descreva quais luminárias escolheria para montar um projeto luminotécnico de um apartamento pe-
queno para um casal de jovens recém-casados.

6. Quando existe um projeto no qual terá que unir a iluminação direta com a luz indireta, qual melhor
método utilizado abaixo para que esse sistema funcione corretamente?
a. Escolher por pendentes sem difusor para luz direta e plafons com aletas metálicas para criar uma luz
indireta.
b. Montar um sistema de sanca que irá aplicar a luz dentro, fazendo a luz indireta, e utilizar pendentes
sem difusor para luz direta.
c. Usar plafons de acrílico para luz indireta e spots de embutir direcionados para luz direta.
d. Colocar spots de embutidos direcionados na parede para luz indireta e plafons de vidros jateados para
luz direta.
e. Utilizar pendentes com difusor para luz direta e plafons de acrílico para luz indireta.

151
A cor no processo criativo
Lilian Ried Miller Barros
Editora: Senac SP
Sinopse: neste livro, a autora Lilian Ried mostra, a partir do le-
gado deixado pela escola de arte Bauhaus, como a cor pode ser
inserida no processo criativo e quais suas implicâncias na trans-
missão de sentimentos, sensações e mensagens. Para isso, ela avalia a metodologia didática
de quatro de seus mestres, além da influência da obra de Goethe sobre a escola.

As Aventura de PI
Ano: 2012
Sinopse: Pi Patel (Suraj Sharma) é filho do dono de um zooló-
gico localizado em Pondicherry, na Índia. Após anos cuidando
do negócio, a família decide vender o empreendimento devido
à retirada do incentivo dado pela prefeitura local. A ideia é se
mudar para o Canadá, onde poderiam vender os animais para
reiniciar a vida. Entretanto, o cargueiro onde todos viajam acaba naufragando devido a uma
terrível tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, mas precisa dividir o
pouco espaço disponível com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre de bengala
chamado Richard Parker.
Comentário: As Aventuras de Pi é um belo filme da carreira de Ang Lee. Nele se apresenta
uma fotografia deslumbrante, uso de muitas cores, dentre elas cores quentes e vibrantes. O
longa impressiona pela qualidade dos efeitos especiais e a história do menino lutando para
sobreviver ao mar é fascinante.

Neste site, irá encontrar os principais tipos de lâmpadas de LED fornecidas no mercado e
suas especificações, e observar algumas peças decorativas disponíveis para compor com es-
sas lâmpadas.
Acesse: <http://www.stella.com.br/>
referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR ISO/


CIE 8995-1:2013. Iluminação de ambientes de trabalho. Parte 1: interior. Brasil:
ISO/CIE. 2013.
FRASER, T.; BANKS, A. O Guia Completo da Cor. São Paulo: Senac SP. 2007.
GUERRINI, P. D. Iluminação: Teoria e Projeto. São Paulo: Érica, 2014.
HELLER, E. A Psicologia das Cores: como as cores afetam a emoção e a razão.
São Paulo: GG Brasil, 2012.
INMETRO Instituto Nacional de metrologia, qualidade e tecnologia. Inmetro.
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/>. Acesso em: 10 out. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. São Paulo: GG BRASIL, 2012.
PINHEIRO, A. C. F. B; CRIVELARO, M. Conforto Ambiental: Iluminação, Co-
res, Ergonomia, Paisagismo e Critérios para Projetos. São Paulo: Érica, 2013.
SILVA, M. L. Iluminação: Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência Mo-
derna, 2009.
VIANNA, S. N; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo:
UniABC, 2001.

Referência On-Line
¹ Em: <https://www.westwing.com.br/cromoterapia/>. Acesso em: 22 nov. 2016.

153
gabarito

1. B.
2. C.
3. D.
4. A lâmpada eletrônica em comparação à quantidade de watts é maior em
vista de uma lâmpada de LED da mesma equivalência. O LED também está
procurando se inovar e melhorar seu IRC e a eletrônica não está procuran-
do mais se aperfeiçoar. A lâmpada de LED tem mais vantagens dentro da
eficiência por ter pouca wattagem e mais vida útil fazendo que economize e
energia e compre menos.
5. Neste caso, poderia utilizar uma boa quantidade de spots direcionáveis por
causarem um efeito visual, escolher pendentes e plafons que tenham esti-
los mais modernos e ousado, e pouca utilização de luz geral e mais uso de
luz indireta.
6. B.

154
UNIDADE
V
ILUMINAÇÃO APLICADA
NO DESIGN DE INTERIORES

Professor Me. Marcelo Cristian Vieira


Professora Esp. Renata Catânio
Professora Esp. Ednar Rafaela Mieko Shimohigashi

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Iniciando um projeto luminotécnico
• Cálculo luminotécnico
• Iluminação para projetos residenciais
• Iluminação para projetos comerciais e escritórios
• Analisando alguns projetos de iluminação

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender com exemplos práticos como se inicia um
projeto luminotécnico.
• Aprender como montar um cálculo luminotécnico de
acordo com as necessidades dos clientes e aprendendo as
normas.
• Entender como se planeja um projeto residencial.
• Entender como montar projetos luminotécnicos comerciais
e industriais.
• Analisar alguns projetos de iluminação.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a), boas vindas à unidade V do nosso livro! Estamos na reta


final deste livro, que desejo que seja um grande comandante nesse mar
gigante de informações que é o conforto ambiental e a iluminação. Ana-
lisamos no início os princípios do conforto ambiental e todas suas ramifi-
cações, vendo como é importante discutirmos sobre o tema e utilizarmos
diariamente em nossos processos de Design, sendo que as nossas esco-
lhas irão influenciar totalmente na vida de cada indivíduo nos aspectos
de bem estar e saúde.
Além do conforto, a iluminação e seus conceitos foram abordados de
forma prática e sucinta para que facilite o entendimento sobre cor, luz e
tipos de iluminação. Conseguimos, então, com mais precisão prosseguir
o início do estudo dos projetos luminotécnicos em interiores compreen-
dendo com explicações práticas esse processo de montagem.
Nesta unidade, como fechamento do conteúdo, iremos apresentar a
você os processos efetivos do projeto de iluminação, que vão além de
entender a montagem e escolha de lâmpadas e luminárias, já que essas
escolhas, como já falamos anteriormente, não devem ser embasadas ape-
nas em questões estéticas. Por isso, é preciso entender especificidades de
alguns ambientes, tanto residenciais, como comerciais, afinal de contas a
iluminação de um quarto não deve ser a mesma que a de uma cozinha, e
a de um escritório deve se diferenciar da iluminação de uma loja.
Para dimensionar a quantidade de luminárias/lâmpadas, é necessário
a realização de cálculos de iluminação geral, para que o seu projeto seja
realmente adequado. Atualmente são utilizados programas computacio-
nais para a realização desses cálculos, facilitando, e muito, esse trabalho.
O mais comum deles é o DIALUX, que apresentaremos nesta unidade.
Defendemos, em diferentes momentos no livro, a importância do projeto
de iluminação para um ambiente, por isso desejamos que tenha muito
sucesso unindo todos os conteúdos aprendidos!
CONFORTO AMBIENTAL

Iniciando um Projeto
Luminotécnico
Estudos comprovam que o uso correto da luz nos cionalidade e muita habilidade na instalação. Sem
ambientes afeta de forma positiva a todos que profissionais especializados, a luz não irá funcionar
utilizam esses espaços. Nos locais de trabalho, como projetado, causando danos ao seus projetos. É
rende produtividade e satisfação; em residências, preciso haver uma equipe estruturada e com conhe-
o nível de estresse diminui e a sensação de re- cimentos, cronogramas de execução bem estabele-
laxamento e aconchego predominam; e em res- cidos e manuais de instalação dentro da obra, para
taurantes e bares, colabora com a socialização e evitar ao máximo que algo dê errado. Um bom Li-
comunicação. ghting Designer - designer especialista em projetos
A arquitetura e luz se entrelaçam dando vida aos de iluminação - pensa em projetos funcionais, ana-
revestimentos - formas e volumes, não é apenas um lisa custos de energia, viabiliza futuras manutenções
complemento da arquitetura, mas sua parte essen- e, acima de tudo, procura o melhor custo benefício
cial desse todo. Na iluminação, tem que ocorrer fun- para aquele que o contratou.

160
DESIGN

Durante o dia, existe uma fonte de luz que deve


ser evidenciada, a luz solar. Por isso analisar ja-
nelas, aberturas de portas, iluminação zenital é
essencial para um maior uso do natural do que o
artificial, sempre visando suas direções para assim
valorizar o que se deseja destacar, e, no caso de
lugares menos atraentes, usar pouca incidência
de luz, formando até cenas dentro dos ambientes,
lembrando que com esses estudos são evitados os
ofuscamentos com sistemas de controles de ilumi-
nação. Em dias nublados ou de menos raios so-
Figura 1 - Iluminação Natural predominando
lares, a luz artificial vem para evidenciar, dando com apoio da iluminação artificial e também
suporte a esse acontecimento. persianas verticais que evitam o ofuscamento

ELEMENTOS DE VARIAÇÃO E CONTRO-


LES DE LUZ ARTIFICIAL
Os controles de iluminação vão muito além do que
sensores de movimento: eles ajudam economizar
energia e deixam um controlador gerenciar o quan-
to e quando necessita de luz, transmitindo diversas
atmosferas para o ambiente e proporcionando con-
forto a todos os tipos de ocasiões.
Sensores de iluminação são usados em ausência
de luz natural, que aciona a luz artificial e acende
apenas com alguém no local em movimento. No
mercado, existem inúmeros modelos e com mais
opções de acionamento do que ditas aqui. Vale lem-
brar, ainda, que é um sistema que colabora com a
economia de energia.
Sistemas de automação são componentes ul-
tramodernos que controlam muitas coisas, desde
a iluminação até aberturas de persianas e autoliga-
ção de aparelhos eletrônicos. Em poucas saídas, ele
consegue montar múltiplos canais e sequências de
luz, criando cenas para cada ambiente. Essas auto-
mações podem ser instaladas com ou sem sistema Figura 2 - Modelo de sensor de luz

161
CONFORTO AMBIENTAL

de cabeamento, controlando residências, lojas, está- PROJETOS QUE COMPLEMENTAM


dios, salas de estudo, tudo em poucos toques. Eles O LUMINOTÉCNICO
podem ser gerenciados até fora do local pelo uso de O projeto de gesso é um desses projetos que com-
um celular, por exemplo. plementam o luminotécnico, utilizado para fazer
Os Dimmers servem para controlar a intensida- uma iluminação indireta, aplicar spots e luminárias
de da luz. Se colocarmos um dimmer em um quar- de embutir, detalhes no teto como rebaixamento, al-
to, por exemplo, conseguimos acionar o sistema em turas diferentes de teto, tudo isso é feito com o ges-
um interruptor com dimmer e deixar o ambiente do so. Servem também se quiser trabalhar com outros
mais claro ao mínimo de iluminação. acabamentos que não sejam o gesso, como com a
O sistema Dali, segundo Silva (2009), é um con- madeira, por exemplo, criar vigas, pergolados e va-
trole de gerenciamento de luz por meio dos ende- lorizar com a luz.
reços dos equipamentos, reatores digitais do tipo Outro projeto que pode complementar o tradi-
DALI. Como Dali é um protocolo internacional, cional luminotécnico é o de iluminação nas pare-
todos os sistemas com a sigla podem se comunicar des. É necessário verificar na obra ou projeto se é
independente da marca. Ele irá comandar todos os viável aplicar luminárias nelas, ver se não tem vigas
reatores dimerizáveis e o funcionamento das lâmpa- estruturais passando bem no local de aplicação da
das, câmeras, persianas e outros sistemas conectados luminária e se não terão problemas em embutir lu-
a ele. As possibilidades de cenas e programações são minárias na parede de concreto. Logo que termina
imensas e, além de também ser um fator econômico seu luminotécnico, já deve ter pensando como essas
de energia, poderá fornecer sensações ao indivíduo luzes acenderam e irá fazer um projeto de circuitos e
com apenas um toque. interruptores para ligar conforme a cena que desejar.
Os temporizadores ou timers, como são mais
comumente chamados, são um modo mais simples CIRCUITOS E INTERRUPTORES
de controlar os horários de ligar e desligar a luz em Depois de apresentado todos os sistemas de auto-
horas programadas no aparelho por um indivíduo. mação, por mais que pareça mais prático, temos que
passar os circuitos para um profissional instalar de
maneira correta. Ele serve para dar esses movimen-
tos e cenas de luzes, que tanto falamos e entram no
nosso estudo de projetos, pois caminham junto com
luminotécnico. Primeiramente é preciso definir os
pontos de iluminação e logo em seguida escolher
qual acenderá e qual apagará, colocando interrup-
tores para cada um (se não houver sistemas de auto-
mação). Se ocorrer automação e dimmer, aplicar no
sistema da mesma forma qual acende e qual apaga
Figura 3 - Modelo de temporizador
e qual dimerize conforme a cena desejada; pronto:
manual, que também pode ser digital seus circuitos estão feitos! Por outro lado os inter-

162
DESIGN

ruptores, além da função de ligar e desligar, ofere- necessárias, mas será no diálogo com o cliente que
cem a opção de acionar uma luz de um local e desli- serão retratadas as informações mais importantes e
gar e acionar novamente de outro. essenciais para realização deste, pois aí se entende
Um exemplo é no caso de estar subindo uma es- a personalidade e a essência de tudo. Pode ser des-
cadaria e, antes de subir, acende a luz e, ao chegar no de um restaurante japonês que usa iluminação mais
andar de cima, consegue apagar as luzes com outro cênica com troca de cores e movimento até os clien-
interruptor; isso se chama interruptor paralelo: temos tes mais básicos que preferem iluminação que traga
os simples que só acendem num local, os intermediá- aconchego para sua residência. As opções para se
rios que aumentam mais um acionamento dos para- projetar luz são imensas e aqui será apresentado o
lelos e os bipolares que se ligam à luz na tensão 220v. início dessa viagem.
Para um melhor entendimento sobre os proces-
CATÁLOGOS DE LÂMPADAS sos que envolvem o projeto luminotécnico, elabora-
E ILUMINAÇÃO mos uma tabela explicativa, que veremos a seguir:
Quando projetamos iluminação, o uso e pesquisas
de catálogos, sejam virtuais ou manuais, é indispen-
sável. Ao se deparar com esse catálogos, perceberá a
imensidão de opções de lâmpadas e luminárias dis-
poníveis no mercado e, assim, terá que fazer as esco-
lhas que se encaixam no seu projeto e ainda ter eles
sempre perto para eventuais dúvidas da instalação.
Todas as luminárias têm detalhes únicos, cada
uma delas irá exigir algo do instalador. Um embu-
tido tem medidas específicas para recorte de gesso,
madeira ou até outro material, assim como um em-
butido de solo tem toda uma preparação do solo an-
tes de sua instalação.
Os catálogos de lâmpada, luminárias e equipa-
mentos vão fornecer indicações de uso, tipos de teto
ou paredes, cores, texturas, curvas de distribuição
luminosa, IRC, Fluxo luminoso e mais uma infini-
dade de informações necessárias para que a peça
que comprou funcione conforme projetou.

PROCESSO DE PROJETO
Antes de iniciar o processo, vale lembrar que irá sim
fazer cálculos, analisar os aspectos técnicos de cada Figura 4 - Como iniciar um projeto luminotécnico
luminária utilizando-se de todas as ferramentas Fonte: a autora.

163
CONFORTO AMBIENTAL

Esse esquema inicia com uma entrevista com o çamentos e negociar as melhores condições para o
cliente para que seja realizada uma análise do que cliente nas lojas.
ele busca com o seu projeto de iluminação: os itens Com o projeto executado, o designer fará visi-
que já estão definidos, como móveis e revestimen- tas no local procurando a satisfação do cliente, em
tos, qual local necessita de maior incidência de luz e alguns casos ele poderá pedir algum ajuste de ilumi-
outra menor, e qual a função irá trazer esse projeto nação e verá as possibilidades de melhora de luz para
para determinado cliente. esse ambiente de acordo com o pedido do cliente.
Logo após o estudo do programa de necessidade,
vem a definição dos conceitos de iluminação. Qual
estilo, quais peça de iluminação se encaixariam no
seu projeto? Lustres? Pendentes? Spots de embutir?
Sobrepor? É nessa etapa que começam as pesquisas
de catálogos e definições de efeito que a luz irá trazer
para esse projeto.
A fase do anteprojeto é uma das mais importan-
tes, por ser aqui o começo do luminotécnico, que
monta o projeto e elabora posicionamento das lumi-
nárias e lâmpadas e usa de toda criatividade para o
processo de criação, deixando impressionante para
o cliente visualizar e aprovar.
Com a aprovação do cliente e possíveis ajustes no
anteprojeto, inicia-se o desenvolvimento do projeto
luminotécnico executivo, como nessa etapa já não se
faz mais alterações, começam os detalhes de execução.
O projeto executivo é o conjunto de vários proje-
tos, como luminotécnico, gesso ou outros materiais,
circuitos e interruptores. Esses projetos irão para
obra como um manual, auxiliando os prestadores de
serviço a executar o que projetou, e neles terão co-
tas, cortes, especificações e legendas. Para o cliente,
também irão projetos e memoriais descritivos que
auxiliarão para orçamentos e compras dos materiais.
Os orçamentos dos materiais e mão de obra po-
dem ser buscados pelo cliente ou por você designer,
mas essa informação, de quem caberá essa função,
deverá estar descrito em contrato. Se for atribuído Figura 5 - Modelo de Projeto Luminotécnico - Aplicação de luminárias
ao designer, caberá a ele a função de analisar or- Fonte: a autora.

164
Figura 6 - Modelo básico de legenda de um projeto luminotécnico
Fonte: a autora.
DESIGN

165
CONFORTO AMBIENTAL

Figura 7 - Modelo básico de planta de gesso


Fonte: a autora.

Figura 8 - Modelo básico de legenda de gesso


Fonte: a autora.

166
DESIGN

C44 WC
C38
C34 QUARTO FILHAS
C32 C43
BWC
C38
LAVATÓRIO
C46 C46 C46 C46
VARANDA C39 C39 C39 C39

C31
C36
CLOSET C25 C40
C46 C46 C30

C35 C35
C43

C31
C46 C46

C33
C44 C44
QUARTO FILHOS

C27
C27

C27
C27

SANCA ILUMINADA SOMENTE DE UM LADO


C46 C46 C28
SAUNA

C37 C37 C41 C41 C41

C26
VAZIO
C42
C45

SUÍTE

C29
desce
C25

C24
C24

C24
C24
C45

Figura 9 - Modelo básico de projeto de circuitos


Fonte: a autora.

Figura 10 - Modelo básico de planta de interruptores


Fonte: a autora.

167
CONFORTO AMBIENTAL

Cálculo
Luminotécnico
Os cálculos de iluminação geral foram evoluindo e SAIBA MAIS
simplificando conforme o tempo. Hoje temos sites
de luminárias que já fornecem o cálculo somente
O Dialux pode ser baixado gratuitamente por
aplicando as luminárias do catálogo, outros sites meio do link:
fornecem os dados necessários para auxiliar no cál- <https://www.dial.de/en/dialux/download/>.
culo manual, mas, de todos, o mais comum entre os
A empresa de luminárias Lumicenter
lighting designers é o programa DIALUX, talvez por disponibiliza tutoriais e manuais para o uso
sua eficiência e facilidade de uso. Nele consegue-se do Dialux por meio do link:
vincular seus projetos no CAD ao programa, e esco- <http://www.lumicenteriluminacao.com.br/
pt/tecnologia/dialux.html>.
lher a luminária para o projeto, e o DIALUX calcula
a quantidade necessária de luminárias.

168
DESIGN

CÁLCULO BÁSICO MANUAL B

Mesmo com os meios computacionais de realização A

dos cálculos, é preciso que você, designer, conheça


o cálculo manual, para compreender esse proces-
so. Para facilitar, vamos simular o cálculo de ilumi-
C
nação para um escritório. Existem tabelas e infor-
mações que servem como base para esse processo
e entendê-los permite que você confira simulações
Luminária a LED com refletores e aletas em alumínio alto
computacionais. A seguir apresentaremos os dados brilho, combinados com difusores em acrílico leitoso. Ideal
necessários para o cálculo e, na sequência, todo o para ambientes com maior controle de ofuscamento,
como escritórios, bancos e outros ambientes corpora-
cálculo e definições necessárias: tivos. Completa, com placa de LED e driver multitensão
(100-250V) integrados à luminária. Opcional dimerizável
0 a 10V ou DALI, sob consulta.
• Local: escritório de administração. 500 lux
exigido de acordo com norma NBR 8995-1 INSTALAÇÃO: Embutir
níveis de iluminância. CORPO: Em chapa de aço fosfatizada pintada na cor
branca microtextura.
• Medidas: 6,00 largura x 8,00 comprimento x REFLETORES: Parabólicos em alumínio alto brilho.
2,70 pé direito. ALETAS: Parabólicas em alumínio alto brilho.
DIFUSORES: Em acrílico leitoso
• Altura do plano de trabalho: 0,75 altura. DRIVER INCLUSO: 100 – 250V
• Índice de Refletância: IRC: 80
IP: 20
• Teto Branco: 70%
CÓDIGO L1 L2 A B C NICHO
• Parede clara: 50%
LAA02- 37W LED*/ 3000K /
• Piso escuro: 20% 292 41 1243 230x1176
E3500830 3400lm** 50.000h(L70)
• Com base nessas informações, deve fazer LAA02- 37W LED*/ 4000K /
292 41 1243 230x1176
o primeiro cálculo de índice de ambiente - E3500840 3400lm** 50.000h(L70)

RCR. EAA02- 37W LED*/ 3000K /


292 41 1243 230x1176
E3500830 3400lm** 30.000h(L70)
EAA02- 37W LED*/ 4000K /
292 41 1243 230x1176
E3500840 3400lm** 30.000h(L70)
RCR = [ 5 X h x ( L + C) ] / L x C = ?
EAA02- 37W LED*/ 5000K /
RCR = [ 5 X 1,95 x ( 6 + 8 )] / 6 x 8 = 2,84 arre- E3500850 3400lm** 30.000h(L70)
292 41 1243 230x1176

donda para 3. * Consumo total, incluindo driver.


** Já consideradas as perdas óticas
h = pé direito - altura do plano de trabalho.
Figura 11 - Luminária embutir LED Lumicenter
L = largura do ambiente. Fonte: Lumicenter ([2016], on-line)¹.
C = comprimento do ambiente.
Normalmente o fabricante informa o fator de utili-
Próximo passo escolha a luminária que, no nosso zação (Fu) que irá variar de acordo com os índices
caso, será essa a seguir: de reflexão e o RCR do ambiente. Assim que esco-
lher a luminária verifique o Fu na tabela de acordo
LAA02-E3500840: com 3400lm. com os dados já resolvidos anteriormente.

169
CONFORTO AMBIENTAL

Teto (%) 70 50 30 0
Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0
Chão (%) 20 20 20 0
RCR Fator de Utilização (%)
0 117 117 117 112 112 112 107 107 107 100
1 106 103 101 102 100 98 98 96 95 90
2 96 91 87 93 89 85 90 86 83 80
3 87 81 76 84 79 75 82 77 74 70
4 79 72 67 77 71 66 74 69 65 63
5 72 65 60 70 64 59 68 63 58 56
6 66 59 53 64 58 53 63 57 53 50
7 61 53 48 59 53 48 58 52 48 45
8 56 49 44 55 48 43 53 48 43 41
9 52 45 40 51 44 40 50 44 40 38
10 48 41 37 47 41 37 46 41 36 35
Figura 12 - Tabela Fator de Utilização
Fonte: Adaptado de Lumicenter ([2016], on-line)¹.

De acordo com a tabela o Fu = 87.


Com todas as informações decorrentes segue a fór-
mula para calcular a quantidade de luminária para
o ambiente.
• N = [ (L x C) x E] / lm x Fu x Fd = ?
• N = [ (6 X 8) X 500 / 3400 x 87 X 0,85 = 0.095
arredonda para 10 luminárias.
• E = iluminância desejada para o ambiente.
• Fd = fator de depreciação normalmente nos
sites de luminárias por sua maioria passa o
valor de 0,85 de perda.

Com a quantidade de luminárias calculada falta ape-


nas verificar como irá distribuí-las no teto.
Comparando o cálculo manual com o programa
Dialux:

170
DESIGN

Figura 13 - Cálculo pelo programa Dialux


Fonte: a autora.

No caso do Dialux, ele aumenta a quantidade de


lux de 500 para 600 por entender que, em termo de
distribuição de luminárias, 12 unidades ficam me-
lhor distribuída que 10 unidades, a quantidade de
lux é maior, mas não interfere no local de trabalho.

171
CONFORTO AMBIENTAL

Iluminação para
Projetos Residenciais
Ao longo dessa jornada, você teve um aprendizado nação para lugares de trabalho com cozinha e lavande-
específico de iluminação contendo conforto visual, rias e sempre se preocupar com a eficiência energética.
como nosso corpo reage à luz e os benefícios de uti- Para dar início a um projeto residencial, é im-
lizar corretamente a iluminação. A iluminação de portante que obtenha algumas informações do
ambientes é a prática de sensibilizar e compreender cliente e local:
a necessidade de cada indivíduo em seu espaço.
• Medidas de todos os ambientes a serem pro-
Depois do Designer passar para o processo do pro- jetados, inclusive todas as medidas dos mó-
grama de necessidades com o cliente, começa o pro- veis e suas localidades.
cesso de elaboração das soluções, sendo que diversos • Observar todos os revestimentos desde cores
critérios devem ser lembrados, como o passar de um até suas texturas.
ambiente para outro com iluminação suficiente, anali- • Definir um conceito para iluminação seguin-
sar idade de quem irá morar na residência, trazer ilumi- do funcionalidade e estética.

172
DESIGN

• Função de cada ambiente. minárias de piso direcionadas e spots no teto


• Em qual local da casa que o cliente predominará. para valorizar algum revestimento se hou-
• Se tem obras de arte a serem destacadas. ver. Para sua tonalidade, de preferência usar
2700K e seu IRC sempre acima de 80.
• Idade dos usuários.
• Escadarias: é um espaço que hoje o cliente
• Perfil de todos os moradores.
usa como destaque da casa e, assim, a apli-
• Conferir com profissional níveis de carga e
cação de balizadores pequenos marcando as
instalação das peças.
pisadas da escada estão sendo destacados;
• Quanto incide de luz natural. também poderá projetar arandelas altas ilu-
• Orçamento. minando na parede e refletindo na escada e a
sua tonalidade pode variar de 3000K a 4000K
TIPO DE ILUMINAÇÃO POR AMBIENTE de acordo com as necessidades do cliente.
Todos os lighting designer e projetista da área dizem • Circulações: a escolha de balizadores insta-
defender a premissa de que não existe um único cri- lados próximo do rodapé do piso está valo-
tério para as definições de um projeto de ilumina- rizando as circulações das residências. Spots
ção, e podemos usar a típica frase de uso popular: também são bem empregados nesses am-
“não existe receita de bolo quando se fala de ilumi- bientes, deixando-os mais intimistas e com
pouca incidência de luz. Escolha por 2700K
nação”. Contudo podemos utilizar alguns exemplos
a 3000K de tonalidade.
de iluminação que deram certo e até hoje funcionam
• Cozinhas: esse também é um ambiente de
e, assim, baseados nessas experiências anteriores, e
grande tráfego e uso. Procure por luz geral
relatos de outros profissionais, apresentaremos algu- mais homogênea e abundante, pouco uso de
mas sugestões de iluminação por ambiente. spots apenas para destaque de algum móvel
• Hall de entrada: é a recepção da casa, por isso ou sendo usado nas bancadas de pia para não
tem que ser intimista e bem receptiva; para que fazer sombras nas cubas. Suas tonalidades
consiga trazer essas sensações, o ideal é pro- variam de 6000K a 4000K, sendo ambientes
jetar uma luz mais amarelada usando 2700K, bem claros dando sensação de limpeza.
com bons IRC e spots que tragam efeitos de
fachos nas paredes ou até mesmo pendentes
com um apresentação que dará continuidade a
toda a casa. Não necessita de iluminância alta,
portanto use da criatividade de peças que con-
vidam a pessoa a adentrar nessa residência.
• Salas de Estar: é um espaço de área comum
da casa onde muitos ficam para receber seus
convidados; em sua maioria, ela é a parte
principal em questão de estética, pela qual é
apresentado o estilo da casa. Nesse ambiente,
poderá utilizar lustres, pendentes, arandelas
que valorizam muito esse ambiente, sua ilu-
minância também não precisa ser tão alta, se
Figura 14 - Cozinha com boa iluminação composta por luz geral
acaso o cliente gostar de ler na sala, use lu- e pendentes na bancada

173
CONFORTO AMBIENTAL

• Salas de TV: se esse ambiente tem a função de


15
ser uma sala de TV apenas, o uso de pouca
luz é o ideal, nela podemos aplicar sancas de
luz indireta e spots direcionáveis como cenas
para diferenciar de acordo com necessidade.
Uso de luz 2700K e dimerizável é importante
para esse ambiente.
• Sala de jantar: nesse ambiente, as pessoas se
reúnem para refeições; tratando-se dessa im-
portância, tem que dar destaque à mesa que
sobre ela poderá ter lustres, pendentes ou
luminárias que destacam esse local. Uso de
2700K a 3000K é essencial para que fica des-
tacado e valorizado.
• Lavabo: lugar de área comum para seus visi-
tantes, tem que ser receptivo e aconchegante,
trazendo sensação de conforto e reservado ao
uso. Pendentes e spots de 2700K prevalecem
na valorização desse lavabo.
• Lavanderia: usada mais para trabalho e lim-
peza, com a tonalidade 6000K a 4000K, essa
lavanderia será um ambiente bem claro. O
IRC tem que ser acima de 80 por lidar com
roupas de variadas cores.
• Dormitórios: spots que trazem destaque 16
para algo, uso de sancas com luz indireta,
luminária de mesa e pendentes decorativos.
A tonalidade pode variar de 2700K, 3000K
a 4000K e seu IRC acima de 80. Utilizar vá-
rios circuitos e uso de dimmers é bom para
o controle de luz de acordo com a neces-
sidade. Estes quartos podem variar muito
em sua iluminação e estilo de luminárias,
dependendo da idade e preferência de cada
indivíduo.
• Suite Master: local de descanso e tranquili-
dade, portanto os spots, pendentes, abaju-
res, luminárias efeito rebatedor, luz indireta
e lustres são bem-vindos. Tonalidade 2700K
a 3000K prevalecem nesse ambiente, a apli-
cação de dimmer e divisão de circuitos serão
bem utilizados.

174
DESIGN

• Closets: a luz deve ser mais geral, difusa e ho- parte da noite para essa fachada. Os embuti-
mogênea para visualizar bem todas as roupas dos de solo formando efeitos de facho de bai-
e acessórios. Luz linear com uso de fitas de xo para cima e espetos de jardim compõem
LED dentro do armário é uma boa sugestão essa frente. Se quiser, pode projetar um refle-
para evitar sombras. Tonalidades mistas de tor para acender quando necessitar de uma
4000K e 3000K é bem adequado para esse luz de segurança. Tons de 2700K e 3000K são
ambiente, e o IRC bem alto para não destoar os mais indicados.
cor das roupas. • Muros e piscinas: hoje tem no mercado
• Banheiros: hoje ele é um dos ambiente luz interna para piscina de LED com efei-
dentro de residências mais valorizados por to visual deslumbrante e, para os fundos
muitos fazerem desse local um lugar para nos muros, as arandelas ou os embutidos
relaxar e descansar com uso de banheiras de solo podem ser usados causando efeitos
de spa, sendo assim os spots prevalecem e de destaque nas paredes com seus fachos.
pouca luz geral, bastante incidência de luz A tonalidade para piscinas poderá ser RGB
na bancada com uso de arandelas e embuti- e para muros e jardins o 2700K é bem re-
dos no teto que colaboram para uso do es- levante.
pelho e também luminárias dentro da área • Garagem: a iluminação com apenas dois
do banho e próximo do sanitário. Tonali- circuitos ajuda a resolver esse ambiente,
dade varia de 3000K a 4000K e com IRC podendo usar mais se quiser. Nos casos de
por usarem muito o banheiro para fazer mais luz, a iluminação geral e, para desta-
maquiagem. que, os spots, arandelas e balizadores ficam
• Fachadas: é a primeira impressão da casa e harmoniosos em uma garagem. A tonalida-
a luz tem o papel principal de trazer vida na de 4000K para luz geral e 3000K para desta-
que é a mais indicada e os sensores são ideais
para esse ambiente.
17
• Jardins: de acordo com o paisagismo que a
iluminação segue, os materiais mais especí-
ficos são os espetos para plantas menores e
luz de menor alcance e os embutidos de solo
para plantas maiores que necessitam de mais
luz e efeito up light. Tonalidade de 2700K ou
3000K é o mais indicado.
• Todas essas informações unidas com as ne-
cessidades e exigências do cliente que alcan-
çarão respostas emocionais positivas para
aquele que habita no ambiente bem ilumina-
do que projetou.

Figura 15 - Sala de jantar com pendente e spots Figura 16 - Banheiros


com iluminação dentro da área do chuveiro para evitar sombras Figura
17 - Fachada com iluminação valorizando a arquitetura

175
CONFORTO AMBIENTAL

Iluminação para Projetos


Comerciais e Escritórios
Na iluminação comercial e escritórios, há a necessi- também é um fator a ser analisado, sua cor, formato
dade maior de cálculos luminotécnicos, sendo que e materiais interferem na luz. Em pé direitos altos
os conceitos gerais de tipos de luminárias são seme- e com grandes aberturas como um supermercado,
lhantes do tópico anterior, mudando alguns tipos de o estudo e cálculo é feito para ver o alcance da luz
lâmpadas mais específicas para cada comércio, de- nos produtos e nos corredores, se o projetista traba-
pendendo do ramo de venda e a exigência do cliente lha com luminárias fixas no teto ou desce pendentes
perante essa iluminação. para melhor distribuição de luz.
O que irá definir tipos de luminárias em projetos Saber iluminar corretamente um escritório é o fa-
comerciais é o projeto arquitetônico; a iluminação tor predominante para que o cliente use esse ambien-
unida ao conceito arquitetônico cria uma leitura e as te com sensações mais confortáveis e de menor níveis
escolhas da luminárias reforçam a ideia e valorizam de estresse. Compreender o espaço e analisar bem o
o ambiente. A escolha do tipo de acabamento do teto posicionamento do mobiliário é um grande começo

176
DESIGN

para seu projeto. Para o profissional dar início aos


projetos luminotécnicos comerciais, é preciso enten-
der o que o cliente quer com essa iluminação, o que
o observador vai sentir ao entrar no local, melhorar o
espaço com a luz, analisar as hierarquias, a arquitetu-
ra do ambiente, pois, conseguindo um bom trabalho,
esse ambiente terá uma atmosfera emocional positi-
va ao observador, estimulando comprar mais e com
qualidade em uma loja de roupas, por exemplo.

SAIBA MAIS

A combinação de iluminação natural e artificial


de boa qualidade e biologicamente eficaz
contribui para que os usuários de escritórios Figura 18 - Iluminação geral em um supermercado
criem um vínculo emocional com o local de
trabalho, sejam mais eficazes, alertas, produtivos
e saudáveis. Esses efeitos são sentidos tanto no Iluminação de lojas sofisticadas
ambiente de trabalho, como se prolongam para
O conceito é diferente das lojas de departamentos: a
fora dele em dias posteriores.
quantidade de iluminação diminui, podendo ser luz
Fonte: adaptado de Cimadon (2016).
indireta, e o sistema de iluminação pontual de desta-
que predomina, valorizando as peças individualmen-
te, dando mais valor e brilho para esse produto, seja ele
ILUMINAÇÃO EM roupa, joias, bolsa ou acessórios. A tonalidade pode
AMBIENTES COMERCIAIS mudar para 2700K a 3000K e o uso de LED, além de
Na iluminação em supermercados e lojas de departa- economia, pode levar à sofisticação e funcionalidade.
mentos, locais em que a luz tem que trazer mais uni-
formidade, a luz geral vai predominar dando melhor Vitrines e Provadores
visibilidade dos produtos. Normalmente essas lojas A iluminação de vitrine é a mais importante, ela ajuda
são grandes e há muitos produtos, sendo a iluminação na função de atrair clientes para o interior da loja. A
com mais quantidade de lumens homogênea a escolha vitrine deve ter a iluminação de destaque, sendo mais
ideal. A luz de destaque é menos utilizada, devendo es- adequada montando um jogo de luz e sombra dando
tar direcionada somente para produtos que se queira mais movimento e sensação mais atraente para o que
valorizar, podendo ser uma oferta ou um produto de está exposto; por sua maioria, a tonalidade 3000K é
lançamento. As tonalidades podem variar de 4000K mais indicada e seu IRC tem que ser ótimo.
a 6000K e o uso do LED é essencial para esse tipo de Os provadores já exigem uma iluminação mais
segmento pela quantidade de luminárias e pelo tempo frontal, as arandelas ou luz atrás do espelho ficam
que fica aceso, obtendo melhor economia de energia. excelentes para esse ambiente, levando claridade ne-

177
CONFORTO AMBIENTAL

cessária ao usuário; nada de luz no teto em cima da 19

cabeça do clientes, pois faz sombra e causa o efei-


to achatamento na pessoa. A tonalidade 3000K fica
muito boa em provadores.

Restaurantes e bares
Normalmente o cliente quer esse ambiente bem
aconchegante, tranquilo, para estimular a permanên-
cia, o que aumenta o consumo. Para que tudo isso
seja realizado, o ambiente pode ter circuitos para uso
de iluminação geral quando necessário e luz de efeito
pontual em outros momentos, causando cenários di-
ferentes dependendo do seu uso. A tonalidade 2700K 20

a 3000K ou até mesmo RGB sempre se encaixa bem


nesses tipos de ambientes, trazendo um espaço aco-
lhedor para cada indivíduo que entrar.

Iluminação em Escritórios
Em um ambiente de trabalho, o objetivo é promover
boa iluminação e evitar os ofuscamentos. A quan-
tidade de luz tem que ser maior, atingindo em sua
maioria 500 lux, mudando esse valor conforme o
uso do local. A luz geral bem calculada e a ilumi-
nação direcionada evita fadigas e aumenta a pro-
dutividade. Podem ser escolhidos variados tipos de 21

luminárias como pendentes de luz direta e indireta,


plafons com luz difusa e luminárias de mesa; a luz
de destaque serve apenas para valorizar mobiliário e
quadros se acaso houver no ambiente. Salas de reu-
nião podem ter circuitos e dimmer para uso da luz
geral e luz direcionada para diversos casos.
A iluminação junto com o mobiliário consegue
diferenciar setores do escritório desde a presidência
à secretaria com iluminação diferenciando os locais.
Os corredores das salas não têm muitas regras, po-
Figura 19 - Sistema pontual destacando as joias da loja Figura 20 - Vitrine
dendo ser luminárias pontuais e luz indireta, trazen- com bom índice de IRC e fluxo luminoso mostrando a cor correta das roupas
do mais sofisticação nas circulações. Figura 21 - Interior de um restaurante europeu com luz pontual e indireta

178
DESIGN

22

Figura 22 - Sala de reuniões


com pendentes, luz indireta,
luz pontual e luz natural
Figura 23 - Indústria com
boa distribuição de luz

23 Indústrias
Nesses locais, a busca pela produtividade com quali-
dade faz a procura de mudança de iluminação para
essas melhorias. O uso da luz geral com grande po-
tência, expansão de luz, preferência por luminárias
de LED com baixo consumo e manutenção e as to-
nalidades variam entre 4000K para 6000K, isso tudo
dependendo muito do tipo de indústria. O cálculo
luminotécnico é imprescindível, pois esses locais
exigem as normas de níveis de iluminância.
Lembre-se dos cuidados ao projetar ilumina-
ção: escolha as lâmpadas e luminárias adequadas,
não aplique marcas diferentes nas lâmpadas, pois
elas têm cores, ângulos e fluxos luminosos diferen-
tes umas das outras, podendo afetar na qualidade de
seus projetos. Analise as alturas dos tetos, cada altu-
ra exige tipos de lâmpadas com alcances distintos.
Assim conseguirá iluminação com funcionalidade,
estética, eficiência energética levando satisfação
aqueles que a utilizam.

179
CONFORTO AMBIENTAL

Analisando alguns
Projetos de Iluminação
Após todas as teorias expostas na unidade, realizare- exigências humanas e utiliza a luz para melhora do
mos uma reflexão acerca de projetos de iluminação bem-estar de cada indivíduo, seja a luz natural ou
executados por outros profissionais, considerando artificial será para levar qualidade de vida. Um ligh-
todos os aspectos estudados. A proposta é de que, ting designer também procura o uso da sustentabi-
agora, você esteja mais preparado para uma análise lidade, buscando tipos de lâmpadas que colaboram
mais crítica sobre o assunto. com a eficiência energética.
Se decidir optar em especializar-se em ilumina- Não é possível ser um lighting designer sem um
ção, fará um estudo aprofundado sobre o assunto e profundo conhecimento da luz e do ser humano,
se tornará um Lighting Designer, que é um profis- levando em consideração diferentes culturas, indi-
sional que usa de estudos técnicos e estéticos unidos vidualidades e arquiteturas singulares. Lembrando,
à arquitetura para dar soluções de iluminação para também, que poderá trabalhar com tudo que se re-
um determinado espaço. Esse profissional estuda as fere à luz, como iluminação cênica de shows, teatro,

180
DESIGN

decoração de eventos, iluminação temáticas do tipo já deverá compreender que são spots que são usa-
Natal, Páscoa, entre outros temas, iluminação co- dos nos pontos de destaque, focando as mesas de
mercial como lojas, shoppings e restaurantes, ilumi- atendimento e os produtos, e também as luzes ge-
nação residencial, paisagismo, iluminação pública, ral, iluminando toda a circulação da lojas, e mais
fachadas e, por fim, na criação de objetos com ilu- os detalhes decorativos de luz nas paredes, tra-
minação que traga benefício para sociedade. zendo modernidade para o ambiente de produtos
tecnológicos.
Para esse grande comércio de várias lojas que são
shoppings center, a luz natural tem que predominar
e, nos corredores, o uso do LED com sistema de ilu-
minação geral ou pontual, dependendo do projeto
que irá escolher, sempre se preocupando com a fun-
cionalidade e economia de energia.
Testificando que a iluminação residencial será
de acordo com as necessidades de cada indivíduo e
com seu conceito de projeto de interiores, pode-se
utilizar pendentes, spots, plafons, arandelas e entre
outros tipos de sistemas de iluminação, não existe
regras para iluminação residencial, mas sim a pro-
cura de melhores maneiras de satisfazer o cliente
com um bom projeto luminotécnico.
Além de Projetos de interiores, o Designer
Figura 24 - Festival de luzes em Nagashima, no Japão pode criar produtos que favoreçam as pessoas e o
mundo em que vivemos, procurando sustentabili-
O parque Nabama no Sato em Nagashima, no Japão, dade e eficiência energética que é o caso da ima-
vem sendo iluminado por milhões de lâmpadas de gem da Árvore Solar do Designer Ross Lovegro-
LED, formando corredores que mais parecem por- ve², criada com muita tecnologia e eficiência, na
tais te levando para outra atmosfera. Chamado de qual ela capta luz solar e a noite se transforma em
Winter Light, acontece todo ano para comemorar luz. Além disso, serve como banco para as pessoas
o Natal todos esses efeitos, causando variados tipos sentarem e uma peça de decoração para ruas de
de emoções fornecidas pelo trabalho dos profissio- Londres.
nais de iluminação como engenheiros elétricos, por Compre revistas, leia livros, blogs e sites de ilu-
exemplo. minação, vá em palestras e cursos, observe trabalhos
A iluminação comercial exige um estudo de de lightings designer por todo mundo para cada vez
briefing aprofundado com o cliente sobre as ne- obter mais informações sobre o mundo da luz, assim
cessidades desse ambiente e sobre quais serão os alcançará grandes conquistas e sucesso na profissão
pontos de destaque do local. Com essa imagem, de Designer de Interiores.

181
CONFORTO AMBIENTAL

25 26

27

182
DESIGN

28

Figura 25 - Exemplo de Iluminação de Shoppings


Figura 26 - Exemplo de Iluminação Comercial
Figura 27 - Árvore Solar de Ross Lovegrove
Figura 28 - Exemplo de Iluminação Residencial

REFLITA

Nada é mais precioso do que a luz; mas o


excesso ofusca.

(Textos Judaicos)

183
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade e ao final do
livro. Conseguimos ver como nosso corpo reage às variações da tem-
peratura, som e luz. Destacamos a importância do conforto ambiental
para atividades humanas e perceber que o conforto está em tudo que
olhamos e sentimos e, para nós como designers, é dever em um projeto procurar
melhorias no bem-estar de cada cliente que atender. De forma bem exemplifica-
da, foram apresentados todos os conceitos do conforto e como podemos solucio-
nar os problemas da falta dele. Hoje, sendo a iluminação uma das partes prin-
cipais do Design, houve a necessidade de aplicar unidades que só exploram esse
tema. Todos os ambientes que você for projetar terá que examinar qual a melhor
iluminação e como aplicar, desde residências a indústrias, estudando melhores
maneiras de causar bons confortos visuais e entender o que cada cliente procura
de iluminação para ambiente. Com várias ilustrações, pode verificar os efeitos
que cada luz traz e com cálculos para ambientes que necessitam. A intenção foi
preparar esse livro de modo que o designer use de pesquisa para seus futuros
projetos, sendo um bom companheiro da jornada de trabalho.
Use muito essas informações, leia quantas vezes for necessário, busque sem-
pre informações que beneficiem seus projetos e principalmente seus futuros
clientes. A iluminação em específico evolui muito rapidamente, tem que sempre
se atualizar, buscar novos catálogos, tipos de lâmpadas e LEDs que colaboram
com a eficiência energética. Nós designers temos esse papel importante de pro-
jetar com responsabilidade e preocupação de melhorar o meio em que vivemos
com sustentabilidade.
Compartilhamos aqui conhecimentos e abrimos um leque abrangente na
profissão de design de interiores, sendo um deles ser especialista em iluminação.
Que o objetivo dessa unidade de aprender e buscar por mais conhecimento seja
atingido e que seus projetos evoluam cada vez mais com esses livros didáticos.

184
LEITURA
COMPLEMENTAR

A ILUMINAÇÃO DA ARQUITETURA E SEU IMPACTO SOBRE A CIDADE


City Beautification x L’Urbanisme Lumière
A luz artificial é um fenômeno fascinante. Ao contrário da luz geral vinda do sol, cujas carac-
terísticas são determinadas pela natureza, a luz elétrica é específica, particular. Podemos
modificar a fonte luminosa, sua posição, intensidade, cor, obter efeitos múltiplos, criando
e recriando diferentes climas em um mesmo espaço. Com ela é possível revestir sem es-
tuque, pintar sem tinta. Provocar um efeito pode ser tão rápido quanto atenuá-lo, ou até
retirá-lo. A luz é um agente muito poderoso e é importante ter controle sobre ela.
A luz nas cidades desempenha um papel estrutural para o olhar do cidadão: orienta, des-
taca, esconde, transforma, integra ou isola. Seu complemento, a sombra, trabalha em sin-
tonia, para melhor sublinhar ou ocultar, para melhor descobrir ou dissimular. Pelas luzes e
pelas sombras as paisagens da natureza e as obras criadas pelo gênio humano podem ter
suas visões noturnas alteradas, modificadas em seus aspectos originais. Nestes espaços
iluminados poderão ser criadas novas ambiências e diferentes condições de convívio.
O interesse em iluminar as fachadas as quais se atribui importância, seja afetiva ou cul-
tural, reflete também a autoestima dos cidadãos por sua cidade, por suas construções,
por seus monumentos e por suas paisagens - seus pontos de referência. A luz destaca.
E só se destaca o que se aprecia, ou o que se quer fazer apreciar. A atividade criativa do
lighting designer, ao projetar a iluminação dos volumes urbanos mais significativos, estará
permanentemente balizada pela consciência de que, em várias oportunidades ele estará
trabalhando sobre a obra de terceiros, seja ele a própria natureza ou um outro artista. Por-
tanto, iluminar os espaços, construções e obras de arte das cidades exige um sentimento
de profundo respeito pelo trabalho daqueles que as conceberam e construíram. Impõe res-
ponsabilidade em preservar a identidade dos monumentos e edifícios. A iluminação não é
mais importante que a obra iluminada. Deve, sim, expressar a releitura noturna desta obra
através da sensibilidade criativa e da consideração profissional de quem ilumina.

As potencialidades da luz
Por muito tempo relegada a um papel estritamente utilitário, a iluminação nas cidades ain-
da tem como objetivo maior garantir uma boa visibilidade. Esta responsabilidade apenas
funcional, de permitir a visão noturna, encobriu por muito tempo todas as outras poten-
cialidades da luz:

185
LEITURA
COMPLEMENTAR

• A fantástica capacidade de criação de cenografias urbanas.


• A sutil possibilidade de definição de ambiências psicológicas e simbólicas.
• A importante participação na sinalética. Vamos analisar estas importantes funções da
iluminação urbana para permitir uma noção integrada do tema. Enfatizando o desenho
de luz da arquitetura, objeto desta edição, vamos então comentar os principais progra-
mas de iluminação de monumentos e fachadas que acontecem nas grandes cidades.

Garantir segurança à visão noturna: uniformidade e contraste


A possibilidade de distinguir as coisas é necessária à apropriação visual dos espaços da ci-
dade e à convivência entre os cidadãos. A luz proporciona uma sensação de segurança, or-
denando a visão noturna nas vias e edificações da cidade. Na iluminação viária, quando os
espaços iluminados estão justapostos, é importante conservar uniformidade nos níveis de
iluminamento para evitar a formação de “buracos negros” com contrastes muito grandes
para os motoristas. Já na iluminação de monumentos e fachadas os grandes contrastes de-
vem ser considerados. A variação adequada entre as superfícies iluminadas e aquelas som-
breadas é que, na maioria das vezes, vai oferecer uma boa leitura noturna da edificação e
conferir qualidade ao projeto de luz. Uma edificação percebida como adequadamente ilu-
minada pode se tornar sombria quando vista inserida em um ambiente mais intensamente
iluminado. Paralelamente, uma fachada fracamente iluminada poderá parecer destacada
quando inserida em um entorno obscuro. A pesquisa de um nível de iluminamento pontual
ou médio e as noções de luminância das superfícies iluminadas em relação aos tipos de
revestimento constituem valores luminotécnicos importantes, embora sejam insuficientes,
para qualificar o projeto de iluminação de monumentos e fachadas.

O potencial cenográfico da luz


É a mais importante potencialidade, no que diz respeito à iluminação de monumentos e facha-
das: o uso competente de todas as múltiplas possibilidades de manipulação das fontes de luz.
O conhecimento técnico, a sensibilidade e a criatividade do lighting designer são fundamen-
tais para selecionar o partido adequado entre tantas possibilidades que a iluminação artificial
oferece. (Ver artigo O Potencial Cenográfico da Iluminação de Monumentos e Fachadas).

A definição de uma ambiência psicológica e simbólica


Os componentes sensoriais, psicológicos e simbólicos da luz são os elementos subjetivos para
o projeto do lighting designer, pois em todos os casos determinarão a atmosfera, o clima do

186
LEITURA
COMPLEMENTAR

local. A luz gera impressões psicológicas, imprime de maneira duradoura e diferenciada a


nossa percepção do espaço ou a imagem de um local. Ela provoca sensações e nos associa a
símbolos que permitem qualificar a ambiência do espaço que percorremos. Por exemplo, a
simples escolha de lâmpadas com uma determinada tonalidade e cor pode facilmente gerar
associação às noções de calor e de frio pela maioria das pessoas. A luz tem sido sempre rela-
cionada com a obscuridade ou com as sombras sempre que se quer simbolizar uma evolução
ou uma dualidade. Ela tem sido muitas vezes identificada com o divino. A luz organiza o caos e,
para nossos antepassados, se opunha às “forças maléficas” escondidas nas sombras da noite,
nas vielas das cidades antigas. A falta de luz é também considerada como um fator de insegu-
rança. O medo do cidadão se confunde então com o medo da noite e o clarão da luz simboliza
o refúgio. A luz pode também ser metafórica: ela restitui a ideia de fausto, de cerimônia, de
festa. Pode ser lúdica, alegre, surpreendente, como nos múltiplos símbolos e cartazes dos
quarteirões da Broadway ou nos cassinos e hotéis de Las Vegas. Ela participa da instituição
ou da redescoberta de ritos: guirlandas de Natal, procissões de velas, cortejos de lamparinas,
etc. Estas características simbólicas da luz começam a ser exploradas na iluminação da arqui-
tetura e dos espaços urbanos. Sendo portadora de símbolos fortes, a luz pode agregar um
suplemento de sentimento à visão noturna da obra arquitetônica ou do monumento.

A participação no grafismo dos sinais urbanos


A luz é também um dos elementos da sinalética – ciência dos sinais e da comunicação. Ela
sublinha um eixo, indica uma direção, afirma uma intenção. Com a iluminação pode-se
marcar uma perspectiva, redesenhar uma trajetória e guiar o cidadão na cidade. A cidade
noturna é invadida por um feixe de sinais e de informações que muitas vezes perturbam
a leitura dos espaços. Mas estes signos luminosos, abstratos ou significativos, podem ex-
plicitar um espaço, como marcos luminosos ao longo do contorno de uma praça, exprimir
trajetórias gráficas, perspectivas importantes, percursos reais, imaginários ou poéticos, e
permitir visualizar algumas das tramas que tecem a malha urbana, como as vias subterrâ-
neas, os canais, as linhas de ônibus ou de trem, etc.
A luz da mídia também se constitui hoje em importantíssimo componente da iluminação
urbana. Incorpora com rapidez as mais recentes tecnologias e necessita ser conveniente-
mente monitorada, pois provoca grande impacto na ambientação da cidade.

Fonte: Miguez (2016, on-line).

187
atividades de estudo

1. Se tratando de controle de luz, um cliente pede para aumentar e diminuir a intensidade da luz de um
quarto. Visando custo benefício, qual dos sistemas de controle irá indicar para esse cliente?
a. Sensor de luz.
b. Sistema de automação.
c. Dimmer.
d. Temporizador.
e. Sistema Dali.

2. Em um projeto residencial de uma cozinha com teto de gesso e recebendo pouca incidência de luz
natural, necessitando de mais luz artificial, e o cliente ainda pede alguns detalhes de iluminação de-
corativa em cima da bancada de refeições, podemos afirmar que com essas informações a escolha
correta da iluminação para toda essa cozinha será:
I. Embutidos plafons de luz geral com difusores na tonalidade 4000K ou 6000K, levando boa claridade e
uso de pendentes decorativos na bancada da mesa de refeições.
II. Embutidos de spots direcionáveis na tonalidade 3000K, trazendo uma luz mais aconchegante e pen-
dentes para a bancada da mesa de refeições.
III. Embutidos plafons de luz geral na tonalidade 3000K e spots direcionáveis em cima da bancada da mesa
de refeições.

Estão corretos apenas:


a. I e II.
b. I apenas.
c. III apenas.
d. II e III.
e. I, II e III.

3. Atualmente a compra pela internet vem aumentando e as lojas físicas estão cada vez mais procurando
melhorias no atendimento e estética do local, e a luz com sua distribuição correta tem o papel funda-
mental de melhorar o ambiente da loja levando funcionalidade, conforto e beleza. Temos dois tipos
de lojas com diferentes identidades para compra e tipos de iluminação, quais são e seus tipos de luz:
a. Loja de departamentos com luz de destaque e loja sofisticada com luz geral branca em todo seu espaço.
b. Loja de departamentos com mais luz geral e loja sofisticada com mais luz de destaque nos produtos.
c. Loja de departamentos e loja sofisticada com luz de destaque em todo seus espaços.
d. Loja de departamentos e loja sofisticada com luz geral em todo seus espaços.

188
atividades de estudo

4. Local: uma loja de vendas de roupas de porte médio que dentro das normas exige 300 lux e essa loja
mede 8 metros de largura por 10 metros de comprimento sua altura é de 3 metros. Altura do plano
de trabalho é 0,80.
Índice de refletância:
Teto branco: 70%
Parede clara: 50%
Piso cinza escuro: 20%
Com base nos dados, calcule o RCR.

5. Depois de encontrar o valor do RCR (na questão anterior), agora calcule a quantidade de luminárias
para atingir os 300 lux necessários. Seu fator de depreciação é 0,85. Segue abaixo a luminária e a ta-
bela de fator de utilização:

B Luminária a LED com refletores em alumínio alto brilho, combina-


dos com difusores em acrílico leitoso. Ideal para ambientes que não
A C exijam controle de ofucamento como auditórios, consultórios, corre-
dores e hospitais. Completa, com placa de LED e driver multitensão
(100-250V) integrados à luminária. Opcional dimerizável 0 a 10V ou
DALI, sob consulta.

INSTALAÇÃO: Embutir
CORPO: Em chapa de aço fosfatizada pintada na cor branca microtex-
tura.
REFLETORES: Parabólicos em alumínio alto brilho.
DIFUSORES: Em acrílico leitoso
DRIVER INCLUSO: 100 – 250V
IRC: 80
IP: 20
Teto (%) 70 50 30 0 CÓDIGO L1 L2 A B C NICHO
Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0
LAN03- 37W LED* 3000K /
Chão (%) 20 20 20 0 617 41 617 576x556
RCR Fator de Utilização (%) E3500830 / 3600lm** 50.000h(L70)
0 117 117 117 111 111 111 107 107 107 100 LAN03- 37W LED* 4000K /
1 104 101 98 100 98 95 96 94 92 87 617 41 617 576x556
2 93 87 82 89 85 81 86 82 79 75
E3500840 / 3600lm** 50.000h(L70)
3 82 76 70 80 74 69 77 72 68 65 EAN03- 37W LED* 3000K /
4 74 66 60 71 65 60 69 63 59 56 617 41 617 576x556
E3500830 / 3600lm** 30.000h(L70)
5 66 59 53 64 57 52 62 56 52 49
6 60 52 46 58 51 46 57 50 46 43 EAN03- 37W LED* 4000K /
617 41 617 576x556
7 55 47 41 53 46 41 52 45 41 38 E3500840 / 3600lm** 30.000h(L70)
8 50 42 37 49 42 37 48 41 37 35
EAN03- 37W LED* 5000K /
9 46 39 33 45 38 33 44 38 33 31 292 41 1243 230x1176
10 43 35 30 42 35 30 41 35 30 28 E3500850 / 3600lm** 30.000h(L70)
* Consumo total, incluindo driver.
** Já consideradas as perdas óticas

Fonte: Lumicenter ([2016], on-line)³.

189
Iluminação: Simplificando o Projeto
Mauri Luiz da Silva
Editora: Ciência Moderna
Sinopse: o Projeto de Iluminação, explicado de forma didática,
sempre foi algo muito procurado pelos que trabalham com a
luz. Dicas, macetes, orientações e muitas informações de como
fazer um bom projeto de iluminação. Como no seu livro anterior, Luz, Lâmpadas & Ilumina-
ção, best-seller e precursor sobre o assunto, Mauri Luiz da Silva consegue nos colocar no
caminho da luz, e novamente com a característica principal de sua obra, a linguagem acessí-
vel, na qual a leitura flui de forma natural e motivadora. De estudantes aos mais renomados
projetistas, todos encontrarão informações importantes neste livro, quanto mais se apren-
der sobre a iluminação, melhor, pois sendo matéria ainda relativamente nova no Brasil, tudo
soma positivamente, sejam cursos, palestras, revistas ou livros. Este livro passa a ser fonte
de consulta indispensável nessa busca incessante de informações sobre a luz e seus efeitos.

O Regresso
Ano: 2015
Sinopse: 1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o
oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado
por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria
sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda rou-
ba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade,
Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.

Este site apresenta um dos melhores escritório de Lighting designer do Brasil e até do mun-
do, por apresentar projetos conhecidos mundialmente. O museu do amanhã é dos seus tra-
balhos mais atuais e apresentado para todo o mundo. Mônica Luz Lobo lidera a equipe.

Link: <http://www.ldstudio.com.br/>
referências

CIMADON, A. C. Estudo de Caso: A iluminação em ambientes de trabalho. Re-


vista Setor Elétrico. 2016.
INNES, M. Iluminação: no Design de Interiores. São Paulo: G.G Brasil, 2012.
MIGUEZ, J. C. A iluminação da arquitetura e seu impacto sobre a cidade. Dis-
ponível em: <http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/artigos/02%20
-%20pro_fachadas_Vis%E3o_Geral.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2016.
SILVA, L. M. ILuminação: Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência Mo-
derna, 2009.
VIANNA, S. N; GONÇALVES, S. C. J. Iluminação e Arquitetura. São Paulo:
UniABC, 2001.

Referências On-Line
¹ Em: <http://www.lumicenteriluminacao.com.br/pt/catalogo/produto/850.
html>. Acesso em: 20 out. 2016.
² Em: <http://www.rosslovegrove.com/>. Acesso em: 20 out. 2016.
³ Em: <http://www.lumicenteriluminacao.com.br/pt/catalogo/produto/687.
html>. Acesso em: 20 out. 2016.

191
gabarito

1. C.
2. B.
3. B.
4. RCR = 5 x h x (C + L) / C x L
RCR = 5 x 2,20 x (10 + 8) / 10 x 8 = 2,47 arredonda para 2.
5. Fu = 93
N = (C x L) x E / lm x Fu x Fd = (10 x 8) x 300 / 3600 x 93 x 0,85 = 0,84 portanto 8 uni-
dades de luminárias.

192
DESIGN

conclusão geral

Caro(a) aluno(a), é com grande contentamento que finalizamos mais um livro do curso
a distância de Design de Interiores da Unicesumar. Desejamos que esse estudo tenha fo-
mentado a busca em aprender cada vez mais sobre o profissional de Design de Interiores e
reforçado o quanto são abrangentes as opções no mercado de trabalho.
Esse livro fortaleceu a importância do Design para o bem-estar de cada indivíduo,
mostrando que o conforto ambiental e a iluminação interfere de maneira positiva ou ne-
gativa no meio em qual vivemos. O papel do Designer de Interiores em sua trajetória será
devolver e trazer com base em estudos a necessidade de cada pessoa envolvida no seu
ambiente, levando sentimentos agradáveis seja ele no trabalho, lazer ou em sua residência.
O curso está te trazendo habilidades de montar projetos com elementos e conceitos
únicos para cada criação chegando em resultados finais notáveis na sua profissão. Pense
sempre que todos os elementos em sua volta passam pelo Design, seja ele de produto, moda
ou interiores, e que existem mais profissionais a procura de desenvolver materiais e estudos
que tragam mudanças ao ser humano e para o mundo em que vivemos, preocupados prin-
cipalmente com a eficiência energética e sustentabilidade.
A forma consciente de projetar é o objetivo principal hoje do Designer, ainda mais
quando falamos de iluminação unida e eficiência, pensando que devemos economizar
energia e trazer funcionalidade na escolha de cada produto.
Esperemos que todas as teorias e cálculos disponíveis no livro saiam do papel e sejam
aplicadas em prática no desenvolvimento de cada projeto, sendo ele um auxiliador para
todos os momentos de dúvidas.
E finalmente que este curso venha trazer um grande sucesso profissional, que possa-
mos ser em nosso trabalho um agente transformador no meio em que vivemos com ideias
e inovações, melhorando cada espaço projetado. E a cada passo dado venhamos a mudar
nossas vidas e nossa sociedade, respeitando e aperfeiçoando a relação homem e o mundo.
Parabéns, futuro Designer de Interiores!

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