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Esses relatos vão ao encontro de uma pesquisa recente que diz que o assédio
sexual tem se tornado comum entre jovens de 12 a 31 anos até em escolas,
principalmente no Ensino Médio. O levantamento realizado pela empresa
Microcamp com pessoas dessa faixa etária em colégios de dez estados
brasileiros revelou que, do total dos entrevistados, 46,4% afirmaram já terem
sofrido assédio na escola, e que 58,9% destes afirmaram que não ligaram ou
agiram naturalmente.
A advogada Ana Rita Souza Prata, coordenadora do Núcleo de Promoção e
Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de SP, orienta que o ou a
adolescente que sofreu assédio na escola deve buscar a Direção da escola,
inicialmente, relatar o que aconteceu e cobrar que sejam tomadas as medidas
cabíveis contra o assediador, seja ele aluno, professor ou funcionário da escola.
Caso o assédio tenha sido praticado pela pessoa responsável por tomar as
providências na escola, como o diretor da instituição de ensino, pode-se buscar
a Diretoria de Ensino da Região, visando denunciar administrativamente essa
pessoa.
Além disso, o aplicativo para celulares Proteja Brasil, desenvolvido pelo UNICEF
(Fundo das Nações Unidas para a Infância), possibilita que qualquer pessoa
possa denunciar atos de violência – inclusive a sexual – contra crianças e
adolescentes. Por meio dele, é possível localizar os órgãos de proteção nas
principais capitais e ainda se informar sobre as diferentes violações.
Todos os casos são encaminhados à central do Disque 100, mantido pelo
Ministério de Direitos Humanos. Lá, os casos passam para uma triagem para
garantir que o encaminhamento seja o mais adequado, tipo, polícia, ministério 2
público, conselho tutelar ou outra instituição.
Neste sentido, é importante combater projetos de lei, como o Escola sem Partido,
que visam a dificultar e até restringir o livre debate sobre questões como gênero
nas escolas.
“A partir do momento que a nossa Educação não nos educa a rever os nossos
preconceitos, estamos formando uma sociedade cada vez mais viciada, que
naturaliza o machismo, o racismo e a LGBTfobia, e perpetua essa realidade. É
por isso que precisamos nos posicionar contra uma lei que impeça que a gente
discuta esses problemas na sociedade”, afirma a diretora de Comunicação da
UBES, Isabela Queiroz.
Assédio sexual: o que é, o que
diz a lei e como denunciar se
ocorrer com você
Um episódio de assédio
sexual deixa marcas pela 3
vida afora. Professora da
Escola de Administração da
UFRGS e autora do
primeiro estudo sobre
assédio sexual no Brasil, a
psicóloga Silvia Generali da
Costa explica que um dos
primeiros efeitos é mexer
com a autoestima e a
confiança da vítima:
– Independentemente da
condição da mulher, um
ato hostil, violento e
agressivo faz com que ela se sinta abalada, ou que tenha sua autoestima
reduzida e possa até desenvolver uma doença psicossomática.
– Abusos na infância, por exemplo, causam uma série de traumas e fazem com
que as mulheres possam ter dificuldades para se relacionar com outros parceiros
ou parceiras. Há traumas que fazem com que a mulher tenha prejuízos bastante
significativos para o trabalho ou a escola e passe a desenvolver transtornos
psíquicos.
Se você foi vítima de um assédio ou conhece alguém que passou por isso, a
orientação é que buscar auxílio de profissionais especializados.
– Pedimos que as pessoas busquem serviços psicológicos mesmo que elas
tenham passado por situações de abuso quando crianças – orienta Priscila. –
Isso pode ajudar a aliviar o sofrimento e trabalhar essa situação traumática.
Quando se fala das “cantadas” na rua, por exemplo, o assédio pode ser
enquadrado como crime ou como contravenção. No primeiro caso, explica
Gabriela, quando há o chamado “maior potencial ofensivo” – em episódios como
masturbar-se em público –, pode ser considerado um ato obsceno. Se houver
calúnia, injúria e difamação, trata-se de um crime contra a honra. Se o assédio
é considerado de “menor potencial ofensivo”, é uma contravenção penal –
incluindo a importunação ofensiva ao pudor e a perturbação da tranquilidade.
Não dá para esquecer também a Lei Maria da Penha – mas, aqui, o agressor
precisa ter vínculo e a violência precisa ter ocorrido dentro de casa.
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– Por conta de o machismo colocar muitas coisas na nossa cabeça, pensamos:
“Será que tenho direito a isso mesmo? Será que não estou louca?”. Digo para
minhas clientes que, quando a gente desconfia de algo, temos que ir atrás –
incentiva Gabriela.