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Direito

Constitucional I

população sobre um dado território, na qual a palavra orde - va totalmente nas mãos do chefe supremo da nação que,
INTRODUÇÃO nação expressa a idéia de poder soberano institucionalizado.
Esse doutrinador acrescenta um elemento ao Estado que é a
naquele momento, era o Imperador.
Já em relação à organização do Estado (país) o que
O estudo do Direito Constitucional é de funda- nalidade (satisfazer o bem comum). existia eram apenas províncias desprovidas de auto-
mental importância na vida do acadêmico e do Passamos a analisar cada um dos elementos fundamentais nomia. Os presidentes das províncias eram nomeados
prossional do Direito, pois, além de ser o alicerce, do Estado. Povo: signica o conjunto de indivíduos ligados pelo Imperador, que podia exonerá-los no momento em
a estrutura de todo o ordenamento jurídico, cada jurídica e politicamente ao Estado. Daí falar-se que o povo é que quisesse. Ele próprio fazia o juízo de conveniência
vez mais o sistema atua em prol da constituciona- o elemento humano do Estado. Território:traz um conceito e oportunidade. O Estado era unitário e o poder cava
lização dos demais ramos do Direito. Isso signica jurídico: é a área na qual o Estado exerce efetivamente a su- centralizado nas mãos do Imperador.
que, se não estudarmos a Constituição de forma premacia e o poder que detém sobre bens e pessoas. Já a Nessa época, havia no Brasil uma religião ocial que era
minuciosa e prazerosa, fatalmente encontraremos soberania,segundo o Prof. Dalmo Dallari, possui um sentido a Católica Apostólica Romana. O Brasil era um país que
diculdades de compreensão do Direito como um político e outro jurídico. Este seria o poder de decidir em última professava uma religião ocial (Estado Confessional). O
todo. instância e aquele o poder incontrastável de querer coerciva- artigo 5º da Constituição do Império é que dava guarida a
Sabemos que o Direito é uno e indivisível, mas mente e xar competências. esse entendimento.
que há, ainda que didaticamente, subdivisões em Outra peculiaridade da Constituição Imperial é que ela
ramos, para facilitar o estudo e a compreensão Conceito de Constituição não instituiu um controle judicial de constitucionalidade.
dos institutos jurídicos. Todos os ramos do Direito, Concepção jurídica ou formal (Hans Kelsen e Konrad Hesse) Era característica dessa época o sufrágio censitário. Nele
como Direito civil, Direito penal, Direito processu- Esse autor representava o ordenamento jurídico por meio de exigia-se para votar a obtenção de renda mínima anual e,
al, Direito tributário, entre outros, se submetem à uma pirâmide na qual a Constituição se encontrava no ápice além disso, essa oportunidade só era dada aos homens.
Constituição Federal, fato que fortalece a impor - e, abaixo, estavam todos os demais atos normativos. As leis Mulheres eram proibidas de votar ou ser eleitas.
Dentrodesse
tância dessas
estudo.
subdivisões acadêmicas fala-se ordinárias,
provisórias,complementares, delegadasde
por terem por fundamento e também
validadeas medidas
imediato a Como se não bastasse, as eleições eram indiretas.
que o Direito constitucional pertence ao ramo do Di-
reito público (é o núcleo do Direito público interno). Constituição, cavam de segundo degrau da pirâmide. Já os 2ª Constituição do Brasil – CONSTITUIÇÃO DE 1891
Cientes de que a Constituição é o fundamento de regulamentos, portarias e decretos, entre outros, por se fun- Com essa nova Constituição, o Estado, antes unitário,
validade de todas as normas jurídicas , porque tem damentarem primeiro na lei e depois na Constituição, localiza- passou a ser um Estado Federal, caracterizado pela au-
o dever de preservar a soberania do Estado que a vam-se no terceiro degrau da pirâmide. tonomia e pela verdadeira descentralização do poder.
promulgou, não seria adequado pensar de forma Juridicamente, portanto, a Constituição localiza-se no mais Havia rígida separação de competências. Os estados-
diversa. Incidiríamos em erro imaginar que o Direito elevado degrau da pirâmide e é exatamente em decorrência membros cavam com parcela da competência e a União
Constitucional pudesse estar alocado no ramo do disso que é fundamentada sua normatividade. com outra parcela. Os governadores dos estados-mem-
Direito privado, geralmente destinado a cuidar dos As normas infraconstitucionais (são todas aquelas que se en- bros passaram a ter poder.
interesses particulares, subjetivos. contram nos degraus abaixo da Constituição) são submissas As antigas províncias foram suprimidas, em virtude da
Vale lembrar que a Constituição não é um mero às regras determinadas pela Constituição e devem ser com existência de estados-membros que passaram a dispor
repertório de recomendações a serem ou não ela compatíveis. A isso se deu o nome de relação de compa- de leis próprias e até de Constituições estaduais pró -
atendidas, mas um conjunto de normas supremas tibilidade vertical. prias.
que devem ser incondicionalmente observadas, in- O Estado não mais professava uma religião ocial. Ele,
clusive pelo legislador infraconstitucional. (Carra- Supremacia Constitucional antes Estado Confessional, no qual a religião obrigatória
za, Roque Antonio, Curso de Direito Constitucional A noção de supremacia da Constituição talvez seja a mais e ocial era a católica apostólica romana, passou a ser
Tributário, 20ª Edição) importante de todo estudo do Direito Constitucional. Pautado um Estado leigo ou laico. A palavra que melhor se adéqua
Ressalta-se que o estudo do Direito constitucional nesse entendimento, é possível vericar os motivos pelos quais ao Estado leigo é à neutralidade. Havia considerável li-
está intimamente ligado a matérias como história, os demais ramos, os atos normativos em geral e a atuação dos berdade de culto. As pessoas podiam livremente escolher
estudada antes do ingresso no ensino superior e poderes estão limitados ao texto constitucional. suas religiões e cultuá-las da maneira que desejassem.
teoria geral do Estado (ou ciência política) matéria A Constituição Federal é a lei máxima do ordenamento jurídico Também deixou de existir, com a Constituição de 1891,
estudada, geralmente, no primeiro ano do curso de
Direito. Vale a pena, quando necessário, socorrer- brasileiro. É Está
normativos. fundamento
no ápicededavalidade
pirâmidedenormativa
todos os edemais atos
determina o quartoe automática
lógica poder denominado
advindamoderador.
do banimentoConseqüência
da família
se de conceitos e ensinamentos trazidos pelos as regras que devem ser observadas. imperial. Se não mais existia imperador e ele era quem
estudos dessas matérias. A supremacia aqui tratada somente existe nos países que detinha, quem dominava esse quarto poder, não havia
Desse modo, abordaremos nesse primeiro guia de adotam Constituição rígida, aquelas em que seu processo de mais razão para sua existência. Foi nesse momento que
Direito constitucional a grande teoria geral do cons-
titucional, a qual engloba o estudo do histórico das alteração é mais complexo, mas solene, mais dicultoso do se instaurou a clássica tripartição de poderes políticos
Constituições; a classicação das Constituições; o que dos demais atos normativos. (poderes executivo, legislativo e judiciário), ou melhor,
poder constituinte; os elementos da Constituição; tripartições de funções, pois sabemos que o poder é uno
a ecácia e aplicabilidade das normas constitucio- HISTÓRICO DAS e indivisível.
nais; os fenômenos da recepção, revogação, des- CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS A Constituição de 1891 foi quem instituiu o Supremo
constitucionalização e repristinação; as noções de Tribunal Federal e o primeiro sistema judicial de controle
Estado, povo e soberania; os direitos fundamen- 1ª Constituição do Brasil – IMPERIAL 1824 de constitucionalidade (controle difuso). Foi ainda a que
tais (direitos sociais, individuais e políticos) e a A Constituição do Império foi a que mais vigorou no Brasil até o ampliou os direitos individuais, trazendo, inclusive, pela
estrutura da nossa Constituição federal. momento. Perdurou até a proclamação da república, que ocor- primeira vez no ordenamento jurídico brasileiro, a pre-
Finalizando essa introdução, lembro a vocês que reu em 1889, ou seja, vigorou por 65 anos. Lembramos que, visão do remédio constitucional, hoje muito conhecido,
dar a esse tema a importância que merece, você, para que a atual (CF/88) complete esse tempo, é necessário denominado “habeas corpus”.
aluno, será um prossional diferenciado. que vigore por mais 45 anos. Em outubro de 2008 completará
apenas 20 anos. 3ª Constituição do Brasil – CONSTITUIÇÃO DE 1934
A grande diferença entre a primeira Constituição do Brasil e as Nossa terceira Constituição, elaborada por um processo
Link Acadêmico 1 demais é que aquela foi a única Constituição monarca, todas de convenção (votação), teve grande inuência da Cons-
as demais foram republicanas. tituição Alemã de Weimar de 1919. Foi a primeira Consti-
CONCEITOS INICIAIS Outra diferença apontada é que a Constituição do Império foi
a única que tivemos classicada em semi-rígida. O artigo 178
tuição social do Brasil.
Entre suas características destacamos as principais como
RELEVANTES dessa Constituição dispunha “É só Constitucional o que diz sendo: forma federativa de governo; não existência de re-
respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes ligião ocial; tripartição dos poderes, tendo sido as mais
A palavra “estado” é uma palavra polissêmica, ou seja, Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuaes dos Cidadãos. marcantes a admissão do voto pela mulher e a introdução
possui mais de um sentido. Para nosso estudo a utilizare- Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as for - no texto constitucional de direitos trabalhistas.
mos, geralmente, quando quisermos nos referir à nação malidades referidas (nos artigos 173 a 177), pelas Legislaturas A Constituição que teve menor vigência no nosso país foi
politicamente organizada e nesse sentido a palavra deve ordinarias”. O dispositivo citado deixava claro que a Constitui- esta, de 1934, porque, em 1937, ocorreu o golpe militar
ser escrita com a inicial maiúscula (Estado). ção continha uma parte rígida (difícil de alterar) e outra exível que rompeu toda ordem jurídica.
O Estado possui três elementos fundamentais, a saber: (processo de modicação mais simplicado). Link Acadêmico 2
povo, território e soberania. O Prof. José Afonso da Sil- Em relação à organização dos poderes havia um quarto poder
va, em sua obra Curso de Direito Constitucional Positivo, chamado de moderador (sistema quadripartite). Portanto, além 4ª Constituição do Brasil – CONSTITUIÇÃO DE 1937
adota o conceito de Estado dado por Balladore Palierre, do executivo, legislativo e judiciário existia o moderador, que As principais regras trazidas pela nova Constituição
que nos parece bem completo: Estado é uma ordenação era um fator de equilíbrio entre os demais poderes (Beijamim tinham o caráter ditatorial, impositivo. Como exemplo,
que tem por m especíco e essencial a regulamentação Constant). Tinha por nalidade assegurar a independência e podemos mencionar a concentração das funções le-
global das relações sociais entre os membros e uma dada harmonia dos outros três poderes. Ocorre que esse poder ca- gislativas e executivas, a supressão a autonomia dos

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Estados-Membros, a destituição dos governadores com constitucional. O corpo das disposições permanentes é formado por
a conseqüente nomeação de interventores e a criação O mandato do Presidente da República passou a ser de 5 250 artigos. Nele encontramos nove títulos, são eles: I –
de serviços de informações, para que o Presidente con- anos, a eleição continuava sendo de forma indireta. Princípios Fundamentais; II – Direitos e Garantias Funda-
trolasse o povo, o Poder Judiciário e principalmente a Um dos movimentos que mais marcou a época da vigência mentais; III – Organização do Estado; IV – Organização
imprensa. dessa Constituição foi o denominado “Direitas Já” que lutava dos Poderes; V – Defesa do Estado e das Instituições
O argumento utilizado para a manutenção dessas normas pela possibilidade de as eleições se darem de forma direta. Democráticas; VI – Tributação e Orçamento; VII – Ordem
era de que a expansão do fascismo e comunismo pelo Econômica e Financeira e IX – Disposições Constitucio-
mundo enfraquecia as instituições nacionais, impondo 8ª Constituição do Brasil – CONSTITUIÇÃO DE 1988 nais Gerais.
medidas duras para a manutenção do poder central, A nossa atual Constituição foi inuenciada pela Constituição O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
ainda que o pacto federativo não pudesse ser totalmente portuguesa de 1976, que possui, como grande característica, (ADCT)é parte integrante da CF e é formado por normas
respeitado. a democracia. Exatamente por conta disso foi apelidada de de direito intertemporal, isto é, que regulam a relação das
Em decorrência da enorme concentração dos poderes “Constituição Cidadã”. normas no tempo. Possui numeração própria (do art. 1º ao
nas mãos do Presidente, da mesma forma que ocorria na A forma de governo adotada foi novamente a república, após 94), diversa da prevista no corpo permanente. As regras
Constituição da Polônia na época, parte da doutrina sus- ter sido conrmada pelo plebiscito realizado no dia 21 de abril compostas do ADCT servem para regular a passagem da
tenta que a Constituição de 1937 passou a ser chamada, de 1993. A previsão para sua realização constava do art. 2º do antiga ordem constitucional para a nova ordem. Como o
pejorativamente, de “Constituição polaca”. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. próprio nome menciona, são regras de transição.
Em relação ao sistema de governo também foi mantido o presi- Por fazer parte da CF, o ADCT encontra-se no ápice da
5ª Constituição do Brasil – CONSTITUIÇÃO DE 1946dencialismo, conrmado pelo mesmo plebiscito. pirâmide de Kelsen, ou seja, possui o máximo grau de
No dia 8 de setembro de 1946 promulgou-se a quinta A forma de Estado adotada foi a federação, com ampliação da ecácia. Pode ser alterado por meio de emenda (art. 60,
Constituição Brasileira. autonomia dos entes federados. CF), pois se trata de norma constitucional.
Em relação à forma de Estado manteve-se a federação. No tocante aos direitos fundamentais também houve amplia- Segundo o Prof. Uadi Lammêgo Bulos, o ADCT possui
Havia competências para a União, para os Estados fe- ção. Novos remédios constitucionais foram postos no texto ecácia provisória, pois as normas lá contidas, após
derados e para os próprios Municípios. À União coube constitucional, como o “habeas data” e o mandado de segu- produzirem os efeitos que delas se esperam, não terão
apressar o desenvolvimento de regiões pobres do país, rança coletivo. Os direitos trabalhistas foram aumentados etc. mais aplicabilidade alguma. Essas regras são também
como a Amazônia e o Nordeste. Os Estados-membros e Link Acadêmico 3 chamadas de normas de ecácia exaurida, esvaída ou
o Distrito Federal recolhiam seus impostos, mas também de aplicação esgotada. Um exemplo de norma que já se
participavam da arrecadação federal e os Municípios na exauriu é o art. 4º do ADCT, que regulamentou a transi -
arrecadação estadual. PRINCÍPIOS FUNDAMEN- ção entre mandatos presidenciais existentes à época da
No tocante ao regime de governo, embora tenha sido TAIS (ARTS 1º a 4º da CF) edição da Constituição.
debatida a possibilidade da adoção do parlamentarismo, Emendas Constitucionais de Revisão e Emendas
também foi conservado o presidencialismo. Constitucionais propriamente ditas
A separação dos poderes e a existência de harmonia e O artigo 1º da CF, após denir o pacto federativo, traz os As emendas de revisão decorreram da determinação tra-
independência entre o Legislativo, Executivo e Judiciário fundamentosda República Federativa do Brasil que são os zida pelo art. 3º do ADCT, que impunha a feitura de uma
constavam expressamente do texto de 1946. seguintes: I – Soberania; II – Cidadania; III – Dignidade da pes - revisão constitucional após cinco anos da promulgação
Em relação aos direitos e garantias, a inovação trazida soa humana; IV- Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa da Constituição Federal de 1988. No total tivemos seis
por essa Constituição foi o atualmente conhecido como e V – Pluralismo político. emendas de revisão. Atualmente não é mais possível
princípio da inafastabilidade da jurisdição (Art. 141, § 4º Os fundamentos equivalem aos principais valores e diretrizes editá-las. Para modicar a Constituição é necessária a
da CF de 1946 “A lei não poderá excluir da apreciação adotados pelo Estado brasileiro. Com base neles é que a feitura de emenda constitucional propriamente dita, res-
do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual”). Constituição Federal de 1988 foi produzida. Sem sombra de peitando as formalidades previstas no art. 60.
Também foi reintroduzido
dado de segurança no popular.
e a ação texto constitucional o man- edúvidas,
é o quepodemos dizer
diz respeito que um fundamento
à dignidade da pessoa de grande relevo
humana. Aderegra trazida
atualizar, pelo artigo
adaptar a nova3º do ADCT tevenoporquenalida
Constituição fosse-
Importante assunto que deve ser lembrado no estudo da A soberania é uma qualidade do Estado independente. Fala-se preciso. Vale a observação de que as formalidades exi-
Constituição de 1946 é a introdução do duplo sistema de em soberania externa e interna. A primeira refere-se à repre- gidas para a edição das emendas de revisão eram mais
controle de constitucionalidade (controle difuso e concen- sentação dos Estados em âmbito internacional. A segunda é brandas do que as que se exigem para a aprovação das
trado). determinada pela demarcação da supremacia do Estado em emendas constitucionais propriamente ditas.
Essa Constituição conseguiu se manter até 1967, mesmo relação aos seus cidadãos.
com o golpe militar (decorrente das imposições de atos A cidadania é fruto do Estado Democrático de Direito. ELEMENTOS DA
institucionais), ocorrido em 1964. CONSTITUIÇÃO
ESTRUTURA DA
6ª Constituição do Brasil – CONSTITUIÇÃO DE 1967 CONSTITUIÇÃO A nossa Constituição Federal trata de diversos assuntos.
Em decorrência das inúmeras e substanciais modica- Com a nalidade de sistematizar e de organizar esses
ções trazidas pelos atos institucionais, realmente passou FEDERAL DE 1988 assuntos, a Constituição uniu matérias ans e, a partir
a ser insustentável a manutenção de uma Constituição É composta pelo preâmbulo, pelas disposições permanentes, dessa união, foram contemplados doutrinariamente os
que apresentava uma estrutura incompatível com essas pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, pelas elementos da Constituição. O Prof. José Afonso da Silva
modicações. Emendas Constitucionais de Revisão e pelas Emendas Cons- é quem melhor faz a divisão clássica. Tendo por base a
Ocorre que existia um problema: o Congresso Nacional titucionais propriamente ditas. divisão feita por esse autor, podemos falar que os grupos
se encontrava fechado, tornando dicultosa a elaboração O Preâmbuloé a parte introdutória da Constituição. Contém de elementos são:
de nova Constituição. a enunciação de princípios que indicam a posição ideológica a) Elementos orgânicos – contemplam as normas es-
Para que esse problema fosse sanado, os militares edita- do constituinte; antecede o artigo 1º da CF. Pela leitura do truturais da Constituição. Englobam as normas de orga-
ram o ato institucional nº 4, convocando os membros do preâmbulo visualizamos um resumo do sistema constitucional nização do Estado, organização do poder, o orçamento
congresso (que eram apenas aliados do governo, porque brasileiro. Vale a informação de que ele, assim como qualquer público e a tributação, as forças armadas e a segurança
os que de
janeiro assim
1967não fossem eram
foi promulgada cassados)
a nova e em 24 de
Constituição. outra norma integrante da Constituição, foi votado e reetiu a pública.
tulos II eOsIII temas
do títulomencionados se encontram
V e nos títulos nosnossa
III, IV e V da capí-
Há quem diga que, embora tenha sido votada, esse pro- vontade da maioria dos integrantes da Assembléia Nacional Constituição Federal.
cesso tinha sido ilegítimo, não democrático, porque os Constituinte. b) Elementos limitativos – como o próprio nome men-
integrantes do Congresso não possuíam autonomia para O preâmbulo deve ser utilizado pelos aplicadores do Direito e ciona, são normas que existem para limitar o poder de
alterar substancialmente o texto já preparado pelos mili- por aqueles que fazem as leis como instrumento de interpreta- atuação do Estado. As normas que denem os direitos
tares. Dessa forma, não poderíamos tratá-la como uma ção das normas constitucionais. Segundo o Prof. José Afonso e garantias fundamentais são as que melhor limitam o
Constituição promulgada e sim como outorgada, ou seja, da Silva, o preâmbulo é um elemento formal de aplicabilidade. poder, pois, ao enunciar determinada direito a alguém,
imposta. Verica-se, no preâmbulo, o nome de Deus. Poderíamos pen- implícita e automaticamente há o comando, impondo ao
Suas principais características foram as seguintes: cen- sar: como um Estado leigo ou laico, conforme determina o art. Estado o dever de não invadir aquele direito constitucio-
tralização dos poderes nas mãos do Presidente da Repú- 19, I da CF, pode avocar o nome de Deus no texto constitucio- nalmente previsto. A exceção se dá em relação aos direi-
blica; diminuição dos direitos individuais, sendo possível nal? Não há problema, pois a invocação ao nome de Deus no tos sociais, porque eles exigem prestações do Estado e
até a suspensão desses direitos na hipótese de abuso; preâmbulo, apenas reconhece sua existência, mas não indica não possuem somente o mero caráter limitador do even-
existência de um conselho de segurança nacional etc. que há uma religião ocial adotada pelo país. Essa invocação tual exercício arbitrário do poder. Os elementos limitativos
Essa Constituição perdurou até 1969, quando então foi decorre das tradições brasileiras e de países que adotam contemplam as normas que tratam dos direitos individu-
elaborada outra. Constituições escritas. ais e coletivos, direitos políticos e direito à nacionalidade,
É importante saber que já tivemos várias Constituições e ape- todas encontradas no título II da Constituição Federal.
“7ª Constituição do Brasil” – Emenda Constitucional nas a de 1891 e a de 1937 que não trouxeram o nome de Deus c) Elementos sócio-ideológicos – são aqueles que
nº 1 de 1969 ou “CONSTITUIÇÃO DE 1969” no preâmbulo. denem ou demonstram a ideologia adotada pelo texto
Parte da doutrina sustenta que a Emenda Constitucio- A grande questão é: o preâmbulo tem força normativa? constitucional. As normas que compõem os elementos
nal nº de 1969, embora tenha tido esse nome, possuía A doutrina majoritária sempre sustentou que, por fazer parte sócio-ideológicos são as que tratam dos direitos sociais,
natureza de uma verdadeira Constituição, pois os gover- da Constituição e por ter sido votada como todas as outras as integrantes da ordem econômica e nanceira e a or-
nantes que a subscreveram não tinham legitimidade para normas constitucionais, teria sim força normativa. dem social. Encontramos essas normas no capítulo II do
tanto, caracterizando, assim, verdadeiro Poder Consti - Outra
mente parte da doutrina
irrelevante; sustenta que
é considerado o preâmbulo
apenas é juridica-
uma manifestação título III e nos títulos VII e VIII da Constituição Federal.
tuinte Originário. política. d) Elementos de estabilização constitucional – as nor-
De outro lado, há aqueles que sustentam que se trata Uma terceira corrente diz que o preâmbulo tem relevância de mas que se encontram nessa divisão são as que visam à
apenas de uma emenda à Constituição vigente. É bom forma indireta, pois, embora traga princípios relevantes, não superação dos conitos constitucionais, ao resguardo da
que saibamos que essa posição foi a adotada pela Cons- possui aplicabilidade autônoma. estabilidade constitucional, à preservação da supremacia
tituição de 1988. O artigo 34 do Ato das Disposições O Supremo Tribunal Federal já analisou essa questão e não da Constituição, à proteção do Estado e das instituições
Constitucionais Transitórias conrma o exposto. reconheceu a força normativa do preâmbulo. Mencionou que democráticas e à defesa da Constituição. Citamos, como
Essa emenda constitucionalizou os atos institucionais im- ele apenas reete a posição ideológica do constituinte. Vejam exemplo, as normas que tratam da intervenção federal,
postos pelos militares. Um dos mais marcantes foi o AI nº o julgado “Preâmbulo da Constituição: não constitui norma estadual (artigos 34 a 36 da CF), as normas que tratam
5 que previa a possibilidade de o Presidente baixar atos central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma dos estados de sítio e de defesa e as demais integran-
complementares que visassem a sua execução, decretar de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo, tes do título V da CF, com exceção dos capítulos II e II,
o recesso do Congresso Nacional, cassar mandatos e potanto, força normativa”. (ADI 2.074, Rel. Min. Carlos Velloso, porque eles integram os elementos orgânicos, as normas
suspender direitos políticos por 10 anos. DJ 08/08/03)” que tratam do controle de constitucionalidade e ainda as
Nessa época foi estabelecida uma fase de instabilidade que cuidam do processo de emendas à Constituição.

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e) Elementos formais de aplicabilidade – formais por- sil, a única Constituição que tivemos classicada como semi- nova Constituição) retira essa característica do poder
que não contém conteúdo material e de aplicabilidade, rígida foi a 1824. O art. 178 desta Constituição fundamentava constituinte srcinário. Ele rompe integralmente a ordem
porque servem para auxiliar a efetiva aplicação das nor- seu caráter semi-rígido. jurídica precedente.
mas constitucionais. São normas orientadoras, como o 5. Quanto à extensão as Constituições podem ser classi- A autonomiado poder constituinte de primeiro grau é
preâmbulo da Constituição. Embora não vincule o legisla- cadas em: marcada pela opção do seu titular em escolher o conteú-
dor infraconstitucional e nem o intérprete da Constituição, a) concisas –são as Constituições sucintas, pequenas. Cui- do da nova Constituição. Aquele a quem incumbir o exer-
informam-nos, direcionam-nos na correta aplicação e dam apenas de regras gerais, estruturais do ordenamento cício do poder determinará as regras autonomamente.
interpretação das normas constitucionais. jurídico estatal. O melhor exemplo é a norte-americana, que É também incondicionadoporque esse poder, durante
Também se encontram nessa categoria as normas con- contém apenas 7 artigos e 26 emendas. Essas Constituições seu efetivo exercício, não encontra condições, limitações,
tidas no ADCT (Ato das Disposições Constitucionais geralmente são mais estáveis que uma Constituição prolixa. regras preestabelecidas pelo ordenamento jurídico ante-
Transitórias) e o parágrafo primeiro do artigo 5º da Cons- A norte-americana é de 1787, já conta com mais de 200 anos rior.
tituição Federal. e foi emendada apenas 26 vezes. Só para aclarar o assunto, Sua ilimitabilidade , defendida pelos positivistas e não
Link Acadêmico 4 a nossa Constituição atual, de 1988, com apenas 20 anos, já pelos jusnaturalistas, se caracteriza pelo fato de o poder
foi emendada 62 vezes (6 emendas de revisão e 56 emendas ter a possibilidade de desconsiderar de maneira completa
constitucionais). o ordenamento constitucional anterior. Por exemplo, se o
CLASSIFICAÇÕES DAS b) prolixas –são as Constituições longas, numerosas. Essas ordenamento preexistente trazia, entre suas regras, cláu-
Constituições não se restringem a tratar somente de normas sulas pétreas, a nova ordem constitucional não precisará
CONSTITUIÇÕES materialmente constitucionais, normas estruturais, de organi- respeitá-las.
As classicações visam à melhor compreensão da Cons- zação do poder, de funcionamento do Estado, cuidam de as- Os jusnaturalistas pensam de maneira diversa, por de-
tituição como um todo. Vejamos as mais relevantes: suntos diversos, que poderiam certamente estar dispostos em fender que existem direitos que são inerentes ao ser hu-
legislações infraconstitucionais. Exemplo: Constituição mano, portanto não poderiam ser suprimidos nem mesmo
1. Quanto à forma as Constituições podem ser clas- Federal de 1988. por meio de uma nova Constituição. Eles decorrem do
sicadas em:
direito natural e não do direito positivo.
a) escritas– aquelas sistematizadas num único texto, 6. Quanto ao conteúdo as Constituições podem ser clas- Poder constituinte derivado
criada por um órgão constituinte. Esse texto único é a sicadas em: O poder derivado, também denominado de instituído
a) materiais– relacionam-se ao conteúdo criado para ser tra- ou de 2º grau, como seu nome indica, decorre de algo.
única fonte formal do sistema constitucionalista. Exemplo: tado especicamente numa Constituição. São normas que cui- Fundamenta-se no poder que o criou e dele decorre: é o
Constituição Federal de 1988. dam de matéria constitucional. A matéria constitucional geral- constituinte srcinário.
b) não escritas– aquelas cujas normas não estão siste- mente gira em torno do poder. Exemplicando, as normas que Diferente do poder constituinte srcinário, o derivado é
matizadas e codicadas num único texto. São baseadas organizam o poder, que organizam o Estado e as que tratam limitado, condicionado às normas preestabelecidas por
em textos esparsos, jurisprudências, costumes, conven- dos direitos e garantias individuais são normas materialmente aquele que o criou e não tem autonomia. É divido em: po-
ções, atos do parlamento etc. Há várias fontes formais do constitucionais. Um exemplo de norma que, embora prevista der constituinte derivado reformador e poder constituinte
direito constitucional no país de Constituição não escrita. na CF de 1988, não tem conteúdo materialmente constitucional derivado decorrente. Vejamos cada um deles.
A Constituição Inglesa é um exemplo de Constituição não é o artigo 242, §2º da CF, que dispõe que o Colégio Pedro II, a) Poder constituinte derivado reformador
escrita. localizado no Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. Depende, necessariamente, da existência do constituinte
2. Quanto ao modo de elaboração as Constituições b) formais– indicam o conjunto de regras dispostas formal- srcinário, porque dele deriva e é a ele subordinado. Tem
podem ser classicadas em:
mente na Constituição escrita. O fato de estarem alocadas na por nalidade a reforma, a alteração do texto constitucio-
a) dogmáticas– a Constituição dogmática necessaria- Constituição escrita dá a elas a força de norma constitucional. nal. Faz isso por meio de um procedimento especíco,
São regidas pelo princípio da supremacia constitucional. determinado previamente pelo seu criador.
mentepressupõem
critas é uma Constituição escrita.
a aceitação As Constituições
de dogmas es-
ou de opiniões 7. Quanto à estrutura as Constituições podem ser classi- O
da procedimento mencionado
Constituição Federal. vem de
Por meio previsto no artigo
emendas à Cons60-
sobre a política do momento. Exemplo: Constituição Fe - cadas em: tituição o poder constituinte derivado reformador será
deral de 1988. a) Constituição-garantiaa –nalidade principal dessa Cons- exercido.
b) históricas ou costumeiras – diferentemente das tituição é resguardar direitos. Geralmente é composta das Ressalta-se que o parágrafo quarto do artigo 60 da Cons-
Constituições dogmáticas, que sempre são escritas, as matérias que giram em torno da organização do poder e do tituição Federal traz as chamadas cláusulas pétreas ou
Constituições históricas devem ser não escritas. Resul- Estado e de direitos que têm a função de limitar o poder. núcleo material intangível, que são matérias que não
tam da formação histórica, dos fatos sociais, da evolução b) Constituição programáticasão – as Constituições que podem ser suprimidas nem mesmo por meio do procedi-
das tradições. O exemplo de Constituição não escrita contêm, em seu bojo, programas de governo a serem efetiva- mento das emendas constitucionais.
que também é um exemplo de constituição histórica, é a mente concretizados. Além disso, há previsão expressa na Constituição, trazi -
Constituição Inglesa. da pelo poder constituinte srcinário, proibindo a edição
A Constituição Federal de 1988 é classicada em:
3. Quanto à srcem as Constituições podem ser clas-- escrita, dogmática, promulgada ou democrática, rígida, de emendas constitucionais na vigência de intervenção
sicadas em:
federal ou dos estados de exceção (estado de sítio e es-
a) outorgadas –aquelas elaboradas e impostas por uma prolixa, formal, garantia e programática. tado de defesa).
pessoa ou por um grupo, sem a participação do povo. As O poder constituinte derivado reformador também pôde
Constituições outorgadas, na verdade, devem ser deno- PODER ser exercido por meio de emendas de revisão, conforme
disposição trazida pelo art. 3º do Ato das Disposições
minadas de Carta Constitucional e não de Constituição,
pois a primeira denominação é a que corretamente de-
CONSTITUINTE Constitucionais Transitórias.
signa a srcem outorgada. A segunda nomenclatura diz Esse poder sofre limitações ou condicionamentos impos-
respeito àquelas Constituições que tiveram como srcem Um conceito simples e de muito conteúdo de poder constituinte tos pelo srcinário, que podem ser das seguintes ordens:
a democracia e foram promulgadas. Vale lembrar que é o adotado pelo Prof. Celso de Mello - “Poder constituinte é a procedimentais ou formais; circunstanciais; temporais e
muitos doutrinadores tratam essas expressões, carta e expressão da suprema vontade política do povo, social e juri - materiais.
Constituição, como sinônimas, embora não o sejam. As dicamente
Toda organizado.”
e qualquer Constituição é fruto de um poder maior do Limitações
nadas procedimentais
com a iniciativa oudoformais:
e a tramitação Estão
projeto derelacio-
emen-
Constituições outorgadas que tivemos no Brasil foram as que os poderes que ela própria institui. Por exemplo, citamos da constitucional. Aqueles que podem iniciar o projeto de
seguintes: Constituição do Império de 1824 (o correto é os poderes executivo, legislativo e judiciário, todos consti tu- emenda constitucional se encontram no art. 60 da CF,
Carta de 1824); Carta de 1937 (Vargas) e Carta de 1967 ídos pela Constituição. Esses, embora denominados dessa conforme já mencionado acima.
(ditadura militar). Há ainda aqueles que sustentam que a forma, têm menos força que o poder que os instituiu, que é Limitações Circunstanciais: São as limitações decor -
Emenda Constitucional n. 1/1969 deve ser considerada o constituinte.Esse último necessariamente terá um titular e rentes dos estados de exceção (estado de sítio ou de
uma verdadeira Constituição outorgada, imposta pelo será composto por aqueles que irão exercitar o poder, sempre defesa) por conta da instabilidade institucional e, ainda,
Comando Militar. em nome do seu titular. as existentes durante a intervenção federal. Nesses pe-
b) promulgadas, populares ou democráticas aquelas
– Prevalece na doutrina o entendimento de que o povo é o seu ríodos a tramitação das propostas de emenda ca sus-
advindas de uma assembléia constituinte composta por verdadeiro titular. Esse posicionamento é respaldado pelo pa- pensa e pode haver nova proposta. O §1º do art. 60 trata
representantes do povo. A elaboração se dá de maneira rágrafo único do artigo 1º da CF, que dispõe que “Todo o poder desse assunto.
consciente e livre, diferentemente das Constituições ou- emana do povo,que o exerce por meio de representantes Limitações Temporais: Durante certo tempo, após a
torgadas, que são criadas de forma imposta. eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. vigência da Constituição, são vedadas alterações em
c) cesaristas, plebiscitárias, referendárias ou bo- Não podemos confundir titularidade e exercício do poder. O ti- seu texto. O art. 174 da Constituição do Império trazia
napartistas– são aquelas Constituições que, embora tular, como já mencionado, será sempre o povo. Já o exercente uma determinação dessa ordem; vedava qualquer mo-
elaboradas de maneira unilateral, impostas, após a sua poderá ser uma Assembléia Constituinte (que é um órgão cole- dicação de seu conteúdo, pelo período de quatro anos
criação, são submetidas a um referendo popular. Essa giado) ou um grupo de pessoas que se invistam desse poder. contados da data de sua vigência.
participação do povo não pode ser considerada democrá- Essa distinção estará diretamente relacionada ao processo de O art. 60, §5º, da nossa atual Constituição estabelece
tica, pois apenas tem a nalidade de conrmar a vontade positivação da Constituição. No primeiro caso, a Constituição que a matéria constante de proposta de emenda rejei-
daquele que a impôs. advirá de uma convenção (votação); no segundo, de uma ou- tada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
4. Quanto à estabilidade as Constituições podem ser torga (imposição). nova proposta na mesma sessão legislativa. Há quem
Poder constituinte srcinário sustente que essa previsão pode ser considerada como
classicadas em:
a) Rígidas –aquelas alteráveis somente por um processo O poder constituinte srcinário, genuíno ou de primeiro grau uma limitação temporal. Ocorre que outra parte da dou-
mais solene, mais dicultoso do que o processo de elabo- é aquele que cria a primeira Constituição de um Estado ou a trina menciona que, na verdade, trata-se de limitação
ração das demais normas jurídicas. O exemplo que pode- nova Constituição de um Estado. No primeiro caso é conhe- procedimental.
cido como poder constituinte histórico. Tem a função de ins- Limitações Materiais: são a) vericadas em razão da
mos dar é a Constituição Federal de 1988. Em seu artigo taurar e estruturar, pela primeira vez, o Estado. No segundo, matéria. O art. 60, §4º da CF indica quais matérias não
60 encontramos o fundamento da rigidez constitucional. é conhecido como poder constituinte revolucionário, porque podem ser objeto de emenda constitucional, ou seja, não
b) Flexíveis –aquelas modicáveis livremente pelo legis- rompe a antiga e existente ordem jurídica, de forma integral, poderão sequer ser deliberadas, pois fazem parte do nú-
lador, observando-se o mesmo processo de elaboração e instaurando a nova ordem. cleo intangível da Constituição. As cláusulas pétreas lá
modicação das leis. Em ambos os casos o poder constituinte impõe uma nova or- previstas são as seguintes: forma federativa de Estado;
c) Semi-rígidas –aquela Constituição que possui uma dem jurídica para o Estado. voto direto, secreto, universal e periódico; separação de
parte rígida e outra exível. A parte rígida será alterável Estudaremos as principais características desse poder. poderes e direitos e garantias individuais.
por um processo mais dicultoso do que o das demais É inicial porque não se fundamenta em outro poder que o O que parece claro com a leitura do §4º do art. 60 é que
normas jurídicas e a parte exível alterável pelo mesmo antecede. Nem mesmo a existência de um ato convocatório a ampliação dos direitos protegidos pela cláusula pé-
processo de elaboração e modicação das leis. No Bra- (Assembléia Constituinte para deliberar a respeito de uma trea é possível, pois o que é vedado expressamente é

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a supressão. Como exemplo, lembramos que a Emenda Constituição, mas com status de legislação infraconstitucional há grande intervenção do Estado no mundo privado, é co-
Constitucional nº 45 de 2004 incluiu, no rol de incisos do (seria recebida como se fosse lei). nhecido como liberal e, quando a intervenção é pequena,
artigo 5º da Constituição Federal, um novo direito funda - O fenômeno da desconstitucionalização tem srcem francesa. fala-se em constitucionalismo social.
mental, a razoável duração do processo no âmbito judicial É um instituto pouco usado na prática. No Brasil, atualmente, 2º - A segunda concepção da expressão constitucionalis-
e administrativo. não utilizamos esse instituto porque, em regra, a edição de mo teve srcem numa reação contra o Estado absolutista
A dúvida que surge é: pode uma emenda constitucional uma nova Constituição produz o efeito de revogar, por inteiro, da Idade Moderna, por volta do nal do século XVIII. A
que incluiu um direito fundamental ser revogada por ou- a antiga Constituição. Revolução Francesa também é considerada um marco
tra que suprima tal direito? Existe discussão na doutrina A doutrina majoritária, porém, entende que, excepcionalmente, aqui. A idéia era frisar que a Constituição, além de es -
quanto a essa possibilidade. se a nova Constituição contiver expressa alusão à ocorrência tabelecer regras sobre organização do Estado, do poder,
Segundo parte da doutrina, a supressão é possível, por- desse fenômeno, ele poderá acontecer, já que o Poder Consti- deveria fazer uma necessária modicação política e so-
que a inclusão de cláusulas pétreas somente podem ser tuinte Originário é, em regra, ilimitado. Já ocorreram casos de cial, orientando as ações políticas e tendo atuação direta.
feitsa por meio do poder constituinte srcinário. desconstitucionalização em nosso ordenamento (vide art. 147 A partir desse momento veio à tona o termo supremacia
Ocorre que outra parte sustenta que a nova emenda não da CESP de 1967) constitucional. A partir dessa concepção, passou a ser
poderia suprimir um direito fundamental trazido por outra. necessária a criação de Constituições escritas, de srcem
O argumento para tanto é que, ao incluir um direito no rol Repristinação:É o fenômeno jurídico pelo qual se restabele- popular, para efetivamente limitar o poder, organizar o Es -
dos direitos fundamentais, não mais seria possível extraí- ce a vigência de uma lei revogada pela revogação da lei dela tado e garantir a proteção dos direitos individuais.
lo, porque já estaria acobertado pelo manto da cláusula revogadora.
pétrea. O instituto da repristinação interessa não apenas ao direito DIREITOS E GARANTIAS
b) Poder constituinte derivado decorrente constitucional, mas ao direito como um todo. Terá ligação com
Segundo Prof. Marcelo Novelino o poder derivado decor- o direito constitucional se estiver associado ao instituto da re- FUNDAMENTAIS
rente é conferido a cada Estado-membro de uma federa-
ção para elaborar sua Constituição própria. O surgimento
cepção.
Vamos ao exemplo: imaginemos 3 constituições. A Constitui -
ASPECTOS GERAIS
de uma nova Constituição no âmbito federal suscita a ção “A”, a Constituição “B” e a Constituição “C”. A primeira é O primeiro destaque a ser dado nesse capítulo é de que
necessidade de os Estados-membros recriarem suas a mais antiga. A Constituição “A” determinou que o assunto X, o guardião da Constituição, Supremo Tribunal Federal, já
Constituições estaduais, com o m de se adaptar à nova garantido por ela, fosse disciplinado por lei infraconstitucional. armou que os direitos e garantias fundamentais não se
realidade e obedecer ao princípio da simetria. A Constitui- Na época, sobreveio a lei disciplinando o assunto X. Após, foi esgotam no artigo 5º da lei maior. Podem ser encontrados
ção da República estabelece que os Estados-membros editada a Constituição “B”. Ela não mais tratou do assunto em diversos dispositivos inseridos na Constituição.
regem-se pelas constituições que adotarem (art. 25), ela- X, portanto a lei editada na vigência da Constituição “A”, que Segundo o § 2º do art. 5º da CF “Os direitos e garantias
boradas pelas respectivas Assembléias Legislativas com serviria para regulamentar o assunto X, não foi recepcionada expressos nesta Constituição não excluem outros decor-
poderes constituintes (ADCT, art. 11). (foi revogada) pela Constituição “B”. Passado algum tempo, a rentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos
Link Acadêmico 5 Constituição “C” foi editada. Essa Constituição voltou a prever tratados internacionais em que a Republica Federativa do
o assunto X. Nesse caso, a lei que regulamentava o assunto Brasil seja parte”. Essa disposição apenas conrmou um
X, editada na vigência da Constituição “A”, seria restabelecida entendimento que já vinha sendo adotado pelo Supremo
DIREITO INTERTEMPO- pela nova Constituição “C” simplesmente pelo fato de ela pre- Tribunal Federal, ou seja, o rol dos direitos fundamentais
RAL CONSTITUCIONAL ver novamente o assunto X? A resposta é: COMO REGRA,
não. No ordenamento jurídico brasileiro, não há repristinação
é não exaustivo.
Um exemplo de direito fundamental não encontrado no
Recepção automática. Se o legislador, por ventura, quiser restabelecer a art. 5º da CF é o princípio da anterioridade tributária. Essa
Desconstitucionalização vigência de uma lei anteriormente revogada por outra terá de determinação foi dada pelo Supremo Tribunal Federal na
fazer expressamente. ação direta de inconstitucionalidade nº 939, ajuizada pela
Repristinação Vacatio Constitucionis: Consiste no período de transição en- Confederação Nacional
“Vacatio Constitucionis”
Mutação Constitucional tre uma Constituição e outra. É o tempo que poderá transcorrer Outra observação logo dos Trabalhadores
no início é a de que no os
Comércio.
direitos
entre a publicação da norma constitucional e sua vigência. A fundamentais são gênero do qual são espécies direitos
“vacatio constitucionais” pode ou não ocorrer. Normalmente, a individuais, direitos sociais e direitos políticos.
Recepção:é o fenômeno jurídico pelo qual se resguarda vigência da Constituição começa a partir da sua publicação e, O gênero, direitos fundamentais, é tratado pela doutrina,
a continuidade do ordenamento jurídico anterior e inferior se assim o for, não haverá essa “vacatio”. ora com uma nomenclatura, ora com outra nomenclatu-
à nova Constituição, desde que se mostre compatível Mutação Constitucional: O fenômeno da mutação consti- ra. É relevante, portanto, que se saiba quais são essas
materialmente com seu novo fundamento de validade, a tucional informal ocorre quando, embora não haja alteração nomenclaturas. As expressões: direitos públicos subje -
nova Constituição. ou modicação substancial física do texto constitucional, há tivos, liberdades públicas, direitos humanos, direitos do
Acompanhem o exemplo: é sabido que o fundamento mudança na interpretação de determinado instituto previsto homem, entre outras, são alguns dos exemplos de no-
de validade de uma lei é a Constituição vigente. Dessa na Constituição. Trata-se de alteração de signicado e não da menclaturas utilizadas pela doutrina ao tratar dos direitos
forma, imaginemos que tenha sido editada uma lei na norma escrita. O texto constitucional continua intacto. O que é fundamentais.
época em que vigia a Constituição de 1969. A essa lei foi modicado é a forma de interpretá-lo. Dentro do estudo dos direitos fundamentais, daremos
atribuído o número 5.869/73. Para que a lei mencionada especial atenção ao estudo dos direitos individuais e
fosse considerada válida, necessariamente, teria de estar
em conformidade com a Constituição de 1969, pois este
EFICÁCIA JURÍDICA DAS dos direitos políticos e introduziremos aspectos relevan-
era seu fundamento de validade. Em 1988, foi promulga- NORMAS CONSTITUCIONAIS tes dos direitos sociais. O aprofundamento deste último
da uma nova Constituição, a Constituição da República normalmente é realizado quando do estudo do Direito do
Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Pergunta- Ecácia jurídica é a aptidão que as normas têm para produzi - Trabalho.
se: a Lei nº 5.869/73 continuou vigente, mesmo após a rem efeitos no mundo jurídico. Essa ecácia, por vezes, será Na Constituição Federal, os direitos fundamentais estão
promulgação de uma nova Constituição? A resposta é: graduada, conforme a classicação das normas constitucio - dispostos no título II da seguinte maneira: 1º Capítulo tra -
depende. Se essa lei for materialmente compatível com a nais. ta dos direitos individuais e coletivos (artigo 5º); 2º Capí -
nova Constituição, sim, ela será preservada e passará a Classicação das Normas Constitucionais: tulo trata dos direitos sociais (artigos 6º a 11); 3º Capítulo
ter um novo fundamento de validade, que é a Nova Cons- Segundo
dem estaecácia
possuir teoria plena,
clássica, as normas
contida constitucionais po-
e limitada. tratadireitos
dos da nacionalidade (artigos1312
políticos (artigos e 13);
a 16) e o 4º
5º Capítulo trata
tituição. Se a lei editada à época da vigência da antiga As de ecácia plena são aquelas que produzem todos os seus dos partidos políticos (artigo 17).
Constituição se mostrar materialmente incompatível com efeitos jurídicos imediatamente. Não dependem da interpo- Direitos fundamentais e suas gerações
a nova Constituição ela não será recepcionada. sição do legislador para que possam efetivamente produzir Fala-se na doutrina em gerações ou dimensões dos direi-
A lei a que referimos no exemplo acima é o nosso atu- efeitos. tos fundamentais. Isso se deve ao fato de o nascimento
al Código de Processo Civil. O CPC é de 1973 a nossa Já as normas de ecácia contida são aquelas que, a princí - desses direitos ter se dado ao longo do tempo, de forma
Constituição é de 1988. Na época em que foi promulgada pio, produzem a integralidade de seus efeitos até que outra gradativa.
a Constituição de 1988, ocorreu o fenômeno da recepção norma infraconstitucional sobrevenha e limite a produção de Cada dimensão comporta certos direitos, mas uma não
em relação a todos os dispositivos do CPC que se mos- seus efeitos. exclui a outra. Esses direitos se somam e convivem de
traram materialmente compatíveis com ela. As últimas, normas de ecácia limitada, são aquelas que, para forma harmônica.
Outra lembrança relevante no tocante ao fenômeno da produzirem seus efeitos, dependem da atuação do legislador Os direitos previstos nas primeiras gerações já estão se-
recepção é o fato de, após a promulgação da Consti- infraconstitucional, dependem de regulamentação. dimentados, consolidados no ordenamento. Já os advin-
tuição, serem editadas emendas constitucionais. As leis Para completar trazemos a informação de que estas últimas dos das últimas gerações ainda são objeto de discussões
também devem guardar relação de compatibilidade ma- normas que analisamos se subdividem em programáticas e dúvidas por parte da doutrina, justamente pelo fato de
terial com o disposto nas emendas constitucionais? Sim, e de princípio institutivo. Estas são as que fazem a previsão inovarem certos aspectos ainda não cristalizados na so-
necessariamente, as leis promulgadas antes ou mesmo da existência de um órgão ou instituição, mas só passariam a ciedade.
depois da edição da Constituição devem ser material- existir no plano da realidade, após a atuação do legislador in - Segundo grande parte da doutrina, a classicação das
mente compatíveis tanto com as normas advindas do fraconstitucional, quando da feitura da lei pertinente; aquelas, gerações dos direitos fundamentais ou humanos pode
poder constituinte ordinário quanto das decorrentes de programáticas, são as que trazem em seu corpo programas ser resumida da seguinte forma:
emendas constitucionais. O fundamento para isto é que a serem, necessariamente, concretizados pelos governantes. - 1ª Geração:consubstancia-se fundamentalmente nas
as emendas constitucionais, como o próprio nome indica, Os exemplos que se seguem são: artigos 211; 215; 226, §2º da liberdades públicas. A nalidade dessa dimensão foi
têm natureza de normas constitucionais. Estão, junta- CF – normas programáticas; artigos 25, §3º; 43, §1º; 224 entre limitar o poder de atuação do Estado, impondo a ele o
mente com as
da pirâmide de demais
Kelsen. normas da Constituição, no ápice outros da CF - normas de princípio institutivo. dever de não intervenção, de abstenção. As revoluções
O princípio que fundamenta a utilização do fenômeno da francesas e norte-americanas inuenciaram e muito no
recepção é o princípio da continuidade das normas. CONSTITUCIONALISMO surgimento dos direitos individuais. Os direitos políticos
também se encontram nessa dimensão.
Desconstitucionalização: Tradicionalmente a doutrina faz uso da expressão constitucio- - 2ª Geração:a revolução industrial européia, ocorrida no
Segundo o Professor Cássio nalismo ou movimentos constitucionais em mais de um senti- século XIX, pode ser tida aqui como um marco. Valores
Juvenal Farias, “A teoria da desconstitucionalização ar - do. Vejamos os dois mais comuns: ligados à igualdade eram prestigiados. As lutas trabalhis -
ma a possibilidade de que normas apenas formalmente 1º - Utilizado para denir a ideologia que arma que o poder tas, visando a melhores condições também. Isso tudo fez
constitucionais da constituição anterior, não repetidas e político deve necessariamente ser limitado, para que efetiva- com que necessariamente fossem assegurados os cha-
nem contrariadas pela nova, sejam por esta recepciona- mente sejam garantidos e prestigiados os direitos fundamen- mados direitos sociais.
da, como leis ordinárias, em um processo de “quebra” tais. Nesse primeiro sentido, o constitucionalismo é consi - - 3ª Geração:a partir da concepção de que o indivíduo faz
ou “queda” de hierarquia, A antiga Constituição seria, derado uma teoria normativa da política. A doutrina divide-o parte de uma coletividade e que necessita, para a própria
valendo-nos do fenômeno da desconstitucionalização, em constitucionalismo social e liberal, com base na maior ou subsistência, de um ambiente saudável e equilibrado.
recebida pelo novo ordenamento, ou seja, pela nova menor intervenção do Estado nos interesses privados. Quando

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Link Acadêmico 6 direito absoluto. Na crise advinda no confronto entre dois ou Embora o remédio heróico possa ser impetrado por qual-
mais direitos fundamentais, ambos terão de ceder. Às vezes, quer pessoa, justamente pela relevância do bem jurídico
Diferenças entre direitos, remédios e garantias será necessário fazer prevalecer um em detrimento do outro, protegido, a nomenclatura recomendada quando do seu
Direitos, garantias e remédios são espécies do gênero naquela situação especíca. O exemplo comum dado pela ajuizamento.
direito fundamental, conforme já mencionado anterior- doutrina é o choque entre a liberdade de informação e o direito Legitimidade
mente. Segundo Rui Barbosa, “os direitos declaram di- à vida privada. Até que momento a imprensa, a informação jor- Tem legitimidade ativa para tanto qualquer pessoa. Nem
reitos”; têm, portanto, natureza declaratória. As garantias, nalística, deve ser prestigiada em detrimento da vida privada? sempre ele será o beneciário do pedido. Poderá ser ou
diferentemente dos direitos, têm natureza assecuratória Esse é um dos grandes questionamentos doutrinários e juris- não. Se interpuser o pedido em seu nome, será, a um só
(são instrumentos para tutelar o direito). Já, os remédios, prudenciais. Somente após análise do caso concreto é possí- tempo, impetrante e paciente.
são instrumentos de caráter processual, consubstancia- vel fazer apontamentos mencionando o que deve prevalecer. O beneciário do pedido é chamado de paciente, ou
dos em espécies do gênero garantia. * Cumulatividade ou concorrência dos direitos fundamen- seja, é aquele que está sendo privado ou ameaçado em
Segundo o Prof. José Afonso da Silva, “os remédios atu- tais – signica que os direitos fundamentais não se excluem, sua liberdade de locomoção. Liberdade esta considerada
am precisamente quando as limitações e vedações não na verdade se somam. Para o exercício de um não é neces- direito fundamental, constitucionalmente resguardado por
forem bastantes para impedir a prática de atos ilegais e sário que o outro seja eliminado. Como o próprio nome da ca- cláusula pétrea.
com excesso de poder ou abuso de autoridade. São, pois, racterística indica, esses direitos são cumuláveis, podem ser Legitimidade passiva: impetradoou autoridade co-atora.
espécies de garantias, que, pelo seu caráter especíco exercidos de forma simultânea. Há duas espécies de “habeas corpus”, segundo a dou-
* Irrenunciabilidade – signica que ninguém pode recusar, trina majoritária: 1º “habeas corpus” preventivo ou salvo
edios,
poresua funçãoconstitucionais,
remédios saneadora, recebem
porqueoconsignados
nome de remé-
na abrir mão de um direito fundamental. O exercício desses direi- conduto e 2° “habeas corpus” repressivo ou liberatório.
Constituição.” tos pode não ser efetivado por aquele que não o deseja, mas, O primeiro visa resguardar o indivíduo contra a ameaça à
O Prof. Pedro Lenza, ao tratar do tema, menciona que ainda que não colocados em prática, pertence ao seu titular. O sua liberdade de locomoção. O segundo serve para repri-
uma vez consagrado um direito, a sua garantia nem sem- Estado é o garantidor. mir algo que já fora indevidamente concretizado.
pre estará nas regras defnidas constitucionalmente como * Irrevogabilidade – signica que nem mesmo pelo proces- Em regra, a competência para o julgamento de “habeas
remédios constitucionais (ex. habeas corpus, habeas so de alteração da Constituição (emendas constitucionais) é corpus” é determinada em razão da pessoa que gura no
data etc). Em determinadas situações a garantia poderá possível revogar um direito fundamental. Essa armação é pa- pólo passivo (a autoridade co-atora) e daquele que gura
estar na própria norma que assegura o direito. cíca no tocante aos direitos inseridos no texto constitucional como paciente.
O mesmo autor exemplica demonstrando as seguintes pelo poder constituinte srcinário. Em relação aos trazidos pelo O artigo 102, inciso I, alínea ‘d’ da CF diz que o “habeas
hipóteses: “é inviolável a liberdade de consciência e de poder constituinte derivado reformador, ou seja, advindos de corpus” será da competência srcinária do Supremo Tri-
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli- emendas à Constituição, há quem sustente que podem, sim, bunal Federal quando o paciente for, por exemplo, Presi-
giosos – art. 5º, VI (direito) – garantindo-se na forma da lei ser revogados, desde que por meio de uma nova emenda. É o dente da República, Ministro de Estado, comandantes do
a proteção aos locais de culto e suas garantias (garantia); caso do princípio da celeridade processual, que foi introduzido exército, marinha e aeronáutica, entre outros.
direito ao juízo natural (direito) – o art. 5º, XXXVII, veda a no ordenamento jurídico pela emenda constitucional nº 45/04. Link Acadêmico 8
instituição de juízo ou tribunal de exceção (garantia)”. Link Acadêmico 7
Ecácia dos direitos fundamentais Mandado de segurança (individual e coletivo)
Antigamente, esses direitos eram considerados apenas
como limitações ao exercício do poder estatal, ou seja, a
DIREITOS FUNDAMENTAIS É uma ação de natureza constitucional que tem por na-
EM ESPÉCIE lidade resguardar direito líquido e certo contra abuso de
aplicação se dava somente nas relações entre o indivíduo poder ou ilegalidade praticado por autoridade pública ou
e o Estado. A denominação dada pela doutrina a isso era O “caput” do artigo 5º da CF prestigia os seguintes direitos por quem lhe faça às vezes.
ecácia vertical dos direitos fundamentais. fundamentais: A Constituição de 1934 foi a primeira a prever expres-
O que hoje é denominado de ecácia horizontal dos direi-
tos fundamentais ou ecácia externa dos direitos funda- vida
- Direito à igualdade samente a possibilidade
segurança. da impetração
Após, as Constituições de seguiram
que se mandadotra-
de
mentais, também tem relação com o âmbito de aplicação - Direito à segurança taram do tema, com exceção da de 1937 (da época de
dos direitos fundamentais. Só que, nessa hipótese, a - Direito à propriedade Getúlio Vargas).
abrangência desses direitos não se restringe apenas às Nos incisos do artigo 5º encontramos desmembramentos des-
relações jurídicas entre o indivíduo e o Estado, engloba ses direitos protegidos pelo “caput”. Ação Popular:prevista no art. 5º, LXXIII da CF. É um ins -
também as ocorridas nas relações privadas. Direito à vida:É o mais importante direito fundamental do ser trumento jurídico pelo qual o cidadão busca a invalidação
Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal temos ca- humano, porque, se não há vida, não há possibilidade de exer- de atos ou contratos administrativos lesivos ao patrimônio
sos em que houve a aplicação dessa ecácia horizontal. cício dos demais direitos fundamentais. Esse direito é inerente público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
Um exemplo é o recurso extraordinário nº 201.819 do Rio a qualquer ser humano. ao patrimônio histórico ou popular.
de Janeiro, no qual o Ministro Gilmar Mendes, atual pre - A abrangência desse direito não se restringe ao direito de não Vem disciplinada na Lei nº 4.717/65. É essa lei quem traz
sidente do Supremo Tribunal Federal, ressaltou que “as ser privado da vida. A garantia de uma vida com dignidade faz os requisitos da ação popular, quais sejam: 1º Tem de ser
violações a direitos fundamentais não ocorrem somente parte da proteção destinada ao direito à vida. ajuizada somente pelo cidadão (que é aquele que possui
no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas A proibição da pena de morte, salvo na hipótese excepcional título de eleitor, ou seja, está no gozo de seus direitos
igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e de guerra declarada, é decorrência da proteção dada à vida. políticos). Vale a menção à súmula 365 do Supremo
jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamen - Tribunal Federal que diz que “pessoa jurídica não tem
tais assegurados pela Constituição vinculam diretamente Hipóteses excepcionais em que haverá a suspensão dos legitimidade para propor ação popular”; 2º Ilegalidade ou
não apenas os poderes públicos, estando direcionados Direitos e Garantias fundamentais ilegitimidade do ato a ser impugnado; e 3º Lesividade ao
também à proteção dos particulares em face dos poderes A Constituição Federal de 1988 prestigiou e muito os direitos patrimônio público, ou à moralidade administrativa, ou ao
privados”. e garantias fundamentais, protegendo-os em vários aspectos. patrimônio histórico e cultural.
Destinatários dos direitos fundamentais No entanto, há hipóteses em que ela mesma menciona que es-
O art. 5º, caput, da CF dispõe que “Todos são iguais ses diretos carão temporariamente suspensos, em decorrên- NACIONALIDADE
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga- cia de uma situação de anormalidade que esteja ocorrendo no
rantindo-se aos brasileirosdoe direito
no País a inviolabilidade aos estrangeiros residentes
à vida, à liberdade, à país. Vejamos os casos: 1ª – Art. 34 - Intervenção federal; 2ª Nacionalidade é o vínculo de natureza jurídica e política
– Art. 136 - Estado de defesa e 3ª – Art. 137 - Estado de sítio que une o indivíduo a um determinado Estado. Unido por
igualdade, à segurança e à propriedade...” No tocante às imunidades parlamentares, nos termos do art. esse liame, o sujeito passa a fazer parte do elemento
A expressão sublinhada já foi objeto de análise pelo Su- 53, § 8º da CF, elas “subsistirão durante o estado de sítio, só pessoal do Estado e é chamado de nacional.
premo Tribunal Federal, o qual determinou sua abrangên- podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos É oportuno nesse momento conceituar povo, população,
cia da seguinte forma: “o qualicativo ‘residentes no País’ membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados nação e cidadania.
não é qualicativo do substantivo ‘estrangeiro’, e sim fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatí- a) Povo – pode ser denido como o conjunto de pessoas
do sujeito composto ‘brasileiros e estrangeiros’. Desse veis com a execução da medida”. que tem o vínculo da nacionalidade com o Estado. É o
modo, signica que a Constituição Federal assegura o A relação dos direitos, garantias e remédios trazida pela grupo de nacionais.
exercício daqueles direitos, indistintamente, a brasileiros Constituição Federal é meramente exemplicativa, porque b) População– está relacionada ao conceito demográ-
e estrangeiros nos limites da nossa soberania”. outros podem ser encontrados como decorrência do sistema co. Pode ser denida como o conjunto de habitantes de
Embora a literalidade do art. 5º, “caput”, possa induzir- constitucional. Não se trata, pois, de um rol taxativo, numerus determinado território. Tanto nacionais quanto estrangei-
nos a pensar que os brasileiros ou estrangeiros não clausus. O nome que se dá a este fenômeno é princípio da não ros se enquadram nesse conceito. É neste ponto que a
residentes no Brasil não teriam garantidos seus direitos tipicação dos direitos fundamentais. população se diferencia do povo. Nesse último, só há
fundamentais, é possível concluir de forma diversa, to- espaço para os nacionais.
mando por base essa decisão do Supremo. A Constitui- Link Acadêmico 7 c) Nação – pode ser conceituada como o conjunto de
ção garante tanto aos brasileiros quanto aos estrangeiros pessoas que tem semelhanças, anidades de etnia, falam
a validade e o exercício dos direitos fundamentais, dentro
do território nacional. Assim, o que determina se uma pes-
REMÉDIOS a mesma língua, tem os mesmos costumes. Os nacionais
CONSTITUCIONAIS se adéquam à denição de nação. Os estrangeiros não,
soa tem ou não direito ao exercício de certo direito funda- pois são de diversos países, cada qual com seus costu-
mental é o fato de este direito poder ou não ser exercido mes, cultura, tradição etc.
no nosso País. - Habeas corpus (preventivo ou salvo conduto, repressivo ou d) Cidadania– a denição aqui é mais restrita. Somente
liberatório e HC de ofício); Mandado de segurança (individual
Características
* Universalidade dos direitos
– signica que fundamentais:
os direitos fundamen- e coletivo); habeas-data e Ação popular pelo
mais,alistamento eleitoral
só o nacional pode éserpossível obter
titular de a cidadania
direitos políticos.e
tais são destinados a todas as pessoas indistintamente. Habeas corpus Conclui-se, portanto, que a nacionalidade é requisito ne -
Não podem ser estabelecidos ou dirigidos a determinada É uma ação de natureza constitucional que tem por nalidade cessário, mas não suciente, para a cidadania (porque
pessoa, grupo ou categoria. A forma universal é a única a proteção da liberdade de locomoção contra abuso de poder ainda é preciso obter o título de eleitor).
admitida quando da aplicação desses direitos; ou ilegalidade. O direito à nacionalidade é reconhecido no pacto de São
* Historicidade– signica que a formação dos direitos Esse remédio ganhou status constitucional a partir da Cons- José da Costa Rica, em seu artigo 20, como direito fun-
fundamentais se dá no decorrer da história. A srcem des- tituição de 1891. Hoje, vem previsto no capítulo que trata dos damental da pessoa.
ses direitos tem por base movimentos como o constitucio- direitos fundamentais, artigo 5º, inciso LXVIII, do atual texto Os nacionais podem ser natos ou naturalizados. A Cons-
nalismo. Sua evolução concreta é demonstrada ao longo constitucional. tituição proíbe, em seu artigo 12, parágrafo segundo, que
do tempo. As conhecidas gerações ou dimensões dos Antigamente era utilizado não só para proteção da liberdade sejam feitas distinções pela lei entre brasileiros natos e
direitos fundamentais se fundamentam especicamente física, mas também contra qualquer ato que, de alguma forma, naturalizados, mas ressalva os casos em que ela própria
na historicidade desses direitos; impedia ou restringia a locomoção em sentido amplo. Atual- faz distinção. Assim, as eventuais diferenças existentes
* Limitabilidade – signica que, embora sejam conside- mente, só a liberdade de ir e vir é que é resguardada pelo entre eles só serão válidas se advindas do texto cons-
rados fundamentais, não são direitos absolutos. Não há “habeas corpus”.

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titucional. os quatro casos de nacionalidade primária admitidas em nosso verno, expressando: um, o direito (sufrágio); outro, o
O parágrafo terceiro do artigo 12 traz o rol taxativo dos sistema jurídico. seu exercício (voto), e outro, o modo de seu exercício
cargos privativos de brasileiro nato. São eles: Presidente Passemos então ao estudo da alínea “c” do inciso I do artigo (escrutínio)”.
e Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara 12 da CF. Dividiremos a alínea em duas partes, porque isso A nacionalidade, assunto já estudado por nós, é
de Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro certamente facilitará o entendimento. pressuposto lógico para a obtenção da cidadania.
do Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; ocial A primeira parte da alínea “c” - novidade trazida pela EC Exatamente por conta desse fundamento é que estu-
das Forças Armadas e Ministro de Estado de Defesa. 54/3007 – diz que serão considerados brasileiros natos damos primeiro o tema nacionalidad e e, após, o tema
Os quatro primeiros cargos mencionados se justicam os indivíduos nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe direitos políticos.
pelo fato de a Constituição não admitir que brasileiro brasileira, desde que registrados na repartição brasileira Não basta a nacionali dade para que o indivíduo ad-
naturalizado se torne Presidente da República. Como o competente (consular ou diplomática). A hipótese aqui quira direitos políticos. Além dela, é necessário o alis -
Vice-Presidente, o Presidente da Câmara, o Presidente trazida constava do texto srcinal da Constituição Federal tamento eleitoral. Somente após esse alistamento é
do Senado e os Ministros do Supremo Tribunal Federal de 1988. Ocorre que, em 1994, foi revogada, suprimida que o sujeito passa a ser considerado cidadão.
eventualmente poderão suceder ao cargo de Chefe de do texto constitucional, quando da realização da revisão A doutrina classifica os direitos políticos em positivos
Estado e ocupar a cadeira de Presidente da República, constitucional. A revogação se deu por conta da ocorrência e negativos. Os primeiros consubstanciam-se no di-
não seria coerente admitir que brasileiros naturalizados de inúmeros problemas, como por exemplo, a existência reito de sufrágio (capacidade eleitoral ativa) exercido
pudessem ocupar esses cargos. de muitos brasileiros natos espalhados pelo mundo que nas eleições e nas consultas – plebiscito e referendo.
Passemos, então, para as outras hipóteses de distinção sequer falavam a língua portuguesa, ou seja, não tinham É apenas o núcleo dos direitos políticos. Os segun-
entre brasileiros natos e naturalizados, admitidas pela espécie alguma de ligação com o Brasil. Infelizmente, o dos englobam as inelegibilidades e a privação dos di-
Constituição. problema não foi solucionado. Na verdade, ficou ainda reitos políticos (perda ou suspensão). Analisaremos,
O artigo 5º, LI, da CF dispõe que “nenhum brasileiro será maior. Passaram a existir os denominados “apátridas”. em primeiro lugar, os direitos políticos positivos.
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime co- Antes de definir o apátrida trazemos um exemplo que nos O exercício da soberania popular pode se dar de for-
mum, praticado antes da naturalização ou de comprovado fará compreender o assunto. Ex.: um casal brasileiro re - ma direta ou indireta. A forma indireta é aquela exer-
envolvimento em tráco ilícito de entorpecentes e drogas solve fazer uma viagem a passeio para Itália. A mulher, cida por meio da democracia representativa, ou seja,
ans, na forma da lei”. Podemos extrair desse inciso as grávida de 7 meses, acaba passando mal durante a via - por meio de representantes eleitos periodicamente,
seguintes conclusões: somente o brasileiro naturalizado gem e tem de ir imediatamente ao hospital italiano. Lá, enquanto que a forma direta é a exercida mediante
poderá ser extraditado. Além disso, tem de ter cometido tem-se a notícia de que o filho nascerá naquele momen- plebiscito, referendo ou iniciativa popular.
crime comum antes da naturalização ou estar envolvido to. Essa criança será considerada brasileira ou italiana? O plebiscito e o referendo são formas de consulta ao
em tráco ilícito de entorpecentes ou drogas ans. Nesse Italiana não será, pois o critério adotado pela Itália para povo. As consultas visam à deliberação de matérias
último caso, o envolvimento pode se dar antes ou depois definir quem é considerado italiano é o ius sanguinis , ou de grande relevância. A diferença entre os dois insti-
da naturalização. seja, somente filhos de pais italianos possuem a naciona - tutos diz respeito ao momento em que essa consul-
Outra situação, em que há distinção entre nato e natura- lidade italiana. Brasileira a criança também não poderia ta é realizada. No plebiscito, a convocação do povo
lizado, vem prevista no inciso I do parágrafo 4º do artigo ser, até a Emenda nº 54/07, pois os pais não estavam na para se manifestar, a consulta a eles sobre a matéria
12 da CF. Esse dispositivo menciona que aquele que Itália a serviço do Brasil e sim a passeio. Essa era uma de grande relevância, dá-se de forma prévia , ou seja,
tiver sua naturalização cancelada por sentença judicial, hipótese em que a criança seria considerada um apátrida. anteriormente ao ato legislativo que tratará do assun-
porque praticou atividade nociva ao interesse nacional, A situação perdurou até a promulgação da emenda consti- to. Diferente ocorre no referendo. Aqui a consulta ao
terá contra si a declaração de perda da nacionalidade. É tucional nº 54 (de 1994 até 2007, ou seja, durou 13 anos). povo é posterior ao ato legislati vo. O referendo é uma
uma hipótese aplicada única e tão somente ao brasileiro A emenda passou a admitir o registro dessa criança no forma de o povo ratificar, ou não, o ato legislativo pro -
naturalizado. consulado ou repartição diplomática competente. Portan- duzido. O exemplo que temos ocorreu recentemente
O direito de sufrágio, consubstanciado no direito de votar to, após o registro, a criança já é considerada brasileira quando o estatuto do desarmament o estava em pau-
garantido aos nacionais,
uma vinculação indica que
jurídica e política entrea anacionalidade é
pessoa e o Es- nata. Resolveu a questão do apátrida. ta, tivemos
possível a oportunidade
o comércio de escolher se era ou não
de armas.
tado. Podemos falar que há dois tipos de nacionalidade: Perda da nacionalidade brasileira
a srcinária ou primária e a secundária ou adquirida. O artigo 12, parágrafo 4º, da Constituição Federal prevê
A nacionalidade srcinária é aquela que o indivíduo as hipóteses taxativas de perda da nacionalidade. Veja-
adquire pelo nascimento. A secundária, diferentemente mos cada uma delas:
da srcinária, é aquela que o indivíduo adquire por ato 1ª – Decorrente de cancelamento judicial de naturaliza -
voluntário e posterior ao nascimento. É a decorrente do ção, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
processo de naturalização. Essa hipótese vem prevista numa lei de 1949 e é muito
A competência para tratar do tema nacionalidade será pouco utilizada na prática. Seu procedimento pode ser en- A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos estu-
somente da Constituição Federal, quando ser tratar de contrado nos artigos 24 a 34 da Lei nº 818/49. dos das disciplinas dos cursos de graduação, devendo ser
nacionalidade srcinária ou da Constituição Federal e da 2ª – Decorrente da aquisição voluntária de outra nacio - complementada com o material disponível nos Links e com a
lei infraconstitucional, nesse caso o estatuto do estrangei- nalidade. Essa hipótese de perda pode ser aplicada tanto leitura de livros didáticos.
ro, quando estivermos diante da nacionalidade derivada ao brasileiro nato quanto ao naturalizado. Diferente do
ou adquirida. Como a Constituição dispõe que é com - primeiro caso em que a perda da nacionalidade depende Direito Constitucional I – 2ª edição - 2009
petência privativa da União legislar sobre nacionalidade de provimento judicial, aqui é necessário um decreto do
(art. 22, XIII da CF), essa lei infraconstitucional necessa - Presidente da República declarando a perda, após proce - Coordenadores:
riamente terá de ser lei federal. dimento administrativo, no qual seja resguardada a ampla Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universitário e
de cursos preparatórios há mais de 10 anos, Especialista em
No artigo 62, § 1º, a Constituição expressamente men - defesa e o contraditório, conforme determina o artigo 23 Direito Educacional; Mestre em Educação e Semiótica Jurí-
ciona que medida provisória não poderá dispor sobre da Lei nº 818/49. dica; Membro da Associação Brasileira para o Progresso da
nacionalidade. Ciência; Palestrante; Advogado e Autor de obras jurídicas.
Após essa breve explanação, podemos adentrar nas Link Acadêmico 9 Auttor:
hipóteses de nacionalidade
promulgação srcinária ou primária.
da Emenda Constitucional nº 54 de Até a
20 de Vale a mençãode arevisão
constitucional duas hipóteses, trazidas
nº 3 de 1994, que pela emenda
alterou a re - Bruna
lo, Leyraud Vieira
especialista MonizPúblico
em Direito Ribeiro,pela
advogada em São
Faculdade Pau-
de Direito
setembro de 2007, tínhamos apenas três casos de na- dação do artigo 12 da Constituição Federal, nas quais, Damásio de Jesus, Pós Graduanda em Direito Processual
cionalidade srcinária. Com a emenda, passamos a ter embora seja adquirida outra nacionalidade, não haverá Civil pela Faculdade Autônoma de Direito, Professora de
quatro casos. Vejamos cada um deles. perda da nacionalidade brasileira. Vamos a elas: cursos preparatórios para o exame de ordem na Memes
a) reconhecimento da nacionalidade srcinária pela lei Tecnologia Educacional
O artigo 12, I, “a” trata do primeiro caso. Dispõe que são
considerados brasileiros natos os nascidos no território estrangeira. O que diz a hipótese é nacionalidade srci- A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes Tec-
da República Federativa do Brasil, ainda que de pais es- nária e não secundária. Clareando o assunto vamos ao nologia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
trangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu exemplo: filho de casal italiano, nascido no Brasil. Os pais Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
país. O critério adotado aqui é o territorial ou “ius solis”. estavam no Brasil, visitando amigos. O sujeito, apenas Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida a
Portanto a regra é: nasceu no Brasil é considerado brasi- por ter nascido no Brasil, já é considerado brasileiro nato, reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer
leiro nato. A exceção a essa regra é o caso de o indivíduo, pois o critério aqui adotado, em regra, é o territorial, ou meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e
nascido no território nacional, ser lho de pais estrangei- seja, nasceu no Brasil é brasileiro nato. E, ainda, por ter da editora. A violação dos direitos autorais caracteriza crime,
ros que estejam no Brasil a serviço do país de srcem. pais italianos, poderá adquirir a nacionalidade srcinária sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
Nessa hipótese, desde que um dos pais (qualquer deles) italiana, pois na Itália o critério adotado como regra é o
esteja a serviço do país de srcem, o lho nascido no Bra - sanguíneo.
sil não será considerado brasileiro nato. b) determinação ou imposição de naturalização pela lei
A segunda hipótese de nacionalidade srcinária está pre- estrangeira como condição de permanência ou para o
vista na alínea “b” do inciso I do artigo 12 da CF. Dispõe exercício dos direitos civis.
que serão considerados brasileiros natos aqueles nasci-
dos no estrangeiro, de pai ou de mãe brasileira, desde DIREITOS POLÍTICOS
que qualquer deles esteja a serviço da República Fede-
rativa do Brasil. Essa última parte da alínea (a serviço Os direitos políticos podem ser conceituados como o gru-
de seu país) deve ser entendida em sentido amplo; a po ou conjunto de normas que disciplinam a atuação da
interpretação, nesse caso, sempre deve ser benéca. O soberania popular. Estão previstos nos artigos 14, 15 e
critério aqui adotado não é mais o territorial, mas sim o 16 da Constituição Federal. O fundamento dessas normas
critério sangüíneo ou “ius sanguinis”. A doutrina (Alexan- advém do artigo 1º da citada Constituição. Seu “caput”
dre de Moraes) acrescenta, nessa hipótese, outro critério define o pacto federativo, seus incisos trazem os funda -
que deve ser somado ao sanguíneo que é o funcional. Os mentos da República Federativa do Brasil e seu parágrafo
pais têm de estar em território estrangeiro, a serviço do único indica quem é o titular do poder, o povo. Consagra,
Brasil, ou seja, em função do Brasil. Daí o nome critério portanto, a soberania popular.
funcional. As expressões direito de sufrágio, escrutínio e voto, mui -
A próxima alínea do inciso I do art. 12 é a “c”, que teve tas vezes, são utilizadas como sinônimas, mas devemos
sua redação alterada pela emenda constitucional nº 54 de sempre procurar não confundi-las. Tratam de assuntos
2007. Antes da alteração, essa alínea previa apenas uma semelhantes, mas não idênticos.
hipótese de nacionalidade srcinária. Atualmente, há duas O Prof. José Afonso da Silva explica da seguinte forma:“os
hipóteses que, somadas as da alínea “a” e “b”, completam três inserem no processo de participação do povo no go-

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