Sei sulla pagina 1di 37

Engenharia Eléctrica

Trabalho de Máquinas Eléctricas II

3oAno – 5oSemestre

Motores de corrente contínua

Discentes:

 Armando Jacinto Vilar Devete


 Aurélio Aleixo Giragieque
 Malique Edson Malique
 Manuel Ndambindua Fernando Machava

Docente:

Eng.º Martinho M. Gafur Fernando

Songo, Abril de 2019


Engenharia Eléctrica

Trabalho de Máquinas Eléctricas II

3oAno – 5oSemestre

Motores de corrente contínua

Discentes:

 Armando Jacinto Vilar Devete


 Aurélio Aleixo Giragieque
 Malique Edson Malique
 Manuel Ndambindua Fernando Machava

Docente:

Eng.º Martinho M. Gafur Fernando

Trabalho elaborado pelos estudantes do


Curso de Engenharia Eléctrica do
Instituto Superior Politécnico de Songo
e apresentado à mesma instituição, no
âmbito da disciplina de Máquinas
Eléctricas II para fins de avaliação

Songo, Abril de 2019


Índice
1. Introdução ......................................................................................................................... I
1.1. Objetivo geral .............................................................................................................. I
1.2. Objetivos específicos................................................................................................... I
2. Metodologia de investigação ........................................................................................... II
3. Motores de Corrente Contínua (MCC) .......................................................................... 1
3.1. Conceitos fundamentais .............................................................................................. 1
3.2. Motor eléctrico de corrente contínua .......................................................................... 1
3.3. Constituição de motores eléctricos de corrente contínua ............................................ 1
3.3.1. Rotor .................................................................................................................... 1
3.3.2. Estator .................................................................................................................. 3
3.4. Princípio de funcionamento de MCC’s ....................................................................... 4
3.5. Circuito equivalente do motor de corrente contínua (MCC)....................................... 7
3.6. Tipos de motores de corrente contínua ....................................................................... 8
3.6.1. Motores de excitação independente e em derivação (Shunt) ............................... 8
3.6.2. Motor CC de Ímã Permanente ........................................................................... 11
3.6.3. Motor CC Série .................................................................................................. 14
3.6.4. Motor CC Composto .......................................................................................... 16
3.7. Controlo de velocidade dos motores de corrente contínua ....................................... 19
3.7.1. O Sistema Ward-Leonard Estático..................................................................... 20
3.8. Arranque dos motores de corrente contínua .............................................................. 22
3.8.1. Arranque reostático do motor série .................................................................... 22
3.8.2. Arranque reostático do motor CC em derivação................................................ 24
3.9. Inversão do sentido de marcha .................................................................................. 25
3.10. Aplicação Prática de MCC’s ................................................................................. 25
3.11. Criterios de seleção de motores CC ....................................................................... 26
3.12. Vantagens e Desvantagens de motores de corrente contínua ................................ 26
3.13. Avarias típicas de motores de corrente contínua ................................................... 27
3.14. Manutenção preventiva.......................................................................................... 29
4. Conclusão ........................................................................................................................ 30
Bibliografia ............................................................................................................................. 31
Índice de Figuras

Figura 2: Rotor da máquina DC com colector, enrolamentos do induzido e núcleo do induzido.


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
Figura 3: Constituição do estator de uma máquina de corrente contínua. ------------------------ 3
Figura 4: Porta escovas e escovas ---------------------------------------------------------------------- 4
Figura 5: regra da mão direita para motores ---------------------------------------------------------- 4
Figura 6: Primeiro estagio ------------------------------------------------------------------------------- 5
Figura 7: Segundo estagio ------------------------------------------------------------------------------- 5
Figura 8: Terceiro estagio ------------------------------------------------------------------------------- 6
Figura 9: Quarto estagio --------------------------------------------------------------------------------- 6
Figura 10: O circuito equivalente de um motor CC. Fonte: CHAPMAN (2013: 467) -------- 7
Figura 11: Um circuito equivalente simplificado em que a queda de tensão nas escovas foi
eliminada e Raj foi combinada com a resistência de campo. Fonte: CHAPMAN (2013: 467) 7
Figura 12:(a) O circuito equivalente de um motor CC de excitação independente. (b) O circuito
equivalente de um motor CC em derivação (shunt). Fonte: CHAPMAN (2013: 470) --------- 8
Figura 13: (a) Característica do torque versus velocidade de um motor CC em derivação ou de
excitação independente, com enrolamentos de compensação para eliminar a reação de
armadura. (b) Característica do torque versus velocidade de um motor em que a reação de
armadura está presente. Fonte: CHAPMAN (2013: 472) ------------------------------------------10
Figura 14: Curva de magnetização de um típico material ferromagnético. Fonte: CHAPMAN
(2013: 493) ------------------------------------------------------------------------------------------------12
Figura 15: Segundo quadrante das curvas de magnetização de alguns materiais magnéticos
típicos. Fonte: CHAPMAN (2013: 494) -------------------------------------------------------------12
Figura 16: Vista do enrolamento de uma máquina CC em imã permanente de Alnico -------13
Figura 17:Corte transversal de uma máquina CC em imã permanente de Ferrite Estrôncio -13
Figura 18: O circuito equivalente de um motor CC série. Fonte: CHAPMAN (2013: 495) -14
Figura 19: característica do torque versus velocidade de um motor CC série. Fonte:
CHAPMAN (2013: 497) --------------------------------------------------------------------------------16
Figura 20: O circuito equivalente de motores CC compostos: (a) ligação em derivação longa;
(b) ligação em derivação curta. Fonte: CHAPMAN (2013: 501) ---------------------------------16
Figura 21: (a) característica do torque versus velocidade de um motor CC composto
cumulativo comparada com a de motores série e em derivação, com a mesma carga plena
nominal. (b) característica do torque versus velocidade de um motor CC composto cumulativo
compara. Fonte: CHAPMAN (2013: 502) -----------------------------------------------------------18
Figura 22: Característica de conjugado versus velocidade de um motor CC composto
diferencial. Fonte: CHAPMAN (2013: 503)---------------------------------------------------------19
Figura 23:Sistema Ward-Leonard estático -----------------------------------------------------------20
A figura 24 ilustra a utilização destes dois processos. ----------------------------------------------21
Figura 25: Zonas de regulação de velocidade no sistema Ward-Leonard estático. ------------21
Figure 26: Arranque reostático de um motor --------------------------------------------------------22
Figura 27: Variação de corrente consumida em função da velocidade durante um arranque
reostático do motor série.--------------------------------------------------------------------------------23
Figura 28: Arranque reostático de um moto CC em derivação -----------------------------------24
Figura 29:Variação de corrente do induzido em função da velocidade durante o arranque de
um motor CC em derivação. ---------------------------------------------------------------------------24
1. Introdução
Os motores eléctricos constituem a vasta gama das cargas eléctricas, chegando a consumir 80%
da energia produzida num Pais, servindo no geral para realização de trabalho mecânico que é
utilizado para o acionamento de diferentes cargas mecânicas. Devido à variedade de cargas a
accionar e o imprescindível proposito de optimizar a eficiência de um processo ou planta
industrial concebem-se diferentes tipos de motor elétricos entre os quais estão os motores de
corrente contínua sobre os quais o trabalho aborda. Estes motores são muitos empregados para
fins onde o controlo de velocidade é importante.

A parte do desenvolvimento deste trabalho está preenchida de temas desde conceitos


fundamentais sobre máquinas elétricas, constituição dos motores de corrente contínua, seu
princípio de funcionamento, circuito equivalente até critérios de seleção e a manutenção
preventiva dos mesmos, com vista a proporcionar ao leitor um conhecimento teórico rico e
sincronizável com a prática.

1.1. Objetivo geral


Abordar sobre motor de corrente contínua

1.2. Objetivos específicos


 Expor os conceitos gerais inerentes as máquinas elétricas
 Definir motores de corrente contínua
 Apresentar as principais partes constituintes dos motores de corrente contínua
 Caracterizar o funcionamentos dos motores de corrente contínua

I
2. Metodologia de investigação
A elaboração do presente trabalho foi baseada em pesquisas científico-didácticas com base em,
artigos electrónicos, obtidos via internet.

II
3. Motores de Corrente Contínua (MCC)
3.1. Conceitos fundamentais
 Máquinas eléctricas: são dispositivos destinados à conversão de energia eléctrica em
mecânica ou vice-versa, ou ainda à transformação de grandezas eléctricas (tensão e
corrente) de um nível para outro. Sendo o primeiro grupo classificado como máquinas
eléctricas rotativas (motores e geradores) e o segundo como máquinas eléctricas estáticas
(transformadores).
 Máquinas eléctricas de corrente contínua: diz-se que uma máquina é de corrente
contínua quando em todos os seus terminais as grandezas que a caracterizam (tensões e
correntes ) são unidireccionais.

3.2. Motor eléctrico de corrente contínua


Trata-se de motores alimentados por uma corrente contínua (CC), podendo esta alimentação
ser proveniente de baterias ou qualquer outra fonte de alimentação CC. Trata-se de uma
máquina eléctrica, que quando alimentada com uma fonte de tensão contínua faz a conversão
de energia eléctrica em mecânica.

Figura 1:Motor eléctrico de corrente contínua.

3.3. Constituição de motores eléctricos de corrente contínua


O motor de corrente contínua é composto de duas estruturas magnéticas: estator (enrolamento
de campo ou ímã permanente) e rotor (enrolamento de armadura).

3.3.1. Rotor
É um eletroímã constituído de um núcleo de ferro com enrolamentos em sua superfície
que são alimentados por um sistema mecânico de comutação e que consiste de:

 Eixo da armadura: transmite a rotação ao núcleo da armadura, enrolamentos e


comutador.

Motores de corrente contínua pág. 1


 Núcleo da armadura: está conectado ao eixo e é construído de camadas laminadas de
aço, provendo uma faixa de baixa relutância magnética entre os pólos. As lâminas
servem para reduzir as correntes parasitas no núcleo, e o aço usado é de qualidade
destinada a produzir uma baixa perda por histerese. O núcleo contém ranhuras axiais
na sua periferia para colocação do enrolamento da armadura. Figura 2.
 Enrolamento da armadura: é constituído de bobinas isoladas entre si e do núcleo da
armadura. É colocado nas ranhuras e electricamente ligado ao comutador. Figura 2.

 Comutador: devido à rotação do eixo, providencia o necessário chaveamento para o


processo de comutação. O comutador consiste de segmentos de cobre, individuais
isolados entre si e do eixo, electricamente conectados às bobinas do enrolamento da
armadura. Como indicado na figura 2.

Figura 2: Rotor da máquina DC com colector, enrolamentos do induzido e núcleo do induzido.

Motores de corrente contínua pág. 2


3.3.2. Estator
O estator Tem a função de produzir um campo magnético fixo para interagir com o campo da
armadura. Consiste de:
 Carcaça: é uma estrutura cilíndrica de aço ou ferro fundido ou laminado. Não apenas
a carcaça serve como suporte das partes descritas acima, mas também providencia uma
faixa de retorno do fluxo para o circuito magnético criado pelos enrolamentos de
campo. Figura 3.
 Enrolamento de campo: consiste de umas poucas espiras de fio grosso para o campo
série ou muitas espiras de fio fino para o campo-shunt. Essencialmente, as bobinas de
campo são eletromagnetos, cujos Ampére-espiras (Ae) providenciam uma força
magnetomotriz adequada à produção, no entreferro, do fluxo necessário para gerar uma
fem ou uma força mecânica. Os enrolamentos de campo são suportados pelos pólos.
 Pólos: são constituídos de ferro laminado e parafusados ou soldados na carcaça após a
inserção dos rolamentos de campo nos mesmos. A sapata polar é curvada, e é mais
larg que o núcleo poar, para espalhar o fluxo mais uniformemente. Figura 3.
 Interpolo: ele e o seu enrolamento também são montados na carapaça da máquina. Eles
estão localizados na região interpolar, entre os pólos principais, e são geralmente de
tamanho menor. O enrolamento do interpolo é composto de algumas poucas espiras de
fio grosso, pois é ligado em série com o circuito da armadura, de modo que a f.e.m. é
proporcional à corrente da armadura. Figura 3.

Figura 3: Constituição do estator de uma máquina de corrente contínua.

Motores de corrente contínua pág. 3


 Escovas e Anéis-Suporte de Escovas: assim como os interpolos, são parte do circuito
da armadura. As escovas são de carvão e grafite, suportadas na estrutura do estator por
um suporte tipo anel, e mantidas no suporte por meio de molas, de forma que as escovas
manterão um contato firme com os segmentos do comutador. As escovas estão sempre
instantaneamente conectadas a um segmento e em contato com uma bobina a localizada
na zona interpolar.

Figura 4: Porta escovas e escovas

 Detalhes mecânicos: mecanicamente conectados a carcaça, estão os suportes contendo


mancais nos quais o eixo da armadura se apoia, bem como os anéis-suporte de escovas
em algumas máquinas.

3.4. Princípio de funcionamento de MCC’s


O funcionamento dos motores CC baseia-se no princípio do eletromagnetismo pelo qual um
condutor carregando uma corrente e mergulhado em um fluxo magnético fica submetido a uma
força eletromagnética, esta força que é usada para gerar torque no rotor.
Pode-se apontar quatro estágios fundamentais para analisar o funcionamento do motor CC.
Para determinar o sentido de rotação do motor, pode utilizar-se a regra dos três dedos da mão
direita, a regra da mão direita para motores, ilustrada na seguinte figura:

Figura 5: regra da mão direita para motores

Motores de corrente contínua pág. 4


Onde o polegar indica o sentido da força, o indicador o sentido da corrente e o restante o sentido
do campo.
 Primeiro estágio
No primeiro estágio tem-se a bobina de uma espira posicionada paralelamente ao campo,
totalmente atingida pelo campo magnético criado pelo ímã fixo. A bobina está sendo
alimentada pelo comutador.

Figura 6: Primeiro estagio

A espira percorrida por uma corrente elétrica produz outro campo magnético em torno da espira
que causa uma reação da bobina dentro das linhas de força do campo fixo, determinada pela
regra da mão direita para motores.

 Segundo estágio
No segundo estágio a bobina girou no sentido determinado e está em uma posição em que é
pouco atingida pelas linhas de força, portando não há reação entre o campo fixo e o da bobina,
mas esta continua a girar por ação da força anterior, até atingir o próximo estágio.

Figura 7: Segundo estagio

Motores de corrente contínua pág. 5


 Terceiro estágio
No terceiro estágio há uma inversão da posição da bobina, mas neste caso entra o comutador
que tem a função de manter a corrente circulando sempre em um mesmo sentido. Observa-se
que, o comutador inverteu as pontas da bobina, fazendo com que o polo positivo fosse aplicado
na extremidade superior, como no primeiro estágio. Com isso tem-se uma repetição do primeiro
estágio, em que a corrente aplicada à bobina cria um campo magnético ao seu redor que age
com o campo magnético fixo, produzindo uma acção física da bobina na direcção indicada pelo
polegar.

Figura 8: Terceiro estagio

 Quarto estágio
No quarto estágio temos uma posição intermediária em que a bobina está inclinada com relação
ao campo em um ângulo de aproximadamente 30º. Esse estágio serve para explicar a ação
contínua sofrida pela bobina com a interação dos campos.

Figura 9: Quarto estagio

Essa ação tem seu máximo no estágio 1 ou 3, e até que atinja o estágio 2, tem sua força reduzida
conforme o aumento do ângulo, sendo 0 (zero) no estágio 2. O motor passa do estágio 2 ao 3,
ou do 2 ao 1, pois a força produzida no estágio 1 ou 3 é suficiente para que ele tenha um
deslocamento maior que 90º.

Motores de corrente contínua pág. 6


3.5. Circuito equivalente do motor de corrente contínua (MCC)
Na figura 10, está ilustrado o circuito equivalente de um motor CC. Nesta figura o circuito do
induzido está representado por uma fonte de tensão ideal EA e uma resistência RA. A queda de
tensão nas escovas está representada por uma pequena bateria Vescova, oposta a direção do fluxo
de corrente na máquina. As bobinas de campo que produzem o fluxo magnético no gerador
estão representadas pela indutância LF e RF, a resistência Raj representa uma resistência exterior
variável, utilizada para controlar a quantidade de corrente no circuito de campo.

Em casos em que a queda de tensão nas escovas é demasiada pequena ela pode ser desprezada
e/ou incluir-se de forma aproximada ao valor de RA.

As vezes a resistência de campo se agrupa com a resistência variável formando um total


chamado RF. Figura 11.

Figura 10: O circuito equivalente de um motor CC. Fonte: CHAPMAN (2013: 467)

Figura 11: Um circuito equivalente simplificado em que a queda de tensão nas escovas foi eliminada e Raj foi
combinada com a resistência de campo. Fonte: CHAPMAN (2013: 467)

Motores de corrente contínua pág. 7


3.6. Tipos de motores de corrente contínua
Os motores de corrente contínua podem ser divididos em cinco grupos:

 O motor CC de excitação independente;


 O motor CC em derivação;
 O motor CC de ímã permanente;
 O motor CC série;
 O motor CC composto.

3.6.1. Motores de excitação independente e em derivação (Shunt)


Um motor CC de excitação independente é um motor cujo circuito de campo é alimentado a
partir de uma fonte isolada de tensão constante, ao passo que um motor CC em derivação é um
motor cujo circuito de campo é alimentado directamente dos terminais da armadura do próprio
motor.

O comportamento de um motor de excitação independente e em derivação não difere, desde


que a tensão de alimentação seja constante. Desta forma ao se descrever o comportamento de
um motor em derivação, também estará incluso o motor de excitação independente.

A equação da lei de Kirchhoff das tensões (LKT) para o circuito de armadura dos motores
supracitados é:

𝑉𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐼𝐴 𝑅𝐴 (Equação 1)

Nas figuras abaixo estão apresentados os circuitos equivalentes para os motores CC de


excitação independente e em derivação:

Figura 12:(a) O circuito equivalente de um motor CC de excitação independente. (b) O circuito equivalente de um motor
CC em derivação (shunt). Fonte: CHAPMAN (2013: 470)

Motores de corrente contínua pág. 8


3.6.1.1. Equação das tensões para circuito da armadura e corrente de
excitação
 Motor de excitação independente:

𝑉
𝐼𝐹 = 𝑅𝐹 (Equação 2)
𝐹

𝑉𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐼𝐴 𝑅𝐴 (Equação 3)
𝐼𝐿 = 𝐼𝐴 (Equação 4)

 Motor de Shunt:

𝑉
𝐼𝐹 = 𝑅𝑇 (Equação 5)
𝐹

Para a tensão terminal neste tipo de motor é válida a equação 3


𝐼𝐿 = 𝐼𝐴 + 𝐼𝐹 (Equaçã

3.6.1.2. Característica de terminal de um motor CC em derivação


A característica de terminal de uma máquina é um gráfico que envolve as grandezas de saída
da máquina. Para um motor, as grandezas de saída são o torque e a velocidade no eixo do
rotor. Assim, a característica de terminal de um motor é um gráfico do seu torque de saída
versus a velocidade.

Supondo-se que a carga no eixo de um motor CC em derivação seja aumentada o conjugado


de carga excederá o torque induzido na máquina (𝜏𝑖𝑛𝑑 ) e o motor começará a perder
velocidade. Quando isso acontece, a tensão interna gerada (𝐸𝐴 ) diminui e consequentemente
a corrente de armadura do motor 𝐼𝐴 aumenta. Ao aumentar a corrente, o torque induzido cresce
até ser igual ao conjugado de carga, em uma velocidade mecânica de rotação 𝜔𝑚 mais baixa.

A característica de saída de um motor CC em derivação pode ser obtida a partir das equações
da tensão induzida e do conjugado, mais a lei de Kirchhoff das tensões (LKT). A equação LKT
para um motor CC em derivação é:

𝑉𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐼𝐴 𝑅𝐴 (Equação 7)

A tensão induzida é 𝐸𝐴 = 𝐾∅𝜔𝑚 , Substituindo na equação 7 tem-se:

𝑉𝑇 = 𝐾∅𝜔𝑚 + 𝐼𝐴 𝑅𝐴 (Equação 8)

E uma vez que o torque induzido é 𝜏𝑖𝑛𝑑 = 𝐾∅𝐼𝐴 e explicitando a corrente na armadura:
𝜏𝑖𝑛𝑑
𝐼𝐴 = 𝐾∅
(Equação 9)

Motores de corrente contínua pág. 9


Combinando as equações 8 e 9 obtém-se:
𝜏𝑖𝑛𝑑
𝑉𝑇 = 𝐾∅𝜔𝑚 + 𝑅𝐴 (Equação 10)
𝐾∅

Por fim, isolando a velocidade do motor, tem-se:

𝑉 𝑅
𝜔𝑚 = 𝐾∅𝑇 − (𝐾∅)
𝐴
𝜏
2 𝑖𝑛𝑑
(Equação 11)

A equação 11 é simplesmente uma linha recta com inclinação negativa. A característica de


conjugado versus velocidade de um motor CC em derivação com reação de armadura está
mostrada na Figura 13b).

Importa referir que, para a velocidade do motor varie linearmente com torque induzido, os
outros termos da Equação 11 deverão ser constantes quando a carga variar. Supondo-se que a
tensão de terminal fornecida pela fonte de tensão CC seja constante, se assim não for, então as
variações de tensão afectarão a forma da curva do torque versus velocidade.

Outro efeito interno do motor que também pode afectar a forma da curva de conjugado versus
velocidade é a reação de armadura. Se um motor apresentar reação de armadura, então os
efeitos de enfraquecimento de fluxo reduzirão o seu fluxo quando a carga aumentar. Como a
Equação 11 mostra, para qualquer carga, o efeito de uma redução de fluxo é o aumento da
velocidade do motor em relação à velocidade na qual o motor giraria se não houvesse a reação
de armadura, mostrado na figura 13a). Este efeito pode ser minimizado com a introdução de
enrolamentos de compensação no motor CC em derivação de modo que seu fluxo seja
constante independentemente da carga.

Figura 13: (a) Característica do torque versus velocidade de um motor CC em derivação ou de excitação
independente, com enrolamentos de compensação para eliminar a reação de armadura. (b) Característica do torque
versus velocidade de um motor em que a reação de armadura está presente. Fonte: CHAPMAN (2013: 472)

Motores de corrente contínua pág. 10


3.6.2. Motor CC de Ímã Permanente
Um motor CC de ímã permanente (CCIP) é um motor CC cujos polos são feitos de ímãs
permanentes. Esses motores oferecem diversos benefícios em comparação com os motores CC
em derivação usados em algumas aplicações. Como não precisam de um circuito de campo
externo, eles não têm as perdas que ocorrem no cobre do circuito de campo dos motores CC
em derivação. São de menor tamanho em relação aos motores CC em derivação por não
necessitarem de enrolamentos de campo. Podem ser encontrados comumente em tamanhos que
chegam até 10 HP aproximadamente e, nos últimos anos, alguns motores foram construídos
alcançando 100 HP. Normalmente são projectados em tamanhos menores, para os quais a
inclusão de um circuito separado de campo não se justifica devido ao custo e o espaço
necessário.

Em uma máquina CCIP, o fluxo dos polos consiste apenas em fluxo residual presente nos ímãs
permanentes. Se a corrente de armadura tornar-se muito elevada, então haverá algum risco de
que a força magnetomotriz da armadura possa desmagnetizar os polos, reduzindo
permanentemente e orientando de outra forma o fluxo residual presente neles. A
desmagnetização também pode ser causada pelo aquecimento excessivo devido a um choque
(queda do motor) ou a períodos prolongados de sobrecarga. Além disso, os materiais CCIP são
mais fracos fisicamente do que a maioria dos aços normais. Desse modo, os estatores
construídos com esses materiais podem ter limites devido às exigências físicas do conjugado
de motor.

A Figura 14 mostra uma curva de magnetização para um material ferromagnético típico. É um


gráfico da densidade de fluxo B versus a intensidade de campo magnético H. Quando uma
força magnetomotriz elevada externa é aplicada a esse material e removida em seguida, um
fluxo residual Bres permanecerá no material. Para forçar o fluxo residual a zero, é necessário
aplicar uma intensidade de campo magnético coercitivo HC com polaridade oposta à polaridade
da intensidade de campo magnético H que originalmente produziu o campo magnético.

Para aplicações normais em máquinas, como rotores e estatores, deve-se escolher um material
ferromagnético que tenha as menores Bres e HC possíveis, porque tal material terá baixas perdas
por histerese. Por outro lado, um bom material para os polos de um motor CCIP deverá ter a
maior densidade de fluxo residual Bres possível e, ao mesmo tempo, deverá ter a maior
intensidade de campo magnético coercitivo HC possível. A curva de magnetização desse
material está mostrada na Figura 14.

Motores de corrente contínua pág. 11


Figura 14: Curva de magnetização de um típico material ferromagnético. Fonte: CHAPMAN (2013: 493)
Basicamente há três tipos de imã permanente utilizado nestes motores:

 Alnico Simples ou Colunar;


 Ferrites de Estrôncio;
 Terras Raras como Samari Cobalto e Ferro Neodímio Boro.
As curvas do segundo quadrante destes materiais são mostradas em seguida e através delas
podemos destacar:

Figura 15: Segundo quadrante das curvas de magnetização de alguns materiais magnéticos típicos. Fonte:
CHAPMAN (2013: 494)

Motores de corrente contínua pág. 12


 Alnico: possui elevado valor de campo residual (Br = 1,25 Wb/m2) e reduzido valor de
campo coercitivo (Hc = 60 KA/m), o que torna vulnerável a efeitos desmagnetizantes
produzidos por reação de armadura ou variações de relutância do circuito magnético.
Atualmente são empregados em micromotores de corrente contínua tipo “core less”.
Neste caso, o enrolamento, como mostra a figura 16, é compactado, formando um
cilindro oco com o alnico no interior e preso a uma das tampas.

Figura 16: Vista do enrolamento de uma máquina CC em imã permanente de Alnico

 Ferrites de Estrôncio: este material possui baixo campo de indução residual (Br = 0,4
Wb/m2), mas campo coercitivo elevado (Hc = 350 KA/m). Sua vantagem em relação
ao anterior é que uma vez sofrido alteração do circuito magnético (montagem e
desmontagem após a magnetização) o campo de indução se restabelece ao valor original
(através da linha de retorno), quando a relutância do circuito ao valor original.
O corte transversal é mostrado na figura 17. Este material tem o menor custo comercial
e por isso é utilizado em praticamente todo o universo dos motores de corrente contínua
a imã permanente.

Figura 17:Corte transversal de uma máquina CC em imã permanente de Ferrite Estrôncio


 Terras Raras (Smco e Fenebo) : estes materiais possuem tanto campo residual como
coercitivo de elevada intensidade, caracterizando imãs permanentes de elevada
densidade de energia (Br = 1,0 Wb/m2 e Hc = 900 KA/m). Em função do elevado custo,
normalmente estes imãs são empregados em servomotores para aplicações específicas
nas indústrias de: - Aeronáutica e Militar, Máquinas ferramenta, Informática.

Motores de corrente contínua pág. 13


3.6.3. Motor CC Série
Um motor CC série é um motor CC cujos enrolamentos de campo consistem em relativamente
poucas espiras conectadas em série com o circuito de armadura. O circuito equivalente de um
motor CC série está mostrado na figura 18. A corrente de armadura, a corrente de campo e a
corrente de linha nesse tipo de motor são todas a mesma. A equação da lei de Kirchhoff para
as tensões desse motor é:

𝑉𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐼𝐴 (𝑅𝐴 + 𝑅𝑠 ) (Equação 12)

Figura 18: O circuito equivalente de um motor CC série. Fonte: CHAPMAN (2013: 495)

3.6.3.1. Torque induzido em um motor CC série


A característica de terminal de um motor CC série difere muito da característica do motor em
derivação. O comportamento básico de um motor CC série deve-se ao facto de que o fluxo é
directamente proporcional à corrente da armadura, no mínimo até que a saturação seja
alcançada. À medida que aumenta a carga do motor, seu fluxo também aumenta. Como foi
visto antes, um aumento de fluxo no motor causa uma diminuição de sua velocidade. O
resultado é que um motor série tem uma característica de conjugado versus velocidade de
declive muito acentuado.

O torque induzido dessa máquina é dado pela equação abaixo:

𝜏𝑖𝑛𝑑 = 𝐾∅𝐼𝐴 (Equação 13)

O fluxo dessa máquina é diretamente proporcional à sua corrente de armadura (no mínimo até
que o metal sature). Portanto, o fluxo da máquina pode ser dado por:

∅ = 𝑐𝐼𝐴 (Equação 64)

Em que “c” é uma constante de proporcionalidade. Assim, o conjugado induzido dessa máquina
é dado por:

𝜏𝑖𝑛𝑑 = 𝐾𝑐𝐼𝐴2 (Equação 15)

Como base na equação 15 pode-se concluir que o torque induzido em um motor CC série é
directamente proporcional ao quadrado da sua corrente na armadura.

Motores de corrente contínua pág. 14


3.6.3.2. Característica de terminal de um motor CC série
Para determinar-se a característica de terminal de um motor CC série, uma análise é feita
supondo uma curva de magnetização linear e então os efeitos de saturação são examinados por
meio de uma análise gráfica.

Supondo uma curva de magnetização linear, o fluxo do motor será dado pela equação 14, o
desenvolvimento da característica de torque induzido versus velocidade parte da lei de
Kirchhoff das tensões:

𝑉𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐼𝐴 (𝑅𝐴 + 𝑅𝑠 ) (Equação 16)

Da equação 15 pode-se expressar a corrente na armadura como:

𝐾𝑐
𝐼𝐴 = √𝜏 (Equação 17)
𝑖𝑛𝑑

Substituindo na Equação 16:

𝐾𝑐
𝑉𝑇 = 𝐾∅𝜔𝑚 + √𝜏 (𝑅𝐴 + 𝑅𝑠 ) (Equação 18)
𝑖𝑛𝑑

Se o fluxo for eliminado dessa expressão, poder-se-á relacionar directamente o conjugado de


um motor com sua velocidade. Para eliminar o fluxo da expressão, faz-se a seguinte
observação:


𝐼𝐴 = (Equação 19)
𝑐

Na equação o torque induzido poderá ser escrito com:

𝐾
𝜏𝑖𝑛𝑑 = 𝑐 ∅2 (Equação 20)

O fluxo do motor poderá ser expresso como:

𝐾
∅ = √ 𝑐 √𝜏𝑖𝑛𝑑 (Equação 21)

Substituindo a equação 21 na equação 18 e isolando a velocidade, obtém-se:

𝐾 𝜏𝑖𝑛𝑑
𝑉𝑇 = 𝐾 √ √𝜏𝑖𝑛𝑑 𝜔𝑚 + √ (𝑅 + 𝑅𝑠 )
𝑐 𝐾𝑐 𝐴

𝑅𝐴 + 𝑅𝑠
√𝐾𝑐√𝜏𝑖𝑛𝑑 𝜔𝑚 = 𝑉𝑇 − √𝜏𝑖𝑛𝑑
√𝐾𝑐

A relação resultante do torque induzido versus a velocidade é:

Motores de corrente contínua pág. 15


𝑉𝑇 1 𝑅𝐴 +𝑅𝑠
𝜔𝑚 = − (Equação 22)
√𝐾𝑐 √𝜏𝑖𝑛𝑑 𝐾𝑐

Pela equação pode-se notar que, para um motor série não saturado, a velocidade do motor varia
com o inverso da raiz quadrada do conjugado. O gráfico que relaciona o torque induzido e a
velocidade do motor é mostrado na figura 19.

Figura 19: característica do torque versus velocidade de um motor CC série. Fonte: CHAPMAN (2013: 497)

3.6.4. Motor CC Composto


Um motor CC composto é um motor que tem campos em derivação e em série. O circuito
equivalente desse motor está mostrado na figura 20. Os pontos ou marcas que aparecem nas
bobinas dos dois campos têm o mesmo significado que os pontos ou as marcas em um
transformador, “uma corrente que entra no terminal com marca produz uma força
magnetomotriz positiva”. Se a corrente entrar nos terminais com marcas de ambas as bobinas
de campo, as forças magnetomotrizes resultantes combinam-se, produzindo uma força
magnetomotriz total maior.

Figura 20: O circuito equivalente de motores CC compostos: (a) ligação em derivação longa; (b) ligação em
derivação curta. Fonte: CHAPMAN (2013: 501)
Na figura 20 as marcas circulares correspondem à composição cumulativa do motor e as marcas
quadradas correspondem à composição diferencial.

Motores de corrente contínua pág. 16


Essa situação é conhecida como composição cumulativa ou aditiva. Se a corrente entrar no
terminal com marca de uma bobina de campo e sair pelo terminal com marca da outra bobina
de campo, as forças magnetomotrizes resultantes subtraem-se.

A equação da lei de Kirchhoff das tensões para um motor CC composto é:

𝑉𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐼𝐴 (𝑅𝐴 + 𝑅𝑠 ) (Equação 23)

As relações entre as correntes de um motor composto são dadas por:

𝐼𝐴 = 𝐼𝐿 − 𝐼𝐹 (Equação 24)
𝑉
𝐼𝐹 = 𝑅𝑇 (Equação 25)
𝐹

No motor composto, a força magnetomotriz líquida e a corrente efetiva do campo em


derivação são dadas por:

ℱ𝑙𝑖𝑞 = ℱ𝐹 ± ℱ𝑆𝐸 − ℱ𝑅𝐴 (Equação 26)


𝑁𝑆𝐸 ℱ𝑅𝐴
𝐼𝐹∗ = 𝐼𝐹 + 𝐼 − (Equação 27)
𝑁𝐹 𝐴 𝑁𝐹

O Sinal positivo nas equações está associado a um motor CC composto cumulativo e o sinal
negativo está associado ao motor CC composto diferencial.

3.6.4.1. Característica de torque induzido versus velocidade de um motor


CC composto cumulativo
No motor CC composto cumulativo (ou aditivo), há uma componente de fluxo que é constante
e outra que é proporcional à sua corrente de armadura (e portanto à sua carga).

Dessa forma, o motor composto cumulativo tem um torque de partida mais elevado do que um
motor em derivação (cujo fluxo é constante), mas um torque de partida mais baixo do que o de
um motor série (cujo fluxo inteiro é proporcional à corrente de armadura). Como em um motor
série, ele apresenta um torque extra para a partida e, como um motor em derivação, a velocidade
não dispara quando ele está sem carga.

Com cargas leves, o campo em série tem um efeito muito pequeno, o que leva o motor a
comportar-se aproximadamente como um motor CC em derivação. Quando a carga torna-se
muito grande, o fluxo do enrolamento em série torna-se bem importante e a característica de
conjugado versus velocidade começa a se tornar semelhante à curva característica de um motor
série.

Motores de corrente contínua pág. 17


Uma comparação das características de conjugado versus velocidades de cada um desses tipos
de máquinas está mostrada na Figura 21.

Figura 21: (a) característica do torque versus velocidade de um motor CC composto cumulativo comparada
com a de motores série e em derivação, com a mesma carga plena nominal. (b) característica do torque versus
velocidade de um motor CC composto cumulativo compara. Fonte: CHAPMAN (2013: 502)

3.6.4.2. Característica de conjugado velocidade de um motor CC composto


diferencial
Em um motor CC composto diferencial, a força magnetomotriz em derivação e a força
magnetomotriz em série subtraem-se entre si. Isso significa que, quando a carga no motor
aumenta, IA aumenta e o fluxo no motor diminui. Entretanto, quando o fluxo diminui, a
velocidade do motor eleva-se. Essa elevação de velocidade causa outro aumento de carga, o
que por sua vez aumenta IA e diminui mais o fluxo, aumentando novamente a velocidade.

O resultado é que um motor CC composto diferencial é instável e sua velocidade tende a


disparar. Essa instabilidade é muito pior do que a de um motor em derivação com reação de
armadura. É tão péssimo que um motor CC composto diferencial não é adequado para nenhuma
aplicação.

Motores de corrente contínua pág. 18


A característica de terminal típica para um motor CC composto diferencial está mostrada na
Figura 22.

Figura 22: Característica de conjugado versus velocidade de um motor CC composto diferencial. Fonte:
CHAPMAN (2013: 503)

3.7. Controlo de velocidade dos motores de corrente contínua


Existem três formas de regular a velocidade de um motor de corrente contínua.
 Actuando em Ra:
Este processo é designado por controlo reostático e consiste em aumentar a resistência do
induzido introduzindo um reóstato em série com ele. A velocidade diminui proporcionalmente
à queda de tensão Ra Ia.
Este método é caracterizado por um grande desperdício de energia resultante das perdas do
reóstato e do correspondente aumento da temperatura resultante. Normalmente é difícil
introduzir processos de automação. É contudo um processo simples e ainda utilizado
actualmente.
 Actuando em ∅
Se se colocar um reóstato em série com o enrolamento de excitação, um aumento de Rf traduz-
se (para Ua constante) por uma diminuição da corrente indutora e por consequência uma
redução do fluxo de excitação.

Motores de corrente contínua pág. 19


Uma diminuição do fluxo traduz-se, segundo a equação 7, por um aumento da velocidade.
Este método não permite regular a velocidade para gamas de variação largas e é utilizado
essencialmente a velocidades elevadas.
𝑈𝑎 −𝑅𝑎 𝐼𝑎
𝑁= (Equação 8)
𝐾𝐸∅

Onde N é a velocidade de rotação;∅ é fluxo de excitação


 Actuando em Ua
a) Motor de excitação em derivação
Se se diminuir a tensão de alimentação, a corrente indutora If diminui e portanto o fluxo ∅
diminui também. A velocidade pode diminuir ou aumentar consoante o valor de ∅, como pode-
se ver na equação acima ilustrada.
b) Motor de excitação separada
Na equação 30 se o fluxo se mantiver constante e se se desprezar o termo raIa em face de Ua,
pode concluir-se que a velocidade é, em primeira aproximação, proporcional à tensão de
alimentação Ua. Assim, pode aumentar-se ou diminuir a velocidade actuando directamente na
tensão de alimentação. Este processo requer uma fonte de tensão contínua de amplitude
variável o que é facilmente realizável, hoje em dia, recorrendo a montagens com dispositivos
de electrónica de potência.

3.7.1. O Sistema Ward-Leonard Estático


Este sistema é constituído por uma máquina de corrente contínua de excitação independente
controlada por dispositivos de electrónica de potência. Estes dispositivos são, normalmente,
pontes rectificadoras controladas. Obtém-se uma fonte de tensão contínua regulável
“electronicamente” o que facilita a introdução de sistemas de controlo. A versão mais completa
consiste em utilizar dois rectificadores de quatro quadrantes e controlar a tensão do induzido
Ua e a tensão do indutor Uf simultaneamente. A execução básica encontra-se representada na
figura abaixo

Figura 23:Sistema Ward-Leonard estático

Motores de corrente contínua pág. 20


A utilização dos dois rectificadores não é feita de uma forma arbitrária. Com efeito, existem
duas zonas distintas de controlo de velocidade, nomeadamente:

a) Zona de binário máximo utilizável.


Nesta zona, o fluxo de excitação é mantido constante. A velocidade é controlada actuando na
tensão Ua e por conseguinte na ponte de rectificação que alimenta o induzido. A potência da
máquina está limitada e depende da velocidade que se desejar.
b) Zona de potência máxima utilizável.
Quando a tensão do induzido atingir o valor máximo admissível, a velocidade não poderá
contínua r a ser aumentada pelo processo descrito na alínea a). A tensão do induzido teria de
ultrapassar o valor máximo para o qual a máquina foi construída.
Neste caso mantém-se a tensão no induzido constante e no seu valor máximo e diminui-se o
fluxo de excitação.
A potência da máquina está disponível, pois a corrente pode atingir o valor máximo e a tensão
de alimentação é sempre igual ao valor máximo. O binário disponível está agora limitado pela
limitação do fluxo de excitação.
A figura 24 ilustra a utilização destes dois processos.

Figura 25: Zonas de regulação de velocidade no sistema Ward-Leonard estático.

Motores de corrente contínua pág. 21


3.8. Arranque dos motores de corrente contínua
O arranque dos motores de corrente contínua não deve ser feito aplicando directamente toda a
tensão aos seus bornes. Se tal fosse realizado a corrente instantânea consumida seria muito
elevada, (5 a 12 vezes a corrente nominal) o que seria prejudicial e poderia deteriorar o colector.

Existem três possibilidade práticas de reduzir a corrente de arranque de um motor de corrente


contínua:

a) Sob tensão reduzida: É necessário dispor de uma fonte de tensão regulável. Vai-se
subindo a tensão da máquina à medida que esta for aumentando a velocidade.
b) Utilizando um reóstato de arranque: Consiste em inserir resistências em série no
circuito do induzido. Estas resistências serão sucessivamente curto-circuitadas
manualmente à medida que o motor for aumentando a sua velocidade.
c) Por processos automáticos: Podem ser baseados nos princípios descritos na alínea a)
ou na alínea b). Podem utilizar elementos de electrónica ou ser baseados em relés
electromecânicos.

3.8.1. Arranque reostático do motor série


O esquema de ligações encontra-se representado na figura 26. Quando o cursor se encontrar na
posição 1 a resistência total do circuito vale R1+R2+R3+R4+rf+ra. A corrente inicialmente é
reduzida a valores aceitáveis e o motor começa a aumentar a sua velocidade.

Figure 26: Arranque reostático de um motor


onde:

rf – é a resistência do enrolamento de campo;

ra – é a resistência da armadura.

Motores de corrente contínua pág. 22


Se se representarem as características de velocidade correspondentes a cada valor de
resistência, a corrente varia segundo OA1-B1; Quando a corrente atingir o seu valor nominal
In, no ponto B1, muda-se de ponto (supostamente). Passa-se então ao ponto A2, que se encontra
sob uma outra característica de velocidade a que corresponde uma resistência de menor valor.
contínua -se o mesmo processo até à característica de velocidade correspondente ao ponto ON
e M. Figura 27:

Figura 27: Variação de corrente consumida em função da velocidade durante um arranque reostático do motor
série.
As resistências de arranque são calculadas de tal modo que a corrente máxima consumida
(pontos A1, A2, A3, A4, A5) seja uma percentagem razoável da corrente nominal (150 a
200%).

Motores de corrente contínua pág. 23


3.8.2. Arranque reostático do motor CC em derivação
Este processo de arranque segue um princípio semelhante ao do motor série. O reóstato de
arranque é em geral montado de modo que sirva de interruptor e que garanta que o circuito de
campo nunca seja aberto, figura 28. Com efeito, como se viu atrás, se a máquina encontrar-se
com uma carga mecânica pequena, e se o circuito de campo for interrompido, a velocidade
pode atingir valores muito elevados podendo a máquina deteriorar-se. Nesta situação diz-se
que o motor embala. Este fenómeno é semelhante ao do motor série quando não tiver carga
mecânica.

Figura 28: Arranque reostático de um moto CC em derivação

As curvas correspondentes a este tipo de arranque encontram-se representadas na figura


abaixo:

Figura 29:Variação de corrente do induzido em função da velocidade durante o arranque de um motor CC em


derivação.

Motores de corrente contínua pág. 24


3.9. Inversão do sentido de marcha
O sentido de rotação do eixo de um motor de corrente contínua é imposto tanto pela polaridade
norte-sul do fluxo do campo, quanto pelo sentido da corrente da armadura. Para inverter o
sentido de rotação basta trocar a polaridade da fonte CC que alimenta o enrolamento de campo
ou fonte CC que alimenta a armadura, no caso de excitação independente.

 Motor de excitação independente


Para inverter o sentido de marcha de um motor de excitação independente pode agir-se de um
dos dois modos:
a) Trocar a polaridade da tensão de alimentação do induzido.
b) Trocar a polaridade da corrente de excitação.
 Motor de excitação em derivação
Neste caso, a inversão da tensão de alimentação alteraria simultaneamente o sentido do fluxo
de excitação e da tensão do induzido, e por consequência a velocidade manteria o mesmo
sentido. Assim é necessário dispor de um dispositivo mecânico ou electrónico que permita
trocar apenas uma destas duas grandezas.
 Motor de excitação em série
Tal como no caso do motor derivação, a inversão da tensão de alimentação irá inverter
simultaneamente o sentido do fluxo e da tensão do induzido. A inversão do sentido de marcha
é realizada neste caso também recorrendo a dispositivos mecânicos ou electrónicos que
invertem apenas o sentido da corrente de excitação.

3.10. Aplicação Prática de MCC’s


Os motores de corrente contínua são aplicados em casos que é importante o poder de regular
contínua mente a velocidade do motor. A seguir estão listados as aplicações para cada tipo de
motor de corrente contínua.

 Motor Série: dado o seu elevado torque de arranque é utilizado, sobre tudo, em tracção
eléctrica, no entanto não podem ser aplicados em sistemas ou cargas que ofereçam risco
de embalamento, o que pode acarretar danos ao próprio motor.
 Motor shunt: devido a sua velocidade constante e independentemente da carga, são
empregues em máquinas cuja velocidade deve manter-se constante, como máquinas-
ferramentas (tornos, fresas, etc.), máquinas de elevação, bombas, ventiladores etc.

Motores de corrente contínua pág. 25


 Motor Compound: por possuir características do motor série e shunt, são aplicados em
mecanismos ou sistemas em que a velocidade não deve variar muito e haja necessidade
de um elevado torque de arranque.

3.11. Critérios de seleção de motores CC


Para se selecionar um motor CC deve-se dispor de todos os dados necessários, que são:
 Tipo de refrigeração e grau de proteção;
 Tensão de armadura;
 Potência/Conjugado e rotação requeridos pela carga;
 Tensão de campo;
 Forma construtiva;
 Posição da caixa de ligações e entrada de cabos;
 Temperatura ambiente e altitude da instalação.

3.12. Vantagens e Desvantagens de motores de corrente contínua


Dependendo da aplicação, os acionamentos em corrente contínua são geralmente os que
apresentam os maiores benefícios, também em termos de confiabilidade, operação amigável e
dinâmica de controlo. Por outro lado, esse tipo de accionamento apresenta algumas
desvantagens.

Vantagens

 Operação em 4 quadrantes com custos relativamente mais baixos;


 Ciclo contínuo mesmo em baixas rotações;
 Alto torque na partida e em baixas rotações;
 Ampla variação de velocidade;
 Facilidade em controlar a velocidade;
 Os conversores CA/CC requerem menos espaço;
 Confiabilidade;
 Flexibilidade (vários tipos de excitação);
 Relativa simplicidade dos modernos conversores CA/CC.

Motores de corrente contínua pág. 26


Desvantagens

 Os motores de corrente contínua são maiores e mais caros que os motores de indução,
para uma mesma potência;
 Maior necessidade de manutenção (devido a existência de comutadores);
 Arcos e faíscas devido à comutação de corrente por elemento mecânico (não pode ser
aplicado em ambientes perigosos);
 Tensão entre lâminas não pode exceder 20V, ou seja, não podem ser alimentados com
tensão superior a 900V, enquanto que motores de corrente alternada podem ter milhares
de volts aplicados aos seus terminais;
 Necessidade de medidas especiais de partida, mesmo em máquinas pequenas.

3.13. Avarias típicas de motores de corrente contínua


Qualquer máquina de corrente contínua, em funcionamento permanente ou não, fica sujeita ao
surgimento de algumas avarias. Seguem-se abaixo as avarias mais comuns:

 Produção de faíscas entre o comutador e as escovas


As escovas podem estar em má posição ou o contacto com o comutador pode ser defeituoso, a
sua qualidade pode ser má ou a montagem no porta-escovas pode não ser a mais correta,
podendo também ser um problema da mola que pressiona a escova contra o comutador.
Como o comutador necessita de um ajuste perfeito com as escovas, se existir neste um mau
estado de conservação, por exemplo sujo e com irregularidades ou com micas salientes, pode
haver produção de faíscas. Além disso, uma outra situação que pode influenciar as faíscas é o
caso das bobinas indutoras se encontrarem em curto-circuito. Também pode acontecer que as
bobinas dos pólos auxiliares estejam com defeito na ligação, portanto mal ligados ou em curto-
circuito. O curtocircuito no indutor e a inadequada ligação das bobinas do induzido às lâminas
do comutador podem também provocar faíscas. Se houver falta de isolamento entre as lâminas
do comutador pode-se provocar um curto-circuito que mais uma vez pode ser a causa das ditas
faíscas que surgem. A sobrecarga e a velocidade excessiva também influenciam no
aparecimento deste fenômeno.

Motores de corrente contínua pág. 27


 Aquecimento anormal dos órgãos do motor
a. Aquecimento do induzido: Este aquecimento pode ser provocado pela sobrecarga ou pelo
curto circuito, sendo também de se considerar as perdas exageradas por histereses e pelas
correntes parasitas ou correntes de Foucault ou ainda defeitos de fabricação. Como a
máquina, quando está em funcionamento, é considerada um todo, se houver aquecimento
de outros órgãos da máquina, este aquece, como conseqüência. O defeito de isolamento em
relação à carcaça devido à umidade ou o curto circuito entre espiras ou entre as
extremidades das espiras provoca uma redução brusca da resistência do circuito fazendo
elevar a sua temperatura.
b. Aquecimento do indutor: A corrente de excitação que passa nas bobinas indutoras quando
excessivas provoca um aquecimento. Quando a temperatura começa a ser preocupante,
pode provocar quebras no isolamento (derretendo o verniz que isola espiras entre si).
c. Aquecimento do comutador: O aquecimento do comutador pode ser provocado pela
pressão exagerada das escovas ou pela defeituosa colocação das mesmas em relação ao
comutador ou um mau dimensionamento das escovas para o comutador em questão. A
sobrecarga e o mau isolamento entre as lâminas do comutador devido à sujeira também são
fatores que influenciam o aumento de temperatura.
d. Aquecimento dos apoios: Se a máquina tiver em funcionamento e lubrificação não for
efetuada regularmente e de uma forma eficaz, ou por qualquer motivo o óleo que se
destinava à lubrificação estiver em falta ou ainda se estiver em mau estado ou impróprio,
ou também é possível que os anéis de lubrificação estejam em mau funcionamento ou
defeituosos, assim a máquina começa a girar comprimindo ferro com ferro, provocando um
aquecimento. Se o sistema a que o motor está ligado não for adequado para as suas
características, ele fica sujeito a uma tensão excessiva, tendo também como conseqüência
um aquecimento exagerado.

 Problemas de arranque do motor


Caso o motor não arranque, deve-se verificar se existe falta de tensão e se o circuito elétrico
até ao motor se encontra em pleno estado de conservação e de funcionamento. No entanto,
deve-se verificar se o reostato de arranque está em perfeito estado de funcionamento e se não
possui nenhuma interrupção no seu circuito elétrico, podendo também existir erros de ligação
do reostato. Um outro motivo pelo qual o motor pode não arrancar deve-se à interrupção ou
curto-circuito nos enrolamentos indutores ou à má posição das escovas. No caso de existir um
defeituoso isolamento do motor, ele poderá também não funcionar.

Motores de corrente contínua pág. 28


 Funcionamento com ruído
O funcionamento ruidoso do motor pode dever-se a um curto circuito ou à falta de carga que
poderá levar o motor a atingir velocidades muito elevadas. A sobrecarga, o mau estado do
comutador e das escovas, o choque do induzido contra as peças polares, o induzido
desequilibrado, defeitos nos apoios do veio, parafusos desapertados, rolamentosnmal
lubrificados e defeitos no acoplamento da correia de transmissão são fatores que farão,
certamente, com que o motor tenha ruído durante o seu funcionamento.

3.14. Manutenção preventiva


 Evitar um funcionamento prolongado, a fim de evitar um aquecimento nas bobinas, que
pode provocar um curto-circuito devido ao verniz que serve como isolante entre espiras ter
derretido com o calor;
 A lubrificação dos rolamentos deve ser constante e adequada evitando, assim, o
aquecimento das peças do motor;
 A limpeza e a verificação do estado do comutador devem ser feitas pelo menos uma vez
por ano;
 A inspeção das escovas, bem como das molas dos porta-escovas deve ser feita
cuidadosamente a fim de mantê-las em ótimo estado;
 Devem-se manter todas as peças do motor bem limpas, evitando a acumulação de pó que,
juntamente com a umidade, poderia provocar um curto-circuito;
 Todo o material isolante exterior é em alumínio tendo como grande vantagem a dissipação
do calor;
 Todas as peças são substituíveis, o que quando realizada uma manutenção planificada e
eficaz poderá prolongar em muitos anos a vida deste motor.

Motores de corrente contínua pág. 29


4. Conclusão
De forma eficiente, o trabalho debruçou acerca de motores de corrente contínua, precedendo
esta ação pela determinação de objetivos a alcançar no que tange a esses motores, objetivos
que foram alcançados deixando a concluir o seguinte:

 Que os motores de corrente continua são máquinas elétricas que sendo alimentados
por corrente continua convertem em mecânica a energia que lhes é fornecida
 São máquinas com uma constituição complexa quando comparadas com as maquinas
de indução o que acarreta mais dificuldades na manutenção e consequentemente
elevados custos da manutenção
 Dependendo da aplicação, os acionamentos em corrente contínua são geralmente os
que apresentam os maiores benefícios, também em termos de confiabilidade, operação
amigável e dinâmica de controle

Motores de corrente contínua pág. 30


Bibliografia
COGDELL, J.R. Foundations of electric power. Prentice Hall.
CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed.Porto Alegre : 2013.
JUNIOR, Geraldo C. do Nascimento. Maquinas eléctricas: teoria e ensaios, 4a ed. São Paulo:
Erica, 2011.

LOBOSCO, O. S., DIAS, J. L. C. Seleção e aplicação de motores eléctricos. McGraw-Hill,


Volume 1.
............Capítulo 1 : Máquinas de corrente Contínua.......

Motores de corrente contínua pág. 31

Potrebbero piacerti anche