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Análise

de Estruturas
método das forcas e método dos deslocamentos
Volume I
Análise de Estruturas
Volume I

Humberto Limo Soriono, D.Sc


Professor titular da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estodo do Rio de Janeiro.
Professor titular aposentado da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e
da Coordenoçáo dos Progromos de Pós-Graduaçáo em Engenharia - COPPE-UFRJ.

Silvio de Souza Limo, D.Sc


Professor odlunto da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro

EDITORA
CIÊNCIA MODERNA
Análise de Estruturas - Volume I
CopyrightO 2004 Editora Ciência Moderna Ltda.
Todos os direitos para a língua portuguesa reservados pela EDITORA CIÊNCIA MODERNA LTDA.
Nenhuma parte deste livro poderá 5er reproduzida, transmitida e gravada. por qualquer meio eietrônico, mecânico,
por fotocópia e outros, se-m a prévia autorização, por escrito, da Editora.

Editor: Paulo André P. Marques


Produção Editorial: Carios Augusto L. Almeida
Capa e Diagramação: Patricia seabra
Digitalização de Imagens e digitação: Humberto Lima Soriano
Revisão: Luiz Carios de Paiva Josephson
Assistente Editorial: Daniele M. Oliveira

Várias Marcas Registradas aparecem no decorrer deste livro. Mais do que simpiesmente iistar esses nomes e
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utilizando tais nomes apenas para fins editoriais, em benefício exclusivo do dono da Marca Registrada, sem
intenção de infringir as regras de sua utilização.

FICHA CATALOGRÁFICA

Soriano, Humberto Lima e Lima, Silvio de Souza


Análise de Estruturas - Volume I
Rio de Japeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2004

Eng-nharia es!ruturai; análise estrutural


I- Titulo

CDD 624.1

Editora Ciência Moderna Ltda.


Rua Alice Figueiredo, 46
CEP: 20950-150, Riachuelo -Rio de Janeiro -Brasil
Tel: (21) 2201-666212201-6492/2201-651112201-6998
Fax: (21) 2201-669612281-5778
"Students usually have little trouble with the mothematical manipulations
used to solve aproblem. Our experience is that they have more trouble in
understanding the physical nature of the problem. With the advent of
numerical tools such as thefinite-elemenf method, there is less motivation
for study of eleganf analytical techniques. But there is a continuing need
for physical understanding. Whatever the analysis method, a problem
must be understood before ir can be solved. In sfudying this book, the main
goal may nof be to learn specific solutions but to learn what theproblems
are: that is, how do various shapes respond to various loads?"

Robert D. Cook e Wmen C. Young, em prefácio


ao livro Advanced Mechanics of Materiais,
publicado por Prentice-Hall, Inc.

Dedicamos este trabalho às nossas


famílias pelo incentivo continuado.
Sumário

Prefácio
Capítulo 1 -Fundamentos
Introdução
Conceitos básicos
Trabalho das forças externas e energia de deformaç80
Teorema dos deslocamentos virtuais
Teorema das forças virtuais
Método da força unitária
1.6.1 Efeito de forças externas
1.6.2 Efeito de temperatura
1.6.3 Efeito de deslocamento prescrito
1.6.3 Efeito de apoio elástico
Teoremas de reciprocidade
Estruturas siméticas
1.E. 1 Carregamento simétrico
1.8.2 Carregamento anti-simétrico
Exercícios propostos

Capítulo 2 - Método das forças


Introdução
Sistemática do método das forças
Exemplos de sistemas principais
Variação de temperatura
Deslocamento prescrito
Apoio elástico
Estruturas simétricas
Forças nodais equivalentes
Análise de Estruturas - Volume 1

2.9 Coeficientes de rigidez


2.9.1 Barra biengastada
2.9.2 Barra engastada e rotulada
2.9.3 Barra engastada e liberada à força cortante
2.10 Exercícios propostos

-
Capítulo 3 Métodados deslocamentos
Introdução
Sistemática do método dos deslocamentos
Exemplos de sistemas principais
Variação de temperatura
Deslocamento prescrito
Apoio elástico
Estruturas simétricas
Deformação de força normal
Estrutura com barra inclinada
Exercícios propostos

Capítulo 4 -Tópicos complementares


4.1 Introdução
4.2 Linhas de influência
4.2.1 Linhas de influência de deslocamentos
4.2.2 Processo cinemático
4.2.3 Método das forças
4.2.4 Método dos deslocamentos
4.3 Processo de Cross
4.4 Exercícios propostos

Capítulo 5 - Análise automática de estruturas


5.1 Introdução
5.2 Estrutura dos sistemas de análise
5.3 Dados de estruturas em barras
5.4 Sistema SALT
5.4.1 - Apresentação do Sistema
5.4.2 Análise estática
5.4.3 Linhas de influência e valores extremos
5.5 Exercícios propostos
Respostas dos exercícios propostos selecionados
Glossário
Bibliografia
Notações
Índice
Prefácio

A motivação para a publicação desta Análise de Estruturas, em que este é o


primeiro volume, foi disponibilizar material didático atuaiizado para as disciplinas
tradicionalmente denominadas Hiperestática, Estática das Estruturas e/ou Anaise de
Estruturas dos cursos de Engenhara Civil. Na linha de conhecimento, essas disciplinas
vêem após as disciplinas Mecânica (Técnica), Isostática e Resistência dos Materiais.
A Hiperestática, como disciplina, engloba o estudo do método das forças e do
método dos deslocamentos, adotando simplificações e metodologias que permitem a análise
de uma grande variedade de modelos de estruturas em barras em procedimento manual de
cálculo. O método das forças, no caso particular de análise de treliças, foi desenvolvido no
final do século XIX. O método dos deslocamentos foi concebido na terceira década do
século XX e intensivamente utilizado em procedimento manual através de sua variante
processo de Cross. Apesar do tradicionalismo desses métodos, eles constituem um tema
atual por não terem substitutos.
O método das forças é necessário para o desenvolvimento do método dos
deslocamentos, e ambos, em procedimento manual de cálculo, propiciam o
desenvolvimento no estudante do sentimento de comportamento estrutural, essencial para a
concepção de estruturas eficientes e para a análise crítica de resultados fornecidos por
sistemas computacionais. Esses sistemas utilizam o método dos deslocamentos em
formulação matricial, extremamente trabalhosa em procedimento manual, e são
indispensáveis atualmente nos escritórios de projeto.
Este volume apresenta a Hiperestática com terminologia e enfoque que facilitam o
entendimento da análise matricial de estruturas tratada no, segundò volume. Apresenta
também, uma introdução à análise automática de estruturas e o Sistema SALT,
disponibilizado em versão acadêmica na "internet", para que o leitor possa confrontar seus
resultados manuais com resultados computacionais, iniciando-o na interpretação de
resultados de análise automática e motivando-o a progredir em seus estudos.
Análise de Estruturas - Volume 1

O segundo volume desta Análise de Estruturas, atualmente em desenvolvimento,


abordará a formulação matricial do método dos deslocamentos e sua implementação
computacional. O terceiro volume, em planejamento, apresentará uma introdução ao
método dos elementos finitos na análise de estruturas. O objetivo desses três volumes é
preparar o leitor para criteriosamente usar sistemas computacionais de análise de estruturas,
por entender que bem utilizar esses sistemas não é fazê-los funcionar com agilidade.
Os autores agradecem à Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro e à Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro pelas
condições favoráveis propiciadas ao desenvolvimento deste livro. Agradecem também aos
seus colegas, professores e alunos, que de uma ou de outra forma contribuíram para essa
realização. Criticas e sugestões que possam contribuir para o seu aprimoramento são bem-
vindas.
Fundamentos

1.1 - Introdução
As estruturas são sistemas físicos capazes de receber e transmitir esforços como em
pontes, edifícios, torres, antenas etc. Um dos principais objetivos da análise de estruturas é
relacionar, em idealizações simplificadoras desses sistemas e utilizando propriedades de
material determinadas experimentalmente, as ações externas atuantes com os
deslocamentos, reações de apoio e tensões (ou suas resultantes), de maneira a poder
identificar eventual deficiência de comportamento do material constituinte eiou de
comportamento da estrutura como um todo elou de suas partes. Isso, para elaborar o projeto
de uma nova estrutura a ser construída ou estudar o comportamento de uma estrutura já
existente. A idealização de uma estrutura conduz a um modelo de análise, regido por
equações matemáticas, cujos resultados devem expressar comportamento próximo ao da
estrutura. Cabe ao engenheiro a responsabilidade de conceber esse modelo, sob ações
externas estabelecidas a partir de códigos de projeto e com as aproximações julgadas
cabíveis, e, após a determinação de seu comportamento, fazer análise crítica de sua
pertinência. Neste livro, a análise se restringe ao estudo das estruturas em barras,
desenvolverido métodos e processos de determinação de resultantes de tensão (esforços
solicitantes), deslocamentos e reações de apoio. Por simplicidade de expressão, o modelo
de análise é aqui também denominado estrutura, assim como a sua representação gráfica.
Eficientes sistemas computacionais para a análise automática de estruturas são
atualmente disponíveis e indispensáveis nos escritórios de projeto. Contudo, não é
recomendável a sua utilização por usuário que não tenha capacidade &e avaliação crítica
dos resultados obtidos. Para isso, é necessário o conhecimento das potencialidades e
limitações dos métodos implementados, e que se tenha "sentimento de comportamento das
estruturas". Com o objetivo de propiciar ao leitor esse conhecimento e iniciá-lo no
desenvolvimento desse sentimento, este primeiro volume de Análise de Estruturas
apresenta a formulação clássica dos métodos das forças e dos deslocamentos em análise de
Análise de Estruturas - Volume 7

estruturas em barras, conduzindo o leitor à resolução de um grande número de pequenos


modelos de estruturas. A presente abordagem é em terminologia e enfoque adequados à
formulação matricial do método dos deslocamentos a ser apresentado no segundo volume
juntamente com a correspondente implementação computacional. O terceiro volume tratará
da análise de estruturas através do método de elementos finitos.
Neste capítulo são apresentados os fundamentos dos métodos de análise de
estruturas em bar& que em parte são estudados nas disciplinas de Isostática e de
Resistência dos Materiais. Destaca-se o método da força unitária de cálculo de
deslocamentos, por ser essencial ao método das forças apresentado no segundo capítulo.
Por sua vez, esse último método é fundamental para o desenvolvimento do método dos
deslocamentos apresentado no terceiro capítulo, que em sua formulação inatricial é O
método amplamente utilizado nos sistemas computacionais de análise.
No quarto capítulo é apresentado o estudo de linhas de influência e do processo de
Cross. As linhas de influência são muito úteis no projeto de estruturas com cargas móveis,
como pontes rodoviárias, ferroviárias e rolantes. O processo de Cross é uma forma manual
prática de utilizar o método dos deslocamentos, atualmente pouco utilizado, mas que é
apresentado por contribuir ao entendimento de comportamento das estruturas em barras.
O quinto capítulo introduz o leitor na análise automática, propiciando-o confrontar
os seus resultados manuais utilizando os métodos aqui apresentados com resultados
computacionais, fundamentando-o para adequadamente utilizar análise automática, ao
mesmo tempo em que o motiva a progredir em seus estudos. Para isso, fornece informações
para o uso do Sistema SALT de Análise de Estruturas desenvolvido pelos autores e
disponibilizado em versão acadêmica na Intemet. Sugere-se ao leitor acompanhar o estudo
dos primeiros quatro capítulos com a leitura do quinto capítulo e do uso do Sistema SALT
ou de outro sistema de análise de estrutura que venha a ter disponibilidade.

1.2 - Conceitos básicos


De forma simplificada, as estmturas podem ser classificadas como constituídas de
barras (retas ou curvas) e como continuas. A barra é um elemento estrutural que tem uma
dimensão preponderante em relação às demais. São as vigas, colunas, pilares, escoras, tirantes,
eixos, nervuras etc., ditos elementos unidimensionais. As estruturas contínuas são constituídas
de elemento(s) em que não se caracteriza uma dimensão preponderante, como as chapas,
placas, cascas, membranas e blocos, ditos elementos de superfície e de volume, conforme se
possam caracterizar duas ou três dimensões preponderantes. Utilizando computador, essas
últimas estruturas são usualmente analisadas pelo método de elementos finitos.
Com a hipótese de cada seção transversal de barra permanecer plana após a sua
deformação por ações externas, a barra é idealizada para efeito de análise pelo lugar
geométrico dos centróides de suas seções transversais. Esse é o eixo geométrico
representado por um segmento de reta ou de curva, dito elemento unidimensional.
Considera-se que as seções transversais sejam perpendiculares a esse eixo. Além disso,
como os apoios são idealizados como pontuais, a estrutura fica modelada como um
conjunto de elementos unidimensionais ligados entre si em pontos e em apoios discretos.
Por simplicidade, a representação unidimensional de barra é aqui também denominada
barra e qualquer de seus pontos, seção transversal.
Capitulo 1 - Fundamentos

Na Mecânica do Contínuo, em idealização tridimensional e proximidade


infinitesimal de "ponto material", o efeito do material de um lado de uma seção
infinitesimal sobre o material do outro lado desta seção é considaado por meio do vetor
tensão de componentes normal e cisalhante. De forma mais simplista, em idealização
unidimensional de barra na presente análise de estruturas, esse efeito é considerado em cada
seção transversal através de resultantes de componentes de tensão denominadas esforsos
solicitantes ou esforços seccionais, aplicadas no ponto representativo da seção. A Figura
1.1 ilustra esses esforços em barra utilizando o referencial xyz, em que x coincide com o
eixo geométrico, e y e z, com os eixos principais de inércia da seção transversal em
questão. Na parte (a) dessa figura, os esforços solicitantes N, V e M, que ocorrem no caso
plano, representam o efeito da parte em tracejado da barra sobre a parte em traço contínuo
da barra. Inversamente, o efeito da parte em traço contínuo sobre a parte em tracejado se
faz através desses esforços em sentidos contrários. O esforço N, de vetor representativo de
mesma direção que o eixo x, é denominado força ou esforço normal, de tração ou de
compressão. O esforço V, de vetor representativo de mesma direção que o eixo y, é
denominado força ou esforço cortante, e o esforço M, de vetor de seta dupla representativo
de mesma direção que o eixo z, é denominado momentofletor. A Figura l . l b ilustra o caso
tridimensional de esforços solicitantes, onde V, e V, são as forças cortantes,
respectivamente segundo os eixos y e z, e M, e M, são os momentos fletores, também
segundo esses eixos, e onde T é o monzento de torção de vetor representativo de seta dupla
de mesma direção que o eixo x.

Seção transversal
r-------.....-------

M
L------------..-..--

(a) Caso plano

(b) Caso tridimensional

Figura 1.1 -Esforços solicitantes.

3
Análise de Estruturas - Volume 1

Uma vez obtidos os esforços solicitantes, os componentes de tensão em um ponto


qualquer da seção transversal podem ser determinados com os conhecimentos da disciplina
Resistência dos Materiais. Também podem ser determinados deslocamentos e rotações de
uma seção qualquer da barra através da presente análise de estruturas. A rotação de uma
seção em tomo do eixo y (ou z) é igual à rotação da tangente ao eixo geométrico da barra,
deformada no ponto representativo da seção, no plano xz (ou xy).
O termo dèslocamento é usado em sentido generalizado, incluindo deslocamento
linear e deslocamento de rotação. Força tem também sentido generalizado, abrangendo
força no sentido estrito da palavra e momento de força.
São consideradas apenas ações (externas) estáticas sob as formas de forças aplicadas
(concentradas ou distribuídas), de variação de temperatura, de deslocamento prescrito (por
vezes, denominado recalque de apoio) e de deformação imposta, também denominada
deformação prévia. Diz-se que são ações estáticas por terem aplicação gradual lenta até
valores finais constantes, de maneira a poderem ser desprezadas as forças de inércia e de
amortecimento. Em edificações, essas ações são estabelecidas pelos códigos normativos de
projeto NBR-6120 e NBR-6123. A menos de efeito de instabilidade elástica, que não é
objeto de estudo neste livro, a estrutura está em equilíbrio quando a resultante-força e a
resultante-momento (em relação a um eixo qualquer) das ações e das reações de apoio são
nulas. Decompondo essas resultantes em um referencial cadesiano XYZ, esse equilíbrio é
expresso pela nulidade de suas componentes, o que é matematicamente representado pelas
equações de equilíbrio da estática que se escrevem:

Quando essas equações são suficientes para determinar as reações de apoio e os


esforços solicitantes em todas as seções das barras constituintes da estrutura, diz-se ser uma
estrutura isostútica. A habilidade em determinar' esses esforços nesse tipo de estrutura é
pré-requisito neste livro. Apoio é dito vínculo externo por ser imposto pelo meio exterior à
estrutura. As denominadas reações de apoio são as componentes no referencial XYZ da
reação força e da reação momento que um vínculo pontual exerce sobre a estrutura. A
capacidade de uma seção transversal de barra transmitir esforço solicitante à seção que lhe
é adjacente é um vínculo interno, por ser efeito de uma parte da barra sobre a outra sua
parte, através da seção em questão. Quando os vínculos externos e internos são
insuficientes para manter o equilíbrio estático da estrutura elou de suas partes, diz-se ser
uma estrutura hipostática, cujo comportamento não é aqui objeto de estudo. No caso de
vínculos externos elou internos superabundantes para o equilíbrio estático, diz-se ser uma
estrutura hiperestática externa elou internamente, estrutura essa que é o objeto primeiro de
estudo deste livro. O número de reações de apoio e esforços solicitantes superabundantes
para esse equilíbrio é denominado grau de indeterminação estática que pode ser externo
eiou interno.
A Figura 1.2 ilustra essa classificação de equilíbrio estático em um modelo de
estrutura denominado pórtico plano. O pórtico da Figura 1.2a é hipostático porque não tem
vínculo que impeça o seu deslocamento horizontal como corpo rígido quando da atuação de
forças com componentes horizontais. O pórtico da Figura 1.2b é isostático porque, dado um
carregamento qualquer, as reações de apoio são suficientes para impedir os seus
Capítulo 1 - Fundamentos

deslocamentos de corpo rígido, quando então as equações de equilíbrio da estática são


também suficientes para o cálculo dessas reações. Além disso, os vínculos internos são
suficientes para impedir mecanismos da estrutura e de suas diversas partes. O pórtico da
Figura 1 . 2 ~é hiperestático externamente, com grau de indeterrninação estática igual a 1,
porque existe uma reação superabundante para impedir os deslocamentos de corpo rígido
do pórtico como um todo, quando, então, as equações de equilíbrio da estática não são
suficientes para o cálculo das reações de apoio. O pórtico da Figura 1.2d é isostático
externamente e hiperestático internamente, com grau de indeterrninação estática igual a 3,
porque, mesmo após o cálculo das reações de apoio (utilizando as equações de equilíbrio da
estática), os três esforços solicitantes da seção S indicada não são possíveis de serem
calculados com equações da estática. É natural que se possa ter também estrutura
hiperestática interna e externamente, quando, então, as equações da estática não são
suficientes para o cálculo das reações de apoio e dos esforços solicitantes em partes
fechadas da estrutura.

(a) Hipostática (b) Isostática (c) Hiperestática


externamente
,-----------

,...........
(d) Hiperestática internamente

Figura 1.2 - Classificação quanto ao equilíbrio estático.

As estruturas podem ter comportamento fisico linear ou não linear e


comportamento geométrico linear ou não linear. Diz-se comportamento físico linear
quando os materiais constituintes das barras da estrutura têm diagrama tensão-deformação
linear (vide item 1.3), além de independente do tempo. Comportamento físico não linear,
em caso contrário. Diz-se comportamento geométrico linear, quandõ as equações de
equilíbrio podem serescritas, com aproximações julgadas aceitáveis, na configuração não
deformada da estrutura (anterior à aplicação das ações externas embora se suponha que
essas ações estejam atuando). Trata-se de análise com pequenos deslocamentos em que a
tangente de ângulo de rotação é tomada igual ao próprio ângulo em radiano. Diz-se
comportamento geométrico não linear, em caso contrário. Em comportamento linear (físico
e geométrico) é válido o princbio da superposição dos efeitos, ilustrado na ~ i ~ u 1.3
r acom
uma viga biapoiada sob duas forças externas concentradas.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 1.3 - Ilustração do princípio da superposição

Neste livro são estudadas as estruturas em barras de comportamentos lineares, físico


e geométrico, sob ações estáticas.
As estruturas em barras podem ser classificadas em:
[viga
plana
treliça
espacial
' plano
pórtico
espacial

I grelha
com cabos, escoras e/ou tirantes
A viga tem barras retas dispostas sequencialmente em um mesmo eixo e supostas
usualmente apenas com momento fletor e força cortante, como ilustrado na Figura 1.4a,
onde p é força externa distribuída por unidade de comprimento. A treliça é formada de
barras retas supostas rotuladas em suas extremidades e com forças externas (concentradas)
aplicadas apenas nas rótulas, como exemplificado na Figura 1.4b. Conseqüentemente, em
barra de treliça tem-se apenas força normal. O pórtico plano tem suas barras (retas ou
curvas) situadas em um mesmo plano (usualmente vertical), sob ações externas que o
solicitam nesse plano, tendo-se apenas força normal, força cortante de vetor representativo
no plano em questão e momento fletor de vetor representativo normal a esse plano, como
ilustrado na Figura 1 . 4 ~ .Em pórtico espacial, sob ações quaisquer, têm-se conjuntos
quaisquer dos seis esforços solicitantes representados na Figura l.lb. A grelha tem suas
barras situadas em um mesmo plano (usualmente horizontal) e ações externas que
provocam apenas momento de torção, momento fletor de vetor representativo no plano em.
questão e força cortante de vetor representativo normal a esse plano, como exemplificado
na Figura 1.4d. Viga-balcão é uma grelha de bana curva.
Um arco pode ser considerado como um pórtico de barra curva, plana ou reversa.
Assim, em arco plano sob carregamento em seu plano, têm-se, apenas, força normal, uma
força cortante e um momento fletor. O tirante e o cabo são elementos unidimensionais que
só trabalham à tração, sendo o primeiro retilíneo e o segundo curvo em função das forças
que lhe são aplicadas. A escora é um elemento unidimensional retilíneo que só trabalha à
compressão. A estrutura em barras com cabo, escora eiou tirante é usualmente mista com
um dos modelos descritos anteriormente. É o caso de torre estaiada, por exemplo.
Capitulo 1 - Fundamentos

v t
N
- - N
(a) Viga (b) Treliça plana

\ .........

......................
~~~~~~~~~~~~~ .................... ~..

P
-..........
X

(c) Pórtico plano (d) Grelha

Figura 1.4 - Exemplos de estruturas em barras. 1


A convenção de sinais dos esforços solicitantes é estabelecida em função da posição
de observação da barra ou em função do referencial xyz adotado na definição desses
esforços. A Figura 1.5a apresenta a convenção em função de observação da barra. No caso,
força normal de tração é positiva e força normal de compressão é negativa. Quanto ao
momento de torção, não se tem convenção única. Aqui, esse momento é considerado
positivo quando o seu vetor representativo tem sentido "de entrar" na seção transversal, e
considerado negativo, quando "de sair" da seção. Quanto ao momento fletor e à força
cortante, tem-se que escolher uma posição de observação de cada barra para se aplicar a
conveução de sinais apresentada na Figura 1.5~1,quando, então, ao se visualizar a barra, se
identificam os seus lados "superior" e "inferior", assim como os seus extremos esquerdo e
direito. No caso, o momento fletor é positivo quando provoca flexão na barra com
concavidade voltada para o seu lado superior, negativo em caso contrário. Diz-se que o
momento fletor positivo provoca tração nas "fibras longitudinais inferiores da barra" e que
o momento fletor negativo, nas "fibras longitudinais superiores". A força cortante é positiva
quando provoca "giro no sentido horário" ou, o que dá no mesmo, quando a força cortante
do lado esquerdo for de baixo para cima, negativa em caso contrário. As aspas foram
utilizadas porque o giro se refere ao momento da força cortante atuante em uma seção
Análise de Estruturas - Volume 1

transversal em relação h seção que lhe é adjacente e não ao efeito da força cortante que é de
provocar deslizamento de uma seção em relação à que lhe é adjacente.
--

C
N+ 4 -
N- C-
\
-Y
T+
«- tt
T - w
X

C "'3 C "- 3 /vz

t "+ 1 1 "- t jZ
/Mz

(a) Por observação da barra (b) Considerando referencial

Figura 1.5 - Convenção de sinais dos esforços solicitantes.

Em viga, por ser constituída de barra(s) disposta(s) horizontalmente em uma única


direção, a posição do observador é natural. Em pórtico plano é usual identificar a posição
do observador através de tracejado ao lado de cada barra, como ilustra a Figura 1 . 4 ~Em.
grelha, escolhida uma representação em perspectiva, tem-se o estabelecimento da posição
de observação de cada uma de suas barras, que, contudo, nem sempre se mostra a mais
adequada para a convenção de força cortante. Assim, optou-se por também no caso de
grelha indicar em tracejado o lado de observaçáo de cada barra, como ilustra a Figura 1.4d.
Na convenção em função do referencial, os esforços solicitantes são positivos se
coincidentes com os sentidos positivos dos eixos desse referencial, como ilustra a Figura
1.5b em que foi representado o efeito da parte não desenhada da barra sobre a sua parte
representada em traço continuo. Essa convenção é necessária em estudo de pórtico espacial,
por se ter em cada barra fiexão em dois planos perpendiculares, e em análise matricial de
estruturas, em que se necessita de uma abordagem geral. Esses assuntos não são tratados
neste volume, contudo essa convenção se faz aqui necessária porque o quinto capítulo trata
da utilização de sistema computacional de análise de estruturas que utiliza formulação
matricial. Em barra reta adota-se um referencial local em que o eixo x coincide com o eixo
geométrico da barra e dirigido de uma de suas extremidades (dita inicial) para a outra sua
extremidade (dita final), com os eixos y e z paralelos aos eixos principais de inércia, das
seções transversais. Esse referencial contrasta com o referencial adotado para a descrição
da estrutura como um todo, dito referencial global. No caso de barra curva, o referencial
para a presente convenção se altera de seção para seção, com o eixo x tangente ã
representação unidimensional da barra no ponto representativo da seção transversal em
questão e os eixos x e y coincidentes com os eixos principais de inércia dessa seção. Para
fazer a convenção em função de referencial recair na convenção baseada em observaçãr
Capítulo 1 - Fundamentos

horizontal da barra, considera-se o eixo y dirigido para a região tida com inferior à barra em
análise e o efeito da parte esquerda dessa barra sobre a sua parte direita. Assim, os esforços
N e V são positivos quando de vetores representativos em sentidos contrários aos do
referencial, e os esforços M e T são positivos quando de vetores representativos de sentidos
coincidentes com os do referencial. Considerando o efeito da parte direita da barra sobre a
correspondente parte esquerda, tem-se o contrário.
A Figura 1.6 ilustra o cálculo das reações de apoio e as equações dos esforços
solicitantes no caso de uma viga biapoiada com balanço. A representação gráfica dessas
equações ao longo de linhas de referências correspondentes aos eixos geométricos das
barras se diz diagramas de esforços solicitantes. Por convenção, no Brasil, o diagrama de
momento fletor é traçado do lado das fibras longitudinais tracionadas e o diagrama de força
cortante positivo do lado superior de cada barra. Esses diagramas são ilustrados na referida
figura com as identificações DM e DV, respectivamente. Como a força cortante é igual à
derivada do momento fletor (considerando o eixo x dirigido da esquerda para a direita), o
momento fletor máximo ocorre na seção de força cortante nula.

Figura 1.6 - Diagramas de esforços solicitantes


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Análise de Estruturas - Volume 1

O diagrama de momento fletor costuma também ser traçado a partir da linha de


fechamento e que une os valores desse esforço nos pontos de transição de suas equações,
representada em tracejado na Figura 1.6. Em cada trecho de comprimento 6 de barra sob
força externa uniformemente distribuída p, o ponto da parábola quadrática desse diagrama
na seção média desse trecho é obtido marcando-se p?18 a partir da linha de fechamento.
Com o conhecimento desse ponto esboça-se a parábola. Devido à simplicidade desse
procedimento e à Sua adaptabilidade ao método da força unitária que será desenvolvido no
item 1.6 e largamente utilizado neste livro, esse procedimento será adotado nos exemplos
aqui apresentados.
Força normal e momento de torção não têm convenção única de traçado. Neste
livro, esses esforços, quando positivos, são traçados do lado "superior" da barra e, quando
negativos, do lado "inferior".
Para a análise de estruturas em barras, têm-se dois métodos principais: o método das
forças e o método dos deslocamentos. No método das forças, as incógnitas primárias são
reações de apoio elou esforços seccionais superabundantes para o equilibrio estático. Esse
método é desenvolvido no segundo capítulo. No método dos deslocamentos, da rigidez ou
das deformações, as incógnitas primárias são deslocamentos e rotações em pontos
adequadamente escolhidos na estrutura. Esse método é apresentado no terceiro capítulo em
formulação clássica e, no segundo volume, em formulação matricial. Ambos os métodos
são desenvclvidos a partir de teoremas de trabalho que, para comportamento linear e
estruturas em barras, são apresentados nos itens 1.4 e 1.5 deste capítulo.

1.3 - Trnballio das forças externas


e energia de deformação
Considere-se uma barra de seção transversal constante sob força axial como ilustrado
na Figura 1.7a em que ! e 6 são, respectivamente, o comprimento inicial e o
alongamento da barra devido à força P suposta aplicada a partir de zero até o seu valor
final, sem despertar forças de inércia e de amortecimento. Com material elástico linear,
desconsiderando o efeito do tempo, obtém-se o diagrama força-alongamento representado
na Figura 1.7b, onde P' e 6 ' são valores intermediários. Supõe-se que, em compressão, o
diagrama força-encurtamento tenha a mesma inclinação que em tração.
Devido à força normal P, ocorre o afastamento de duas seções transversais
adjacentes e a tensão normal o = P / A representada na Figura 1.7c, sendo A a área da seção
transversal.
O trabalho mecânico da força P se escreve:

resultado este que é igual à área sob o segmento linear força-alongamento representado na
Figura 1.7b.
O termo elástico qualifica o material da barra como tendo a propriedade de retornar
à sua configuração inicial com a retirada da força, recuperando-se o trabalho realizado. Isso
1o
Capítulo 1 - Fundamentos

é uma forma particular do princípio da conservação de energia, por expressar que o


trabalho da força externa P fica armazenado como trabalho das forças internas da barra no
que se denomina trabalho de deformaçüo ou energia de deformaçüo. As forças internas são
componentes de tensão multiplicadas por elementos infinitesimais de área, cujas resultantes
em cada seção transversal de barra são os descritos esforços solicitantes, que, no caso da
barra da Figura 1.7, se reduzem força normal.

P'

(a) Tração axial (b) Diagrama força-alongamento

o=-P
A

o'

E'
. . E=-
6
....:......:..
C
de'
(c) Tensão normal (d) Diagrama tensão-deformação

Figura 1.7 - Tração em barra de material elástico linear.

Logo, a energia de deformação da referida barra se escreve:

onde V é o volume da barra e E = ~ / I !é a deformação específica (longitudinal). A equação


anterior fornece
Análise de Estruturas - Volume 1

onde

é denominado energia de deformação por unidade de volume ou, simplesmente, densidade


de energia de deformação.
No diagrama força-alongamento da Figura 1.7b, dividindo as ordenadas por A e as
abscissas por e, obtém-se o diagrama tensão-deformação representado na Figura 1.7d.
Dessa figura, tem-se:

onde E é o módulo de elasticidade (longitudinal) ou módulo de Young, em homenagem a


Thomas Young. A equação anterior expressa uma das formas da lei de Robert Hooke, que
também se escreve, para estado uniaxial de tensão, sob a forma:

Identifica-se que a área sob o diagrama tensão- deformação da Figura 1.7d é igual à
densidade de energia, que se escreve:

Semelhantemente à tração axial descrita anteriormente, considere-se uma barra de


seção transversal circular constante em que se aplica o momento de torção T, como
iiusirado na Figura 1.8a. Com material elástico linear e aplicação gradual desse momento,
obtém-se o diagrama momento de torção-ângulo de torção representado na Figura 1.8b e a
realização do trabalho mecânico:

onde 8 é o ângulo de torção entre as extremidades da barra. Devido à rotação de cada


seção transversal em relação à que lhe é adjacente, ocorre tensão cisalhante z indicada na
Figura 1.8b, com distribuição linear na direção do centróide da seção conforme mostrado
na Figura 1 . 8 ~ .
Multiplicando as ordenadas da Figura 1.8b por r/J, sendo J o momento de inércia
polar da seção transversal, e r o raio dessa seção, e multiplicando as abscissas dessa figura
por r/!, obtém-se o diagrama representado na Figura 1.8d, onde:

é a máxima tensão cisalhante e


Rr

é a máxima deformação específica de cisalhamento ou distorção. Dessa figura obtém-se:


z=tg a'y=Gy (1.12)
Capítulo 1 - Fundamentos

onde G é o módulo de elasticidade transversal do material. A equação anterior é outra


forma da lei de Hooke. Na equação 1.10, considerando r menor do que o raio da seção
transversal obtêm-se os valores intermediários da tensão cisalhante.

(b) Diagrama momento de


torção-ângulo de torção

(c) Distribuição de tensão (d) Diagrama tensão cisalhante-

Figura 1.8 -Torção de barra de seção circular.

A área sob o diagrama momento de torção-ângulo de torção representado na Figura


1.8b é o trabalho realizado pela aplicação desse momento. Analogamente, a área sob o
diagrama tensão cisalhante-distorção representado na Figura 1.8d é a densidade de energia
de deformação, que se escreve:

No caso de seção transversal não circular, J é função da forma da seção e se


denomina constante de torção ou momento de inércia à toi.ção. A Tabela 1.1 do item 1.4
apresenta expressões de J para as seções mais usuais.
Considera-se apenas material cujas propriedades independam de direção, o que se
diz material isótropo ou isotrópico. No caso, E e G definem de forma completa as
propriedades elásticas do material, e tem-se apenas um coeficiente de dilatação térmica.
13
Análise de Estruturas - Volume 1

Em aplicação simultânea de várias forças concentradas em uma estrutura de


comportamento linear, pelo princípio da superposição dos efeitos e tendo-se em conta a
equação 1.2, o trabalho dessas forças se escreve:

onde 6, é o deslocamento do ponto de aplicação e na direção da i-ésima força, e onde o


símbolo indica o somatório dos produtos de 1 até o número total de forças. Essa
equação expressa o teorema de E. P. E. Clapeyron. O termo força tem significado
generalizado, incluindo momento aplicado, quando então, o correspondente deslocamento é
uma rotação. No caso de força externa distribuída, o trabalho dessa força é a integral do
produto da força pelo deslocamento em cada ponto ao longo do comprimento de
distribuição da força.
Em estado múltiplo de tensões, pelo princípio da superposição dos efeitos e tendo-se
em conta as equações 1.5 e 1.13, a densidade de energia de deformação tem a forma:

que em notação compacta se escreve:

A notação o representa genericamente as componentes de tensão normal e de tensão


cisalhante, e a notação E , as componentes de deformação normal e de deformação de
cisalhamento.
A derivada dessa densidade de energia em relação a uma determinada componente
de deformação fornece a correspondente componente de tensão. A derivada da energia de
deformação em relação a uma força externa concentrada fornece o deslocamento do ponto
de aplicação dessa força e em sua própria direção, constituindo o segundo teorema de
Carlo Alberto Pio Castigliano. Alternativamente, a derivada dessa energia em relação a
esse deslocamento fornece a força correspondente, constituindo o primeiro teorema de
Castigliano. Esses teoremas serão demonstrados no segundo volume, quando da
apresentação dos teoremas de energia de forma mais geral.

Exemplo 1.1 - Faz-se a verificação do segundo teorema de Castigliano no cálculo do


deslocamento do ponto e na direção da força P aplicada à treliça representada na Figura
El.la.
Por equilíbrio da articulação A, obtém-se a força normal de tração em cada uma das
barras da trelica:

A partir das equações 1.3 e 1.7, tem-se a energia de deformação de cada barra:
Capítulo 1 - Fundamentos

Logo, a energia de deformação da treliça se escreve:

que fornece:
dU P!
-
dP EA

'\

P
(a) Configuração inicial (b) Configuração deformada

Figura El.l.

Para comprovar que o resultado anterior é o deslocamento do ponto e direção da


força P, determina-se a seguir esse deslocamento por projeção do alongamento de cada
barra na direção vertical. Assim, com as notações da Figura E l . l b e a lei de Hooke
expressa pela equação 1.7, tem-se:

Logo, considerando pequenos deslocamentos, o deslocamento vertical procurado se


escreve:

verificando o segundo teorema de Castigliano


Sugere-se ao leitor escrever a energia de deformação da treliça anterior em termos da
força aplicada e comprovar que a derivada dessa energia em relação a essa força fornece O
referido deslocamento vertical, comprovando o primeiro teorema de Castigliano.

1.4- Teorema dos deslocamentos virtuais


O teorema dos deslocamentos virtuais é uma expressão matemática para a análise de
estruturas de forma geral, também conhecido como princípio dos deslocamentos virtuais
embora diversas demonstrações sejam encontradas na literatura. No que se segue, ele é
Analise de Estruturas - Volume 1

demonstrado para o caso particular de estruturas em barras de comportamento linear, a


partir do princípio da conservação de energia, por se considerar que este encaminhamento
seja mais esclarecedor.
Formas rudimentares de conservação de energia foram identificadas na antiguidade
entre os heiênicos e foi Jordanus de Nemora na Alemanha, no século XIII, quem iniciou a
utilização do princípio dos deslocamentos virtuais. Posteriormente, esse princípio foi
reconhecido por Lêonardo da Vinci (1452-1519) e 'por Galileo Galilei (1564-1642), e
generalizado para quase todos os sistemas mecânicos por Jean Bernoulli 1 (1667-1748).
Para demonstração, considere-se uma estrutura de comportamento linear sob a ação
de forças externas, como a viga representada na Figura 1.9a, por exemplo, em que as forças
extemas Pi provocam em teoria de viga apenas as componentes de tensão o, e T,, . A
componente o, é desconsiderada por ser muito menor do que a componente o, . Na figura
1.9b têm-se representações unidimensionais dessa viga: em tracejado a configuração
anterior à aplicação das forças extemas, e em traço-continuo, a configuração deformada de
equilíbrio com essas forças. A partir dessa última configuração, supõem-se incrementos
infinitesimais de forças dPi que conduzem à nova deformada de equilíbrio representada em
traço-ponto, com incrementos infinitesimais de deslocamentos (transversais) dFi
associados a incrementos infinitesimais de deformação de,e dy,,, e a incrementos
infinitesimais de tensão do, e dz,, . Genericamente, esses incrementos de deformação e de
tensão são aqui representados, respectivamente, por de e por d o .

(a)Representação bidimensional

idPi 1dPz 1dpi


Pi Pz ... Pi

d6,
Ir -
-.-- -. --_ ,- - - - - - - ..- - - - - - - - - - -
v-.- .-.-,
dFi
d62
(b)Representações unidimensionais

Figura 1.9 -Viga sob forças concentradas.

16
Capítulo 1 - Fundamentos

No caso do estado uniaxial de tensão, a Figura 1.10 ilustra que o incremento d~ de


deformação está associado ao incremento ( o d ~ + d o d e l 2 ) de densidade de energia de
deformação. No estado múltiplo de tensões, tem-se o incremento de energia de deformação:

onde a integração é no volume de todas as barras da estrutura.

Figura 1.10 -Diagrama tensão-deformação.

De forma semelhante ao incremento anterior de energia, o trabalho dos incrementos


infinitesimais dPi das forças externas se escreve:

Pelo princípio da conservação da energia, esse trabalho é igual ao correspondente


incremento de energia de deformação. Logo, em teoria de primeira ordem, quando os
produtos de infinitésimos são desprezados frente a infinitésimos, escreve-se a partir das
duas últimas equações que:

Pode-se multiplicar a equação anterior por um escalar tão grande quanto se queira e
-
considerar o produto deste escalar por d6, e o produto deste escalar por d~ como grandezas
finitas em vez de infinitesimais, desde que pequenas para que se restrinja a comportamento
linear. Além disso, como na equação anterior, não ocorrem os incrementos das forças que
provocaram, no início do desenvolvimento, os incrementos de deslocamentos, podem-se
considerar esses incrementos como deslocamentos quaisquer, fictícios, ditos virtuais,
definindo deformações virtuais. Nesse contexto, a equação anterior expressa o teorema ou
principio dos deslocamentos virtuais que se enuncia: supondo em uma estrutura em
equilibrio estcítico um campo de deslocamentos virtuais, o trabalho virtual das forças
Análise de Estruturas - Volume 1

externas é igual ao trabalho virtual das forças iiztemas. Nas aplicações desse teorema, por
vezes interessa trabalhar com deslocamentos virtuais infinitesimais e, outras vezes, com
deslocamentos virtuais pequenos. Esse teorema pode ser generalizado aos casos de estruturas
contínuas, comportamentos não lineares físico e geométrico, e dinâmico.
Como em comportamento linear geométrico, as equações de equilíbrio são escritas
na configuraçáo antyior à aplicação das ações externas, os deslocamentos virtuais podem
ser tomados a partir dessa configuraçáo. Essas ações incluem forças externas, variação de
!
temperatura, deformação prévia de montagem da estrutura e deslocamentos dos apoios, que
são ditos deslocamentos prescritos ou recalques de apoios. Quando da ocorrência de
deslocamentos prescritos e as correspondentes reações de apoio não são incluídas na
equação do teorema dos deslocamentos virtuais, esses deslocamentos devem ser medidos a
partir da configuração que atende aos deslocamentos prescritos, como ilustrado em traço-
1 ponto na Figura 1.1 la, onde 6,. é deslocamento prescrito e R,. a correspondente reação de
apoio desconhecida. Diz-se, então, que os deslocamentos virtuais atendem às condições de
apoio ou condições geométricas de contorno.

I Deslocamento virtual
Configuração original
1
-.-.
I prescrito
(a) Não incluindo as reaç0es de apoio no
teorema dos deslocamentos virtuais

I Deslocamento virtual

c * - /
------- ---------- --
Configuração original

@) Incluindo as reações de apoio no


teorema dos deslocamentos virtuais

Figura 1.11-Deslocamento virtual.

Supondo conhecidas as reações de apoio, essas podem ser consideradas como forças
externas e incluídas na equação do teorema dos deslocamentos virtuais, desde que os
deslocamentos virtuais sejam medidos a partir da configuração anterior à imposição de
eventuais deslocamentos prescritos, como ilustrado em tracejado na Figura 1 . l l b . Assim,
Capítulo 1 - Fundamentos

considerando as reações de apoio como forças externas e adotando a barra sobre a notação
para indicar grandeza virtual, escreve-se a partir da equação anterior:

Nessa equação, i' varia de 1 até o número total de reações de apoio onde se têm
deslocamentos prescritos.
No caso de momento externo aplicado, o deslocamento virtual na correspondente
direção é uma rotação. No caso de força distribuída aplicada, o correspondente trabalho
virtual é o produto desta força pelo deslocamento virtual em cada ponto de aplicação de
força, integrado no comprimento de sua distribuição, como ilustrado no exemplo 1.4.
Considerando um campo de deslocamentos virtuais de maneira a reter na equação
do teorema dos deslocamentos virtuais apenas uma reação de apoio, a equação resultante
pode ser utilizada para o cálculo dessa reação. Esse procedimento é simples no caso de
estruturas isostáticas, quando então o campo de deslocamentos virtuais é de corpo rígido,
não se tendo trabalho virtual interno. O próximo exemplo esclarece essa situação.

Exemplo 1.2 - Seja o cálculo da reação no apoio A da viga representada na parte esquerda
da Figura E1.2.

Figura E1.2

Considera-se o campo de deslocamentos virtuais representado na parte direita da


Figura E1.2, escolhido de maneira a se ter deslocamento nulo no outro apoio. Logo, o
teorema dos deslocamentos virtuais fornece:
R6, +P6, =O (a)
Da geometria da configuração virtual, tem-se:

Substituindo a equação b em a, obtém-se:

Sugere-se ao leitor utilizar o teorema dos deslocamentos virtuais no cálculo da outra


reação de apoio da viga da Figura E1.2.
19
Análise de Estruturas - Volume 1

Assim, o teorema dos deslocamentos virtuais substitui as equações de equilíbrio da


estática. Uma desvantagem é ter que relacionar o deslocamento virtual no ponto e na
direção da reação de apoio que se deseja calcular com os deslocamentos segundo as demais
forças aplicadas. Além disso, quando a estrutura é hiperestática, a configuração virtual é
uma configuração deformada da estrutura, com trabalho virtual interno diferente de zero,
dificultando a aplicação do procedimento de cálculo. Contudo, como apresentado no
quarto capítulo, uma simples interpretação da equação do teorema dos deslocamentos
virtuais, incluindo apenas uma reação de apoio, conduz a procedimento prático de
determinação de linha de influência desta reação.
Como apresentado na introdução deste capítulo, os esforços solicitantes, em uma
seção transversal de barra, são os esforços que a parte da barra à esquerda desta seção
exerce sobre a parte à direita e vice-versa. Na seção, pode-se supor a retirada do vínculo
que transmite qualquer desses esforços, desde que o respectivo esforço seja aplicado como
par de forças externas de maneira a impedir o deslocamento relativo entre as seções
adjacentes onde se retira o vínculo, deslocamento este na direção do esforço em questão. A
Figura 1.12 ilustra o caso de momento fletor, no qual na seção S, se supõe a introdução de
uma rótula (articulação que libera a rotação entre duas seções adjacentes, não transmitindo
o momento fletor) e ao mesmo tempo se supõe a aplicação de um par de momentos M para
restituir o comportamento da barra original. Nas partes (a) e (b) da figura anterior têm-se
duas representações unidimensionais com o mesmo significado de aplicação de momentos
nas seções adjacentes à rótula.

Figura 1.12 -Introdução de rótula e par de momentos.

Com esse artifício, qualquer esforço seccional pode ser liberado e substituído por
um par de forças externas aplicadas à estrutura nas seções adjacentes à liberação, forças
essas que realizam trabalho virtual externo. Como forças externas desconhecidas, à
semelhança de reações de apoio, o teorema dos deslocamentos virtuais pode ser utilizado
para determiná-las.
Capítulo 1 - Fundamentos

Exemplo 1.3 - Determina-se o momento fletor e a força cortante na seção A indicada na


viga da Figura E1.3a.

Figura E1.3a.
Para determinar o momento fletor na seção A, considera-se uma rótula nessa seção
simultaneamente com a aplicação de um par de momentos no sentido positivo desse esforço de
maneira a anular a rotação relativa das seções adjacentes à rótula, como ilustrado na parte esquerda
da Figura E1.3b. Na parte direita da mesma figura, está representado um campo de deslocamentos
virtuais com rotações da referida seção no sentido positivo dos momentos aplicados.
Logo, o teorema dos deslocamentos virtuais fornece:
MB+P6, =O
Da configuração virtual, tem-se:

Figura E1.3b.
Substituindo a equação b em a, obtém-se:

que é o momento fletor procurado


Pára determinar a força cortante na seção A, adota-se o modelo representado na
parte esquerda da figura E 1 . 3 ~onde a restrição oferecida por esse esforço é substituída por
um par de forças externas V no sentido positivo da força cortante. Na'parte direita dessa
mesma figura está representado um campo de deslocamentos virtuais com deslocamentos
transversais das seções adjacentes à liberação de vínculo no sentido positivo das forças
aplicadas. Como se trata de deslocamento relativo apenas de força cortante, não deve haver
rotação relativa entre as seções adjacentes à liberação, implicando que os dois trechos
hipostáticos da viga sejam paralelos. Logo, o teorema dos deslocamentos virtuais fornece:
Análise de Estruturas - Volume 1

Da configuração virtual representada na Figura E1.3c, tem-se:

Figura E1.3~.

Substituindo a equação e em d, obtém-se:

que é a força cortante procurada.

Sugere-se ao leitor determinar, com o teorema dos deslocamentos virtuais, o


momento fletor e a força cortante a um terço do vão da viga da Figura E1.3a.
Assim como na determinação de reações de apoio, o procedimento anterior não é
prático de ser levado a efeito no caso de estrutura hiperestática, sendo, contudo, muito prático
em sua adaptação à determinação de linhas de influência, como mostrado no quarto capítulo.
No caso de barra rígida, o segundo membro da equação 1.19 é nulo, recaindo-se no
princípio dos deslocamentos virtuais de corpo rígido, quando, então, esse princípio expressa
as equações de equilíbrio da estática. Reduzindo esse corpo a uma partícula, recai-se no
princípio dos deslocamentos virtuais de partícula, que expressa que o somatório das forças
atuantes em uma partícula em equilíbrio é nulo.
O teorema dos deslocamentos virtuais é condição necessária e suficiente de
equilíbrio, como verificado no próximo exemplo. A partir desse teorema podem ser obtidos
outros importantes teoremas de energia da análise de estruturas, como apresentado no
segundo volume.

Exemplo 1.4 - Seja a aplicação do teorema dos deslocamentos virtuais à viga em balanço
de seção transversal constante, representada na Figura E1.4, com o objetivo de se obter a
correspondente equação diferencial de equilíbrio e as condições de contorno.
Trabalhando com grandezas virtuais infinitesimais e desconsiderando efeito de força
cortante, a equação 1.18 do teorema dos deslocamentos virtuais, tendo-se em conta a lei de
Hooke, toma a forma:
Capítulo 1 - Fundamentos

Considerando a hipótese das seções planas, sabe-se que E, =-y6,,, , onde a vírgula
como índice indica derivação em relação à variável que lhe segue e onde 6 é deslocamento
transversal indicado na Figura E1.4. Logo, a equação anterior fornece:

onde I é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo z.

Figura E1.4.

Utilizando a integração por partes:

jxfg,,dx=-Jxf,,g dx+f g

onde f e g são funções de x, as derivações do deslocamento virtual que ocorrem na equação


b podem ser transferidas para a variável que lhe precede, como desenvolvido a seguir:

Como no presente caso os deslocamentos virtuais devem atender às condições de


apoio, têm-se d6,x=0
=O e d6,x,x=0.
Logo, a equação anterior se simplifica para a forma:

le(EI 6
O %, , , , -p)d6 dx-EIS ,xxx d6~'~'+~16,,d6,~='=O (e)

Sendo os deslocamentos virtuais quaisquer, a equação anterior se cumpre apenas


tendo-se:
EI6,,,,,-p=O com O < X < !
E1 6,,,, =O em x=t
E1 6,,, =O em x=t

A primeira dessas equações é a equação diferencial de equilíbrio da teoria clássica de viga.


A segunda expressa que a força cortante é nula na extremidade livre da viga considerada e a
terceira, que o momento fletor é nulo nessa extremidade. Essas duas últimas equações são
Análise de Estruturas - Volume 1

as condições mecânicas de contorno da viga em questão, em contraste com as condições


geométricas de contorno ou condições de apoio dessa viga que expressam rotação e
deslocamento transversal nulos no engaste. Percorrendo o caminho inverso, a partir da
equação diferencial de equilíbrio e das condições mecânicas de contorno anteriores, pode
ser obtido o teorema dos deslocamentos virtuais na forma da equação (a) anterior,
evidenciando que esse teorema é condição suficiente e necessária de equilíbrio.
.
Sugere-se ao leitor identificar em viga simplesmente apoiada sob carregamento
uniforme as condições geométricas de contorno e as condições mecânicas de contorno.
Na equação do teorema dos deslocamentos virtuais, podem ser utilizadas resultantes
de tensão sob a forma dos esforços solicitantes, em vez de componentes de tensão, quando,
então, as correspondentes deformações são os deslocamentos relativos de seções
transversais adjacentes divididos pela distância infinitesimal entre essas seções. A Figura
1.13 ilustra esses deslocamentos relativos com as notações d8, d @ , d h e d 8 associadas,
- - -
respectivamente, aos esforços N , M , V e T considerados como grandezas virtuais. Logo,
a equação 1.19 toma a forma:

onde M se refere aos momentos fletores M, e M, ; V se refere às forças cortantes V, e V,, e


a integral é ao longo do comprimento de todas as barras da estrutura.

. .
,d@!
-
..... .... ....~~.
~ ~

+
; i

dx d: dx
(a) Força normal (b) Momento fletor

dx
(c) Força cortante (d) Momento de torção

Figura 1.13 -Deslocamentos relativos de seções adjacentes

24
Capítulo 1 -Fundamentos

No caso da força normal representada na Figura 1.13a, a lei de Hooke expressa pela
equação 1.7 fornece o deslocamento relativo:

No caso do momento fletor, a correspondente distribuição da tensão o, é linear ao


longo da altura da seção, como ilustrado na Figura 1.13b. Logo, pode-se escrever
dG=(bdy)õxy , onde b é a largura da seção na altura da coordenada y e (bdy ) é elemento
infinitesimal de área. Assim, tem-se a resultante:

Daquela mesma figura e da lei de Hooke sob a forma da equação 1.6, tem-se
-
- - --õ x d x , que fornece -
d < p =E ndx o, =
dQEy
Y EY dx
Substituindo essa última equação na equação 1.22, obtém-se:

onde I é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo z. Logo, essa


equação fornece o deslocamento relativo:
-
Mdx
d7g=-
E1
Supondo constante a tensão cisalhante de força cortante em seção transversal de
área fictícia

escreve-se:

T=-
v (1.25)
Av
Av é denominado área efetiva de cisalhamento e f é um escalar denominado fator de
cisalhamento. Esse fator é função da forma geométrica da seção transversal real e
determinado com a condição da tensão cisalhante constante na seção de área fictícia
realizar o mesmo trabalho que a tensão cisalhante tida como exata na seção real. Da Figura
"
1 . 1 3 e~ da lei de Hooke expressa pela equação 1.12, obtém-se:

Logo, a partir dessa equação e da equação 1.25, escreve-se o deslocamento relativo:


-
- Vdx
dh=-
G*"
Análise de Estruturas - Volume 1

No caso do momento de torção, a partir das equações 1.10, 1.11 e 1.12, obtém-se o
deslocamento relativo:
-
- Tdx
d e =-
GJ

.
A Tabela 1.1 apresenta as propriedades de seçáo A, I,, I,, f, , f, e J para as seções
mais usuais.

Tabela 1.1 - Propriedades de seçáo transversal de barra.


26
Capítulo 1 -Fundamentos

Substituindo as equações 1.21, 1.23, 1.26 e 1.27 na equação 1.20 e considerando os


momentos fletores e forças cortantes de vetores representativos nas direções dos eixos y e
z, obtém-se o teorema dos deslocamentos virtuais sob a forma:

NN+M,M, , M ~ V V vV,
C P ,+~C, R,.G, = j + MEIz + Y + i + - (1.28)
EA EI, GAv, GAv, GJ

onde A,, = A / f , e Av,=A/f,, identificando-se que f, e f, são os fatores de


cisalhamento associados, respectivamente, às forças cortantes V, e V,. Recorda-se que o
termo força tem significado generalizado, incluindo momento aplicado, quando então o
correspondente deslocamento é uma rotação.

1.5 - Teorema das forças virtuais


Em estrutura de material elástico linear, o teorema das forças virtuais é apenas uma
forma alternativa de se escrever o teorema dos deslocamentos virtuais. O objetivo é agilizar
a aplicação desse teorema em casos específicos, como mostrado no próximo item. No
segundo volume, demonstra-se que, com material não linear, esses teoremas têm marcantes
diferenças entre si.
Considere-se uma estrutura de comportamento linear sob a ação de forças extemas e
deslocamentos prescritos, como a viga continua representada na Figura 1.14a, por exemplo.
Independentemente dessas ações e das condições de apoio dessa viga, considerem-se
sistemas de forças extemas em equilíbrio, como ilustrado pelas vigas auto-equilibradas da
Figura 1.14b.

pb +
!+ -
Pa
e 1 1 1 e
P

pe Ct
P,
e i'
i

M/a
a

(a) Deformada devido a ações reais @) Sistemas de forças em equilibrio

Figura 1.14 -Viga.

27
Análise de Estruturas - Volume I

Os deslocamentos que definem a deformada da viga original podem ser


considerados como deslocamentos virtuais nessas vigas auto-equilibradas. Por outro lado,
como aqueles sistemas de forças em equilíbrio são quaisquer, podem ser chamados de
virtuais, e esses deslocamentos de reais, escrevendo-se a partir da equação 1.20 que:

onde a barra sobre a notação indica grandeza virtual. Nessa equação, 6,. representa
deslocamentos prescritos, onde são arbitradas forças virtuais R,., e 6 , representa
deslocamentos reais onde são supostas forças virtuais e,
em equilíbrio com Ri,.
Tendo em vista as equações 1.21, 1.23, 1.26 e 1.27, agora sem a notação de virtual,
a equação anterior fornece:

NN MM vv TT
i'
[ -+-
Cp;8,+ ~ R , , F , . =--
EA E1 GA, GJ
Essa equação expressa o teorema ou princípio das forças virtuais que se enuncia:
coizsiderando em uma estrutura um sistema de forças equilibradas qciaisquer, denonzinadas
virtuais, o trabalho virtual das forças externas é igual ao trabalho virtual das forças
internas. Em se considerando momento como força virtual, o correspondente trabalho é o
produto deste momento pela rotação real no ponto correspondente da estrutura em questão.
Devido à similitude entre o teorema dos deslocameiitos virtuais e o teorema das
forças virtuais anteriores, ambos podem ser referidos como teorema dos trabalhos virtuais.

1.6 - Método da força unitária


1.6.1 -Efeito de forças externas
O método da força unitária ou da carga unitária é essencial para o desenvolvimento
do método das forças apresentado no próximo capítulo. Objetiva determinar o
deslocamento (no sentido generalizado), em determinada direção, de um ponto qualquer de
uma estrutura sob ações quaisquer, como, por exemplo, o deslocamento F do pórtico
plano representado na Figura 1.15a. Para isso, considera-se como novo caso de
carregamento, na mesma estrutura, uma força virtual unitária no ponto e direção do
deslocamento desejado, como ilustrado na Figura 1.15b. Logo, a partir do teorema das
forças virtuais expresso pela equação 1.30, escreve-se:
N,N +A+L+L
M M VV TT
E1 GA, GJ
Nessa equação, Nu, M,, V, e Tu representam os esforços solicitantes na estrutura com a
força unitária; N, M, V e
T representam os esforços solicitantes na estrutura com o
carregamento original, e a integral é ao longo do comprimento de todas as barras da
estrutura.
Capítulo 1 - Fundamentos

Dividindo ambos os membros da equação anterior pela unidade de força (no sentido
generalizado), o que equivale a considerar um modelo com uma "força virtual unitária
adimensional", obtém-se o deslocamento desejado:

EA
+--M M
E1
VV
+--+-i__
GA,
TT
GJ jdx
Para a determinação de uma rotação, em lugar de um deslocamento linear, aplica-se
um "momento virtual unitário adimensional" no ponto e direção da rotação desejada.

P 0
(a) Estrutura original de esforços
i-
t
4
t

f R",
(b) Modelo com a força unitária e
N,MeV esforços Nu, M, e V,

1p i k
P

P mm
-A-.' i 8,
(c) Estrutura original hiperestática (d) Estrutura original com deslocamento
prescrito e esforços N, M e V

Figura 1.15 -Pórtico plano.

A equação anterior expressa o nzétodo da força unitária ou método de Mauwell-


Mohr, em homenagem a Otto Mohr e a James Clerk Maxwell que o desenvolveram em
trabalhos independentes, respectivamente, em 1875 e 1864.
Como as forças virtuais são independentes das condições de apoio da estrutura,
desde que equilibradas, a estrutura em que se deseja calcular deslocamento pode ser
hiperestática, e o modelo com a força unitária pode ser isostático, obtido pela retirada dos
Análise de Estruturas - Volume 1

vínculos superabundantes da estrutura hiperestática. Assim, o modelo com a força unitária


da Figura 1.15b pode ser utilizado para o cálculo do deslocamento 6 do pórtico
hiperestático da Figura 1.15~.Com essa concepção, o método é denominado teorema de
Pasternak.

Exemplo 1.5 - Seja o cálculo do deslocamento transversal 6 e da rotação 0 da extremidade


livre da viga em balanço representada na Figura E1.5a. Avalia-se a influência da força
cortante frente à influência do momento fletor no cálculo do referido deslocamento,
considerando que a viga tenha vão de 6m, seção transversal retangular de base igual a 20cm
e altura igual a 60cm, e material G=E/2,4. Idem, modificando a altura da seção para 40cm.

Figura E1.5a.

Para determinar do deslocamento 6 , considera-se a viga com o carregamento


original e com o carregamento representado na parte esquerda da Figura E1.5b. Com esses
casos de carregamento, têm-se os esforços solicitantes:

M=-- p x 2 , v = - p x , M, =-x , V,, =-I


2

Figura E1.5b.

Logo, a equação 1.32 do método da força unitária fornece:

Para o cálculo da rotação 8, considera-se a viga sob o momento unitário como


representado na parte direita da Figura E1.5b. Têm-se, então, os esforços solicitantes M,=-l
e V,=O. Logo, o método da força unitária fornece:
Capítulo 1 - Fundamentos

No resultado do deslocamento transversal expresso pela equação a, apenas 0,96% se


deve influência da força cortante. Reduzindo a altura da seção transversal para 40cm, esse
percentual se reduz para 0,427%. Esses resultados evidenciam que a influência do momento
fletor nos deslocamentos é muito maior do que a influência da força cortante e que a
primeira aumenta com a diminuição da altura da seção. Por ser pequena a influência da
força cortante, em análise de estruturas por procedimentos manuais é usual desconsiderá-Ia.
Sugere-se ao leitor refazer este exemplo considerando uma força concentrada
aplicada na extremidade livre da viga.
Exemplo 1.6 - Determina-se o deslocamento horizontal do ponto A da barra de pequena
curvatura representada na parte esquerda da Figura E1.6 em que ~ = 2 , 0 5 ~ 1 0 ~ ke ~ / m ~
1=1,256.10-~m~, considerando apenas o efeito do momento fletor.
A equação de momento fletor da barra com o carregamento original se escreve:
M=Prsenf3=10.2sene=20senB (a)

Figura E1.6.
A equação de momento fletor da barra com a força unitária, como representado na
parte direita da Figura E1.6, se escreve:
M, = r senf3=2 sen8 (b)
Em barra de pequena curvatura pode-se adotar a distribuição de tensões de flexão de
barra reta. Logo, a equação 1.32 se estende ao caso de barra curva com a integração ao
longo do eixo geométrico curvo. Assim, designando o comprimento infinitesimal de arco
como ds, tem-se:

Sugere-se ao leitor calcular a rotação no ponto A da barra curva da Figura E1.6


Exemplo 1.7 -Seja determinar, com o método da força unitária, o deslocamento do ponto e
na direção da força P da treliça do exemplo 1.1.
Análise de Estruturas - Volume 1
A equação 1.32 fornece:

que é o mesmo deslocamento encontrado no exemplo 1.1


Quando se trabalha com barra de seção transversal constante e de propriedades
elásticas constantes: pode-se evitar o desenvolvimento analítico da integral que ocorre na
equação 1.32 do método da força unitária, adotando-se o procedimento de A. N.
Vereshchagin desenvolvido a seguir. Para isso, considere-se a integral:

em que M,, é uma função linear em x (resultado da aplicação da força unitária) e M é uma
função qualquer dessa coordenada (resultado da aplicação das forças externas), como
ilustrado na Figura 1.16.A função linear se escreve:
M, =a+bx (1.34)
onde a e b são escalares. Substituindo essa equação na que lhe antecede, obtém-se:

M1--l
Área AM

centróide

Mm
E

;
e
Figura 1.16 - Figuras planas

A primeira integral da equação anterior é a área AMsob a representação gráfica da


função M, e a segunda integral é o momento estático dessa área em relação ao eixo vertical,
momento este que é igual ao produto dessa área pela coordenada x, do correspondente
centróide. Logo, a equação anterior se escreve:

Por outro lado, pela equação 1.34 tem-se que a parcela entre parênteses dessa equação é
igual à ordenada da função M, na abscissa correspondente ao centróide de AM,fornecendo:
Capítulo 1 - Fundamentos

Assim, a integral em questão é igual à área sob o diagrama de M pela ordenada do


diagrama de M , na abscissa correspondente ao centróide da referida área. A Tabela 1.2
apresenta resultados do referido produto para os diagramas de força concentrada e de força
uniformemente distribuída em um comprimento 1 de barra.

'M ~ L e -1M a M , e
3

1
M, / -M,M,!
2
1
-M,M,!
6

Mbm
4 ~ b

- 1M a ( 2 M , + M C ) !
! 6
1
-M,M,e
3
Parábola quadrática.

1
-M,M,!
Parábola quadrática 4

i a i b : L6 ~ a ~ , ( l + q ) l

M~EZI M>,M,t
1
-Ma (M,+M,)!
2
........ ~. .~
.........

L E h -M,M,!
2
e i
Parábola quadrática 3

M, L
Parábola quadrática
1
-M,M,!-
3

1
-M,M,t
2
i a : b :

Tabela 1.2 -Integral do produto de funções que definem duas figuras planas.
33
Análise de Estruturas - Volume 1

Embora se tenha utilizado notação de momento fletor, a conclusão anterior se aplica


também aos demais esforços solicitantes. Nessa tabela, as parábolas têm tangente
horizontal. Nos casos de diagramas de esforços solicitantes formados pela soma ou
subtração dos diagramas representados na tabela, faz-se a integral do produto de cada uma
de suas parcelas separadamente e somam-se os resultados, como mostram os exemplos a
seguir. Evidencia-se que, para a aplicação dessa tabela, é muito adequado o procedimento
de traçado do diagrama de momento fletor a partir da correspondente linha de fechamento.

Exemplo 1.8 - O pórtico da Figura E1.8a tem viga e colunas de seção transversal de
propriedades A=134cm2, 1=29213cm4e Av=39cm2. Sendo o material aço de E=205GPa e
G=78,5GPa, faz-se o cálculo do deslocamento horizontal do ponto B, com e sem a
consideração das deformações da força normal e da força cortante. Analisa-se a influência
dessas deformações.

Figura E1.8a.

De acordo com a equação 1.32, o deslocamento procurado se escreve:


e.NN r, M M
S =,=Ix ( k l ELAd X + ~0 ~ E1d x +O GA,
l

tendo-se:
~ ~ = 2 0 5 . .134.10-~
1 0 ~ =2,747.106kN
~ 1 = 2 0 5 ~ 1 0 ~ 2 9 2 1 =3 5~,19 08 8~ 7~. 1 0 ~ k ~ . m ~
GA, =78,5.10~.39.10-~
=3,0615.105kN
Na Figura E1.8b está representado o pórtico com o seu carregamento original e
correspondentes diagramas de esforços solicitantes. Na Figura E1.8c está representado o
pórtico com a força unitária e os correspondentes diagramas de esforços solicitantes.
Utilizando a Tabela 1.2, faz-se, como esquematizado na Tabela ETI.Za, o cálculo da
integral I
O
4
N,Ndx , onde 4 é o comprimento da i-ésima barra.
~
ii
Capítulo 1 - Fundamentos I

;:[
10
Reações (kN)

'-I40

240
1
t.'
80

DM(k~.rn)
40

[r\
+

80

Figura E1.8b.
40

DV(W)

- Modelo com força unitária DNu

'1
e 10,66667 0,66667 [ri7
0,66667

4p1 7 1 DMu DVu

Figura E1.8~.

35
Análise de Estruturas - Volume I

Barra ((m) Nu N(kN) Io4N,Ndx


AB 4,0 1 0 , 6 6 6 6 7 ~ 4 0 ~ 00,66667.40.4
= 106,67

CD 0,66667.40.3
3,0 1 0 , 6 6 6 6 7 40,O
= 80,0

CC NUMdx 186,67

Tabela ET1.8a.

Logo, a parcela de deslocamento devido à força normal se escreve:

O cálculo da integral I"M,M~x


o
está esquematizado na Tabela ET1.8b.

Barra &(m) Mu M(kN.m) fM,,M dx


1
AB 40 v 4
240 -,4.240.4+
3
1
-.4.20.4=1386,7
3

BC 6,O
4E7 240 v 1
-.4,240.6=1920,0
3

xIo4 M,M dx 3306,7

Tabela ET1.8b.

Logo, a parcela de deslocamento devido ao momento fletor se escreve:

O cálculo da integral I 6 V,Vdx está esquernatizado na Tabela ET1.8c.


o
Capítulo 1 - Fundamentos

Barra &(m) v, v(kN) J.:V,,V dx

1
AB -1 -.1.(80+40)~4=240
40 O 2
I
BC 68 c0,66667
Z2 40 0,66667.40.6 = 160

ZJ;' V,Vdx 400

Tabela ET1.8c.

Logo, a parcela de deslocamento devido à força cortante se escreve:

Assim, tem-se o deslocamento horizontal do ponto B:


6=6, +6, +F, =0,0056589mm,
com o momento fletor, força cortante e força normal responsáveis, respectivamente, por
97,6%, 2,3% e 0,1% desse deslocamento.

Sugere-se ao leitor determinar as rotações nos pontos B e D do pórtico plano da


Figura E1.8a.

Exemplo 1.9 - Determina-se o deslocamento vertical da extremidade livre da grelha


representada na Figura E1.9a em que todas as barras têm a seção circular vazada indicada,
com o material aço de E=205GPa e G=79GPa.

Seção

2,Om
.... 1 0,lm I

Figura 1.9a.

Utilizando a Tabela 1.1, obtêm-se as propriedades:


1~m~t=n~0,047~~0,012=3,914~10~~m~

37
Análise de Estruturas - Volume I

~ ~ 2 r n ~ t = 2 n . 0 , .0,012=7,828.10-~m~
047~
~ r 2 n r=t 2 ~ ~ ~ 0 , 0 4 7 ~ 0 , 0 1 2 = 3 , 5 4 4 ~ 1 0 ~ ~ m ~
A" =-= A 3,5437.10" =1,772.10-~m~
f 2
~ 1 = 2 0 5 . 1 .3,914.10-'
0~ =8,0237.10~kN.m~
GA, =79.i0~.1,772.10-~ =1,3999.105kN
~ ~ = 7 9 . 1 0 ~ . 7 , 8 2 8 .=6,1841~102k~.m2
10-~
Na Figura E1.9b estão representados os diagramas dos esforços solicitantes da
grelha sob o carregamento original.

Figura 1.9b.

Na Figura E 1 . 9 ~está representada a grelha com a força unitária no ponto e direção


em que se deseja calcular o deslocamento, juntamente com os correspondentes diagramas
de esforços solicitantes.

Figura 1 . 9 ~ .
38
Capítulo 1 - Fundamentos

Utilizando a Tabela 1.2, o cálculo da integral I 4 M,M dx está esquematizado na


O

Tabela ET1.9:

Barra t(m) Mu M(kN.m) li)M " M ~ X


1
AB 28
2Lp., -.54.2.2
3 54

2hc.L +-.6,(2.2+1).1
-;
;
i
1
6
1 1

CD 1,o 1,s h 20~25 /\ L.20,25.1,5.1,5


4

L'M,M~X 88,391

Tabela ET1.9.

Logo, a parcela de deslocamento devido ao momento fletor se escreve:

De maneira semelhante, calculam-se as parcelas de deslocamento do momento de


torção e da força cortante:

Assim, tem-se o deslocamento total:


6=6, t 6 , +€I, =0,20897m
O momento fletor, o momento de torção e a força cortante são responsáveis,
respectivamente, por 57,7%, 47,0% e 0,3% desse deslocamento, evidenciando mais uma
vez a pequena influência da força cortante na deformabilidade da estrutura.
Sugere-se ao leitor calcular a rotação na extremidade livre da grelha da Figura E1.9a.

Exemplo 1.10 - Seja determinar a força P que anula o deslocamento vertical do ponto A da
estrutura representada na Figura El.lOa em que todas as barras têm a mesma seção
transversal de 1 = 2 , 2 . 1 0 ~ c me~ ~ = 3 , 0 . 1 0 ~ k ~ considerando
/m~, apenas deformação de
momento fletor.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura El.lOa.

a) A Figura El.lOb apresenta os diagramas de momento fletor da estrutura com a referida


força e da estrutura sob uma força unitária no ponto e direção da carga P.

Figura El.lOb.

b) A equação 1.32 e a Tabela 1.2 fornecem o deslocamento do ponto A devido à força


distribuída de 18kNlm:

c) Cálculo do deslocamento vertical do ponto A devido à força unitária:


6"=- =8,0808.10-~m (b)
3~10'.2,2~10-~ 3
d) Condição de nulidade do deslocamento vertical do ponto A:
6'+P,6"=0 4 -0,09818+8,0808~10"~=0 -+ P=12,15kN (d)
Essa força P é a reação que ocorreria no ponto A, caso se introduzisse apoio que
restringisse o seu deslocamento vertical. Logo, a equação (c) pode ser entendida como uma
equação de compatibilidade de deslocamento, base do método das forças apresentado no
segundo capítulo.

Exemplo 1.11 - Determina-se a rotação relativa entre as seções adjacentes à rótula C do


pórtico plano representado na parte esquerda da Figura E l . l l a , considerando apenas
deformação de momento fletor, com 1=2,685.10*cm4e ~ = 2 , 0 5 . 1 k0~~l m ' .

40
C a ~ í t u l o1 - Fundamentos

Na parte direita da Figura E l . l l a está representado o diagrama de momento fletor


devido ao carregamento original e na Figura E l . 1l b está representado o pórtico com a força
unitária segundo o deslocamento que se deseja calcular, juntamente com o correspondente
diagrama de momento fletor.

Figura El.lla.

Figura El.llb.

O cálculo da integral {'M,Mdx está esquematizado na Tabela ET1.ll.


o

Barra <(m) Mu MílcN m) jOL'


M,Mdx

EB 5,o 7 2.3 /II 2. -75,O

I\
BCD 3,O 2,0 v 22.5

v
11,25
' -45,O

i22,5

j O 4 ~ " ~ d x -97,s

Tabela ETl.11.
41
Análise de Estruturas - Volume I

Logo, tem-se:
~ 1 = 2 , 0 5 . 1 0 ~ . 2 , 6 8 5 ~ 1 0=5,50425.10'kN.m2
'~10~~

Exemplo 1.12 - A viga Gerber representada na Figura E1.12a é a idealização de um


sistema estrutural em concreto em que o apoio D é do tipo neoprene fretado. Para calculá-lo
é necessário conhecer a reação, o deslocamento horizontal e a rotação do apoio. A seguir,
determina-se essa rotação com o método da força unitária, considerando concreto de
módulo de elasticidade igual a 2,1.lo7!&/mZ e apenas deformação de momento fletor.

50kN Seção
30kNIm ......

L ~ BA
~ ~ C 2~0 W m ~ D ~ ~ ~ ! 1 1
5,Om : 2,Om i 3,Om ; . ........ 60cm
... ..
!
-
I 20cm

Figura E1.12a.

A Figura E1.12b apresenta a referida viga com suas reações de apoio e o


correspondente diagrama de momento fletor.

Figura E1.12b.

42
Capítulo 1 - Fundamentos

A Figura E 1 . 1 2 ~apresenta a viga com a força unitária no ponto e direçâo em que se


deseja calcular deslocamento,juntamente com o correspondente diagrama de momento fletor.

Figura E1.12~.
4
O cálculo da integral
o
M,M dx está esquematizado na Tabela ET1.12.

Tabela ET1.12.

Logo, tem-se:
0,2.0,63
I= =0,0036 m4 , ~1=2,1.10"
.0,0036=75600,0k~.m~
12
! Análise de Estruturas - Volume I

Exemplo 1.13 - Na parte direita da Figura E1.13a encontra-se o diagrama de momento


fletor do pórtico plano hiperestático representado na parte esquerda dessa mesma figura em
que todas as barras têm 1=5,72.10-~m~ e ~ = 3 , 0 . 1 0 ' k ~ / mDetermina-se
~. a rotação no
ponto A, utilizando o método da força unitária na forma do teorema de Pastemak.

Figura E1.13a.

Na parte esquerda da Figura E1.13b está representado modelo isostático eom uma
força unitária no ponto e direção em que se deseja determinar deslocamento, e na parte
direita desta mesma figura, o correspondente diagrama de momento fletor.

Figura E1.13b.

Logo, utilizando a equação 1.32 e a Tabela 1.2, obtém-se a rotação procurada (no
sentido horário):

1.6.2 -Efeito de temperatura

Variação de temperatura é uma importante ação na maioria das estruturas.


Apresenta-se procedimento para a determinação de deslocamentos provocados por essa
ação em estrutura isostática, quando então a estrutura pode se expandir sem restrição, não
desenvolvendo esforços solicitantes. Esse procedimento será utilizado na análise de
estruturas hiperestáticas do próximo capítulo, nas quais essa ação provoca esforços
internos.
Considere-se a barra reta representada na Figura 1.17 em que se impõe a variação de
temperatura TSna "face" superior da barra e a variação de temperatura T' na "face" inferior,
Capítulo 1 - Fundamenios

com lei linear ao longo da altura h da seção transversal e Ti > TS.A partir dessas variações,
tem-se a variação de temperatura T no eixo x, lugar geométrico dos centróides das seções
transversais. Considerando barra livre sem vínculos externos e acréscimos de temperatura,
a barra se expande longitudinalmente e flete com curvatura voltada para cima, como
mostrado na Figura 1.17, com deformação transversal que não é relevante em teoria de
viga. Logo, sendo a o coeficiente de dilatação térmica, a deformação de um trecho de
comprimento infinitesimal dx dessa barra se deve aos seguintes deslocamentos em duas
seções transversais adjacentes:
a) Deslocamento relativo dessas seções na direção longitudinal da barra de:

b) Rotação relativa entre essas seções de:

onde g, =(TI -T"/h é o gradiente de temperatura

Figura 1.17 -Variação de temperatura

Considere-se, agora, que o pórtico plano isostático representado na Figura 1.15a


tenha suas barras submetidas a variações de temperatura e que se deseje determinar o
conseqüente deslocamento 6 indicado nessa figura. Considerando a força unitária da
Figura 1.15b como virtual e substituindo as equações 1.38 e 1.39"na equação 1.29 do
teorema das forças virtuais, obtém-se o deslocamento procurado:

onde Nu e M, são, respectivamente, força normal e momento fletor no modelo com a força
unitária.
Análise de Estruturas - Volume 1

No caso de seçáo transversal e coeficiente de dilatação térmica constantes em cada


barra da estrutura, a equação anterior particulariza-se para:

onde o somatório se refere acumulação dos efeitos das diversas barras da estrutura. Nessa
equação, a primeira integral é a área do diagrama de força normal, e a segunda integral é a
área do diagrama de momento fletor, devidos à força unitária. Essas áreas podem ser
obtidas com a Tabela 1.2, considerando o produto de Nu e M, por N=l e M=l,
respectivamente.

Exemplo 1.14 - Determina-se a rotação da seçáo do apoio A do pórtico da Figura El.14a


devido aos acréscimos de temperatura indicados, sendo U=SO.~/"C e a altura das seções
transversais igual a 35cm.

Figura E1.14a.

Na Figura E1.14b estão representados o modelo com a força virtual unitária e os


correspondentes diagramas de momento fletor e de força normal.

Figura E1.14b.

46
Capítulo 4 -Fundamentas

Tem-se o gradiente de temperatura:

Logo, a partir da equação 1.41 escreve-se a rotação procurada:

Sugere-se ao leitor determinar o deslocamento horizontal do ponto C do pórtico da


FiguraE1.13a.
Exemplo 1.15 - Seja determinar o deslocamento horizontal do ponto A da barra curva da
Figura E1.6 (página 31) devido a um acréscimo uniforme de temperatura de 15OC, com
Cl=10-~Pc.
A equação de força normal devido à força unitária representada na Figura E1.6 se
escreve:
N u =seno (a)
Logo, a equação 1.41 fornece o deslocamento procurado:
ri12 ni2
S = U T ~ @N , r d 0 = 1 0 - ~ ~ 1 5 ~senOd0=3,0~10~~m
2~~ (b)

Como se trabalha com material isótropo, esse deslocamento deve ser igual à
expansão térmica em uma barra de mesmo material e de comprimento iguai ao raio,
expansão esta que se calcula:
F=~~lT=10~~~2~15=3,0~10~rn (C)
o que confirma o resultado anterior.

1.6.3 -Efeito de deslocamento prescrito


Para desenvolvimento do método da força unitária em estruturas com
descolamentos prescritos linear ou de rotação, considere-se o pórtico da Figura 1.15d
(página 29) em que se deseja determinar o deslocamento 6 .-indicado, sendo 6;
deslocamento prescrito. Como as forças virtuais são independentes das condições de apoio
da estrutura, desde que equilibradas, a estrutura original em que se deseja calcular
deslocamento pode ser hiperestática e o modelo com a força unitária, isostático (obtido por
retirada de vínculos superabundantes da estrutura hiperestática). Assim, para o pórtico
hiperestático da Figura 1.15d considera-se o modelo isostático com a força unitária virtual
representado na Figura 1.15b. Logo, a equação 1.30 do teorema das forças virtuais fornece,
Análise de Estruturas - Volume 1

para uma estrutura qualquer com deslocamentos prescritos em pontos e direções em que se
têm reações no modelo com a força unitária:
M M VV TT
= j(-+AN,N
~.&CR.,S~, +L+L
i' EA E1 GA, GJ

N,N M M VV TT
S = - Z R ~ , , " + J (-+A +L+&
I' EA E1 GA, GJ

Nessa equação, i' varia de 1 até o número total de deslocamentos prescritos e R,,. são as
reações de apoio no modelo com a força unitária e sem deslocamentos prescritos, reações
essas nos pontos correspondentes aos apoios da estrutura original onde ocorrem os
deslocamentos prescritos 6,..
Importa observar que, no pórtico da Figura 1.15d tomado como ilustração, o
deslocamento prescrito 61 indicado é negativo por ser de sentido contrário ao adotado como
para a reação de apoio Rui.no modelo com a força unitária representado na Figura 1.15b.
Estruturas hiperestáticas serão analisadas no próximo capítulo. No caso de estrutura
isostática, o(s) deslocamento(s) prescrito(s) provoca(m) apenas deslocarnento(s) de corpo
rígido na estrutura, como ilustrado no próximo exemplo.

Exemplo 1.16 - Determina-se o deslocamento transversal da seção média da viga


simplesmente apoiada representada na parte esquerda da Figura E1.16, devido ao
carregamento uniforme e ao recalque vertical de apoio 6,, indicados, considerando apenas
deformação de momento fletor.

Figura E1.16.

Adota-se o modelo com a força unitária representado na parte direita da Figura


E1.16, em que, para O<x<ll2, têm-se as equações de momento fletor:

Logo, a partir da equação 1.42, obtém-se o deslocamento procurado:

Sugere-se ao leitor refazer este exemplo, considerando outro carregamento.


48
Capítulo 1 -Fundamentos

1.6.4 - Efeito de apoio elástico


Até o presente item considerou-se apenas apoio indeformável, sem ou com
deslocamento prescrito que é independente das forças externas. Alternativamente, pode-se
ter apoio que se deforma em função da força que nele venha a atuar, denominado apoio
elástico. Considera-se, a seguir, apoio elástico discreto de comportamento linear. Elástico,
porque tem a propriedade de voltar à posição inicial com a retirada do carregamento.
Discreto, porque é considerado em um ponto da estrutura; e de comportamento linear,
porque o deslocamento 6 no apoio é proporcional à força F nele desenvolvida. Assim,
escreve-se

onde a constante de proporcionalidade k é denominada rigidez ou coeficiente da mola.


Dessa equação conclui-se que essa rigidez é numericamente igual à força para provocar um
deslocamento unitário no apoio, que pode ser linear ou de rotação, como ilustrado na Figura
1.18.
Apoio elástico costuma ser o resultado de modelagem de fundação ou de parte de
estrutura considerada como apoio à outra parte sua.

lllllllll
(a) Linear. (b) De rotação.
-
Figura 1.18 -Vigas com apoios elásticos.

Busca-se determinar o deslocamento 6 indicado no pórtico com apoios elásticos da


Figura 1.19a, onde 6, é o deslocamento (desconhecido) desenvolvido no j-ésimo apoio
elástico de rigidez kj. Para isso, considera-se o modelo isostático com força unitária
aplicada no ponto e na direção do deslocamento desejado, como ilustrado na Figura 1.19b
onde Fui é força externa aplicada na interface das barras desse modelo e seu j-ésimo apoio
elástico de maneira que esse apoio fique indefomável. Essa força é igual à reação que
ocorre por substituição desse apoio elástico por apoio indeformável em modelo auxiliar
como representado na Figura 1 . 1 9 ~Considerando
. as forças auto-equilibradas do modelo da
Figura 1.19b como forças virtuais na estrutura original, o teorema das forças virtuais
expresso pela equação 1.30 fornece:

onde j varia de 1 até o número total de apoios elásticos.


Análise de Estruturas - Volume 1

A partir da equação 1.43 escreve-se 6,=Fj/k,, onde F, é a força desenvolvida no


j-ésimo apoio elástico da estrutura original, força esta igual ã reação nesse apoio e em
sentido contrário ao deslocamento 6,, como indicado na Figura 1.19a. Logo, a equação
anterior fornece:
N,N M M V V T T
6 =
j F,L+~
~k, E A-
[ E1
+ +L+GA,
L
A GJ

r r 3 kl=y
onde Fj é reação ao j-ésimo apoio elástico da estrutura original. Caso essa estrutura seja
isostática, é imediato identificar que essa reação é igual ?I reação no apoio correspondente
do modelo auxiliar quando submetido ao carregamento original.

P 4

1 sal 1 Fui

pc
Fl
(a) Estrutura original (b) Modelo isostático com força unitária

3: Fu I
(c) Modelo auxiliar com força
unitária
.... ...~

(d) Estrutura original com apoio


elástico e recalque de apoio

Figura 1.19 -Pórtico plano com apoios elásticos.


,

50
Capítulo 1 - Fundamentos

Quando a estrutura tem forças externas, deslocamentos prescritos e apoios elásticos,


como ilustrado na Figura 1.19d, essas ações podem ser consideradas simultaneamente,
escrevendo-se a partir das equações 1.42 e 1.45:

&=-C i' E1 GA, GJ


onde o primeiro somatóno diz respeito à influência aos deslocamentos prescritos e o
segundo, aos apoios elásticos.

Exemplo 1.17 - Determina-se o deslocamento vertical da seção A da estrutura


esquematizada na parte esquerda da Figura E1.17a, com ~ = 3 , 0 . 1 0kN/m2,
' 1=2,08.10-~m~,
k, =3,12,102kN/m e k, =2,60.10~kN/m, considerando apenas deformação de momento
fletor.

Figura E1.17a.

Para obter o referido deslocamento pode-se trabalhar com o modelo reduzido


representado na parte direita da Figura E1.17a, em que se transfere o efeito estático da força
externa do ponto D para o ponto C.
Para aplicar o método da força unitária, é necessário determinar os esforços solicitantes
na estrutura originai, que por ser isostática tem esforços iguais aos do modelo auxiliar obtido
por substituição dos apoios elásticos por indeformáveis, como representado na Figura E1.17b
juntamente com o correspondente diagrama de momento fletor.

Figura E1.17b.

A Figura E 1 . 1 7 ~apresenta o modelo auxiliar com a força unitária no ponto e direção


em que se deseja determinar deslocamento, e o correspondente diagrama de momento
fletor.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E1.17~.

Logo, a equação 1.45 do método da força unitária fomece o deslocamento


procurado:

que utilizando a Tabela 1.2 permite escrever:

Sugere-se ao leitor determinar a rotação no ponto A da estrutura da Figura E1.17a.

1.7 - Teoremas de reciprocidade


Em estruturas de comportamento linear, têm-se importantes teoremas de
reciprocidade de trabalho apresentados a seguir no caso de estruturas em barras. Para isso,
considere-se uma mesma estrutura sob o sistema de forças Pi, e, separadamente, sob o
sistema de forças Q,, como ilustrado na Figura 1.20. Devido à ação do primeiro sistema,
6: representa os deslocamentos nos pontos e direções das j forças do segundo sistema, e
devido à ação do segundo sistema, 6; representa os deslocamentos nos pontos e direções
das i forças do primeiro sistema.
Considerando os deslocamentos da estrutura sob o primeiro sistema de forças como
deslocamentos virtuais na estrutura com o segundo sistema, o teorema dos deslocamentos
virtuais expresso pela equação 1.28 fomece:

onde Na, MQ ... representam os esforços solicitantes na estrutura devidos ao segundo


sistema, e Np, Mp .... são OS esforços solicitantes devidos ao primeiro sistema.
Capítulo 1 - Fundamentos

... ...
....

(a) Primeiro sistema (b) Segundo sistema

Figura 1.20 -Estrutura sob dois sistemas de forças

Analogamente, considerando as forças do primeiro sistema como virtuais na


estrutura sob o segundo sistema de forças, o teorema das forças virtuais expresso pela
equação 1.30 fornece:

Nesse caso não foi necessário considerar as forças equilibradoras de P, porque os


deslocamentos nos apoios são nulos.
Das duas últimas equações escreve-se:

Essa equação expressa uma das formas do teorema de E. Betti que se enuncia: em uma
mesma estrutura de comportamento linear, considerando dois sistemas de forças, o
trabalho do primeiro sistema nos deslocamentos provocados pelo segundo sistema é igual
ao trabalho das forças desse sistema nos deslocamentos devidos ao primeiro sistema.
No caso de cada sistema de forças se reduzir a uma força, a equação anterior
particulariza-se para a forma:

onde se adota as notações da Figura 1.21 em que 6, representa o deslocamento no ponto e


direção da força Pi devido à ação da força Pj. Essa notação será intensivamente utilizada no
método das forças apresentado no próximo capítulo. A equação anterior expressa o teorema
de reciprocidade de James Clerk Maxwell.

Figura 1.21 -Estrutura para ilustração do teoreina de Maxwell

No caso de forças iguais, a equação anterior particulariza-se para a forma:

612 = 6 2 1 (1.51)
expressando o teorema do deslocamento recbroco.
53
Análise de Estruturas - Volume 1

Exemplo 1.18 - Como verificação do teorema de Maxwell, comprova-se que P 6= M'B no


caso da viga em balanço de seção transversal constante da Figura E1.18a.

Figura E1.18a.

a) Na determinação da rotação í3 indicada na Figura E1.18a, utilizam-se modelos


representados na Figura E1.17b com as correspondentes equações de momento fletor.

P!
M=Px-- para O _ < x I P / 2 M, =-1
2

Figura E1.18b.

A partir da equação 1.32 do método da força unitária, obtém-se:

b) Na obtenção do deslocamento 6 indicado na Figura E1.18a, utilizam-se os modelos


representados na Figura E 1 . 1 8 ~com as correspondentes equações de momento fletor.

1"'
x X

!
M=-M* P
M, =x-- para Oáx_<P/2
2

Figura E1.18~.

54
Capítulo 1 - Fundamentos

A partir da equação 1.32, obtém-se:

As equações b e d comprovam que P6=M*O

Exemplo 1.19 - Seja a verificação do teorema de Maxwell na viga em balanço de seção


transversal constante com os carregamentos representados na Figura E1.19a, considerando
apenas deformação de momento fletor.

Figura E1.19a.

a) Para obter o deslocamento 6 indicado na Figura E1.19a, utilizam-se os modelos


representados na Figura E1.19b com as correspondentes equações de momento fletor.

Figura E1.19b.

A equação 1.32 do método da força unitária fornece:

b) Para determinar o deslocamento u indicado na Figura E1.19a, adotam-se os modelos


representados na Figura E 1 . 1 9 ~com as correspondentes equações de momento fletor.
Análise de Estruturas - Volume 1

P1
. .c, 1 .. !F=l

P I M=P>*-PL
1 j

M, =x-x' para O<x<x'

Figura E1.19~.

A equação 1.32 fornece:

Logo, tem-se:

As equações b e d comprovam o teorema de Maxwell no presente caso de força


distribuída.

Exemplo 1.20 - Faz-se a verificação do teorema de Clapeyron expresso pela equação 1.14,
no caso da viga representada na Figura E1.20.

Figura E1.20.

Considerando que a força Pz seja aplicada depois da aplicação da força P1 quando da


superposição dos estados de carregamentos representada na figura E1.20, tem-se o trabalho
realizado por essas forças:

onde, no segundo termo do segundo membro, não se tem o divisor 2 como nos demais
termos, porque, ao ser aplicada a força Pz, O ponto de aplicação da força Pi se desloca de
6,, com a força Pi em valor constante. A equação anterior se escreve também sob a forma:
Capítulo 1 - Fundamentos

Tendo-se em conta o teorema de reciprocidade de Maxwell, essa equação fornece:

Esse resultado verifica o teorema de Clapeyron. Com raciocínio semelhante, pode-se


considerar um maior número de forças na verificação desse teorema.

1.8 - Estruturas simétricas


Quando a estrutura tem simetria elástica e geométrica, pode-se tirar partido dessa
simetria para criar modelo com menor número de barras que a estrutura original e, a partir
dos resultados desse modelo, obter imediatamente os resultados da estrutura. Para isso, é
necessário que se trabalhe com carregamentos simétrico elou antj-simétrico, quando, então:
tendo-se um ou mais deslocamento(s) nulo(s) na(s) seção(6es) de barra interceptada(s) pe:c
eixo de simetria, pode-se analisar apenas metade da estrutura original adotando condições
de contorno nessas seções que imponham a nulidade desses deslocamentos. Esse
procedimento é prático em análise de estruturas de grande número de barras, por reduzir o
número de operações aritméticas, agilizando o procedimento de cálculo. Mesmo em análise
utilizando computadores, é vantajoso, por diminuir os dados de entrada a preparar e a
quantidade de resultados a interpretar.
Caso a estrutura seja simétrica e o carregamento seja, pode-se decompô-lo em uma
parcela simétrica e outra anti-simétrica, como mostrado na Figura 1.22 para os tipos mais
usuais de forças, nos quais a dupla bandeira indica simetria ou anti-simetria.

Carregamento original Parcela anti-simétrica

Figura 1.22 - Parcelas simétrica e anti-simétrica de carregamento.


Análise de Estruturas - Volume 1

Exemplo 1.21 -Apresenta-se a decomposição de cai-regamento da Figura E1.21

'1
90kN
60kN 1 40kNim

~- f 4 4 s ~ 4 45

I Carregamento original 1 7
1
=1 + Parcela anti-simétrica

Figura E1.21 -Decomposição de carregamento,

-
1.8.1 Carregamento simétrico

Considere-se inicialmente o pórtico plano simétrico com carregamento simétrico,


como ilustrado na Figura 1.23, em que Pi é força externa aplicada, e M é momento externo
aplicado. Têm-se diagramas de força normal e de momento fletor simétricos, e diagrama de
força cortante anti-simétrico (com o observador girando em torno de um mesmo ponto do
eixo de simetria). Além disso, identifica-se que seções transversais simétricas têm rotações
anti-simétricas e, portanto, a seção de simetria tem rotação nula, deslocando-se apenas
segundo o eixo de simetria. Logo, pode-se considerar modelo reduzido constituído pela
parte da estrutura de um dos lados do eixo de simetria, desde que se introduza na seção de
corte condição de contorno que permita apenas deslocamento segundo esse eixo, como
representado na Figura 1.23. Força externa concentrada com linha de ação coincidente com
o eixo de simetria deve ser considerada no modelo reduzido com metade de seu valor.

Figura 1.23 -Pórtico plano simétrico com carregamento simétrico


58
Capítulo 1 - Fundamentos

Diferentemente do caso anterior, no pórtico da Figura 1.24 não se tem simetria das
condições de apoio, embora se tenham diagramas de força normal e de momento fletor
simétricos, e diagrama de força cortante anti-simétrico. Nesse pórtico, a seção de simetria
ainda permanece simétrica e sem rotação na configuração deformada, embora se desloque
transversalmente ao eixo de simetria original. Logo, para efeito de cálculo, pode-se adotar o
modelo reduzido representado nessa figura, em que se obtém a mesma deformada e os
mesmos esforços solicitantes que a metade correspondente do modelo original.

Figura 1.24 - Pórtico plano simétrico com carregamento simétrico

No caso do pórtico plano simétrico com carregamento simétrico ter barsa em seu
eixo de simetria, como ilustra a Figura 1.25, essa barra sofre apenas deformação axial,
comportando-se como elemento de treliça com uma metade de seu esforço normal
proveniente da parte do pórtico à esquerda desse eixo e a outra metade proveniente da parte
à sua direita. Logo, na construção do modelo reduzido com a parte esquerda da estrutura,
pode-se romper o vínculo da força cortante à direita da seção de simetria e substituir a barra
do eixo de simetria por uma barra de treliça com área de seção transversal igual à metade
da área A da seção da barra original. A força normal nessa barra é o dobro da força normal
da barra substituta no modelo reduzido. Vale ressaltar que a barra horizontal do modelo
reduzido utilizado como ilustração não tem articulação em sua extremidade direita. A
articulação no eixo de simetria diz respeito à barra substituta.
Como a barra de treliça oferece restrição elástica apenas ein sua própria direção, no
caso particular da Figura 1.25 em que a barra do eixo de simetria não está submetida a
ações externas e uma de suas extremidades está ligada ao meio exterior, essa barsa pode ser
substituída por um apoio elástico de translação vertical como representado na figura. Sendo
constante de inola numericamente igual à força para provocar um deslocamento unitário no
apoio elástico: com a lei de Hooke expressa pela equação 1.7, obtém-se a constante
k=EAí2!, onde E, A e !são, respectivamente, o módulo de elasticidade, a área da seção
transversal e o comprimento, da barra original. No caso da barra do eixo de simetria ter
ações externas, estas podem ser substituídas por forças em suas extremidades pelo
procedimento das forças nodais equivalentes o que será apresentado no item 2.8.
Análise de Estruturas - Volume I

Figura 1.25 -Pórtico plano simétrico com carregamento


simétrico e barra no eixo de simetria.

Considere-se, agora, grelha simétrica com carregamento simétrico, como ilustrado


na Figura 1.26, em que P é força externa paralela ao eixo Z, e os momentos M1 e MZ são
momentos externos no plano XY. No caso, têm-se diagrama de momento fletor simétrico,
diagrama de momento de torção anti-simétrico e diagrama de força cortante anti-simétrico
(com o observador girando em torno de um mesmo ponto do eixo de simetria), além da
seção de simetria ter rotação nula em torno do eixo de simetria. Logo, para efeito de
análise, pode-se considerar modelo reduzido constituído pela metade da grelha original,
desde que se imponha condição de contorno que impeça essa rotação, como representado
na figura.

Figura 1.26 - Grelha simétrica com carregamento simétrico

No caso de grelha simétrica com carregamento simétrico e barra em seu eixo de


simetria, como ilustra a Figura 1.27, essa barra sofre apenas flexão, com a metade de seu
momento fletor proveniente da parte da grelha à esquerda do eixo de simetria e a outra
metade proveniente da parte à direita desse eixo. Logo, no modelo reduzido, deve-se
considerar essa barra com metade do momento de inércia I e metade da área efetiva de
cortante Av da seção transversal da barra original. O momento letor e a força cortante
nessa barra são o dobro dos correspondentes esforços da barra substituta no modelo
reduzido.
Capitulo 'i - unodr;iãr;ir:,

Figura 1.27 - Grelha simétrica com carregamento simétrico e barra no eixo de simetria.

Em pórtico espacial, o raciocínio para levar em conta eixo de simetria na construção


de modelos reduzidos é semelhante aos casos descritos anteriormente. Em treliça, tem-se
particularidade quando o eixo de simetria intercepta barra, como ilustrado na Figura 1.28a
em que a barra 1 é interceptada. Para evitar que essa barra fique hipostática no modelo
reduzido, restringe-se o deslocamento transversal de sua seção de corte. A Figura 1.28b
ilustra o caso de treliça simétrica com barra em seu eixo de simetria, quando, então, no
modelo reduzido, essa barra deve ter metade da área que a da barra correspondente na
estrutura original.

(a) Sem barra no eixo de simetria

L&&& (a) Com barra no eixo de simetria % 2

Figura 1.28 -Treliça simétrica.

As Figuras 1.29 ilustram consideração de mais de um eixo de simetria. Na Figura


1.29a está representado um pórtico plano com dois eixos de simetria, que permitem a
construção de modelo reduzido formado por um quarto da estrutura original, como
indicado. O mesmo se aplica à grelha da Figura 1.29b, quando então se podem 'utilizar
Análise de Estruturas - Volume 1

valores de carga e de propriedades de seção, divididos por 2 ou não, com os esforços no


primeiro caso obtidos também divididos por 2. A Figura 1 . 2 9 representa
~ uma estrutura em
anel auto-equilibrado, com quatro eixos de simetria, que, uma vez utilizados, fornecem
modelo reduzido constituído por um octante da estrutura original.

Figura 1.29a - Pórtico plano com dois eixos de simetria

Figura 1.29b - Grelha com dois eixos de simetria.

Figura 1 . 2 9 -Anel
~ circular com quatro eixos de simetria

62
Capítulo 1 - Fundamentos I
-
1.8.2 Carregamento anti-simétrico
I

Em pórtico plano simétrico com carregamento anti-simétrico como representado na


Figura 1.30, tem-se diagrama de força cortante simétrico (com o observador girando em
tomo de um mesmo ponto do eixo de simetria), e diagramas de momento fletor e de força
normal anti-simétricos, além de deslocamento transversal nulo da seção de simetria. Logo,
para efeito de análise, pode-se considerar o modelo reduzido representado na referida
figura, em que na seção de simetria se restringe apenas o deslocamento transversal.

Figura 1.30 - Pórtico plano simétrico com carregamento anti-simétrico.

No caso de pórtico plano simétrico com carregamento anti-simétrico ter barra em


seu eixo de simetria como ilustra a Figura 1.31, essa barra tem força normal nula e metade
de seu momento fletor e metade de sua força cortante são "provenientes" da parte do
pórtico i esquerda ou à direita desse eixo. Logo, pode-se considerar o modelo reduzido
representado na referida figura, em que a barra do eixo de simetria é substituída por outra
com metade do seu momento de inércia I e metade da área efetiva de cisalhamento Av. O
momento fletor e a força cortante da barra original são o dobro do momento fletor e da
força cortante da barra substituta no modelo reduzido, com força normal nula.

Figura 1.31 - Pórtico plano simétrico com carregamento


anti-simétrico e barra no eixo de simetria.
Análise de Estruturas - Volume 1

Em grelha simétrica e de carregamento anti-simétrico como representado na Figura


1.32, têm-se diagramas de força cortante (com o observador girando em tomo de um
mesmo ponto do eixo de simetria) e de momento de torção simétricos, e diagrama de
momento fletor anti-simétrico. Além disso, a seção de simetria tem deslocamento
transversal nulo e apenas rotação em tomo do eixo de simetria. Logo, para efeito de análise,
pode-se considerar o modelo reduzido representado na citada figura, em que se libera
apenas essa rotaçãò.

Figura 1.32 - C~lelhasimotiica com carregamento anti-simétrico.

!<o caso de greina s~rnétricacom carregamento mti-simétrico ter barra em seu eixo
de srxnetria como ilustra a Figura 1.33, essa sofre apenas torção, em que uma metade de seu
uaoinento de torção é proveniente da parte da grelha à esquerda desse eixo e a outra metade
piovenienre da parte a direita. Logo, pode-se considerar o modelo reduzido representado na
referida figura em que a barra desse eixo é substituída por outra com momento de inércia à
torção iguai à metade da correspondente propriedade de seção da barra original. O
momento de torção dessa barra é o dobro do correspondente momento da barra substituta
no modelo reduzido, com força cortante e momento fletor nulos. No caso da Figura 1.33 em
que uma das extremidades da barra do eixo de simetria está ligada ao meio exterior, essa
bana pode ser substituída por um apoio elástico de rotação em torno do eixo de simetria de
mr:stante k=GJ/2e.

i
Figura 1-33 - Grelha simétrica com carregamento simétrico.
Capítulo 1 - Fundamentos

Exemplo 1.22 - Considera-se a estrutura elástica e geometricamente simétrica da Figura


E1.22a, onde todas as barras têm 1=1,9.10-~m4 e ~=3,0.10'k~.m-'.Procuram-se:
- As parcelas simétrica e anti-simétrica do carregamento.
- O diagrama de momento fletor, sendo que o diagrama de momento fletor da parcela
simétrica do carregamento é o representado na parte direita da Figura E1.22a.

Figura E1.22a.

a) As componentes simétrica e anti-simétrica do carregamento estão representadas na


figura E1.22b.

Figura E1.22b.

b) A resolução para a parcela anti-simétrica do carregamento recai na análise da estrutura


representada na Figura E1.22c, onde está esquematizada a obtenção das reações de
apoio e o correspondente diagrama de momento fletor.

Figura E1.22~.

65
Análise de Estruturas - Volume 1

A partir dos diagramas de momentos fletores representados nas Figuras E1.22a e


E1.22c, obtém-se o diagrama de momento fletor da estrutura original, como representado
na Figura E1.22d.

Figura E1.22d.

1.9 - Exercícios propostos

1.9.1 Classifique as estruturas representadas nas Figuras 1.34a até 1 . 3 4 ~quanto ao


equilíbrio estático, identificando, quando for o caso, o grau de indeterminação estática. Na
Figura 1.34f, considere o símbolo de articulação na extremidade de cada barra liberando as
suas três rotações, com a condição de que barra articulada em ambas as extremidades tenha
restrição à torção.

Figura 1.34a - Vigas

66
Capítulo 1 - Fundamentos

Figura 1.34b - Treliças planas

Figura 1 . 3 4 -
~ Pórticos planos 1.

67
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 1.34d -Pórticos planos 2.

(39) (40) (41)

Figura 1.34e - Grelhas.

Figura 1.34f - Pórticos espaciais.


Capítulo 1 - Fundamentos

Figura 1.34g - Treliças espaciais.

1.9.2 Determine o deslocamento vertical da rótula A da treliça representada na


Figura 1.35 em que todas as barras têm ~ = 2 , 0 5 . 1 0 ~ k e~ A=15,36cm2.
/m~

Figura 1.35.

1.9.3 Determine o deslocamento vertical da seção média do pórtico representado na


Figura 1.36 em que as barras têm ~ = 2 , 0 5 . 1 0 ~ k e~ 1=0,001m4.
/m~

Figura 1.36.

1.9.4 Determine a rotação relativa das seções adjacentes à rótula A do pórtico


representado na Figura 1.37 em que as barras têm ~ = 2 , 0 5 ~ 1 0 ~ ek ~1=1,60.10-~
/m~ m4.

69
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 1.37.

1.9.5 As barras da grelha representada na Figura 1.38 têm seção transversal circular
vazada, E=205GPa e G=78,85GPa. Pede-se determinar o deslocamento do ponto A na
direção Z e a rotação no ponto B em tomo do eixo X, desconsiderando deformação de força
cortante.

25kN Seção

5
I 0,lm
X

Figura 1.38.

1.9.6 Determine, considerando apenas deformação de momento fletor, o


deslocamento horizontal do apoio A do eixo curvo representado na Figura 1.39, em que a
seção transversal é retangular de largura de 15cm e altura de 60cm, e ~ = 3 , 0 . 1 0 ' k ~ / m ~ .
Determine também o deslocamento desse apoio devido à variação uniforme de 15'C, sendo
~=IO-~PC.

Figura 1.39.

70
Capítulo 1 - Fundamentos

1.9.7 Determine, considerando apenas deformação de momento fletor, o máximo


deslocamento vertical do pórtico esquematizado na Figura 1.40, sendo a seção transversal -
de largura igual a 1,Om e altura igual a 0,15m, com E=25GPa.

Figura 1.40.

1.9.8 Determine os deslocamentos verticais das rótulas A e B da viga representada


na Figura 1.41, sendo 1=3,2.10-~m~e ~=3,0.10'k~/m~.

Figura 1.41.

1.9.9 Determine a rotação das seções dos apoios da viga representada na Figura
1.42, de largura constante igual a 30cm e altura variável conforme indicado, com
~=3,0.10'k~/m~.

Figura 1.42.

1.9.10 Determine a alteração da distância horizontal entre os pontos A e B do


pórtico representado na Figura 1.43, em que as barras têm 1=0,00275m4e E=205GPa.
I Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 1.43.

1.9.11 Determine o deslocamento vertical relativo das seções A e B da viga


representada na Figura 1.44, em que a seção transversal é de (40x190)cm2 e
~ = 3 , 0 . 1 k0 ~~l m ' ,considerando apenas deformação de momento fletor.

Figura 1.44.

1.9.12 O apoio da extremidade direita da viga Gerber representada na Figura 1.45


será do tipo neoprene fretado. Determine a rotação da seção dessa extremidade para o
carregamento indicado, sendo E=2,1.107k~/rn2e considerando apenas deformação de
momento fletor.

SOkN Seção......~.

.... 60cm
20kN.m
.......
. .,
. .
.. .. -,8 ,1
i 5,Om 12m; 3,Om 20cm

Figura 1.45.

1.9.13 Determine as parcelas simétricas e anti-simétricas dos carregamentos das


estruturas representadas na Figura 1.46.
Capítulo I - Fundamentos

Figura 1.46.

1.9.14 Para o pórtico plano simétrico da Figura 1.47, pede-se identificar as parcelas
simétrica e anti-simétrica do carregamento indicado, e os modelos reduzidos para a análise
desse pórtico tendo com essas parcelas.

Figura 1.47.

1.9.15 Idem, para a grelha da Figura 1.48.

Figura 1.48.

73
Método das forças

2.1 - Introdução

O objetivo do método das forças é determinar um conjunto de reações elou esforços


solicitantes superabundantes ao equilíbrio estático de estrutura hiperestática, permitindo
que outras reações elou esforços sejam calculados com as equações da estática. A
identificação desse tipo de estrutura foi apresentada no capítulo anterior. Para consolidá-la,
considere-se o pórtico plano da Figura 2.121 onde a rótula em D expressa que não se tem
transmissão de momento fletor da barra CD para a extremidade D das barras BD e DF. Ou
em outras palavras, na extremidade D da barra CD pode-se ter apenas força cortante e força
normal. Na Figura 2 . l b estão representados esses esforços, quando se "abre" a parte
fechada CDEF da estrutura na referida rótula, além das quatro reações de apoio, totalizando
seis incógnitas. Como no presente caso plano têm-se apenas três equações de equilíbrio da
estática (a saber: CF, =O, x F y =O, ZM, =O), têm-se 6-3=3 reações elou esforços
solicitantes superabundantes ao equilíbrio estático ou redu~zdantesestáticas. Logo o grau de
indeterminação estática é 3, 1 exteino e 2 internos. Abrindo a estrutura em outra seção
qualquer, como, por exemplo, na seção extrema esquerda da barra CD, tem-se, nessa seção,
momento fletor, força cortante e força normal, como representado na Figura 2. lc. Isso é um
esforço solicitante a mais que o caso precedente, mas tem-se também a equação de
equilíbrio adicional C M =O,
~ expressando
~ somatório nulo dos momentos dos esforços
D
(internos e externos) atuantes na barra CD em relação à rótula em D. Logo, o grau de
indeterminação estática independe de como se abre a estrutura. %

No presente método trabalha-se com equaçees de compatibilidade de deslocamentos


ou compatibilidade cinemática, enquanto no método dos deslocamentos, apresentado
próximo capítulo, trabalha-se com equações de compatibilidade estática ou de equilíbrio.
Apesar desse último método ser o amplamente utilizado nas implementações
computacionais, o método das forças é essencial para desenvolvimento do método dos
Análise de Eslruturas - Volume 1

deslocamentos, além de propiciar ao leitor desenvolvimento de sentimento de


comportamento das estruturas. Esses métodos foram iniciados, respectivamente, por H.
Muller-Breslau em 1886 e por A. S. Ostenfeld em 1926 (op. Morice, 1959).

Figura 2.1 -Pórtico plano hiperestático.

2.2 - Sistemática do método das forças

Para aplicar o método das forças, seleciona-se um conjunto de redundantes estáticas


Xi, cuja retirada da estrutura hiperestática a transforma em isostática. Esse modelo
isostático é denominado sistema principal e denotado neste livro por SP. Como ilustração,
a Figura 2.2 apresenta alguns dos sistemas principais de uma viga de indeterminação
estática igual a 2, em que reações de apoio, momentos fletores elou forças cortantes,
indicados em tracejado, são escolhidos como redundantes estáticas. Nesse, como na grande
maioria dos casos, têm-se infinitas possibilidades de sistemas principais, pois as barras de
uma dada estrutura têm infinitos pontos onde os esforços solicitantes podein ser
considerados como redundantes.
- (a)Viga com dois hiperestáticos
A

A% A
tx1

!xl
Capítulo 2 -Método das forças

A
t

t x1
x2 A
t x2
4
i x2

4 4 A
I xi A I x2

4
(b)Sistemas principais:
IXI fx2 A A
4
I xi A A +I x2

?'%
*
. -
x2
r-*
.
A *
A
Xl%
x
A% . *
- A 4
I x2
xi

A ..,,, A 4I ~2
X?
\ A 4
I x2

Figura 2.2 -Viga hiperestática e alguns de seus sistemas principais

Selecionado um sistema principal,^ presente método consiste em escrever equações


de compatibilidade de deslocamentos nas direções das redundantes estáticas escolhidas, em
procedimento de superposição de esforços. Adotando a notação 6, para representar
deslocamentos, a Figura 2.3 ilustra essa superposição no caso da viga da Figura 2.2 quando
as reações dos apoios centrais são escolhidas como redundantes. No caso, como os
deslocamentos desses apoios são nulos, escrevem-se as equações de compatibilidade de
deslocamentos:

entendendo-se que os deslocamentos 6, são positivos quando de sentidos coincidentes com


os sentidos positivos arbitrados para as redundantes Xi. 6,, é o deslocamento do ponto da
redundante estática Xi e em sua própria direção, quando se aplica ao sistema principal o
carregamento original, no que se chama "estado" E. referindo-se aos esforços e
Análise de Estruturas - Volurne 7

deslocamentos que ocorrem nesse sistema com esse carregamento. Ainda na Figura 2.3, 6,,
com j diferente de zero, é igual ao deslocamento do ponto da redundante X, e em sua
direção, quando se aplica ao sistema principal uma força unitária no ponto e na direção da
redundante Xj, no que se chama estado Ej. Em notação análoga, E representa o estado da
estrutura original.

610 620

+ Xi x
* Estado E

----...
-----...-
---.....

X,=l

Estado E1
-

+Xzx
Estado E.

622

Estado Ez 1
II Figura 2.3 - Combinação linear de estados no método das forças

A equação anterior se escreve em forma matricial:

AX=-6
-- -0 (2.3)
onde o til sob a notação denota matriz e matriz coluna também denominada "vetor". A
equação anterior representa um sistema de equações algébricas lineares, onde A é a nzatriz
deflexibilidade e 6, , coeficientes deflexibilidade; X- é o vetor das redundantes estáticas a
ser determinado e 6 é o vetor dos coeficientes de carga. Para a homogeneidade de
-n
unidades do sistema de equações anterior, os coeficientes de flexibilidade são considerados
com dimensão de unidade de deslocamento (no sentido generalizado) dividida por unidade
de força (no sentido generalizado). Contudo, por concisão, os coeficientes de flexibilidade
são neste livro escritos sem a indicação de suas unidades.
Pelo teorema do deslocamento recíproco expresso pela equação 1.51, tem-se 6,=6,, ,
significando que a matriz de flexibilidade é simétrica.
Como as redundantes estáticas são independentes entre si e o sistema principal é
adequadamente vinculado (por ser isostático, não tendo, portanto, deslocamentos de corpo
rígido), a matriz de flexibilidade é não singular, tendo-se garantia de solução única:
Capítulo 2 - Método das forças

É imediato identificar que a equação 2.3 obtida no caso de duas redundantes


estáticas se generaliza para um número qualquer de redundantes.
Uma vez que tenham sido determinadas as referidas redundantes, os esforços e
deslocamentos na estrutura original podem ser obtidos pela combinação linear:

onde i varia de 1 até o número total de redundantes. Alternativamente, conhecendo-se os


valores das redundantes estáticas, a estrutura originalmente hiperestática passa a ser
isostática, permitindo a determinação direta das demais reações de apoio e de quaisquer
esforços solicitantes, com as equações da estática.
Os coeficiente 4, e 6, podem ser obtidos com o método da força unitária
apresentado no item 1.6. Assim, considerando inicialmente estrutura sem apoio elástico e
sem recalque de apoio, a partir da equação 1.32 escreve-se:

com i variando de 1 até o número total de redundantes e j variando de O até o número total
de redundantes. Ni, Mi, Vi e Ti representam os esforços solicitantes no estado Ei, e Nj, Mj,Vj
e T, representam os esforços solicitantes no estado Ej.
Resumindo, o método das forças tem a seguinte sistemática:
I. Escolha de um sistema estrutural isostático,deuominado sistema principal do método
das forças, por retirada de um conjunto de redundantes estáticas da estrutura
hiperestática em análise. Essas redundantes são as incógnitas primárias a determinar.
11. Cálculo dos coeficientes de flexibilidade e de carga.
111. Montagem e resolução do sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos
para obtenção das referidas redundantes.
IV. Obtenção dos esforços finais.

É natural que possam ser utilizados sistemas principais hiperestáticos na combinação


linear de esforços do método das forças, o que, contudo, não é prático. Também, o estado
Ei, com i+O, pode ser obtido com um valor de Xi diferente da unidade, quando então a
grandeza Xi obtida com a resolução do sistema de equações de compatibilidade é apenas
um fator de proporcionalidade e não uma redundante estática, o que não oferece vantagem
na grande maioria dos casos. Assim, é usual adotar apenas sistemas principais isostáticos e
estados provocados por Xi=l. Além disso, procura-se escolher o sistema isostático que
conduza a cálculos simples, adotando reações de apoio elou momentos fletores, como
redundantes estáticas. Como se impôs que os deslocamentos dos pontos de ação das
redundantes estáticas e em suas próprias direções são nulos, uma forma de checar os
resultados é verificar que:
Análise de Estruturas - Volume 1

NN,
EA
+--MMj
E1
+-+-I
VV,
GA, GJ
dx=O
para j igual 1 até o número total de redundantes, e onde N, M, V e T são os esforços
solicitantes da estrutura em análise.
Exemplo 2.1 - Seja levantar a indeterminação estática do pórtico plano da Figura E2.la
cujas barras têm setão transversal quadrada de (20x20)cm2, ~ = 2 , 1 . 1 0 ~ k N /emG=E/2,4
~ ,
com o sistema principal indicado.

I I
Figura E2.la.
a) Têm-se as propriedades:

EI=2,7999.1O3k ~ . m ~ , GA, =2,9166.105k~, EA=8,4.105k~

b) A Figura E2.lb apresenta os estados Eo, E1 e Ez, e os correspondentes diagramas de


esforços solicitantes.
c) Os coeficientes 6, são obtidos pela equação 2.6, utilizando a Tabela 1.2.
f -
Capítulo 2 - Método das forças

Figura E2.lb.

a) Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:


O,030496X, -0,011429X2 =-0,11429
-0,O11429X, +0,0076378X2=0,076330
de soluções X1=0,0053629kN e X2=9,98571cN.
Desconsiderando deformação da força cortante no cálculo dos coeficientes 6,,
obtém-se X,=-0,0053865kN e X2=9,9856l<N, evidenciando influência muito pequena desse
esforço. Desconsiderando deformação da força normal e da força cortante, obtém-se Xl=O e
X2=lOlcN, expressando que apenas a barra horizontal trabalha e que a influência da força
normal é também muito pequena. Também, no exemplo 1.8, foi constatada influência muito
pequena das forças cortante e normal. A força cortante tem influência relevante na
deformabilidade da estrutura e, conseqüentemente, no cálculo dos esforços solicitantes em
estruturas hiperestáticas, quando de seções transversais de grande altura como em pilares-
parede eiou vigas-parede. A força normal é importante de ser considerada em análise de
estruturas com tirantes elou escoras de reduzida rigidez axial, além, é claro, das treliças
que, por definição, têm barras trabalhando unicamente à força normal.
Sugere-se ao leitor analisar o pórtico da Figura E2.la arbitrando um novo
carregamento.
Análise de Estruturas - Volume 1

No caso de esforço interno escolhido como redundante estática, o deslocamento a


ser compatibilizado é o deslocamento relativo entre seções adjacentes à seção de onde se
retira o vínculo desse esforço. A Figura 2.4 ilustra o caso do momento fletor (negativo) na
seção do apoio central considerado como redundante, quando, entâo, o deslocamento entre
as seções adjacentes onde se deseja calcular esse momento é o ângulo de giro de uma
dessas seções em relação à outra, que é igual ao ângulo entre as tangentes à esquerda e à
direita do ponto representativo
,. da seção onde se retira o vínculo.

Figura 2.4 -Ilustração do método das forças adotando


momento fletor como redundante estática.

Exemplo 2.2 - Seja a determinação dos diagramas dos esforços solicitantes da viga da
Figura E2.2a em que as barras têm rigidez EI, desconsiderando deformação da força
cortante e adotando o sistema principal indicado.

Figura E2.2a.

a) A Figura E2.2b apresenta os estados Eo, E1 e Ez, juntamente com os correspondentes


diagramas de momento fletor.
b) Os coeficientes 6 , são obtidos pela equação 2.4, utilizando a Tabela 1.2.
1 1
6,, =--.-.1.62,5.5=-104,17 rad , 6 =-70,833rad
E1 3 6
Capítulo 2 - Método das forças

Figura E2.2b.

c) Logo, tem-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:

de soluções X, =58,871kN.m e X2=7,2583kN.m


Identifica-se que em análise de estruturas em barras de mesma rigidez EI,
considerando apenas deformação de momento fletor, as reações de apoio e os esforços
solicitantes independem dessa rigidez.
d) De acordo com a equação 2.5, a combinação linear (E,+X,.Ei+X2.E,) fornece
quaisquer esforços no estado E . Assim, as reaçóes de apoio e o diagrama de momento
fletor nesse estado podem ser obtidos, respectivamente, a partir das reaçóes de apoio e
dos diagramas representados na Figura E2.2b, e com o conhecimento das reaçóes nesse
estado pode ser traçado o diagrama de força cortante final. Esses resultados são
apresentados na Figura E 2 . 2 ~ .
Análise de Estruturas - Volume I

Cargas e reações (kN,m) 58,871

20 50
d$
7,2583
10,685 60,323 DV(kN)

10,685
39,677

Figura E2.2~.

Sugere-se ao leitor refazer esse exemplo utilizando outro sistema principal

2.3 - Exemplos de sistemas principais

Como usualmente existem infinitos sistemas principais (isostáticos) de uma dada


estrutura hiperestática, faz-se a escolha que facilite os cálculos e que forneça de forma mais
simples os esforços desejados. Nas Figuras 2.5, 2.6 e 2.7 estão representadas diversas
estruturas hiperestáticas com indicação do grau de indeterminação estática h e
exemplificação de sistemas principais (dois para cada caso). Nos casos em que se tem que
escolher necessariamente hi esforços seccionais como redundantes estáticas, caracteriza-se
grau de indeterminação estática interno hi, e o grau de indeterminação estática externo
h,=h-hi. Assim, em treliça com indeterminação interna, tem-se necessariamente que
escolher hi forças normais como redundantes. Em pórticos com grau de indeteminação
interna, é prático escolher momentos fletores em hi seções, embora se possam escolher
força normal e força cortante como redundantes. Em grelha, podem ser escolhidos:
momento fletor, momento de torção e força cortante. Em estruturas com indeterminação
estática externa, reações e esforços seccionais podem ser escolhidos como redundantes. Em
vigas contínuas, optando-se por escolher os momentos fletores nas seções dos apoios
centrais, tem-se determinação única de sistema principal, simplificando o uso do método
das forças. No item 2.7 retoma-se ao assunto, quando então é apresentado sistema principal
de estrutura simétrica considerando redundantes estáticas simétricas e anti-simétricas.
Capítulo 2 - Método das forças

Figura 2.5 - Sistemas principais em treliças planas

Figura 2.6 -Sistemas principais em grelhas.

85
Análise de Estruturas - Volume 7

Figura 2.7 - Sistemas principais em vigas e pórticos planos

2.4 - Variação de temperatura

Variação de temperatura como ação em estrutura hiperestática deve ser considerada


no estado E0 do presente método. Nesse estado, obtém-se a partir da equação 1.40 o
deslocamento do ponto e na direção de cada redundante estática Xi:

onde g~ é gradiente de temperatura, T é variação de temperatura, e a é o coeficiente de


dilatação térmica em cada ponto do eixo geométrico de barra, adotando notações do item
1.6.2. Nada se modifica em relação aos coeficientes de flexibilidade. No caso de g ~T, e a
constantes em cada barra, a equação anterior toma a forma:

onde o somatório se refere à soma dos efeitos das diversas barras da estrutura.

Exemplo 2.3 - Levanta-se a hiperestaticidade da viga do exemplo 2.2 de seção transversal


retangular de altura igual a 50cm, ~ 1 = 8 , 1 . 1 0 ~ k ~e .coeficiente
m~ de dilatação térmica
Capítulo 2 - Método das forças

igual a 1 0 " / " ~ ,considerando um acréscimo de temperatura de lS°C em sua face superior e
um decréscimo de 15OC em sua face inferior.
a) Com as notações da Figura 1.17 escreve-se TI=-15OC, T"+lS°C e T=O°C. Logo, o
gradiente de temperatura se escreve:

Adotando o sistema principal da Figura 2.2a, tem-se a mesma matriz de flexibilidade


que a do exemplo 2.2, e a equação 2.9 fornece:

b) Tendo-se em conta ~ 1 = 8 , 1 , 1 0 ~ k ~o. m


sistema
~, de equações de compatibilidade de
deslocamentos do exemplo 2.2 modifica-se para a forma:
2 , 0 5 7 6 ~ 1 0 ~ ~ ~ ~ + 1 , 0 2=-1,5.10-~
88~10~~~,
1,0288.10-5X1+ 3 , 7 0 3 7 . 1 0 - ~ =-2,7.10-~
~,
e fornece as soluções X, =-42,329kN.m e X, =-61,142kN.m

Exemplo 2.4 - Determinam-se as reações e as forças nas barras da treliça representada na


Figura E2.4a devido a um aumento uniforme de temperatura de 25°C na barra CD. Todas as
barras têm A=0,0375m2, ~ = 2 , 0 5 . 1 0k' ~ / m e' a =IO-~PC.

Figura E2.4a.

a) Na Figura E2.4b estão representados o sistema principal escolhido e o estado E1 com a


indicação das correspondentes forças normais e reações de apoio.
b) A equação 2.9 fornece: +.

6,, =aTN,,e,, =10-5.25.1.3=7,5.10" m

Com ~ ~ = 7 , 6 8 7 5 , 1 0e ~ak partir


~ da equação 2.6 escreve-se o coeficiente de
flexibilidade:
Análise de Estruturas - Volume I

Logo, tem-se a redundante estática:

Figura E2.4b.

c) De acordo com a equação 2.5, os esforços na estrutura original são obtidos por X,.E,.
Logo, têm-se as reações e as forças nas barras indicadas na Figura E 2 . 4 ~ .

Figura E2.4~.

Exemplo 2.5 - Determina-se a força na barra CD da estrutura representada na parte


esquerda da Figura E2.5a, devido a um acréscimo uniforme de temperatura de 15'C na
barra AB. As barras AC, CB e CD têm ~ = 6 6 c me ~E,=205GPa, e a barra AB tem
I=2,16.105cm4, E2=21GPa e a = 1 0 - ~ / ' ~ Desconsideram-se
. as deformações de força
normal e de força cortante na barra AB.

Figura E2.5a.

88
Capítulo 2 - Método das forças

a) Na parte direita da Figura E2.5a está representado o sistema principal escolhido, e na


Figura E2.5b está representado o estado E1 com os correspondentes diagramas de
esforços seccionais.
b) A equação 2.9 fornece:
6,, =aTN,,e,, =10-~.15.0,625.lO=9,375.1O-~m

Tem-se: E21=21.106.22,16.10-3=4,536.104k~.m2,E I ~ = 2 0 5 . 1 0.66.1O-~


6 =1,353.106kN.
Logo, a partir da equação 2.6 escreve-se o coeficiente de flexibilidade:

Figura E2.5b.

c) Logo, obtém-se a força na barra CD:

que é de compressão.

Exemplo 2.6 - A Figura 2.6a apresenta esquema simplificado de ponte em concreto de dois
vãos, apoiada em encontros nas extremidades da viga. Determinam-se os diagramas dos
esforços solicitantes devido a um acréscimo de temperatura de 17'C na face superior da
viga e a um acréscimo de 5OC em sua face inferior, tendo-se E=3,0.1O7k ~ / m ~a =, 1 0 - ~ / ' ~ ,
momento de inércia do pilar igual a 0,4202m4 e momento de inércia da viga igual a
2.354m4.
Análise de Estruturas - Volume 1

20,Om 25,Om +
I

Corte AA'

.............................

centróide

Figura E2.6a.

a) Considerando o pilar central engastado no bloco de fundação e na viga, e os apoios nos


encontros como de primeiro gênero, recai-se no sistema estrutural de pórtico plano
representado na Figura E2.6b, juntamente com o sistema principal escolhido e os
correspondentes estados E1 e Ez.

Figura E2.6b.

b) Os coeficientes de flexibilidade são obtidos com a equação 2.6 e a Tabela 1.2:


Capítulo 2 - Método das forças

Os coeficientes de carga 6,, e 6,, são calculados com a equação 2.9. No caso, como
as forças normais nas barras em que ocorre variação de temperatura são nulas, tem-se
apenas a parcela de flexão devido ao gradiente de temperatura:

C) Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:

de soluções X1=353,10kN e X2=282,48M


Com esses resultados são traçados os diagramas de esforços solicitantes da Figura
E2.6~.

Figura E 2 . 6 ~ .

2.5 - Deslocamento prescrito


Na construção do sistema principal do presente método, eventuais apoios com
deslocamentos prescritos podem ser retirados ou não. No caso de que sejam retirados esses
apoios, a equação 2.3 de compatibilidade de deslocamentos toma a forma:
AX=-6
-- +6 (2.10)
-0 -p

onde 6 é um vetor com os deslocamentos prescritos nas direções das redundantes estáticas
-P
consideradas. A resolução da equação anterior fornece essas redundantes, da mesma
maneira que no caso de estruturas sem deslocamento prescrito.
Não se retirando os apoios com deslocamentos prescritos na construção do sistema
principal, esses deslocamentos passam a ser ações atuantes no estado Eo.Logo, a partir da
equação 1.42 do método da força unitária com deslocamento prescrito, escreve-se:

si,=-CR,,~S.+~
n EA E1 GA, GJ
Análise de Estruturas - Volume 1

com i variando de 1 até o número total de redundantes estáticas e n variando de 1 até o


número total de deslocamentos prescritos. Ainda nessa equação, 6, é o n-ésimo
deslocamento prescrito e Rni representa a reação na correspondente direção de apoio do
estado Ei em que se tem força unitária na i-ésima direção de redundante. Os coeficientes
6,, com i e j variando de 1 até o número total de redundantes, continuam sendo calculados
pela equação 2.6. Em ambos os procedimentos anteriores, a matriz de flexibilidade não se
altera e é imediato identificar que, em estruturas com mais de um deslocamento prescrito,
podem ser usados simultaneamente esses procedimentos. No caso da estrutura hiperestática
ter como ação externa apenas deslocamento prescrito, o vetor 6 que ocorre na equação
-0
2.10 é nulo, assim como é nula a integral que ocorre na equação 2.1 1.
Deformações introduzidas quando da montagem da estrutura, denominadas
deformações prévias, podem ser levadas em conta de maneira semelhante ao caso de
deslocamentos prescritos. Basta determinar os deslocamentos (no sistema principal)
associados a essas deformações nos pontos e direções das redundantes estáticas escolhidas
e somar esses deslocamentos ao segundo membro da equação 2.10. Alternativamente,
deformações prévias e deslocamentos prescritos podem ser considerados através do
procedimento de forças nodais equivalentes que será apresentado no item 2.8.

Exemplo 2.7 - Obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes da grelha da Figura E2.7a


devido a um recalque de 2,Ocm no apoio A de cima para baixo, com ~ 1 = 8 , 0 2 3 7 . 1 0 ~ k N . m ~
e ~ ~ = 6 , 1 8 4 1 ,k1~0.~m ' ,e desconsiderando deformação da força cortante.

Figura E2.7a.

a) Adotando-se o sistema principal representado na Figura E2.7b, utiliza-se a equação


2.10 uma vez que a direção do hiperestático Xi coincide com a do deslocamento
prescrito. O estado Ei e os correspondentes diagramas de momento fletor e de
momento de torção estão representados na citada figura.
A equação 2.6 e a Tabela 1.2 fornecem o coeficiente de flexibilidade:
Capítulo 2 -Método das forças

Figura E2.7b.

Logo, a equação 2.10 de compatibilidade de deslocamento toma a forma:


1 , 2 0 0 2 ~ 1 =-0,02
0 ~ ~ ~ de
~ solução X,=-1,6664kN. Com esse resultado, obtêm-se os
diagramas de esforços representados na Figura E 2 . 7 ~ .

Figura E 2 . 7 ~ .

b ) Utilizando a equação 2.11, optou-se por escolher o sistema principal representado na


Figura E2.7d onde também estão representados o estado Ei e os correspondentes
diagramas de momento fletor e de momento de torção.
A equação 2.6 e a Tabela 1.2 fornecem o coeficiente de flexibilidade:

A equação 2.10 fornece o coeficiente de carga:


4, =-0,5 (-0,02)=0,01 rad
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E2.7d

Logo, tem-se a equação de compatibilidade de deslocamentos:


3,0006.10-'x, =-0,01 de solução X, =-3,3327kN.m. Esse resultado conduz aos mesmos
diagramas representados na Figura E 2 . 7 ~ .

Exemplo 2.8 - Seja obter os diagramas de esforços solicitantes da viga do exemplo 2.2
com ~ 1 = 8 , 1 . 1 0 ~ k ~ agora
. m ~ , devido a um recalque do engaste de 1,5cm de cima para
baixo.
a) Utilizando o procedimento da equação 2.10, adota-se o sistema principal representado
na Figura E2.8a juntamente com os estados El e Ez, e com os correspondentes
diagramas de momento fletor.

Figura E2.8a.

94
Capítulo 2 - Método das forças

A equação 2.6 e a Tabela 1.2 fornecem os coeficientes de flexibilidade:

Logo, a equação 2.10 de equações de compatibilidade de deslocamentos toma a forma:


9,2593.10-~X,-2,3663.10-4X, =-0,015
=O
- 2 , 3 6 6 3 . 1 0 ' ~ +0,78189.10-~~,
~~

de soluções X, =-71,497kN e. X, =-216,38kN.m. Com esses resultados, obtêm-se os


diagramas de esforços representados na Figura E2.8b.

Figura E2.8b.

b) Utilizando a equação 2.11, adota-se o sistema principal representado na Figura E2.2a.


Assim, recalculam-se os deslocamentos 6,, com as reações de apoio dos estados E1 e
E2 representadas na Figura E2.2b da página 83, obtendo-se os coeficientes de carga:

6,, =-(-0,2.0,015)=0,003 rad , 6,, =-0,2.0,015 =-0,003 rad


Logo, tem-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos do exemplo
2.2 modifica-se para a forma:

i 2,O576.1O4X1 +1,0288.10-~~, =-0,003


1 , 0 2 8 8 ~ 1 +03~, 7~0~3 7~ . 1 0 - ~ ~=0,003
,
de soluções X, =-216,3493kN.m e X, =141,0968kN.m. Esses resultados fornecem os
mesmos diagramas da Figura E2.8b.

Exemplo 2.9 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico representado na


parte esquerda da Figura E2.9a devido ao carregamento e ao recalque de apoio indicados,
sendo o momento de inércia das colunas igual a 1,53809.10~cm~, o momento de inércia da
viga igual a 2,332.105cm4 e o módulo de elasticidade de todas as barras igual a
Análise de Estruturas - Volume 1

2,05.108k ~ l m ' . Na parte direita da referida Figura está representado o sistema principal
escolhido.

Figura E2.9b.
Com os diagramas da figura anterior, determinam-se os coeficientes:
Capítulo 2 -Método das forças

1 1
h,, =--.0,015+ =-1,3 1749.10-'rad
8

b) Logo, obtém-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:


, ,

i4 , 0 3 0 6 6 . 1 0 - ~+5,88406.10-~~,
5,88406.10-~~,
~, =-1,00767.10-~
+1,82641.10-5X2=1,3 1749.10-'
de soluções X1=-66,9267kN e Xz=288,20!&.m.
*#, .
LL , .
. ., , ..
,_>'<' ,
I
. .

c) Com esses resultados traça-se o diagrama de momento fletor da Figura E 2 . 9 ~ .

Figura E2.9~.

2.6 - Apoio elástico

Na construção do sistema principal em análise de estruturas com apoios elásticos


pelo método das forças, os esforços desenvolvidos nesses apoios podem ser escolhidos
como redundantes estáticas ou não. A Figura 2.8 ilustra a primeira dessas opções, onde Xi é
o esforço (interno) que ocorre na interface entre o i-ésimo apoio elástico e as barras da
estrutura, interface esta que (de acordo com a equação 1.43) tem deslocamento Xi/ki.
Da figura anterior depreende-se que os coeficientes h,, e tiij, com i f j , não têm
influência dos apoios elásticos, permanecendo válida a equação .>2.6. No caso dos
coeficientes de rigidez Gii,tem-se a participação dos apoios elásticos e se escreve:

1 ( N i N i + N vv. 'T.
s..=-+S -- +L +a dr )
" ki EA E1 GA, GJ
Esses coeficientes definem a equação 2.3 de compatibilidade de deslocamentos
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 2.8 - Primeira combinação linear de estados no caso de apoios elásticos.

Alternativamente ao procedimento anterior, a Figura 2.9 ilustra caso em que os


esforços desenvolvidos nos apoios elásticos não são escolhidos como redundantes estáticas,
tendo-se combinação linear de estados de sistemas isostáticos com apoios elásticos.
De acordo com o item 1.6.4, utiliza-se o modelo auxiliar representado na Figura
1 . 1 9 ~da página 50, em que os apoios elásticos são substituídos por apoios indeformáveis.
Logo, a partir da equação 1.45 escreve-se o coeficiente:

onde F,,, é a reação no apoio indeformável que substitui o n-ésimo apoio elástico no estado
Ei, e F,, é a reação no apoio indeformável que substitui o n-ésimo apoio elástico de rigidez
k, no estado Ej. Ainda na equação anterior, n varia de 1 até o número de apoios elásticos, i
varia de 1 até o número de redundantes estáticas e j varia de O até esse número. É imediato
Capítulo 2 - Método das forças

identificar que, em estruturas com mais de um apoio elástico, podem ser usados
simultaneamente os dois procedimentos descritos anteriormente.

7 17 .-,
xz
4
-- -)

FIO f
-t
F20
t

,i:
1- -
D Estado E0

kl
- -t

61,

Fi i FIZ
+ XI x Estado E2

Figura 2.9 - Segunda combinação linear de estados no caso de apoios elásticos.

Exemplo 2.10 - Determinam-se os diagramas de esforços solicitantes da estrutura da


Figura E2.10a em que ~ 1 = 8 , 1 . 1 0 ~ k ~ .modificação
m~, da viga do exemplo 2.2 por
substituição do apoio de primeiro gênero intermediário por apoio elástico.

Figura E2.10a.

99
Análise de Estruturas - Volume 1

a) Utilizando a equação 2.12, adota-se o sistema principal representado na Figura E2.10b


juntamente com os estados Eo, E1 e Ez, e com os correspondentes diagramas de
momento fletor. A partir desses diagramas, obtêm-se os coeficientes:

1
s,,=-- + 1 ~-.5~5.5=1,0144~10-~
1
2.103 8 , 1 . 1 0 ~

: Xl ' x2

-'
20kNím
i 50kN.m
O0
................. ~~
DMo(kN.m)

.................... ~~~~~

3 I 5 4

DMi
8

ml x1=1

X,=l
9
DMz

Figura E2.10b.
Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:
1,0144Xl +1,1317X2=27,006
1,1317X1+3X2=64,866

de soluções X, =4,32kN e X, =19,99kN.


b) Utilizando a equação 2.13, escolhe-se o sistema principal representado na Figura
E 2 . 1 0 ~juntamente com modelo auxiliar obtido por substituição do apoio elástico por
Capítulo 2 - Método das forças

-
apoio indeformável. Os coeficientes 6, são os do exemplo 2.2 adicionados à parcela
F;Fj/k, sendo Fi a reação no apoio central do modelo auxiliar no estado Ei com i=l e 2,
e Fj a reação nesse apoio no estado Ej com j=O, 1 e 2. Essas reações estão indicadas na
Figura E2.2b.

XI Xi
L'.
- *\,
,?

75% A
Modelo auxiliar

Figura E2.10~.
Assim, obtêm-se os coeficientes:

Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:

de soluções X, =98,469kN.m e X, =-29,973kN.m. Com essas soluções, obtêm-se os


diagramas de esforços representados na Figura E2.10d, que são os mesmos que se obtêm
com as soluções do item a anterior.

98,47 DM(kN.m)
Cargas e reações

+ ....

Figura E2.10d.

101
Análise de Estruturas - Volume 1

Exemplo 2.11 - Determinam-se as forças normais nas barras da treliça da Figura E2.11a
em que se têm ~=68,75cm'e ~ = 2 , 1 . 1 0 ~ k N l m ~todas
e m as barras, e k = 2 , 4 . 1 0 ~ k ~ / m .

a) Utilizando a equação 2.12, adota-se o sistema principal representado na figura E2.11b


juntamente com os estados E0 e Ei. Os cálculos intermediários para o cômputo dos
coeficientes 6 , estão apresentados na Tabela ET2.1 la.

i_
me X,=l

Figura E2.11b.
Tem-se:
EA =2,1.108.68,75.10-~=1,4438.106kN
Capítulo 2 - Método das forças

Tabela ET2.lla.

Logo, a equação de compatibilidade de deslocamentos se escreve sob a forma:


1,6277.10-~X, =2,8377.10-~, fornecendo a solução X, =17,434 kN. Os esforços
normais finais são apresentados em negrito na Tabela ET2.l la.
b) Para utilizar o procedimento que conduziu à equação 2.13, escolhe-se o sistema
principal da Figura E 2 . 1 1 ~onde também está representado o correspondente modelo
auxiliar.

meAx
LLo
Figura E2.11~.
Modelo auxiliar

Os estados E0 e E1 estão indicados na Figura E2.11d e os cálculos intermediários para


o cômputo dos coeficientes 6 , estão apresentados na tabela ET2.1 lb.
A equação 2.13 fornece os coeficientes:
7

Análise de Estruturas - Volume I

Figura E2.11d.

Tabela ET2.llb.

Logo, escreve-se a equação de compatibilidade de deslocamentos:


6,5110.10-~~,=7,3466.104, de solução X, =11,283kN. Essa solução fornece as
mesmas forças normais calculadas anteriormente, que são reapresentadas em negrito
na Tabela ET2.1 lb.

2.7 - Estruturas simétricas

No item 1.8 foi mostrado que, em análise de estrutura com simetrias elástica e
geométrica, se pode utilizar o modelo reduzido tirando partido dessas simetrias e, a partir
dos resultados desse modelo, obter os resultados da estrutura original. Com carregamento
qualquer, esse procedimento requer a decomposição do carregamento em uma parcela
simétrica e outra auti-simétrica, quando, então, se faz a análise com cada uma dessas
parcelas separadamente, utilizando-se a sistemática já apresentada do método das forças. A
vantagem é recair na resolução de sistemas de equações de compatibilidade de
Capítulo 2 -Método das forças

deslocamentos com menor número de incógnitas que o da estrutura original. Como


ilustração, considere-se a decomposiçáo de carregamento da pórtico plano simétrico de
grau de indeterminaçáo estática igual a 6 representado na Figura 2.10. Nessa mesma figura
estão representados os modelos reduzidos das parcelas simétrica e anti-simétrica, com
sistemas principais de graus de indeterminação estática igual a 4 e a 2, respectivamente.

Figura 2.10 -Modelos reduzidos das parcelas simétrica e anti-simétrica do carregamento.

Exemplo 2.12 - Determinam-se os diagramas de esforços solicitantes do pórtico plano da


Figura E2.12a em que todas as barras têm o mesmo momento de inércia e o mesmo módulo
de elasticidade, utilizando a decomposição do carregamento em uma parcela simétrica e
outra anti-simétrica, e considerando apenas deformação do momento fletor. As barras têm
~ = 3 , 0 . 1 0 ' k ~ / m1=2,9213.10-~m~.
~e

Figura E2.12a.

a) A decomposição do carregamento é apresentada na Figura E2.12b.

105
Análise de Estruturas - Volume 1

10kNIm 10Wm 10kNlm

EFl--J I--TrB
Parcela simétrica

Figura E2.12b.
Parcela anti-simétrica

b) Análise com a parcela simétrica do carregamento:


Considerando a simetria da estrutura e do carregamento, utiliza-se o modelo reduzido
representado na Figura E2.12c, juntamente com o sistema principal escolhido. No
caso, não considerar deformação de força normal implica desconsiderar a barra do
eixo de simetria e restringir o deslocamento vertical da seção média como
representado na figura, diferentemente do representado na Figura 1.25 do capítulo
primeiro.

Figura E2.12~.

Os estados Eo, Ei e Ez estão representados na Figura E2.12e, juntamente com os


correspondentes diagramas de momento fletor.
Tem-se: E1=3,0.107.2,9213.10-' = 8 , 7 6 3 9 . 1 0 ~ k ~ . m ~
1 1 1
EIS,, =T.80.4.4+-.20.4.4+-.80.4.6=1 173,3
3 3
1 1 1
EIS,, =--.80.1.6=-80,O , EIS,, =-,4,4.4+-.4,4.6=53,333
6 3 3
1 1
EIS --,1,1,6=2,0 , EIS,, =--.4.1.6=-4,0
,,-
3 6
Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:

i53,333X1-4,0X2 =-1173,3
-4,0X1 +2,0X, =80,0

de soluções X, =-22,3530kN e X, =-4,7061kN.m.


Capítulo 2 - Método das forças

Figura E2.12d.

Com as soluções anteriores, obtêm-se os diagramas dos esforços solicitantes


representados na Figura E2.12e.

Figura E2.12e.

c) Análise com a parcela anti-simétrica do carregamento:

107
Análise de Estruturas - Volume 1

Considerando a simetria da estrutura e a anti-simetria do carregamento, utiliza-se o


modelo representado na Figura E2.12f, juntamente com o sistema principal escolhido. No
presente caso, a não consideração de deformação de força normal restringe o deslocamento
vertical da seçáo de simetria, que na ilustração da Figura 1.31, do primeiro capítulo, foi
restringido por um apoio do primeiro gênero.

I I
Figura E2.12f.
I
Os estados para o modelo representado na Figura E2.12e estão representados na
Figura E2.12g, juntamente com os correspondentes diagramas de momento fletor.
Tem-se:
1 1 1
EIS,, =--80.4.4--20.4.4--.80.4.6=-1493,3 k ~ . m ~
3 3 2
1 1
EIS --~4.4~4+4~4.6+2--.4.4.4=160,0
I'- 3 3

Figura E2.12g.

Logo, escreve-se a equação de compatibilidade de deslocamento: 1,60X, =1493,3,


de solução X, =9,3333kN. Com esse resultado, obtêm-se os diagramas dos esforços
solicitantes representados na Figura E2.12h. Os diagramas da estrutura original são obtidos
por soma dos diagramas das Figuras E2.12f e E2.12h. Identifica-se que o grau de
indeterminação estática da estrutura original é 3 e que o correspondente grau da estrutura
Capítulo 2 -Método das forças

com o carregamento simétrico é 2 e que o da estrutura com o carregamento anti-simétrico é


igual a 1.

Figura E2.12h.

Com a mesma vantagem que o procedimento anterior, mas trabalhando com o


carregamento original, tem-se o procedimento de escolha de redundantes estáticas
simétricas e anti-simétricas, Como ilustração, considere-se o pórtico plano simétrico da
Figura 2.1 1 para o qual se escolhe o sistema principal simétrico representado nessa mesma
figura, em que as redundantes X1 e XII são os momentos fletores à esquerda e à direita da
seção de simetria, respectivamente. Essas redundantes podem ser obtidas a partir da
redundante estática simétrica XI e da redundante estática anti-simétrica XZ, como indicado
na referida figura.

Figura 2.11 -Pórtico plano simétrico.

109
Análise de Estruturas - Volume 1
Na Figura 2.12 estão representados os estados El e E2 das redundantes XI e X2,
juntamente com os respectivos diagramas de esforços solicitantes. Com esses diagramas,
identifica-se que o coeficiente de flexibilidade F,, é nulo, implicando em sistema de
equações de compatibilidade de deslocamentos sob a forma:

Nesse sistema, a incógnita simétrica X, está desacoplada da incógnita anti-simétrica Xz, o


que facilita a sua obtenção.
Nas Figuras 2.13a até 2.13d estão exemplificados diversos sistemas principais com
redundantes estáticas simétricas e anti-simétricas. Os dois últimos modelos da Figura 2.13d
se referem a estruturas auto-equilibradas em que não se pode trabalhar com carregamento
anti-simétrico.

Figura 2.12 -Estados El e E1 com os correspondentes diagramas de esforços solicitantes.

Figura 2.13a - Redundantes simétricas e anti-simétricas em vigas.

110
Capítulo 2 - Método das forças

Figura 2.13b -Redundantes simétricas e anti-simétricas em treliças.

Figura 2 . 1 3 -
~ Redundantes simétricas e anti-simétricas an grelhas

Agrupando no vetor X, as redundantes simétricas e, no vetor X, as anti-


- -
simétricas, o sistema de equações de compatibilidade cinemática toma a forma:
Análise de Estruturas - Volume 1

onde as incógnitas X estão desacopladas das incógnitas X


-s - a
. 6-sU e 6
-a0
representam os
coeficientes de carga segundo as redundantes simétricas e anti-simétricas, respectivamente.
A resolução do sistema anterior recai na resolução de dois sistemas menores de soluções:

Figura 2.13d - Redundantes simétricas e anti-simétricas em pórticos.


Capítulo 2 - Método das forças

Logo, os esforços e deslocamentos na estrutura original podem ser obtidos pela


combinação linear:

onde E,, e E, se referem aos estados do sistema principal sob cargas unitárias segundo as
redundantes simétricas e anti-simétricas, respectivamente.
No caso particular de carregamento simétrico, tem-se F- a 0 =O- que implica X =O,
- a -
com a equação 2.17 particularizando-se para a forma:

No caso de cairegamento anti-simétrico, têm-se 6 e X =O, com a equação 2.17


-so -s -
particularizando-se para:

Exemplo 2.13 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico plano auto-


equilibrado de dupla simetria representado na Figura E2.13a, em que todas as barras têm o
mesmo EI.

Figura E2.13a.

a) Análise utilizando modelo reduzido:


A Figura E2.13b apresenta o modelo reduzido utilizando a dupla simetria, com o
sistema principal escolhido e os correspondentes estados E0 e El acompanhados de
seus diagramas de momentos fletores. Com esses diagramas, obtêm-se:

Logo, têm-se a equação de compatibilidade de deslocamentos e a respectiva solução:


5X,=190 Xi=38kN.m
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E2.13b.

Com o resultado anterior, chega-se ao diagrama de momento fletor representado na


Figura E2.13~.

Figura E2.13~.

b) Análise utilizando redundantes estáticas simétricas e anti-simétricas:


No caso, adota-se a representação da Figura E2.13d.

Figura E2.13d.

114
Capítulo 2 - Método das forças

A Figura E2.13e apresenta os estados Eo, Ei, EZ e E3, e os correspondentes


diagramas de momento fletor. Com esses diagramas, obtém-se o sistema de equações de
compatibilidade de deslocamentos e respectiva solução:

No caso, 6, =O porque o carregamento é simétrico em relação ao eixo vertical, implicando


X,=O. A partir desses resultados, obtém-se o mesmo diagrama de momento fletor
representado na Figura E 2 . 1 3 ~ .

Figura E2.13e.

Exemplo 2.14 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico auto-equilibrado


da Figura E2.14a, modificação do exemplo anterior.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E2.14a.

a) Análise utilizando modelo reduzido:


O pórtico da Figura E2.14a tem dupla simetria, enquanto seu carregamento tem
simetna apenas em relação a um eixo horizontal. No caso não é possível decompor
esse carregamento em parcelas simétrica e anti-simétrica relativamente ao eixo de
simetria vertical da estrutura, por esta ser auto-equilibrada. Assim, na construção do
modelo reduzido (que também é auto-equilibrado), tira-se partido apenas do eixo de
simetna horizontal, como representado na parte esquerda da Figura E2.14b. Para efeito
de análise pelo método das forças, adota-se o modelo reduzido da parte central dessa
figura (obtido a partir do anterior por restrição do deslocamento horizontal do ponto A)
e o sistema principal da parte direita dessa mesma figura.

Figura E2.14b.

A Figura E 2 . 1 4 ~apresenta os correspondentes estados Eo, El e E2, com os seus


diagramas de momento fletor. Com os diagramas de momento fletor dessa figura,
chega-se ao sistema de equações e respectiva solução:

Esse resultado conduz ao diagrama de momento fletor representado na Figura E2.14d.


Capítulo 2 - Método das forças

Figura E2.14~.

Figura E2.14d.

b) Análise utilizando redundantes estáticas simétricas e anti-simétricas:


Adota-se a representação da figura E2.13d do exemplo anterior e o estado E0 e
correspondente diagrama de momento fletor estão representados na Figura E2.14e.

Figura E2.14e.

117
Análise de Estruturas - Volume 1

Com os estados Ei, Ez, E3 da Figura 2.13e, e com o estado E0 da figura anterior,
obtém-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos e respectiva solução:

Com esses resultados e as notações da Figura E2.13d, têm-se as redundantes


estáticas:
X, =X,+X, =49,333kN.m
X,, =X, =-34,OkN.m
X,,,=X,-X, =62,667kN.m
Logo, obtém-se o diagrama de momento fletor da Figura E2.14d.

2.8 - Forças nodais equivalentes


Ações em barras podem ser forças externas, variação de temperatura e deformação
prévia de pré-esforço de montagem, além de deslocamento prescrito que também é
causador de deformação prévia. Essas ações podem ser consideradas na análise da estrutura
através de forças nodais equivalerztes apresentadas a seguir. Para isso, considere-se a Figura
2.14 onde está representado um pórtico plano com barras sob forças externas representadas
por P e p, sob ação de variação de temperatura representada por T e com deformação prévia
representada por D. Cada extremidade de barra é denominada ponto nodal e os
deslocamentos lineares e de rotação nesses pontos são denominados deslocamentos nodais.
Na parte (b) dessa figura está representada isoladamente cada barra solicitada por aquelas
ações, com suas extremidades restringidas e respectivas reações de apoio que são
denominadas esforços de engastameizto pe$eito. Na parte (c) da mesma figura está
representado o pórtico com suas ações externas mais esses esforços de engastamento
perfeito atuando como cargas nodais. Nessa parte, tudo se passa como se os pontos nodais
estivessem bloqueados quanto a deslocamentos. Na parte (d) da figura está representado o
pórtico com os esforços de engastamento perfeito em sentidos contrários aos originais,
atuando como cargas nodais.
A soma das ações que atuam nas partes (c) e (d) da Figura 2.14 reconstitui as ações
da parte (a) dessa figura. Logo, a soma dos deslocamentos nodais das estruturas
representadas nessas partes fornece os deslocamentos nodais do pórtico representado em
(a). Mas, como em (c) cada barra isoladamente é auto-equilibrada, os correspondentes
deslocamentos nodais são nulos e, conseqüentemente, os deslocamentos nodais em (d) são
iguais aos deslocamentos nodais em (a). O mesmo se aplica às reações de apoio.
Semelhantemente aos deslocamentos uodais, os esforços solicitantes nas
extremidades das barras do pórtico em (a) podem ser obtidos pela soma dos
correspondentes esforços em (c) e (d), mas como os esforços solicitantes nas extremidades
das barras do pórtico em (c) são iguais aos esforços de engastamento perfeito representados
em (b), os esforços solicitantes nas extremidades das barras em (a) são iguais à soma dos
r i
Capítulo 2 - Método das forças

P
qXM
esforços de engastamento perfeito mais os esforços que ocorrem nas extremidades das
barras em (d).

Ri
T D R4

-:.;'
MiW
(a) Pórtico com barras carregadas (b) Esforços de engastamento perfeito

RP M
";h.. R4
M4

t -t

~1 MF'
(c) Pórtico com as cargas originais e (d) Pórtico com os esforços de
com os esforços de engastamento engastamento perfeito em
sentidos contrários

Figura 2.14 - Forças nodais equivalentes.

Os esforços de engastamento perfeito podem ser determinados pelo próprio método


das forças. As Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3 listam esses esforços para os casos mais usuais de
ações em barra reta de seção transversal constante e condições de contorno, que foram
obtidos desconsiderando deformação de força cortante. Nestas tabelas, a notação T com
representação vetorial é momento e, sem representação vetorial é temperatura (vide Figura
1.17 da página 45). Ressalta-se que, nas referidas tabelas, se adotou a convenção de
...
momentos positivos no sentido anti-horário.
Resumindo, para efeito de análise de estrutura com ações aplicadas em barras, essas
ações podem ser substituídas por forças nodais iguais aos esforços de engastamento perfeito
dessas barras, com sentidos contrários, denominadas forças nodais equivalentes. Os
deslocamentos nodais da estrutura sob as ações originais são iguais aos deslocamentos
nodais da estrutura com as forças nodais equivalentes. Os esforços solicitantes nas
extremidades das barras da estrutura sob as ações originais são iguais à soma dos esforços
Análise de Estruturas - Volume I

de engastamento perfeito mais os esforços solicitantes nas extremidades das barras da


estrutura com as forças nodais equivalentes.

Carregamento TA

pab2 Pa2b Pb MA+M,


M A=- R A ---+
i a ; e2 , M,=-e2 e e
R, =P-R,
P
+ Pb H, =-- Pa
i a i b =-e e

Tabela 2.1 -Esforços de engastamento perfeito em barra biengastada.

120
Capítulo 2 - Método das forças

Carregamento
RA

LLLE~P M =- pez
A 8
, R =-5 ~ 6 ,
A 8
R,=- 3~e
8

dpM, =- 7pe2
120
, R,=- 9p e
40
, R,=- 11pe
40

~n'rrs-, MA=-pe2
15
, R =- 2~ e
A 5
, R"=
PC

M* =+{4a(b+e)-c'),
81 pcb
R A=-+-e MA , R,=pc-R,
j i ~ 1 21 C I ~ii ;i e
i a ;l, i

1
'
i e12 e12
3
;e
M --P! 3
A-16
, R --P11
A-16
R --P 5
'-
16

Pab Pb MA
~,=,(!+b) , R,=-+--
2! e L , RB=P-R,
P
4
H, =-- Pb Pa
i a i h e H " - ~
T
i a b
TA =-- Tb TB=-- Ta
e L
M
M M
i a "i b ; , R A =-R B =-+.-L
e e
M 3M
MA=- R A --R,
- =-
2 2e
T
H,=-H,=aEAT ~ .*

T~ Ti -TS 3EIag, M
g ~ =h , MA= , R,=-R 6 =A-
T1 2 L

Tabela 2.2 -Esforços de engastamento perfeito


em barra com extremidades engastada e articulada
Análise de Estruturas - Volume I

Carregamento

M =--pe2 , M =--MA , RA=pe


m j p A 3 2

dp
M, =- 5pe2
24
, M,=- pe2
8
, R,=- P e
2

PL
M, 5pe2
8
, =-- M,=- pe2
24
, R =-pe
A 2

~ 1 i i l P
i a M A=- Paz (3~-a) , M, =- pa3 , RA=pa
6e 6e

1 i j
M, = -3~ e , M,=-
Pe
, R,=P
F
8 8

M =-Pa (t+b) , M,=-


~a
, R,=P
A 2t 2e

"I M A=M, =-~e


2
R, = P
P
Pb H, =-- Pa
i a i
=-7 e
T
: a
-L)

b
TA =-- Tb TB =-- Ta
j
e e
M
M A=-E , M,=-Ma , R,=O
i a U i b j
e e
T H, =-H, =aEAT

T~ T' -T"
&'T= h , M A=-M, =3EIag,
T'

Tabela 2.3 - Esforços de engastamento perfeito em barra


de exaemidades engastada e liberada à força cortante.
Capítulo 2 - Método das forças

Exemplo 2.15 -Determinam-se as reações de apoio nos pontos A e B da viga do exemplo


2.2 de ~ 1 = 8 , 1 . 1 0k ~~ . m ' reapresentada na Figura E 2 . 1 5 , utilizando o sistema principal
indicado e a técnica das forças nodais equivalentes.

Figura E2.15a.

a) Com as notações da Figura E2.15b e o auxilio da tabela 2.1, obtêm-se os esforços de


engastamento perfeito:
2
MA,=-M BI------ " - 20'52 -41,667kN.m , R,, = R B ,=-=50k~
12 12 2
Com esses esforços têm-se as forças nodais equivalentes que são representadas na
Figura E2.15b.

Figura E2.15b.

b) A Figura E 2 . 1 5 ~apresenta os estados Eo, E1 e Ez, com os correspondentes diagramas


de momento fletor. A partir desses diagramas, obtêm-se os coeficientes:
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E2.15b.

c) Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos:

de soluções X, =-20,063kN e X, =10,665kN. Com esses resultados, calculam-se as


reações de apoio:
R, =R,,+X, =50-20,9085=29,037kN e RC=X,=10,665kN. Essas reações
coincidem com as obtidas no exemplo 2.2.

Exemplo 2.16 -Considerando apenas deformação do momento fletor na barra de pequena


curvatura da estrutura representada na Figura E2.16a, busca-se a força de tração que deve
ser aplicada ao tirante AB para que, quando da atuação da força P indicada, as barras
verticais não tenham flexão.

Figura E2.16a.

a) A força no tirante deve ser tal que se tenha deslocamento horizontal relativo nulo entre
os pontos A e B, quando da aplicação da força P que, para efeito de determinação de
deslocamentos nodais, pode ser substituída pelos seus esforços de engastamento
Capítulo 2 - Método das forças
perfeito com sinais contrários. Esses esforços são representados na Figura E2.16b,
juntamente com o sistema principal escolhido e os estados E. e El.

+
XI

t Pi2 P/2
Bn
Para 8<7112 m-rse "e

-
X,=l
.~
........ ........

-
Figura E2.16b.

b) A partir das equações de momento fletor dos estados E0 e El, obtêm-se os coeficientes:
2 n12 P pr3 2 9712 2 2
6,,=-/
E1 o
(-rsen0)-r(l-cos0)r.d6=---
2 2 E1
, 6 --J
"- o
r sen B , ~ B = -n r 3
2 E1
Logo, tem-se a equação de compatibilidade de deslocamentos e respectiva solução:

A força de tração no tirante deve ser igual a X1 para que não haja flexão das barras
verticais.

2.9 - Coeficiente de rigidez

No item 1.6.4 definiu-se rigidez de mola como sendo numericamente igual à força
para provocar deslocamento unitário. Esse conceito se estende a barras no presente item e é
a base para o desenvolvimento do método dos deslocamentos do próximo capítulo. Para
apresentá-lo, as extremidades da barra são denominadas pontos nodais, onde se
caracterizam deslocamentos nodais e forças nodais. Cada uma das forças nodais que se
obtém quando se impõe um deslocamento nodal igual à unidade, mantendo-se todos os
demais deslocamentos nodais nulos, é numericamente igual a um coeficiente de rigidez da
Análise de Estruturas - Volume I

barra. A seguir são obtidos os coeficientes de rigidez de barras retas de seção transversal
constante, desconsiderando deformação de força cortante.

2.9.1 - Barra biengastada

Considere-se a barra engastada em ambas as extremidades como representado na


Figura 2 . 1 5 em que di e d3 são os deslocamentos transversais dessas extremidades, e d2 e
dq, as rotações. Os deslocamentos axiais não são numerados por não se considerar
presentemente deformação de força normal.

Figura 2.15a.

A referida barra impõe-se o deslocamento d2=lrad, mantendo-se nulos os demais


deslocamentos nodais, o que provoca forças nodais reativas Xl a Xq que são numericamente
iguais a coeficientes de rigidez. Para obtê-los, escolhe-se o sistema principal indicado
naquela figura, quando então, Xi e X2 são as redundantes estáticas escolhidas como
incógnitas no método das forças. Nessa mesma figura estão representados também os
correspondentes estados E1 e Ez.
Com os diagramas de momento fletor da Figura 2.15a, obtêm-se os coeficientes de
flexibilidade:

Logo, tem-se o sistema de compatibilidade de deslocamentos:


F,, X,+F,,X 2 = 0
de solução
6, X,+G, X2=1
Capítulo 2 - Método das forças

Com esses resultados, obtêm-se as demais reações:

Considere-se, agora, a barra biengastada da Figura 2.15b em que se impõe


deslocamento transversal unitário em sua extremidade esquerda, mantendo-se nulos os
demais deslocamentos nodais, quando então ocorrem as forças reativas XI a X4.

Figura 2.15b.

Escolhendo Xi e Xi como redundantes estáticas, tem-se o mesmo sistema principal


que o do caso anterior, e o sistema de compatibilidade de deslocamentos se modifica para a
forma:

de solução

Com esses resultados, obtêm-se as demais reações:


X, =-X e X4=X,

2.9.2 -Barra engastada e rotulada

Considere-se uma barra engastada em uma de suas extremidaaes e rotulada na outra


extremidade, como representado na Figura 2.16a, onde se optou por não numerar a rotação
da extremidade direita por esta ser uma rótula. A essa barra se impõe rotação unitária em
sua extremidade engastada, mantendo-se nulos os demais deslocamentos nodais, quando,
então, as correspondentes forças reativas X1 a X3 são numericamente iguais a coeficientes
de rigidez. Escolhendo o sistema principal indicado na referida figura, X3 é a redundante
estática a ser determinada pelo método das forças.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 2.16a
Com o diagrama de momento fletor da Figura 2.16a, obtém-se o coeficiente de
flexibilidade:

A partir da equação 2.11, tem-se 6,,=-(e).l=-t. Logo, escreve-se a equação de


t3
compatibilidade de deslocamento -X, = t de solução:
3EI

Com esse resultado, obtêm-se as demais reações:

Seja, agora, a barra engastada e rotulada da Figura 2.16b em que se impõe


deslocamento transversal unitário em sua extremidade engastada, mantidos nulos os demais
deslocamentos. As forças reativas Xi, Xz e X3 são numericamente iguais a coeficientes de
rigidez, e considerando o sistema principal indicado, X3 é a redundante estática escolhida.

d,=l
i------
~ l t t x3
DM3

f X~=I
Figura 2.16b.
Capítulo 2 - Método das forças

O coeficiente de flexibilidade 6,, é o mesmo que o do caso anterior, e a equação


2.1 1 fornece S, =-(-1).1=1. Logo, tem-se a equação de compatibilidade de deslocamento
e3
-X3 =-1 de solução:
3EI
x 3EI
3 - e3
Com esse resultado, obtêm-se as demais reações:

2.9.3 - Barra engastada e liberada à força cortante

Considere-se, agora, a barra engastada em uma de suas extremidades e liberada à


força cortante na outra extremidade, como representado na Figura 2.17, em que não se
numerou o deslocamento transversal de sua extremidade direita por este deslocamento estar
liberado. A essa barra impõe-se o deslocamento dz=lrad, mantendo nulos os demais
deslocamentos nodais. Com o sistema principal indicado, X3 é a redundante estática
escolhida. Na mesma figura está representado o correspondente estado E3.

Figura 2.17.
A partir do diagrama de momento fletor da figura 2.17, obtém-se o coeficiente de
1 1
flexibilidade 6,, =-.1.1.1=-, e a partir da equação 2.11 tem-se 6,,=-(-1).1=1. Logo,
E1 E1
I
escreve-se a equação de compatibilidade de deslocamentos -X3 =-1 de solução:
E1

Com esse resultado obtém-se a outra reação:


X, =-X3
Análise de Estruturas - Volume 1

2.10 - Exercícios propostos

2.10.1 Para as estruturas que forem identificadas como hiperestáticas nas Figuras
1.34~1
até 1.34g, escolha sistemas principais do método das forças.

2.10.2 Determine, com o sistema principal indicado, os diagramas dos esforços


solicitantes do pórtico plano representado na Figura 2.18 em que ~1=4,375.10~kN.m~,
devido ao recalque do apoio A de 1,5cm, de cima para baixo.

Figura 2.18.

2.10.3 Determine os diagramas dos esforços solicitantes do pórtico plano da Figura


2.19 em que todas as barras têm 1=292.130cm4e ~ = 2 , 0 5 . 1 0 ~ k N / m ~ .

Figura 2.19.

2.10.4 Idem, para o pórtico plano representado na Figura 2.20 em que


E=3,0.1O7k~/m', 1=3,6.10-~m4, ki=k2=3,06.103kN/m e k, =5,4.103kN.m/rad.
- -

Capítulo 2 - Método das forças

1'5m$yl ..........................

..........
'k,

ki
i
j

i
...........

......................

i
10kN
-C------

L 4,Om
.....................

i i
: 1,5m ; 4,5m i

Figura 2.20.

2.10.5 Idem, para a grelha da Figura 2.21 em que todas as barras têm seção
transversal circular vazada, ~ = 2 , 0 5 , 1 0 e~ ~v=0,3,
~ a desconsiderando deformação de
força cortante.

t Y Seção
5kN

1,6m i
.... o,ím i

Figura 2.21.

2.10.6 Determine o deslocamento horizontal do ponto nodal B do pórtico


representado na Figura 2.22, em que as barras têm 1=2,026.10~cm~,
~=2,05.10~k~ e/m~
a=1,2.10-5PC, devido ao carregamento indicado e ao acréscimo uniforme de 10°C na
barra BC.

Figura 2.22.

131
Análise de Estruturas - Volume 1

0 ~ ~ = I O - ~ Pbarras
2.10.7 Tdein, para o pórtico da Figura 2.23 com ~ = 3 , 0 . 1 MPa, C,
AB e DE de seção (30x40)cmZ,e barras BC e CD de seção (15x50)cmZ,considerando
apenas deformação de momento fletor.

.I-
10kNIm

l l l l l l l l l l l l l~ . . . ~ ~ ~ .
............................. .

.
.....~...

T=+25'C
L4,Om
120m
Recalque de 0,5cm i
de cima para baixo \r I
i ~ . ~ ~ ~ .
i 4,om i 4,Om !

Figura 2.23.

2.10.8 Determine o diagrama de momento fletor da viga armada representada na


Figura 2.24 em que ~ = 2 , 0 5 . 1 0 ~ k N / madotando
~, o sistema principal indicado e
considerando deformações de momento fletor e de força normal.

Figura 2.24.

2.10.9 Determine os diagramas dos esforços solicitantes da grelha da Figura 2.25,


em que 1=1,13.10~m~, ~=2,26,10-~m E=20,5GPa
~, e G=8,54GPa.
Capítulo 2 - Método das forças

Figura 2.25.

2.10.10 Determine os diagramas dos esforços solicitantes da viga contínua da Figura


2.26, adotando E=30GPa e k=2,0.103kNim.

Figura 2.26.

Determine a rotação da seção do apoio A utilizando o teorema de Pastemak


Resolva esse exercício considerando que os apoios B e D sejam rígidos.

2.10.11 Trace os diagramas dos esforços solicitantes da estrutura esquematizada na


Figura 2.27, sendo a seção transversal de largura igual a 1,Om e altura igual a 0,15m, com
E=25GPa, considerando apenas deformação de momento fletor.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 2.27.

2.10.12 Determine os diagramas dos esforços solicitantes e a rotação da seção do


apoio C da viga contínua da Figura 2.28, adotando E=30GPa.

Seção

20kNIm

40cm

Figura 2.28.

'"Considere que a face inferior da viga da Figura 2.29 experimente um decréscimo de


temperatura de 13,5OC, e a face superior, um acréscimo de 13,5'C. Adotando a = 1 0 " P ~ ,
determine as reações de apoio, os diagramas dos esforços solicitantes e a rotação da seção
do apoio C.

2J0.13 Determine os diagramas dos esforços solicitantes da estrutura da Figura


2.29 em que todas as barras têm seção transversal de (20x60)cm2, E = ~ , O . ~ O ~eM P ~
~=IO-~PC.

Figura 2.29.

134
Capítulo 2 - Método das forças

2.10.14 Determine os diagramas dos esforços solicitantes do eixo circular auto-


equilibrado, de seção transversal constante, representado na figura 2.30.

Figura 2.30.

2.10.15 Utilizando simplificações de simetria, determine os diagramas dos esforços


solicitantes da estrutura auto-equilibrada de dupla simetria representada na figura 2.31, em
que todas as barras têm o mesmo EI.

Figura 2.31.

2.10.16 Para o pórtico da figura 2.32, pede-se: (a)sistema principal do método das
forças com redundantes estáticas simétricas e anti-simétricas, (b)diagramas de esforços
solicitantes arbitrando-se dimensões, propriedades elásticas e carregamento.

Figura 2.32.

135
Análise de Estruturas - Volume I

2.10.17 Idem, para a grelha da figura 2.33.

Figura 2.33
Método dos deslocamentos

3.1 - Introdução

O método dos deslocamentos, por ser amplamente utilizado nas programações


automáticas, é o mais importante método de análise de estruturas. Nele, as incógnitas
primárias são deslocamentos em pontos nodais adequadamente escolhidos na estrutura em
análise, que são obtidos por meio da resolução de um sistema de equações algébricas
lineares de equilíbrio. Esses deslocamentos são denominados graus de liberdade e seu
número, grau de indeterminaçáo cinemática. Diferentemente, no método das forças, as
incógnitas são redundantes estáticas, que são determinadas pela resolução de um sistema de
equações de compatibilidade de deslocamentos. Os deslocamentos no presente método são
usualmente escolhidos nas extremidades das barras, como assinalado de 1 até 4 no pórtico
plano de 3 barras representado ,na Figura 3.la. Nessa figura, p e P são forças extemas
aplicadas em barras, e f, e fi são forças externas aplicadas diretamente em ponto uodal nos
sentidos positivos do referencial (global) XYZ. Os deslocamentos dos pontos nodais não
restringidos são representados na Figura 3.lb em relação a esse referencial. No ponto nodal
1 têm-se três deslocamentos, dois lineares e um de rotação. A rotação nesse ponto é igual ã
rotação da seção extrema de cada uma das barras ligadas a esse nó, pois, como esse ponto
representa a ligação rígida entre os eixos geométricos das barras Ie 2, as respectivas seções
de ligação dessas barras giram em tomo do eixo Z de um mesmo ângulo. Diferentemente,
no ponto nodal 2, onde se identifica uma articulação, optou-se por considerar apenas dois
deslocamentos, ambos lineares, porque as extremidades das barras ligadas a este ponto têm
liberdade de giro com rotações que não são necessariamente incógnitas primárias. Essas
rotações, como será mostrado posteriormente, podem ser determinadas a partir do
conhecimento dos demais deslocamentos nodais e das forças aplicadas às barras. No ponto
nodal 3 tem-se uma articulação fixa e a rotação da extremidade da barra ligada a esse nó
também não precisa ser considerada incógnita primária. No ponto nodal 4 tem-se um
engaste de deslocamentos conhecidamente nulos.
Análise de Estruturas - Volume I

(a) Identificação dos (b) Deslocamentos (c) Deslocamentos


110se das barras considerando desconsiderando
deformação axial deformação axial

Figura 3.1 -Pórtico plano de três barras e quatro pontos nodais.

Com objetivo de se trabalhar com um reduzido grau de indeteminação cinemática,


em procedimento manual de cálculo, as rotações das extremidade (das barras) com
liberdade de giro não são consideradas incógnitas. Para reduzir ainda mais esse grau, na
maior parte do presente capítulo, restrige-se à análise de estruturas em que a deformação de
força normal possa ser desprezada. Isso implica para o pórtico da Figura 3.1b que os
deslocamentos dl e da sejam iguais entre si e que os deslocamentos dz e d5 sejam nulos.
Assim, obtém-se o modelo representado na Figura 3 . 1 ~em que se têm apenas dois
deslocamentos a determinar. Para reduzir ainda mais o esforço de cálculo, desconsidera-se
o efeito da deformação de força cortante, embora isto não reduza o grau de indeterminação
cinemática. No item 3.8 mostra-se como considerar a deformação de força normal. No
segundo volume, o método dos deslocamentos é tratado em sua formulação matricial
incluindo o efeito das deformações de todos os esforços solicitantes, quando então o
inétodo é apresentado em sistemática adequada à implementação computacional.

3.2 - Sistemática do método dos deslocamentos


Identificados os deslocamentos da estrutura em análise, considera-se como sistema
principal do inétodo dos deslocamentos o modelo com esses deslocamentos restringidos.
Assim, desconsiderando-se a deformação de força normal e retornando ao pórtico exemplo
da Figura 3.1, toma-se como sistema principal o modelo representado na Figura 3.2a, onde
o símbolo 0 , no ponto nodal 1, expressa restrição da rotação nodal d2, indicada em
tracejado, e o apoio do primeiro gênero introduzido nesse mesmo ponto restringe o
deslocamento d,, também indicado em tracejado.
O comportamento do referido pórtico pode ser obtido com a combinação linear dos
estados de esforços e deslocamentos representada na Figura 3.2b, impondo-se condições de
equilíbrio nas direções dos deslocamentos dl e dz, como será descrito posterioimente.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

lLl
P
(a) Sistema principal

:gn ....................

1p z g
7

A [
=

d,=l

I+] k22 ;.r.. d2=lrâd


....................

+ di x Erra<loEi +d2x

(b) Combinação linear de estados

Figura 3.2 -Ilustração do método dos deslocamentos

Na figura anterior, o estado E0 é do sistema principal sob a ação das forças


aplicadas às barras, sendo fl e f2 as forças reativas nas restrições que foram introduzidas na
construção desse sistema. O estado E1 é o do sistema principal quando são impostos os
deslocamentos di=l e d2=0. Nesse estado, kil é numericamente igual à força para se impor
deslocamento unitário segundo dl (no sentido de fazer d l = l ) e k21,numericamente igual à
Análise de Estruturas - Volume 1

força de restrição segundo a rotação d2 que foi mantida nula. O estado E2 é o do sistema
principal quando são impostos os deslocamentos dl=O e dz=lrad. Nesse estado, k22 é
numericamente igual à força momento para se impor a rotação unitária segundo d2 e kl2,
numericamente igual à força restritiva segundo o deslocamento di que foi mantido nulo.
Todas esses coeficientes e forças são considerados positivos quando coincidentes com os
sentidos positivos escolhidos para os deslocamentos dl e d2.
Com as nòtações da Figura 3.2'0 escrevem-se as equações de equilibrio (ou de
compatibilidade estática) segundo os deslocamentos d~ e d2 que ocorrem no estado E da
estrutura original:
f, + k,, d , + k,, d, = f ,
f,+k,, d,+k,, d , = f , (3.1)

A equação anterior expressa um sistema de equações que se escreve em forma


matricial:

- é a matriz de rigidez e seus coeficientes kij, coeficientes de


Nesse sistema, K
rigidez; d- é o vetor dos deslocamentos a ser determinado, e f é o vetor das forças nodais
- ?

combinadas. Para homogeneidade de unidades desse sistema, identifica-se que o


coeficiente de rigidez deve ser considerado com dimensão de unidade de força (no sentido
generalizado) dividida por unidade de deslocamento (no sentido generalizado). Contudo,
por concisão, os coeficientes de rigidez são escritos neste livro sem a indicação de suas
unidades.
Como os deslocamentos di e dz são independentes entre si e analisa-se estrutura com
vínculos que impeçam seus deslocamentos de corpo rígido (como um todo e de cada uma
de suas partes), a matriz de rigidez é não singular, conduzindo à solução única:

O sistema de equações 3.3 foi obtido para o pórtico exemplo da Figura 3.la
considerando apenas dois deslocamentos. Contudo, é imediato identificar que ele se
generaliza para qualquer outra estrutura com um número qualquer de deslocamentos. De
forma genérica, o coeficiente de rigidez k , da estrutura é numericamente igual à força na
direção do i-ésimo grau de liberdade quando se impõe deslocamento unitário na direção do
j-ésimo grau de liberdade com todos os seus demais graus de liberdade da estrutura
mantidos restringidos.
Uma vez que tenham sido obtidos os deslocamentos d- , os esforços e demais
deslocamentos na estrutura original podem ser determinados pela combinação linear:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Para a aplicação do presente método, falta a obtenção das forças reativas fi do estado
E. e dos coeficientes de rigidez ki, da estrutura, o que é apresentado a seguir. A Figura 3.3
mostra, no caso do pórtico plano tomado para ilustração, que as forças fi podem ser obtidas
por soma de reações de apoio das barras carregadas isoladamente tendo suas extremidades
restringidas (esforços de engastamento perfeito apresentados no item 2.8), respeitadas as
articulações da estrutura original. Nessa figura são indicadas apenas as reações nas direções
dos deslocamentos dl e dz (considerados como graus de liberdade), adotando os sentidos
positivos desses deslocamentos. As forças fi formam o vetor f- do sistema de equações 3.3
e, com sinais contrários, representam a substituição estática das forças externas aplicadas às
barras por forças nodais equivalentes como justificado no item 2.8. Efeitos de variação de
temperatura e de deformação prévia em barra podem ser considerados da mesma maneira e
serão abordados posteriormente.

Figura 3.3 - Esquematização de obtenção de fi

Os graus de liberdade são aqui considerados em relação ao referencial global,


contudo, qualquer outro referencial pode ser adotado, com a condição de que os
coeficientes de rigidez e as forças nodais combinadas, em cada ponto nodal, sejam em
relação a um mesmo referencial.
Com barras retas de seção transversal constante, desconsiderando o efeito de
deformação de força cortante, os coeficientes de rigidez da estrutura são obtidos por soma
de coeficientes de rigidez de barra representados na Figura 3.4 e que em parte foram
determinados no item 2.9. Com o pórtico exemplo da Figura 3.2, essa obtenção é ilustrada
na figura 3.5, onde se observa que impor o deslocamento dl=l ao pórtico equivale a
prescrever esse deslocamento às suas barras 1e 3. Semelhantemente, impor a rotação dz=l
ao pórtico, equivale a prescrever essa rotação às suas barras Ie 2.
Retornando aos coeficientes de rigidez de barra, os momentos k para provocar
rotação unitária em uma das extremidades da barra, como ilustrado nas partes (a), (b) e (c)
da Figura 3.4, são aqui denominados coeficientes de rigidez dejlexão. Na barra biengastada
da parte (a), o momento de engastamento da extremidade oposta à que se impõe a rotação
unitária é igual a M2. Por essa razão se diz que o seu coeficiente de transmissão t é igual a
112. Na barra engastada em uma extremidade e liberada à força cortante na outra sua
extremidade da parte (c), o coeficiente de transmissão é igual a -1 porque o momento de
Análise de Estruturas - Volume 1

engastamento da extremidade oposta ii que se impõe a-rotação unitária é igual e em sentido


contrário ao momento para provocar essa rotação. É natural que o coeficiente de
transmissão em barra engastada e rotulada, como representado na figura 3.4b, seja nulo.

1 rad j
...,,fl
"'
. I
4EI - - --+--.-.... .............
t=112
6EI r=-
'3.11 e
'=2
C E2
(a) (b)
1 rad:

----3------...!
t=- 1
e
(c)
k
* =- 6EI * =- 3E1
k

....... k* ...

-
1 radi
k,
t=- 1 8
+
GJ EA :
H
!
k t =- k a =-
L (f ) L 1 (8)

Figura 3.4 - Coeficientes de rigidez de barra reta de seção transversal constante.

Os momentos k' para provocar deslocamento transversal unitário em uma


extremidade da barra relativamente ii outra sua extremidade, como ilustrado nas partes (d) e
(e) da Figura 3.4, são aqui denominados coeficieiztes de rigidez trarzsversal. No caso da
barra biengastada, o momento de engastamento da extremidade oposta em que se impõe o
deslocamento transversal unitário é igual ao momento de restrição que ocorre na outra
extremidade, e, portanto, o correspondente coeficiente de transmissão é igual a 1. As forças
reativas r e r , que ocorrem quando da imposição dos deslocamentos unitários,
representadas na Figura 3.4, são também coeficientes de rigidez. Na parte (f) dessa figura,
tem-se o coeficiente de rigidez de torção kt, obtido por imposição de rotação unitária em
uma das extremidades da barra e na direção de seu eixo geométrico. Nesse caso, o
coeficiente de transmissão é igual a -1. Na parte (g) da mesma figura, tem-se o coeficiente
de rigidez mia1 k, obtido por imposição de deslocamento linear unitário em uma das
extremidades da barra e na direção de seu eixo geométrico.
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

I I

I I

Figura 3.5 - Esquematização de obtenção de kij.

O produto Kd
- - , primeiro membro do sistema de equações 3.3, representa as forças
restitutivas elhsticas desenvolvidas na estrutura deformada, forças essas que equilibram as
forças nodais combinadas f, . Vale ressaltar que embora as forças restitutivas ocorram em
-
uma configuração deformação, as equações de equilíbrio são escritas na configuração não
deformada, o que é válido no caso de pequenos deslocamentos.
Aplicando o teoreina de Betti aos estados E1 e E2 representados na Figura 3.2,
escreve-se:

Generalizando o resultado anterior para um número qualquer de deslocamentos, tem-se:

k,, =k,, (3.6)


Essa equação mostra que a matriz de rigidez é simétrica.
Resumindo, o método dos deslocamentos tem a seguinte sistemática:
I. Escolha de um sistema principal em que os deslocamentos considerados como graus
de liberdade da estrutura estejam restringidos. Esses deslocamentos são as incógnitas
primárias a determinar.
Análise de Estruturas - Volume 1

11. Cálculo dos esforços de engastamento perfeito e combinação desses esforços, com
sinais contrários, com as forças diretarnente aplicadas segundo os referidos
deslocamentos, para obtenção das forças nodais combinadas.
111. Cálculo dos coeficientes de rigidez das barras e, a partir desses, obtenção dos
coeficientes de rigidez da estrutura.
IV. Montagem e r$solução do sistema de equações de equilíbrio para determinação dos
referidos deslocamentos.
V. Obtenção dos esforços finais.

Exemplo 3.1 - Faz-se a determinação dos diagramas dos esforços solicitantes da viga
representada na Figura E3. la, em que ~=2,1.10'k ~ / m '

Figura E3.la.

a) A barra em balanço dessa viga pode ter o efeito estático de seu carregamento
transferido para a seção do primeiro apoio, como mostra a Figura E3.lb. Nessa mesma
I figura está representado o sistema principal em que a rotação d, da seção B do apoio
intermediário é a incógnita primária a ser determinada.

Figura E3.lb.

b) Para o estado Eu, calculam-se, com auxílio da Tabela 2.2, e as notações da Figura
E3.lc, os momentos de engastamento perfeito na extremidade B de cada uma das
barras:
Pab M 100.5,3,(8+3) 150
MB1=--(t+b)+-=- +-=-53,906 kN.m
2e2 2 2.S2 2
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Ressalta-se que esses momentos foram considerados positivos no sentido anti-horário,


sentido da incógnita di.

Figura E3.lc

A força nodal fl a ser utilizada na equação de equilíbrio de momento na seção B da


viga é igual à soma dos momentos de engastamento perfeito nessa seção, como
indicado na Figura E 3 . 1 ~Nessa
. figura, escrevem-se esses momentos em negrito, por
serem momentos fletores nas extremidades das barras que serão utilizados no cAlculo
dos momentos fletores finais após a resolução da equação de equilíbrio.
c) Para o estado Ei adotam-se as notações da Figura E3.ld e calculam-se os coeficientes
de rigidez de flexão de barra:

Observa-se que os sentidos positivos desses coeficientes são idênticos ao sentido da


incógnita dl.

Figura E3.ld.

O coeficiente de rigidez kll da viga é numericamente igual à força para impor dl=l ao
sistema principal e é obtido por soma do coeficiente de rigidez de flexão de cada uma das
barras como indicado na Figura E3.ld, onde se deve entender que todos os valores são
multiplicados por to4.Essa sistemática de separar potências de 10 será adotada em todos
os demais exemplos do método dos deslocamentos deste livro. Na hiperestática clássica,
alguns autores preferem trabalhar com o coeficiente de rigidez de flexão de barra de seção
Análise de Estruturas - Volume I
transversal constante divido por 4E, com a denominação de rigidez relativa. A
desvantagem é não se obter, com a resolução do sistema de equações de equilíbrio, os
deslocamentos diretamente com seus valores reais. Alteinativamente, pode-se escolher
uma rigidez E1 como referência e calcular todos os coeficientes de rigidez em função desta
rigidez, a exemplo do que se fez anteriormente com as potências de 10.
Na Figura E3.ld escrevem-se em negrito os referidos coeficiente de rigidez nas
extremidades das barras do sistema principal, por serem esses coeficientes numericamente
iguais a momentos fletores nessas extremidades e que serão utilizados no cálculo dos
momentos fletores finais após a resolução do sistema de equação de equilíbrio.
d) Com os resultados anteriores, à semelhança da equação 3.la, escreve-se a equação de
equilíbrio k,, .d,=-f, e respectiva solução:

e) De acordo com a equação 3.5, a coinbinação linear (E,+d,.E,) fornece quaisquer


esforços no estado E . Logo, os momentos fletores nas extremidades das barras nesse
estado podem ser obtidos pela combinação linear dos valores escritos em negrito nos
sistemas principais representados nas Figuras E3. l c e E3.ld. Esses inomentos fletores
são mostrados na Figura E3.le. Optou-se, para facilidade de entendimento, por
escrevê-los conservando os sinais decorrentes do sentido anti-horário arbitrado como
positivo, muito embora com indicação dos seus sentidos de atuação em tracejado. Essa
sistemática de representação é adotada ein todos os exemplos do método dos
deslocamentos aqui apresentados. Na Figura E3.le estão também representadas as
forças externas e as reações de apoio. A partir dos inomentos fletores nas extremidades
das barras, são traçadas ein tracejado, na parte esquerda da Figura E3.lf, as linhas de
fechamento do diagrama de momento fletor e, considerando cada barra como uma viga
biapoiada sob a ação de seu próprio carregamento, é obtido o diagrama de momento
fletor final. Nesse diagrama, acrescentou-se o diagrama da viga em balanço que foi
eliminada quando da construção do modelo da Figura E3. lb.

Figura E3.le.

Como não se calculou força cortante nos estados E. e Ei, o diagrama dessa força é
obtido a seguir por análise direta do estado E. Assim, calculam-se as reações de apoio:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Com esses resultados, obtém-se o diagrama de força cortante representado na parte direita
da Figura E3.lf.

Figura E3.lf.

Sugere-se ao leitor desenvolver este exemplo considerando outras forças externas.

Exemplo 3.2 - Determinam-se os diagramas dos esforços solicitantes do pórtico


esquematizado na Figura E3.2a em que as barras têm 1=0,03m4 e ~ = 2 , 0 . 1 0 ' k ~ / mcom
~, o
sistema principal representado nessa mesma figura. I

Figura E3.2a.

a) No estado E. adotam-se as notações da Figura E3.2b onde é apresentada a


decomposição do carregamento da b a i ~ ainclinada em parcelas na direção dessa barra e
na direção que lhe é ortogonal. Logo, com as Tabelas 2.1 e 2.2, obtém-se os momentos
de engastamento perfeito:
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E3.2b.

b) No estado EI, tem-se:


~1=2,0.10'.0,03=6,0.10~
k~.m'

Esses coeficientes de rigidez de barra e o cálculo do coeficiente de rigidez k l l do


pórtico estão organizados na Figura E 3 . 2 ~onde se escrevem em negrito nas
extremidades das barras os correspondentes coeficientes de rigidez.

Figura E3.2~.

C) Logo, escreve-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:

d) Os momentos fletores nas extremidades das barras no estado E são obtidos por
(E,+d,.E,) e escritos em negrito na Figura E3.2d, juntamente com a indicação de
seus sentidos de atuação, das forças externas e das reações de apoio. A partir dos
valores dessa figura calculam-se as reações de apoio:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.2d.

Com os resultados anteriores, obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes


representados na Figura E3.2e.

Figura E3.2e.
149
Análise de Estruturas - Volume 1

Sugere-se ao leitor repetir este exemplo alterando o apoio A de engaste para


articulado fixo e adotando outras forças externas.

Exemplo 3.3 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico representado na


Figura E3.3a em que todas as barras têm 1=1,538.10-~m~e E=20GPa, com o sistema
principal indicado.

Figura E3.3a.

a) Os esforços no estado E. são obtidos com as notações da Figura E3.3b e o auxílio da


Tabela 2.2:

Os resultados anteriores e a obtenção das forças nodais f l e f i estão indicados na


Figura E3.3b.

Figura E3.3h.

150
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

b) No estado Ei, com as notações da Figura E3.3c, tem-se:


~1=1,538~10~~~20~10~=
k 3~ ,. 0m7' 6 ~ 1 0 ~

Os coeficientes de rigidez kil do pórtico são numericamente iguais às forças para


impor dj=l ao sistema principal, mantendo-se dz=O. O cálculo desses coeficientes está
indicado na Figura E 3 . 3 ~ .

Figura E3.3~.

c) No estado Ez, com as notações da Figura E3.3d, tem-se:

Os coeficientes de rigidez kizdo pórtico são numericamente iguais às forças para impor
dz=l e dl=O ao sistema principal. O cálculo desses coeficientes está indicado na Figura
E3.3d.

Figura E3.3d.

151
Análise de Estruturas - Volume 1

d) Logo, tendo-se em conta a força externa diretamente aplicada ao ponto nodal C, e as


forças nodais e os coeficientes de rigidez representados nas Figuras E3.3b, E 3 . 3 ~e
E3.3d, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio:

de solução: d,'=457,29.10-5m e d,=-118,12.104rad.


e) Os momentos fletores finais nas extremidades das barras são obtidos por
E = E , + d , ~ E , + d , ~ E ,e representados na parte esquerda da Figura E3.3e. A partir
desses resultados, são traçadas as linhas de fechamento do diagrama de momento fletor
representadas em tracejado na parte direita da mesma figura e, considerando cada barra
como uma viga biapoiada sob a ação de seu próprio carregamento, é obtido o diagrama
de momento fletor final.

Figura E3.3e.

A diferença de equilíbrio de momento no ponto nodal C


23,749-23,761=-0,012kN.m se deve às aproximações de cálculo levadas a efeito ao
longo do processo de resolução.
Sugere-se ao leitor repetir este exemplo com a modificação do apoio A para engaste
e sem a articulação em D.
Nos exemplos anteriores, o sistema principal foi obtido restringindo-se o número
mínimo de deslocamentos, tendo-se em conta os coeficientes de rigidez de barra reta
apresentados na Figura 3.4. Contudo, pode-se construir o sistema principal restringindo-se
um número maior de deslocamentos, com a condição de que esses deslocamentos sejam
linearmente independentes entre si. Isso é ilustrado no próximo exemplo. A vantagem é
obter diretamente um maior número de deslocamentos do que o referido número mínimo. A
desvantagem é aumentar a ordem do sistema de equações de equilíbrio a resolver.

Exemplo 3.4 - Faz-se a análise do pórtico do exemplo 3.3, adotando o sistema principal
representado na Figura E3.4a em que se restringe também a rotação da seção da
extremidade direita da barra 2,quando então essa rotação passa a ser um grau de liberdade
adicional.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.4a.

a) No estado Eo, adotam-se as notações da Figura E3.4b, tendo-se:

M CZ---M Pc"2
=--
----106,67
2 0 . 8 ~-
kN.m , com Mcl e Rc, iguais ao exemplo 3.3.
DZ
12 12
O cálculo das forças nodais fi está indicado na Figura E3.4b.

Figura E3.4b.

b) Os coeficientes de rigidez k,, do estado Ei são idênticos ao do exemplo 3.3, com a


inclusão de k3,=0 porque a barra 2 não se deforma nesse estado. Logo, tem-se a
representação da Figura E 3 . 4 ~onde estão indicados os referidos coeficientes.

Figura E3.4~.

153
Análise de Estruturas - Volume I

c) Quanto ao estado EZ,a barra 1tem as mesmas condições de contorno que i10 exemplo
3.3 e a barra 2 passa a ser biengastada. Assim, calculam-se:

Com esses resultados, faz-se a representação da Figura E3.4d onde é indicado o


cálculo dos coeficientes de rigidez k,2.

Figura E3.4d.

d) Para a obtenção do estado E3, têm-se os coeficientes k2 e k212 calculados


anteriormente. Logo, faz-se a representação da Figura E3.4e onde estão indicados os
coeficientes de rigidez ki3.

Figura E3.4e.

e) Com os coeficientes de rigidez e forças nodais representados nas Figuras E3.4a a


E3.4e, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio:

de solução: d,=457,29.10-'m, d2=-118,12~10~'rad,d3=128,42.104rad


Os deslocamentos di e dz anteriores coincidem com os eiicontrados no exemplo 3.3.
Para conferir o deslocamento d3, utiliza-se o método da força unitária com o sistema
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

isostático sob momento unitário representado na Figura E3.4f juntamente com o


coil.espondente diagrama de momento fletor.

Figura E3.4f.

A partir das Figuras E3.3e e E3.4f, com o auxílio da Tabela 1.2, obtéin-se a rotação:
I
Essa rotação confere o resultado obtido com o sistema de equações de equilíbrio.
Semelhantemente, pode-se adotar o sistema principal em que se restringe a rotação
I
da extremidade superior da barra 3 em lugar da rotação da extremidade direita da barra 2
ou, o sistema com restrição de ambas as rotações, como representado na Figura 3.4g. Em
implementação computacional é usual operar com o mesmo número de rotações em cada
ponto nodal e com deformação de força normal, tendo-se, então, o mesmo número de
deslocamentos em cada ponto nodal e a definição única de sistema principal. Essa é a
vantagem do método dos deslocamentos, relativamente ao método das forças em que não é
simples estabelecer estratégia única para definir o sistema principal.

Figura E3.4g.

Sugere-se ao leitor desenvolver o exemplo anterior, utilizando o sistema principal


I L.I~I cwntado na parte direita da Figura E3.4g.
Análise de Estruturas - Volume 1

Exemplo 3.5 - Obtêm-se os diagramas dos esforços solicitantes da grelha representada na


Figura E3.5a em que todas as barras têm ~ 1 = 5 , 0 ~ 1 0 ~ k Ne. m~~~ = 4 , 0 . 1 0 ~ k ~ . i n ~
Associados aos seus esforços, têm-se, em cada ponto deslocamento transversal ao plano da
grelha e duas rotações de vetores representativos neste plano. Contudo, como todos os
deslocamentos lineares de extremidade de barra estão restringidos, têm-se apenas duas
rotações como graus de liberdade, consideradas com os sentidos do referencial global XYZ
e que conduzem *ao sistema principal indicado, onde o símbolo foi colocado na
extremidade de cada barra e não centrado no ponto nodal, por facilidade de representação.

Figura E3.5a.

a) No estado E. adotam-se as notações da Figura 3.5b e calculam-se os momentos de


engastamento perfeito:

Na referida figura registrou-se que a barra está sob flexão, para orientar o cálculo dos
esforços finais.

Figura E3.5b.

b) Para o estado Ei, com as notações da Figura E3.5c, calculam-se os coeficientes de


rigidez de barra:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Na referida figura indica-se que os momentos nas extremidades da barra são de

1/:kz1
flexão e que os momelitos nas extremidades da barra 2 são de torção.

... ~,I=o ,... torção

----H
flexão
3,3333 1,6667
kt2 kll=kI+k,z=4,3333

/
d,=l

-
Figura E3.5~.

C) Para o estado Ez, de acordo com a Figura E3.5d, calculam-se os coeficientes de rigidez
de barra:

flexão
kzz=kz+kti

-0,66667
k,z=O

---H
kt~ 1
-

Figura E3.5d.
d) Logo, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio e respectiva solução:
4,3333,105.d, +0,0.d,=-37,7 + {dl =-8,6539.10"rad
0,0.d, +5,6667.105.d, = O d, =0,0

e) Os momentos finais nas extremidades das barras estão representados na Figura E3.5e,
juntamente com a força externa e as reações de apoio.

157
Análise de Estruturas - Volume 1

C
-51,923
Rc

Figura E3.5e.

Para o traçado do diagrama de força cortante, calculam-se as reações:

Logo, obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes representados na Figura E3.5f.


Observa-se que, como as barras e 2 são perpendiculares, o momento de torção da barra 2
é igual ao momento fletor na extremidade B da barra 1.

Figura E3.5f.

Exemplo 3.6 - Obtêm-se os diagramas dos esforços solicitantes da grelha representada na


Figura E3.6a, modificação do exemplo anterior, com o sistema principal indicado. No

158
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

presente caso têm-se três graus de liberdade, um linear e dois de rotação, considerados nos
sentidos do referencial global adotado.

Figura E3.6a.

a) No estado Eo, com as notações da Figura 3.6b, calculam-se os esforços de


engastamento perfeito:

Ressalta-se que os sentidos positivos desses esforços são os dos graus de liberdade

Figura E3.6b.

b) Os coeficientes de rigidez do estado Ei são os da Figura E3.6c, modificação da Figura


E3.5c pela inclusão de:

159
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E3.6~.

c) Os coeficientes de rigidez do estado E2 são os da Figura E3.6d, modificação da Figura


E3.5d pela inclusão de:

1 r2

,,'2 flexão
k2 kz2=5,6667 ,,... tor ão
-C) i' - . +
d2=l 0,66667 -0,66667
k 1 ~ 0
,875
k3~=r2=1

Figura E3.6d.

d) Com as notações da Figura E3.6e, calculam-se os coeficientes de rigidez de barra no


estado E3:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.6e.

e) Logo, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio:

de solução: d, =11,032,10-~rad,d,=22,584,10-~rad e d, =-75,366.10-~m

f) Na combinação linear de determinação dos momentos finais nas extremidades das


barras, é necessário considerar separadamente os momentos de torção e os momentos
fletores. Esses momentos finais, juntamente com as ações externas e as reações de
apoio, estão indicados na Figura E3.6f.

Figura E3.6f.
161
Análise de Estruturas - Volume 1

Para o traçado do diagrama de força cortante, calculam-se as reações:

Logo, obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes representados na figura E3.6g.


Como as barras e 2 são perpendiculares entre si, o momento fletor de uma dessas barra é
igual ao momento de torção da outra, na seção de contato.

Figura E3.6g.

As estruturas dos exemplos 3.1, 3.2 e 3.5 são ditas indeslocáveis, por terem apenas
deslocamentos de rotação, em contraste com as dos exemplos 3.3 e 3.6 que são ditas
deslocdveis, por terem deslocamentos lineares. Em cada b a i ~ adas estruturas deslocáveis,
tem-se que determinar o deslocamento ortogonal de uma extremidade da barra em relação à
outra sua extremidade (aqui denominado deslocamento ortogonal relativo) ao se impor
deslocamento linear unitário, em um ponto nodal, pois é com este deslocamento ortogonal
que se calculam os esforços desenvolvidos na barra. Os exemplos 3.3 e 3.6 são casos muito
simples em que é imediato identificar o deslocamento ortogonal relativo de cada barra.
Quando essa identificação não for imediata, utiliza-se o gráfico de Williot que será
apresentado no item 3.4 juntamente com variação de temperatura.
As estruturas deslocáveis podem também ser analisadas em dois passos de cálculo,
operando a partir do correspondente modelo indeslocável, como ilustra a Figura 3.6 em que
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

o deslocamento linear d,, indicado na Figura 3.lc, é obtido pela equação de compatibilidade
estática:

r,, +ri1 dl = & i (3.7)


de solução

dl =r;l(&l-rlo) (3.8)
Logo, com as notações da Figura 3.6, os esforços finais podem ser obtidos pela
combinação linear:

Figura 3.6 -Ilustração do procedimento de dois passos de cálculo.

Resumindo, nesse procedimento, analisa-se, em um primeiro passo, o modelo


indeslocável sob a ação das forças externas não coincidentes com os deslocamentos lineares
restringidos desse modelo e analisa-se esse mesmo modelo com a prescrição de
deslocamento unitário segundo cada um dos deslocamentos lineares restringidos, enquanto
todos os demais deslocamentos lineares são mantidos nulos. Em um segundo passo,
escreve-se, então, a equação de compatibilidade estática segundo cada um dos
deslocamentos lineares do modelo original, cuja resolução fornece esses deslocamentos,
com os quais se podem calcular os esforços finais.
O próximo exemplo evidencia que esse procedimento é pouco prático. Contudo, ele
é necessário em análise de estruturas deslocáveis pelo processo de Cross apresentado no
item 4.3.

Exemplo 3.7 - A seguir, faz-se a resolução do exemplo 3.3 com o procedimeiito de dois
passos de cálculo.
a) Estado E;:
Para obter rio, analisa-se o modelo representado na Figura E3.7a.
Análise de Estruturas - Volume 1

ai) Os momentos de engastamento perfeito do estado E, são retirados da Figura E3.3b e


reproduzidos na Figura E3.7b.

f1=145

7 Figura E3.7b.

az) Os coeficientes de rigidez do estado E, são retirados da Figura E3.3d e reproduzidos


na Figura 3 . 7 ~ .

1oSx K]
k1,=3,4605

1,1535
2,307

Figura 3 . 7 ~ .

a3) Logo, tem-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:


3,4605,10'd, =-I45 + d, =-41,901.10-'rad
ad) Esforços finais: E, =E, +d, .E, e r,,:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Os momentos fletores nas extremidades das barras, juntamente com o carregamento


externo e as reações de apoio, estão representados na Figura E3.7d. Essas reações se
calculam:

20.8'
C M= O~ -t 66,041.8---4r,,-20.2=0
2
-t r,, =-37,918 kN

Figura E3.7d.

b) Estado E;:
bl) Os momentos de engastamento perfeito do estado E, foram determinados na parte b
do exemplo 3.3 e estão reproduzidos na Figura E3.7e.

Figura E3.7e.

bz) Os coeficientes de rigidez do estado E, são os da Figura E 3 . 3 ~ .

b3) Logo, tem-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:


3,4605,10~d,=-0,57675.10~ -t d, =-0,16667rad

bq) Esforços finais: E; =E,+d, .E, e r,,


Análise de Estruturas - Volume 1

Os momentos fletores nas extremidades das barras estão representados na figura E3.7f.
Com esses resultados, calculam-se as reações de apoio:
EM^ =O + 4H, +57675,0=0 + H, =-14418,OkN

EM?=O + 8RB+57675,0-14418,0.4-19225,0=O + R, =2402,8 kN

EM,= O i2402,8,8+57675,0-4r,, = O + r,, =19224,0kN

Til
----+

19224

""r,

Figura E3.7f.

C) Logo, a equação de equilíbrio 3.7 toma a forma:


-37,918+19224,0.d1 =50 + d, ~0,0045733
d) Com a equação 3.9 obtêm-se, com aproximações de cálculo, os momentos fletores de
extremidade de barra representados na Figura E3.7g, que são os mesmos obtidos no
exemplo 3.3.

Figura E3.7g

Exemplo 3.8 - Obtéin-se o diagrama de momento fletor da estrutura com ba1i.a de grande
curvatura representada na Figura E3.8a juntamente com um sistema principal do método
dos deslocamentos, em que as barras têm ~ 1 = 2 , 1 . 1 0 ~ k i V . m ~ .
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Figura E3.8a.

a) Determinam-se, inicialmente, os coeficientes de rigidez da barra curva para o


deslocamento dl=l representados com as notações X I , X: e X3 na Figura E3.8b
juntamente com um sistema principal do método das forças e os correspondentes
estados Ei e Ez. Nesse método, X l e X2 são redundantes estáticas a serem
determinadas.

Figura E3.8b.

Com os diagramas de momento fletor da Figura E3.8b, obtêm-se os coeficientes de


flexibilidade:
Análise de Estruturas - Volume 1

Logo, escreve-se o sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos e


respectiva solução:

Com essas redundantes estáticas e com as notações da Figura E3.8b, tem-se:


E1
EM, =O + Xlr-X2+X3 = O 4 X3 =4,8340T
r
b) Utilizando o método dos deslocamentos, para o estado E. representado na Figura
E 3 . 8 ~calculam-se, com auxílio da Tabela 2.2, os esforços de engastamento perfeito:

Figura E 3 . 8 ~ .

c) Para o estado Ei do método dos deslocainentos, adotam-se as notações da figura E3.8d


e calculam-se os coeficientes de rigidez:
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.8d.

d) Logo, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio e respectiva solução:


4,9127.104d,=-12,O + d, =-24,426.104m

e) Com E, +d, ,E, obtêm-se os momentos fletores finais representados na Figura E3.8e.

Figura E3.8e.

Sugere-se ao leitor desenvolver este exemplo com a modificação da rótula


transferida do ponto B para o ponto A.

3.3 - Exemplos de sistemas principais


No item anterior mostrou-se que o sistema principal no presente método é obtido
restringindo-se deslocamentos (lineares elou de rotação) em pontos adequadamente
escolhidos na estrutura em análise, deslocamentos estes denominados graus de
liberdade. Com os exemplos 3.3 e 3.4 mostrou-se que em uma mesma estrutura podem
ser considerados diferentes números de graus de liberdade quando se utilizam os
coeficientes de rigidez apresentados na Figura 3.4. Contudo, existe um número mínimo
Análise de Estruturas - Volume 1

de graus de liberdade o que é identificado ao se construir o sistema principal de menor


número de restrições.
Diversos exemplos de sistemas principais mínimos são apresentados nas Figuras
3.7, desconsiderando-se deformação de força normal em análise de estruturas de barras
retas de seção transversal constante. g, é o número de rotações, g, é o número de
deslocamentos lineares e g=g,+g, , o grau de indeterminação cinemática. Para comparação
com o método das forças, são também apresentados os graus de indeterminação estática
interno hi, externo h, e total h.
No modelo de pórtico plano da Figura 3.7a, a barra em diagonal (de
contraventamento) restringe o deslocamento horizontal da barra horizontal intermediária,
tendo, pois, este modelo apenas um deslocamento linear. Com a retirada desse
contraventamento, como representado na Figura 3.7b, têm-se então dois deslocamentos
lineares. No modelo de pórtico da Figura 3.7c, ocorrem duas barras de contraventamento, o
que elimina os deslocamentos lineares identificados no modelo anterior. Contudo, devido à
modificação de um dos engastes para apoio do primeiro gênero, tem-se um deslocamento
linear nesse apoio. Na Figura 3.7d, a parte fechada superior é isostática, podendo-se ter seus
efeitos transmitidos à parte inferior, com a construção de sistema principal reduzido a essa
parte. Na Figura 3.7e, as vigas são supostas de rigidez de flexão infinita o que impede as
rotações nodais, tendo-se, pois, apenas dois deslocamentos lineares. Na Figura 3.7f, a viga
tem descontinuidade de momento de inércia o que requer que se considere um ponto nodal
na seção de descontinuidade para se trabalhar com barras de seções transversais constantes.
Nos pórticos das Figuras 3.7g e 3.7h têm-se apoios elásticos, o que requer que os
deslocamentos nesses apoios sejam restringidos nos correspondentes sistemas principais. O
mesmo ocorre com o modelo de grelha da Figura 3.7i.

Figura 3.7 - Exemplos de sistemas principais - 1"arte.

170
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura 3.7 - Exemplos de sistemas principais - 2"arte,

3.4 - Variação de temperatura


O método dos deslocamentos foi apresentado no item 3.2 levando-se em conta apenas
as forças aplicadas. No presente item considera-se o efeito de variação-de temperatura em
barra através do procedimento das forças nodais equivalentes apresentado no item 2.8. Nesse
procedimento, os esforços de engastamento perfeito de barra com variação de temperatura
são aplicados com sinais contrários nos correspondentes nós da estrutura em análise.
Com as notações do item 1.6.2, considera-se o caso de barra reta cujas faces
superior e inferior sofrem, respectivamente, as variações de temperatura TS e T' constantes
ao longo do comprimento da barra e com lei linear ao longo da altura de sua seção
transversal. Essas variações, como ilustrado na Figura 3.8, podem ser decompostas em uma
Análise de Estruturas - Volume 1

parcela uniforme de temperatura T calculada na altura do centróide da seção transversal e


em uma parcela de lei linear ao longo da altura dessa seção. As setas utilizadas nessa
decomposição têm finalidade didática, uma vez que a temperatura é uma grandeza escalar.

Figura 3.8 -Decomposição de variação de temperatura

A parcela de vaiação uniforme de temperatura provoca em barra de comprimento e


e extremidades livres, o alongamento 6=ccTe, onde a, é coeficiente de dilatação térmica.
Impedindo essa expansão, obtém-se, com a lei de Hooke da equação 1.7, a força de
compressão aEAT . Esse é um esforço de engastamento perfeito que, com sinal contrário,
deve ser aplicado nas extremidades da barra em questão no estado Eo. Contudo,
desconsiderando o efeito de deformação de força normal na construção do sistema principal
do método dos deslocamentos, a oposição à alteração de comprimento das barras nesse
estado se faz por efeito de flexão. A Figura 3.9 ilustra essa situação em um pórtico plano de
duas barras, onde T, e 6, se referem, respectivamente, à variação uniforme de temperatura e
à correspondente alteração de comprimento da i-ésima barra. Supõe-se que a barra _I tenha
um acréscimo de temperatura e que a barra 2, um decréscimo.
Na Figura 3.9b está representado o sistema principal (em que a rotação do ponto
nodal C é restringida) e a deformada desse sistema devido às alterações de comprimento 6,
e 6, das barras I e 2, respectivamente. Considerando pequenos deslocamentos, a posição
final do ponto nodal C é obtida marcando-se 6, e 6, nas direções das correspondentes
barras na configuração não deformada, para obter os pontos 1 e 2, respectivamente; e a
partir desses pontos, traçando-se perpendiculares às referidas barras. A interseção dessas
perpendiculares é a posição final do ponto C, designada por C'. Esse procedimento é
utilizado no traçado da Figura 3.9c, como descrito a seguir. Escolhe-se um ponto O como
origem de marcação dos deslocamentos conhecidos, e adotan-se letras minúsculas para
designar pontos que correspondem na estrutura a pontos designados por letras maiúsculas.
Assim, os pontos "a" e "b" dessa figura, correspondentes, respectivamente, aos pontos A e
B do pórtico em questão, são coincidentes com o ponto 0, pois esses pontos são
indeslocáveis. A partir do ponto "a" e em paralela à barra 1,marca-se o deslocamento 6,
(no sentido de alongamento da barra), obtendo-se o ponto 1. A partir do ponto "b" e em
paralela à barra 2, marca-se o deslocamento 6, (no sentido de encurtamento da barra),
obtendo-se o ponto 2. A interseção "c" das perpendiculares às referidas barras,
respectivamente, nos pontos 1 e 2, define o deslocamento Oc do ponto nodal C.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

A C

b
a
A ....i..barra'
11 ......------------

,-
,.

C
,/' 11 i barra 2

B (C)

Figura 3.9 -Efeito de variação uniforme de temperatura.

O gráfico anterior foi proposto por M. Williot em 1877 para a determinação dos
deslocamentos de rótulas de treliças planas. No presente método, interessa determinar os
deslocamentos p , = l c e p,=2c, pois sendo ortogonais, respectivamente, às barras 1 e 2,
uma vez multiplicados pelo correspondente coeficiente de rigidez transversal de barra,
fornecem esforços de eugastamento perfeito que com sinais contrários devem ser aplicados
como forças nodais no estado Eo. Caso se tenham deslocamentos ortogonais nas duas
extremidades de uma mesma barra, interessa determinar o deslocamento ortogonal relativo
que é o deslocamento ortogonal de uma extremidade em relação à outra sua extremidade.
O gráfico de M. Williot é auxiliar à determinação analítica dos deslocamentos
ortogonais relativos das diversas barras da estrutura, uma vez que as medidas gráficas não
costumam oferecer precisão para o cálculo.
Quando se considera o efeito de deformação de força normal, não há naturalmente
necessidade de serem determinados deslocamentos ortogonais relativos devido à variação
uniforme de temperatura e, conseqüentemente, de ser utilizado o gráfico de Williot, o que
em muito simplifica a utilização do método dos deslocamentos. A desvantagem, como
esclarecido na introdução a este capítulo, é aumentar o grau de indeterminação cinemática
do modelo.
Análise de Estruturas - Volume 1

Exemplo 3.9 - Determinam-se os diagramas dos esforços solicitantes do pórtico


representado na Figura E3.9a, devido à variação unifome de 20°C em suas duas barras,
sendo ~ 1 = 4 , 5 . 1 0 ~ k e~ .CL=IO-~PC.
m~

Figura E3.9a.

a) Devido ao efeito térmico, têm-se as variações de comprimento das barras:


6, = 4 . 2 0 . 1 0 ~ ~ = 8 0 ~ 1 0 ~,~ r n 6 , =5.20.10" =100.10-~m
b) O gráfico de Williot é apresentado na Figura E3.9b.

''"~.~
perpendicular i barra 2
pl =lc=60.10 m
p -2c=@

/ perpendicular à barra 1

Figura E3.9b.

C) Para o estado E. adotam-se as notações da Figura E3.9c, obtendo-se os momentos de


engastamento perfeito:
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Figura E 3 . 9 ~ .

d) Para o estado Ei, calculam-se os coeficientes de rigidez de barra:

Esses coeficientes e o cálculo do coeficiente de rigidez kll estão indicados na Figura


E3.9d.

Figura E3.9d.

e) Logo, tem-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:


8,1.105d,=101,25 d, =12,5.104rad
f) Os momentos fletores nas extremidades das barras estão indicados na Figura E3.9e e
permitem o cálculo das reações de apoio:
CMF=O -t -4R, -73,125-45=0 + R, =-29,531k~
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E3.9e.

A partir das reaçóes de apoio e dos momentos fletores indicados na figura anterior,

p45
obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes representados na Figura E3.9f.

3; J /2
73,125

22,5 -
29,531 cosa -16,875 sen a=29,250
DNílcN)

-29,531.sena-16,875 cos a=-31,219

Figura E3.9f.

Quanto à parcela de lei linear de temperatura, esta provoca flexáo em barra de


extremidades livres. Restringindo-se essas extremidades, ocorrem os esforços de
engastamento perfeito indicados na Figura 3.10 (reprodução de esforços apresentados nas
Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3) e que, com sinais contrários, são forças nodais equivalentes que
devem ser aplicadas no estado Eo.
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Figura 3.10 -Esforços de engastamento perfeito devido ao gradiente de temperatura g ~ .

Exemplo 3.10 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico da Figura E3.10a


devido ao gradiente de temperatura de 25'CIm na barra horizontal, sendo a variação de
temperatura de sua face inferior maior do que a variação de temperatura de sua face
superior.

a) Com as notações da Figura E3.10~1,têm-se os momentos de engastamento perfeito:


MA,=-M,, =EIag, =4,5.105.10-5.25=112,5kN.m

Figura E3.10a.

b) Os coeficientes de rigidez do estado E1 são os representados na Figura E3.9d.

c) Logo, tem-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:


8,1~105d,=112,5 -t d, =13,889.10-~rad
Análise de Estruturas - Volume 1

d) Os momentos fletores nas extremidades das barras e o correspondente diagrama estão


representados na Figura E3.10b.

Figura E3.10b.

Exemplo 3.11 - Para a estrutura do exemplo 3.2 reproduzida na Figura E3.11a, em que

! todas as barras têm ~ 1 = 6 , 0 . 1 0 ~ k ~obtém-se


. m ~ , o diagrama de momento fletor devido ao
gradiente de temperatura de -18,75°C/m na barra horizontal e ao gradiente de temperatura
de -12,5°C/m na barra inclinada, sendo a = 1 0 - ~ / "Os ~ . sinais negativos nesses gradientes
expressam que as faces superiores das barras têm acréscimos de temperatura e as faces
1 inferiores, decréscimos.

Figura E3.11a.

a) Os gradientes de temperatura correspondem aos seguintes momentos de engastamento


perfeito:
MA,=-M,, =EIag, =6.105 .10-'(-18,75)=-112,5kN.m
M,, =TEIag,
3 = 3.6.10~.10"(-125)
12,5kN,m
2
esforços esses que são utilizados no cálculo da força nodal fl como indicado na Figura
E3.11b.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.11b.

b) Logo, escreve-se a equação de equilíbrio e sua solução: 9,6.105d,=0 + d,=O


c) Os momentos fletores finais estão representados na Figura E3.11~.

Figura E3.11~.

Exemplo 3.12 - Para a estrutura do exemplo 3.11, determina-se o diagrama de momento


fletor considerando um acréscimo uniforme de temperatura de lS°C nas duas barras.
a) Considerando as barras livres para se deformar, o acréscimo de temperatura provoca as
seguintes variações de comprimento:

b) O gráfico de Williot é apresentado na Figura E3.12a.

perpendicular,,.,'

/perpendicular i barra 1

Figura E3.12a.

179
Análise de Estruturas - Volume 1

C) Para o estado E0 adotam-se as notações da Figura E3.12b, obtendo-se os momentos de


engastamento perfeito:

O cálculo da força nodal fl está indicado na referida figura.

Figura E3.12b.

d) Logo, tem-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:


9,6.105d, =217,69 -t d, =22,676.10-~rad
e) Os momentos fletores finais estão representados na Figura E3.12~.

Figura E3.12~.

3.5 - Deslocamento prescrito


Deslocamento prescrito pode ser linear ou de rotação e, como qualquer outra ação
externa, pode ter seu efeito considerado no estado E. através do procedimento das forças
nodais equivalentes. No caso de rotação, essas forças são facilmente determinadas a partir
do coeficiente de rigidez de flexão de barra que foi definido como igual ao momento para

180
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

provocar uma rotação unitária em das extremidades da barra, mantidos os demais


deslocamentos de extremidade nulos. No caso de deslocamento linear e desprezando
deformação de força normal, não é possível utilizar diretamente o referido procedimento.
Tem-se, a exemplo de variação uniforme de temperatura, que determinar o deslocamento
ortogonal relativo de cada barra associado ao deslocamento prescrito linear e introduzir no
estado E. os esforços provocados por esses deslocamentos ortogonais. Quando não for
possível a identificação imediata desse deslocamento, utiliza-se o gráfico de Williot.

Exemplo 3.13 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico da Figura E3.9a,


para um recalque de lcm no apoio B de cima para baixo, juntamente com a rotação de 1'e--- -

-deste apoio no sentido anti-horário.


a) Para o recalque de apoio, constrói-se o gráfico de Williot da Figura E3.13a.

O,a,l

perpendicular à barra
i
..,~

perpendicular à barra 1
..b,2,c
;

Figura E3.13a.

b) Com as notações da Figura E3.13b, têm-se os momentos de engastamento perfeito


devido aos deslocamentos ortogonais relativos calculados anteriormente:
MA,=M,, =p,k; =1.10~~~1,6875.10~
=1,6875.10~k~.m

Figura E3.13b.
181
Análise de Estruturas - Volume 1

c) Os coeficientes de rigidez do estado Ei estão representados na Figura E3.9d.


d) Logo, escreve-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:
8,1.105d,=-4,8291.10, + d, =-596,19.104rad
e) A Figura E 3 . 1 3 ~apresenta os momentos fletores finais nas extremidades das barras e o
correspondente diagrama.

Figura E3.13~.

É usual analisar esbuturas com vários casos de carregamento, como de peso próprio,
de carga acidental, de efeito de vento etc. Cada um desses casos pode ser considerado como
um vetor independente no sistema de equações 3.3 que, então, toma a forma:

-[. - - I[.
K d, d 2 d, ... = f , , f,, f,, . .
- -
.]
A vantagem é determinar simultaneamente, em procedimento automático, os diversos
vetores de deslocamentos com menor esforço de cálculo do que resolvendo o sistema de
equações separadamente para cada caso de carregamento. Sendo a matriz de rigidez não
singular, esses vetores se escrevem:

Exemplo 3.14 - Para a estrutura representada na Figura E3.14a em que todas as barras têm
e ~~ = ~ O - ~
1=0,03m4, ~ = 2 , l . l O ' k ~ / m PC,
determinam-se as rotações dos pontos nodais D
e E utilizando o sistema principal indicado e considerando os casos de carregamento:
1. As forças indicadas na referida figura.
2. Um recalque de 2,Ocm no apoio B, de cima para baixo.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

3. Um acréscimo uniforme de temperatura de 20°C em todas as barras.


4. Um gradiente de temperatura de 18,75'C/m na bana I .

Figura E3.14a.

a) Estado Eo:

ai) No primeiro caso de carregamento, têm-se os momentos de engastamento perfeito:

Esses momentos estão representados na Figura E3.14b.

Figura E3.14b.

b2) Para o recalque de apoio, constrói-se o gráfico de Williot da Figura E3.14~.


Análise de Estruturas - Volume 1

O,a,c,e perpendicular
.................... à barra 1

p3 =2cm
perpendicular à bama 2
i, perpendicular
-
às banas 4 e 3

Figura E3.14~.

Logo, identifica-se que o sistema principal, quando da imposição do recalque de apoio


em B, tem a deformada representada na Figura E3.14d.

Figura E3.14d.
Calculam-se:

Figura E3.14e.

184
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

b3) Considerando as barras sem restrições externas, o acréscimo unifome de temperatura


provoca as seguintes alterações de comprimento:
8, =8,=6,=4.20,10-5 =80,10"m , 6, =8.10.10-~=160.10-~m.
O correspondente gráfico de Williot é apresentado na Figura E3.14f.

/ perpendicular à barra 4
10.~
.......................
perpendicular às barras 2 e
80

O,a,b,c 160 4

perpendicular à barra 3 /

Figura E3.14f.

Com os resultados do gráfico anterior, identifica-se que o sistema principal tem a


deformada representada na Figura E3.14g.

10.' x

Figura E3.14g.

Logo, têm-se os esforços de engastamento perfeito:


I
M,, =ME,=k;p, =p, 6E1 = 6'6'3'105 .240.10-~= 5 6 7 , ( ) k ~ , ~
e 42

Os resultados anteriores e o cálculo das forças nodais fi3e f23 estão indicados na Figura
E3.14h.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E3.14h.

b4) Quanto ao gradiente de temperatura, com as notações da Figura E3.14i tem-se:


M,, =-ME, =EIag, =6,3.105 .18,75.10-~=118,125kN.m

Figura E3.14i.

c) No estado Ei, têm-se os coeficientes de rigidez de flexão de barra:

Os coeficientes de rigidez kil estão organizados na Figura E3.14j.

Figura E3.14j.
186
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

d) Os coeficientes ki2 do estado E2são obtidos de forma semelhante aos do caso antericr e
estão representados na Figura E3.14k.

Figura E3.14k.

e) Logo, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio:

de soluções:
6,2377 157,89 -12,632 -1,9737
2,6733335,53 -41,842 9,8684
]
rad

3.6- Apoio elástico

Como exemplificado no item 3.2, na construção de sistema principal de estrutura


com apoio elástico, o deslocamento correspondente deve ser restringido porque esse apoio
se deforma juntamente com as barras a ele ligadas.

Exemplo 3.15 - Obtêm-se os diagramas dos esforços solicitantes da viga do exemplo 3.1
modificada pela inclusão de apoio elástico como representado na Figura E3.15a, com o
sistema principal indicado, E=2,1.107kN/m2 e k=105kN.m/rad.

20lcNlm
d2
15OlcN.m
i-.
\ I .-. . !
A -1 2
:
+ 3,Om 5,Om 1 6,Om i
L
Y 'v:
I=0,01m4 I=0,006m4

Figura E3.15a.

187
Análise de Estruturas - Volume 1

a) Para estado Eo, adotam-se as notações da Figura E3.15b, obtendo-se os momentos de


engastamento perfeito:
Pab 100'3'5(8+3) 150 - 53,906J,N,m
M,, =---(t+b)+-=- +---
2t2 2 2.8' 2

Figura E3.15b.

b) Para o estado E1 calculam-se os coeficientes de rigidez de flexão de barra:

Com esses coeficientes constrói-se a Figura E 3 . 1 5 ~onde o apoio elástico não tem
participação.

Figura E3.15~.

c) Os esforços do estado E2 são determinados com os coeficientes ki e k2 calculados no


item anterior e com a rigidez do apoio elástico, obtendo-se a Figura E3.15d.

Figura E3.15d.

188
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

d) Logo, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio:

1 16,275.104d,+4,2.104d2=-6,094
4,2.104dl+18,4.104dZ=60
de solução d, =-1,2921.10-~rad e d,=3,5558,10-~rad.
e) Os momentos fletores nas extremidades das barras estão indicados na Figura E3.15e
juntamente com as forças externas.

Figura E3.15e.

Logo, calculam-se as reações de apoio:


EM?=O + -SRA +50,8+150+100.5-64,08=0 + R A=123,24kN

Com esses resultados obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes representados


na Figura E3.15f.

Figura E3.15f.

Exemplo 3.16 - Seja agora determinar os diagramas dos esforços solicitantes da viga do
exemplo anterior com a modificação de apoio elástico e o sistema principal indicados na
Figura E3.16a, sendo k=5,0.1o3kN1m.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E3.16a.

a) No estado E0 adotam-se as notações da Figura E3.16b, obtendo-se os esforços de


engastamento perfeito:
C M =O~ , -t 8R,,-53,906-100.3+150=0 + R,, =25,488 kN

Figura E3.16b.

b) Para o estado E1 adotam-se as notações da Figura E3.16c, calculando-se os


coeficientes de rigidez:
Cauítulo 3 -Método dos deslocamentos

Figura E3.16~.

c) c)No estado Ez adotam-se as notações Figura E3.16d, obtendo-se os coeficientes de


rigidez de barra:

Figura E3.16d.

d) Logo, escreve-se o sistema de equações de equilíbrio:


14,175.104d,+0,06532.10~d,=-36,094
0,06532.104d,+0,79805.104d, =-100,49

de solução d, =-1,9641.10-~rad e d, =-125,76.10"m


Análise de Estruturas - Volume 1

e) Os momentos fletores finais nas extremidades das barras estão indicados na Figura
E3.16e juntamente com as forças externas.

Figura E3.16e.

A partir dos valores representados na figura anterior, calculam-se as reações de


apoio:

Com esses resultados, obtêm-se os diagramas de esforços solicitantes da Figura


E3.16f.

Figura E3.16f.

3.7- Estruturas simétricas


No item 1.8 mostrou-se que, em estrutura simétrica elástica e geometricamente,
levando em conta as condições cinemáticas da(s) seção(ões) transversal(ais) de simetria que
ocorrem quando da atuação de carregamentos simétrico e anti-simétrico, podem-se
construir modelos com menor número de barras que a estrutura original e, a partir dos
resultados de análise desses modelos, obter os resultados da estrutura. No item 2.7 mostrou-
se que, em análise com o método das forças, se podem utilizar esses modelos reduzidos ou
sistemas principais com redundantes estáticas simétricas e anti-simétricas desacopladas no
correspondente sistema de equações de compatibilidade de deslocamentos. No método dos
deslocamentos não se têm graus de liberdade simétricos e anti-simétricos que desacoplem o
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

correspondente sistema de equações de equilíbrio. Além disso, operar com os modelos


reduzidos equivale a utilizar metade das mesmas rotações nodais simétricas e anti-
simétricas da estrutura original. Para ilustração, seja o pórtico plano simétrico representado
na Figura 3.10a em que o eixo de simetria intercepta duas barras horizontais. Na parte (b)
dessa figura está representado o modelo reduzido de carregamento simétrico juntamente
com o correspondente sistema principal, e na parte (c), o modelo reduzido de carregamento I
!
anti-simétrico com o correspondente sistema principal. Nas partes (d) e (e) da mesma figura
estão representados os sistemas principais do pórtico original, respectivamente, para os
carregamentos simétrico e anti-simétrico.

H
IA
(a) Pórtico original

--*

TSPI

:*?=I
(b) Modelo reduzido de (c) Modelo reduzido de carregamento
carregamento simétrico anti-simétrico

15- --*
.-\d; d; A-,

(d) SP de carregamento simétrico (e) SP de carregamento anti-simétrico

Figura 3.10 - Pórtico plano simétrico.

Adotando rotações simétricas e anti-simétricas, os coeficientes de rigidez de flexão


de barra horizontal do pórtico da Figura 3.10 são numericamente iguais a momentos para
provocar simultaneamente rotações unitárias simétricas e anti-simétricas, respectivamente,
nas extremidades da barra, como mostrado na parte superior da Figura 3.11. É imediato
Análise de Estruturas - Volume 1

identificar que esses coeficientes são iguais aos coeficientes de rigidez de metade da barra
com condições cinemáticas na seção de simetria adequadas aos carregamentos simétrico e
anti-simétrico, como representado na parte inferior da referida figura. Nas estruturas
simétricas dos exemplos aqui apresentados optou-se por adotar modelos reduzidos tirando
partido da condição de simetria (vide item 1.Q por ser essa a forma de trabalho utilizada
com programas automáticos. Assim, adotam-se os coeficientes de rigidez de metade de
barra como indicado na Figura 3.1 1.

e L

1, rad' !Irad
..c
. 3'
k=-
k=-- i L' ;+
e 12E1

1 radi
k =
,%.<i
-
rad!
3 ~ 1\.. i
L n
Ir
L'

L' r=- 3EI


i
(a) Rotações simétricas (b) Rotações anti-simétricas

Figura 3.11 -Coeficientes de rigidez de rotações simétricas e anti-simétricas.

No caso do pórtico da Figura 3.10~1ter carregamento anti-simétrico, é mais


vantajoso utilizar o correspondente modelo reduzido com o método das forças, por ser o
grau de indeterminação estática a metade do grau de indeterminação cinemática. Com
carregamento simétrico, tem-se a situação oposta.
A Figura 3.12 ilustra o caso de pórtico plano simétrico com barras situadas no eixo
de simetria e os correspondentes modelos reduzidos de carregamento simétrico e anti-
simétrico, juntamente com os sistemas principais do método dos deslocamentos
desconsiderando-se deformação de força normal. No caso de carregamento simétrico, as
barras situadas no eixo de simetria impedem o deslocamento vertical das seções
transversais situadas neste eixo porque a deformação de força normal é desconsiderada. No
caso de carregamento anti-simétrico, essas barras devem ser consideradas com metade de
seus momentos de inércia iniciais. Também nesses modelos é mais vantajoso utilizar o
método das forças no caso de carregamento anti-simétrico, e o método dos deslocamentos
no caso de carregamento simétrico.
X
1
5
1
(a) Pórtico original

-,df
H d!*R

d;
--*
<\ 4

TSPI I/2

(b) Modelo reduzido e SP de (b) Modelo reduzido e SP de


carregamento simétrico carregamento anti-simétrico.

Figura 3.12 -Pórtico plano simétrico.

Exemplo 3.17 - Obtém-se o diagrama de momento fletor do pórtico representado na Figura


E3.17a em que ~ 1 = 5 , 0 . 1 0 ' k ~ / mutilizando
~, as parcelas simétrica e anti-simétrica de
carregamento indicadas.

Figura E3.17a.

a) Análise com a parcela simétrica do carregamento:


Adota-se o modelo reduzido representado na Figura E3.17b juntamente com o
correspondente sistema principal.
Análise de Estruturas - Volume 7

Figura E3.17b.

Para o estado E0 adotam-se as notações da Figura E3.17c, utilizando a Tabela 2.3:

Figura E3.17~.

Para o estado E1 adotam-se as notações da Figura E3.17d:

Figura E3.17d.

196
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Logo, escreve-se a equação de equilíbrio e respectiva solução:


5,8333,1O5dI=-66,667 + d, =-11,429.10-~rad
Os momentos fletores nas extremidades das barras e o correspondente diagrama estão
representados na Figura E3.17e.

Figura E3.17e.

b) Análise com a parcela anti-simétrica do carregamento:


Adota-se o modelo reduzido representado na Figura E3.17f juntamente com o
correspondente sistema principal.

Figura E3.17f.

Os esforços do estado E. são calculados com as notações da Figura E3.17g, utilizando


a Tabela 2.2:
Análise de Estruturas - Volume I

Figura E3.17g.

Os coeficientes de rigidez do estado E, são calculados com as notações da Figura


E3.17h:

Figura E3.17h.

Os coeficientes de rigidez do estado E2 são calculados com as notações da Figura


E3.17i:

Logo, obtém-se o sistema de equações de equilíbrio e respectiva solução:


10,833.105d,+0,83333.10'd2 =-25,O d, =-3,0001.10-'rad
0,83333.1O5d,+0,27778.105d, =0,0 d, =9,0007.10"m
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.17i.

Os momentos fletores nas extremidades das barras e o correspondente diagrama estão


representados na Figura E3.17j.

Figura E3.17j.

c) O diagrama de momento fletor da estrutura original é obtido por "soma" dos


diagramas das Figuras E3.17e e E3.17j, e está representado na Figura E3.17k.

Figura E3.17k.

199
Análise de Estr~lturas- Volume 1

Neste exemplo, o sistema principal da estrutura original tem três graus de liberdade,
o sistema do modelo reduzido da parcela simétrica do carregamento tem um grau de
liberdade e o sistema do modelo reduzido da parcela anti-simétrica do carregamento tem
dois graus de liberdade. Evidencia-se, assim, a vantagem de se trabalhar com essas parcelas
de carregamento.
A grelha tem tratamento semelhante ao de pórtico plano, como ilustra a Figura 3.13
em que o eixo de simetria intercepta uma das barras. Podem ser utilizados modelos
reduzidos mostrados na parte (b) dessa figura, ou, o que dá no mesmo, adotar
deslocamentos simétricos e anti-simétricos em sistemas principais com todas as barras
como mostrado nas partes (c) e (d). Na parte (c) identifica-se que, com d; =1, se tem para a
barra 3 o coeficiente de rigidez k mostrado na Figura 3.11a, e que os graus de liberdade df
e d; não provocam deformabilidade nesta barra. Na Figura 3.13d identifica-se que, com
d; =l , se tem para a barra3 os coeficientes de rigidez k e r mostrados na Figura 3.1 1b. O
grau de liberdade d3 está associado ao coeficiente de rigidez k,apresentado na Figura 3.4f,
tomando-se metade do comprimento da bana, e o grau de liberdade d: está associado aos
coeficientes de rigidez k* e r' mostrados na Figura 3.4e, também tomando-se metade da
barra. Tendo-se barra no eixo de simetria, em carregamento simétrico considera-se esta
barra com metade de seu momento de inércia e, em carregamento anti-simétrico, com
metade de seu momento de inércia à torção.

/
p/=. .
4p
4
(a) Grelha original (b) Modelos reduzidos

d;
----

d;
'
.' 4
Id;
d;
/
,.' ,
tdi

(c) SP de carregamento (d) SP de carregamento


simétrico anti-simétrico

Figura 3.13 -Grelha simétrica.

200
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

3.S- Deformação de força normal

No desenvolvimento anterior foi desconsiderada deformação de força normal por


ser de pequena influência na grande maioria dos casos, para reduzir o número de graus de
liberdade do modelo de análise. Contudo, em estruturas com tirantes e/ou escoras de
reduzida rigidez axial, a deformação axial das barras não deve ser desconsiderada na
análise. Além disso, a consideração dessa deformação facilita a análise de estrutura com
recalque de apoio linear e é essencial na análise de treliças hiperestáticas.

Exemplo 3.18 -Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico representado na


Figura E3.18a, considerando e não considerando a deformação do tirante identificado por
extremidades articuladas. Esse tirante tem ~ ~ = 2 , 0 . 1 0 ~ek N as demais barras têm
EI=5,0.105k~.m2.Nessa mesma figura estão representados o modelo reduzido (tirando
partido da simetria de eixo vertical) e os sistemas principais considerando e não
considerando a deformação axial do tirante, identificados, respectivamente, por SPi e SP2.

Figura E3.18a.

a) Análise considerando a deformação axial do tirante:


Os esforços do estado E0 são calculados com as notações da Figura E3.18b, utilizando
a Tabela 2.3.

Os coeficientes de rigidez do estado E1 são calculados com as notações da Figura


E3.18~.
E1 5.105
k I --=
-
e --=2,5.105
2
- 4'5'105 =6,6667,105 6EI - 6.5.10~
k, =--4E1 - =3,3333.105
e 3 , r2=e2-
z2
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E3.18b.

Figura E3.18~.

Os coeficientes de rigidez do estado E2 são calculados com as notações da figura


E3.18d:
k, =k, =6,6667.105 r, =r, =3,3333.105

Figura E3.18d.

202
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Os coeficientes de rigidez do estado E3 são calculados com a notações da Figura


E3.18e:

Figura E3.18e.

Logo, obtém-se o sistema de equações de equilíbrio:

i
9,1667.105d,+3,3333.105d2-3,3333.1O5d,=-66,667
3,3333.10~d,+13,333.10~d,+0,0d3=0,0
-3,3333.105 +0,0.d2+5,4444.105d, =0,0

de solução d,=-10,595.104rad, d,=2,6487.10-~rad e d, =-6,4866.1O4m


Os momentos fletores nas extremidades das barras e o correspondente diagrama estão
representados na Figura E3.18f.

Figura E3.18f.

203
Análise de Estruturas - Volume 1

b) Análise desconsiderando a deformação axial do tirante:


Semelhantemente à análise anterior, chega-se ao sistema de equações de equilíbrio e
correspondente solução:

Os momentos fletores nas extremidades das barras e o correspondente diagrama


estão representados na Figura E3.18g.

Figura E3.18g.

A comparação dos momentos fletores representados nas Figuras E3.18f e E3.18g


evidencia a relevância da deformação axial do tirante no comportamento do pórtico em
questão.
Sugere-se ao leitor analisar o pórtico simétrico da Figura E3.18a arbitrando
carregamento não simétrico que provoque tração no tirante.
Deslocamento prescrito linear foi tratado (vide item 3.5) por meio dos
correspondentes deslocamentos ortogonais relativos, por se ter desconsiderado deformação
de força normal na construção do sistema principal. Considerando essa deformação, esse
tipo de deslocamento prescrito pode ser levado em conta diretamente através do
procedimento das forças nodais equivalentes, como mostra o próximo exemplo, à custa de
aumento do número de graus de liberdade.

Exemplo 3.19 - Considera-se a estrutura da Figura E3.19a de barra de pequena curvatura,


com tirante de ~ ~ = 2 , 0 . kN
1 0e~as demais barras de ~ 1 = 1 0 ~ k ~Busca-se
. m ~ . determinar o
diagrama de momento fletor, tendo-se em conta a força nodal equivalente determinada no
exemplo 2.16 e que conduz ao modelo representado na parte esquerda da Figura E3.19b.
Nessa mesma figura está representado o modelo reduzido tirando-se partido da condição de
simetria, e o correspondente sistema principal levando-se em conta a deformabilidade do
tirante.
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Figura E3.19a.

Figura E3.19b.

a) O coeficiente de rigidez transversal da barra curva é obtido utilizando a Figura E 3 . 1 9 ~


onde estão representados um sistema principal do método das forças e o
correspondente estado Ei.

Figura E3.19~.
Tem-se:
Análise de Estruturas - Volume 1

b) Aplicando o método dos deslocamentos ao modelo reduzido da Figura E3.19b,


calculam-se os coeficientes de rigidez com as notações da Figura E3.19d:

Figura E3.19d.

Logo, tem-se o sistema de equações de equilíbrio e respectiva solução:


56,677.1O4dI=-15,915 + dl=-0,28080.10" m
Com esse resultado, obtêm-se os momentos fletores representados na Figura E3.19e.

Figura E3.19e.

Exemplo 3.20 - Considera-se novamente o pórtico do exemplo 3.14, reapresentado na


parte esquerda da Figura E3.20a, com o recalque de 2,Ocm do apoio B de cima para baixo.
Para isso, adota-se o sistema principal da parte direita dessa figura, em que se considera a
deformação axial da barra BD. Todas as barras têm 1=0,03m4e ~ = 2 , 1 . 1 0 ' k ~ / me ~a ,barra
BD, por ter seção transversal quadrada, tem ~=0,6m'.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura E3.20a.

a) Para o estado Eo, calcula-se a força de engastamento perfeito F que provoca na barra
BD deslocamento axial de 2,Ocm:

Essa força, com sinal contrário, é força nodal equivalente a ser considerada segundo o
deslocamento d3.
b) Os coeficientes do estado Ei são calculados com as notações da Figura E3.20b e
EI= 6,3.105k ~ . m ' .

Figura E3.20b.

207
Análise de Estruturas - Volume 1

C) OS coeficientes de rigidez do estado E2 são calculados com as notações da Figura


E3.20~:k, =k3=6,3.105,r, =2,3625.105

Figura E3.20~.

d) Os coeficientes de rigidez do estado E3 são calculados com as notações da Figura


E3.20d:

k =--EA - 2J.10' =31,5,105

az c! 4

k 3 -- 6EI = 6.6,3.105 =2,3625,105 * 12EI - 12.6,3.105 =1,1813.105


c!2
42 r3 = 7 -
43

k* 6EI - 6.6,3~105=0,59063.105 r4* =- 12EI - 12.6,3,105 =0,14766,105


a- !2
s2 t3 83

Figura E3.20d.

208
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

e) Logo, tem-se o sistema de equações de equilíbrio e respectiva solução:

I 15,75d, +3,15d, +1,7719d3=0


105. 3,15d, +12,6d,+2,3625d3=0
1,7719d, +2,3625d2+32,829d3=-0,63
+
I
d, =154,0.10-~rad
d,=327,28.10-~rad
d,=-1950,9.10-~m

O deslocamento d3 calculado anteriormente difere 2,516% do deslocamento que se


impôs ao ponto nodal D quando da resolução do exemplo 3.14 por se ter desconsiderado a
deformação axial da barra BD.
A Figura E3.20e apresenta os momentos fletores finais nas extremidades das barras
e o correspondente diagrama.

Figura E3.20e.

3.9- Estrutura com barra inclinada

A barra inclinada costuma ser utilizada para contraventar estrutura, quando então,
desconsiderando deformação de força normal, o tramo contraventado passa a ser indeslocável,
como ilustra a Figura 3.14. No pórtico da parte (a) dessa figura, os pontos nodais A e B têm
iguais pequenos deslocamentos lineares (de trajetória indicada em tracejado), caracterizando
um deslocamento linear em modelo de análise. Na parte (b), o ponto A tem o seu deslocamento
horizontal restringido pela barra inclinada, o que conseqüentemente, também restringe o
deslocamento horizontal do ponto B. Por razão didática, todas as estruturas com barra inclinada
analisadas anteriormente foram indeslocáveis.

d2 d, d2
.............. ..A B L- i b-,
,
...'.........

(a) Deslocável. (b) Indeslocável.

Figura 3.14 -Pórtico plano.


Análise de Estruturas - Volume 1

Em pórtico deslocável constituído de barras ortogonais, os coeficientes de rigidez


segundo os graus de liberdade lineares são obtidos a partir do coeficiente r ou r* de cada
barra, devidamente multiplicado pelo correspondente deslocamento ortogonal relativo,
como exemplificado em exemplos anteriores. Em pórtico deslocável com barra inclinada
analisado sem deformação de força normal, os coeficientes de rigidez segundo
deslocamentos lineares são obtidos com a concepção de que são numericamente iguais a
reações de apoio quando se impõe, no sistema principal, deslocamento unitário segundo o
grau de liberdade em questão, mantendo-se os demais graus restringidos.

Exemplo 3.21 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico de barras de


mesmo E1 representado na Figura E3.21a, juntamente com o correspondente sistema
principal.

Figura E3.21a.

a) No estado E0 adotam-se as notações da Figura E3.21b e calcula-se o momento de


engastamento perfeito:

Figura E3.21b.

O momento anterior permite o cálculo da reação RA indicada na Figura E3.21b:


Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Essa reação conduz ao cálculo da força f2indicada na Figura E3.21b:


MFC=O 4 -7,75+50.4,5-4f2-100=O -+ f 2=93,75 kN

b) No estado Ei, com as notações da Figura E3.21c, têm-se os coeficientes de rigidez de


flexão de barra:

Figura E3.21~.

De forma semelhante ao estado Eo,calcula-se:


C M ~ = O -4RA+0,75=0 -+ RA=0,1875
4

C M ~ =-+O -7.0,1875-4k21+1,55+0,4=0 + k,, =0,15937

C) O estado Ez é obtido fazendo dz=l e determinando os deslocamentos ortogonais


relativos através do Williot da figura E3.21d.

b.--,&rpendicular à barra 2

Figura E3.21d.
21 1
Análise de Estruturas - Volume 1

Logo, com as notações da Figura E3.21e, calculam-se os coeficientes de rigidez:

k, =-=--
3E1 3E1 -0,1875EI kTp, =0,1875EI.0,75=0,14063EI
e= 4=

t eestado Ei, calculam-se:


De forma ~ e ~ e l h a nao
I= MF= O + -4RA-0,14063EI=O + R A =-0,035157EI

EM?= O + -7.(-0,035157~1)-4k22+0,15937+0,3=0 + kz2=0,17637EI

Figura E3.21e.

d) O sistema de equações de equilíbrio se escreve:


1,55EId,+0,15937EId2=100,0
0,15937EId, +0,17637E1d2=-93,75
de solução di=131,38/EI e d2=-650,281EI
e ) Os momentos fletores finais nas extremidades das barras estão indicados na Figura
E3.21f, juntamente com o correspondente diagrama.

Figura E3.21f.
21 2
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

No caso de grelha com barras não ortogonais, deslocável ou indeslocável, ocoiiem


graus de liberdade de vetores representativos não coincidentes com eixos de barras, o que
requer a projeção de momentos de engastamento perfeito e de coeficientes de rigidez de
barra segundo esses graus de liberdade. Com isso, o inétodo dos deslocamentos torna-se
muito trabalho em procedimento manual, não sendo aqui exemplificado.

3.10- Exercícios propostos


3.10.1 Para o método dos deslocamentos e as estruturas das Figuras 3.15a até 3 . 1 5 ~
identifique os sistemas principais de menores números de restrições, considerando e não
considerando a deformação axial das barras biarticuladas. Identifique também os
correspondentes graus de indeterminação estática, idealizando as barras biarticuladas como
tirantes. No caso das estruturas simétricas, refaça essas identificações nos correspondentes
modelos reduzidos de carregamento simétrico e de carregamento anti-simétrico.

Figura 3.15a -Vigas.

Figura 3.15b -Pórticos planos,

21 3
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 3.1% -Grelhas.

3.10.2 Utilizando o método dos deslocamentos, resolva os exercícios propostos


2.10.2,2.10.5 e2.10.14.
r'? ..
(3.10.3~Utilizandoo método dos deslocamentos e simplificações de simetria,
determhe--os/diagramas dos esforços solicitantes das vigas contínuas representadas na
Figura 3.16a até 3.16c, em que as barras têm seção retangular de (30x60)cm2 e E=2lGPa.
Utilizando o método da força unitária e desconsiderando a deformação de força cortante,
determine também a rotação das seções nos apoios extremos.

Figura 3.16a.

Figura 3.16b.
Capítulo 3 -Método dos deslocamentos

Figura 3.16~.

r"'
3.10. Determine os diagramas de momento fletor dos pórticos representados na
figura 3.1 em que ~ 1 = 2 , 9 ~ 1 0 ~ k ~ . m ~ .

Figura 3.17.

no pórtico da Figura 3.17a, para: (a) um recalque do apoio A de 0,5cm


(b) uma rotação de 0,5' deste apoio no sentido anti-horário.

dB
3.10. \Determine os diagramas dos esforços solicitantes do pórtico plano simétrico
representa o na Figura 3.18, em que todas as barras têm o mesmo módulo de elasticidade.
Utilize decomposição de carregamento e o método mais apropriado em cada caso.

Figura 3.18.
21 5
Análise de Estruturas - Volume 1

3.10.7 Determine os diagramas dos esforços solicitantes da grelha simétrica


representada na Figura 3.19, em que ~ 1 = 5 , 0 ~ 1 0 ~ k Ne .Gm~~= 2 , 0 . 1 kN.m2.
0~

Figura 3.19.

3.10.8 Idem, para a grelha representada na Figura 3.20 em que ~ = 2 , 1 . 1 0 ' k ~ / m ~ ,


~=8,1.10~kN/m
1=5,208.10-~rn~
~, e ~=2,083.10-~m~.

Figura 3.20.

9 Fi jura 3.21 representa uma idealizaçito simplista de uma ponte esiaiada


como pórtio plano. Desconsiderando o efeito de deformação de força normal e tirando
partido da simetria, determine os diagramas de momento fletor e de força cortante. O
material é aço de ~ = 2 , 0 5 . 1 0k ~~ / ma~barra
, BCDE tem momento de inércia 1,455.10-~m~,
as barras AC e HD têm momento de inércia 1,165.10-~m~,
e as barras CF e DG têm
momento de inércia 5,824.10-~m~.
Capítulo 3 - Método dos deslocamentos

Figura 3.21.
-- -

2'
~

13.10.1 A Figura 3.22 representa a idealização da estrutura de arquibancada de um


estádh omo pórtico plano, em que todas as barras têm ~ = 3 , 0 . 1 0 ~ k ~e /1=0,18m4.
m~
Determine o correspondente diagrama de momento fletor e o deslocamento vertical do
ponto A.

Figura 3.22.

fio:$ ~ e t e r m i n eo diagrama de momento fletor do pórtico plano representado na


figura 3.23-em que todas as barras têm o mesmo EI.
Análise de Estruturas - Volume I

Figura 3.23.

'<~GTi;htennine a forja na mola e o diagrama de momento fietor do p6rtiio plano


\ ./
da Figurã3.24, em que ~ = 2 , 0 5 . 1 0 * k ~ l m
1=4,5.104d
~, e k=7,2.1o5kN/m.

Figura 3.24.
~ ~

i5.10.13 Determine o diagrama de momento fletor do pórtico espacial representado


na ~ i & r a3.23, em que todas as barras têm as propriedades elásticas E=2,1.107k ~ / m 'e
~ = 8 , 7 5 . 1 kN/m2,
0~ as barras horizontes têm seção (30x60)cm2 e a barra vertical tem seção
(30x30)cm2.

Figura 3.23.

21 8
Tópicos complementares

4.1 - Introdução

No primeiro capítulo foram apresentados os fundamentos para a análise das


estruturas hiperestáticas no sentido de determinar esforços solicitantes, reações de apoio e
deslocamentos. Essa análise foi desenvolvida nos segundo e terceiro capítulos, por meio do
método das forças e do método dos deslocamentos, respectivamente. No presente capítulo é
apresentado o estudo das linhas de influência e do processo de Cross.
Linha de influência é utilizada quando se trabalha com cargas móveis
desconsiderando-se na análise forças de inércia, como no projeto usual de pontes. O efeito
dessas forças é, então, levado em conta majorando os efeitos estáticos através de fatores de
amplificação dinâmica ou coeficientes de impacto. Na determinação de linha de influência,
como apresentado a seguir, podem ser utilizados os métodos das forças e dos
deslocamentos.
O processo de Cross é uma forma prática de aplicar o método dos deslocamentos
sem a resolução explícita do correspondente sistema de equações de equilíbrio, obtendo-se
diretamente os momentos fletores nas extremidades das barras. Nesse processo, busca-se o
equilíbrio de momentos nas extremidades das barras, por aproximações sucessivas em
relaxação das restrições de rotações nodais que são introduzidas quando da construção do
sistema principal. Atualmente é pouco utilizado, mas tem a vantagem de contribuir ao
entendimento de comportamento das estruturas em barras.

4.2 - Linhas de influência

No projeto de estruturas com cargas móveis, é necessário determinar valores


extremos de efeitos elásticos, como deslocamentos, reações e esforços solicitantes, em
Análise de Estruturas - Volume 1

seções de barras. Esses valores podem ser obtidos utilizando-se linha de influência e trem-
tipo. A linha de influência (LI) de determinado efeito elástico, relativa a um ponto ou seção
de observação ou referência, expressa esse efeito nesse ponto (gráfica ou analiticamente),
quando uma força unitária de direção e sentido constantes percorre a estrutura, ou parte de
suas barras. Esses sentido e direção são os mesmos que os das cargas móveis a serem
consideradas posteriormente na estrutura, usualmente verticais e de cima para baixo.
Quando se considera a força unitária percorrendo um modelo em superfície, tem-se
superfície de influência que será tratada no terceiro volume.
O trenz-tipo é o conjunto das cargas móveis usualmente definidas a partir de códigos
normativos de projeto, como a NBR-7188 no caso de obra rodoviária e a NBR-7189 no
caso de obra ferroviária. A Figura 4.la ilustra a posição de um veículo em pista de
rolamento de ponte rodoviária, com as cargas móveis uniformemente distribuídas p e p' na
pista de rolamento e nos passeios, respectivamente, definidas de acordo com a classe da
ponte. Na Figura 4.lb está representado o veículo tipo 12 da NBR-7188, com suas
respectivas cargas concentradas.

Passeio P'

Pista de rolamento
- . 1.5:
I 3,Om 11.5;

I
Veículo
2,oln:...........
m~ 1
20kN
3 , 0 m
Passeio P' ~.~
.........
.....~~.
6,Om

(a) (b)
Figura 4.1 - Cargas móveis em ponte rodoviária.

Considerando a distribuição transversal das cargas móveis na ponte, chega-se ao


trem-tipo longitudinal. Após a obtenção da LI, buscam-se os posicionamentos mais
desfavoráveis desse trem-tipo na LI, no sentido de, ao fazer, acumulativamente, o produto
dos valores das forças do trem-tipo pelas ordenadas da LI sob essas cargas, se obtenham
valores extremos para o efeito elástico que diz respeito a LI. Repetindo esse procedimento
para todas as seções transversais e marcando-se nos pontos correspondentes os valores
extremos, constrói-se a envoltória do efeito elástico em questão.
A Figura 4.2 ilustra trem-tipo longitudinal constituído de três forças concentradas,
P, duas forças distribuídas, pl, e uma força distribuída, pz, e duas forças distribuídas, p, e
p2, em uma viga contínua de dois vãos, juntamente com as linhas de influência do momento
fletor na seção média do primeiro vão e do momento fletor na seção do apoio intermediário.
A ordenada de cada ponto dessas linhas expressa o valor do momento fletor na respectiva
seção de referência. São também mostradas nessa figura as posições críticas desse trem-tipo
para a determinação dos valores extremos desses momentos. Nesses posicionamentos,
Capítulo 4 -Tópicos complementares

desconsideram-se carregamentos que reduzam o efeito elástico, como no trem-tipo da


Figura 4.2a em que não se incluiu força distribuída no segundo vão por esta aliviar o
momento fletor na seção média do primeiro vão. O valor extremo do momento fletor, em
cada caso, é obtido somando-se os produtos de cada força concentrada pela correspondente
ordenada da LI, juntamente com os produtos de cada força distribuída pela área da LI
referente ao comprimento de distribuição dessa força.

A
i 'Posição crítica do trem-tipo i r ;Posição crítica do trem-tipo i
i I i
!
I
I

LI de momento fletor LI de momento fletor


(a) Seção média do 1"ão (b) Seção do apoio intermediário

Figura 4.2 - Viga contínua de dois vãos.

Esse procedimento é tradicional no projeto de pontes e pode ser aplicado apenas


quando se consideram os comportamentos lineares físico e geométrico que é a restrição de
validade do princípio da superposição de efeitos. A vantagem desse procedimento é
calcular, em uma única análise, determinado efeito elástico, em certa seção de observação,
devido a uma força unitária que se move ao longo da estrutura, e utilizar o r~sultado
expresso pela correspondente LI em diferentes combinações de cargas que se movem em
conjunto (trem-tipo) sobre essa estrutura, evitando-se reanálises consecutivas para cada
posicionamento dessas cargas.

4.2.1 - Linhas de influência de deslocamentos

A determinação de LI através da aplicação de uma força unitária sucessivamente


em pontos da estrutura requer grande esforço de cálculo, pois a estrutura tem de ser
analisada para cada uma das posições dessa força unitária em que se deseja ter o valor da
LI. No caso de LI de deslocamento (linear ou de rotação), esta pode ser obtida em uma
única análise, através de simples aplicação do teorema de reciprocidade de Maxwell
expresso pela equação 1.50. Para ilustração, considere-se a viga contínua representada na
Figura 4.3 sob as forças unitárias P e P' aplicadas como casos de carregamento distintos,
respectivamente, nas seções j e S. O referido teorema fornece:
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 4.3 - Viga contínua sob carga unitária.


Tendo-se a equação anterior e considerando a seção S de aplicação da força P'
como ponto de observação de deslocamento transversal da viga em questão, assim como
considerando a seção j de aplicação da força P como um ponto qualquer da viga, conclui-se
que as ordenadas 6; devido à aplicação de P' definem a LI de deslocamento (no caso
transversal) em relação ao ponto de observação. Assim, não se tem necessidade de fazer a
força unitária percorrer a estrutura com análise da mesma para cada ponto de aplicação
dessa força. A LI de deslocamento pode ser obtida, em uma única análise, aplicando uma
força unitária no ponto de observação em questão e determinando a linha elástica
(configuração deformada) correspondente, que pode ser obtida analiticamente em casos
simples ou, de forma discreta, calculando deslocamentos em diversos pontos ao longo da
estrutura utilizando o método dos deslocamentos apresentado no capítulo anterior.

Exemplo 4.1 - Determina-se a LI da rotação da seção do primeiro apoio da viga biapoiada


representada na parte esquerda da Figura E4.1.
Como se trata de rotação, aplica-se momento unitário nesse apoio e busca-se a linha
elástica correspondente, que é obtida pelo método da força unitária com o modelo
representado na parte direita da referida figura.
Fazendo uso da Tabela 1.2, escreve-se o deslocamento transversal:

Esse deslocamento é numericamente igual à ordenada da LI da rotação da seção no apoio


em questão.

M= 1
6 A7-&7A
i a j

I
b e 5

i
! DM
i DM,

- -
e e
-
Figura E4.1 -Viga biapoiada.

222
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Em estruturas hiperestáticas, após a resolução do sistema de equações do método


dos deslocamentos, obtêm-se os deslocamentos nodais considerados na construção do
sistema principal correspondente. Logo, tomando cada barra isoladamente, pode-se integrar
a correspondente equação diferencial de equilíbrio da teoria clássica de viga (equação f
do exemplo 1.4) para obter a correspondente elástica, definida pelos deslocamentos
transversais.
No caso de barra biengastada descarregada de seção transversal constante, obtém-se,
com as notações da figura 4.4a e a referida integração, o deslocamento transversal:

No caso de barra de extremidades engastada e rotulada, descarregada e de seção


transversal constante, obtém-se, com as notações da figura 4.4b, o deslocamento transversal:

No caso de barra de extremidades engastada e liberada à força cortante,


descarregada e de seção transversal constante, com as notações da figura 4.4c, obtém-se o
deslocamento transversal:

Figura 4.4 -Linha elástica de barra,

As equações 4.2, 4.3 e 4.4 são válidas para barra descarregada. Logo, no caso da
barra com a força unitária, ao deslocamento fornecido por essas equações, deve ser

223
Análise de Estruturas - Volume 1

adicionada parcela de deslocamento devido a esta força. Contudo, é mais prático construir o
sistema principal do método dos deslocamentos incluindo o deslocamento transversal do
ponto de observação (que é o ponto de aplicação da força unitária) como incógnita, de
maneira a não se ter barra com força unitária, simplificando a obtenção da LI.

Exemplo 4.2 - Faz-se a determinação da LI da rotação da seção do apoio B da viga


contínua representada na Figura E4.2a (reprodução da viga do exemplo 3.1) e da LI do
deslocamento traniversal da seção média do trecho AB dessa viga, sendo E=2,1.107k ~ l m ' .

Figura E4.2a -Viga contínua

a) A LI de influência da rotação em B é obtida aplicando o momento unitário nesse ponto


e determinando a linha elástica correspondente. Assim, adotando o mesmo sistema
principal do exemplo 3.1, modifica-se a equação de equilíbrio desse exemplo para a
forma:

Com essa rotação, utilizando a equação 4.3 obtém-se a LI procurada que é apresentada
na Figura E4.2b com valores a cada quarto de vão.

Figura E4.2b -LI da rotação da seção do apoio B em radianos

b) A LI do deslocamento transversal da seção média do trecho AB é obtida aplicando


força unitária nessa seção e determinando a correspondente linha elástica. Para isso,
adota-se o sistema principal representado na Figura E 4 . 2 ~no qual se optou por ter o
referido deslocamento como incógnita, considerado positivo no sentido contrário ao da
força unitária.
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Figura 4 . 2 -
~ Sistema principal.

Com o método dos deslocamentos, chega-se ao sistema de equações de equilíbrio de


equilibrio e respectiva solução:

Com esses deslocamentos, utilizando as equações 4.2 e 4.3, obtém-se a LI procurada


que é apresentada na figura E4.2d com valores a cada quarto de vão.

Figura E4.2d -LI do deslocamento transversal da seção média do trecho AB em metros.

4.2.2 - Processo cinemático

No caso de linhas de influência de reações de apoio e de esforços solicitantes, evita-


se a repetição de análise da estrutura para cada ponto de aplicação da força unitária
utilizando oprinc@io ou método de H. Muller-Breslau, que o apresentou em 1886, também
denominado processo ou método cinemático de determinação de-linha de influência.
Segundo esse processo, a LI de determinado esforço solicitante ou reação de apoio em
certo ponto de observação é obtida introduzindo-se, neste ponto, deslocamento unitário
negativo segundo o esforço em questão, quando então as ordenadas da linha elástica
correspondente são numericamente iguais aos valores da LI procurada.
Em se tratando de estruturas isostáticas, esse processo é demonstrado seguindo o
roteiro:
Análise de Estruturas - Volume 1

a) Retira-se o vínculo da reação de apoio ou do esforço solicitante em relação ao qual se


deseja determinar a LI, ao mesmo tempo em que se aplica esse efeito de maneira a
restituir a configuração da estrutura original.
b) Impõe-se deslocamento unitário negativo (linear ou de rotação, conforme o caso) em
relação ao referido esforço.
c) Aplica-se o teorema dos deslocamentos virtuais, concluindo-se que as ordenadas da
configuração obtida com a imposição do referido deslocamento são numericamente
iguais aos valores da LI desejada. Como o modelo em que se impõe esse deslocamento
é hipostático, essa coilfiguração é definida por trechos lineares.
Para ilustrar quanto à reação de apoio, considera-se a viga da Figura 4.5 em que se
deseja determinar a LI da reação do apoio esquerdo, sendo P a carga unitária que percorre a
viga e j o seu ponto de aplicação. Nessa inesma figura representa-se a viga com a
substituição do referido apoio pela correspondente reação R.

Figura 4.5.

Na parte inferior da Figura 4.5 está apresentada a configuração de deslocamentos


resultante da imposição de deslocamento unitário negativo (relativamente ao sentido
positivo considerado para a reação de apoio) no ponto em que se retirou o apoio.
Considerando essa configuração como deformada virtual na viga com a reação R, o
teorema dos deslocamentos virtuais expresso pela equação 1.30 fornece:
unidade de força
PF+R(-1)=0 -t R=F. (4.5)
unidade de comprimento
No caso, não se tem trabalho virtual interno porque não surgem esforços internos ao se dar
deslocamento de corpo rígido. A equação anterior expressa que, considerando o ponto j
como um ponto qualquer da viga, as ordenadas F são numericamente iguais aos valores da
LI da reação R, com deslocamento para baixo indicando reação positiva.
Para mostrar a obtenção de LI de momento fletor, seja a viga isostática da Figura
4.6 em que se deseja a LI do momento fletor na seção S indicada. Nessa mesma figura
representa-se a viga com a retirada do vínculo do referido momento, juntamente com a
aplicação de um par de momentos M (no sentido positivo da convenção de momento fletor)
Capítulo 4 -Tópicos complementares

de maneira a restituir a condição da viga anterior, em semelhança à Figura 1.12 do piimeiro


capítulo.

P= 1
I

A j s A
P= 1
M M M
A J"\
A C-3C
. -3
Sentido positivo de
momento fletor.

Figura 4.6.

Na parte inferior da Figura 4.6 está representada a configuração de deslocamentos


devido à imposição de rotação unitária negativa (relativamente aos sentidos dos momentos
M aplicados) entre as seções adjacentes à seção S em que se retirou o vínculo de momento
fletor. De acordo com a figura, o momento positivo na seção adjacente à esquerda da rótula
é no sentido anti-horário e a rotação dessa seção é no sentido horário. Considerando essa
configuração como deformada virtual na viga coin o par de momentos M, o teorema dos
deslocamentos virtuais fomece:
PS + M(-1)=0 + ~ = S , ( u n i d a d de
e força) (4.6)
Assim, considerando o ponto j como qualquer ao longo da viga, as ordenadas 6 definem a
LI desejada, com deslocamento para baixo expressando momento fletor positivo.
Ilustrando a obtenção de LI de força cortante, considera-se a viga isostática da
Figura 4.7 em que se busca a LI da força cortante na seção S indicada. Nessa mesma figura
representa-se a viga com a retirada do vínculo da referida força, juntamente com a
aplicação de par de forças V (no sentido positivo da convenção de força cortante) de
maneira a restituir a condição da viga anterior. Na parte inferior dessa figura está
representada a configuração de deslocamentos resultado da imposição de deslocamento
relativo unitário negativo (no sentido das forças V aplicadas) entre as seções adjacentes à
seção em que se retirou o vínculo. Como se trata de deslocamento relativo apenas de força
cortante, não deve haver rotação relativa entre as seções transversais de liberação de
vínculo, implicando que os dois trechos hipostáticos de viga sejam paralelos. Considerando
essa configuração como deformada virtual na viga com o par de forças V, o teorema dos
deslocamentos virtuais fomece:
unidade de força
PF+V(-1)=O + V=6. (4.7)
unidade de comprimento
Análise de Estruturas - Volume I

Logo, considerando o ponto j como qualquer ao longo viga, as ordenadas 6


definem a LI procurada, com deslocamento para baixo expressando força cortante positiva
(lado da barra contrário ao adotado para o traçado desse esforço quando de sinal positivo).

P= 1
I

XX j s A

Sentido positivo
......L.< de força cortante
.................. ..............
6, =1- ..........
.............. ..........

Figura 4.7.

De maneira semelhante pode-se obter LI de força normal e de momento de torção


em qualquer estrutura isostática em barras.

Exemplo 4.3 - Obtêm-se as linhas de influência da reação de apoio, do momento fletor e


da força cortante na seção C da viga Gerber representada na Figura E4.3a. Os sentidos
positivos desses esforços estão indicados na mesma figura.

A B C D E F G
I A ! i 4.
i
i 2,om i 6,Om / z , o m / 3,5m / 2 , 0 m i I
6,Om
Rc t
Sentidos positivos

Figura E4.3a -Viga Gerber.

Impondo-se deslocamentos unitários negativos segundo os referidos esforços,


obtêm-se as linhas de influência apresentadas na Figura E4.3b. No caso da reação Rc, basta
determinar a linha elástica com deslocamento unitário em C em sentido contrário ao
considerado como positivo para essa reação. Com isso, deslocamento para baixo expressa
reação positiva, como mostra a referida figura. No caso do momento fletor Mc, impõe-se na
seção C rotação unitária negativa (que não afeta a barra AC por esta estar apoiada) e toma-
se a tangente do ângulo igual ao próprio ângulo em radiano (aproximação de teoria de
primeira ordem), com deslocamento para cima indicando momento negativo. No caso da
força cortante Vc, como se tem descontinuidade deste esforço na seção considerada,
Capítulo 4 -Tópicos complementares

impõem-se deslocamentos unitários negativos à esquerda e à direita dessa seção, com


deslocamento para baixo indicando força cortante positiva.

Figura E4.3b -Linhas de influência.

Sugere-se ao leitor que trace as linhas de influência dos esforços solicitantes na


seção D e na seção média da barra DE da viga da Figura E4.3a.
Em se tratando de estruturas hiperestáticas, o processo cinemático de obtenção de
linhas de influência de reações de apoio e de esforços solicitantes é demonstrado seguindo I
o roteiro:
a) Retira-se o vínculo do esforço em relação ao qual se deseja determinar a LI,
simultaneamente à aplicação de forças externas de maneira a restituir a estrutura
original.
b) Como um outro estado de solicitação, impõe-se deslocamento unitário negativo (linear
ou de rotação, conforme o esforço seja força no sentido estrito da palavra, ou
momento) em relação ao esforço em questão.
c ) Aplica-se o teorema de reciprocidade de Betti (equação 1.49), concluindo-se que as
ordenadas da elástica obtida são numericamente iguais aos valores da LI desejada.

Para ilustrar a obtenção de LI de reação de apoio, considera-se a viga contínua


representada na Figura 4.8 em que se deseja obter a LI da reação R no segundo apoio da
esquerda para a direita. Nessa mesma figura representa-se a viga com a substituição do
referido apoio pela reação correspondente. Na parte inferior dessa figura está representada a
configuração deformada resultante da imposição de deslocamento unitário negativo
(relativamente ao sentido positivo considerado para a reação R) no ponto em que se retirou
o apoio, através da aplicação nesse ponto da força R'. Logo, aplicando o teorema de
reciprocidade de Betti às duas últimas representações de viga da Figura 4.8, escreve-se:
Análise de Estruturas - Volume 1

unidade de força
P~+R(-~)=R'.o + R=&.
unidade de comprimento
Assim, considerando o ponto j como qualquer, as ordenadas 6 definem a LI da reação R

Figura 4.8.

Ilustrando a obtenção de LI de momento fletor, seja a viga hiperestática da Figura


4.9 em que se deseja a LI desse esforço na seção S indicada. Nessa mesma figura
representa-se a viga com a retirada do vínculo do referido momento, juntamente com a
aplicação de par de momentos M de maneira a restituir a configuração da viga original.

Figura 4.9.

Na parte inferior dessa figura está representada a configuração deformada quando se


impõe, através do par de momentos M', uma rotação relativa unitária negativa entre as
seções adjacentes à seção em que se retirou o referido vínculo. Logo, utilizando o teorema
da reciprocidade de Betti, obtém-se:
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Considerando o ponto j como qualquer, as ordenadas 6 definem a LI de momento fletor.


Quanto à força cortante, considera-se a viga hiperestática da Figura 4.10 em que se
deseja obter a LI desse esforço na seção S indicada. Nessa mesma figura representa-se essa
viga com a retirada do vínculo de cortante, juntamente com a aplicação de um par de forças
V de maneira a restituir a configuração da viga original. Na parte inferior dessa figura está
representada a configuração deformada quando se impõe, através do par de forças V',
deslocamento unitário negativo entre as seções adjacentes à seção em que se retirou o
referido vínculo. Como a liberação é apenas de vínculo de força cortante, não se tem
rotação entre as seções correspondentes, e as tangentes à esquerda e à direita nos pontos
representativos dessas seções na configuração deformada são paralelas. Utilizando o
teorema da reciprocidade de Betti, obtém-se:
unidade de força
PG+V(-I)=V'.O V=&. (4.10)
unidade de comprimento
Considerando o ponto j como qualquer, as ordenadas 6 definem a LI da força cortante em
questão.

Figura 4.10.

De maneira semelhante pode-se obter LI de força normal e de momento de torção


em qualquer estrutura em barras de comportamento linear. O processo cinemático em
estruturas hiperestáticas pode ser aplicado utilizando o método das forças ou o método dos
deslocamentos. Contudo, utilizando o método das forças, como apresentado no próximo
item, é mais prático determinar LI a partir da concepção da carga unitária que percorre a
estrutura. O processo cinemático é mais prático de ser aplicado com o método dos
deslocamentos, como desenvolvido no item 4.2.4, por este método trabalhar diretamente
com deslocamentos.

4.2.3 - Método das forças


Em estrutura hiperestática, a LI de esforço solicitante ou de reação de apoio pode
ser obtida a partir das linhas de influência das redundantes estáticas (incógnitas primárias
do método das forças), linhas estas que são mais facilmente obtidas do que aquela LI. Para
Análise de Estruturas - Volume 1

ilustração, considera-se a viga duas vezes hiperestática representada na Figura 4.1 1 em que
é prático adotar sistema principal considerando os momentos fletores nas seções dos apoios
intermediários como redundantes estáticas.

Figura 4.11 -Viga duas vezes hiperestática.

Para uma posição qualquer da força unitária, as redundantes estáticas Xi são obtidas
a partir da equação 2.2 e se escrevem:

Considerando as seções dos apoios como pontos nodais, Xi são momentos nodais e
Fio são as correspondentes rotações no sistema principal. Logo, a equação anterior é de
equilíbrio, e k, são coeficientes de rigidez que, como tal independem da posição da força
unitária. Como as rotações 4, dependem da posição da força unitária, a partir da equação
anterior escreve-se que as linhas de influência das redundantes estáticas escolhidas podem
ser obtidas por combinação linear das linhas de influência de Fio,sob a forma:

LIdeXl=-k,,~LIde6,,-k,2~LIdeF20
LI de X, =-k,, .LI de F,, -k,, .LI de F,,
Recai-se, assim, na determinação de linhas de influência de Si, que são rotações de
seções transversais de baira em modelos isostáticos. Por outro lado, como LI de
deslocamento (linear ou de rotação) é definida pela elástica da estrutura quando se aplica
força ou momento unitário unitária (no sentido estrito da palavra ou momento) no ponto de
observação em questão, para obter as linhas de influência de FIO e 6,, adotam-se os
carregamentos representados na Figura 4.12.

Figura 4.12 -Carregamentos para obter as LI de 6,, e F,,

232
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Logo, a partir da equação anterior escreve-se:

O procedimento anterior se aplica a qualquer estrutura hiperestática, utilizando


qualquer sistema principal do método das forças. Contudo, ele é mais simples quando esse
sistema é constituído de vigas biapoiadas de seção transversal constante. No caso, com as
notações da Figura 4.13 e por integração da equação diferencial de equilíbrio da teoria
clássica de viga, tem-se a equação da linha elástica da viga biapoiada:

.(unid. de força .unid. de compr.)

Com essa equação e a equação 4.13, obtêm-se as linhas de influência das redundantes
estáticas em questão.

Figura 4.13 -Viga biapoiada.

Uma vez conhecidas essas linhas, a L I de determinado esforço solicitante ou reação


de apoio pode ser obtida por extensão da equação 2.5:
L I em E = L I em E, LI de Xi).(esforço ou reação em E,) (4.15)
Nessa equação, o estado Ei não depende da posição da força unitária por ser devido à
aplicação de Xi=l no sistema principal do método das forças. Logo, a L I de determinado
esforço solicitante ou reação de apoio em estrutura hiperestática recai na determinação da
L I em relação a este efeito no referido sistema principal e na determinação da L I de cada
uma das redundantes estáticas escolhidas, que, por sua vez, recai na determinação da
elástica nesse mesmo sistema sob a ação de cada redundante estática com valor unitário.

Exemplo 4.4 -Determinam-se as linhas de influência do momento fletor na seção do apoio


B e na seção média do trecho AB, da viga do exemplo 4.2.
a) Para obter a L I do momento fletor na seção do apoio B, adota-se o sistema principal
representado na Figura E4.4a juntamente com o diagrama de momento fletor para
Xi=l. A partir desse diagrama de momento obtém-se o coeficiente de flexibilidade
6,, =2,8571.10-~,que fornece k,, =1/6,, =3,5.104. Logo, com a equação 4.13, tem-se:
L I deX, =-k,,~(elásticadeX,=l). No caso, como o SP é formado de vigas
biapoiadas, a linha elástica de cada barra é expressa pela equação 4.14, fornecendo a
L I representada na Figura E4 4b onde estão assinalados valores a cada quarto de vão.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E4.4a - Sistema principal e diagrama Mi.

Figura E4.4b -LI do momento fletor na seção do apoio B

b) Para obter a LI do momento fletor da seção média do trecho AB, seção D, determina-
se inicialmente esta LI no estado Ea. Para isso, introduz-se uma rotação unitária nessa
seção como representado na Figura E4.4c, obtendo-se a configuração de
deslocamentos que define a LI nesse estado.

Figura E 4 . 4 ~- Rotação unitária na seção D.

A partir da equação 4.15 escreve-se:


(LIdeM, emE)=(LIdeM, emE,)+(LIdeX,)~(M, noestadoE,). A LI de Xi foi
obtida na parte (a) deste exemplo, e o valor de MD no estado X, é 0,5. Logo, obtém-se a LI
do momento fletor na seção D representada na Figura E4.4d (em unidade de força vezes
metro), onde estão indicados valores a cada quarto de vão.
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Figura E4.4d -LI do momento fletor na seção D

Sugere-se ao leitor determinar a LI da força cortante na seção D e a LI da reação no


apoio B.

4.2.4 - Método dos deslocamentos I


I

O processo cinemático de determinação de LI apresentado no item 4.2.2 é


particularmente apropriado ao método dos deslocamentos utilizando forças nodais
equivalentes que simulem a descontinuidade de deslocamento que se impõe nesse processo.
Isso é ilustrado na viga da Figura 4.14, no caso de LI de momento fletor em relação à seção
S.

Figura 4.14 -Rotação unitária em seção intermediária de barra

Na referida viga, pode ser considerado um trecho AB como sendo uma barra que
tenha essa seção como um de seus pontos intermediários. Logo, tem-se o sistema principal
representado nessa mesma figura, juntamente a indicação dos esforços de engastamento
perfeito dessa barra (considerada isoladamente e com suas extremidades restringidas)
devido à imposição de rotação unitária na referida seção. Na parte inferior dessa mesma
figura estão representados esses esforços com sentidos contrários, como forças nodais
Análise de Estruturas - Volume 7

equivalentes. Devido a esses esforços (vide parte inferior da referida figura), a linha elástica
fora do trecho AB define a LI procurada, e a linha elástica neste trecho adicionada à
deformada da barra isolada com a imposição da rotação unitária define a LI nesse trecho.
Em vez de escolher um trecho AB que tenha a seção S como um de seus pontos
intermediários, é mais prático escolher um trecho que tenha essa seçáo como um de seus
pontos extremos, como representado na Figura 4.15 em que o ponto A coincide com essa
seção. Com isso, os' esforços de engastamento perfeito para impor a rotação unitária na
seção S são numericamente iguais aos coeficientes de rigidez da barra AB quando se impõe
rotação unitária em uma de suas extremidades, como ilustrado na referida figura.

Figura 4.15 - Rotação unitária em extremidade de barra.

No caso de LI de força cortante, escolhendo o ponto A coincidente com a seção S


em relação ao qual se deseja a LI, tem-se a representação da Figura 4.17, onde os esforços
para se impor o deslocamento transversal unitário são numericamente iguais a coeficientes
de rigidez da barra AB indicados na figura. Esses esforços são aplicados com sentidos
contrários como forças nodais equivalentes, implicando a linha elástica que adicionada à
linha elástica da barra AB considerada isoladamente (quando nela se impõe o deslocamento
transversal unitário negativo) define a LI da força cortante relativa à seção S.
A Figura 4.17 ilustra a obtenção de LI de reação de apoio pelo processo cinemático,
quando então o apoio em relação ao qual se deseja a LI é considerado entre os pontos A e
B. Semelhantemente aos casos anteriores, o deslocamento unitário negativo provoca, nas
barras AS e SB, esforços de engastamento perfeito que são numericamente iguais a
coeficientes de rigidez indicados na referida figura. Esses esforços devem ser aplicados em
sentidos contrários como forças nodais equivalentes. A linha elástica correspondente define
a LI procurada.
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Figura 4.16 - Descontinuidade transversal unitária para obtenção de LI de força cortante.

S
BA A B A A
t Rs
S
rl
U
B A

' 1
r;,
rAS=rSB=-
1-
c +~)k;~
kSB t rs,
- .......

Figura 4.17 - Deslocamento prescrito unitário para obtenção de LI de reação de apoio.

Obtidos os deslocamentos nas extremidades das diversas barras do sistema


principal, o deslocamento transversal de um ponto qualquer de cada barra (valor
Análise de Estruturas - Volume I

numericamente igual ao da LI) é determinado com as equações 4.2 e 4.3. Contudo, em


implementação computacional, é mais prático adotar um grande número de barras na
construção do sistema principal e considerar a LI como sendo formada pelos trechos
lineares que ligam os deslocamentos transversais das extremidades dessas barras. É natural
que a precisão desse procedimento melhore com o aumento do número de barras.

Exemplo 4.5 - Determinam-se as linhas de influência do momento fletor e da força


cortante na seção média do trecho AB da viga do exemplo 4.2 reproduzida na Figura E4.5a.
Nessa mesma figura é apresentado o sistema principal do método dos deslocamentos,
considerando os deslocamentos da referida seção para a imposição das descontinuidades
unitárias na seção.

Figura E4.5a -Viga do exemplo 4.2.

a) Para obter a L I do momento fletor, optou-se por impor a rotação unitária à esquerda do
ponto de observação cujos correspondentes esforços de engastamento perfeito
(numericamente iguais a coeficientes de rigidez) estão representados na Figura E4.5b.
Nessa mesma figura representa-se a viga sob a ação das correspondentes forças nodais
equivalentes. A linha elástica dessa viga, buscada a seguir, define a L I procurada.

Figura E4.5b.

No caso, a matriz de rigidez é a mesma da parte (b) do exemplo 4.2, que, com as
referidas forças nodais equivalentes, fornece o sistema de equações de equilíbrio:
Capítulo 4 -Tópicos complementares

de solução: d, =0,10581.10"rad, d2=1,0582.10-'rad e d, =-3,8095.10-~m.


Com esses deslocamentos, utilizando as equações 4.2 e 4.3, obtém-se a LI
representada na Figura E4.4d.
b) Para determinar a LI da força cortante, impõe-se o deslocamento transversal unitário
como indicado na Figura E 4 . 5 ~onde estão representados os correspondentes esforços
de engastamento perfeito. Nessa mesma figura representa-se a viga sob a ação das
forças nodais equivalentes, cuja linha elástica define a LI procurada.

Figura E4.5~.

Logo, o sistema de equações de equilíbrio anterior se modifica para:

de solução: d, =0,49655.10-5rad, d, =-0,03472.10-~rad e d3=-0,54170.10-5m .


Com esses deslocamentos, utilizando as equações 4.2, 4.3 e 4.3, obtém-se a LI
representada na Figura E4.5d com valores a cada quarto de vão.

Figura E4.5d - LI da força cortante na seção D

239
Análise de Estruturas - Volume 1

4.3 - Processo de Cross


Hardy Cross apresentou, em 1930, processo iterativo de aplicação do método dos
deslocamentos em estruturas indeslocáveis, sem a resolução explícita do correspondente
sistema de equações de equilíbrio, obtendo-se diretamente os momentos fletores nas
extremidades das barras. Baseou-se na distribuição do momento desequilibrado em cada
ponto nodal do sistema principal quando, no estado Eo, se retira a correspondente restrição.
Para descrever essa distribuição, considere-se pórtico indeslocável de um grau de liberdade,
de barras retas de seção transversal constante, sob a ação de forças externas P e p, variação
de temperatura T e deformação prévia D, como ilustrado na Figura 4.18a. No estado Ea do
método dos deslocamentos, calculam-se os momentos de engastamento perfeito devido a
essas ações, cuja soma M no ponto nodal em que se introduziu restrição para se construir o
sistema principal, pode ser considerada, com sinal contrário, como um momento externo
aplicado ao nó. Retirando-se essa restrição, esse momento é equilibrado pelos momentos
Mi provenientes de cada uma das barras ligadas a esse nó, em f~lnçãoda rotação e nesse nó
e da rigidez de flexâo de cada barra, momentos estes que, em sentido contrário, são iguais
aos momentos fletores nas extremidades das correspondentes barras como ilustrado na
Figura 4.1%. Por outro lado, o momento Mi absorvido pela i-ésima barra em sua
extremidade coincidente com o referido nó é transmitido à outra sua extremidade em
função de seu coeficiente de transmissão ti (vide Figura 3.4). Na barra L,o coeficiente de
transmissão é nulo porque essa outra extremidade é rotulada. Na barra 2, o coeficiente de
transmissão é % porque essa outra extremidade é engastada. Na barra 3, o coeficiente de
transmissão é -1 porque essa outra extremidade tem deslocamento transversal liberado.
Assim, obtém-se o diagrama de momentos fletores da Figura 4.18d.

Figura 4.18 -Pórtico indeslocável com um grau de liberdade


Capítulo 4 -Tópicos complementares

No ponto A do pórtico da figura 4 . 1 8 ~


tem-se o equilíbrio de momentos:

em que,
Mi = k , 8 (4.17)
sendo ki o coeficiente de rigidez de flexão da i-ésima barra e 0 a rotação no referido nó.
Substituindo essa última equação na que lhe precede, obtém-se:

Substituindo esse resultado na equação 4.17, obtém-se a parcela de momento equilibrado


pela i-ésima barra:

onde

é denominado coeficiente de distribuição de nzomento da i-ésima barra.


Identifica-se que a soma dos coeficientes de distribuição de momento em um ponto
nodal é igual à unidade e que, em estrutura indeslocável de um grau de liberdade, obtêm-se
os momentos fletores nas extremidades das barras em uma única etapa de cálculo. A partir
do exemplo 4.9 mostra-se que com mais de um grau de liberdade (acoplados entre si) recai-
se em processo iterativo de distribuição de momentos. É natural que se possam obter
coeficientes de transmissão e coeficientes de distribuição de momento no caso de barra de
eixo curvo e/ou poligonal, de seção transversal constante ou variável.

Exemplo 4.6 - Considera-se a viga do exemplo 3.1 reproduzida na Figura E4.6a juntamente
com o correspondente sistema principal, agora analisada pelo processo de Cross.

Figura E4.6a - Viga do exemplo 3.1

24 1
Análise de Estruturas - Volume 1

a) Os coeficientes de rigidez de flexão das barras foram calculados no exemplo 3.1 e se


escrevem: k, =7,875.104 e k,=6,3.104
Logo, utilizando a equação 4.20, obtêm-se os coeficientes de distribuição de momento
no ponto B em que se restringiu rotação ao se construir o sistema principal:

Para facilidade de operação, esses coeficientes são reproduzidos dentro dos retângulos
do esquema da parte esquerda da Figura E4.6b que expressam seções adjacentes ao
ponto B, extremidade das barras AB e BC.
b) Os momentos de engastamento perfeito foram calculados no exemplo 3.1 e estão
reproduzidos em negrito nas extremidades das barras esquematizadas na Figura E4.6b.
Retirando a restrição da rotação no ponto B, que foi introduzida na construção do
sistema principal, tem-se nesse ponto nodal o momento desequilibrado de 90-
53,906=36,094. Esse momento deve ser equilibrado em -0,556.36,094=-20,068 pela
barra 1 e em -0,444.36,094=-16,026 pela barra 2, resultados que são escritos na
referida figura abaixo dos valores em negrito. Somando esses resultados com os
momentos de engastamento perfeito no ponto B, obtém-se o momento fletor na seção
correspondente, como escrito na mesma figura abaixo de traços horizontais. No caso não
se tem transmissão de momento é nula porque os apoios A e C são articulados. Na parte
direita da Figura E4.6b estão indicados os sentidos dos momentos fletores calculados nas
extremidades das barras. A diferença entre esses resultados e os obtidos no exemplo 3,l
se deve a aproximações de cálculo.

Figura E4.6b -Equilíbrio de momentos.

Exemplo 4.7 - Faz-se a análise pelo processo de Cross da grelha do exemplo 3.5
reproduzida na Figura E4.7a juntamente com o correspondente sistema principal. Nesse
caso, como as barras são perpendiculares entre si e têm-se momentos de engastamento
perfeito com vetores representativos apenas na direção do eixo X, é necessário fazer o
equilíbrio de momento apenas segundo este eixo. Caso existissem momentos nas direções
dos eixos X e Y, far-se-ia o equilíbrio separadamente segundo cada um desses eixos. No
caso de barras não perpendiculares entre si, o processo de Cross toma-se extremamente
trabalhoso, de aplicação não compensativa.
a) Os coeficientes de rigidez das barras necessários ao caso foram calculados no exemplo
3.5 e se escrevem: k,=3,3333.105 , kl1=0,66667~1O5, k,=5,0.10~ , kl,=10 5 .
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Logo, têm-se os coeficientes de distribuição de momento no ponto B:

Figura E4.7a - Grelha do exemplo 3.5.

a) Os momentos de engastamento perfeito foram calculados no exemplo 3.5 e estão


reproduzidos em negrito na Figura E4.7b, juntamente com os coeficientes de
distribuição. Retirando a restrição da rotação segundo o eixo X no ponto B, tem-se o
momento desequilibrado de 37,5, que deve ser equilibrado, por flexão, em
-0,769.37,5=-28,837 pela barra 1e em -0,231.37,5=-8,662, por torção, pela barra
- O momento -28,837 absorvido pela barra 1na sua extremidade B é transmitido em
2.
0,5,(-28,837)=-14,42 à outra sua extremidade. O momento -8,662 absorvido pela
barra 2 é transmitido em -I.(-8,662)=8,662 à outra sua extremidade. A soma dos
momentos anteriores fornece os momentos fletores finais nas extremidades das barras,
que são escritos na mesina figura abaixo de traços horizontais.

Figura E4.7b -Equilíbrio e transmissão de momentos.

Exemplo 4.8 -Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico de dupla simetria da


Figura E4.8a em que todas as barras têm a mesma rigidez EI. Nessa figura está também
representado o modelo reduzido levando-se em conta os dois eixos de simetria, assim como
o correspondente sistema principal.
Análise de Estruturas - Volume 1

a) Os coeficientes de rigidez de flexão das barras do modelo reduzido se escrevem:

Logo, têm-se os coeficientes de distribuição de momento no ponto A:

Figura E4.8a - Pórtico plano auto-equilibrado com dupla simetria.

b) Os momentos de engastamento perfeito foram calculados com auxílio da Tabela 2.3 e


estão reproduzidos em negrito na Figura E4.8b, juntamente com o equilíbrio e
transmissão de momentos. Nessa mesma figura é apresentado o correspondente
diagrama de momentos fletores.

Figura E4.8b -Equilíbrio e transmissão de momentos.

Sugere-se ao leitor repetir este exemplo, considerando outro carregamento.

244
Capítulo 4 -Tópicos complementares

No caso de estrutura com mais de uma rotação nodal, faz-se o descrito equilíbrio e
transmissão ponto-nodal-restringido a ponto-nodal-restringido, por aproximações
sucessivas, até que se atinja a convergência desejada, como será apresentado nos próximos
exemplos.

Exemplo 4.9 - Considere-se o pórtico do exemplo 3.14 reproduzido na Figura E4.9a


juntamente com o correspondente sistema principal.

Figura E4.9a - Pórtico plano do exemplo 3.14.

a) Os coeficientes de rigidez de flexão das diversas barras foram calculados no referido


exemplo e se escrevem: k, =k,=k3=6,3.10 5 , k4=3,15.10S.
Logo, calculam-se os coeficientes de distribuição de momento:
63 3,15
NóD: c , = c 3 = =0,4 , c, = =0,2
3,15+6,3+6,3 3,15+6,3+6,3
63
NóE: c , = =0,5 , c, =0,5
6,3+6,3
Esses coeficientes estão reproduzidos em retângulos na Figura E4.9b juntamente com
os esforços de engastamento perfeito em negrito e que foram calculados no exemplo 3.14.

Figura E4.9b -Esquema para início do processo de equilíbrio e transmissão de momentos.

245
Análise de Estruturas - Volume 1

h) O equilíbrio e a transmissão de momentos podem ser iniciados a pariir de qualquer ponto


nodal em que se restringiu rotação ao se construir o sistema principal. Iniciando pelo
ponto D, ao se retirar a correspondente restrição de rotação, tem-se o momento
desequilibrado -160+53,33=-106,67 que deve ser equilibrado em -0,2(-106,67)=21,33
pela barra 4 e em -0,4(-106,67)=42,67 pela barra 1e pela barra 3. Esses valores estão
reproduzidos na Figura E4.9c, juntamente com os respectivos momentos
transmitidos. para as extremidades opostas das barras. Para assinalar que o
momento foi transmitido, sublinha-se o correspondente valor.

Figura E 4 . 9 ~-Equilíbrio e transmissão de momentos do ponto nodal D.

No modelo em questão, ao se retirar a restrição de rotação do ponto nodal E, este fica


desequilibrado em momento igual a -53,33+21,33=-32,O que deve ser equilibrado em
-0,5(-32,0)=16 pela barra 1 e em igual valor pela barra 3. Esses resultados
intermediários são reproduzidos na Figura E4.9d, juntamente com os respectivos
momentos transmitidos às extremidades opostas dessas barras.

Figura E4.9d - Equilíbrio e transmissão de momentos do ponto nodal E.

Uma vez realizados o equilíbrio e a transmissão anteriores, o ponto D fica


desequilibrado em momento igual a 8 que deve ser equilibrado em -0,4,0,8=-3,2
pela barra 3 e pela barra 2, e em -0,2.8=-1,6 pela barra 4, valores esses que são
transmitidos às extremidades opostas das barras em função de seus coeficientes de
transmissão. O equilíbrio de momentos e as respectivas transmissões continuam até
que se atinja convergência de equilíbrio de momentos nos pontos D e E, com a
precisão julgada adequada, como representado na Figura E4.9e.
Capítulo 4 -Tópicos complementares

c) Ao final do processo, somam-se as parcelas de momentos nas extremidades das


diversas barras para obter os momentos fletores finais nessas extremidades. Esses
momentos são representados na Figura E4.9f.

Figura E4.9e -Equilíbrio completo de momentos.

figura E4.9f - Momentos fletores filiais.

Exemplo 4.10 - Considera-se a viga do exemplo 3.15 reproduzida na Figura E4.10a


juntamente com o sistema principal, agora analisada pelo processo de Cross.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E4.10a - Viga do exemplo 3.15.

I a) Os coeficientes de rigidez de flexão das barras foram calculados no exemplo 3.15 e se


I escrevem: k, =7,875.104 , k, =8,4.104

I Logo, obtêm-se os coeficientes de distribuição de momentos:

b) Os momentos de engastamento perfeito foram calculados no exemplo 3.15 e estão


reproduzidos em negrito na Figura E4.10b, juntamente com os coeficientes de
distribuição e o completo equilíbrio de momentos iniciado no ponto C.

Figura E4.10b - Equilíbrio e transmissão de momentos a partir do ponto C.

Exemplo 4.11 - Determina-se o diagrama de momento fletor do pórtico plano representado


na Figura E4.11~1,em que ~ = 2 , 1 . 1 0 " k ~ / m
as~barras
, horizontais têm 1 = 1 0 - ~ m ~e , as
demais barras têm 1=1,4.10-~m~.
Capítulo 4 -Tópicos complementares

50kN

Figura E4.11a -Pórtico plano.

a) Substituindo o balanço pelo seu efeito estático tem-se o modelo representado na parte
esquerda da Figura E4.11b. Na parte direita dessa mesma figura está representado o
correspondente sistema principal do método dos deslocamentos, com a indicação dos
momentos de engastamento perfeito que se calculam:

MB2=-Mcz =---pe2
- - -106,667kM.m , M,, =---7 ~ e 2- 7'12'82 =48,8kN,rn
12 12 120 120

Figura E4.11b - Modelo de análise e sistema principal.

b) As barras 1e 2 têm ~ 1 = 2 , l . l .10-~m',


0~ e as barras 3, 4 e 5 têm EI'=1,4EI. No que se
segue, os coeficientes de rigidez de flexão das barras são calculados em função de EI:
Análise de Estruturas - Volume 1

Logo, têm-se os coeficientes de distribuição de momento:

C) O equilíbrio e distribuição de momentos, iniciado a partir do ponto B, está mostrado na


Figura E4.11~.Observa-se que o momento oriundo do balanço foi considerado em
sentido contrário ao indicado na Figura E4.1lb porque trabalha-se com ações de ponto
nodal sobre as extremidades das barras a ele conectado, ações estas que são os
momentos fletores nessas extremidades, e não com ações de barras sobre ponto nodal.

Figura E 4 . 1 1 ~-Equilíbrio e transmissão de momentos a partir do ponto B.

d) Os momentos fletores finais nas extremidades das barras estão indicados na figura
E4.1 ld, juntamente com o correspondente diagrama.

Figura E4.11e - Momentos fletores finais

250
Capítulo 4 -Tópicos complementares

Exemplo 4.12 - Determinam-se os diagramas de momento fletor e de momento de torção


do pórtico espacial representado na Figura E4.12a em que todas as barras têm EI=2,5GJ.

a) Na Figura E4.12b estão indicados os modelos reduzidos tirando partido da condição de


simetria e o correspondente sistema principal.

Figura E4.12b -Modelo reduzido e sistema principal.

b) Os momentos de engastamento perfeito se escrevem:

M,, =--p e 2 =?!?=]SOkN.m , M,, = % = 7 5 k ~ . m


3 3 2
Como se tem flexão apenas no plano vertical, basta calcular os seguintes coeficientes
de rigidez de barra:

Logo, têm-se os coeficientes de distribuição de momento:

c) A Figura E 4 . 1 2 ~apresenta o equilíbrio de momentos e o correspondentes diagramas de


esforços solicitantes procurados.
251
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura E4.12b -Equilíbrio de momentos e diagramas finais

1 Sugere-se ao leitor modificar esse exemplo para o caso de carregamento não


simétrico no plano vertical, resolvendo por decomposição do carregamento em parcelas
simétrica e anti-simétrica.
Em se tratando de estrutura deslocável, o processo de Cross requer o procedimento
de dois passos de cálculo descrito no item 3.2 em que: (1) se recai na análise do modelo
indeslocável correspondente sob ação das forças externas e na análise desse modelo sob
ação de deslocamento prescrito unitário, segundo cada um dos deslocamentos lineares que
foram restringidos quando da construção do sistema principal, mantidos os demais
deslocamentos lineares nulos, e (2) na resolução de um sistema de equações de
compatibilidade estática segundo cada um dos referidos deslocamentos lineares. O próximo
exemplo esclarece esse procedimento.

Exemplo 4.13 - Considera-se a viga do exemplo 3.16 reproduzida na Figura E4.13a


juntamente com o correspondente sistema principal.

Figura E4.13a - Viga do exemplo 3.16.


I
Capítulo 4 -Tópicos complementares

a) Como se trata de estrutura deslocável, faz-se a análise recair em análise de modelo


indeslocável como esquematizado na Figura E4.13b. Com as notações dessa figura, o
deslocamento dl é obtido pela equação de compatibilidade estática 3.7 que, no presente
caso, toma a forma: r,,+d,.r,, = O . Nessa equação, rio é a reação no apoio B do estado
E:, e r11 é a força para prescrever d,=l no apoio elástico do estado E;.

Figura E4.13b -Análise de viga deslocável.

b) Determinação da reação rio:


O estado E; foi analisado no exemplo 4.6 e os momentos fletores finais nas
extremidades das barras estão indicados na Figura E 4 . 1 3 ~juntamente com o
carregamento original e as reações de apoio. Logo, com as equações da estática,
obtém-se a reação rlo=100,331ù*J.

Figura E 4 . 1 3 ~- Momentos fletores obtidos no exemplo 4.6.


Análise de Estruturas - Volume 1

c) . Determinação da reação r,,:


O estado E; foi analisado no exemplo 3.16 com a denominação estado Ez, e os
correspondentes momentos de engastamento perfeito estão indicados em negrito na
parte esquerda da Figura E4.13d, juntamente com o equilíbrio desses momentos ao se
retirar a restrição de rotação no ponto B. Com os momentos fletores finais calculados,
obtém-se as reações r ~ r~ , e rc indicadas na parte direita da referida figura. Logo,
calcula-se a reação:

Com os resultados anteriores escreve-se a equação de compatibilidade estática:


100,33+7,978.10~d,= O , de solução d, =-1,258.10-~m.
Os esforços finais podem ser obtidos por E = E , +d, .E;

Figura E4.13d -Equilíbrio de momentos e resultados finais.

1 4.4 - Exercícios propostos


4.4.1 Determine as linhas de influência do momento de engastamento e da reação
vertical, do apoio esquerdo da viga da Figura E2.2a da página 82.
4.4.2 Para a viga da Figura E3.15a da página 187, determine as linhas de influência:
(a) rotação da seção do apoio intermediário, (b) reação do apoio direito e (c) momento
fletor na seção média do primeiro vão.
4.4.3 Para a ponte esquematizada na Figura E2.6a da página 90, determine as linhas
de influência devido à força unitária percorrendo a barra horizontal: (a) rotação da seção do
apoio da extremidade direita, (b) idem, para a correspondente reação de apoio, (c) momento
fletor da seção média do vão da parte direita da viga, e (d) idem, para a força cortante.
4.4.4 Determine as linhas de influência de momento fletor e de força cortante em
relação à seção A, devido à força unitária percorrendo a barra horizontal, e sendo
E=2,1.107k ~ / m 'e 1=0,030m4,para o pórtico plano da Figura 4.19.
- - - --

Capítulo 4 -Tópicos complementares

Figura 4.19.

4.4.5 Desconsiderando deformação de força normal, determine as linhas de


influência de momento fletor e de força cortante em relação à seção C, devido à força
unitária percorrendo a barra horizontal do pórtico plano da Figura 4.20, em que todas as
barras têm ~ = 2 , 0 5 . 1 0 * k ~ / m
a ~barra
, ABD tem 1=1,455.10-~m~,a barra BE tem
.
1=1,165.10-~m4 e a barra BF tem 1=5,824.10-~m~

Figura 4.20.

4.4.6 Utilizando o processo de Cross, refaça os exemplos 3.2, 3.5, 3.9, 3.10, 3.11,
3.12, 3.13, 3.14, 3.15e 3.3, nesta ordem.
4.4.7 Utilizando o processo de Cross, determine o diagrama de momento fletor do
pórtico plano da Figura 4.21, em que todas as barras têm o mesmo EI.

Figura 4.21.

4.4.8 Utilizando o processo de Cross, resolva os exercícios propostos 3.10.3, 3.10.4


e3.10.5, 3.10.9,3.10.10e3.10.13.
Análise automática de estruturas

5.1 - Introdução

Assim como a concepção do modelo de análise é de responsabilidade do


engenheiro, a geração do correspondente arquivo de dados para a análise automática e a
interpretação de seus resultados também são, mesmo que o sistema computacional de
análise tenha recursos sofisticados de geração de dados, com verificação automática de
consistência desses dados e emissão de mensagens de advertência elou de erros.
Fornecendo-se dados inadequados ao sistema, recebem-se resultados errados. De fato, por
mais elaborado que seja o sistema, ele não é capaz de uma perfeita verificação de
consistência, como de identificação de dados em unidades não compatíveis entre si,
propriedades de seção trocadas, carregamentos inadequados etc.
O objetivo deste capítulo é introduzir o leitor na análise automática, propiciando-lhe
confrontar resultados manuais de exercícios levados a efeito ao longo do estudo dos
métodos apresentados nos capítulos anteriores com resultados computacionais,
fundamentando-o para adequadamente utilizar essa análise, ao mesmo tempo que o motiva
a progredir em seus estudos. Cada sistema computacional de análise de estruturas tem
especificações particulares de geração de arquivos de dados e de representação gráfica de
modelos e resultados. Contudo, familiarizando-se com um sistema, toma-se fácil se
familiarizar com um outro, devido às semelhanças entre eles.
Neste capítulo é apresentado o Sistema SALT de Análise de Estruturas
desenvolvido pelos autores, registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial -
INPI como marca registrada da Escola Politécnica da UFRJ. Versão acadêmica desse
sistema é disponível na página da Intemet www.enhenharia.ufri.br/salt .
Análise de Estruturas - Volume 1

5.2 - Estrutura dos sistemas de análise

De forma simplista, os sistemas de análise de estruturas são constituídos de pré-


processador, processador e pós-processador.
O pré-processador é o conjunto de rotinas de interface com o usuário para a
geração, verificação de consistência, modificação e visualização do modelo de análise. Essa
geração costuma ser através de recursos gráficos, preenchimento de planilhas elou digitação
de arquivo texto em formatação própria do sistema. Os dois primeiros procedimentos são
mais práticos do que através de editor de texto e também geram um arquivo texto descritivo
dos dados do modelo em questão. Assim, é importante conhecer a formatação desse
arquivo, porque com editor de texto pode-se alterar elou completar arquivo gerado com os
dois referidos procedimentos. Entre outras facilidades usualmente oferecidas pelos
sistemas, citam-se geração automática ou semi-automática de dados, arquivo de
propriedades de seção e de materiais padrões, visualização do modelo em diferentes vistas e
perspectivas com recursos de zoom e de janelas, etc.
O processador é o conjunto de rotinas que executam a análise propriamente dita.
Opções podem oferecidas ao usuário para direcionar a análise e especificar os resultados
desejados, principalmente em análises dinâmica e não lineares que não são objeto de estudo
neste livro.
O pós-processador é o conjunto de rotinas destinadas ao preparo dos resultados de
análise para interpretação, documentação e uso por parte do usuário, e, se for o caso, de
verificação de dimensionamento. Em estruturas de barras, costumam ser oferecidas opções
para visualizações de estrutura deformada, diagramas de esforços solicitantes, linhas de
influência, níveis de tensão por códigos de cores, envoltórias etc. além de relatórios
descritivos de dados e resultados. Essa interpretação é de fundamental importância para que
se possa dar credibilidade aos resultados fornecidos pelo sistema.
Um sistema que facilite a geração de dados e a interpretação de seus resultados é
qualificado como amigável. Com o atual desenvolvimento da informática, só se justifica a
utilização de sistemas amigáveis.

5.3- Dados de estruturas em barras

Os dados para análise estática de estruturas em barras podem ser classificados em:

I -coordenadas dos pontos nodais


-condições de apoio

-Geométricos
I -propriedades de seções transversais
-definição das barras ou elementos

1 -articulações em extremidades de barras


-dependência entre deslocamentos
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

-propriedades elásticas
-propriedades térmicas
[-peso específico

I -em barra {-variação de temperatura


I 1-deformaçãoprévia ou protensão
-De ações -força
-em ponto nodal
-deslocamento prescrito

(-combinação de carregamentos

Para descrever esses dados, considera-se o pórtico plano representado na Figura 5.1
em que foram escolhidos em sua descrição (ou discreiização) 5 pontos nodais (de
numerações em negnto e usualmente denominados nós) e 4 barras (de numerações
subliiihadas e usualmente denominadas elementos). Esses nós foram escolhidos atendendo
à condição de que todo elemento tem dois nós definidores de seus extremos. Pontos nodais
podem ser escolhidos internamente ao eixo geométrico de barra, quando, então, a barra
original fica subdividida em barras ou elementos de comprimentos menores e com
numerações distintas, como exemplifica a Figura 5.lb em que o ponto médio da barra
horizontal da Figura 5.la foi escolhido como nó. Usualmente os nós e os elementos de cada
modelo são numerados sequencialmente a partir de 1, contudo, costuma-se ter a
identificação de nós e de barras não sequenciais ou com caracteres alfanuméricos.

lT iT
3
-
4
-

(a) Com 5 nós e 4 elementos


3
- -4
(a) Com 6 nós e 5 elementos

Figura 5.1 - Discretização de pórtico plano.

Na descrição do modelo são utilizados pelo menos dois referenciais: o global XYZ
referente a toda a estrutura e o local xyz em cada barra. A descrição de apoio inclinado
requer a especificação de apoio próprio ao apoio. O referencial global é utilizado em
informações pertinentes a ponto nodal, como sua posição espacial, restrições de apoio,
forças nodais, etc. Eventualmente pode também ser utilizado para especificar forças em
barras. É escolhido de maneira a facilitar a geração do modelo. Pórtico plano, treliça plana
Análise de Estruturas - Volume 1

e grelha são usualmente considerados no plano XY, como ilustrado na Figura 5.2. O
referencial local é utilizado na especificação de informações pertinentes às barras, como
propriedades de seção transversal, de articulações e de ações em barras. Articulação tem
significado generalizado, referindo-se a dispositivo construtivo (entre duas seções
adjacentes) que anule determinado(s) esforço(s) solicitante(s).

-t

(a)Treliça plana (b)Pórtico plano

X .-C)
2
Y U 1 4

(c)Grelha (d)Pórtico espacial

Figura 5.2 -Deslocamentos de ponto nodal

O método de análise rotineiramente implementado é o dos deslocamentos, quando,


então, as incógnitas primárias são deslocamentos nodais (em relação ao referencial global)
e a partir destes são determinados os esforços solicitantes em cada barra (em relação ao
respectivo referencial local) e as reações de apoio (em relação ao referencial global). A
determinação dos deslocamentos nodais requer que a matriz de rigidez do modelo seja não
singular (vide item 3.2), o que exclui modelo hipostático. Assim, no caso de análise de
modelo auto-equilibrado, tem-se que restringir os deslocamentos de um de seus pontos, o
que não interfere nos esforços solicitantes.
Os deslocamentos em um nó são os deslocamentos da(s) seção(ões) transversal(ais)
de barra(s) representada(s) por este nó e estão associados aos esforços internos do modelo
em questão. Ãssim, em treliça plana, cada nó tem dois desloc~mentoslineares como
exemplifica a Figura 5.2a, pois as barras de treliça têm apenas força normal. Em treliça
espacial, cada nó tem três deslocamentos lineares, por se ter também apenas força normal.
Em pórtico plano, cada nó tem dois deslocamentos lineares e uma rotação, em seu próprio
plano como ilustra a Figura 5.2b, por se ter em cada barra força normal, força cortante e
momento fletor. Em grelha, cada nó tem um deslocamento linear transversal ao plano da
grelha e duas rotações de vetores representativos neste plano, como mostra a Figura 5.2c,
podendo-se ter em cada barra força cortante transversal a este plano, momento fletor de
vetor representativo neste plano e momento de torção. Em pórtico espacial, têm-se três
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

deslocamentos lineares e três rotações como ilustra a Figura 5.2d, quando, então, pode-se
ter em cada barrar força normal, duas forças cortantes, dois momentos fletores e momento
de torção. Viga reta e arco plano são casos particulares de pórtico plano, e viga balcão é um
caso particular de grelha. Quando o sistema não dispõe do recurso de elemento curvo, barra
curva é considerada de forma aproximada através de sua substituição por trechos lineares.
Semelhantemente, quando o sistema não dispõe de barra de seção transversal variável, faz-
se a sua substituição por elementos menores de seção transversal constante.
Na Figura 5.3b estão representados os deslocamentos nodais do pórtico plano da
Figura 5.3a modelado em 3 barras e 4 nós, adotando a usual numeração sequencial de
deslocamentos por ponto nodal, inicialmente na direção do eixo X, depois na direção do
eixo Y e, a seguir, na direção do eixo Z. Essa numeração é transparente ao usuário e
utilizada na automatização do método dos deslocamentos em que esses deslocamentos são
qualificados como livres (graus de liberdade) ou como restringidos em apoios.

.......~~,~...

2,Om
. ............
1,5m X
.............. .........
~

.
,
i
,
lmi. 3,Om 1
(a) Numerações de nós e de barras (b) Deslocamentos nodais no
referencial global

1 tx
t e da
di d~

Y Y
+- + d3 t-e d3
dz ldl (C)Deslocamentos nodais nos d2 ld,
referenciais locais
Análise de Estruturas - Volume I

No referido pórtico, dú é a rotação da seção da extremidade direita da barra 2, o que


requer a especificação da rótula do ponto nodal 2 como sendo na extremidade superior da
barra 3. dp é a rotação da seção da extremidade inferior da barra 1,e d7, d8, dia, dii e dl, são
deslocamentos a serem especificados como restringidos quando da definição das condições
de apoio. No presente caso, diferentemente do adotado na Figura 3.la do terceiro capítulo,
para uniformização de numeração, optou-se por considerar em cada ponto nodal o mesmo
número de deslocamentos (vide exemplo 3.4), isso é, três deslocamentos.
Nas direções de deslocamentos não restringidos podem ser especificadas forças
nodais, como a força de 5kN e o momento de 8kN.m aplicados no ponto nodal 1, e apoios
elásticos (vide item 1.6.3). Nas direções de deslocamentos restringidos podem ser prescritos
deslocamentos, como o recalque de 1,5cm indicado no ponto nodal 4. Em direções de
deslocamentos não restringidos de apoios podem ser especificados apoios elásticos.
O referencial local xyz de cada barra tem o eixo x contendo o eixo geométrico da
barra (reta) em questão, e os eixos y e z coincidentes com os eixos principais de inércia da
seção transversal, referencial este idêntico ao adotado na convenção de sinais de esforços
solicitantes da Figura 1.5b. Em modelos situados no plano XY, é usual considerar o eixo
local z paralelo ao eixo global Z. O eixo x tem origem no izó inicial da barra (escolhido
quando da especificação da barra) e é dirigido para o izó final da barra. No caso de barra de
pórtico espacial, tem-se que especificar também o direcionamento do correspondente eixo
z, o que costuma ser feito por um nó auxiliar que define a direção e o sentido do eixo y. A
Figura 5 . 3 ~apresenta os eixos locais das barras do pórtico da Figura 5.3a, com o ponto
nodal 3 como nó inicial da barra 1,o ponto nodal 1 como nó inicial da barra 2 e o ponto
nodal4 como nó inicial da barra 3. Quando se utilizam procedimentos gráficos de geração
de modelos, o referencial local de cada barra é fixado automaticamente e pode ser
identificado em visualizações do modelo.
A Figura 5 . 3 ~apresenta também os deslocamentos das extremidades das barras, em
relação ao referencial local de cada barra (numeração local de deslocamentos) de 1 até o
seu número total de deslocamentos nodais da barra. É necessário o conhecimento dessa
numeração para a especificação de articulação em nó de extremidade de barra, como
exemplificado posteriormente. A programação automática associa essa numeração local de
deslocamentos com a numeração global de deslocamentos mostrada na Figura 5.3b.
Como diversas barras costumam ter a mesma seção transversal, definem-se tipos de
seção transversal. O mesmo se diz quanto 2s propriedades de material, definindo-se tipos de
material. Ao se especificar cada uma das barras do modelo, com seus nós inicial e final
(incidê~zciada barra), especificam-se também o seu tipo de material e o seu tipo de seção,
e, no caso de pórtico espacial, também o posicionamento do seu eixo local y.
A convenção de sinais dos esforços solicitantes constantes dos relatórios dos
sistemas computacionais é a mesma dos deslocamentos nodais no referencial local, como
ilustrado na Figura 1.5b e que, no presente exemplo de pórtico plano, estão representados
na Figura 5.4, onde i e f identificam, respectivamente, os nós inicial e final da barra. Assim,
um valor positivo de MZiexpressa que as fibras longitudinais de coordenadas y positivas na
extremidade inicial da barra são tracionadas, e um valor positivo de M,f expressa que as
fibras longitudinais tracionadas na extremidade final têm coordenadas y negativas. Um
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

valor de Ni positivo significa força normal de compressão, e um valor positivo de Nf,


força
normal de tração.

Figura 5.4 - Sentidos positivos dos esforços solicitantes


nas extremidades de barra de pórtico plano.

5.4 - Sistema SALT

5.4.1 - Apresentação do Sistema

SALT, Sistema de Análise de Estruturas, é um conjunto de programas ou


módulos em ambiente Windows (marca registrada da Microsoft Corporation). Tem
recursos que facilitam a criação e a representação do modelo, a sua análise e a
representação e a interpretação de seus resultados. Na presente versão acadêmica podem ser
realizadas análises estáticas de modelos de até 100 pontos nodais e determinação de linhas
de influência e passagem de trem-tipo em modelos de até 10 elementos. Na versão
profissional podem ser analisados modelos com alguns milhares de pontos nodais,
dependendo do computador. No contexto deste livro são relevantes os seguintes módulos:
I. Supervisor: Módulo inicial que exibe a estrutura de arquivos do computador e
opções de acionamento de outros módulos do Sistema, como ilustra a Figura 5.5. Os
ícones, quando apontados pelo cursor, exibem legendas identificadoras, Ícones não
ativados dizem respeito a módulos não disponibilizados na presente versão. O ícone
de interrogação deste e de outros módulos oferece informações de uso do Sistema,
que também são disponibilizadas no Manual do Usuário.
11. Editor: É simples chamada do Bloco de Notas disponível no ambiente Windows, que
pode ser utilizado na criação de arquivo de dados (como descrito posteriormente) e
que deve ser salvo com a extensão .slt. Para isso é necessário salvar o arquivo com o
nome entre aspas, como, por exemplo, "Pórticol.slt" .
111. Assistente: Módulo para criação de arquivo de dados no caso de estruturas em barras,
através do preenchimento de planilhas auto-explicativas. Este módulo, de tela inicial
reproduzida na Figura 5.6, gera arquivo com a extensão .ass (disponível para
posterior modificação pelo próprio Assistente) e arquivo com a extensão .slt (para
análise estática).
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 5.5 -Tela do módulo Supervisar.

Figura 5.6 -Tela do módulo Assistente

264
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

IV. Interpretador d e desenhos: Módulo para transfonnação de arquivos dxf gerados


pelo AUTOCAD da Autodesk em arquivos de dados de extensão .slt . Infonnaçóes
detalhadas desse módulo são encontradas no Manual do Usuário do Sistema SALT.
V. Galeria de modelos: Módulo auto-explicativo para a geração de modelos básicos
com recursos gráficos, que, na versão acadêmica, tem apenas função demonstrativa.
Representações simplificadas desses modelos são visualizadas após o acionamento do
módulo, como mostra a primeira parte da Figura 5.7. Clicando em um desses modelos
são oferecidas várias opções de modelo que pode posteriormente ser modificado, por
meio de recursos gráficos para chegar-se à caracterização desejada de geometria e de
condiçóes de apoio, como mostra a segunda parte da Figura 5.7. Devem-se então,
especificar, através desse módulo, as propriedades de seção transversal e as
propriedades elásticas, assim como de carregamento.

Figura 5.7 -Telas do módulo Galeria de Modelos.

VI. Gráfico: Módulo de visualização de modelos que podem ser criados com o Bloco de
Notas, com o Assistente, com o Interpretador de Desenhos elou com a Galeria de
Modelos. Este módulo tem recursos gráficos de pré e de pós-processamento que são
acionados pelos menus auto-explicativos. A Figura 5.8 exibe a abertura do menu
Vistas em que se escolheu a vista isométrica, após ter sido solicitado mostrar forças
nodais no menu Opções. Recursos diversos de manipulação de arquivos são
oferecidos com o clicar do botão direito do mouse.
VII. Análise Estática: Módulo para análise estática a partir de arquivos de dados de
extensão .slt, e que disponibiliza relatórios de dados e resultados com os mesmos
nomes que os arquivos de dados, porém com extensão .1. Esses resultados são
reconhecidos pelo módulo Gráfico e pelo módulo Diagramas de Barras (de traçado
de digramas de esforços solicitantes). A Figura 5.9 reproduz a tela de acesso deste
módulo, com as suas diversas opções. Os ícones, quando apontados pelo cursor,
exibem legendas identificadoras. No caso, o ícone representativo de máquina de
calcular aciona a análise estática.
1 Análise de Estruturas - Volume 7

Figura 5.8 -Tela do módulo Gráfico.

Figura 5.9 -Tela do módulo Análise Estática.

266
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

VIII. Diagramas de Barras: Módulo para o traçado e visualização de diagramas de


esforços solicitantes de estruturas em barras, executável após a análise estática. A
Figura 5.10 apresenta tela deste módulo mostrando o menu Diagramas com a seleção
Momento Fletor z, após ter sido selecionado Valores d o Diagrama no menu
Visualizar. Os ícones, quando apontados pelo cursor, mostram legendas
identificadoras. Recursos diversos de manipulação de arquivos são oferecidos com o
clicar do botão direito do mouse.

Figura 5.10 -Tela do módulo Diagramas em Barras.

IX. Linhas de Influência: Módulo para a obtenção e representação de linhas de


influência de esforço solicitante, de reação de apoio e de deslocamento, como
também de determinação de valores extremos desses efeitos elásticos resultantes da
passagem de tem-tipo, a partir de arquivo de dados de extensão .slt . A Figura 5.10
apresenta a tela inicial deste módulo.
Tratando-se de estruturas em barras, o Sistema SALT reconhece os modelos:
pórticos plano e espacial, treliças plana e espacial, e grelha. Na versa profissional são
reconhecidos modelos em elementos finitos de estados plano de tensão e de deformação, de
placa e de casca. O arquivo de dados é estruturado com auxílio de palavras-chave
identificadoras de blocos de dados. Essas palavras são apresentadas nos itens a seguir e
podem ser escritas em letras minúsculas ou maiúsculas, omitindo ou não cedilhas e sinais.
Contudo, todas letras das palavras-chave devem ser rigorosamente digitadas e o arquivo
deve ser criado em um único sistema de unidades. Ao se passar de um módulo para o outro,
esse sistema reconhece o arquivo anterior, assim como oferece a opção de seleção de novo
arquivo.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 5.11 -Tela do módulo Linhas de Influência.

5.4.2 - Análise estática

O arquivo de dados é estruturado por maior dos blocos de informações relacionados


na Tabela 5.1 onde é indicado se o bloco é obrigatório ou não. A ordem dos blocos não
pode ser alterada e cada bloco é precedido por uma palavra-chave apresentada
posteriormente e que torna o bloco facilmente identificável. Caso o bloco requeira mais de
uma linha (com o máximo de 80 caracteres) para a sua completa descrição, o término de
seus dados é indicado por um caractere O (zero) em uma nova linha, com exceção da opção
peso próprio automático.
Para ilustração, considera-se o pórtico plano representado na Figura 5.3a, adotando
seção de (30x40)cm2 para as colunas, seção de (30x30)cm2 para a viga, módulo de
elasticidade de 2,1.10"k~/m~, coeficiente de Poisson de 0,2 , coeficiente de dilatação
térmica de ~O-~I'C e peso específico igual a 2 5 , o k ~ l r n ~
Consideram-se
. dois casos de
carregamento: um primeiro, com as cargas e recalque de apoio indicados na referida figura
e um segundo, de acréscimo uniforme de temperatura de 10°C na barra 1,gradiente de
temperatura de 50°C/m na barra 2 com a variação de temperatura em sua face de
coordenada y positiva superior à variação de temperatura em sua face de coordenada y
negativa, e com peso próprio das barras. Considera-se, também, a combinação de 90% do
primeiro caso de carregamento com 100% do segundo caso de carregamento.
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

I Blocos de dados I Obrigatório I


/ Modelo da estrutura I sim I
/ Unidades 1 não 1
I Coordenadas dos nós 1 sim 1
Condições de contorno sim
Tipos de material não
1 Tipos de seção 1 não 1
I Propriedades dos elementos 1 sim 1
I Articulações generalizadas I não 1
I De~endênciaentre deslocamentos I não 1
/ Carregamentos I sim I
/ Cargas nodais 1 não I
Ações nos elementos não
Peso próprio automático não
Deslocamentos prescritos não
I Ações de temperatura em treliça I não 1
I Combinações de carregamento I não I
Tabela 5.1 -Blocos de dados para análise estática.

Na reprodução do arquivo de dados que se segue, criado com o módulo Bloco de


Notas, as palavras-chave estão assinaladas em negrito:

Pórtico plano - Arquivo de dados do pórtico da Figura 5.3a


Unidades IiN m
Coordenadas dos nós - Comentário qualquer elucidativo do arquivo
1 0.04.5
2 4.04.5
3 0.00.0
4 4.00.0
o
Condições de contorno - Comentário qualquer
3 110
4 111
o
Tipos de material - Comentário qualquer
1 2.le7 0.2 1.0e-525.0
o
Tipos de seçáo - Comentário qualquer
1 0.12 0.1 0.0016 0.008
Análise de Estruturas - Volume 1

Propriedades dos elementos - Comentário qualquer


1 3 1 1 1
2 1 2 1 2
3 4 2 1 1
o
Articulações - Comentário qualquer
3 6
o
Número de carregamentos 2 - Comentário qualquei
Carregamento 1 - Título qualquer
Cargas nodais - Comentirio qualquer
1 px 5. py O. mz 8.
O
Cargas nos elementos - Comentário qualquer
2 c 1.0 py -10.0
1 u 1.5 3.5 wxa 0.0 wya -6.0
o
Recalque de apoio - Comentário qualquer
4 dx 0.0 dy -0.015 rz 0.0
o
Fim
Carregamento 2 - Título qualquer
Cargas nos elementos - C i m e k r i o qualquer
1 t 10.0
2 g 50.
o
Peso próprio - Comentário qualquer
o. -1. o.
Fim
Número de combinações 1 - Comentário qualquer
Combinação 1 - Título qualquer
1 0.9
2 1.0

Nesse arquivo, as palavras-chave têm as seguintes funções:


1) Pórtico plano - especifica o modelo de análise. No caso de estruturas em barras,
podem ser também especificados os modelos: grelha, pórtico espacial, treliça plana
ou treliça espacial.
2) Unidades - antecede na mesma linha as unidades utilizadas. Essas informações podem
ser omitidas e têm utilidade apenas quando são adotados tipos-padrão de material do
Sistema SALT. A especificação desses materiais é encontrada no Manual do Usuário
que pode ser acionado pelo ícone interrogação.
3) Coordenadas dos nós - antecede o fornecimento das coordenadas de ponto nodal. Em
cada nova linha, o primeiro número se refere a um ponto nodal, o segundo é a
correspondente coordenada X, e o terceiro é a correspondente coordenada Y. Em
treliça e pórtico espaciais, deve também ser fornecida a coordenada 2. O Manual do
Usuário esclarece quanto à geração semi-automática de coordenadas.
4) Condições de contorno - antecede a especificação dos apoios. Em cada nova linha, o
primeiro número se refere a um nó de apoio e o número que lhe segue é o código do
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

apoio referente aos deslocamentos de ponto nodal do modelo em questão de acordo


com o ilustrado na Figura 5.2. Assim, no presente exemplo de pórtico plano, o
primeiro algarismo do código se refere ao deslocamento linear em X, o segundo
algarismo código, ao deslocainento linear em Y, e o terceiro algarismo do código, à
rotação em 2, com o dígito 1 significando restrição e o dígito O significando
deslocamento livre. Em pórtico espacial são utilizados dois códigos. Um primeiro de
três dígitos para especificar os deslocamentos lineares em X, Y e Z, e um segundo para
especificar as rotações em X, Y e 2. Depois dos códigos de apoio e, na mesma linha,
podem ser especificadas constantes de mola nas direções de deslocamentos não
restringidos. O Manual do Usuário esclarece quanto à geração semi-automática de
apoios.
5) Tipos de material - antecede a definição dos materiais que no presente exemplo é
apenas um. Em cada nova linha o primeiro número identifica o tipo de material, o
segundo é o correspondente módulo de elasticidade, o terceiro é o coeficiente de
Poisson, o quarto é o coeficiente de dilatação térmica, e o quinto é o peso específico.
Em treliças não deve ser fornecido o coeficiente de Poisson, uma vez que se tem
apenas força normal. O Manual do Usuário esclarece quanto aos tipos-padrão de
material do Sisteina, que, caso sejam utilizados, dispensam a definição de tipos de
material.
6) Tipos d e seção - antecede a definição das propriedade de seção. O primeiro número
em cada nova linha é o número identificador de um tipo seção e as informaçóes, a
seguir, na mesma linha, são as propriedades dessa seção e que dizem respeito ao
modelo em questão. Assim, no presente caso de pórtico plano, o segundo número é a
área da seção transversal, o terceiro é a área efetiva de cortante em y, o quarto é o
momento de inércia em z, e o quinto é o módulo de resistência à flexão em relação ao
eixo z (necessário apenas no caso de se desejar calcular tensões). A Tabela 1.1 da
página 26 apresenta essas propriedades nos casos mais usuais de seção transversal.
Para desconsiderar o efeito de deformação de força cortante, pode-se atribuir valor
zero à área efetiva de cortante. Em treliças plana e espacial, deve ser especificada
apenas a área da seção transversal. Em grelha, devem ser especificados em ordem: a
área da seção, a área efetiva de cortante em z, o momento de inércia à torção e o
momento de inércia em z, além do módulo de resistência à flexáo relativo ao eixo y
(no caso de se desejar o cálculo de tensão). Em pórtico espacial, devem ser
especificados em ordein: a área da seção, as áreas efetivas de cortante em y e em z, o
momento de inércia à torção, e os momentos de inércia em y e z, além dos módulos de
resistência à flexão em relação aos eixos y e z (no caso de se desejar o cálculo de
tensão). O Manual do Usuário esclarece quanto a seções padronizadas que podem ser
criadas pelo usuário e que, caso sejam utilizadas, dispensam a definição de tipos de
seção.
7) Propriedades dos elementos - antecede a especificação das barras identificadas
espacialmente por dois pontos nodais, um em cada uma de suas extremidades. Em
cada nova linha, o primeiro número se refere à identificação da barra, o segundo e o
terceiro aos seus nós inicial e final, respectivamente, o quarto ao seu tipo de material, o
quinto ao seu tipo de seção. No caso de pórtico espacial tem-se também que
Análise de Estruturas - Volume I

especificar o posicionamento do eixo local z. O Manual do Usuário esclarece quanto a


esse posicionamento e quanto à geração semi-automática dessas propriedades.
8) Articulações - antecede a especificação de liberações de deslocamentos em
extremidades de barras, que no presente exemplo é apenas a rótula do ponto nodal 2
considerada no nó final da barra 3. A articulação no ponto nodal 3 foi definida nas
condições de apoio. Em cada nova linha, o primeiro número se refere a uma barra com
ariiculação e o(s) número(s) que lhe segue(m) identifica(m) o(s) deslocamento(s) na
numeração local da barra que deve(m) ser liberado(s). Podem ser liberados quaisquer
deslocamentos em extremidades de barra, com a condição de não se criar mecanismos
(modelo ou partes de modelo hipostáticos). No presente exemplo, foi especificada a
liberação do sexto deslocamento nodal da barra 2 cujos deslocamentos nodais são
mostrados na Figura 5 . 3 ~ . No caso do modelo em análise não ter articulações, esse
grupo de informações deve ser omitido.
9) Numero de carregamentos -antecede na mesma linha o número de casos de
carregamento que no presente exemplo é de 2.
10) Carregamento 1 - antecede a especificação dos dados do primeiro caso de
carregamento cujo término é identificado pela palavra fim.
11) Cargas nodais - antecede a definição das forças diretamerite aplicadas aos pontos
nodais. Em cada nova linha o primeiro número se refere ao ponto nodal com forças, e
as demais informações se referem às correspondentes componentes de força no
referencial global, com códigos identificadores. No presente exemplo, px identifica
força em X, py identifica força em Y, e mz identifica momento em Z. Forças nulas
podem ser omitidas juntamente com seus identificadores que podem ser em letra
minúscula ou maiúscula. Em cada modelo, podem ser especificadas forças nodais
apenas segundo os correspondentes deslocamentos ilustrados na Figura 5.2. Assim, em
treliça plana podem ser especificadas forças com os identificadores px e py. Em treliça
espacial podem ser especificadas forças com px, py e pz. Em grelha podem ser
especificadas forças com pz, mx e my. Em pórtico espacial podem ser especificadas
forças com px, py, pz, mx, my e mz. O Manual do Usuário esclarece quanto à geração
semi-automática de cargas nodais.
12) Cargas nos elementos - antecede a definição de ações em barras. Em cada nova linha
o primeiro número se refere a uma barra carregada, com a letra c que lhe segue
identificando carga concentrada e a letra u, carga distribuída uniforme. No caso da
carga concentrada, o primeiro número após a letra c especifica a distância de aplicação
da força a partir do nó inicial da barra. No presente exemplo especificou-se na barra 2
apenas uma força de 10kN no sentido contrário ao eixo local y. No presente exemplo,
poderia também ser especificada a força na direção do eixo local x, utilizando o
identificador px, e momento de vetor representativo na direção do eixo z, utilizando o
identificador mz. No caso da carga uniforme, o primeiro número após a letra u
especifica a coordenada x de início de aplicação da força distribuída, e o segundo
número após a letra u especifica a coordenada x de término dessa força. Depois dessas
distâncias são especificadas componentes wxa e wya de força nas direções x e y do
referencial local da barra em questão. Componentes nulas podem ser omitidas
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

juntamente com os correspondentes identificadores. O Manual do Usuário esclarece


quanto a outros tipos de ações e quanto à especificação de cargas no referencial global.
13) Recalque de apoio - antecede a definição de deslocamentos prescritos no referencial
global, segundo os deslocamentos nodais do modelo em questão ilustrados na Figura
5.2. Assim, no presente exemplo, dx especifica deslocamento linear em X, dy
especifica deslocamento linear em Y, e rz especifica rotação em 2. Componentes nulas
de deslocamentos prescritos podem ser omitidas juntamente com seus identificadores.
Em treliça plana podem ser especificados deslocamentos prescritos com dx e dy. Em
treliça espacial, com dx, dy e dz. Em grelha, com dz, rx e ry. Em pórtico espacial,
com dx, dy, dz, rx, ry e rz.
14) Carregamento 2 - antecede a especificação dos dados do segundo caso de
carregamento que terminam com a palavra fim.
15) Cargas nos elementos - como esclarecido anteriormente, essa palavra-chave antecede
a especificação de ações em barras no carregamento em questão. Em cada nova linha o
primeiro número se refere à barra com ação externa, com a letra t que lhe segue
indicando que o próximo número na mesma linha é variação uniforme de temperatura.
A letra g após o número da barra indica que o próximo número na mesma linha é
gradiente de temperatura com a face superior da barra identificada pela coordenada
local y positiva.
16) Peso próprio - antecede a especificação de peso próprio automático. Na linha
seguinte, são fornecidas as razões gxlg, gylg e gzlg, sendo gx, gy e gz as componentes
da aceleração da gravidade no referencial global, e g a aceleração da gravidade. Assim,
no presente exemplo, 0. -1. 0. especifica 100% do efeito da gravidade no sentido
contrário ao eixo global Y.
17) Número de combinações - antecede na mesma linha o número de combinações de
casos de carregamento, que no presente exemplo é apenas um.
18) Combinação 1 - antecede a primeira combinação de carregamento. Em cada nova
linha o primeiro número diz respeito ao caso de carregamento e o consecutivo na
mesma linha ao fator deste carregamento na combinação em questão. Assim, no
presente exemplo, combina-se 90% do primeiro caso de carregamento com 100% do
segundo caso de carregamento. No módulo Gráfico e no módulo de Diagramas de
barras, deve-se escolher o carregamento ou a combinação cujos resultados são
desejados visualizar.
O relatório de dados e de resultados obtido após a análise estática é reproduzido a
seguir:
SALT - Marca Registrada da U F R J
SALTE - análise estática linear - versão 9.00

:
TÍTULO Arquivo de dados do pórtico da figura 5.3'

DATA : 23/9/2003(terqa-feira)
HORA : 09:37:02
ARQUIVO DE DADOS : pórticofigura5-3.slt
TIPO DA ESTRUTURA : pórtico plano
Análise de Estruturas - Volume I

U n i d a d e s U t i l i z a d a s
força quiloNewton.
comprimento : metro.

c o o r d e n a d a s n o d a i s
nó sistema coordenada coordenada coordenada
X Y Z
1 global 0.00E+0000 4.50~+0000 0.00E+0000
2 global 4.00E+0000 4.50E+0000 0.00E+0000
3 gloiial 0.00E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
4 global 4.00E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
número de nós ...... 4

r e s t r i ç õ e s n o d a i s
constante de mola
nó código transl. x transl. y rotaçáo z
3 110 0.OE+0000 0.OE+0000 0.OE+0000
4 111 0.OE+0000 0.OE+0000 0.OE+0000
número de nós com restrição ...... 2

p r o p r i e d a d e s d o s e l e m e n t o s
barra material seção nó inicial nó final comprimento
1 1 1 3 1 4.50E+0000
2 1 2 1 2 4.00E+0000
3 1 1 4 2 4.50E+0000
número de elementos ...... 3

b a r r a s c o m a r t i c u l a ç õ e s
n ó i n i c i a l n ó f i n a l
barra sistema força x força y mcone z força x força y mome z
3 local 1 1 1 1 1 O
número de elementos com articulações 1 ......
p r o p r i e d a d e s d o s m a t e r i a i s

material : 1
M. Elasticidade .....
2.100E+0007
M. E. Transversal ...
8.750E+0006
C. Poisson ..........
2.000E-0001
C. D. Térmica .......
1.000~-0005
P. Específico .......
2.500E+0001
número de tipos de material ...... 1

p r o p r i e d a d e s d a s s e ç d e s
tipo área x área y inércia z
1 1.20E-0001 1.00E-0001 1.60E-0003
2 9.00E-0002 7.503-0002 6.753-0004

m ó d u l o s d e f l e x ã o
tipo wz
1 8.00E-0003
2 4.503-0003
número de tipos seções ...... 2

c a r r e g a m e n t o 1 - Título qualquer

c a r g a s n o d a i s
nó sistema força forca momento

1 global
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

c a r g a s a p l i c a d a s n a s b a r r a s
barra sistema tipo la lb PX PY mz
t wxa wxb w a w b
fl f2 f3 9
2 local C 1.00 O.OE+OOOO -1.03+0001 O.OE+OOOO
1 local U 1.50 3.50 0.OE+0000 -6.03+0000

r e c a l ~ u e d e a p o i o
nó sistema desloc. desloc. rotacao
X Y Z
4 global 0.OE+0000 -1.5E-0002 O.OE+0000

fim do carregamento ...... 1

c a r r e g a m e n t o 2 - Título qualauer

c a r g a s a p l i c a d a s n a s b a r r a s
barra sistema tipo la lb DX DY mz
t wxa wxb w a
f1 £2 £3 P
1 T 10.00
2 G 50.00

peso próprio computado de forma automática

componentes do vetor aceleraçáo da gravidade


componente relativa na direçáo x(gx/g)...... 0.00
componente relativa na direção y(gy/g)... ...-1.00
fim do carregamento ...... 2
número de carregamentos ...... 2

r e s u l t a d o d a r e n u m e r a ç ã o n o d a l
perfil antes da renumeração : 9
perfil após a renumeração : 7
...........................................................
DECAIMENTO MÁXIMO DOS ELEM. DA DIAGONAL: 3.1E+0002
Existe probabilidade de aue o número de algarismos
corretos nos deslocamentos calculados seja 8

c O m b i n a ç á o 1 - Titulo qualquer
carregamento f ator
1 0.900
2 1.000
fim da combinação ...... 1
numero de combinações ...... 1

c a r r e g a m e n t o 1
...............................................................................

Título : Titulo qualquer

d e s l o c a m e n t o s n o d a i s
no sistema deslocamento deslocamento rotacao
X Y Z
1 global 1.24713E-0002 -2.10201~-0005 -2.749103-0003
2 global 1.244233-0002 -1.499683-0002 -4.10149E-0003
3 -
olobal 1.201573-0030 -4.267393-0030 -2.974063-0003
4 global 4.961383-0030 -1.50000~-0002-2.232623-0029
Análise de Estruturas - Volume 1

r e a ç 8 e s n o s a p o i o s
nó sistema força força momento
X Y Z
3 global -3.31 11.77 0.00
4 global -13.69 -1.77 61.59
......................................................................
Resultante -17.00 10.00 54.50
NOTA:
Oís) momento(s)- resultanteís) é(são) em relação à origem
do sistema global.
.------------------------------------------
d i f e r e n ç a d e e q u i l í b r i o
( o equilíbrio de momento é feito em relação à origem )
força força momento
X Y Z
0.000 0.000 0.000

e s f o r ç , o s n a s b a r r a s
barra sistema no força força momento
normal cortante fletor
1 local 3 11.77 3.31 0.00
1 -11.77 8.69 -9.09
2 local 1 13.69 11.77 17.09
2 -13.69 -1.77 -0.00
3 local 4 -1.77 13.69 61.59
2 1.77 -13.69 0.00

c a r r e g a m e n t o 2
---------------
.................................................................................

Titulo : Titulo qualquer

d e s l o c a m e n t o s n o d a i s
no sistema deslocamento deslocamento rotacao
X Y Z
1 global -5.093463-0004 4.31034E-0004 2.261133-0004
2 global -5.081633-0004 -2.12121E-0005 -5.724463-0004
3 global 2.026293-0031 -6.297523-0030 5.768363-0005
4 global -2.02629~-0031 -6.753433-0030 9.118313-0031

r e a ç õ e s n o s a p o i o s
nó sistema força força momento
X Y Z
3 global -0.56 17.37 -0.00
4 global 0.56 18.63 -2.52
.................................................................
Resultante -0.00 36.00 72.00
NOTA :
Oís) mcmiento(s) resultante(6) É(sã0) em relação à origem
do sistema global.

d i f e r e n ç a d e e q u i l í b r i o
( o equilíbrio de momento é feito em relaçELo à origem )
força força momento
X Y 2
-0.000 -0.000 O. 000

e s f o r ç o s n a s b a r r a s
barra sistema nó força força mcnnento
normal cortante fletor
1 local 3 17.37 0.56 0.00
1 -3.87 -0.56 2.52
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

2 local 1 -0.56 3.87 -2.52


2 0.56 5.13 0.00
3 local 4 18.63 -0.56 -2.52
2 -5.13 0.56 0.00

c o m b i n a ç ã o 1
...............................................................................
Título : Titulo qualquer

d e s l o c a m e n t o s n o d a i s
no sistema deslocamento deslocamento rotacao
X Y Z
1 global 1.071483-0002 4.121153-0001 -2.248083-0003
2 global 1.068993-0002 -1.351833-0002 -4.263783-0003
3 global 1.284043-0030 -1.013813-0029 -2.618973-0003
4 global 4.26261E-0030 -1.35000E-0002 -1.918173-0029

r e a ç õ e s n o s a p o i o s
nó sistema força força momento
X Y Z
3 global -3.54 27.97 0.00
4 global -11.76 17.03 52.91
......................................................................
Resultante -15.30 45.00 121.05
NOTA :
O(s) mcmento(s) resultantecs) é(são) em relação à origem
do sistema global.

d i f e r e n ç a d e e q u i l í b r i o
( o equilíbrio de momento é feito em relação à origem )
força força momento
X Y Z
o. 000 o. 000 0.000

e s f o r ç o s n a s b a r r a s
barra sistema nó força força momento
normal cortante fletor
1 local 3 27.97 3.54 0.00
1 -14.47 7.26 -5.66
2 local 1 11.76 14.47 12.86
2 -11.76 3.53 -0.00
3 local 4 17.03 11.76 52.91
2 -3.53 -11.76 0.00

A Figura 5.12 apresenta a deformada do pórtico fornecida pelo módulo Gráfico para
o primeiro caso de carregamento do presente exemplo, onde se solicitou que fossem
exibidos os deslocamentos no ponto nodal 4. Identifica-se o deslocamento de 0,015m
prescrito nesse ponto nodal em sentido contrário ao eixo global Y. Os deslocamentos dx e
rz nesse nó devem ser inte retados como nulos, dado que seus valores são extremamente
3
pequenos (da ordem de 10- m) frente aos valores dos deslocamentos não restringidos.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 5.12 - Deformada do pórtico da figura 5.3a.

Os diagramas de momento fletor, força cortante e força normal do primeiro caso de


carregamento fornecidos pelo módulo Diagramas de Barras estão representados nas Figuras
5.13, 5.14 e 5.15, respectivamente. O valor entre parênteses no diagrama de momento fletor
especifica a distância do ponto de máximo momento fletor, medida a partir do nó inicial.

SALT-UFRJ -arquivo P6i6coFigura5-3a.sl1.[FienielMomenio Fielar d Carreg. 1 de 21

Figura 5.13 -Diagrama de momento fletor.


Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

Sugere-se ao leitor, obter esses diagramas a partir dos esforços nas barras listados
no relatório de dados e resultados reproduzido anteriormente. Relembra-se que esses
esforços são fornecidos no referencial local de cada barra (vide Figura 5.4) dependendo de
como se definiu a sua incidência após a palavra-chave Propriedades dos Elementos. No
presente exemplo, os referenciais locais estão mostrados na Figura 5 . 3 ~e podem ser
visualizados no módulo Gráfico.

SALT-UFRJ- arquivo Póil~coFiguraSdarlt


- lFrenle/Foi$a Noirnali Carieg. :1 de 21

Figura 5.15 -Diagrama de força normal.


Análise de Estruturas - Volume 1

Na Figura 5.16 estão representados por códigos de cores as tensões o, máximas


(em combinação de efeito de momento fletor e de força normal) nas extremidades das
barras, no primeiro caso de carregamento. Sugere-se ao leitor conferir esses resultados, a
partir das propriedades de seção transversal e dos valores de esforços nas barras.

Figura 5.16 -Tensões máximas o, nas extremidades das barras

No relatório de dados e resultados, as informações perfil antes da renumeração e


perfil após a renumeração se referem à otimização de uso de memória RAM levada a
efeito pelo SALT de forma transparente ao usuário. Essa renumeração objetiva agilizar o
processamento e tem grande importância em modelos com elevado número de graus de
liberdade.
No relatório, a informação diferença de equilibrio se refere à verificação de
desequilíbrio entre as ações aplicadas e as reações de apoio calculadas. Diferença nula ou
próxima de zero é indicação de que os erros de arredondamento e de truncamento da
aritmética de ponto-flutuante do computador tiveram influência desprezível. Nesse mesmo
contexto, no relatório é fornecida uma estimativa do número de algarismos corretos nos
deslocamentos calculados.
Deformação de força normal nas barras pode ser desconsiderada arbitrando área
fictícia muito grande para a seção transversal das barras ou utilizando a palavra-chave
Dependência entre deslocamentos. A primeira opção é a mais simples, com a desvantagem
de não poder ser utilizada juntamente com a opção de peso próprio, como no segundo caso
de carregamento do presente exemplo. A Figura 5.17 apresenta o diagrama de momento
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

fletor do primeiro caso de carregamento desse exemplo, arbitrando área fictícia 100 vezes
maior do que a área real e desconsiderando deformação de força cortante. Com a opção
Dependência entre deslocamentos são especificadas dependências entre deslocamentos de
pontos nodais (que não sejam deslocamentos prescritos), como detalhado no Manual do
Usuário.

SALT UFRJ aiquvo PailicoFigeaS 1SENanula dl [Fiede/Momenla Flelor E / Caneg 1 de 21

Figura 5.17 - Diagrama de momento fletor desconsiderando


deformações de força normal e de força cortante.

5.4.3 - Linhas de influência e valores extremos

O Sistema SALT determina linhas de influência e valores extremos nos modelos em


barras reconhecidos pelo módulo Gráfico. Em cada modelo devem ser especificadas as
barras percorridas pela força unitária que deve ser em um dos sentidos positivos dos eixos
do referencial global. A seção em relação à qual se determina linha de influência, ou valor
extremo, de esforço solicitante ou de deslocamento, deve ser a extremidade de um dos
elementos do modelo. Podem ser utilizados trens-tipo das normas brasileiras (já
incorporados ao Sistema) ou qualquer outro definido pelo usuário.
Linha de influência de deslocamento é obtida conforme descrito no item 4.2.1 e a
linha de influência de reação de apoio ou de esforço solicitante é obtida conforme descrito
nos itens 4.2.2 e 4.2.4. Em ambos dos casos, a linha de influência é "definida" por uma
configuração deformada da estrutura, que no Sistema SALT é aproximada pelos trechos
lineares que ligam os deslocamentos transversais das extremidades dos elementos em que
se discretiza essa estrutura. Assim, a acurácia da representação da linha de influência
aumenta na medida em que se reduz o comprimento desses elementos.
1 Análise de Estruturas - Volume 1

O arquivo de dados tem extensão .slt e é constituído de duas partes. A primeira parte
define a geometria, as condições de apoio e as propriedades elásticas da estrutura, de forma
idêntica à da análise estática (no que antecede aos carregamentos), e é reconhecida pelo
módulo Gráfico. A segunda parte agrupa informações pertinentes às linhas de influência ou
aos valores extremos desejados, sendo reconhecida apenas pelo módulo Linhas de
Influência.
Para ilustração, considera-se o exemplo 4.5 da página 238 em que foram
determinadas as linhas de influência do momento fletor e da força cortante em relação à
seção D da viga da Figura 5.18a. Presentemente, para obter valores a cada quarto de vão,
adotam-se as numerações de pontos nodais e de elementos da Figura 5.18b, resultado da
discretização da viga em 9 pontos nodais e 8 elementos.

A D B C
h I=0,01m4 _h‘t 1=0,006mq hà
j
4,Om , 4,Om 6,Om j

(a)Caracterização da geometria

1 2 3 4 5 6 7 8 9
- -
1
- 2 -3 4
- A -5 4 Z 84$

(b)Numerações dos pontos nodais e dos elementos

Figura 5.18 - Viga do exemplo 4.5.


1
A seguir apresenta-se o arquivo de dados, onde as palavras-chave estão assinaladas
em negrito:
Pórtico plano - Obtenção de linhas de influência.
Coordenadas dos nós - Utiliza-se geração semi-automática de coordenadas
1 o. o. 4 1 2. o.
6 9.5 O. 3 1 1.5 O.
o
Condições de contorno
1 110
5 O10
9 O10
o
Tipos de material
1 2.le7 0.2 1.e-5 25.
o
Tipos de seção
1 1. o. 0.01
2 1. O. 0.006
o
Propriedades dos elementos -Utiliza-se geração semi-automática
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

1 1 2 1 1 3 1 1
5 5 6 1 2 3 1 1
o
Sequência de tráfego - A força unitária percorre todos os elementos.
l i g 7 1
o
Direção da carga -dy
Linha de influência de esforço
2 f mz
2 f qY
o
Nesse arquivo utiliza-se a geração semi-automática de coordenadas e de elementos,
também disponibilizada para a análise estática. Assim, após as coordenadas do ponto nodal
1 que se segue à palavra-chave coordenadas dos nós, os números 4 1 2. 0. especificam a
geração de 4 pontos nodais acrescentando-se 1 à numeração do nó anterior, e
acrescentando-se X=2,0 e Y=O,O às coordenadas desse nó. Da mesma maneira, na linha
consecutiva, após o fornecimento das coordenadas do ponto nodal 6, são gerados 3 pontos
nodais acrescentando-se 1 à numeração do nó anterior, e acrescentando-se X=1,5 e Y=O,O
às coordenadas desse nó. Após a definição do elemento 1 que se segue à palavra-chave
propriedades dos elementos, são gerados 3 elementos com a mesma seção transversal e as
mesmas propriedades elásticas, somando-se 1 à numeração do elemento anterior, 1 à
numeração do nó inicial anterior e 1 à numeração do nó final anterior.
Na linha seguinte à palavra-chave sequência de tráfego, o número 1 identifica o
primeiro elemento percorrido pela força unitária, i especifica que a essa força se inicia pela
extremidade inicial desse elemento, g especifica início de geração semi-automática, 7
especifica sete novos elementos percorridos pela força unitária e 1 especifica que o número
de cada um desses elementos é obtido a partir do anterior acrescentando-se uma unidade.
Após a palavra-chave direção da carga, -dy especifica que a força unitária tem o
sentido contrário ao do referencial global Y. Alternativamente, os códigos dx e dz
poderiam ser utilizados para especificar força unitária nos sentidos dos eixos X e 2,
respectivamente.
A palavra-chave linha de influência de esforço é auto-explicativa.
Alternativamente poderia ser utilizado: linha de influência de reação, linha de influência
de deslocamento, valores extremos de esforço, valores extremos de reação ou valores
extremos de deslocamento. Na linha consecutiva à palavra-chave linha de influência de
esforço no arquivo anterior, 2 f mz especificam o elemento 2, a sua extremidade final e a
linha de influência do momento fletor M,, respectivamente. Na linha consecutiva, 2 f qy
especificam o elemento 2, a sua extremidade final e a linha de influCiicia da força cortante
V,, respectivamente. Pode ser solicitado um número qualquer de linhas de influência. Os
identificadores de momentos fletores são my e mz, de momento de torção é mx, de força
normal é n, e de forças cortantes são qy e qz. No caso de linha de influência de reação, os
identificadores de forças são fx, fy e fz, e os identificadores de momentos são mx, my e
mz. No caso de linha de influência de deslocamentos, os identificadores dos deslocamentos
lineares são dx, dy e dz, e os identificadores dos deslocamentos de rotação são rx, ry e rz.
As figuras 5.19 e 5.20 apresentam as linhas de influência de momento fletor e de
força cortante obtidas com o arquivo anterior.
Análise de Estruturas - Volume 1

Figura 5.19 - Linha de influência de momento fletor.

Figura 5.20 -Linha de influência de força cortante.

Para ilustrar a determinação de valores extremos, considera-se a passagem do trem-


tipo representado da Figura 5.21 na viga da Figura 5.18a, buscando-se os extremos do
momento fletor e da força cortante na seção D indicada nessa figura.

Figura 5.21 - Trem-tipo.

Apresenta-se a seguir o correspondente arquivo de dados, em que a parte que


antecede a palavra-chave valores extremos de esforço é idêntica a do arquivo de dados de
determinação de linhas de influência anterior:
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

Pórtico piano - Valores extremos na viga do exemplo 4.5.


Coordenadas dos nós -Utiliza-se geração semi-automática de coordenadas.
1 0. o. 4 1 2. o.
6 9.5 O. 3 1 1.5O.
o
Condições de contorno
1 110
5 010
9 O10
o
Tipos de material
1 2.le7 0.2 1.e-5 25.
o
Tipos de seção
1 1. o. 0.01

"
Propriedades dos elementos - Utiliza-se geração senu-automática de elementos
11211311
55612311
o
Sequência de tráfego - A carga móvel percorre todos os elementos
1 1. g 7 1
O
Direçao da carga -dy
Valores extremos de esforço
2 f mz
2 f ¶Y
o
Trem tipo especial
Comprimento do veículo 5.4
cargas concentradas
40 1.2

Cargas distribuídas
5. 10. 5.

Nas duas linhas consecutivas à palavra-chave valores extremos de esforço


especificam-se os esforços desejos. A palavra-chave trem tipo especial antecede a
especificação do trem-tipo representado na Figura 5.21.
A seguir apresenta-se o relatório de dados e de resultados obtido:
SALT - Marca Registrada da UFRJ
INFLU - Linhas de Influência - versão 9.00

TÍTULO : - Valores e x t r a s da viga do exemplo 4.5.

DATA : 14/11/2003(sexta-feira)
HORA : 16:34:32
ARQUIVO DE DADOS : valoresmaximosfigura5-l8.slt
TIPO DA ESTRUTURA : pórtico plano

U n i d a d e s U t i l i z a d a s
for~a nSo informada.
comprimento : nSo informada.

c o o r d e n a d a s n o d a i s
nó sistema coordenada coordenada coordenada
X Y Z
Análise de Estruturas - Volume 1

1 global 0.00~+0000 0.00E+0000 0.00~+0000


2 global 2.00E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
3 global 4.00E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
4 global 6.00E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
5 global
. 8.00E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
6 global 9.50E+0000 0.00E+0000 0.00E+0000
7 global l.lOE+OOOl O.OOE+0000 0.00E+0000
8 global 1.25E+0001 O.OOEi0000 O.OOE+OOOO
9 global 1.4OE+0001 0.00E+0000 0.00E+0000
número de nós ...... 9

r e s t r i ç õ e s n o d a i ç
constante de mola
nó código transl. x transl. Y rotacão z

9 010 0.OE+0000 0.OE+0000 0.OE+0000


número de nós com restrição ...... 3

p r o p r i e d a d e s d o s e l e m e n t o s
barra material seção nó inicial nó final comprimento
1 1 1 1 2 2.00E+0000
2 1 1 2 3 2.OOE+0000
3 1 1 3 4 2.00E+0000
4 1 1 4 5 2.00E+0000
5 1 2 5 6 1.50E+0000
6 1 2 6 7 1.50E+0000
7 1 2 7 8 1.50E+0000
8 1 2 8 9 1.50E+0000
número de elementos ...... 8

p r o p r i e d a d e s d o s m a t e r i a i s

material : 1
M. Elasticidade .....2.1E+0007
M. E. Transversal ...8.8E+0006
C. Poisson ..........2.OE-0001
C. D. Térmica .......1.OE-0005
P. Específico ....... 25.00
número de tipos de material ...... 1

p r o p r i e d a d e s d a s s e ç õ e s
tipo área x área y inércia z
1 1.00E+0000 0.00E+0000 1.00E-0002
2 1.00E+0000 0.00E+0000 6.OOE-0003

m ó d u l o s d e f l e x ã o
tipo wz
1 1.00E+0000
2 1.00E+0000
número de tipos seções ...... 2

s e a u ê n c i a d e t r á f e g o

elemento --> 1 nó : inicial 2 nó : inicial 3 nó : inicial


4 nó : inicial 5 nó : inicial 6 nó : inicial
7 nó : inicial 8 nó : inicial
número de elementos com tráfego... ... 8

direção da força unitária (sistema global): - y

v a 1 o r e s extremos d e e s f o r ç o
elemento nó esforço
Capítulo 5 -Análise automática de estruturas

c a r g a m ó v e l
trem tipo especial
número de cargas concentradas : 2
comprimento do veiculo : 5.400
cargas concentradas
carga distância ao inicio do veiculo valor
1 1.200 40.000
2 4.200 40.000
cargas distribuidas
mínima máxima no trecho do veiculo
5.000 10.000 5.000

r e s u l t a d o d a r e n u m e r a ç ã o n o d a l
perfil antes da renumeraçáo : 17
perfil após a renumeração : 17

v a 1 o r e s extremos
metodologia : INCREMENTAL número de divisões por barra: 100

v a l o r e s extremos d e e s f o r ç o
(no sistema local do elemento)
barra esforço nó força cortante cortante momento momento momento
nonnal Y z de torça0 fletor y fletor z
2 MZ P 0.00 -8.86 0.00 0.00 0.00 115.45
0.00 8.25 0.00 0.00 0.00 6.99
2 QY F 0.00 34.39 0.00 0.00 0.00 102.45
0.00 -16.66 0.00 0.00 0.00 106.64

No relatório, cada valor extremo encontrado é fornecido juntamente com os demais


esforços solicitantes na seção.

5.5- Exercícios propostos

5.5.1 Prepare arquivo de dados para a análise automática do pórtico representado na


Figura 5.22 em que em que todas as barras têm 1=5,717.10"m4 e ~ = 2 , 1 ~ 1 0 ' k ~ /em ~ ,
deteirnine os correspondentes diagramas de esforços solicitantes. Desconsidere as
deformações de força normal e de força cortante.

Figura 5.22.

287
Análise de Estruturas - Volume I

Confira os referidos diagramas a partir dos esforços nas barras constantes do


relatório de resultados.
5.5.2 Em análise automática verifique a influência das deformações de força
cortante e de força normal nos esforços solicitantes do pórtico da Figura 5.23 em que todas
as barras têm seção de (0,20x0,40)cm2, ~ = 3 , 0 . 1 0 ' k ~ / mv=0,21.
~e Verifique que se obtêm
idênticos resultados trabalhando com modelo completo e com o modelo reduzido fruto da
condição de simetria.

Figura 5.23.
5.5.3 O esquema mostrado na Figura 5.24 é a idealização de uma ponte em quadro
em que a seção transversal das vigas tem momento de inércia igual a l,2m4, a seção das
colunas, momento de inércia igual a 0,025m4, e módulo de elasticidade igual a
3,0,107k ~ l m ' .Na viga tem-se a carga permanente uniformemente distribuída de 7 5 W m e
a carga móvel representada na Figura 5.21. Em análise automática, e desconsiderando as
deformações de força normal e de força cortante, determine: (1)os diagramas dos esforços
solicitantes para a carga permanente, (2)contraflecha na seção média do vão central para
que se tenha flecha nula nessa seção no caso da carga permanente, (3)linhas de influência
da reação e da rotação no apoio esquerdo, (4)linhas de influência do momento fletor e da
força cortante nas seções médias dos vãos da viga e nas seções à esquerda da extremidade
superior das colunas.

Figura 5.24.
Respostas dos exercícios
propostos selecionados

Capítulo 1
Análise de Estruturas - Volume 1

1.9.2: 6, =2,533mm&, 1.9.3: 6=8,232mmL, 1.9.4: 8, =5,379.10-~rad, 1.9.5:


S,, =0,03813mL, O,, =-1,425.10-~rad,1.9.6: 6=3,951.10-~m t , 6 = 1 , 2 . 1 0 - ~ m t ,

I Capítulo 2
Respostas dos exercícios propostos selecionados
Análise de Estruturas - Volume 1
Respostas dos exercícios propostos selecionados
Análise de Estruturas - Volume i

Capítulo 3
Respostas dos exercícios propostos selecionados
Análise de Estruturas - Volume 1

3.10.9: DM(kN.m) - Simétrico DV(kN) - Anti-simétrico

364,9 109,4

Capítulo 4
Respostas dos exercícios propostos selecionados
Análise de Estruturas - Volume 1

Capítulo 5
5.5.1:
Pórtico plano Exercício proposto 5.5.1
Unidades kN m
Coordenadas dos nós
1 o. o.
2 8. O.
3 16. O.
4 o. 3.
5 8. 3.
6 16. 3.
7 8. 6.
8 16. 6.
o
Condições de contorno
1 111
2 111
3 111
7 111
8 111
o
Tipos de material
1 2.le7 0.2 0. 0.
o
Tipos de seçáob
1 10. 0. 5.717e-4
o
Propriedades dos elementos
1 1 4 1 1
2 2 5 1 1
3 3 6 1 1
4 4 5 1 1
5 5 6 1 1
6 5 7 1 1
7 6 8 1 1
o
Respostas dos exercícios propostos selecionados

Número de carregamentos 1
Carregamento 1
Cargas nos elementos
5 u O. 0. wya -25.
o
Cargas nodais
6 px 120.
o
Fim
Glossário

Ações externas. Força, variação de temperatura, deslocamento prescrito (também


denominado recalque de apoio), e deformação prévia.
Apoio elástico. Apoio que se deforma em função da força que lhe é aplicado.
Articulação. Descontinuidade estrutural em seção transversal que impede a transmissão de
um ou mais esforço solicitante.
Barra. Componente estrutural com uma dimensão preponderante em relação às demais, por
vezes denominado elemento (unidimensional).
Coeficiente de distribuição de momento. Número que multiplicado ao momento aplicado
a um ponto nodal de estrutura indeslocável fornece o momento na extremidade de
barra ligada a este ponto.
Coeficiente de flexibilidade. Coeficiente da matriz de flexibilidade, numericamente igual
ao deslocamento do ponto de ação de uma redundante estática e em sua própria
direção, quando se aplica ao sistema principal do método das forças uma força
unitária no ponto e na direção dessa ou de outra redundante.
Coeficiente de rigidez. Coeficiente da matriz de rigidez, numericamente igual à força na
direção de um grau de liberdade quando se impõe deslocamento unitário segundo um
outro grau de liberdade, mantidos todos os demais graus de liberdade restringidos.
Coeficiente de transmissão. Número que multiplicado ao momento aplicado na
extremidade de uma barra fornece o momento reativo em sua outra extremidade.
Condições geométricas de contorno. Deslocamentos conhecidos dos apoios, nulos ou não.
Condições mecânicas de contorno. Forças conhecidas no contorno.
Deslocameiito ortogonal relativo. Deslocamento transversal de uma extremidade de barra
relativamente ao deslocamento transversal da sua outra extremidade.
Análise de Estruturas - Volume 1

Deslocamentos virtuais. Deslocamentos fictícios quaisquer (sem causa externa,


infinitesimais ou pequenos) em uma estrutura, atendendo às condições de apoio caso
as reações não sejam incluídas na equação do teorema dos deslocamentos virtuais.
Energia de deformação. Trabalho das forças internas em uma barra ou estrutura, quando
de sua deformaçáo.
Esforços de engastamento perfeito. Reações de apoio de barra isolada, sob ações externas
e extremidades restringidas.

Esforços solicitantes ou seccionais. Esforços (internos) em seção transversal de barra, a


saber: força normal, força cortante, momento fletor e momento de torção.

Estrutura. Sistema físico capaz de receber e transmitir esforços

Estrutura deslocável. Modelo de análise que tem deslocamento linear como grau de
liberdade.

Estrutura hipostática, isostática ou hiperestática. Estrutura em que os vínculos externos


e internos são insuficientes, suficientes ou superabundantes para manter o equilíbrio
estático dela e/ou de suas partes.

Estrutura indeslocável. Modelo de análise com apenas rotação como grau de liberdade.

Estrutura isostática. Estrutura em que as equações da estática são suficientes para o


cálculo das reações de apoio e dos esforços solicitantes.

Forças virtuais. Forças fictícias quaisquer em equilíbrio em uma estrutura.


Forças nodais equivalentes. Esforços de engastamento perfeito com sinais contrários
Forças nodais combinadas. Forças externas aplicadas diretamente em ponto nodal,
adicionadas às forças nodais equivalentes nesse nó.
Gradieiite de temperatura. Diferença de temperatura entre as faces inferior e superior de
uma barra, dividida pela altura da seção transversal.
Grau de liberdade. Deslocamento linear ou de rotação adotado como grau de liberdade no
método dos deslocamentos.
Grau de indeterminação cinemática. Número de deslocabilidades ou graus de liberdade
de uma estrutura.
Grau de indeterminação estática ou grau de Iiiperestaticidade. Número de redundantes
estáticas de uma estrutura.
Gráfico de Williot. De determinação de deslocamentos em treliças e utilizado na
determinação de deslocamentos ortogonais relativos de barras em estrutura sob
variação de temperatura e recalque de apoio, quando se desconsidera deformaçáo de
força normal no método dos deslocamentos.
Linha de influência. Representação gráfica ou analítica de determinado efeito elástico
(deslocamento, esforço solicitante ou reação) relativamente a uma seção de barra ou
Glossário

ponto de observação, quando uma força unitária de sentido constante percorre a


estrutura.
Método da força unitária ou de Maxwell-Mohr. De determinação de deslocamento em
estrutura por aplicação de força unitária no ponto e direção em que se deseja conhecer
o deslocamento.
Método das forças ou da flexibilidade. De obtenção de redundantes estáticas através de
equações de compatibilidade de deslocamentos (ou cinemática).
Método dos deslocamentos ou da rigidez. De obtenção dos deslocamentos de uma
estrutura através de equações de compatibilidade estática (ou de equilíbrio).
Ponto nodal ou nó. Ponto escolhido na estrutura para consideração de deslocamentos,
livres de ocorrer ou não.
Processo cinemático ou de Muller-Breslau. De obtenção de linha de influência de esforço
solicitante ou de reação de apoio através de imposição de deslocamento unitário
segundo o esforço em questão, na seção de referência, quando então as ordenadas da
curva elástica correspondente são numericamente iguais aos valores da linha de
influência.
Processo de Cross. Aplicação iterativa do método dos deslocamentos no caso de estruturas
indeslocáveis, obtendo-se diretamente os momentos fletores nas extremidades das
barras.
Redundantes estáticas ou hiperestáticos. Reações de apoio elou esforços seccionais
superabundantes ao equilíbrio estático de uma estrutura.
Referencial global. Referencial adotado para toda uma estrutura
Referencial local. Referencial adotado em cada barra ou elemento de uma estrutura.
Rótula. Articulação que libera a rotação entre duas seções transversais adjacentes, não
transmitindo momento fletor.
Seção transversal. Seção perpendicular ao eixo geométrico de barra.
Sistema principal do método das forças. Modelo (usualmente) isostático obtido a partir
de uma estrutura hiperestática por retirada de um conjunto de suas redundantes
estáticas.
Sistema principal do método dos deslocameiitos. Modelo obtido a partir de uma estrutura
por restrição de seus deslocamentos ou graus de liberdade.
Teorema dos deslocamentos virtuais. Supondo-se em uma estrutura a realização de um
campo de deslocamentos virtuais, o trabalho virtual externo é igual ao trabalho virtual
interno.
Teorema das forças virtuais. Supondo-se em uma estrutura a aplicação de uin sistema de
forças virtuais, o trabalho virtual externo é igual ao trabalho virtual interno.
Trem-tipo. Conjunto de cargas concentradas elou distribuídas que se movem em conjunto
em uma estrutura.
Bibliografia

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Tabelas, Escola de Engenharia - UFMG, 1986.
Notações

As notações são definidas quando da primeira ocorrência ao longo do texto. A


seguir são descritas apenas as de cunho mais geral:
-A barra sobre a notação indica grandeza virtual.
-O til sob a notação indica matriz coluna (pseudovetor) e matriz quadrada ou
retangular, também representados por (.) e por [.I,
respectivamente.
-Vetor de seta dupla representa rotação ou momento.
-Força concentrada.
-Força distribuída.
-Esforços solicitantes ou seccionais, a saber: força normal, momento fletor,
força cortante e momento de torção, respectivamente. M também representa
momento externo aplicado.
-Variação de temperatura e gradiente de temperatura, respectivamente.
-Módulos de elasticidade longitudinal e transversal, respectivamente.
-Coeficiente de dilatação térmica.
-Propriedades de seção transversal de barra, a saber: área, momento de
inércia, área efetiva de cisalhamento (área da seção dividida pelo fator de
cisalhamento f) e momento de inércia à torção (momento de inércia polar no
caso de seção circular), respectivamente.
-Energia e densidade de energia, respectivamente.
-Deslocamento
-Coeficiente de distribuição de momento.
-Eixos do referencial global.
-Eixos do referencial local.
-Redundante estática ou hiperestático.
-Coeficiente de carga.
6, i # j -Coeficiente de flexibilidade
Análise de Estruturas - Volume 1

A -Matriz de flexibilidade.
k -Rigidez ou coeficiente de mola.
k,k*,kt,k, -Coeficientes de rigidez de flexáo, transversal, de torçiio e axial, de barra,
respectivamente.
kij -Coeficiente de rigidez.
K- -Matriz de rigidez.
P -Deslocamento ortogonal relativo
SP -Sistema principal.
LI -Linha de influência.
A E
Apoio elástico, 49-50, 59, 64, 79, 97-100, Esforços de engastamento perfeito, 118-121,
187-189.253 123, 141, 144, 159, 168, 171, 173, 176-177,
185,190,235,236,238-239,245
C Energia de deformação
Coeficiente(s) Estrutura(s)
de carga, 78,90, 93, 95, 112, 307 deslocável(eis), 162-163,252-253,302
de distribuição de momento, 241-245, indeslocável(eis), 240-241, 301-303
248,250-251,307 isostática(s), 4, 19,44,48,225, 228, 302
de flexibilidade, 78-79, 86-87, 89-90, 92- liiperestática(s), 4-5, 22, 30, 44, 47-48,
93, 95, 110, 126, 128-129, 167,233,307 75-76, 79, 81, 84, 86, 92, 219, 223, 229,
de transmissão, 141-142,240-241,246 231,233,303
Condições hipostática(s), 4, 302
geométricas de contorno, 18,24
rnecâriicas de contorno, 24 P
Fator de cisalhamento, 25, 307
D Forças nodais
Deslocamento(s) equivalentes, 59, 92, 118-119, 123, 141,
prescrito(s), 4, 18-19, 27-28, 47-49, 51, 171, 176, 180, 204, 235-236, 238-239,
91-92, 118, 180-181,204, 237,252,269, 302
273,281 combinadas, 140-141, 143-144,302
ortogonal relativo, 152, 173, 181, 210
virtual(ais), 15-24, 27-28, 52, 226-227 G
Diagrama tensão-deformação, 5, 11-12, 17 Gradiente de temperatura, 87, 177-178, 183,
268,273
Análise de Estruturas - Volume 1

Grau de indeterminação S
cinemática, 137-138, 170, 173, 194, 302 Sistema principal do método
estática, 4-5, 66, 75, 84, 105, 108, 194, das forças, 79, 135, 167, 205, 233, 301,
302 303
Gráfico de Williot, 162, 173-174, 179, 181, dos deslocamentos, 138, 166, 172, 224,
183, 185,302 238,249,303

L T
Lei de Robert Hooke, 12 Teorema
Linha(s) de influência, 2, 20, 22, 219-221, das forças virtuais, 27-28, 45, 47, 49, 53,
225, 228-229, 231-232, 238, 254-255, 258, 303
263,267-268,281-285,288, 302,308 de E. Betti, 53
de Carlo Alberto Pio Castigliano, 14
M de B. P. E. Clapeyron, 14
Método de reciprocidade de James Clerk
cinemático, 225 Maxwell, 53
da força unitária ou de Maxwell-Mohr, do deslocamento recíproco, 53,78
303 dos deslocamentos virtuais, 15, 18-22, 24,
das forças, 2, 10,28,40,53,75-76,78-79, 27-28,52,226-227,302-303
82, 84, 97, 104, 116, 119, 126-127, 130,
135, 137, 155, 167, 170, 192, 194, 205,
R
219,231,233,303
Referencial
de H. Muller Breslau, 225
local, 8, 260, 262, 272, 279, 303
dos deslocamentos, 2, 10, 75, 125, 137-
139, 143, 145-146, 155, 166, 168, 171- global, 8, 141, 156, 159, 259, 260-261,
173, 192, 194, 206, 213-214, 219, 222- 272-273,281,283,303
225,231,235,238,240,249,261,303

P
Princípio da superposição, 5-6, 14,221
Processo de Cross, 2, 163, 219, 240-242,
247,252,255,303 Variação de temperatura, 44-45, 86, 91, 118,
Procedimento de A. N. Vereshchagin, 32 141, 171, 177,240,268,302
Análise
de Estruturas
mltodo dar íqx e &do dos dedoamentos
Volume I
As principais características deste livro são:

I
+ Apresentação do método das forças e do método dos deslocamentos, com
caracterização do fenômeno físico em análise, revisão de seus fundamentos e uso
de terminologia atualizada;

I
+ Estudo das linhas de influência com priorizaçáo de uso do metodo dos deslocamentos,
por ser este o método atualmente utilizado nas irnplementaçõescomputacionais;

+ Apresentação do processo de Cross, por contribuir a o entendimento do


comportamento de estruturas em barras e por fazer parte de diversos currículos de
engenharia;

I
+ Resolução de grande número de exercícios e proposição de outros, para fixação
da teoria e desenvolvimento no estudante do sentimento de comportamento de
estruturas;

+ Adoçáo do Sistema Internacional de Unidades, priorizando o uso de grandezas


reais para fixação de ordem de grandeza por parte do estudante;

+ Apresentação da análise automática de estruturas, iniciando o estudante na


interpretação de seus resultados.

ISBN 85-7393-31 8-6

a %
A
;: MODERNA

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