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Trabalhar com adolescentes tem sido uma tarefa gratificante sempre cheia de
surpresas e questionamentos. Durante o período em que preparei o material
de campo para o doutorado e, posteriormente, ao investigar a viabilidade de se
tornarem mediadores, tenho me deparado com os desencontros havidos ao se
tentar definir o jovem e o adulto contemporâneos.
Os conflitos entre gerações são alvo tanto da ciência quanto da arte deixando
marcas indeléveis em nossa memória quanto à provocação dos mais jovens,
sua irreverência, suas crenças arraigadas em um modelo político melhor, suas
paixões desenfreadas e sua falta de limites. Quantas mudanças sociais e
políticas podem ser creditadas a eles? Muitas, em muitos lugares, em épocas
diferentes.
Nas últimas décadas o significado de ser jovem ou manter-se jovem vem
mudando à medida que juventude vem sendo vendida como uma espécie de
mercadoria, inclusive, em prateleiras de supermercado. A cultura jovem é hoje
praticada por pessoas de todas as idades o que vem dificultando a
identificação dos jovens a partir de um determinado padrão de consumo,
comportamento ou valorização de determinados signos como sendo um
referencial ou significado dos adolescentes de nossa sociedade. Como
entender o significado social do ser jovem associada à indecisa condição de
ser adolescente? A adolescência, classicamente definida como um estado de
rebeldia, revolta, transitoriedade, turbulência emocional, tensão, ambigüidade
e inquietude podem ser resumidas em um único conceito: necessidade de
mudança.
Para mudar provocam o caos em suas próprias vidas e nas vidas de quem
com eles convive. Aos poucos, reorganizam-se e ingressam no mundo adulto
cheios de vontade de vencer e serem bem-sucedidos através de suas próprias
escolhas. Assim, entre encontros e desencontros consigo mesmo e com o
outro, vão encontrando e desenvolvendo sua identidade a uma velocidade
incrível em virtude dos recursos tecnológicos que têm à disposição para
acessar todo e qualquer tipo de informação, tornam-se práticos-reflexivos
obedecendo ao ritmo de seu tempo interior e biológico.
Muitos colocam a paciência de seus pais, professores e demais adultos
pertencentes à sua rede social à prova pois – na visão dos adultos - sempre
têm uma exigência a fazer, são vistos como mal-agradecidos, vestem-se de
forma inadequada, ostentam hábitos aborrecidos, recusam-se a comunicar-se
de forma inteligível e assim por diante. Aos próprios olhos, estão sendo
totalmente naturais e adequados.
12 Se professores e diretores de escola ouviram com reservas a proposta
da mediação de pares, a maioria do grupo consultado (67,4% dos
entrevistados) ficou entusiasmada com a possibilidade de aprenderem a
negociar. Ter recursos mais eficientes para resolver seus próprios
problemas e questões e ainda poderem ajudar colegas em situação mais
difíceis poderia também ajuda-los nas relações com os irmãos e com os
pais. Também salientaram a importância dos professores criarem em sala
de aula um clima adequado tentando conversar mais e utilizar menos o uso
coercitivo, impositivo ou repressivo de sua autoridade e também parar de
ameaçar com castigo e sanções. Segundo os alunos, os professores que
mais gostam são aqueles que mantém a disciplina da classe na base da
conversa e da participação de todos na aula.... um tipo de aula onde todos
podem se expor sem vergonha ou medo de errar.
. 16 DIVERTIR-SE "Se você acha que o que fez é grave, deixe-me contar o
que aconteceu comigo." ARGUMENTAÇÃO LÓGICA: "Se você largou as
chaves no carro, é óbvio que seria roubado ." CONFIRMAÇÃO: "Você sabe
como lidar com o problema. Você sai dessa." Estes três exemplos evitam
que a pessoa expresse sua real preocupação e permite que os
interlocutores mantenham uma distância emocional no sentido de evitar
tópicos desconfortáveis.
Tais respostas são confortáveis para aquele que se protege do contato
emocional, mas não oferecem qualquer tipo de apoio ao outro. Mesmo
sendo consideradas barreiras para uma boa comunicação, o impacto das
expressões acima não é obrigatoriamente negativo, pois irá depender das
pessoas, do espaço social e do momento que ocorrem. Porém, cabe
ressaltar que havendo atrito, hostilidade e stress, estes desencadeiam
respostas desagradáveis dando origem a uma controvérsia e até mesmo a
uma disputa.
Qualquer pessoa ao se sentir ameaçada ou acuada terá mais dificuldade
em se expressar pelo diálogo ou ser compreensivo diante de uma situação.
Ao invés de promover a expressão de pensamentos e sentimentos
verdadeiros, criam bloqueios que irão dificultar a troca efetiva de
informações.
A rede de conversação que se cria estará baseada em posições defensivas
a partir do ressentimento, da auto-estima rebaixada que pode desencadear
o conformismo e a aceitação – característico da discussão como vimos
acima. – o que inibe as habilidades de solução de problemas. Estima-se
que 90% das pessoas se utilizam os recursos exemplificados quando
conversam sobre um problema ou uma necessidade.
No âmbito da escola a mediação não pode ser entendida como uma nova
maneira de resolver conflitos, pois se trata muito mais de uma metodologia de
ensino onde se privilegia a comunicação interpessoal em todos os níveis,
possibilitando a reflexão e o pensamento complexo. Em cada escola, particular
ou pública, existe uma grande diversidade de constelações familiares,
culturais, econômicas, religiosas, éticas e morais. Temos uma tendência
cultural em agrupar por semelhanças e construir categorias. Toda classificação
e categorização tende a promover a separação, a discriminação. Mais do que
nunca, a sociedade pede a aceitação do outro como diferente de nós mesmos.
O respeito pela diferença também inclui a necessidade de aceitar olhares
diferentes, reflexões diferentes e conclusões diferentes no contexto da escola.
Fazemos parte de um mundo diverso e complexo e a educação sabe disso, as
escolas estão em processo de aprende-lo! Desenvolver e implementar um
programa de mediação de pares em uma escola significa aceitar a
complexidade que considera todas as experiências como multifacetadas que
incluem os aspectos biológicos, étnicos, culturais, sociais, familiares, religiosos
e espirituais.
A partir da compreensão dos fenômenos complexos que ocorrem dentro da
escola e em seu em torno, a mediação de pares pode vir a tornar-se uma
realidade pois esta implica em um sistema de comunicação mais simétrico
onde todos os envolvidos compartilhem de forma mais eqüitativa a distribuição
do poder.
A mediação de pares em sua meta função leva alunos e o corpo docente a
exercerem a democracia desenvolvendo nos jovens as aptidões para viver e
construir os valores da democracia que transcende os limites da escola para
instalar-se na família e em toda a comunidade. Trata-se de um processo que
envolve o todo onde todos se beneficiam e todos são responsáveis pelo que
acontece, seja por ação ou por omissão. Formar jovens idôneos no manejo de
deveres e direitos como pessoa e como membro de uma sociedade continua
sendo tarefa da escola e da família. Como o espaço social da escola é mais
amplo que o da família, a mediação de pares se apresenta com um bom
começo para um processo de transformação das relações.
Estamos dispostos a compartilhar a idéia de uma distribuição mais democrática
do poder dentro da escola? Elementos Fundamentais de um projeto 1. Seleção
de alunos para serem treinados 2. Equipe de Supervisão 3. Instrutores 4.
Procedimento de recepção dos casos 5. Divulgação do programa para os alunos
6. Divulgação para familiares e comunidade 7. Logística do programa 8.
Implementação do Programa 9. Avaliação d Programa 10. Disciplinas optativas
no programa
Por outro lado, Carol Gilligan7 ao entrevistar meninas conclui que existe um
excesso de preocupação com a aparência física por um lado e como estão
sendo solicitadas a serem bem-sucedidas profissionalmente, sentem-se
“obrigadas” a escolher carreiras masculinas o que é uma fonte de stress
que desencadeiam conflitos em sala de aula. Na periferia, roubos, assaltos,
tráfico de drogas e chacinas. Na classe média e alta, brigas em danceterias,
rachas nas ruas de madrugada, drogas e sexo sem proteção. O que têm
em comum é viver em grandes centros urbanos além de compartilharem o
abandono 6 tem desenvolvido um extenso trabalho para investigar as
origens da violência juvenil masculina – Family Life Development Center,
Cornell University 7 pesquidadora da School of Education, Harvard
University
43. emocional dos pais ou um alto grau de exigência que faz com que se
sintam tiranizados, sentem-se impotentes diante dos adultos e os agridem
na maioria das vezes agredindo a si mesmos.
Do ponto de vista dos pais, eles provêm o fórum para o amor, apoio mútuo,
e estrutura para educar as crianças. Para a sociedade, as famílias provêm o
habitat natural, no qual as crianças aprendem as habilidades sociais
necessárias para viver com os outros –irmãos, parentes e pais – e, na
adolescência, aprendem a viver como adultos integrando-se na sociedade
mais ampla.
Os padrões mutantes de estruturas familiares, com pais solteiros,
divorciados ou recasados muitas vezes colocam crianças e jovens ainda
dependentes como mais adultos do que seus pais no gerenciamento da
casa, da própria vida e da vida de um dos pais—o mais frágil muitas vezes
vítima de abuso. Isto quando não se tornam instrumentos de manipulação
de adultos que, consciente ou inconscientemente lançam mão dos filhos
para atender a desejos próprios, fato muito comum nas crises de separação
e divórcio. Não se pode subestimar o dano causado a uma criança que vive
em clima de hostilidade e violência, mesmo que ela não seja maltratada!
Mais de oito milhões de vezes a cada ano a polícia desta nação confronta-
se com uma vítima que há pouco foi agredida por um companheiro.
Agressão doméstica é a forma mais freqüente de violência encontrada pela
polícia do que todas as outras formas de violência combinadas. Relatório da
Universidade de Berkeley, 1994 Quando os pais se separam, as famílias
empobrecem. Esta é uma realidade global. Pobreza e desemprego estão
afetando nossas crianças e jovens de maneiras diversas.
São problemas cuja solução não está em suas mãos, mas acaba se
debatendo com as questões pois não tem a quem delegar. A maior parte
das crianças e jovens da FEBEM provém de famílias encabeçadas por um
único parental –mães. Somente 15% destas vivem em favelas e 72,6%
destas famílias vivem na cidade de São Paulo há mais de 20 anos morando
em suas casas próprias nos arredores da cidade. Adorno, 1998
Crianças e jovens
COMEMORAÇÃO DE FIM DE CURSO: FESTA OU VIAGEM? Um grupo
de alunos do terceiro grau do ensino médio havia sido escolhido para
participar da comissão de formatura. Eram dois rapazes e duas moças.
Entusiasmados com o fim do curso e de terem um bom motivo para uma
grande comemoração, decidiram pr unanimidade que iram promover algo
MUITO DIFERENTE E ESPECIAL...INESQUECÍVEL!
Foram trocando idéias com outros colegas, com alguns parentes e BOMBA:
vamos curtir uma semana viajando para a chapada dos Veadeiros.
Ecoturismo está em alta, estaremos in. Programaram uma reunião com
todos os colegas, fizeram convite lindo, cheio de fotos da chapada, do
acampamento e chamaram o agente de viagens para “vender a idéia”.
Alguns colegas reclamaram, outros acharam o preço um absurdo nesta
época de incertezas, mas as técnicas de vendas do agente de viagem
“colaram”. VENDERAM A IDÉIA, fecharam o pacote