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Psicologia da

Educação e
Aprendizagem
Karin Dietz

E-book 1
Neste E-book:
Introdução à Psicologia e às
escolas da ciência psicológica�������������� 4
História da Psicologia: um breve apanhado
de como a Psicologia se constituiu como ciência7
Escolas da Ciência Psicológica�������������������������20

Considerações finais������������������������������46

Síntese���������������������������������������������������������47

2
Objetivo(s) de aprendizagem:
Olá, estudante.
Aqui você terá a possibilidade de aprender sobre
a Psicologia e sua relação com a Educação. Re-
fletiremos sobre:
• A Psicologia, sua história e as principais esco-
las psicológicas, com suas diferentes concep-
ções de homem e de mundo;
• As teorias de desenvolvimento e aprendiza-
gem e suas implicações no processo de ensino;
• A importância do social e, em específico, da
educação, na constituição do humano, perpas-
sando por diferentes instituições formadoras do
sujeito, como a família, a escola, o trabalho e os
meios de comunicação;
• Alguns aspectos da realidade escolar e educa-
cional, como o fracasso escolar, a medicalização,
a sexualidade e o uso de substâncias químicas,
proporcionando uma visão mais crítica dos fenô-
menos sociais.
Vamos agora iniciar a nossa leitura e conhecer
um pouco mais sobre a Psicologia e como ela
surgiu?

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INTRODUÇÃO À
PSICOLOGIA E ÀS
ESCOLAS DA CIÊNCIA
PSICOLÓGICA
Você já passou por situações em que pensou que o
conhecimento psicológico estava sendo usado por
você? Será que de fato estava? Leia a história abaixo
e verifique se você se identifica:

Um dia, ao conversar com um motorista de transpor-


te público, ele perguntou minha profissão. Respondi:
“Psicóloga”. Logo em seguida, com uma feição muito
contente, ele retruca: “Sabe? Eu acho que sou um
pouco também. Escuto tanta história e dou tantos
conselhos que me considero psicólogo, como você”.

Figura 1: Psicologia do dia a dia | Fam Online

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A Psicologia está em nosso cotidiano de diversas
maneiras: na bronca dada ao filho, vendo nisso a
possibilidade de extinguir um comportamento; na
análise que fazemos de um filme e, por meio dela,
identificar-nos com uma personagem e conseguir
entender a nossa conduta; no poder de persuasão
de um vendedor, que nos convence a comprar de-
terminado produto. Ou seja, a Psicologia está em
diferentes lugares e sob diferentes formas.

Então, você vai se perguntar: o que difere a Psicologia


do senso comum da Psicologia científica? O que
faz um psicólogo ser, de fato, um psicólogo e um
motorista não ser considerado como tal?

O psicólogo, ao ter acesso ao conhecimento his-


toricamente acumulado e produzido na área da
Psicologia, estuda um objeto e uma linguagem par-
ticulares. A Psicologia analisa, de maneira científica,
a subjetividade, o homem e todas as suas possibili-
dades de expressão – seus comportamentos, sen-
timentos, sua singularidade e generalidades. Estuda
o homem que é corpo, pensamento, afeto e ação,
sem desvincular este sujeito único de suas relações
sociais.

Ao compreender essas diversas facetas do ser hu-


mano, sob diversas perspectivas científicas, o psi-
cólogo diferencia-se daqueles que fazem uso desse
conhecimento sem fundamentação teórica.

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Saiba mais
A atividade realizada pelo psicólogo vai além do
atendimento clínico. Acesse este vídeo, chama-
do “O que é Psicologia?”, e apreenda o que mais
a Psicologia pode fazer em prol da sociedade e
das pessoas. Disponível em: https://www.youtu-
be.com/watch?v=Cfu-Q-8A9zo&vl=pt. Acesso em:
28 out. 2018.

Ao longo do tempo, no entanto, não só uma


Psicologia foi constituída. Diversas formas de con-
ceber o homem e o mundo foram formuladas, ins-
tituídas e superadas. Por isso, é preciso entender
como se deu este processo histórico, e de que ma-
neira podemos fazer uso desse conhecimento para
a nossa prática no campo da Educação.

Todo conhecimento deve ser entendido no tempo e


espaço em que é produzido. Toda ciência é históri-
ca e fruto de um processo, e a Psicologia não foge
dessas características. Conforme pontuam Bock,
Furtado e Teixeira:

Para compreender a diversidade com que a Psicologia


se apresenta hoje, é indispensável recuperar sua histó-
ria. A história de sua construção está ligada, em cada
momento histórico, às exigências de conhecimento
da humanidade, às demais áreas do conhecimento
humano e aos novos desafios colocados pela realidade
econômica e social e pela insaciável necessidade do

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homem de compreender a si mesmo (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 31).

Vamos então entender como a Psicologia se consti-


tuiu como ciência e como diversas Psicologias foram
produzidas ao longo do tempo?

História da Psicologia: um breve


apanhado de como a Psicologia
se constituiu como ciência

Os saberes psicológicos, mesmo que de maneira


não científica, estavam presentes desde o início da
humanidade. No entanto, passamos a acessar esta
produção psicológica quando os pensamentos co-
meçaram a ser registrados pela escrita, em particular
a escrita grega, alfabética (diferentemente da escrita
egípcia, baseada em figuras, chamadas ideogramas).

Como foi explicado anteriormente, a forma como o


conhecimento era repassado aos demais foi e ainda
é determinada por diversos fatos, principalmente
os econômicos e políticos. Na Antiguidade Grega,
o modo de produção era o mercantil, sendo utiliza-
da a mão de obra escrava. Nesse período e nesse
lugar notamos a transição de modos diferentes de
pensamento: são produzidas as primeiras tentativas
de explicação racional da realidade, em busca de
objetividade e justificação das ações realizadas.

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Fique atento
Você sabe a origem do nome Psicologia? A eti-
mologia da palavra se encontra no grego Psukhê.
Brandão (1997) registra que a psiqué significa
alma, sopro, respiração, força vital. O autor as-
socia este significado ao mito de Eros e Psiquê.
Relata que esta semideusa representa a alma do
ser vivo, sede de seus pensamentos, emoções e
desejos. Está vinculada à individualidade, à pes-
soa, à parte imaterial e imortal do ser. Agora, para
saber mais sobre o mito de Eros e Psiquê acesse
o vídeo “A Lenda do Cupido e Psiquê”. Nele você
conhecerá a história de uma mortal que conquis-
tou seu lugar no Olimpo, transformando-se em
heroína imortal. Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=Gjj_-CPxjCM. Acesso em: 28
out. 2018.

A Antiguidade Grega é dividida em quatro períodos:


Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico.

Vamos aqui destacar alguns fatos desses períodos


específicos: no Período Homérico, mitos eram escri-
tos e compartilhados, sendo eles os prescritores de
bons costumes sociais. O pensamento hegemônico
era o mitológico, mas, aos poucos, o teor racional
das ideias começou a surgir. Já no Período Arcaico,
nasce a Filosofia e o pensamento racional. São re-
presentantes dessa época Tales de Mileto, Pitágoras
(aquele que estudamos nas aulas de matemática),
Demócrito, Heráclito e Parmênides.

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Reflita
Lá na Grécia Antiga, Heráclito, o filósofo, “lia” o
mundo de modo a considerá-lo sempre em mo-
vimento. Para ele, todo fenômeno era uno e múl-
tiplo, tudo era devir, tudo se transformava, tudo
se constituía em contradição. Muito de sua fi-
losofia se encontra na música de Lulu Santos,
“Como uma onda”, na qual o cantor e compositor
diz: “Nada do que foi será de novo do jeito que
já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará
[...] Tudo que se vê não é igual ao que a gente
viu a um segundo. Tudo muda o tempo todo no
mundo”.

Talvez os filósofos mais conhecidos estejam presen-


tes no Período Clássico. O primeiro deles é Sócrates.
Ele, em determinado momento de sua vida, consultou
um oráculo, o de Delfos, e perguntou qual era sua
missão. Recebeu como resposta a frase: “conhece-te
a ti mesmo”. Assim, ele, ao tentar alcançar possíveis
respostas, repensa os saberes da época. Torna o
homem o seu objeto de estudo. Na sua visão, caberia
à filosofia buscar as verdades universais. Para ele,
todos os homens têm dentro de si a verdade, o bem
e a virtude, aquilo que é imutável. Resta saber: qual é
essa verdade? Essa busca, muito se assemelha com
o que é feito na atualidade, na área da Psicologia,
você não acha?

Para o filósofo, é preciso seguir um método para se


chegar à verdade. Há a necessidade de um mestre
que vai orientar o discípulo para que ele chegue à

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verdade que está dentro dele. O método dele é ba-
seado no diálogo, no questionamento, na pergunta.
O mestre nada ensina. Nada se traz de fora.

Para Sócrates, todos os seres humanos têm dentro


de si a verdade e todos podem alcançá-la. Ele afir-
ma isso, no entanto, em uma sociedade cujo modo
de produção era escravista. Ele tem, portanto, uma
concepção de igualdade entre os homens, o que le-
vou muitos questionarem sua posição e forma de
enxergar o outro. Isso culminou em sua condenação.

Hoje, muito do que conhecemos de Sócrates se deve


aos escritos de Platão, seu discípulo e também re-
presentante do Período Clássico grego. Tal filósofo
também defendia a ideia de que a verdade está den-
tro do sujeito. É dele a autoria do mito da caverna.

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Figura 2: Mito da Caverna - https://farm5.staticflickr.com/4096/493
3620592_72c544ede7_b.jpg

Saiba mais
Conheça a história do mito da caverna ao
acessar o vídeo “O Mito da Caverna – Pla-
tão”. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=Rft3s0bGi78. Acesso em: 04 out 2018.

Para ele, a verdade não está no mundo empírico,


sensível, naquilo que é visível e tangível, mas nas
ideias. As ideias é que são a realidade. O que vemos
e sentimos é deformação, é sombra. Conhecimento,
para Platão, é reminiscência, isto é, é chegar a uma
lembrança do momento em que ela estava disponí-

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vel. Conhecer, para ele, é lembrar. O conhecimento,
portanto, está no próprio sujeito e não no objeto.

Figura 3: Fonte FAM Online

Segundo Platão, as almas de ouro é que deveriam


governar a cidade, nos mostrando uma concepção de
homem e de sociedade aristocrata, diferentemente

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de Sócrates, na qual todos poderiam ter acesso ao
conhecimento (do mundo e de si).

Agora, chegamos ao terceiro representante do


Período Clássico grego, Aristóteles. Ele tinha uma
concepção oposta à de Platão, já que afirma a exis-
tência de universais, de uma verdade eterna e imutá-
vel. No entanto, nega o mundo das ideias. A verdade
sobre as coisas estaria na própria coisa e não na
pessoa que interage com ela. Essas coisas, esses fe-
nômenos, teriam uma essência própria, permanente
(por exemplo, a água, formada pelas partículas H2O
– permanece na sua verdade universal, sua com-
posição química, independente do estado: líquido,
gasoso, sólido). Por comportar diferentes modos
de ser, afirma a possibilidade de movimento – há,
portanto, um vir a ser. À ciência, cabe conhecer o que
faz o fenômeno mudar, mesmo tendo sua essência
imutável. Esta interpretação aristotélica de mundo
dará os alicerces para os saberes psicológicos pro-
duzidos na Idade Média.

Notamos, portanto, nos diferentes períodos que


compõem a Antiguidade grega, que o pensamento
da época não surge do nada, mas sim das neces-
sidades impostas pelo trabalho: por ser escravista,
era necessário elaborar um conhecimento prático,
racional. O mito, dessa forma, não era suficiente para
dar os recursos necessários para a maximização da
produção. Não bastava mais o sacrifício aos deuses.
Era preciso observar a realidade e explicá-la.

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Essa forma de pensar, em relação ao mundo e ao
homem, mudou com o tempo e com as transforma-
ções culturais e sociais da época. Roma sofreu um
processo de decadência em função de sua grande
expansão e modo de produção mercantil e o Império
Greco-romano ruiu. Assim, foi dado lugar a um novo
modo de produção, o feudal. Nesse sistema, o tra-
balho braçal é realizado pelos servos, agora consi-
derados pessoas, diferentemente dos escravos do
período anterior. A riqueza se tornava mensurável
pela posse da terra. A terra era propriedade do se-
nhor, mas era cedida para o servo trabalhar. Em cada
feudo, a lei era a do seu senhor. Assim, notamos que
a exploração de uma classe sobre outra muda, no
entanto, permanece a relação de dominação.

Há também o aparecimento e desenvolvimento do


cristianismo – um movimento religioso que se torna a
força política dominante. O texto que justificava aque-
la sociedade era a Bíblia – interpretada da maneira
necessária para manter o poder feudal. Impunha-se
um modo de se comportar e ser.

Nesse período, então, os saberes psicológicos esta-


vam vinculados ao conhecimento religioso, já que, ao
lado do poder econômico e político, a Igreja Católica
também monopolizava o saber e, consequentemente,
o estudo do psiquismo. Dois pensadores que mere-
cem destaquem nesta época são Agostinho e Tomás
de Aquino.

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Entre os séculos V e X, fase conhecida como Alta
Idade Média, a economia era de base essencialmente
agrícola. Na Baixa Idade Média, entre os séculos X
e XV, as contradições do modo de produção feudal
começaram a aparecer. O comércio passa a existir
– com a produção de excedentes e o surgimento da
navegação – e há uma lenta, mas gradual mudança
do significado de riqueza: antes, eram considerados
ricos os donos da terra; agora, seriam os donos do
dinheiro. Alterações socioeconômicas são sentidas e
surge a burguesia. Aos poucos, notamos a passagem
do feudalismo para o capitalismo. Um processo de
transição longo, desigual, marcado pela coexistência
entre o velho e o novo.

Começa, então, a emergir uma nova forma de orga-


nização econômica e social. O homem passa a ser
a preocupação central e o conhecimento começa a
ser estabelecido por meio de métodos e regras bá-
sicas para se tornar científico. Dessa forma, a Idade
Moderna, posterior à Idade Média, se constituiu como
uma negação do mundo medieval. É caracteriza-
da como um período de consolidação dos ideais
de progresso e de desenvolvimento, que reforçou
o pensamento racionalista e individualista, valores
burgueses que iriam demolir o universo ideológico
católico-feudal.

O primeiro grande momento cultural burguês dos


tempos modernos, o Renascimento, enfatizava uma
cultura laica (não-eclesiástica), racional e científica,
sobretudo não-feudal. Inspirou-se na Antiguidade

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Clássica, principalmente no antropocentrismo, a fim
de resgatar valores que interessavam ao novo mundo
urbano-comercial.

Assim se deu o conhecimento, na Idade Moderna,


pois se buscou novas matérias-primas na natureza
e novas formas de desvendá-la – pela observação
rigorosa e objetiva; questionou-se hierarquias, princi-
palmente a do clero e da nobreza e, em função dis-
so, começou-se a construir um conhecimento mais
racional, que não mais se estabelece pelos dogmas
religiosos e pela autoridade eclesial. Tem-se, assim,
duas formas distintas de se chegar ao conhecimento
científico (já mencionado quando estudamos Platão
e Aristóteles – o que se baseia no mundo das ideias
e o que se baseia no mundo sensível, mas agora
aprenderemos com outros nomes):

• Racionalismo: fonte do conhecimento é a razão (do


latim, ratio). Principal representante é René Descartes
(1596-1650), filósofo, físico e matemático francês.

• Empirismo: a fonte do conhecimento é a experi-


ência. Principal representante é David Hume (1711-
1776), filósofo, ensaísta e escritor britânico.

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Figura 4: R e n é D e s c a r t e s Figura 5: David Hume (1711-

(1596-1650) | Fonte: http://arte- 1776) | Fonte: https://lacienciay-

seanp.blogspot.com/2014/08/ susdemonios.com/2011/01/08/

frans-hals-retratos.html david-hume-los-milagros-y-las-
-mentiras/

Figura 6: Karl Heinrich Marx (1818-1883) | Fonte: https://imperialglo-


balexeter.com/2017/11/15/james-mark-discusses-red-globalization-
-on-bbc-radio-4/

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Saiba mais
Para conhecer mais sobre essas duas formas de
conhecimento científico, o Racionalismo e o Em-
pirismo, assista ao vídeo “Empirismo x Raciona-
lismo”, Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=dpIYPtK6_MA. Acesso em: 10 nov. 2018.

Como crítica a esses dois tipos de conhecimen-


to, temos, mais adiante no tempo, o Materialismo
Histórico-dialético, que traz o conhecimento como
algo histórico e social, construído a partir de bases
materiais (o nosso modo de vida e a nossa base
biológica) e que obedece a uma lógica dialética (de
rupturas, crises e superação). O principal represen-
tante é Karl Marx (1818-1883), jornalista, sociólogo
e filósofo alemão.

Saiba mais
Para conhecer mais sobre Marx e sua obra, assis-
ta ao vídeo “Karl Marx e o materialismo histórico
dialético”, Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=pGUhM-i3PK0. Acesso em: 10 nov.
2018.

Na Era Moderna, com os avanços na ciência, surge


uma nova possibilidade de estudo do psiquismo: os
pesquisadores deixariam a filosofia e analisariam
o funcionamento do cérebro. Por exemplo, com a
neurofisiologia e neuroanatomia, descobre-se que a

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doença mental é fruto da ação direta ou indireta de
diversos fatores que agem sobre as células cerebrais.

Dentro da Psicologia, e seu estabelecimento como


ciência, consideramos como marco o ano de 1875,
data em que foi criado o primeiro laboratório de
experimentos de psicofisiologia, na Alemanha, por
Wilhelm Wundt (1832-1920), pai da ciência psicológi-
ca. Seu objeto de estudo era o psiquismo, investigado
por meio da consciência e do comportamento. O
método que utilizava era a introspecção (auto-ob-
servação a partir de um estímulo). Sua teoria era o
paralelismo psicofísico, isto é, para ele, os fenôme-
nos mentais correspondiam a fenômenos orgâni-
cos. Assim, notamos que ele adaptou os métodos
experimentais das ciências naturais (fisiologia) para
investigar os objetos da nova Psicologia.

Figura 7: Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920) | Fonte: https://psi-


coativo.com/2016/08/as-contribuicoes-de-wundt-para-Psicologia.html

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Saiba mais
Para conhecer mais sobre Wundt e o início da
Psicologia como ciência, assista ao vídeo “Wi-
lhelm Wundt: Por que ele é o Pai da Psicologia
Moderna?”, Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=-D-FaDcn75c. Acesso em: 10 nov.
2018.

Com o surgimento de novas formas de conceber o


homem, novos modos de produção, nota-se o surgi-
mento de uma nova ciência: a Psicologia.

Ou seriam as Psicologias?

Escolas da Ciência Psicológica

A história forneceu elementos que permitiram a


constituição de diversas Psicologias, no plural, e não
apenas uma Psicologia. Elas foram elaboradas em
países diferentes e em diferentes tempos, atendendo
a uma determinada demanda social. Vamos ver quais
são essas Psicologias?

Estruturalismo

O Estruturalismo, uma das primeiras escolas da


Ciência Psicológica, foi inaugurado por Wundt. No
entanto, foi Edward Titchner (1867-1927), psicólo-
go britânico, que a divulgou pela Europa e Estados
Unidos aquilo que aprendeu com Wundt.

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Figura 8: Edward Bradford Titchener (1832 – 1920) | Fonte: https://
www.verywellmind.com/edward-b-titchener-biography-2795526

Para ele, a tarefa fundamental da Psicologia era de


analisar a consciência em suas partes separadas e,
assim, determinar a sua estrutura. Dessa forma, o
método da Psicologia adotado por ele era a obser-
vação (a auto-observação, mais especificamente
– assim como Wundt), porém não uma observação
física, do reino da inspeção, mas uma observação
psicológica, introspectiva (FISCINA, 2008).

Reflita
Embora o objeto de estudo e os objetivos dos es-
truturalistas estejam hoje ultrapassados, a intros-
pecção – definida como um relato verbal basea-
do na vivência – ainda é usado em muitas áreas
da Psicologia (SCHULTZ; SCHULTZ, 1995).

Em 1898, Titchner publicou na revista Psycological


Review, o ensaio intitulado The Postulates of

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Strucural Psycology, denominando sua abordagem
de Psicologia estrutural, comparando-a ao que havia
à sua volta em outras universidades norte-america-
nas, que chamou de Psicologia funcional (GOODWIN,
2005). Vamos entender do que se tratava essa outra
Psicologia, nascida nos Estados Unidos?

Funcionalismo

O Funcionalismo se constituiu como o primeiro


sistema exclusivamente americano de Psicologia.
Surge como uma forma de protesto e oposição ao
Estruturalismo, e floresceu, principalmente, em duas
importantes universidades: Chicago e Colúmbia. Seu
principal representante é William James (1842-1910).

Figura 9: William James (1842 – 1910) | Fonte: https://www.livraria-


cultura.com.br/e/william-james-8199

A diferença fundamental que reside entre o


Estruturalismo e o Fundamentalismo encontra-se no
seguinte aspecto: enquanto o primeiro procura saber
o “é”, o segundo preocupa-se com o “é para”, mos-

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trando o seu aspecto mais aplicável (WERTHEIMER,
1972).

O estudo dessa escola psicológica foca no funcio-


namento da mente ou no uso que o organismo faz
para adaptar-se ao ambiente. Utiliza como métodos
a introspecção, experimentação e comparação. Foi
desenvolvida principalmente para ser aplicada na
solução de problemas práticos.

Especialmente após os estudos em Colúmbia, pes-


quisas concentraram-se nos processos adaptativos
do organismo, servindo de passagem para o beha-
viorismo (WERTHEIMER, 1972).

Behaviorismo

O Behaviorismo surgiu nos Estados Unidos, tendo


como maiores influências a Psicologia Funcional,
a Psicologia Animal e a tradição filosófica do obje-
tivismo e do mecanicismo, nas quais se rejeita os
conceitos e termos como mente e introspecção.

Em relação à Psicologia Animal, destacamos


dois principais pensadores: Edwrd Lee Thorndike
(1874-1949) e Ivan Petrovitch Pavlov (1849-1936).
Thorndike desenvolveu a Lei do Efeito em 1898,
e Pavlov fez uma proposta semelhante, em 1902.
Vamos conhecê-las?

Thorndike estudou em Columbia e trabalhou com


diferentes tipos de animais para entender em qual
momento emitiam determinado comportamento e

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como poderia eliminar aqueles que eram inúteis.
Desenvolveu procedimentos sistemáticos, nos quais
repetia os experimentos, estudava mais de um caso,
controlava o histórico de aprendizagem e o ambiente
dos animais. Um de seus experimentos ficou conhe-
cido como caixa problema: “Colocava os animais,
quando famintos, em gaiolas fechadas das quais
eles pudessem escapar por meio de um ato simples:
puxar um pedaço de corda, pressionar uma alavanca
ou pisar numa plataforma” (GOODWIN, 2010, p. 245).

Postulou, por meio desses estudos, alguns princípios


básicos, merecendo destaque a Lei do Efeito, com
a qual se entende que ao recompensar uma dada
resposta (um dado comportamento), ela se fortalece.

Já Pavlov, fisiologista russo, desenvolveu a noção de


reflexo condicionado. Foi dele a experiência clássica
realizada com um cão que diante da comida salivava,
mas aprendeu a salivar também diante um determi-
nado som, sem a presença de comida.

Saiba mais
Para entender melhor o experimento de Pavlov,
assista ao vídeo “O cão de Pavlov”. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-
-Ni7U. Acesso em: 11 nov. 2018.

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Thorndike Pavlov
Origem EUA Rússia
Período 1874 – 1949 1849 – 1936
Caixa problema Salivação de cães
Pesquisa
com gatos
Do Efeito: gravamos Do Reforço: for-
uma resposta cor- mação de uma
reta e eliminamos associação entre
uma resposta incor- um estímulo e uma
Leis
reta como resultado resposta aprendida.
de suas consequên-
cias, agradáveis ou
desagradáveis.

Tabela 1: Distribuição das características de Thorndike e Pavlov de


acordo com país de origem, período em que viveu, tipo de pesquisa
realizada e leis formuladas. | Fonte: Autora

Esses foram alguns dos movimentos que determina-


ram o surgimento do behaviorismo nos EUA.

Vamos agora passar para John B. Watson (1878-


1958). O marco da fundação da escola behaviorista
se dá com a publicação do artigo de Watson intitu-
lado “A Psicologia do ponto de vista de um compor-
tamentalista”, de 1913. Watson discutiu nele:
• a definição e o objetivo de sua nova Psicologia;

• as críticas ao estruturalismo e funcionalismo;

• a defesa de uma Psicologia aplicada e científica;

25
• a importância de manter procedimentos experi-
mentais controlados e uniformes.

Saiba mais
Acesse, na íntegra, o texto que marcou o sur-
gimento do Behaviorismo, escrito por Wat-
son. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
-389X2008000200011. Acesso em: 11 nov. 2018.

De maneira sintética, Schultz e Schultz (1995) defi-


nem que, para Watson:

A Psicologia deveria ser a ciência do comportamento


– e não do estudo introspectivo da consciência – e um
ramo experimental puramente objetivo das ciências na-
turais. Dever-se-iam pesquisar tanto o comportamento
animal como o humano. A nova Psicologia descartaria
todos os conceitos mentalistas e só usaria conceitos
comportamentais como estímulo e resposta. A finali-
dade da Psicologia seria prever e controlar o compor-
tamento (SCHULTZ; SCHULTZ, 1995, p. 246).

Depois de sua fundação, o behaviorismo evoluiu. As


ideias de Watson e seu Behaviorismo Metodológico
foram superadas e Burrhus Frederick Skinner (1904-
1990) passou a ser o principal representante da
Psicologia, dando origem ao Behaviorismo Radical.

26
Saiba mais
Para saber mais sobre Skinner e sua produção,
acesse o livro “Frederick Skinner” produzido pelo
Ministério da Educação, em 2010. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/tex-
to/me4663.pdf. Acesso em: 11 nov. 2018.

Skinner, diante de toda a produção de seus parceiros,


formulou e descreveu um novo conceito: o condicio-
namento operante. Diferente do reflexo condicionado
de Pavlov (no qual descreve que, diante de um es-
tímulo, obtém-se uma resposta), o comportamen-
to operante ocorre sem nenhum estímulo externo
observável e opera no ambiente (ao emitirmos um
comportamento, ele é reforçado ou não, a depender
do que ocorre a seguir).

Note, na Figura 2, as principais convergências e dife-


renças entre os Behaviorismos de Watson e Skinner.

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Behaviorismo Meto- Behaviorismo Radi-
dológico de Watson cal de Skinner

Oposição à dualidade mente e corpo


Determinismo (toda ação é determinada)
Preocupação com objetivismo
Convergências Forte interesse por estudos com animais
Foco sobre a aprendizagem - problema central da
Psicologia.

Estuda o comportamento Estuda o comportamento


reflexo reflexo e operante

Objeto de estudo: com-


Objeto de estudo: comporta- portamentos observá-
mentos observáveis veis e não observáveis
(encobertos)

Divergências Considera os aspectos


internos (sentimentos,
subjetividade, consciência)
Negação da consciência
como comportamentos e
nega-os como explicação
de outros comportamentos

Visão passiva do homem: Visão ativa do homem:


respondente a estímulos operante no ambiente

Tabela 2: Distribuição das convergências e divergências entre Watson


e Skinner. | Fonte: Autora

Saiba mais
Entenda a diferença entre os behaviorismos me-
todológico e radical ao assistir Behaviorismo (1):
metodológico e radical. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=ipHFpXAgjiA&t=98s.
Acesso em: 11 nov. 2018.

O behaviorismo de Skinner é usado atualmente, muito


embora, outras Psicologias tenham surgido de ma-
neira concomitante. Essa escola psicológica ganhou

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campo, principalmente nos EUA, mas outras surgiram
no mundo. Veremos a seguir.

Gestalt

Na Alemanha, em 1910, Max Wertheimer, em uma


viagem de férias, observou um sinal ferroviário. Viu
que as luzes do sinal piscavam e davam a ele a im-
pressão de movimento (uma lâmpada acendia e de-
pois apagava; pouco tempo depois ocorria o mesmo
com a outra lâmpada e assim sucessivamente). Dois
anos depois, após estudar e aprofundar seu conhe-
cimento, publicou os resultados de sua pesquisa
no artigo “Estudos Experimentais da Percepção do
Movimento”, algo que marca a escola de pensamento
da Psicologia da Gestalt.

Podcast 1 

A Gestalt teve três representantes principais:

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Figura 10:  Max Wertheimer | Figura 11:  Kurt Koffka | Fonte:
Fonte: https://www.toolshero. https://www.britannica.com/
com/toolsheroes/max-werthei- biography/Kurt-Koffka;
mer/;

Figura 12:  Wolfgang Köhler | Fonte: https://artstrokez.wordpress.


com/2013/12/02/wolfgang-kohler-gestalt-psychology-today/

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Gestalt significa forma, em alemão. A palavra, que
deu o nome a esta escola, considera os fenômenos
psicológicos como totalidades organizadas, articu-
ladas e indivisíveis. Estabelece que:
• a percepção do objeto se dá de maneira total, uni-
ficada, e não como um aglomerado de sensações
individuais;

• o processo cerebral é um sistema dinâmico, em


que todos os elementos interagem em determinado
momento;

• concluem que o todo é diferente da soma das


partes.

A partir desses elementos, os gestaltistas elaboraram


alguns princípios que podem até hoje ser aplicados
em nosso cotidiano, principalmente no contexto de
ensino-aprendizagem. A lei da prägnanz, por exem-
plo, nos diz que quanto mais simples a forma, mais
facilmente ela é assimilada. Dessa maneira, o pro-
fessor deve organizar os elementos dos exercícios
dados em sala de aula de maneira simples, com boa
configuração, de modo a formar todos significativos.

Saiba mais
A Psicologia da Gestalt traz alguns princípios que
nos ajudam a entender como a nossa percepção
se organiza.

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Figura e fundo: tendemos a organizar percepções no
objeto observado (a figura) e o segundo plano contra
o qual ela se destaca (o fundo). A figura parece mais
substancial e destaca-se do seu fundo.

Figura 13:  Figura e Fundo | Fonte FAM Online

Fechamento: tendência a formar unidades em todos


fechados.

Figura 14:  Fechamento | Fonte: FAM Online

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Continuidade: há uma tendência na nossa percepção
de seguir uma direção, de vincular os elementos de
uma maneira que os faça parecer contínuos ou fluin-
do numa direção particular. Na moda, por exemplo,
esta concepção é usada quando consideramos que
uma peça de roupa “quebra” a linha do corpo. Na
escola, isso pode ser visto quando o professor, ao
explorar o conteúdo de uma disciplina, apresenta-o
dentro de uma sequência lógica.

Figura 15:  Quebra visual | Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/


images?q=tbn:ANd9GcQZhIJ2Z8dljqvYxu9Yh0QvMdyLy_4HkeKSBBg
PQ1a8iJQPAdXA

Proximidade: partes que estão próximas no tempo


ou espaço parecem formar uma unidade e tendem
a ser percebidas juntas.

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Figura 16:  Várias formas de ilustrar um cabelo | https://encrypted-
-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSFTHsTDUk4IxEscTrvuYjh
6DF3snciYUtaDd3rYkzXbhCyAQg6Pw

Psicanálise

A Psicanálise se constitui como uma teoria da perso-


nalidade (por sistematizar um conjunto de conheci-
mentos sobre o funcionamento da vida psíquica); um
método de psicoterapia (caracterizado pelo método
interpretativo, que busca o significado oculto daquilo
que é manifestado); e um instrumento de investi-
gação (a análise, que busca o autoconhecimento)
(HERRMANN, 2015).

Seu principal representante é Sigmund Freud (1856-


1939), nascido na Morávia, mas morador de Viena a
partir de seus quatro anos.

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Figura 17:  Sigmund Schlomo Freud (1856-1939) | Fonte: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud

Em relação às Psicologias formuladas até en-


tão (Estruturalismo, Funcionalismo, Gestalt e
Behaviorismo), a psicanálise não estabelecia vín-
culos, quer em termos de concordância ou de dis-
sidência, pois não surgiu no âmbito da Psicologia
acadêmica.

A psicanálise, nesse contexto, voltou seus estudos


para o inconsciente, um tópico ignorado pelos outros
sistemas de pensamento. Como médico, Freud queria
curar doentes histéricos: pessoas que sofriam ata-
ques de angústia, de paralisias, de dores e de outros
sintomas parecidos, sem causa orgânica.

Seu objeto de estudo, inicialmente, era o compor-


tamento anormal e seu método primário, a obser-
vação clínica, e não a experimentação laboratorial
controlada.

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Freud opunha-se à compreensão e ao tratamento de
distúrbios mentais utilizados até aquela época (trata-
mentos de choque, por exemplo); e Viena, na virada
do século, era uma sociedade aberta e permissiva,
cenário ideal para a criação de uma nova Psicologia.

Saiba mais
Para saber mais sobre Freud e sua produção,
acesse o livro de Fábio Herrmann, “O que é Psi-
canálise: para iniciantes ou não...”. Disponível na
Biblioteca Virtual. Acesso em: 11 nov. 2018.

De maneira bem resumida, temos que a teoria freu-


diana do aparelho psíquico divide o indivíduo em
regiões e instâncias e evidencia que o princípio bá-
sico do funcionamento mental se dá na evitação do
prazer, de maneira não consciente.

Freud formula algumas teorias, sendo que, em uma


delas, considera as estruturas responsáveis pelas
funções da psique o Id, o Ego e o Superego.

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Figura 18:  Distribuição das estruturas responsáveis pelas funções
da psique e suas características. | Fonte: Autora

Reflita
Analise esta frase de Freud sobre o ser humano.
Você se identifica? “Não somos apenas o que
pensamos ser. Somos mais, somos também o
que lembramos e aquilo de que nos esquece-
mos; somos as palavras que trocamos, os enga-

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nos que cometemos, os impulsos a que cedemos
sem querer”. Para ele, portanto, somos Ego, mas
somos também Id e Superego.

Muito da teoria de Freud está ligada à sexualidade.


Antes dele, o termo era relacionado com um conjunto
de atos ligados à relação sexual. Com a elaboração
da Psicanálise, houve a divulgação da existência
da sexualidade infantil e de que a libido (energia
sexual) desempenha papel motor de inúmeros pro-
cessos mentais e que está presente desde o nosso
nascimento.

Com Freud, o olhar para o homem modificou-se


por completo e, até hoje, repercute no campo da
Psicologia e outras áreas das ciências humanas.

Psicologia Humanista

A Psicologia Humanista surge, na década de 1960,


como “terceira força”. Foi assim denominada por
pretender substituir as principais correntes ante-
riores que estavam em vigor: o behaviorismo e a
psicanálise.

Para os psicólogos humanistas, todos os aspectos


da experiência humana deviam ser considerados,
como o medo, o amor, o ódio, a felicidade, o humor,
a afeição, a esperança.

Os principais representantes da Psicologia humanis-


ta são Abraham Maslow (1908-1970) e Carl Rogers
(1902-1987).

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Maslow nasceu no Brooklyn, Nova York. Segundo sua
perspectiva, cada pessoa traz em si uma tendência
inata que a motiva crescer, de modo a desenvolver
plenamente as capacidades e potencialidades hu-
manas. Explica que, para esta tendência autorrea-
lizadora se concretizar, a pessoa precisa satisfazer
necessidades básicas para passar para a próxima
necessidade. É dessa teoria que surge a pirâmide
de Maslow (Figura 5), que possibilita visualizar quais
são as necessidades primárias até chegarmos à mais
elaborada.

Figura 19:  Pirâmide de Maslow | Fonte: FAM Online

Já Carl Rogers é mais conhecido na Psicologia clíni-


ca. É desenvolvida por ele um tipo de abordagem de
psicoterapia denominada terapia centrada na pes-
soa. De maneira muito semelhante à Maslow, Rogers

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propôs que as pessoas têm tendências inatas que as
levam a atualizar as suas próprias potencialidades.

Saiba mais
Para saber mais sobre Carl Rogers e sua produ-
ção, acesse o livro “Carl Rogers” produzido pelo
Ministério da Educação, em 2010. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/tex-
to/me4665.pdf. Acesso em: 11 nov. 2018.

Psicologia Cognitiva

Um dos principais antecessores da Psicologia


Cognitiva é o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),
uma vez que, em seus estudos, problematizou sobre
os estágios do desenvolvimento infantil consideran-
do a cognição da criança.

Saiba mais
Para saber mais sobre Piaget e sua produção,
acesse o livro “Jean Piaget” produzido pelo Mi-
nistério da Educação, em 2010. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/tex-
to/me4676.pdf. Acesso em: 11 nov. 2018.

Outro fator importante que auxiliou no surgimento


dessa nova Psicologia foi a nova perspectiva que a
Física adotava, descartando a completa separação
entre mundo exterior e observador.

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Notamos então a retomada de um aspecto deixa-
do de lado quando o Behaviorismo surgiu: a mente.
É neste ponto que a Psicologia Cognitiva difere da
Behaviorista, uma vez que:
• os cognitivistas concentram-se no processo do
conhecimento e nos eventos mentais e não nas res-
postas comportamentais;

• também se interessam pela forma como a men-


te organiza, de maneira ativa e criativamente, a
experiência.

No entanto, essa não foi a última Psicologia que


surgiu. Mais uma será apresentada: a Psicologia
Histórico-Cultural.

Psicologia Histórico-Cultural

Vigotski (1896-1934) nasceu em Orsha, na


Bielorrússia. Estudou Direito, Literatura e
Filosofia. É um dos representantes da Psicologia
Histórico-cultural.

Saiba mais
Para saber mais sobre Vigotski e sua produção,
acesse o livro “Lev Semionovich Vygotsky” pro-
duzido pelo Ministério da Educação, em 2010.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/me4685.pdf. Acesso em: 11
nov. 2018.

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Em seus estudos, notou que as Psicologias desenvol-
vidas até então eram limitadas quanto à explicação
que davam sobre o sujeito e que não dialogavam
entre si. Propôs elaborar uma Psicologia livre do
pensamento burguês europeu e americano, que não
separasse o homem do seu mundo social, que fosse
capaz de apreender o homem de maneira integral.

Reflita
Vigotski dizia: “Todo inventor, até mesmo um gê-
nio, também é fruto do seu tempo e do seu am-
biente.” O que ele quis dizer com isto? Leonardo
da Vinci seria considerado um gênio se tivesse
nascido nos dias atuais, no Brasil, ou melhor, ele
teria condições de ter se tornado um gênio? Ve-
remos, ao entender os princípios da Psicologia
Histórico-Cultural, que possivelmente não.

O pensamento vigotskiano baseou-se nas ideias


de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-
1895), as quais veem o homem como ser histórico,
social e ativo (IAROCHEVSKI; GURGUENIDZE, 1996).

Com isso, Vigotski pretendia construir uma ciência


que abandonasse a pretensa neutralidade e objetivi-
dade da ciência, bem como de seu idealismo.

Saiba mais
Em 1924, Vigotski foi convidado para trabalhar
no Instituto de Psicologia de Moscou. Incorpo-
ram a sua equipe: Aleksei Leontiev (1903 – 1979)​

42
, que propôs a chamada Teoria da Atividade, que
define o comportamento humano como orienta-
do por objetivos e contextualizado num sistema
de relações sociais; e Aleksander Luria (1902 –
1977), que se dedicou ao estudo das bases bioló-
gicas do funcionamento psicológico.

Tem-se, então, que a Psicologia Histórico-Cultural


adota como filosofia, teoria e método o materialismo
histórico e dialético. Bock (2011) expõe o que envolve
essas três concepções:

• A materialista, na qual se concebe a realidade ma-


terial independentemente da ideia e do pensamento;

• A dialética, que se baseia na característica funda-


mental de que tudo é constituído e se dá por meio
da contradição e sua superação;

• A histórica, por meio da qual se entende que os


fatos devem ser analisados a partir da realidade con-
creta, e não a partir de ideias, produzida por sujeitos
constituídos histórica e socialmente.

Nessa concepção, entende-se que para se tornar


humano, o homem precisa estar, necessariamente,
inserido na cultura e em relações sociais. As condi-
ções biológicas são essenciais, mas é no mundo so-
cial e histórico que o homem se humaniza (AGUIAR,
2011). Vigotski enfatiza, entretanto, que essa relação
do homem com o mundo não é direta, mas sempre

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mediada por um elemento, sejam eles signos ou
instrumentos:
• Instrumento: é um elemento interposto entre o
trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando
as possibilidades de transformação da natureza. É
externo ao indivíduo, voltado para fora dele.

• Signo: é orientado para o próprio sujeito, para


“dentro” do indivíduo; dirige-se ao controle de ações
psicológicas, auxiliam, portanto, nos processos psi-
cológicos e não nas ações concretas.

Diante do apresentado, para a Psicologia Histórico-


Cultural, não temos como conhecer uma pessoa, sem
entender o seu mundo e as mediações que a cercam.
Conforme pontuam Bock, Furtado e Teixeira (2001):

Para compreender o que cada um de nós sente e pensa,


e como cada um de nós age, é preciso conhecer o mun-
do social no qual estamos imersos e do qual somos
construtores; é preciso investigar os valores sociais,
as formas de relação e de produção da sobrevivência
de nosso mundo, e as formas de ser de nosso tempo
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 93).

Saiba mais
Para que você possa relacionar as determina-
ções sociais e culturais com a nossa formação
como pessoa, acesse o vídeo: “Esporte e geogra-
fia?! Imaginário geográfico esportivo, cultura e

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entretenimento”. Nele, Natalia Zardo explica a re-
lação entre a prática esportiva e a geografia. Po-
demos entender, por exemplo, porque no Brasil o
esporte mais praticado é o futebol, e não o tênis.
Assim, fica a pergunta: a escolha por uma prática
esportiva depende de uma escolha feita só por
você? Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=BEzBl9geh3s. Acesso em: 11 nov. 2018

A teoria Histórico-Cultural é atribuída à Vigotski, po-


rém outros nomes são dados àquilo que postulou.
Saiba mais ao ouvir o podcast.

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CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Podcast 2 

Até o momento, discutimos como a Psicologia surgiu


como ciência e como as ideias e os pensamentos
sobre o homem e o mundo foram criados e supera-
dos, dando a possibilidade de construção de várias
Psicologias.

A história da ciência é assim: cheia de movimento e


você notou isso ao ler sobre a história da Psicologia.

Saiba mais
Para que você possa entender uma pouco
mais sobre algumas das escolas da ciência
psicológica tratadas no texto, assista ao ví-
deo “As 7 Grandes Abordagens da Psicologia”.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=EE8iUPMxNwA>. Acesso em: 28 out.
2018.

A seguir, você entenderá no que essas Psicologias


e esses diversos autores contribuíram para a
Educação.

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Síntese
Referências
AGUIAR, W. M. J. Consciência e atividade: catego-
rias fundamentais da Psicologia sócio-histórica. In:
BOCK, A. M. B.; GONÇALVEZ, M. G. M.; FURTADO, O.
(Orgs.). Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva
crítica em Psicologia. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
p. 95-110.

BOCK, A. M. B. A Psicologia sócio-histórica: uma


perspectiva crítica em Psicologia. In: BOCK, A. M.
B.; GONÇALVEZ, M. G. M.; FURTADO, O. (Orgs.).
Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva críti-
ca em Psicologia. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2011. p.
15-35.

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T.


Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia.
São Paulo: Saraiva, 2001.

BRANDÃO, J. de S. Dicionário Mítico-etimológico


da Mitologia Grega. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

FISCINA, L. A proposta de Psicologia de Edward


B. Titchener – um caso polêmico na História da
Psicologia: Restabelecendo seu lugar na historio-
grafia contemporânea. 2008. 190 f. Dissertação
(Mestrado em História da Ciência) – Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
GOODWIN, C. J. História da Psicologia moderna. São
Paulo: Cultrix, 2005.

HERRMANN, F. O que é psicanálise: para iniciantes


ou não... São Paulo: Psique, 1999.

IAROCHEVSKI, M. F.; GURGUENIDZE, G. S. Epílogo.


In.: VIGOTSKI, L. S. Teoria e método em Psicologia.
São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 471-524.

KOFFKA, Kurt. Princípios de Psicologia da ges-


talt. São Paulo: Cultrix:USP, 1975.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia


moderna. São Paulo: Cultrix, 1995.

WERTHEMIER, M. Pequena história da Psicologia.


São Paulo: USP, 1972.

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