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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO EM
ESTRUTURAS DE CONCRETO E FUNDAÇÕES

DARCÍLIO MACEDO DA FONSECA

RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE PILARES DE CONCRETO


ARMADO COM O USO DE ESTRUTURAS METÁLICAS: ESTUDO DE
CASO DE PRÉDIO COMERCIAL EM SOLÂNEA – PB

JOÃO PESSOA
2014
DARCÍLIO MACEDO DA FONSECA

RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE PILARES DE CONCRETO


ARMADO COM O USO DE ESTRUTURAS METÁLICAS: ESTUDO DE
CASO DE PRÉDIO COMERCIAL EM SOLÂNEA – PB

Monografia apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Estruturas de Concreto e
Fundações, Universidade Cidade de São Paulo,
como requisito parcial para obtenção do título de
Especialista.

JOÃO PESSOA
2014
DARCÍLIO MACEDO DA FONSECA

RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE PILARES DE CONCRETO


ARMADO COM O USO DE ESTRUTURAS METÁLICAS: ESTUDO DE
CASO DE PRÉDIO COMERCIAL EM SOLÂNEA – PB

Monografia apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Estruturas de Concreto e
Fundações, Universidade Cidade de São Paulo,
como requisito parcial para obtenção do título de
Especialista.

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado:______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Dedico esta monografia aos amigos e ex-
professores de Estruturas de Aço e Madeira da
UFPB, Edson da Costa Pereira e Argemiro
Brito Monteiro da Franca pelos incentivos que
norteiam até hoje a minha vida profissional.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Universidade Cidade de São Paulo – UNICID/SP e ao Instituto de


Educação Continuada - INBEC/CE pelo oferecimento do curso de pós-graduação na área de
estruturas de concreto e fundações que vem contribuindo muito para o meu aperfeiçoamento
profissional, não somente com os conhecimentos teóricos dos docentes, mas também pela
grande vivência profissional de todos.

Agradeço de forma singular aos professores Roberto Chust Carvalho – D.Sc, Marcos
Alberto Ferreira da Silva – M.Sc, Antônio de Faria – M.Sc e José Carlos Gasparim – D.Sc
que juntamente com os demais docentes e colegas de turma, em especial Sandro Torres,
Hagnon Amorim e Jeferson Rodrigues contribuíram para o compartilhamento de experiências
profissionais ampliando minha curiosidade pelo conhecimento técnico-científico que me
tornou mais criterioso na elaboração de projetos como calculista estrutural.

Agradeço também a CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço/RJ e a


ABCEM – Associação Brasileira da Construção Metálica/SP, pelos conhecimentos adquiridos
nos seus cursos, cujas instituições vêm contribuindo satisfatoriamente para a difusão dos
procedimentos de cálculo e execução de obras com estruturas metálicas no Brasil.
“Nenhuma grande descoberta foi feita jamais
sem um palpite ousado” – Isaac Newton.
RESUMO

A recuperação de pilares de concreto armado de uma edificação ou a execução de reforços


estruturais visando um incremento na sua capacidade de carga pode ser feito de várias formas,
destacando-se o uso de concreto armado convencional e a utilização de estruturas metálicas.
Fatores como a utilização de materiais fora de especificações técnicas e o incremento de
sobrecargas não previstas no projeto inicial, dentre outros, são determinantes para o
aparecimento de patologia estrutural. Este trabalho enfoca o processo de recuperação
estrutural de pilares de concreto armado utilizando estruturas metálicas de forma
independente e também em uma composição de estrutura mista levando em consideração a
resistência do concreto armado. Cada vez mais ocorre a necessidade de recuperar pilares e
outras peças estruturais de prédios antigos, somando-se a isto o fato de que as edificações até
1978 eram projetadas com base na norma antiga de concreto, a NB1/78, que não tinha uma
preocupação adequada na proteção das armaduras de aço contra a corrosão. Mediante um
estudo de caso real é apresentado um comparativo entre os métodos de recuperação estrutural
de quatro pilares na primeira hipótese, utilizando apenas aço, e na segunda hipótese,
utilizando apenas o concreto armado convencional em um prédio localizado na cidade de
Solânea – PB, onde se situa uma filial da empresa Magazine Luiza S/A. Este estudo de caso
não envolve o uso de estruturas mistas pelo alto grau de patologia estrutural que apresenta o
concreto armado destes pilares. Pode-se concluir que o uso de perfis metálicos na recuperação
estrutural de pilares de concreto armado aponta para uma redução significativa no tempo de
execução da obra, uma vez que cantoneiras laminadas poderão ser dimensionadas e ancoradas
facilmente nas quinas dos pilares retangulares de concreto. Verifica-se também uma redução
na quantidade de mão de obra quando a recuperação estrutural é feita unicamente com
estruturas metálicas ou com estruturas mistas em comparação com a recuperação usando
exclusivamente o concreto armado convencional. Estes fatores podem contribuir para uma
redução do custo total da obra de recuperação de pilares estruturais, principalmente quando se
trata de obras comerciais e residenciais onde o fator de minimização do tempo de execução é
significativo.
Palavras-chave: Recuperação Estrutural. Concreto Armado. Perfis Metálicos. Estrutura
Metálica. Reforço em Pilares.
ABSTRACT

The recovery of reinforced concrete columns of buildings or the execution of reinforcements


towards an increase in its loading capacity can be done in various ways, mainly through the
use of conventional reinforced concrete and the use of metal structures. Factors such as the
use of materials out of technical specifications and the increase of loads not foreseen in the
initial design, among other reasons, are determining for the upcoming of structural
pathologies. This work zeros in on the structural reinforcement of concrete columns
employing metal structures in an independent way and also on composites taking into
consideration the resistance of reinforced concrete. The need to recover columns and other
structural elements of old buildings is on the rise, in addition to this, buildings until 1978 were
made according to the former code NB1/78, which had no adequate concerns on the
protection of concrete steel bars against corrosion. Through a real case study, a comparison is
presented between structural reinforcement methods of four columns; in the first hypothesis,
using only steel and in the second hypothesis using only reinforced concrete in a building
located in Solânea- PB where a branch of Magazine Luíza S/A is situated. This case study
does not involve the use of composite structures due the high degree of structural pathologies
found in the reinforced concrete in these columns. We can conclude that the use of metal
sections in the recovery of concrete column structures ushers a significant reduction in the job
duration since the laminated L sections can be designed and anchored easily into the corners
of rectangular columns. There’s also a reduction in workmanship when the structural recovery
is done exclusively employing metal structures or employing composite structures when
compared to recoveries using only conventional reinforced concrete. These factors can
contribute to a total cost reduction of the recovery job of structural columns, mainly in
commercial and residential constructions where the time minimizing factor is significant.

Keywords: Structure Recovery. Reinforced Concrete. Metal Sections. Metal Structures.


Reinforcement in Columns.
.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 Reforço de pilar de concreto armado com perfis metálicos. ........ 59


Figura 02 Detalhe do capitel metálico antes de sua colocação. ......................... 59
Figura 03 Planta de fôrma de parte da edificação que apresentou problema
estrutural visível nos pilares P-03 e P-04. .......................................... 63
LISTA DE TABELAS

Tabela -01 Valores dos coeficientes de ponderação segundo a NBR 8800/2008. .... 18
Tabela- 02 Valores dos fatores de combinação e de redução para as ações
variáveis, de acordo com a NBR 8800/2008. ............................................ 19
Tabela- 03 Valores de χ em função do índice de esbeltez. ......................................... 50
Tabela- 04 Recuperação com os perfis de aço pelo MÉTODO 1. ............................. 65
Tabela -05 Recuperação com o concreto armado pelo MÉTODO 2. ....................... 65
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
2 AÇÕES NAS ESTRUTURAS EM GERAL .................................................... 15
2.1 Tabelas da NBR 8800/2008 de coeficientes de ponderação das ações ........... 17
2.2 Cargas nas estruturas ........................................................................................ 20
2.3 Valores de cálculo para as ações do dimensionamento no ELU. ................... 20
2.4 Valores de cálculo para as ações do dimensionamento no ELS. .................... 22
2.5 Combinações de Ações ....................................................................................... 23
2.6 Combinações quase permanentes de serviço ................................................... 24
2.7 Combinações frequentes de serviço .................................................................. 24
2.8 Combinações raras de serviço ........................................................................... 24
2.9 Valores característicos das ações (Fk) .............................................................. 25
2.10 Valores representativos das ações (Fr) ............................................................. 25
2.11 Valores representativos para o ELU ................................................................. 25
2.12 Valores representativos para o ELS .................................................................. 26
3 ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO .................................................. 27
3.1 Algumas mudanças nas normas de concreto ao longo do tempo .................... 29
3.2 Pilares de concreto armado ................................................................................. 30
3.3 Dimensionamentos de pilares de concreto armado ........................................... 31
3.4 Conceitos normativos básicos para dimensionamento de pilares de concreto
armado .................................................................................................................. 31
3.5 Patologia estrutural do concreto armado .......................................................... 32
4 ESTRUTURAS METÁLICAS ........................................................................... 35
4.1 Conceitos de peças metálicas comprimidas ....................................................... 37
4.2 Força crítica de compressão em estruturas metálicas ...................................... 38
4.3 Dimensionamento de pilares com perfis metálicos ........................................... 40
4.4 Ligações metálicas ............................................................................................... 42
5 ESTRUTURAS MISTAS .................................................................................... 44
5.1 Dimensionamento de pilares misto de aço e concreto armado ........................ 44
5.2 Dimensionamento de pilares mistos no caso específico de compressão
centrada ................................................................................................................ 47
6 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL E AUMENTO DA CAPACIDADE DE
CARGA DE PILARES EM CONCRETO ARMADO...................................... 51
6.1 Uso de perfis metálicos para recuperação de pilares retangulares de
concreto armado ................................................................................................... 53
ESTUDO DE CASO DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE PILARES
7 DE CONCRETO ARMADO EM PRÉDIO COMERCIAL NA CIDADE DE
SOLÂNEA/PB ....................................................................................................... 60
7.1 Considerações sobre a estrutura do prédio ........................................................ 62
7.2 Método adotado na análise estrutural e simulação do dimensionamento da
obra ........................................................................................................................ 64
7.3 Hipóteses de recuperação dos pilares de concreto armado degradados ......... 64
7.4 Pesquisa de custo sobre a utilização dos métodos 1 e 2 ..................................... 65
7.5 Análise dos resultados obtidos em função das hipóteses levantadas. ............... 66
8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 70
ANEXO A – Laudo Técnico Estrutural .............................................................. 73
ANEXO B – Projeto de Recuperação Estrutural 94
12

1 INTRODUÇÃO

No Brasil um dos componentes que pesa muito no orçamento de edificações com


sistema estrutural predominante em concreto armado é a alta taxa de utilização da mão de obra
que cada vez se apresenta onerosa, escassa e com pouca qualificação profissional, aumentando
assim os prazos de execuções das edificações ao lado da alta carga tributária agregada, que é
responsável pelo aumento de custos destas estruturas.

Cada vez mais ocorre a necessidade de recuperar estruturas de concreto armado de


prédios antigos em função do fato de que a NB1/1978 (norma antiga de concreto) não
prescrevia uma proteção adequada para as armaduras do aço contra a corrosão nos projetos
estruturais como determina a NBR 6118 já na sua primeira versão de 2003. Outros fatores
como erros de projetos e construtivos, uso de material inadequado e má conservação das
obras, são determinantes para o aparecimento de patologias estruturais no concreto armado,
contribuindo para a degradação prematura da estrutura, não atingindo o tempo de vida útil para
o qual foi projetada se não houver uma intervenção eficaz reestabelecendo as resistências e a
estabilidade das peças estruturais.

O uso do aço em coberturas e torres já é bem antigo no nosso país, porém a sua
utilização em outras peças estruturais como em vigas, pilares, lajes e marquises foi
impulsionada pela crescente produção mundial do material associada à recessão iniciada em
2008, fragilizando as economias da Europa e dos Estados Unidos (NAKANO, 2012),
diminuindo consequentemente o consumo deste produto nas grandes economias. Esses fatos
contribuíram significativamente para que o preço do aço se acomodasse em um patamar
razoável no mercado nacional e internacional, viabilizando o seu uso em obras civis para
diversas finalidades.

O mito de que o “aço enferruja e não serve para construção civil” já foi desmistificado
ao longo do tempo em função dos tratamentos anticorrosivos que existem no mercado e das
proteções por passivação do metal no concreto que aumentam a vida útil de uma estrutura.
Projetar e construir com aço é algo econômico e viável tecnicamente, necessitando apenas de
um bom projeto, equipamentos adequados e de uma equipe especializada para proporcionar
todas as vantagens que as estruturas metálicas oferecem. (REBELLO, 2009).

Principalmente para as edificações comerciais e industriais construídas em concreto


armado onde haja a necessidade de recuperação estrutural ou simplesmente que se pretenda o
13

aumento da capacidade de carga de uma peça estrutural, os procedimentos das execuções


corretivas ou de reforços devem ser rápidos para intervir o mínimo possível nos processos
produtivos, razão pela qual o uso de perfis metálicos pode ser largamente utilizado, reduzindo
o tempo de execução das obras, com consumos menores de mão de obra e de escoramentos
com relação à recuperação estrutural utilizando o próprio concreto armado.

Em função da amplitude do tema referente à recuperação de obras de concreto


armado ser muito abrangente, este trabalho aborda exclusivamente o caso específico de
recuperação estrutural ou aumento de cargas de pilares retangulares em concreto armado,
utilizando perfis metálicos laminados tipo L, também conhecidos por cantoneiras laminadas,
travados com chapas de aço e ancoradas na estrutura do concreto existente.

A vantagem do uso de perfis de aço na recuperação destes elementos de forma


isolada ou aproveitando um aporte de resistência da peça do concreto antigo, aponta para uma
redução significativa no tempo de execução destes serviços, uma vez que os procedimentos de
ancoragens entre os perfis de aço e o concreto da obra demandam menos tempo do que com o
processo convencional com o uso exclusivo de concretos e adição de armaduras, além de
provocarem menos intervenções impactantes. Estes fatores associados à redução de consumo
de escoramentos e de equipamentos para demolição proporcionam uma redução considerável
em alguns componentes do custo final da obra.

Outro aspecto que pode ser viabilizado com o uso destes perfis de aço é quando se
pretende aumentar a capacidade de carga de um pilar para atender a uma finalidade qualquer,
mesmo não apresentando nenhum processo de deterioração, mantendo ou não a seção original
da peça.

Apesar das peças de estruturas reais de uma obra funcionarem de forma integrada
como grelhas ou pórticos, o estudo de recuperação de pilares neste trabalho se dá de forma
isolada e discretizada para facilitar a exposição do roteiro de cálculo, visando criar um roteiro
de procedimento para se calcular reforços com estruturas metálicas em pilares de concreto
armado.

Mediante um estudo de caso real é apresentado um comparativo do uso de três


métodos de recuperação estrutural de pilares de concreto armado de um prédio localizado na
cidade de Solânea – PB, onde se situa uma filial da empresa Magazine Luiza S/A. Quatro
pilares apresentaram instabilidades em suas seções e também nas suas fundações mediante
14

análise estrutural executada com uma simulação do dimensionamento original de toda


estrutura do prédio feito por processo de elementos finitos através do software espanhol
Cypecad. Além dos problemas estruturais detectados através do software, em pelo menos dois
pilares houve instabilidade real, com processo de colapso estrutural e envergadura por
flambagem exagerada, cuja recuperação estrutural destes dois pilares e os reforços nos demais
citados se deu através do processo com o uso de cantoneiras laminadas metálicas
contraventadas e ancoradas no concreto existente, enquanto os reforços nas fundações foram
executados com concreto armado convencional.

Para tanto, foram formulados três métodos comparativos para o processo de


recuperação estrutural dos pilares citados, de tal forma que o primeiro método atribui a
capacidade de carga de pilares apenas com o uso exclusivo de perfis metálicos laminados tipo
L, mantendo o concreto armado original sem alterações, porém sem considerar seu aporte de
carga na resistência final da peça; O segundo método atribui a capacidade de carga dos pilares
mediante o uso exclusivo de concreto ou grout, mantendo ou não as suas dimensões originais e
adicionando armaduras transversais e longitudinais para repor as deficiências nas seções de
aço; o terceiro método atribui à união dos dois métodos citados anteriormente, de forma que a
recuperação estrutural dos pilares se dá pela contribuição tanto do uso de perfis metálicos,
como também pelo aporte de carga do concreto armado original ou recuperado. A comparação
destes métodos abordam aspectos técnico e econômico, de modo que um projetista poderá
decidir usar um ou outro método em função da necessidade de redução do tempo de execução
da obra, como também deverá levar em conta a disponibilidade de matérias e equipamentos no
mercado.

Elaborou-se, nesse estudo, um projeto real de recuperação estrutural do prédio em


estudo e o próprio laudo técnico que identificou as instabilidades em pilares que passam a fazer
parte deste trabalho nos anexos C e D para uma melhor compreensão das ideias propostas.

Portanto, demonstra-se que o uso de perfis de aço laminados tipo L pode ser muito
importante na recuperação estrutural de pilares de concreto armado com seções retangulares,
contribuindo-se para a difusão dos processos citados, para redução de custos diretos ou
indiretos, tempo de execução de serviço e desperdícios de material. Tais fatores foram
abordados focalizando os aspectos técnicos e econômicos, dispondo-se o atendimento dos
requisitos da durabilidade e da qualidade das peças reforçadas ou recuperadas.
15

2 AÇÕES NAS ESTRUTURAS EM GERAL

Em conformidade com a NBR 8800/2008, as ações nas estruturas são formadas por
diversos tipos de carregamento (forças e momentos) proveniente de esforços aplicados
externamente em pontos específicos, cujas ações são equilibradas pelas reações de apoio
(esforços reativos externos) tendo como meio de equilíbrio intermediário as interações das
tensões e deformações solicitantes e resistentes que ocorrem no interior dos corpos.

Vários modelos físicos e matemáticos ao longo do tempo tentam explicar os processos


do equilíbrio dos corpos, porém, foi o físico Isaac Newton em 1687 quem estabeleceu os
princípios básicos que são utilizados até hoje na física e engenharia estrutural através da
publicação intitulada “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”, considerada por muitos
como o mais importante livro publicado na história da ciência. (Raquel Balola, 2010)

Os princípios descritos por Newton sobre a compreensão dos movimentos envolvendo


os conceitos de força, aceleração, tempo e espaço continuam presentes nos nossos dias, cujas
restrições ocorrem apenas quando um corpo fica submetido a uma velocidade muito grande
(próxima à da luz), razão pela qual os seus estudos continuam bem atual, visto que as
estruturas comuns no nosso planeta trabalham com velocidades bem inferiores à da luz.

O princípio físico básico para a condição de equilíbrio de um corpo é a necessidade de


que a soma de todos os esforços externos (forças e momentos) seja nula e que também as
partes internas dos corpos estejam em equilíbrio com todas as tensões solicitantes inferiores
ou iguais às tensões resistentes, além do fato de que as deformações devem ocorrer dentro de
limites estabelecidos. (HIBBELER, 2010)

(HALLIDAY, 2007) sintetiza que o estudo do equilíbrio de corpos livres tem


referência científica a partir da criação das três leis fundamentais da mecânica quântica de
Isaac Newton (Leis de Newton), que foi a precursão da engenharia estrutural moderna:

 1ª Lei de Newton (Princípio da Inércia): “Todo corpo permanece em seu estado de


repouso ou em movimentos retilíneo uniforme até que uma ação externa, não
equilibrada, atue sobre ele”.

 2ª Lei de Newton: (Relação entre força, massa e aceleração) “A partir do momento em


que um corpo ficar submetido à ação de uma força resultante (F) com a massa (m), o
corpo irá adquirir uma aceleração (a), de tal forma (F = m.a)”.
16

 3ª Lei de Newton: (Princípio da Ação e Reação) “A toda ação corresponde uma reação
de mesma intensidade e de sentido contrário”.

Do ponto de vista prático, as forças e as deformações impostas pelas ações são


consideradas como se fossem as próprias ações, conforme o item 3.4 da NBR 8681/2003 que
contempla os procedimentos das mesmas e a segurança das próprias estruturas que também
está de acordo com a NBR 8800/2008 no tocante a definição das ações.

A NBR 8800/2008 será a referência de todos os itens citados, no decorrer deste


trabalho, desde que outra norma técnica não esteja explicitamente referenciada.

De acordo com o item 4.7.1.2 desta norma para efeito de carregamento das
estruturas, as ações atuantes em geral se classificam em: permanentes, variáveis e
excepcionais.

As ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes


durante toda vida útil da construção, podendo ser diretas ou indiretas. As ações diretas são
constituídas pelo peso próprio da estrutura e dos elementos construtivos fixo, além das
instalações permanentes incluindo os empuxos de caráter contínuo. Já as ações permanentes
indiretas são originadas das deformações impostas por retração e fluência do concreto,
deslocamento de apoios e imperfeições geométricas, de acordo com o item 4.7.2.3 da norma.

As ações variáveis são as que ocorrem com valores que apresentam variações
significativas durante a vida útil da construção e estão também definidas nas normas técnicas
NBR 6120 e NBR 7188, além das prescrições do item 4.7.3 e do Anexo B da NBR
8800/2008. Estas ações ocorrem em função do uso e do tipo de ocupação da edificação, como
sobrecargas em pisos e coberturas, equipamentos, divisórias móveis, pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas, além da ação do vento e da variação de temperatura na estrutura.

Os esforços causados pela ação do vento devem ser determinados pela norma
brasileira NBR 6123 e estão classificados no grupo das ações variáveis conforme o item 4.7.3
da NBR8800/2008, sendo que os efeitos das vibrações decorrentes dessas ações devem
obedecer às prescrições da mesma.

Para o cálculo da ação do vento em obras de grande porte ou para obras onde a sua
geometria não seja contemplada nos modelos retangulares da norma NBR 6120, é prudente
utilizar modelos reduzidos de túneis de vento para obter valores solicitantes mais precisos.
17

Já os esforços decorrentes da variação de temperatura são classificados no grupo das


ações variáveis indiretas e devem ser estimados pelo calculista levando em consideração a
variação uniforme ou não uniforme da temperatura, cujas prescrições normativas estão
descritas no item 4.7.4. Quando uma estrutura é estaticamente determinada, a variação
uniforme da temperatura em todo seu comprimento não acarreta nenhuma tensão, pois a
estrutura é capaz de se expandir ou se contrair livremente. O mesmo não se pode afirmar
quando se trata de estruturas hiperestáticas onde a consideração destes ações é de fundamental
importância, uma vez que este tipo de estrutura pode provocar restrições em alguns apoios.

As ações excepcionais são as que têm duração extremamente curta e probabilidade


de ocorrência muito pequena, de acordo com o item 4.7.4 da norma. Durante a vida útil de
uma construção a sua situação deve ser considerada em determinados tipos de edificações
onde possam ocorrer grandes desastres. Citam-se alguns exemplos da necessidade do uso
destas ações como construções em locais com alta probabilidade de ocorrência de terremotos,
explosões, choques de veículos, incêndios e grandes inundações. Possivelmente o mundo não
teria assistido a um desastre de proporções enormes que envolveu a usina nuclear de
Fukushima, no Japão, se os seus projetos tivessem contemplados determinadas cargas de
sismos e de grandes volumes de água nas estruturas da usina provocados pelo tsunami que
ocorreu em seguida ao terremoto. Por outro lado a consideração deste tipo de carga de forma
mais ampla aumentaria o custo das construções significativamente. Portanto para obras de
grandes riscos para a população deve haver uma ponderação a fim de não deixar de considera-
las adequadamente.

2.1 Tabelas da NBR 8800/2008 de coeficientes de ponderação das ações

O valor representado nas ações das estruturas é obtido a partir do valor característico
em função da sua probabilidade de ocorrência dentro das ações solicitantes variáveis na
referida estrutura, com aplicação dos coeficientes definidos nos itens 4.7.6.1 e 4.7.6.2 da
norma. Tabela 01 e Tabela 02.
18

Tabela 01 – Valores dos Coeficientes de Ponderação segundo a NBR 8800/2008.

Fonte: NBR 8800/2008.


19

Tabela 02 – Valores dos fatores de combinação e de redução para as ações


variáveis, de acordo com a NBR 8800/2008.

Fonte: NBR 8800/2008

Os coeficientes de ponderação das ações no estado de limite último (ELU) são


apresentados na norma, sendo ( ) o coeficiente de ações gravitacionais (cargas
permanentes), enquanto ( representa o coeficiente de ações variáveis englobando
sobrecargas, ação de vento e temperatura, dentre outras. Já para os fatores de ponderação das
ações no estado de limite de serviço (ELS), em geral, usa-se ( = ), enquanto que nas
ações variáveis são utilizados também os valores de redução ( e da Tabela 02.
20

2.2 Cargas nas estruturas

Conceitualmente, as cargas nas estruturas de um modo geral dizem respeito às ações


de forças ou momentos externos aplicados em determinados pontos em que atuam em
equilíbrio com a própria estrutura onde são geradas as reações de apoio (cargas reativas), de
modo que este equilíbrio externo provoca tensões e deformações nas partes internas da peça,
necessitando também do equilíbrio interno para que haja estabilidade na estrutura como um
todo. (REBELLO, 2009)

As cargas que chegam aos pilares na maioria das obras são predominantemente
advindas de vigas, porém outras peças estruturais como lajes, consolos e ancoragens de
contraventamento podem contribuir para descarregá-las nos mesmos, cuja peça estrutural
deve resistir a todos os esforços solicitantes e os transferir para as fundações ou para outras
estruturas, mantendo a estabilidade do próprio pilar e dos seus pontos de ancoragem.

Apesar das peças de estruturas reais de uma obra funcionarem de forma integrada
como grelhas ou pórticos planos ou espaciais, o estudo do dimensionamento de pilares neste
trabalho se dá de forma isolada e discretizada, de modo que serão consideradas as carga
centradas para facilitar a exposição do roteiro de cálculo que será procedido de forma manual,
podendo servir para outros colegas calculistas que não atuam diretamente na área de
estruturas metálicas, mas que poderão usar este roteiro para reforçar ou substituir pilares de
concreto armado que tiveram a capacidade de carga reduzida, por aumento da carga atuante
em si ou mesmo por um processo de patologia estrutural.

A quem interessar o aprofundamento deste estudo poderá fazê-lo utilizando todos os


dados coletados e processados, acrescentando carregamentos horizontais e cargas
descentralizadas que produzem momentos.

2.3 Valores de cálculo para as ações do dimensionamento no ELU

Para efeito das ações visando o dimensionamento no Estado de Limite Último


(ELU), o coeficiente de majoração de uma ação é multiplicado pelo valor característico, de
acordo com o item 4.7.6 da norma, sendo que este coeficiente é o produto de outros três
coeficientes definidos nos itens 4.7.6.1 e 4.7.6.2 da norma.

= .
21

Onde:

: Considera a variabilidade das ações.

: Considera a simultaneidade das ações.

: Considera possíveis erros de projeto e de execução da obra.

: Valores obtidos pelo produto dos três fatores

A norma estabelece dois parâmetros para identificação dos valores básicos visando à
verificação no estado de limite último (ELU).

Os valores dos coeficientes devem ser obtidos através da Tabela 01, enquanto os
valores de combinação e de redução e são definidos na Tabela 02.

Os fatores se agrupam e se combinam para a formação do coeficiente de ponderação,


cujas combinações são determinadas da seguinte forma:

A parcela de carga referente às cargas gravitacionais ou variáveis é representada por


) ou ), respectivamente, como sendo o produto , enquanto o coeficiente
( , ou seja o segundo fator de combinações das ações da Tabela 01 é igual ao
segundo fator de redução das ações da Tabela 02.

= ou

Onde:

= ou =

: coeficiente de majoração das cargas permanentes

: coeficiente de majoração das cargas variáveis


22

O valor do coeficiente de ponderação de cargas permanentes ( de mesma origem


deverá ser o mesmo ao longo de toda estrutura.

Os valores de cálculo são obtidos através do produto dos valores representativos (Fr)
e pelo coeficiente de majoração das cargas ( de acordo com o item 4.7.6 da norma, onde:

Fd = Fr

Onde:

: Coeficiente de majoração das cargas

Fr: Valores representativos

Fd: Valores de cálculo

O Anexo B da norma prescreve as ações em estruturas de aço e em estrutura mistas


com aço e concreto de forma complementar em função do uso e ocupação das edificações.

2.4 Valores de cálculo para as ações do dimensionamento no ELS

Já para os fatores de ponderação das ações no estado de limite de serviço (ELS), o


valor do coeficiente de majoração das ações é ( = ), enquanto que nas ações variáveis são
utilizadas também os valores de redução ( e para a obtenção dos
valores frequentes ou quase permanentes, conforme o item 4.7.7.3 da norma. Estas reduções
servem para adequar às ações variáveis a níveis compatíveis com a realidade, visto que os
seus valores são obtidos por consenso científico, apresentando uma grande variabilidade. Isto
quer dizer que, na prática, apenas uma parcela das cargas variáveis age efetivamente nas
estruturas de uma forma real.

No estado limite de serviço (ELS) as cargas que verificarão os deslocamentos e


outras aferições nas estruturas devem ser as cargas reais sem a interferência de nenhum índice
de majoração, conforme orientação do item 4.7.6.2.1 da norma.

Fd(s) = Fr

Sendo = 1 => Fd(s) = Fr


23

Onde:

: Coeficiente de majoração das cargas

Fr: Valores representativos

Fd(s): Valores de cálculo em serviço

2.5 Combinações de Ações

São as disposições de ações que tem probabilidades não desprezíveis de atuarem


simultaneamente sobre a estrutura, durante um período preestabelecido devido às
combinações ser feitas da forma mais desfavorável para a estrutura, tanto levando em
consideração as combinações últimas, como também levando as combinações de serviço, de
acordo com o item 4.7.7 da norma.

As combinações últimas são classificadas em normal, especial, de construção e


excepcional, devendo ser levado em consideração de acordo com o item 4.7.7.2.

O conceito de combinações últimas normais está relacionado aos fatores do uso


previsto da edificação tanto no tocante ao estado de limite último (ELU) quanto ao estado de
limite de serviço (ELS).

Em todas as combinações de ações devem está incluídas as ações permanentes e as


ações variáveis principais, além das demais ações variáveis secundárias com seus índices
redutores.

Para cada combinação aplica-se a seguinte expressão, cujos parâmetros e variáveis já


foram definidos nos tópicos anteriores:

∑ ∑

Onde:

Representam os valores característicos das ações permanentes.

Representam o valor característico da ação variável principal.


24

Representam os valores característicos das ações variáveis secundárias que podem atuar
concomitantemente com a ação variável principal.

Para as outras combinações últimas tipo especial, de construção e excepcional,


podem-se obter seus modelos de cálculo diretamente no item 4.7.7.2 da norma.

As combinações de serviço são classificadas de acordo com a sua permanência na


estrutura e estão divididas nos seguintes grupos: combinações quase permanentes,
combinações frequentes e combinações raras.

As ações permanentes estão expressas nos itens 4.7.7.3.2 e 4.7.7.3.4 e também no


Anexo C da norma.

Este trabalho contempla esquematicamente apenas o modelo de cálculo das ações


com combinações últimas normais pelo fato de seu objetivo se restringir ao estudo de
recuperação estrutural de pilares isolados de uma edificação.

2.6 Combinações quase permanentes de serviço

Estas combinações podem atuar por um período longo da ordem de 50% da vida útil
da obra devendo ser utilizadas para o efeito de longa duração e aparência da construção,
atuando as cargas variáveis de serviço da ordem de [ . ].

2.7 Combinações frequentes de serviço

Estas combinações são as que estão no estado de limite reversível como conforto de
usuários, funcionamento de equipamentos com vibrações excessivas e movimentos laterais,
empoçamento de água em coberturas, etc.

As ações podem atuar com uma frequência de repetição da ordem de 1.000.000 em


50 anos ou que tenha uma duração total da ordem de pelo menos 5%.

A ação principal variável é dada por [ . e todas as demais ações variáveis


são dadas por [ . ].

2.8 Combinações raras de serviço

Estas combinações são as que podem atuar por algumas horas durante a vida útil da
edificação e geralmente estão associadas aos estados limites irreversíveis.
25

As ações podem atuar com uma frequência de repetição da ordem de 1.000.000 em


50 anos ou que tenha uma duração total da ordem de pelo menos 5%.

A ação principal variável é tomada com seu valor característico [ e todas as


demais ações variáveis são tomadas por seu valor frequente [ . ].

2.9 Valores característicos das ações (Fk)

Segundo o item 4.7.5.1 da norma VBR 8800, os valores característicos das ações são
atribuídos em função da variabilidade de suas intensidades e estão divididos em dois grupos
distintos denominados de valores característicos das ações permanentes (Fgk) e valores
característicos das ações variáveis (Fqk).

As ações permanentes (Fgk) são adotadas pelos valores médios da distribuição de


probabilidade de suas ocorrências, enquanto que as ações características variáveis (Fqk) são
estabelecidas por consenso cientifico e indicadas em normas específicas como a NBR 6120 e
NBR 6123, entre outras.

Para as ações que não contemplam uma variabilidade adequada por distribuição de
probabilidades, os seus valores característicos passam a ser representados por valores
característicos nominais, assegurando o nível de exigência da norma, conforme o item 4.7.5.2.

2.10 Valores representativos das ações (Fr)

Os valores representativos são formados pelos valores característicos, valores


característicos nominais, valores excepcionais convencionais ou valores reduzidos em função
da combinação de ações.

2.11 Valores representativos para o ELU

Na verificação do estado limite último (ELU) o valor representativo decorre da


combinação de duas ações variáveis quando uma ação se combina com a ação principal,
conforme o item 4.7.5.3, de forma que o valor representativo (Fr) é determinado por:

Onde:

Fk: Valor característico da ação;


26

: Redutor da probabilidade de ocorrência das duas ações variáveis com naturezas diferentes
(Exemplo: sobrecarga de cobertura e vento; sobrecarga de piso e carga de equipamentos
usados na fase de construção da obra).

2.12 Valores representativos para o ELS

Na verificação no estado limite de serviço (ELS), o seu valor representativo é


determinado de acordo com as seguintes combinações de uma ação que acompanha a ação
principal:

 Para combinações frequentes:

Onde:

Fk: Valor característico da ação no ELS;

: Redutor da probabilidade para combinações frequentes

 Para combinações quase permanentes:

Onde:

Fk: Valor característico da ação no ELS;

: Redutor da probabilidade para combinações quase permanentes

Fórmula Genérica para o valor representativo de cálculo no ELS:

Onde:

Fd(s): Valor representativo da ação no ELS;

Fk: Valor característico da ação no ELS;

: Redutor da probabilidade para as combinações desejadas;


27

3 ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo e isso decorre de três


razões básicas: consistência plástica no estado fresco que lhe permite assumir variadas
formas, boa resistência à ação da água e do fogo e baixo custo de fabricação. (MEHTA &
MONTEIRO, 2008)

Outra definição para o concreto armado vem dos próprios conceitos da NBR
6118/2014 que o relata como uma estrutura sólida formada por concreto simples e barras de
aço. Ele se molda com facilidade e adquire resistência mecânica mediante o endurecimento do
cimento Portland, respondendo bem aos esforços de tração, compressão e flexão.

O concreto tem grande importância dentro da engenharia, além de ser um objeto


permanente de estudo, devido principalmente a fatores que dificultam a análise desse tipo de
estrutura. (MOREIRA, 2002) listou alguns poucos desses fatores tão importantes:

• Diferença entre as resistências à tração e compressão do concreto;

• Não linearidade da relação tensão deformação;

• Deformações por fluência e retração do concreto;

• Fissuração do concreto e a transmissão de esforços entre fissuras;

O estudo de (SANTIAGO, 2011) tratou da variabilidade que ocorre na produção de


concreto no Brasil, mais precisamente uma investigação a respeito da resistência à
compressão de concretos usinados produzidos no nosso país a partir de uma base de dados
com mais de seis mil corpos-de-prova moldados in loco no recebimento do concreto. Ele
concluiu que a variabilidade das suas propriedades finais decorre da variabilidade dos
materiais constituintes, dos equipamentos de produção empregados, dos procedimentos de
ensaios e da operação. Verificou ainda que a questão da não conformidade atinge grande parte
dos concretos produzidos no país, e que o percentual de concretos não conformes aumenta de
acordo com a majoração da classe de resistência do concreto.

Segundo (CARVALHO, 2012), o concreto simples é um material formado por água,


cimento e agregados, onde ocorre uma reação de hidratação entre o cimento e a água,
formando uma estrutura com boa resistência a compressão da ordem de 20 MPa a 40 MPa,
28

sendo chamados de concreto de alto desempenho os que apresentam resistência à compressão


superior a 40 MPa.

A criação cronológica do Cimento Portland se deu em 1824 pelo francês J. Aspdim


que proporcionou as condições necessárias para o surgimento da primeira peça de concreto
armado que ocorreu em 1855 com a construção de um barco de argamassa de cimento
reforçada com ferro pelo também francês J. L. Lambot. (CARVALHO, 2012),

A teoria científica do concreto armado teve início em 1900 por Koenen e


posteriormente por Mӧrsch, com base em estudos de numerosos ensaios.

O uso de agregados maiores no concreto consiste em redução dos custos sem que
seja muito prejudicada a qualidade do material. Também são importantes os agregados
menores e a água na quantidade certa para que se tenha um concreto de boa qualidade.

O concreto é um material que tem sua resistência à tração apenas cerca de 10% do
valor da resistência à compressão e raramente a mesma é considerada nos dimensionamentos
e verificações porque o concreto fissura e as perdas de equilíbrio das seções internas
comprometem a estrutura como um todo.

Segundo (PFEIL, 1975), o concreto armado é um composto do concreto simples


acrescido de fios ou barras de aço formando um material único onde obtém de forma
sistemática as melhores propriedades do aço predominantemente nas zonas tracionadas e do
concreto nas zonas comprimidas. Define ainda que “a resistência à ruptura do concreto é
geralmente medida em ensaio de compressão rápido (alguns minutos) de corpos de prova
cilíndricos de diâmetro 15 cm e altura 30 cm, com idade de 28 dias, denominando-se
resistência característica do concreto (fck) ao valor mínimo estatístico de maneira que 95%
dos resultados estejam acima deste valor mínimo”.

Com base na norma técnica brasileira NRB 6118/2014, no item 3.1.3, “os elementos
de concreto armado são aqueles cujo comportamento estrutural depende da aderência entre o
concreto e a armadura, e nos quais não se aplica alongamentos iniciais das armaduras antes da
materialização dessas aderências”.

Como se verifica na visão de (ROCHA, 1985), (PFEIL, 1975), (CARVALHO, 2012)


e na própria norma brasileira NBR 6118/2014, há certa convergência nos conceitos sobre o
29

concreto armado, apesar das formulações serem registradas em tempos e realidades históricas
diferentes.

De acordo com a atual norma NRB 6118/2014, o valor da resistência à compressão


do concreto é tomado com referência aos 28 dias e expresso por ( fcd = fck / γc ), onde o valor
do coeficiente de minoração é de 1,4 na maioria das vezes, porém depende do controle ao
processo de fabricação. A massa específica do concreto está no limite de 2.000 a 2.800
kgf/m3, podendo se adotar 2.500 kgf/m2 na ausência de dados confiáveis de acordo com o
item 8.2.2 da NBR 8800/2014, enquanto que a sua resistência a compressão deve ser maior
que 20 MPa e o coeficiente de dilatação térmica do concreto é da ordem de 1,0 x ºC,
enquanto que o do aço é da ordem de 1,2 x °C daí porque os dois materiais conseguem
trabalhar sem maiores problemas em função da proximidade dos seus coeficientes térmicos
em temperaturas ambientais.

Enfim, resume-se que o concreto armado é um dos materiais mais bem difundidos e
consumidos no mundo inteiro apresentando como pontos positivos técnicas de execução
razoavelmente dominadas em todo país, boa resistência à maioria das solicitações, boa
trabalhabilidade, possibilidade de estruturas com características monolíticas, durabilidade,
ótima resistência ao fogo, possibilidade de pré-moldagem, e excelente resistência a choques,
desgastes, vibrações e efeitos térmicos.

Já como pontos negativos são evidenciados a necessidade do dimensionamento de


peças bem maiores com relação às de aço, a dificuldade em reformas, adaptações muitas
vezes de difícil execução, tempo bem maior na execução de obras com relação às de
estruturas metálicas e utilização de muitas fôrmas e escoramentos, exceto no caso de pré-
montagem.

3.1 Algumas mudanças nas normas de concreto ao longo do tempo

Uma das grandes mudanças mais significativas que ocorreram nas normas de
concreto armado ao longo do tempo consiste no método de cálculo. Enquanto as normas
antigas das várias edições da NB1 adotou o critério de dimensionamento pelo método das
tensões admissíveis, a NBR 6118 vem adotando o critério dos estados limites últimos (ELU) e
os estados limites de serviços (ELS), mesmo a partir da sua primeira versão em 2003.
30

Algumas das significativas mudanças da NBR 6118/2014 com relação à norma


antiga NB1 consiste no critério de diretrizes para a durabilidade das estruturas de concreto,
tornando principalmente os cobrimentos em função do nível de agressividade ambiental,
conforme os itens 6 e 7 da norma.

A verificação nos estados de limites últimos (ELU) e de serviços (ELS) relacionados


ao colapso ou qualquer outra forma de ruina que determine a paralização do uso da uma
estrutura (item 3.2.1) foi uma grande mudança com relação aos modelos antigos da NB1.

Já as mudanças mais significativas que ocorreram entre as versões da atual NBR


6118/2014 e a versão anterior de 2007 são as seguintes:

Nova concepção para o dimensionamento de pilares na definição de momento


mínimo de 1ª ordem nas envoltórias de esforços em situações em que são preponderantes.

Os projetos devem ser verificados por outro profissional projetista.

Mudança nas fórmulas de dimensionamento para os novos concretos de classes C55


a C90 Mpa, incluindo o módulo de elasticidade inicial e secante.

Novos limites de cobrimento mínimo para o concreto armado em contato com o solo.

Diagrama de faixa de domínios de tensões e deformações.

Limites de ancoragem, taxas de armaduras mínimas e diagrama deslocado para


armadura de pele menor ou igual a 5 cm2 por face.

Dimensionamento de lajes em balanço e dimensões mínimas e taxas de armaduras


para lajes.

3.2 Pilares de concreto armado

Apesar de que quase todas as estruturas de uma obra possam ser feitas de concreto
armado, esta monografia enfoca apenas as estruturas de pilares com seções retangulares em
virtude do alinhamento dos objetivos deste trabalho que aborda apenas os aspectos da
recuperação estrutural destes elementos.

(SANTIAGO, 2011) definiu que pilares de concreto armado são elementos


estruturais lineares, normalmente verticais, cuja função é receber as ações atuantes nos
31

diversos níveis da estrutura e conduzi-las até a fundação. Eles costumam possuir seção e
armaduras constantes ao longo de cada um de seus lances em edifícios usuais de múltiplos
pavimentos.

Os pilares são elementos estruturais que necessitam de cálculos precisos para atender
às funções a que se destinam, pois a ruína de um único pilar poderá resultar no colapso parcial
de outros pilares ou no colapso de vãos intermediários e mesmo na ruina de toda edificação.

3.3 Dimensionamentos de pilares de concreto armado

Pelo fato do dimensionamento de todas as estruturas de concreto armado de uma


edificação ser uma tarefa trabalhosa de forma manual, este trabalho focará apenas o
dimensionamento dos pilares estruturais de concreto, visando se alinhar ao objeto deste TCC
que consiste em estudar os pontos positivos e negativos na recuperação estrutural de pilares
de concreto armado utilizando perfis laminados de aço. Já segundo (ROCHA, 1985), no
estádio elástico, o pilar se deforma realizando uma curvatura ε. Tendo em vista a aderência
entre o ferro e o concreto e supondo iguais os coeficientes de dilatação provenientes da
variação de temperatura para os dois materiais, o encurtamento do concreto é igual ao
encurtamento do aço.

Os pilares de concreto armado devem ser dimensionados em conformidade com os


itens 13.2.3, 18.4.1, 18.4.2 e 18.4.3 da norma NBR 6118/2014, levando em consideração
também os efeitos da não linearidade de cálculo. Os procedimentos devem obedecer às
prescrições da norma, com base nos estados limites últimos (ELU) e estados limites de
serviço (ELS), envolvendo a nova concepção para o caso de pilares de concreto armado aonde
a verificação dos componentes das cargas chegam aos pilares através de uma distribuição em
todos os sentidos no plano horizontal e não apenas nas duas direções principais X e Y que
permitia na versão da norma de 2007.

3.4 Conceitos normativos básicos para dimensionamento de pilares de concreto armado

A nova versão da norma (NBR 6118/2014 de Projetos de Estrutura de Concreto –


Procedimentos) foi lançada recentemente e servirá de referência para todos os itens deste
capítulo relacionados ao concreto, desde que não esteja explicitada outra norma de forma
clara.
32

Com relação ao dimensionamento de pilares de concreto armado houve uma mudança


da versão da NBR 6118/ 2003 para a NBR 6118/ 2014, especificamente quando se refere às
imperfeições geométricas e globais dos pilares.

Até a versão de 2003 para efeito de cálculo a norma de concreto considerava os


desaprumos e imperfeições geométricas apenas nos dois eixos ortogonais, enquanto que na
nova versão da norma de 2014 propõe uma envoltória mínima de primeira e segunda ordem
dos valores dos momentos nos pilares, conforme os itens 11.3.3.4.3 e 15.3.2.

A meu ver este procedimento praticamente inviabiliza o processo manual de


dimensionamento de pilares de concreto armado, uma vez que impõe muita dificuldade para
tal procedimento, tornando-o muito trabalhoso e sendo praticamente exequível apenas com
uso de softwares estruturais.

Talvez por perceber o grau de dificuldade de um calculista em fazer uma verificação


manual deste procedimento, a nova norma introduziu a palavra “pode” e não “deve” no item
11.3.3.4.3, dando certa flexibilidade na decisão de considerar ou não esta elipse de envoltória
de momentos em torno de todas as direções do pilar.

É bom lembrar que esta dificuldade está superada quando se usa sistemas
computacionais nos dimensionamentos de pilares, ficando inviabilizados procedimentos de
verificação manual que tem grande importância nas decisões de projetos estruturais pelos
calculistas.

Feita estas ressalvas o procedimento de cálculo de pilares de concreto armado está


definido no item 8.2.4, 12.3, 13.2.3, 13.3 e 18,5 dos Capítulos 8, 12, 13 e 18, enquanto que as
ações que chegarão aos pilares deverão ser calculadas de acordo com o Capítulo 11 da norma.

Segundo (PFEIL, 1976), o cálculo da estabilidade das seções de concreto armado se


faz empregando os valores característicos da resistência dos dois materiais do concreto e do
aço. Como se pode ver o conceito de dimensionamento da década de 1970 continua tão atual
quanto os da norma vigente.

3.5 Patologia estrutural do concreto armado

A definição de (MOREIRA, 2002) sobre patologia é que ela pode ser entendida como a
parte da engenharia que estuda os sintomas, o mecanismo, as causas e as origens dos defeitos
33

das construções, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema de
uma construção defeituosa. De acordo com essa definição, a patologia do concreto armado está
relacionada às alterações dos seus componentes. O que se deve fazer para minimizar o
surgimento de uma patologia estrutural é reunir uma série de ações que impeçam a ocorrência
destas anomalias estruturais.

Segundo (SILVA, 2006), resistência e durabilidade são algumas das características


que um concreto armado deve ter, porém erros em projetos, execução sem obedecer ao projeto
estrutural, uso de material de construção de baixa qualidade e falta de conservação das obras
contribuem para a degradação prematura da estrutura, não atingindo o tempo de vida útil para
o qual foi projetada.

Para entender as principais razões da necessidade de reforços em peças de concreto


armado devido à patologia estrutural ou para a necessidade de aumento de carga nestas
estruturas, (BEBER, 1999) listou as seguintes:

• Mudança da utilização prática da estrutura, podendo conduzir a um aumento da


carga sobre ela aplicada;
• Remoção ou rearranjo estrutural durante o processo de renovação de uma
construção, conduzindo a uma redistribuição de esforços e à necessidade de
reforço;
• Exposição a condições adversas, que podem provocar danos ao concreto e as
barras de armaduras;
• Projeto feito fora dos padrões estabelecidos pelas normas técnicas;
• Insuficiência nas barras de armadura, o que pode resultar em seções de aço
insuficientes;
• Danos estruturais causados devido a explosões, impacto de veículos, incêndios, e
outros sinistros.

Para (BERTONILI, 2010), por causa dos efeitos do ambiente, um elemento de


construção qualquer sofre, ao longo do tempo, uma decadência progressiva do seu
desempenho, à medida que se alteram os materiais de que é feito. Como parâmetro cronológico
o autor considera a vida útil de um edifício em torno de 50 anos e a de uma ponte em cerca de
100 anos.
34

Construções de concreto que apresentam manifestações patológicas em intensidade e


incidência significativas acarretam elevados custos para sua correção. Sempre há
comprometimento dos aspectos estéticos e, na maioria das vezes, redução da capacidade
resistente, podendo chegar inclusive ao colapso parcial ou total da estrutura. (MOREIRA,
2002)

Os riscos com colapso estrutural nas recuperações de estruturas de concreto armado são
proporcionais as suas patologias, visto que pode ocorrer redistribuição dos esforços
desestabilizando o sistema estrutural parcial ou total e provocando a ruina estrutural que
sempre vem acompanhada de grandes perdas materiais e de vidas humanas. (BERTONILI,
2010)

A cronologia de durabilidade de obras é muito relativa porque depende de inúmeros


fatores físico-químicos e probabilísticos. Existem obras construídas com aço e outras com
concreto armado que já duram mais de 100 anos e continuam desempenhando o seu papel.
Outras não conseguem ter durabilidade satisfatória, não atingindo nem mesmo a metade do
tempo da sua vida útil prevista em decorrência de patologias estruturais causadas por diversos
fatores, dentre os quais, projetos ou execuções inadequadas, mudança de finalidade para a qual
a edificação foi construída e até mesmo por interferência direta de catástrofes naturais.
(BERTONILI, 2010)

De acordo com (SOUZA, 1998), as normas e regulamentos optaram por estabelecer os


critérios que permitem aos responsáveis individualizar, convenientemente, modelos duráveis
para as suas construções, a partir da definição de classes de exposição das estruturas e de seus
componentes em função da deterioração a que estarão submetidas, a partir de:

• corrosão das armaduras, sob o efeito da carbonatação ou dos cloretos, por tipo de ambiente;

• ação do frio e/ou do calor, também por tipo de ambiente;

• agressividade química.

Para cada caso ou combinação de casos, as classes de exposição de obras em


concreto armado indicarão níveis de risco ou parâmetros mínimos a serem observados como
condição primeira para que se consiga uma construção durável. Assim, estarão definidos:

• dosagem mínima de cimento;


35

•fator água/cimento máximo;

• classe de resistência mínima do concreto;

• cobrimento mínimo das barras das armaduras;

• método de cura.

Os principais fatores que levam as estruturas a se deteriorarem com o aparecimento


de patologia estrutural consistem na utilização de materiais fora de especificações técnicas,
ausência de projeto estrutural da obra ou mesmo a sua ausência total, erros de execução,
problemas de fundações e uso de sobrecargas não previstas no projeto inicial, dentre outros.

4 ESTRUTURAS METÁLICAS

Segundo (PANNONNI, 2001) “aço carbono são ligas de ferro-carbono contendo


geralmente de 0,008% a 2,11% de carbono, além de certos elementos residuais resultantes dos
processos de fabricação, enquanto que os aços liga são aços carbonos que contém outros
elementos de liga, ou apresenta os elementos residuais em teores acima dos que são
considerados normais”. Os principais aços usados em estruturas são o ASTM A-36 com 0.23%
de carbono e o ASTM A-572-Grau 50 com 0.20% de carbono. Geralmente o aço apresenta boa
resposta estrutural tendo como características básicas o alto módulo de elasticidade e grandes
resistências à tração e compressão comparadas ao concreto armado. Os perfis metálicos podem
ser formados por processos laminados para estruturas mais carregadas ou por chapas formadas
a frio para estruturas menos carregadas.

Segundo (BERTONILI, 2010), os materiais formados por ligas metálicas, como por
exemplo, o aço, sofre pouca influência das ações reológicas, não contribuindo
significativamente para a diminuição de suas resistências ao longo do tempo, como ocorre no
concreto armado. Por outro lado, estes materiais deverão ser protegidos com primes e tintas
específicas para evitar o contato direto de suas superfícies com a atmosfera, dificultando
assim o processo de corrosão. Ele ainda afirma que outro fator importante na proteção de
estruturas metálicas consiste na inserção dos seus perfis em uma camada de concreto ou de
argamassa a base de cimento pelo fato destes materiais terem um PH maior que 12.5,
protegendo assim quimicamente o aço, em função da alcalinidade produzida pelo Ca(OH)2
presente na composição química do cimento. Outro tipo de proteção que o cobrimento com
concreto pode proporcionar a uma peça de aço é a criação de barreiras químicas e físicas, de
36

forma parcial, contra gases e líquidos do ambiente, semelhante ao que ocorre com as
proteções de armaduras de aço inseridas dentro concreto armado.

Analisando alguns parâmetros estatísticos envolvendo o aço e o próprio concreto


armado como peças estruturais, (REBELLO, 2009) cita como ordem de grandeza algumas
vantagens do uso das estruturas metálicas com relação ao concreto tradicional:

• A tensão de compressão média do aço é da ordem de 10 (dez) vezes à tensão


média de compressão de uma peça de concreto com a mesma dimensão e
geometria.
• A tensão de tração média no concreto corresponde a cerca de 10% da sua tensão
média de compressão.
• A tensão de tração média do aço é da ordem de 100 (cem) vezes à tensão média
de tração de uma peça de concreto de mesma dimensão.
• O aço tem um alto módulo de elasticidade médio da ordem de Ea = 210 GPa,
comparado com o módulo de elasticidade médio de concretos comuns que é da
ordem de Ec = 24 GPa, (para uma faixa de oscilação de Ec = 18 a 30 GPa).

Verificando estes parâmetros citados pelo Prof. Yoponan Rebello, pode-se demonstrar
apenas como ordem de grandeza para comparar a resistência média dos dois materiais que,
para esforços de compressão o aço tem uma resistência mecânica cerca de dez vezes à
resistência de uma peça de concreto com a mesma geometria. O comparativo entre os valores
médios dos módulos de elasticidade dos dois materiais, também aponta para um razão de 10:1,
ou seja, o módulo de elasticidade do aço (Ea) é cerca de 10 vezes o módulo de elasticidade do
concreto (Ec), significando na prática que, para uma mesma faixa de tensão aplicada em uma
peça de estrutura metálica e em outra de concreto armado com as mesmas dimensões e
geometria, a seção de aço se deformaria em média 10 vezes menos do que a seção de concreto,
razão pela qual este conjunto de fatores faz com que se consiga dimensionamento de peças de
estruturas metálicas com seções bem menores e mais leves do que outras peças de concreto
armado, mesmo levando em consideração a adição das armaduras que trabalham no concreto
armado para estabilizar as suas zonas tracionadas.

Somente os parâmetros de resistência à tração do concreto com cerca de 10% da sua


resistência à compressão já mostram a inviabilidade deste material quando submetido a estes
esforços. Os fenômenos de retração e fluência em função do tempo é outro agravante para a
37

sua viabilidade porque provocam fissurações onde se transforma em um fator determinante


para a perda de estabilidade. Como solução para continuar utilizando o concreto como peça
estrutural, deve-se adicionar armaduras de aço, geralmente com tensão de escoamento entre
500 a 600 MPa, dentro das regiões tracionadas, transformando o conjunto de concreto simples
mais armaduras de aço em concreto armado que proporciona uma boa resposta estrutural às
obras comuns de edifícios, porém ainda em certa desvantagem no ponto de vista de resistência
mecânica quando comparadas aos perfis de aço.

4.1 Conceitos de peças metálicas comprimidas

Este trabalho enfoca o estudo de recuperação estrutural de pilares, e por esta razão os
conceitos se voltam predominantemente para peças comprimidas.

Segundo (PFEIL, 1980), “Os esforços de tração tendem a retificar as hastes reduzindo
o efeito de curvaturas iniciais porventura existentes. Os esforços de compressão, ao contrário,
tendem a aumentar os efeitos de curvaturas iniciais e, acima de certo valor, provocam
deslocamentos laterais visíveis; diz-se então que a haste apresenta flambagem, que é a
instabilidade provocada por esforços de compressão”.

O autor ainda definiu o comprimento de flambagem de um pilar ou de uma barra


comprimida qualquer, como a distância real entre os momentos nulos, ou seja, caso a barra
esteja articulada nos dois apoios, o comprimento de flambagem coincide com o mesmo
tamanho longitudinal da peça, pois neste caso os momentos nulos ocorrem nas extremidades e
seus valores crescem na medida em que se distanciam delas, convencionando-se um
coeficiente de flambagem de [ k = 1,0 ].

Já quando se trata de uma peça comprimida com um apoio articulado de lado e um


apoio engastado no outro, os momentos nulos para cargas distribuídas ocorrem
aproximadamente a uma distância de cerca de 70% do tamanho longitudinal do vão no
sentido do apoio rotulado para o apoio engastado, convencionando-se para este caso o
coeficiente de flambagem de [k=0,7].

Baseado no mesmo conceito quando se trata de uma peça comprimida com cargas
distribuídas onde os dois apoios são engastado, os momentos nulos ocorrem em torno de 25%
do comprimento do vão no sentido dos apoios para o centro, convencionando-se para este
caso o coeficiente de flambagem de [k=0,7].
38

Finalmente se convenciona um comprimento de flambagem de [k = 2] quando se trata


de uma barra engastada na base e livre no topo, visto que a peça terá uma tendência de duas
vezes maiores de flambar porque está sem restrição a giro ou deslocamento no apoio do topo
(PFEIL, 1980).

Estes índices estudados há séculos pela comunidade científica continuam inalterados


até hoje no seu princípio fundamental de acordo com o Anexo E da NBR 8800/2008 que
apresenta os coeficientes de flambagem por flexão para elementos isolados semelhantes aos
apresentados por Euler.

Existe ainda a possibilidade dos apoios não serem completamente livres ao giro nem
completamente engastados, também denominados por alguns autores de ligações semirrígidas,
gerando valores intermediários de coeficientes de flambagem que não será abordado neste
trabalho, mas que poderá ser facilmente pesquisado na literatura científica.

4.2 Força crítica de compressão em estruturas metálicas

Segundo (PFEIL, 1980), existe em peças comprimidas uma força crítica limite
levando em consideração o efeito da flambagem onde as cargas solicitantes não devem
ultrapassar esta força limite. Com isto, quando se leva em consideração os conceitos da força
limite de compressão uma peça pode continuar estável mesmo levando em consideração o
efeito da flambagem.

Os conceitos relacionados à força crítica de peças comprimidas vêm sendo incluídos


na pauta científica há séculos, desde quando o matemático suíço Leonhard Euler (1707 –
1783) descobriu uma relação que existe entre as variáveis: rigidez (EI), área da peça
comprimida (Ag) e o comprimento de flambagem (kL). Ele agrupou estas variáveis em uma
equação que calcula a carga crítica de uma peça comprimida que mais tarde ficou conhecida
como fórmula de Euler em sua homenagem e consiste em parâmetro primordial para se
determinar a carga crítica de uma peça comprimida (Fcr) de forma preliminar (PFEIL, 1980).

Fórmula de Euler:

Onde:
39

: Força crítica de compressão;

EI: Rigidez da seção (produto do módulo de elasticidade pelo momento de inércia);

K: Constante de apoios para efeito de flambagem;

L: Comprimento não travado da peça;

Deixando de lado o procedimento matemático que está disponível na bibliografia deste


trabalho, a fórmula de Euler também pode ser escrita em função do raio de giração e passa a
ser enunciada da seguinte forma:

Onde:

i: Raio de giração da peça;

Ainda segundo (PFEIL, 1980), os casos mais comuns de flambagem são devidos ao
efeito de esforço normal de compressão associado à flexão que retrata de forma mais
realística o comportamento de peças comprimidas.

Visando impor limites para as peças comprimidas de forma a evitar a instabilidade por
flambagem, as normas técnicas criaram um limite para a esbeltez máxima para pilares.

A NBR 8800/2008 no item 5.3.4.2 estabelece que o limite de esbeltez máximo para
pilares e peças comprimidas não seja superior a 200 para comprimento destravado.

Os pilares e peças comprimidas em geral contemplam a necessidade da verificação das


tensões normais onde em nenhuma das hipóteses as cargas solicitantes podem superar as
cargas resistentes. Além desta verificação inicial, as peças comprimidas também necessitam
do cálculo da flambagem conforme a fórmula de Euler.

Quando se tratar de pilares e peças comprimidas confeccionadas com elementos muito


resistentes como aço, alumínio e outras ligas metálicas haverá a necessidade de se fazer outras
verificações de efeito local de mesas e de alma dos perfis e também precisa verificar efeitos
de torção e flexão isoladamente ou em conjunto, visto que se trata de peças muito esbeltas
com relação ao concreto armado ou madeira que são robustas.
40

4.3 Dimensionamento de pilares com perfis metálicos

Como já abordado, os pilares metálicos especialmente os de perfis H, I, retangulares e


circulares vazados possuem em geral massas longe do seu centro de cargas de maneira que
resiste melhor aos esforços solicitantes uma vez que se tem elevado momento de inércia da
peça com peso relativamente baixo. (REBELLO, 2009)

Sabe-se que estas estruturas trabalham predominantemente a esforços de compressão e


são carregadas também em alguns casos com esforços horizontais, principalmente devido à
ação do vento em coberturas e paredes de edifícios, causando momentos (força x distância)
causados por excentricidade geométrica, aplicação de cargas fora do centro de massas ou
imperfeições construtivas.

Outro fator importante no dimensionamento de pilares metálicos consiste no fato do


aço estrutural ter elevada tensão de escoamento (Fy) à compressão e à tração com valores
mínimos de 250 MPa e um grande módulo de elasticidade (E) da ordem de 250 GPa, fazendo
com que o valor da rigidez que é o produto (EI) seja elevado e aumente consideravelmente a
capacidade de carga da peça à compressão, de acordo com a fórmula de Euler.

Neste trabalho adotaremos o dimensionamento de pilares apenas à compressão simples


para facilitar os procedimentos matemáticos expositivos.

Os procedimentos de dimensionamento de pilares metálicos são de domínio científico


e usam predominantemente fórmulas e conceitos da Resistência dos Materiais associados com
as regulamentações normativas, especialmente a NBR 8800/2008 – 2ª edição que aborda o
projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.

Dimensionar uma estrutura de um pilar significa dotá-la de condições para que, sob a
ação de cargas normais ou sob combinações desfavoráveis de carregamentos de uso normal
ou excepcional ela possa responder, de maneira segura, as questões de tensões e deformações.
(REBELLO, 2009)

No método de dimensionamento de pilares metálicos devem ser levados em conta os


estados-limites últimos (ELU) e os estados limites em serviços (ELS) conforme determina o
Item 4.6.2 da norma NBR 8800/2008.
41

Em uma análise estrutural se deve considerar a influência de todas as ações que


possam produzir efeitos significativos para a estrutura levando-se em conta todos os limites
últimos (ELU) e de serviços (ELS), de acordo com o item 4.7.1.1 da norma.

Dimensionamento de estruturas à compressão mais complexo do que


dimensionamento de estruturas tracionadas em virtude do fenômeno de flambagem que não
existe na tração, além das verificações das tensões resistentes e solicitantes de cálculo que
devem ser verificadas em ambos os casos.

Quando se trata de estruturas metálicas comprimidas o problema fica ainda pior


porque podem apresentar instabilidades gerais ou instabilidades locais com a possibilidade de
flambagem de mesas ou almas de determinados perfis.

A razão principal para isto é o fato de que perfis de aço tipo I, H, U, Z e T têm suas
abas bem mais esbeltas do que outras peças em concreto armado pelo fato do aço apresentar
uma resistência à compressão e módulo de elasticidade bem superior com relação aos outros
materiais como o concreto armado.

O estudo do dimensionamento dos pilares à compressão que é um dos objetivos deste


trabalho sofre os efeitos de flambagem e por esta razão devem obedecer rigorosamente os
critérios de dimensionamento da norma NRB 8800/2008.

Por conseguinte, para facilitar a compreensão do objetivo deste trabalho sem levar em
consideração outras ações que agem nas estruturas comprimidas, o valor da resistência axial
em um pilar metálico à ruptura (Nc,Rd) é função direta da área bruta da seção transversal da
peça ( ), da tensão de escoamento do aço ( ), do fator de redução para a flambagem
localizada (Q) ,do fator de redução para flambagem à flexão e torção (X) e função inversa do
coeficiente de minoração da resistência ( )

Nc,Rd = Q X

Onde:

Q = Fator de redução para a flambagem localizada


42

A flambagem à flexão e à torção de uma peça é função da relação entre o seu


comprimento e sua seção transversal e é mensurada através do índice de esbeltez normal (
que é a relação entre o comprimento de flambagem e seu raio de giração

A norma NBR 8800/2008 usa o índice de esbeltez reduzido para o valor da tensão
resistente (Nc,Rd) em função do tipo de seção de perfis circulares ou tubulares com abas do
tipo AA e AL de acordo com o ANEXO F e o item 5.5.3.2 da NBR 8800/2008.

Para a determinação do fator Q em carregamentos estáticos, usa-se o efeito da


flambagem local com elementos de seções transversais, exceto as seções em perfis tubulares
redondas. Denominam-se AA quando há duas bordas vinculadas e AL quando possui apenas
uma borda longitudinal vinculada e a outra livre, de acordo com o item 5.1.2.2.1 da norma.

O parâmetro de esbeltez e dado por sendo obtido de acordo com os itens

5.1.2.2.3 e 5.1.2.2.4 e sendo a espessura da chapa analisada.

As seções dos perfis metálicos são classificadas em compactas e semicompactas e a


esbeltez deve está dentro da relação .

Seções compactas ocorrem quando nos elementos comprimidos e as mesas


estão ligadas continuamente a alma, conforme o item (5.1.2.1.3) da norma.

Seções semicompactas ocorrem quando possui um ou mais elementos comprimidos


onde (5.1.2.4) da norma.

4.4 Ligações metálicas

(VASCONCELLOS, 2011) define união de peças metálicas como o processo de


ligação aplicado a todos os detalhes construtivos que promovem a união entre as partes de
uma estrutura e da sua união com elementos externos a ela.

Um dos fatores mais importantes em obras que utiliza peças estruturais de aço é o
processo de cálculo e de execução de suas ligações metálicas. Isto se aplica tanto em obras
que têm o aço como base sistêmica da concepção estrutural, quanto em obras onde o aço é
coadjuvante do concreto armado ou de outro tipo de material. Uma ligação calculada de forma
errada ou a sua execução fora dos procedimentos normativos geralmente são causas dos
grandes acidentes que envolvem as obras metálicas. Isto ocorre porque em alguns casos há
43

transferência de esforços muito grande entre duas ou mais peças de uma estrutura justamente
nas suas juntas de ligações que devem suportar todas as cargas atuantes e apresentar uma
demanda de resistência maior do que as das próprias peças que estão sendo unidas.

Vários processos em ligações metálicas podem ser usados nas indústrias e nas obras
em geral, destacando-se as ligações com parafusos ou arrebites, ligações por aquecimento
com chama oxiacetilênica ou com mistura de oxigênio ou outro gás carburante, ligações com
troca de calor pelo efeito joule, além dos processos com arco voltaico usando eletrodos
revestidos ou qualquer outro tipo de procedimento industrial MIG, MAG e TIG. Apesar dos
diversos tipos de processos de soldagens existentes, o setor de obras de recuperação estrutural
utiliza mais a solda de arco voltaico com eletrodos revestidos, uma vez que os serviços são
realizados normalmente na própria obra.

Basicamente as ligações soldadas e parafusadas são os dois tipos mais utilizados na


atualidade e devem ser dimensionadas levando em conta os valores solicitantes majorados e
os valores mimos seguintes das resistências à tração do metal de solda (fw), à ruptura de
parafusos ou conectores (fub) e ao escoamento de parafusos ou conectores (fyb):

- Para a resistência mínima a tração de metais de solda com os seguintes eletrodos:


classe 60 (E60XX) para fw = 415 MPa; classe 70 (E70XX) para fw = 485 MPa; classe 80
(E80XX) para fw = 550 MPa. Fonte: (A4 da NBR 8800/2008).

- Para resistências mínimas de solda de conectores de cisalhamento tipo pino com


cabeça: usar especificações da norma AWS D1.1. O aço estrutural para conectores com
diâmetro até 22,2 mm deve ser o ASTM A108 - GRAU 1020, devendo respeitar os limites de
fub ≥ 415 MPa e fyb ≥ 345 MPa, além de considerar um alongamento mínimo de 50 mm de
20% dos seus valores e redução mínima de área de 50%. Fonte: (A5 da NBR 8800/2008).

- Para as resistências mínimas à ruptura e ao escoamento dos seguintes parafusos:


ASTM A307 para fub ≥ 415 MPa; Isso 899-1 C. 4.6 para fub ≥ 400 MPa e fyb ≥ 235 MPa;
ASTM A 325 para fub ≥ 725 MPa e fyb ≥ 560 MPa; Iso 4016 C. 8.8 para fub ≥ 800 MPa e
fyb ≥ 640 MPa; ASTM A 490 para fub ≥ 1035 MPa e fyb ≥ 895 MPa; Iso 4016 C. 10.9 para
fub ≥ 1000 MPa e fyb ≥ 900 MPa. Fonte: (A4 da NBR 8800/2008).

O tipo de ligação, bem como o seu processo construtivo deve ser objeto de um
projeto específico. Parafusos e ligações soldadas podem trabalhar à tração, à compressão, à
44

flexão, à torção e ao cisalhamento e cada ligação deve ser dimensionada de acordo com suas
solicitações e prescrições normativas. Cuidados especiais devem ser tomados na escolha e
dimensionamento de parafusos e soldas em função dos efeitos de esforços repetitivos que
poderá causar fadiga nas ligações, de conformidade com o ANEXO K da NBR 8800/2008.

Nos processos de soldagem por arco voltaico em aços de baixa liga ou mesmo em
qualquer estrutura com grandes aportes de tensões, deve-se evitar o uso de eletrodos com
revestimento celulósico da família E60XX, visto que a quantidade de umidade em torno de
5% nos revestimentos destes eletrodos facilita a migração de átomos de hidrogênio para a
ZTA (zona termicamente afetada). Fissurações podem ocorrer decorrentes da acomodação
deste gás nos nichos que se forma entre a poça de fusão e as zonas não afetadas termicamente.
Um teor significativo de hidrogênio na ZTA poderá ficar retido formando bolhas que
proporcionam planos de fissuração, diminuindo a resistência das peças a serem unidas pelo
processo de solda (ESAB, 2005).

5 ESTRUTURAS MISTAS

O conceito de estruturas mistas está ligado ao uso simultâneo de resistência com perfis
metálicos e também utilizando aportes de resistências da seção do concreto armado,
envolvendo especificamente a parcela de contribuição da parte das armaduras e a parcela de
contribuição da parte do concreto.

Uma das grandes vantagens do uso das estruturas mistas consiste no fato dos
coeficientes de dilatação térmica do concreto, das armaduras e dos próprios perfis metálicos
serem muito próximos, não causando problemas de cisalhamento por dilatação térmica em
temperatura ambiental. Outra vantagem do uso deste tipo de estrutura é o processo de
solidarização que ocorre entre o concreto, as armaduras e os perfis metálicos provocando
ancoragens perfeitas entre os elementos. Por fim, os perfis metálicos podem ser protegidos
fisicamente e quimicamente pelo concreto, caso o mesmo envolva consideravelmente as peças
metálicas.

5.1 Dimensionamento de pilares misto de aço e concreto armado

De acordo com (REBELLO, 2009), as aplicações na engenharia estrutural que pode


acontecer como ganho de resistência adicional é quando se associa uma estrutura metálica
45

com o concreto armado, aproveitando assim as melhores propriedades de cada material que
passa a trabalhar como uma única estrutura.

Todos os conceitos abordados abaixo sobre pilares mistos se baseiam em (REBELLO,


2009) que com a ajuda de muitos profissionais especialistas na área conseguiu aglutinar os
conceitos e normas sobre este assunto no mesmo trabalho.

O aço por ser um material bem mais resistente do que o concreto é utilizado nas
estruturas mistas em geral predominantemente nas zonas tracionadas, enquanto que o
concreto que tem custo construtivo bem inferior ao do aço responde bem aos esforços de
compressão e é utilizado exatamente nas zonas comprimidas.

Já o uso específico do aço em pilares mistos é mais eficiente quando se utiliza um pilar
tipo H e em algumas situações podem ser usados perfis tubulares com seção retangular ou
circular.

Isto ocorre porque o concreto em contato direto com uma estrutura metálica a protege
fisicamente e quimicamente em função de um PH alcalino dos componentes do cimento
Portland. Em tese, as estruturas mistas utilizam de forma eficiente as melhores propriedades
de cada uma das duas substâncias que se unem formando uma única estrutura com razoável
resistência mecânica e em muitos casos com ótima resposta de proteção a incêndio.

As ações que chegam aos pilares de estruturas mistas são calculadas da mesma forma
com a mesma metodologia das estruturas de concreto armado. Anteriormente já foi
demostrado o passo a passo para o cálculo destas ações e não contribuiria em nada a sua
repetição.

Para facilitar a compreensão do passo a passo do procedimento de cálculo


consideramos a situação mais comum em projeto que consiste nos pilares mistos simétricos,
de seção constante e com carregamento predominantemente axial. O primeiro passo para se
verificar se o pilar pode ou não ser dimensionado como pilar misto se faz através de um índice
que retrata o fator de contribuição do aço no conjunto aço e concreto que é calculado pela
equação abaixo, conforme é especificado em Manual da CBCA. (REBELLO, 2009)

δ = (fyd . Aa) / Npl,Rd

Sendo:
46

δ: Fator de Contribuição

( fyd . Aa ): Força devido a resistência do perfil de aço.

Npl,Rd: Força devido a resistência do concreto armado, somando a contribuição das


armaduras e do concreto separadamente.

Valores referenciais do fator de Contribuição:

- Para o fator de contribuição baixo com δ ≤ 0,2, o pilar deve ser dimensionado como
pilar de concreto armado e não deve ser considera a contribuição do aço do perfil.

- Para fator de contribuição alto com δ ≥ 0,9, o pilar deve ser dimensionado como pilar
simples de aço, não considerando a contribuição do concreto armado.

- Para fator de contribuição entre o intervalo de 0,2 a 0,9, o pilar deve ser
dimensionado como pilar misto com contribuição de aporte de carga do concreto armado e do
perfil de aço.

Para aumentar a resistência do perfil metálico ao fogo e mecânica, podem ser


previstas armações longitudinais limitadas pelos seguintes critérios:

- Para seções revestidas: 0,3% ≤ Ρ (mínimo) ≥ 4%

- Para seções preenchidas 0,0 ≤ Ρ (mínimo) ≥ 4%

Onde: Ρ = Taxa de armadura de aço do concreto armado

Força total de dimensionamento em função das três parcelas de forças:

Npl,Rd = fyd . Aa . fcd . Ac + fsd . As

Parcelas de forças:

( fyd . Aa ) : Força devido o perfil de aço.

( . fcd . Ac ) : Força devido o concreto simples.

( fsd . As ) : Força devido a armação no concreto.

Variáveis:
47

Aa = Seção do perfil de aço.

Ac = Seção do concreto.

As = Seção das armaduras do aço do concreto armado

fyd = Tensão de dimensionamento do aço do perfil que é função das cargas atuantes e do
coeficiente de segurança.

Npl,Rd = Força total referente a atuação simultânea do aço do perfil, do concreto simples e da
armadura de aço do concreto armado.

5.2 Dimensionamento de pilares mistos no caso específico de compressão centrada

O procedimento de cálculo a seguir se restringe ao modelo de dimensionamento de


pilares mistos submetidos à compressão centrada para facilitar a compreensão dos cálculos
manuais que serão executados no estudo de caso proposto. Todo procedimento de cálculo
continua baseado em (REBELLO, 2009) abordando o passo a passo para uma melhor
compreensão dos procedimentos. O primeiro procedimento de cálculo consiste na limitação
do índice de esbeltez mínimo que deve obedecer a seguinte relação:

Índice de esbeltez mínimo:

( ,m) = √Npl,R/Ne para: ( ,m) ≤ 2

Onde:

( ,m) = Índice de esbeltez mínimo.

Npl,R = força resistente devido ao perfil de aço, ao concreto e as armaduras do concreto.

Ne = força axial de flambagem elástica conhecida pela fórmula de Euler.

A força axial de flambagem elástica, também conhecida por fórmula de Euler, é


calculada em função da rigidez elástica (EI)е, constante de vínculos (k) e comprimento não
travado do pilar (L).

Força axial de flambagem elástica:


48

Ne = π².(EI)е / (k . L) ²

(EI)е = Ea . Ia + 0,6 . Ec,red . Ic + Es . Is

Onde:

π: constante matemática;

(EI)е: rigidez efetiva da seção mista levando em conta os efeitos da retração e fluência do
concreto;

K: constante de vínculos;

L: comprimento não travado;

Ia: momento de inércia da seção do perfil de aço;

Ice: momento de inércia da seção do concreto;

Si: momento de inércia das seções das armaduras de aço do concreto armado;

Ia: módulo de elasticidade do aço do perfil;

Ec,red : módulo de elasticidade reduzido do concreto, levando em conta os efeitos da retração


e fluência do concreto;

Es: módulo de elasticidade das armaduras de aço do concreto;

O modulo de elasticidade reduzido do concreto é dado por:

Ec,red = Ec / [ 1 + Ø . (Ng,nd / Nsd ) ]

Onde:

Ec: módulo de elasticidade normal do concreto;

Ng,nd: força solicitante de dimensionamento considerando apenas as cargas permanentes;

Nsd: força solicitante de cálculo considerando todas as cargas;

Ø = 2,5 para seções revestidas;


49

Ø = 0,0 para seções preenchidas;

Diante dos valores calculados, obtém-se a força resistente de compressão levando em


consideração a condição do índice de esbeltez de (λo,m) ≤ 2, a tensão resistente no aço do
perfil, o fator de forma, a tensão de compressão de concreto, tensão de compressão das
armaduras de aço no concreto e as áreas do perfil, do concreto e das armaduras de aço no
concreto.

Força axial resistente de cálculo da seção transversal à plastificação total:

Onde:

Npl,R = Força total resistente do pilar misto com a atuação simultânea do aço do perfil, do
concreto simples e da armadura de aço do concreto armado;

Fy: tensão de escoamento do aço do perfil;

Aa: seção do perfil de aço;

= perfis I o H)

fck: tensão de compressão do concreto;

Ac: seção do concreto;

As: seção das armaduras do aço do concreto armado;

Daí aplicando-se o coeficiente de segurança da minoração da força resistente de cálculo temos


a força axial resistente de cálculo:

Força total resistente de cálculo

Nrd = χ . Npl,Rd

Sendo:

χ: fator de redução da resistência determinada pela Tabela 03 da norma NBR 8800 em função
do índice de esbeltez mínimo;
50

Tabela 03 – Valores de χ em função do índice de esbeltez.

Fonte: (REBELLO, 2009)

Finalmente lembra-se que o cálculo da resistência final de um pilar misto leva em


consideração as resistências do perfil metálico, das armaduras do concreto e da seção de
concreto, enquanto a rigidez efetiva leva em consideração também os três fatores de
resistência considerando que no módulo de elasticidade do concreto se utiliza o módulo de
elasticidade reduzido para levar em consideração os efeitos da retração e da fluência.

A boa aderência entre os dois materiais, a facilidade de modelagem com fôrmas, a


resistência à compressão do concreto nas zonas comprimidas e a resistência à tração do aço
51

nas zonas tracionadas são fatores importantes que contribuem para o uso deste material em
larga escala no mundo inteiro.

O concreto armado geralmente é dimensionado com base na proporção de linearidade


entre as tensões aplicadas e as suas deformações. Diferentemente do aço que é um material
homogêneo e tem sua tensão de compressão igual à tensão de tração em peças curtas, sem
levar em consideração a flambagem, o concreto armado tem comportamento diferente e suas
resistências à tração e à compressão dependem respectivamente das propriedades do aço e do
concreto. Outro aspecto que pilares de concreto armado que diferem dos pilares de aço
consiste nas propriedades das deformações lentas que ocorrem pela fluência e retração do
concreto, proporcionando aumento das deformações ao longo do tempo.

6 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL E AUMENTO DA CAPACIDADE DE CARGA


DE PILARES EM CONCRETO ARMADO

O uso de perfis de aço na recuperação de pilares de concreto armado ou mesmo para


simplesmente aumentar a sua capacidade de carga é muito eficaz, visto que como ordem de
grandeza o aço tem um módulo de elasticidade muito maior do que o módulo de elasticidade
do concreto em torno da razão de 10:1, enquanto sua resistência à compressão é também muito
superior à resistência do concreto em torno da razão de 9:1. (REBELLO, 2009)

Isto implica diretamente a relação de dimensionamento entre pilares de aço e


concreto, onde as estruturas metálicas por serem mais resistentes e se deformarem menos,
suportam cargas por unidade de área bem maior do que estruturas semelhantes em concreto
armado, razão pela qual os pilares com aço são geralmente dimensionados com peças bem
menores e com peso reduzido.

Como o concreto é um material que não suporta bem as cargas de tração por fatores
como fluência, retração e outros parâmetros técnicos que provocam fissurações, se adiciona
armaduras de aço com resistências à tração da ordem de 500 e 600 MPa para que a peça
consiga ter uma boa resistência nas zonas tracionadas.

Quando o concreto armado sofre deteriorações por efeito de patologia perde parte da
sua capacidade de carga, necessitando de reparos ou substituição das armaduras e do próprio
concreto antigo de forma parcial ou total, conforme o caso.
52

Segundo (REIAS, 2001), os problemas patológicos se manifestam externamente de


forma característica onde se pode deduzir a natureza e os mecanismos envolvidos, assim como
prever as prováveis consequências. Os sintomas mais visíveis são as fissuras, as eflorescências,
as flechas excessivas, as manchas no concreto, a corrosão de armaduras e a segregação dos
materiais do concreto como as reações álcalis-agregados. Ainda de acordo com (REIAS, 2001)
e (MEHTA & MONTEIRO, 1994), os mecanismos básicos de degradação do concreto se
classificam em:

- Lixiviação – Provocada por águas puras, carbônicas agressivas e ácidas decorrentes


da superfície de agregados expostos, eflorescência de carbonato e efeito de fungos.

- Expansão – Provocada por águas e solos contaminados por sulfatos e agregados


reativos, provocando expansão geral na massa do concreto, fissuras aparentes e profundas, e
redução da dureza e do PH.

- Reações deletérias – Ocorrem por influência de certos agregados provocando


manchas, cavidades e protuberâncias na superfície do concreto.

- Despassivação da armadura – É provocada pela ação do gás carbônico e de cloretos


provocando manchas, fissuras e destacamentos do concreto nos casos mais acentuados. Com a
ação dos agentes citados, o PH do concreto que é em torno de 12,5 cai para níveis inferiores
onde a proteção alcalina perde eficácia, podendo iniciar o processo de corrosão das armaduras.

As intervenções necessárias para devolver a capacidade portante de um pilar em


concreto armado devem levar em consideração os aspectos técnicos, econômicos e ambientais.
Várias são as técnicas utilizadas para se detectar um processo de degradação em um pilar de
concreto, destacando-se deformações excessivas, as machas na superfície e as fissurações
anormais como o sinal vermelho para o ponto de partida para a análise mais profunda que
poderá utilizar ensaios destrutivos e obtenção de certas propriedades de diversos equipamentos
que existem no mercado e que detectam problemas no concreto armado. (REIAS, 2001) ainda
mostra a possibilidade de recuperar pilares de concreto armado utilizando diversos tipos de
material:

- Recuperação com argamassas e concreto com uso ou não de aditivos plastificantes,


sendo necessária a reposição das armaduras com corrosão.
53

- Recuperação com concreto projetado, sendo necessária a reposição das armaduras


com corrosão.

- Recuperação com argamassas de base mineral, sendo recomendado em reparos


superficiais com o uso ou não de reposição de armaduras.

- Recuperação com argamassas de base epóxi, sendo recomendada em reparos para


cobrimento de barras adicionais ou antigas, proteção contra ambientes ácidos e ancoragem de
chumbadores, em todas as situações devendo verificar a necessidade ou não de reposição de
armaduras.

- Recuperação com argamassas de base poliéster ou de base estervinílica, sendo


recomendada para reparos superficiais, proteção contra ambientes ácidos e calefação
superficial, em todas as situações devendo verificar a necessidade ou não de reposição de
armaduras. Geralmente apresenta resistência térmica de até 115 ºC.

- Recuperação com argamassas de base poliéster ou de base estervinílica, sendo


recomendada para reparos superficiais, proteção contra ambientes ácidos e calefação
superficial, em todas as situações devendo verificar a necessidade ou não de reposição de
armaduras. Geralmente apresenta resistência térmica na faixa de temperaturas entre 175 ºC a
200ºC.

- Recuperação com perfis metálicos laminados, especialmente com cantoneiras


metálicas quando se trata de pilares de forma retangular, cujas arestas são excelentes pontos de
ancoragem entre as peças de aço e o concreto antigo. Quando a seção do pilar for circular ou
tenha outra forma qualquer diferente das retangulares, pode-se optar por um tipo de perfil
metálico que seja mais adequado à geometria da peça, destacando-se as próprias chapas
metálicas, perfis U, I e H e os perfis arredondados.

6.1 Uso de perfis metálicos para recuperação de pilares retangulares de concreto


armado

Este trabalho enfoca o processo de aumento da capacidade de carga ou da recuperação


estrutural de pilares em concreto armado de edifícios com geometria retangular utilizando o
uso de perfis metálicos laminados tipo L de forma independente ou associados às estruturas de
concreto armado da peça numa concepção de estrutura mista. Para tanto, os perfis metálicos
podem ser fixados nas quinas dos pilares onde o próprio concreto existente servirá de
54

ancoragem para as cantoneiras metálicas que também deverão ser contraventadas com barras
chatas transversais de aço que limitarão os seus comprimentos de flambagem nos planos não
travados através de soldas ou por fixação de parafusos de alta resistência. Outro ponto positivo
deste processo é o alto desempenho estrutural, à medida que as seções das peças metálicas são
fixadas na parte externa dos pilares com ganho significativo no aumento do momento total de
inércia da seção.

O uso do aço apresenta vantagem técnica e econômica na recuperação estrutural de


pilares de concreto armado porque a sua capacidade de carga poderá ser aumentada com a
simples fixação de quatro perfis metálicos tipo L (cantoneira) devidamente contraventados
com barras chatas soldadas e ancoradas na estrutura antiga por atrito ou por qualquer processo
de ancoragem.

O estudo de (ZANATO, 1999) sobre reforços de pilares de concreto armado mostrou


que a execução desses reforços com perfis metálicos (tipo cantoneira) apresentou vantagens
quando comparado a outros métodos, sendo um fator importante a dispensa no uso de fôrmas
e da preparação nas faces do pilar, além de não propiciar aumento significativo das seções dos
pilares.

Segundo (SOUZA, 1998), O reforço de pilares de concreto armado do ponto de vista


do projeto estrutural é sempre mais problemático do que o reforço de vigas e lajes. Isto
acontece porque, sendo o pilar o último elemento de sustentação da estrutura antes das
fundações, tem que absorver cargas oriundas de diversos pavimentos, diferentemente das
vigas (com exceção das vigas de transição), que absorvem apenas os carregamentos do teto
em que se situam. Defende ainda que há viabilidade técnica para utilização de perfis metálicos
como reforços estruturais. Segundo ele, no que diz respeito aos pilares, o projeto dependerá
diretamente do fator que ocasionou a necessidade da intervenção, ou seja:

 O pilar está danificado de forma a não mais cumprir a finalidade para a qual foi
idealizada: Considerando as situações extremas que ocorrem por deterioração
acentuada, com seccionamento do pilar, por impactos violentos, por erros construtivos
ou de projeto que tenham levado ao esmagamento do pilar, ou ainda por diversas
outras causas, a seção de concreto existente já não apresenta nenhuma capacidade
portante. Assim, o projeto do reforço consistirá simplesmente no dimensionamento de
um pilar metálico, composto de um ou mais perfis estruturais, que irá substituir
55

totalmente, como elemento portante, o pilar de concreto armado original. É o típico


caso de encamisamento estrutural.
 Mudança de utilização da estrutura torna obrigatório o aumento da capacidade
resistiva do pilar: O caso do reforço em elementos estruturais de concreto armado em
peças com envergaduras, a utilização de chapas de aço coladas, na maioria das
situações pode resolver o problema, uma vez que induz a estrutura recuperada a
trabalhar no limite da sua capacidade com base na peça de aço que é o elemento mais
resistente com relação ao concreto. Se o reforço for introduzido sem o
descarregamento das ações, envolvendo parcial ou totalmente a seção de concreto
original, vai acontecer que os perfis só entrarão em trabalho quando solicitados por um
novo carregamento.
De acordo com estudo, (SOUZA, 1998) os procedimentos que se devem seguir em
processos de recuperação estrutural de pilares de concreto armado são os seguintes.

Admitindo um pilar inicialmente solicitado por uma carga P, após a execução do


reforço esta carga será elevada para P+AP. Este incremento de carga se dividirá de tal forma
que um percentual δ P irá atuar na seção de concreto armado, e o restante, (1- δ) P, irá
solicitar os perfis metálicos acrescentados. Se a seção de concreto armado já estiver
trabalhando no limite antes da execução do reforço, será incapaz de suportar este incremento
de carga, e romperá por esmagamento. Com isto, a totalidade da carga (P+ P) deverá então
ser suportada pelos perfis metálicos. Por outro lado, se antes da execução do reforço a
estrutura tiver sido descarregada até que a carga axial atuante seja a P( <1,0), tem-se:

• Carga original: P

• Carga antes do reforço: P<P

• Carga após o reforço: P + P

• Carga atuante na seção de concreto armado, após o reforço: P + δ [(1- ) P + P]

• Carga atuante nos perfis metálicos após o reforço: (1- δ) [(1- ) P + P]

Para que o elemento estrutural composto funcione a contento, é necessário que:

i) P + δ [(1- ) P + P] seja menor do que a capacidade portante da seção de


concreto armado original;
56

ii) (1- δ) [(1- ) P + P] seja menor que a capacidade de carga dos perfis estruturais.
Para esta verificação, pode-se determinar indiretamente o valor de δ através de
algumas hipóteses simplificadoras. Supõe-se, para isto, que na seção original do pilar tanto o
concreto como o aço estejam trabalhando em seus limites de resistência, dentro do campo
elástico (ou seja, seção bem ajustada), e que a tensão última dos perfis metálicos à
compressão é igual à das barras da armadura existente, ou vice-versa, tomando-se, para tanto,
o menor entre os dois valores (isto apenas na consideração da seção composta).

Assim, de acordo com a primeira hipótese, as parcelas do carregamento resistidas


pelo concreto e pelo aço seriam, respectivamente,

Onde:

• é a área de concreto comprimida;

• = 0,85

• é a área de aço comprimida;

• é a tensão no aço para um encurtamento de 0,2%;

(3)

Ao se reduzir a carga para o , o concreto daria uma contribuição de α e o aço


de α . Caso existisse uma seção imaginária ajustada a esta carga, ela seria tal que:

E assim teríamos uma “sobra de seção” tal que:

e
57

Seja agora a nova carga . O acréscimo de carga em relação ao pilar


“descarregado” seria:

Se todo este acréscimo estivesse atuando apenas sobre a seção “com tensão nula”, já
reforçada com os perfis, teríamos:

Onde é a área total do reforço em perfis. Daí, a parcela resistida pelo concreto

seria:

E, com isto, a nova tensão no concreto seria determinada considerando-se a seção


real, na forma:

E=

Isto, entretanto, pressupõe a existência de total aderência entre os perfis de reforço e


o concreto original, o que implica em uma perfeita execução de enchimento, com resina, da
interface entre os perfis e o concreto.

Com base na consideração de que não se pode ter certeza do grau de


descarregamento que se poderá alcançar, (CÁNOVAS, 1984) apud (SOUZA, 1998) aconselha
que se despreze a seção existente de concreto e se considerem os perfis recebendo a totalidade
da carga. O mesmo autor recomenda ainda que o reforço seja executado em toda a extensão
do pilar (em vários pavimentos), para evitar problemas de puncionamento, a não ser no caso
de haver uma variação brusca da seção do pilar entre dois pavimentos consecutivos.

Além disto, e também de acordo com o mesmo, caso se vá considerar a resistência


total do elemento composto, é recomendável que:


58

Onde ∑ é a soma das áreas das seções transversais das barras de aço existentes no
pilar com as dos perfis estruturais, e é a área da seção de concreto existente somada à que
for acrescentada, se for o caso.

O assunto como se vê é polêmico e admite até posições bastantes conservadoras,


com as de (CÁNOVAS, 1984) apud (SOUZA, 1998).

Em nível de dimensionamento, será fundamental contar com a introdução de chapas


metálicas a funcionar como estribos (cintas), devidamente soldadas aos perfis metálicos,
principalmente na recuperação de pilares com geometria retangular de forma a garantir o
confinamento do núcleo de concreto e consequentemente, o aumento da capacidade de carga
do pilar pelo menos em parte, com a pretendida segurança adicional.

Para uma perfeita união do capitel de aço com o concreto existente, deve-se preparar
a superfície recebedora e ‘’colar’’ o capitel a referida superfície, utilizando-se resina epóxi,
argamassa epoxídica ou grout. O capitel deverá vir em pelo menos duas peças, que deverão
ser soldadas entre si no local da obra.

As Figuras 01 e 02 mostram o reforço típico de um pilar de concreto armado com o


recurso da utilização de perfis metálicos com chapas e conectores de cisalhamento. Alguns
detalhes importantes devem ser analisados, de forma que o reforço executado possa cumprir
as finalidades para as quais foi projetado.
59

FIGURA 01 – Reforço de pilar com perfis.

Fonte: (SOUZA, 1992)

FIGURA 02 – Detalhe do capitel antes de sua colocação

.Fonte: (SOUZA 1992)

Hoje em dia, com a constante evolução na tecnologia de injeção e produção de


resinas com alta capacidade de colagem, torna-se extremamente antieconômica a
desconsideração da seção de concreto existente. Admitir-se-á, portanto, uma situação
intermediária, a ser atingida com a consideração de coeficientes de incerteza maiores, a partir
da introdução de um rígido sistema de controle de qualidade sobre os materiais e,
especialmente, sobre a execução.
60

7. ESTUDO DE CASO DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE PILARES DE


CONCRETO ARMADO EM PRÉDIO COMERCIAL NA CIDADE DE SOLÂNEA/PB.

O estudo de caso desta pesquisa consiste na comparação de custos de métodos de


recuperação estrutural de pilares de concreto armado com seções de 23x23 cm em um prédio
com três pavimentos localizado na Rua Celso Cirne, nº 300, centro, na cidade de Solânea/PB,
onde funciona no térreo uma filial da Empresa Magazine Luíza S/A e nos outros pavimentos
apartamentos com fins residenciais. O mencionado edifício foi construído há cerca de 30 anos
e apresentava processo de degradação estrutural com instabilidade visível em dois pilares.

Para facilitar a compreensão do presente estudo de caso, foram formulados métodos


comparativos de três processos de recuperação estrutural de pilares em concreto armado com
seções retangulares, visando facilitar a comparação nos custos entre eles. Estes métodos foram
criados especificamente para o presente caso e estão convencionados da seguinte forma:
MÉTODO 1 - utiliza apenas a resistência de cantoneiras metálicas laminadas como agente
resistivo para a capacidade total de carga do pilar; MÉTODO 2 - Utiliza apenas o concreto
armado com ou sem grout e armaduras como agente resistivo para a capacidade total de carga
do pilar; MÉTODO 3 - Atribui tanto as cantoneiras metálicas quanto à contribuição total ou
parcial do concreto armado como agentes resistivos para a capacidade total de carga do pilar.

Não se considerou o uso de fibras de carbono ou outras tecnologias avançadas na


formulação dos métodos para facilitar o processo comparativo que utiliza mão de obra normal
encontrada em quase todas as obras, além de usar materiais comuns como perfis de aço,
armaduras CA50 e CA60 para concreto armado, cimento, grout e outros materiais encontrados
facilmente no mercado a preços competitivos em função da grande demanda de uso.

Descrição dos métodos propostos levando em conta suas principais premissas


técnicas:

MÉTODO 1:

Atribui a capacidade de carga para um pilar de concreto armado retangular com o uso
exclusivo de perfis metálicos laminados tipo L (cantoneiras laminadas), mantendo o concreto
armado original sem alterações para não contribuir com a desestabilização da edificação,
porém sem considerar nenhum aporte de carga em decorrência da baixa qualidade do próprio
concreto existente ou do seu alto grau de patologia estrutural.
61

MÉTODO 2:

Atribui a capacidade de carga para um pilar de concreto armado retangular mediante a


sua recuperação estrutural ou simplesmente quando se pretende aumentar a capacidade de
carga de uma peça, usando exclusivamente concreto ou grout, mantendo ou não as suas
dimensões originais e adicionando armaduras transversais e longitudinais para repor as
deficiências nas seções de aço. Neste processo é preciso retirar as camadas de concreto
carbonatado, além de proporcionar tratamentos adequados para cessar possíveis corrosões e
melhorar a ancoragem entre o concreto novo e antigo.

MÉTODO 3:

Atribui a união do MÉTODO 1 e do MÉTODO 2, de forma que a recuperação


estrutural de um pilar de concreto armado de seção retangular se dá pela contribuição do uso
de perfis metálicos como também pelo aporte de carga do concreto armado original ou
recuperado. Este método tem comportamento de uma estrutura mista, visto que engloba as
contribuições de aportes de carga dos perfis, do concreto e das armaduras de aço.

A vantagem do uso de perfis de aço na recuperação de pilar de concreto armado, de


forma isolada ou aproveitando um aporte de resistência da peça do concreto antigo, aponta
para uma redução significativa no tempo de execução dos serviços, uma vez que os
procedimentos de ancoragens entre os perfis de aço e o concreto são bastante simples e
demandam menos tempo do que os processos convencionais com o uso exclusivo de
concretos e adição de armaduras, além de provocarem menos intervenções impactantes. Estes
fatores associados à redução de consumo de escoramentos e de equipamentos para demolição
proporcionam uma redução em alguns componentes do custo final da obra, além de serem
bastante significativos na redução da quantidade da mão de obra e consequentemente no
tempo de execução dos serviços.

O processo de recuperação estrutural indicado no MÉTODO 1 utilizando perfis


metálicos fixados nas partes externas das estruturas antigas não provoca grandes perturbações
nas estruturas comprometidas, uma vez que a sua colocação é acondicionada por ancoragens
simples que praticamente não produz vibrações ou deslocamentos excessivos, minimizando a
tendência de desmoronamento total ou parcial da estrutura a ser recuperada.
62

É recomendável a retirada do revestimento dos pilares para ancorar as peças


metálicas com adesivo epóxi ou com outro tipo de material ligante adequado. É extremamente
importante também calcular as ligações metálicas entre as peças mediante o dimensionamento
correto das soldas com base nos limites das suas tensões de escoamento indicando o tipo de
eletrodo, o tipo de solda e todo o procedimento de soldagem ou de fixação de parafusos,
conforme o caso.

7.1 Considerações sobre a estrutura do prédio

No local foi constatado que a obra nunca teve um projeto estrutural e, segundo
informações do próprio mestre de obra que administrou a construção na época, a edificação
teria sido construída sem a orientação de qualquer engenheiro civil e sem a existência de
qualquer tipo de projeto. Em virtude da falta dos documentos técnicos do edifício em estudo
como plantas, ART e outros documentos, houve a necessidade do perito estimar os parâmetros
mínimos para a simulação do cálculo estrutural em função de averiguações diretas. Para tanto a
reprodução da construção original foi simulada o mais próximo possível da realidade da época
da construção e utilizando as mesmas dimensões reais das peças de concreto armado
existentes. Foi considerada uma estimativa de resistência à compressão do concreto em torno
de 15 MPa que era comum na época da construção, ao mesmo tempo em que as evidências
técnicas corroboram para esta faixa de valor. Também foram feitas estimativas de cargas de
paredes, coberturas, caixa d’água e de outros elementos construtivos presentes para reproduzir
as ações reais existentes nos elementos estruturais.

Os problemas detectados nestes elementos estruturais ocorreram em decorrência dos


seguintes fatores: seções insuficientes de concreto armado; seções de armaduras de aço
menores do que as recomendadas; desaprumo em armaduras de alguns pilares; baixa qualidade
do concreto que se pode observar diretamente em função da sua desagregação quando
submetido a esforços impactantes; saturação do subsolo onde assenta algumas fundações.

O estudo de caso foi baseado em um laudo estrutural real (ANEXO A) e no projeto de


recuperação estrutural do edifício (ANEXO B), cujos trabalhos foram elaborados pelo próprio
autor desta monografia. Ficou evidente que as instabilidades estruturais detectadas
visivelmente e sem a ajuda de instrumentos ocorreram nos pilares (P-03 e P-04), enquanto, que
a instabilidade nos outros dois pilares (P-02 e P-05) se verificou através da análise estrutural.
(FIGURA 03).
63

FIGURA 03 – Planta de fôrma de parte da edificação que apresentou problema


estrutural visível nos pilares P-03 e P-04.

Fonte: Elaborado pelo autor.


64

Ficou evidente que os pilares P-03 e P-04 estavam tão subdimensionados e com parte
de suas estruturas submetidas a um alto grau de patologia estrutural, que a única camada de
piso até então existente e acondicionada diretamente sobre o solo (sem contrapiso) estava
estabilizando perigosamente estas estruturas no limite de suas estabilidades. A demolição do
piso antigo contribuiu decisivamente para o colapso estrutural no pilar P-03 e para o efeito de
flambagem do pilar P-04 porque estas estruturas não foram construídas adequadamente para
suportarem suas cargas, cuja edificação somente não chegou a ruina pela ação rápida e eficaz
do engenheiro responsável que se encontrava na obra e providenciou o escoramento necessário
para evitar o colapso estrutural generalizado.

7.2 Método adotado na análise estrutural e simulação do dimensionamento da obra

A análise estrutural da edificação considerou todos os elementos estruturais com a


simulação do dimensionamento das fundações, vigas, pilares e lajes de todos os pavimentos. O
cálculo das simulações do projeto estrutural original foi executado através do software
espanhol Cypecad (Versão 2015 / Licença de uso: CYC-115181) que pertence ao autor desta
monografia. Foram consideradas todas as seções reais das peças estruturais, seus vínculos e a
resistência média estimada do concreto em 15 MPa. Também foi considerado um relatório de
análise de solo (ANEXO A) em local bem próximo à obra que serviu de base para a estimativa
da tensão admissível do solo e de suas principais propriedades geotécnicas.

7.3 Hipóteses de recuperação dos pilares de concreto armado degradados

As hipóteses formuladas para a recuperação dos pilares P-02, P03, P04 e P-05
(FIGURA 01) do edifício, foram baseadas nos três métodos definidos neste capítulo.

A PRIMEIRA HIPÓTESE para a recuperação estrutural dos pilares faz referência ao


MÉTODO 1, atribuindo o uso exclusivo de perfis de aço para a reposição da capacidade de
carga dos pilares; A SEGUNDA HIPÓTESE para a recuperação estrutural dos pilares faz
referência ao MÉTODO2 sendo atribuído o uso específico de concreto armado convencional
com adição de reforços de armaduras e sem a utilização de perfis de aço no processo. A razão
pela qual não foi abordada a possibilidade de utilização de estruturas mistas como terceira
hipótese baseada no MÉTODO3, se deu em função da péssima qualidade do concreto armado
existente, contendo alto grau de degradação patológica e subdimensionamento estrutural,
associada à baixa qualidade do material utilizado na construção, fatores estes que colocariam
em risco o aproveitamento de qualquer parcela de resistência dos pilares antigos.
65

7.4 Pesquisa de custo sobre a utilização dos métodos 1 e 2.

Pesquisa de custo coletada em outubro/2014 junto ao mercado da grande João


Pessoa-PB para a recuperação estrutural dos quatro pilares que apresentaram problemas
estruturais em função dos processos especificados nos métodos 1 e 2.

TABELA 04 – Recuperação com os perfis de aço pelo MÉTODO 1.

PILAR PESO DOS CUSTO UNITÁRIO DO CUSTO TOTAL


PERFIS (KG) AÇO APLICADO (R$) (R$)

P-02 125 R$ 12,00 R$ 1.500,00

P-03 125 R$ 12,00 R$ 1.500,00

P-04 125 R$ 12,00 R$ 1.500,00

P-05 125 R$ 12,00 R$ 1.500,00

CUSTO TOTAL DA RECUPERAÇÃO DA ESTRUTURA R$ 6.000,00

TABELA 05 – Recuperação com o concreto armado pelo MÉTODO 2.

PILAR ÁREA DE CUSTO CUSTO TOTAL


RECUPERAÇÃO (m²) UNITÁRIO (R$) (R$)

P-02 2,76 R$ 600,00 R$ 1.656,00

P-03 2,76 R$ 600,00 R$ 1.656,00

P-04 2,76 R$ 600,00 R$ 1.656,00

P-05 2,76 R$ 600,00 R$ 1.656,00

CUSTO TOTAL DA RECUPERAÇÃO DA ESTRUTURA R$ 6.624,00

Fonte: Elaborado pelo autor.


66

7.5 Análise dos resultados obtidos em função das hipóteses levantadas

A escolha do processo de recuperação estrutural dos quatro pilares degradados se deu


com base nas informações técnicas e econômicas referentes às hipóteses formuladas no item
7.2. A HIPÓTESE 1 (processos definidos no MÉTODO 1) se evidenciou mais viável
tecnicamente e economicamente, visto que a HIPÓTESE 2 (processo definido no MÉTODO 2)
apontou para um custo ligeiramente maior e com processo construtivo mais trabalhoso, além
de apresentar uma maior probabilidade de desestabilizar a obra que vem apresentando
problemas estruturais. Já a HIPÓTESE 3 (processo com seção mista envolvendo os perfis de
aço e o próprio concreto baseado no MÉTODO 3) foi descartada em função do alto grau de
incerteza para se considerar a estrutura de concreto armado existente como contribuição
estrutural na capacidade portante dos pilares em função do alto grau de patologia estrutural
detectado com a desestruturação de agregados e armaduras flambadas e em processo de
corrosão química.

O pilar central P-03 sofreu um colapso estrutural considerável que gerou


deslocamento transversal de 8 cm, enquanto o outro pilar central P-04 apresentou flambagem
por envergadura vertical (flambagem de Euler) da ordem de 3 cm, mas sem deslocamento
transversal aparente. A instabilidade apresentada na obra com os deslocamentos de algumas
peças estruturais incluindo algumas fundações foi também um fator importante na definição da
recuperação estrutural utilizando apenas perfis laminados para minimizar o uso de
equipamentos impactantes que aumentaria os riscos de desmoronamento total ou parcial da
obra.

Em função da pesquisa de custos coletada em outubro/2014, ficou evidente que os


dois métodos de recuperação estrutural têm custos próximos, embora o MÉTODO1
apresentou uma redução de 9,42% com relação ao MÉTODO 2. Foi adotado o processo de
recuperação estrutural com base no MÉTODO 1 especificado na primeira hipótese formulada
que utiliza exclusivamente cantoneiras laminadas de aço para a capacidade portante dos
pilares pela facilidade do processo construtivo e pela redução do tempo de execução da obra,
além da consideração da pequena diferença nos custos dos dois métodos. (TABELAS 04 e
05). Esta comparação se refere exclusivamente ao caso da recuperação dos quatro pilares nos
tramos do pavimento térreo, considerando as cargas características atuantes em torno de 50 t.
67

Para outros casos que envolva grandes cargas se deve avaliar a eficácia de cada um
dos métodos especificados, inclusive verificando a recuperação de pilares através do
MÉTODO 3, quando viável tecnicamente, onde se aproveita os aportes de carga do concreto
armado existentes ou reforçado. Outros métodos de recuperação estrutural citados neste
trabalho como o uso de fibras de carbono, cabos de proteção e outros, deverão também ser
avaliados.

Outros fatores como a redução do tempo da obra de recuperação, estimativa de mão


de obra, quantidade de escoramentos e fôrmas e o fato da possibilidade de se ter uma obra
mais limpa, são fatores que também devem ser considerados.

A Tabela 04 representa os custos de recuperação estrutural dos pilares utilizando o


uso exclusivo de concreto armado com a reposição das suas seções e de armaduras, enquanto
que a Tabela 05 representa os custos de recuperação estrutural dos mesmos elementos
utilizando exclusivamente perfis metálicos laminados tipo L contraventados com barras
chatas do mesmo tipo de aço dos perfis.

Na pesquisa de preço dos processos de recuperação estrutural coletados no mercado


não foi levada em consideração o método de recuperação estrutural onde se considera
simultaneamente a contribuição dos perfis metálicos e do concreto armado pelo fato da
verificação do alto grau de degradação no concreto, razão pela qual, este material continuou
no local para ajudar na estabilização geral dos perfis, porém sem contribuir para a carga final
dos pilares recuperados.

Os custos com os dois processos citados ficaram próximos, neste caso específico
onde se refere à recuperação de pilares retangulares em um edifício de pequeno porte, onde as
cargas atuantes são relativamente baixas. Neste caso optou-se pelo processo que utilizou o uso
especifico de perfis metálicos laminados tipo L, contraventados com barras chatas de aço e
sem a contribuição de aportes de carga do concreto armado existente em função da redução de
9,42% com relação ao outro processo com concreto armado. Outro fator que contribuiu na
escolha deste método foi o fato de se utilizar menos equipamentos impactantes, minimizando
a probabilidade de desmoronamentos e o fato de menor tempo de execução da obra, visto que
se trata de um prédio comercial.

Para a recuperação estrutural das fundações destes pilares foram adotados os mesmos
procedimentos tradicionais utilizando o próprio concreto armado como instrumento de
68

recuperação envolvendo os blocos originais mediante os cálculos de reforços. O fato de manter


o concreto armado das fundações e pilares antigos se deu pela decisão técnica de não provocar
mais demolições para diminuir os riscos com instabilidades no prédio de construção precária.

É preciso salientar que em edifícios de maiores portes a recuperação estrutural com o


uso adotado neste estudo de caso poderá apontar para grande consumo de aço e em muitos
casos ser necessário o agrupamento de diversas cantoneiras na mesma quina do pilar para
combater as flambagens geral e localizada, além das forças e momentos atuantes. Outro fator
importante consiste no fato de que a maioria dos casos de recuperação de pilares em concreto
armado, a seção do antigo concreto poderá também ser utilizada nos aportes de carga dos
dimensionamentos, total ou parcialmente, razão pela qual poderá reduzir a seção dos perfis
metálicos significativamente em função da contribuição do concreto existente ou recuperado.
Em certos casos é possível que o incremento da resistência adicional no pilar seja pequeno de
modo que o reforço estrutural possa ser dimensionado facilmente com o uso de cantoneiras
metálicas laminadas de baixo peso por metro com espessuras de ordem de 3/16”, 1/4” e 5/16”.

8 CONCLUSÃO

Muito dos problemas que ocorrem em pilares de concreto armado poderiam ser
evitados se houvesse o cumprimento de um cronograma de manutenção preventiva da obra,
bem como maiores cuidados na elaboração de projetos estruturais e na execução dos serviços,
inclusive evitando o uso de materiais e processos construtivos inadequados.

Geralmente os pilares mais comuns em edifícios com concepção em concreto armado


são de seções retangulares e, quando submetidos a processos de deterioração patológica, erros
construtivos ou mesmo quando há necessidade de aumento da carga, podem-se utilizar perfis
de aço laminado, tipo cantoneira, para tais procedimentos, uma vez que cada peça pode ser
fixada facilmente nas suas quinas para facilitar o processo de ancoragem e a transmissão dos
esforços. Este trabalho enfocou um estudo de caso real de um prédio localizado na cidade de
Solânea – PB, onde ficou demonstrado que os custos de recuperação de pilares com o uso
exclusivo de perfis de aço laminado comparado com o processo tradicional de recuperação
com concreto armado são praticamente os mesmos, apontando para uma ligeira redução nos
custos quando se utiliza unicamente perfis metálicos.

O uso de seções mistas envolvendo a contribuição das resistências dos perfis de aço e
do próprio concreto armado original ou recuperado pode ser uma solução na redução dos
69

custos de pilares, visto que parte das cargas seria suportada pela estrutura dos perfis e o
restante pela seção do concreto e de suas armaduras. Entretanto este procedimento só deverá
ser utilizado quando a qualidade do concreto for confiável e sua resistência possa ser estimada
com segurança.

Portanto, conclui-se que é viável do ponto de vista técnico e econômico a utilização de


perfis metálicos laminados tipo L na recuperação estrutural de pilares em concreto armado de
seções retangulares em obras onde as cargas estejam situadas em níveis compatíveis com as
verificadas no estudo de caso. A viabilidade dos processos propostos em edifícios de grande
porte deverá ser verificada caso a caso, sendo considerados todos os fatores de execuções
como redução de mão de obra, tempo de realização dos serviços, redução na quantidade de
fôrmas e escoramentos, entulhos gerados, além da verificação de aumento de peso nas
fundações e o custo x benefício geral nos diversos processos que é um fator primordial,
principalmente para obras comerciais e industriais onde o retorno do capital investido deverá
ser o mais rápido possível.

Este trabalho não constitui um escopo acabado, devendo ser avaliado, discutido e
aprimorado para que os projetistas estruturais possam não apenas reduzir custos e tempo de
execução em obras semelhantes à do estudo de caso, mas, sobretudo contribuir para a criação
de outros métodos de recuperação estrutural de pilares de concreto armado em obras de
grande porte.
70

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73

ANEXO A - LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL

EMPRESA CONTRATADA: DACON PROJETOS

Razão social: DACON CONSTRUÇÕES LTDA / CNPJ: 02.511.240/0001-86.

Perito Técnico: DARCÍLIO MACEDO DA FONSECA.

Titulação: Graduação: Engenheiro Civil – UFPB / C. Grande / 1985 – CREA: 1601069138.


Pós Graduação: Especialização em Estruturas de Concreto e Fundações - UNICID / SP (2012
a 2014 - Fase de Conclusão do TCC).

End. Comercial: Av. Pedro II, 1269, Edif. Síntese, Sala 904, Centro, CEP: 58.013-420 / J.
Pessoa-PB. FONE: (83) 3566.7514 / E-mail: daconprojetos@hotmail.com

Objeto de análise: Análise e Laudo Técnico Estrutural de prédio comercial alugado pela
empresa MAGAZINE LUIZA, localizado na Rua Celso Cirne, nº 300, centro em Solânea/PB,
por apresentar problemas estruturais.

EMPRESA CONTRATANTE

Razão Social: MAGAZINE LUIZA S/A.

Endereço: Rua Celso Cirne, 300, Centro, Solânea/PB.

FINALIDADES DESTE LAUDO:

Estudar e identificar os problemas estruturais apresentados no prédio comercial onde


funcionará uma filial da empresa contratante na cidade de Solânea/PB, visando identifica-los
e propor soluções com base em modelos estruturais, além da proposição de soluções pontuais
que servirão como norte no projeto de recuperação estrutural de pilares e fundações
danificadas.

DATAS:

Período dos serviços incluindo a coleta de dados, perícia no local, análise, fundamentação
técnica e elaboração do Laudo Técnico: 24/09/2014 a 16/10/2014.

Data do presente laudo: 16/10/2014


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ITENS DO LAUDO

 FUNDAMENTAÇÃO DO LAUDO TÉCNICO


 ASPECTOS GERAIS
 COLETA DE DADOS
 PROBLEMAS ESTRUTURAIS DETECTADOS
 SUGESTÕES PARA AS SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS
 CONCLUSÕES
 ANEXOS
 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

1 FUNDAMENTAÇÃO DO LAUDO TÉCNICO

O presente Laudo Técnico está fundamentado de acordo com a Norma Técnica


Brasileira - NBR 13752/1997 como diretriz normativa que estabelece as bases de Perícias de
Engenharia na Construção Civil, além de outras normas complementares e legislação vigente,
tendo como método científico os princípios universais da engenharia estrutural e se baseando
nos seguintes parâmetros:

 Dados oficiais da cidade de Solânea/PB e da sua região.


 Documentação da edificação.
 Observações diretas do perito.
 Relatório fotográfico da área preservada onde ocorreram as instabilidades focando os
problemas estruturais surgidos.
 Medições de parâmetros estruturais como flechas em peças estruturais e estimativa
direta da resistência mecânica das mesmas através de instrumento impactante e do
histórico da construção.
 Planta baixa de parte da edificação e informações técnicas fornecidas pelo Setor de
Engenharia da empresa contratante.
 Demais informações obtidas diretamente no local através de pessoas da cidade e do
mestre de obra que comandou a construção original.
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1.1 Outras Normas Utilizadas nos Aspectos Técnicos desta Perícia:

NBR 13752/1996 vigente (NORMA DE PERÍCIAS DE ENGENHARIA NA

CONSTRUÇÃO CIVIL)

NB-1 / 1978 – Antiga Norma (NORMA BRASILEIRA DE CONCRETO ARMADO)

NBR 6118 / 2003 e 2014 – anterior e atual (NORMA BRASILEIRA DE CONCRETO

ARMADO)

NBR 8681/2003 e Errata 2004 – vigente (AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS

– PROCEDIMENTOS)

NBR 6122/2010 – vigente (NORMA DE PROJETOS E EXECUÇÕES DE FUNDAÇÕES)

NBR 6123/1988 e Errata 2013 – vigente (NORMA DE FORÇAS DEVIDO ÀS AÇÕES DE

VENTO)

NBR 8800/2008 – vigente (NORMA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO OU

MISTA)

NBR 14323/2013 – vigente (NORMA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO OU

MISTA EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO)

NBR 14762/2010 – vigente (NORMA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO C/

PERFIS DE CHAPA DOBRADA A FRIO)

NBR 7190/1997 – vigente (NORMA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE MEDEIRA)

NBR 14432/2001 – vigente (NORMA DE EXIGÊNCIAS DE RESISTÊNCIA AO FOGO -.

PROCEDIMENTOS).
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2 ASPECTOS GERAIS

O prédio ora vistoriado tem finalidade comercial, objetivando o funcionamento de


uma filial da empresa Magazine Luiza S/A e está localizado no centro da cidade de
Solânea/PB.

A presente edificação foi construída há mais de 30 (trinta) anos, segundo


informações orais do mestre de obra que comandou a construção original.

Ainda segundo a mesma fonte de informação, acima mencionada, a construção


original da edificação periciada foi executada por processo prático construtivo, muito comum
em cidades de pequeno porte, de modo que a mesma não teve base de qualquer projeto
arquitetônico ou estrutural e cujos materiais de construção utilizados na época foram de
condições inferiores aos aplicados atualmente, principalmente no tocante a resistência dos
aços e a do próprio concreto armado.

Atualmente o pavimento térreo do prédio está sendo reformado visando abrigar uma
filial do Magazine Luiza e durante esta mencionada reforma foram detectados problemas
estruturais diretos em pelo menos dois pilares centrais no vão de entrada da rua principal (ver
planta em anexo), sendo que um deles entrou em colapso estrutural e o outro mostra indícios
de desestabilização por flambagem e por fissurações excessivas e preocupantes.

A rapidez com que o engenheiro responsável pela reforma do prédio agiu foi de
fundamental importância para estabilizar momentaneamente a edificação, evitando um
acidente de ruina generalizada, caso não fosse utilizado imediatamente escoramentos
metálicos e de madeira cerrada.

Após este perito verificar “in locu” as condições estruturais com possibilidade de
ruina, sugeriu aumentar a quantidade de escoramento de forma que cada apoio não
ultrapassasse uma média 2,5 t de carga estimada e solicitou ao engenheiro da obra um
acompanhamento periódico da medição das flechas nas escoras de madeira serrada, cujo
procedimento foi de fundamental importância para comprovar o exato momento em que a
estrutura escorada conseguiu estabilizar provisoriamente as vigas e pilares que apresentavam
possibilidade de ruina.

Para melhor entender a instabilidade estrutural ocorrida e suas consequências atuais e


futuras, além da necessidade de fazer uma leitura do próprio comportamento da estrutura que
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foi construída há mais de 30 (trinta) anos, este perito atribuiu a necessidade da elaboração de
uma reprodução de projeto estrutural o mais próximo possível da realidade da época da
construção, a fim de retratar os possíveis problemas estruturais visíveis ou futuros.

A partir desta análise estrutural feita e especificamente no relatório de cálculo das


fundações (ver relatório em anexo), constatou-se que quatro pilares centrais (P2, P3, P4 e P5)
e suas bases foram construídas com geometrias e armaduras inferiores as necessárias. Dentre
estes pilares e seus blocos de fundações instáveis estão os dois pilares que apresentaram
colapso visível recentemente e que deram origem a toda desconfiança do sistema estrutural
existente (Pilares P3 e P4).

Ficou evidenciado a partir dos dados colhidos neste relatório que as áreas dos blocos
de fundações dos pilares P2, P3, P4 e P5 estavam incompatíveis com as cargas atuantes nos
arranques, razão pela qual há a necessidade de reforços estruturais tanto nos mencionados
pilares, quanto nos seus blocos de fundação (ver planta baixa estrutural do térreo mostrando
os setores de instabilidades em vermelho).

2.2 Fatores que Contribuíram para a Instabilidade Estrutural Detectada:

 Baixa resistência dos materiais de construção da época em que a obra foi construída,
como por exemplo, fazendo uso de brita para o concreto armado, lapidada
manualmente, segundo o mestre de obra responsável pela construção.
 Ausência de projeto estrutural ou de orientação técnica na construção
 Construção com fundações diretas inadequadas em solo com baixo suporte de carga.
 Este perito já obteve análises de sondagem tipo SPT em outra edificação próxima do
prédio periciado (em anexo) e verificou a baixa resistência do solo, principalmente em
camadas com profundidade a partir de 2 (dois) metros, proporcionando a possibilidade
de recalques. Pelo menos nas amostras colhidas de uma construção próxima, a
resistência do solo é razoável nas camadas mais próximas do terreno natural,
decrescendo com a profundidade e voltando a crescer novamente após cerca de vários
metros, o que pode proporcionar recalques diferenciais e deslocamento de terra sob as
fundações (cisalhamento do terreno) ao longo do tempo, principalmente quando se
trata de fundações subdimensionadas em que o bulbo de pressões chega a estas
camadas de baixo suporte.
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 Prédio construído com 3 (três) lajes de piso e mais uma laje de forro tendo cargas
consideráveis nos arranques dos pilares sem nenhum estudo das fundações.

3 COLETA DE DADOS

O município de Solânea está localizado na Mesorregião do Agreste Paraibano e na


Microrregião do Curimataú Oriental do Estado da Paraíba (Dados do IBGE), cuja região é
conhecida popularmente como brejo.

3.1 Aspectos socioeconômicos da cidade

Segundo o IBGE a população estimada de 2014 é de 26.925 habitantes, seu índice de


desenvolvimento humano é de 0,595 (Dados de 2010) e o seu PIB Per capita tem valor acima
de R% 5.00000 (Valor em 2011 = R$ 5.122,55).

O município conta com uma economia que é impulsionada por uma produção
agrícola que se beneficia de alto índice pluviométrico por está localizada na região conhecida
popularmente por brejo paraibano que tem um índice pluviométrico acima de outras regiões
vizinhas, além de contar com uma rede de comércio bastante competitivo, pequenas indústrias
e atividades de turismo vinculadas ao “Caminhos do Frio” (Programa do Governo do Estado
para incentivar a atividade turística no período do frio).

Os dados geográficos e socioeconômicos da cidade foram obtidos através do site do


IBGE e também de outras fontes oficiais, servindo de base para o presente Laudo Técnico no
tocante aos fatores socioeconômicos.

Fonte Principal em outubro/2014:

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=251600&search=paraiba|solanea|i
nfograficos:-informacoes-completas

3.2 Dados Técnicos do Prédio

Os dados técnicos do prédio foram obtidos diretamente na edificação e indiretamente


através do setor de engenharia do Magazine Luiza e também por intermédio do engenheiro
responsável pela reforma do mencionado prédio na cidade de Solânea/PB.
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Alguns dados foram aferidos diretamente na própria obra pelo engenheiro perito
através de instrumentos detectores que estimam as suas bitolas, espaçamentos e a
profundidade de cobrimento no concreto. O uso destes instrumentos é importante porque
evitam a retirada de camadas de concreto que podem desestabilizar uma edificação que
apresenta problemas estruturais.

3.3 Características Técnicas do Solo

Segundo outro laudo técnico elaborado por este perito em 2011 para outro cliente e
em local próximo ao do prédio ora periciado, o resultado de 2 (duas) sondagens tipo SPT
apresentaram os seguintes valores abaixo especificados, sendo de alta relevância como
parâmetros geotécnicos para o solo da edificação ora periciada, na ausência de outros dados
mais precisos (ver relatório geotécnico em anexo).

Dados do solo mediante o Relatório 230/2011 da empresa ATECEL da UFCG/PB:

Terreno com predominância de argila-arenosa cujas amostras foram coletadas através de 02


(dois) furos de sondagens SPT realizado pela ATECEL mediante Relatório nº 230/2011.

No FURO 01 a resistência à penetração (nº de golpes SPT) decresce de 8/30 na


COTA 0,00 para 5/30 na COTA 3,50, tendo uma curva praticamente ascendente (na média) a
partir desta última cota com relação as demais cotas de profundidade do solo.

No FURO 02 a resistência à penetração (nº de golpes SPT) cresce de 9/30 na COTA


0,40 para 30/30 na COTA 1,30, tendo uma curva descendente a partir desta última cota até a
COTA 2,40 quando a resistência à penetração cai para um valor preocupante de apenas 04
GOLPES.

Estes dados mostram claramente uma das características que predomina no solo da
cidade de Solânea que consiste em um tipo de suporte onde a resistência das camadas do
terreno diminui com o aprofundamento da cota chegando a um valor baixo em torno das cotas
no intervalo entre 1,30 metros e 3,50 metros.

Somente analisando estas duas amostras pode-se concluir que o solo de parte da
cidade onde está inserida a edificação periciada apresenta grandes probabilidades de recalques
para as fundações diretas, visto que sapatas ou blocos de 1 metro de profundidade terão seus
bulbos de pressão (Bulbo = 1,5 a 2,0 B) em camadas de solo de baixa resistência.
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Talvez esteja nesta análise esteja a explicação para a grande quantidade de problemas
estruturais envolvendo os prédios da cidade que apresentam fissurações e grandes
deslocamentos em função dos recalques diferencias que ocorrem pela diferença de
resistências do solo em locais diferentes mesma cota.

4 PROBLEMAS ESTRUTURAIS DETECTADOS

Após a coleta dos dados e suas análises, além do cálculo realístico da construção da
época que foi reproduzido retratando o mais próximo possível as condições e o uso dos
materiais utilizados, este perito detectou os seguintes problemas estruturais:

Houve instabilidade estrutural visível nos pilares P3 e P4 (ver fotos), sendo que o
pilar P3 apresentou um colapso estrutural próximo ao Estado de Limite Último (ruina),
enquanto o outro pilar mencionado apresentou fissuras e o início de instabilidade com
flambagem no sentido longitudinal do prédio em decorrência da redistribuição dos esforços.

O desmoronamento da região instável não ocorreu muito provavelmente pela ação de


um profissional (engenheiro civil) que estava na obra realizando os primeiros escoramentos,
auxiliando na descarga de parte das cargas advindas da estrutura dos pavimentos superiores
diretamente para o solo.

A princípio apenas pela experiência este perito atribuiu em primeira análise os


problemas estruturais aparentes às seções insuficientes dos pilares centrais que visivelmente
se mostraram insuficientes, independente da realização de qualquer tipo de cálculo.

Após uma análise mais profunda com os dados colhidos, principalmente a partir do
cálculo da estrutura baseada nas condições de construção da época (processo construtivo e
materiais), cheguei à conclusão de que além de seções insuficientes dos pilares P2, P3, P4 e
P5 existe também um fator primário de instabilidade, ou seja, uma reduzida seção de contato
nos blocos de fundação destes pilares (em torno de 1 m2), especialmente porque os arranques
nas fundações contemplam grandes cargas e o solo da cidade tem um histórico de baixo
suporte em camadas inferiores.

Especificamente no pilar P3 foi observada também além dos outros fatores de


instabilidades já mencionados, a falta de prumo nas armaduras longitudinais nas proximidades
da cota do piso térreo. Pela observação direta registrada em foto (em anexo), verifiquei que
houve uma mudança repentina no prumo das armaduras verticais bem próximo ao solo com
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defasagem vertical de cerca de 8 cm, ficando evidente que as armaduras existentes foram
envergadas e ancoradas em outro plano vertical, o que contribuiu muito para a
desestabilização das peças estruturais.

Costumo dizer que a desestabilização de um prédio ou de parte dele é semelhante à


queda de avião, ou seja, quase nunca ocorre em função de um único fator, mas com a ação
integrada de vários fatores. No caso específico do pilar P3 ficou evidente que este erro
construtivo da falta de continuidade das armaduras verticais foi potencializado pelos fatores
de seção de concreto insuficiente e bloco de fundação inadequado para as cargas solicitantes.

Como causa mais provável para o início da instabilidade estrutural cito o fator da
remoção do piso do térreo para a sua reconstrução apropriada. Provavelmente o processo de
instabilidade estava operando desde o ato da construção do edifício e as vibrações oriundas do
processo de retirada do material provocaram deslocamentos, principalmente no bloco do pilar
P3.

Outro fator que também contribuiu para o início do processo de instabilidade


consiste no alto grau de umidade que apresenta o entorno da área limitada por estes quatro
pilares, principalmente na região do pilar P3. Sabe-se que o aumento de água nos solos
contribui para a redução de sua resistência ao cisalhamento e este fator é muito decisivo
quando se tem um solo de baixo suporte de carga.

Por fim verifiquei que os materiais utilizados na construção original são de qualidade
inferior aos materiais utilizados atualmente nas obras, principalmente no tocante ao tipo de
aço da época e à resistência do concreto armado que hoje se consegue facilmente fck em torno
de 40 MPa e o fck estimado da época é da ordem de 15 MPa.

Até a presente data o pilar P1 que é um dos que não apresentou visivelmente nenhum
problema estrutural, mesmo sendo um dos mais carregados e estando no centro geométrico de
carga da caixa d’água. Também não apresentou instabilidades no processo de análises
estruturais executadas por softwares específicos com as condições construtivas da época.

5 SUGESTÕES PARA AS SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS

O mais prudente no presente momento diante das instabilidades estruturais


apresentadas é não modificar a arquitetura original da construção de todo edifício, evitando-se
a retiradas de vigas ou de pilares da obra. A única exceção se dá com uma estrutura de
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alvenaria que existe no lado direito de quem entra pelo acesso principal que está servindo de
uma rede de esgoto. A mesma encontra-se acima do nível do piso do térreo e vem provocando
infiltrações no solo, principalmente próximo das fundações dos pilares centrais. Sugiro a
demolição desta galeria de alvenaria e a substituição da mesma por tubulação de PVC para
evitar as prejudicais infiltrações.

É prudente também aterrar um pequeno reservatório de água que existe próximo à


galeria mencionada visando minimizar riscos de saturação do terreno próximo as fundações
no caso de vazamentos que são muito comuns neste tipo de cisternas de alvenaria.

É necessário reforçar as peças estruturais que apresentam problemas visíveis ou que


tiveram a possibilidade de indicação de problemas futuros pela análise estrutural,
especificamente os pilares P1, P2, P3 e P4 e suas fundações.

A recuperação dos pilares mencionados é mais adequada com o uso de aço laminado
porque além de ser uma intervenção rápida, provoca poucos deslocamentos na estrutura
antiga.

Em tese se poderia, opcionalmente, utilizar os reforços estruturais dos pilares com


concreto armado, porém as vibrações decorrentes deste processo e o longo tempo de execução
dos serviços inviabilizariam este tipo de procedimento, principalmente para fins comerciais.
Caso se opte por reforço com concreto armado teria de contemplar entre outros fatores, a
remoção de todas as partes afetadas do concreto e do aço e seus tratamentos patológicos, além
da necessidade de remoção e reposição de todas as camadas de concreto carbonatado (comum
em estruturas antigas), além da necessidade de uma grande demanda de mão de obra e a
utilização de escoramentos de grande resistência à compressão por longo tempo.

Quanto aos reforços dos blocos de fundações e de possíveis construções de vigas de


equilíbrio entre os blocos de fundações é preferível utilizar o concreto armado convencional
por ser mais viável economicamente em relação aos outros processos construtivos, porém o
projeto de recuperação estrutural deverá nortear os reforços das fundações dos pilares centrais
P2, P3, P4 e P5.

Após a recuperação estrutural se faz necessário o acompanhamento preventivo da


estrutura de toda edificação em períodos anuais em função da baixa qualidade da obra e do
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tempo já transcorrido da edificação que já passa dos 30 anos, segundo informações do mestre
de obra que gerenciou a construção original.

Também se deve comunicar ao setor de engenharia do Magazine Luiza qualquer


anomalia que venha a aparecer na edificação após a recuperação das estruturas, pelos mesmos
motivos já citados anteriormente.

6 CONCLUSÕES

O prédio vistoriado apresenta problemas estruturais nos pilares P2, P3, P4 e P5 e nas
suas fundações decorrentes da falta de um projeto estrutural e de erros de execução detectados
e registrados por esta Perícia.

Ficou claro que estes mencionados pilares centrais foram construídos com suas
seções de concreto armado insuficientes, além de apresentar fundações que não são
compatíveis para as cargas solicitantes e propriedades do solo.

Ficou evidente também que pelo menos no pilar P3 houve um erro construtivo no
prumo das armaduras verticais no tramo do térreo (ver foto), cuja descontinuidade chegou a
torno de 8 cm, gerando assim grandes momentos nas armaduras verticais que não têm
resistência suficiente para suportar tais esforços fora da prumada do centro de gravidade das
armaduras.

As instabilidades estruturais presentes deverão ser estabilizadas mediante um projeto


de recuperação estrutural.

Também se faz necessário um monitoramento dos outros vãos que não apresentaram
problemas estruturais nas revisões preventivas da edificação e a qualquer momento onde se
observar alguma fissura, deformações excessivas ou qualquer patologia estrutural. Tais
informações deverão ser repassadas imediatamente ao setor de engenharia da empresa
Magazine Luiza, enquanto durar o contrato de locação.

Os trabalhos de recuperação estrutural deverão iniciar o mais rápido possível, sendo


essencial reforçar primeiramente os escoramentos de modo que em nenhuma escora metálica
a carga real de compressão ultrapasse 2,5 t. Em seguida se deve proceder a recomposição das
seções dos pilares de concreto armado sem alteração na sua geometria ou nas quantidades de
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barras de aço, visto que o aumento de carga virá dos reforços dos pilares com estruturas
metálicas.

Sequencialmente deverão ser reforçadas as fundações de acordo com um projeto de


recuperação estrutural a ser elaborado com base na análise estrutural do prédio e nas
patologias apresentadas. Todas as escoras metálicas ou de madeira implementadas
inicialmente deverão ser mantidas ou movidas para outro local próximo, caso interfira nas
escavações dos reforços das fundações.

Por último, deve-se continuar com os reforços nas vigas que chegam aos pilares P2,
P3, P4 e P5, preferencialmente com estruturas metálicas e de acordo com um projeto de
recuperação estrutural, de modo que haja a continuidade nos escoramentos até o prazo
determinado pelo calculista, especialmente com relação à resistência do concreto armado que
será utilizado nos reforços das fundações.

Recomendo ao Setor de Engenharia do Magazine Luiza que elabore um cronograma


de revisão preventiva a cada ano com observação direta nas estruturas do pavimento térreo a
fim de observar qualquer fissuração anormal nos pilares ou desaprumos, pelo fato da falta de
controle do processo construtivo do prédio na época da construção original.

Após a recuperação de toda estrutura comprometida de acordo com um projeto de


recuperação estrutural, a edificação deverá ser liberada para as atividades comerciais no
pavimento térreo e também para as atividades residenciais nos pavimentos superiores, sendo
que os pisos superiores não deverão ser utilizados para depósitos ou atividades comerciais e
públicas com sobrecargas superiores a 150 Kgf/m2.

João Pessoa, 16 de outubro de 2014.

Engenheiro Responsável

Darcílio Macedo da Fonseca

CREA: 160106913-8
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ANEXO DE FOTO DO LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL - 1

RELATÓRIO FOTOGRÁFICO DO LAUDO TÉCNICO

FOTO DA FACHADA DO EDIFÍCIO


86

ANEXO DE FOTO DO LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL - 2

FOTO DAS PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS APÓS O COLAPSO DO PILAR P-03

FOTO DO COLAPSO ESTRUTURAL NO PILAR P-03


87

ANEXO DE FOTO DO LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL - 3

FOTO DOS ESCORAMENTOS NO ENTORNO DO PILAR P-03

FOTO DA ANCORAGEM DO PILAR COM AS FUNDAÇÕES


88

ANEXO DE FOTO DO LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL - 4

FOTO DOS ECORAMENTOS FINAIS DO PILAR P-03


89

ANEXO DE FOTO DO LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL – 5

FOTO DO COLAPSO ESTRUTURAL COM SECCIONAMENTO DE SEÇÃO


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ANEXO DE FOTO DO LAUDO TÉCNICO ESTRUTURAL – 6

FOTO DO COLAPSO ESTRUTURAL MOSTRANDO OS DESAPRUMOS OCORRIDOS


COM RELAÇÃO ÀS LINHAS DE REFERÊNCIAS DESENHADAS.

PARTE DOS DESAPRUMOS JÁ EXISTIA DESDE O PROCESSO CONSTRUTIVO E


PARTE FOI DECORRENTE DO DESLOCAMENTO DO PILAR E DA SUA FUNDAÇÃO.
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ANEXO DE RELATÓRIO DO LAUDO TÉCNICO – 7

RELATÓRIO DA ANÁLISE DE SOLO SPT EM REGIÃO PRÓXIMA À EDIFICAÇÃO

(não foi possível fazer esta análise no terreno do prédio porque todo o entorno do mesmo e
das edificações adjacentes estão pavimentadas juntamente com os logradouros públicos)
92

ANEXO DE RELATÓRIO DO LAUDO TÉCNICO – 8

RELATÓRIO DA ANÁLISE DE SOLO SPT EM REGIÃO PRÓXIMA À EDIFICAÇÃO


93

ANEXO DE RELATÓRIO DO LAUDO TÉCNICO – 9

RELATÓRIO DA ANÁLISE DE SOLO SPT EM REGIÃO PRÓXIMA À EDIFICAÇÃO


94

ANEXO B - PROJETO DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL

ANEXO DE PROJETO ESTRUTURAL – 1

PROJETO ESTRUTURAL DE REFORÇOS DE PILARES EM CONCRETO ARMADO


23X23X300 cm COM CANTONEIRAS LAMINADAS L 3” x 3/16”, SEM CONSIDERAR A
CONTRIBUIÇÃO DE CARGAS DO CONCRETO:

DISTRIBUIÇÃO DOS PERFIS METÁLICOS NA SEÇÃO DE CONCRETO ARMADO


95

ANEXO DE PROJETO ESTRUTURAL – 2

PLANTA DE FÔRMA DA PARTE AFETADA NO TÉRREO


96

ANEXO DE PROJETO ESTRUTURAL – 3

CÁLCULO DE MOMENTO DE INÉRCIA P/ CANTONEIRA L 3”X3/16”


97

ANEXO DE PROJETO ESTRUTURAL – 4

CÁLCULO DE MOMENTO DE INÉRCIA P/ CANTONEIRA L 2-1/2”X3/16”


98

ANEXO DE PROJETO ESTRUTURAL – 5

MEDIDAS DO TRAMO DOS PILARES NO TÉRREO E CONTRAVENTAMENTOS


99

ANEXO DE PROJETO ESTRUTURAL – 6

CARGAS DOS PILARES CRÍTICOS NO PAVIMENTO TÉRREO


100

ANEXO DE MEMÓRIA DE CÁLCULO DO PROJETO – 7

DADOS MECÂNICOS E GEOMÉTRICOS DA CANTONEIRA (L 3” x 3/16” – AÇO


ASTM A-36) COMO ESTRUTURA INDIVIDUAL E COMO ESTRUTURA
AGRUPADA COM 4 PEÇAS ANCORADAS NAS QUINAS DO PILARES:

Aço: ASTM – A36; Fy = 250 Mpa, E = 200 GPa

L(travada) = 75 cm (travamento com barras chatas envolvendo a seção de concreto armado


existente); L(total) = 300 cm.

bf = 7,62 cm; tf = 0,476 cm; rx = ry = 2,39 cm; r(min) = 1,50 cm.

Ix(1L) = Iy(1L) = 40 cm4 p/1 perfil; Ix(4L)= Iy(4L) = 2.912 cm4 p/4 perfis.

Ag(1L) = 7,03 cm; Ag(4L) = 28,12 cm;

Peso p/ metro p/ 1 perfil = 7,03 kg/m.

DIMENSIONAMENTO DE UM PERFIL INDIVIDUAL:

Cálculo do índice de esbeltez limite:

) lim = 0,45 √E/fy Aplicando-se os valores na fórmula obtém-se

= 12,73

Cálculo do índice de esbeltez dos elementos AL das cantoneiras:

Aplicando-se os valores na fórmula obtém-se = 16

Logo: = 12,73 < = 16 (NÃO PASSA!)

Considerações:

Este cálculo com perfil de forma isolada não pode ser usado como peça de alma e mesa
compacta porque ( < ), razão pela qual terá de ser calculada como seção de alma
esbelta.

Procedimento:
101

De acordo com o ANEXO F da NBR 8800/2008 para o caso em que se trata de um perfil de
alma esbelta como a cantoneira identificada acima, deve-se proceder a análise do tipo das
abas que podem ser AA ou AL. No caso específico do perfil calculado se trata de peças AL,
visto que ambas as abas tem apenas vinculação em um único vértice e os outros lados se
encontram livre. Por esta razão calcula-se o coeficiente redutor ( Q ) igualando-o ao valor de
Qs, especificamente para este caso da seguinte forma:

aplicando os valores na fórmula temos: = 16.

0,45 √E/fy = 12,73 e 0,91 √E/fy = 25,74

Como 12,73 < 16 < 25,74, então temos um caso de uma peça atribuída por muitos calculistas
como semicompacta onde o cálculo do fator de redução ( Q )é dado pela seguinte expressão:

Q = Qs = 1,34 – 0,76 . . √fy/E aplicando os valores na fórmula, temos Q = 0,91

Com a fórmula de Euler calculamos a flambagem elástica da seguinte forma:

= aplicando os valores temos = 8.564,58 kg.

Cálculo da esbeltez reduzida para o fator ( χ ):

= √(Q . Ag . /fy) / Ne Com este fórmula se obtém = 1,35

Para as condições do cálculo do fator de resistência a compressão, temos:

p/ 1,5  χ=

p/ > 1,5  χ = 0,877/

Aplicando os valores no segundo caso em função do índice de esbeltez reduzido ser menor
que 1,5, temos χ = 0,48.

Cálculo da carga resistente final à compressão axial para apenas 1 cantoneira:

Nc,Rd = Q X
102

Aplicando os valores na fórmula, temos o total máximo da carga crítica elástica levando em
consideração a flambagem global e localizadas da ordem de Nc,Rd = 7.564,58 kg.

Conclusão:

Colocando-se 4 cantoneiras deste tipo sem seu agrupamento físico e travamento estrutural
entre elas, estes perfis juntos suportaria apenas uma carga máxima de compressão axial da
ordem de 30.258,32 kg (4 x 7.564,58) e não resolveria o problema de reforço estrutural para
suportarem sozinhas as cargas dos 4 pilares a serem recuperados no edifício, se transformando
em uma solução inviável para o presente caso, visto que as solicitações são o dobro do valor
total resistente.

DIMENSIONAMENTO DOS 4 PERFIS AGRUPADOS:

Cálculo do índice de esbeltez limite:

) lim = 0,45 √E/fy Aplicando-se os valores na fórmula obtém-se =

12,73

Cálculo do índice de esbeltez dos elementos AL das cantoneiras:

Aplicando-se os valores na fórmula obtém-se = 16

Logo: = 12,73 < = 16

Considerações:

Como carregamento com uso isolado jamais este perfil poderia ser dimensionado como alma
e mesa compactas e teria de levar em consideração os fatores de redução do Q. Porém, trata-
se de 4 cantoneiras agrupadas em torno de uma seção de concreto armado com todos os perfis
devidamente ancorados nas quinas dos pilares. Além destas ancoragens as peças serão trava

das transversalmente a cada 75 cm, o que reduzirá bastante a capacidade de flambagem das
mesmas. Por estas razões específicas, considerou-se Q = 1.

Cálculo do fator de resistência à compressão ( χ ):


103

Com a fórmula = calcula-se o valor da flambagem elástica de Euler, obtendo-se:

= 638.673 kg.

Cálculo da esbeltez reduzida para calcular o fator ( χ ):

= √(Q . Ag . /fy) / Ne Com este fórmula se obtém = 0,35

Condições para o cálculo do fator de resistência à compressão:

p/ 1,5  χ=

p/ > 1,5  χ = 0,877/

Como = 0,35, então aplicando os valores nas fórmulas temos ( χ = 0,95 ).

Logo a carga máxima de compressão do sistema com 4 cantoneiras travadas a 75 cm e


ancoradas no concreto armado do pilar existente é:

Nc,Rd = Q X

Onde aplicando os números na fórmula termos:

Nc,Rd = 1 . 0,95 . (4 . 7,03) . 2.500 1,1 onde Nc,Rd = 60.714 kg

QUANTITATIVOS DOS PRINCIPAIS MATERIAIS:

CANTONEIRA L3”X3/16” de aço ASTM A-36 = 400 kg

CANTONEIRA L3”X1/4” de aço ASTM A-36 = 70 kg

BARRA CHATA 2”X3/16” de aço ASTM A-36 = . 30 kg

TOTAL DE ESTIMATIVA DE AÇO ======== 500 kg

Observações:

Utilizar eletrodo com revestimento E7018 e não deixar a caixa aberta para não absorver
umidade, pois este tipo de eletrodo pode provocar fissuração na ZTA (zona termicamente
afetada) quando umedecido.
104

Utilizar resina epóxi de alta resistência SIKADUR 32 da SIKA ou semelhante para aplicações
de cola entre aço e concreto. Retirar os revestimentos antigos e limpar bem as superfícies.

CONCLUSÃO:

Como em todas as combinações com seus redutores probabilísticos as cargas dos pilares não
ultrapassaram o valor de Nc,Rd, então os reforços dos pilares estão estáveis.

Vale salientar ainda que os pilares em concreto armado existentes continuarão contribuindo
em termos reais com alguma capacidade de carga no conjunto, embora no cálculo não foi
considerado qualquer aporte do concreto. A única consideração dos pilares foi apenas no
sentido de travamento das cantoneiras como núcleo rígido entre elas.

Portanto, a recuperação estrutural dos quatro pilares que apresentaram problemas estruturais
serão feitos com o uso de 4 cantoneiras laminadas L3”X3/16” de aço ASTM A-36 para as
estruturas verticais e cantoneira L3”X1/4” de aço ASTM A-36 para os capiteis de cima e de
baixo. As cantoneiras verticais serão travadas por barras chatas de 2”X3/16” de aço ASTM A-
36 e devidamente ancoradas no concreto com chumbadores de 12.5 mm entre os planos
horizontais formados por cada par de cantoneiras. Todas as peças deverão ser ancoradas nas
superfícies do concreto armado existente como resina epóxi e o eletrodo a ser usado na
operação de soldagem deve ser o E7018, não devendo usar eletrodos celulósicos.

Todas as cantoneiras agrupadas deverão ficar totalmente ancoradas nas fundações e nas peças
da laje superior através dos capiteis de aço. Após a execução dos serviços propostos todos os
pilares a serem recuperados deverão ser revestidos com argamassa de cimento e areia no traço
de 1:4 para a proteção física e química do material metálico.

ESCRITÓRIO DE CÁLCULO ESTRUTURAL: Out/2014

Av Pedro II, 1269, Centro, João Pessoa/PB – CEP: 58.013-420 / Tel: (83) 3566.7514

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