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PARA A BIBLIOTECA PENSAR NA


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IA.

 Setembro/2018

RANGANATHAN E OS PRINCÍPIOS
DE CATALOGAÇÃO DE PARIS, 1961:
PARTE 2 DE 2

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RANGANATHAN E OS PRINCÍPIOS
DE CATALOGAÇÃO DE PARIS, 1961:
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 Julho/2018

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POUT-POURRI DESCRITIVO NA
CATALOGAÇÃO DE
DIA DO BIBLIOTECÁRIO, LEIA QUE VAI TER BOLO DISSERTAÇÕES

 Junho/2018
Por FERNANDO MODESTO Março/2016
AI! AI! BIBLIOTECÁRIO, ATENÇÃO!
No dia 25 de janeiro de 2016, o site “Info Home” comemorou 15 anos de existência. Certamente, ao longo
destes anos tem construído um espaço importante junto à comunidade bibliotecária brasileira. Nascido de um  Maio/2018

projeto pessoal do bibliotecário, professor e editor Oswaldo Francisco de Almeida Júnior, tornou-se um coletivo
de colaboradores que têm, em comum, a paixão pela área. Na oportunidade, e na pessoa do Oswaldo,
parabenizo todos os colegas que, nesse espaço, compartilham seus saberes.
MAIS LIDOS
Na ocasião, aproveito para lembrar os catorze anos desta coluna (Online-Offline) mantida ininterrupta ao longo
PONDO PANIZZI QUENTE NA
deste tempo, e cobrindo temas relacionados a automação de biblioteca, software livre, e catalogação
DISCUSSÃO DO NOVO CÓDIGO
bibliográfica. É importante destacar e agradecer aos muitos leitores que, com suas críticas e sugestões,
colaboram por qualificar o conteúdo publicado.  935 Leituras

Após este preâmbulo, ressalto o propósito da coluna deste mês, comentar o Jubileu de Ouro da Lei de VIVA RDA – AACR2 VIROU ZUMBI
Regulamentação Profissional do Bibliotecário transcorrido no ano de 2015, e fatos de um passado recente,
 919 Leituras
relacionados à profissão com a finalidade de realçar o dia do bibliotecário.

O FORMATO DA RDA REFORMATA


A Legislação Profissional representa um legado importante para a consolidação e o desenvolvimento da
A FORMATAÇÃO DO FORMATO
atividade bibliotecária brasileira. Podemos ou não concordar com a existência da lei para o exercício
BIBLIOGRÁFICO E A REFORMA
profissional, entretanto, ela marca um fato histórico importante na história da Biblioteconomia brasileira. Além
DO CATALOGADOR NÃO
de reconhecer o esforço de muitos bibliotecários que, ao longo destas cinco décadas, contribuíram para a
REFORMADO
divulgação profissional e o direito ao exercício profissional como bibliotecário.
 826 Leituras

A contradição na legislação é continuar praticamente a mesma, ou seja, já no século 21, o exercício


profissional é regulado por uma lei oxidada pelo tempo e a mudança do mercado, e o pior, estamos O DIVÓRCIO DO CATALOGADOR:
acovardados em discutir e atuar para sua atualização ou ajustamento. O motivo é o temor de uma “possível” AACR2 OU RDA
desregulamentação profissional. A dúvida é saber se, nesta condição, chegaremos aos 100 anos ou a um  654 Leituras
segundo Jubileu.

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No contexto do Jubileu, ressalte-se o trabalho dos membros da 16ª Gestão do Conselho Federal de O AACR2 NÃO DÁ, MAS O RDA
Biblioteconomia, promotora das comemorações pelas homenagens prestadas às gestões anteriores do CFB. DARÁ VITAMINAÇÃO AO
Fato registrado no livro “Bibliotecário: 50 anos de regulamentação da profissão no Brasil – 1965-2015”, CATALOGADOR
organizado pelas bibliotecárias e conselheiras federais: Adelaide Ramos e Côrte, Isaura Lima Maciel Soares,  634 Leituras
Lucimar Oliveira Silva, Regina Celi de Sousa, e Sandra Maria Dantas Cabral.

É documento que registra as ações do Conselho Federal e seus efeitos sobre a evolução e consolidação da
profissão no âmbito da sociedade, bem como, contribui para compreender melhor o processo histórico e
político da profissão bibliotecária. Recomendo, na obra, a leitura do depoimento do prof. Briquet de Lemos (p.
35-42), da qual destaco o trecho:

[...] à medida que expandia o meu olhar para o contexto do passado e tentava compreender as forças,
os interesses e os mecanismos políticos que explicassem a regulamentação da profissão de
bibliotecário, fui percebendo que a história é maior e mais antiga do que se pensa e se diz. Percebi que
há diferentes momentos, cada um a ser visto em seu contexto próprio, que apontam caminhos que
poderiam ter sido seguidos, mas não o foram. Que há uma grande questão, que não vi ainda ser
formulada, mas que me parece ser merecedora de nossa atenção: a regulamentação da profissão de
bibliotecário não deveria ter sido simultânea ou subsequente à formulação e consolidação de uma
política nacional de bibliotecas?

Algo que só agora buscamos timidamente, uma política nacional de bibliotecas, mas uma política de estado e
não de governo.

Por outro lado, lembro que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XIII, diz que é livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer. Entre as profissões regulamentadas por leis especiais, encontra-se a do profissional bibliotecário
(Lei 4.084/62; 9.674/1998; e Decreto 56.725/1965), que para o exercício pleno de suas atribuições necessita
de prévia obtenção de diploma devidamente expedido por estabelecimento oficial de ensino superior e
reconhecido pelo MEC, completado com o devido registro nas Universidades, além de inscrição, do
profissional, no Conselho Regional de Biblioteconomia de sua jurisdição.

A existência da legislação regula o mercado de trabalho do bibliotecário, em especial no setor público.


Entretanto, ainda hoje, nos deparamos com pessoas inabilitadas realizando atividades pertinentes,
legalmente, ao exercício do profissional bibliotecário. Sobre a questão, recupera-se a fala da Presidente do

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CFB, Nancy Westphalen Correia (1978/1981), na abertura do 10º CBBD, realizado na cidade de Curitiba, em
1979:

“Mas a reforma da Lei 4.08/62 mais do que nunca se faz necessária. Uma Lei que realmente impeça o
exercício profissional por leigos, uma lei que não dê margem as autoridades entregar a direção de
bibliotecas, centros de documentação ou órgãos que tenham outro nome, mas onde se exerce as
atribuições de bibliotecários, a amigos ou apadrinhados políticos”. (CORREIA, 1979, p.961).

O exercício ilegal da profissão é uma constante nestes 50 anos, e apesar das ações fiscalizatórias, a vigília da
comunidade bibliotecária é essencial. Porém, o apadrinhamento político e o desrespeito às competências
profissionais específicas na promoção de leigos em funções de bibliotecário, tornou-se um dos problemas no
mercado de trabalho.

É importante, ao comentar a legislação profissional, recordar os pioneiros na instalação desta regulamentação.


Menção ao grupo baiano liderado por Felisbela Carvalho e Esmeralda Aragão; e o grupo paulista, em torno da
férrea liderança de Laura Garcia Moreno Russo, coordenadora final nos tramites junto ao legislativo federal,
centrados nas figuras dos Deputados Rogê Ferreira, Almino Afonso e Aurélio Viana.

Como observa Cesar Castro (na sua obra “História da Biblioteconomia Brasileira”, 2000), até 1959 o ativismo
destes grupos não tinha alcançado resultados significativos apesar dos esforços em projetos, ofícios e pedidos
a representantes políticos. Mas a regulamentação era um objetivo perseguido, até para a consolidação de um
mercado de trabalho, e sobrevivência da profissão de bibliotecário. Segundo manifestação de Esmeralda
Aragão, no 3º CBBD, realizado em 1961:

“Sem uma lei que regulamente a profissão [do bibliotecário] e o seu exercício no país, não se pode
evitar as nomeações improvisadas ou indiscriminadas que proliferam entre nós, fruto de uma
incompreensão das necessidades de bons serviços funcionando em lugar de serviços deficientes, mal
dirigidos e orientados, por pessoas sem gabaritos e formação profissional”.

Observa-se, neste recorte da história, a diligência dos primeiros defensores da causa, inicialmente na busca
pela aprovação, no Congresso Nacional, do projeto de regulamentação profissional e, posteriormente, na
implantação e consolidação da estrutura dos órgãos de fiscalização, o que aliás se desenvolve até os dias
atuais.

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O professor Murilo Bastos da Cunha, presidente do CFB (1972-1978), ao comentar as diferenças entre o
trabalho e a profissão bibliotecária, salientou, em 1976, que para analisar a profissão bibliotecária, no Brasil,
três aspectos deveriam ser considerados: a formação, a legislação e o mercado de trabalho.

Em termos de cursos, o primeiro curso de Biblioteconomia, nasce dentro da Biblioteca Nacional, criado em
1915; o segundo curso agora em São Paulo, foi criado nos anos de 1930, instalado na Escola de Sociologia e
Política, sob influência da Biblioteconomia norte-americana. Deste período dá-se início ao aparecimento de
vários cursos: Bahia, 1942; Campinas, 1945; Rio Grande do Sul, 1947; Pernambuco, 1950. Em 1976, existiam
25 cursos de graduação. Na atualidade chega-se aos 40 cursos.

Também, ao longo dos anos, estabeleceu-se vários projetos de currículo mínimo que foram sendo atualizados
face a sua inadequação às necessidades do mercado. E, este é um item crucial ao desenvolvimento da
Biblioteconomia brasileira, o ajuste na formação bibliotecária às demandas da sociedade. Afinal, para
acompanhar o desenvolvimento brasileiro há necessidade de mais e melhores bibliotecários a fim de suprir a
demanda de informação e leitura advinda da modernização de nossa sociedade (CUNHA, 1976, p.187). Será
que hoje a formação está ajustada às demandas da sociedade?

Em termos de legislação bibliotecária, desde a sua promulgação, tornou-se necessário acompanhar a


evolução histórica e, como tal, a necessidade de rever e atualizar pontos falhos. Já, nos anos de 1970 esta era
uma preocupação da comunidade profissional, a revisão da Lei 4.084. A opinião reinante era que:

“[..] não adianta a existência formal de preceitos legais se o bibliotecário não se imbuir da sua função
social e seu importante papel na comunidade. Para amenizar esta falha, o CFB, em resolução recente,
sugeriu que as Escolas de Biblioteconomia ministrassem a seus alunos noções de ética profissional
preparando o futuro bibliotecário para uma perfeita interação com o ambiente em que irá trabalhar”
(CUNHA, 1976, p.189).

Com relação ao mercado de trabalho, recupera-se comentário da bibliotecária Lydia Sambaqui, realizada em
1956, ao destacar que:

“Tem os bibliotecários brasileiros possibilidade de optar, dentro de sua carreira, pelas mais variadas
atividades, que estão condicionadas às mais variadas tendências e à mais diferenciada formação
cultural, o bibliotecário brasileiro tem outros privilégios, igualmente importante, qual seja o de trabalhar
como verdadeiro pioneiro em seu campo de atividade. [...] os bibliotecários europeus e norte-
americanos recém-formados são herdeiros de patrimônios bibliográficos magníficos, que já se
encontram sob o cuidado de equipes perfeitamente treinadas, às quais foram transmitidas numerosas

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tradições e vasta experiência. [...] entretanto, os bibliotecários brasileiros, recém-formados em sua
maioria, encontram-se imediatamente diante de uma situação peculiar: serviços por organizar, coleções
bibliográficas deficientes e desatualizadas, incompreensão, absoluta falta de recursos, mas em
compensação, não lhes falta oportunidades para organizar, dirigir, reformar e aplicar imediatamente os
conceitos, normas de trabalho e técnicas adquiridas nas Escolas de Biblioteconomia” (SAMBAQUY,
1956).

Nota-se que, após 59 anos, ainda temos questões a serem desenvolvidas. Todo profissional recém-formado
tem trabalho aguardando por fazer na área. E tem, também a responsabilidade de pensar o modelo de
Biblioteconomia para o Brasil. Mas que modelo seria este?

A guisa de ilustração, apresenta-se estudos sobre o mercado de trabalho bibliotecário, em um recorte de


tempo passado, para refletir se na atualidade o cenário melhorou.

Neste contexto, destaca-se o estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, realizado em 1975, intitulado
“Análise do mercado de trabalho do bibliotecário em Belo Horizonte” e que, apesar de restrito a uma região,
serve de modelo comparativo com outros locais, no Brasil, a época de sua realização. As características do
bibliotecário mineiro apontadas no estudo, tais como: status socioeconômico, satisfações e anseios
profissionais e expectativa salarial. Dos 313 bibliotecários formados na UFMG e que exerciam a profissão,
cerca de 76% trabalhavam na capital e somente 24% no interior.

Outro levantamento, promovido pelo CRB-8 de São Paulo, realizado em 1973, constatou que somente em 34
dos 571 municípios paulistas haviam bibliotecários. Situação que se repetia em diversos outros estados.
Certamente, hoje temos uma realidade bem diferente, porém sem ser um paraíso profissional.

Nos anos de 1970, grande parte dos bibliotecários brasileiros recebiam em torno de 4 a 6 salários mínimos,
nível inferior em relação às outras profissões liberais. Na atualidade, com o surgimento de sindicatos e
associações profissionais o piso tem outros índices. No estado de São Paulo, o piso situa-se em R$ 2.600,00
(dois mil e seiscentos reais) ou cerca de 3 salários mínimos (fixado em CR$ 880,00 – 2016).

Durante os anos de 1960, havia uma crítica a falta de profissionalismo ou de compromisso do profissional com
o bom exercício da profissão. A própria regulamentação profissional é um paradigma para o exercício
comprometido com o melhor desempenho social da atividade bibliotecária. Mas com relação a qualificação do
trabalho bibliotecário, o professor Edson Nery da Fonseca, em artigo, recomendava uma série de conselhos
aos bibliotecários para o exercício de sua atividade, tais como:

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· Ser bibliotecário para tornar-se parte no sistema educativo nacional, regional, estadual ou
municipal.
· Não ser bibliotecário para tornar-se um burocrata a mais no sistema administrativo da nação, do
estado ou do município.
· Ser bibliotecário para transformar as bibliotecas em organismos dinamicamente integrados no
desenvolvimento econômico, científico e tecnológico.
· Não ser bibliotecário para deixar as bibliotecas continuando a ser sonolentas e bolorentas
repartições públicas.
· Ser bibliotecário para estar a serviço dos que estudam.
· Não ser bibliotecário para ficar escravizado a fichas e códigos de catalogação.
· Ser bibliotecário para usar os sistemas novos de recuperação de informação (FONSECA,
1966).

Nota-se o alerta aos profissionais para não se limitarem às rotinas, e deixarem de se preocupar com o
progresso da profissão. Estarem mais interessados em ter uma ocupação do que uma profissão.

Ainda, relacionado à formação de bibliotecário, nestes 50 anos, têm-se a proposta formativa no âmbito da lei.
Entre os anos 1962 - 1969 desenvolve-se ações para fixação de um currículo mínimo, decorrente da
aprovação da lei de regulamentação da profissão.

Para o exercício profissional, com a Lei n° 4.084/1962 e o Decreto n° 56.725/1965, foi proposto o primeiro
currículo mínimo obrigatório para os cursos de Biblioteconomia. Afinal, a lei determinava as atribuições dos
bacharéis em Biblioteconomia, como: atuar em repartições públicas federais, estaduais, municipais e
autárquicas e empresas particulares, exercendo as seguintes atividades:

· Ensino de Biblioteconomia;
· Fiscalização de estabelecimentos de ensino de Biblioteconomia.
· Administração e direção de bibliotecas;
· Organização e direção dos serviços de documentação.
· Execução dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos e de livros raros e preciosos, de
mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, de bibliografia e referência.

Portanto, o currículo proposto foi estruturado com um conteúdo orientado para uma ampla formação cultural, a
saber:

· Bibliografia,
· Catalogação,

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· Classificação,
· Documentação,
· História da Arte,
· História da Ciência e Tecnologia,
· História da Literatura,
· História do livro e das Bibliotecas,
· Introdução à Filosofia,
· Introdução às Ciências Sociais,
· Organização e Administração das Bibliotecas e Serviço de Documentação,
· Referência,
· Seleção de Livros,
· Estágio de 300 horas.

Juntamente com a proposta de formação, encaminhou-se outra para o estabelecimento de um programa de


pós-graduação cobrindo os seguintes tópicos:

Curso de Bibliologia:
§ Patologia do livro,
§ Artes Gráficas,
§ Encadernação e Restauração de Material Bibliográfico,
§ História do Livro,
§ Paleografia,
§ Iconografia,
§ Crítica de textos.

Curso de Bibliotecas Infanto-juvenis:


§ Psicologia Infantil e do Adolescente,
§ Literatura Infantil e Juvenil,
§ Organização e Administração de Bibliotecas Infanto-Juvenis e Escolares,
§ Bibliografia e Referência em Bibliotecas Escolares,
§ Atividades em Grupo.

Curso de Documentação e Bibliotecas especializadas:


§ Normalização,
§ Catalogação especializada,
§ Classificação Decimal Universal,
§ Técnicas de Indexação e Resumo,
§ Pesquisa Bibliográfica,
§ Armazenagem e Recuperação da informação,
§ Organização e Administração de Bibliotecas especializadas e Serviços de Documentação,

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§ Reprodução de documentos,
§ Teoria da informação e a Cibernética.

Interessante, no programa proposto, é a justificativa para a formação de bibliotecários.

“O extraordinário desenvolvimento da ciência e da tecnologia teve como consequência um aumento


vertiginoso da produção de documentos. Este já se constitui num dos problemas cruciais do estudioso
moderno, sem tempo para tomar conhecimento de tudo o que se divulga no setor de seu interesse. [...]
Há que preparar bibliotecários capazes de organizar e dirigir bibliotecas e serviços de documentação,
selecionar material bibliográfico altamente especializado, redigir resumos de trabalhos científicos,
realizar pesquisas bibliográficas, orientar leitores, lidar com processos eletrônicos de armazenagem e
recuperação de informações”. (RUSSO, 1966).

A proposta era inovadora para a época, e o grupo de trabalho responsável pela sua elaboração era composto
pelos seguintes bibliotecários e professores: Abner Lellis Corrêa Vicentini; Cordelia Robalinho de Oliveira
Cavalcanti; Edson Nery da Fonseca; Etelvina Lima; Nancy Westefallen Corrêa; Sully Brodbeck; Zilda Machado
Taveira.

Entretanto, segundo Laura Russo, a proposta não foi acolhida pelas escolas de Biblioteconomia, por
considerarem que a formação de bibliotecário devia ser, essencialmente, técnico, sem necessidade de
formação mais cultural ou humanista. Provavelmente, perdeu-se a oportunidade de dar uma outra
configuração formativa ao profissional bibliotecário, aspecto a se lamentar até hoje.

Em termos de políticas públicas, há acontecimentos passados que ajudam a visualizar aspectos de nossa
evolução profissional. Assim, tem-se a manifestação da bibliotecária Maria Alice Barroso, então diretora do
Instituto Nacional do Livro – INL, que em discurso de encerramento da “Semana Nacional da Biblioteca”,
ocorrido na cidade de São Paulo, em 19/03/1973, abordou a política nacional para as bibliotecas, com
destaque à proposta apresentada pelo MEC.

A proposta desenvolvida pelo INL visava estabelecer os sistemas estaduais de bibliotecas, e operariam inter-
relacionados com as bibliotecas públicas estaduais. Para tanto, o INL assinou convênio com o Conselho
Federal de Biblioteconomia para reunir entidades da área, no período de 19 a 21 de abril de 1973, em evento
intitulado “I Encontro de Responsáveis pela Execução do Programa de Bibliotecas no Brasil”. O objetivo era o
de estudar os desafios surgidos com a reforma de ensino da época, e avaliar os desafios que exigiam dos
bibliotecários uma reforma nos métodos e na filosofia de atuação da Biblioteconomia brasileira.

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Participaram do encontro: CFB, FEBAB, Associação Brasileira de Escolas de Biblioteconomia e
Documentação – ABEBD, Conselhos Regionais (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10); Associações de Bibliotecários dos
estados (AM, PA, MA, CE, PE, BA, MG, GB, SP, PR, RS, DF); Diretores e Coordenadores de Cursos de
Biblioteconomia (AM, PA, MA, CE, PB, PE, BA, MG com 2 escolas, RJ, GB com 3 escolas, SP com 4 escolas,
PR, RS, DF).

Do encontro surgem recomendações a serem estabelecidas e implementadas:

§ Levantamento para a utilização dos bibliotecários em disponibilidade, de modo a dar pleno comprimento
à lei n. 4.084/62.
§ Onde não houver disponibilidade de bibliotecários serão incentivados e/ou providenciados cursos de
treinamento intensivo e de habilitação profissional a nível de 2º grau para auxiliar de biblioteca.
§ Na atual fase de transição, o pessoal leigo responsável por bibliotecas, sempre que possível, devem ser
supervisionados por bibliotecário.
§ Seja incentivada a implantação de sistemas de redes de bibliotecas, em nível estadual, regional e
nacional, dentro de uma política de planejamento bibliotecário.
§ O INL dará assessoramento constante e eficiente aos bibliotecários e auxiliares de biblioteca,
principalmente, as do interior do país através da disseminação de informações técnicas, cursos de
treinamento intensivo e aperfeiçoamento de pessoal de biblioteca, em diferentes níveis, mediante a
colaboração das escolas, associações, conselhos de Biblioteconomia e secretarias de educação e
cultura.
§ INL prove programa de estágio remunerado para os estudantes de Biblioteconomia, dando prioridade
aos das regiões menos desenvolvidas do país.

Considerando que as entidades públicas e particulares preferiam aproveitar leigos por questão do pagamento
de menor salário, em detrimento do profissional bibliotecário, recomendava-se que:

a. Os CRBs fossem mais rigorosos na fiscalização do exercício da profissão bibliotecária;


b. CFB deveria regular o exercício das atividades especificas dos auxiliares;
c. CFB deveria estabelecer padrões de serviços de biblioteca para determinar áreas de atuação do
auxiliar supervisionado pelo bibliotecário.

Os participantes propuseram também:

§ Projetos com os cursos de biblioteconomia, visando o pagamento de estagiários em bibliotecas públicas


dos Estados conveniados.
§ Carros-bibliotecas, cedidos pelo INL, durante o período de 2 anos, às faculdades de biblioteconomia
oportunizando aos estudantes o contato com as comunidades rurais.

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§ Liberação da franquia postal, pela primeira vez [no então], seus 35 anos de existência o INL pagará o
frete de 703.150 exemplares enviados a 1.257 bibliotecas públicas, existentes [no Brasil] em 1972.
(Barroso, 1973).

Os fatos narrados ilustram o envolvimento da área com as políticas públicas federais, em especial, no que se
refere ao estabelecimento de políticas para as bibliotecas públicas. Se desconhece o resultado efetivo das
propostas, não se localizou dados a respeito dos resultados práticos, porém, ao olhar as propostas passadas,
o que se encontra consolidado na atualidade? Deixa-se aos leitores as reflexões decorrentes. É sabido que
muitos outros projetos surgiram posteriormente, alguns piorados até por excluir a área.

Observa-se que, sobre os auxiliares de bibliotecas, na atualidade têm-se os técnicos de Biblioteconomia, cujo
surgimento contribuiu para o aumento no número de pessoas que buscam o curso de Biblioteconomia. E,
neste sentido, a insuficiência numérica de bibliotecários é uma questão que acompanha a profissão ao longo
da sua história no país.

Novamente, recupera-se a manifestação da bibliotecária Nancy Westphalen Correa, em 1979, no 10º CBBD,
sobre os problemas referentes à profissão. Ela salienta que os bibliotecários brasileiros eram insuficientes
para atender todas as necessidades da população, contudo o aumento puro e simples do seu número, não
representava o fortalecimento da classe, se a esse aumento não correspondesse um aumento qualitativo de
nível de formação e consequente melhoria na prestação de serviço.

A realidade, na época, era desalentadora, não havia uma consciência de biblioteconomia como profissão
liberal de nível superior e, como tal, desempenhando função especifica dentro da comunidade. Faltava
entendimento do que somos, para que existimos e qual o papel que desempenhamos perante a sociedade. A
formação era deficiente tanto em pesquisa, quanto nos avanços científicos e tecnológicos; e não articulada
com o desenvolvimento da área no âmbito nacional e internacional. A presidente comenta que:

“Infelizmente, pouco ou quase nada se tem feito no estudo da problemática bibliotecária como um todo,
ou sistema, numa ação introspectiva, quase filosofal, inexplicavelmente, diferente de profissionais de
outros campos de atividade social, o bibliotecário é estranhamente desinteressado dos aspectos
teóricos de sua profissão. Raros são os trabalhos sobre Biblioteconomia em que o autor se preocupa
com as implicações sociais da profissão e suas interfaces com o atual ritmo de desenvolvimento
econômico do país atravessa. Como notamos, há uma carência urgente e inadiável de que os
profissionais e suas entidades contribuam para um conhecimento mais profundo do profissional
bibliotecário”. (CORREIA, 1979, p.958).

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Nota-se que o déficit bibliotecário era enorme. O próprio professor Murilo Bastos da Cunha (1974) apontava
esta insuficiência, e propunha que a proporção ideal de bibliotecários deveria ser de 1/4.000 por habitantes,
algo longe de ser alcançado naquela época; mais de quarenta anos depois, a defasagem persiste para não
dizer que aumenta.

Quadro 1 – Relação da População com número de Bibliotecários (Relação 1/4.000 habitantes)

Estado CRB População Bibliotecário Nº ideal Déficit/


(1) (2) Superavit
DF 1 546.015 170 136 + 34
Goiás 1 2.997.570 2 749 - 747
Mato Grosso 1 1.623.618 3 405 - 402
Territ. Rondônia 1 116.620 1 29 - 28
Acre 1 218.006 -- 54 - 54
Pará 2 2.197.072 129 549 - 420
Amazonas 2 960.934 58 240 - 182
Amapá 2 116.480 -- 29 - 29
Roraima 2 41.638 -- 10 - 10
Piauí 3 1734.865 2 433 - 431
Maranhão 3 3.037.135 30 756 - 726
Ceará 3 4.491.590 84 1.122 - 1.038
Rio Gr. Do Norte 4 1.611.606 5
Paraíba 4 2.445.419 21 611 - 590
Fernando 4 1.311 -- -- --
Noronha
Pernambuco 4 5.252.590 235 1.313 - 1.078
Alagoas 5 1.606.174 2 401 - 399
Sergipe 5 911.251 4 227 - 223
Bahia 5 7.583.140 259 1.895 - 1.636
Minas Gerais 6 11.645.095 210 2.911 - 2.701
Espírito Santo 7 1.617.857 6 404 - 398
Rio de Janeiro 7 4.794.578 144 1.198 - 1.054
Guanabara 7 4.315.746 1.106 1.078 + 28

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São Paulo 8 17.958.693 1.044 4.489 - 3.445
Paraná 9 6.997.682 145 1.794 - 1.604
Santa Catarina 9 2.930.411 3 73 - 70
Rio Gr. Do Sul 10 6.755.458 328 1.688 - 1.360
Total 94.508.554 3.990 22.951 - 19.022

Fontes: (1) Anuário estatístico do Brasil, 1972. (2) Dados do CFB, julho de 1973. Bibliotecários registrados –
Autor: Cunha (1974)

O quadro acima mostra que a crise populacional dos bibliotecários e sua distribuição pelo território nacional é
antiga e, ainda, hoje é um ponto de fragilidade profissional. O quadro também reflete o desequilíbrio do próprio
desenvolvimento regional brasileiro. Regiões economicamente mais desenvolvidas, apresentavam maior
número de profissionais.

Na atualidade, enfrentamos o desafio de expandir o número de profissionais, entretanto, com os mesmos


questionamentos, apenas o aumento puro e simples no quantitativo bibliotecário não significa o fortalecimento
da classe se a expansão não estiver relacionada a um aumento qualitativo de nível de formação, e
consequentemente, uma melhoria na sua prestação de serviço. Além de superar o fato da profissão ser
desconhecida ou estar fora do projeto de carreira profissional dos jovens vestibulandos. Ademais, cursos de
técnicos em biblioteconomia são poucos, no país.

Para finalizar este texto, faço minhas as palavras do professor Murilo (1974, p.23), ao dizer que:

“Precisamos de mais e melhores bibliotecários preparados para enfrentar a realidade brasileira com
suas diferenças regionais e suas variadas oportunidades profissionais. Nossas metas parecem
ambiciosas e exageradamente otimistas. Mas o otimismo e a ambição deverão estar imbuídos do
conhecimento da realidade e da confiança na capacidade que o bibliotecário brasileiro vencerá as
dificuldades que virem a surgir”.

Nosso destino segue contínuo, porém o enredo dependerá de nossas próprias competências, inteligências e
consciências de profissão. Recursos com os quais devemos buscar vencer as dificuldades formativas e de
exercício profissional e, principalmente, construir nossa identidade social como profissão. Talvez está última
seja o nosso maior desafio.

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Sobre a questão, recomendo a leitura da tese de doutorado da bibliotecária Celly de Brito Lima, com o título “O
bibliotecário como mediador cultural: concepções e desafios à sua formação”, ECA/USP, 2016.

Indicação de leitura:

Barroso, M. A. Discurso. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, vol. 1, n.1/3, p. 24-40,


jan./mar. 1973.
Castro, C. História da biblioteconomia brasileira. Brasília: Thesaurus, 2000.
Cunha, M. B. Necessidades atuais de bibliotecários no Brasil. Revista de Biblioteconomia de Brasília, vol. 2, n.
1, p. 15 – 24, jan./jun. 1974.
Cunha, M. B. O bibliotecário brasileiro na atualidade. Revista Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo
Horizonte, vol. 5, n. 2, p.178-94, set. 1975.
Fonseca, E. N. Ser ou não ser bibliotecário. Brasília: UNB, 1966.
Russo, L. G. M. A biblioteconomia Brasileira: 1915-1965. Rio de Janeiro: INL, 1966.
Sambaquy, L. Q. A profissão de bibliotecário. IBBD Bol. Inf., vol. 2, n.6, p.336-37, nov./dez. 1956.

Enfim, parabenizo aos bibliotecários brasileiros pelo nosso dia. Para comemorar compartilhemos um pedaço
virtual do bolo comemorativo.
 
 

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FERNANDO MODESTO Entre em Contato

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações


pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e
Documentação da ECA/USP.

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O SIte é mantido por Oswaldo Francisco de Almeida Junior e há 16 COLUNAS CURIOSIDADES


anos está no ar no endereço OFAJ.COM.BR...
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