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Por que executivos negros

ainda são exceção?


Por Anna Carolina Rodrigues
access_time6 abr 2017, 13h00 - Atualizado em 6 abr 2017, 17h51

Mais de 55% dos brasileiros são afrodescendentes, mas


apenas 4,7% ocupam cargos executivos. O que podemos fazer
para combater o preconceito no trabalho

Rachel Maia, da joalheria Pandora: a única CEO negra do Brasil (Germano Luders/VOCÊ
S/A)

ão Paulo – Cento e cinquenta anos. Com o ritmo atual de inclusão,


esse é o tempo que as empresas levarão para igualar o número
de negros em seus quadros à proporção de afrodescendentes no
país. A conclusão é de Marina Ferro, gerente executiva à frente do
Grupo de Trabalho de Direitos Humanos do Instituto Ethos,
organização que estimula negócios socialmente sustentáveis. “A maior
parte das grandes companhias não tem ações afirmativas para
incentivar a presença de negros e, quando tem, são pontuais, e não
políticas com metas e iniciativas planejadas”, diz Marina.
O diagnóstico pode até parecer alarmista, mas é só dar uma olhada
nos números para ver que a diversidade étnica ainda é um problema
sério no mundo do trabalho. De acordo com a última estimativa da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, a
população negra — composta de pretos e pardos — soma 55,4%, o
que equivale a 113 milhões de pessoas.
Nas empresas, no entanto, ocupa apenas 4,7% dos cargos
executivos; 6,3% dos gerenciais; e 35,7% da folha funcional, segundo
levantamento do Ethos com as 500 maiores organizações do país.
Embora não tenha tanta representatividade nas organizações, quando
o assunto é desemprego a questão se inverte: 63,7% dos brasileiros
sem emprego são negros.

Essas estatísticas são justificadas, em parte, pela falta de programas


de inclusão empresariais que tenham como foco os profissionais
negros. Nos últimos anos, as companhias têm se esforçado para
atingir metas de equidade de gênero, empregar pessoas com
deficiência e acolher profissionais LGBT. Todas preocupações válidas
e importantes, mas os negros permanecem esquecidos. E por quê? A
explicação é longa e passa pelo histórico do preconceito racial que
ainda acomete o país e, consequentemente, as organizações.

Vejo olhares curiosos quando estou em um evento sentada à


mesa de presidentes
Rachel Maia, CEO da joalheria Pandora

O problema desperta o interesse acadêmico. Um dos livros que


abordam a questão é Executivos Negros (Edusp, 50 reais), de Pedro
Jaime, professor de sociologia na ESPM e na Universidade
Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Na obra, o especialista
analisa a ascensão dos negros desde os anos 70 e mostra que,
antigamente, pouquíssimos rompiam as barreiras de raça e classe e
assumiam cargos corporativos.

Essa conquista, no entanto, não ajudava a disseminar a luta contra o


preconceito nas empresas. Pelo contrário. Esses profissionais eram
utilizados pelos defensores do mito da democracia racial como
exemplos da inexistência da discriminação.

Nessa linha de raciocínio, os executivos negros seriam a prova de que


a ascensão da minoria é uma simples questão de meritocracia e que
bastaria o esforço individual para alcançar posições de poder. O que
não é verdade. Segundo o autor, quem conseguia chegar longe
precisava contar com a ajuda de padrinhos que acreditassem em seu
potencial. Somente assim era possível passar pelo filtro do
preconceito inconsciente e dos pré-requisitos educacionais, os quais,
muitas vezes, os negros não haviam tido condições de conquistar
previamente.

“Sob a bandeira do ‘somos todos iguais’, a questão racial fica por


último porque é indigesta na nossa história”, diz Leizer Pereira, diretor
executivo da Empodera, plataforma de educação online que prepara
profissionais de baixa renda para a entrada no mercado de trabalho,
do Rio de Janeiro.

A primeira geração de executivos afrodescendentes se blindou para


não ver ou para tolerar situações de racismo. Esse era o custo de
ascender. Mas, nas últimas décadas, algumas ações contribuíram
para criar um contexto mais favorável à geração atual: racismo e
injúria racial passaram a ser considerados crimes, movimentos sociais
se fortaleceram e pressionaram o governo e as empresas por ações
afirmativas e contribuíram para que indivíduos se fortalecessem e se
unissem em torno da identidade negra. “Agora, é hora de os jovens se
tornarem protagonistas de suas histórias”, afirma o professor Pedro
Jaime.

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