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Assédio nas escolas: Como

combater essa realidade?


Especialistas explicam alguns caminhos possíveis
para as vítimas de assédio
16 de Janeiro de 2018

O assédio sofrido, principalmente,


pelas mulheres é, infelizmente,
uma realidade. Acontece no
ambiente de trabalho, nas ruas e
também nas escolas. A UBES
realizou uma rápida enquete em
suas redes sociais com a seguinte
pergunta “Assédio nas Escolas,
quem já viu ou sofreu?” e em
menos de duas horas dezenas de
pessoas se manifestaram dizendo
já ter visto ou sido vítimas disso.
As histórias relatadas abrangem desde alunas assediadas por professores até
estupro cometido por colegas.

Esses relatos vão ao encontro de uma pesquisa recente que diz que o assédio
sexual tem se tornado comum entre jovens de 12 a 31 anos até em escolas,
principalmente no Ensino Médio. O levantamento realizado pela empresa
Microcamp com pessoas dessa faixa etária em colégios de dez estados
brasileiros revelou que, do total dos entrevistados, 46,4% afirmaram já terem
sofrido assédio na escola, e que 58,9% destes afirmaram que não ligaram ou
agiram naturalmente.
A advogada Ana Rita Souza Prata, coordenadora do Núcleo de Promoção e
Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de SP, orienta que o ou a
adolescente que sofreu assédio na escola deve buscar a Direção da escola,
inicialmente, relatar o que aconteceu e cobrar que sejam tomadas as medidas
cabíveis contra o assediador, seja ele aluno, professor ou funcionário da escola.

Caso o assédio tenha sido praticado pela pessoa responsável por tomar as
providências na escola, como o diretor da instituição de ensino, pode-se buscar
a Diretoria de Ensino da Região, visando denunciar administrativamente essa
pessoa.

“Contudo, essa providência será no âmbito administrativo (por exemplo,


suspender um(a) aluno(a), levar a prática do(a) professor(a) à Diretoria de
ensino). Além dessas providências, se for o desejo da vítima, ela pode buscar a
delegacia de polícia para lavrar boletim de ocorrência, buscar o Ministério
Público ou a Defensoria de sua região. Qualquer prova desse assédio deve ser
guardada, como mensagens de texto, postagens, recados, sendo que se houver
testemunhas, elas podem escrever uma declaração contanto o que viu ou ouviu”,
explica a defensora pública.

Além disso, o aplicativo para celulares Proteja Brasil, desenvolvido pelo UNICEF
(Fundo das Nações Unidas para a Infância), possibilita que qualquer pessoa
possa denunciar atos de violência – inclusive a sexual – contra crianças e
adolescentes. Por meio dele, é possível localizar os órgãos de proteção nas
principais capitais e ainda se informar sobre as diferentes violações.
Todos os casos são encaminhados à central do Disque 100, mantido pelo
Ministério de Direitos Humanos. Lá, os casos passam para uma triagem para
garantir que o encaminhamento seja o mais adequado, tipo, polícia, ministério 2
público, conselho tutelar ou outra instituição.

É preciso falar sobre assédio (também) nas


escolas
Segundo a especialista em Proteção de Crianças e Adolescentes do UNICEF
(Fundo das Nações Unidas para a Infância), Fabiana Gorenstein, uma
importante forma de combater o assédio nas escolas é a disseminação de
informações sobre sexualidade e formas de relacionamento sem violência
adaptado às diferentes faixas etárias e ao contexto local, além da divulgação dos
canais de denúncia existentes.

“Essa é a grande aposta do UNICEF para proteger direitos. Crianças e


adolescentes que têm acesso a informação têm mais oportunidades para
reconhecer condutas violentas, apoiar outras crianças e adolescentes em
situações de violação e também buscar ajuda sempre que necessário”, explica
a especialista.

Neste sentido, é importante combater projetos de lei, como o Escola sem Partido,
que visam a dificultar e até restringir o livre debate sobre questões como gênero
nas escolas.

“A partir do momento que a nossa Educação não nos educa a rever os nossos
preconceitos, estamos formando uma sociedade cada vez mais viciada, que
naturaliza o machismo, o racismo e a LGBTfobia, e perpetua essa realidade. É
por isso que precisamos nos posicionar contra uma lei que impeça que a gente
discuta esses problemas na sociedade”, afirma a diretora de Comunicação da
UBES, Isabela Queiroz.
Assédio sexual: o que é, o que
diz a lei e como denunciar se
ocorrer com você
Um episódio de assédio
sexual deixa marcas pela 3
vida afora. Professora da
Escola de Administração da
UFRGS e autora do
primeiro estudo sobre
assédio sexual no Brasil, a
psicóloga Silvia Generali da
Costa explica que um dos
primeiros efeitos é mexer
com a autoestima e a
confiança da vítima:
– Independentemente da
condição da mulher, um
ato hostil, violento e
agressivo faz com que ela se sinta abalada, ou que tenha sua autoestima
reduzida e possa até desenvolver uma doença psicossomática.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho de Psicologia do RS,


Priscila Detoni alerta para traumas que se refletem, inclusive, em
relacionamentos futuros:

– Abusos na infância, por exemplo, causam uma série de traumas e fazem com
que as mulheres possam ter dificuldades para se relacionar com outros parceiros
ou parceiras. Há traumas que fazem com que a mulher tenha prejuízos bastante
significativos para o trabalho ou a escola e passe a desenvolver transtornos
psíquicos.

Vale também lembrar que, depois de sofrer um assédio, muitas mulheres se


culpam. Questionam se usaram uma roupa ousada demais ou se deram alguma
abertura para que o homem se sentisse no direito de ultrapassar os limites.

– Em um primeiro momento, a sociedade sempre culpabiliza a mulher, então é


natural que ela mesma se culpe – ressalta Priscila. – Mas não podemos
naturalizar comportamentos machistas, sexistas e de violência contra a mulher.

Se você foi vítima de um assédio ou conhece alguém que passou por isso, a
orientação é que buscar auxílio de profissionais especializados.
– Pedimos que as pessoas busquem serviços psicológicos mesmo que elas
tenham passado por situações de abuso quando crianças – orienta Priscila. –
Isso pode ajudar a aliviar o sofrimento e trabalhar essa situação traumática.

O que diz a lei


Ainda que não haja uma legislação específica para tratar apenas de assédio
sexual no Brasil, nosso Código Penal prevê, sim, punição para os assediadores
– que vai de multa a detenção por até dois anos. Quando se fala em assédio
sexual no ambiente de trabalho, vale o que diz no artigo 216-A do Código Penal,
que considera crime “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou 4
favorecimento sexual (…)”. Quando comprovado, o crime, a lei prevê pena de
um a dois anos de detenção, como explica a advogada Gabriela Ribeiro de
Souza, sócia-fundadora do escritório Advocacia para Mulheres, o primeiro
voltado exclusivamente à ala feminina no Estado.

– Existe essa obrigatoriedade de uma questão laboral, e o assédio precisa ter se


dado com o superior hierárquico – diz. – Casos como: “Me dá um beijo que vou
te promover”. Ou toques inadequados na frente dos colegas. Já atendemos
casos como tentativas de beijo em uma carona.

Se isso acontecer, a orientação é registrar uma reclamação no setor de RH. O


passo seguinte é registrar um boletim de ocorrência e reunir indícios, se possível,
que comprovem o assédio.

– E-mails são provas, conversas em WhatsApp também, mensagens, ligações,


fotografias – enumera a advogada. – Mas existem provas sutis, como, por
exemplo, uma mulher que foi assediada, denuncia e, em seguida, recebe
diversas advertências e suspensões do trabalho.

Presidente da Comissão Estadual da Mulher Advogada da OAB-RS, Beatriz


Peruffo explica que, com as possíveis provas reunidas, segue-se um inquérito
que pode resultar em uma ação civil pública.

– A mulher precisa procurar o Ministério Público do Trabalho ou o sindicato de


sua categoria – ensina. – Mas a maioria não faz isso, porque acha que vai sofrer
represálias. Com a crise econômica, muitas mulheres ficam com receio de
denunciar e perder emprego. É válido dizer que cabe, além da pena que esse
homem pode sofrer, uma indenização por danos morais, se for o caso. A Lei
9.029/95 ainda prevê a reintegração ao trabalho (em caso de demissão) ou
recebimento do dobro da remuneração no período do afastamento.

Quando se fala das “cantadas” na rua, por exemplo, o assédio pode ser
enquadrado como crime ou como contravenção. No primeiro caso, explica
Gabriela, quando há o chamado “maior potencial ofensivo” – em episódios como
masturbar-se em público –, pode ser considerado um ato obsceno. Se houver
calúnia, injúria e difamação, trata-se de um crime contra a honra. Se o assédio
é considerado de “menor potencial ofensivo”, é uma contravenção penal –
incluindo a importunação ofensiva ao pudor e a perturbação da tranquilidade.

Vale destacar que situações de assédio podem ser consideradas crimes


ainda mais graves, como aquelas que envolvem menores de idade,
podendo configurar estupro de vulnerável.

Não dá para esquecer também a Lei Maria da Penha – mas, aqui, o agressor
precisa ter vínculo e a violência precisa ter ocorrido dentro de casa.

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– Por conta de o machismo colocar muitas coisas na nossa cabeça, pensamos:
“Será que tenho direito a isso mesmo? Será que não estou louca?”. Digo para
minhas clientes que, quando a gente desconfia de algo, temos que ir atrás –
incentiva Gabriela.

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