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CRISTÃ
-2018
UNIDADE I – DEFINIÇÃO LIDERANÇA CRISTÃ
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se
tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça
de Deus comigo. I Cor. 15:10
“Quando Deus quer nomear um líder, Ele procura entre um grupo de irmãos e
escolhe aquele que tem uma grande engenhosidade. Isto explica porque Deus escolhe
alguns e rejeita a outros.”
O parágrafo anterior é um mito absurdo. Merecia Paulo ser um apóstolo? Não. Foi
somente a graça de Deus que o chamou e o qualificou. Não há função no Reino de Deus
que podemos cumprir sem sua graça.
A palavra "líder" é de origem inglesa e foi adotada pela primeira vez por A. Binet
a partir de 1900, “para designar pessoa que tem comando e influência em qualquer tipo
de ideia ou ação”. Nicholas Murray Blutler, antigo presidente da Universidade de
Colúmbia, nos Estados Unidos, disse que há três tipos de pessoas no mundo: a) As que
não sabem o que está acontecendo; b) As que observam o que está acontecendo; c) As
que fazem com que as coisas aconteçam (Nancy – Liderança Cristã, p. 21).
Esta última refere-se às pessoas que lideram, pois liderança é a capacidade de
fazer com que as coisas aconteçam. Daí, liderança é “a arte de conduzir pessoas a
objetivos e realizações bem sucedidas”.
A liderança cristã lida com todo esse processo de recondução do homem a Deus.
Todo o empreendimento cristão: a Igreja, as missões, a evangelização, o ensino, os
seminários - tudo está ligado a este fundamento. Portanto, quando nos envolvemos em
liderança cristã, temos de ter em mente este conceito. Na liderança, não trabalhamos
meramente para uma organização cristã, e, muito menos, para o nosso proveito próprio,
mas para Deus. Na verdade, somos movidos por Ele para executarmos seus propósitos.
A liderança no mundo de hoje se dá de maneira natural. Sendo o ser humano um
animal gregário, onde se juntam duas ou mais pessoas aí surge um líder. Até os animais
possuem líderes. Mas essa liderança não atinge os ideais de Deus. O mundo não
conhece os grandes ideais de Deus para os seus objetivos. O grande ideal de Deus é
trazer de volta o homem para si. Mas isso não pode ser feito num passe de mágica.
Antes, Deus prepara o ser humano através de Seu Filho Jesus Cristo, pela sua morte
vicária na cruz, e percorre um longo caminho para que esse ser humano reassuma a
natureza apropriada para viver no ambiente de Deus - a eternidade. Portanto, a liderança
cristã começa com Deus, em Cristo. Deus é o principal mentor da liderança.
Aspectos da Liderança
A noção de que Deus sempre escolhe homens sábios para serem líderes é um grande
mito.
O significado do termo ancião nas Escrituras se derivou da maturidade normalmente
associada com os anos de experiência. Ainda que um candidato para a ordenação tenha
relativamente poucos anos, pelo menos, deve possuir a sabedoria, maturidade e
humildade de ancião.
O assunto da ordenação para a liderança é uma dádiva da graça de Deus. Ninguém a
merece totalmente.
O apóstolo Paulo disse:
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se
tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de
Deus comigo. I Cor. 15:10
Portanto, merecia Paulo ser um apóstolo? Não. Foi somente a graça de Deus que o
chamou e o qualificou. Não há função no Reino de Deus que podemos cumprir sem sua
graça. Independente da função que assumirmos estamos sempre em um patamar
igualitário, pois, no Reino, podemos classificar apenas dois tipos de funções gerais, o
que Reina e os que servem.
2. Qualidades Morais
Os líderes devem possuir uma vida limpa, isso não deve ser por medo dos liderados,
mas sim pelo temor diante de Deus, por querer agradá-lo. Nas Escrituras, temos um
exemplo bastante forte deste padrão moral que o líder deve ter. José se recusou a ter
relações sexuais com a mulher de Potifar, não por temer a Potifar, mas por temer
cometer tamanho pecado diante de Deus (Gn 39.7-21).
Ter uma vida moral reta é algo que não tem preço. Não se pode comprar. Tendo uma
vida limpa perante Deus e os demais, o líder terá uma visão clara de seus alvos e
objetivos, será mais fácil para ele alcançar seus objetivos assim.
Pessoas com problemas de visão procuram um oftalmologista para corrigir o problema.
Líderes com problemas em sua vida moral, terão uma visão distorcida do ministério,
não mais agirão com clareza. Por isso, é fator primordial ter uma vida limpa.
3. Qualidades Pessoais
Cada líder tem a sua própria personalidade. Ninguém é igual a ninguém. Porém há
qualidades pessoais que cada líder deveria ter preocupação. Um líder deve estabelecer
alvos pessoais. Ele deve estabelecer alvos para si mesmo, bem como para sua
congregação (Rm 12.3; Fp 3.14).
O líder é uma pessoa cuja influência se faz sentir em todos os aspectos. Por onde quer
que vá, ele é alvo de observações e por isso há de exercer uma influência na vida das
pessoas que o cercam. Ele não deve procurar fazer certas coisas somente para que outras
pessoas vejam que ele está fazendo, mas ele deve ter em sua mente que quando ele faz
alguma coisa os outros estão observando o seu modo de fazer ou agir. Até mesmo tudo
o que o líder fala, faz ou pensa serve para influenciar os seus liderados, quer positiva,
quer negativamente. De uma maneira ou de outra, o líder, influenciará os seus liderados
em tudo o que faz, portanto, é necessário que se tenha o máximo cuidado para não ser
uma influência negativa na vida deles.
A NECESSIDADE DA LIDERANÇA
O caráter da liderança
Primeiro, um líder eficaz tem de ser um homem íntegro. Tem de possuir caráter reto e
integridade de princípios morais. Ele tem de conhecer e defender o que é justo—mesmo
em face da desaprovação popular. Só então é que ele terá a força interior que inspira
outros a segui-lo com confiança.
A sublimidade da servidão
Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens,- e a fraqueza de Deus é mais
forte do que os homens. Porque vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os
sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias-, e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu
as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são;
para que nenhuma carne se vanglorie perante ele.
1 CORÍNTIOS 1.25-29
TODA CRIANÇA É ÚNICA. Nossa filha caçula tinha um temperamento forte quando
era pequena. (Uma característica que com o tempo suavizou apenas um pouco!) Ela
sempre soube o que quer e para onde ir. Ingrid, minha esposa, sempre achou que isso
era um grande desafio, uma vez que ela é bondosa, amorosa e não lutadora. Conflito é
veneno para sua vida. Certa vez, nossa filha, quando tinha cerca de três anos, engajou-
se, com minha esposa, em um combate mortal de voluntariedades. Ingrid, exasperada,
descarregou: "Você quer ser a mãe e o chefe". Nossa filha, como se já tivesse pensado a
respeito dessa questão, respondeu calmamente: "Não, só quero ser o chefe". Essa
mesma pessoa habita em todos nós. Nossa pecaminosidade, o desejo pessoal que Paulo
chama de carne, é a parte de nosso ser que quer estar no controle. A tentação no jardim
do Éden era exceder, superar Deus e lutar para que o controle deixasse de ser dEle, para
ser nosso. Em algum recanto, no íntimo de nosso ser, todos nós queremos ser o chefe e
ficar no topo. Para utilizar um exemplo recente e esclarecedor, Evander Holyfield,
boxeador peso pesado, não aplicou a teologia da cruz à sua vida. Ao discutir seu
retorno, afirma equivocadamente: "Deus não quer me ver em um lugar inferior. Ele quer
que eu esteja no topo. Eu sei disso".1 Como ele pode saber isso? Certamente, essa
afirmação não foi extraída do Novo Testamento. Esse desejo em si reflete nossas trevas,
não a luz de Deus que trabalha em nossa vida. Para exercitar a liderança ungida pelo
Espírito, precisamos confrontar, de cabeça erguida, este espectro de nossa alma.
Isso não é apenas para líderes; é o que significa ser seguidor de Jesus. Fomos redimidos
da escravidão do pecado, isto é, "comprados por bom preço". Fomos libertos, quando
nos tornamos escravos de Jesus. A tensão inerente nessa imagem de que somos escravos
e libertos reflete a tensão que experimentamos como indivíduos em conflito, pois,
embora tenhamos sido vivificados no Espírito, ainda mancamos devido à natureza
pecaminosa.
Jesus prossegue para virar de cabeça para baixo a compreensão mundana de autoridade,
honra e poder. No Reino em que as coisas estão invertidas, os líderes — os seguidores
de Jesus — refletem a grande reviravolta social que Jesus iniciou. Portanto, Ele
estabelece suas diretrizes fundamentais para os futuros líderes: "Mas todo aquele que
quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal [diakonosl; e qualquer que,
entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo [doulos "escravo"], bem como o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em
resgate de muitos" (Mt 20.26-28).
Esses ensinamentos estabelecem uma hierarquia, mas aquela que vai da base para o
topo, não o contrário. Jesus disse que aquele que quiser ser o segundo maior deve
buscar o servir. No entanto, os primeiros dentre os grandes são aqueles que são
"escravos" — a vida destes segue o padrão da de seu Mestre, Jesus. A exaltação não
está no topo, onde estão o poder e o prestígio. A exaltação, para os seguidores de Jesus,
está na servidão, onde a humildade, a rendição e o serviço são encontrados.
Precisamos encarar nosso lado que quer estar no comando e denominá-lo pelo que é:
trevas. Seguir a Jesus significa morrer para este aspecto demoníaco de nosso ser e viver
para ser um servo, seguindo o exemplo de Jesus. Quando comandamos os outros, evita-
mos o preço do seguir a Cristo. Porém, quando nos tornamos vulneráveis, ao entregar-
lhe o controle, confiamos que a soberania de Deus apresentará sua bondade, qualquer
que seja a situação. Esse salto cio comando para o servir e o render-se nos coloca em
uma posição cie radical dependência de Deus e confiança nEle. Passamos a depender do
desejo e do propósito de Deus — mesmo se isso incluir o sofrimento. Não mais
pensamos: "Eu sou o centro", mas: "O que quer que tu quiseres, Senhor!"Rebaixe-se
Meu pai, na maior parte de minha vida cristã, opunha-se às coisas espirituais e às
discussões sobre Deus. Esse foi um dos períodos mais longos e dolorosos de minha
vida. O que mais queria era partilhar Jesus com ele. No entanto, ele nunca queria falar
sobre Jesus. Alguns anos atrás, foi internado em um hospital com uma série de
problemas graves de saúde, os quais acabaram por tirar sua vida. Após uma de suas
internações na UTI, fui à Califórnia para vê-lo. Durante todo o trajeto, orei e tive
esperanças de que teria uma chance de apresentar-lhe o evangelho e que o veria receber
Jesus em sua vida.
Quando lá cheguei, ele foi áspero como sempre. Assim que entrei no quarto, vociferou:
"Faça uma salmoura para que eu ponha meu pé de molho". Toda sua vida, trabalhou
como impressor, e um de seus prazeres habituais era chegar em casa após um dia de
trabalho em pé e mergulhar seus pés na salmoura. Eu, resignadamente, caminhei até a
sala das enfermeiras, certo de que não seria possível atender seu pedido. A enfermeira
mostrou-se resistente (não tínhamos nem mesmo certeza se ele poderia se sentar), mas
persisti, pois achei que seria mais fácil opor-me a ela do que a meu pai. Ela cedeu à
minha pressão e deu-me dois recipientes de plástico, que, quando experimentei em meus
pés, percebi que seriam pequenos demais para os de meu pai. Retornei a seu quarto,
enchi os recipientes com água morna e o ajudei a sentar-se.
Percebi imediatamente que seria impossível para ele mergulhar seus pés por si mesmo,
portanto segurei um pedaço de pano, inclinei-me e, gentilmente, pus os pés dele nos
recipientes, espremendo o pano para que a água corresse sobre seus pés. À medida que a
água transbordava e ensopava minhas calças na altura do joelho, reclamei, ali ajoelhado,
com Deus, pois tudo que queria era partilhar Jesus com meu pai. Como? Não havia
abertura para isso. Naquele momento, em que meu pai olhava fixamente para minha
nuca, senti o Espírito Santo me chamar a atenção para que tivesse consciência de que
estava fazendo exatamente tudo que meu pai necessitava "escutar". Meu pai, sem que eu
planejasse nem usasse palavras, escutou que eu o amava e me importava com ele, assim
como viu, apesar de mim, um retrato do servo Jesus. Naquele dia, não tive a chance de
partilhar verbalmente o evangelho com ele. Contudo, as barreiras existentes caíram por
terra. Algumas semanas mais tarde, meu amigo e, depois, minha irmã, contaram-lhe
sobre o amor e o perdão que poderia obter por intermédio de Jesus. Ele aceitou a Jesus
como Senhor de sua vida, e ali mesmo no hospital o batizamos.
Apenas após refletir foi que percebi que era isto que Jesus queria dizer quando
confrontou os filhos de Zebedeu e sua mãe. Temos apenas de ser humildes, isso é tudo.
Essa é a maneira como a liderança é exercida segundo a direção de Jesus. Se eles ainda
não tivessem captado essa mensagem por meio de seus ensinamentos explícitos, Jesus
modela essa atitude para eles quando, posteriormente, lava-lhes os pés. Se me senti
rebaixado quando lavei os pés de meu pai, isso não pode se comparar, de forma alguma,
com o estigma social, na antiguidade, de lavar os pés de alguém. Essa era considerada a
parte mais vergonhosa do corpo, e tal tarefa era apenas designada ao servo (escravo)
mais desqualificado. Essa foi a razão pela qual Pedro não suportou a idéia de que Jesus
se diminuísse dessa maneira. Porém, Jesus se humilha para retratar uma liderança lúcida
por meio de suas ações contraculturais:
Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia
saído de Deus, e que ia para Deus, levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma
toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos
e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão
Pedro, que lhe disse-. Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus e disse-lhe:
O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberãs depois. Disse-lhe Pedro: Nunca
me lavarãs os pés. Respondeu-lhe Jesus-. Se eu te não lavar, não tens parte comigo. [...]
Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa,
disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis
bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também
lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o
seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Se sabeis essas coisas,
bem-aventurados sois se asfizerdes (Jo 133-17).
Jesus, acabara de receber "nas suas mãos todas as coisas" (Jo 13-3). Ele chegara. A
tentação seria grande para que agisse de maneira soberba, para que se exibisse um
pouco e para que permitisse que as pessoas a seu redor soubessem com quem elas
andavam. Pelo menos, essa é a maneira como as almas pecadoras lidam com o poder e o
prestígio. Entretanto, como se fosse para pôr um ponto de exclamação em seu
ensinamento anterior, Jesus modela o seguinte: "Não será assim entre vós". "Porque eu
vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. [...] Se sabeis essas
coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes" (Jo 13-15,17).
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que,
sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na
forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na
terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória
de Deus Pai.A humildade de Jesus em sua posição de servir aos outros reflete a posição
de humildade maior que se revela ao despojar-se de sua natureza divina, vindo ao
mundo como ser humano. Contudo, Ele humilha-se ainda mais: Ele é obediente "até à
morte e morte de cruz". Culturalmente, foi um choque para os discípulos passar pela
experiência em que Jesus lavou-lhes os pés. Sua crucificação foi ainda mais chocante.
Eles o abandonaram, pois não conseguiram assimilar esse evento traumático.
Emocionalmente, era angustiante devido à tortura física sangrenta e à humilhação
pública de morrer desnudo em frente de todos. No entanto, isso os perturbou mais
profundamente, pois foram ensinados que: "Porquanto o pendurado é maldito de Deus"
(Dt 21.23; cf. Gl 3.13).
A crucificação não é o fim dessa história. É meramente o fim de uma das primeiras
cenas de um drama maior que segue o surpreendente padrão "de baixo para cima". Jesus
expande o princípio para: "Tudo que temos de fazer é rebaixar-nos. Não temos que nos
preocupar com o exaltar-nos. Deus nos exaltará". Obediência resulta em vindicação,
mas no tempo e na maneira de Deus. Como Ele, em obediência, humilhou-se, "também
Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome" (Fp 2,9).
Paulo inicia sua citação desse hino com uma exortação para que pensemos da mesma
maneira. Essa era claramente a prática ministerial de Paulo. No capítulo seguinte, ele
continua sua exposição para retratar sua própria posição de humildade e servidão como
líder:
Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na
carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de
Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da
igreja-, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho
reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela
excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de
todas estas coisas e as considero como estéreo, para que possa ganhar a Cristo (Fp 3-4-
8).
É uma constante, para alguns líderes pastorais, serem vistos socializando apenas com os
bem postos na vida e negligenciar aqueles que talvez mais necessitem de sua
companhia. Elevar-se é algo mundano, mas Jesus condena essa atitude: "Ai de vós,
fariseus, que amais os primeiros assentos nas sinagogas e as saudações nas praças!" (Lc
11.43) As pessoas percebem o interesse bem evidente que o líder demonstra por sua
segurança, seu salário, sua aposentadoria e seus benefícios. Vemos em nossos dias uma
geração inteira que não tem respeito por líderes que buscam em primeiro lugar seus
próprios interesses e negligenciam todas as necessidades à sua volta. Liderar, da
maneira como Jesus o fez, significa viver à margem da sociedade, a saber, estar no local
em que há pouco poder ou prestígio ou segurança. Tudo que temos de fazer é nos
humilharmos. Não temos de nos preocupar sobre o exaltar-nos; Deus nos exaltará.
1. Pense no exemplo de um líder que você conhece que se humilhou e descreva o fruto
espiritual por ele produzido.
3. Reflita sobre o princípio: "Tudo que temos de fazer é nos humilharmos. Não temos de
nos preocupar com o exaltar-nos; Deus nos exaltará". Qual é sua reação?
4. Quando aceitou a Jesus como Senhor, você entregou-lhe a autoridade para moldar
seus passos e direcionar sua vida. Que elementos de sua vida necessitam mais
completamente refletir sua rendição ao Senhor Jesus?
5. Os líderes ou o ministério de sua igreja são conhecidos por pertencer à elite, ou eles
são conhecidos pelo serviço e humildade sacrifical?
Visão
Para líderes cristãos, a glória de Deus, refletida em seu Reino e em sua Justiça, será
o alvo final de todo esforço e planejamento organizacional. A palavra "reino", como
Jesus a usou nos evangelhos sinópticos, significa "reinar". "Deus conhecido, amado e
sua vontade obedecida", seria outra forma de entender o que o Reino de Deus
representa.
Paulo foi um líder visionário. Ele se manteve fiel a uma visão de evangelização de
uma parte do nordeste do Império Romano, mas não considerou somente aquela área.
Quando ele decidiu prosseguir à Espanha, via Roma, ele o fez para completar a obra na
qual a sua visão consistia (cf. Rm 15.23, "Mas, agora, não tendo já campo de atividade
nestas regiões [...] penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha”).
Provavelmente, a visão de Paulo incluíra a evangelização de toda a bacia mediterrânea,
para que, o sucesso em uma região impelisse-o a outra.
Valores
O homem de Deus precisa liderar seus seguidores para elevar a estima dos valores
do grupo. A vida de Moisés é um exemplo de tal liderança. Ele acreditou, de todo o seu
coração, que a liberdade era melhor do que a escravidão. Paulo, clara e ruidosamente,
proclamou a liberdade aos gálatas (Gl 5.1,13). A perda da importância da liberdade na
vida cristã significava a perda de tudo. Significava estar escravizado aos pobres
elementares espíritos do mundo, em vez do poderoso e glorioso Espírito de Deus (Gl
4.8,9). Os pastores e os professores de seminários necessitam diariamente lembrar à
igreja aos valores cristãos que fazem dos crentes pessoas diferentes dos mundanos.
Uma comunhão de amor não cresce automaticamente na igreja. É por isso que o Novo
Testamento repetidamente exorta aos seus leitores aos atos mútuos de amor, de
encorajamento e de perdão. Esses são apenas alguns dos valores mais altos que
precisam ser continuamente afirmados pelos líderes na família de Deus.
Motivação
Uma que, um líder precisa convencer seus seguidores de que pode resolver seus
problemas da melhor forma possível, isso implica que ele necessita motivar outros a
"comprarem" sua visão. Não é suficiente anunciar os alvos; cada seguidor precisa ser
altamente motivado.3 Para um líder motivar alguém, ele precisa transmitir sua visão tão
persuasivamente, que seus seguidores irão "adotá-la”, alegremente investindo vida,
energia, dinheiro e preocupação nela. Charlie Tremendous Jones, corretamente,
entende que um líder tem que ser um entusiasta. Sua própria convicção da importância
em realizar sua visão, o motiva. Pouco importa quão duro alguém trabalha. A questão
é, o quão empolgado ele está por sua visão. O entusiasmo é contagioso.
Paulo identificou a graça como o elemento cristão motivador. Ela foi o fator
persuasivo que levou os macedônios a dar generosamente, de sua opressiva pobreza
(2Co 8.1). "No meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria,
e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade" (2Co
8.2). Porque a graça motivadora raramente afeta as igrejas evangélicas de hoje? A
graça não foi algum poder esotérico manipulado r que tomara conta dos cristãos da
Macedônia e obscurecera seus melhores interesses. "Graça” refere-se a forma de ver
que olha para o futuro e está em concordância com as palavras de Jesus: "Mais bem-
aventurado é dar que receber"(At 20.35).
Essa graça motivadora brota no solo rico da fé, olhando, além do sacrifício
imediato, para a alegre satisfação da eternidade. Embora ela regozije-se na antecipação
do prazer futuro é necessário, para o líder persuasivo, convencer os membros a
sacrificar, como os Macedônios. Um grande líder, neste caso, Paulo, é capaz de motivar
outras pessoas mostrando o desprezo pelo custo presente. Através de palavras e ação,
Paulo convenceu seus ouvintes de que investimentos no Céu têm um retorno superior a
qualquer valor deste mundo (Mt 6.20, 21; 2Co 4.16,17).
O amor é o maior motivador de todos. "Acima de tudo isto, porém, esteja o amor,
que é o vínculo da perfeição", escreveu Paulo (Cl 3.14). "Nós amamos porque ele nos
amou primeiro" (1Jo 4.19). O amor de Cristo constrange (2Co 5.14), isto é, ele tem um
poderoso incentivo constituído nele próprio. Paulo estava ciente de que o amor de
Cristo não funcionava automaticamente como a batida de um coração. Dr. George
Samuel, perito em medicina nuclear, motivador ardente e treinador de evangelistas para
a Índia e o mundo, disse que: "Amor ágape tem um mínimo de emoções e um máximo
de reconhecimento do valor e dignidade das pessoas". 5 Paulo viu isso como uma
atitude, que precisava ser "vestida” como uma capa. Quando esse amor ágape está
faltando, nenhuma ação religiosa ou esforço espiritual é aceitável a Deus. "Ainda que
eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio
corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará" (1 Co 13.3). O
proveito nessa passagem é o prazer de Deus e a recompensa eterna do líder. Jamais
poderá haver algum benefício eterno brotando da liderança cristã que exclua o amor
como o seu ingrediente básico.
Administração
Mesmo a educação progride em pequenos passos. Quem poderia imaginar que seria
possível ensinar geometria para uma criança de seis anos de idade? As crianças
aprendem através da adição de cada novo passo ao conhecimento já adquirido. São
necessários - para o sucesso de se atingir um alvo ou organizar um grande evento (o
Geração 79 é um bom exemplo) - muitos passos planejados, em ordem, do princípio ao
fim.
Esta função complexa de uma igreja, como um "corpo", apóia o ensino de Paulo
sobre os quatro ministérios de liderança da igreja, em Efésios 4. Apóstolos, profetas,
evangelistas e pastores-mestres, todos eles, equipam ou treinam os membros da igreja
para desenvolver seus diversos ministérios (diakonia, v. 12), sendo direcionados para a
"edificação do corpo de Cristo". O ministério de preparação e o conseqüente "serviço"
promovem a unidade da fé (v. 13). Essa, por sua vez, promove o crescimento da
sabedoria do Filho de Deus e a maturidade na qual a "plenitude de Cristo" pode ser
claramente vista.
O corpo (Igreja), como um todo, necessita estar bem ajustado c mantido unido, por
aquilo que cada parte supre, caso cada uma funcione apropriadamente. Assim, o corpo
cresce e aumenta a edificação de si mesmo em amor (v. 16).
Explicando e Exemplificando
Uma pessoa que incorpora o caráter de uma organização, e identifica-se com sua
pessoa e vida, cumpre a chave da função de liderança; Tome Hudson Taylor como um
exemplo. Ele viveu intensamente, e deu vida à Missão no Interior da China, não só
como fundador, mas como o missionário que exemplificou tudo que o caracterizava a
Missão. É claro, ele não estava fazendo mais do que Jesus tinha feito. Jesus,
completamente, identificara-se com o movimento que liderou, e líderes do Sinédrio
puderam ver claramente que Pedro e João, pescadores comuns, estavam de alguma
forma moldados pelo caráter dele (At 4.13).
Paulo escreveu aos Filipenses que o cristão ideal é aquele que tem adotado a mente
de Jesus, que, como o mais atraente de todos os mestres, deixara uma imagem clara
para ser imitada. Um líder incorpora o grupo que lidera de forma semelhante a que a
cabeça se incorpora ao corpo. Os gálatas foram excluindo a si mesmos de Cristo para
seguirem ensinos judaizantes e tornarem-se legalistas. Para Paulo, isso significou que
necessitava dar nascimento a eles outra vez para que neles Cristo fosse formado (Gl
4.19).
Representação
Da forma que um pai representa sua família, o líder, enquanto homem de Deus,
responsavelmente garante o resultado, que ele e seus seguidores tem buscado. Jesus
cumpriu sua função indo à Jerusalém antes de seus discípulos. "Depois de fazer sair
todas as (ovelhas) que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe
reconhecem a voz" (Jo 10.4). Ele garantiu o presente do Reino para aqueles que fossem
incluídos em seu pequeno rebanho (Lc 12.32). Ele não falharia em confessar os seus
nomes diante de Deus, o Pai (Mt 10.32). Ele não pediria a seus seguidores para
carregar-Ihes a cruz, a menos que, ele carregasse a sua própria cruz (Mc 8.34). Jesus
defendeu seus discípulos, quando os acusadores os culparam (Lc 6.1-5).
Renovação
Um líder, nas mãos de Deus, precisa superar a inércia e as forças reacionárias que
solidificam a tradição que começou a se formar nas mentes dos membros do grupo
desde o primeiro dia que se reuniram. Métodos e técnicas tornam-se sagradas para a
Igreja e instituições, fazendo com que mudanças saudáveis tornem-se difíceis ou até
impossíveis. "A forma que sempre foi feita” pode sufocar o gênio de mentes criativas.
Toda invenção útil tem tido que substituir as metodologias desgastadas e as vacas
sagradas; uma mudança de paradigma é necessária para que um automóvel substitua
um cavalo.
Tempos atrás a melhor forma de se evangelizar era pelos encontros nas ruas. Hoje,
o rádio e a televisão quase tornaram o evangelismo de rua algo obsoleto. Nossa cultura
ocidental, muda rápida e abruptamente para práticas ineficientes. Com isso, as formas
interessantes e criativas de se resolver problemas e de se alcançarem alvos, são muito
bem-vindas. É o líder que determina responsavelmente o tom da organização. Ou ele
encoraja a inovação ou desencoraja a mudança, mesmo quando ela não ameaça os
valores centrais do grupo. O líder precisa de novas idéias, e da sabedoria de Salomão,
para avaliar as forças sufocantes reacionárias e distingui-las dos ventos devastadores da
mudança que promete melhoramentos e eficiência (cf. Ef 4.14).
Mantenha a Visão sem Ser Visionário
O equilíbrio entre a visão e a praticabilidade não deve ser perdida. Um líder que
tem grandes sonhos, mas não tem seus pés no chão, tem pouco valor para a Igreja hoje.
Que benefício há em se desenhar uma igreja imensa, ou um orfanato, ou um projeto de
evangelização da cidade de São Paulo, mas não ter alvos mensuráveis para tornar a
visão em realidade? A pessoa visionária tem boas idéias, mas carece os meios de
realizá-las no tempo e no espaço.
Jesus viu 5000 homens com fome, sem contar as mulheres e as crianças. Quando
ele disse a seus discípulos para dar-Ihes comida, eles ficaram perdidos, pois não sabiam
o que fazer. André, porém, trouxe um menino a Jesus, e mostrou-lhe que, pelo menos,
ali tinha um pequeno começo. Jesus completou a visão multiplicando o pequenino
lanche em uma festa.
Jesus vislumbrava uma igreja que pudesse conquistar nações. Na realidade, isso foi
um sonho, mas não um sonho sem planos práticos para agir. Ele escolheu doze e depois
setenta discípulos para treinar. Mais tarde, ele comissionou-os para cumprir aquela
visão. Os resultados hoje são visíveis em todo lugar.
UNIDADE IV – CUIDADOS NA LIDERANÇA
Neemias 6:1 -9
Em sua introdução ao livro Profiles in Courage (Perfis em Coragem), o falecido John Fitzgerald
Kennedy escreveu: “Uma nação que esqueceu a qualidade da coragem que no passado foi
trazida à luz pública não tem probabilidade de insistir nessa qualidade, ou recompensá-la, nos
seus líderes escolhidos hoje.” Na época em que escreveu estas palavras, o presidente Kennedy
referia-se ao povo norte-americano. Mas suas observações se aplicam aos homens de
qualquer era, e não é difícil encontrar paralelos históricos às condições que ele descrevia.
Neemias, por exemplo, possuía as qualidades exaltadas por Kennedy. Ele não servia a seus
próprios desejos, ou mesmo aos desejos do povo. Corajosamente ele se concentrava em fazer
o que acreditava que Deus queria que fizesse. Ele recusou-se a fingir possuir "solicitude
extraordinária pelo povo, elogiando seus preconceitos, ministrando a suas paixões e
agradando suas opiniões flutuantes e transitórias” . Pelo contrário, ele era influenciado pela
Palavra de Deus e seguia princípios dados por Deus em vez de uma política do conveniente.
Isto exigia dele muita coragem.
Consequências do Fracasso
Em circunstâncias normais, é provável que a estratégia desses inimigos tivesse dado certo. Os
judeus eram facilmente intimidados. Em determinada ocasião, tinham até resolvido parar com
a obra. A chave do término de todo o projeto era uma pessoa—Neemias. Ele encorajou o povo
a perseverar e ajudou-o a trabalhar para vencer seus problemas.
Quando Sambalá e seus colegas de conspiração perceberam que foram vencidos por Neemias,
resolveram atacá-lo pessoalmente. Tinham uma vingança a resolver. Primeiro, recorrem à
intriga (Neemias 6:1-4); depois, a insinuações (6:5-9), e, finalmente, à intimidação (6:10-14)
para atingir o seu fim. Seu orgulho ferido não será acalmado enquanto não humilharem a
Neemias.
Rivais ou Aliados?
Neemias também sabia do perigo de aceitar o "convite" de Sambalá. Se ele se permitisse sair
de Jerusalém, estar-se-ia expondo à possibilidade de assassínio (Neemias 6:2; ver Gênesis
50:20; 1 Samuel 23:9; Ester 8:3). Na realidade, quanto mais Sambalá enviava suas cartas, tanto
mais Neemias via confirmadas suas suspeitas.
O exemplo de Neemias mostra a importância de sabedoria prática (ver Tiago 1:5-8). Ele
conhecia suas prioridades e não se permitia um desvio de cumpri-las. Seu exemplo também
mostra a necessidade de discernimento adequado (Hebreus 5:14) e a importância do tato. Ele
não antagonizou a Sambalá, mas insistiu em exercer sua própria autonomia. Sua capacidade
de ver claramente as questões e ficar firme sob pressão guardaram-no de cair nas artimanhas
dos inimigos.
O Evangelho de Judas
Mais uma vez falhando em alcançar o que queriam, Sambalá e seus colegas tentam nova
estratégia: insinuações. Sambalá manda seu servo a Neemias com uma carta aberta em mãos:
"Entre as gentes se ouviu, e Gesém diz, que tu e os judeus intentais revoltar-vos; por isso
reedificas o muro e, segundo se diz, queres ser o rei deles, e puseste profetas para falarem a
teu respeito em Jerusalém, dizendo: Este é rei em Judá. Ora, o rei ouvirá isso, segundo essas
palavras. Vem, pois, agora, e consultemos juntamente" (Neemias 6:6-7).
Uma carta aberta é o cúmulo da indignidade. Sambalá sabe que o conteúdo de tal carta será
propriedade pública. A acusação de traição, mesmo infundada e provada mentirosa, será o
suficiente para impugnar os motivos de Neemias, manchar a integridade dele e minar sua
influência.
Falar mal dos motivos de Neemias, portanto, é muito fácil. A calúnia pode ser totalmente falsa,
mas é impossível à vítima da calúnia limpar completamente o nome aos ouvidos de todos os
que ouviram o que se disse. As implicações das atividades supostamente traidoras de Neemias
são nada menos que uma tentativa de chantagem.
A força da trama está no temor que o homem tem, por natureza, de represália. Para qualquer
pessoa menos heroica, a ameaça diabólica teria sido pujantemente forte. Neemias, porém,
enfrentou as insinuações com coragem invejável.
Podemos até dar algum crédito às palavras de Sambalá no versículo 7. Com a renovação do
orgulho nacional, alguém poderia ter pregado sobre a profecia famosa de Zacarias: "Eis aí vem
o teu rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta"
(Zacarias 9:9). Mesmo se tivesse surgido tal esperança, as palavras de Zacarias falavam no
Messias que viria, e não em Neemias.
A resposta de Neemias a estes ataques é de negação aberta. "De tudo o que dizes cousa
nenhuma sucedeu; tu, do teu coração, é que o inventas." Esta resposta revela que ele tem
segurança interior. Ele sabe que no final, o que realmente importa é o que Deus pensa dele;
Isto coloca o ataque em nível diferente. Oferece uma dimensão nova à oposição de Sambalá
que o governador samaritano havia ignorado persistentemente. Traz ao quadro Deus e liga
Neemias a outro mundo de realidade! Esta nova dimensão capacita Neemias a aguentar a
calúnia. É certo que sua influência foi minada e sua popularidade teve uma queda. Durante
todo o tempo os líderes do povo estiveram à procura de alguma falha na sua administração
para que eles pudessem novamente firmar a autoridade que tinham antes de Neemias. Agora,
com a inimizade do povo e todos sabendo que ele está sendo acusado, sua tarefa será mais
difícil ainda.
Ao enfrentar esta nova forma de oposição, Neemias recorre à oração. "Agora, pois, ó Deus,
fortalece as minhas mãos."
Há épocas em nossas vidas em que nós também descobrimos que os que nos encontram
pensam mal de nossos motivos, semeiam inimizade entre os nossos subordinados e
enfraquecem a nossa posição. Quando isso acontece, nosso único recurso é negar
abertamente aquilo que é claramente falso e orar. Lembro-me quando trabalhava numa
faculdade em que um dos professores não suportava que ninguém fosse mais benquisto entre
os estudantes do que ele. Os outros membros do corpo docente eram uma ameaça à sua
pessoa. Certa vez, a tensão cresceu de tal modo entre este professor e um de seus colegas,
que as insinuações maldosas que ele fazia aos alunos finalmente levaram o outro professor a
pedir demissão. Infelizmente, neste caso, uma negação aberta das acusações não foi
acompanhada de segurança interior, e o resultado foi exatamente o que aquele professor
queria—a remoção de um colega que ele julgava estar competindo com ele pela aprovação
dos alunos.
Quando consideramos o modo pelo qual Neemias enfrentou estes ataques, não podemos
deixar de notar duas coisas: seu discernimento e sua coragem. Quando pela primeira vez
recebeu carta de Sambalá, ele discerniu a intriga e sabia que eles planejavam fazer-lhe mal.
Como resultado, pôde evitar uma situação potencialmente perigosa. Seu discernimento
também o ajudou a ver claramente as questões. Ele sabia que a obra em Jerusalém sofreria se
ele a deixasse. Sabia da necessidade de consolidar o que eles já haviam atingido. Sua resposta
ao primeiro ataque de Sambalá foi, portanto, insistir firmemente em seu direito de decidir
baseado em suas prioridades.
Mas como Neemias conseguiu tal discernimento? O discernimento vem de uma experiência
pessoal com a Palavra de Deus (Hebreus 5:13-14; ver Provérbios 2:1-9). Isto envolve mais do
que a leitura de um trecho seleto das Escrituras cada dia. É necessário que apliquemos aquilo
que lemos às nossas vidas e às situações que enfrentamos. Segundo já vimos, Neemias era um
homem da Palavra. Tinha tal conhecimento íntimo da revelação de Deus que não é de admirar
que ele tivesse desenvolvido a habilidade de discernir o bem do mal.
Davi permitiu que o ensino de porções da Bíblia, as que ele possuía, permeasse os seus
pensamentos. Ele podia dizer: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia. Os teus
mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque aqueles eu os tenho
sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus
testemunhos. Sou mais entendido que os idosos, porque guardo os teus preceitos. De todo
mau caminho desvio os meus pés. . . por meio dos teus preceitos consigo entendimento, por
isso detesto todo caminho de falsidade" (Salmo 119:97-104).
Quanto mais entendermos a Bíblia, melhor poderemos discernir a vontade de Deus. Quanto
mais nos familiarizarmos com as Escrituras, tanto mais fácil será saber o que Deus quer (isto é,
nossas prioridades serão baseadas na sua direção) e poderemos agir de acordo.
Em segundo lugar, quando os inimigos de Neemias atacaram a sua pessoa ele sentiu
instintivamente que estava perdendo o pulso da situação. Sua resposta, portanto, foi negar a
acusação, entregar toda a questão ao Senhor, e depender do fortalecimento divino para
continuar a obra. Ele não gastou tempo tentando justificar-se. Levando os seus problemas ao
Senhor em oração, deixando tudo nas suas mãos, ele preservou sua estabilidade emocional.
Assim, ele estava apto a continuar com a construção e deixar para o Senhor a defesa de sua
pessoa. Se ele não tivesse feito assim, teria gasto o resto do dia preocupado com os seus
problemas. . . até que estes o vencessem.
A vida de oração de Neemias era importante. Ligava-o ao mundo da realidade. Ele sabia que o
Senhor era a fonte de sua força (ver Salmo 18:2, 32, 39; 19:14; 22:19; etc.). Conforme o seu
costume, nas situações difíceis e críticas da vida, ele recorria à oração. Desta forma ele cuidava
da tensão e fadiga de seu alto cargo.
No exemplo que temos diante de nós, a breve oração de Neemias é simples, definida e
suficiente. Ele orou para que suas mãos fossem fortalecidas. Ele sentia necessidade de uma
renovação interior de força e um fortalecimento de seu ânimo. Como no caso de Isaías, o
profeta, ele sabia que os que esperam no Senhor renovarão suas forças (Isaías 40:31; Salmo
28:7-8; 29:11; 46:1). Assim sendo, ele orou para que suas mãos se fortalecessem a fim de que
a obra pudesse continuar a prosperar. Então ele continuou na tarefa que Deus lhe confiara. Ele
estava contente em deixar sua própria reputação e seu próprio futuro nas mãos daquele a
quem ele entregara sua vida.
Cascavéis são comuns onde eu moro. Encontro uma quase todo verão. E uma experiência
assustadora ver uma cascavel enrolada, olhando para você, pronta para dar o bote. Atacam
como um raio, rápido e certeiro. Tenho duas opções em se tratando de cascavéis; evitá-las, ou
fugir delas. Você não precisa de muita intuição para saber o que fazer com algo tão perigoso.
Não há por que vacilar.
Um amigo meu tentou apanhar uma cascavel certa vez. Foi parar no hospital. Ela não o matou
porque a mordida pegou com um só dente. Mas Bob ficou muito mal. O dedo que foi atingido
está marcado até hoje. Uma vantagem ao lidar com essas cobras é que elas não tentam
enganá-lo. Quando elas chacoalham os guizos e mostram os dentes, você sabe com quem está
lidando.
Infelizmente, o mesmo não acontece com muitos dos perigos que os líderes enfrentam. Na
grande maioria, as ameaças parecem inofensivas, ou estão mascaradas por trás de um manto
de respeitabilidade. Em outras ocasiões mostram-se clara mente e não deixam nenhuma
dúvida. Exibem os dentes. Você sabe onde está. Vamos olhar para alguns dos perigos que
cercam a liderança.
Avareza
A avareza é um dos pecados totalmente repudiados pelo apóstolo Paulo. "A verdade é que
nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus
disto é testemunha" (1 Ts 2:5). O ganho pessoal não era um motivo que se escondia nas
sombras de seu ministério. Se isso tivesse acontecido, ele não teria sido usado como foi no
ministério de semear igrejas prósperas.
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde
Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da
terra. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva,
desejo maligno e a avareza, que é idolatria (Cl 3:1-2,5).
"Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (1 Jo 5:21). Por que a avareza é tão danosa aos líderes
espirituais? No mínimo por duas razões:
Primeiro, a avareza faz com que os líderes percam sua perspectiva — sua vida começa a
tornar-se focada no mundo. Jesus disse: "O meu reino não é deste mundo" (Jo 18:36). Se os
líderes estão ocupados com as coisas do mundo, sua mente está desviada para ocupações
inúteis. Eles estão vivendo para o transitório, e não para o eterno.
A segunda razão por que a avareza é tão mortal é que, quando a pessoa coloca Deus em
segundo lugar, em pouco tempo Ele não tem lugar nenhum. A avareza é um pecado insidioso
que cresce nos espaços vazios do coração. Deus disse: "Não terás outros deuses diante de
mim” (Ex 20:3). Idolatria é amar alguma coisa mais que a Deus. Hoje alguns poucos deuses são
feitos de pontas de pedra ou árvore. A maioria dos deuses deste mundo é feito de vidros
tingidos, banhados em esmalte e cromo, ou lã de vidro, ou seda, ou couro de jacaré.
Autoglorificação
"Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros" (1 Ts 2:6).
Ele tinha acabado de repudiar o pecado da avareza (v. 5). Agora ele faz o mesmo com a
autoglorificação, a procura de honra e prestígio.
Aqui está outra sutil armadilha. Ela acontece tão naturalmente que muitas vezes nem nos
damos conta. Se você é um orador numa conferência ou lidera um grupo, as coisas podem
acontecer de modo que você se destaque como alguém especial. Isto tem acontecido comigo:
"Lá vai LeRoy Eims. Ele lidera um dos workshops da conferência" / "LeRoy, venha aqui e
converse por um minuto. Tenho alguns amigos que desejam conhecer você". / "LeRoy, você se
junta a nós no púlpito à noite, cumprimenta a congregação e dirige-nos em oração?" / "LeRoy,
acompanhe- nos no almoço especial de hoje. E mais tranqüilo e confortável do que comer no
salão com os conferencistas comuns".
E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e
das saudações nas praças; e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos
banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas
orações;estes sofrerão juízo muito mais severo (Mc 2:38 40).
Desânimo
Como um líder pode lidar com estes problemas? Todos nós enfrentamos isso. Ninguém está
imune. E surpreendente ver o registro das Escrituras com respeito a pessoas de Deus que
caíram nas tramas do desânimo.
No caso de Elias, o desânimo seguiu-se a uma grande vitória. Isto, a propósito, é uma
ocorrência comum. O triunfo é constantemente seguido de um desapontamento emocional ou
desânimo de algum tipo. Elias havia acabado de levar a melhor sobre os profetas de Baal no
Monte Carmelo. Os profetas de Baal tinham orado, ferido a si mesmos com facas, e chorado o
dia todo, mas de nada valeu. Não obtiveram resposta; seu altar permaneceu apagado. Então
Elias fez uma poderosa oração de fé e Deus respondeu de maneira inconfundível e
consumidora a ponto de o povo prostrar-se com o rosto em terra e dizer: "O Senhor é Deus! O
Senhor é Deus" (1 Re 18:39).
As coisas começaram então a desmoronar. Jezabel, a rainha, ouviu sobre o que havia
acontecido. Ela enviou uma mensagem a Elias dizendo que iria matá-lo. Deportar a fúria de
poder ser desencorajador, especialmente se a pessoa for má e poderosa como Jezabel. Elias
desistiu de viver.
Primeiro, o desânimo traz um falso senso de valores. (Deus, e não Elias decidiu qual os rumos
de sua vida)
Segundo lugar, o desânimo pode fazer-nos fugir de nossas responsabilidades. (Levanta e come!
Pois ainda havia trabalho a ser feito.)
Terceiro, o desânimo pode fazer as pessoas começar a culpar os outros por sua própria
condição. Elas podem começar a apontar os dedos e acusar os outros abertamente de seus
problemas.
Em quarto lugar, o desânimo pode fazer com que os líderes percam completamente a
perspectiva das coisas. Elias reclamou que era o único homem em todo o reino que havia
permanecido fiel a Deus. Mas o Senhor disse: "Não exatamente"
Poderíamos ainda citar muitos outros perigos como incredulidade, inconstância, falsidade,
inveja, estagnação, e a lista ainda assim não se finalizaria. O crescimento do conhecimento de
Deus que gera piedade em nossas vidas cotidianas é o mais sensato a se estimular, a se
aconselhar nesse momento, muitos serão os desafios e dificuldades de um líder segundo os
princípios bíblicos, mas o que renova nossa coragem é saber que isso não se trata apenas de
um método, mas de toda essência pelo qual fomos criados, fomos criados para sermos servos
da manifestação da Glória, d’Aquele que tem Nele próprio a plena satisfação de todos e de
todas as coisas.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
QUALIDADES DE UM BOM LÍDER, princípios para uma boa liderança - PR. FARIA, C.A.
O LÍDER QUE DEUS USA: resgatando a liderança bíblica para a Igreja no novo milênio /
Russell P. Shedd ; Tradução Edmilson E Bizerra. - São Paulo: Vida Nova. 2000.