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PÓS-GRADUAÇÃO EM
ESTRUTURAS DE CONCRETO E FUNDAÇÕES
JOÃO PESSOA
2014
DARCÍLIO MACEDO DA FONSECA
JOÃO PESSOA
2014
DARCÍLIO MACEDO DA FONSECA
Área de concentração:
Data da apresentação:
Resultado:______________________
BANCA EXAMINADORA:
Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Dedico esta monografia aos amigos e ex-
professores de Estruturas de Aço e Madeira da
UFPB, Edson da Costa Pereira e Argemiro
Brito Monteiro da Franca pelos incentivos que
norteiam até hoje a minha vida profissional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço de forma singular aos professores Roberto Chust Carvalho – D.Sc, Marcos
Alberto Ferreira da Silva – M.Sc, Antônio de Faria – M.Sc e José Carlos Gasparim – D.Sc
que juntamente com os demais docentes e colegas de turma, em especial Sandro Torres,
Hagnon Amorim e Jeferson Rodrigues contribuíram para o compartilhamento de experiências
profissionais ampliando minha curiosidade pelo conhecimento técnico-científico que me
tornou mais criterioso na elaboração de projetos como calculista estrutural.
Tabela -01 Valores dos coeficientes de ponderação segundo a NBR 8800/2008. .... 18
Tabela- 02 Valores dos fatores de combinação e de redução para as ações
variáveis, de acordo com a NBR 8800/2008. ............................................ 19
Tabela- 03 Valores de χ em função do índice de esbeltez. ......................................... 50
Tabela- 04 Recuperação com os perfis de aço pelo MÉTODO 1. ............................. 65
Tabela -05 Recuperação com o concreto armado pelo MÉTODO 2. ....................... 65
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
2 AÇÕES NAS ESTRUTURAS EM GERAL .................................................... 15
2.1 Tabelas da NBR 8800/2008 de coeficientes de ponderação das ações ........... 17
2.2 Cargas nas estruturas ........................................................................................ 20
2.3 Valores de cálculo para as ações do dimensionamento no ELU. ................... 20
2.4 Valores de cálculo para as ações do dimensionamento no ELS. .................... 22
2.5 Combinações de Ações ....................................................................................... 23
2.6 Combinações quase permanentes de serviço ................................................... 24
2.7 Combinações frequentes de serviço .................................................................. 24
2.8 Combinações raras de serviço ........................................................................... 24
2.9 Valores característicos das ações (Fk) .............................................................. 25
2.10 Valores representativos das ações (Fr) ............................................................. 25
2.11 Valores representativos para o ELU ................................................................. 25
2.12 Valores representativos para o ELS .................................................................. 26
3 ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO .................................................. 27
3.1 Algumas mudanças nas normas de concreto ao longo do tempo .................... 29
3.2 Pilares de concreto armado ................................................................................. 30
3.3 Dimensionamentos de pilares de concreto armado ........................................... 31
3.4 Conceitos normativos básicos para dimensionamento de pilares de concreto
armado .................................................................................................................. 31
3.5 Patologia estrutural do concreto armado .......................................................... 32
4 ESTRUTURAS METÁLICAS ........................................................................... 35
4.1 Conceitos de peças metálicas comprimidas ....................................................... 37
4.2 Força crítica de compressão em estruturas metálicas ...................................... 38
4.3 Dimensionamento de pilares com perfis metálicos ........................................... 40
4.4 Ligações metálicas ............................................................................................... 42
5 ESTRUTURAS MISTAS .................................................................................... 44
5.1 Dimensionamento de pilares misto de aço e concreto armado ........................ 44
5.2 Dimensionamento de pilares mistos no caso específico de compressão
centrada ................................................................................................................ 47
6 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL E AUMENTO DA CAPACIDADE DE
CARGA DE PILARES EM CONCRETO ARMADO...................................... 51
6.1 Uso de perfis metálicos para recuperação de pilares retangulares de
concreto armado ................................................................................................... 53
ESTUDO DE CASO DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE PILARES
7 DE CONCRETO ARMADO EM PRÉDIO COMERCIAL NA CIDADE DE
SOLÂNEA/PB ....................................................................................................... 60
7.1 Considerações sobre a estrutura do prédio ........................................................ 62
7.2 Método adotado na análise estrutural e simulação do dimensionamento da
obra ........................................................................................................................ 64
7.3 Hipóteses de recuperação dos pilares de concreto armado degradados ......... 64
7.4 Pesquisa de custo sobre a utilização dos métodos 1 e 2 ..................................... 65
7.5 Análise dos resultados obtidos em função das hipóteses levantadas. ............... 66
8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 70
ANEXO A – Laudo Técnico Estrutural .............................................................. 73
ANEXO B – Projeto de Recuperação Estrutural 94
12
1 INTRODUÇÃO
O uso do aço em coberturas e torres já é bem antigo no nosso país, porém a sua
utilização em outras peças estruturais como em vigas, pilares, lajes e marquises foi
impulsionada pela crescente produção mundial do material associada à recessão iniciada em
2008, fragilizando as economias da Europa e dos Estados Unidos (NAKANO, 2012),
diminuindo consequentemente o consumo deste produto nas grandes economias. Esses fatos
contribuíram significativamente para que o preço do aço se acomodasse em um patamar
razoável no mercado nacional e internacional, viabilizando o seu uso em obras civis para
diversas finalidades.
O mito de que o “aço enferruja e não serve para construção civil” já foi desmistificado
ao longo do tempo em função dos tratamentos anticorrosivos que existem no mercado e das
proteções por passivação do metal no concreto que aumentam a vida útil de uma estrutura.
Projetar e construir com aço é algo econômico e viável tecnicamente, necessitando apenas de
um bom projeto, equipamentos adequados e de uma equipe especializada para proporcionar
todas as vantagens que as estruturas metálicas oferecem. (REBELLO, 2009).
Outro aspecto que pode ser viabilizado com o uso destes perfis de aço é quando se
pretende aumentar a capacidade de carga de um pilar para atender a uma finalidade qualquer,
mesmo não apresentando nenhum processo de deterioração, mantendo ou não a seção original
da peça.
Apesar das peças de estruturas reais de uma obra funcionarem de forma integrada
como grelhas ou pórticos, o estudo de recuperação de pilares neste trabalho se dá de forma
isolada e discretizada para facilitar a exposição do roteiro de cálculo, visando criar um roteiro
de procedimento para se calcular reforços com estruturas metálicas em pilares de concreto
armado.
Portanto, demonstra-se que o uso de perfis de aço laminados tipo L pode ser muito
importante na recuperação estrutural de pilares de concreto armado com seções retangulares,
contribuindo-se para a difusão dos processos citados, para redução de custos diretos ou
indiretos, tempo de execução de serviço e desperdícios de material. Tais fatores foram
abordados focalizando os aspectos técnicos e econômicos, dispondo-se o atendimento dos
requisitos da durabilidade e da qualidade das peças reforçadas ou recuperadas.
15
Em conformidade com a NBR 8800/2008, as ações nas estruturas são formadas por
diversos tipos de carregamento (forças e momentos) proveniente de esforços aplicados
externamente em pontos específicos, cujas ações são equilibradas pelas reações de apoio
(esforços reativos externos) tendo como meio de equilíbrio intermediário as interações das
tensões e deformações solicitantes e resistentes que ocorrem no interior dos corpos.
3ª Lei de Newton: (Princípio da Ação e Reação) “A toda ação corresponde uma reação
de mesma intensidade e de sentido contrário”.
De acordo com o item 4.7.1.2 desta norma para efeito de carregamento das
estruturas, as ações atuantes em geral se classificam em: permanentes, variáveis e
excepcionais.
As ações variáveis são as que ocorrem com valores que apresentam variações
significativas durante a vida útil da construção e estão também definidas nas normas técnicas
NBR 6120 e NBR 7188, além das prescrições do item 4.7.3 e do Anexo B da NBR
8800/2008. Estas ações ocorrem em função do uso e do tipo de ocupação da edificação, como
sobrecargas em pisos e coberturas, equipamentos, divisórias móveis, pressões hidrostáticas e
hidrodinâmicas, além da ação do vento e da variação de temperatura na estrutura.
Os esforços causados pela ação do vento devem ser determinados pela norma
brasileira NBR 6123 e estão classificados no grupo das ações variáveis conforme o item 4.7.3
da NBR8800/2008, sendo que os efeitos das vibrações decorrentes dessas ações devem
obedecer às prescrições da mesma.
Para o cálculo da ação do vento em obras de grande porte ou para obras onde a sua
geometria não seja contemplada nos modelos retangulares da norma NBR 6120, é prudente
utilizar modelos reduzidos de túneis de vento para obter valores solicitantes mais precisos.
17
O valor representado nas ações das estruturas é obtido a partir do valor característico
em função da sua probabilidade de ocorrência dentro das ações solicitantes variáveis na
referida estrutura, com aplicação dos coeficientes definidos nos itens 4.7.6.1 e 4.7.6.2 da
norma. Tabela 01 e Tabela 02.
18
As cargas que chegam aos pilares na maioria das obras são predominantemente
advindas de vigas, porém outras peças estruturais como lajes, consolos e ancoragens de
contraventamento podem contribuir para descarregá-las nos mesmos, cuja peça estrutural
deve resistir a todos os esforços solicitantes e os transferir para as fundações ou para outras
estruturas, mantendo a estabilidade do próprio pilar e dos seus pontos de ancoragem.
Apesar das peças de estruturas reais de uma obra funcionarem de forma integrada
como grelhas ou pórticos planos ou espaciais, o estudo do dimensionamento de pilares neste
trabalho se dá de forma isolada e discretizada, de modo que serão consideradas as carga
centradas para facilitar a exposição do roteiro de cálculo que será procedido de forma manual,
podendo servir para outros colegas calculistas que não atuam diretamente na área de
estruturas metálicas, mas que poderão usar este roteiro para reforçar ou substituir pilares de
concreto armado que tiveram a capacidade de carga reduzida, por aumento da carga atuante
em si ou mesmo por um processo de patologia estrutural.
= .
21
Onde:
A norma estabelece dois parâmetros para identificação dos valores básicos visando à
verificação no estado de limite último (ELU).
Os valores dos coeficientes devem ser obtidos através da Tabela 01, enquanto os
valores de combinação e de redução e são definidos na Tabela 02.
= ou
Onde:
= ou =
Os valores de cálculo são obtidos através do produto dos valores representativos (Fr)
e pelo coeficiente de majoração das cargas ( de acordo com o item 4.7.6 da norma, onde:
Fd = Fr
Onde:
Fd(s) = Fr
Onde:
∑ ∑
Onde:
Representam os valores característicos das ações variáveis secundárias que podem atuar
concomitantemente com a ação variável principal.
Estas combinações podem atuar por um período longo da ordem de 50% da vida útil
da obra devendo ser utilizadas para o efeito de longa duração e aparência da construção,
atuando as cargas variáveis de serviço da ordem de [ . ].
Estas combinações são as que estão no estado de limite reversível como conforto de
usuários, funcionamento de equipamentos com vibrações excessivas e movimentos laterais,
empoçamento de água em coberturas, etc.
Estas combinações são as que podem atuar por algumas horas durante a vida útil da
edificação e geralmente estão associadas aos estados limites irreversíveis.
25
Segundo o item 4.7.5.1 da norma VBR 8800, os valores característicos das ações são
atribuídos em função da variabilidade de suas intensidades e estão divididos em dois grupos
distintos denominados de valores característicos das ações permanentes (Fgk) e valores
característicos das ações variáveis (Fqk).
Para as ações que não contemplam uma variabilidade adequada por distribuição de
probabilidades, os seus valores característicos passam a ser representados por valores
característicos nominais, assegurando o nível de exigência da norma, conforme o item 4.7.5.2.
Onde:
: Redutor da probabilidade de ocorrência das duas ações variáveis com naturezas diferentes
(Exemplo: sobrecarga de cobertura e vento; sobrecarga de piso e carga de equipamentos
usados na fase de construção da obra).
Onde:
Onde:
Onde:
Outra definição para o concreto armado vem dos próprios conceitos da NBR
6118/2014 que o relata como uma estrutura sólida formada por concreto simples e barras de
aço. Ele se molda com facilidade e adquire resistência mecânica mediante o endurecimento do
cimento Portland, respondendo bem aos esforços de tração, compressão e flexão.
O uso de agregados maiores no concreto consiste em redução dos custos sem que
seja muito prejudicada a qualidade do material. Também são importantes os agregados
menores e a água na quantidade certa para que se tenha um concreto de boa qualidade.
O concreto é um material que tem sua resistência à tração apenas cerca de 10% do
valor da resistência à compressão e raramente a mesma é considerada nos dimensionamentos
e verificações porque o concreto fissura e as perdas de equilíbrio das seções internas
comprometem a estrutura como um todo.
Com base na norma técnica brasileira NRB 6118/2014, no item 3.1.3, “os elementos
de concreto armado são aqueles cujo comportamento estrutural depende da aderência entre o
concreto e a armadura, e nos quais não se aplica alongamentos iniciais das armaduras antes da
materialização dessas aderências”.
concreto armado, apesar das formulações serem registradas em tempos e realidades históricas
diferentes.
Enfim, resume-se que o concreto armado é um dos materiais mais bem difundidos e
consumidos no mundo inteiro apresentando como pontos positivos técnicas de execução
razoavelmente dominadas em todo país, boa resistência à maioria das solicitações, boa
trabalhabilidade, possibilidade de estruturas com características monolíticas, durabilidade,
ótima resistência ao fogo, possibilidade de pré-moldagem, e excelente resistência a choques,
desgastes, vibrações e efeitos térmicos.
Uma das grandes mudanças mais significativas que ocorreram nas normas de
concreto armado ao longo do tempo consiste no método de cálculo. Enquanto as normas
antigas das várias edições da NB1 adotou o critério de dimensionamento pelo método das
tensões admissíveis, a NBR 6118 vem adotando o critério dos estados limites últimos (ELU) e
os estados limites de serviços (ELS), mesmo a partir da sua primeira versão em 2003.
30
Novos limites de cobrimento mínimo para o concreto armado em contato com o solo.
Apesar de que quase todas as estruturas de uma obra possam ser feitas de concreto
armado, esta monografia enfoca apenas as estruturas de pilares com seções retangulares em
virtude do alinhamento dos objetivos deste trabalho que aborda apenas os aspectos da
recuperação estrutural destes elementos.
diversos níveis da estrutura e conduzi-las até a fundação. Eles costumam possuir seção e
armaduras constantes ao longo de cada um de seus lances em edifícios usuais de múltiplos
pavimentos.
Os pilares são elementos estruturais que necessitam de cálculos precisos para atender
às funções a que se destinam, pois a ruína de um único pilar poderá resultar no colapso parcial
de outros pilares ou no colapso de vãos intermediários e mesmo na ruina de toda edificação.
É bom lembrar que esta dificuldade está superada quando se usa sistemas
computacionais nos dimensionamentos de pilares, ficando inviabilizados procedimentos de
verificação manual que tem grande importância nas decisões de projetos estruturais pelos
calculistas.
A definição de (MOREIRA, 2002) sobre patologia é que ela pode ser entendida como a
parte da engenharia que estuda os sintomas, o mecanismo, as causas e as origens dos defeitos
33
das construções, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema de
uma construção defeituosa. De acordo com essa definição, a patologia do concreto armado está
relacionada às alterações dos seus componentes. O que se deve fazer para minimizar o
surgimento de uma patologia estrutural é reunir uma série de ações que impeçam a ocorrência
destas anomalias estruturais.
Os riscos com colapso estrutural nas recuperações de estruturas de concreto armado são
proporcionais as suas patologias, visto que pode ocorrer redistribuição dos esforços
desestabilizando o sistema estrutural parcial ou total e provocando a ruina estrutural que
sempre vem acompanhada de grandes perdas materiais e de vidas humanas. (BERTONILI,
2010)
• corrosão das armaduras, sob o efeito da carbonatação ou dos cloretos, por tipo de ambiente;
• agressividade química.
• método de cura.
4 ESTRUTURAS METÁLICAS
Segundo (BERTONILI, 2010), os materiais formados por ligas metálicas, como por
exemplo, o aço, sofre pouca influência das ações reológicas, não contribuindo
significativamente para a diminuição de suas resistências ao longo do tempo, como ocorre no
concreto armado. Por outro lado, estes materiais deverão ser protegidos com primes e tintas
específicas para evitar o contato direto de suas superfícies com a atmosfera, dificultando
assim o processo de corrosão. Ele ainda afirma que outro fator importante na proteção de
estruturas metálicas consiste na inserção dos seus perfis em uma camada de concreto ou de
argamassa a base de cimento pelo fato destes materiais terem um PH maior que 12.5,
protegendo assim quimicamente o aço, em função da alcalinidade produzida pelo Ca(OH)2
presente na composição química do cimento. Outro tipo de proteção que o cobrimento com
concreto pode proporcionar a uma peça de aço é a criação de barreiras químicas e físicas, de
36
forma parcial, contra gases e líquidos do ambiente, semelhante ao que ocorre com as
proteções de armaduras de aço inseridas dentro concreto armado.
Verificando estes parâmetros citados pelo Prof. Yoponan Rebello, pode-se demonstrar
apenas como ordem de grandeza para comparar a resistência média dos dois materiais que,
para esforços de compressão o aço tem uma resistência mecânica cerca de dez vezes à
resistência de uma peça de concreto com a mesma geometria. O comparativo entre os valores
médios dos módulos de elasticidade dos dois materiais, também aponta para um razão de 10:1,
ou seja, o módulo de elasticidade do aço (Ea) é cerca de 10 vezes o módulo de elasticidade do
concreto (Ec), significando na prática que, para uma mesma faixa de tensão aplicada em uma
peça de estrutura metálica e em outra de concreto armado com as mesmas dimensões e
geometria, a seção de aço se deformaria em média 10 vezes menos do que a seção de concreto,
razão pela qual este conjunto de fatores faz com que se consiga dimensionamento de peças de
estruturas metálicas com seções bem menores e mais leves do que outras peças de concreto
armado, mesmo levando em consideração a adição das armaduras que trabalham no concreto
armado para estabilizar as suas zonas tracionadas.
Este trabalho enfoca o estudo de recuperação estrutural de pilares, e por esta razão os
conceitos se voltam predominantemente para peças comprimidas.
Segundo (PFEIL, 1980), “Os esforços de tração tendem a retificar as hastes reduzindo
o efeito de curvaturas iniciais porventura existentes. Os esforços de compressão, ao contrário,
tendem a aumentar os efeitos de curvaturas iniciais e, acima de certo valor, provocam
deslocamentos laterais visíveis; diz-se então que a haste apresenta flambagem, que é a
instabilidade provocada por esforços de compressão”.
Baseado no mesmo conceito quando se trata de uma peça comprimida com cargas
distribuídas onde os dois apoios são engastado, os momentos nulos ocorrem em torno de 25%
do comprimento do vão no sentido dos apoios para o centro, convencionando-se para este
caso o coeficiente de flambagem de [k=0,7].
38
Existe ainda a possibilidade dos apoios não serem completamente livres ao giro nem
completamente engastados, também denominados por alguns autores de ligações semirrígidas,
gerando valores intermediários de coeficientes de flambagem que não será abordado neste
trabalho, mas que poderá ser facilmente pesquisado na literatura científica.
Segundo (PFEIL, 1980), existe em peças comprimidas uma força crítica limite
levando em consideração o efeito da flambagem onde as cargas solicitantes não devem
ultrapassar esta força limite. Com isto, quando se leva em consideração os conceitos da força
limite de compressão uma peça pode continuar estável mesmo levando em consideração o
efeito da flambagem.
Fórmula de Euler:
Onde:
39
Onde:
Ainda segundo (PFEIL, 1980), os casos mais comuns de flambagem são devidos ao
efeito de esforço normal de compressão associado à flexão que retrata de forma mais
realística o comportamento de peças comprimidas.
Visando impor limites para as peças comprimidas de forma a evitar a instabilidade por
flambagem, as normas técnicas criaram um limite para a esbeltez máxima para pilares.
A NBR 8800/2008 no item 5.3.4.2 estabelece que o limite de esbeltez máximo para
pilares e peças comprimidas não seja superior a 200 para comprimento destravado.
Dimensionar uma estrutura de um pilar significa dotá-la de condições para que, sob a
ação de cargas normais ou sob combinações desfavoráveis de carregamentos de uso normal
ou excepcional ela possa responder, de maneira segura, as questões de tensões e deformações.
(REBELLO, 2009)
A razão principal para isto é o fato de que perfis de aço tipo I, H, U, Z e T têm suas
abas bem mais esbeltas do que outras peças em concreto armado pelo fato do aço apresentar
uma resistência à compressão e módulo de elasticidade bem superior com relação aos outros
materiais como o concreto armado.
Por conseguinte, para facilitar a compreensão do objetivo deste trabalho sem levar em
consideração outras ações que agem nas estruturas comprimidas, o valor da resistência axial
em um pilar metálico à ruptura (Nc,Rd) é função direta da área bruta da seção transversal da
peça ( ), da tensão de escoamento do aço ( ), do fator de redução para a flambagem
localizada (Q) ,do fator de redução para flambagem à flexão e torção (X) e função inversa do
coeficiente de minoração da resistência ( )
Nc,Rd = Q X
Onde:
A norma NBR 8800/2008 usa o índice de esbeltez reduzido para o valor da tensão
resistente (Nc,Rd) em função do tipo de seção de perfis circulares ou tubulares com abas do
tipo AA e AL de acordo com o ANEXO F e o item 5.5.3.2 da NBR 8800/2008.
Um dos fatores mais importantes em obras que utiliza peças estruturais de aço é o
processo de cálculo e de execução de suas ligações metálicas. Isto se aplica tanto em obras
que têm o aço como base sistêmica da concepção estrutural, quanto em obras onde o aço é
coadjuvante do concreto armado ou de outro tipo de material. Uma ligação calculada de forma
errada ou a sua execução fora dos procedimentos normativos geralmente são causas dos
grandes acidentes que envolvem as obras metálicas. Isto ocorre porque em alguns casos há
43
transferência de esforços muito grande entre duas ou mais peças de uma estrutura justamente
nas suas juntas de ligações que devem suportar todas as cargas atuantes e apresentar uma
demanda de resistência maior do que as das próprias peças que estão sendo unidas.
Vários processos em ligações metálicas podem ser usados nas indústrias e nas obras
em geral, destacando-se as ligações com parafusos ou arrebites, ligações por aquecimento
com chama oxiacetilênica ou com mistura de oxigênio ou outro gás carburante, ligações com
troca de calor pelo efeito joule, além dos processos com arco voltaico usando eletrodos
revestidos ou qualquer outro tipo de procedimento industrial MIG, MAG e TIG. Apesar dos
diversos tipos de processos de soldagens existentes, o setor de obras de recuperação estrutural
utiliza mais a solda de arco voltaico com eletrodos revestidos, uma vez que os serviços são
realizados normalmente na própria obra.
O tipo de ligação, bem como o seu processo construtivo deve ser objeto de um
projeto específico. Parafusos e ligações soldadas podem trabalhar à tração, à compressão, à
44
flexão, à torção e ao cisalhamento e cada ligação deve ser dimensionada de acordo com suas
solicitações e prescrições normativas. Cuidados especiais devem ser tomados na escolha e
dimensionamento de parafusos e soldas em função dos efeitos de esforços repetitivos que
poderá causar fadiga nas ligações, de conformidade com o ANEXO K da NBR 8800/2008.
Nos processos de soldagem por arco voltaico em aços de baixa liga ou mesmo em
qualquer estrutura com grandes aportes de tensões, deve-se evitar o uso de eletrodos com
revestimento celulósico da família E60XX, visto que a quantidade de umidade em torno de
5% nos revestimentos destes eletrodos facilita a migração de átomos de hidrogênio para a
ZTA (zona termicamente afetada). Fissurações podem ocorrer decorrentes da acomodação
deste gás nos nichos que se forma entre a poça de fusão e as zonas não afetadas termicamente.
Um teor significativo de hidrogênio na ZTA poderá ficar retido formando bolhas que
proporcionam planos de fissuração, diminuindo a resistência das peças a serem unidas pelo
processo de solda (ESAB, 2005).
5 ESTRUTURAS MISTAS
O conceito de estruturas mistas está ligado ao uso simultâneo de resistência com perfis
metálicos e também utilizando aportes de resistências da seção do concreto armado,
envolvendo especificamente a parcela de contribuição da parte das armaduras e a parcela de
contribuição da parte do concreto.
Uma das grandes vantagens do uso das estruturas mistas consiste no fato dos
coeficientes de dilatação térmica do concreto, das armaduras e dos próprios perfis metálicos
serem muito próximos, não causando problemas de cisalhamento por dilatação térmica em
temperatura ambiental. Outra vantagem do uso deste tipo de estrutura é o processo de
solidarização que ocorre entre o concreto, as armaduras e os perfis metálicos provocando
ancoragens perfeitas entre os elementos. Por fim, os perfis metálicos podem ser protegidos
fisicamente e quimicamente pelo concreto, caso o mesmo envolva consideravelmente as peças
metálicas.
com o concreto armado, aproveitando assim as melhores propriedades de cada material que
passa a trabalhar como uma única estrutura.
O aço por ser um material bem mais resistente do que o concreto é utilizado nas
estruturas mistas em geral predominantemente nas zonas tracionadas, enquanto que o
concreto que tem custo construtivo bem inferior ao do aço responde bem aos esforços de
compressão e é utilizado exatamente nas zonas comprimidas.
Já o uso específico do aço em pilares mistos é mais eficiente quando se utiliza um pilar
tipo H e em algumas situações podem ser usados perfis tubulares com seção retangular ou
circular.
Isto ocorre porque o concreto em contato direto com uma estrutura metálica a protege
fisicamente e quimicamente em função de um PH alcalino dos componentes do cimento
Portland. Em tese, as estruturas mistas utilizam de forma eficiente as melhores propriedades
de cada uma das duas substâncias que se unem formando uma única estrutura com razoável
resistência mecânica e em muitos casos com ótima resposta de proteção a incêndio.
As ações que chegam aos pilares de estruturas mistas são calculadas da mesma forma
com a mesma metodologia das estruturas de concreto armado. Anteriormente já foi
demostrado o passo a passo para o cálculo destas ações e não contribuiria em nada a sua
repetição.
Sendo:
46
δ: Fator de Contribuição
- Para o fator de contribuição baixo com δ ≤ 0,2, o pilar deve ser dimensionado como
pilar de concreto armado e não deve ser considera a contribuição do aço do perfil.
- Para fator de contribuição alto com δ ≥ 0,9, o pilar deve ser dimensionado como pilar
simples de aço, não considerando a contribuição do concreto armado.
- Para fator de contribuição entre o intervalo de 0,2 a 0,9, o pilar deve ser
dimensionado como pilar misto com contribuição de aporte de carga do concreto armado e do
perfil de aço.
Parcelas de forças:
Variáveis:
47
Ac = Seção do concreto.
fyd = Tensão de dimensionamento do aço do perfil que é função das cargas atuantes e do
coeficiente de segurança.
Npl,Rd = Força total referente a atuação simultânea do aço do perfil, do concreto simples e da
armadura de aço do concreto armado.
Onde:
Ne = π².(EI)е / (k . L) ²
Onde:
π: constante matemática;
(EI)е: rigidez efetiva da seção mista levando em conta os efeitos da retração e fluência do
concreto;
K: constante de vínculos;
Si: momento de inércia das seções das armaduras de aço do concreto armado;
Onde:
Onde:
Npl,R = Força total resistente do pilar misto com a atuação simultânea do aço do perfil, do
concreto simples e da armadura de aço do concreto armado;
= perfis I o H)
Nrd = χ . Npl,Rd
Sendo:
χ: fator de redução da resistência determinada pela Tabela 03 da norma NBR 8800 em função
do índice de esbeltez mínimo;
50
nas zonas tracionadas são fatores importantes que contribuem para o uso deste material em
larga escala no mundo inteiro.
Como o concreto é um material que não suporta bem as cargas de tração por fatores
como fluência, retração e outros parâmetros técnicos que provocam fissurações, se adiciona
armaduras de aço com resistências à tração da ordem de 500 e 600 MPa para que a peça
consiga ter uma boa resistência nas zonas tracionadas.
Quando o concreto armado sofre deteriorações por efeito de patologia perde parte da
sua capacidade de carga, necessitando de reparos ou substituição das armaduras e do próprio
concreto antigo de forma parcial ou total, conforme o caso.
52
ancoragem para as cantoneiras metálicas que também deverão ser contraventadas com barras
chatas transversais de aço que limitarão os seus comprimentos de flambagem nos planos não
travados através de soldas ou por fixação de parafusos de alta resistência. Outro ponto positivo
deste processo é o alto desempenho estrutural, à medida que as seções das peças metálicas são
fixadas na parte externa dos pilares com ganho significativo no aumento do momento total de
inércia da seção.
O pilar está danificado de forma a não mais cumprir a finalidade para a qual foi
idealizada: Considerando as situações extremas que ocorrem por deterioração
acentuada, com seccionamento do pilar, por impactos violentos, por erros construtivos
ou de projeto que tenham levado ao esmagamento do pilar, ou ainda por diversas
outras causas, a seção de concreto existente já não apresenta nenhuma capacidade
portante. Assim, o projeto do reforço consistirá simplesmente no dimensionamento de
um pilar metálico, composto de um ou mais perfis estruturais, que irá substituir
55
• Carga original: P
ii) (1- δ) [(1- ) P + P] seja menor que a capacidade de carga dos perfis estruturais.
Para esta verificação, pode-se determinar indiretamente o valor de δ através de
algumas hipóteses simplificadoras. Supõe-se, para isto, que na seção original do pilar tanto o
concreto como o aço estejam trabalhando em seus limites de resistência, dentro do campo
elástico (ou seja, seção bem ajustada), e que a tensão última dos perfis metálicos à
compressão é igual à das barras da armadura existente, ou vice-versa, tomando-se, para tanto,
o menor entre os dois valores (isto apenas na consideração da seção composta).
Onde:
• = 0,85
(3)
e
57
Se todo este acréscimo estivesse atuando apenas sobre a seção “com tensão nula”, já
reforçada com os perfis, teríamos:
Onde é a área total do reforço em perfis. Daí, a parcela resistida pelo concreto
seria:
E=
∑
58
Onde ∑ é a soma das áreas das seções transversais das barras de aço existentes no
pilar com as dos perfis estruturais, e é a área da seção de concreto existente somada à que
for acrescentada, se for o caso.
Para uma perfeita união do capitel de aço com o concreto existente, deve-se preparar
a superfície recebedora e ‘’colar’’ o capitel a referida superfície, utilizando-se resina epóxi,
argamassa epoxídica ou grout. O capitel deverá vir em pelo menos duas peças, que deverão
ser soldadas entre si no local da obra.
MÉTODO 1:
Atribui a capacidade de carga para um pilar de concreto armado retangular com o uso
exclusivo de perfis metálicos laminados tipo L (cantoneiras laminadas), mantendo o concreto
armado original sem alterações para não contribuir com a desestabilização da edificação,
porém sem considerar nenhum aporte de carga em decorrência da baixa qualidade do próprio
concreto existente ou do seu alto grau de patologia estrutural.
61
MÉTODO 2:
MÉTODO 3:
No local foi constatado que a obra nunca teve um projeto estrutural e, segundo
informações do próprio mestre de obra que administrou a construção na época, a edificação
teria sido construída sem a orientação de qualquer engenheiro civil e sem a existência de
qualquer tipo de projeto. Em virtude da falta dos documentos técnicos do edifício em estudo
como plantas, ART e outros documentos, houve a necessidade do perito estimar os parâmetros
mínimos para a simulação do cálculo estrutural em função de averiguações diretas. Para tanto a
reprodução da construção original foi simulada o mais próximo possível da realidade da época
da construção e utilizando as mesmas dimensões reais das peças de concreto armado
existentes. Foi considerada uma estimativa de resistência à compressão do concreto em torno
de 15 MPa que era comum na época da construção, ao mesmo tempo em que as evidências
técnicas corroboram para esta faixa de valor. Também foram feitas estimativas de cargas de
paredes, coberturas, caixa d’água e de outros elementos construtivos presentes para reproduzir
as ações reais existentes nos elementos estruturais.
Ficou evidente que os pilares P-03 e P-04 estavam tão subdimensionados e com parte
de suas estruturas submetidas a um alto grau de patologia estrutural, que a única camada de
piso até então existente e acondicionada diretamente sobre o solo (sem contrapiso) estava
estabilizando perigosamente estas estruturas no limite de suas estabilidades. A demolição do
piso antigo contribuiu decisivamente para o colapso estrutural no pilar P-03 e para o efeito de
flambagem do pilar P-04 porque estas estruturas não foram construídas adequadamente para
suportarem suas cargas, cuja edificação somente não chegou a ruina pela ação rápida e eficaz
do engenheiro responsável que se encontrava na obra e providenciou o escoramento necessário
para evitar o colapso estrutural generalizado.
As hipóteses formuladas para a recuperação dos pilares P-02, P03, P04 e P-05
(FIGURA 01) do edifício, foram baseadas nos três métodos definidos neste capítulo.
Para outros casos que envolva grandes cargas se deve avaliar a eficácia de cada um
dos métodos especificados, inclusive verificando a recuperação de pilares através do
MÉTODO 3, quando viável tecnicamente, onde se aproveita os aportes de carga do concreto
armado existentes ou reforçado. Outros métodos de recuperação estrutural citados neste
trabalho como o uso de fibras de carbono, cabos de proteção e outros, deverão também ser
avaliados.
Os custos com os dois processos citados ficaram próximos, neste caso específico
onde se refere à recuperação de pilares retangulares em um edifício de pequeno porte, onde as
cargas atuantes são relativamente baixas. Neste caso optou-se pelo processo que utilizou o uso
especifico de perfis metálicos laminados tipo L, contraventados com barras chatas de aço e
sem a contribuição de aportes de carga do concreto armado existente em função da redução de
9,42% com relação ao outro processo com concreto armado. Outro fator que contribuiu na
escolha deste método foi o fato de se utilizar menos equipamentos impactantes, minimizando
a probabilidade de desmoronamentos e o fato de menor tempo de execução da obra, visto que
se trata de um prédio comercial.
Para a recuperação estrutural das fundações destes pilares foram adotados os mesmos
procedimentos tradicionais utilizando o próprio concreto armado como instrumento de
68
8 CONCLUSÃO
Muito dos problemas que ocorrem em pilares de concreto armado poderiam ser
evitados se houvesse o cumprimento de um cronograma de manutenção preventiva da obra,
bem como maiores cuidados na elaboração de projetos estruturais e na execução dos serviços,
inclusive evitando o uso de materiais e processos construtivos inadequados.
O uso de seções mistas envolvendo a contribuição das resistências dos perfis de aço e
do próprio concreto armado original ou recuperado pode ser uma solução na redução dos
69
custos de pilares, visto que parte das cargas seria suportada pela estrutura dos perfis e o
restante pela seção do concreto e de suas armaduras. Entretanto este procedimento só deverá
ser utilizado quando a qualidade do concreto for confiável e sua resistência possa ser estimada
com segurança.
Este trabalho não constitui um escopo acabado, devendo ser avaliado, discutido e
aprimorado para que os projetistas estruturais possam não apenas reduzir custos e tempo de
execução em obras semelhantes à do estudo de caso, mas, sobretudo contribuir para a criação
de outros métodos de recuperação estrutural de pilares de concreto armado em obras de
grande porte.
70
REFERÊNCIAS
segundo a NBR 6118:2003; CARVALHO, R. C.; FILHO, J. R. F.; 3.ed. – São Carlos:
EdUFSCar, 2009.
HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010
CONCRETO ARMADO)
ESTRUTURAS – PROCEDIMENTOS)
OU MISTA)
PFEIL, W.; Concreto Armado: Dimensionamento; 2 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro,
Livros Técnicos e Científicos; Brasília, INL; São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo:
1975.
ROCHA, A. M.; Novo curso prático de concreto armado. Vols. I, II, III e IV. Rio de
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo: São Carlos, 2011. Disponível em:
2014-09-24.
Aço, Instituto Aço Brasil e Centro Brasileiro da Construção em Aço, v. 1, 4ª ed, Rio de
Janeiro, 2011.
End. Comercial: Av. Pedro II, 1269, Edif. Síntese, Sala 904, Centro, CEP: 58.013-420 / J.
Pessoa-PB. FONE: (83) 3566.7514 / E-mail: daconprojetos@hotmail.com
Objeto de análise: Análise e Laudo Técnico Estrutural de prédio comercial alugado pela
empresa MAGAZINE LUIZA, localizado na Rua Celso Cirne, nº 300, centro em Solânea/PB,
por apresentar problemas estruturais.
EMPRESA CONTRATANTE
DATAS:
Período dos serviços incluindo a coleta de dados, perícia no local, análise, fundamentação
técnica e elaboração do Laudo Técnico: 24/09/2014 a 16/10/2014.
ITENS DO LAUDO
CONSTRUÇÃO CIVIL)
ARMADO)
– PROCEDIMENTOS)
VENTO)
MISTA)
PROCEDIMENTOS).
76
2 ASPECTOS GERAIS
Atualmente o pavimento térreo do prédio está sendo reformado visando abrigar uma
filial do Magazine Luiza e durante esta mencionada reforma foram detectados problemas
estruturais diretos em pelo menos dois pilares centrais no vão de entrada da rua principal (ver
planta em anexo), sendo que um deles entrou em colapso estrutural e o outro mostra indícios
de desestabilização por flambagem e por fissurações excessivas e preocupantes.
A rapidez com que o engenheiro responsável pela reforma do prédio agiu foi de
fundamental importância para estabilizar momentaneamente a edificação, evitando um
acidente de ruina generalizada, caso não fosse utilizado imediatamente escoramentos
metálicos e de madeira cerrada.
Após este perito verificar “in locu” as condições estruturais com possibilidade de
ruina, sugeriu aumentar a quantidade de escoramento de forma que cada apoio não
ultrapassasse uma média 2,5 t de carga estimada e solicitou ao engenheiro da obra um
acompanhamento periódico da medição das flechas nas escoras de madeira serrada, cujo
procedimento foi de fundamental importância para comprovar o exato momento em que a
estrutura escorada conseguiu estabilizar provisoriamente as vigas e pilares que apresentavam
possibilidade de ruina.
foi construída há mais de 30 (trinta) anos, este perito atribuiu a necessidade da elaboração de
uma reprodução de projeto estrutural o mais próximo possível da realidade da época da
construção, a fim de retratar os possíveis problemas estruturais visíveis ou futuros.
Ficou evidenciado a partir dos dados colhidos neste relatório que as áreas dos blocos
de fundações dos pilares P2, P3, P4 e P5 estavam incompatíveis com as cargas atuantes nos
arranques, razão pela qual há a necessidade de reforços estruturais tanto nos mencionados
pilares, quanto nos seus blocos de fundação (ver planta baixa estrutural do térreo mostrando
os setores de instabilidades em vermelho).
Baixa resistência dos materiais de construção da época em que a obra foi construída,
como por exemplo, fazendo uso de brita para o concreto armado, lapidada
manualmente, segundo o mestre de obra responsável pela construção.
Ausência de projeto estrutural ou de orientação técnica na construção
Construção com fundações diretas inadequadas em solo com baixo suporte de carga.
Este perito já obteve análises de sondagem tipo SPT em outra edificação próxima do
prédio periciado (em anexo) e verificou a baixa resistência do solo, principalmente em
camadas com profundidade a partir de 2 (dois) metros, proporcionando a possibilidade
de recalques. Pelo menos nas amostras colhidas de uma construção próxima, a
resistência do solo é razoável nas camadas mais próximas do terreno natural,
decrescendo com a profundidade e voltando a crescer novamente após cerca de vários
metros, o que pode proporcionar recalques diferenciais e deslocamento de terra sob as
fundações (cisalhamento do terreno) ao longo do tempo, principalmente quando se
trata de fundações subdimensionadas em que o bulbo de pressões chega a estas
camadas de baixo suporte.
78
Prédio construído com 3 (três) lajes de piso e mais uma laje de forro tendo cargas
consideráveis nos arranques dos pilares sem nenhum estudo das fundações.
3 COLETA DE DADOS
O município conta com uma economia que é impulsionada por uma produção
agrícola que se beneficia de alto índice pluviométrico por está localizada na região conhecida
popularmente por brejo paraibano que tem um índice pluviométrico acima de outras regiões
vizinhas, além de contar com uma rede de comércio bastante competitivo, pequenas indústrias
e atividades de turismo vinculadas ao “Caminhos do Frio” (Programa do Governo do Estado
para incentivar a atividade turística no período do frio).
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=251600&search=paraiba|solanea|i
nfograficos:-informacoes-completas
Alguns dados foram aferidos diretamente na própria obra pelo engenheiro perito
através de instrumentos detectores que estimam as suas bitolas, espaçamentos e a
profundidade de cobrimento no concreto. O uso destes instrumentos é importante porque
evitam a retirada de camadas de concreto que podem desestabilizar uma edificação que
apresenta problemas estruturais.
Segundo outro laudo técnico elaborado por este perito em 2011 para outro cliente e
em local próximo ao do prédio ora periciado, o resultado de 2 (duas) sondagens tipo SPT
apresentaram os seguintes valores abaixo especificados, sendo de alta relevância como
parâmetros geotécnicos para o solo da edificação ora periciada, na ausência de outros dados
mais precisos (ver relatório geotécnico em anexo).
Estes dados mostram claramente uma das características que predomina no solo da
cidade de Solânea que consiste em um tipo de suporte onde a resistência das camadas do
terreno diminui com o aprofundamento da cota chegando a um valor baixo em torno das cotas
no intervalo entre 1,30 metros e 3,50 metros.
Somente analisando estas duas amostras pode-se concluir que o solo de parte da
cidade onde está inserida a edificação periciada apresenta grandes probabilidades de recalques
para as fundações diretas, visto que sapatas ou blocos de 1 metro de profundidade terão seus
bulbos de pressão (Bulbo = 1,5 a 2,0 B) em camadas de solo de baixa resistência.
80
Talvez esteja nesta análise esteja a explicação para a grande quantidade de problemas
estruturais envolvendo os prédios da cidade que apresentam fissurações e grandes
deslocamentos em função dos recalques diferencias que ocorrem pela diferença de
resistências do solo em locais diferentes mesma cota.
Após a coleta dos dados e suas análises, além do cálculo realístico da construção da
época que foi reproduzido retratando o mais próximo possível as condições e o uso dos
materiais utilizados, este perito detectou os seguintes problemas estruturais:
Houve instabilidade estrutural visível nos pilares P3 e P4 (ver fotos), sendo que o
pilar P3 apresentou um colapso estrutural próximo ao Estado de Limite Último (ruina),
enquanto o outro pilar mencionado apresentou fissuras e o início de instabilidade com
flambagem no sentido longitudinal do prédio em decorrência da redistribuição dos esforços.
Após uma análise mais profunda com os dados colhidos, principalmente a partir do
cálculo da estrutura baseada nas condições de construção da época (processo construtivo e
materiais), cheguei à conclusão de que além de seções insuficientes dos pilares P2, P3, P4 e
P5 existe também um fator primário de instabilidade, ou seja, uma reduzida seção de contato
nos blocos de fundação destes pilares (em torno de 1 m2), especialmente porque os arranques
nas fundações contemplam grandes cargas e o solo da cidade tem um histórico de baixo
suporte em camadas inferiores.
defasagem vertical de cerca de 8 cm, ficando evidente que as armaduras existentes foram
envergadas e ancoradas em outro plano vertical, o que contribuiu muito para a
desestabilização das peças estruturais.
Como causa mais provável para o início da instabilidade estrutural cito o fator da
remoção do piso do térreo para a sua reconstrução apropriada. Provavelmente o processo de
instabilidade estava operando desde o ato da construção do edifício e as vibrações oriundas do
processo de retirada do material provocaram deslocamentos, principalmente no bloco do pilar
P3.
Por fim verifiquei que os materiais utilizados na construção original são de qualidade
inferior aos materiais utilizados atualmente nas obras, principalmente no tocante ao tipo de
aço da época e à resistência do concreto armado que hoje se consegue facilmente fck em torno
de 40 MPa e o fck estimado da época é da ordem de 15 MPa.
Até a presente data o pilar P1 que é um dos que não apresentou visivelmente nenhum
problema estrutural, mesmo sendo um dos mais carregados e estando no centro geométrico de
carga da caixa d’água. Também não apresentou instabilidades no processo de análises
estruturais executadas por softwares específicos com as condições construtivas da época.
alvenaria que existe no lado direito de quem entra pelo acesso principal que está servindo de
uma rede de esgoto. A mesma encontra-se acima do nível do piso do térreo e vem provocando
infiltrações no solo, principalmente próximo das fundações dos pilares centrais. Sugiro a
demolição desta galeria de alvenaria e a substituição da mesma por tubulação de PVC para
evitar as prejudicais infiltrações.
A recuperação dos pilares mencionados é mais adequada com o uso de aço laminado
porque além de ser uma intervenção rápida, provoca poucos deslocamentos na estrutura
antiga.
tempo já transcorrido da edificação que já passa dos 30 anos, segundo informações do mestre
de obra que gerenciou a construção original.
6 CONCLUSÕES
O prédio vistoriado apresenta problemas estruturais nos pilares P2, P3, P4 e P5 e nas
suas fundações decorrentes da falta de um projeto estrutural e de erros de execução detectados
e registrados por esta Perícia.
Ficou claro que estes mencionados pilares centrais foram construídos com suas
seções de concreto armado insuficientes, além de apresentar fundações que não são
compatíveis para as cargas solicitantes e propriedades do solo.
Ficou evidente também que pelo menos no pilar P3 houve um erro construtivo no
prumo das armaduras verticais no tramo do térreo (ver foto), cuja descontinuidade chegou a
torno de 8 cm, gerando assim grandes momentos nas armaduras verticais que não têm
resistência suficiente para suportar tais esforços fora da prumada do centro de gravidade das
armaduras.
Também se faz necessário um monitoramento dos outros vãos que não apresentaram
problemas estruturais nas revisões preventivas da edificação e a qualquer momento onde se
observar alguma fissura, deformações excessivas ou qualquer patologia estrutural. Tais
informações deverão ser repassadas imediatamente ao setor de engenharia da empresa
Magazine Luiza, enquanto durar o contrato de locação.
barras de aço, visto que o aumento de carga virá dos reforços dos pilares com estruturas
metálicas.
Por último, deve-se continuar com os reforços nas vigas que chegam aos pilares P2,
P3, P4 e P5, preferencialmente com estruturas metálicas e de acordo com um projeto de
recuperação estrutural, de modo que haja a continuidade nos escoramentos até o prazo
determinado pelo calculista, especialmente com relação à resistência do concreto armado que
será utilizado nos reforços das fundações.
Engenheiro Responsável
CREA: 160106913-8
85
(não foi possível fazer esta análise no terreno do prédio porque todo o entorno do mesmo e
das edificações adjacentes estão pavimentadas juntamente com os logradouros públicos)
92
Ix(1L) = Iy(1L) = 40 cm4 p/1 perfil; Ix(4L)= Iy(4L) = 2.912 cm4 p/4 perfis.
= 12,73
Considerações:
Este cálculo com perfil de forma isolada não pode ser usado como peça de alma e mesa
compacta porque ( < ), razão pela qual terá de ser calculada como seção de alma
esbelta.
Procedimento:
101
De acordo com o ANEXO F da NBR 8800/2008 para o caso em que se trata de um perfil de
alma esbelta como a cantoneira identificada acima, deve-se proceder a análise do tipo das
abas que podem ser AA ou AL. No caso específico do perfil calculado se trata de peças AL,
visto que ambas as abas tem apenas vinculação em um único vértice e os outros lados se
encontram livre. Por esta razão calcula-se o coeficiente redutor ( Q ) igualando-o ao valor de
Qs, especificamente para este caso da seguinte forma:
Como 12,73 < 16 < 25,74, então temos um caso de uma peça atribuída por muitos calculistas
como semicompacta onde o cálculo do fator de redução ( Q )é dado pela seguinte expressão:
p/ 1,5 χ=
Aplicando os valores no segundo caso em função do índice de esbeltez reduzido ser menor
que 1,5, temos χ = 0,48.
Nc,Rd = Q X
102
Aplicando os valores na fórmula, temos o total máximo da carga crítica elástica levando em
consideração a flambagem global e localizadas da ordem de Nc,Rd = 7.564,58 kg.
Conclusão:
Colocando-se 4 cantoneiras deste tipo sem seu agrupamento físico e travamento estrutural
entre elas, estes perfis juntos suportaria apenas uma carga máxima de compressão axial da
ordem de 30.258,32 kg (4 x 7.564,58) e não resolveria o problema de reforço estrutural para
suportarem sozinhas as cargas dos 4 pilares a serem recuperados no edifício, se transformando
em uma solução inviável para o presente caso, visto que as solicitações são o dobro do valor
total resistente.
12,73
Considerações:
Como carregamento com uso isolado jamais este perfil poderia ser dimensionado como alma
e mesa compactas e teria de levar em consideração os fatores de redução do Q. Porém, trata-
se de 4 cantoneiras agrupadas em torno de uma seção de concreto armado com todos os perfis
devidamente ancorados nas quinas dos pilares. Além destas ancoragens as peças serão trava
das transversalmente a cada 75 cm, o que reduzirá bastante a capacidade de flambagem das
mesmas. Por estas razões específicas, considerou-se Q = 1.
= 638.673 kg.
p/ 1,5 χ=
Nc,Rd = Q X
Observações:
Utilizar eletrodo com revestimento E7018 e não deixar a caixa aberta para não absorver
umidade, pois este tipo de eletrodo pode provocar fissuração na ZTA (zona termicamente
afetada) quando umedecido.
104
Utilizar resina epóxi de alta resistência SIKADUR 32 da SIKA ou semelhante para aplicações
de cola entre aço e concreto. Retirar os revestimentos antigos e limpar bem as superfícies.
CONCLUSÃO:
Como em todas as combinações com seus redutores probabilísticos as cargas dos pilares não
ultrapassaram o valor de Nc,Rd, então os reforços dos pilares estão estáveis.
Vale salientar ainda que os pilares em concreto armado existentes continuarão contribuindo
em termos reais com alguma capacidade de carga no conjunto, embora no cálculo não foi
considerado qualquer aporte do concreto. A única consideração dos pilares foi apenas no
sentido de travamento das cantoneiras como núcleo rígido entre elas.
Portanto, a recuperação estrutural dos quatro pilares que apresentaram problemas estruturais
serão feitos com o uso de 4 cantoneiras laminadas L3”X3/16” de aço ASTM A-36 para as
estruturas verticais e cantoneira L3”X1/4” de aço ASTM A-36 para os capiteis de cima e de
baixo. As cantoneiras verticais serão travadas por barras chatas de 2”X3/16” de aço ASTM A-
36 e devidamente ancoradas no concreto com chumbadores de 12.5 mm entre os planos
horizontais formados por cada par de cantoneiras. Todas as peças deverão ser ancoradas nas
superfícies do concreto armado existente como resina epóxi e o eletrodo a ser usado na
operação de soldagem deve ser o E7018, não devendo usar eletrodos celulósicos.
Todas as cantoneiras agrupadas deverão ficar totalmente ancoradas nas fundações e nas peças
da laje superior através dos capiteis de aço. Após a execução dos serviços propostos todos os
pilares a serem recuperados deverão ser revestidos com argamassa de cimento e areia no traço
de 1:4 para a proteção física e química do material metálico.
Av Pedro II, 1269, Centro, João Pessoa/PB – CEP: 58.013-420 / Tel: (83) 3566.7514
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