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BAUDELAIRE
CAVALCANTI, Camillo (UESB)
1
estabeleceram as línguas modernas? No caso do Português, por volta de 1300. Mas em
1300 também funcionava a Inquisição, com suas punições arbitrárias contra a
subjetividade. E, por um acaso, a Inquisição é moderna? É claro que não, mas a
diferença é que a língua moderna está conosco em nossos tempos, enquanto a
Inquisição, não.
Assim, em sentido lato, os grandes clássicos que conosco permanecem em
nossos tempos, vivos através de nosso interesse por suas obras, são modernos porque,
assim como a língua moderna, permanecem em nossa atualidade. Mas um clássico
moderno? Isso foi exatamente o que Baudelaire quis dizer no seu ensaio ―O Pintor da
Vida Moderna‖: os clássicos foram modernos no seu tempo e logram eternidade por se
tornarem universais e não apenas testemunharem uma determinada época. Eduardo
Portella explicitou a modernidade de Camões, portanto um clássico moderno. Como ser
moderno hoje? Assim como os clássicos foram modernos no seu tempo. E o que
fizeram? Instauraram uma iniciação, tanto mística quanto concreta; quer dizer,
interpretaram sua vivência ou o seu tempo atual como início de uma nova era, fundação
de uma nova realidade e de uma nova experiência intra-subjetiva e coletiva.
Então, moderno é tudo aquilo que sobrevive ao tempo, o que será clássico no
futuro. Seria Baudelaire um clássico? A cada dia torna-se mais afirmativa a resposta,
mas hoje é cedo para sustentá-la. Nossos tempos ainda estão sobrecarregados de idéias,
personalidades e ações (políticas ou não) do século XIX e XX, para que possamos nos
sentir saltados para uma nova era de fato. Parece que ela virá com a virada de
pensamento compulsória que a Natureza nos impôs para solucionar o problema
ecológico da destruição dos ecossistemas, pelo capitalismo e pela indústria, através de
seus dejetos poluentes.
Portanto, contra os anseios vanguardistas das duas últimas décadas do século
XX, afirmo: Baudelaire é moderno, pertence a nosso tempo. Um dia será clássico. Mas,
por enquanto, permanece muito próximo de nós, em nossa atualidade pelas Flores do
mal, que comemoram 150 anos. Parece cronologicamente distante, mas, como se disse,
moderno depende da extensão que conferimos a nosso tempo. Num pensamento
alienado, próprio das massas, nem mesmo as produções artísticas de 1970 para cá são
modernas, porque, na mentalidade restrita da massa, não pertencem mais ao dia de hoje
— esta é a reificação total da linguagem, em que o mundo se reduz ao imediato, ao
instante, pretensamente flagrado numa concretude de fato. Para quem assistiu aos
Festivais da Canção, Tropicália, Jovem Guarda, Mutantes são essencialmente
modernos; para quem lia ―O Pasquim‖ recém-saído da prensa, Ziraldo e Jaguar são
grandes interventores da cultura, atualíssimos, portanto, modernos. Já para o
adolescente que não possui essa bagagem cultural, essa memória, esses nomes às vezes
não significam nada, pois não pertencem ao tempo atual na visão jovem.
Quanto mais nós nos humanizamos, mais identificamos que o nosso tempo, o
tempo recente, não é só o segundo imediato, como também não é só a nossa vivência —
isto é uma visão egocêntrica e redutora. Abrindo os horizontes, vemos que nosso tempo
é uma época que às vezes ainda resistirá após nossa morte, assim como podemos estar
numa época que não tenha começado exatamente quando nascemos. Nossa época,
portanto, começa a significar toda a extensão temporal passada que nós podemos
associar a nossos valores, comportamentos e idéias. Nessa dimensão, As flores do mal
são do nosso tempo.
Vejamos alguns exemplos que ilustram essa proximidade, retirados dos
magníficos poemas de Baudelaire. Em primeiro lugar, o já famoso poema ―A uma
passante‖ (―A une passante‖). A rua, com todo o seu barulho ensurdecedor, é a mesma
rua nossa em que percebemos a multidão frenética e espessa. A mulher, transitando
pelas ruas em meio a milhares de pessoas, não dispõe de tempo para divagações
personalíssimas, para intimidades que ultrajam a racionalidade dos segundos e minutos
destinados a cumprir a função ou o papel social no frenesi urbano. Essa realidade fluida,
escorregadia, sem espaço para subjetividades incalculáveis, é também nossa realidade.
Outro poema, ―A uma mendiga ruiva‖, já denuncia a existência dos miseráveis,
indigentes e famintos, todos excluídos do convívio social e da ciranda financeira, e
nossas ruas estão repletas desses mendigos e pedintes. Em geral, para não nos
estendermos, a parte de Flores do mal intitulada ―Quadros parisienses‖ (―Tableaux
parisiens‖) apresenta vários exemplos de conexões entre a realidade contextual do eu-
lírico e a nossa realidade objetiva contemporânea.
Mas a grandeza de As flores do mal — isso já foi dito inúmeras vezes — está de
certo na parte ―Spleen e Ideal‖ (―Spleen et Idéal‖), que mergulha profundamente nos
extratos mais íntimos sua subjetividade. E nisto, Baudelaire se aproxima dos clássicos,
não dos que foram retratos de época e morreram com ela, mas aqueles que sobrevivem
até hoje porque foram modernos no seu tempo. Estes autores, como Shakespeare,
Camões, Cervantes, etc. penetraram de forma peculiar na subjetividade e souberam
expressar o que nos identifica como seres humanos, que evidentemente é eterno:
sentimentos, valores e utopias que traduzem em todas as épocas a mesma ambição
humana pela felicidade ou a mesma angústia de não lográ-la. É sobre essa angústia que
Flores do mal tratam. Os poemas que abrem essa série expõem as agruras de um sujeito
deslocado e desajustado, muitas vezes malquisto pela multidão: em ―Bendição‖
(―Bénédiction‖), o poeta é rejeitado pela própria mãe, que maldiz os céus e a Criação
por tê-la escolhido para gerar o poeta, traste humano sem destino e sem lugar:
“Ah! que n’ai-je mis bas tout un noeud de vipères, Vers le Ciel, où son coeil voit un trône splendide,
Plutôt que de nourrir cette dérision! Le Poète serein lève ses bras pieux,
Maudite soit la nuit aux plaisirs éphémères Et les vastes éclairs de son esprit lucide
Où mon ventre a conçu mon expiation!” Lui dérobent l’aspect des peuples furieux:
[...]
Elle ravale ainsi l’écume de sa haine, “Soyez béni, mon Dieu, qui donnez la souffrance
Et, ne comprenant pas les desseins éternels, Comme un divin remède à nos impuretés,
Elle-même prépare au fond de la Géhenne Et comme la meilleure et la plus pure essence
Les bûchers consacrés aux crimes maternels. Qui prépare les forts aux saintes voluptés!
Pourtant, sous la tutelle invisible d’un Ange, “Je sais que vous gardez une place au Poète
L’Enfant déshérité s’enivre de soleil, Dans les rangs bienheureux des saintes Légions,
Et dans tout ce qu’il boit et dans tout ce qu’il Et que vous l’invitez à l’éternelle fête
mange Des Trônes, des Vertus, des Dominations [...]”
Retrouve l’ambroisie et le nectar vermeil. (BAUDELAIRE, 1942: 83-85)
[...] BENÇÃO
Sa femme va criant sur places publiques; Quando, por uma lei das supremas potências,
“Puisqu’il me trouve assez belle pour m’adorer, O Poeta se apresenta à platéia entediada,
Je ferai le métier des idoles antiques, Sua mãe, estarrecida e prenhe de insolências,
Et comme elles je veux me faire redorer; Pragueja contra Deus, que dela então se apiada:
[...]
"Ah! tivesse eu gerado um ninho de serpentes, Como ave tenra que estremece e que palpita,
Em vez de amamentar esse aleijão sem graça! Aos seio hei de arrancar-lhe o rubro coração,
Maldita a noite dos prazeres mais ardentes E, dando rédea à minha besta favorita,
Em que meu ventre concebeu minha desgraça! Por terra o deitarei sem dó nem compaixão!"
[...]
Ela rumina assim todo o ódio que a envenena, Ao Céu, de onde ele vê de um trono a
E, por nada entender dos desígnios eternos, incandescência,
Ela própria prepara ao fundo da Geena O Poeta ergue sereno as suas mãos piedosas,
A pira consagrada aos delitos maternos. E o fulgurante brilho de sua vidência
Ofusca-lhe o perfil das multidões furiosas:
Sob a auréola, porém, de um anjo vigilante,
Inebria-se ao sol o infante deserdado, "Bendito vós, Senhor, que dais o sofrimento,
E em tudo o que ele come ou bebe a cada instante Esse óleo puro que nos purga as imundícias
Há um gostod e ambrosia e néctar encarnado. Como o melhor, o mais divino sacramento
[...] E que prepara os fortes às santas delícias!
Sua mulher nas praças perambula aos gritos:
"Pois se tão bela sou que ele deseja amar-me, Eu sei que reservais um lugar para o Poeta
Farei tal qual os ídolos dos velhos ritos, Nas radiantes fileiras das santas Legiões,
E assim, como eles, quero inteira redourar-me; E que o convidareis à comunhão secreta
[...] Dos Tronos, das Virtudes, das Dominações.
(JUNQUEIRA, 1985)
L‘ALBATROS O ALBATROZ
Souvent, pour s’amuser, les hommes d’équipage Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers, Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage, Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
Le navire glissant sur les gouffres amers. O navio a singrar por glaucos patamares.
A peine les ont-ils déposés sur les planches, Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
Que ces rois de l'azur, maladroits et honteux, O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
Comme des avirons traîner à côté d'eux. As asas em que fulge um branco imaculado.
Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule! Antes tão belo, como é feio na desgraça
Lui, naguère si beau, qu'il est comique et laid! Esse viajante agora flácido e acanhado!
L’un agace son bec avec un brûle-gueule, Um, com cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
L'autre mime, en boitant, l'infirme qui volait! Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
Le Poète est semblable au prince des nuées O Poeta se compara ao príncipe da altura
Qui hante la tempête et se rit de l'archer; Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilé sur le sol au milieu des huées, Exilado ao chão, em meio à turba obscura,
Ses ailes de géant l'empêchent de marcher. As asas de gigante impedem-no de andar.
(BAUDELAIRE, 1942: 85-86) (JUNQUEIRA, 1985)
Metaforizado pela imensa ave marítima, o poeta possui a grandeza dos heróis,
pois carrega consigo na essência o estro místico da poesia, o talento sublime para
expressar o inefável, mas, ao mesmo tempo, em meio ao mundo contemporâneo da
indústria, do cálculo, da ciência, o poeta não consegue alçar vôo, e suas asas de gigante
debatem-se no chão, como emprestando ao poeta uma feição do decaído, do decadente,
que permanece nessa tensão entre o antigo vate predestinado ao prestígio devido ao seu
contato com o sagrado e o atual poeta oprimido na vaia contra seu ócio criminoso —
criatura desocupada, desprezível e imprestável.
O prenúncio simbolista de Baudelaire brota imiscuído de uma matriz romântica,
porque diz respeito ao aspecto místico e transcendental que subjaz na poesia romântica
de modo geral e se intensifica posteriormente na estética simbolista. A razão de a poesia
de Baudelaire possuir esse elemento transcendental reside no fato de que o poeta tinha
bastante leitura sobre ocultismo, mística e transcendência, principalmente por influência
de Swedenborg, místico sueco. Os famosos poemas Élévation e Correspondances
apresentam essa característica transcendental. Elevação convoca ao misticismo o poeta,
cujo espírito ―sulca alegremente a imensidão profunda‖: [...]
ÉLÉVATION ELEVAÇÃO
Au-dessus des étangs, au-dessus des vallées, Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
Des montagnes, des bois, des nuages des mers, Por sobre o éter e o mar, por sobre o bosque e o
Par delà le soleil, par delá les éthers, monte,
Par delà les confins des spheres étoilées, E muito além do sol, muito além do horizonte,
Para além dos confins dos tetos estrelados,
Mon esprit, tu te meus avec agilité,
Et, comme un bon nageur qui se pâme dans l’onde, Meu espírito, vais, com toda agilidade,
Tu sillones gaîment l’inmensité profonde Como um bom nadador deleitado na onda,
Avec une indicible et mâle volupté. Sulcas alegremente a imensidão redonda,
Levado por indizível voluptuosidade.
Envole-toi bien loin de ces miasmes morbides,
Va te purifier dans l’air supérieur, Bem longe deves voar destes miasmas tão baços;
Et bois, comme une pure et divine liqueur, Vai te purificar por um ar superior,
Le feu clair qui remplit les espaces limpides. E bebe, como um puro e divino licor,
(BAUDELAIRE, 1942: 86) O claro fogo que enche os límpidos espaços.
(NASSETTTI, 2002: 18-19)
Comme de longs échos qui de loin se confondent Como longos ecos que de longe se confundem
Dans une ténébreuse et profonde unité, Numa tenebrosa e profunda unidade
Vaste comme la nuit et comme la clarté, Vasta como a noite e como a claridade
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent. Os perfumes, as cores e os sons se respondem.
(BAUDELAIRE, opus cit., p. 87) (MORETTO & MACHADO, in RAYMOND: 21)
Mario Praz abriu seu estudo sobre a literatura romântica com tais índices,
resgatando as palavras de Shelley transcritas abaixo:
Jaz, fixando o céu noturno, supina sobre o enevoado cume de um monte;
embaixo, há um tremular de terras distantes. O seu horror e a sua beleza são
divinos. Sobre seus lábios e suas pálpebras pousa a formosura como uma
sombra: irradiam dela, ardentes e embaciadas, as agonias da angústia e da
morte que, embaixo, se debatem. / Não é tanto o horror, mas a graça a
empedrar o espírito do observador, sobre quem se cinzelam os lineamentos
daquela face morta, até que os seus caracteres penetram-lhe, e o pensamento
se turva; é a melodiosa tinta da beleza, sobreposta às trevas e ao esplendor
da punição, que torna humana e harmoniosa a impressão. / E de sua cabeça,
como se fosse de um só corpo, surgem, tal qual ervas de uma rocha úmida,
cabelos que são víboras, e se contorcem e se estendem, e entrecruzam os
seus nós e em infinitos rodeios mostram o seu esplendor metálico, quase
escarnecendo da tortura e da morte interiores, e cortam o ar com suas
mandíbulas rachadas. / E de uma pedra ao lado, um venenoso sardão se
demora a espiar aqueles olhos gorgôneos, enquanto no ar, atônito, um
horrendo morcego é adejado fora da furna onde aquela amedrontadora luz
surpreendeu-o e se precipita como uma traça à luz; e o céu noturno
relampeja de uma luz mais amedrontadora que a escuridão. / É o
tempestuoso encanto do terror: das serpentes lampeja uma cúprica fulgência
acesa nesses seus inextrincáveis rodeios, e cria em torno um vibrante halo,
espelho móvel de toda a beldade e de todo o terror daquela cabeça: um vulto
de mulher com crina vipérea, que na morte contempla o céu das tochas
úmidas / É o tempestuoso encanto do terror... (apud PRAZ, 1996: 44)
PAYSAGE PAISAGEM
Il est doux, à travers les brumes, de voir naître É sempre doce ver que à tarde a bruma vela
L'étoile dans l'azur, la lampe à la fenêtre A estrêla pelo azul e a lâmpada à janela,
Les fleuves de charbon monter au firmament Os rios de carvão irem ao firmamento,
Et la lune verser son pâle enchantement. Como a Lua, verter seu frouxo encantamento.
Je verrai les printemps, les étés, les automnes; Eu hei de ver a primavera, o outono e o estio;
Et quand viendra l'hiver aux neiges monotones, E quando o inverno vier, monótono em seu frio,
Je fermerai partout portières et volets Por tudo fecharei cortinas e portões
Pour bâtir dans la nuit mes féeriques palais. Para construir na noite as feéricas mansões.
(BAUDELAIRE, 1942: 179) (HADDAD, 1958: 239)
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mostra uma ambientação sinistra arrebatada pela fúria de Pluviose, ambientação esta
facilmente transpassada para o território íntimo, a saber, um cemitério odiado pela lua.
Todos os três — poeta, musa e ambiente — rumam para o definhamento, cujo limite é a
morte. Assim, mais uma vez, as imagens de Les fleurs du mal guardam essência
transcendente, pois, embora a morte seja o estertor da dor, por outro lado é o fim do
processo, i.e., o cessar da agonia.
Há críticos que afirmam, tacitamente, que o Satanismo de Les fleurs du mal é
uma afronta ao destino malfadado e um deboche contra a inoperância do Bem. O louvor
a Satã pretende protestar contra um Deus que abandonou o homem:
PRIÈRE PRECE
Gloire et louange à toi, Satan, dans les hauteurs Glória e louvor a ti, Satã, nas amplidões
Du Ciel, où tu régnas, et dans les profondeurs Do céu, em que reinaste, e nas escuridões
De l'Enfer, où, vaincu, tu rêves en silence! Do inferno, em que, vencido, sonhas com
Fais que mon âme un jour, sous l'Arbre de prudência!
Science, Deixa que eu, junto a ti sob a Árvore da Ciência,
Près de toi se repose, à l'heure où sur ton front Repouse, na hora em que, sobre a fronte, hás de
Comme un Temple nouveau ses rameaux ver
s'épandront! Seus ramos como um Templo novo se estender!
(BAUDELAIRE, 1942, p. 234) (ALMEIDA, 1996, p. 77)
De minha parte, considero que este remate de males a concluir a obra sob o
título ―Revolta‖ é apenas uma síntese de todo o Mal reinante no universo poético de
Baudelaire, Mal que estava esparso e intuído, e agora aparece claro e conciso.
Justamente essa escolha de alimentar o Mal propiciou um determinismo das fontes
malignas, que receberam o poder de corromper e corroer todos os seres. A ―Revolta‖ do
sujeito lírico assinala o descentramento da subjetividade, perdido que está no âmago
profundo, confuso e labiríntico de sua vida. Não há justificativas para a ―Revolta‖ do
poeta, porque, afinal, colheu as flores que plantou.
BIBLIOGRAFIA:
AZEVEDO, Álvares de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Cia Ed. Nac., 1942.
BAUDELAIRE, Charles. Les fleurs du mal [préface: André Gide]. Rio de Janeiro:
Librairie Victor/Chantecler, 1942.
______. As flores do mal (trad. Jamil A. Haddad). São Paulo: DIFEL, 1958.
______. As flores do mal (trad. Ivan Junqueira). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes,
1998.