3a SÉRIE - I UNIDADE
APOSTILA DE BIOLOGIA
Tânia Freitas
Professora
Aluno(a)
LEITURA COMPLEMENTAR - No 2
I ñ LOCAIS DE FORMA« O DE RADICAIS
LIVRES NO ORGANISMO HUMANO
A partir de 1950, os RADICAIS LIVRES tornaram-se entidades
químicas bem definidas e até o final dessa década estavam
documentadamente relacionados ao processo de desgaste
celular.
Em 1972, surgiu a hipótese de que as mitocôndrias seriam
o relógio biológico realmente relacionado ao processo de
envelhecimento do organismo humano. Esta hipótese tem sido
cada vez mais documentada e é a que prevalece no momento.
Membrana Celular e Microssoma
As membranas das células fagocitárias, como leucócitos
polimorfonucleares e monócitos (que nos tecidos se transformam
nos macrófagos), são importantes fontes de formação de RADICAIS
LIVRES. Isto ocorre quando, para defender-se ou para defender o
organismo, em seu ato de fagocitose, a enzima NADPH-oxidase
produz O2, H2O2 e OH2. Estes RADICAIS LIVRES, intensamente ativos,
ligam-se a qualquer outra molécula, em especial orgânica, desfazendo
duplas ligações de carbono e desnaturando-as. Além disso, são
muito importantes por iniciarem os estímulos quimiotáxicos positivos.
A mieloperoxidase é outra enzima relacionada à produção
de RADICAIS LIVRES e está presente nos monócitos.
A membrana e a fração microssomal da célula estão
relacionadas à produção de lipoxigenase e cicloxigenase
(intermediadas pela fosfolipase A2 ativa: esta ativação, por sua
vez, é modulada negativamente pela lipocortina) e este é o
caminho clássico do desencadeamento da formação das
prostaglandinas, tromboxanas, prostaciclinas e leucotrienos
(além dos RADICAIS LIVRES).
Dessa maneira, os RADICAIS LIVRES estão relacionados
ao processo inflamatório, sua regulação, sua modulação e,
ainda, interferem na biossíntese dos autacóides citados, além
de atuarem em mensageiros secundários e efeitos citotóxicos
conseqüentes à síntese dos mesmos.
Componentes Sol˙veis do Citosol
Entre os componentes celulares relacionados às reações de
oxidação e redução estão os tióis, as hidroquinonas, as
catecolaminas, as flavinas e as tetrahidropterinas. Nas reações
com essas moléculas há liberação do RADICAL LIVRE O2.
Também o Fe3+ quelado, quando reduzido a Fe2+ por tióis,
ascorbato, além de outros redutores, produz O2.
O peróxido de hidrogênio (H2O 2) sofre secundariamente
autoxidação espontânea ou catalisada pela superóxido-
dismutase (SOD), formando O2.
Ocorre também formação de OH no interior das células com
RG_2007\Lista\BIO_Radicais_Livres_nº2_3a/PgMk\Acácia
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No Turma Data
auxílio de SOD, catalase e alguns metais de transição como o
ferro (vide reação de Haber-Weis no fascículo I).
Outra importante enzima do citosol relacionada à formação
de RADICAIS LIVRES é a xantino-oxidase: nos processos
isquêmicos in vivo, ela se converte de sua forma desidrogenase
para a oxidase, produzindo O2. A aldeído-oxidase, bem como
outras, atua de modo semelhante.
MitocÙndria
A enzima mitocondrial citocromo C oxidase, importante para
o processo de respiração celular, consegue transferir 4 elétrons
sem formar RADICAIS LIVRES. No entanto, há formação de
RADICAIS LIVRES superóxido (O2) quando, na porção interna
da membrana mitocondrial, carregadores relacionados à cadeia
respiratória estão em estado reduzido. Isto se deve à
disponibilidade de substratos ligados a NAD, succinato, ADP e
oxigênio.
RetÌculo endoplasm·tico e membrana nuclear
RADICAIS LIVRES intra-mitocondriais podem escapar e
iniciar processo de lesão no citosol. O mesmo ocorre com os
RADICAIS LIVRES que se formam no retículo endoplasmático e
na membrana nuclear. Em relação aos formados nesta, o DNA
é o mais suscetível às lesões que os mesmos causam.
Tanto a membrana nuclear, como as membranas do retículo
endoplasmático, contêm citocromo P450 e b5 que oxidam ácidos
graxos e compostos xenobióticos, e reduzem O2, entre outros
substratos. Os cofatores necessários para essas reações são
NADH e NADPH. Flavoproteínas com citocromorredutases
fornecem elétrons para o citocromo P450 e bs e através deles,
podem ser produzidos O2 e H2O2.
Peroxissomas
São importantes fontes de H 2O 2 na célula em razão de
conterem elevadas concentrações de oxidases. As principais
são a D-amino-ácido-oxidase, a urato-oxidase, a L-alfa-hidroxi-
ácido-oxidase e a acil-CoA-oxidase de ácidos graxos. A maior
parte de H2O2 é metabolizada pela peroxissoma-catalase.
II ñ O DESGASTE QUE ACELERA O ENVELHECIMENTO
Os RADICAIS LIVRES são eliminados por enzimas (catalase,
glulationa-peroxidase, superóxido-dismutase) e antioxidantes
(glutationa, beta-caroteno, alfa-tocoferol, ácido ascórbico). Os
que escapam a essas defesas vão causar danos às células,
em especial através de lipoperoxidação, inativação de enzimas
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e lesão ao DNA. Estas lesões são lentas e contínuas e levam a

restrições em relação ao pleno funcionamento das organelas e
membranas da célula, ou seja, ao envelhecimento da mesma.
Também o exercício exaustivo, descontrolado, infecções de
repetição, moléstias crônicas e desnutrição provocam estado
semelhante.

O malonilaldeído, que é produto da lipoperoxidação, pode ser

mensurado em tecidos e líquidos do organismo e é considerado
bom índice do processo de oxidação celular. Também o são a medida
da taxa de consumo de oxigênio, a atividade da SOD e da catalase, os
níveis de peróxidos inorgânicos, a glutationa e antioxidantes solúveis
em clorofórmio.
Quanto a certos tecidos específicos como o cerebral e a retina,
notou-se que o acúmulo de lipofuscina está diretamente relacionado
ao processo de envelhecimento dos mesmos. Estes tecidos
apresentam menor quantidade de enzimas varredoras de RADICAIS
LIVRES (catalase, SOD, glutationaperoxidase), sendo, ao que tudo
indica, os mais sensíveis à lipoperoxidação.

III ñ RADICAIS LIVRES E NEOPLASIAS

Os principais eventos relacionados ao aparecimento de

neoplasias são as radiações ionizantes, produtos químicos e
alguns vírus.
Entre as substâncias químicas estão os radicais de carbono,
epóxidos, epóxidos-dihidrodióis e os RADICAIS LIVRES.
As principais substâncias químicas relacionadas à formação
de RADICAIS LIVRES são: tetracloreto de carbono, tricloreto de
carbono, tricloro-brometo de carbono, dibromoetano, halotano,
aminas aromáticas, nitrosaminas, quinonas, hidrocarbonetos
policíclicos e ácidos graxos poliinsaturados. Quando às radiações,
elas promovem diretamente o surgimento de RADICAIS LIVRES.
As principais vias de lesão celular, produzindo neoplasias,
relacionadas aos RADICAIS LIVRES, são as seguintes: lesão do
DNA, destruição de coenzimas nucleotídicas, alteração de enzimas
dependentes de –SH, rompimento de ligações covalentes,
lipoperoxidação em membranas celulares e intracelulares,
influindo na troca de cálcio e produzindo outras substâncias tóxicas.
As leituras incorretas junto ao DNA, causadas por essas
substâncias, vão ocasionar alterações na divisão celular e se o
organismo não conseguir eliminar essas novas células, elas
crescerão desordenadamente. Este é o modo pelo qual a
neoplasia se instala e progride no organismo.

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