Sei sulla pagina 1di 6

1

ENCONTRADA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO REPRODUÇÃO DO


MODELO CÁRSTICO TÍPICO DO MUNICÍPIO DE CAJAMAR

(NOTA TÉCNICA)

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos


Geól. José Gustavo Macedo
Janeiro de 2019

Introdução
Sondagens pioneiras realizadas pelo empreendedor em terreno situado no bairro do Jaraguá,
a sudeste do Pico do Jaraguá, detectaram vazios de até 9 metros de dimensão vertical. Com
o objetivo de aprofundar a investigação das referidas anomalias geológicas e obter
informações seguras para decisões finais sobre a viabilidade técnica e comercial do
empreendimento os empreendedores contrataram os trabalhos da ARS Geologia Ltda.
Foram assim desenvolvidas as investigações geológico-geotécnicas necessárias ao
diagnóstico da anomalia, à definição de sua extensão, como também fornecidas as
orientações técnicas para seu exato equacionamento e controle e decorrente aproveitamento
construtivo do terreno.
O objetivo dessa Nota Técnica está em notificar o meio técnico atuante na Região
Metropolitana de São Paulo sobre a importância e a necessidade de se ter em conta
a possibilidade da presença de feições cársticas de risco, especialmente considerado
o setor noroeste dessa região.

Condições de sigilo
Considerado o caráter comercial do empreendimento em pauta essa Nota Técnica se absterá de
citar nominalmente o empreendedor, como também de informar mais detalhadamente a
localização do terreno em questão.

Estratégia definida para as investigações


A detecção de vazios em profundidade, o fato de várias sondagens indicarem a presença de
solo muito mole ou muito mole (SPT tendendo a zero) na zona de interface entre solos
saprolíticos e o impenetrável por percussão, a detecção, por sondagens mistas executadas,
de rochas sãs calco-silicatadas (meta calcários quartzosos) abaixo do pacote de solos
saprolíticos, sugeriram fortemente a hipótese de se estar lidando no local com uma
reprodução do modelo geológico típico das feições cársticas comumente encontradas no
município de Cajamar, relativamente próximo da região de interesse.
Nesse contexto, as investigações subseqüentes foram programadas dentro do objetivo
central de confirmação ou não dessa hipótese fenomenológica. Foi também estabelecido
um objetivo paralelo de verificação das variações de espessura do pacote de solos
saprolíticos, ou seja, da profundidade da rocha sã, e da consistência geotécnica desses solos,
2

todas informações essenciais para as projeções técnicas e financeiras voltadas à avaliação


final sobre a viabilidade comercial do empreendimento.

Características geológicas e geomorfológicas da região de interesse


A gleba em questão está inserida em domínio geológico do Grupo São Roque, o qual é
constituído por um pacote de rochas metamórficas do Proterozóico Superior, idades entre
600 milhões a 1 bilhão de anos.
Nesse pacote predominam, em sequência estratigráfica da base para o topo, micaxistos,
filitos, metacalcários e metadolomitos e metarenitos. Não são raras as intercalações de
quartzitos e metanfibolitos no interior dos xistos e dos filitos.
É importante ter em conta que esse pacote de rochas (originalmente sedimentares formadas
em ambientes marinhos de águas rasas) está intensamente dobrado, pelo que, a depender da
relação entre a geometria dessas dobras e a superfície atual do terreno, essas diferentes
litologias podem ocorrer lado a lado, como, por exemplo, em uma situação espacial em que
o ápice de uma dobra é interceptado pela atual superfície do terreno.
Sobrepondo-se ao Grupo São Roque são comuns na área solos coluvionares superficiais e
sedimentos aluvionares associados às várzeas da rede hidrográfica.
Do ponto de vista geomorfológico a área de interesse encontra-se nas zonas baixas de
relevo suave das vertentes topográficas do Pico do Jaraguá e outras elevações associadas.

Localização da área estudada no contexto da RMSP e do Município de São Paulo


3

A área pesquisada em imagem Google recente

O MODELO GEOLÓGICO RELATIVO ÀS FEIÇÕES CÁRSTICAS DA REGIÃO DE


CAJAMAR
A consideração e a integração de um grande conjunto de informações e observações levaram à
construção de um modelo geológico que se apóia na hipótese de um comportamento físico diferenciado
dos diferentes estratos sedimentares originais frente aos esforços metamorfizantes de compressão
ocorridos no Proterozóico Superior. O banco calcário, sotoposto a camadas sedimentares de argilas,
siltes e areias, por constituir uma camada rochosa mais espessa e mais competente (rígida), teria
oferecido uma maior resistência a esses esforços de compressão, com consequente predomínio de
fraturamentos sobre dobramentos (vide figura a seguir).
Especialmente na conformação dos anticlinais a base dos estratos superiores, por certo teria sido
“arrastada” sobre a camada calcária fraturada durante os esforços de compressão/dobramento, em um
processo semelhante a um “nappe de charriage” (superfície de arrastamento). Esse fenômeno explicaria
4

a situação geológica singularmente heterogênea e irregular, de caráter brechóide, da zona de interface


entre o solo saprolítico resultante da alteração dos estratos metamórficos superiores e a rocha sã
metacalcária inferior.
É justamente nessa zona brechóide de interface que têm origem e se situam as feições cársticas (bolsões
de vazios preenchidos ou não por solos muito moles) geotecnicamente preocupantes para a construção
civil.
Como já referido, os furos de sondagem rotativa que se aprofundam na rocha sã mostram um maciço
fraturado, mas praticamente isento de figuras expressivas de dissolução, fato corroborado pela
verificação que, nas injeções de calda de cimento executadas, o trecho em rocha calcária sã toma
volumes muito pequenos ou praticamente nenhum volume de calda, mesmo em traços de alta diluição e
pressões mais elevadas.
Os calcários na região são naturalmente margosos e/ou quartzosos. Assim, de sua dissolução química
restam esses resíduos de “impurezas” que chegam a preencher parcialmente ou totalmente, em menor
condição de densidade, os bolsões calcários então dissolvidos.
Essa seria a origem do localmente conhecido “pó de café”, um resíduo siltoso de um bolsão calcário
dissolvido. Isso justificaria o fato deste “pó de café” constituir-se em um verdadeiro “marcador” para
áreas dessa interface que devam significar maiores preocupações geotécnicas.

EXPRESSÃO GEOMORFOLÓGICA DAS ZONAS CARSTIFICADAS EM SUPERFÍCIE


As áreas de maior probabilidade de ocorrência de feições cársticas em subsuperfície coincidem com
faixas de fundos de vale ocupadas ou não por cursos d’água e suas zonas baixas aluvionares.
Essa correspondência geomorfológica, que tem sido importantíssima por possibilitar a
compartimentação geotécnica das glebas estudadas em zonas de maior ou menor probabilidade de
ocorrência de feições cársticas, e assim permitir uma melhor orientação e programação das
investigações, por certo se explicam pelo fato dos vales atuais em sua maior parte coincidirem com
anticlinais de grandes dobras metamórficas, situação em que, como se sabe (Geomorfologia Estrutural),
há o aparecimento de fraturas apicais de descompressão que potencializam a ação dos processos
intempéricos e erosivos, fazendo com que, paradoxalmente, um parte alta de uma dobra venha a
geomorfologicamente corresponder hoje a uma depressão de relevo.

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO MODELO E QUE FORAM TAMBÉM


ENCONTRADAS NA ÁREA ESTUDADA
As características geológicas e geotécnicas marcantes desse modelo geológico e que foram
integralmente também verificadas na área estudada como resultado das investigações complementares
realizadas no atual trabalho, podem assim ser elencadas:
 maior probabilidade de ocorrência: faixas de fundo de vales
 comum presença de solos moles a muito moles junto à zona de interface solo saprolítico/rocha
calcária sã;
 grande irregularidade “topográfica” do topo da rocha calcária sã;
 eventual presença de vazios métricos na interface solo/rocha;
 o maciço calcário são não apresenta feições cársticas de dissolução.
5

UM POSSÍVEL NOVO ALINHAMENTO CÁRSTICO


O estabelecimento dessa correspondência geomorfológica, os dados históricos de ocorrências cársticas
na região de Cajamar, os dados colhidos e investigados de campo e o entendimento geológico do
fenômeno promovido pela construção do novo modelo geológico permitiram traçar três alinhamentos
cársticos, coincidentes com eixos estruturais regionais, em que a probabilidade de ocorrência de feições
cársticas é comprovadamente maior. São os eixos Lavrinhas, Copase e Polvilho-Natura. Certamente a
continuidade de trabalhos na região de Cajamar virá a revelar outros alinhamentos cársticos.

Os alinhamentos cársticos já definidos em Cajamar

Os dados colhidos na região estudada no município de São Paulo indicam com grande probabilidade a
presença de um novo alinhamento cárstico, que escolheu-se batizar como Alinhamento Jaraguá, e que
6

se desenvolveria na faixa proximamente NS que se desenvolve ao longo dos vales ocupados pelo
Córrego Antônio Inocêncio de Souza e pelo Ribeirão Vermelho, conforme imagem reproduzida a
seguir.

Em amarelo o eixo do provável Alinhamento Cárstico Jaraguá, que definiria faixa de terreno com maior
probabilidade de presença de feições cársticas.

-------------------------------- FIM-------------------------------

Potrebbero piacerti anche