Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Data: 15/12/2009
Docente:: Dr. Robert Bandura
Tema da Aula:: Hepatites virais
v
Anotado por:: Catarina Dinis e Guilherme Cunha
Bibliografia
Antunes; Francisco José Nunes; Manual sobre Doenças Infecciosas; Lisboa; 2003 pág. 163-174
163
Ferreira; Pedro Carrilho; Apontamentos para as aulas práticas de Microbiologia; Ano lectivo
2006/2007 pág.134-143
Hepatites Virais
Vamos incidir mais sobre vírus “profissionais” do fígado ou doenças com hepatotropicidade muito
elevada. Outros microrganismos (bactérias, fungos e parasitas) podem provocar infecções com
envolvimento hepático. Uma hepatite pode ser causada por um processo vasculítico que afecta os vasos e
que vai causar indirectamente uma inflamação no fígado.
É o local onde ocorre a gliconeogénese, que permite a regulação dos níveis adequados de glicose
no sangue e,, portanto, qualquer inflamação pode trazer problemas de hipoglicémia ou diabetes
secundários.
• Hipoalbuminémia grave, anasarca (edema generalizado que resulta da acumulação de líquido nas
cavidades orgânicas) pois existe uma redução marcada da pressão oncótica nos capilares que leva
ao extravasamento de líquido.
• Coagulopatia, ou seja, alterações na capacidade de controlar a coagulação sanguínea, o que
secundariamente pode causar hemorragias.
A acumulação da bílis dentro da vesícula, uma inflamação pode causar uma estase a este nível
originando icterícia. A icterícia, coloração amarelada dos tegumentos e das mucosas por acumulação de
sais biliares, é visível nas escleras ou debaixo da língua.
Por outro lado, existem sais biliares na urina acompanhados de uma coloração particular, o que se
chama colúria. Na colúria, a urina é bem mais escura, chega a ter uma coloração tipo vinho do Porto
devido à concentração aumentada de bilirrubina eliminada pelos rins na tentativa de remover o excesso de
pigmentos biliares. Contrariamente temos fezes acólicas que são brancas com aspecto de massa de
vidraceiro porque a bilirrubina não é libertada no intestino.
A bilirrubina, um produto da degradação do anel de porfiria das proteínas que contêm heme, é
encontrada no sangue em duas fracções: conjugada e não conjugada. A fracção não conjugada é insolúvel
em água e está ligada à albumina sérica. A fracção de bilirrubina conjugada é hidrossolúvel e excretada
pelos rins. Qualquer bilirrubina encontrada na urina é conjugada e implica a presença de doença hepática.
• Alterações na regulação dos nutrientes: nas pessoas que bebem álcool em excesso ocorrem
alterações do seu metabolismo, há uma adaptação gradual e alterações da gliconeogénese, por
causa da transformação do álcool e há dificuldade em mobilizar os nutrientes para outros
processos. Quem sofre de uma hepatite crónica ou está em processo cirrótico, tem problemas em
metabolizar as proteínas, e vai necessitar de ter uma restrição de proteínas devido ao seu
metabolismo deficiente.
• Quem tem uma hepatite está mais sujeito a efeitos importantes dos medicamentos. Quem tem
uma hepatite C crónica ou um alcoolismo marcado e precisa de medicação para tuberculose, quase
todos os medicamentos são hepatotóxicos e eles têm uma maior probabilidade para evoluir para
uma hepatite tóxica.
O nosso trabalho é detectar as pessoas que tenham hepatite aguda, crónica. Para as
diagnosticarmos, além de uma anamnese que necessita da recapitulação de doenças familiares, há a
necessidade de saber sobre viagens e de situações de exposição a agentes tóxicos. Apesar da existência
de numerosas causas as doenças hepáticas em geral manifestam-se clinicamente em poucos padrões
distintos, habitualmente classificados como hepatocelular, colestático (obstrutivo) e misto.
As hepatites A, B e C, têm um começo um pouco mais lento, pode ser relativamente agudo em
termos de icterícia, mas há uma fase pré-traumal, em que as pessoas não se sentem bem, têm alterações
metabólicas, caos sistémico, não querem comer e isso já vem de uma a duas semanas, antes de
começarem a ficar mesmo vermelhos; têm febre, mas não é um facto muito acentuado, não é isso que
caracteriza uma hepatite dos grupos profissionais virais entre A, D ou C.
Quando começaram as investigações sobre hepatites por causas infecciosas, começou por se
diferenciar as infecciosas (actualmente E, antigamente era A), porque estavam ligadas a pequenas
epidemias e à ingestão oral: era uma hepatite aguda, prevalente na infância, havia áreas endémicas muito
marcadas. Portanto, entre hepatite A e E, há uma ligação: é a via de contaminação. Tanto a hepatite A
como a E são causadas pela ingestão de alimentos contaminados sendo a transmissão por via fecal-oral.
Há as outras hepatites, as hepatites do soro, relacionadas com as transfusões, hoje em dia, são mais do
que a hepatite B. Antigamente, diferenciávamos as hepatites virais em A (infecciosa) e B (soro) e o resto
eram não A não B (NANB). Hoje em dia, então, chama-se A, D, TT são os soros. C faz parte e pelo menos o
G e o TT também.
A diferença entre A/E e D/C é principalmente as hepatites D e C são as que se conseguem tornar
crónicas: é o que causa grande patologia a nível mundial, as doenças hepáticas crónicas, doenças
hepáticas descompensadas, cirrose hepática, a doença hepática terminal cuja única solução é o transplante
hepático.
Eles são responsáveis pelo cancro: hepatoma relacionado com infecção viral. A hepatite A é
causada por uma ingestão de alimentos contaminados, a B é por transmissão sexual ou transfusão
sanguínea, a C é através do sangue ou sexual. A hepatite D também necessita de uma transmissão sexual.
A hepatite E tem o mesmo padrão que a hepatite A. A hepatite G, ou GB vírus, ou TT vírus ainda carece de
uma caracterização mais profunda, há uma certa prevalência; curiosamente suspeita-se que a hepatite G
diminui o risco da transmissão do HIV, mas a sua ligação à hepatite humana não é clara. A hepatite C tem
várias formas de contaminação, é mais prevalente no sudoeste da Ásia. Estas são clinicamente as 5 mais
importantes: A, B, C, D e E. A hepatite F não apresenta grande toxicidade para os humanos, logo foi
retirada.
A hepatite A é causada pelo vírus da hepatite A (HAV), um Picornavírus com genoma de RNA. Tem
um período de incubação de 4 semanas, a transmissão é fecal-oral, a infecção resulta do consumo de água
ou alimentos contaminados. O contágio é intensificado pela higiene pessoal precária e em aglomerados
populacionais. Tem um início relativamente agudo e é mais prevalente nas crianças – a hepatite infantil. Em
jovens é mais suave, nos idosos é mais grave.
Há uma fase pré-traumal caracterizada por desconforto, calor (não é considerado febre), vómitos,
icterícia. Em termos de evolução, está marcada pela presença de anticorpos contra o HAV.
A hepatite A é mais prevalente nos países subdesenvolvidos (África, América do Sul e Ásia), por
causa das dificuldades em terem saneamento básico. Portugal teve uma hepatite A muito prevalente (anos
70), mas que tem vindo a diminuir.
Hepatite E
O vírus da hepatite E (HEV) pertence à família Norovírus, apresenta genoma de RNA sedo muito
semelhante ao HAV. A única diferença é que na hepatite E os indivíduos são atingidos numa faixa etária
mais tardia (20-30 anos), há maior prevalência no Norte de África, América Central e Sudeste Asiático.
Contudo, a hepatite E é daquelas que apresenta menor mortalidade. A disseminação interpessoal é rara.
Em Portugal, só há casos importados. É mais grave para as grávidas, pois há maior incidência de hepatites
fulminantes neste grupo, com alterações graves da coagulação e da função hepática.
Hepatite B
A hepatite B é a mais prevalente de todas as hepatites, tem uma transmissão e cronicidade mais
acentuada do que a A e E. É um vírus de DNA e são conhecidos vários genótipos (A-G). Subtipo A é mais
prevalente na Europa e EUA, e os subtipos B e C são mais prevalentes na Ásia. Alguns genótipos podem
escapar à vacina que temos hoje em dia, alguns mutantes escapam mesmo ao nosso sistema imunitário, o
que dificulta o rastreio deste vírus.
A hepatite B é muito prevalente: mais de 350 milhões de portadores crónicos e muitos deles vão
desenvolver doença hepática cirrótica ou um cancro hepático. Em termos epidemiológicos, vamos
diferenciar duas áreas: uma de alta prevalência e uma área de moderada/baixa prevalência que remetem
para a altura em que a transmissão ocorre. A transmissão pode ser por via sexua, via sanguínea ou via peri-
natal. Nas áreas de alta prevalência a transmissão é maioritariamente peri-natal, ou seja uma mulher HVB
positiva transmite ao bebé durante o parto. O problema da infecção nesta altura é que quanto mais cedo a
infecção ocorre, maior a probabilidade de desenvolver doença crónica, cirrose hepática e hepatomas.
Contudo, com a implementação da vacina, verificou-se um declínio da prevalência de hepatite B. Quando
vamos para áreas de grande prevalência, esta precaução não atinge taxas significativas.
A infecção é bem mais longa, tem 13 meses de incubação. É um processo insiduoso, que vai tornar-
se uma hepatite aguda. É muito questionado qual é a causa da apresentação clínica da hepatite B. O
próprio vírus não desencadeia o processo inflamatório no fígado (ele multiplica-se dentro do fígado, mas
não é o próprio vírus que desencadeia a destruição tecidular) é a resposta imunitária a esse vírus que leva à
aparência clínica. E isto explica várias coisas:
1) Quando a infecção é peri-natal, a aparência clínica inicial não é assim tão evidente porque não há
grande resposta imunitária naquela altura.
2) O vírus consegue manter-se (porque resposta imunitária não consegue eliminá-lo) e gera
hepatite B crónica na altura peri-natal.
Na Europa, onde grande parte dos indivíduos adquiriu a doença em fase adulta, temos taxa de
portadores crónicos inferiores a 5%. Sabemos que esta doença na fase aguda pode ser moderada ou
fulminante (leva a falência hepática), ou uma doença menos aguda com tendência para cronicidade.
Portanto, é uma doença com dois campos, com doença hepática aguda, e, mais cedo ou mais tarde, de
possível cronicidade, e com repercussão clínica muito marcada. Temos oportunidade de prevenir esta
doença: vacina. Não podemos curar, mas sim controlar. A transmissão já foi referida e depende também da
área onde nos encontramos.
O vírus da hepatite B (HVB) tem três proteínas com actividade antigénica que são prontamente
identificadas:
• AgHBs – antigénio de superfície
• AgHBc – antigénio do “core”
• AgHBe – antigénio “e”
A primeira coisa que se consegue detectar são os antigénios de superfície AgHBs. Tanto o AgHBs
como o AgHBe são libertados do hepatócito por exocitose. O antigénio do “core”, AgHBc, não é detectado
no sangue periférico porque nunca é libertado de forma isolada do hepatócito. A estes antigénios
correspondem anticorpos específicos produzidos pelo sistema imunitário, que vão demorar tempo a serem
produzidos e são chamados anticorpos AcHBs, AcHBc e AcHBe.
Na doença em fase aguda encontramos antigénios AgHBs e AgHBe e existe uma resposta humoral
cuja classe dominante é do tipo IgM e isso é causado pelo anticorpo AcHBc do tipo IgM.
Quando se têm antigénios AgHBs e AgHBe positivos e os anticorpos todos negativos, com
excepção do anticorpo HBc IgM positivo, temos uma infecção nova e aguda. Por vezes, no final da fase
aguda podemos ter ambos os antigénios negativos sendo que a presença de IgM AcHBc nos permite fazer
o diagnóstico de hepatite B.
Portanto, a pessoa que teve uma infecção aguda de hepatite B e recuperou tem um padrão de
anticorpo IgG anti-AcHBc e anticorpo AcHBs. Tornou-se imunogénica e já não está susceptível a novas
infecções.
As pessoas que foram vacinadas não produziram o anticorpo do core AcHBc, eles apenas
produzem o anticorpo AcHBs porque a vacina só confere imunidade ao antigénio de superfície: AgHBs.
Quem não produz esse anticorpo (AcHBs), mas tem o anticorpo HBc é porque esteve exposto e não havia
capacidade de produzir imunogenecidade.
O doente é portador crónico quando apresenta valores positivos de antigénio AgHBs mantidos 6
meses após o episódio de infecção aguda, mesmo se os anticorpos AcHBc e AcHBe estiverem positivos.
Aqui temos uma evolução de uma hepatite aguda que pode ser resistente.
Se não produzir anticorpo AcHBs, o IgM vai desaparecer, mas o antigénio AgHBs vai manter-se
elevado e continua a existir.
Portanto, 5% das infecções agudas causadas pela hepatite B evoluem para infecções crónicas.
Desses 5%, 30% vão ter hepatite crónica e os outros 70% nem desenvolvem doença, o que reflecte a
importância da resposta imunitária no desenvolvimento da sintomatologia clínica.
Quem tem hepatite B, não se torna necessariamente um doente hepático crónico com falência
hepática ao longo do tempo. Esses 30% têm alta probabilidade de desenvolver cirrose e nos 20 anos depois
o carcinoma hepatocelular. Estes doentes crónicos não produzem anticorpos AcHBs, mas mantêm o
antigénio AgHBs positivo porque o vírus se reproduz.
A hepatite B é um pouco esquisita porque pode produzir o vírus completo, ou então só produz as
cápsulas virais sem DNA, o vírus pode ser encontrado como uma mistura destas duas formas, portanto
pode haver variações entre a expressão de antigénio AgHBs que pode ser positivo ou não.
Há uma forte correlação entre a infecção hepática crónica e a altura em que é adquirida a infecção,
se a infecção ocorrer na adolescência ou mais tarde a probabilidade de tornar-se crónica é menor.
Recapitulando:
Cada vez mais as pessoas são detectadas pelo VIH e hepatite B crónica e normalmente há uma
tendência para fazer terapêuticas duplas para evitar resistências, que são cada vez mais eficazes, mas não
há nenhuma terapêutica que consiga, de facto, curar a doença. É uma terapêutica que suprime.
Na hepatite B aguda a terapêutica anti-viral não apresenta qualquer vantagem pelo que não é
utilizada. Na hepatite B crónica existem vários fármacos disponíveis: interferão α (IFN α), lamivudina,
adefovir, entecavir.
O interferão α (IFN-α) tem uma taxa resposta de 30-40%. O seu mecanismo de acção depende da
resposta imunitária do indivíduo. Apresenta efeitos adversos graves. A lamivudina é um inibidor da
transcriptase reversa, é administrado por via oral e constitui a terapêutica de 1ª linha. É bem tolerada pelo
organismo e tem eficácia de 50% após 5 anos de terapia contínua mas associa-se a mutações (YMDD) e ao
desenvolvimento de estirpes resistentes.
O melhor a fazer é a prevenção da hepatite B pela vacina - é um esquema de três aplicações (0-2-6
meses) - a dosagem pediátrica é especial (reduzida) e obtém-se uma maior imunogenecidade.
Portugal introduziu-a no PNV, o que traduz num grande benefício. Quem não tem a vacina e não
pode esperar que se criem anticorpos suficientes para se tornar protegida, pode recorrer à imunização
passiva, em que se aplicam imunoglobulinas, que se mantêm no sangue por tempo limitado, até que sejam
digeridas e desaparecem pouco a pouco (3 meses). A re-imunização passiva utiliza-se para evitar a
transmissão perinatal.
Hepatite D
Hepatite D é um viróide de RNA (vírus deficiente - HVD) e não tem capacidade de por si só ser
patogénico. Ele necessita do antigénio AgHBs da hepatite B. Sem o antigénio HBs, não há infecção por
hepatite D. Ao contrário da hepatite B, o vírus da hepatite D tem um efeito directo no tecido hepático,
modificando o tecido ao se introduzir e multiplicar e causando citotoxicidade e lesão hepática directa. A
hepatite D, ao contrário da B, tem um efeito directo e não depende só da resposta imunitária.
A duração da infecção por HDV é determinada pela duração da hepatite B (não pode excedê-la). O
indivíduo pode ser infectado simultaneamente com o vírus da hepatite D e o vírus da hepatite B - co-
infeccção, ou infectar secundariamente indivíduo já infectado com HBV, ou seja um portador do AgHBs -
super-infecção.
No caso de uma co-infecção, a hepatite D aguda pode ser grave, ou mesmo fulminante (2-20%).
No doente co-infectado, a doença resulta tanto da citotoxicidade directa do vírus HVD como da resposta
imunitária aos vírus HVB. Na co-infecção a probabilidade de desenvolver doença crónica é semelhante à
probabilidade da infecção pelo HVB isolado.
A superinfecção provoca hepatite crónica em 80% dos casos, dos quais 40% por cento evoluem
para cirrose. A prevalência é maior no Mediterrâneo e Norte de África.
A hepatite D começa com uma fase aguda, propaga-se através de transmissão sexual ou
sanguínea. Não existe a profilaxia específica, a profilaxia da hepatite B leva a prevenção da hepatite D. A
pessoa desenvolve a sua resistência contra a hepatite B, a hepatite D também desaparece.
Hepatite C
A prevalência global é 150 milhões de portadores crónicos, o que leva a concluir que a taxa de
cronicidade da infecção da hepatite C é bem maior que a da hepatite B. Na hepatite C 80% dos infectados
vão se tornar portadores crónicos (diferente dos 5%). Há uma menor infecção pela hepatite C porque há
um maior controlo sanguíneo utilizado: o rastreio é mais apertado. A hepatite C é uma das causas maiores
de cirrose hepática (40%), hepatomas (60%) e de transplantes hepáticos (30%).
A hepatite C é o agente responsável por um quarto de todas as doenças hepáticas crónicas que
levam a cirrose, a ascite, a todo este quadro clínico pesado. A combinação hepatite C e alcoolismo é
explosiva porque isso acelera o processo de degradação do tecido hepático. No fundo, deve-se prevenir o
alcoolismo para diminuir a cronicidade da doença hepática associada.
Não existe profilaxia: não há vacina eficaz. Pode-se prevenir a transmissão do vírus da hepatite C
através do rastreio do sangue, orgãos e tecidos doados, da modificação de comportamentos de risco, da
precaução com sangue e fluidos corporais infectados e da modificação de comportamentos de risco como a
toxicodependência.
Actualmente existe uma terapêutica eficaz para a hepatite C. Na altura em que só havia interferão, a
eficácia da terapêutica não chegava a 5%, hoje em dia, dependendo do serotipo, as taxas de sucesso são
de 70-90%. Actualmente a terapêutica é combinada com interferão α2b peguilado e ribavirina O panorama
está bem mais diferente daquilo que havia há 10-20 anos atrás.
Quanto aos sintomas, há uma fase inicial, mas não se vê por rastreio. O diagnóstico ocorre quando
a infecção leva ao aumento das transaminases.
Casos clínicos
Caso clínico 1
Caso clínico 2
Homem agricultor (75anos). Febre, tem dores, náuseas, vómitos, astenia, anorexia. Ao contrário do
outro caso, aqui tudo começa de uma vez só.
Analiticamente - leucocitose com neutrofilia, PCR aumentada, fibrogénio elevado e insuficiência
renal. Já não urina há alguns dias. As fezes revelam uma infecção. Ele tem uma icterícia açafroada porque
tem influência na perfusão sanguínea, gera uma hiperfusão que gera, além disso, derrame sanguíneo.
Ele não tem uma infecção viral. Porquê? Neutrofilia e tem PCR elevado. Ele tem doença bacteriana,
leptoespirose. Temos vários níveis de icterícia.
Caso clínico 3
Jovem engenheiro, natural de Moçambique e foi viajar durante 3 meses. Quando voltou, foi
internado por anorexia de um mês de evolução. Uma semana antes tinha icterícia marcada. As fezes
esbranquiçadas, a urina escura, febre, sangramento das gengivas.
Linfocitose, trombocitopenia, aminotranferases muito elevadas. Parâmetros inflamatórios normais.
TT (tetro topamine) elevado e factor V da cadeia de coagulação diminuído. Tem uma doença viral. É
hepatite tóxica? É uma hepatite normal? Hepatite A?
Este problema está aqui por causa desta última frase: o factor 5, e o TT elevado.
Uma das coisas que vocês vão ver é a alteração da coagulação. Isso tem valor prognóstico: se tiver
o factor V elevado e sangramento, vocês têm uma hepatite muito grave, fulminante. Pode ter hepatite B D.
Ele escapou por pouco a um transplante.
Caso clínico 4
Homem (55 anos), tem conhecimento de uma hepatite crónica por hepatite C e por VIH. É internado
por febre, tem uma distensão abdominal. A palpação do abdómen revela uma forma líquida. Tem uma
circulação lateral que é evidente.
Febre, proteína C reactiva aumentada, leucocitose com neutrofilia.
Tem hipoalbuminémia. Dores à palpação.
Tem uma infecção viral crónica (hepatite C) e tem muito provavelmente uma infecção bacteriana.
Tem cirrose hepática e ascite.
O líquido é como um soro lá dentro: é um meio favorável para as bactérias. O que vocês têm aqui é
uma infecção hepática crónica com cirrose hepática e infecção secundária por bactérias.
Trata-se de uma peritonite bacteriana exportada, como complicação da sua doença hepática
crónica. Ele tem todas as características de uma doença hepática grave e crónica.