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Quando se fala de cortesia, um dado que merece ficar claro, é o de que ela é universal e
está presente em toda esfera social, constituindo-se como um conjunto de regras que os
interlocutores adotam de modo a tornar a interação mais equilibrada possível. Importa
ressaltar que a cortesia linguística estabelece uma relação intrínseca com a noção de face
que deriva dos trabalhos de Goffman (1967).
Como bem nos assegura Goffman , no seu livro On Face-Works: An analysis of ritual
elementsin social interaction (1967),
“the term face may be defined as the positive social value a person
effectively claims for himself by the line others assume he has taken
during a particular contact. Face is as image of self-delineated in terms
of approved social attributes – albeit an image that others may share,
as when a person makes a good showing for his profession or religion
by making a good showing for himself”
Neste caso, o locutor investe na sua imagem social, qual ele pretende preservar e ao
mesmo tempo transmitir, isto é, uma imagem do eu virada para os atributos e valores
estabelecidos pela sociedade.
Goffman (1980) retorna e acrescenta duas atitudes principais que estão imbricadas no
exercício da linguagem: o autorrespeito e a consideração com o próximo (o que
posteriormente Brown e Levinson chamaram de face negativa e face positiva). O
autorrespeito consiste na preservação da própria face, e a consideração com o próximo
consiste na preocupação com a face do outro.
Geofrey Leech também concorda com Goffman, no que toca a cortesia, afirmando que
esta manifesta-se não só no conteúdo da conversa, mas também na forma como a conversa
é gerenciada e estruturada pelos seus participantes” (tradução nossa).
Uma definição clara e sucinta nos é trazida por (LEITE, 2008, p. 55), quem entende a
cortesia linguística,
Desse modo, a cortesia linguística pode ser entendida como uma ferramenta comunicativa
usada pelo falante, em prol da construção e preservação de sua face, para atingir
determinados fins em determinadas situações comunicativas. Por outro lado, a face é a
imagem que o falante pretende construir a seu respeito e está associada às impressões que
ele pretende provocar nos seus interlocutores e aos objetivos que ele pretende alcançar.
Classificação da Face
Para Goffman (1967:5), citado por Gonçalves Segundo (2015), “ toda interação é
potencialmente ameaçadora, o que leva os interlocutores a realizarem, continuamente, um
trabalho de monitoramento do comportamento verbal de todos os participantes, incluindo
o seu, de modo a realizar, sempre que possível, os reparos necessários para a manutenção
da imagem pública e da harmonia social.”
Influenciados pelos trabalhos de Goffman, sobre a questão das faces, Brown e Levinson
(1987), assim a refletem:
Constituem atos ameaçadores porque dão ao interlocutor razão para pensar que deve
proteger o objeto de desejo do locutor ou oferecer-lhe tal objeto.
Representam ameaças, porque indicam que o locutor não valoriza desejos, atos,
características pessoais, bens, crenças e valores do interlocutor;
b) Desacordos, contradições e desafios por indicar que, para o locutor, aquilo que o
interlocutor pensa é desaprovado;
c) Abordagem de tópicos perigosamente emocionais ou que provocam divisão de
opiniões, como política, raça, religião, liberação feminina, por criar uma
atmosfera potencialmente perigosa à face;
d) Ausência de cooperação em uma atividade, como a interrupção da fala do outro
ou falta de atenção a ela, pois demonstra falta de preocupação com as faces
positiva ou negativa do interlocutor;
e) Uso de termos de identificação marcados por status, intencional ou
acidentalmente, por constituir modo ofensivo ou embaraçoso de dirigir-se ao
interlocutor.
a) Pedido de desculpas, pois, assim, o locutor admite estar arrependido por ter
realizado um FTA anteriormente;
b) Aceitação de elogios, pois o locutor sente-se obrigado a rejeitar ou a devolver o
elogio;
c) Confissões, admissão de culpa ou responsabilidade, auto-humilhação, etc.
Sobre essa classificação, os autores garantem que pode poderão surgir superposição de
ameaças, na medida em que um mesmo ato pode atingir tanto a face positiva quanto a
face negativa dos interlocutores (interrupções, fortes expressões de emoção, por
exemplo).