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Petit et al. (1999) publicaram em seu trabalho os dados de suas observações realizadas
em Vostok, Antártica. Vamos utilizá-lo como base segura para nossas observações, visto
que trata-se da temperatura média de uma região relativamente pequena quando
comparada à Terra como um todo. Um de seus gráficos está exposto no site
Mongabay.com
Como
podemos notar, a linha azul representa as variações da temperatura, a linha verde as
variações da concentrações de CO2 na atmosfera e a linha vermelha, a poeira. O mais
importante, antes de mais nada, é perceber que a escala apresentada no eixo das
abscissas (eixo X), está em MILHARES DE ANOS ATRÁS, ou seja, o presente
gráfico retrata uma história dos últimos 450 mil anos dessas variáveis.
Nosso primeiro passo: comparar as concentrações de CO2 na atmosfera e sua relação
com a variação da temperatura. Para tanto, apaguei a linha que demonstra a variação na
poeira, de forma que o gráfico fique menos poluído visualmente.
O homem ainda acredita que a natureza é imutável e que tudo que ocorre fora de seu
controle é desastroso. A natureza, o que inclui o clima, foi, é, e sempre será, totalmente
oscilante. É a oscilação que promove o equilíbrio. Se nos preocupamos tanto quando
uma determinada espécie entra em extinção, achando que o ecossistema entrará em
colapso, deveríamos nos lembrar do caos ecológico que deve ter ocorrido quando os
dinossauros foram extintos da face da Terra, afinal eles eram enormes, eram muitos
(tanto em quantidade de indivíduos como em quantidade de espécies) e consumiam
muitos recursos naturais. Paradoxalmente, o planeta está bem hoje, a vida ainda existe e
continuará existindo.
Dentro desses preceitos, que eu acredito estarem claros agora, podemos perceber o que
a mídia consegue fazer com as pessoas. Elas conseguem ver o que não existe e, ainda
por cima, justificam sua posição por meio de gráficos. Observe a imagem abaixo que
obtive do site Green Options, em uma matéria publicada por Ryan Thibodaux, um
jovem administrador de empresas:
Ele argumenta:
CO2 pode ser necessário para a vida, mas muito dele causa o aquecimento global.
Realmente causa! Veja:
Logo a seguir vem o gráfico e vemos que mesmo com a concentração de CO2 subindo, a
temperatura quase não varia (ponta da seta). Além disso, podemos perceber que nesse
ponto a temperatura não é a mais alta já registrada. Ou seja, o autor afirma algo e, em
sua demonstração, destrói seu próprio argumento. Algo típico de quem não sabe ler
gráficos e/ou tem pouco conhecimento teórico sobre o assunto. A única coisa que
poderíamos dizer em relação à parte do gráfico em que o homem contribui com o
aumento do CO2 na atmosfera é que a alta concentração desse gás, acima de certos
valores, parece não afetar a temperatura terrestre.
Devo concordar com o senso comum: há sim uma estrita relação entre a variação da
temperatura e as concentrações de CO2 na atmosfera. Agora precisamos saber quem é a
causa e quem é o efeito, ou seja, será que a variação nas concentrações de CO 2 na
atmosfera provoca a variação da temperatura, como largamente proposto, ou será que o
inverso é verdadeiro, ou seja, as variações na temperatura provocam as variações nas
concentrações atmosféricas de CO2?
Além disso, outro gráfico nos mostra que não existe somente uma estrita relação entre
CO2 e temperatura, mas também entre o CO 2 e o metano (CH4). Portanto, estamos
trabalhando comum tripla relação ( CH4, CO2 e temperatura). Observe a relação entre o
CO2 e o CH4 no gráfico abaixo:
Novament
e, ao verificar as variações das concentrações de CH 4 na atmosfera, voltamos ao mesmo
questionamento relativo ao CO2. Quais as causas das variações naturais em sua
concentrações ao longo dos milhares de anos?
Com um gráfico cuja escala é de milhares de anos, fica difícil apontar a relação de causa
e efeito, visto que o espaçamento entre os anos é pequeno demais para perceber
claramente que sofre elevação antes, se é a temperatura ou a concentração de CO 2.
Como Al Gore, ex-candidato à Casa Branca e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de
2008 pelas suas contribuições no combate ao aquecimento global, produziu um filme
chamado Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth), no qual mostra a estrita
relação entre o CO2 e a temperatura, vamos nos valer do mesmo gráfico para demonstrar
a relação oposta entre as variáveis. A imagem abaixo é um printscreen do meu monitor
durante a cena do filme.
Como o
gráfico está alargado e não aparece por completo, fiz um segundo printscreen quando a
câmera andou para o lado.
Nos
gráficos, a linha vermelha representa a variação de CO2 na atmosfera e a linha azul a
variação da temperatura. Os v\alores representados no eixo X representam o tempo (em
anos).
De novo, o que você pode perceber? Uma estrita relação entre o CO2 e a temperatura?
Obviamente que sim, você está correto, assim como Al Gore também está. Mas agora
faça uma análise mais pormenorizada dos gráficos. Quem sofre uma elevação antes: o
CO2 ou a temperatura? Vamos traçar algumas linhas sobre os gráficos para ficar
visualmente mais fácil sua interpretação.
.
De forma impressionante, mesmo com o distanciamento dos pontos no eixo X, ao
procurar um ponto de discordância da relação proposta pelos cientistas do IPCC, os
pontos de aumento de temperatura e concentração de CO2 estão sobre os mesmo pontos
do gráfico. Isso não nos permite afirmar que o CO2 é o responsável pelo aumento da
temperatura, bem como também não poderíamos afirmar o inverso. Entretanto, como
você pode ver, marquei 4 pontos no gráfico (a, b, c, d) que fogem dessa regra.
Para verificar o tempo entre as duas retas, utilizei o programa de edição de imagens
GIMP 2.6.1. Medi a distância, em pixels, entre 50.000 anos (dois traços consecutivos no
eixo X) e entre as retas. Por meio de uma regra de três simples, cheguei a um valor de
aproximadamente 5.376 anos. Assim, durante esses mais de 5.000 anos, mesmo com o
CO2 aumentando, a temperatura estava caindo. Não se trata de pouco tempo.
Todos essas evidências nos levam a acreditar que há uma tendência de aumento de
concentração de CO2 na atmosfera quando a temperatura sofre uma elevação, e não o
contrário. Alguns exames mais detalhados dos pontos em que a temperatura e o CO 2
aparentemente coincidem revelam que aproximadamente 800 anos antes da
concentração de CO2 aumentar há uma elevação na temperatura.
No próximo artigo, iremos verificar se a temperatura da Terra está realmente
aumentando. Obrigado pela atenção
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Petit, et al. Climate and atmospheric history of the past 420,000 years from the Vostok
ice core, Antarctica, Nature, v. 399, p. 429-436, 1999