Sei sulla pagina 1di 375

Módulo de Química

Inorgânica I

Curso de Licenciatuda em Ensino de Química

Ensino à Distância

Departamento de Química
Universidade Pedagógica © 2013
Rua João Carlos Beirão nº 135, C.P. 3276
Direitos de autor (copyright)

Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de

reprodução deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus autores.

Universidade Pedagógica
Rua João Carlos Raposo Beirão, nº 135

Telefone: 21-320860/2

Telefone: 21 – 306720

Fax: +258 21-322113

Site: www.up.ac.mz
Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado


em todo o processo.
Ficha Técnica

Autor: Ana Paula L.A. Camuendo e Armequina Sambo

Revisora EaD/ DI: Cristina M. R. Loforte

Revisão Linguística:

Maquetização e edição: Valdinácio Florêncio Paulo


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância i

Índice

Visão geral 9
Bem-vindo ao módulo de Química Inorgânica I .............................................................. 9
Objectivos do módulo ....................................................................................................... 9
Quem deve estudar este módulo ..................................................................................... 10
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 10
Ícones de actividade ........................................................................................................ 11
Acerca dos ícones ........................................................................................................... 13
Habilidades de estudo ..................................................................................................... 14
Precisa de apoio? ............................................................................................................ 14
Auto-avaliação ................................................................................................................ 15
Avaliação ........................................................................................................................ 16
Tempo de estudo e outras actividades ............................................................................ 16

Unidade n° 01 16
Estudo do Hidrogénio ..................................................................................................... 16
Introdução.............................................................................................................. 16

Lição n° 01 19
História da descoberta do Hidrogénio ............................................................................ 19
Ocorrência do Hidrogénio .............................................................................................. 19
Localização do Hidrogénio na Tabela periódica ............................................................ 19
Introdução.............................................................................................................. 19
1.1. História da descoberta do Hidrogénio................................................... 19
1.2.Ocorrência do Hidrogénio...................................................................... 20
1.3.Localização do Hidrogénio na Tabela Periódica dos elementos ........... 21
Exercícios........................................................................................................................ 21
Auto-avaliação ................................................................................................................ 22

Lição n° 02 23
Propriedades do Hidrogénio atómico e molecular .......................................................... 23
Métodos de obtenção do Hidrogénio .............................................................................. 23
Regras de segurança e precauções no trabalho com Hidrogénio .................................... 23
Introdução.............................................................................................................. 23
Exercícios........................................................................................................................ 28
Auto-avaliação ................................................................................................................ 28

Lição n° 03 30
Reacções de Hidrogénio ................................................................................................. 30
Formação de ligações de Hidrogénio.............................................................................. 30
Aplicações do Hidrogénio .............................................................................................. 30
Introdução.............................................................................................................. 30
ii Índice

Exercícios........................................................................................................................ 35
Auto-avaliação ................................................................................................................ 36

Lição n° 04 38
Compostos do Hidrogénio .............................................................................................. 38
Introdução.............................................................................................................. 38
a) Compostos de Hidrogénio ................................................................... 38
b) Aplicação de Peróxido de hidrogénio .................................................. 41
Classificacão dos hidretos ............................................................................ 42
Nomenclatura dos hidretos .......................................................................... 44
Exercícios........................................................................................................................ 45
Auto-avaliação ................................................................................................................ 46
Resumo da Unidade ........................................................................................................ 48

Unidade n° 02 49
Estudo dos halogénios .................................................................................................... 49
Introdução.............................................................................................................. 49

Lição n° 01 51
História da descoberta dos halogénios ............................................................................ 51
Ocorrência dos halogénios .............................................................................................. 51
Características gerais dos halogénios ............................................................................. 51
Introdução.............................................................................................................. 51
Exercícios........................................................................................................................ 62
Auto-avaliação ................................................................................................................ 63

Lição n° 02 65
Reactividade dos halogéneos .......................................................................................... 65
Metódos de obtenção dos halogénios ............................................................................. 65
Precauções no trabalho com halogéneos ........................................................................ 65
Aplicações dos halogénios .............................................................................................. 65
Introdução.............................................................................................................. 65
Exercícios........................................................................................................................ 77
Auto-avaliação ................................................................................................................ 78

Lição no 03 80
Compostos dos halogénios.............................................................................................. 80
Introdução.............................................................................................................. 80
Exercícios........................................................................................................................ 88
Auto-avaliação ................................................................................................................ 88

Lição no 04 90
Identificação dos iões halogenetos ................................................................................. 90
Introdução.............................................................................................................. 90
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância iii

Exercícios........................................................................................................................ 91
Auto-avaliação ................................................................................................................ 92
Resumo da unidade ......................................................................................................... 93

Unidade n° 03 94
Estudo dos Calcogénios .................................................................................................. 94
Introdução.............................................................................................................. 94

Lição no 01 96
História da descoberta dos Calcogénios ......................................................................... 96
Ocorrência dos Calcogénios na Natureza ....................................................................... 96
Características gerais ...................................................................................................... 96
Introdução.............................................................................................................. 96
O Oxigénio no estado elementar ................................................................ 100
Exercícios...................................................................................................................... 105
Auto-avaliação .............................................................................................................. 106

Lição no 02 108
Reactividade dos calcogénios ....................................................................................... 108
Métodos de obtenção dos calcogénios .......................................................................... 108
Identificacao dos iões sulfureto, sulfito e sulfato ......................................................... 108
Aplicações dos calcogénios .......................................................................................... 108
Introdução ..................................................................................................................... 108
Exercícios...................................................................................................................... 114
Auto-avaliação .............................................................................................................. 114

Lição no 03 116
Compostos dos calcogénios .......................................................................................... 116
Ciclo de Oxigenio e de Enxofre .................................................................................... 116
Introdução ..................................................................................................................... 116
Caracteristicas do ciclo do Oxigénio ......................................................... 119
Exercícios...................................................................................................................... 124
Auto-avaliação .............................................................................................................. 125
Resumo da unidade ....................................................................................................... 127

Unidade n° 04 128
Estudo do grupo do Azoto ............................................................................................ 128
Introdução............................................................................................................ 128
iv Índice

Lição no 1 130
História da descoberta dos elementos do grupo do do V-grupo A ............................... 130
Ocorrência dos elementos do V-grupo A ............................................................ 130
Características gerais dos elementos do V grupo e sua propriedades físicas. .............. 130

Introdução 130
Exercícios...................................................................................................................... 142
Auto-avaliação .............................................................................................................. 142

Lição no 02 145
Reactividade dos elementos do V-grupo ...................................................................... 145
Métodos de obtenção dos elementos do V-gupo .......................................................... 145
Aplicações dos elementos do V-grupo ......................................................................... 145
Introdução............................................................................................................ 145
Exercícios...................................................................................................................... 153
Auto-avaliação .............................................................................................................. 154

Lição no 03 155
Compostos de elemento Nitrogénio.............................................................................. 155
Introdução............................................................................................................ 155
Exercícios...................................................................................................................... 165
Auto-avaliação .............................................................................................................. 165

Lição no 4 167
Compostos do elemento Fósforo .................................................................................. 167
Ciclos bioquímicos do Nitrogénio e do Fósforo ........................................................... 167
Introdução............................................................................................................ 167
Exercícios...................................................................................................................... 176
Auto-avaliação .............................................................................................................. 176
Resumo da Unidade ...................................................................................................... 179

Unidade n° 05 181
Estudo do grupo do carbono ......................................................................................... 181
Introdução............................................................................................................ 181

Lição no 01 182
História da descoberta dos elementos do IV-grupo ...................................................... 182
Ocorrência dos elementos do IV-grupo ........................................................................ 182
Caracteristicas gerais dos elementos do IV-grupo ........................................................ 182
Introdução............................................................................................................ 182
A grafite ..................................................................................................... 190
Tipos de carvão mais importantes.............................................................. 192
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância v

Exercícios...................................................................................................................... 195
Auto-avaliação .............................................................................................................. 196

Lição no 02 197
Reactividade dos elementos do IV-grupo A ................................................................. 197
Métodos de obtenção dos elementos do IV-grupo A .................................................... 197
Aplicações dos elementos do IV-grupo ........................................................................ 197
Introdução............................................................................................................ 197
O silício ...................................................................................................... 199
O Estanho ................................................................................................... 201
Exercícios...................................................................................................................... 209
Auto-avaliação .............................................................................................................. 209

Lição no 03 211
Compostos dos elementos do IV-grupo- A................................................................... 211
Identificação do dióxido de carbono e do ião carbonato .............................................. 211
Ciclo de Carbono .......................................................................................................... 211

Introdução 211
a) Compostos dos elementos do IV-grupo A ......................................... 211
b) Identificação do Dióxido de carbono e do ião carbonato .................. 214
Exercícios...................................................................................................................... 228
Auto-avaliação .............................................................................................................. 228
Resumo da Unidade ...................................................................................................... 231

Unidade n° 06 232
Estudo do grupo boro.................................................................................................... 232
Introdução............................................................................................................ 232

Lição no 01 233
História da descoberta dos elementos do III-grupo A .................................................. 233
Ocorrência dos elementos do III-grupo A .................................................................... 233
Caracteristicas gerais dos elementos do III-grupo ........................................................ 233
Introdução............................................................................................................ 233
a) História da descoberta ....................................................................... 233
b) Ocorrência dos elementos do III-grupo A ......................................... 234
c) Características gerais dos elementos do III-grupo ............................. 236
Exercícios...................................................................................................................... 239
Auto-avaliação .............................................................................................................. 239

Lição no 02 241
Reactividade dos elementos do III-grupo A ................................................................. 241
Métodos de obtenção dos elementos do III-grupo-A.................................................... 241
Precauçoes no trabalho com Aluminio e Boro ............................................................. 241
Introdução............................................................................................................ 241
vi Índice

Exercícios...................................................................................................................... 250
Auto-avaliação .............................................................................................................. 251

Lição no 03 252
Compostos dos elementos do grupo do Boro ............................................................... 252
Aplicações dos elementos do grupo do Boro................................................................ 252
Introdução............................................................................................................ 252
Exercícios...................................................................................................................... 264
Auto-avaliação .............................................................................................................. 264
Resumo da Unidade ...................................................................................................... 268

Unidade n° 07 270
Grupo dos metais alcalinos ........................................................................................... 270
Introdução............................................................................................................ 270

Lição n° 01 271
História da descoberta ................................................................................................... 271
Ocorrência dos metais alcalinos ................................................................................... 271
Características gerais dos metais alcalinos ................................................................... 271
Introdução............................................................................................................ 271
a) História da descoberta dos metais alcalinos ...................................... 271
b) Ocorrência dos metais alcalinos ........................................................ 273
c) Características gerais dos metais alcalinos ........................................ 275
d) Propriedades físicas ........................................................................... 278
Exercícios...................................................................................................................... 283
Auto-avaliação .............................................................................................................. 284

Lição no 02 285
Reactividade dos metais alcalinos ................................................................................ 285
Métodos de obtenção dos metais alcalinos ................................................................... 285
Precauções no trabalho com metais alcalinos ............................................................... 285
Introdução ............................................................................................................ 285
a) Reactividade dos metais alcalinos ..................................................... 285
b) Métodos de obtenção dos metais alcalinos ........................................ 288
Electrólise de sais fundidos ........................................................................ 288
c) Precauções no trabalho com metais alcalinos ........................................ 289
Exercícios...................................................................................................................... 290
Auto-avaliação .............................................................................................................. 290

Lição no 03 292
Compostos dos metais alcalinos ................................................................................... 292
Identificação dos catiões ............................................................................................... 292
Aplicações dos metais alcalinos ................................................................................... 292
Introdução............................................................................................................ 292
a) Compostos dos metais alcalinos ........................................................ 292
b) Identificação dos metais alcalinos ..................................................... 297
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância vii

c) Aplicações dos metais alcalinos e de seus compostos ....................... 297


Exercícios...................................................................................................................... 300
Resumo da Unidade ...................................................................................................... 303

Unidade n° 08 304
Metais alcalinos terrosos............................................................................................... 304
Introdução............................................................................................................ 304

Lição no 1 305
História da descoberta ................................................................................................... 305
Ocorrência dos metais alcalinos terrosos Caracteristicas gerais dos metais alcalinos
terrosos .......................................................................................................................... 305

Introdução 305
a) História da Descoberta Metais Alcalinos Terrosos ........................... 305
b) Ocorrência dos metais alcalinos terrosos........................................... 308
c) Caracteristicas gerais dos metais alcalinos terrosos .......................... 309
Exercícios...................................................................................................................... 317
Auto-avaliação .............................................................................................................. 317

Lição no 02 319
Reactividade dos metais alcalinos terrosos ................................................................... 319
Metodos de obtenção dos metais alcalinos terrosos ..................................................... 319
Precauções no trabalho com metais alcalinos terrosos ................................................. 319
Introdução............................................................................................................ 319
a) Reactividades dos Metais Alcalinos -Terrosos .................................. 319
b) Metodos de obtenção dos metais alcalinos terrosos .......................... 323
Exercícios...................................................................................................................... 323

Lição no 3 325
Compostos dos metais alcalinos terrosos...................................................................... 325
Identificação dos catiões ............................................................................................... 325
Aplicações dos metais alcalinos terrosos e dos seus compostos .................................. 325
Dureza da água e formas de tratamento ........................................................................ 325
Introdução............................................................................................................ 325
a) Compostos dos metais alcalinos terrosos. ......................................... 326
b) Identificação dos catiões .................................................................... 330
c) Dureza da água e formas de tratamento............................................. 330
d) Aplicações dos metais alcalinos terrosos e dos seus compostos ....... 332
viii Índice

Exercícios...................................................................................................................... 334
Auto-avaliação .............................................................................................................. 334
Resumo da Unidade ...................................................................................................... 337

Unidade n° 09 338
Estudo dos gases nobres ............................................................................................... 338
Introdução............................................................................................................ 338

Lição no 01 340
História da descoberta ................................................................................................... 340
Ocorrência dos gases nobres ......................................................................................... 340
Caracteristicas gerais dos gases nobres ........................................................................ 340
Introdução............................................................................................................ 340
a) Descoberta dos Gases Nobres............................................................ 340
b) Ocorrência dos Gases Nobres ............................................................ 343
c) Caracteristicas Gerais dos Gases Nobres........................................... 345
Exercícios...................................................................................................................... 349
Auto-avaliação .............................................................................................................. 349

Lição no 02 351
Propriedades químicas dos gases nobres ...................................................................... 351
Metodos de obtenção dos gases nobres ........................................................................ 351
Precauções com os gases nobres ................................................................................... 351
Introdução............................................................................................................ 351
a) Estrutura e propriedades químicas dos Gases Nobres ....................... 351
b) Obtenção dos Gases Nobres .............................................................. 353
c) Precauções com os gases nobres ....................................................... 354
Exercícios...................................................................................................................... 355
Auto-avaliação .............................................................................................................. 356

Lição no 03 357
Compostos dos gases nobres......................................................................................... 357
Aplicações dos gases nobres ......................................................................................... 357
Introdução............................................................................................................ 357
a) Compostos dos Gases Nobres............................................................ 357
b) Aplicações dos compostos dos gases nobres ..................................... 362
Exercícios...................................................................................................................... 365
Auto-avaliação .............................................................................................................. 366
Resumo da Unidade ...................................................................................................... 369
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 9

Visão geral
Bem-vindo ao módulo de Química
Inorgânica I

Neste módulo você irá consolidar e aplicar os conteúdos abordados


na disciplina de Química Básica e Química Geral, dando-se ênfase
ao tratamento de temas ligados a estrutura e propriedades das
substâncias e suas aplicações; a representa ção e interpretação das
reacções químicas qualitativa e quantitativamente; a promoção de
hábitos de higiene e segurança no trabalho laboratorial entre outros.

Com o estudo da Química Inorgânica-I você irá aprofundar os seus


conhecimentos sobre a Tabela Periódica e estrutura das substâncias,
no que se refere as propriedades de todos os elementos dos grupos
principais, as principais reacções, os métodos de obtenção das
substâncias e as suas principais aplicações. Tambem poderá reflectir
sobre os problemas ambientais causas por alguns compostos dos
grupos representativos da Tabela Periódica e Participar em projectos
comunitários sobre uso de adubos químicos e o uso racional dos
recursos naturais como água, combustíveis, entre outros.

Objectivos do módulo
Tendo em consideração os objectivos do curso de licenciatura em
ensino de química que são a formação de quadros de nível superior
com conhecimentos científicos adequados e domínio das técnicas
especiais de pensamento e trabalhos nas áreas de Quimica e
Ciências Naturais.
10

Com o presente módulo pretende-se que você possa:

Consolidar os conhecimentos obtidos nas disciplinas de Química


Objectivos Básica e Química Geral;

Ampliar a capacidade de transferir o conhecimento adquirido a


situações novas;

Representar e interpretar os fenómenos que envolvem interacções e


transformações químicas dos elementos representativos;

Desenvolver o hábito de pesquisa através do trabalho individual


e/ou em grupo;

Relacionar a posição dos elementos da Tabela Periódica com sua


estrutura, suas propriedades e aplicações no quotidiano

Associar dados e informações sobre as matérias-primas usadas nas


indústrias com suas implicações ambientais;

Desenvolver hábitos de higiene e segurança no trabalho


laboratorial.

Quem deve estudar este módulo


Este módulo foi concebido para todos aqueles que tenham se
inscrito no curso de Licenciatura Ensino de Química à Distância.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade
Pedagógica encontram-se estruturados da seguinte maneira:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 11

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomenda-se vivamente que leia esta secção com atenção antes
de começar o seu estudo.

Conteúdo do módulo

O curso está organizado em unidades. Cada unidade inclui uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade,
incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e
uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem estiver interessado em aprender mais, apresentamos


uma lista de recursos adicionais que pode explorar. Esses recursos
incluem livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de


cada unidade.

Comentários e sugestões

Este é o espaço reservado para si, caro estudante, para apresentar-


nos sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do
módulo. Os seus comentários serão úteis, pois irão ajudar-nos a
avaliar e melhorar este módulo.

Ícones de actividade
Caro estudante, ao longo deste manual irá encontrar uma série de
ícones nas margens das folhas. Esses ícones servem para identificar
os diferentes momentos do processo de aprendizagem, ou seja, os
12

ícones podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova


actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, entre outros.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 13

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos
por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir,


cada um com uma descrição do seu significado e da forma como
nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência
(excelência/ “Exemplo /
autenticidade)
Estudo de caso

Actividade Auto-avaliação Avaliação /


Teste

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
Tome Nota! Objectivos
grupo
14

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

Leitura (fortitude / Terminologia Dica


preparação)

Reflexão

Habilidades de estudo
Este módulo foi concebido tendo-se em consideração que você vai
estudar sozinho. É por isso que, no fim de cada unidade/lição você
tem actividades que lhe ajudam a verificar tudo o que nela
aprendeu.

Fazem parte deste conjunto de actividades, perguntas para reflectir,


exercícios para calcular, consulta e interpretaçãao de tabelas,
gráficos e diagramas, interpretação dos fenómenos químicos,
consulta a livros e internet.

Precisa de apoio?
Se você tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua espera,
perto do local da sua residência. Não exite em recorrer a esse centro,
pois ele foi criado para si, pois lá encontraras literatura e outros
materiais de consulta.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 15

Auto-avaliação
Ao longo de cada Unidade/lição você terá que resolver uma série de
exercícios, que te ajudarão a consolidar a matéria dada.

Recomendamos que você resolva todos os exercícios indicados sem


consultar a chave de correcção.
16

Avaliação
Nesta disciplina você vai realizar 2 testes: O primeiro teste terá
lugar depois de completar a unidade 4 e segundo teste terá lugar
depois de completar a última unidade.

Cada teste tem a duração de 90 minutos e o exame tem a duração de


120 minutos. O seu tutor terá 15 a 20 dias para marcar a data do
teste, bem como a do exame.

Tempo de estudo e outras


actividades
Este módulo compreende um semestre.

Você deverá despender 150 horas de estudo para este módulo.

Quanto tempo? Você também deve estudar, em média, duas hora por dia
consoante a sua disponibilidade para completar as horas
semanais recomendadas pelo plano de estudos.

Unidade n° 01

Estudo do Hidrogénio

Introdução
Bem-vindo a primeira unidade da disciplina de Química Inorgânica
I. Esta unidade tem um total de três aula. Nesta primeira unidade
você deverá ter noções sobre as caracteristicas do Hidrogénio, sua
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 17

localização na tabela periódica, os métodos de obtenção, suas


propriedades e aplicações.

O Hidrogénio é um gás muito importante ambientalmente e


economicamente e será fonte de energia num futuro próximo.

Considerando-se que as fontes fósseis são finitas e, portanto, os


preços aumentam gradativa e seguramente, seu consumo é
ineficiente sob o ponto de vista energético, a localização de suas
reservas geram conflitos políticos e, por fim, mas não menos
importante, que a queima destes combustíveis gera emissões
nocivas ao meio ambiente (excepto a nuclear), pode-se sonhar com
uma Economia do Hidrogénio. Projeta-se para a década de 2080 que
90% da energia provirá do Hidrogénio. Seguramente, o gás natural
fará, como fonte principal de hidrogénio.

Por volta de 2080, então, as emissões poluidoras do meio ambiente


seriam insignificantes; a eficiência de conversão energética
química/elétrica seria pelo menos o dobro da actual e os conflitos
geopolíticos seriam atenuados. Todos os factores listados acima
corroboram com a introdução da economia do Hidrogénio na nossa
sociedade.

Ao lhe propormos esta unidade, pretendemos que você se envolva


academicamente e de maneira árdua e complexa em todas as
actividades indicadas ao longo das licções. O domínio de
conhecimentos científicos irá permitir o exercício da sua futura
profissão com zelo e competência.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


18

• Descrever a história da descoberta do Hidrogénio

• Localizar o Hidrogéenio na Tabela Periódica;


Objectivos
• Descrever as propriedades do Hidrogénio atómico e
da unidade
molecular;

• Explicar as formas de obtenção e as Regras de segurança e


precauções no trabalho com o Hidrogénio;

• Escrever e interpretar as reacções do Hidrogénio e dos


compostos formados.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 19

Lição n° 01
História da descoberta do
Hidrogénio
Ocorrência do Hidrogénio
Localização do Hidrogénio na
Tabela periódica

Introdução
Nesta sua primeira lição você estudará a história da descoberta do
Hidrogénio, a sua ocorrência e a localização na Tabela Periódica.
Este elemento é muito importante, pois faz parte da composição de
muitos compostos que utilizamos no quotidiano. Por exemplo, água,
ácidos, bases, etc. No entanto, o Hidrogénio ocupa uma posição
especial na Tabela Periódica, pois apresenta características dos
elementos do I e VII-grupos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Descrever a História da descoberta do Hidrogénio

• Descrever a ocorrência do Hidrogénio na Natureza

Objectivos da • Localizar o Hidrogéno na Tabela Periódica


lição
• Explicar porque se afirma que o hidrogénio ocupa uma
posição especial na Tabela Periódica.

1.1. História da descoberta do Hidrogénio


O gás hidrogénio foi produzido artificialmente e formalmente por
Theophrastus Bombastus Van Hohenhein, médico e naturalista
Alemão, também conhecido como Paracelso (1493-1541) no seculo
XVI por meio de uma reacção entre metais e ácidos fortes.
20

Paracelso não tinha o conhecimento de que o gás inflamável


produzido por esta reacção química era constituído por um novo
elemento químico.
• Em 1671 Robert Boyle redescobriu e descreveu a reacção
entre limalha de Ferro e ácidos diluídos, o que resultou na produção
de gás hidrogénio.
• Em 1766 Henry Cavendish foi o primeiro a reconhecer o gás
hidrogénio como discreta substância, ao identificar o gás de uma
reacção ácido-metal como “ar inflamável” e descobrindo em 1781,
que o gás produzia água quando queimado. A ele é dado o crédito
pela descoberta do Hidrogénio como elemento químico.
• Em 1783 Antoine Lavoísier foi o primeiro a obter o
hidrogénio a partir da água e demostrar que a água é um composto
de hidrogénio com oxigénio e mais tarde deu o nome hidrogénio ao
elemento (do grego “hidro”- água e “genes”-gerador).
Agora para verificar se compreendeu a história de descoberta do
Hidrogénio respondende a seguinte questão. Quem foi o cientísta
que descobriu o Hidrogénio como elemento químico? Represente a
respectiva equação química.
Resposta: Foi o Henry Cavendish
Zn(s) + 2 HCl(aqu.) ZnCl2(aqu) + H2 ↑ (reacção ácido-
metal)

1.2.Ocorrência do Hidrogénio

O hidrogénio livre encontra-se na terra apenas em quantidades


insignificantes. Em toda massa da crosta terrestre incluindo água e
ar é cerca de 1%. Nos cosmos, é o elemento mais abundante,
constituindo cerca de metade da massa do sol e das estrelas, onde é
encontrado em mais de 93% no estado atómico. O hidrogénio
liberta-se em pequenas quantidades como componente de gases
vulcânicos, mas deixa facilmente a atmosfera difundindo-se pelo
universo devido a sua densidade muito pequena (14 vezes menor
que a do ar) e a sua grande velocidade de propagação.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 21

Na forma combinada o Hidrogénio é o terceiro elemento mais


abundante na superfície da terra. A maior parte do Hidrogénio está
na forma de compostos químicos tais como hidrocarbonetos, água,
etc. Por existir em abundância nos organismos vivos ele é um
elemento essencial e de importância vital para os animais e vegatais.
Em condições normais de temperatura e pressão na crosta terrestre,
o hidrogénio existe como um gás diatómico. Gás diatómico é
formado por dois atómos do mesmo elemento quimicamente
ligados.

1.3.Localização do Hidrogénio na Tabela Periódica dos


elementos

Nesta abordagem você vai aplicar os conhecimentos adquiridos na


Química Básica e Geral sobre a distribuição electrónica dos
elementos, pois a partir desta pode se localizar qualquer elemento na
Tabela Periódica (TP)
O Hidrogénio como elemento de constituição atómica mais simples
ele ocupa uma posição especial na TP, cedendo um electrão, ele
revela uma semelhança com os metais do I grupo e ganhando um
electrão revela uma semelhança com os elementos do VII grupo.
Por isso, o hidrogénio é colocado na Tabela Periódica dos
elementos, habitualmente, no I grupo e ao mesmo tempo, entre
parênteses, no VII grupo. Esta posição é de importância
fundamental para o tratamento da ligação química dentro de
perspectivas de covalência e electrovalência.

Exercícios

Você teve oportunidade de descrever a história de descoberta do


hidrogénio, assimo como a sua ocorrência na natureza. Também
localizou o Hidrogénio na TP . Agora deve ler novamente o texto e
responder o seguinte:
22

1- Porque razão no sistema periódico dos elementos o Hidrogénio


tanto pode ser considerado do grupo I, como do VII?

2- Porque o gás hidrogénio é muito raro na crosta terrestre?

Auto-avaliação

1-A partir da estrutura do átomo de Hidrogénio indique o estado de


valência possíveil e o número de oxidação.

Exercícios

• Questão no 1: O Hidrogénio pode ser considerado elemento


do I grupo porque tem um electrão (1e-) na última camada
electrónica e por ganhar 1e- para adquirir a estabilidade
Chave de correcção química (He) assemelha-se aos elementos do grupo-VII.

• Questão no 2: O Hidrogénio difundindo-se pelo universo


devido a sua densidade muito pequena (14 vezes menor que
a do ar) e a sua grande velocidade de propagação.

Em relação a actividade de auto-avaliação:

• Questão no 1: Estrutura atómica de Hidrogénio 1H 1s1

Os estados de valência: I e número de oxidação: -1 e +1


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 23

Lição n° 02
Propriedades do Hidrogénio
atómico e molecular
Métodos de obtenção do
Hidrogénio
Regras de segurança e
precauções no trabalho com
Hidrogénio
Introdução
Nesta lição, você irá estudar as propriedades do Hidrogénio e os
metódos de obtenção.

Sendo o hidrogénio o elemento que faz parte dos organismos


vegetais e animais é importante conhecer as suas propriedades e as
formas de obtenção tanto na industria quanto no laboratório.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Explicar as propriedades do Hidrogénio na forma atómica e


na forma molecular;

• Explicar e representar as equações de obtenção do


Objectivos da lição
Hidrogénio na indústria e no laboratório

• Aplicar as regras de higiene e segurança na produção do


Hidrogénio no laboratório.

a) Propriedades do hidrogénio atómico e molecular

Hidrogénio atómico: É constituído por um protão no núcleo e um


electrão na electrosfera. É extremamente activo e pode sofrer
basicamente 3 mudanças electrónicas nomeadamente:
1. Libertação de um electrão (oxidação) com formação do
protão assemelhando-se assim aos metais alcalinos. O protão
nunca ocorre isolado em sistemas químicos.
24

H H+ + 1e-
2. Recepção de um electrão com formação do ião hidreto que é
isoelectrónico com o Hélio, assemelhando-se assim aos
elementos do sétimo grupo
H + 1e- H-
3. Formação de ligações covalentes por partilha de electrões
(ligações covalentes puras e polares).

O Hidrogénio atómico também apresenta atómos com diferentes


números de massa designados isótopos. Este conceito foi abordado
na Química geral.

Isótopos de Hidrogénio

O Hidrogénio é o único elemento químico que tem nomes e


símbolos químicos distintos para seus diferentes isótopos. São
conhecidos três isótopos de Hidrogénio:
• Prótio (11H) é o isótopo mais comum do Hidrogénio com
uma abundância na natureza de mas de 99,98%. Pelo facto do
núcleo desse isótopo ser formado por um só protão ele foi
baptizado como prótio, nome que apesar de ser muito descritivo, é
pouco usado.
• Deutério (12H) outro isótopo estável do hidrogénio, seu
núcleo contém um protão e um neutrão. O Deutério representa
0,0026% ou 0,0184% do hidrogénio presente na terra.
O Deutério é um potencial combustível para a fusão nuclear com
fins comerciais. A fusão nuclear, ao contrario da fissão nuclear, é
um processo em que atómos leves se unem, originando atómos
pesados e uma grande quantidade de energia. A quantidade de
energia libertada é superior a dois milhoões de vezes a energia
libertada na queima de 1g de Carbono.

1
2
H + 13H 2
4
He + o1n ∆E = 1,7x1012 J/mol

Os processos de fusão nuclear responsáveis pela produção de


energia são espontâneos. Enquanto a fissão nuclear pode ocorrer
espontâneamente ou induzido por outras transformações. Isto é,
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 25

controlado nos reactores nucleares permitindo a obtenção de


energia de forma útil a nossa vida.
• Tritio (13H) contém um protão e dois neutrões no seu núcleo.
3
É radioactivo, desintegrando-se em 2 He+ através de uma emissão
beta. Possui uma meia vida de 12,5 anos. O Tritio usa-se em
reacções de fusão nuclear, em dispositivos luminosos, na produção
de bombas de hidrogénio e como fonte de radiação.
O Hidrogénio possui ainda outros isótopos instáveis (do 4H ao 7H) e
que foram sintetizados em laboratório, mas nunca observados na
natureza. O que é um isótopo?
Resposta: Isótopos são especíes do mesmo elementos químico que
apresentam o mesmo número atómico (Z), mas diferente número de
massa (A).

Hidrogénio molecular: É constituído por dois átomos do


hidrogénio unidos por uma ligação covalente pura. Em condições
normais de temperatura e pressão é um gás incolor, sem cheiro,
menos denso que o ar, com ponto de fusão 20,28K, pouco solúvel
(19.9 ml/l de água), é combustível.
Consoante a temperatura pode-se ter dois isómeros de spin: o “orto”
com spins paralelos e o “para” Hidrogénio com spins opostos. O
que são isómeros?. O conceito de isómeros você tratou na Química
básica no âmbito de conceitos básicos de Química orgânica.
Lembre-se que isómeros são compostos que apresentam fórmulas
moleculares iguais, mas possuem estruturas diferentes.

b) Obtenção do hidrogénio

Obtenção laboratorial:

1. Reacção de ácidos com metais activos como Zinco, por meio


de aparelho de Kipp. O aprelho de Kipp é um instrumento
usado para o preparo de pequenos volumes de gases.
Zn(s) + 2 HCl (s) ZnCl2(aqu) + H2 ↑
2. Por reacção de um metal activo com água.
Na(s) + H2O(l) NaOH(aqu) + ½ H2↑
26

3. Por reacção de Alumínio com água após tratamento com


uma base forte .
Al(s) + NaOH (aqu)+ 3 H2O(l) Na [Al(OH)4 ] (aqu)+ 3/2 H2 ↑
4. Por electrólise da água

2H2O(aq) H2(g) ↑ + O2(g) ↑

A electrolise é um processo electroquímico que decompõe os


elementos químicos de um composto através do uso da corrente
eléctrica (electricidade).
A electrólise da água é um método que consiste em passar uma
corrente eléctrica de baixa voltagem através da água. O Oxigénio
gasoso forma-se no ânodo enquanto que o hidrogénio gasoso forma-
se no cátodo.
O cátodo é feito de platina ou outro metal inerte (geralmente platina
ou grafite) quando se produz hidrogénio para armazenamento.
Todos metais acima de hidrogénio na tabela de potenciais de
oxidação podem deslocá-lo de seus ácidos. O deslocamento a partir
de ácidos, é o processo mais usado em laboratório, sendo a equação
geral, no estado iónico:
M + nH+ M+ + nH2, sendo n-coeficiente , M-
o metal
Os Ácidos mais usados são o sulfúrico diluído (H2SO4) e o
clorídrico (HCl). Não se pode empregar o ácido nítrico (HNO3) e
sulfúrico (H2SO4) concentrado, pois estes oxidariam o H2 a H2O. O
metal mais utilizado é o Zinco, por dar uma reacção rápida e não
violenta, e o ácido sulfúrico é diluído, por não ser volátil, não
contaminando, portanto o Hidrogénio desprendido (observa as
equações acima).

Obtenção Industrial:

1. Por Craking de hidrocarbonetos (remoção de hidrogénio nos


hidrocarbonetos)
C6H12 C6H6 + 3 H2 ↑

2. Por acção da água sobre o carvão (redução)


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 27

C + H2O 1000ºc
H2 ↑ + CO ↑ (gás da água)

3. Reacção de vapor de água sobre o metano

CH4 + H2O 750ºc /Ni 3H2 ↑ + CO ↑ (gás da água)

ΔH=205Kj/mol

Esta é seguida por uma reacção de deslocamento, sobre


catalisador de Ferro e Cobre:
CO + H2O 1000ºc
Fe/Cu CO2 + H2 ΔH= -42Kj/mol

4. Por fotólise da água (método actual ambientalmente viável).


ĥ۷
K K*
H2O + K* H2 + ½ O2 + K (K= fotocatalizador
complexos metálicos)
5. Por electrólise da água
H2O(l) H2(g) + ½ O2(g)

6. Obtém-se também a partir da refrigeração profunda do gás


de fornos de coque ou do gás de refinação do petróleo, onde
todos os gases se liquefazem com a excepção de hidrogénio.

Nota: A obtenção industrial do Hidrogénio por electrólise da água é


limitada, pelo elevado custo da energia eléctrica. Apenas os países
que possuem energia eléctrica barata e rede ampla das instalações
hidroeléctricas utilizam este método.
O Hidrogénio além de ser é uma substância inodora e insípida é
também combustível e fulminante e torna-se importante usar regras
de segurança na sua manipulação porque este gás quando misturado
com alguns gases como Cloro, Oxigénio, Flúor em determinadas
proporções é explosiva.

c) Regras de segurança e precauções no trabalho com


hidrogénio
O Hidrogénio é um gás extremamente inflamável. Reage
violentamente com o Flúor e o Cloro, especialmente com o
primeiro, com o qual a reação é tão rápida e imprevisível que não se
pode controlar. O Hidrogénio quando misturado com o Oxigénio do
28

ar na proporção de dois para um (2:1) e na presença de uma fonte de


calor gera vários perigos à segurança humana de potenciais
detonações chamado gás fulminante ou detonante. Pode provocar
também incêndios e é um asfixiante em sua forma pura.
Gás fulminante chama-se a mistura de gases que reagem quase
instantaneamente em toda a massa acompanhada por uma
explosão. Por exemplo, H2 e O2; H2 e Cl2 ; H2 e C2H2
O Hidrogénio líquido é um crigénico e apresenta perigos (como
congelamento) associado à líquidos muito gelados. O fogo de
hidrogénio além de ser extremamente quente (cerca de 2800ºC) é
quase invisível e portanto pode levar a queimaduras graves.

Exercícios
Você teve oportunidade de conhecer as regras de segurança na
manipulação de hidrogénio no laboratório. Teve também a
oportunidade de escrever e interpretar as equações químicas que
traduzem os processos de obtenção industrial e laboratorial do
Hidrogénio . Agora deve ler novamente o texto e responder o
seguinte:

1-O que é um gás fulminante ou detonante?


2- Caracterize os isótopos do Hidrogénio e diga quais são os
isótopos estáveis?

Auto-avaliação
1-Explique porque é impossível existir uma molécula de H3
2-Sob a forma de que iões o hidrogénio entra na composição dos
compostos químicos?
Exercícios 3-Diga justificando a diferenças entre o hidrogénio atómico e
molecular quanto a reactividade.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 29

Questão no 1:

Para responder esta questão, você deve procurar ler novamente o


texto apresentado nesta lição. Para verificar se conseguiu responder
correctamente à pregunta colocada peça um seu colega para ler

Chave de correcção novamente o texto.

-Questão no 2:
1 2 3
1H 1H 1H

Z=1, n=0 Z=1, n=1 Z=1, n=2

Prótio Deutério Trítio

O Prótio e Deutério são estáveis, o Tritio é radioactivo (com


período de semi-desitengração igual a 12,5 anos) e encontra-se na
Natureza em quantidades infímas.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

-Questão no 1: porque o átomo de Hidrogénio só tem um subnível


(1s1) que pode suportar 2e- no máximo.

-Questão no 2: o Hidrogénio entra na composição dos compostos


químicos sob a forma de H+ ( ião hidrogénio) e H- ( ião hidreto)

-Questão no 3: Hidrogénio atómico é muito reactivo porque precisa


de ganhar estabilidade química enquano hidrogénio molecular
reage somente a altas temperaturas por ser estável.
30

Lição n° 03
Reacções de Hidrogénio
Formação de ligações de
Hidrogénio
Aplicações do Hidrogénio
Introdução
Nesta lição você vai estudar as reacções do Hidrogénio e as suas
aplicações.

Nas lições anteriores estudou que o Hidrogénio é um gás que pode


ser obtido na industria e no laboratório o que significa que esta
substância tem utilidade no nosso quotidiano.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Representar e explicar as reacções que representam as


propriedades químicas do Hidrogénio

• Explicar a formação de pontes de Hidrogénio


Objectivos da lição
• Identificar as aplicações do hidrogénio no quotidiano;

a) Reacções do hidrogénio

Com Halogéneos

1. Reage com o Flúor molecular violenta e espontaneamente


mesmo no escuro;
H2(g) + F2(g) 2HF(g)
2. No grupo dos halogéneos a reactividade decresce do Flúor
ao iodo.
hv
H2 + Cl2 2HCl
hv
H2 + Br2 2 HBr
A reacção com o Cloro pode ser interpretada segundo o
seguinte mecanismo:
• Start ou iniciação: Cl2 hv
2Cl.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 31

• Reacção em cadeia: Cl. + H2 HCl + H.


H. + Cl2 HCl + Cl.
• Recombinação de radicais: H. + Cl. HCl
3. Com o Iodo a reacção é reversível:
H2 + I2 2 HI

Com oxigénio

O gás Hidrogénio é altamente inflamável. A entalpia de combustão


do Hidrogénio é -286kj/mol.
2H2(g) + O2(g) 2H2O(l) + 286Kj/mol
Quando misturado com o Oxigénio numa grande variedade de
proporção (2:1), o Hidrogénio explode.
A baixas temperaturas, o Hidrogénio praticamente não reage com
oxigénio. Se se misturar ambos os gases e deixar a mistura mesmo
dentro de alguns anos não é possível detectar nela os sinais da água.
Porém, se colocar a mistura num recipiente a temperatura de 300ºC,
em alguns dias se formará uma certa quantidade de água, a 500ºC o
hiddogénio combina-se com o oxigénio dentro de algumas horas e,
ao aquecer a mistura até 700ºC, a reacção ocorre instantaneamente.

As moléculas de Hidrogénio e Oxigénio são muito estáveis, uma


colisão qualquer entre elas à temperatura ambiente verifica-se não
eficaz. Apenas às temperaturas elevadas, quando a energia cinética
das moléculas colididas torna-se grande, algumas colisões das
moléculas tornam-se eficazes e conduzem à formação de centros
activos.
A reacção do Hidrogénio com o oxigénio pode ser interpretada
segundo um mecanismo de cadeia ramificada:
• Start ou iniciação: H2 calor
2 H.
• Reacção em cadeia:

• A recombinação de radicais permite o término da reacção.


32

• As reacções que se fazem entre o Hidrogénio e o Oxigénio


para a produção de alta energia são controladas e atingem
temperaturas até 2800 graus centígrados.

Com Óxidos Metálicos.

O Hidrogénio funciona com um bom redutor:

CuO + H2 Cu + H2O
PbO + H2 Pb + H2O
Fe2O + 3 H2 2 Fe + 3 H2O

Com Nitrogénio

A temperqtura ambiente, o Azoto não reage com o Hidrogénio. Na


presença de catalisadores como Ferro e a temperatura de cerca de
500 oC o Nitrogénio reage com o Hidrogenio e forma Amoníaco.

N2 + 3H2 2NH3
A reacção entre o Azoto e o Hidrogenio é reversível.

Com metais

Com metais e com maioria de não metais forma hidretos:


2Na + H2 2NaH
Si + 2H2 SiH4
A dissociação de Hidrogénio é muito endotérmica e isso explica a
sua baixa reactividade a temperaturas baixas.
H2 2H ∆HO= 434,1Kjmol-
Dai, está claro que o átomo de Hidrogénio é muito mais activo que a
sua molécula. Para entrar numa reacção, as moléculas de
Hidrogénio inicialmente devem decompor-se em átomos, o que
exige grande gasto de energia.
Nas reacções de Hidrogénio atómico já não há necessidade de tal
gasto de energia porque este é muito mais reactivo.

b) Formação de ligações de Hidrogénio


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 33

O átomo de hidrogénio tem propriedades especiais por ser um


átomo muito pequeno. Uma das propriedades que só o átomo de
Hidrogénio apresenta é a capacidade de exercer uma força de
atração intermolecular chamada ligação de hidrogénio, ou ponte de
hidrogénio.
A ideia de que o átomo de H pode simultaneamente ligar-se a dois
outros átomos, formando uma ponte, foi desenvolvida por M. L.
Huggins (1919). Este é um dos mais importantes princípios da
estrutura química, particularmente da química da fase condensada e
dos sistemas biológicos.

A ligação de Hidrogénio só pode ocorrer quando o hidrogéno


estiver ligado a um átomo pequeno e muito eletronegativo como F,
O, N. Quando o Hidrogénio está ligado a um átomo muito
eletronegativo, a densidade eletrónica em torno do seu protão fica
bem baixa; esta parte da molécula é então fortemente atraída pelos
pares de eletrões do F, O, N, estabelecendo a ligação de Hidrogênio
como mostra a figura abaixo.

A ligação XS-- HS+ encontra-se polarizada de tal modo que no


conjunto resulta uma distribuição assimétrica de cargas. Este facto
que é conhecido como indução polar. Quanto mais os átomos X e Y
estiverem próximos um do outro maior será a intensidade da
sobreposição e mais estável será a ligação.
Existem poucos compostos com pontes simétricas.
34

A maioria dos compostos apresenta pontes assimétricas.

A formação das ligações de Hidrogénio pode ser interpretada á luz


do conceito de ácido base de Bronsted.
R-X-H------------Y-R (X,Y =F, O, N....átomos electronegativos)
Doador Receptor
Nos compostos inorgânicos ocorrem maioritariamente ligações de
H de natureza intermolecular: HF, KHF2, H2O, NH3, KH2PO4,
HCN, NaHCO3, Na(H2SiO4).nH2O.
Nos compostos orgânicos as ligações de Hidrogénio podem também
ser de natureza intermolecular e intramolecular, permitindo a
formação por exemplo da estrutura secundária das proteínas nos
organismos vivos.

Afinal porque é que precisamos de conhecer a história de descoberta


do Hidrogénio, as suas propridades físicas e químicas, incluindo as
suas formas de obtenção? É porque este compostos tem muitas
aplicações no nosso quotidiano e no futuro próximo será utilizado
em grande escala como combustível, pelo facto do produto da sua
combustão ser água uma substância que não contamina o meio
ambiente. No entanto, o produto principal dos outros combustíveis
(carvão, petróleo, lenha, etc) é o Dióxido de carbono (CO2) que é
responsável pelo aquecimento global e chuva ácida quando está em
grandes concentrações.

c) Aplicações do Hidrogénio

1. Aplica-se na soldadura e no corte de metais porque a


temperatura da sua chama pode atingir 2800ºC.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 35

2. Emprega-se na metalurgia para a redução de certos metais a


partir dos seus óxidos, pois a alta temperatura o Hidrogenio
extrai o Oxigénio dos óxidos metalicos. Por exemplo:
CuO + H2 Cu + H2O

3. Emprega-se na industria química para sínteses importantes:


• síntese do Amoníaco importante na produção de
fertilizantes, plásticos, explosivos, medicamentos, etc.:
TP
N2+3 H2 cat 2 NH3

• síntese de metanol:
TP
CO + 2H2 cat CH3OH

• síntese de hidrocarbonetos:
TP
6 CO + 13 H2 cat C6H14 + 6 H2O

• síntese de outros álcoois.


R-CH=CH2 + CO + 2H cat R-CH2 –CH2 OH

síntese do Cloreto de hidrogénio


4. É usado como agente hidrogenizante de substâncias orgânicas
para produção de solventes, produtos químicos industriais e
alimentos como a margarina e gordura vegetal.
5. O Hidrogénio é também utilizado para remover Enxofre, Azoto
o Oxigénio do petróleo bruto por reacções catalisadas:
C4H4S + 4H2 C4H10 + H2S

C5H5N + 5H2 C5H12+ NH3

C6H5OH + H2 C6H6 + H2

6. O Hidrogénio é usado para refrigeracao de geradores potentes


de corrente eléctica e os seus isótopos se usam na energética
atómica.

Exercícios
Você teve oportunidade de conhecer as aplicações de hidrogénio,
assim como as suas reacções principais. Agora deve ler novamente
o texto e responder o seguinte:
36

1. Porque razão entre as moléculas de Hidrogénio e as


moléculas de oxigénio não se formam ligações por pontes de
hidrogénio?

2. Mencione 4 aplicações do Hidrogénio.

3. Porque razão o Hidrogénio e o Oxigénio não reagem a


temperaturas ambientes, enquanto a uma temperatura de
700ºC a reacção é praticamente instantânea?

Auto-avaliação
1. Porque razão o HF apresenta pontos de ebulição mais altos
do que o HCl?

Exercícios 2. Como se verifica a pureza do Hidrogénio que se obtém


laboratorialmente?

3. Explique como os pontos de Hidrogénio podem existir nos


compostos KHF2.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 37

Questão no 1:
Entre as moléculas de H2 e O2 não se formam ligações de
hidrogénio porque estas moléculas são muito estáveis e apolares.

Chave de correcção

Questão no 2:
Para responder esta questão, você deve procurar ler novamente o
texto apresentado nesta lição. Para verificar se conseguiu responder
correctamente à pregunta colocada peça um seu colega para ler
novamente o texto.

Questão no 3:
Porque as moléculas são estáveis e para quebrar as suas ligações
precisa se de uma grande quantidade de energia (energia de ligação
H-H = 436Kj/mol, O=O = 497kj/mol).

Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Porque a molécula HF forma ligações de Hidrogénio


o que reforça a polaridade das suas ligações.

Questão no 2:
Verifica-se a pureza de Hidrogénio no laboratório através da prova
de gás fulminante.

Questão no 3:
Supo-se que o anião HF2- possua a estrutura (FHF)- na qual o
Hidrogénio actua como uma ponte entre os dois átomos de flúor.
38

Lição n° 04
Compostos do Hidrogénio
Introdução
Nesta lição você vai estudar os diversos compostos que o Hidogénio
forma. Estudou nas lições anteriores que o Hidrogénio é uma
substância que tem muitas aplicações no nosso quotidiano. Agora
irá identificar alguns compostos importantes que esta substância
forma.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os compostos mais importantes do Hidrogénio;

• Explicar as propriedades dos diversos compostos do


Hidrogénio;
Objectivos da lição
• Mencionar as aplicações dos compostos mais importantes
de Hidrogénio.

a) Compostos de Hidrogénio
Os compostos do Hidrogénio são vários, dentre os quais destacam-
se: Hidretos, Peróxido de hidrogénio, Halogenetos, Amoníaco, etc.

1-Peróxido de hidrogénio (H2O2)

É um líquido incolor de tipo xarope com densidade de 1,45g/cm3


que se solidifica a -0,48ºC. É uma substância muito instável, capaz
de decompor-se em Água e Oxigénio com explosão e libertação de
grande quantidade de calor (cerca de 197,5Kj). Tem ponto de
ebulição de 152,1oC e ponto de fusão -1,41oC.
As soluções aquosas do Peróxido do hidrogénio são mais estáveis.
A solução de Peróxido do hidrogénio é vendida nas farmácias com
uma concentração de 30%. Num lugar frio (a baixa temperatura) ela
podem guardar-se durante o tempo prologando. O número de
oxidação do Oxigénio no Peroxido de hidrogénio é igual a -1, isto
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 39

é, tem o valor intermediário entre o número de oxidação do


Oxigénio na água (-2) e no Oxigénio molecular (0). Portanto o
Peróxido de hidrogénio possui as propriedades tanto oxidante como
redutor, isto é, revela a dualidade de oxidação-redução.
Apesar disso, as propriedades de oxidação são mais próprias para
este composto. Veja os potencial padrão do sistema electroquímico
H2O2 + 2H+ + 2e- 2H2O, onde H2O2 actua como
oxidante, sendo o potencial padrão (φ0) do sistema electroquímico
igual a 1,776V.
O2 + 2H+ + 2e- 2H2O2,
Onde o peróxido de hidrogénio é o redutor e o seu o potencial
padrão é igual a 0,682V. Em outras palavras, o peróxido de
hidrogénio pode oxidar as substâncias, cujo valor de φ0 não supera
1,776V, e reduzir apenas aquelas cujo φ0 é maior de que 0,682V.

Exemplo: Reacções onde H2O2 actua como oxidante.


KNO2 + H2O2 KNO3 + H2O
2KI + H2O2 2KOH + I2
Ex: Reacções onde H2O2 tem a capacidade de redução:
Ag2O + H2O2 2Ag + H2O + O2
2KMnO4 + 5 H2O2 +3H2SO4 2MnSO4 + 5O2+ K2SO4
+8H2O
Se adicionar as equações correspondentes a redução e oxidação do
H2O2 obtem-se a equação de auto- oxidação e auto -redução:
H2O2 + 2H+ + 2e- 2 H2O
(+)
H2O2 O2 + 2H+ + 2e-
__________________________________________________________

2H2O2 2H2O + O2

O Peróxido de hidrogénio reage também directamente com algumas


bases formando sais:
Ba(OH)2 + H2O2 BaO2 + 2H2O
Os seus sais são chamados peróxidos, constituídos por metais e iões
O22-. Nox do oxigénio no peróxido é -1.
40

O Peróxido de hidrogénio líquido é instável termodinamicamente:


H2O2 H2O + ½ O2 ∆H= -98,5 KJ/mol ∆Go= -
123kj/mol.
As ligações entre os átomos de oxigénio e hidrogénio são polares.
Em solução aquosa sob influência das moléculas polares da água, o
Peróxido de hidrogénio, pode remover os iões de hidrogénio da
água , quer dizer que ele possui propriedades ácidas.
O Peróxido de hidrogénio é um ácido dibásico muito fraco (K=2,6 x
10-12) na solução aquosa dissocia-se em iões ainda em grau
insuficiente: H2O2 H+ + HO2-
A dissociação pelo segundo escalão: HO2- H+ + O22-
praticamente não ocorre.

Produção de Peróxido de hidrogénio (H2O2)

No laboratório obtém-se pela reacção de um peróxido metálico


com um ácido. Usa-se o Peróxido de Bário (BaO2), que se faz reagir
com Ácido clórídrico ou Ácido sulfúrico.

2HCl + BaO2 BaCl2 + H2O2

H2SO4 + BaO2 BaSO4 + H2O2, Sulfato insolúvel,


precipita e separa-se do Peroxido de hidrogénio.

O Peróxido de hidrogénio é um oxidante energético, isto explica-se


pela facilidade com que se decompõe e se desprende do Oxigénio.

H2O2 H2O + 1/2O2

O H2O2 reage com algumas bases, formando sais. Assim, sob acção
de peróxidos de H2 sobre a solução de Ba(OH)2

H2O2+ Ba(OH)2 BaO2 + 2H2O

Na indústria

O Peróxido de hidrogénio é obtido, principalmente pelos métodos


electroquímicos. Pela oxidação anódica das soluções do Ácido
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 41

sulfúrico ou do Hidrosulfato de amónio com hidrólise posterior do


Ácido perodissulfúrico (H2S2O8)

2H2SO4 H2S2O8 + 2H+ + 2e-

H2S2O8 + 2H2O 2H2SO4+ 2H2O2-

O H2O2 revela tanto proprieades oxidantes como redutoras, apesar


disso, as proprieades de oxidação são mais próprias para desta
substância, visto que o pontencial padrão do sistema electroquímico
onde actua como oxidante (Eo = 1,776V), e onde actua como
redutor (Eo = 0,682V). Este pode oxidar as susbtâncias cujo valor
da potência do circuito electrico (φ) não supera 1,776V e reduzir
apenas aquelas cujo φ é maior que de φ= 0,682V.

É importante o estudo do Peróxido de hidrogénio como composto


de hidrogénio porque este tem muitas aplicações no nosso dia-a-dia.
Lembre-se que nas farmácias vendem normalmente fracos de
Peróxido de hidrogénio com uma concentração de 30%. Por isso
deve procurar diliuir ante de utilizar, pois quanto concentrado
provoca queimaduras na pele.

b) Aplicação de Peróxido de hidrogénio


Na medicina a solução de Peróxido de hidrogénio a 3% é usada
como um anti-séptico e na indústria alimentar usa-se para conservar
géneros alimentícios. Na agricultura o Peróxido de hidrogénio usa-
se no tratamento de sementes como parasiticidas, assim como na
produção de uma série de compostos orgânicos. Como oxidante
forte aplica-se durante o lançamento de foguetes.
Anti-séptico: Substância usada para desinfectar ferimentos,
evitando ou reduzindo o risco de infecção por acção de bactérias
ou germes.

2-Hidretos : São compostos binários em que um dos elementos é o


hidrogénio.

Nota: os compostos do Hidrogénio podem todos ser chamados de


42

hidretos, mas o termo se reserva melhor para aqueles compostos em


que o Hidrogénio apresenta nox -1.
A proporção de Hidrogénio nos hidretos é regida pelas leis da troca
electrónica. Como o átomo de Hidrogénio contém apenas um
electrão, actua sempre com número de oxidação igual a um (+1).
Os metais possuem, em geral, números de oxidação positivos,
enquanto os elementos não-metálicos podem tê-lo positivo ou
negativo, conforme a eletronegatividade dos outros elementos.

Classificacão dos hidretos


• Hidretos iónicos
• Hidretos covalentes ou moleculares
• Hidretos de metais de transição
Basicamente, a classificação é definida pela eletronegatividade do
elemento que está ligado ao hidrogénio. Os metais eletropositivos,
os alcalinos e os alcalinos terrosos, formam hidretos iónicos
enquanto que os elementos eletronegativos formam hidretos
covalentes.

Hidretos iónicos

Os elementos mais electropositivos, os metais alcalinos (IA) e os


alcalinos terrosos (IIA) mais pesados, formam hidretos em que o
carácter iónico é acentuado, por isso são designados também por
hidretos salinos, ex: LiH, NaH, KH, RbH, CsH.
O Hidrogénio comporta-se como um halogéneo e recebe um
electrão do metal formando um íão hidreto (H-) que possui a
configuração electrónica do hélio ou o orbital S completo, por isso
podem ser considerados compostos do catião metálico (Mex+ ) e ião
H- .
Os hidretos iónicos são sólidos de elevados pontos de fusão,
condutores de electricidade, desprendem o gás hidrogénio no
eléctrodo positivo quando são electrolisados em halogenetos
fundidos.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 43

Os hidretos salinos são preparados pela reacção directa entre os


metais e o hidrogénio, em temperaturas entre 300 e 700ºC.
2Na + H2 300ºC 2NaH
Estes hidretos são muito reactivos em relação à água e ao ar
(excepto o LiH). São poderosos redutores e reagentes de
hidrogenação na qual o ião H- actua como redutor e o hidrogénio da
água como oxidante.
• Agentes redutores
NaH + 2CO HCOO-Na+ + C
SiCl4 + NaH SiH4 + NaCl

• Reactivos em meio aquoso

CaH2(s) + 2H2O(g) Ca(OH)2(s) + 2H2


H- Ho + 1e-
H2O + 1e- HO+ OH-
NaH + H2O NaOH + H2
O ião H- é uma base bastante forte, a reacção pode ser representada
por;
H- + H2O OH- + H2

Hidretos covalentes ou moleculares

São produto da combinação do Hidrogénio com elementos não-


metálicos (oxigénio, nitrogénio, enxofre, halogéneos), dotados de
alta eletronegatividade, ou poder de captar electrões. Exemplo: os
hidretos dos elementos dos grupos VII-A (HF) VI-A (H2O), V-A
(NH3) e IV-A (CH4)
Estes hidretos em sua maioria são gasosos ou líquidos de baixo
ponto de ebulição

Os metais fracamente eletropositivos do grupo III da tabela


periódica geralmente formam hidretos covalentes. O hidreto de boro
mais simples é o diborano, B2H6, e o Hidreto de alumínio é um
polímero (AlH3)n. Observa-se que o B2H6 e o AlH3 são aceptores de
electrões, pois os átomos de B e Al possuem orbitais disponíveis:

BH3 + H- [BH4]-
44

borano → boroidrito
AlH3 + H- [AlH4]-
alano aluminoidrito

As soluções de hidretos de elementos não-metálicos em água,


apresentam alto grau de acidez e, por isso, se designam com outros
nomes, de maior aceitação geral: ácido clorídrico, ácido sulfídrico
etc. Muitos hidretos são conhecidos por denominações
generalizadas mas não sistemáticas. É o caso da água (Hidreto de
oxigénio), do Amoníaco (Hidreto de nitrogénio), dos silanos
(Hidreto de silício) e dos boranos (Hidretos de boro).

Hidretos dos elementos de transição

Os metais pesados, tais como o Ferro, Níquel, Paládio, Platina e


outros, tem a propriedade de adsorver o Hidrogénio gasoso
originando hidretos de metais de transição. Esta propriedade dos
metais pesados é conhecida por oclusão.

Nomenclatura dos hidretos


Para designar um hidreto metálico usa-se a palavra Hidreto seguida
do nome do metal que participa do composto, como Hidreto de
sódio (NaH), Hidreto de cálcio (CaH2) etc. Quando o metal tem
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 45

vários números de oxidação possíveis, expressa-se o número


utilizado em cada situação: Hidreto de ferro II (FeH2), ou Ferroso, e
Hidreto de ferro III (FeH3), ou Férrico. Os critérios de nomenclatura
dos hidretos não-metálicos coincidem com os anteriores, com a
ressalva de que seus números são negativos e únicos: Hidreto de
cloro, Hidreto de enxofre, etc.

Exemplos:

• NaH – Hidreto de sódio

• CaH2 - Hidreto de cálcio

• LiH-Hidreto de litio, etc.

Agora você pode identificar os compostos importantes de


hidrogénio, bastando ler novamente esta lição.

Exercícios
Você teve oportunidade de conhecer os compostos de Hidrogénio,
suas propriedades e as formas de obtenção. Agora deve ler
novamente o texto e responder o seguinte:

1-Porque o Hidrogénio, sob a forma de hidretos metálicos é muito


mais reactivo do que sob a forma molecular.

2-Mencione 2 aplicações do Peróxido de hidrogénio?

3- Como é que se obtém os hidretos dos metais? Escreva as


equações das reacções: a) de obtenção do Hidreto de cálcio; b)
Reacção entre Hidreto de cálcio e a Água.
46

Auto-avaliação
1-Escreva a equação da decomposição de Peróxido de hidrogénio e
diga a que tipo de reacção de oxidação- redução ela corresponde?

2- a) KMnO4 + H2O2 + H2SO4


Exercícios
b) Fe(OH)2 + H2O2

c) KI +H2O2 + H2SO4

Lei mais sobre o Hidrogénio em:

• GLINKA, N. Química Geral. Vol.1, Editora Mir Moscovo,


1984.
Leitura complementar • GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir Moscovo,
1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.


Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987.

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• COTTON, F, Alberto Química inorgânica Livros Técnicos
e Científicos. Editora S. A, 1982.
• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Química.vol.3. São Paulo:
Atual, 2000.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 47

Questão no 1:
Porque na forma de hidretos metálicos, o hidrogénio está
praticamente no estado atómico.

Chave de correcção
Questão no 2:
Para responder esta questão, você deve procurar ler novamente o
texto apresentado nesta lição. Para verificar se conseguiu responder
correctamente à pregunta colocada peça um seu colega para ler
novamente o texto.

Questão no 3:
Ca + H2 CaH2
Ca + 2H2O Ca(OH)2 + H2
CaH2 + 2H2O Ca(OH)2 + 2H2

Em relação a actividade de auto-avaliação:


-Questão no 1:
H2O2-1 2H2O-2 + O2+-0 ( desproporção)

-Questão no 2:
a) 2KMnO4 + 5H2O2 +3H2SO4 2 MnSO4 + 5O2 +
K2SO4 + 8H2O
b) 2Fe(OH)2 + H2O2 Fe2O3 + 3H2O
c) 2KI +H2O2 + H2SO4 I2 + K2SO4 + 2H2O
48

Resumo da Unidade
Nesta unidade você aprendeu que:

-O Hidrogénio como elemento químico foi descoberto pelo Henry


Cavendish em 1781, através de uma reacção ácido-metal;

-O Hidrogénio ocorre na crosta terrestre em quantidades infímas e


em grandes quantidades nos cosmos como componente do sol e das
estrelas. O Hidrogénio atómico é mais reactivo que o molecular;

-O Hidrogénio pode ser obtido tanto na indústria como no


laboratório. Durante a obtenção laboratorial pode ser identificado
através da prova de combustibilidade e a sua pureza é verificada a
partir da prova de gás fulminante;

-Os compostos de Hidrogénio mais importantes são: Peróxido de


hidrogénio, hidretos, água e ácidos.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 49

Unidade n° 02
Estudo dos halogénios

Introdução
Nesta unidade, você vai consolidar os conhecimentos sobre os
elementos do VII grupo principal designados halogénios e
aprofundar o estudo sobre as características dos elementos e a
variação periódica das suas propriedades ao longo do grupo. Esta
unidade tem um total de três aulas.

A Família dos Halogénios, conhecida também como VII A, é uma


das mais conhecidas famílias da Tabela Periódica, os elementos que
a compõe são: Flúor (F), Cloro (Cl), Bromo (Br), Iodo (I), Astato
(At) dos quais os mais abundantes são o Flúor e o Cloro. O Ástato
não aparece na natureza e todos os seus isótopos conhecidos são
instáveis (são radioactivos).

Talvez a popularidade desta família esteja relacionada com a de


seus integrantes, o Flúor merece destaque por ser o elemento mais
eletronegativo da Tabela Periódica e também se faz presente em
nosso quotidiano. Uma visita ao dentista comprova esta afirmação:
aquela substância que tem como objectivo proteger os dentes contra
cáries.

O Cloro por sua vez, não fica para trás, se tornou popular em nosso
dia a dia pelo seu uso no tratamento de água. O Cloro tem o poder
de eliminar micro-organismos patogénicos da água e garantir
segurança aos seus consumidores.

Quanto ao Iodo a sua carência na alimentação dá origem a


problemas de Tiroide. Agora você já sabe porque nosso sal de
cozinha é iodado, o elemento foi acrescentado a este tempero com o
objectivo de prevenir doenças como o Bócio.
50

O Bromo é usado em medicamentos e reacções orgânicas e o


Astato, se revela o “menos relevante” da família dos halogénios. Em
virtude de ser pouco conhecido, foi considerado o elemento mais
raro do mundo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Descrever a História da descoberta dos halogénios e sua


ocorrência na Natureza;

• Explicar as características gerais dos halogénios e a


Objectivos da
variação das propriedades ao longo do grupo;
unidade
• Explicar a reactividade dos halogénios e representar as
principais reacções químicas;

• Representar as equações de obtenção dos halogénios;

• Aplicar as regras de higiene e segurança no trabalho


com os halogénios no laboratório;

• Explicar as principais aplicações dos halogénios no


quotidiano;

• Identificar os principais compostos dos halogénios e as


suas características;

• Explicar as formas de Identificação dos iões


halogenetos.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 51

Lição n° 01
História da descoberta dos
halogénios
Ocorrência dos halogénios
Características gerais dos
halogénios

Introdução
Nesta lição, você irá consolidar os conhecimentos sobre a história
da descoberta dos elementos do VII grupo, a sua ocorrência e as
características gerais.

Uma vez que estes conteúdos já foram abordados no nível médio,


recomenda-se que faça a revisão dos mesmos. A introdução desta
unidade mostra que o estudo destes elementos é fundamental porque
terá a oportunidade de consolidar e aprofundar os conteúdos do
Ensino Secundário Geral onde você irá leccionar futuramente caso
não seja professor.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos halogénios;

• Explicar a ocorrência dos halogénios na natureza;

Objectivos da lição • Descrever as características gerais dos halogénios e a sua


variação ao longo do grupo;

• Relacionar as propriedades dos halogénios com a sua


extrutura;

• Aplicar as regras de higiene e segurança na manipulação


dos halogénios no laboratório.
52

a) História da descoberta dos halogénios

Os halogénios obtiveram este nome, que significa “geradores de


sais”, por ser capazes de atacar os metais, formando sais típicos, por
exemplo o Cloreto de sódio (NaCl).

O elemento Flúor foi descoberto em 1886 por Químico Francês


Ferdinand Frederick Henri Moissan após 74 anos de tentativas de
outros pesquisadores. Por isso, Moissan recebeu o prémio Nobel de
química em 1906.
Várias experiências pioneiras para isolá-lo resultaram em acidentes,
alguns deles fatais. A sua separação é difícil devido à elevada
reatividade e toxicidade. Na maioria dos casos, ele reage
imediatamente com as substâncias remanescentes da separação.
O nome Flúor provém do latim “fluere” = "fluir” porque o principal
mineral, a fluorita, foi usado como fluxo em metalurgia, isto é, uma
substância usada para facilitar a fusão de metais.

O elemento Cloro foi descoberto em 1774 na Suécia pelo Químico


Sueco Karl Wilhelm Scheele e confirmado em 1810 por Davy. O
nome deriva do grego “Cloros” que significa verde pálido.
O elemento Bromo foi descoberto em 1826 na França, pelo
Químico Francês Antoine. J. Balard, na água do mar. O nome
Bromo deriva do grego “bromos” que significa mau cheiro.
O elemento Iodo foi descoberto em 1811 em Paris, na França por
um Químico Francês Bernard Courtois. Mais tarde o Químico e
Físico L. Joseph Gay-Lussac (1778-1850) o identificou como um
novo elemento, chamando-lhe de Iodo. O nome deriva do grego
“Iodes” que significa violeta.
Depois de ler sobre a história da descoberta dos halogénios diga
porque é que as várias experiências pioneiras para isolar o Flúor
resultaram em acidentes, alguns deles fatais? Para responder esta
questão deve ler novamente o texto e procure partilhar a sua
resposta com um seu colega.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 53

d) Ocorrência dos halogénios

Nenhum dos halogénios ocorre na natureza em seu estado


elementar, por causa da alta reatividade destes elementos. Todos
existem em moléculas diatómicas ou sob outras formas combinadas,
que apresentam grande estabilidade.

O elemento Flúor constitue, aproximadamente 0,006% da crosta


terrestre e ocorre em compostos com o Cálcio na Fluorite (CaF2 ),
Fluorapatite Ca3(PO4)3F, Criolite (Na3AlF6) e no Fluoreto de
hidrogénio ( HF)n que ocorre até 0,03% nos gases vulcânicos. Uma
série de compostos voláteis do Flúor são também expelidos por
diversas industrias para a natureza, salientando-se a indústria do
alumínio (poluição antropogénica de origem industrial). Além disso
está presente, em pequenas quantidades, na forma combinada, por
exemplo na água do mar, nos ossos, nas unhas e nos dentes dos
animais.
O elemento Cloro forma cerca de 0.31% em peso da crosta terrestre
e ocorre predominantemente sob a forma de Cloreto de sódio
(NaCl) encontrado em grande quantidade na água do mar em média
3% e oceano e nos lagos. Encontra-se também em Cloreto de
Potássio (KCl) na forma de minerais Silvinite (KCl) e Carnalite
(MgCl2.KCl.6H2O).
O elemento Bromo ocorre em compostos como sais de K, Na e Mg
[MgCl2KBr.6H2O] (Bromocarnalite)]. Os Brometos de metais estão
contidos na água do mar, na água de alguns lagos e nas salmouras
subterrâneas.
O Iodo encontra-se em quantidade muito pequenas na natureza,
sendo encontrado principalmente na água do mar, em organismos
como algas. Existem certas algas que acumulam Iodo nos seus
tecidos. A cinza dessas algas serve de matéria-prima para obtenção
do Iodo. As quantidades consideráveis de Iodo estão contidas nas
águas subterrâneas de perfuração.
O Iodo ocorre na forma dos sais de Potássio, Exemplo: Iodato de
potássio (KIO3) e Periodato de potássio (KIO4). Ocorre sob a forma
54

de Iodato de sódio (NaIO3) e na forma de salitre-do-chile, que é


Nitrato de sódio (NaNO3).
O Iodo ocorre também em organismos humanos na forma de
tireoxina, hormona produzida na glândula tireóide, e a ausência
desse elemento causa o bócio ("papo inchado"). Para remediar essa
falta é obrigatório a adição de Iodo no sal de cozinha.
O Astato, halogéneo mais pesado, não se encontra na natureza, ele
se obtêm por via de reacções nucleares artificiais. As quantidades
ínfimas são descobertas nos produtos da desintegração radioactiva
natural do Urânio e do Tório.
Em relação a ocorrência dos halogénios você percebeu que estes só
existem na forma de compostos por serem extremamente reactivos.

c) Características gerais dos halogénios

Na Química geral você descreveu as características gerais da Tabela


periódica. Agora vai aplicar estes conhecimentos ao abordar os
elementos do VII grupo.

Os halogénios apresentam duma forma muito clara e explícita as


propriedades químicas dos seus elementos que permitem
demonstrar a lógica da sua pertença a um mesmo grupo, “o VII
grupo principal da Tabela Periódica dos elementos”.

A principal característica química dos halogénios é seu poder em


agir como agentes oxidantes, característica essa que facilita o
ganho de electrões que necessitam para se tornarem químicamente
estáveis.
Todos os constituintes do VII-A grupo possuem 7 electrões no seu
último nível de energia, tendo que necessitam de receber um
electrão para atingir sua estabilidade química. A variação das
propriedades ao longo do grupo estão em correlação com a variação
do nº atómico e com o aumento das forças de Van der Waals.

Na camada electrónica exterior, os átomos de halogénios contém os


sete electrões, dois na orbital “s” e cinco nas orbitais “p” (ns2np5),
por issso estes átomos facilmente captam um electrão, formando os
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 55

iões negativos monocarregados que possuem a estrutura electrónica


dum gás nobre respectivo (ns2 np6). Esta tendência à captação de
electrões caracteriza os halogéneos como não metais típicos.

Todos os elementos do VII grupo são muito tóxicos e possuem um


cheiro muito forte. A aspiração deles, mesmo nas quantidades
pequenas leva a irritação das vias respiratórias e a inflamação das
mucosas, se as quantidades forem consideráveis podem levar a
intoxicações graves.

As moléculas das substâncias simples, são formadas por átomos de


halogéneos e são diatómicas: F2, Cl2, Br2, I2 e At2

Flúor: Apresenta-se como um gás amarelo-esverdeado, de odor


irritante e propriedades tóxicas. É o mais eletronegativo e o mais
reactivo de todos os elementos químicos. Sua extrema reatividade
que se traduz em forte tendência à formação de compostos, atribui-
se à facilidade com que atrai electrões e ao reduzido tamanho de
seus átomos. Combina-se com todos os demais elementos químicos,
exceto o Hélio, o Árgon e Crípton.
O Flúor é capaz de atacar o vidro, metais e água entre outros, por
isso é um material de difícil armazenamento.
Cloro: À temperatura e pressão normal, é um gás de cor amarelada,
de cheiro acre e penetrante, que se aspirado em grandes quantidades
pode causar asfixia e morte. Devido a sua acção corrosiva, tóxica e
irritante para o sistema respiratório e para os olhos, o gás Cloro foi
utilizado durante a primeira guerra mundial como arma química.
Bromo: À temperatura e pressão normal, é um liquido de cor
castanho. Como os demais halogéneos, o Bromo caracteriza-se por
sua elevada capacidade de oxidação, responsável pela facilidade
para combinar com outros elementos e dissolver-se em numerosos
compostos orgânicos, como Álcool, o Clorofórmio e o Tetracloreto
de carbono. A propriedade oxidante do Bromo é também
responsável pela libertação de uma elevada quantidade de calor em
reacções com determinados elementos, como o Fósforo e o
Alumínio, com risco de explosões.
56

Iodo: À temperatura ambiente, o Iodo é um sólido altamente volátil,


de aspecto e coloração cinzento quase negra, com leve brilho
metálico que sublima em condições normais formando um gás de
coloração violeta e odor irritante. O Iodo é muito pouco solúvel na
água, mas altamente solúvel em compostos como o Dissulfeto de
carbono, Tetracloreto de carbono, Etanol e Clorofórmio, produzindo
soluções de coloração violeta. Em dissolução, na presença de amido
dá uma coloração azul. Sua solubilidade em água aumenta se
adicionarmos Iodeto devido a formação do Triodeto, I3. As suas
propriedades químicas são semelhantes as do Cloro, mas não reage
de forma tão violenta. É o menos reactivo e o menos eletronegativo
de todos os elementos do VII grupo.
Astato: É sólido na temperatura ambiente, e actualmente foram
encontradas apenas 25g de Astatínio na Natureza, por isso é o
elemento mais raro do mundo.
É um halogéneo, no entanto, não há muitos estudos sobre este
elemento e seus compostos, uma vez que seu isótopo mais estável
possui meia vida de aproximadamente 7 horas. Este elemento é
altamente radioactivo e é encontrado em minerais de Uránio e
Tório, porém em quantidades pouco significativas.

Tabela 1: Resumo das propriedades gerais dos halogéneos ao


longo do VII grupo

Flúor Cloro Bromo Iodo Astato


Símbolo F Cl Br I At
Formula molecular F2 Cl2 Br2 I2 (At2)
Número atómico 9 17 35 53 85
(Z)
Estrutura da 2s2 2p5 3s2 3p5 4s2 4p5 5s2 5p5 6s2 6p5
camada de valência
Número de -1 +/1;+3;+5;+ +/-1; +5 +/- +/-
oxidação 7 1;+5;+7 1;+3;+5;
+7
Electronegatividade 4.0 3.0 2.8 2.2 1.96
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 57

(EN)
Energia de 17.4 12.97 11.84 10.45 9.5
ionização Ei (ev)
Afinidade 3.39 3.61 3.36 3.06 2.8
eletrónica A (ev)
Massa atomica (Ar) 19 35.5 79.9 126.9 (210)
Raio atómico rA 71 99 114 133 (140)
(pm)
Raio iónico Rix 133 182 198 220 (230)
(pm)
Densidade δ (g.cm- 1.63 1.66 3.18 5.15 -----
3
)
Entalpia de 158 243 193 151 (116)
decomposição
ADH (Kjmol1)X-X
UθH (V) X2/ 2X- +2.87 +1.36 +1.07 +0.53 ---
Temperatura de -219,6 -101,0 -7,3 113,6 227
fusão, oC
Temperatura de -188,1 -34,1 59,2 185,5 317
ebulição, oC
Estado de Gás Gás Liquido Sólido Sólido
agregação em
CNTP
Cor Amarelo- amarelado castanho Cinzento ---
esverdea -escuro
do

Agora você vai ter a oprtunidade de interpretar a variação das


características dos elementos do grupo dos halogénios. Este
conhecimento será útil na explicação das características dos
restantes grupos.

Na família dos halogénios as propriedades variam sistematicamente


ao longo do grupo da seguinte forma:
58

1. Ao aumentar o número atómico na série dos elementos


Flúor-Astato, os raios de átomos aumentam, porque à medida
que novos níveis de energia vão sendo ocupados, o tamanho
do átomo tende a aumentar. Os electrões dos níveis mais
próximos do núcleo exercem um efeito isolante entre o
núcleo e os electrões mais periféricos. Com isso, o poder de
atracção do núcleo diminui muito, e os electrões mais
externos tendem a ficar mais espalhados.
2. Os elementos deste grupo são todos ametais embora o
carácter metálico cresça ao longo do grupo de cima para
baixo.
3. O estado físico dos halogéneos varia gradualmente ao longo
do grupo: O F2 é um gás amarelo – esverdeado em condições
normais, o Cl2 é um gás amarelo; o Br2 é um líquido castanho
muito denso; o I2 é um sólido cinzento-escuro com brilho
metálico e o At2 é radioactivo com um tempo médio de vida
de 8,3 horas.
4. A electronegatividade diminui ao longo do grupo e o carácter
covalente da ligação com elementos electropositivos cresce
neste sentido.
5. Os valores de energia de ionização dos halogénios diminuem
de cima para baixo. Entre os principais factores que
determinam essa variação, podemos citar:
• Raio atómico: à medida que aumenta o raio atómico,
os eletrões mais externos ficam mais afastados do
núcleo, que assim são menos atraídos pelo núcleo

• Efeito de blindagem: corresponde a uma diminuição


da carga efectiva do núcleo atómico, reduzindo-lhe a
capacidade de acção sobre os electrões periféricos,
pois os electrões dos níveis mais internos exercem
como que um efeito de blindagem em torno do
núcleo. Portanto, quanto mais os electrões, maior a
repulsão entre eles e mais facilmente são retirados
(repulsão entre os próprios electrões).
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 59

• A energia de ionização do Flúor é consideravelmente


maior que a dos outros elementos do grupo, por causa
da repulsão entre seus pares eletrónicos não ligantes
em consequência do seu pequeno tamanho. Essa
repulsão é, em grande parte, responsável pela grande
reatividade do Flúor.

6. A afinidade eletrónica diminui de cima para baixo. Essa


variação se explica pela distância entre o electrão e o núcleo:
quanto maior o raio, menos energia deverá perder e vice-
versa.

7. Ao longo do grupo, a estabilidade da ligacão entre os átomos


em moléculas diminui gradualmente, o que se reflecte na
diminuição da entalpia de dissociação das moléculas em
átomos. As razões disto consistem no seguinte: com o
aumento de tamanhos de nuvens electrónicas exteriores dos
átomos que interactuam entre si, o grau da sua sobreposição
diminui, ficando cada vez mais longe de núcleos atómicos.
Portanto, na passagem do Cloro ao Bromo e Iodo, atracção
dos núcleos de átomos dum halogéneo à área de sobreposição
das nuvens electrónicas diminui. Além disso na mesma série
o número de camadas electrónicas intermediárias que
blindam o núcleo aumenta, o que enfraquece ainda mais a
interacção dos núcleos atómicos com a área de sobreposição.

O Flúor cai fora da regularidade comum: a estabilidade


da ligação entre os átomos na sua molécula é menor, e o grau
de dissociação térmica das moléculas é maior do que as
mesmas características do Cloro. Estas propriedades
explicam-se pela ausência do subnível “d” na camada
electrónica exterior do seu átomo, enquanto na molécula do
Cloro e doutros halogéneos, existem as orbitais “d” livres e,
portanto, tem lugar uma interacção suplementar do tipo
dador-aceitador que consolida a ligação.
60

8. A força ácida dos ácidos binários com o Hidrogénio cresce ao


longo do grupo, devido a diminuição de energia de
dissociação da ligação (H-X) entre o Hidrogénio e o
halogénio. Isto deve-se ao afastamento crescente das camadas
electrónicas de valência dos halogéneos em relação ao núcleo
com o aumento do número quântico principal ao longo do
grupo.
9. A densidade, os pontos de fusão e de ebulição crescem com o
aumento do nº atómico e como resultado de aumento das
forças de Van der Waals.
À medida que aumenta o tamanho da molécula ao longo do
grupo, as nuvens eletrónicas tornam-se maiores e mais
facilmente polarizáveis. Consequentemente, aumentam as
forças intermoleculares de Van der Waals e as moléculas são
mais fortemente unidas, aumentando o seu ponto de fusão e
de ebulição e diminuindo a sua volatilidade.
Verifica-se, de um modo geral, que os pontos de fusão e de
ebulição têm variação paralela a densidade. Isso indica que,
quanto mais densos e compactos estão os átomos, mais difícil
será “separá-los” durante o processo de fusão ou de ebulição.
10. Os elementos do grupo dos halogéneos formam como em
nenhum outro grupo uma grande variedade de compostos
entre si (compostos inter-halogénicos), nos quais
maioritariamente o Flúor aparece como o mais
electronegativo e o Iodo como o mais electropositivo.

11. Nas moléculas Cl2, Br2 e I2 as ligações são mais fortes do que
no F2, devido à hibridização de orbitais “p” e “d”.

12. O carácter oxidante dos elementos decresce enquanto o


carácter redutor dos seus iões halogenetos crescem ao longo
do grupo. Isto é, o F2 é o oxidante mais forte e o ião iodeto (I-
) é o redutor mais forte.
13. Os números de oxidação que ocorrem com frequência nos
compostos são (-1, +1, +3, +5, +7). Os números de oxidação
positivos têm carácter formal. O Flúor diferentemente dos
outros halogéneos, nos seus compostos sempre tem número
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 61

de oxidação -1, visto que sua electronegatividade é maior


dentre todos os elementos. Os restantes halogéneos têm
numeros de oxidação de -1 a +7. Esta regularidade é
condicionada pelo facto de os átomos de Cl, Br, I, At
possuirem subnível “d” disponível, podendo portanto, excitar
sucessivamente os electrões emparelhados nos átomos Cl, Br,
I e At para o subnível “d”, o que conduz ao aumento do
número dos electrões que participam na formação das
ligações covalentes.
14. Excepto alguns óxidos que serão mostrados nas páginas
seguintes, todos os compostos de halogéneos correspondem
aos números de oxidação ímpares.
15. Os estados de oxidação mais elevados são mais frequente nos
elementos mais pesados e a capacidade de formar compostos
estáveis com outros elementos nos estados de oxidação mais
elevados decresce ao longo do grupo (exp: ReF7, ReCl6,
ReBr5 e ReI4). A estabilidade dos compostos decresce do
Flúor ao Iodo.
16. Os halogéneos mais pesados podem usar as orbitais “d” para
formar ligações. Assim pode-se formar orbitais híbridas a
partir de orbitais “s” e “p”, que irão participar em ligações ou
então podem ocorrer ligações pela sobreposição com orbitais
“d” vazias dos halogéneos (ligação p-d). A este último caso
dá-se o nome de “Back Donation” ou “retro doação”. Esta
participação das orbitais “d” dos halogéneos em ligações
químicas esclarece, por exemplo as elevadas energias de
dissociação característica dos halogéneos mais pesados em
comparação com o Flúor e a formação de compostos
interhalogénicos e com elevados números de coordenação
(ClF5, BrF5 IF5, IF7 HClO4).
17. A tendência de formar poli aniões em cadeia cresce ao longo
do grupo.
18. Os halogéneos são muito pouco solúveis em água e solúveis
em solventes orgânicos como o Tetracloreto de carbono,
Dissulfureto de carbono, etc.
62

Solubilidade em água: F2>>Cl2>Br2>I2.


Solubilidade em CCl4:Br2 CCl4 cor castanha e I2 CCl4 cor
violeta.
Nesta lição, você aprendeu como é que variam as diferentes
caractéristicas gerais dos halogénios ao longo do grupo. Este
conhecimento será aplicado nos restantes grupos que serão
abordados ao longo do módulo.

Exercícios
Você teve oportunidade de consolidar e aprofundar os
conhecimentos sobre a história de descoberta dos halogénios, sua
ocorrência e as suas características gerais. Agora deve ler
novamente o texto e responder o seguinte:

1. Porque o cloro se encontra no VII-grupo da Tabela


Periódica?

2. Quem e quando foi descoberto o Flúor?

3. Porque razões os halogéneos não se encontram na natureza


no estado elementar?

4. Explique justificando a variação de energia de ionização ao


longo do VII-grupo.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 63

Auto-avaliação
1. Com base na estrutura dos átomos dos halogéneos.
indique a valência máxima e os números de oxidação
que estes apresentam
Exercícios
2. A energia de dissociação das moléculas dos halogéneos
segundo o esquema: hal2 2 hal é igual a
155,243,190, 149kj/mol, para o flúor, o cloro, o bromo,
e o iodo, respectivamente. Explique a razão do cloro
possuir maior energia de dissociação da molécula.

3. Explique 2 características gerias dos halogénios a sua


escolha
64

Questão no 1:
Porque têm sete electrões na última camada.

Chave de correcção Questão no 2:


Para responder esta questão, você deve procurar ler novamente o
texto sobre a história de descoberta dos halogénios apresentado
nesta lição. Para verificar se conseguiu responder correctamente à
pregunta colocada peça um seu colega para ler novamente o texto.

Questão no 3:
Porque são substâncias muito reactivas. A sua reactividade explica-
se pelo facto de formarem ligações fortes com muitos outros
elemntos, em particular ligações covalentes com outros ametais. X
+ 1e- X-

Questão no 4:
Os valores de energia de ionização dos halogénios diminuem de
cima para baixo à medida que aumenta o raio atómico, os eletrões
mais externos ficam mais afastados do núcleo, e assim são menos
atraídos pelo núcleo.

Em relação a actividade de auto-avaliação:


Questão no 1:
Valência máxima é VII. Os nox variam de -1, +1, +3, +5 e +7
Questão no 2:
O cloro possui a maior energia de dissociação da molécula porque a
partir do 3º período os halogéneos tem a possibilidade de incluir o
subnível d. No cloro há um reforçar da ligação e é mais difícil de
quebrar a ligação.
Questão no 3:
Para responder esta questão, você deve procurar ler novamente o
texto sobre as características gerias dos halogénios apresentado
nesta lição.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 65

Lição n° 02
Reactividade dos halogéneos
Metódos de obtenção dos
halogénios
Precauções no trabalho com
halogéneos
Aplicações dos halogénios

Introdução
Nesta lição, você irá consolidar e aprofundar os conhecimentos
sobre a reactividade dos halogéneos, os métodos de obtenção e suas
aplicações. É importante conhecer os perigos derivados dessas
substâncias quando são mal manipulados e os cuidados para evitar
esses perigos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Escrever e interpretar as principais reacções dos halogénios;

• Explicar os métodos de obtenção dos halogénios;

Objectivos da lição • Manipular os halogénios obedecendo as regras de higiene e


segurança;

• Mencionar as principais aplicações dos halogénios.

• Descrever a reactividade dos halogénios.

a) Reactividade dos halogénios

A principal característica química dos halogéneos é seu poder


oxidante. Essa característica permite que o átomo do halogénio
aceite mais um electrão em sua configuração, para atingir um
arranjo eletrónico mais estável (estrutura de um gás nobre).
66

Possibilidade de formar ligações:

X X+ + 1e- (exige muita energia e é raro)


X + 1e- X-(comum nas reacções com os metais)
X +X X2 (formação de ligaçao covalente pura)
X+Y XY ou YX (formação de compostos heteroatómicos
com ligação covalente)

Os halogénios são muito reativos; o seu comportamento químico


está de acordo com as energias de ionização e afinidades eletrónicas
elevadas. Formam compostos binários praticamente com quase
todos os elementos e a reacção processa-se, muitas vezes, de
maneira espontânea, à temperatura ambiente.

Os halogénios reagem com uma série de substâncias:

Com os metais:

As reacções dos halogénios com metais são extremamente rápidas e


decorrem com libertação de grande quantidade de calor. Nessas
reaccões os átomos do metal oxidam-se e os átomos do halogénio
reduzem-se. Essa capacidade de captar os electrões expressa pelos
halogénios é uma propriedade química específica deles, por
conseguinte os halogéneos são oxidantes enérgicos.
2Me + X2 2MeXn, (X=F,Cl,Br,I, Me =metal e n
= valência do metal)
Ex: Na + Cl2 NaCl
2K + F2 2KF
2Al + 3I2 2AlI3

Ordem de capacidade oxidativa: F2>>Cl2>Br2>I2


A actividade do Flúor é extemamente alta. A excepcional
reatividade do Flúor deve-se a sua baixa energia de ligação,
enquanto que as principais diferenças entre este elemento e os
outros halogénios deve-se a seu pequeno tamanho do átomo e alta
eletronegatividade.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 67

O Flúor reage com todos os elementos excepto o Nitrogénio porque,


o Nitrogénio é um gás inerte usado para inércia da atmosfera, tem
uma ligação tripla difícil de quebrar, consequentemente uma energia
de dissociação muito elevada.
O Flúor forma fluoretos iónicos: ( IF7, PtF6, BrF5, AgF2, CoF3,
XeF6)

Com os ametais:

A reacção dos halogénios com os não metais, forma halogenetos


(compostos covalentes)
S + Cl2 SCl2
2P + 3 Cl2 2 PCl3
Todos eles reagem com o fósforo, formando trihalogenetos. O F2,
Cl2, Br2 podem formar os penta halogenetos:
2P + 3F2 2PF3
2P + 5Cl2 2PCl5
Os halogénios não se combinam directamente com o Oxigénio, o
Nitrogénio ou o Carbono, excepto o Fluor que reage com o
Carbono.

Com Hidrogénio:

1. A reacção do Flúor com o Hidrogénio, ocorre mesmo na


ausência de luz ou chama ou a baixas temperaturas (até -
200ºC) e é explosiva.

A entalpia de formação do Fluoreto de hidrogénio é muito


negativa, -273 kJmol-1, a mais baixa de todos os halogenetos
de hidrogénio, o que justifica a grande quantidade de energia
que é libertada nesta reacção.

F2(g) + H2(g) → 2 HF(g)

2. A reacção dos outros halogénios com Hidrogénio ocorre na


presença de luz ou sob altas temperaturas:
hv
H2 + Cl2 2HCl
hv
H2 + Br2 2 HBr
68

hv
H2 + I2 2 HI
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 69

E pode ser interpretada segundo o seguinte mecanismo:


• Start ou iniciação: Cl2 hv
2Cl.
• Reacção em cadeia: Cl. + H2 hv
HCl + H.
hv
H. + Cl2 HCl + Cl.
• Recombinação de radicais: H. + Cl. hv
HCl

Com água:

Todos os halogénios são pouco solúveis em água, com a qual


também reagem. A reactividade dos halogénios com água diminui
ao longo do grupo:
1. O Flúor devido o seu forte poder oxidante (ε0 = 2,87 V)
oxida a água, formando uma solução de ácido fluorídrico
(HF) e libertando oxigénio (O2)
F2 + H2O 2 HF + 1/2 O2
2. A reacção da água com outros halogénios (Cl2,Br2, I2)
produz os ácidos HX e HOX( sendo X= o halogénio)
X2 + H2O HX + HOX (X= Cl, Br, I)
(desproporção caso específico de
reacção redox).
Cl2 + H2O HCl + HOCl (ácido hipocloroso)
O cloro e o bromo podem formar hidratos sólidos:
Cl2.7,3H2O e Br2.8,5H2O.

Com bases

O Flúor reage com soluções de hidróxidos diluídas havendo a


formação de óxidos de Flúor.

2F2 (g) + 2 OH- (aq) OF2 (g) + 2 F- (aq) + H2O (l)

Com soluções básicas diluídas a frio:

X2 + KOH à frio KX + HOX


(desproporção)
Com soluções básicas concentradas a quente:
70

3 X2 + 6 KOH a quente 5 KX + KXO3 + 3H2O


(desproporção acentuado)
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 71

Com H2S e NH3:


O F2, Cl2 e Br2 reagem desprendendo o N2 e formando halogeneto.
3X2 + 2NH3 N2 + 6H+ + 6X-
8NH3 + 3Cl2 N2 + 6NH4Cl
3X2 + 8NH4OH N2 + 6NH4X + 8H2O
( sendo X=Cl; F; Br )-
A fotólise das soluções aquosas de Cloro libertam oxigénio. Esta
reacção permite purificar a água
2Cl2 + 2 H2O 4 H+ + 4 Cl- + O2
Reacção com óxidos metálicos- Os Halogénios reagem com
diversos óxidos metálicos a altas temperaturas em presença de
carbono.
3Cl2 + Al2O3 + 3C 2AlCl3 + 3CO

Reactividade inter-halogénica

Os halogéneos combinam-se mutuamente, formando os chamados


compostos inter-halogenetos, que são covalentes, voláteis e pouco
estáveis. O Flúor reage com outros halogénios por ser o mais
electronegativo do grupo.
X2 + 2Y- 2X- + Y2

Exemplo: reacção de Flúor com outros halogénios

F2 (g) + Cl2 (g) 2 ClF (g)

3F2 (g) + Cl2 (g) 2 ClF3 (g)

3F2 (g) + Br2(l) 2 BrF3(l)

Br2 + Cl2 2BrCl


I2 + 7F2 2IF7
Desses compostos binários são conhecidos os seguintes: ClF; BrF;
BrCl; IBr; ICl; ClF; BrF; ICl3; ClF5; BrF5; IF5; e IF7 .
Nesta lição, você entendeu como é que se comportam os halogénios
em termos de reactividade. Agora diga porque é o Flúor é o mais
electronegativo de todo grupo e também de toda a tabela periódica?
Para responder esta questão você deve consultar na Tabela periódica
72

o valor de electronegatividades deste elemento.


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 73

b) Métodos de obtenção dos halogénios


Os halogénios são substância muito importantes no nosso
quotidiano por isso é importante saber como é se obtém na indústria
e no laboratório.
A obtenção dos halogénios livres faz-se, geralmente por meio da
oxidação dos seus iões.

Na Técnica

O Flúor obtém-se pela electrólise fundida duma mistura de KF, HF


à temperatura de 80ºC- 90º C.
2HF electrólise H2(g) + F2(g)
Anódo (+): 2F- F2 + 2e- Oxidação anódica
Cátodo (-): 2H+ + 2e- H2(g) Redução catódica
O Hidrogénio e o Flúor mesmo no escuro reagem explosivamente.
Esta reacção ocorre no sistema de aço altamente resiste porque o
Ácido fluorífrico (HF) ataca o vidro. O Flúor também pode ser
obtido pelo aquecimento dos Fluoretos
IF2 + AsF5 + 2KF acima de 200oC KIF6 + KAsF2 + F2
O Cloro, Bromo e Iodo obtém-se pela electrólise fundida ou em
solução aquosa das soluções dos seus sais. Exemplo: água do mar.
Os produtos deste processo são separados através do diafragma (H2
e Cl2).
eletrolise
2 NaCl + 2 H2O 2 NaOH + H2 + Cl2
Podem ocorrer as reacções:
Ánodo: 2Cl- Cl2 + 2e-
Cátodo:2H2O + 2e- 2OH- + H2
Também pode-se obter o Cloro, Bromo e Iodo pela oxidação dos
respectivos halogéneos:
MgBr2 + Cl2 MgCl2 + Br
CaI2 +Cl2 CaCl2 + I2
CaI2 + Br2 CaBr2 + I2
Isto é, o Cloro é capaz de oxidar o Br- e I-. Por seu turno o Bromo é
capaz de oxidar o Iodo.
Pela oxidação do cloreto de hidrogénio pelo oxigénio na presença
74

de um catalisador (CuCl2) a temperatura de 400ºC:


4HCl + O2 2Cl2 + 2H2O
O Bromo é obtido industrialmente pela cloração directa da água do
mar:
2Br - + Cl2 2Cl- + Br2
O Br2 é arrastado por corrente de ar, e no caso de pequenas
quantidades é recolhido em solução de carbonato de sódio, que é
aquecido, tendo-se:
3Br2 + 3CO32- 5Br - + BrO3- + 3CO2
Essa solução é então acidulada, obtendo-se o Br2 :
5Br - + BrO3- + 6H+ 3Br2 + 3H2O
Pode-se também passar a corrente de ar para arrastar o Bromo que
reage com dióxido de enxofre e vapor de água:
Br2 + SO2 + 2H2O(v) 2HBr + H2SO4
Obtêm-se solução concentrada de HBr e, dai, pela acção de Cloro,
desprende-se o Bromo:
2HBr + Cl2 2HCl + Br2
O Iodo pode ser obtido por redução ou oxidação de Iodeto. Faz-se a
redução com Dióxido de enxofre ou Hidrogenossulfito de sódio.
2IO3- + 5HSO3- I2 + 3HSO4- + 2SO42- + H2O
A reacção se processa em dois estádios:
a)IO3- + 3H2SO3 3H2SO4 + I-
b)5I- + IO3- + 6H+ 3I2 + 3H2O
Actualmente, o processo consiste em partir do Iodeto das águas dos
poços petrolíferos, oxidando-se o Iodeto com Nitrito, em presença
de carvão, finalmente é dividido, para reter o iodo:
6I- + 2NO2- + 8H+ 3I2 + N2 + 4H2O
A suspensão de iodo e carvão é aquecida com álcalis (bases):
3I2 + 6OH- 5I- + IO3- + 3H2O
Após a filtração, o carvão é usado novamente e o filtrado é
acidulado, desprendendo então o iodo:
5I- + IO3 - + 6H+ 3I2 + 3H2O
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 75

No laboratório

O Cloro, o Bromo e o Iodo podem ser preparados por oxidação de


Cloreto, Brometo ou Iodeto em meio ácido, usando-se como
oxidante o ião permanganato ou o Dióxido de manganés:
MnO2 + 4 HCl MnCl2 + Cl2 + 2H2O
2 KMnO4 + 16 HCl 2 MnCl2 + 2KCl +5 Cl2 + 8 H2O
MnO2 + 2Cl- + 4H+ Mn2+ + Cl2 + 2H2O
Também pode-se obter o Cloro pela reacção da água de javel
KOCl + 2 HCl KCl + Cl2 + H2O
Ca(OCl)2 + 4 HCl CaCl2 + 2Cl2 + 2H2O
Como vimos na lição anterior os halogénios são muito tóxicos por
isso é necessário manipulá-los com muito cuidado.

c) Precauções no trabalho com halogénios

Todos os halogénios possuem um cheiro muito forte, são tóxicos,


voláteis em condições ambientais. A aspiração deles, mesmo em
quantidades pequenas, leva à irritação forte das vias respiratórias e a
inflamação das mucosas. As quantidades elevadas podem levar a
uma grave intoxicação e até a morte. Por isso deve ser produzino no
nicho, usando o carvão activado.

Flúor: é um gás de odor irritante e propriedades tóxicas, é muito


corrosivo e perigoso, que em contacto com o tecido vivo pode
causar queimaduras. Sua utilização exige cuidado: um jacto de
Flúor sob pressão inflama instantaneamente a matéria orgânica,
muitos metais e diversas outras substâncias.

A reacção do Flúor com Hidrogénio é extremamente exotérmica,


que esses dois gases podem ser utilizados como combustível-
propulsor para mísseis potentes. OFluoreto de hidrogénio quando
puro e seco não ataca o vidro, mas o Ácido fluorídrico deve ser
acondicionado em tubos de plástico especiais (Teflon), pois
consegue corroer o vidro.

Dados toxicológicos: 50 ratos morrem quando inalam 185ppm de


76

Flúor por hora [LC(50) inalação 185 ppm/h em ratos].

Partes por milhão ou abreviadamente ppm é a medida de


concentração que se utiliza quando as soluções são muito diluídas.

Cloro: é um gás de cheiro acre e penetrante. Se for aspirado em


grandes quantidades pode causar asfixia e morte. Devido a sua
acção corrosiva, tóxica e irritante para o sistema respiratório e para
os olhos, o gás Cloro foi utilizado durante a primeira guerra mundial
com arma química.

Dados toxicológicos: 50 ratos morrem quando inalam 293 ppm de


Cloro por hora [LC(50) inalação 293 ppm/h em ratos].
Bromo: Devido a propriedade oxidante do Bromo pode libertar uma
elevada quantidade de calor em reações com determinados
elementos, como o Fósforo e o Alumínio, com risco de explosões. O
Bromo é tóxico mesmo em pequenas quantidades, tanto por via
dérmica como inalado, causa ferimentos graves ou até morte.
Dados toxicológicos: 50 coelhos morrem quando inalam 180ppm
de Bromo por hora [LC(50) inalação 180 ppm/h em coelhos].
Iodo: É necessário ser cuidadoso quando se maneja o Iodo, pois em
contacto directo com a pele pode causar lesões. O vapor de Iodo é
muito irritante para os olhos e as mucosas.
Dados toxicológicos: 50 ratos morrem quando inalam 800mgm3 de
Iodo por Hora [LC(50) inalação 800mg.m3/h em ratos].

d)Aplicação dos halogénios


O Flúor: é utilizado para a Preparação do UF6 (separação de
isótopos), Preparação do SF6 (gás protector), na produção de
compostos orgânicos (Teflon), como aditivo das pastas dentífricas
para combate a cárie:
Ca5(PO4)3OH + F- Ca5(PO4)3F + OH-
(hidroxiapatite) (fluorapatite)
Cloro: 80% da produção do Cloro é aplicada na obtenção de
solventes orgânicos (Clorofórmio, Tetracloreto de carbono,
Tricloroetileno). O cloro é também usado na produção de Cloro
benzol, Fogênio, bem como materiais sintético como o PVC e o
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 77

Cloropreno. Também se usa o Cloro para produzir insecticidas e


pesticidas, produtos de limpeza de piscinas, de branqueamento de
fibras e vegetais (linho, algodão etc.), na desinfecção de resíduos
industriais, tratamento de água para consumo, fabricação de papel
(deixando-o mais branco), entre outras.
O Bromo: é usado na produção de vários compostos como
corantes, analgésicos, pesticidas, medicamentos, papel fotográfico,
filmes, desinfetantes, etc. O Brometo de etileno é usado em
combustíveis para evitar acumulação de Chumbo no interior dos
cilindros. Brometo de prata (AgBr), é sensível à luz, utilizado em
emulsões fotográficas. Alguns dos compostos do Bromo são usados
no tratamento contra epilepsia e como sedantes.

O Iodo: no corpo humano o Iodo tem a importante tarefa de regular


a glândula tireóide, apesar de estar presente em pequenas
quantidades nos tecidos animais. É usado em solução alcoólica
como anti–séptico no tratamento de ferimentos. Na indústria, o
Iodo é usado na produção de lâmpadas catalisadores, medicamentos,
lubrificantes, corantes, reagentes e produtos intermediários usados
na síntese de compostos orgânicos e em laboratórios de análise.

O Iodeto de potássio, KI, é adicionado ao sal comum, NaCl (mistura


denominada de sal iodado), para prevenir o surgimento do bócio
endémico, doença causada pelo deficiência de iodo na dieta
alimentar.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos sobre a
reactividade dos elementos de VII-grupo, as precauções na
manipulação dos halogénios, assim como as suas principais
reacções químicas. Agora deve ler novamente o texto e responder o
seguinte:

1. Como é que se obtém o Cloro no laboratório escolar?


78

2. Que cuidados se deve ter ao produzir o Cloro no


labaoratorio escolar?
3. Porque é indispensável a tomada de precauções no
trabalho com os halogénios?
4. Explique porque as ligações nas moléculas dos
halogénios são do tipo covalentes apolares?

Auto-avaliação
1-Escrever a equação da reacção entre os halogénios e a Água e
nomeie os produtos formados.

2-Represente as estruturas de Lewis dos oxiácidos que se seguem:


Auto-avaliação
a) Cl2O7, b) Br2O5
3-Complete as seguintes equações quimicas:
a)K2CO3 + Cl2 +H2O
b) Ca(OH)2 + Br2 + H2O
c)KI + H2SO4(conc)
d) I2 + Cl2 + H2O
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 79

-Questão no 1: Pode se obter o Cloro no laboratório escolar a


apartir de:

MnO2 + 4 HCl MnCl2 + Cl2 + 2H2O


Chave de correcção
2KMnO4 + 16HCl 2MnCl2 + 2KCl + 8H2O + 5Cl2

KOCl + 2 HCl KCl + Cl2 + H2O

-Questão no 2: Ao produzir o Cloro no laboratório escolar deve se


ter muitos cuidados, pois trata-se de um gás extremamente tóxico.
Por exemplo, produzir o gás no nicho, usar o carvão activado e ser
recolhido em água.

-Questão no 3: Porque são substâncias extremamente tóxicos

-Questão no 4: Porque se estabelecem entre atómos do mesmo


elemento onde a diferença de electronegatividade é igual a zero.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

-Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre a reactividade dos halogénios apresentado
nesta lição e depois transcreva para sua folha de exercícios as
respectivas equações.

-Questão no 2:

-Questão no 3:

a)K2CO3 + 2Cl2 +H2O 2KCl + 2HClO + CO2

b)Ca(OH)2 + 3Br2 + H2O CaOBr2 + 2HBr + 2HBrO

c)2KI + H2SO4(conc) K2SO4 + I2 + SO2 + 2H2O

d)I2 + 5Cl2 + 6H2O 2HIO3 + 10HCl


80

Lição no 03
Compostos dos halogénios

Introdução
Nesta lição, você irá aprofundar os seus conhecimentos sobre os
compostos dos halogénios, pois viu nas lições anteriores que os
elementos do VII grupo tem muitas aplicações no nosso quotidiano,
principalmente na forma de compostos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os compostos do halogénios;

• Caracterizar os compostos formados pelos halogénios;

Objectivos da lição • Representar as equações de obtenção dos diferentes


compostos dos halogénios.

a) Compostos dos halogénios


1-Halogenetos dos metais (halogenetos iónicos)
Obtém-se a partir da reacção directa dos halogéneos com metais
(NaCl, NaBr, NaI, MgCl2, MgI2, etc). São sais típicos, apresentando
pontos de fusão e ebulição elevados e conductividade eléctrica
quando fundidos ou em solução.

2-Halogenetos dos ametais (halogenetos covalentes)

São compostos com propriedades covalentes mais acentuadas que as


iónicas, com pontos de fusão e ebulição relativamente baixos e por
isso são voláteis e não conduzem a corrente eléctrica (CCl4, BCl3,
AlCl3, BeCl2, etc.). Neles incluem-se os haletos do Hidrogenio
(HX), cujas reacções em solução são muito importantes. Os haletos
de hidrogénio formam soluções halídricas com a água. Essas
exibem propriedades características dos ácidos. Este grupo de
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 81

substâncias (HX) é denominado ácidos de Brönsted e sobre este tipo


de ácidos você abordou na Química básica.

HX + H2O H3O+ + X- ( reacção de Acido – Base )

Os compostos hidrogenados dos halogéneos (HX) são todos gases


incolores, agressivos e picantes à pele e as mucosas. Formam
neblinas esbranquiçadas quando expostas ao ar húmido.
A densidade dos HX cresce ao longo do grupo dos halogéneos.
Os HX formam em fase líquida e sólida pontes de hidrogénio inter
moleculares e são todos bem solúveis em água e álcool. A sua
dissolução é um processo exotérmico. Em solução aquosa são todos
ácidos fortes e a sua força aumenta ao longo do grupo com o
aumento do raio atómico dos halogéneos: HF<HCl<HBr<HI
HX + H2O H3O + X- reacção completa.

Será que você ainda se lembra o que é um ácido segundo Brönsted-


Lowry? É toda substância que em solução aquosa cede iões
hidrogénios.

Agora vamos ver como é que se obtém os haletos de hidrogénio


(HX)

Obtenção de Haletos de hidrogénio

Os Haletos de Hidrogénio são obtidos na índústria pela:


1. Reacção directa de um halogénio e Hidrogénio
H2 + X2 2HX (X=halogénio)
Se for o Bromo ou Iodo usa-se catalisador de Platina a temperatura
que varia entre 150-300ºC.
2. Halogenação de hidrocarbonetos
R-H + X2 RX + HX
Ex: CH4 + Cl2 CH3Cl + HCl
3. Hidrólise de halogenetos covalentes, formando os
respectivos ácidos.
PX3 + 3H2O H3PO3 + 3HX (X =Cl, Br, I)
4. Reacção de um sal do mesmo haleto com um ácido não-
volátil forte.
82

CaF2(s) + H2SO4(l) Δ 2 HF(g) + CaSO4(s)


NaCl(s) + H2SO4(l) Δ 2 HCl(g) + NaHSO4(s)

As soluções aquosas dos Halogenetos do hidrogénio reagem


com:
1. Bases – neutralização: Ca(OH)2 + 2HCl 2H2O + Ca2+
+ 2Cl-
2. Óxidos metálicos: MgO + 2HCl H2O + Mg2++ 2Cl-.
3. Reagem com metais activos: Mg + 2HCl Mg2+ + 2Cl-
+ H2(g)
Uma reacção Ácido – Base é importante na identificação de iões
NH4+ apartir da reacção entre HCl com o NH3:
NH3(g) + HCl(conc) NH4Cl fumo branco

Ácido clorídrico (HCl) é uma solução aquosa do Cloreto de


hidrogénio e é comercializado a cerca de 24 a 36% de massa e é
normalmente usado em análise química e em titulações. O HCl
mostra todas as propriedades dum ácido forte não oxidante (dissolve
metais activos com formação de hidrogénio e neutraliza bases
fortes). Em condições anóxicas (sem oxigénio) não reage com o Cu,
Hg, Ag e Au.
Você sabia que o suco gástrico contém 0,4% de HCl? Por essa razão
quando temos dores de estômago o médico receita o anti-ácido
(Hidróxido de alumíno). Agora diga o que acontece em termos de
reacção química? Para responder esta questão é só representar a
equação da reacção entre HCl e Al(OH)3.

O ácido cloridrico é um líquido incolor com o cheiro forte, o


concentrado contém cerca de 37% de HCl, a sua densidade é
1,19g/cm3 e o seu poder de ionização é de 92,5%. É um dos ácidos
mais importantes na análise quimica, a sua produção mundial
calcula-se em milhões de toneladas por ano.
O Ácido clorídrico misturado com o HNO3 numa proporção de 3:1
forma Água-régia que pode dissolver metais nobres devido à
reactividade do Cloreto de nitosil e de Cloro que se formam:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 83

3HCl + HNO3 NOCl + Cl2 + H2O


Portanto, Água-régia é uma mistura de HCl com o HNO3 numa
proporção de três para um (3:1).
Au + 3HCl + HNO3 AuCl3 + NO + H2O

Possibilidades de obtenção do Ácido clorídrico

Na indústria este ácido obtém-se dissolvendo o Cloreto de


hidrogénio em Água. E o Cloreto de hidrogénio obtém-se a partir da
síntese directa entre o Hidrogénio e o Cloro.
H2(g) + Cl2(g) 2HCl(g) + 183,6kj
Este processo é realizado em aparelhos especiais, onde a mistura de
hidrogénio e o cloro se formam e imediatamente ardem com chama
estável. Também pode-se obter em grandes quantidades a título de
subproduto de cloragem dos compostos orgánicos:
RH + Cl2 RCl + HCl, sendo R- um radical
(Ex.:CH3-)

No laboratório obtém-se no processo baseado na interacção de


NaCl e H2SO4(c):
a) NaCl(s) + H2SO4(c) NaHSO4(aq) + HCl(aq)
b) NaCl(s + NaHSO4(aq) Na2SO4(aq) + HCl(aq)

Propriedades químicas do Ácido clorídrico

O Ácido cloridrico reage energicamente com muitos metais e


óxidos de metais formando sais denominados cloretos:
1-Reacção com metais:
a)2HCl(aq) + Zn(s) ZnCl(s) + H2(g)
b)2HCl(aq) + 2Ag(s) 2AgCl(s) + H2(g)
2-Reacção com oxidos de metais
a)Na2O + 2HCl(aq) 2NaCl + H2O(l)
b)ZnO + 2HCl(aq) ZnCl2 + H2O(l)
c)MgO + 2HCl(aq) MgCl2 + H2O(l)
d)K2O + 2HCl(aq) 2KCl + H2O(l)
e)CaO + 2HCl(aq) CaCl2 + H2O(l)
84

3-Reacção com bases fortes


a)HCl(aq) + NaOH(aq) NaCl(s) + H2O(l)
b)HCl(aq) + KOH(aq) KCl(s) + H2O(l)
4-Reacção com sais:
HCl(aq) + NaCN NaCl + HCN
Os sais do Ácido cloridrico também encontram grande aplicação no
quotidiano e a maioria deles são bem solúveis em água, excepto os
de AgCl, PbCl2, CuCl e Hg2Cl2 que são pouco solúveis.

Os sais mais importantes são:


Cloreto de sódio (NaCl) ou sal da cozinha- Serve de matéria-
prima para a obtenção de Cloro, do Ácido cloridrico, Soda caústica
e Carbonato de sódio(soda). Aplica-se no tingimento de tecidos, na
saponificação e na conservação de generos alimenticios.
Cloreto de potássio ( KCl )- É consumido em grandes quantidades
na agricultura como adubo.
Cloreto de mercúrio (II) ( HgCl2 ) ou sublimado corrosivo- É um
venenoso muito violento. As suas soluções diluidas são utilizadas na
medicina como um anti-séptico muito forte.
Cloreto de prata (AgCl) - É o sal menos solúvel. A formação do
precipitado AgCl(s) durante a interacção dos ions Cl- e Ag+ serve
duma reacção caracteristica para os ions de cloro. É empregado na
indústria fotográfica para o fabrico de materiais fotossensíveis.

O Ácido Fluorídrico é muito agressivo e chega a reagir com o


vidro

por isso deve ser guardado em recipientes de plástico especiais ou


de aço.:

4HF + SiO2 SiF4 + 2H2O

3-Compostos Oxigenados (Óxidos, Ácidos e Sais)


Os compostos binários de Cloro, Bromo, e Iodo com Oxigénio são
denominados óxidos, pelo facto do oxigénio ser mais
electronegativo do que estes. Como o Fluor é mais electronegativo
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 85

que o Oxigénio, seus compostos binários com o Oxigénio são mais


propriamente denominados fluoretos.
São conhecidos os seguintes compostos binários dos halogéneos
com o Oxigénio:

Tabela 2: Exemplos de compostos binários dos Halogéneos com


o Oxigénio
NOX Óxidos Ácidos Sais
-1 OF2; O2F2 HF (fraco) NaF, KF, .....
+1 Br2O; HOCl; HOBr; HOI NaOCL; NaOBr;
Cl2O KOI
+3 Cl2O3 HClO2 NaClO2
+6 Cl2O6; --------------- -------------------
BrO3; I2O6
+5 Br2O5; HClO3; HBrO3; NaClO;, NaBrO3;
I2O5 HIO3 NaIO3
+7 Cl2O7 HClO4; HBrO4; KClO4; KrO4;
HIO4 HIO4

Br2 e I2 formam óxidos análogos mais instáveis. Os compostos com


estados de oxidação elevados são instáveis. Alguns nomes dos
compostos oxigenados dos elementos do VII-grupo.

Difluoreto de oxigénio (OF2), Difluoreto de dioxigénio (O2F2),


Dióxido de Cloro (ClO2), Óxido de dicloro (Cl2O ), O óxido de
dibromo (Br2O ), O Heptóxido de dicloro ( Cl2O7 ), Hexóxido de
dicloro (Cl2O6 ), etc.
86

Tabela 3: Algumas estruturas de Lewis

Moléculas Fórmula estrutural


HOCl H-O-Cl
HClO2 H-O-Cl O
HClO3 H-O-Cl O
O
HClO4 O
H-O-Cl O
O
Cl2O Cl – O – Cl
Br2O5 O O
O Br – O – Br O
Cl2O3 O Cl – O – Cl O

Nomenclatura dos ácidos: Nomenclatura dos sais:


HOCl: Ácido hipocloroso NaOCl:
hipoclorito de sódio
HClO2: Ácido cloroso NaClO2: clorito
de sódio
HClO3: Ácido clórico NaClO3: clorato
de sódio
HClO4 Ácido perclórico NaClO4:
perclorato de sódio
Os compostos oxigenados de Cloro são os mais numerosos e
importantes sob o aspecto prático e podem ser obtidos apenas
indirectamente a partir do processo de hidrólise do Cloro:
Cl2 + H2O HCl + HClO - 25kj
Como produto de reacção formam se os Ácidos clorídricos e
Hipocloroso. Esta é uma reacção de auto- oxi-redução, onde um dos
átomos de Cloro, ganhando um electrão doutro átomo se reduz, e o
outro átomo de Cloro se oxida.
A variacção das propriedades na série dos ácidos oxigenados do
Cloro é expressa pelo esquema seguinte:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 87

Aumento das propriedades ácidas e estabilidade


HClO, HClO2, HClO3, HClO4
Aumento da actividade oxidante
A actividade oxidante diminui com o aumento do número de
oxidação do cloro e a estabilidade cresce. Ao contrário, a força dos
ácidos oxigenados do cloro aumentam com o aumento do seu
número de oxidação.

4- Compostos inter-halogénicos
Os compostos inter-halogénios são aqueles formados por átomos de
halogénios. Lembre-se que nas lições anteriores afirmamos que os
halogénios são muito reactivos, por isso podem reagir entre si.
Ex: 3 F2 (g) + Cl2 (g) 2 ClF3 (g)
Tais compostos terão como átomos centrais Cl, Br ou I, circundados
por 3, 5 ou 7 átomos de Flúor por ser o mais electronegativo do
grupo.

Tabela 4: Exemplo de compostos inter-halogénios

XY XY3 XY5 XY7


ClF(g) ClF3(g) ClF5(G)
BrF(g) BrF3(I) BrF5(i)
*IF *IF3(s) IF5(s) If7(s)
**BrCl(g)
**ICl(s) **(ICl3)3(s)
**IBr(s)
*desproporcionam a temperatura ambiente; ** dissociam-se
elementos a temperatura ambiente.
A estabilidade dos compostos XY cresce ao longo do grupo, por Ex:
IFn> BrFn> ClFn.
A formação dos compostos corresponde à regra do octeto e a sua
distensão. Isto deve–se à capacidade que os halogéneos mais
pesados (X) têm de usar orbitais “d” vazias para formar mais
ligações.
88

Tabela 5: Exemplo de compostos inter-halogénicos com a


respectiva distribuição electroníca.
XY 8 electrões à volta de X
XY3 10 electrões à volta de X
XY5 12 electrões à volta de X
XY7 14 electrões à volta de X

Nesta lição, além dos vários composto dos halogénios, você estudou
os composto inter-halogénicos. Explique porque é que o Flúor
reagem com todos elementos do VII grupo? Para responder esta
questão deve ler novamente a lição no2 sobre a reactividade dos
halogénios.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos sobre as
propriedades, formas de obtenção e aplicações dos compostos que
os halogénios formam. Agora deve ler novamente o texto e
responder o seguinte:

1-O que são compostos inter-halogénicos?

2-Porque razões os compostos HX são bem solúveis em Água e em


Álcool?

3-Qual das seguintes moléculas HF-HCl-HBr-HI tem o carácter


ácido mais acentuado? Justifica a sua resposta.

Auto-avaliação
1. Qual o nome que se dá a solução de Fluoreto de hidrogénio?

2. Diga justificando em que reservatórios se armazena a


solução aquosa de Fluoreto de hidrogénio?
Auto-avaliação
3. Como é que se pode obter o Cloreto de Hidrogénio no
laboratório?
4. Quais são as aplicações do NaCl e KCl?
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 89

Questão no 1:

São aqueles que resulta de reacção entre halogénios

Questão no 2:
Chave de correcção
Os haletos de hidrogénio (HX) são bem solúveis em água e em
álcool porque são substâncias polares. Isto é o semelhante dissolve
o semelhante.
Questão no 3:
HI têm o carácter ácido mais acentuado porque na serie a força do
ácido aumenta, devido a diminuição de energia de dissociação de
ligação (H-X). Isto deve-se ao afastamento crescente das camadas
electrónicas de valência dos halogénios (raio atómico) em relação
ao núcleo.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Chama-se Ácido fluorídrico

Questão no 2: A solução aquosa de Fluoreto de hidrogénio se


armazena em recipientes de aço ou plástico especial de Teflon
porque esta solução tem a capacidade de destruir os matérias de
vidro.

Questão no 3: Coloque um cristal de NaCl num tubo de ensaio, e


adicione ácido sulfúrico concentrado.

NaCl(s) + H2SO4(conc) NaHSO4 + HCl

Questão no 4: Para responder esta questão deve ler novamente


neste lição os conteúdos sobre as sais mais importantes.
90

Lição no 04

Identificação dos iões halogenetos

Introdução
Nesta lição, você irá consolidar e aprofundar os seus conhecimentos
sobre os procedimentos usados na identificação dos iões
halogenetos. Estes conteúdos foram abordados no nível médio. Por
isso esperamos que faça a revisão, pois como futuro professor deve
dominar as técnicas da análise qualitativa.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os iões halogenetos;

• Interpretar as equações de reacção de indentificação dos


halogénios.
Objectivos da lição

Identificação dos iões halogenetos

Identificação do ião F-

CaF2 + H2SO4 CaSO4 + 2 HF


(precipitado branco)
4 HF + SiO2 SiF4 + 2H2O

Identificação dos iões Cl-, Br- e I-:

Os iões Cloreto, Brometo e Iodeto podem ser identificados com


base em reacções de precipitação e complexação e, reacções redox.
1-Reacções de Precipitação e Complexação
Os iões de Cl-, Br- e I- formam com iões de prata precipitados pouco
solúveis em água. A solubilidade dos precipitados em água e
amoníaco diminui no grupo dos halogéneos: AgCl>AgBr>AgI.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 91

Ag+(aq) + Cl-(aq) AgCls ↓ (branco)

Ag+(aq) + Br-(aq) AgBr(s) ↓(amarelo claro)


Ag+(aq) + I- (aq) AgI(s) ↓(amarelo)
A formação de soluções incolores identificam a formação de iões
complexos e respectivos iões halogenetos.
Assim, o AgCl é solúvel em NH3, AgBr é solúvel em ião
Tiossulfato (S2O32-) e o AgI em ião Cianeto (CN-).
AgCl(s) + NH3(aq) [Ag(NH3)2]+ + Cl-(aq)
AgBr(s) + 2S2O32-(aq) [Ag(S2O3)2]3- + Br-(aq)
AgI(s) + 2CN-(aq) [Ag(CN)2]- + I-(aq)
Também se pode identificar os iões Iodeto por precipitação com
iões de Chumbo ou de Mercúrio:
Pb2+ + 2 I- PbI2 ↓( amarelo)
Hg2+ + 2 I- HgI2 ↓( vermelho)
2-Reacções Redox (Oxidação e redução)
Para a identificação dos iões brometos e iodetos usa-se amostras
contendo os respectivos iões e água de cloro (H2O.Cl2)
O Cloro contido na água de Cloro oxida os iões Br- e I-
Cl2 + 2 Br- CCl4 2 Cl- + Br2 ( castanho)

Cl2 + 2 I- CCl4 2 Cl- + I2 ( violeta)

A identificação dos iões halogenetos decorre no laboratório e


tratando se de substâncias tóxicas deve aplicar as normas de higiene
e segurança. Por exmplo, realizar a experiência no nicho, usar
máscaras anti-gás, usar carvão activado, etc.

Exercícios
Você teve oportunidade de consolidar e aprofundar os
conhecimentos sobre a identificação dos iões halogénios Agora
deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Porque razão na identificação dos iões cloreto e brometo por


processo redox usa-se água de cloro?
92

Auto-avaliação
1- Porque razão o Bromo e o Iodo molecular dissolve-se no
tetracloreto de carbono que é um solvente orgânico e não se
dissolvem em água?
Auto-avaliação

Lei mais sobre os halogénios em:

• GLINKA, N. Química Geral. Vol.1, Editora Mir Moscovo,


Leitura complementar 1984.
• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir Moscovo,
1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.


Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• COTTON, F, Alberto Química inorgânica Livros Técnicos
e Científicos. Editora S. A, 1982.
• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Quimica.vol.3. São Paulo:
Atual, 2000.
• WILSON, Luiz.Química e sociedade. São Paulo: Nova
Geração, 2005.

-Questão no 1: Porque o Cloro gasoso é muito tóxico.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Chave de correcção -Questão no 1: Porque o Bromo e o Iodo são substâncias que


apresentam ligação covalente apolar e o Tetracloreto de carbono
também apresenta propriedades semelhantes.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 93

Resumo da unidade
Nesta unidade você aprendeu que:

• Os halogénios obtiveram este nome, que significa


“geradores de sais”, por ser capazes de atacar os metais,
formando sais típicos

• Os halogénios não ocorrem na Natureza no estado elemetar


porque são muito reactivos;

• Os halogénios representam o grupo que melhor evidência a


variação das propriedades gerais dos elementos ao longo do
grupo;

• Os principais compostos dos halogénios: Halegentos


(iónicos e covalentes) e compostos oxigenados (ácidos);

• Os iões halogenetos podem ser identificados através de


reacções de precipitação/ complexação e reacção redox;

• As medidas de higiene e segurança na obtenção laboratorial


dos halogénios são: a experiência deve ser realizada no
nicho, deve-se usar máscaras e carvão activado.
94

Unidade n° 03

Estudo dos Calcogénios

Introdução
Nesta unidade você estudará os elementos do VI grupo principal da
Tabela Peródica e terá a oportunidade de aplicar os conhecimentos
adquiridos no grupo halogénios de modo a consolidar a capacidade
de relacionar a estrutura atómica dos elementos com as suas
propriedades e aplicações.

Um dos elementos importantes do VI-grupo é o Oxigénio,


substâncias indispensável na respiração dos seres vivos e nas
combustões. A combustão é uma reacção química comum em
diversas situações do nosso quotidiano, por exemplo, parte dos
alimentos que ingerimos é aquecida graças à combustão do gás de
cozinha, lenha ou carvão.

O outro elemento é o Enxofre que tem aplicações em muitas áreas


como na medicina, na agricultura, na indústria, etc. Alguns
compostos de enxofre são responsaveís pelo fenómeno muito
preocupante chamado chuva ácida que nos últimos tempos tem
trazido muitos problemas ambientais. Os gases da chuva ácida
ultapassam fronteiras entre os países e são responsáveis pela
destruição de grandes áreas de florestas e extinção de vidas em
alguns rios e lagos.

Abordará ainda as características gerais dos elementos deste grupo,


as suas principais reacções e os processos pelos quais eles são
produzidos dada a sua importância para o nosso quotidiano.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 95

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Localizar os elementos do VI grupo na Tabela Periódica


com base na estrutura electrónica;

• Descrever as características gerais dos elementos do VI


Objectivos da lição
grupo;

• Interpretar a variação gradual das propriedades dos


elementos do VI grupo com aumento do número atómico;

• Relacionar as propriedades das substâncias em estudo com


as suas aplicações;

• Identificar as modificações alotrópicas fundamentais do


Oxigénio e do Enxofre;

• Mencionar e representar os compostos do Oxigénio e do


Enxofre;

• Descrever as propriedades físicas e químicas dos compostos


do Oxigénio e Enxofre;

• Descrever os princípios gerais de produção do Ácido


sulfúrico na indústria;

• Identificar os iões Sulfureto, Sulfito e Sulfato;

• Aplicar as regras de higiene e segurança ao manipular os


ácidos.
96

Lição no 01
História da descoberta dos
Calcogénios
Ocorrência dos Calcogénios na
Natureza
Características gerais

Introdução
Nesta lição, você vai descrever a história da descoberta dos
calcogénios, a sua ocorrência na natureza e a variação das suas
características gerais ao longo do grupo, pois na introdução desta
unidade atráves de alguns exemplos você compreendeu que os
calcogénios são muito úteis no nosso quotidiano. E como futuro
professor de Química deve ter o domónio desse conhecimento.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos calcogénios;

• Explicar a ocorrência dos calcogénios na natureza;

Objectivos da lição • Interpretar a varição das características gerais dos


calcogénios ao longo do grupo.

a) História da descoberta dos calcogénios


O Oxigénio puro foi obtido pela primeira vez por químico sueco
Carl Wihelm Scheele (1772) e depois pelo britânico Joseph
Priestley em (1774), que o separou a partir do Óxido de mercúrio.
Embora o Schelle tenha conseguido preparar uma amostra de
oxigénio em 1772, atribuiu-se tradicionalmente seu descobridor ao
britânico Joseph Priestley que sintetizou gás em 1774 e publicou
antes de Scheele o resultado de suas experiências.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 97

O priestley fez uma experiência que se tornou interessante em


química. Ele colocou o Óxido vermelho de Mercúrio num recipiente
de vidro no seu laboratório. À medida que a temperatura subia,
observou uma deslubrante reacção química. Libertava-se um gás da
substância aquecida. Ele introduziu alguns ratinhos na atmosfera e
observou que não só respiravam tranquilamente como também
mostravam uma vitalidade excepcional.
O priestley, respirou o gás libertado e sentiu-se leve. A partir de
1775 Antóine Lavoisier estabeleceu as suas propriedades e indicou
o seu papel fundamental nas combustões e na respiração. Coube ao
químico Francês Antoine Lavoisier mostrar que a combustão, a
calcinação dos metais e a respiração são fenómenos relacionados
entre si, pois são todos processos que ocorrem com o oxigénio.
Assim, o Lavoisier deu o nome “Oxigénio” ao elemento descoberto
por Priestley, palavra que dizer " gerador de ácido”.
O Selénio foi descoberto em 1817 por Berzelius.
O Telúrio foi descoberto em 1789, por M. H. Klaproth.
O Polónio foi descoberto em 1898 pelo casal Pièrre e Marie Curie.

d) Ocorrência dos Calcogénios na natureza


O Oxigénio é o elemento mais abundante na crosta terrestre. No
estado livre encontra-se no ar atmosférico, na forma de uma
molecula diatómica.
No estado combinado faz parte da composição da água, minerais,
rochas, e de todas substâncias constituintes dos organismos.

Tabela 6: Composição do ar atmosferico

(Vol%) (Mass.%)
Azoto 78.2 75.5
Oxigénio 20.9 23.2
Gases Nobres 0.9 1.3
98

Tabela 7: Oxigénio na Natureza

Reserva Quantidade em Mt de O2
Crosta terrestre 1,7.1015
Hidrosfera como água e dissolvido 1,2.1012
Atmosfera 1,2.109
Biomassa 1,41.107
Biomassa viva (a superfície) 1,4.106
Biomassa viva (nos oceanos) 0,03.106
Biomassa morta (a superfície) 2,14.106
Biomassa morta (nos oceanos) 10,56.106

O Enxofre: na natureza ocorre na forma elementar em grandes


quantidades em minas de enxofre (enxofre nativo). No estado
combinado ocorre em compostos (sulfuretos e sulfatos), a Galena
(PbS), a Blenda (ZnS) e o brilho de Cobre (Cu2S) que são minérios
valiosos. Ocorre também nos organismos vivos (proteínas a base de
enxofre). Em nosso organismo são encontadas cerca de 100mil
diferentes tipos de proteínas, presentes em músculos, ossos, pele,
tecidos adiposos, cartilagens, tendões, cabelos, unhas, ect.

O Selénio é pouco abundante na natureza. Encontra-se difundido


pela crosta terrestre, quase sempre sob a forma de selenetos,
geralmente acompanhando sulfetos nos seguintes minerais:
Berzelianita: Cu4Se, Tiemanita (HgSe) e Naumanita (Ag2Se). O
selénio livre é encontrado nos resíduos de combustão das pirite
(FeS2), quando se prepara o ácido sulfúrico.

O Telúrio no estado livre é raramente encontrado. Mais


frequentemente encontra-se misturado ao enxofre. Sua ocorrência
mais comum é sob a forma de Telureto. Seus minerais mais
importantes são: Tetradimita (BiTe2S), Hessita (Ag2Te), Calaverita
(AuTe2), Altaíta (PbTe) e Sivanita (AgAuTe2).
O Polónio é raramente encontrado por ser um elemento radiactivo.
Você abordou os conteúdos sobre a radioactividade na Química
geral. Agora em jeito de revisão diga o que é radioactividade? É
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 99

designado radioactividade o fenómeno de emissão por certos


elementos de radiação capaz de penetrar e impressionar as películas
fotográficas. A descoberta da radioactividade desempenhou um
papel muito importante para a determinacao da natureza composta
de átomo e para interpretação da sua estrutura.

e) Características gerais dos elementos do VI-grupo


Os elementos do VI- grupo do sistema periódico são o Oxigénio, o
Enxofre, o Selénio, o Telúrio e o Polónio.

Todos os elementos desse grupo possuem 6 electrões na camada de


valência, dois na orbital “s” e quatro na orbital “p” (configuração
ns2p4).
Os elementos deste grupo manifestam uma valência não só igual a
II, mas também a IV e VI (com a excepção de oxigénio que só
apresenta valência II). Isto deve-se ao facto dos outros elementos do
grupo possuirem o subnível “d” vazio na camada electrónica
exterior, podendo transferir os electrões dos subniveis “s” e “p”,
atrvés da hibridização aumentando o número de electrões
desemparelhados. Os números de oxidação dos elementos desse
grupo variam de -2, +4 e +6.
O oxigénio difere dos demais elementos do grupo por ser o mais
eletronegativo e, portanto, o mais iónico em seus compostos. O
oxigénio pode utilizar orbitais “p” para formar duplas ligações
fortes. Os outros elementos também formam ligações duplas, mas
estas se tornam mais fracas à medida que aumenta o número
atómico. Agora diga porque razão o Enxofre é o elemento que
melhor representa os composto do VIgrupo? Porque este elemento
participa na formação de compostos com valência VI devido a
possibilidade que tem de utilizar o subnível “d” vazio.
100

Tabela 8: Propriedades gerais dos Calcogénios


Símbolo químico O S Se Te Po
Número atómico (Z) 8 16 34 52 84
Configuração 2s22p4 3s23p4 4s24p4 5s25p4 6s26p4
electrónica
Densidade [(g.cm-3)] 1.27 2.07 4.82 6.25 9.19
Energia de Ionização 13.62 10.36 9.75 9.01 ------
(Ei) ev
Electronegatividade 3.5 2.6 2.5 2.1 -------
(EN)
Raio atómico (rA) nm 0.066 0.104 0.117 0.137 0.164
Raio iónico (E2+)nm 0.136 0.182 0.193 0.211 -------
Temperatura de fusão -218.8 119.3 217 449.8 ------
o
C
Temperatura de -183 444.6 685 990 ------
ebulição oC

O Oxigénio no estado elementar


O Oxigénio na sua química mostra estados de oxidaçao negativo.
Os outros elementos do grupo são sólidos com estrutura bastante
complexa e formam compostos com estados de oxidação tanto
negativos como positivos. Por isso o oxigénio é bastante diferente
dos restantes membros do grupo.
O Oxigénio tem número atómico igual a 8, configuração electrónica
1s2 2s2 2p4, Peso atómico (15,9994), Massa molecular-32u.m.a
16
Há 16 isótopos do Oxigénio, sendo que apenas 3 são estáveis: O
(99,762%), 17O (0,038%), 18O (0,200%), sendo o mais abundante o
16
O.
O Oxigénio é um gás incolor, sem cheiro, mais denso do que o ar,
densidade de 1,425 e só se liquefaz a -183ºC, é pouco solúvel em
água e é comburente., Ponto de fusão é igual a –218,4ºC, Ponto de
ebulição é igual a –138ºC. Este gás tem um papel fundamental na
manutenção da vida no planeta, pois dele os seres vivos necessitam
para a respiração.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 101

Variedades Alotrópicas do Oxigénio


Oxigénio e o Enxofre apresentam varidades alotrópicas. você
abordou este conceito no Ensino médio. Agora em jeito de revisão
diga o que é alotropia?
As fórmas alotrópicas do oxigénio são o Oxigénio (O2) e o Ozono
(O3), sendo o O2 a forma mais estável, com energia de dissociação
bastante alta (493kj/mol).

O Ozono (O3)

Propriedades do Ozono

É um gás de cor azulada, cuja a molécula possui três átomos de


oxigénio, tem como massa molecular 48 e é solúvel em água. A sua
solubilidade na água é maior do que a do oxigénio do ar. É um
gente oxidante muito forte e mais reactivo do que o oxigénio. Oxida
todos os metais excepto o ouro e os metais do grupo da platina e
também a maioria dos não-metais:
Ag + O3 Ag2O + O2
K + O3 KO3 Azoteto de potássio.
Ozono separa o iodo a partir da solução do iodeto de prata:
2KI + H2O + O2 I2 + 2KOH + O2
Se se introduzir no ar que contém ozono um papelinho molhado
pelas soluções de KI e amido este torna-se azul. Esta reacção usa-se
para identificar o ozono. Encontra-se na estratosfera entre 10 a
46Km de altura. Em condições normais não estável.
O Ozono é perigoso porque em certos intervalos de concentração é
violento e explosivo.
O Ozono é utilizado na desinfecção, na purificação de água de
esgoto, protecção dos raios ultravioletos.

Formação do Ozono

O Ozono é preparado pela passagem de Oxigénio molecular através


de uma descarga electrica, condensado o produto a 77K e purificado
por destilação fraccionado e liquefação
102

a) O2 radiacao UV O + O ΔDH =+495kj.mol-1


b) O2 + O O3 ΔDH =-105kj.mol-1
c) 3/2O2 O3 ΔDH =+142kj.mol-1

Estrutura do ozono O3.

O Ozono é uma molécula diamagnética angular (ângulo de 116º45’)


formado por três átomos de oxigénio. Tem a forma dum triângulo
isósceles com o átomo central em estado de hibridização sp2.

Fonte: GLINKA (1988)

O comprimento da ligação entre 2 átomos vizinhos é de 127 8 ppm.


Este comprimento de ligação demonstra um carácter de ligação
dupla relativamente acentuado o que corresponde a uma ordem de
ligação de 1:3.
Estes dados e o momento dipolar medido (µ= 0.58 D) demonstram a
existência de uma estrutura híbrida de ressonância.

O Enxofre no estado elementar

O Enxofre (do latim sulphur) é um ametal, sólido de coloração


amarela, mole, frágil, leve, insolúvel em água e relativamente bem
solúvel em Dissulfureto de carbono (CS2) e Benzeno.
Os átomos de Enxofre contêm 6 electrões na camada electrónica
exterior, dois na orbital s e quatro na orbital p. O número de
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 103

electrões desemparelhados no átomo pode aumentar por via de


transferência de electrões do subnível s e p para o subnível d da
camada exterior, neste caso o enxofre além da valência II, também
pode ter IV e VI. Os estados de oxidação comuns de enxofre são: -
2, +4 e +6.
As moléculas do Enxofre podem ser: de S2 até S12 em forma de
cadeias (gasoso, líquido), S8 na forma cíclica (sólido).
32
Há 24 isótopos de Enxofre na Terra. Apenas 4 são estáveis: S
33 34 36
(95,02%), S (0,75%), S (4,21%), S (0.02%). O Enxofre a
pressões ordinárias forma cristais amarelos de densidade 2,07g/cm3
que fundem a temperatura de 112.8ºC. Pela evaporação dos líquidos
onde é solúvel, forma cristais amarelos e transparentes do sistema
rômbico que tem a forma de octaedros e cristais no sistema
monoclínico na forma de agulhas cristalinas amarelo-escuras de
densidade 1.96g/cm3. Estes cristais que se formam fundem a
199,3ºC e são somente estáveis a temperaturas acima de 96ºC. À
baixas temperaturas transforma-se em octaedros do sistema
rômbico.

Quando se aquece o Enxofre até a ebulição ocorrem variações


diferentes e interessantes.
Aos 112,8ºC funde transformando-se num líquido amarelo muito
móvel. Continuando o aquecimento o líquido torna-se vermelho
escuro e a 250ºC torna-se muito viscoso (rompimento das estruturas
anelares e formação de estruturas lineares macro-moleculares.
Acima dos 300ºC torna-se de novo móvel mas a cor permanece
vermelho escuro (rompimento das cadeias com o aquecimento).
104

Aos 444,6ºC o enxofre entra em ebulição, formando vapores


amarelos-alaranjado.
Ao arrefecer o enxofre gradualmente, todos os fenómenos se
sucedem na ordem inversa. Nos vapores de enxofre o aumento de
temperatura conduz a diminuição do número de átomos na
molécula. Entre 800 – 1400ºC, os vapores são compostos
maioritariamente por moléculas S2 e a 1700ºC por átomos S.

Variedades alotrópicas do Enxofre

O Enxofre apresenta duas variedades alotrópicas: O Enxofre


rômbico ou enxofre α e o Enxofre monoclínico ou β. A forma
alotrópica mais estável à temperatura ambiente é o Enxofre
ortorrômbico, devido à sua estrutura cristalina octaédrica.
Os cristais do sistema rômbico e monoclínico são constituídos por
moléculas (S8) com estrutura anelar. As diferenças nas propriedades
entre eles são pois condicionadas pela estrutura e não pelo número
de átomos.

Srômbico Smonoclinico ΔHº= 0,4Kj/mol

O Selénio à temperatura ambiente, encontra-se no estado sólido. É


um semi-condutor e quando exposto a luz ocorre um aumento
brusco da sua condutividade eléctrica.
O Telúrio é cristalino, branco-prateado, e quando na forma pura
apresenta um brilho metálico. É um semi-metal (metalóide), frágil e
facilmente pulverizável. Os compostos do Telúrio são venenosos.
Seres humanos expostos a atmosfera com 0.01 mg/m3 ou menos
com Telúrio adquirem um hálito desagradável e secura na boca.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 105

Intoxicações mais elevadas causam dores de cabeça, vertigens e


sonolência.
O Polónio é um elemento altamente radioativo e tóxico e o seu
manuseio é muito perigoso, seu núcleo é instável, se transforma em
Chumbo, pela emissão de partículas alfa. Os danos directos ocorrem
da absorção de energia pelos tecidos provenientes das partículas
alfas. A baixas temperaturas tem estrutura cúbica e a altas
temperaturas assume uma forma romboédrica. A temperatura
ambiente, o polónio encontra-se no estado sólido.

Exercícios
Você teve oportunidade de consolidar e aprofundar os
conhecimentos sobre a história de descoberta dos calcogénios, sua
ocorrência e as suas características gerais. Agora deve ler
novamente o texto e responder o seguinte:

1. Qual é a fonte mais importante de produção do Oxigénio na


superficie terrestre?

2. Qual é a percentagem volumétrica do Oxigénio no ar


atmosférico?

3. Quem foi que descobriu o Oxigénio? Descreva o experiência


realizada.
106

Auto-avaliação
1-Com base na estrutura dos átomos de Enxofre, Selénio e Telúrio,
indique quais os estados de valência e o número de oxidação típicos
destes elementos.
Exercícios
2-Caracterize o Oxigénio molecular O2, indicando: a) as suas
propriedades químicas; b) a estrutura da sua molécula, segundo o
método das orbitais moleculares; c) as propriedades magnéticas da
molécula. d)Com que substâncias simples é que o oxigénio não
reage directamente? Justifique a sua resposta.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 107

Questão no 1:
É a fotossíntese
6CO2 + 6H2O + E C6H12O6 + 6O2

Chave de correcção
Questão no 2:
20,9%

Questão no 3:
Para responder esta pergunta deve ler novamente o texto sobre a
história de descoberta do Oxigénio e transcrever a resposta para sua
folha de exercício.

Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1:

Com base nesta estrutura de valência ns2np6, os estados de valência


os elementos Enxofre, Selénio e Telúrio são II. IV e VI e
apresetnam os números de oxidação (Nox): -2, +4 e +6.

Questão no 2:

O Oxigénio é reactivo particularmente a temperaturas elevadas, as


suas reacções são fortemente exotérmicas. Reage com metais,
ametais formando composto como: óxidos, ácidos, bases e sais, etc.
108

Lição no 02
Reactividade dos calcogénios
Métodos de obtenção dos
calcogénios
Identificacao dos iões sulfureto,
sulfito e sulfato
Aplicações dos calcogénios
Introdução
Nesta lição , assemelhança da obordagem dos halogénios você irá
explicar a reactividade dos calcogénios, os métodos de obtenção, a
identificação dos iões sulfuretos, sulfito e sulfatos e as aplicações
dos elementos deste grupo. Com já fizemos referência nas lições
anteriores o domínio dos conteúdos é fundamental para ser um bom
professor de Química.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Escrever as principais reacções químicas dos calcogénios;

• Identificar os métodos de obtenção dos calcogénios;

Objectivos da lição • Explicar as reacções de identificação dos iões sulfureto,


sulfito e sulfato;

• Descrever a reactividade dos calcogénios;

• Mencionar as principais aplicações dos calcogénios.


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 109

a) Reactividade dos calcogénios

Reacções de Oxigénio

O Oxigénio é muito reactivo, particularmente a temperaturas


elevadas, as suas reacções são fortemente exotérmicas. Com o
Nitrogénio ele não reage facilmente, se não em condições especiais,
devido a alta energia de dissociação de molécula de N2 (-945
kj/mol).
O Oxigenio é um forte oxidante, é comburente, alimenta a
combustão. É usado nas reacções de combustão como o carvão e os
hidrocarbonetos:
C + O2 CO2
C3H8 + 5O2 3CO2 + 4H2O

Oxigénio + metal

O Oxigénio reage a altas temperaturas com a maioria dos metais


formando óxidos de diferentes tipos
2Mg + O2 2MgO
3Fe + 2 O2 Fe2O4

Oxigénio + não metal

O Oxigénio reage com ametais formando os respectivos óxidos

C + O2 CO2
4P + 5O2 2P2O5

Oxigénio + compostos heteroatómicos:

CH4 + 2 O2 CO2 + 2 H2O

2 NH3 + 3 O2 N2 + 3 H2O
110

Reacções do Enxofre
O Enxofre não reage com água e com ácidos diluídos. O Ácido
sulfúrico (H2SO4) e Nítrico quando concentrado atacam o Enxofre:
S(s) + 2H2SO4(c) 3SO2(s) + 2H2O(aq)
S(s) + 6HNO3(c) H2SO4 + NO2 + 2H2O(aq)
Os álcalis atacam o Enxofre formando sulfetos
2Na + S Na2S
Exemplo da algumas reacções de Enxofre:

Reacções do Selénio e Telúrio

As reacções do Selénio e Telúrio são semelhantes às do Enxofre:

O Telúrio, quando queimado em presença do ar, produz uma chama


azul esverdeada e forma o Dióxido de telúrio (TeO2) como produto.

Exemplo da algumas reacções de Enxofre:

Depois de ler o texto sobre a reactividade dos calcogénios diga


como esta propriedade varia ao longo deste grupo. Para responder
esta pergunta basta ler novamente o texto para identificar o
elemento mias reactivo e que é também o mais electronegativo do
grupo e depois verificar na Tabela periódica como varia a
electronegatividade.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 111

b) Métodos de obtenção dos calcogénios

Na Técnica

O Oxigénio é produzido pela destilação fraccionada do ar líquido


No caso do nosso país é produzido na empresa Mogás localizado na
cidade de Maputo no Bairro do Jardim e é transportado
principalmente no estado líquido.
Electrólise da água: Este método consiste em submeter a água
acção da corrente eléctrica; resultando a separação dos seus dois
elementos constituintes, o Hidrogénio e Oxigénio.
2H2O(l) 2H2(g) + O2(g)
Este processo é muito despendioso porque requer o uso de altas
quantidades de energia eléctrica.

No Laboratório:

No laboratório pode ser obtido a partir da:


1-Aquecimento do Óxido do mercúrio: 2HgO 2Hg + O2(g)
2-Decomposição catalitíca do Peróxido do hidrogénio:
MnO2
2H2O2(l) 2H2O(l) + O2(g)
3-Decomposição térmica de alguns sais, por exemplo:
2KNO3 2KNO2 +O2(g)
2KClO3 2KCl + 3O2
2KMnO4 K2MnO4 + O2 + MnO2
Você consolidou e aprofundou os conhecimentos sobre Oxigénio
por uma substância indispensável na sobrevivência dos seres vivos.
Agora vai estuda o Enxofre também como composto importante
devidos as suas aplicações no quotidiano.

Obtenção do Enxofre

Na Técnica

O Enxofre pode ser obtido pelo Método de Frasch. O Método de


Frasch é um método de fundição do enxofre na profundeza das
minas e recolha a superfície por acção da pressão dado o baixo
ponto de fusão e a baixa densidade do Enxofre.
112

O método Frasch consiste em cavar poços, introduzindo-se nas


rochas sedimentares três tubos concêntricos. Pelo tubo externo é
injetada água superaquecida, destinada a fundir o enxofre em seu
depósito subterrâneo; no tubo de menor diâmetro injeta-se ar sobre
forte pressão (ar comprimido) para forçar o enxofre líquido a subir à
superfície, através da tubulação intermediária.
Processo de Claus – por oxidação do sulfeto de hidrogénio ou
Ustulação de outros sulfetos e posterior redução de SO2 com coque.
2 H2S + O2 2/nSn + 2 H2O ΔDH = -444kj.mol-1
4FeS2 + 11O2 2Fe2O3 + 8SO2
SO2 + C CO2 + S

No laboratório

O Enxofre é obtido por reacções de comporproção entre compostos


contendo o ião Sulfeto e iões Sulfito, Sulfato com produção de
Enxofre coloidal:
Na2SO3 + H2SO4 H2S2O3 + Na2SO4
H2S2O3 H2O + SO2 + S(coloidal)

Reacções de identificação dos iões sulfureto, sulfito e sulfato

(S2-, SO32- e SO42-).


S2- (aq) + Pb2+(aq) PbS ↓(preto)
SO32-(aq) + Ca2+ (aq) CaSO3 ↓ (branco solúvel em HCl)
SO42- (aq) + Ca2+ (aq) CaSO4↓ (branco, insolúvel em HCl)

c)Aplicações dos Calcogénios


O Oxigénio desempenha um papel muito importante na natureza,
participando nos processos vitais mais importantes (respiração),
putrefação e apodrecimento de animais e plantas mortas.
O Oxigénio é aplicado para intensificar diferentes processos
químicos (por exemplo, na produção de ácidos sulfúrico e nítrico,
em alto -forno). Emprega-se na medicina para facilitar a respiração
opressa.
O Enxofre é usado em múltiplos processos industriais como por
exemplo: Produção do H2SO4 para bacterias, fabricação da pólvora,
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 113

produção de sulfitos usados para branquear o papel e como


conservante de bebidas alcóolicas; Produção do Tiossulfato de sódio
utilizado em fotografia como fixador já que dissolve o Brometo de
prata; Produção do Sulfato de magnésio com diversos usos como
laxante, esfoliante ou suplemento nutrivo para plantas. Aplica-se
também na indústria da borracha para a transformação de caucho
(borracha natural). A borracha adquire propriedades valiosas apenas
após ser misturado com enxofre e aquecida até altas temperaturas.
O Enxofre é também aplicado como fungicida, produção de
insecticida (Enxofre flor), produção de fertilizantes fosfatados,
sulfureto de carbono e bálsamos sulfurosos.
O Selénio tem aplicação como semicondutor, rectificador de
fotocelas. Em fotografia é empregado para intensificar e
incrementar as faixas de tonalidades das fotografias em branco e
preto e a durabilidade das imagens.
O Selénio é um antioxidante que ajuda a neutralizar os radicais
livres, estimula o sistema imunológico e intervém no funcionamento
da glândula tiróide. É usado também como um micronutriente para
todas as formas de vida. É encontrado no pão, nos cereais, nos
pescados, nas carnes e nos ovos.
O Telúrio: A maior parte é usada em ligas com outros metais. É
adicionado ao Chumbo para aumentar a sua resistência mecânica,
durabilidade e diminuir a acção corrosiva do Ácido sulfúrico.
Quando adicionado ao aço inoxidável e Cobre torna estes materiais
mais facilmente usináveis.
Também é usado como semicondutores, e como ingredientes em
vidros.
O Polónio é usado como gerador termoelétrico em satélite
artificiais e sondas espaciais. Pequenas quantidades adicionadas às
velas (electródos de ignição de motores de combustão interna)
melhoram o desempenho destes dispositivos.
114

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos sobre a
reactividade dos elementos de VI-grupo, assim como, a escrita e a
interpretação das equações químicas dos calcogénios. Agora deve
ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Como se obtem o Oxigénio no laboratório escolar?

2- Mencione as aplicações dos Enxofre.

Auto-avaliação

1-Explique o processo de identificação do Oxgénio no laboratório?

2- Explique a importância da camada de Ozono na estratosfera.


Exercícios
3-Descreve os processos de identificação das seguintes substâncias
no laboratório: S2-, SO32-, SO42-.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 115

Questão no 1: Obtenção do Oxigénio no laboratório

Decomposição catalitíca do Peróxido do hidrogénio:


MnO2
2H2O2(l) 2H2O(l) + O2(g)
Chave de correcção
2KClO3 ta 2KCl + 3O2 (decomposição térmica)

2KMnO4 ta K2MnO4 + MnO2 + O2(decomposição


térmica)

Questão no 2: O Enxofre é usado em múltiplos processos


industriais como por exemplo: Produção do H2SO4 para bacterias,
fabricação da pólvora, produção de sulfitos usados para branquear
o papel e como conservante de bebidas alcóolicas. É também
aplicado como fungicida, produção de insecticida (enxofre flor),
produção de fertilizantes fosfatados, sulfureto de carbono e
bálsamos sulfurosos.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: O gás produzido é identificado através da prova de


comburência que consiste em introduzir uma alasca encandescente
no tubo contendo o Oxigénio. Este aviva a Alasca porque alimneta
a combustão.

Questão no 2: A camada de Ozono tem a função de obsorve a


radiação ultravioleta (UV) do sol, impedindo que a maior parte dela
atinga a superfície da terra.

Questão no 3:

S2- + Pb PbS ↓(preto)


SO32- + Ca2+ CaSO3 ↓(branco solúvel em HCl)
SO42- + Ca2+ CaSO4 ↓(branco, insolúvel em HCl)
116

Lição no 03
Compostos dos calcogénios
Ciclo de Oxigenio e de Enxofre
Introdução
Nesta lição você irá aplicar os conhecimentos adquiridos na
abordagem dos halogénios sobre as formas de obtenção dos
compostos dos calcogénios e do ciclo de oxigénio e do Enxofre. A
semelhança dos halogénios, os compostos dos elementos do VI
grupo tem muitas aplicações no quotidiano. Por exemplo, os
cmopostos de Enxofre são usados na producao de pomadas,
fungicidas e insecticidas.

Ainda no processo de produção das substâncias pelo ciclo natural,


você saberá explicar, por exemplo, porque o Oxigénio não se esgota
na natureza através da interpretação do seu ciclo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar e nomear os compostos dos elementos do VI


Grupo A

• Escrever e interpretar as equações químicas que traduzem


Objectivos da lição
as propriedades químicas dos compostos dos elementos do
VI Grupo-A.

• Interpretar os ciclos do Oxigénio e do Enxofre;

• Identificar os compostos mais importantes dos elementos do


Grupo A.

a) Compostos dos Calcogénio

Com o hidrogénio – formam compostos do tipo H2X (X=


O,S,Se,Te e Po).
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 117

O Sulfureto de hidrogénio (H2S) é um gás extremamente tóxico. É


obtido no laboratório a partir da reaccao entre Sulfureto de Ferro e
Ácido clorídrico.
Com metais – formam compostos do tipo MnX (X= S,Se,Te; M-
metal e n-valência do calcogénio).
MnS são sulfuretos. MnSe e MnTe selenetos e teluretos
(semelhantes aos sulfuretos). Estes compostos podem ser
preparados, por exemplo, a partir de hidróxidos dos metais com o
sulfureto de hidrogénio:
2 NaOH + H2S Na2S + H2O
Ca(OH)2 + H2S CaS + 2 H2O

Com halogéneos

Formam compostos do tipo XY2, XY4, e XY6 ( X= S, Se, Te, Po; e


Y = F, Cl, Br, I). A capacidade de formar compostos de números de
coordenação elevados diminui na série dos halogéneos de acordo
com a sua capacidade oxidativa.

Oxácidos e sais correspondentes:

Os oxácidos mais importantes são do tipo H2XO3, e H2XO4 (X = S,


Se,Te). Exemplo: H2SO3 e H2SO4.
Os ácidos são obtidos pela reacção dos seus anidridos com a água:
SO2 + H2O H2SO3; SO3 + H2O H2SO4
O H2SO4 é muito importante na indústria química e na química
analítica. Os sais correspondentes são os sulfitos e os sulfatos.
Exemplo: K2SO3; K2SO4, etc.

Genericamente temos: os seguintes sais:

MnSO3; MnSeO3, MnTeO3 (sulfitos, selenitos, teluritos)


MnSO4; MnSeO4, MnTeO4 (sulfatos, selenatos, teluratos)
Em relação aos ácidos você abordou na Química básica que estes
podem ser classificados sob vários critérios. Agora diga o que são
oxiácidos e quais os cuidados que devemos tomar ao manipular os
ácidos? Para responder estas questões você deve procurar ler o
manual de Química básica e Laboratório I.
118

b) Compostos do Oxigénio

Óxidos:
Óxidos são compostos binários nos quais o Oxigénio é o elemento
mais electronegativo. Ex: BaO, H2O, FeO, CO2 , etc.
Os Óxidos constituem um grupo muito numeroso, pois praticamente
todos os elementos químicos formam óxidos (até mesmo gases
nobres ex: XeO3).
Na natureza eles são encontrados com grandes frequências, por
exemplo: Água, Sílica, Gás carbónico, hematite (minério de ferro),
etc. Apenas os compostos oxigenados de fluor como: OF2 e O2F2
não são considerados óxidos mas sim fluoretos de oxigénio porque
o fluor é o mais electronegativo que o oxigénio.

Óxidos metálicos ou básicos


Os Óxidos básicos são formados por metais com números de
oxidação baixos (+1, +2, ou +3). São compostos sólidos iónicos,
apresentam pontos de fusão e ebulição elevados. Os Óxidos de
metais alcalinos e alcalinos-terrosos reagem com água e os demais
óxidos básicos são pouco solúveis em água. Exemplo: Na2O CaO
Al2O3 PbO2

Óxidos ametálicos ou ácidos


Estes óxidos formam ácidos quando reagem com água. Exemplo:
CO2, SO2, SO3 , NO2, NO, N2O5, etc.

Hidróxidos
• MOH; Exemplos: LiOH, NaOH,
• M(OH)2 ; exemplos: Ca(OH)2, Mg(OH)2,…
• M(OH)3; Exemplos: Al(OH)3, Fe(OH)3,…, sendo o M- metal

Peróxidos
O Oxigénio forma com os metais do 1º e 2º grupo os peróxidos:
M2O2 e MO2, respectivamente. Estes reagem com água ou com
ácidos diluídos, produzindo água oxigenada ( H2O2 ).
Ex: Na2O2 + 2H2O 2NaOH + H2O2
Na2O2 + H2SO4(dil) Na2SO4 + H2O2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 119

O Peróxido de hidrogénio é um liquido incolor, e os demais são


sólidos iónicos, nos quais encontramos o anião O22- e nox do
oxigénio nos peróxidos é –1.

Hiperóxidos:
O Oxigénio forma hiperóxidos do tipo MO2 (NaO2, KO2,...) com os
metais do 1º grupo. São óxidos que reagem com água ou com ácidos
diluídos produzindo água oxigenada e libertando o Oxigenio.
Ex: KO2 Superóxido de potássio
2KO2 + 2H2O 2KOH + H2O2 + O2
2KO2 + H2SO4(dil) K2SO4 + H2O2 + O2
Os superóxidos são sólidos iónicos, formados pelos catiões
alcalinos ou alcalinos-terrosos e pelo anião superóxido (O-2), o nox
do oxigénio nos superóxidos é –1/2.

c) Ciclo de Oxigénio

Entende-se por Ciclo do Oxigénio o movimento do oxigénio entre


os seus três reservatórios principais: a atmosfera (os gases que
rodeiam a superfície da terra), a biosfera (os organismos vivos e o
seu ambiente próximo) e a litosfera (a parte sólida exterior da terra).

Este ciclo é mantido por processos geológicos, físicos, hidrológicos


e biológicos, que movem diferentes elementos de um depósito a
outro. O Oxigénio molecular (O2) compõe em cerca de 21% na
atmosfera terrestre. Este gás satisfaz as necessidades de todos os
organismos terrestres que o respiram no seu metabolismo.

O principal factor na produção de Oxigénio é a fotossíntese, que


regula a relação gás carbónico/gás oxigénio na atmosfera.

Caracteristicas do ciclo do Oxigénio


O2+ 4 H+ + 4e- 2 H2O ; UHº = 1,229V. Com este
potencial redox padrão o Oxigénio pode ser considerado um dos
oxidantes mais potentes do ambiente.
O tempo médio de permanência duma molécula de oxigénio
120

resultante da fotossíntese na atmosfera é de cerca de 4500a.


Na série das reacções de consumo de Oxigénio em primeiro lugar
está a respiração, em segundo a oxidação biológica do NH3, em
terceiro lugar a produção antropogénica de energia. Elas não
influenciam quase em nada a reserva em oxigénio, pois que o
aumento da concentração do Dióxido de carbono conduz
imediatamente a activação da fotossíntese que produz oxigénio.
As plantas, mediante o processo da fotossíntese, retiram da
atmosfera o CO2.
6CO2 + 6H2O + E C6H12O6 + 6O2
A oxidação de hidrocarbonetos inclui processos fotoquímicos e
biológicos (microbiais). A erosão oxidativa produz compostos do Fe
(III), sulfatos e dióxidos de carbono.

Esquema1 : Ciclo do Oxigénio

Fonte: www.coladaweb.com

d) Compostos de Enxofre
Na natureza inorgânica e orgânica ocorrem muitos compostos
do enxofre. A tabela que se segue apresenta alguns compostos
de Enxofre.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 121

Tabela 9: Compostos naturais do Enxofre


Estado de Composto
Oxidação
-2 Sulfuretos metálicos e de Hidrogénio
-1 Dissulfetos (pirite, dissulfeto de dimetil, etc.)
0 Enxofre nativo (S8)
+4 Dioxido de enxofre (SO2), ácido sulfuroso
+6 Sulfatos (de cálcio, Magnésio), ácido
sulfúrico, trióxido de Enxofre (S3O), etc.

Reserva global de enxofre

Esfera Quantidade em Mt forma principal


9
Litosfera 12.10 sulfatos
Hidrosfera 1,3.109 Sulfato de Mg e de Ca
Pedosfera 10.106 sulfatos
Biosfera 6.103 Aminoácidos
Atmosfera 15 SO2, H2S e sulfatos

e) O ciclo do enxofre
Depois do Oxigénio o Enxofre é o elemento mais importante para as
reacções com elementos calcofilicos na terra. Além disso ele
constitui um elemento importante dos sistemas biológicos. Em cada
800 átomos do corpo humano existem um átomo de enxofre.
A química ecológica do Enxofre é determinada pelos estados de
oxidação característicos deste elemento (desde -2 até +6).
Consequentemente as suas reacções dominantes são reacções redox.
A actividade antropogénica tem acelerado nos últimos anos o ciclo
biogeoquímico do enxofre na terra (natureza).

Caracteristicas do Ciclo do Enxofre

Na biologia, o Ciclo do Enxofre é o processo pelo qual o Enxofre é


transformado pelos animais e plantas. Em muitos aspectos o Ciclo
do Enxofre assemelha-se ao ciclo do Nitrogénio, exceptuando o
122

input significativo proveniente da litosfera através da actividade


vulcânica e a ausência do processo biológico de fixação do enxofre
da atmosfera à terra ou água.

As proteínas dependem basicamente do Enxofre. O Enxofre é


encontrado no solo em combinações de sais de Sulfato, Sulfetos e
minério (Enxofre nativo). Nas proximidades de vulcões, o Enxofre é
encontrado na sua forma original, razão pela qual há muitas
unidades de exploração nestas regiões.

O Ciclo do Enxofre compreende as seguintes etapas básicas:

a) As plantas absorvem compostos contendo Enxofre além dos


Sulfatos

b) Na produção de Aminoácidos das plantas o Hidrogênio substitui


o Oxigênio na composição dos Sulfatos

c) Os seres vivos se alimentam das plantas

d) Os microorganismos decompõe os Aminoácidos que contêm


Enxofre nos restos de animais e plantas, criando Sulfito de
hidrogênio

e) O Enxofre é extraído do sulfito por bactérias e microorganismos

f) Sulfatos são produzidos pela acção de microorganismos na


combinação do enxofre com o oxigénio.

Descrição do ciclo do Enxofre

O Enxofre é um importante constituinte de alguns aminoácidos,


como a Cisteína, e portanto, não pode faltar para perfeita produção
de proteínas. Em muitos seres vivos, moléculas com átomos desse
elemento, atuam como cofator ("estimulador") de reações químicas
promovidas por enzimas.

Apresenta um ciclo com dois reservatórios: um maior, nos


sedimentos da crosta terrestree outro, menor, na atmosfera.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 123

Nos sedimentos, o enxofre permanece armazenado na forma de


minerais de sulfato. Com a erosão, fica dissolvido na água do solo e
assume a forma iônica de sulfato (SO42-); sendo assim, facilmente
absorvido pelas raízes dos vegetais.

Na atmosfera, o Enxofre existe combinado com o Oxigénio


formando, cerca de 75% dele, o SO2 (Dióxido de enxofre). Outra
parcela está na forma de anidrido sulfídrico (SO3). O gás sulfídrico
(H2S) característico pelo seu cheiro de "ovo podre"- tem vida curta
na atmosfera, apenas de algumas horas, sendo logo transformado
em SO2.

Esses óxidos de enxofre (SO2 e SO3) incorporam-se ao solo com as


chuvas, sendo então transformado em íões Sulfato (SO42-). Podem,
também, ser capturados diretamente pelas folhas das plantas, num
processo chamado de adsorção, para serem usados na fabricação de
aminoácidos.

O único retorno natural do Enxofre para a atmosfera é através da


ação de decompositores que produzem o Gás sulfídrico. As
sulfobactérias realizam o processo inverso, com uma forma de
obtenção de energia para a quimiossíntese.

A contribuição das atividades vulcânicas para o acúmulo de enxofre


na atmosfera é pouco significativa. Maior tem sido a introdução
artificial e humana, por meio da atividade industrial. A queima de
combustíveis fósseis que possuem enxofre em sua composição (3%
no carvão e 0,05% no petróleo), produz SO2 e SO3, aumentando sua
concentração na atmosfera das grandes cidades. Essa fonte é
responsável por 80% da poluição por enxofre. Ambos são, nessas
condições, fortemente irritantes para os olhos e pulmões; além de
contribuir para a formação do smog - mistura de fumaça (smoke, no
inglês) com neblina (fog) -, altamente tóxico, que surge durante as
inversões térmicas.
124

Esquema 2: Ciclo do Enxofre

Fonte: MARTINS. C. & ANDRADE, J. (2002)

Exercícios
Você teve oportunidade aprofundar os conhecimentos sobre de
equações químicas que traduzem as propriedades quimicas dos
compostos dos elementos do VI Grupo e de interpretar os ciclos de
Oxigénio e de Enxofre. Agora deve ler novamente o texto e
responder o seguinte:

1-Quais são os gases que são responsáveis pela chuva ácida?

2-Descreva a estrutura da molécula de H2O e CO2. Porque razão a


molécula da Água é polar?
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 125

Auto-avaliação
1. Como se obtém o Sulfureto do hidrogénio no laboratório? Que
cuidados se deve ter ao produzir esta substância?

2. Explique como se obtém o Ácido sulfúrico na indústria .


Exercícios

3.Complete as seguintes equações químicas: a) H2S + SO2


b) H2SO3 + I2
c) KMnO4 + SO2 + H2O

Lei mais sobre os calcogénios

• GLINKA, N. Química Geral. Vol.1, Editora Mir Moscovo,


1984.
• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir Moscovo,
Leitura complementar 1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.


Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• COTTON, F, Alberto Química inorgânica Livros Técnicos
e Científicos. Editora S. A, 1982.
• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Quimica.vol.3. São Paulo:
Atual, 2000.
126

Questão no 1:
Os gases que provocam a chuva ácida são: CO2, SO2, SO3 e NO2.

Chave de correcção Questão no 2:


Momento dipolar é o produto da carga pela distância entre as
cargas. É uma medida quantitativa da ligação.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1:
Obtenção de H2S no laboratório:
2FeS + 2HCl H2S + FeCl2
Na2S + 2HCl H2S + 2NaCl

Ao produzir o Sulfureto de hidrogénio deve-se realaizar a


experiência no nicho, usar carvão activado e usar máscara porque é
uma substância extremamente tóxica.
Questão no 2:

Actualmente, a preparação do Ácido sulfúrico faz-se principalmente


por processo de Contacto.

SO2 (g) + O2(g) SO3(g)

SO3 + H2O H2SO4(aq)

SO3 + H2SO4 H2S2O7 ( Ácido pirosulfúrico)

H2S2O7 + H20 2 H2SO4 98% ( Ácido sulfúrico)

Questão no 3:

Completando as equações químicas

a) H2S + SO2 2H2O + 3S


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 127

b) 2H2SO3 + I2 2HI + SO3

b) KMnO4 + SO2 + H2O K2SO4 + 2MnO2 + H2S + 5/2O2

Resumo da unidade
Nesta unidade você aprendeu que:

- Atribuiu-se a descoberta do Oxigénio ao britânico Joseph Priestley


que sintetizou gás em 1774 e publicou antes de Scheele o resultado
de suas experiências;

- O Oxigénio é o elemento mais abundante na crosta terrestre e


ocorre na forma livre e combinada;

- Modificações alotrópicas do Oxigénio são: Oxigénio e Ozono e do


Enxofre são: Enxofre rômbico e monoclínico

- Os compostos mais importantes dos calcogénios são: H2O, H2SO4,


H2O2, Na2SO4, etc;

- A principal fonte de produção de Oxigénio é a fotossíntese

- Os Óxiods de enxofre forma chuva ácida que é responsável por


diversos problemas ambientais. Com a acidez elevada, a
fotossíntese torna-se mais lenta, podendo causar a morte das plantas

-A queima de combustíveis fósseis que possuem enxofre em sua


composição, produz SO2 e SO3 que aumenta a sua concentração na
atmosfera das grandes cidades. Essa fonte é responsável por 80% da
poluição por Enxofre.
128

Unidade n° 04
Estudo do grupo do Azoto

Introdução
Nesta unidade, constituida por quatro lições, você vai estudar os
elementos do V grupo principal também designado por grupo do
Azoto. Neste grupo dá-se a continuidade ao estudo das
características dos elementos do grupo principal da Tabela Periódica
iniciado nas uindades anteriores. Durante o estudo poderá observar
que se dá maior enfáse aos elementos Azoto ou Nitrogénio e
Fósforo por ser representantes do grupo.

Em relação ao estudo do Fósforo e do Nitrogénio estabelecerás uma


relacão com aspectos abordados na disciplina de Biologia sobre a
sua ocorrência e a sua importância para os seres vivos. E também
será destacada a importância destes como adubos e os seus efeitos
no ambiente, pois é sabido que o uso de adubo para melhorar o
rendimento agricola é uma prática conhecida a muitos anos.

Você terá também a oportunidade de interpretar os denominados


ciclos biogeoquímicos dos elementos Fósforo e Nitrogénio que são
processos naturais de reciclagem de vários elementos em diferentes
formas químicas do meio ambiente para os organismos e vice-versa.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta e a ocorrência dos


elementos do Vgrupo A;

• Relacionar a estrutura dos átomos dos elementos do V


Objectivos de lição
grupo A com as suas propriedades e aplicações;

• Identificar os elementos que fazem parte do V grupo A;

• Descrever a variação das características gerais dos


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 129

elementos deste grupo A com o aumento do número


atómico;

• Identificar as principais reacções dos elementos V grupo;

• Explicar os métodos de obtenção dos elementos


representativos do V grupo;

• Interpretar os princípios técnicos de produção industrial do


ácido nítrico e do amoníaco;

• Mencionar as aplicações dos diferentes compostos.


130

Lição no 1
História da descoberta dos
elementos do grupo do do V-grupo A
Ocorrência dos elementos do
V-grupo A
Características gerais dos elementos
do V grupo e sua propriedades
físicas.

Introdução

Nesta lição abordarás os conteúdos relativos a história da descoberta


dos elementos do V grupo-A, a sua ocorrência na natureza e as
características gerais, pois o Azoto ou Nitrogénio e Fósforo são
representantes do grupo Estes elementos são fundamentais nos
processos vitais. O Azoto funciona como um gás que cria ambientes
inertes na atmosfera, evitando a ocorrências de reacções de forma
expontânea.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos elementos do V


grupo A;

• Descrever a ocorrência desses elementos na natureza;


Objectivos da lição
• Explicar as características gerais dos elementos que fazem
parte V grupo A.

• Descrever as propriedades físicas dos elementos do Vgrupo.


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 131

a) História da Descoberta dos elementos do V-grupo

Os elementos do V-grupo principal são: Nitrogénio (Azoto),


Fósforo, Arsénio, Antimónio e Bismuto.
O elemento Azoto ou Nitrogénio foi descoberto pelo químico e
físico escocês Daniel Rutherford em 1772. Ele removeu o Oxigénio
e o Dióxido de carbono do ar e verificou que, no gás residual, não
havia combustão ou vida. A ele foi atribuida a descoberta porque foi
o primeiro a publicar suas descobertas, mas, na Grã-Bretanha, os
químicos Joseph Priestley e Henry Cavendish e, na Suécia, Carl
Wilhelm Scheele também descobriram o elemento na mesma época.
Lavoisier, foi o primeiro a reconhecer que se tratava de um
elemento químico independente e a identificá-lo em certos
compostos minerais. E deu-lhe o nome de azoto (do grego a,
“sem”, e zoe, “vida”) em razão de sua incapacidade para manter a
vida e alimentar a combustão.

O elemento Fósforo, do grego phosphóros (fonte de luz), devido à


sua propriedade de brilhar no escuro quando exposto ao ar, foi
descoberto, em 1669, pelo alemão Henning Brand através da
destilação da urina, onde obteve um material que emitia luz, ao qual
ele deu o nome de Fósforo.

O elemento Arsénio, do grego arsenikon (pigmento amarelo) foi


descoberto por Albertus Magnus em 1250, a partir do trissulfeto do
Arsénio (As2S3). O primeiro que o estudou em detalhes foi George
Brandt em 1633, e Johann Schroeder o obteve em 1649 pela acção
do carvão sobre o ácido arsénico. A Jons Jacob Berzelius se devem
as primeiras investigações acerca da composição dos compostos de
Arsénio.

O elemento Antimónio foi descoberto em 1350 por Basílio


Valentim. O antimónio, tal como o arsénio, já era conhecido na
antiguidade, provavelmente só na forma de sulfureto, que era usado
para o escurecimento das pálpebras das mulheres.
132

O elemento Bismuto foi descoberto no século XVIII por


alquimistas desconhecidos e foi confundido durante épocas com o
Estanho e o Chumbo devido a semelhança com os dois elementos.
Claude Geoffroy Junine demonstrou em 1753 que este metal não é o
chumbo, porém um novo elemento metálico.
Aprendeste a histótia de descoberta dos elementos do V-grupo.
Agora diga qual é o significado dos nomes Azoto e Fósforo? Para
responder esta questão você deve ler novamente o texto e partilhar
com um seu colega a sua resposta para verificar se respondeu
acertadamente.

b) Ocorrência dos elementos do V-grupo A

O elemento Azoto: a maior parte do Azoto encontra-se na Natureza


no estado livre, fazendo parte integrante do ar atmosférico (78.2%).
Encontra-se ainda no estado livre em muitos meteoritos, nos gases
de vulcões, nas minas e em algumas fontes minerais, no Sol e nas
estrelas.
No estado combinado encontra-se nas proteinas e aminoácido que
são parte fundamental da composição dos organismos vivos,
encontra-se no solo na forma de sais do ácido nitrico e em diversos
compostos como o Salitre do Chile (NaNO3), que forma as camadas
potentes no litoral do Oceano pacífico, sob a forma de amónia e sais
de amónio; e na água do mar, como iões de amónio (NH4+), nitrito
(NO2-) e nitrato (NO3-).

O elemento Fosfóro: o Fósforo faz parte dos elementos pouco


abundantes. O seu teor na crosta terrestre é cerca de 0,1% (mass).
Devido a sua oxidação fácil, o Fósforo não se encontra na Natureza
no estado livre.
Na forma combinada ocorre na forma de Fosfatos, sendo o
Ortofosfato de cálcio [Ca3(PO4)2] o mais importante. Este forma o
mineral fosforite e encontra-se também no mineral apatite. O
Fósforo faz parte da composição das proteinas de origem vegetal
(sementes) assim como de origem animal (proteinas do leite,
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 133

sangue, tecido cerebral e nervoso), faz parte da composição dos


ossos dos animais superiores, dos ácidos nucléicos (compostos
complexos orgânicos poliméricos, contidos em todos os organismos
vivos, responsáveis pela transmissão hereditária na célula viva),
ligando-se por um lado as bases adenina, citosina, guanina e timina
no ADN ou uracil no ARN través da ligação nucleotídica. Por outro
lado constituem estruturas lipídicas do fósforo com duplo carácter
(hidrófilo e hidrófobo) constituintes das camadas lipídicas duplas
das membranas biológicas.
O Fósforo faz parte da composição do trifosfato de adenosina (ATP)
e compostos similares (CTP, UTP, ADP), que constituem
acumuladores orgânicos de energia nos seres vivos. Cerca de 23%
do esqueleto humano é matéria mineral, dos quais 20% é o conteúdo
de fósforo sob a forma de Ca3(PO4)2. Os nossos dentes são
essencialmente Ca3(PO4)2 e Ca5(PO4) 3OH.
Agora diga porque razão o Fósforo é muito pouco abundante na
Natureza? Para responder esta questão você deve ler novamente o
texto e partilhar com um seu colega a sua resposta para verificar se
respondeu acertadamente.

Tabela 10: Minerais do Fosfato de cálcio

Nome Fórmula Relação PKs


Ca/P
Dihidrogenofosfato de Cálcio Ca(H2PO4)2.H2O 0,5 Solúvel
Brushite CaHPO4.2H2O 1 6,7
Monetite CaHPO4 1 6,7
Octafosfato de cálcio Ca8H2(PO4)6.5H2O 1,33 69
Whitlockite B-Ca3(PO4)2 1,5 29
Hidroxilapatite Ca10(PO4)6.(HO)2 1,67 96
Fluorapatite Ca10(PO4)6F2 1,67 118
134

Tabela 11: Reservas naturais globais do fósforo na terra

Reserva Quantidade em Mt de P
Litosfera 1012
Ainda por explorar 60.103
Solos 16.103
Sedimentos de água doce 10.103
Sedimentos de profundidade 1000.103
Rochas 1012
Hidrosfera 0,12.106
Oceanos 120.103
Água doce 90
Atmosfera 0,1
Biosfera 2.103
Terra 2.103
Oceanos 140

O elemento Arsénio

Raramente encontra-se no estado livre. Encontra-se na natureza,


principalmente, nos compostos com metais ou Enxofre. O teor do
Arsénio na crusta terrestre é 0,0005% (massa).

O elemento Antimónio

Habitualmente, encontra-se na Natureza nos compostos com


Enxofre, na forma de Antimonite (Sb2S3). Ocorre na crosta terrestre
numa percentagem relativamente pequena [0,00005% (massa)].

O elemento Bismuto

O Bismuto é um elemento pouco abundante na natureza, o seu teor


na crosta terrestre é de 0,00002%. Encontra-se tanto no estado livre
como na forma de compostos, no ocre-bismútico (Bi2O3) e
Bismutinite (Bi2S3).
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 135

c) Caracteristicas gerais dos elementos do v-grupo

A semelhança dos grupos tratados nas unidades anteriores, neste


grupo você irá verificar que também as características dos
elementos variam com o aumento do número atómico.

Assim, todos os elementos deste grupo apresentam cinco electrões


na camada mais externa e o estado de oxidação máximo é +5 e o
mínimo -3, encontrando-se também os estados de oxidação -1, +1 e
+3.
-Possuem uma configuração electrónica de valência: ns2np3 (sendo
n = 2, 3, 4, 5 e 6.) .
-Todos os elementos desse grupo são sólidos com excepção do
Nitrogénio que é um gás nas condições ambientais e são não metais
(ametais).
-Devido a electronegatividade relativamente menor em relação aos
elementos do VI e VII grupo principal, a ligação dos elementos do
V-grupo com o Hidrogénio é menos polar. Portanto os compostos
desses elementos com o hidrogénio não formam os iões hidrogénio
na solução aquosa e deste modo não possuem proprieaddes ácidas
mas sim básicas.
-O raio atómico, a densidade, as temperaturas de fusão e ebulição e
a tendência de formar catiões crescem ao longo do grupo, enquanto
a electronegatividade e as propriedades não metálicas decrescem ao
longo do grupo.
-A maioria dos compostos formados pelos elementos do grupo VA é
covalente.
-A remoção dos cinco electrões da camada de valência implica
numa energia de ionização muito elevada, de modo que não se
formam iões M5+. Contudo, os elementos com maior número
atómico (Sb e Bi) podem ser transformados em iões M3+ perdendo
três de seus electrões externos.
-Na série dos compostos hidrogenado, NH3, PH3, AsH3, SbH3, BiH3,
a basicidade diminui, isto é, o NH3 manifesta maior carácter básico.
136

As propriedades acima referidas podem ser resumidas na tabela que


segue.

Tabela 12: Resumo das propriedades gerias dos elementos do V-


grupo
Nomes dos elementos Azoto (N) Fósforo Arsénio Antimónio Bismuto
e os seus símbolos (P) (As) (Sb) (Bi)
químicos
Número atómico 7 15 33 51 83
Estrutura da camada 2s22p3 3s23p3 4s24p3 5s25p3 6s26p3
electrónica exterior do
átomo
Energia de Ionização 14,53 10,49 9,82 8,64 7,3
do átomo (ev)
Electronegatividade 3,07 2,2 2,1 1,8 1,7
relativa
Raio do átomo (nm) 0,071 0,13 0,148 0,161 0,182
Temperatura de fusão, -210,0 44,1* ** 630,5 271,3
o
C
Temperatura de -195,8 257 ** 1634 1550
ebulição, oC
Densidade (g/cm3) 0,813* 1,83* 5,724* 6,68 9,80
* Fósforo branco
** Sublima-se a 615ºC
3* Líquido a -196ºC
4* Arsénio cinzento

Depois de abordar as características dos elementos do Vgrupo


pode explicar como e porque variam as propriedades básicas na
série NH3, PH3, AsH3, SbH3, BiH3. Nesta série vimos que a
basicidade diminui porque o raio atómico aumenta, a energia de
ionização do átomo diminui, a força de atracção entre os átomos
diminui e a tendência de perder o par electrónico diminui.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 137

Propriedades Físicas dos Elementos do V-grupo

O Elemento Azoto: é um gás incolor, sem cheiro, pouco solúvel


em água e menos denso que o ar. É inerte em condições ambientais,
o que garante que o Oxigénio (O2) disperso na atmosfera não
incendeie a vegetação do planeta. É constituído por uma molécula
diatómica com ligaçao tripla entre os átomos.

Os animais, colocados na atmosfera do Azoto, morrem rapidamente,


não devido a venenosidade do azoto, mas sim por causa da ausência
do oxigénio.

O Elemento Fósforo : É um sólido, não-metal, mais denso que a


água, 1.823 Kg/m³, com ponto de fusão igual a 44,15 ºC e ponto de
ebulição de 280,5 ºC. Na forma pura é semitransparente, mole,
brilha no escuro (fosforesce) e oxida-se espontaneamente em
contacto com Oxigénio do ar.

É também um elemento essencial à vida e é por essa razão que se


situa no 11ª lugar na lista dos elementos mais frequentes na crosta
terrestre.

O composto básico de todos os compostos do fósforo na natureza é


o ácido fosfórico H3PO4 (tribásico). Este ácido forma mais de 200
minerais naturais com catiões do Na+, Mg2+ , Ca2+, Al3+, Pb2+, Fe2+,
Fe3+, Mn2+, Cu2+, Zn2+, Th4+, UO22+ e dos lantanídeos.

O Fósforo forma algumas modificações alotrópicas: Fósforo branco,


Fósforo vermelho e Fósforo negro.
138

Fósforo branco

Quando puro, o Fósforo branco é incolor e transparente, insolúvel


em água mas solúvel em Dissulfureto de carbono.
O Fósforo branco é formado por uma rede cristalina, cujas
extremidades ficam situadas as moléculas tetraédricas P4, cuja
estabilidade da ligação é muito pequena. Este facto explica a alta
actividade química do Fósforo branco. O Fósforo branco é
extramente venenoso, em doses pequenas (cerca de 50mg) causa a
morte e é muito inflamável, por isso, deve ser armazenado submerso
em água. Em contacto com a pele provoca queimaduras. A
exposição contínua ao Fósforo provoca a necrose da mandíbula e
inflama espontaneamente em contacto com o oxigénio.
O Fósforo branco é a modificação mais reactiva. Ao ser exposto ao
ar oxida-se muito rapidamente. A combustão lenta produz no escuro
uma luminescência a que também se dá o nome de fosforescência,
dai o nome de “Fosfóro” que deriva da palavra grega “portador de
luz”.
Ao aquecer o Fósforo branco durante muito tempo, sem acesso do
ar a 250-300ºC, ou na presença de luz (reacção lenta) ele
transforma-se noutras modificações do Fósforo de cor vermelho-
violeta (Fósforo vermelho).
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 139

Fósforo vermelho

A sua estrutura ainda não é exactamente esclarecida. Difere muito


do Fósforo branco pelas suas propriedades: Oxida-se muito
lentamente ao ar, não produz luminescência no escuro, inflama-se
apenas a 260ºC, não se dissolve no Dissulfureto de carbono e não é
venenoso. Porém deve ser manuseado com cuidado, já que pode
transformar-se em fósforo branco e produzir emissões de vapores
tóxicos quando aquecido. Sendo menos reactivo que o Fósforo
branco só arde quando inflamado, bastando para isso uma simples
fricção. Por isso é usado no fabrico de fósforo comum.
A mistura do Fósforo vermelho com Clorato de potássio quando
friccionada, aquecida ou pressionada inflama-se e explode:
P4 + 5KClO3 2P2O5 + 5KCl

Fósforo preto

Forma-se a partir do Fósforo branco por aquecimento até 200-220ºC


sob altas pressões, formando uma rede especial (semelhante a da
grafite). Possui brilho metálico e é usado como semi-condutor, é
mais pesado que as restantes modificações.
Agora diga porque razão o fósforo branco é insolúvel em água mas
solúvel em Dissulfureto de carbono e outros solventes orgâncios?
Para responder esta pergunta basta lembrar que o “semelhante
dissolve o semelhante”. Isto é, o Fósforo é uma molécula apolar daí
se que não se dissolve em água porque esta é um molécula polar.

O elemento Arsénio

O Arsénio é insolúvel em água, porém muitos de seus compostos


são solúveis. Tanto o Arsénio livre como os seus compostos são
venenos fortes (um grama de arsénio é veneno suficiente para matar
sete pessoas adultas). A intoxicação por Arsénio, em casos menos
graves provoca o aparecimento de feridas na pele que não
cicatrizam, chegando a um estado mais crítico da contaminação,
onde podem aparecer grandenas, danos a orgãos vitais e até cancer
140

de pele e em casos de ingestão pode levar à morte. O Arsénio


apresenta três estados alotrópicos: cinza ou metálico, amarelo e
negro.

O Arsénio cinza metálico (forma α) é a forma mais estável nas


condições normais e tem estrutura romboédrica; é um bom condutor
de calor.

O Arsénio amarelo (forma γ) é obtido quando o vapor de arsénio é


arrefecido rapidamente. É extremamente volátil e mais reativo que o
arsénio metálico e apresenta fosforescência à temperatura ambiente.
Também se denomina arsénio amarelo o mineral trissulfureto de
arsénio.

Uma terceira forma alotrópica, o arsénio negro (forma β), de


estrutura hexagonal, tem propriedades intermediárias entre as
formas alotrópicas descritas e se obtém da decomposição térmica da
arsina ou resfriamento lento do vapor de arsénio.

Todas as formas alotrópicas, excepto a cinza, não apresentam brilho


metálico e apresentam uma condutibilidade elétrica muito baixa,
comportando-se como metal ou não-metal em função, basicamente,
do seu estado de agregação.

O elemento Antimónio

O símbolo Sb é uma abreviatura do seu nome na língua latina,


(Stibium). Em estado bruto o antimónio é um sólido cristalino,
fundível, quebradiço, de coloração branco-acinzentada e brilho
metálico, sendo bom condutor térmico e elétrico.
O Antimónio ao solidificar-se apresenta uma expansão volumétrica,
característica que o torna muito útil como componente de liga
durante a moldagem de metais. Este elemento semi-metálico
(metalóide) se parece aos metais no aspecto e nas propriedades
físicas.

O Antimónio e muitos de seus compostos são tóxicos. A toxicidade


do Antimónio depende do seu estado químico. O Antimónio
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 141

metálico é relativamente inerte, no entanto a stibnite é altamete


tóxica. O manuseamento do antimónio e dos seus compostos deve
ser feito em ambientes devidamente ventilados para evitar a
contaminação.

O elemento Bismuto

O Bismuto (do alemão "Wismut", "massa branca") é um elemento


químico metálico, trivalente, de cor branco- prateada a avermelhada,
quebradiço e com brilho metálico intenso.
Caracteriza-se pela predominância das propriedades metálicas e
pode ser considerado como metal.
De todos os metais é o que menos conduz a corrente elétrica. Entre
os metais pesados é considerado o menos tóxico. O Bismuto e os
seus sais causam danos moderados ao fígado.
Dissolve-se no ácido nítrico de concetração não muito alta e no
ácido sulfúrico concetrado e quente:
Bi + 4HNO3(dil.) Bi(NO3)3 + NO + 2H2O
2Bi + 6H2SO4(con.) Bi2(SO4)3 + 3SO2 + 6H2O
Depois de ter abordado as propriedades físicas dos elementos do V
grupo diga porque razão o Fósforo brilha no escuro (fosforesce)? O
Fósforo fosforece porque inflama-se espontaneamente em contacto
com o oxigénio do ar.
Porque devemos ter muito cuidade ao manipular Arsénio?
Resposta: Porque o Arsénio tanto livre como os seus compostos
são tóxicos e venenosos.
142

Exercícios
Você teve oportunidade aprofundar os conhecimentos relativos a
história da descoberta dos elementos do V grupo-A, a sua
ocorrência na natureza e as características gerais. Agora deve ler
novamente o texto e responder o seguinte:

1-Numa tabela de duas colunas indique as diferenças entre o


Fósforo branco e vermelho.
2-Porque devemos tomar muito cuidado ao manipular o fósforo
branco?
3-Que cuidados devemos ter ao manipular substâncias tóxicas?

Auto-avaliação
1-Represente a fórmula estrutural dos seguintes compostos: NH3,
NH4+, N2O, HN3 e HNO3. Qual o número de oxidação do azoto em
cada um destes compostos?
Exercícios 2- Descreva a estrutura electrónica da molécula de NO,
baseando-se no método das orbitais moleculares.
3- Quais são as modificações alotrópicas do Fósforo?
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 143

Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre as propriedades físicas do Fósforo e listar
na tabela as propriedades do fósforo branco e vermelho.

Chave de correção Questão no 2: Porque o Fósforo branco é extramente venenoso, em


doses pequenas (cerca de 50mg) causa a morte e é muito
inflamável, por isso, deve ser armazenado submerso em água. E em
contacto com a pele provoca queimaduras.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1:

-3 -4 +1 -1 +5

NH3, NH4+, N2O, HN3 e HNO3

Questão no 2:
144

É paramagnética porque apresenta um electrão desemparelhado

Questão no 3: são fósforo branco, vermelho e negro.


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 145

Lição no 02
Reactividade dos elementos do V-
grupo
Métodos de obtenção dos
elementos do V-gupo
Aplicações dos elementos do V-
grupo

Introdução
Nesta lição você abordará a reactividade dos elementos do Vgrupo
A, os seus métodos de obtenção e as suas principais aplicações. A
semelhança dos halogénios e calcogénios, ao longo do Vgrupo
ocorre a variação das propriedades dos elementos devido a variação
do raio atómico e a electronegatividade. Por isso recomendamos que
aprofunde e aplique os conhecimentos adquiridos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Representar as equações químicas que traduzem a


reatividade dos elementos do V-grupo principal;

• Descrever os métodos de obtenção dos elementos do V-


Objectivos da licção
grupo;

• Relacionar as propriedades dos elementos com as suas


aplicações no dia-a-dia;

a) Reactividade dos elementos do V-grupo


O elemento Azoto: forma uma molecular diatómica que é
quimicamente pouco activo. A actividade reduzida do Azoto
explica-se pela grande estabilidade de suas moléculas. Na molécula
de Azoto, os átomos são ligados pela ligação tripla e a energia de
146

dissociação dessa molécula é muito alta (946kj/mol), verificando-se


a dissociação após o aquecimento muito forte.
Derivando da estrutura electrónica pode-se prever as seguintes
formas de reacção para o Nitrogénio:
1. Ganhar no máximo 3 electrões para atingir a estabilidade;
2. Ceder no máximo 5 electrões para atingir a estabilidade;
3. Compartilhar pares electrónicos para formar a molécula N2.
e apresenta o com comprimento de ligação mais baixo.

Tabela 13: Comprimento de ligação das moléculas no periódo


em se encontra o Nitrogénio
Li2 Be2 B2 C2 N2 O2 F2 Ne2
Ordem 1 0 1 2 3 2 1 0
∆DH(kj/mol) 25 - 298 628 942 494 109 -
I(nm) 2,67 - 0,159 0,131 0,11 0,121 0,142 -

As reacções mais importantes do Nitrogénio são:


I. A síntese do amoníaco
II. A oxidação catalítica
III. A formação do cianeto:
T/ catalisador
Na2CO3 + 4 C + N2 2 NaCN + 3 CO
-A temperatura ambiente, o Nitrogénio reage apenas com Lítio
6 Li + N2 2 Li3N

-Ao ser aquecido, reage com metais (Magnésio, Cálcio, Titánio)


3 Mg + N2 Mg3N2
-O Azoto reage com o Hidrogénio a temperaturas e pressões altas na
presença de catalisador. A altas pressões e baixas temperaturas
forma-se o amoníaco num processo reversível.
N2 + H2 NH3
-O Azoto reage com o Oxigénio às temperaturas (3000-4000ºC). Da
reacção directa com o Oxigénio sob acção de descargas eléctricas
formam-se Óxidos do nitrogénio, alguns dos quais derivam em
ácidos do nitrogénio.
-Também forma a hidrazina (N2H4) pela acção do NaClO sobre o
amoníaco; e o azoteto de hidrogénio (HN3) ou ácido hidrazóico pela
acção do ácido nitroso sobre a solução aquosa de hidrazina.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 147

O elemento Fosfóro

Pela sua estrutura electrónica de valência 3s2p33d0, resultam


ligações semelhantes as que ocorrem no Azoto. Por outro lado,
devido a possibilidade que tem de usar orbitais do subnivel “d”, ele
pode estabelecer mais ligações, nesse contexto ele pode não só
formar compostos semelhantes aos do azoto tais como PH3, PH4+,
RH4+ como também pode formar compostos de maior número de
coordenação tais como o PCl5, PCl6, etc.
O Fósforo livre é muito activo e reage directamente com muitas
substâncias simples, libertando uma grande quantidade de calor.
Estas propriedades são mais bruscas no Fósforo branco, o Fosforo
vermelho reage de modo menos enérgico, o negro, em geral, entra
nas interacções químicas com dificuldades.
O Fósforo combina-se mais facilmente com o oxigénio, halogéneos,
enxofre e muitos metais.
P4 + 3 O2 P4O6 + 2 O2 P4O10
T
P4 + 6 Cl2 4 PCl3 + 4Cl2 4 PCl5
xP4 + yS8 P4S5 ou P4S7 ou P4S10
Oxidantes fortes como o HNO3 oxidam o Fósforo até H3PO4.
O Fósforo reage também com soluções básicas dos metais alcalinos
quando aquecido, formando a fosfina e o hipofosfito:
P4 + 3 KOH + 3 H2O PH3 + KH2PO2.

Reação com halogéneos (produz haletos):

P4 + 6F2 4PF3; P4 + 6Cl2 4PCl3

P4 + 6Br2 4PBr3; P4 + 6I2 4PI3

Com metais forma fosforetos análogos aos nitretos (Ca3P2, Mg3P2,


etc.)

Os elementos Arsénio (As), Antimónio (Sb) e Bismuto (Bi)

Os elementos As, Sb e Bi ardem a alta temperatura, formando


Óxidos (As4O6, Sb4O6 e Bi2O3). Também reagem com o Enxofre e
148

com os halogéneos formando os respectivos compostos (M2S3 e


MX3 ou MX5).

O Arsénio à temperatura ambiente oxida-se muito lentamente e no


aquecimento forte arde, formando o Óxido branco (As2O3) , com
cheiro característico de alho.

Reacção com oxigénio:

4As + 3O2 As4O6; 4As + 5O2 As4O10


À altas temperaturas, reage directamente com muitos elementos. Os
oxidantes fortes transformam-no em ácido arsénico
2As + Cl2 + 8H2O 2H3AsO4 + 10HCl
O Arsénio reage violentamente com o Cloro e quando aquecido
combina com a maioria dos metais para formar o arseneto
correspondente; reage também com o enxofre. Não reage com o
ácido clorídrico na ausência de Oxigénio, porém reage com o Ácido
nítrico aquecido, estando concentrado ou diluído, e com outros
oxidantes como o peróxido de hidrogénio, o ácido perclórico e
outros.

O Antimónio forma compostos com metais (Antimonetos) que


podem ser considerados produtos de substituição do Hidrogénio no
Hidreto de antimónio ou Estibina (SbH3) por átomos dum metal.
À temperatura ambiente é inerte, e queima quando aquecido na
presença do oxigénio. É atacado lentamente pelos ácidos clorídrico
e sulfúrico concentrados a quente. Entretanto, reage rapidamente
com o ácido nítrico diluído, e é prontamente solúvel em Água
régia.
A mistura composta por 1 volume do ácido nítrico e 3 volumes do
ácido clorídrico chama-se Água-régia.
A Água-régia dissolve alguns metais que não reagem com Ácido
nítrico, incluindo o Ouro. Esta reacção explica-se pelo facto do
Ácido nítrico oxidar o Ácido Clorídrico, libertando o Cloro livre e
formando o oxicloreto de Azoto (II) ou cloreto de nitrosilo (NOCl).
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 149

O Cloreto de nitrosilo é um produto intermediário e decompõe-se. O


Cloro “nascente” é composto pelos átomos, o que condiciona a alta
capacidade de oxidação da água-régia.
HNO3 + 3HCl Cl2 + 2H2O + NOCl
2NOCl 2NO + Cl2
Au + HNO3 + 3HCl AuCl3 + NO + 2H2O

Reacção com Oxigénio (aquecido) 4Sb + 3O2 2Sb2O3

Reação com água (aquecido) 2Sb + 3H2O Sb2O3 + 3H2

Reação com halogéneos :

2Sb + 3F2 2SbF3; 2Sb + 3Cl2 2SbCl3

2Sb + 3Br2 2SbBr3; 2Sb + 3I2 2SbI3

O Bismuto não se oxida à temperatura ambiente, embora arde ao


aquecê-lo fortemente, formando o Óxido de Bismuto (Bi2O3). Reage
com os Halogéneos e com o Enxofre com aquecimento.

Reação com oxigénio quando aquecido:

4Bi + 3O2 2Bi2O3

Reação com halogéneos :

2Bi + 3F2 2BiF3; 2Bi + 3Cl2 2BiCl3

2Bi + 3Br2 2BiBr3; 2Bi + 3I2 2BiI3

Reação com ácido:

4Bi + 3O2 + 12HCl 4BiCl3 + 6H2O

Você percebeu que cada elemento do V grupo apresente


reactividade e características específicas. Agora explique
justificando como é que varia a reactividade dos elementos neste
grupo? Para responder esta questão você deve ler novamente o texto
e consultar na Tabela Periódica os valores de electronegatividade
150

dos elementos, onde observará que os mais electronegativos são os


mais reactivos. Isto é, a reactividades diminui ao longo do grupo.

b) Métodos de obtenção dos elementos do V-gupo A

O Azoto ou Nitrogénio:

Na técnica:

-Por destilação fraccionada do ar atmosférico na qual se elimina o


oxigénio da mistura.
-Por extracção química do oxigénio do ar.
(N2 + O2 CO2 + N2), introduz-se na mistura o
carbono

No laboratório

-Pela reacção entre soluções saturadas de compostos do Nitrogénio


com elementos nos estados de oxidação extremos:
NH4Cl + NaNO2 N2 + 2H2O + NaCl
-Decomposição térmica de alguns compostos de Nitrogénio
NH4NO2 N2 + 2H2O
O Fósforo: O Fósforo e seus compostos obtém-se na técnica a
partir dos seus sais fosforites e apatites. Estes inicialmente são
triturados e misturados com areia e carvão e depois aquecidos em
fornos eléctricos sem acesso do ar.

À alta temperatura a areia (SiO2) desloca o anidrido fosfórico


(P2O5), combinando-se com o óxido de cálcio (CaO). Dessa reacção
resulta o silicato de cálcio (CaSiO3) que se funde facilmente.
O Aidrido fosfórico é reduzido pelo Carbono (C) do carvão até ao
Fósforo livre que se liberta na forma de vapores que se condensam
debaixo da Água segundo a equação que se segue:
Ca3(PO4)2 + 3SiO2 3CaSiO3 + P2O5
P2O5 + 5 C P + 5CO
Ca3(PO4)2 + 3SiO2 + 5C 2P + 3CaSiO3 + 5CO
Porque na produção de Fósforo este deve ser condensado debaixo
da água?
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 151

Resposta: Porque o Fósforo em contacto com o Oxigénio do ar


inflama-se espontaneamente.

Os elementos Arsénio (As), Antimónio (Sb) e Bismuto (Bi)


A obtenção dos elementos é feita a base da redução dos seus óxidos
preferencialmente com o Carbono. Também se obtém os elementos
a partir da conversão dos sulfuretos em óxidos e posterior redução
destes pelo Carbono.

O Arsénio obtém-se a partir da arsenopirite (FeAsS) que ao aquece-


lo na atmosfera do ar, forma-se o Óxido de arsénio (III), As2O3, o
qual depois se reduz por carvão (C) até ao arsénio livre.
O Antimónio obtém-se a partir da calcinação ao ar da antimonite,
onde transforma-se no Óxido de Antimónio Sb2O3 e este depois é
reduzido pelo carvão a Antimónio.
2Sb2O3 + 3C → 4Sb + 3CO2

Também pode ser obtido por redução directa do Sulfureto, com


Ferro:

Sb2S3 + 3Fe → 2Sb + 3FeS

c) Aplicações dos Elementos do V-gupo A

O Azoto: é aplicado na síntese do amoníaco, substância a partir da


qual se podem obter muitos compostos (derivados) do nitrogénio,
inorgânicos e orgânicos. São exemplos desses compostos os adubos
azotados e os sais aplicados em produtos de limpeza, entre outros.
Aplica-se também o Nitrogénio no preenchimento das lâmpadas
eléctricas, na bombagem dos líquidos combústiveis e algumas
reacções químicas para criação do meio inerte.
Na indústria alimentícia, é utilizado no estado gasoso para prevenir
a oxidação e o aparecimento de bolores nos alomentos. Na forma
líquido é usado nos sistemas de refrigeração e de congelanto por
este processo manter a textura e o sabor natural dos alimentos.
152

As indústrias metalúrgicas e elétricas recorrem ao nitrogénio para


prevenir a oxidação de certos disperdícios. O carácter estável e a
baixa reatividade do nitrogénio gasoso recomendam o seu emprego
no fabrico de espumas de borracha e plásticos, na obtenção de
aerossóis, etc.

Na medicina, a substância também é largamente aproveitada, por


seu rápido congelamento, como conservante de sangue, sêmen,
tecidos, órgão, medula óssea, bactérias, etc.

O Fósforo vermelho é usado no fabrico de Fósforos de segurança


(acendalhas) ou Fósforos vulgares. O Fósforo fica impregnado na
caixa e a cabeça do palito é composta por uma mistura de
substâncias combustiveis (KClO3, enxofre e compostos como
MnO2, Fe2O3 e que catalisam sua decomposição. É também aplica-
se na produção de semi-condutores como Fosforetos de Gálio (GaP)
e Fosforetos de Índio (InP). É também empregue na produção de
insecticidas e armas Químicas.
Os fosfatos de cálcio e de amónia empregam-se na fabricação de
esmaltes e na indústria farmacêutica.
O Fósforo branco é usado na produção de munições (projecteis,
bombas aéreas e outros) predestinadas para formar as cortinas de
fumaça branca muito espesso produzido na combustão do fósforo.
Aplica-se também para fabricar os preparados fosforoorgânicos,
utilizados como insecticidas muito eficazes.

Os compostos do Arsénio são usados na medicina e na agricultura


como insecticidas. O Óxido de Arsénio (III) é usado no combate
contra roedores.

O antimónio é adicionado a algumas ligas para lhes dar uma


solidez. A partir da liga de Antimónio com Chumbo (5 a 15% de
Sb) são preparadas as placas de acumuladores de Chumbo, chapas e
tubos para indústria química, preparação de placas para baterias,
revestimento de cabos etc.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 153

Os compostos de antimónio são também utilizados na indústria da


borracha e, em pigmentos, na fabricação de vidros. Em pequena
quantidade, seus compostos entram na elaboração de produtos
farmacéuticos.

O Bismuto forma com alguns metais, ligas de Estanho e Cádmio.

É usado para produzir aços resistentes à corrosão e aços rápidos.


Empregado como elemento de ligação para cladear (unir de forma
permanente por laminação a quente) titânio com aço. Também
usado em supercondutores.

Você apredeu as várias aplicações dos elementos do V grupo e seus


compostos. Diga porque o Nitrogénio é usado na bombagem dos
líquidos combústiveis?

Resposta: Porque esta substância é muito estável e impende a


ocerrência de reacções químicas porque cria atmosferas inertes. Isto
é, impede a ocorrência de reacções espontâneas.

Exercícios
Você teve oportunidade aprofundar os conhecimentos relativos a
reactividade dos elementos do Vgrupo A, os seus métodos de
obtenção e as suas principais aplicações. Agora deve ler novamente
o texto e responder o seguinte:

1-Mencione três aplicações do Fósforo branco

2-Como se obtém o Nitrogénio no laboratório escolar?


154

Auto-avaliação
1. Escreva as fórmulas dos compostos que o Hidrogénio
forma com os elementos do V Grupo

Exercícios 2. Dê exemplos de reacções nas quais o Azoto intervém como


oxidante e um exemplo de uma reacção na qual ele actue
como redutor.

Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre as aplicações dos elementos do Vgrupo e
depois partilhar com um seu colega para verificar se respondeu
correctamente.
Chave de correcção
Questão no 2:
NH4Cl + NaNO2 N2 + 2H2O + NaCl

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: NH3- PH3- AsH3- SbH3- BiH3 nesta série o carácter


básico diminui NH3 >PH3> AsH3> SbH3 > BiH3, porque o raio
atómico aumenta, a energia de ionização do átomo diminui, a força
de atracção entre os átomos diminui, a tendência de perder o par
electrónico também diminui.

Questão no 2:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 155

Lição no 03
Compostos de elemento
Nitrogénio

Introdução
Nesta lição você irá identificar e descrever os compostos dos
elementos do V grupo, especificamente os compostos do
Nitrogénio. Como foi referido na introdução desta unidade, o
Nitrogénio e o Fósforo formam compostos muito importantes que
são usados principalmente como fertilizantes. Sabemos que os
fertilizantes são muito importantes no desenvolvimento do sector
agrícola que é a base de desenvolvimento do nosso país.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os compostos do Nitrogénio e Fósforo;

• Descrever as principais características dos compostos de


Nitrogénio e Fósforo;
Objectivos da licção
• Relacionar os processos de produção dos compostos com as
questões ambientais.

a) Compostos dos elementos - Nitrogénio

1-Amoníaco
É um gás incolor, com cheiro forte característico (cheiro de álcali
volátil), tem pontos de fusão (-77,8ºC) e ebulição (-33,4ºC), é muito
bem solúvel em Água, forma molécula dipolar com características
típicas de uma base. O Amoníaco do ponto de vista químico, é
relativamente activo, actuando com muitas substâncias com
propriedades de redução.
O Amoníaco queima em Oxigénio formando água e Nitrogénio ou
Monóxido de nitrogénio (NO) quando a oxidação é completa;
156

4NH3 + 3O2 6H2O + 2N2

O Amoníaco pode entrar em reacções de adição. Esta capacidade


característica explica-se pelo facto de o átomo de Azoto no
amoníaco conservar um par electrónico não-partilhado (actuar como
dador do par electrónico). Com base nesse par ele pode participar na
formação segundo o mecanismo dativo, da quarta ligação covalente
com outros átomos ou iões que possuem as propriedades de
aceitador de electrões.
NH3 + H+ NH4+
A solução aquosa do Amoníaco é designada Hidróxido de Amónio
(NH4OH)
O Amoníaco é obtido no laboratório pela reacção de sais de
amónio com bases, por exemplo o Cloreto de amónio (NH4Cl) com
Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ou Hidróxiodo de potássio.
2NH4Cl + Ca(OH)2 CaCl2 + 2H2O + 2NH3

Na técnica obtém-se o Amoníaco pelo processo de Haber /bosch;

Obtém-se o Amoníaco num forno de contacto, passando uma


mistura de Nitrogénio e Hidrogénio através de uma câmara de
catalisadores, constituídos praticamente de óxidos de Ferro. Usa-se
uma temperatura de cerca de 500oC sob uma pressão de 250
atmoferas e na presença de um catalisador. A reacção é reversível e
é exotérmica.
N2 + 3H2 2NH3 + 92 kj.
Portanto a obtenção de quantidades suficientes de amoníaco foi
possível pela criação de condições ideais para o efeito, como
trabalhar sob altas pressões, a temperatura baixa e na presença de
catalisadores.

Aplicações do Amoníaco

O Amoníaco devido ao facto de transformar-se facilmente a líquido,


mesmo a pressões reduzidas, aplica-se nas diferentes instalações
frigoríficas. É também usado no fabrico de Ácido nitrico, adubos
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 157

(Sulfato de amónio, Nitrato de amónio, Cloreto de amónio, Ureia,


etc), explosivos, combustível para foguetes, plásticos, etc.

2- Nitretos
São compostos que resultam da reacção do Azoto com elementos
mais electropositivos sobretudo metais onde apresenta nox -3.
Exemplo: Li3N; Mg3N2, etc.
3Mg + N2 Mg3N2
Os Nitretos em contacto com a Água sofrem hidrólise completa com
a formação do Amóniaco e uma base:
Mg3N2 + 6H2O 3Mg(OH)2 + 2NH3
3- Hidrazina (N2H4).
É um líquido incolor, solúvel em água, com pontos de fusão (1,4ºC)
e ebulição (113,5ºC). A Hidrazina e todos os seus compostos são
venenosos. É uma molécula com características típicas de uma base.
É estável por ser assimétrica na sua rotação devido aos 2 pares
electrónicos não compartilhados. Por outro lado os pares
electrónicos não-partilhados condicionam a capacidade da
Hidrazina participar em reacções de adição. A Hidrazina obtém-se
pela reacção do Hipoclorito de sódio (NaClO) com a solução
concentrada de Amoníaco formando como produtos secundários a
Água e o Cloreto de sódio.
1a Etapa: NH3 + NaClO NH2Cl + NaOH (reacção
rápido)
2a Etapa: NH3 + NH2Cl + NaOH N2H4 + NaCl + H2O

(reacção lenta). Para se evitar que o N2H4 reage com NH2Cl usa-se a

cola ou gelatina.

Aplicação da Hidrazina

A Hidrazina é um redutor enérgico. No decorrer da sua combustão


no ar ou no Oxigénio liberta-se uma grande quantidade de calor (-
622 kj/mol), por isso é aplicado como parte integrante do
combustível para foguetes.
158

b) Compostos Halogenados do Nitrogénio:


O Azoto forma compostos do tipo NX3 com os halogéneos,
Exemplo: Fluoreto de azoto (NF3), Nitreto de Cloro (NCl3), Nitreto
de Iodo (NI3).
NCl3 + 3H2O 2NH3 + 3HOCl
2NF3 + 3H2O N2O3 + 6HF

c) Óxidos de nitrogénio
O Nitrogénio combina com oxigénio formando uma série de
Óxidos; todos eles podem ser obtidos a partir do Ácido nítrico ou
seus sais. É conveniente classificar os Óxidos de azoto de maneira
tradicional em termos de estado de oxidação de azoto.

Tabela14: Propriedades Físicas dos óxidos de azoto.


N2O NO N2O3 N2O4 N2O5
Estado de oxidação +1 +2 +3 +4 +5
Peso molecular 44 30 76 92 108
P.F/k 182,3 109,5 172,4 261,9 305,6
P.E/k 184,7 121,4 233 a 276 294,3 Sublima
Côr do sólido Incolor Incolor Azul-claro incolor Incolor

1- O Monóxido de dinitrogénio ou óxido nitroso ou


protóxido de Azoto (N2O)
É um gás incolor, com cheiro fraco e sabor doce, pouco solúvel em
água, termodinamicamente instável, porém devido à grande
estabilidade das ligações na molécula, as energias de activação de
reacções que decorrem com a participação dessa substância são
altas.
Portanto a temperatura ambiente o óxido de Azoto (I) é estável.
O monóxido de nitrogénio é obtido pela decomposição térmica do
nitrato de amónio.

NH4NO3 N2O + 2H2O


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 159

Decompõe-se a altas temperaturas em oxigénio e azoto. Não reage


nem com água, nem ácido e nem com bases. Na atmosfera por
acção dos raios ultravioleta decompõe-se formando NO e Azoto.
O N2O existente na atmosfera resulta da acção desnitrificadora dos
microorganismos no solo, que reduzem nitratos e nitritos formando-
se entre outros subprodutos o N2O. Que difunde para a atmosfera.

Aplicações

A respiração em quantidades pequenas de N2O retira a sensibilidade


por isso aplica-se como anestesia misturado com Oxigénio.
As grandes quantidades do Óxido de azoto (I) actuam sobre o
sistema nervoso de modo excitável, por isso, anteriormente teve o
nome de “gás hilariante”.

2- Monóxido de nitrogénio ou Óxido Azótico (NO)


É um gás incolor, dificilmente liquidificável, ferve a (-151,7ºC) e
solidifica-se a (-163,7ºC), pouco solúvel em água e
termodinamicamente instável, porém não se decompõe a
temperatura ambiente visto que as suas moléculas são relativamente
estáveis. Apenas a temperatura acima de 1000ºC, decompõe-se em
Azoto e Oxigénio. Este composto, pertence aos óxidos indiferentes
visto que ele não forma nenhum ácido.
Na atmosfera forma-se devido as descargas eléctricas durante
temporais e reage com o ozono e radicais oxigenados formando
NO2, que por sua vez com a água forma o ácido nítrico. Por isso é
um dos gases causadores das chuvas ácidas.
Lembre-se de ter tratados de chuvas ácidas na terceira unidade ao
abordar os calcogénios. Agora diga quais são as consequências das
chuva ácidas? Para tal, basta voltar a ler o texto e partilhar com um
seu colega a resposta.

Obtenção de Monóxido de nitrogénio (NO)

Na indústria é obtido pela:

1.Oxidação catalítica do Azoto com o Oxigénio a altas temperaturas


160

(3000-4000oC).
N2 + O2 NO
2. Oxidação catalítica do amoníaco a altas temperaturas com
formação de água.
4NH3 + 5O2 4NO + 6H2O + 907kj

No laboratório obtém-se pela reacção de Ácido nítrico (30-35%)


com o Cobre:
3Cu + 8HNO3(dil) 3Cu(NO3)2 + 2NO + 4H2O
O NO possue uma dualidade oxidação-redução: oxida-se sob acção
dos oxidantes fortes, por exemplo em presença do oxigénio do ar.
2NO + O2 2NO2
Ao mesmo tempo, a mistura dos volumes iguais de NO e H2
explode, ao ser aquecida
2NO + 2H2 2NO2 + 2H2O + 665kj

3-O Trioxido de dinitrogénio ou Anidrido nitroso (N2O3)


É um líquido escuro-azulado, que a baixas temperaturas se
decompõe-se em NO e NO2

4-O Pentóxido de dinitrogénio (N2O5)


Representa os cristais brancos, que a temperatura ambiente
gradualmente se decompõem em NO2 e O2. É obtido pela acção do
anidrido fosfórico sobre o ácido nítrico.
O N2O5 é um oxidante muito forte. Muitas substâncias orgânicas ao
entrar em contactar com ele inflamam-se. O N2O5 é bem solúvel em
água com a formação do ácido nítrico.

5-Dióxido de nitrogénio ( NO2)


É um gás de cor castanho, com cheiro forte e venenoso. A sua
respiraçao provoca uma irritação forte das vias respiratórias e pode
levar ao envenenamento sério. Ele condensa facilmente num líquido
avermelhado (a 21ºC), o qual ao ser resfriado gradualmente se torna
mais claro e a -11,2ºC congela-se, formando uma massa cristalina.
Ao aquecer NO2 gasoso, a sua cor intensifica-se até tornar-se quase
negra. Essa alteração da cor com aumento da temperatura é
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 161

acompanhada pela variação da sua massa. O NO2 é considerado o


anidrido do ácido nítrico.
O Dióxido de Nitrogénio é um oxidante muito enérgico. É o
principal responsável pela formação de chuvas ácidas a base do
azoto e contribui para a degradação da camada do Ozono.
Ao dissolver-se na água, reage formando os ácidos nítrico e nitroso:
2NO2 + H2O HNO3 + HNO2
O HNO2 é muito instável e decompõ-se rapidamente:
HNO2 HNO3 + 2NO + H2O
Por isso a reacção do dióxido de azoto com água, especialmente a
quente, praticamente decorre conforme a equação:
6NO2 + 2H2O 4HNO3 + 2NO

Quando a atmosfera é rica em óxidos do azoto ocorre a


possibilidade de se formar o SMOG fotoquímico.

Smog fotoquímico é um tipo de contaminaçao do ar.

Smog designa, em termos genéricos, nevoeiro contaminado por


fumaças. O termo resulta da junção das palavras da língua inglesa
"smoke" (fumaça) e "fog" (nevoeiro).

Na atmosfera é produzido naturalmente pela reacção com o Ozono,


o Oxigénio e radicais oxidantes.
O NO2 obtém-se pela reacção do ácido nítrico com metais pesados
(Cu, Ag) e pela oxidação do NO, bem como pela decomposição
térmica de nitratos de metais pesados.
Cu + 4HNO3(conc) Cu(NO3)2 + 2NO2 + 2H2O

6-Oxácidos do nitrogénio e seus sais:


Ácido nitroso (HNO2)

É um Ácido instável e decompõe-se facilmente formando Ácido


nítrico, NO e Água. Este fenómeno decorrendo na atmosfera resulta
em chuvas ácidas.
3HNO2 HNO3 + 2NO + H2O
O Ácido nitroso obtém-se pela acção do Ácido sulfúrico diluido
sobre a solução de qualquer nitrito:
162

Ba(NO3)2 + H2SO4(dil.) BaSO4 + 2HNO2

Os sais do Ácido nitroso são obtidos por:

Misturas equimolares de NO2 e NO em soluções Básicas

NO2 + NO + 2 KOH → 2 KNO2 + H2O


Também pode ser obtidos por Redução de nitratos
T
2 KNO3 + Pb 2 KNO2 + PbO
2 KNO3 + C 2 KNO2 + CO2
Os sais do Ácido nitroso (nitritos) formam cristais bem solúveis na
Água (excepto o nitrito de prata).

Ácido nítrico HNO3

É um líquido incolor que congela numa massa cristalina


transparente. Ao ser exposto ao ar, “fuma”, visto que os seus
vapores formam com a água (humidade do ar) as gotinhas de
nevoeiro. O Ácido nítrico não é muito estavél, sob influência da luz
decompõe-se gradualmente por isso deve ser guardo em frascos
escuros.
Luz
2 HNO3 2 NO2 + H2O + ½ O2
2 HNO3 O2+ + NO3- + H2O
Quanto mais alta for a temperatura, e quanto mais concetrado for o
Ácido, mais rapidamente ocorre a decomposição. O Dióxido de
azoto que se liberta disssolve-se em ácido e dá a cor parda a ele.
O Ácido nitrico pertence aos ácidos mais fortes e possui uma forte
capacidade de oxidação, oxidando muitos metais. Por exemplo,
o Enxofre ferve no Ácido nítrico oxidando-se à Ácido sulfúrico, o
Fósforo transforma-se em Ácido Fosfórico.
S + 6HNO3(conc) H2SO4 + 6NO2 + 2H2O.
O Ácido nitrico diluido oxida-se até o NO.
O Ácido nítrico ataca quase todos os metais excepto o Ouro,
Platina, Tantalo, Ródio e Irídio, transformando-lhes em nitratos e
alguns em óxidos. O Ácido nítrico quando misturado com Ácido
clorídrico forma-se um oxidade forte. Essa mistura denomina-se
Água-régia.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 163

Água-régia é mistura de HNO3 e HCl nas proporções de três para


um (3:1). As propriedades oxidantes da Água-régia aumentam
devido ao “Cloro” nascente. Esta mistura dissolve os metais que não
reagem com HNO3, incluindo o rei dos metais

Au + HNO3 + HCl AuCl3 + NO + 2H2O

HNO3 + 3HCl Cl2 + 2H2O + NOCl

2NOCl 2NO + Cl2

Nas reacções com ácido concentrado liberta-se de preferência o


NO2. Nas interacções do ácido nítrico diluido com metais pouco
activos (Cu) liberta-se o NO. No caso dos metais activos (Fe, Zn)
forma-se o N2O.
O Ácido nítrico muito diluido reage com metais activos (Zn, Mg,
Al) formando o ião amónio que se combina com ácido formando o
nitrato de amónio.
Cu + 4HNO3(conc) Cu(NO3)2 + 2NO2 + 2H2O
3Cu + 8HNO3(dil) 3Cu(NO3)2 + 2NO + 4H2O
Mg + HNO3(dil) Mg(NO3)2 + N2O + H2O
Zn + HNO3(muito dil.) Zn(NO3)2 + NH4NO3 + H2O
O Ácido nítrico actua sobre muitas substâncias orgânicas de tal
modo que um ou alguns átomos de Hidrogénio na molécula de
composto orgânico são substituidos pelos nitrogrupos NO2. Este
processo chama-se nitração e tem uma grande importância na
química orgânica.
Os sais do Ácido nitrico chamma-se nitratosos mais importantes são
os nitratos de Sódio, Potássio, AmóniO e de Cálcio de grande
importâcia como adubos.

Obtenção industrial do Ácido Nitrico:

Na indústria, é obtido pela oxidação do amoníaco pelo Oxigénio do


ar dando como produtos Água e Azoto livre. Porém se se deixar
passar Amoníaco com o ar sobre catalizador a 750oC ocorre
164

transformação quase completa do NH3 em NO.


4NH3 + 5O2 4NO + 6H2O + 907kj
O NO formado transforma-se facilmente em NO2 que, reagindo com
com Água na presença do Oxigénio do ar, dá o Ácido nítrico.
2NO + O2 2NO2
2NO2 + H2O HNO3 + HNO2
HNO2 HNO3 + 2NO + H2O

Aplicações do HNO3

Aplica-se na preparação de adubos azotados, explosivos e corantes


orgânicos. Serve de oxidante em muitos processos químicos,
emprega-se na preparação do ácido sulfúrico pelo método da nitrosa
e na produção dos vernizes de celulose, películas de cinema, etc.

Algumas estruturas das possíveis ligações do nitrogénio

N2: IN≡NI
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 165

Exercícios
Você teve oportunidade aprofundar os conhecimentos relativos aos
compostos do Nitrogénio: suas propriedade, formas de obtenção e
aplicações. Agora deve ler novamente o texto e responder o
seguinte:

1-Quais são os Óxidos de Nitrogénio? E qual deles é Anidrido do


Ácido nítrico?
2.Como se obtém o Amoníaco laboratorio?

Auto-avaliação

1. Que substância é conhecida por “Água régia”? Que


propriedades apresenta? Escreva a equação da sua reacção com o
Exercícios Ouro.
2.Porque razão só a temperaturas elevadas se conseguem
rendimentos assinaláveis na síntese directa do Óxido de azoto (II) a
partir de N2 e O2?
3.Mencione cinco aplicações do NH3 no quotidiano.
166

-Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre os óxidos de nitrogénio e depois procure
partilhar com um seu colega para verificar se respondeu
correctamente.
Chave de correcção
-Questão no 2: O Amoníaco é obtido no laboratório pela reacção
de sais de amónio com bases fortes, por exemplo o Cloreto de
amónio (NH4Cl) com Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ou de
Hidróxido de Potásio.
2NH4Cl + Ca(OH)2 CaCl2 + 2H2O + 2NH3

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

-Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre ácido nítrico e depois procure partilhar
com um seu colega para verificar se respondeu correctamente.

-Questão no 2: Porque as duas moléculas (O2 e N2) são muito


estáveis e só a temperaturas elevadas é que as moléculas se
decompõe.

-Questão no 3: É usado no fabrico de ácido nitrico, adubos,


explosivos, combustível para foguetes, plásticos, etc.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 167

Lição no 4
Compostos do elemento Fósforo
Ciclos bioquímicos do Nitrogénio
e do Fósforo

Introdução
Nesta lição você irá tratar dos compostos do elemento Fósforo como
representante do grupo. O elemento Fósforo, a semelhança do
Nitrogénio é muito usado no quotidiano e é indispensável porque
faz parte da constiuição dos organismos vivos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os compostos do Fósforo;

• Descrever as principais características dos compostos do


Fósforo;
Objectivos da licção
• Relacionar as propriedades dos diferentes compostos com
as suas aplicações.

• Interpretar os ciclos bioquímicos de Nitrogénio e do


Fósforo

a) Compostos do elemento Fósforo

1-Fosforeto de hidrogénio ou Fosfina (PH3)


A Fosfina é um gás incolor, com cheiro de alho, muito venenoso.
Pode ser obtido, fazendo reagir a quente o Fósforo branco com as
soluções alcalinas, ou pela acção do Ácido clorídrico sobre o
Fosforeto de cálcio (Ca3P2)
P4 (s) + 3NaOH(s) + 3H2O(l) 3NaH2PO2(aq) + PH3
Hipofosfito de Sódio
Ca3P2 + 6HCl 3CaCl2 + 2PH3
168

A Fosfina é um agente redutor forte, reduz muitos sais metálicos aos


metais correspondentes. Durante a sua combustão forma-se o
anidrido fosfórico e Água
PH3 (g) + 2O2 (g) H3PO4 (g)
As propriedades básicas reveladas na Fosfina são mais fracas do que
as do Amoníaco.

Compostos de Fósforo com halogéneos (PF3, PF5, PCl3, PCl5, PI3)


O Fosfóro combina-se directamente com todos os halogénios para
formar dois tipos de haletos, libertando uma grande quantidade de
calor: PX3 e PX5 onde X é halogénio.
Dentre os tri-haletos, o PF3 é o mais estável e inerte quimicamente.
Enquanto o PI3 reage muito lentamente com água. O PCl3 sofre
hidrólise ,formando H3PO3.
PCl3 + 3H2O H3PO3 + 3HCl
Os tri-haletos podem ser obtidos por combinação directa do haleto
com Fósforo sob condições controladas ou pelas reacções de troca:
Ex: O Tricloreto de fósforo obtém-se ao fazer passar o Cloro pelo
Fósforo fundido.
P4(l) + 6Cl2(g) 4PCl3(g)
AsF3 + PCl3 AsCl3 + PF3
Ao deixar passar o Cloro através do Tricloreto de fósforo, obtém-se
o Pentacloreto de fósforo, que pode ser decomposto em Água com
formação do Cloreto de Hidrogénio e ácido Fósfórico.
PCl3(l) + Cl2(g) PCl5(g);
O PCl5 reage com água em dois duas fases formando o Ácido
fosfórico e Ácido clorídrico de acordo com as equações que se
seguem:
PCl5(g) + H2O(l) POCl3 + 2HCl
POCl3 + 3H2O H3PO4 + 3HCl
Os oxi-halogenetos de fósforo (POX) são representados por: POF3,
POCl3, POBr3 e pelos halogenetos mistos que são:POF2Cl; POFCl2,
POF2Br, POIBr2 .
O POCl3 usa-se na química orgânica para substituição do grupo OH
por radical Cloro. A sua forma estrutural é:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 169

||

Cl Cl Cl
3-Oxidos de Fósforo (P2O3 e P2O5)
Óxido de Fósforo (III) ou anidrido fósforoso (P2O3)
São cristais brancos que fundem a 23,8ºC. Possue propriedades de
redutoras. Sob acção da água fria o óxido de Fósforo (III) reage
lentamente com ela, formando o ácido Fosforoso (H3PO3).
O Óxido de Fósforo (III) obtém-se ao oxidar lentamente o Fósforo
ou quando o Fósforo arde no acesso insuficiente de oxigénio.
P4(s) + 3O2 (g) P4O6 P2O3 (anidrido fosforoso)
O P2O3 sob a acção de água fria reage lentamente com ela formando
ácido fosforoso:
P2O3 + 3H2O 2H3PO3

4-Óxido de Fósforo (V) ou anidrido fósforico (P2O5)


Forma-se durante a combustão do Fosforo no ar ou no Oxigénio em
forma duma massa branca volumosa e porosa.
P4 (s) + 5O2 (g) P4O10 P2O5 (anidrido fosfórico)
O Óxido de fósforo (V) combina-se energicamente com a Água por
isso é usado como agente desidratante muito forte. No ar capta a
água, transforma-se rapidamente numa massa difusível do Ácido
metafósforico.
O P2O5 reage com Água transformando-se em Ácido fosfórico:
P2O5 + 3H2O 2H3PO4
Por essa razão, o P2O5 é muito usado para secar gases e para
remover a água dos solventes, isto é desidratante, também chamado
hidroscópico.
170

5-Ácidos de Fósforo
Os ácidos de fósforo podem ser classificados de acordo com o
número formal do átomo de Fósforo.
Nº de Carga Fórmula Nome
+1 H3PO2 Ácido hipofosforoso
+3 HPO2 Ácido metafosforoso
+3 H3PO4 Ácido fosfórico
+3 H3PO3 Ácido ortofosforoso
+4 H4P2O6=H2PO3 Ácido hipofosfórico
+5 HPO3 Ácido fosforoso
+5 H4P2O7 Ácido pirofosforico

Ácido Fósforico ou ortofósforico (H3PO4) forma cristais incolores


transparentes que fundem a 42,35ºC e dissolve-se muito bem em
água. O Ácido fosfórico não pertence aos ácidos fortes, é um ácido
tribásico e forma duas séries de sais: os neutros e os ácidos (com um
ou dois átomos de hidrogénio no radical ácido). Os sais neutros
chamam-se fosfatos e os sais ácidos chamam-se hidrogenofosfatos.
Exemplo: Fosfatos neutros ou fosfatos trisubstituidos (Na3PO4 e
Ca3(PO4)2). Hidrogenofosfatos ou fosfatos bisubstituidos(Na2HPO4
e CaHPO4 ) Dihidrogenofosfatos ou fosfatos monosubstituidos
(NaH2PO4 e Ca(H2PO4)2 ).Os dihidrogenofosfatos são solúveis em
água, os hidrogenofosfatos e os fosfatos neutros são solúveis apenas
os sais dos metais alcalinos e de amónio.

No laboratório, o ácido fosfórico pode ser obtido, oxidando o


Fósforo com ácido nítrico a 30%.
3P + 5HNO3(dil) + 2H2O 3H3PO4 + 5NO
Na indústria, o Ácido Fosfórico pode ser obtido por dois métodos:
• Extractivo: consiste no tratamento dos fosfatos naturais com
ácido sulfúrico. O ácido fosfórico formado é filtrado do sulfato
de cálcio.
Ca3(PO4)2 + 3H2SO4 3CaSO4 + 2H3PO4
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 171

• Térmico: consiste na redução dos fosfatos naturais até ao


fósforo livre com a sua combustão posterior. Depois o anidrido
fosfórico formado dissolve-se em água. O Ácido fosfórico obtido
tem uma alta pureza e concetração elevada e pode dissociar-se de
seguine maneira:
1ªH3PO4 H+ + H2PO4- K1 = 8 x 10-3 ; ∆H1 = -8Kj/mol
2ªH2PO4- HPO42- + H+ K2 = 6 x 10-8 ; ∆H2= -4,2Kj/mol
3ªHPO42- H+ + PO43- K3 = 10-12 ; ∆H3 > ∆H3
Aqui notamos que a energia necessária para remover um protão
aumenta á medida que a carga negativa do ácido aumenta.
O Ácido fosfórico é usado na produção de adubo, na preparação de
reagentes de muitos compostos orgânicos para a criação dos
revestimentos protectores sobre os metais. Os Fosfatos de cálcio e
de amónio empregam-se na fabricação dos esmaltes e na indústria
farmacéutica.

Ácido fosforoso ou ortofosforoso


O Ácido ortofosforoso, H3PO3 obtém-se por hidrólise de PCl3 em
água gelada. A espectroscopia de ressonância magnética do Ácido e
de seus sais, mostra que há um átomo de Hidrogénio directamente
ligado ao fósforo.
PCl3 + 3H2O H3PO3 + 3HCl
Tanto o Ácido fosfórico como os seus sais são agentes redutores
fortes.

6-Fosfatos
Os sais do ácido fosfórico formam os minérios fosforosos dos quais
a apatite 3Ca3(PO4)2CaF2 é o mais importante por ser a fonte de
fósforo, superfosfato e ácido fosfórico.
O Fosfato de amónio é obtido pela reacção do ácido fosfórico com
amoniáco. Dependendo do grau de neutralização, forma-se
hidrogenofosfato de amónio.
H3PO4 + NH3 NH4H2PO4
2H3PO4 + 2NH3 2NH4HPO4 + H2
Os fosfatos hidrolizam-se nas soluções aquosas.
172

Em suma, o Fósforo a semelhança do Nitrogénio forma vários


compostos importantes. Agora transcreve para sua folhas todos os
compostos de fósforo. Para tal basta ler novamente o texto para
identificar os diferentes compostos de fósforo.

b) Ciclos bioquímicos do Nitrogénio e do Fósforo

Fixação do Azoto Atmosférico é o processo no qual o Nitrogénio é


transformado em formas assimiláveis pelas plantas.

O Nitrogénio é um dos elementos indispensáveis à vida. Faz parte


das proteinas que forma os tecidos animais. No entanto as plantas
(com raras excepções) e animais não podem utilizar o nitrogénio
diretamente da atmosfera. Em contrapartida os animais são
incapazes de assimilar o Nitrogénio livre ou proveniente de
compostos inorgânicos. Portanto, os animais retiram o Nitrogénio
de outros animais ou das plantas, por exemplo na forma de proteinas
elaboradas por plantas ou outros animais. Por isso, a existência de
animais depende completamente das plantas.

As plantas recebem o Azoto a partir do solo, onde ele se encontra,


principalmente na forma dos diferentes compostos orgânicos que se
transformam gradualmente nos compostos inorgânicos (sais de
ácido nítrico e de amónio-Nitratos e nitritos). Esses sais
dissolvendo-se na água e são absorvidos pelas raízes das plantas e
depois, são transformados em proteínas na céluas das plantas.
O solo, habitualmente, contém quantidades insignificantes de
Azoto, por ser continuamente extraido dele pelas plantas. Deste
modo, o solo esgota-se tornando-se cada vez menos fértil. Portanto
para obter as boas colheitas é necessário compensar continuamente
a falta de Azoto no solo introduzindo nele diferentes adubos
azotados. Pode-se também compesar a falta de Azoto através de
outros processos naturais:
• As descargas electricas dão origem a óxidos de Azoto que
reagem com água formando o ácido nítrico, que é conduzido pela
chuva ao solo, onde forma nitratos.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 173

• Outra forma de fixação do nitrogénio pode ser observada em dois


tipos de bactérias: (1) as do gênero Rhizobium nitrobacterias),
que se alojam nos nódulos das raízes das leguminosas
provocando a formação de inchaços característicos (tubérculos).
Estas bactérias asssimilando o Azoto atmosférico transformam-
no nos compostos azotados e as plantas, por sua vez,
transformam as últimass em proteinas e outras substâncias
compostas. (2) as saprófitas (Azotobacter e Clostridium) que
combinam o nitrogénio atmosférico com carbohidratos.

Esquema 3: Ciclo microbial do Nitrogénio (Azoto)

Descrição do ciclo de Nitrogénio


Durante a putrefação das substâncias orgânicas (decomposição de
restos animais e vegetais), o Nitrogénio dos mesmos se transforma
principalmente em amónia (amonificação), por acção das bactérias
amonificantes. A Amónia formada pode ser atacada pelas bactérias
nitrificantes que se encontram no solo, para produzir nitrito. Este,
sob a acção das Nitrobacter ou por reacção com os carbonatos do
solo, por exemplo o carbonato de cálcio passa a nitratos. Durante a
putrefação uma parte de Azoto sempre liberta-se no estado livre à
atmosfera.

O azoto livre liberta-se também durante a inflamação dos


174

compostos orgânicos, a combustão da madeira, hulha e turfa.

Existem também as bactérias, as quais, sendo o acesso do ar


insuficiente, podem tirar o Oxigénio dos nitratos (redução dos
nitratos), destruindo-os com libertação do azoto livre (as bactérias
desnitrificantes). Assim uma parte de Azoto que entrava na
composição das plantas mortas, volta para o solo, e a outra liberta-
se no estado livre.

Esquema 3: Ciclo do Azoto na natureza

Descrição do ciclo do Fósforo

O ciclo do Fósforo é representativo de todos os ciclos de nutrientes


minerais que tenham origem em rochas ou minerais.
O Fósforo existe em várias rochas e minerais sob a forma de ião
fosfato (PO4-3). À medida que a rocha é degradada, o fosfato e
outros iões são libertados. Os iões fosfato dissolvem-se na água,
mas não vão para a atmosfera.
As plantas absorvem o fosfato do solo. Durante a absorção desse
elemento, os vegetais sintetizam compostos orgânicos elaborados
(por exemplo: aminoácidos, proteínas e ácidos nucléicos). Quando o
fosfato se liga a compostos orgânicos, é denominado Fosfato
orgânico.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 175

Através das cadeias alimentares (fluxo de matéria e energia), o


fosfato orgânico é transferido dos produtores para os restantes seres
vivos do ecossistema.
Os compostos orgânicos contendo fosfato podem ser decompostos
na respiração celular, libertando fosfato na urina ou noutras
excreções. Também pela acção dos agentes decompositores sob a
matéria morta (animal e vegetal) resultando em detritos orgânicos
esse elemento retorna para o solo, donde pode ser reabsorvido pelas
plantas na forma do ião fosfato iniciando novo ciclo.
Portanto, o ciclo do Fósforo, pode ser dividido em duas escalas
temporais: uma de curta duração, dependente das relações
ecológicas entre os seres vivos; e outra de longa duração
envolvendo os aspectos abióticos do ambiente.

Esquema 5: Ciclo do Fosforo

Fonte: www.profpc.com.br/
176

Exercícios

Você teve oportunidade aprofundar os conhecimentos relativos aos


ciclos bioquímicos de Azoto e Fósforo: Agora deve ler novamente o
texto e responder o seguinte:

1.Que compostos de azoto podem ser obtidos através da fixação do


Azoto atmosférico? Transcreva as reacções da sua obtenção e
indique as condições em que elas decorrem.

2.Porque se deve ter muito cuidado ao manipular a Fosfina?

Auto-avaliação

1.Será que se pode utilizar o H2SO4 ou o P2O5 como exsicadores do


Amoníaco gasoso? Justifique a resposta.
Exercícios 2.Conclua as seguintes equações quimicas:
a) P + HNO3(conc.)

b) Mg3P2 + HCl

c) P + Cl2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 177

Questão no 1:

Chave de correcção

Questão no 2: A fosfina é um gás incolor, com cheiro de alho e


muito venenoso.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: P2O5 combina-se energeticamente com água e


aplica-se como agente desidratante muito forte. Ao ar capta água
transformando-se rapidamente numa massa difusível do ácido meta
fosfórico.

Questão no 2

d) P + 5HNO3(conc.) H3PO4 + 5NO2 + H2O

e) Mg3P2 + 6HCl 3MgCl2 + 2PH3

f) 2P + 3Cl2 2PCl3
178

Lei mais sobre os elementos do quinto grupo em:

• GLINKA, N. Química Geral. Vol.1, Editora Mir


Moscovo, 1984.
• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir
Moscovo, 1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.

Leitura complementar Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• COTTON, F, Alberto Química inorgânica Livros
Técnicos e Científicos. Editora S. A, 1982.
• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Quimica.vol.3. São Paulo:
Atual, 2000.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 179

Resumo da Unidade
-História da descoberta dos elementos do V-grupo: O elemento
Azoto foi descoberto pelo químico e físico escocês Daniel
Rutherford em 1772. Lavoisier, foi o primeiro a reconhecer que se
tratava de um elemento químico e deu o nome de Azoto do grego
“sem vida”;

-O elemento Fósforo, do grego phosphóros “fonte de luz”, devido à


sua propriedade de brilhar no escuro quando exposto ao ar, foi
descoberto, em 1669, pelo alemão Henning;

- Ocorrência dos elementos do V-grupo A : O elemento Azoto


parte integrante do ar atmosférico (78.2%). Encontra-se ainda no
estado livre em muitos meteoritos, nos gases de vulcões, nas minas
e em algumas fontes minerais, no Sol e nas estrelas. No estado
combinado encontra-se nas proteinas e aminoácido que são parte
fundamental da composição dos organismos vivos;

O elemento Fósforo faz parte dos elementos pouco abundantes. O


seu teor na crosta terrestre é cerca de 0,1% (mass). Devido a sua
oxidação fácil, não se encontra na Natureza no estado livre. Na
forma combinada ocorre na forma de Fosfatos, faz parte da
composição das proteinas de origem vegetal (sementes) assim como
de origem animal (proteinas do leite, sangue, tecido cerebral e
nervoso), faz parte da composição dos ossos dos animais superiores,
dos ácidos nucléicos no ADN, ARN través da ligação nucleotídica;

-As variedades alotrópicas do Fósfora são: Fósforo branco,


vermelho e preto;

- Principais composto de Nitrogénio são: NO2, NH3, N2H4, HNO3,


NaNO3;

- Principais composto de Fósforo são: P2O3, P5O2, PH3, H3PO4,


Ca5(PO4)2;
180

-O ciclo de Nitrogénio é caracterizado pelos processo de nitrificação


e desnitrificação;
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 181

Unidade n° 05
Estudo do grupo carbono

Introdução
Esta unidade tem um total de três aulas e você vai aplicar os
conhecimentos adquiridos nos capítulos anteriores sobre a variação
das propriedades periódicas dos elementos ao estudar o IV grupo
principal também designados por do grupo do Carbono. Nela
tratarás da história da descoberta, da ocorrência, das principais
características dos elementos, as principais reacções químicas, as
possibilidades de obtenção e as aplicações dos compostos mais
importantes deste grupo.

Os elementos do grupo IVA são distinguidos pela configuração da


camada de valência ns2np2. Tem como elemento principal, o
carbono, o mais importante elemento para os seres vivos, sendo um
constituinte essencial da matéria viva, como proteínas,
carbohidratos e gorduras. Um dos seus compostos é o dióxido de
carbono, também conhecido como gás carbônico, fundamental para
a fotossíntese e muito usado na gaseficação de bebidas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Descrever a história de descoberta dos elementos do IV grupo


principal;

• Explicar a ocorrência dos elementos do IV grupo principal;


Objectivos
• Descrever as principais características dos elementos deste
grupo e dos seus compostos;

• Identificar os principais compostos dos representantes deste


grupo;

• Descrever as aplicações dos compostos mais importantes deste


grupo.
182

Lição no 01
História da descoberta dos
elementos do IV-grupo
Ocorrência dos elementos do IV-
grupo
Caracteristicas gerais dos
elementos do IV-grupo

Introdução
Nesta liçãos você vai conhecer a história da descoberta dos
elementos do IV grupo principal, a sua ocorrência e as suas
características gerais.

O Carbono pela numerosidade e variedade de seus compostos ocupa


uma posição muito especial entre todos os outros elementos deste
grupo.
O número de compostos do carbono actualmente estudados é cerca
de dois milhões, enquanto o número de compostos de todos os
outros elementos é aproximadamente as centenas de milhares.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos elementos deste


grupo

Objectivos da licção • Descrever a ocorrência dos elementos do grupo

• Explicar a variação das características dos elementos do


grupo
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 183

a) História da Descoberta dos elementos do IV grupo A

Silício: Foi isolado pela primeira vez em 1823 por Jons Jacob
Berzelius, através da redução de K2SiF6, com Potássio fundido.

Germânio: Foi descoberto em 1886 pelo químico alemão Clemens


Winkler quando analisava um mineral na mina de Himmelsfurst
(Freiberg, Alemanha). aproximadamente em 1871 Dmitri
Mendeleiv já tinha previsto o germânio e o chamou Eka-silício
“após o Silício”. Ele possui o número atômico 32 e massa atómica
72,59.

Estanho: Seu nome, deriva do latim stagnum, que significa durável.


O Estanho é usado desde a antiguidade na forma de suas ligas de
Cobre -bronze para a produção de armas e utensílios de bronze. Até
então, era utilizado só em ligas e foi por volta de 600 aC que foi
usado puro. Ele é um dos metais mais antigos.

Chumbo: Estudos históricos mostram que há vestígios desse


elemento desde os anos 3800 a.C. Sua exploração foi iniciada pelos
Ingleses por volta de 700 d.C, juntamente com a prata, na Boêmia.
Na Grã-Betanha, a partir do século XVII, principalmente nas
regiões de Derbyshire e Gales as indústrias de fundições deste metal
prosperaram. É encontrado na composição dos bronzes primitivos,
em estátuas que datam de 300 a.C. Este, antigamente era
confundido com o estanho.

b) Ocorrência dos elementos do IV-grupo-A

O Carbono encontra-se na natureza tanto no estado livre como na


forma de numerosos compostos. O Carbono livre existe na forma de
diamante, grafite e carvão. Na forma de combinada ocorre na forma
de Dióxido de carbono da atmosfera, Dióxido de carbono dissolvido
nas águas dos rios, mares e oceano, hulha fósssil, petróleo, gás
natural, sais de carbono como a calcita (CaCO3), Magnesita
(MgCO3) e Dolomita (MgCO3.CaCO3).
O Carbono é um constituinte essencial de toda a matéria viva, como
proteínas, carbohidratos e gorduras. O elemento Carbono entra em
184

todos os processos dinâmicos da biosfera.

O Silicio é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre


(27,7% em abundância na crosta terrestre), e é o elemento principal
do reino mineral. Não é encontrado em sua forma livre na natureza,
mas em grande quantidade nas rochas, como silicatos
principalmente na forma de Aluminosilicatos como o feldspato, a
mica e o caulino e numa grande variedade de silicatos e argilas, ou
então como Dióxido de silício (SiO2-) na forma de quartzo ou
finamente dividido na forma de areia.
O teor de Silício na maioria dos organismos é muito pequeno.
Porém alguns organismos marinhos como, as radiolárias, as
esponjas silícicas e as algas diatomites acumulam grandes
quantidades de Silício. Seus compostos também estão presentes na
atmosfera, em muitas plantas, na água e nos ossos.

O Germânio: é um elemento raro e dificilmente encontrado na


natureza na forma pura. Em geral ocorre como argirodita (Sulfeto de
Germânio e Prata, GeS2·4Ag2S), Germanita (Sulfeto de Cobre,
Ferro e Germânio, Cu13Fe2Ge2S16, 69 % de Ge) e também em
minerais de Zinco, Prata e no carvão mineral. Em minérios de
Zinco, ocorre na exenita, aparecem vestígios nas cinzas de carvão e
de petróleo. O teor total de germânio na crosta terreste é de
0,0007% (mass). Os seus depósitos mais importantes são de
Tsumeb (Namíbia) e Katanga (RDC) que contém 5 a 8% deste
elemento.

Estanho e Chumbo são relativamente pouco abundantes, porém


eles ocorrem em minérios concentrados, permitindo uma obtenção
fácil. Todos eles ocorrem basicamente na forma de Óxidos e
Sulfetos. O principal minério de Estanho é a pedra de Estanho ou a
Cassiterite (SnO2), de massa (Sn – 0,04%) na crosta terrestre, sendo
o menos importante a estanita (Cu2FeSnS4). O Estanho tem sido
encontrado livre na Sibéria e Bolívia, o seu teor na crosta terrestre é
cerca de 0,4%mass.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 185

O principal minério do Chumbo é a galena (PbS-86,6% deste


metal). Os outros minérios de Chumbo de menor importância são:
anglesita (PbSO4); cerussite (PbCO3) de (Pb – 0,0015% de massa)
na crosta terrestre; mínio (Pb3O4); crocoisita (PbCrO4); e, em menor
quantidade a Walfenita (PbMoO4) e a Piromorfita
[PbCl2.3Pb3(PO4)2]. Os seus minérios não são muito comuns na
natureza. O teor de chumbo na crosta terrestre constitui 0,0016%.
Depois de ler o texto sobre a descoberta e ocorrência dos elementos
do IV grupo, agora diga porque é proibido a venda de combustíveis
contendo chumbo?
Resposta: Porque o Chumbo é um metal muito tóxico.

c) Caracteristicas gerais dos elementos do IV-grupo

O grupo é composto pelos elementos Carbono (C), Silício (Si),


Germânio (Ge), Estanho (Sn) e Chumbo (Pb).

Os elementos do grupo apresentam configuração eletrónica da


camada de valência igual a ns2np2 e todos formam compostos com
números de oxidação iguais a -2, +2 e +4, sendo os números de
oxidação caracteristicos +2 e +4.

A medida que se desce no grupo do carbono ao Chumbo aumenta o


tamanho dos átomos, diminuindo a capacidade de captar os
electrões, e, por conseguinte, propriedades não metálicas diminui,
aumentando a facilidade de perder os electrões. Isto é, aumentam as
propriedades metálicas.
Os dois primeiros membros deste grupo são não metais, o germânio
é considerado semi metal, o estanho e o Chumbo são os metais.
Os compostos do C e do Si em que o elemento ocorre no estado de
oxidação +2 são pouco numerosos e relativamente instáveis.

O Carbono é o elemento de maior destaque devido a sua grande


quantidade de compostos orgânicos. Outro elemento relevante deste
grupo, pois existe em abundância, é o silício. Agora observa a tabela
que se segue e procure explicar a variação das características dos
elementos.
186
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 187

Tabela 15 : Variação das propriedades dos elementos do IV


grupo ao longo do grupo

Nome Carbono Silício Germânio Estanho Chumbo


Símbolo C Si Ge Sn Pb
Nº atómico 6 14 32 50 82
Conf. Electrónica [He]2s222 [Ne]3s23p2 [Ar]4s24p2 [kr]5s25p2 [Xe]6s26p2
P.atómico 12,01 28,08 72,53 118,69 207,19
EI (ev) 11,26 8,15 7,90 7,3 7,42
EN 2,5 1,8 1,8 1,8 1,9
rA (nm) 0,077 0,134 0,139 0,15 0,175
Pf(ºC) 3750 1420 936 231,9 327,4
Po(ºC) 4830 3300 2850 2620 1745
Densidade 2,26 2,33 5,32 7,29 11,34
Electonegatividade 2,5 1,8 1,8 1,8 1,8
Calor específico 0,165 0,162 0,073 0,054 0,031
(cal/gº C)
P. Ionização 260 188 187 169 171
(Kcal/g.mol)
Volume atómico 5,3 12,1 13,6 16,3 18,3
(m/d)
Raio atómico (Ầ) 0,914 1,32 1,37 1,62 1,75
Raio iónico 2,60(-4) 2,71(-1) 0,93(+2) 1,12(+2) 1,20(+2)
0,15(+4) 0,41(+4) 0,53(+4) 0,71(+4) 0,84(+4)
R. Covalente (Ầ) 0,77 1,11 1,22 1,41 1,47

1-Estados de oxidação e tipos de ligação

O Carbono difere dos demais elementos do grupo por vários


motivos. O principal deles é a sua capacidade de se ligar a vários
outros átomos de carbono, formando enormes cadeias (catenação).
Isso porque as ligações C-C são fortes, e as ligações Si-Si, Ge-Ge e
Sn-Sn diminuem progressivamente de energia. Além disso, o
carbono é o único capaz de formar ligações múltiplas (simples,
duplas e triplas). Os demais elementos do grupo dificilmente
188

formam ligações múltiplas, principalmente porque seus orbitais


atómicos são muito grandes e difusos para permitir uma interação
efectiva. Entretanto, eles podem utilizar orbitais “d” para formar
estas ligações, principalmente entre Si e N e entre Si e O.

Há um decréscimo da estabilidade do estado de oxidação +4 e um


aumento da estabilidade do estado de oxidação +2.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 189

2-Energias de ionização

As energias de ionização decrescem do C para o Si e a seguir


variam de forma irregular por causa dos efeitos do preenchimento
dos subníveis d e f. A quantidade de energia necessária para ionizar
um átomo desse grupo é muito alta e, por isso, compostos iónicos
simples são raros. O único ião metálico significativo é o Pb2+.

3-Pontos de fusão

Todos os elementos do grupo IVA têm um retículo do tipo do


diamante, e a fusão requer uma energia muito grande para romper as
ligações covalentes fortes existentes nesse retículo. Os pontos de
fusão decrescem de cima para baixo porque as ligações M-M se
tornam mais fracas à medida que os átomos aumentam de tamanho.
Sn e Pb são metálicos e têm pontos de fusão baixos, porque eles não
aproveitam todos os quatro electrões externos na ligação (efeito do
par inerte), contribuindo para a formação de uma ligação menos
forte.

d) Propriedades físicas
Carbono: o Carbono é um não-metal, caracteriza-se por apresentar
diferentes estados alotrópicos (diamante e Grafite) e participar em
todos os compostos orgânicos.
A variedade dos compostos do carbono explica-se pela capacidade
de seus átomos de se ligar entre si com formação das cadeias ou
aneis compridos. Por isso as duas características químicas
fundamentais do elemento são a tetravalência, em virtude da qual
cada um de seus átomos pode unir-se com outros quatro e sua
capacidade de estabelecer ligações covalentes – de electrões
partilhados – entre os próprios átomos de carbono. Em
conseqüência dessas propriedades, o número de compostos do
carbono é vinte vezes superior ao das combinações que não contêm
esse elemento.
Além das formas cristalinas – diamante e grafite – os carbonos
fósseis de vegetais constituem outra forma de carbono elementar
que aparece na natureza, misturados com outros elementos. Nesses
190

casos, a proporção de carbono pode chegar à cerca de noventa por


cento, como no antracite, o carvão fóssil de origem mais antiga. Os
compostos minerais de carbono, como o calcário (carbonato de
cálcio) e a magnesita (carbonato de magnésio), constituem cerca de
0,2% da crosta terrestre.

Variedades ou modificações alotrópicas da carbono: Diamante e


Grafite
O Diamante é uma substância sólida, incolor, transparente e
altamente refringente, cristaliza numa rede cúbica de faces
centradas. Os átomos de carbono estão dispostos tetraedricamente e
são equidistantes (C-C =154pm), estão dispostos covalentemente
por pares electrónicos que ocupam orbitais moleculares formadas
por sobreposição de orbitais híbridos SP3 e formam uma rede
tetraédrica tridimensional na qual eles são ligados entre si pelas
ligações covalentes.
De todas as substâncias simples, o diamante é a mais densamente
compactado. Este facto aliado as ligações covalentes estáveis
confere ao diamante a sua alta dureza. O Diamante é usado para
diversos fins industriais e tecnológicos. Aplicam-se para trabalhar
diferentes materiais resistentes, bem como para perfurar rochas. O
pó obtido durante a sua trituração aplica-se para o polimento das
pedras preciosas e dos próprios diamantes.
Hoje é possível obter-se Diamante a partir da Grafite pelo emprego
simultâneo de pressões e temperaturas elevadas.
A calcinação do Diamante no Oxigénio produz Dióxido de carbono.
O aquecimento prolongado do diamante em ausência de ar conduz à
formação da grafite.

A grafite

Representa os cristais cinzentos-escuros com fraco brilho metálico,


os átomos de Carbono formam camadas dispostas em malha
hexagonal regular com comprimento de ligação C-C =142Pm. Cada
átomo liga-se a outros três átomos.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 191

Forma uma rede estratiforme com átomos de carbono no estado de


hibridização sp2. Cada átomo de carbono na grafite forma três
ligações covalentes do tipo σ formando ângulos de 120º entre os
átomos que se ligam o que lhe confere uma estrutura plana
composta de hexanos regulares.
Na formação das ligações σ participam os três electrões de cada
átomo de carbono. Cada quarto electrão da camada exterior ocupa
orbital 2p que não participa da hibridização. Tais nuvens
electrónicas não-híbridas dos átomos de carbono são orientadas
perpendicularmente ao plano da camada e forma com outras orbitais
2p de outras camadas uma ligação deslocalizadas do tipo π.
As camadas vizinhas dos átomos de carbono no cristal de grafite
ficam afastadas na distância relativamente grande umas das outras,
o que indica a pequena estabilidade da ligação entre os átomos de
carbono situados em camadas diferentes. As camadas vizinhas são
ligadas entre si, principalmete pelas forças de van der waals, embora
parcialmente a ligação tenha carácter metálico. Isto explica a
condutibilidade eléctrica e térmica relativamente alta no sentido do
plano e no sentido perpendicular a este.
Por outro lado devido à fraca ligação entre as camadas (separam-se
facilmente umas das outras) torna possível usar a grafite no fabrico
de lápis, e na produção de lubrificantes. Ela é também usada na
produção de eléctrodos. A grafite arde no oxigénio puro,
transformando-se em dióxido de carbono.

Carvão como constituinte do Carbono


É um material sólido poroso produzido pela queima de madeira ou
por um processo natural a partir de substâncias vegetais submetidas
a temperaturas terrestre no decurso de cerca de trezentos milhões de
anos. A origem do carvão é bastante controvertida. Para uns é acção
de microorganismos em condições adequadas provocando a
transformação de vegetais em carvão. Outros sugerem que o
movimento da crusta terrestre é responsável pela transformação de
vegetais em carvão. As pesquisas mais recentes dizem que a
atmosfera era rica em dióxido de carbono que facilitou o
192

desenvolvimento de vegetais e consequentemente sua transformação


em carvão.
O Carvão no mundo é variável, as grandes reservas encontram-se na
América do Norte, Europa e Ásia.
No nosso país o carvão que ocorre é a hulha. De todas reservas
existentes a maior é a de Moatize na província de Tete que é a
fonte económica para o Pais.

O Carvão pode-se apresentar de duas maneiras:


Carvão artificial: aquele que sofre acção do homem, podendo ser:
Carvão de madeira, de açúcar, de retortas, carvão animal, negro de
fumo e coque.
Carvão natural: aquele denominado carvão mineral que apresenta
suas variedades: Turfa, lenhite, hulha e antracite.

Tipos de carvão mais importantes


As formas de carbono, chamadas por alguns de carbono “ Amorfo”
são: Carvão vegetal ou de madeira, carvão animal ou de ossos,
carvão mineral, negro de fumo, coque ou carvão activo ou activado.
Os tipos de carvão mais importantes são: Coque, carvão de madeira,
carvão animal e negro de fumo.

O Coque
O Coque obtém-se durante a destilação da hulha. Aplica-se,
principalmente na indústria metalúrgica como redutor na fundição
de ferro e de outros metais a partir dos seus óxidos minerais
(minérios). Também é usado como combustível de alto teor
calorífico.

Carvão de madeira

O carvão de madeira é obtido no aquecimento da madeira sem


acesso ao ar. Simultaneamente são captados os produtos valiosos da
destilação seca – o álcool metílico, o ácido acético e outros. O
carvão de madeira é empregado na siderurgia e na forjadura. Devido
a sua estrutura porosa, o carvão de madeira possui uma alta
capacidade adsortiva.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 193

Carvão animal

O carvão animal obtém-se por calcinação dos ossos


desengordurados. Este contém 7 a 80% de fosfato de cálcio e outros
sais. O carvão animal difere pela sua capacidade adsortiva muito
alta, especialmente relativamente aos corantes orgânicos, e, serve
dum agente descorante nas diferentes produções.

Negro de fumo

O negro de fumo representa o carvão «amorfo» com uma


percentagem de impurezas muito reduzida e esta finamente dividida.
O negro-de-fumo emprega-se no fabrico de tintas de imprensa, tinta
-de-china, pinturas e vernizes negras, graxas, manufacturas de
pneumáticos e igualmente na produção da borracha, representando
sua parte integrante; onde a adição do negro – de – fumo á borracha
aumenta a resistência e a duração dos pneus, e por isso a indústria
de pneus é uma das maiores consumidoras desta variedade de
carbono amorfo.
O carvão dissolve-se em metais fundidos, por exemplo, no ferro,
níquel e platina. A densidade do carvão varia de 1,8 a 2,1g/cm3. Os
carvões diferem essencialmente pelas suas propriedades em função
da substância a partir da qual foram obtidos e de método de
obtenção.
O carvão e outras substâncias sólidas têm a propriedade de reter na
sua superfície as partículas de um gás ou de uma substância
dissolvida que tem o nome de adsorção. Compreende-se que quanto
mais poroso for o carvão, maior é a quantidade de gás ou de
substância dissolvida que ele pode adsorver.
Por isso, com o fim de aumentar a porosidade do carvão ele é
activado através dum aquecimento duplo num meio isento de ar,
eliminando-se assim por completo todos os resíduos dos produtos
da destilação seca que poderiam ocupar os seus capilares.
Para libertar de novo o gás adsorvido basta aquecer o carvão, o que
se utiliza para lhe devolver a capacidade adsorvente, ou seja,
regenerá-lo, sendo este processo conhecido como regeneração do
carvão.
194

A adsorção é utilizada na indústria açucareira e alcoólica para


purificar os produtos. O carvão activado é vendido nas farmácias
sob a forma de pastilhas que se tomam para adsorver as substâncias
nocivas dissolvidas no estômago.
Este material também se utiliza nas máscaras antigás para a
protecção das vias respiratórias das impurezas nocivas existentes no
ar e também a título de catalisadores nos certos processos da
indústria química. Esta propriedade (do carvão) foi descoberta no
fim do século XVIII pelo académico russo T. Lovitz.

O Silício é um metalóide, de cor cinza-escura, duro, quebradiço,


com brilho metálico e estrutura cristalina. É solúvel em metais
fundidos. Durante o resfriamento lento da solução de silicio no
zinco ou no alumínio, o silício liberta-se no estado dos cristais bem
formados da forma octaédrica. O sílicio cristalino possui brilho de
aço. Os cristais do silício de alta pureza, tendo um número mínimo
dos defeitos da estrutura, caracterizam-se pela baixa condutibilidade
eléctrica. As impurezas e perturbações da regularidade de estrutura
aumentam bruscamente a condutibilidade dos cristais.

Gemânio É um metalóide de cor cinza prateado e brilhante. No


estado puro, tem estrutura cristalina e quebradiça. Cristaliza-se no
sistema cúbico, tem uma estrutura do tipo diamante com uma
disposição tetraédrica dos respectivos átomos, apresenta
condutibilidade eléctrica de um semimetal, funde-se a 9360C e
volatiliza a temperaturas elevadas, possui calor de vaporização 78
kcal, calor especifico 0,074 cal/g e condutância eléctrica. A massa
atómica do germânio é igual 72,59g e a sua densidade é igual a
5,35g/Cm3 a 200C.

O Estanho é um metal leve e muito maleável. Tem aparência


branco-prateada e é atacado por ácidos fortes. É capaz de formar
três variedades alotrópicas: O estanho α cristaliza-se num sistema
cúbico, com uma estrutura semelhante a do diamante, o estanho β
cristaliza-se num reticulo tetragonal e o estanho γ forma um reticulo
ortorômbico e é muito quebradiço.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 195

O primeiro também é conhecido como estanho cinzento e aparece


quando o metal em questão é submetido a temperaturas inferiores a
130C; é como um pó amorfo. Tem a coloração cinza, é não-metálico
e a densidade é 5,75 g/cm3. O segundo é o estanho comum. Tem o
retículo cristalino tetragonal, é estável entre 13 e 161ºC e também
chamado de estanho branco. Quando este é submetido a
temperaturas superiores a 161ºC, aparece a última variedade
alotrópica, que possui retículos ortorrômbicos e é muito quebradiça.

Ao ser arrefecido o estanho branco transforma-se no cinzento


devido a alteração essencial da densidade do metal reduz-se a pó
cinzento e esse fenómeno obteve o nome de peste de estanho,
decorrendo mais rapidamente a temperaturas cerca de 30-400C.

Chumbo: é um metal tóxico, pesado, macio, maleável, encontrado


na cor branco-azulado. É pobre condutor de eletricidade e um dos
dez metais de ponto de ebulição muito baixo.
O Chumbo natural apresenta 4 isótopos: Pb204, Pb206, Pb207, Pb208.
Estes são resultado da desintegração atómica das três séries de
reactividade: de actínio; de urânio; e de tório. O chumbo é o metal
que melhor absorve as radiações nos reactores nucleares.

Exercícios

Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a


história de descoberta, ocorrência e as características gerais dos
elementos do IVgrupo. Agora deve ler novamente o texto e
responder o seguinte:

1-Qual é o elemento mais abundante na Natureza?


2-Porque o elemento carbono forma inúmeros compostos?
3- Explique justificando como varia o caractér metálico ao longo
deste grupo.
196

Auto-avaliação

1-Caracterize as modificações alotrópicas do carbono e indique a


causa das diferenças entre as suas propriedades.
Exercícios 2-O que é adsorção?

Questão no 1: O Silicio é um dos elementos mais abundantes da


crosta terrestre (27,7% em abundância na crosta terrestre), e é o
elemento principal do reino mineral

Chave de correcção
Questão no 2: A variedade dos compostos do carbono explica-se
pela sua capacidade de se ligar a vários outros átomos de carbono,
formando enormes e inúmeras cadeias carbónicas (catenação).

Questão no 3: As propriedades metálicas aumentam ao longo do


grupo de cima para baixo, onde o C e o Si são ametais, o Ge é
semi-metal e o Sn e o Pb são metais. Com o aumento do raio
atómico, aumento também a tendência de formar iões.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Para responder esta questão, procura ler novamente


o texto sobre as modificações alotrópicas do Carbono e depois
compare a sua respota com a de um seu colega.

Questão no 2: A propriedade que o carvão e outras substâncias


sólidas têm de reter na sua superfície as partículas de um gás ou de
uma substância dissolvida, tem o nome de adsorção.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 197

Lição no 02
Reactividade dos elementos do IV-
grupo A
Métodos de obtenção dos elementos
do IV-grupo A
Aplicações dos elementos do IV-
grupo

Introdução
Nesta lição abordará a reactividade, os métodos de obtenção e as
aplicações dos elementos do IV grupo A.

A semelhança do grupo dos halogénios, calcogénios, do Azoto e do


Carbono a electronegatividade diminui de cima para baixo ena
mesma sequência diminui a reactividade. O carbono e o silício
tendem a formar compostos covalentes, e os elementos pesados
como o chumbo que é menos reactivo forma compostos iónicos.

O Carbono é o representante do grupo e é o constituinte essencial de


toda a matéria viva. Participa de reacções importantes para
manutenção da vida como a respiração, por exemplo, na produção
da glicose, que é a principal fonte de energia para o Homem através
da fotossintése.
Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Explicar a reactividade dos elementos do IV grupo-A e


representar as principais reacções quimicas;
• Descrever e representar as equações de obtenção dos
Objectivos da licção
compostos mais importantes do IV grupo-A;
• Explicar as principais aplicações dos elementos do IV
grupo A e seus compostos.
198

a) Reactividade dos elementos do IV Grupo A

O Carbono a baixas temperaturas, pricipalmente na forma de


Carvão, Grafite e especialmente o Diamante, é inerte. Por
aquecimento a sua actividade aumenta e assim o Carbono liga-se
facilmente ao Oxigénio funcionando como um bom redutor. Esta
propriedade é usada na metalurgia para fundição dos metais a partir
de minérios (redução dos óxidos de metais com Carvão ou com
Óxido de carbono).
C + 2CuO 2Cu + CO2
Na reacção directa do Carbono com o Oxigénio forma-se o Dióxido
de carbono e o Monóxido de carbono.
-À temperaturas de 5000C:
2C + O2 2 CO

2CO(g) + O2(g) 2CO2(g)

-À temperatura de 8000C:
2C + 2O2 2CO2
Os processos de aquecimento de carvão na ausência de ar formam
variados produtos dentre estes sólidos, líquidos e gasosos. As
substâncias produzidas no estado sólido temos: Naftaleno e Coque,
enquanto que no estado liquido temos: Os fenóis, benzeno e no
gasoso temos: CO, CO2, CH4, H2S, N2, e C2H4. A temperatura
elevada o carvão combina-se com H, S, Si, B e metais do I, II e III
grupo da Tabela Periódica. O carvão (carbono amorfo) entra em
reacção facilmente que a grafite e o diamante. Com metais e
elementos mais electropositivos forma carbonetos.
c) A Água não reage a frio com o carbono, mas reage com o vapor
de água (temperaturas elevadas).
C(s) + H2O(g) CO + H2
-Reacção com o Hidrogénio (H2) a temperaturas elevadas forma o
metano (composto orgânico):
C(s) + 2H2(g) CH4(g)
-Reacção com Enxofre (S) a temperaturas maiores que 10000C,
forma o sulfureto de carbono:
C + 2S CS2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 199

-Também reage com o boro a temperaturas superiores que 10000C


3C + 4B C3B4 ou B4C3
-O Carbono quando aquecido reage directamente com halogénios,
formando halogenetos de carbono:
C + 2Cl2 CCl4
C + 2Br2 CBr4
A temperaturas mais altas o carbono combina-se com os metais e
outros elementos que são electropositivos em relação ao carbono,
formando carbonetos, que são obtidos pela calcinação de metais ou
de seus ácidos com o carbono:
4Al + 3C Al4C3
CaO + 3C CaC2 + CO
-Os Ácidos, Clorídrico, Sulfúrico e Nítrico, concentrados podem
oxidar o carbono a Dióxido de carbono:
2H2SO4(conc) + C CO2 + 2SO2 + 2H2O
4HNO3(conc) + C CO2 + 4NO2 + 2H2O

O silício
É um ametal, a sua forma cristalina é menos activa que a
amorfa.Também reagem apenas à altas temperaturas.

-Reage com Oxigénio formando dióxido de silício (SiO2):

Si(s) + O2(g) SiO2(s)

-Na reação com Nitrogénio, forma nitratos de silício:

2Si(s) + N2(g) 2SiN(s)

3Si(s) + 2N2(g) Si3N4(s)

-Reações com Halogéneos:

Si(s) + 2F2(g) SiF4(g)

Si(s) + 2Cl2(g) SiCl4(g)

Si(s) + 2Br2(l) SiBr4(l)

Si(s) + 2I2(l) SiI4(s)


200

-Reações com ácidos e bases. Não reage com ácidos em condições


normais, exceto com o HF.

Si(s) + 6HF(aq) [SiF6]2- (aq) + 2H+(aq) + 2H2(g)

-Reage com bases liberando H2.

Si(s) + 4NaOH(aq) [SiO4]4- (aq) + 4Na+(aq) + 2H2(g)

O esquema abaixo apresenta de frma resumida as reacções de


Silício

O Germânio: a temperatura ambiente o Germânio é estável a acção


do ar, Água, Ácidos clorídrico e Sulfúrico diluído. A temperaturas
elevadas combina-se com o oxigénio formando o GeO2.
Ge(s) + O2(g) GeO2(s)
-Sob o aquecimento reage com Ácidos nítrico e Sulfúrico
concentrado formando Dóxido de germânio com a formação do
NO2 e SO2:
Ge(s) + 4HNO3(c) GeO2(s) + 4NO2 + 2H2O(l)
Ge(s) + 2H2SO4(c) GeO2(s) + 2SO2 + 2H2O(l)
-A temperaturas elevadas reage com Enxofre dando sulfuretos:
Ge(s) + 2S(s) GeS2
-Reage directamente com halogénios dando origem a tetrahaletos
voláteis:
Ge + 2Cl2 GeCl4
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 201

-Reage com bases na presença de Peróxidos de hidrogénio


formando sais do Ácido germânico (germanato):
Ge + 2NaOH + 2H2O2 Na2GeO3 + 3H2O
Nos seus compostos o Germânio tem número de oxidação igual a
+2 e +4, sendo mais característico nos seus compostos o +4. A
configuração electrónica ns2np2 possibilita o estado divalente
devido o efeito do par inerte.

O Estanho
-A temperatura ambiente o estanho não se oxida ao ar sendo porém
aquecido acima da temperatura de fusão formando o dióxido de
estanho.
Sn(s) + O2(g) SnO2
-Não reage com água a temperatura ambiente, isto porque é oxidado
formando na sua superfície uma película protectora que impede o
posterior desenvolvimento da reacção.
-Reage lentamente com os Ácidos clorídricos e Sulfúricos diluídos,
devido a grande sobre voltagem de libertação de hidrogénio nesse
metal. Sob o aquecimento reage com Ácidos clorídrico e Sulfúrico
concentrados formando o Sulfato de estanho (IV) e Cloreto de
Estanho (II):
Sn(s) + 4H2SO4(c) Sn(SO4)2 + 2SO2 + 4H2O
Sn + 2HCl(c) SnCl2 + H2
-Reage intensamente com o Ácido nítrico quanto mais alto for a sua
concentração e temperatura. Com o ácido concentrado reage
formando o ácido β-estânico (H2SnO3) ou SnO2.
Sn(s) + 4HNO3(c) H2SnO3 + 4NO2 + H2O(l)
Sn(s) + 4HNO3(c) SnO2 + 4NO2 + 2H2O(l)
Com o Ácido nítrico diluído reage formando Sn(NO3)2 e reduzindo-
se a NO:
3Sn(s) + 8HNO3(dil) 3Sn(NO3)2 + 2NO + 4H2O(l)
Com ácido muito diluído forma-se o nitrato solúvel de estanho (II) e
o ácido reduz-se até nitrato de Amónio:
4Sn(s) + 10HNO3(mto dil) 4Sn(NO3)2 + NH4NO3 +
3H2O(l)
202

-Mediante o aquecimento o Estanho reage energeticamente com


outros não metais como: Enxofre, Selénio, Telúrio, e Fósforo.
Ex: Sn + 2S SnS2
-Combina-se com halogénios dando tetrahaletos; Com Cloro e
Bromo mesmo a temperaturas ambiente, com o Iodo quando
moderadamente aquecido. A reacção com o Flúor se processa
violentamente a 1000C, mas não de maneira notável a temperatura
ambiente:
ex: Sn + 2Cl2 SnCl4
-Reage com bases concentradas formando estanitos (sais de ácidos
estanhoso):
Sn + 2NaOH Na2SnO2 + H2
O Cloreto de estanho (II) reage com Cloreto de mercúrio (II)
sublimando-se formando o cloreto de mercúrio (I):
2HgCl2 + SnCl2 Hg2Cl2 + SnCl4

O Chumbo é menos reactivo que o Ge e o Sn e forma com


Óxigénio e Enxofre PbO e PbS. É atacado pelo Ácido nítrico
concentrado formando Nitrato de chumbo. Com aquecimento o
Chumbo reage com soluções aquosas de álcalis, formando
hidroxiplumbitos, reage com base de Arrhenius na presença de
água.
Pb + 2KOH + 4H2O K2[Pb(OH)6] + 2H2
(Hidroxoplumbito de chumbo).
OCchumbo na atmosfera oxida-se formando na sua superfície uma
película protectora que impede o posterior desenvolvimento da
reacção.
2Pb + O2 2PbO
O Chumbo é estável em ácidos diluídos (HCl e H2SO4) devido a
formação de sais insolúveis.
Pb + 2HCl(dil) PbCl2 + H2
Pb + H2SO4(dil) PbSO4 + H2
Mas o Ácido sulfúrico concentrado (80%) dissolve essa película
formando o Sulfato de chumbo ( PbSO4 )
PbSO4 + H2SO4(c) Pb(HSO4)2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 203

Os compostos de chumbo (II), em particular os Óxidos têm


propriedades anfóteras, isto é reagem com ácidos e bases.
PbO + 2HCl PbCl2 + H2O
PbO + KOH + H2O K[Pb(OH)3]
O Sulfureto de chumbo (PbS-negro) é insolúvel na água, mas
dissolve-se no ácido nítrico
PbS + 2HNO3(c) Pb(NO3)2 + H2S
Você estudou que todos os eleementos do IV grupo não reagem a
temperatura ambiente apenas a altas temperaturas (quando
aquecidos). Agora diga porque razão o estanho não se oxida?
Resposta: Porque o Estanho forman na sua superfície uma película
protectora que impede o posterior desenvolvimento da reacção.

a) Métodos de obtenção dos elementos do IV-grupo A


Carbono: O negro de fumo é obtido por combustão incompleta de
hidrocarbonetos provenientes de gás natural ou petróleo.
O Coque é produzido pela carbonização de carvão a altas
temperaturas. O Carvão é aquecido em grandes fornos na ausência
de ar.
A Grafite natural é encontrada geralmente como mistura com Mica,
Quartzo e Silicatos, que contém de 10% a 60% de carbono. A
Grafite é separada da maioria das impurezas por flotação. Ela é
purificada e finalmente é aquecida com HCl e HF a vácuo, para
remover os últimos vestígios de compostos de silício na forma de
SiF4.
Os diamantes naturais, na sua maioria são obtidos por mineração,
seu tamanho é medido em quilates (1g=5quilates).

2-Silício
No laboratório é obtido pela ustulação do magnésio com areia fina
branca ou quartzo
SiO2 + 2Mg 2 MgO + Si
Durante o arrefecimento lento das soluções de silício no zinco ou
alumínio, liberta-se o silício no estado cristalino cujas celas
elementares têm forma octaédrica. Este possui brilho de aço.
204

Na indústria ele é obtido pela redução do dióxido de silício pelo


coque de elevada pureza. Utiliza-se excesso de SiO2, para impedir a
formação de carbeto (SiC).
SiO2 + 2 C 2 CO + Si.
O Silício assim obtido contém entre 2 a 5% de impurezas.
O Si de elevada pureza (para indústria de semi-condutores) é obtido
convertendo Si em SiCl4, purificando este por destilação, e
reduzindo o cloreto com Mg ou Zn.
Si + 2Cl2 SiCl4
SiCl4 + 2Mg Si + 2MgCl2

Pode ser usado também para obtenção de Si puro para semi-


condutores, reduzindo com Sódio o composto Na2[SiF6], que é um
subproduto da fabricação de fertilizantes fosfatados a partir de
fluorapatita.

Na2[SiF6] + 4Na Si + 6NaF

Uma forma ainda mais pura do silício pode ser obtida a partir da
redução do SiCl4(l) com o Hidrogénio:

SiCl4(l) + 2H2(g) Si(s) + 4HCl(g)

3-Os elementos Germânio (Ge) Estanho (Sn) e Chumbo (Pb)


Todos eles são obtidos pela redução dos seus óxidos e sulfetos ou
sulfuretos.
O Germânio: pode ser recuperado das cinzas resultante após a
combustão de certos carvões, mas prefere-se recuperá-lo das poeiras
liberadas na fusão de minérios de zinco, obtendo-se o GeO2 puro,
que é reduzido por H2 a 500°C, com formação de Ge.
A maior parte do Germânio se separa em forma de GeO2 que é
dissolvido em Ácido clorídrico a 20% obtendo-se o Tetracloreto de
Germânio que é por sua vez separado por destilação fraccionada, em
seguida trata-se o GeCl4 por água que hidrolisa o óxido:
2GeCl4 + 4H2O 2GeO2 + 8HCl
A obtenção do Germânio é feita pela redução do óxido com
hidrogénio ou carvão:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 205

GeO2(s) + C(s) Ge(s) + CO2


GeO2(s) + 2H2(g) Ge(s) + 2H2O(l)

Estanho: O Estanho é obtido através da redução da cassiterita


(SnO2) usando carbono a 1.200 a 1.300°C, num forno eléctrico. O
produto contém traços de ferro, que tornam o metal mais duro. O Fe
é removido introduzindo ar na mistura fundida, para oxidá-lo a FeO,
que então flutua sobre a superfície.

SnO2(s) + 2C(s) Sn + 2CO


Chumbo: O minério mais importante a partir do qual se obtém o
chumbo é a Galena (PbS). A Galena (PbS) depois de extraída é
separada de outros metais por flotação. Há dois métodos para a
obtenção do elemento:

1. Método de tostação e redução


Aquece-se o PbS em forno e injecta-se ar quente, formando-se PbO
e o SO2
2PbS + 3O2 2PbO + 2SO2
O Monóxido de chumbo obtido é reduzido em alto forno pelo
carvão ou Monóxido de carbono, ou Óxido de ferro obtendo-se
assim o Pb:

PbO +C Pb +CO

PbO + CO Pb + CO2

2. Método de ustulação
Queima-se incompletamente a Galena (oxidação parcial da galena).
Depois de algum tempo cessa o fornecimento de ar, continuando o
aquecimento, com o que a mistura sofre auto-redução.
PbS + O2 ∆ PbO + SO2
PbS + 2O2 Δ PbSO4
O produto obtido é aquecido e reduzido pelo PbS a chumbo
metálico, sendo a fase chamada de reacção:
PbS + 2PbO 3Pb + SO2
PbS + PbSO4 2Pb + 2SO2

3PbS aquecimento (ar) PbS + 2PbO aquecimentos (ausência de


206

ar) 3Pb(liq) + SO2(g)

O Chumbo bruto obtido é separado da escória por flotação . O


chumbo obtido contém também diversas impurezas metálicas e por
isso é refinado para a retirada das impurezas metálicas que pode ser
por destilação. Desta forma pode-se obter chumbo com uma pureza
elevada (99,99%): Cu, Ag, Au, Sn, As, Sb, Bi e Zn. Estas são
removidas por resfriamento até perto do ponto de solidificação do
chumbo, quando solidificam primeiro o Cu e em seguida o Zn
contendo a maior parte do Au e Ag. A oxidação preferencial
converte As, Sb e Sn em As2O3, Sb2O3 e SnO2, que flutuam sobre a
superfície do metal fundido, podendo assim ser removidos.

Lendo novamente o texto você percebe que elementos do IV grupo


são obtidos a partir dos seus óxidos e sulfuretos. Agora gida qual é o
o minério mais importante a partir do qual se obtém o chumbo? Para
responder esta questão, você deve procurar ler novamente o texto
sobre a obtenção dos elementos do IV grupo.

c)Aplicações dos elementos do IV grupo


Na forma de negro de fumo o Carbono é usado na indústria de
borracha, na fabricação de pneus, em tintas de impressão. Na forma
de Coque é utilizado na metalurgia do ferro e de muitos outros
metais.
Na forma de Grafite é utilizada na fabricação de eletródos, na
indústria do aço, na fundição de metais, na obtenção de cadinhos,
como lubrificantes e ainda em lápis, lonas de freio e escovas para
motores elétricos.

Na forma de Carvão ativado é usado para absorver gases venenosos


em máscaras contra gases, como filtros no tratamento de águas
residuais, e como catalisador em algumas reações. Na forma de
Diamante é utilizado em jóias e para fabricação industrial de brocas
ou abrasivos para cortar e polir metais.

O Silício: Os cristais do Si de alta pureza são caracterizados por


uma baixa condutibilidade. A adição de impurezas na estrutura faz
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 207

aumentar bruscamente a sua condutibilidade. Por esse motivo o


silício é empregue na técnica de semi-condutores.

Ele é também empregue na metalurgia para remover o oxigénio de


metais fundidos, e é usado como aditivo de muitas ligas.
O silício também forma com o carbono o carboneto de silício (SiC)
conhecido por carborundo que é extremamente duro, sendo aplicado
na produção de materiais para polir, lixa abrasiva, plataformas e
passagens e nuflas de revestimento para fornos.

O silício é usado adicionado ao aço para remover o oxigénio. Isso


permite a fabricação de aços ricos em silício, resistentes à corrosão.

O Si é um composto bastante importante na composição do


cimento, combinando com cálcio forma compostos responsáveis
pela resistência do cimento (silicato de cálcio e silicato tricálcio). O
Si é importante na fabricação de cerâmicas, tijolos, vidros e os
polímeros de siliconas.

Germânio: Possui aplicações limitadas devido seu alto custo por


ser um metalóide raro, mesmo assim é utilizado em indústrias
metalúrgicas e na fabricação de dispositivos eletrónicos de estado
sólido. O germânio é um importante constituinte de vidros
industriais com elevada transmissão de radiação infravermelhos e
índice de refração. Utilizado também na fabricação de fibras
ópticas, técnicas de televisão e em computadores como ratificadores
e amplificadores de guitarras eléctricas, em jóias é usado uma liga
metálica de ouro com 12% de germânio, no fabrico de termómetros
de resistência, vidros especiais (absorvente de espectro do
infravermelho).

É usado em rectificadores de corrente, transístores e em aparelhos


electrónicos. O óxido de germânio (GeO2) é usado na fabricação de
objectivas de microscópio e lentes de câmaras.

Estanho: O estanho é usado na fabricação de tubo e valvas,


recipientes para cervejas, água destilada e outras bebidas
carbonadas. É usado ainda em fusíveis, papel metalizado para
208

envolver doces e alimentos, eletródos de condensadores e,


juntamente com o cloro, como fixador para pintura de tecido.
Constitui várias ligas importantes como bronze e soldas e é
empregado no revestimento de outros metais para evitar a corrosão.

O SnO2 é usado na vitrificação de cerâmicas e é frequentemente


misturado com outros óxidos metálicos para ser usado como
pigmento em cerâmica.

Chumbo: Em liga com um pouco de Sb é utilizado em grandes


quantidades nas placas de baterias de chumbo para suporte as
eléctrodos.
O material do ânodo é PbO2, e o material do cátodo é Pb esponjoso.
O Chumbo como Pb3O4 é usado em pigmentos vermelhos e o
"Branco de chumbo" (PbCO3)2.Pb(OH)2 era antigamente muito
usado para tornar as tintas "opacas". Plumbato de cálcio, Ca2PbO4, é
usado para a proteção anti-ferrugem de chapas de aço onduladas, e
Cromato de chumbo, PbCrO4, é usado como forte pigmento amarelo
em sinais de trânsito e sinalizações de estradas. Usa-se na refinação
de óleo para pintura, corantes, borrachas e louças de esmalte.
Compostos de chumbo também são empregados em "vidros cristal"
e vidros lapidados, bem como em vitrificações de cerâmica..

Por sua alta densidade, o Chumbo acaba tornando-se útil como


bloqueador de radiação. Isso ocorre porque ele tem um grande
número de electrões que absorvem radiação de alta energia.
Também é usado em eletródos de baterias recarregável.

Os sais de Chumbo são usados como os de arsénio, devido a sua


toxicidade, em insecticidas. 72% do Chumbo produzido são usados
em produtos metálicos, 16% na indústria química (sais,
gasolina,etc.); 11% na preparação de pigmentos. No fabrico de
munições, Chumbo de caça e serpentinas de refrigerantes.
A sua resistência á corrosão atmosférica e ao ataque pelos ácidos
conduz ao seu emprego em instalações de indústrias químicas e no
revestimento de tubos e de cabos.

Todos os elementos do IV grupo tem inúmeras aplicações no


quotidiano.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 209

Exercícios
Você teve oportunidade de profundar os conhecimentos relativos a
reactividade, obtenção e as aplicações dos elementos do IVgrupo.
Agora deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1- Como se comportam os elementos do Carbono perante os ácidos?


2-Quais são as aplicações da Grafite?

Auto-avaliação

1. Como se pode obtém o silicio na industria e no laboratório?

Exercícios
2. Porque os sais de Chumbo são usados como inseticidas?
210

Questão no 1:Os Ácidos, clorídrico, Sulfúrico e Nítrico,


concentrados podem oxidar o Carbono a Dióxido de carbono

Chave de correcção
Questão no 2:Grafite é utilizada na fabricação de eletródos, na
indústria do aço, na fundição de metais, na obtenção de cadinhos,
como lubrificantes e ainda no fabrico de lápis.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Para responder esta questão, procura ler novamente


o texto sobre a obtenção do Silício e depois compare a sua respota
com a de um seu colega.

Questão no 3: Os sais de Chumbo são usados como insecticidas,


devido a sua toxicidade.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 211

Lição no 03
Compostos dos elementos do IV-
grupo- A
Identificação do dióxido de
carbono e do ião carbonato
Ciclo de Carbono

Introdução

Nesta lição vai tratar dos compostos dos elementos do IV grupo


principal, o ciclo do carbono, as reacções de identificação do
dióxido de carbono e do ião carbonato.

O Carbono e o Silício formam vários compostos que são utilizados


no quotidiano. Por exemplo, o Dióxido de carbono aplica-se na
indústrias no fabrico de refrigerantes, em extintores de incêndio; o
Dióxido de silício é utilizado na produção de vidro, o Carbonato de
cálcio usado na produção de cimento, etc.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os principais compostos dos elementos do IV


grupo e as suas características;
• Explicar as formas de identificação do dióxido de carbono e
Objectivos da licção do ião carbonato no laboratório;
• Descrever o ciclo do carbono.

a) Compostos dos elementos do IV-grupo A

Compostos do carbono

1-O Monóxido de carbono (CO) é um gás incolor, insipido, muito


212

pouco solúvel em água e não reage com ela. É venenoso (bloqueia a


fixação do oxigénio pela hemoglobina), pode ainda causar
envenenamento e até a morte. É um dos principais poluentes do ar
atmosférico e é produzido por motores de automóvel. Se condensa
no liquido a 1920C e se solidifica a 2050C.

Obtenção industrial

O Monóxido de carbono (CO) é produzido em grandes quantidades


pela reacção entre o carvão e o Dióxido de carbono (CO2) a
temperaturas elevadas:

C + CO2 2CO
O Monóxido de carbono ( CO ) é também um produto de “gás de
água”
H2O + C CO + H2
Em grande escala o CO é obtido, juntamente com o Hidrogénio pela
redução do vapor de água com coque:
H2O(g) + C H2 + CO
Pode também ser obtido a partir de substâncias simples:
a) C + 1/2 O2(g) CO(g) ΔH= -137Kj/mol
b)C + CO2(g) 400-500
C 2CO(g) ΔH= +120 Kj/mol
A reacção em b) realiza-se em grande escala durante o processo em
altos-fornos.

Obtenção laboratorial

O Monóxido de carbono (CO) pode ser obtido no laboratório por


desidratação do Ácido fórmico (HCOOH):
HCOOH H2O + CO
Também por desidratação do Ácido oxálico ( C2H2O4 ):
O O
C C CO + CO2 + H2O
HO OH

Propriedades químicas

Reage com Flúor, Cloro e Bromo na presença da luz.


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 213

Luz
2CO + Br2 2COBr
Luz
2CO + Cl2 2COCl-Fosfogénio
Reage com Enxofre fundido e Selénio aquecido:
Δ
CO + S COS
Δ
CO + Se COSe
Ao ar o Monóxido de carbono arde com uma chama azulada,
libertando uma grande quantidade de calor e transformando-se em
dióxido de carbono:
2CO + O2 2CO2 + 566Kj
O Monóxido de carbono reduz os óxidos formando metais no estado
livre:
CO + CuO Cu + CO2
CO + MgO Mg + CO2

Aplicações

O Monóxido de carbono é aplicado na produção de metanol, na base


de processos industriais sob a reacção com o hidrogénio. É também
aplicado na metalurgia como um bom redutor durante as reacções
dos metais a partir dos seus óxidos.

2-Dióxido de carbono:
O Dióxido de carbono é o Óxido de carbono mais estável a
temperatura ambiente e solúvel em água
O Dióxido de carbono em condições normais é um gás incolor, ao
contrário do Monóxido de carbono não é tóxico, (mesmo não sendo
tóxico, altas concentrações podem causar sufocamento) é
aproximadamente 1,5 vezes mais denso do que o ar e que por isso
pode ser transvazado como um líquido de um recipiente para o
outro. O gás pode ser liquefeito por resfriamento, usando também
grandes pressões. Pode solidificar-se constituindo o chamado gelo
seco. É pouco solúvel em água e aplica-se no processo Solvay na
produção da soda e na obtenção de bebidas gaseificadas. Aplica-se
ainda nas indústrias em refrigerantes, em extintores de incêndio, na
preparação de carbonato de sódio, aplica-se para a síntese da uréia.
O CO2 forma-se na natureza durante a oxidação de substâncias
214

orgânicas (putrefação dos resíduos vegetais e animais, respiração,


combustão,etc). Desprende-se em grandes quantidades das fendas
vulcânicas e das águas minerais.
É também libertado em grandes quantidades por um variado número
de indústrias principalmente a de produção de energia na base de
combustíveis fósseis.
Na industria o CO2 é obtido pela ustulação do calcário
Ca CO3 CaO + CO2

No laboratório é obtido pela acção do Ácido clorídrico sobre


carbonatos:
CaCO3 + 2 HCl CaCl2 + H2O + CO2
A solução do CO2 em água forma uma reacção ácida fraca,
condicionada pela presença na solução de quantidades pequenas do
ácido carbónico que se forma na reacção
CO2 + H2O H2CO3, portanto o CO2 é anidrido do ácido
carbónico.

b) Identificação do Dióxido de carbono e do ião carbonato

O Dióxido de carbono é identificado pela sua reacção com cal


hidratada, Ca(OH)2 ou Hidróxido de Bário, Ba(OH)2, que formam
um precipitado branco de CaCO3 ou BaCO3 respectivamente.
Passando uma quantidade maior de CO2 pela mistura a turvação
desaparece à medida que se formam os bicarbonatos solúveis.

Ca(OH)2 + CO2 CaCO3(s) + H2O

CaCO3 + CO2 + H2O Ca(HCO3)2

3-Ácido carbónico
Pode existir somente em solução aquosa, é um ácido fraco, na
solução dissocia-se principalmente em iões H+ e HCO3- e apenas em
quantidade ínfima forma os iões CO32.
H2CO3 H+ + HCO3- 2H+ + CO32-
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 215

Sendo um ácido dibásico, forma duas series de sais: os neutros e os


ácidos. Os sais neutros chama-se carbonatos e os ácidos chama-se
hidrogenocarbonatos.
O ácido carbonico, na maioria dos casos, forma com as bases fracas
somente os sais básicos, por exemplo o hidroxocarbonato de cobre
(CuOH)2CO3.

4-Sais do ácido carbónico (carbonatos)


Os sais do ácido carbonico podem ser obtidos pela acção do
Dióxido de carbono sobre alcalis ou por reacções de intercâmbio
entre sais solúveis do ácido carbónico e os sais de outros ácidos.
O Ácido carbónico é um diácido, sendo assim pode formar duas
séries de sais, os neutros e os ácidos. Os sais neutros chamam-se
carbonatos e os sais ácidos hidrogenocarbonatos ou bicarbonatos.
NaOH + CO2 NaHCO3
NaHCO3 + NaOH Na2CO3 + H2O
BaCl2 + Na2CO3 BaCO3 + 2NaCl
Dos sais do ácidos carbónico o mais abundante na natureza é o
carbonato de cálcio (CaCO3), ele encontra-se na forma de calcário,
giz, mármore. Depois de CaCO3, também abunda na natureza o
carbonato de magnésio (MgCO3) que é chamado magnésio branco.
Os carbonatos se decompõem por acção de ácidos, exemplo o ácido
acético, libertando o CO2.
CaCO3 + 2HCl CaCl2 + H2O + CO2
NaHCO3 + HCl NaCl + H2O + CO2
Ao serem aquecidos todos os carbonatos, excepto os dos metais
alcalinos, decompoem-se, libertando o CO2.
MgCO3 MgO + CO2
CaCO3 CaO + CO2
Os hidrogenocarbonatos dos metais alcalinos transformam-se nos
carbonatos quando aquecidos
2NaHCO3 Na2CO3 + CO2 + H2O
A maioria dos hidrocarbonatos é solúvel em água. Os carbonatos de
216

sódio, potássio, rubídio e amónio também são bem solúveis em


água. Os carbonatos dos outros metais são pouco solúveis em água.
Na2CO3 + H2O NaHCO3 + NaOH
K2CO3 + H2O KHCO3 + KOH
O carbonato de cálcio é insolúvel em água. Porém, submetendo-o a
um excesso de dióxido de carbono em presença da água, este
dissolve-se devido à formação do sal ácido:
CaCO3(s) + CO2 + H2O Ca(HCO3)2 solúvel
Esta reacção é a causa da erosão química das rochas calcárias.
Os outros carbonatos importantes são a magnésia a soda e a potassa
respectivamente: MgCO3, Na2CO3 e K2CO3

Obtenção
Os sais do ácido carbónico podem ser obtidos pela acção do dióxido
de carbono sobre os álcalis, ou bem por via das reacções de
intercâmbio entre os sais solúveis do ácido carbónico e os sais
solúveis do outro ácido.
NaOH + CO2 NaHCO3
BaCl2 + Na2CO3 BaCO3 + 2NaCl

Aplicações
O Carbonato de sódio, (Na2CO3) é um dos principais produtos da
indústria química básica, ela é consumida em grandes quantidades
pela indústria papeleira, têxtil, petrolífera, na produção de vidro e
sabão. Serve igualmente para a obtenção dos diferentes sais de soda,
e na vida diária é aplicado como um detergente.
O Bicarbonato de sódio (NaHCO3), ele aplica-se na medicina, na
purificação e na indústria alimentar.
O Carbonato de potássio ou potassa (K2CO3) aplica-se para o
fabrico de sabão, vidro de alto ponto de fusão, na fotografia.

Ureia (carbamida) constitui um outro composto de importância


pratica. Obtém pela reacção do dióxido de carbono com o amoníaco
sob pressão:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 217

A Ureia é aplicada na agricultura, como adição à forragem para o


gado, na indústria química de plásticos, medicamentos, herbicidas e
muitos outros produtos orgânicos.
A Carbamida “ureia” CO(NH2)2 é aplicada na agricultura a titulo de
adubo azotado de alta concentração. Na base de ureia são obtidos os
plásticos baratos, os chamados plásticos da ureia.
Ele serve também dum material inicial para a obtenção de muitos
produtos orgânicos e medicamentos. Alguns derivados da ureia
possuem propriedades de herbicidas.

5-Carbonetos: são compostos do carbono com metais ou outros


elementos electropositivos em relação ao carbono. Os carbonetos
dos metais dos subgrupos I, II e III do sistema periódico
representam compostos do tipo dos sais com predominancia da
ligação iónica. Exemplo: carboneto de Alumínio (Al4C3), carboneto
de Cálcio (CaC2).
O Carboneto de alumínio resulta da substituição do Hidrogénio por
metal no metano e o carboneto de cálcio resulta da substituição do
Hidrogénio por metal no acetileno. Na reacção do carboneto de
Alumínio com água forma-se o metano e na reacção do carboneto
de Cálcio com água forma-se o acetileno
Al4C3 + 12H2O 4Al(OH)3 + 3CH4
CaC2 + 2H2O Ca(OH)2 + C2H2
Nos carbonetos de silicio (SiC) e de Boro (B4C) a ligação entre os
átomos é covalente. Essas substâncias caracterizam-se pela alta
dureza, elevado ponto de fusão e inércia química. A maioria dos
metais dos subgrupos secundários do sistema periódico formam os
carbonetos, onde a ligação é próxima à metálica, devido a isso,
esses carbonetos são parecidos com os metais em alguns sentidos,
por exemplo, possuem uma condutibilidade electrica considerável.
Eles são caracterizados por alta dureza e elevado ponto de fusão
Os carbonetos são obtidos pela calcinação dos metais ou de seus
óxidos com o carvão. Todos os carbonetos reagem com ácidos
libertando dióxido de carbono.
218

1. Outros compostos inorgânicos do carbono com S e N.


CS2; C2N2; HCN; KCN

Complexos: Na3[Fe(CN)6]

2. Compostos orgânicos

O carbono forma também diversos compostos orgânicos:

Compostos do Germânio

1-Compostos do germânio (II): os compostos do germânio (II) são


pouco estáveis e oxidam-se facilmente a compostos de germânio
(IV);

O Monóxido de germânio (GeO)

É um sólido branco obtido pela decomposição do GeCl2 com água


ou hidróxido de sódio.

GeCl2 + H2O GeO + 2HCl

Dihaletos de germânio:

O Germânio (II) forma quatro haletos nomeadamente: O difluoreto


de germânio GeF2, o dicloreto de germânio GeCl2, dibrometo de
germânio GeBr2 e diiodeto do germânio GeI2.
O Difluoreto de germânio é preparado mediante redução de GeF4
com germânio:
GeF4 + Ge 2GeF2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 219

O Diclorecto de germânio forma-se pela passagem de vapor de


GeF4 sobre o germânio aquecido:
GeCl4 + Ge 2GeCl2
O Diodeto de germânio pode ser obtido pela acção do ácido
iodídrico concentrado sobre Ge(OH)2:
2HI + Ge(OH)2 GeI2 + 2H2O

2-Compostos de germânio (IV)


A tetra valência é o estado mais estável do germânio formando
compostos como: O Dióxido de germânio, Tetrahaletos, Hidretos e
complexos.
O Dióxido de germânio é obtido particularmente pelo aquecimento
do Germânio no Oxigênio ou pela sua oxidação por Ácido nítrico
concentrado:
Ge + O2 GeO2
Ge + 4HNO3(c) GeO2 + 4NO2 + 2H2O
Os tetrahaletos são preparados pela reacção directa dos elementos.
Ex: Ge + 2Cl2 GeCl4
Da mesma maneira como o Silício, o Germânio forma hidretos
voláteis com a fórmula geral GenH2n +2 conhecidos como germanos,
ex: GeH4; Ge2H6. Forma também hidreto polimerizado; sólido não
volátel em que o germânio é divalente (GeH2)x.
Finalmente o Germânio (IV) forma halocomplexos do tipo
M12GeX6.
Ex: Hexafluoro germanato (IV) de potássio K2GeF6,
hexaclorogermanato (IV) de césio. Cs2GeCl6.

Compostos do Estanho

Compostos de Estanho (IV) : O Dióxido de estanho encontra-se na


natureza e pode ser obtido artificialmente pela combustão do metal
no ar ou oxida-se por ácido nítrico com ustulação posterior do
produto obtido:

Sn(s) + O2 SnO2
220

Os hidróxidos de estanho (IV) chamam-se ácidos estânicos e são


conhecidos em duas modificações: Na forma ácido-α-estânico e na
forma ácido-β-estânico.
O Ácido α-estânico pode ser obtido pela acção da solução aquosa do
amoníaco sobre a solução de cloreto de estanho (IV):
SnCl4(aq) + 4NH4OH(aq) H2SnO3 + 4NH4Cl(aq) + H2O(l)
O Ácido estânico dissolve-se facilmente em bases formando sais
que contém o ião complexo [Sn(OH)6]2-( hidroxoestanatos):
H2SnO3 + 2NaOH + H2O Na2[Sn(OH)6]
O Ácido α-estânico reage com ácidos formando sais de estanho
(IV):
H2SnO3 + 4HCl SnCl4 + 3H2O
Diferentemente do Ácido α-estânico, o Ácido β-estânico não se
dissolve em ácidos nem em soluções de bases. Cloreto de estanho
(IV) forma-se pela acção do cloro sobre o estanho metálico ou sobre
o cloreto de estanho (II).
Sn + 2Cl2 SnCl4
Nas soluções aquosas diluídas o SnCl4 é submetido a hidrólise onde
o produto final é o ácido α-estânico.
SnCl4 + 3H2O(l) H2SnO3 + 4HCl
O Hidreto de estanho é umgás incolor muito venenoso, liquefaz-se
a
-520C. A temperatura ambiente decompõe-se em estanho e
hidrogénio:
SnH4 Sn(s) + 2H2
O Sulfureto de estanho obtém-se pela acção do sulfureto de
hidrogénio sobre a solução de cloreto de estanho (II):
H2S + SnCl2 SnS + 2HCl
O Sulfureto obtém-se pela combinação de estanho e enxofre sob o
aquecimento:
Sn + 2S SnS2

Compostos de Chumbo

1. O Óxido de chumbo é um pó amarelo que se forma durante o


aquecimento do chumbo fundido ao ar, após a calcinação a
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 221

temperaturas cerca de 5000C, ele adquirir uma cor amarela-


avermelhada e nesta forma chama-se galena.

2. O Hidróxido de chumbo
Forma-se sob a acção de bases sobre os sais solúveis de chumbo
(II). Ele possui as propriedades anfóteras e dissolve-se em ácido
com formação de sais de chumbo (II); e em bases, formando o
hidroxoplumbitos, por exemplo:
Pb(OH)2 + 4NaOH Na4[Pb(OH)6]
Ao fundir o Pb(OH)2 com bases secas , obtém-se sais chamados
plumbitos:
Pb(OH)2 + 2NaOH Na2PbO2 + 2H2O

3. O Cloreto de chumbo (II) PbCl2


Obtém-se na forma dum precipitado branco sob a acção de Ácido
clorídrico ou dos seus cloretos solúveis sobre solução de sais de
chumbo (II): 2HCl + PbS PbCl2 + H2S
O PbCl2 é pouco solúvel na água fria, com a subida da temperatura
a sua solubilidade na água aumenta.

4. Acetato de chumbo II
É um dos poucos sais de chumbo bem solúveis, aplica-se
largamente na prática laboratorial. O acetato tem um sabor doce e
chama-se também açúcar de chumbo. Ele emprega-se no tingimento
de tecidos e na obtenção de outros compostos de chumbo.

5. O Dióxido de chumbo ( PbO2)


É um pó escuro-pardo que se forma sob acção dos oxidantes fortes
sobre os óxidos ou sais de chumbo (II). O PbO2, semelhança do
SnO2, representa o óxido anfótero com uma predominância das
propriedades ácidas.
Os sais que correspondem ao ácido plúmbico H2PbO3, não existem
no estado livre, chamam-se plumbatos. Por ex. Ao fundir PbO2 com
o CaO forma-se plumbato de cálcio:
CaO + PbO2 CaPbO3
A maioria dos plumbatos é insolúvel na água. Os plumbatos de Na e
K são solúveis, na solução são muito hidrolizados. As propriedades
222

básicas do PbO2 manifestam-se na formação de sais muito instáveis


de Pb (IV).
PbO2 + 4HCl PbCl4 + 2H2O
PbCl4 PbCl2 + Cl2
São conhecidos os dois óxidos mistos de chumbo: Pb3O4 e Pb2O3.
Eles podem ser examinados como compostos de óxidos de chumbo
II e IV: 2PbO.PbO2 (Pb3O4) e PbO.PbO2(Pb2O3). O mínio Pb3O4 é
uma substância vermelha viva. Com base nele é fabricado a tinta
que se aplica para proteger metais contra a corrosão.

Acumulador de Chumbo é composto por placas gradeadas de


chumbo, umas são preenchidas pelo PbO2 e outras pelo Pb metálico
esporoso. Estas são mergulhadas no H2SO4(aq) a 35-40%, onde
nessa concentração a condutibilidade eléctrica é máxima.

Durante o trabalho do acumulador ocorre a descarga do mesmo:

I. O chumbo metálico oxida-se: +2

Pb0 + SO42- PbSO4 + 2e- ( ânodo)


II- O PbO2 se reduz:
+4 +2

PbO2 + SO42-+ 4H++ 2e- PbSO4 + 2H2O( câtodo )

Equação total: Pb + PbO2 + 2SO42- + 4H+ 2PbSO4 + 2H2O

Os electrões, perdidos por átomos de Pb na oxidação de Pb e na


redução de PbO2; eles são transmitidos pelo circuito externo dum
eléctrodo para o outro. Deste modo, o chumbo metálico serve do
ânodo e é carregado negativamente, e o PbO2 serve de cátodo e é
carregado positivamente.
No circuito interno (na solução de H2SO4) durante o trabalho do
acumulador efectua-se a transferência dos iões. Os iões SO42-
deslocam-se para o ânodo, e os iões H+ para o cátodo. O sentido
desse movimento é condicionado pelo campo eléctrico que surge
em consequência dos processos de eléctrodo: Perto do ânodo são
ganhos os aniões e perto do cátodo os catiões.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 223

A f.e.m do acumulador de chumbo carregado é igual


aproximadamente a 2V.
F.e.m= E0oxid - E0Red.
Á medida da descarga do acumulador, os materiais do seu cátodo
(PbO2) e o ânodo (Pb) são gastos, também se gasta o H2SO4. Esse
resultado, a voltagem nos bornos do acumulador cai.
Uma vez o acumulador sem carga, recarrega-se. Para carregar o
acumulador, ele é posto em circuito duma fonte exterior da corrente,
esta entra no sentido contrário que se verificou na descarga:
I - No eléctrodo do Pb ocorre redução:
+2

PbSO4 + 2e- Pb0 + SO42-(cátodo)


II - No PbO2, oxidação:
+2 +4

PbSO4 + 2H2O PbO2 + SO42- +4H+ + 2e-( ânodo )


equação total
+2 +4

2PbSO4 + 2H2O Pb0 + PbO2 + 2SO42- + 4H+


Os iões na solução desalocam-se em sentido contrário que se
deslocavam durante o trabalho do acumulador.
Não é difícil notar que esse processo é inverso ao que decorre
durante o trabalho do acumulador. Ao carregar o acumulador, nele
de novo se obtém as substâncias necessárias para o seu trabalho em
forma:
Descarga e-
Pb+4 O2 + Pb0 + 4H+ + 2SO42- 2Pb+2SO4 + 2H2O
Recarregamento

Caracterização do ciclo de Carbono

Globalmente são removidos anualmente por acção antropogénica


em processos de produção de energia de 5300 Mt de Carbono na
forma de Dióxido de carbono que correspondem a cerca de 5% do
dióxido de carbono da atmosfera.
Os oceanos libertam dióxido de carbono para a atmosfera através da
biomassa. Entretanto o consomem em processos fotossintéticos e
224

grandemente em processos de adsorção. No balanço total eles


funcionam como consumidores.
A biomassa dos mares é maioritariamente formada por fito e
zooplâncton a base de microorganismos, cujo teor em carbono após
a morte é transformado em compostos inorgânicos solúveis que por
sua vez podem ser imobilizados na forma de carbonato de cálcio.
O Carbono existente na atmosfera ocorre em 99% na forma de
dióxido de carbono. As origens do dióxido de carbono são os
fenómenos de respiração, mineralização e combustão.
O consumo do Dióxido de carbono deve-se ao processo da
fotossíntese. Estes dois momentos (produção e consumo) estão em
permanente equilíbrio dinâmico nas diferentes esferas do ambiente.
A formação de reservas fosseís do carbono (carvão, gás natural,
petróleo, etc.) deve-se a um processo milenar de deposição de
matéria orgânica morta sob condições anóxicas. Supõe-se que o
aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera com a
industrialização, pode levar a eliminação da biomassa, pois o
dióxido de carbono exerce uma acção nefasta sobre o clima (efeito
de estufa).
Também se supõe que é possível reduzir o efeito de estufa se for
possível diminuir a concentração do dióxido de carbono na
atmosfera. Para tal propõe-se uma redução das emissões
antropogénicas e um reflorestamento de zonas desertas.
O Dióxido de carbono na forma gasosa e/ ou na forma hidratada
constitui a substância chave do tão intenso ciclo biológico do
carbono.
A quantidade de carbono que existe nos sistemas tampão da
hidrosfera na forma do ião HCO3- é 60 vezes maior que a existente
no Dióxido de carbono da atmosfera e 80 vezes maior que a
quantidade existente nos organismos vivos.

Ciclo do carbono

Este ciclo desempenha um papel importante nos fluxos de Carbono


entre através dos processos da fotossíntese e da respiração.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 225

Através do processo da fotossíntese, as plantas absorvem a energia


solar e CO2 da atmosfera, produzindo oxigénio e hidratos de
carbono (açúcares como a glicose), que servem de base para o
crescimento das plantas. Os animais e as plantas utilizam os
hidratos de carbono pelo processo de respiração, utilizando a
energia contida nos hidratos de carbono e emitindo CO2. Juntamente
com a decomposição orgânica (forma de respiração das bactérias e
fungos), a respiração devolve o carbono, biologicamente fixado nos
stocks terrestres (nos tecidos da biota, na camada de solo e na turfa),
para a atmosfera.

As equações químicas que regem estes dois processos são:

Fotossíntese

6CO2 + 6H2O + energia (luz solar) C6H12O6 + 6O2

Respiração

C6H12O6 (matéria orgânica) + 6O2 → 6CO2 + 6 H2O + energia

É possível verificar que a maior troca entre o stock terrestre e stock


atmosférico resulta dos processos da fotossíntese e da respiração.
Nos dias de Primavera e Verão as plantas absorvem a luz solar e o
CO2 da atmosfera e, paralelamente, os animais, plantas e micróbios,
através da respiração devolvem o CO2. Quando a temperatura ou
humidade é muito baixa, por exemplo no Inverno ou em desertos, a
fotossíntese e a respiração reduz-se ou cessa, assim como o fluxo de
carbono entre a superfície terrestre e a atmosfera. Devido à
declinação da Terra e à desigual distribuição de vegetação dos
hemisférios, existe uma flutuação ao longo do ano.

Apesar do stock atmosférico de carbono ser o menor dos três (com


cerca de 750 Gt de carbono), este stock determina a concentração de
CO2 na atmosfera, cuja concentração pode influenciar o clima
terrestre. Ainda mais, os fluxos anuais entre o stock atmosférico e
os outros dois stocks (oceanos e terrestre) são cerca de um quarto da
226

dimensão do stock atmosférico, o que representa uma grande


sensibilidade às mudanças nos fluxos.

Os oceanos representam o maior stock dos três, cinquenta vezes


maior que o stock atmosférico. Existem transferências entre estes
dois stocks através de processos químicos que estabelecem um
equilíbrio entre as camadas superficiais dos oceanos e as
concentrações no ar acima da superfície. A quantidade de CO2 que o
oceano absorve depende da temperatura do mesmo e da
concentração já presente. Temperaturas baixas da superfície do
oceano potenciam uma maior absorção do CO2 atmosférico,
enquanto temperaturas mais quentes podem causar a emissão de
CO2.

Os fluxos, sem interferências antropogênicas, são aproximadamente


equivalentes, variando lentamente, por exemplo, a uma escala
geológica. As diferenças, do ciclo rápido, são também explicadas
pelos processos de fotossíntese e respiração: a vida nos oceanos
consome grandes quantidades de CO2, no entanto o ciclo entre a
fotossíntese e a respiração desenvolve-se muito rapidamente. O
fitoplâncton é consumido pelo zooplâncton em apenas alguns dias, e
apenas pequenas quantidades de carbono são acumuladas no fundo
do mar, quando as conchas do zooplâncton, compostas por
carbonato de cálcio (CaCO3), se depositam no fundo, após a sua
morte. Depois de um longo período de tempo, este efeito representa
uma significativa remoção de carbono da atmosfera.

Outro processo intermediário do ciclo biológico, o qual representa


remoção de carbono da atmosfera, ocorre quando a fotossíntese
excede a respiração e, lentamente, a matéria orgânica forma
depósitos sedimentares que, na ausência de oxigénio e ao longo de
milhões de anos, se transformam em combustíveis fósseis.

Os incêndios (naturais) são um outro elemento do ciclo rápido que


adicionam CO2 para a atmosfera ao consumir a biomassa e matéria
orgânica e ao provocar a morte de plantas que acabam por se
decompor e formar também CO2.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 227

Esquemática 5: Ciclo do Carbono e Oxigénio

Fonte: www.2.uol.com.br

Esquema 6: Ciclo de Carbono

Fonte: www.2.uol.com.br
228

Exercícios
Você teve oportunidade de profundar os conhecimentos relativos a
obtenção, propriedades e aplicações dos elementos do IVgrupo.
Agora deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1- Como se obtém o Dióxido de carbono no laboratório?


2- Em que condições durante a combustão do carvão se forma CO?

Auto-avaliação

1-Quais são as fontes de Dióxido de carbono na superfície


terrestre?
Exercícios 2-Completa as sequintes equações químicas:

PbS + 2PbO

PbO + C

SnO2 + C

GeO2 + H2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 229

Lei mais sobre os elementos do IV grupo em:


• GLINKA, N. Química Geral. Vol.1, Editora Mir
Moscovo, 1984.
• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir
Moscovo, 1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.


Leitura complementar
Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química.


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• COTTON, F, Alberto Química inorgânica Livros
Técnicos e Científicos. Editora S. A, 1982.
• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Qíimica.vol.3. São Paulo:
Atual, 2000.
• WILSON, Luiz.Química e sociedade. São Paulo: Nova
Geração, 2005.
230

-Questão no 1: é obtido pela acção do Ácido clorídrico sobre


carbonato de cálcio:
CaCO3 + 2 HCl CaCl2 + H2O + CO2
Chave de correcção

-Questão no 2: Forma-se o Monóxido de carbono quando a


oxidacao ocorre com insuficiência de Oxigénio.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

-Questão no 1: são os fenómenos de respiração, mineralização e


combustão.

-Questão no 2:

PbS + 2PbO 3Pb + SO2

PbO + C Pb + CO

SnO2 + C Sn + CO2

GeO2 + H2 Ge + 2H2O
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 231

Resumo da Unidade
Nesta unidade você consolidou e aprofundou os seus conhecimentos
sobre:

-O Estanho eCchumbo são metais muito antigos, pois foram


descobertos a.C (antes de Cristo);
- O Carbono livre existe na forma de diamante, grafite e carvão. Na
forma de combinada ocorre na forma de Dióxido de carbono da
atmosfera, Dióxido de carbono dissolvido nas águas dos rios, mares
e oceano, hulha fósssil, petróleo, gás natural,
- O Carbono é um constituinte essencial de toda a matéria viva,
como proteínas, carbohidratos e gorduras
- O Silicio é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre
(27,7% em abundância na crosta terrestre), e é o elemento principal
do reino mineral
- Os tipos de carvão mais importantes são: Coque, carvão de
madeira, carvão animal e negro de fumo.
- As variedades alotrópicas da Carbono são: Diamante e grafite

-O Si é um composto bastante importante na composição do


cimento, combinando com Cálcio forma compostos responsáveis
pela resistência do cimento (Silicato de cálcio e Silicato tricálcio). O
Si é importante na fabricação de cerâmicas, tijolos, vidros e os
polímeros de siliconas.

- Os principais compostos de Carbono são: CO, CO2, H2CO3,


CaCO3, NaHCO3.
232

Unidade n° 06
Estudo do grupo boro
Introdução
Esta unidade contém três aulas e nelas conhecerá os elementos do
III grupo principal, também designados por elementos do grupo do
Boro. Poderá relacionar a estrutura atómica dos elementos com as
suas propriedades e as aplicações como forma de estabelecer uma
comparação entre as características dos elementos já abordados
respectivamente, no VII, VI, V e IV grupo.

Os representantes deste grupo são o Boro e o Alumínio, substâncias


com inímeras aplicações no nosso dia-a-dia. Por exemplo, o
Alumínio é usado no fabrico de panelas, pratos, copos e talheres.
Também é usado como invólucros em embalagens de leite, sumos,
iogurtes, chocolates, sumos, bombons. Enquanto o Boro é usado na
produção de vidros de alta resistência.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Localizar os elementos do III grupo na tabela periódica com


base na estrutura electrónica;

• Descrever as características gerais dos elementos do III


Objectivos grupo;

• Fundamentar as diferenças, semelhanças e a variação


gradual das propriedades dos elementos do III grupo com
aumento do número atómico;

• Relacionar as propriedades das substâncias em estudo com


as suas aplicações;

• Mencionar e representar os compostos dos elementos do


grupo do Boro, com particular importância para os
compostos do Boro e Alumínio;

• Descrever a estrutura dos compostos de Boro;

• Descrever as propriedades físicas e químicas dos compostos


do Boro e Alumínio.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 233

Lição no 01
História da descoberta dos
elementos do III-grupo A
Ocorrência dos elementos do III-
grupo A
Caracteristicas gerais dos
elementos do III-grupo

Introdução
Nesta lição, conhecerá a história da descoberta dos elementos do
grupo do Boro, a sua ocorrência na natureza e as suas características
gerais. Tanto o Boro como o Alumínio ocorrem não ocorrem na
natrureza na forma elementar. Estes ocorrem na forma de minerais.
Ao longo desta lição saberemos quais são os minerais mais
importantes deste elementos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos elementos do grupo


do Boro;

• Explicar a ocorrência dos elementos na natureza;


Objectivos da lição
• Identificar os minerais mais importantes dos elementos Boro
e Alumínio;

• Descrever as características dos elementos do grupo do


Boro.

a) História da descoberta
O elemento Boro: o nome Boro vem do inglês boron, proposto por
Humphry Davy, que prové a partir do mineral de onde foi
234

preparado, o Borax, e o Carbono (carbon) elemento com que se


assemelhava. Foi identificado como novo elemento em 1824 por
Jöns Jacob Berzelius. Mais tarde, no final do século XIX, Moissan,
preparou amostras com pureza superior a 90% e foi já no século XX
que se conseguiu preparar amostras com pureza acima de 99 % e
que permitiram medir com rigor as suas propriedades. O Boro puro
foi obtido pela primeira vez pelo químico estadounidense W.
Weintraub em 1909

O elemento Alumínio : o nome Alumínio deriva dos seus sais


duplos alúmen do latin que significa sabor adstringente. Foi obtido
pela 1ª vez em 1825 por Oestered.
AlCl3 + 3 K(Hg) 3 KCl + Al(Hg)
Al(Hg) destilação
Al + Hg↑

O reconhecimento do isolamento do Alumínio é atribuido a


Friedrich Wöhler, em 1827 apesar de o metal ter sido obtido impuro
alguns anos antes pelo físico e químico Hans Christian Oestered

3-O Gálio foi descoberto em 1875, por Leocof de Boisbandray,


quando analisava no espectroscópio uma Blenda de zinco (ZnS)
impuro proveniente de pierrefitte, nos pireneus. Tinha sido previsto
por Mendeleev, que chamou de eka Aluminio. O próprio Leocof
conseguiu isolar na sua forma metálica, no mesmo ano electrizando
uma solução de Hidróxido de gálio em K2O4. Gallus tradução latina
de Lecof nome do descobredor.

b) Ocorrência dos elementos do III-grupo A

O elemento Boro: o Boro na natureza é relativamente raro, ocorre


cerca de 0,0003%. A sua escasses deve-se à facilidade com que
sofre transmutação. Ocorre principalmente sob a forma minerais
complexos- boratos como: o Bórax ou deca-hidrato do tetraborato
de sódio (Na2B4O7.10H2O), Kernite ou tetra-hidrato de tetraborato
de sódio (Na2B4O7.4H2O), Colemanite ou penta-hidrato de
hexaborato de cálcio (Ca2B6O11.5H2O). Os depósitos mais
importantes desses minerais encontram-se na Califórnia.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 235

O elemento Alumínio: o alumínio é o metal mais abundante e o


terceiro mais presente na crusta terrestre (cerca de 8% de massa). A
sua forma elementar não ocorre na natureza, podendo existir
combinado em alguns minerais. Ocorre com frequência elevada na
litosfera na forma de silicatos complexos como; Feldspato:
K[AlSi3O8], Caulino: Al2(OH)4Si2O5, Mica: KAl2(OH)2[AlSi3O10],
argilas e muitos outros minerais.
Ocorre também na forma de óxidos como:
• Bauxite: Al2O3. 2H2O – principal minério para a obtenção do
Al, com 20 – 25% de impurezas de Fe2O3 (bauxite vermelha);
5% de Fe2O3 e 25% de SiO2 (bauxite branca).
• Corundo: Al2O3 (extremamente duro)
• Rubí (vermelho): Al2O3 com 0,2 – 0,3% de impurezas de
Cr2O3.
• Safira (Azul): Al2O3 com 0,2% de impurezas de TiO2 e Fe2O3.
Os outros compostos do Alumínio são:
• Criolite: Na3AlF6.
• Alunite: K2SO4Al2(SO4)2*2Al2O3*6H2O.
• Berilo: Be3Al2Si6O18
• Nefelina: Na2O*Al2O3*2SO2.
Também são conhecidos alguns minérios do Alumínio, designados
por pedras preciosas como a safira, a esmeralda, a águas marinhas, a
granada, a turquesa, o rubí, etc

Tabela 16: Ocorrência dos minerais do Alumínio em


Moçambique

Jazigos Mineralizações Província/ localidade


Monte Maúzo Bauxite Zambézia / Milange
Monte Tumbine Bauxite Zambézia / Milange
Monte Derre Bauxite Zambézia / Mocuba
Serra Moringume Caulino e Bauxite Manica
Serra de Chiperone Nefelina Zambézia / Milange
Monte Chissindo Nefelina Macaloge/ Niassa
236

O Gálio, o Índio, e o Tálio são raros e são encontrados como


impurezas nos minerais de Zinco, Chumbo e Cádmio, como
também em muitos materiais contendo alumínio.
Observa-se que o elemento Alumínio ocorre na natruraza na forma
de inúmeros minerias e que na sua maioria são usados na fabrico de
jóias. Agora diga os nomes de todos os minerais deste elemento.
Para tal, basta ler novamente o texto sobre a ocorrência do Alumínio
e partilhar a sua resposta com um seu colega.

c) Características gerais dos elementos do III-grupo


Os elementos do grupo III da tabela periódica são: O Boro, o
Alumínio, o Gálio, o Índio e o Tálio.
Estes elementos caracterizam-se por apresentar uma configuração
electrónica externa ns2p1, portanto, possuem 3 electrões na última
camada. Estes elementos formam compostos com estado de
oxidação +3. Raramente ocorrem compostos com estados de
oxidação +1.

Tabela 17: Resumo das propriedades gerais dos elementos do


grupo do Boro
Elemento 5B 13Al 31Ga 49In 81Tl

Conf. Ele. [He] [Ne] [Al] [Kr] [Xe]


2s22p1 3s23p1 4s24p1 5s25p1 6s26p1
Ei1(ev) 8,30 5,99 6,0 5,79 6,11
Ei2(ev) 25,15 18,8 20,5 18,9 20,4
Ei3(ev) 37,9 28,4 30,7 28,0 29,8
RA(nm) 0,091 0,143 0,139 0,166 0,171
RI(E3+nm) 0,020 0,057 0,026 0,092 0,105
Dens(g/cm3) 2,4 2,7 5,93 7,29 11,85
Pf(K) 2570 930 303 429 575
P.eb. 0C 3700 2500 2205 2000 1475
Kp(K) 2820 2770 2340 2370 1660
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 237

Como mostra a tabela acima, o Boro é o primeiro elemento deste


grupo e é um ametal, os restantes membros (Al, Ge, In, Tl) são
metais e as propriedades metálicas aumentam ao longo do grupo.
Isto é, aumenta a tendência de perder electrões.

Na formação de ligação covalente, os elementos mais leves formam


compostos do tipo MX3 com carência de electrões.
Os compostos MX3 são ácidos fortes de Lewis, cuja acidez vai
decrescendo do B ao Ga.

1-O elemento Boro.: o Boro é um não metal e constitui excepção


no grupo. Isto deve-se a 1ª Energia de ionização (Ei) relativamente
elevada, coeficiente de EN elevado, raio atómico pequeno, ponto de
fusão elevado. Possui grande estabilidade e resistência que o torna
imune até ao ácido clorídrico concentrado em ebulição.
Ao contrário dos outros elementos do grupo, o Boro tem pequeno
raio atómico e iónico, pequeno volume e densidade baixa. O seu
ponto de fusão é invulgarmente alto para um não-metal, o que
indica que a força de coesão é muito intensa entre seus átomos.
O B assemelha-se ao Si, “semelhança Diagonal”. Forma como o Si
ácidos fracos não anfotéricos e compostos duros e dificilmente
fundíveis com os metais - índice de dureza próximo ao do diamante.
O Boro naturalmente é composto por 2 isótopos: 10B e 11B.
10
O B absorve muito bem neutrões lentos, sendo usado na técnica
nuclear. O Boro apresenta-se sob a forma amorfa e cristalina. O
Boro amorfo tem densidade igual a 2,34 e o cristalino, mais puro, é
muito duro, tem brilho quase metálico e densidade igual a 3,3g/cm3
e funde a 2.300º C. Em estado puro não tem muitas aplicações, mas
na forma de ácido bórico e bórax encontra grande utilidade na
indústria. É usado como semicondutor, já que sua condutividade
elétrica aumenta com a elevação da temperatura.

2- O elemento Aluminio
O Alumínio é um metal argênteo - branco, mole, leve macio e
resistente. Possui um aspecto cinza prateado e fosco, devido à fina
camada de óxidos que se forma rapidamente quando exposto ao ar e
238

pode ser laminado e esticado em folhas e fios respectivamente. É


muito maleável, muito dúctil, apto para a mecanização e fundição,
além de ter uma excelente resistência à corrosão e durabilidade
devido à camada protetora de óxido. É o segundo metal mais
maleável, sendo o primeiro o ouro.
Ao contrário do que sucede com a maioria dos aços, o Alumínio não
se torna quebraço a baixas temperaturas. Pelo contrário, a sua
resistência aumenta.
O Alumínio é um bom reflector, tanto de luz visível como de calor
irradiado, por isso as caixas de alumínio herméticas podem afastar
ou proteger com rendimento contra as radiações electromagnéticas.
Quanto melhor for a condutividade de um material, melhores serão
as características protectoras.
O Alumínio possui nove isótopos, cujas massas atómicas variam
entre 23 e 30. Somente o Al-27 é estável, e o Al-26 é radioativo
com uma vida média de 7,2×105 anos, são encontrados na natureza.

Propriedades referenciais do Alumínio.


1. Leveza: pelo baixo peso pode-se obter maior eficiência no
transporte.
2. Beleza:
3. Resistência à corrosão.
• Pouco deteriorável.
• Facilidade de conservação.
4. Reciclabilidade:
• Reciclável depois de muitos anos de vida útil

3-Os elementos Gálio, Índio e Tálio.


Estes elementos são metálicos. Formam compostos como os do
alumínio. O Gálio é um metal brilhante como a Prata, duro e
quebradiço. O seu p.f é 29,80C, nos países quentes é líquido, a sua
densidade quando sólido é 5,9 e quando líquido é 6,1. Forma ligas
com pequenas porções de Alumínio, Índio ou Estanho, os quais
fazem baixar o seu p.f.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 239

Dentre os elementos do III grupo o Alumínio é um metal resistente


a corrosão. Agora diga a que se deve a resistência do Alumínio?
Resposta: A resistência do Alumínio deve-se à fina camada de
óxidos que se forma rapidamente quando exposto ao ar.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
história de descoberta, ocorrência e propriedades gerais dos
elementos do III grupo. Agora deve ler novamente o texto e
responder o seguinte:

1-Que tipo de semelhança existe entre o Boro e o Silício? Em que


consiste?
2-O que são ácidos de lewis.? Dê dois exemplos

Auto-avaliação

1-Quais os números de oxidação típicos dos elementos Gálio e


Índio nos seus compostos?
Exercícios 2-Como ocorre o Boro na natureza?
3-Quais são os minerais mais importantes do Alumínio?
240

Questão no 1: Designa-se “semelhança Diagonal”. Consiste em


formar como o Si ácidos fracos não anfotéricos e compostos duros
e dificilmente fundíveis com os metais com um índice de dureza
Chave de correcção
próximo ao do diamante.

Questão no 2: Ácidos de Lewis são substâncias que aceitam


(recebem) pares de electrões. Por exemplo, BF3, AlCl3

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: o número de oxidação típico dos elementos Gálio e


Índio nos compostos é +3, raramente ocorrem compostos com o
número de oxidação +1.

Questão no 2: O Boro ocorre principalmente sob a forma de


minerais complexos- boratos como: o Bórax (Na2B4O7.10H2O),
Kernite (Na2B4O7.4H2O), Colemanite (Ca2B6O11.5H2O).

Questão no 3: Os minerias de Alumínio são: Feldspato:


K[AlSi3O8], Caulino: Al2(OH)4Si2O5, Mica: KAl2(OH)2[AlSi3O10],
Bauxite: Al2O3. 2H2O, Corundo: Al2O3, Rubí (vermelho), Safira
(Azul), etc.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 241

Lição no 02
Reactividade dos elementos do III-
grupo A
Métodos de obtenção dos
elementos do III-grupo-A
Precauçoes no trabalho com
Aluminio e Boro

Introdução
Nesta lição tratarás da reactividade dos elementos do III grupo-A,
dos métodos de obtenção e dos cuidados a ter ao trabalhar com o
Alumínio e o Boro

Nas lições anteriores você conheceu alguns minerais do Boro e do


Alumíno, os quais são na sua maioria pedras preciosas usadas no
fabrico de jóias. Por isso é importante conhecer as possibilidades de
obtenção deste elementos e dos seus compostos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar e representar as principais reacções dos elementos


do grupo do Boro;

• Explicar os principais métodos de obtenção dos elementos do


Objectivos da lição
grupo do Boro e seus compostos;

• Descrever os perigos e cuidados a tomar durante o trabalho


com o Aluminio e o Boro.
242

a) Propriedades químicas e reactividade dos elementos do III-


grupo A

1-O elemento Boro: o Boro reage tanto com elementos metálicos


quanto não metálicos para formar compostos covalentes, já que em
nenhum caso dá origem a estados catiónicos, o que impede que
sejam geradas ligações iónicas. A formação de compostos
covalentes explica-se pela pequena dimensão iónica, pois tem
apenas dois níveis de energia e assim os electrões do segundo nível
de energia são atraídos fortemente pelo núcleo, não podendo
transferir-se para o outro átomo e assim combinar-se por
electrovalência.
O Boro é um elemento que, na configuração eletrónica normal,
apresenta na camada de valência orbitais “p” incompleto( 2px1 - 2py0
- 2pz0 ); o que justifica a forte tendência de ganhar electrões. Por
isso, que seus compostos se comportam como ácidos de Lewis,
reagindo rapidamente com substâncias ricas em electrões. O Boro
tem uma química muito especial em comparação com Alumínio e
outros elementos do grupo IIIA, mas assemelha-se nas propriedades
com o silício.
As principais semelhanças com o silício e as diferenças com o
alumínio são as seguintes:
O hidróxido de boro B(OH)3 tem propriedades ácidas enquanto que
o hidróxido de alumínio Al(OH)3 é um anfótero.
Os haletos de Boro e Silício, excepto o BF3 são facilmente
hidrolisáveis. Os haletos de Alumínio são sólidos e parcialmente
hidrolisáveis.
Os hidretos de Boro e de Silício são voláteis, inflamam-se
espontaneamente e, facilmente hidrolisam-se.
-A água não ataca o Boro, mas o vapor de água sobre o elemento
aquecido ao rubro forma ácidos bórico e hidrogénio,

2B + 6H2O 2H3BO3 + 3H2
-Quanto aos ácidos o Boro não reage com o ácido clorídrico nem
com o fluorídrico, mesmo a quente, sendo lentamente atacado por
ácido sulfúrico a quente e ácido nítrico concentrado.
2B + 3H2SO4 2H3BO3 + 3SO2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 243

2B + 6HNO3 2H3BO3 + 6NO2


-O Boro é estável ao ar em temperaturas normais; com temperaturas
elevadas forma mistura de óxido B2O3 e nitreto (BN).
-Aquecendo o Boro amorfo até 7000C, ele inflama-se se
transformando-se em óxido, libertando uma grande quantidade de
calor. Caso contrário, ele não se oxida ao ar
4B + 3O2 2B2O3 + 2508kj
- O Boro combina-se directamente com halogéneos, oxigénio,
enxofre, nitrogénio e carbono formando compostos binários como
BF3, B2O3, B2S3, BN e B4C.
2B + 3F2 2BF3 Trifluoreto de boro
4B + 3O2 2B2O3 Óxido de boro
2B + 3S B2S3 Sulfureto de boro (polímero)
2B + N2 2BN Nitreto de boro (polímero)
4B + 3C B4C3 Carbeto de boro
-Reage com metais alcalinos e alcalinos-terrosos formando boretos
que podem ser considerados composto iónico.
B + 3Na Na3B Boreto de sódio
2B + 3Mg Mg3B2 Boreto de magnésio

Algumas reacções do Boro.

X2 BX3, X=F, Cl, Br e I


700ºC / O2 B2O3
B amorfo S p / to B2S3

N2/ 1200ºC (BN)X

Metais / to MBn

Hidróxidos alcalinos M2BO3 + H2 ↑

2-O elemento Alumínio


O Aluminio reage do mesmo modo que o Boro com o Oxigénio,
Enxofre, Azoto e Halogéneos formando compostos do tipo M2O3,
M2S3, MN e MX3.
4Al(s) + 3O2(g) 2Al2O3(s)
244

2Al(s) + 3S(g) Al2S3(s)


2Al(s) + 3Cl2(g) 2AlCl3(s)
O Alumínio reage com o oxigénio do ar na ausência de humidade e
quando se oxida forma uma película protectora de óxido
extremamente fina. Esta película é densa e proporciona uma
excelente protecção contra a corrosão. Em caso de ficar deteriorada,
a película regenera-se.
O Cloreto de alumínio (AlCl3 ) sofre hidrólise:
AlCl3(s) + 3H2O(l) Al(OH)3 + 3HCl(aq)
A elevada entalpia de formação do óxido de alumínio permite
utilizar o metal na redução de muitos óxidos metálicos pelo
processo alumotérmico (obtenção de Mn, Cr, Fe, Etc).

Em ambientes neutros e ligeiramente ácidos, o Alumínio tem uma


vida útil muito longa. Em ambientes caracterizados por valores
elevados ou baixos do pH, a corrosão é rápida.

O Aluminio é anfotérico (dissolve-se tanta em soluções ácidas como


em básicas), formando sal e libertando o hidrogénio e com as bases
fortes (dando aluminatos):
2Al + 6HCl 2AlCl3 + 3H2
2Al + 2NaOH + 2H2O 2NaAlO2 + 3H2
Apesar do seu potencial de eléctrodo ser negativo (-1.66V), pelo
facto de possuir uma película de óxido de alumínio ele não se
dissolve na água, reage lentamente com HCl diluído até que a
camada de óxido seja desfeita e só depois disso reage
vigorosamente.

O Alumínio, perdendo a película protectora, reage com água


deslocando desta o hidrogénio,
2Al + 6H2O 2Al(OH)3 + 3H2
O Hidróxido de alumínio formado é um anfótero, isto é pode reagir
com soluções aquosas de ácidos como e bases:
Al(OH)3(s) + 3H+(aq) Al3+ + 3H2O(l)
Ex: Al(OH)3(s) + 3HCl AlCl3 + 3H2O(l)
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 245

Al(OH)3(s) + OH-(aq) Al(OH)4-(aq)


Ex: Al(OH)3(s) + NaOH(aq) Na[Al(OH)4](aq)

O Alumínio actua como redutor, reduzindo os metais

2Al(s) + Fe2O3(s) Al2O3(s) + 2Fe(s) ∆H= -825Kj


Esta reacção é usada na soldagem de aço e de ferro e é chamada
reacção térmite.
A camada de óxido dissolve-se formando os aluminatos, isto é sais
que contém o alumínio na decomposição do anião:
Al2O3(s) + 2NaOH(aq) + 3H2O 2Na[Al(OH)4](aq)
Tetrahidroxoaluminato de sódio
O Alumínio forma hidretos polímeros de fórmula (AlH3)n .
O ácido nítrico torna o metal passivo, este processo é usado na
produção de objectos de alumínio como panelas etc.

3-Os elementos Gálio, Índio e Tálio.


Os seus iões M3+ formam como os do alumínio aquacomplexos de
coordenação 6 em solução, que são hidrolisáveis, funcionando como
ácidos e bases fracas de Bronsted.
O Gálio tal como o Alumínio reage tanto com os ácidos (dando sal e
libertando o hidrogénio) e com as bases fortes (dando galatos):
2Ga + 6HCl 2GaCl3 + 3H2
2Ga + 2NaOH + 2H2O 2NaGaO2 + 3H2
O Índio quando aquecido fortemente ao ar, arde oxidando-se, mas
facilmente volta ao estado primitivo:
In + 3O2 2In2O3
O Índio forma hidretos polímeros de fórmula (InH3)n.

Esquema de reacções do Gálio


246

Reacções do In são semelhantes às do Al e Ga.


Esquema de reacções do Tálio

Todos os elementos desse grupo formam hidretos, com excepção do


tálio.

Os elementos Boro e Alumínio não reagem com água nem com


ácidos em condições normais. Diga a que se deve esta propriedade?
Vimos nas lições anteriores que tanto o Boro como o Alumínio
quando expostos ao ar oxidam-se formando um película protectora
que impede a reacção.

b)Metodos de obtenção dos elementos do III-grupo A

1-Obtenção do Boro

Dada a sua reactividade, é muito difícil obter Boro num estado de


elevada pureza. Existem vários métodos de preparação de Boro
elementar:

Um dos primeiros métodos usados é a redução do óxido bórico com


metais como Magnésio ou Alumínio que provém do boráx
Na2B4O7(aq) + 2HCl 4 H3BO3 + 2 NaCl
T
4 H3BO3 B2O3 + 3 H2O
B2O3 + 3 Mg 2B ( impuro)+ 3MgO
Segue-se a lavagem da solução com NaOH, HCl e HF e obtém-se
até 95-98% de pureza.

-Pode-se obter o Boro por redução de halogenetos de Boro voláteis


com Hidrogénio ou vapor de Sódio em altas temperaturas. Este
método permite a obtenção de Boro de muito elevada pureza.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 247

A mistura de BCl3 e H2 é passada por filamento de tântalo aquecido


entre 11000C à 13000C obtém-se aqui o boro sob forma cristalina e
pura, com a dureza de 9,3.
1100 1300º
2BCl3 + 3H2 - 6HCl + 2B

Redução electrolítica de boratos ou fluoroboratos fundidos.

2KBF4 2KF + 2B + 3F2

Decomposição térmica de hidretos, halogenetos, ácidos de boro e


boranos (boranos simples.

B2H6 2B + 3H2
Por redução alumotérmica do óxido bórico (B2O3) por magnésio ou
alumínio
B4O72- + 2H+ 2B2O3 + H2O
B2O3 + Al 2 B + Al2O3
impuro contem boratos de Al
B2O3 + 3Mg 3MgO + 2B
O B impuro é lavado com NaOH, HCl, e HF obtendo-se B com 95 a
98% de pureza acastanhado contendo ainda o sub óxido BO numa
solução sólida. O boro assim obtido é usado na manufactura de aços
resistentes ao choque.
-Por electrólise de KBF4 → obstem-se B negro cristalino de elevada
pureza por redução de vapor de BBr3 pelo hidrogénio passado num
filamento de tântalo a 1600 K → obtém-se B negro cristalino de alta
pureza.

2- Obtenção do elemento Alumínio


-Processo por via húmida – processo de Bayer
A matéria-prima principal para obtenção do Alumínio é a Bauxite o
qual contém a sílica (SiO2), Óxido de ferro e Óxido de titáneo (IV)
na sua composição.
O minério é em 1º lugar é aquecido com a solução de NaOH para
transformar a sílica em silicatos solúveis:
SiO2(s) + 2OH-(aq) SiO32- + H2O(l)
O minério (bauxite) contém impurezas que devem ser separadas.
248

Para a sua obtenção digere-se a bauxite com NaOH que dissolve o


óxido anfotérico do Al2O3 :
Al2O3 + 2 NaOH + 3 H2O 2 Na[Al(OH)4]
O Óxido de ferro que o acompanha transforma-se em hidróxido de
ferro (III) insolúvel que é retirado por filtração.
As impurezas de óxido de ferro precipitam:
NaOH
Fe2O3 + 3 H2O 2 Fe(OH)3
A solução é agitada com um pouco de Hidróxido de alumínio
cristalino fazendo precipitar a maior parte do alumínio na forma de
Hidróxido de alumínio puro (insolúvel) que por aquecimento perde
água e forma-se o óxido de alumínio.
Na[Al(OH)4] ←→ Al(OH)3 + NaOH
Este pode ser convertido a Al2O3 puro por aquecimento. Este último
é fundido e electrolisado obtendo-se assim o Al.
Al(OH)3 ∆ Al2O3 + H2O
2 Al2O3 4 Al + 3 O2

Al2O3 2Al3+ + 3O2-

No ânodo (oxidação) 3O2- 3O2 + 6-

2Al3+ + 6e- 2Al(l)


2Al2O3 4Al(l)+ 3O2(g)
Finalmente este é misturado com criolite e fundido a 960ºC. O
fundido é depois electrolisado formando-se Al e oxigénio.
O oxigénio gasoso reage com os ânodos de carbono (a altas
temperaturas) para formar monóxido de carbono que sendo um gás
se escapa. O alumínio líquido desce para o fundo do recipiente,
donde pode ser drenado de tempos em tempos durante o processo.

Nota: A elevada reactividade do alumínio impede extraí-lo da


alumina mediante a redução, sendo necessário obtê-lo através da
eletrólise do óxido. A alumina possui um ponto de fusão
extremamente alto (2000 °C) tornando inviável de forma económica
a extração do metal. Porém, a adição de um fundente, no caso a
criolita, permite que a eletrólise ocorra a uma temperatura menor, de
aproximadamente 1000 °C. Actualmente, a criolita está sendo
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 249

substituída pela ciolita, um fluoreto artificial de alumínio, sódio e


cálcio

Produção na Mozal ocorre pelo processo Hall – Heroult


Os principais componentes do processo são:
• Óxido de alumínio (alumina) como fonte de Al
• Criolite para diminuir o Pf
• Aditivos de AlF3, CaF2 e MgF2 para melhorarem as
propriedades do fundido.
• Coque como eléctrodos
• Energia eléctrica

As fases do processo são:


• Dissolução da alumina em criolite fundida a 960ºC.
• Adição de AlF3, CaF2, MgF2.
• Electrolise.
As reacções do processo são:
Reacção catódica Reacção anódica
Al3+ + 3e- → Al 2 O2- - 4e- → O2

Produtos secundários: CO2; CO; HF; F2; SO2; CS2.

3- Obtenção dos elementos Gálio, Índio e Tálio.


São obtidos por electrólise dos seus sais. O Gálio é obtido
electroliticamente a partir do seu cloreto e seu hidróxido, obtém-se
também de altas purezas por redução com H2 e Tricloreto de gálio
purificado pelo processo de Zom fundido num recipiente de
quartzo:
GaCl3 Ga3+(aq) + 3Cl-(aq)
Ga3+(aq) + 3e- Ga(s)
2GaCl3 + 3H2 6HCl + 2Ga(s)
Ga(OH)3 Ga3+(aq) + 3OH-
4-3GaCl2 2GaCl3 + Ga(s)
250

b) Precauções no trabalho com Aluminio

O Alumínio encontra-se na natureza na forma de óxido de alumínio


(Al2O3). Talvez por causa disto ele é tido como inofensivo mas a
exposição a altas concentrações pode causar problemas de saúde
principalmente quando na forma de iões em que ele é solúvel em
água.

A ingestão do alumínio pode acontecer através da comida, do ar e


contacto com a pele. A ingestão por muito tempo do alumínio em
concentrações altas pode levar a sérios problemas de saúde como:
Demência, Danos ao sistema nervoso central, Perda de memória,
Surdez, Fortes tremores, Dores musculares, Cólicas, Fraqueza,
Inapetência, Impotência, etc.

A inspiração de alumínio em pó em fábricas onde este elemento é


utilizado no processo de produção pode levar à fibrose pulmonar e
outros danos ao pulmão. Este efeito conhecido como Mal de Shaver
é complicado pela presença no ar de sílica e óxido de ferro. Na
diálise renal ele pode penetrar nos rins e causar danos.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
reactividade, possibilidades de obtenção dos elementos do IIIgrupo,
assim como as precauções no trabalho com o Alumínio. Agora deve
ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Quais são os produtos secundários do processo de obtenção do


Alumínio?

2- Porque o elemento Boro não forma composto iónicos tendo


apenas três electrões na última camada?
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 251

Auto-avaliação

1-Qual é a matéria-prima principal para obtenção do Alumínio?

2-Porque razão o Alumínio desloca o hidrogénio da água somente


Exercícios em presença de uma base? Escreva as equações das reacções em
questão .

Questão no 1: Produtos secundários: CO2; CO; HF; F2; SO2; CS2.

Chave de correcção Questão no 2: Porque o elemento Boro tem apenas dois níveis de
energia e assim o electrão do segundo nível de energia é atraído
fortemente pelo núcleo, não podendo transferir-se para o outro
átomo.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: É a bauxite

Questão no 2: Porque o Alumínio só reagem com água depois da


dissolução da película de óxido que a protege pela base.
Al2O3 + 2 NaOH + 3 H2O 2 Na[Al(OH)4]
252

Lição no 03
Compostos dos elementos do
grupo do Boro
Aplicações dos elementos do
grupo do Boro

Introdução
Nesta lição você tratará dos compostos dos elementos do grupo do
Boro, com particularidade para os compostos dos elemento Boro e
Alumínio como representantes. Vai conhecer também as aplicações
os elementosdo III grupo e dos compostos mais importantes que
formam.
Por exemplo, o bórax fundido dissolve alguns óxidos metálicos,
formando compostos de coloração definida e, é usado em grandes
quantidades de bórax na fabricação de esmaltes, vidrados, vernizes e
outros. O pirex é um vidro fabricado a partir boro silicatos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar estruturalmente os compostos formados pelos


elementos do III Grupo A;

• Nomear e caracterizar os compostos dos elementos do III


Objectivos da lição
Grupo- A;

• Descrever a estrutura dos compostos do elemento Boro, em


particular os boranos;

• Descrever as principais aplicações dos elementos do III


grupo e dos seus compostos.

a) Compostos do Boro

Existem um número extraordinariamente elevado de compostos de


Boro que se podem incluir em cinco grandes grupos:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 253

• Compostos com Oxigénio, incluindo Boratos e Borosilicatos

• Borohidretos (Boro e Hidrogénio) incluindo os seus


derivados

• Halogenetos de Boro (Boro e halogéneos) incluindo


derivados

• Compostos Organoboro, em que se combina com Carbono e


Azoto.

• Boretos metálicos (compostos de Boro com metais)

1. Compostos oxigenados.
O Boro combina-se directamente com o Oxigénio a 400-7000c
4B + 3 O2 2B2O3 + 698Kcal/mol
O Boro amorfo reage a 6000c, ao passo que o cristalino necessita de
temperaturas mais elevadas. Este óxido pode ser considerado
anidrido dos ácidos tetrabórico, pirobórico e metabórico:
2B2O3 + H2O H2B4O7( relação2:1)
2B2O3 + 3H2O 2H6B4O4(relação 2:3)
B2O3 + H2O 2HBO2(relação 1:1)
Como o B2O3 é um óxido ácido, dissolvido em água forma Ácido
bórico
B2O3 + 3H2O 2H3BO3

Conhecem-se vários ácidos bóricos, todos derivados do anidro


bórico, porém o mais importante é o H3BO3, ácido bórico.

Ácido bórico ou ortobórico H3BO3 ou B(OH)3 é uma substância


cristalina branca com unidades B(OH)3 ligadas por pontes de
Hidrogénio. É um ácido fraco, monobásico, solúvel em água quente
quando aquecido perde H2O formando o ácido metaborico HBO2 e
finalmente o óxido (B2O3).

É obtido a partir dos boratos ou por hidrólise dos haletos de boro:

Na2B4O7 + H2SO4 + H2O Na2SO4 + 4 H3BO3


254

4 BX3 + 6 H2O 3 H3O+ + 3BX4- + H3BO3

H3BO3 + H 2O [B(OH)4]- + H+; PH = 9,0

2. Sais do ácido bórico

Os sais do Ácido bórico são designados por boratos.


O Tetraborato de sódio (Na2B4O7) existe na natureza e contém em
média 55% de bórax (tetraborato de sódio decaidratado,
Na2B4O7.10H2O). Habitualmente, obtém-se o bórax sob a forma de
cristais incolores, ligeiramente solúvel em água fria, mais solúvel
em água quente, sendo suas soluções alcalinas.

A fusão do Ácido bórico forma o óxido (B2O3) como um vidro. O


líquido dissolve facilmente óxidos metálicos, dando vidros
boratados. O pirex e vidros semelhantes são boro silicatos.

O Bórax ou Tetraborato de sódio forma grandes cristais incolores de


composição: Na2B4O7. 10H2O, e é obtido pela reacção do Ácido
bórico com NaOH:
4 H3BO3 + 2 NaOH Na2B4O7 + 7 H2O.
As soluções aquosas de bórax possuem uma forte reacção alcalina
devido a hidrólise decorrente.
O Bórax, tetraborato de sódio decahidratado Na2B4O7.10H2O pode
ser preparado aquecendo-se metaborato com ácido bórico:

4NaBO2 + 2H3BO3 2Na2B4O7 + 3H2O
Os sais do Ácido bórico ou boratos, são principalmente os derivados
não do ácido ortobórico, mas sim do ácido tetrabórico e de outros
ácidos,
Na2B4O7 + H2SO4 + 5H2O Na2SO4 + 4H3BO3
4H3BO3 + 2NaOH Na2B4O7 + 7H2O
O Bórax ao ser aquecido perde água de cristalização e funde-se. No
estado fundido ele dissolve os óxidos dos diferentes metais,
formando os sais duplos do ácido metabórico de cores
característicos para cada metal:
Na2B4O7 + CoO 2NaBO2.Co( BO2)2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 255

(azul)
3. Haletos
Forma haletos do tipo BX3 (ácidos de lewis) que são os mais
importantes havendo também os de fórmula geral B2X4 e (BX)n.
BF3 é o mais forte: BF3>> BCl3 >BBr3>BI3.
BF3 + 6 H2O 3 H3O+ + 3 [BF4]- + B(OH)3
[BF4]- + H2O [BF3OH]- + HF (hidrólise parcial)

BX3 + 3 H2O → 3 HX + B(OH)3

Todos os compostos BX3 são moléculas triangulares com ângulos


X-B-X de 120º.
A energia libertada na formação de BX3 é suficiente para permitir a
hibridização sp2.
Os Trihalogenetos BX3 com excepção do fluoreto são preparados a
partir do óxido de boro por tratamento com o halogéneo e carbono a
altas temperaturas.
B2O3 +3C + 3X2 ∆ 2BX3 + 3CO
B2O3 +3C + 3Br2 ∆ 2BBr3 + 3CO
Podem também ser preparados aquecendo o Fluoreto de boro com
Halogeneto de alumínio correspondente:
BF3 + AlCl3 ∆ AlF3 + BCl3
O Boro reage directamente com o flúor, formando-se o BF3, mas
como processo de preparação usa-se o óxido de boro com mistura
de Fluoreto de cálcio e ácido sulfúrico a quente:
B2O3 + 3CaF2 + 3H2SO4 ∆ 3CaSO4 + 3H2O +
2BF3
Todos os halogenetos de boro são compostos covalentes sofrendo
hidrólise com facilidade e desprendendo o halogeneto de hidrogénio
correspondente:
BX3 + 3H2O H3BO3 + 3HX
Ex: BCl3 + 3H2O H3BO3 + 3HCl
O BF3 além do fluoreto de hidrogénio, forma também o ácido
tetrafluorobórico
H3BO3 + 4HF HBF4 + 3H2O ( A. Tetrafluorobórico)
A capacidade de haletos de boro aceitar os electrões faz com que
256

sejam usados como catalisadores.


BF3 + NH3 BF3NH3

4. Hidretos
Os Hidretos de Boro são designados por Boranos. Boranos são
compostos químicos formados exclusivamente por Boro e
Hidrogénio. O mais simples dos boranos é o BH3, ainda que sua
massa molecular corresponda ao diborano B2H6. A maior parte dos
boranos tém fórmulas moleculares do tipo BnHn+4 ou BnHn+6. Se
obtém por hidrólise do Boreto de Magnésio com ácido clorídrico
diluído.

Tabela 18 :Alguns boranos típicos

B2H6, B4H10, B5H15, B9H15, B10H14, B20H16.

Boranos P.fusão P. ebulição


B2H6 (diborano) -165,5 -92,5
B4H10 (tetraborano) -120 18
B5H10 pentaborano) - 46,6 48
B5H9 (pentaborano) -123 -63
B6H10(hexaborano) - 65 (p.vapor a 00c=7,2mmdeHg)
B10H14(decaborano) 99,7 213
B9H15(eneaborano) 2,6 -

Os boranos foram produzidos pela primeira vez entre 1912 e 1936


por Alfred Stock que desenvolveu técnicas de vácuo para manejar
estas substâncias tão reactivas. A síntese original de Stock, a reação
do Mg3B2 com ácido, foi substituída na atualidade em todos os
casos, excepto para o B6H10. A maioria das sínteses actuais
implicam a termólise de B2H6 sob condições diversas, com
frequência em presença de Hidrogénio.

O Diborano, B2H6 é um gás (Tebulição=-92.6°) inflamável


espontaneamente ao ar e que se hidrolisa instantaneamente pela
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 257

acção da água, formando H2 e B(OH)3. Se obtém de maneira


praticamente quantitativa por reação do borohidreto sódico com
BF3.

Os boranos superiores, por exemplo, B6H10, são principalmente


líquidos cuja inflamabilidade ao ar decresce com o aumento da
massa molecular. Um dos mais importantes é o decaborano, B10H14,
um sólido (Tfusão = 99.7°C) que é estável ao ar e só se hidroliza,
lentamente, pela acção da água. Se obtém por aquecimento do B2H6
a 100°C e é um material de partida importante para a síntese do
anião B10H102- e dos carboranos.

O Borano propriamente dito, BH3, tém só uma existência


momentânea na descomposição térmica do diborano:

2B2H6 → BH3 + B3H9

Os boranos podem ser obtidos pela hidrólise de boreto de magnésio


com ácidos diluídos (HCl ou H3PO4)
2Mg3B2 + 12HCl H2 + B4H10 + 6MgCl2
O produto principal é B4H10 cuja a decomposição térmica dá B2H6.
Por aquecimento os boranos transformam-se em outros boranos e ao
rubro em boro e hidrogénio.
100 C
2 B2H6 B4H10 + H2
B2H6 reage com NH3 quando aquecido a 2000C forma
triborotriamina (Bomazol ou borazeno) B3N3H6 que é muito estável,
devido a sua estrutura pode ser considerado análogo iónico do
benzeno.
H
|
B

H N N H
|| | B3N3H6 (Borazeno)
H B B H

N
258

|
H

Estrutura de ligação nos boranos

Os boranos têm estrutura diferente dos outros. Em nenhum deles há


electrões suficientes para permitir a formação da ligação
convencional com um par de electrões entre os pares de átomos
adjacentes (2C -2e).
Neles ocorre deficiência de electrões. Assim desenvolveram-se
diversos conceitos sobre ligações policentricas, para explicar a
estrutura dos boranos. Este tipo de ligações é deficiente em
electrões, de tal manera que um só par de electrões se encontra
localizado entre três átomos, daí que as vezes se usa o termo
tricentrado.
Por exemplo, no B2H6 existem 12 electrões de Valência, em vez de
14 necessários para uma ligação por pares de electrões.
H H H
B B
H H H
Aqui, o par electrónico comum ocupa uma orbital molecular que
engloba os três átomos – um átomo de hidrogénio (ponte) e dois
átomos de boro.
As ligações B-H terminais são ligações convencionais (2C-2e).
Cada átomo do boro usa dois electrões e dois orbitais hibridas sp3
para formar ligações 2C-2e- com dois átomos de hidrogénio dos
extremos. Em cada grupo BH2 o átomo de boro tem ainda um
electrão e duas orbitais hibridos sp3 que se encontram num plano
perpendicular ao plano BH2 e podem ser usadas noutras ligações. A
aproximação desses planos um do outro conduz à formação de
ligaçao entre os três centros. Formam-se ligações do tipo 3C – 2e.
O total de quatro electrões que requerem estas duas novas ligações
tricentradas procede do electrão que possui cada átomo de H e de
cada grupo BH2.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 259

Os quatro átomos «extremos do Hidrogénio são ligados com os


átomos de Boro com ligações bicêntricas bielectrónicas comuns.
Deste modo dos doze electrões valentes existentes em átomos que
compõem a molécula do diborano, os oito electrões participam na
formação das ligações bicêntricas B-H, e os quatro formam as duas
ligações tricêntricas B-H-B.

Portanto para a formação da molécula B2H6 se utilizam dois


elementos estruturais ligados, isto é, grupos BH 2c-2e e grupos
BHB 3c-2e como ilustra o esquema abaixo.

Para explicar as estruturas e ligações dos boranos superiores


necessitam se destes elementos e outros três mais. Estes últimos
são: grupos BB 2c-2e, grupos BBB abertos 3c-2e e grupos BBB
fechados 3c-2e. Os elementos estruturais podem ser representados
convenientemente do seguinte modo:

• Ligação B-H terminal do tipo 2C – 2e: B▬H

• Ligação por ponte de H do tipo 3c – 2e:

• Ligação por ponte de boro do tipo 3C – 2e:


• Ligação B – B 2C – 2e: B▬B

• Ligação B – B – B do tipo 3C – 2e fechada:

Boretos

São compostos binários formados pelo boro com elementos menos


electronegativos geralmente os metais do tipo M4B, M2B, MB,
M3B4, MB2 são substâncias de grande dureza refractárias, podendo
260

apresentar pontos de fusão de 30000C M=Cr, Ti, Nb, Zr,Ta. São


usados nas turbinas a temperaturas elevadas.
Os boretos de “d” e “f” elementos são praticamente inertes
quimicamente e os de “s” são elementos quimicamente activos. Ex:
AlB2, MnB2, CaB6. Os boretos são comumente preparados por
combinação de elementos a altas temperaturas cerca de 20000C.
Podem também ser obtidos por redução dos óxidos metálicos com
carbono e carboneto de boro.
2000 oC
3Na + B Na3B
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 261

b) Compostos de Gálio
2GaI2 GaI3 + GaI.
O Iodeto correspondente dismuta no triodeto e no monoiodeto.
Formam-se halogeno-complexos com os outros metais.
Os fluorogalatos têm o ião octaédrico GaF63-, mas os sólidos são
hidratados e diferem da criolite na estrutura. O ácido
hexafluorogálico, H3GaF6; foi obtido por acção de HF em
Ga[GaCl4]. Forma-se complexos de fórmula geral [Gal4]+.[GaX4]-
sendo X=Cl ou Br.
A partir desta texto, você pode identificar os compostos mais
importantes dos elementos do III grupo. Agora pode mencionar os
compostos. Para tal, basta procurar ler novamente o texto acima e
partilhar com um seu colega a resposta para verificar se respondeu
correctamente.

c) Aplicações dos elementos do grupo do Boro


1-O Boro é aplicado na produção de vidros de elevada resistência.
É também usado como antioxidante, anticorrosivo e componente de
materiais de revestimento altamente resistentes em reactores
nucleares, pois o Boro é um óptimo absorvente de neutrões.
O Boro amorfo é usado em fogos de artifício devido a coloração
verde que produz.
O composto de boro de maior importância económica é o bórax,
empregado em grandes quantidades para a fabricação de fibras de
vidro e perborato de sódio.

O Boro puro também é combinado com metais para fazer materiais


de elevada resistência, os boretos metálicos para fabricar pás para
turbinas, injectores para foguetões ou reactores que operem a alta
temperatura, por exemplo. A inclusão de boro nos metais também
permite aumentar a condutividade destes e ainda facilitar o seu
processamento.

Alguns exemplos de compostos de Boro, com importantes


aplicações na indústria e no nosso quotidiano, nomeadamente:
262

-Óxido bórico (B2O3) – é utilizado na produção de vidros e vidrados


de elevada resistência. A semelhança do Boro com o Silício permite
a sua utilização na preparação de vidros de borosilicato. Estes vidros
apresentam uma resistência muito elevada e têm uma aplicação
muito generalizada, incluindo o pyrex, tão vulgar em qualquer
cozinha ou laboratório. Os vidros de borosilicato são também
utilizados para produzir fibra de vidro.

-Borato de sódio (Na2B4O5(OH)4)·8H2O) – o Bórax, que é utilizado


como fonte de Boro é usado, por exemplo, como fertilizante uma
vez que o Boro é um elemento essencial ao bem-estar das plantas,
particularmente das árvores, aumentando a resistência às doenças.
Também encontra utilização em medicamentos.

-Perborato de Sódio (NaBO3·4H2O) - foi muito utilizado na Europa


em detergentes para lavar em água quente uma vez que a
temperaturas próximas de 90 ºC se decompõe originando água
oxigenada (H2O2) que serve de agente branqueador. Este composto,
no entanto, não é eficaz para lavagens em água mais fria e não pode
ser utilizado em detergentes para lavagem a frio.

-Ácido Bórico (H3BO3) é um ácido fraco que apresenta


propriedades anti-sépticas. Este composto também tem propriedades
insecticidas sendo utilizado para exterminar formigas e baratas.

-Octaborato de sódio (Na2B8O13) – é utilizado para produzir tecidos


e madeiras à prova de fogo bem como para produzir os flocos de
papel que são usados no cinema para imitar a neve.

Alguns compostos de boro estão a ser investigados para aplicação


no tratamento de cancro. O boro-10 tem uma secção eficaz para
captura de neutrões muito elevada, produzindo boro-11 num estado
excitado que se decompõe libertando uma enorme quantidade de
energia. A utilização de moléculas com boro que se ligam
especificamente a células cancerígenas e que, depois, são sujeitas a
bombardeamento com neutrões (uma radiação não ionizante),
permite dirigir essa energia para estas células, destruindo-as
selectivamente.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 263

2-Alumínio : na indústria alimentar é aplicado no fabrico de


invólucros em embalagens de leite, sumos, iogurtes, chocolates,
sumos, bombons, como folhas de alumínio para as donas de casa, no
fabrico de panelas, pratos, copos e talheres. Estas aplicações tornam
o Al muito conhecido na sociedade em geral.

Outras aplicações

-Também é usado no fabrico de óculos para eclipse, produção de


esmeriladores, linhas de alta tensão, motores de aviões, tintas
metálicas, Navios e aeronaves. Construção civil: Janelas, portas,
divisórias, grades e outros.

-É usado para controlar o suco gástrico no estômago na forma do


seu óxido. É usado para purificar a água na forma do seu sal duplo
Sulfato de alumínio e potássio.

-Quando se evapora o alumínio no vácuo, forma-se um revestimento


que reflete tanto a luz visível como a infravermelha, sendo o
processo mais utilizado para a fabricação de refletores automotivos
porque a película de óxido que se forma impede a deterioração do
revestimento, utiliza-se o alumínio para a fabricação de espelhos de
telescópios, em substituição aos de prata.

-O corindo (Al2O3), aplica-se em joalharia, peças de aparelhos,


pedras em relógios.
-O AlCl3 anidro aplica-se largamente a título de catalisador nas
diferentes sínteses orgânicas.

3-Gálio

-O Gálio metálico aplica-se para preencher os termómetros de


quartzo, empregados para medir as altas temperaturas, o gálio
funde-se a 29.80C e ferve apenas a 22050C. Tais termómetros
permitem medir as temperaturas acima 10000C.
-As ligas do Gálio com ouro aplicam-se para fazer dentaduras e na
joalharia. É também utilizado em semicondutores e transístores,
264

sobre porcelanas e vidros dando superfície espalhada, e em ligas de


ponto de fusão baixo

Exercícios
Você teve oportunidade de profundar os conhecimentos relativos a
obtenção e aplicações dos elementos do III grupo. Agora deve ler
novamente o texto e responder o seguinte:

1-Qual é a diferenca entre os boretos e boranos? Dê dois exemplos.


2-Os haletos de boro são ácidos de Lewis. Diga como varia a força
do ácido nesta série: BF3-BCl3-BBr3-BI3
3-Todos os halogenetos de boro são compostos covalentes sofrendo
hidrólise. Escreve a equação química que traduz a hidrólise de BCl3

Auto-avaliação
1-Cite os compostos halogenados de boro e diga as suas
propriedades.

2-Porque o monoborano não é estável? Como se estabiliza?


Exercícios
3-Que alterações sofre o ácido ortoboríco com o aquecimento?
Escreva as equações das reacções em questão.
4-Explique com exemplo as propriedades anfotéricas do hidróxido
de alumínio
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 265

Questão no 1:.Boretos são compostos binários formados pelo Boro


com elementos menos electronegativos geralmente os metais.
Exemplo, Na3B(Boreto de sódio).
Chave de correcção
Boranos são compostos químicos formados exclusivamente por
Boro e Hidrogénio, exemplo, BH3.

Questão no 2: Nesta serie a força do ácido diminui de acordo com


esquema: BF3>> BCl3 >BBr3>BI3

Questão no3:
Ex: BCl3 + 3H2O H3BO3 + 3HCl

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Os compostos Halogenados do Boro são:BF3, BCl3,


BBr3, BI3. São ácidos de Lewis.

Questão no 2: O Monoborano é instável porque neles ocorre


deficiência de electrões e estabiliza-se quando se liga a outro
monoborando formando um diborano.

-Questão no 3: O Ácido bórico é um ácido fraco, monobásico,


solúvel em água quente quando aquecido perde H2O formando o
ácido metaborico HBO2 e finalmente o óxido (B2O3).
H3BO3 HBO2 + B2O3

Questão no 4
O Hidróxido de alumínio formado é um anfótero, isto é pode reagir
com soluções aquosas de ácidos e bases:
Ex: Al(OH)3(s) + 3HCl AlCl3 + 3H2O(l)
Ex: Al(OH)3(s) + NaOH(aq) Na[Al(OH)4](aq
266

Lei mais sobre os elementos do Grupo do Boro em:

• GLINKA, N. Química Geral. Vol.1, Editora Mir Moscovo,


1984.

• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir Moscovo,


2ª Edição 1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.


Leitura complementar Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.

• COTTON, F, Alberto Química inorgânica, Livros Técnicos e


Científicos. Rio de Janeiro; São Paulo. 982, Editora S. A,
1982.

• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Quimica.vol.3. São Paulo:


Atual, 2000.

• KHODAKOV, IU. V.;et al, P. A.;Quimica Inorgânica 2,


Editora Mir Moscovo; 1986.

• NOVAIS, Vera L. Duarte. Química Volume 3. São paulo:


actual, 2000.

• MATEUS E. Sardela A. Segundo grau vestibular: química, 3ª


ed. Editora Ática S.A. São Paulo, 1990

• LUIZ Wildon, et al. Química e Sociedade: Volume único.


São Paulo: Nova geração, 2005.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 267
268

Resumo da Unidade
-Os elementos do grupo III da tabela periódica são: O Boro, o
Alumínio, o Gálio, o Índio e o Tálio;
-Estes elementos caracterizam-se por apresentar uma configuração
electrónica externa ns2p1, portanto, possuem 3 electrões na última
camada;
-Com a excepcao do Boro todos os elementos do III grupo são
metais e formam iões do tipo Me3+;
-O Boro ocorre principalmente sob a forma de minerais complexos-
boratos como: o Bórax (Na2B4O7.10H2O), Kernite (Na2B4O7.4H2O),
Colemanite (Ca2B6O11.5H2O);
-- O Bórax ao ser aquecido perde água e funde-se. No estado
fundido ele dissolve os óxidos dos diferentes metais, formando os
sais duplos do ácido metabórico de cores característicos para cada
metal:
-Os minerias de Alumínio são: Feldspato: K[AlSi3O8], Caulino:
Al2(OH)4Si2O5, Mica: KAl2(OH)2[AlSi3O10], Bauxite: Al2O3. 2H2O,
Corundo: Al2O3, Rubí (vermelho), Safira (Azul), etc;
-O Boro e o Alumínio reage com o Oxigénio do ar na ausência de
humidade e quando se oxida forma uma película protectora de óxido
extremamente fina. Esta película é densa e proporciona uma
excelente protecção contra a corrosão;
-A altas temperaturas o Boro combina-se directamente com
halogéneos, Oxigénio, Enxofre, Nitrogénio, Carbono e metais
alcalinos formando compostos binários como BF3, B2O3, B2S3, BN e
B4C, Na3B , Mg3B2, etc.
-Boretos são compostos binários formados pelo Boro com
elementos menos electronegativos geralmente os metais;
-Boranos são compostos químicos formados exclusivamente por
Boro e Hidrogénio, exemplo, BH3.

-O Alumínio é usado no fabrico de óculos para eclipse, produção de


esmeriladores, linhas de alta tensão, motores de aviões, tintas
metálicas, Navios e aeronaves. Na construção civil: Janelas, portas,
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 269

divisórias, grades e outros. É também usado para controlar o suco


gástrico no estômago na forma do seu óxido. É usado na purificação
da água na forma do seu sal duplo, Sulfato de alumínio e potássio;

-O Boro é aplicado na produção de vidros de elevada resistência. É


também usado como antioxidante, anticorrosivo e componente de
materiais de revestimento altamente resistentes em reactores
nucleares, pois o Boro é um óptimo absorvente de neutrões.
270

Unidade n° 07
Grupo dos metais alcalinos
Introdução
Esta unidade é composta por três aulas e nela, você vai aplicar os
conhecimentos adquiridos nos capítulos anteriores sobre a variação
das propriedades periódicas dos elementos ao estudar os elementos
do I grupo principal também designados por elementos do grupo
dos metais alcalinos.
Nesta unidade tratarás da história da descoberta, da ocorrência, das
principais características dos elementos deste grupo, das principais
reacções químicas, das possibilidades de obtenção e das aplicações
dos compostos mais importantes deste grupo.
O estudo dos elementos deste grupo é muito importante porque as
quantidade de metais dos grupos I e II são necessárias, nos
organismos vivos, principalmente para equilibrar as cargas
eléctricas associadas com macromoléculas orgânicas de carga
negativa existentes na célula, e também para conservar a pressão
osmótica dentro da célula, mantê-la dilatada e impedindo o seu
colapso. Dentro da célula ocorre o transporte de iões, chamado de
"bomba de sódio", que envolve a expulsão do Na+ como a entrada
do K+. Em células animais a concentração de K+ é de cerca de
0,15M e a concentração de Na+ é de cerca de 0,01M. Nos fluídos
corpóreos (sangue e linfa) a concentração de K+ e Na+ é de cerca de
0,003M e 0,15M, respectivamente.
Ao completar esta unidade, você será capaz de:
• Descrever a história de descoberta dos elementos do I grupo
principal;
• Explicar a ocorrência dos elementos do I grupo principal;
• Descrever as principais características dos elementos deste
Objectivos lição
grupo e dos seus compostos;
• Identificar os principais compostos que são formados pelos
elementos deste grupo;
• Descrever as aplicações dos compostos mais importantes deste
grupo.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 271

Lição n° 01
História da descoberta
Ocorrência dos metais alcalinos
Características gerais dos metais
alcalinos

Introdução
Nesta lição você vai conhecer a história da descoberta dos
elementos do I grupo principal, a sua ocorrência e as suas
características gerais.

Na introdução desta unidade referimos que os elementos deste


grupo são muito importantes nos processos vitais dos organismos
vivos. Assim, torna-se pertinente conhecer a química destes
elementos desdes a sua origem até os compostos que formam.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos elementos do I


grupo;

Objectivos da licção • Descrever a ocorrência dos elementos deste grupo;

• Interpretar as características dos elementos deste grupo.

a) História da descoberta dos metais alcalinos

1-Lítio :do grego lithos que significa pedra. Foi descoberto em


1817 por Johan August. R. Arfvedson na Suécia ao analisar o
mineral Petalita LiAl(Si2O5)2 que foi descoberto pelo brasileiro
José Bonifácio e descrita em 1800. Em 1818 Christian G. Gmelin
272

foi o primeiro a observar que os sais de lítio dão uma coloração


roxa brilhante a uma chama. Ambos tentaram, sem êxito, isolar o
elemento de seus sais, resultado finalmente obtido por William
Thomas Brande (químico inglês) e Humphry Davy (físico e
químico inglês) após electrolisar uma solução de carbonato de
lítio em uma cápsula de platina. É actualmente obtido pela
electrólise do óxido de lítio fundido.

2-Sódio: a descoberta do Sódio como elemento deve-se a Sir


Humpfrey Davy que, em 1807, na Inglaterra, isolou o Sódio puro
através da electrólise da Soda caústica (NaOH).

O nome Sódio provém da palavra soda, a designação antiga para


o Carbonato de sódio. A origem do símbolo do sódio, Na, está
relacionada com a palavra neolatina, natrium, que por sua vez
provém da palavra árabe natron (Soda, Carbonato de sódio).

3-O potássio :o elemento químico Potássio foi descoberto em 1807,


graças ao cientista britânico Sir Humphry Davy, que o obteve ao
passar corrente eléctrica de uma pilha voltaica por uma solução de
potassa cáustica em água (electrólise do Hidróxido de potássio). Foi
o primeiro elemento metálico isolado por electrólise, no caso a
partir da potassa (KOH), composto de cujo nome latino, Kalium,
originou o símbolo químico do potássio (K).

4-Rubídio: dois químicos alemãs, Robert Bunsen e Gustav


Kirchhoff, descobriram a existência do rubídio em 1861 pelo
método recentemente desenvolvido de espectroscopia de absorção
atómica de chama.
5-O Césio: o Césio foi descoberto em 1860 em Heidelberg por
Robert W. Bunsen (1811-1899) e por Gustav Kirchhoff (1824-
1887) através da análise espectroscópica de uma amostra de água.

Robert Bunsen isolou vários compostos de Césio, mas o metal foi


somente isolado em 1881 por Carl Sefferberg, por electrólise de sais
de Césio. O nome atribuído ao elemento (césio), provém do latim
“caesius”, que significa “céu azul”, e que está associado às riscas
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 273

azuis brilhantes que são características no seu espectro de emissão e


que ajudaram na sua descoberta.

5-O Frâncio : este elemento foi nomeado em homenagem a França,


onde foi descoberto em 1939, por Marguerite Perey (que trabalhou
como assistente de Marie Curie) no "Instituto Curie" de Paris. Este
elemento foi detectado por Perey enquanto estudava o decaimento
radioactivo do actínio-227, verificando como produto de
decaimento um novo elemento, de número atómico 87.

A estrutura atómica do frâncio foi estudada entre 1970 e 1980 por


uma equipe de pesquisadores liderados por Sylvain Lieberman.

b) Ocorrência dos metais alcalinos


Os metais alcalinos ocorrem abundantemente em combinações
químicas, não existindo livre na natureza.

1-O Lítio

O Lítio têm abundância muito menor e ocorrem em alguns silicatos.


Não é encontrado livre na natureza, na água do mar ocorre em cerca
de 1,14% É obtido principalmente a partir de minerais do grupo dos
silicatos, como o espoduménio (silicato de alumínio e lítio
LiAl(SiO3)2 e a lepidolita ou mica litífera (fluossilicato hidratado de
alumínio, lítio e potássio) K2Li3Al2(SiO3)3(FOH)2, petalita (silicato
de alumínio e lítio LiNaAlSi4O11) e ambligonita (fluofosfato de
alumínio e lítio). É Encontrado também em algumas águas naturais.

2-O sódio

O Sódio é o sétimo elemento mais abundante da crosta terrestre, em


peso. A maior fonte de Sódio é o sal-gema, Cloreto de sódio (NaCl).
O Cloreto de sódio encontra-se em enormes quantidades nas águas
marinhas, ocorrendo igualmente em grandes depósitos de sal-gema,
possivelmente formados pela evaporação de mares pré-históricos,
ou ainda em leitos secos de lagos salgados. Os principais depósitos
encontram-se nos E.U.A., na Grã-Bretanha, na França, na
274

Alemanha, na China e na Índia.

O Sódio ocorre também em diversos minérios, como o Bórax


(Na2B4O7.4H2O), Na2CO3 (soda), a criolite, Salitre do Chile
(NaNO3), Mirabilita (Na2SO4).

3-O Potássio é o oitavo elemento mais abundante da crosta


terrestre, em peso, pode ser encontrado em jazidas primárias, sob a
forma de silicatos, principalmente como depósitos de KCl (silvita),
de uma mistura de KCl e NaCl (silvinita), e do sal duplo
KCl.MgCl2.6H2O (carnalita) , Cainita: MgSO4.KCl.3H2O, Leucita:
K2AlSi2O6 , Ortoclásio: KAlSi3O8, Filipsita: KCaAl3Si5O16 e o
Feldspato (K2O.Al2O3.3SiO2) em depósitos minerais.

4-O Césio

O Césio não ocorre livre na natureza, apenas sob forma combinada


com outros elementos. Ele pode ser isolado por electrólise do
cianeto de césio (CsCN) fundido ou obtido na forma gasosa com
elevada pureza, através da decomposição térmica da azida de césio
(CsN3). Ele aparece como impureza no mineral carnalita KClMgCl2
6 H2O.

5-O Rubídio

Apesar de não ser um elemento muito abundante na crosta terrestre,


encontra-se entre os 56 elementos que englobam, conjuntamente,
uns 0,05% do peso da mesma, não podendo ser considerado como
escasso. É encontrado em minerais como leucita. A lepidolita
contém 1,5% de rubídio, podendo superar em alguns casos em até
3,15% e é de onde se obtém o metal na sua maioria. O Cloreto de
potássio e outros minerais de potássio contém quantidades
significativas de rubídio possibilitando a sua extracção de forma
rentável.

6-Frâncio:

O Frâncio (número atómico 87) é radioactivo e tem um período de


meia-vida de 21 minutos, ele não ocorre em quantidade apreciável
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 275

na natureza. Todo o Frâncio existente nos primórdios da evolução


da Terra já estará desintegrado e aquele produzido a partir do actínio
terá uma existência transitória.

O Frâncio é o metal alcalino menos comum (menos de trinta gramas


na terra inteira) e, sendo altamente radioactivo, sua abundância pode
ser considerada como zero em termos práticos.

Ao longo do texto está explícito que os os eleemntos dos I grupo


não ocorrem na natrureza no estado livre devido a sua grande
reactividades.

c) Características gerais dos metais alcalinos


O I grupo principal compreende o lítio (Li), Sódio (Na), Potássio
(K), Césio (Cs) e Frâncio (Fr), chamam-se metais alcalinos porque
reagem muito facilmente com água formando substâncias básicas ou
alcalinas. Todos os elementos deste grupo têm semelhança
electrónica, apresentam um electrão no orbital mais externo ns1. As
semelhanças nas configurações eletrónicas destes elementos levam a
supor semelhanças de comportamento químico.

O único electrão existente na camada de valência está relativamente


afastado do núcleo, e protegido pela camada interna preenchida. Por
isso esse electrão pode ser removido com facilidade. Em contraste,
os electrões internos estão próximos ao núcleo, mais firmemente
ligados, sendo muito difícil removê-los.

Os elementos deste grupo são metais de baixa densidade e moles,


extremamente eletropositivos e reactivos. A electropositividade e a
reactividade destes elementos tende a crescer, no grupo, de cima
para baixo, pois quanto maior os átomos mais fácilmente perdem o
seu electrão de valência e mais rápido reage.

Os metais alcalinos são univalentes e formam compostos iónicos


incolores. O Lítio mostra diferenças consideráveis em relação aos
demais elementos do grupo, devido ao seu tamanho. O elemento
mais pesado do grupo, o Frâncio, é radioativo, com meia vida da
276

ordem de 21 minutos, não ocorre na natureza é obtido apenas


artificialmente.

Os electrões também podem ser excitados a níveis electrónicos mais


elevados, dando origem às cores características no teste da chama (o
Li é vermelho-carmi, o Na, amarelo, K violeta, Rb e Cs violeta-
azulados). Todos formam compostos predominantemente iónicos. A
tabela que se segue apresenta a variação das propriedades gerais dos
elementos deste grupo.

Tabela 19: Propriedades gerais dos metais alcalinos

Elementos Lítio Sódio Potássio Rubídio Césio Frâncio


Símbolo químico Li Na K Rb Cs Fr
Número atómico (Z) 3 11 19 37 55
Estrutura da camada de valência 2s1 3s1 4s1 5s1 6s1 7s1

Dens (g.cm-3) 0,53 0,97 0,86 1,53 1,90 2,1-2,4


Ponto de Fusão (ºC) 180,5 97,8 63,2 39,0 28,5 ---
Temperatura de ebulição 00C 1350 883 776 705 690 620
Kp (ºC) 1347,0 881,0 757,0 688,0 705,0
Raio atómico rA (nm) 0,155 0,189 0,236 0,248 0,268 0,280
Raio Iônico (nm) 5,39 5,14 4,34 4,18 3,89 ----
Electronegatividade (EN) 1,0 0,9 0,8 0,8 0,7
Energia de Ionização (KJ/mol) 520 496 419 403 375 ------
Entalpia padrão de atomização a 150,8 91,7 90,3 82,3 78,1 -----
250C (Kj/mol de átomo)
Abudância na Crosta Terrestre 65 28.300 25.900 310 7
(ppm)

1-Tamanho dos átomos

Quando o electrão externo é removido para formar o respectivo


catião, o tamanho diminui consideravelmente, pois além da camada
externa ter sido completamente eliminada, a remoção de um
electrão permite que a carga positiva nuclear exerça maior força de
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 277

atracção sobre os electrões restantes, reduzindo mais ainda o raio do


catião. O tamanho dos iões aumenta do Li+ para o Fr+, pois o
número de camadas electrónicas aumenta neste sentido. Porém, a
carga nuclear efectiva é a mesma para todos os elementos do grupo.

2-Energias de ionização

A primeira energia de ionização dos metais alcalinos é muito baixa


(são os valores mais baixos da tabela), ou seja, é fácil retirar o
electrão de valência de um átomo alcalino neutro - os átomos são
muito grandes e o electrão externo é fracamente atraído pelo núcleo.
Do Li para o Fr o tamanho dos átomos aumenta, o electrão externo
fica mais afastado ainda do núcleo e a primeira energia de ionização
diminui.

Por outro lado, a segunda energia de ionização é muito alta, porque


envolve a remoção de um electrão de um ião positivo menor, cujos
electrões estão mais fortemente atraídos pelo núcleo. Além disso, a
diferença entre a primeira e a segunda energia de ionização de um
metal alcalino é mais acentuada porque além dos factores citados
ela implica na remoção de um electrão de um nível electrónico
completo. Por exemplo, para o sódio, a primeira energia de
ionização é de 5,14 eV e a segunda é de 47,3 eV.

Em condições normais não é possível remover um segundo electrão,


porque a energia necessária é maior do que aquela necessária para
ionizar os gases nobres. Os elementos do grupo IA, portanto,
formam geralmente iões +1.

3-Densidade, Ponto de fusão e Ponto de ebulição

Os metais alcalinos são extremamente leves. Como seus átomos são


grandes, apresentam densidades muito baixas, sendo inferiores ou
pouco maiores que a densidade da água. Os valores geralmente
baixos de energia de coesão se reflectem nos valores muito baixos
para os pontos de fusão e ebulição dos elementos do grupo. Do Li
278

para o Cs as energias de coesão decrescem; logo, os valores de


Pontos de fusão e Pontos de ebulição acompanham esse decréscimo.

4-Entalpias de formação dos compostos iónicos

Com os halogénios, o lítio é o mais reactivo, pois é um átomo que


forma um catião pequeno e, ao se ligar a um anião, também
pequeno, gasta pouca energia, devida à relativa facilidade de unir
esses iões pequenos. Assim, maior quantidade de energia é liberada.
Por outro lado, os compostos formados têm baixos calores de
formação, pois há uma maior dificuldade de polarização de um
anião pequeno (com uma nuvem electrónica pequena), para efectuar
a ligação. Assim, a energia gasta nesse processo é maior.

d) Propriedades físicas

1-O Litio é o metal mais leve, a sua densidade é apenas metade do


que a da água. Como os demais metais alcalinos é monovalente e
bastante reactivo, porém menos que o sódio, por isso não é
encontrado livre na natureza. No teste da chama torna-se vermelho,
porém se a combustão ocorrer violentamente a chama adquire uma
coloração branca brilhante.

O Lítio metálico é corrosivo e não deve entrar em contacto com a


pele. Exposto ao ar, é bastante inflamável, com chamas de difícil
extinção. É o único metal que reage com Nitrogénio em
temperatura ambiente.

2-O Sódio é sólido à temperatura ambiente, é macio, leve,


gorduroso e de coloração branca ligeiramente prateada, tem
pontos de fusão de 97,7 ºC e pontos de ebulição de 883ºC. A sua
elevada reactividade com o oxigénio atmosférico, faz com que
perca rapidamente o seu aspecto metálico quando em contacto
com o ar. Também devido à sua elevada reactividade este metal
não é encontrado livre na natureza, apesar da sua abundância.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 279

São conhecidos 18 isótopos do elemento sódio. O único estável é o


23
Na. O sódio possui dois isótopos radioactivos cosmogénicos: 22Na
24
e Na. O primeiro com períodos de semidesintegração de 2605
anos e o segundo de aproximadamente 15 horas.

3-O Potássio O oxida-se facilmente em contacto com o oxigénio da


atmosfera, e por isso deve ser guardado sobre querosene, isolado do
ar.

O Potássio é um importante nutriente vegetal, sua carência deve ser


compensada com a adição ao solo dos adubos potássicos, como a
carnalita e a silvina.
O Potássio se obtinha primitivamente por aquecimento do carbonato
de potássio com carvão. Do mesmo modo que se obtém o sódio a
partir de seu hidróxido, pode-se conseguir potássio por electrólise
do hidróxido de potássio fundido (KOH), mas graças à maior
facilidade com que o metal libertado se dissolve no álcali fundido, o
processo que alcança melhores resultados consiste em usar o cloreto
fundido, seja só, seja em mistura com o cloreto de cálcio.

4-O césio quando sólido, ele é prateado e macio, de coloração ouro


prateado, sendo o mais electropositivo e o de menor potencial de
ionização no grupo dos metais alcalinos, com excecção do Frâncio,
o Césio se torna líquido próximo à temperatura ambiente (298º K) .
É extremamente reactivo. Por exemplo, reage explosivamente com
água fria e mesmo com gelo a temperaturas tão baixas como -116
ºC, dando origem a uma base muito forte, o hidróxido de césio
(CsOH).

5-O Rubídio

O Rubídio é um elemento metálico leve, macio, de coloração


branca-prateada brilhante e pode ser encontrado líquido na
temperatura ambiente. O elemento é altamente reactivo, com
propriedades similares a outros elementos do grupo IA, bem como
uma oxidação na atmosfera terrestre muito rápida.
280

6-O Frâncio (em homenagem à França) é um elemento instável e


radiactivo que aparece no desenvolvimento de uma série radioactiva
(a série do actínio), mas se desintegra tão rapidamente como se
forma.

De um modo geral, ao metais alcalinos apresentam as seguintes


propriedades físicas comuns: cores das chamas e espectros,
solubilidade e hidratação, estrutura cristalina, maleabilidade, brilho
metálico, condutividade eléctrica, etc.

Cores das chamas e espectros

Como resultado da baixa energia de ionização, quando os elementos


do grupo são irradiados com luz, a energia luminosa absorvida pode
ser suficiente para fazer o átomo perder o electrão externo. Os
electrões emitidos dessa maneira são chamados de fotoelectrões.

Os electrões também podem ser excitados facilmente a um nível


energético mais elevado, por exemplo, no teste da chama: uma
amostra de um sal do metal mergulhado em HCl concentrado, é
aquecido sobre um fio de platina ou de níquel-cromo na chama de
um bico de Bunsen. O calor da chama excita um electrão externo a
um nível energético mais alto. Quando o electrão retorna ao seu
nível energético original, a energia absorvida é liberada em
determinado comprimento de onda. Para os metais alcalinos essa
energia aparece como luz visível, provocando a cor característica da
chama.

Solubilidade e Hidratação

Todos os sais simples dos metais alcalinos se dissolvem em água,


liberando iões e formando soluções que são fortes electrólitos.
Como os iões Li+ são muito pequenos, deveríamos esperar que
soluções de sais de lítio conduzissem melhor a corrente eléctrica do
que soluções de sais dos outros metais alcalinos. Os iões pequenos
deveriam migrar mais facilmente para o cátodo, e conduzir melhor a
corrente do que iões grandes. Contudo, medidas de mobilidade
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 281

iónica e medidas de condutividade em soluções aquosas mostram


uma sequência oposta: Cs+ > Rb+ > K+ > Na+ > Li+ .

A causa dessa aparente anomalia um campo eléctrico maior, que


envolve maior número de moléculas de água. O ião hidratado,
portanto, terá maior dificuldade em se movimentar. Já o Cs
hidratado e o raio do césio hidratado é menor do que o do lítio
hidratado. Logo, o Cs+ é menos hidratado move-se mais
rapidamente e conduz melhor a electricidade.

O tamanho dos iões hidratados é importante factor que afecta a


passagem desses iões através das membranas celulares. O tamanho
também explica o comportamento desses iões em colunas de troca
iónica, em que o Li+ se liga menos fortemente, sendo eluído
primeiro. O decréscimo da hidratação do Li+ ao Cs+ também se
verifica nos sais cristalinos, pois quase todos os sais de lítio são
hidratados, geralmente como triidratos. Muitos sais de sódio são
hidratados e o potássio apresenta poucos sais hidratados. Rubídio e
césio não formam sais hidratados.

Estrutura cristalina

À temperaturas ambiente, os metais do grupo IA adoptam um tipo


de retículo cristalino cúbico de corpo centrado, com número de
coordenação 8. Contudo, a temperaturas muito baixas, o lítio forma
uma estrutura hexagonal de empacotamento denso com número de
coordenação 12. Os metais são muito moles e podem ser cortados
com uma faca. O lítio é o de maior dureza entre eles.

Os metais alcalinos possuem somente um electrão de valência que


pode participar das ligações, e esse facto, associado ao grande
tamanho dos átomos e à natureza difusa do electrão externo, tem
como consequência o carácter mole dos metais alcalinos, sua baixa
energia de coesão (força que mantém os átomos unidos no sólido) e
a fraqueza das ligações. A ligação efectuada entre os átomos de um
metal alcalino, portanto, é do tipo sigma s-s, onde há pequena
interpenetração de orbitais, sendo pouco eficiente. Os átomos se
282

tornam maiores do Li para o Cs, as ligações se tornam mais fracas,


as energias de coesão diminuem e os metais se tornam mais moles.

A estrutura metálica ou rede metálica

Maleabilidade

A maleabilidade é uma propriedade que junto a ductilidade, os


corpos apresentam ao serem moldados por deformação. A diferença
é que a ductilidade se refere a formação de filamentos e a
maleabilidade permite a formação de delgadas lâminas do material
sem que este se rompa, tendo em comum que não existe nenhum
método para quantificá-los. Em muitos casos, a maleabilidade de
uma substância metálica aumenta com a temperatura. Por isso, os
metais são trabalhados mais facilmente a quente. Os metais são
fáceis de ser transformados em lâminas.

Brilho metálico

O Brilho ou lustre é um termo que descreve o modo como a luz é


reflectida pela superfície de um mineral, ou qualquer outra
superfície polida. A reflectividade de uma substância é dada pela
razão entre a quantidade de luz reflectida e a quantidade de luz
incidente. Os metais têm brilho, que recebe o nome característico de
brilho metálico.

Condutividade electrica

Boa condutibilidade eléctrica e boa condutibilidade calorífica.

A condutividade térmica quantifica a habilidade dos materiais de


conduzir calor. Materiais com alta condutividade térmica conduzem
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 283

calor de forma mais rápida que os materiais com baixa


condutividade térmica. A condutividade eléctrica é usada para
especificar o carácter eléctrico de um material. Ela é o recíproco da
resistividade. Ela é indicativa da facilidade com a qual um material
é capaz de conduzir uma corrente eléctrica. Os metais são por
natureza bons condutores térmicos e eléctricos.

Nesta lição você aprofundou as características dos metais alcalinos.


Assim, pode explicar porque os metais alcalinos são extremamente
reactivos e como é varia essa reactividade ao longo do grupo? Para
tal, devemos partir do estrutura de valência dos elementos deste
grupo que é nS1. Depois de ler novamente o texto, procure partilhar
com um seu colega a sua resposta para verificar se respondeu
acertadamente.

Exercícios

Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a


história de descoberta, características e propriedades físicas dos
elementos do Igrupo principal. Agora deve ler novamente o texto e
responder o seguinte:

1- Como se apresentam os elementos do I grupo principal na


natureza? Justifique a sua resposta.
2-Como se conservam os metais alcalinos no laboratório? Justifique
a sua resposta
284

Auto-avaliação

1- Como é que varia a energia de ionização dos átomos dos metais


alcalinos ao longo do grupo?
Exercícios
2-.Mencione três propriedades físicas comuns dos metais alcalinos
e explique uma delas a sua escolha.

Questão no 1:.Os metais alcalinos ocorrem na natureza na forma de


compostos iónicos porque são extremamente eletropositivos e
reactivos. Isto é, fácilmente perdem o seu electrão de valência e
Chave de correcção
reage rapidamente.

Questão no 2: Os metais alcalinos se conservam suas em


substâncias como parafinas, ciclo hexano ou querosene porque as
suas reacçoes com O2 e água são suficientemente rápida e
exotemica.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: A energia de ionização dos metais alcalinos diminui


de cima para baixo ao longo do grupo, pois o raio atómico aumenta
e o electrão externo é fracamente atraído pelo núcleo e é fácil
retirar o electrão de valência de um átomo alcalino neutro.

Questão no 2: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre as propriedades físicas comuns dos metais
alcalinos e partilhar com um seu colega a sua resposta.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 285

Lição no 02
Reactividade dos metais alcalinos
Métodos de obtenção dos metais
alcalinos
Precauções no trabalho com
metais alcalinos

Introdução
Nesta lição tratarás da reactividade dos elementos do I grupo-A, dos
métodos de obtenção e dos cuidados que deves ter ao trabalhar com
estes elementos no laboratório escolar.

Na lição anterior você percebeu que os metais alcalinos são


extremamente electropositivos e reactivos. Assim, para melhor
manipulá-los é importante conhecer a sua reactividade e as formas
de obtenção. Lembre-se que o Sódio é um dos componentes do sal
de cozinha, condimento funtamental na nossa alimentação.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Representar as principais reacções químicas dos metais


alcalinos;

• Explicar os principais métodos de obtenção dos metais


Objectivos da lição
alcalinos;

• Descrever os cuidados a tomar ao trabalhar com os metais


alcalinos.

a) Reactividade dos metais alcalinos


Este grupo pertence os elementos mais activos no sentido químico.
A alta actividade química é condicionada, em primeiro lugar, pelos
286

baixos valores de energia de ionização dos seus átomos que diminui


a partir de Lítio ao Césio, que facilitam a perda de electrões de
valência.
-Os metais alcalinos devido a sua estrutura electrónica de valência
(nS1), facilmente perdem os seus electrões de valência nas reacções
químicas, eles são redutores mais energéticos e possuem no entanto,
grande reactividade e esta cresce com o aumento do número
atómico. A sua capacidade redutora é tão alta, até que eles podem
reduzir mesmo os átomos de hidrogénio, transformando-os nos iões
negativos H-. Assim, com o aquecimento dos metais alcalinos na
corrente de hidrogénio obtêm-se os seus hidretos:
2Na + H2 2NaH
-Todos os metais alcalinos ligam-se energeticamente com o
Oxigénio. ORrubídio e o Césio inflamam-se ao ar espontaneamente;
o Lítio, o Sódio e o Potássio inflamam-se com o aquecimento
pequeno. É característico que somente o Lítio arde, formando o
óxido normal Li2O, O Sódio forma normalmente o peróxido Na2O2,
mas é capaz de absorver mais oxigénio sob pressão formando o
superóxido NaO2. O Potássio, Rubídio, e o Césio formam
superóxidos (MO2), sendo M=metal.
2 Li + ½ O2 → Li2O (ião óxido O2-)
2 Na + O2 → Na2O2 (ião peróxido O21-)
K + O2 → KO2 (ião super óxido O21/2-)
-Na série de tensão, estes metais situam-se longe de hidrogénio, e
deslocam-o da água; neste caso formando as bases. A reação com
água torna-se mais violenta do Lítio ao Césio, liberando hidrogénio
e formando as bases inorgânicas comuns mais fortes que se
conhecem.
Li + H2O lenta
LiOH + ½ H2 ↑ (lenta)
Na + H2O rápida
NaOH + ½ H2 ↑ (rápida)
K + H2O violenta
KOH + ½ H2 ↑ (violenta)
-O Sódio reage vagarosamente com água, potássio provoca a
inflamação, o Rubídio e o Césio reagem explosivamente. Pedaços
grandes de sódio podem reagir explosivamente.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 287

-Os metais alcalinos interactuam de modo igualmente enérgico com


os halogéneos, especialmente com o Cloro e o Flúor.

O Sódio reage com o Cloro gasoso, originando o Cloreto de sódio.


2Na(s) + Cl2(s) 2NaCl(s)
-A temperaturas mais elevadas os cloretos, carbonatos, bem como
os hidróxidos de metais alcalinos podem ser reduzidos por
hidrogénio, carbono e cálcio.
A reacção com Cálcio é mais usada.
2RbCl + Ca CaCl2 + 2Rb
2RbCO3 + C 3CO2 + 2Rb
-Os metais reagem com álcoois dando alcóxidos: o sódio ou
potássio em Etanol ou em Butanol terciários, são usados em
química orgânica como agente redutor.
-O Sódio e outros metais dissolvem-se com muito vigor no mercúrio
(Hg) o amalgama de sódio (Na/Hg) é liquido quando o teor de sódio
é baixo. O sódio quando alto é o agente redutor de utilidade e pode
ser usado em soluções aquosas.
-O Lítio é especialmente reactivo com Nitrogénio lentamente a 250C
e rapidamente a 4000C formando o Nitreto cristalino vermelho rubí.
6Li + N2 2Li3N

-O Rubídio igual aos demais elementos do grupo pode arder


espontaneamente com o ar produzindo chama de coloração violeta
amarelada. Reage violentamente com a água desprendendo
hidrogénio. Forma amálgamas com o mercúrio. Pode formar ligas
com o Ouro, com os demais metais alcalinos, com metais alcalinos
terroso, Antimónio e Bismuto.

Depois de ler o texto acima você pode explicar o comportamentos


dos metais alcalinos perante o Oxigénio e a Água. Agora diga
porque é que o Rubídio e o Césio reagem explosivamente enquanto
o Lítio reagem lentamente. Para tal, você deve ler novamente o
texto e observar como é que varia a reactividade dos metais
alcalinos ao longo do grupo.
288

b) Métodos de obtenção dos metais alcalinos

Os metais alcalinos são os agentes redutores mais fortes, por isso


não podem ser obtidos pela redução de seus óxidos. No entanto, os
metais alcalinos, ocorrem na natureza como compostos iónicos
monopositivos (M+).

Assim, a preparação de um metal alcalino sempre envolve, como


etapa fundamental, a redução do ião metálico (M+), ao átomo
metálico (M). Podemos fazê-lo por eletrólise dos respectivos
hidróxidos ou cloretos fundidos ou fazendo-o reagir com um outro
metal, que seja um redutor mais forte que o próprio metal alcalino a
ser obtido.

Os metais alcalinos podem ser obtidos a partir de electrólise de uma


mistura fundida de 40% de NaCl e 60% de CaCl2 numa célula de
Downs.

O método moderno de obtenção do Potássio consiste na redução de


KCl fundido com vapor de sódio a 850°C numa torre de
fraccionamento:

O Rubídio e Césio são produzidos de maneira semelhante,


reduzindo seus cloretos com Cálcio a 750°C, sob pressão reduzida.

Electrólise de sais fundidos


Processo Downs – O Sódio metálico é preparado industrialmente
pela eletrólise do Cloreto de Sódio fundido. Neste processo a adição
de pequenas quantidades de Cloreto de Cálcio ao Cloreto de Sódio
torna possível processar a reação eletrolítica, economicamente, a
temperaturas mais baixas.
MX M+ + X- M+X
EXºº: 2 NaCl 2 Na+ + 2 Cl- Na + Cl2
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 289

Contudo, o K, o Rb e Cs são produzidos por redução dos seus


cloretos a alta temperatura e baixa pressão segundo reacções como:
KCl + Na NaCl + K
2RbCl + Ca CaCl2 + 2Rb
KOH + Na NaOH + K
O ponto de fusão baixo e a vaporização fácil são obstáculos de obter
K, Rb e Cs por electrólise, por isso eles podem ser obtidos por
acção de vapor de sódio sobre os cloretos ou hidróxidos fundidos

-Os metais alcalinos também podem ser preparados pela redução de


seus hidróxidos, óxidos, sulfetos ou carbonatos por um metal menos
eletropositivo, como o Ca, Mg ou Al , a temperaturas
moderadamente elevadas.

Na2O(s) + Mg(s) Na(g) + MgO(s)

2Na(s) + 2KCl 2NaCl + K2(g)

c) Precauções no trabalho com metais alcalinos

O Lítio metálico é corrosivo e não deve entrar em contacto com a


pele. Exposto ao ar, é bastante inflamável, com chamas de difícil
extinção.

O Sódio e potássio sólidos reagem violentamente com a água, sendo


o Potássio mais reactivo que o Sódio, por isso, deve ser conservado
imerso num líquido apropriado como azeite ou querosene. Na sua
manipulação deve-se usar luvas, óculos de proteção, etc.

O Césio metálico é altamente explosivo em água fria. Alguns de


seus radioisótopos são altamente perigosos para o ambiente e para
os humanos. O hidróxido de Césio é extremamente forte, e ataca o
vidro, é perigoso à saúde humana por causar infertilidade e câncer.
Os principais sintomas de contaminação são náusea, vómito,
diarreia e tonturas, podendo causar insuficiência da medula óssea,
lesões dérmicas e até mesmo levar ao óbito.
Lembre-se que é importante aplicar as regras de higiene e
segurança ao trabalhar com substâncias químicas no laboratório.
290

Para tal, sempre que tiver uma experiência por realizar deve
procurar conhecer profundamente as propriedades de todas as
substâncias que irá manipular no laboratório.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
reactividades, métodos de obtenção e as precauções no trabalho com
os metais alcalinos. Agora deve ler novamente o texto e responder o
seguinte:

1-Porque razão no laboratório escolar é recomendável o uso de


Sódio para a experiência de demostração deste metal com a Água e
não o Potássio?

2-Qual é o principal método de obtenção dos metais alcalinos?

Auto-avaliação

1. Descreve o comportamento dos metais alcalinos perante água e


oxigénio do ar.
Exercícios 2. Como se pode obter hidróxido, Hipoclorito e Clorato de Potássio
através da electrólise de Cloreto de Potássio? Escreva as
respectivas equações químicas.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 291

Questão no 1:Porque a reacção do Potássio com água é violenta.

Questão no 2: O principal método de obtenção dos metais alcalinos


Chave de correcção
é a electrolise dos seus sais fundidos.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1:Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto sobre a reactividade dos metais alcalinos e
partilhar com um seu colega a sua resposta.

Questão no 2:.

KCl Fusão K+ + Cl- electrolise K + Cl2

K + H2O violenta KOH + 1/2H2

2KOH + Cl2 KOCl + H2O + KCl

KOCl + O2 KClO3
292

Lição no 03
Compostos dos metais alcalinos
Identificação dos catiões
Aplicações dos metais alcalinos

Introdução
Nesta lição você vai tratar dos compostos dos metais alcalinos, a
particularidade para os compostos dos elementos Sódio e Potássio.
Vai conhecer também as aplicações dos compostos deste grupo.

Nas lições anteriores você estudou que os metais alcalinos não


ocorrem na Natureza na forma livre mas apenas em forma de
compostos. Estas substâncias são importantes nos processo vitais,
daí a necessidade de aprofundarmos o seu estudo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os compostos formados pelos elementos do I


Grupo A;

• Caracterizar os compostos dos elementos do I Grupo- A;


Objectivos da lição
• Descrever as aplicações dos compostos dos elementos deste
grupo.

a) Compostos dos metais alcalinos


Os metais alcalinos formam diversos compostos:
- Em jazigos e dissolvido na água do mar.: Na2SO4. 10H2O;
Na2CO3; K2CO3; NaNO3, Na3AlF6; NaCl; KCl, etc.
- Quimicamente sintetizados.
Hidróxido de sódio ou Soda caústica (NaOH) – usado na preparação
da celulose, dos sabões e na tinturaria.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 293

Carbonato de sódio ou Soda (Na2CO3) – do processo Solvay – a


soda é aplicada na indústria vidreira, de sabão e têxtil. Também
serve para a produção térmica da soda caústica:
Na2CO3 + Ca(OH)2 → CaCO3↓ + 2 NaOH

Outros compostos importantes


NaCl- com importância fisiológica e usado como meio conservante
e condimento na alimentação; NaOCl – como descorante; Na2S2O3
– como sal de fixação fotográfica; KCl – como fertilizante. KClO3 –
como oxidante; KBr – como analgésico e material fotográfico e
K2CO3 – usado na produção de sabão e vidro.

1-Óxidos dos Metais Alcalinos

Os óxidos de metais alcalinos se combinam com Oxigénio para


formar óxidos de três classes diferentes: óxidos regulares ou
monóxidos (M2O); os peróxidos (M2O2); e os superóxidos (MO2).
Em todos estes compostos o ião do metal está como ião
monopositivo (M+), e as diferentes fórmulas nascem das diferentes
cargas e estruturas dos aniões.

Os monóxidos dos metais alcalinos (M2O), são compostos


cristalinos, extremamente solúveis em água, com o qual eles
formam hidróxidos (MOH), sendo M=metal alcalino.

Os peróxidos dos metais alcalinos (M2O2), são compostos


cristalinos, que contém o ião metálico (M+) e o ião peróxido, que
reagem com água produzindo H2O2 e uma solução de hidróxido do
metal alcalino.

Os superóxidos (MO2) são compostos iónicos que contém o ião do


metal alcalino (M+) e o ião superóxido mononegativo; eles se
decompõem em solução aquosa para formar o hidróxido metálico,
juntamente com H2O2 e O2.
294

2-Hidróxidos

O Hidróxido de sódio (NaOH), é um sólido iónico, branco,


cristalino, composto dos íons Na+ e OH- arranjados regularmente
em uma rede cristalina – não existe ligações de hidrogénio entre os
íons OH- adjacentes no cristal NaOH. O hidróxido de sódio é muito
higroscópico, isto é, absorve a humidade do ar e quando se dissolve
em água libera grande quantidade de calor.

Os hidróxidos KOH, RbOH e CsOH são muito semelhantes ao


NaOH, com exceção da solubilidade em água e a força básica, que
aumentam do NaOH ao CsOH com o aumento da dimensão do
catião.

O Hidróxido de Lítio tem propriedades diferentes do Hidróxido de


sólido, pois existe ligação de hidrogênio externa entre os íons OH-
na rede cristalina, além disso, a solubilidade em água é muito mais
baixa que a do NaOH. O LiOH é uma base mais fraca, devido a
dificuldade de dissociar os íons Li+ e OH-.

Obtenção de Hidróxido de sódio (NaOH) na indústria


1) Processo de diafragma a partir duma solução de NaCl.
2) Processo amálgama (mercúrio) a partir duma solução de
NaCl

Esquema 7: Produção do NaOH pelo Processo de Diafragma


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 295

Reacções:
1. No cátodo Redução.
2 H+ + 2e- H2 ↑ (2H2O + 2e- H2 + 2 OH-)
2. No ânodo Oxidação
2Cl- Cl2 + 2e-
3. Na+ + OH- ↑↑ NaOH

Esquema 8: Produção do NaOH pelo Processo de Amálgama

Reacções:

1. ânodo: oxidação 2 Cl- Cl2 ↑ + 2e-


2. cátodo: redução 2 Na+ + 2e- 2Na
Na + Hg (NaHg)
3. 2 (NaHg) + H2O 2 NaOH + Hg + H2↑ amalgama.

Esquema 9: Produção do Na2CO3 no Processo Solvay.


296

Nota: No processo Solvay aproveita-se a diferença de solubilidade


dos sais possíveis numa solução aquosa de iões: Na+, HCO3-, NH4+,
Cl-

3-Haletos

Todos os metais alcalinos, reagem rápida e exotermicamente com


todos os halogênios (X2), para formar halogenetos cristalinos,
iónico, M+X-. Os haletos de metais alcalinos reagem com os
halogénios e compostos interhalogenados, formando polihaletos
iónicos:

KI + I2 K[I3]
KBr + ICl K[BrICl]
KF + BrF3 K[BrF4]

Todos os halogenetos de metais alcalinos são solúveis em água.

4-Compostos organo–metálicos

Os metais alcalinos podem substituir H de ácidos orgânicos,


formando sais, tais como Acetato de sódio (CH3COONa), Benzoato
de potássio (C6H5COOK).

Os sais de Sódio de ácidos graxos (de cadeia longa) como o


Palmítico, Esteárico, Oléico e Linoléico são importantes por
constituírem os sabões. Os metais alcalinos combinam-se com
diversos radicais alquil e aril. O n-butil-lítio é um reagente muito
versátil em sínteses orgânicas. Compostos alquilados de Na, K, Rb e
Cs também podem ser preparados:

2K + HgR2 Hg + 2KR, sendo R= radical

Estes compostos são iónicos e extremamente reactivos (M+R-).


Inflamam-se ao ar, reagem violentamente com a maioria dos
compostos, exceto Nitrogénio e Hidrocarbonetos saturados, e são,
por isso, de manuseio difícil.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 297

b) Identificação dos metais alcalinos


Uma das características dos metais alcalinos é a cor que tem a sua
chama e que serve para identificar os seus compostos. Podem-se
identificar os compostos de sódio facilmente pela cor amarela que
fornecem a chama. O lítio colora-a de carmim e potássio, rubídio e
césio, de violeta. Podem-se identificar facilmente os elementos com
auxílio de um espectroscópio.

c) Aplicações dos metais alcalinos e de seus compostos

1-O Lítio:

O Lítio também tem usos medicinais, pois afecta o equilíbrio entre


i!oes Na+ e K+ e entre iões Mg2+ e Ca2+ no organismo. O metal Lítio
é usado na fabricação de ligas, por exemplo, uma liga com chumbo
para mancais de "metal branco" em motores e máquinas, ou uma
liga com alumínio para a fabricação de peças leves e resistentes na
indústria aeronáutica, e uma liga com magnésio para fabricar chapas
blindadas. O Lítio é usado também em células electroquímicas nas
baterias que produzem electricidade através de uma reacção
química, e se descarregam com o esgotamento desta reacção. Essas
baterias têm ânodo de lítio, cátodo de carbono.

O Lítio, no composto chamada estereato de lítio C17H35COOLi, é


usado na fabricação de graxas lubrificantes para automóveis. Já o
Carbonato de lítio Li2CO3 é adicionado à bauxita na produção
electrolítica de alumínio. O Carbonato de lítio é também usado para
endurecer o vidro.

2-O sódio

O Sódio metálico líquido é refrigerante em um tipo de reactor


nuclear, tem sido aproveitado como trocador de calor em
reactores nucleares às turbinas por causa da sua alta condutividade
térmica. Válvulas de exaustão contendo Sódio são empregadas em
298

motores a gasolina e diesel.

Pequenas quantidades de sódio metálico é empregado também em


síntese orgânica.

Os compostos de sódio mais importantes são cloreto, peróxido,


tetraborato, os silicatos, o clorato, o tiossulfato e o hidróxido de
sódio.

O Cloreto de sódio (NaCl) constitui a principal matéria-prima


para a obtenção de outros sais (principalmente o vulgo sal de
cozinha);

O Hidróxido de sódio (NaOH) cujo nome comum é soda cáustica


é usada na indústria, sendo empregada numa grande variedade de
finalidades, incluindo a fabricação vários outros compostos
inorgânicos e orgânicos: na produção de papel, em neutralizações
e na obtenção de alumina, sabões, celulose, papel e também na
fabricação de vidro, fosfatos, silicatos, produtos de limpeza e
também como agente que remove o SO2 dos gases poluentes de
usinas termelétricas na base do carvão.

Carbonato de sódio (Na2CO3) -é utilizando em grandes


quantidades na fabricação de papel, sabão e detergentes.

Sulfato de sódio (Na2SO4) - é emprege na indústria de papel,


detergente e vidro.

Hipoclorito de sódio (NaOCl) - é usado como agente alvejante e


como desinfetante.

Bicarbonato de sódio (NaHCO3) - é usado em fermentos


químicos.

O peróxido de sódio (Na2O2): é um agente oxidante muito


utilizado como branqueador das fibras têxteis;

3-O Potássio é um elemento essencial à vida. Cerca de 95% dos


compostos de potássio são usados como fertilizantes para plantas.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 299

Cloreto de potássio (KCl), Sulfato de potássio (K2SO4) e Nitrato de


potássio (KNO3) - são utilizados como fertilizantes.

Nitrato de potássio (KNO3) - é utilizado também em explosivos.


Hidróxido de potássio ou potassa cáustica (KOH) – é usado na
fabricação de fosfatos de potássio e de sabões moles como o
estearato de potássio, ambos constituintes de detergentes líquidos,
tintas, pigmentos, graxas, etc.

Permanganato de potássio (KMnO4) - é usado na fabricação de


sacarina, como agente oxidante e em titulações.

Carbonato de potássio (K2CO3) - usado em cerâmica, tubos de TV a


cores e lâmpadas fluorescentes. Superóxido de potássio (KO2) - é
empregado em aparelhos de respiração e em submarinos.

Brometo de potássio (KBr) - usado em fotografia.

4-O Rubídio pode ionizar-se com facilidade, por isso está


estudando-se o seu uso em motores iónicos para naves espaciais,
ainda que o Xenônio e o Césio tem demonstrado uma maior
eficiência para este propósito. É utilizado principalmente na
fabricação de cristais especiais para sistemas de telecomunicação de
fibra óptica e equipamentos de visão nocturna. Alguns compostos
de rubídio são utilizados na preparação de soporíferos, sedativos e
no tratamento de epilepsia.

5-O Césio apresenta um forte efeito fotoelétrico, por causa de sua


energia de ionização muito baixa, e por isso é aplicado em
fotocélulas de fotocondutividade. Essa célula contém um par de
eletrodos de cargas opostas. O eletrodo negativo é pintado com
Césio ou uma liga de Césio e emite electrões para a região entre os
eletrodos, quando é atingido pela luz: Esses eletrodos completam o
circuito e permitem a passagem de corrente através de um circuito
300

externo. Essa corrente pode ser aproveitada para abrir portas, tocar
campainhas, etc.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
obtenção dos compostos dos metais alcalinos e suas aplicações.
Agora deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Quais são os principais compostos de Sódio?


2-Explique o processo de obtenção Hidróxido de sódio na indústria?

1-Como e porque razão se alteram as propriedades básicas na série


LiOH –CsOH?
Exercícios
2-Completa as seguintes equações químicas

a)Na2O2 + H2SO4

b)2KNO3 ( a quente)

c)Li3N + 3H2O

d)Na2CO3 + HNO3
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 301

Questão no 1: os principais compostos de Sódio são: NaCl,


NaOH, Na2CO3, Na2SO4, NaOCl, NaHCO3, Na2O2.

Questão no 2: Para responder esta questão, você deve procurar ler


Chave de correcção novamente o texto sobre a obtencao do Hidróxido de sódio na
indústria e trancreve para o sua folha todas as equações químicas
inerentes ao processo e depois partilhe com um seu colega a sua
resposta.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: A reactividade cresce ao longo o grupo com a


diminuição da energia de ionização, as propriedades básicas
aumentam do LiOH ao CsOH com o aumento da dimensão do
catião.

Questão no 2:.

a)Na2O2 + H2SO4 H2O2 + Na2SO4

b)2KNO3 ( a quente) 2KNO2 + O2

c)Li3N + 3H2O 3LiOH + NH3


d)Na2CO3 + HNO3 NaNO3 + H2O + CO2
302

Lei mais sobre os metais alcalinos em:


• GLINKA, N. “Química Geral”. Vol.1, Editora Mir
Moscovo 1984.
Leitura complementar • GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir Moscovo, 2ª
Edição 1988.
• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.
Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987
• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química, companhia
editora nacional, 7ª edição, sd.
• KHODAKOV, IU. V.;et al, P. A.;Quimica Inorgânica 2,
Editora Mir Moscovo; 1986.
• MATEUS E. Sardela A. Segundo grau vestibular: química, 3ª
ed. Editora Ática S.A., São paulo, 1990
• LUIZ Wildon, et al. Química e Sociedade: Volume único. São
Paulo: Nova geração, 2005.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 303

Resumo da Unidade
Nesta unidade você consolidou e aprofundou os seus conhecimentos
sobre os metais alcalinos:

-Os elementos do I grupo principal compreende o Lítio (Li), Sódio


(Na), Potássio (K), Césio (Cs) e Frâncio (Fr).Cchamam-se metais
alcalinos porque reagem muito facilmente com água formando
substâncias básicas ou alcalinas;

-Os metais alcalinos não ocorrem na Natureza na foram livre porque


são extremamente electropositivos e reactivos;

-O Hidróxido de sódio (NaOH) é obtido na indústria através do


processo de diafragma e amálgama (mercúrio) a partir duma solução
de NaCl;

-Deve-se ter muito cuidado ao manipular os metais alcalinos no


laboratório porque quando exposto ao ar, são bastante inflamáveis e
reagem violentamente com a água. Essa reactividade aumenta ao
longo do grupo de cima para baixo.

-Os principais compostos de Sódio são: NaCl, NaOH, Na2CO3,


Na2SO4, NaOCl, NaHCO3, Na2O2.

-Os principais compostos de Potássio são: KCl,K2SO4, KNO3,


KOH, KMnO4, K2CO3, KBr.
304

Unidade n° 08
Metais alcalinos terrosos

Introdução
Esta unidade tem um total de três aulas e nelas, você vai ter
oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos nas unidades
anteriores sobre a variação das propriedades periódicas dos
elementos ao longo do grupo ao estudar os elementos do II grupo
principal também designados por metais alcalinos-terrosos. Ao
longo de unidade abordarás da história da descoberta, a ocorrência,
as principais características dos elementos deste grupo, as
possibilidades de obtenção e as aplicações dos compostos mais
importantes.

A semelhança dos metais alcalinos, os elememtos deste grupo não


ocorrem na Natureza no estado livre e formam compostos muito
importantes no quotidiano. Por exemplo, os sais de cálcio ocorrem
na maioria das águas minerais e são componentes essenciais tanto
dos tecidos das plantas como dos animais, bem como de conchas e
ossos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Descrever a história de descoberta dos metais alcalinos


terrosos;

• Explicar a ocorrência dos metais alcalinos terrosos;


Objectivos da lição
• Descrever as principais características dos elementos deste
grupo e dos seus compostos;

• Identificar os principais compostos dos metais alcalinos


terrosos;

• Descrever as aplicações dos compostos mais importantes


dos metais alcalinos terrosos.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 305

Lição no 1
História da descoberta
Ocorrência dos metais alcalinos
terrosos Caracteristicas gerais
dos metais alcalinos terrosos

Introdução

Nesta lição você vai conhecer a história da descoberta dos metais


alcalinos terrosos, a sua ocorrência e as suas características gerais
dos elementos deste grupo.

A semelhança dos metais alcalinos, nenhum dos metais alcalino-


terrosos é encontrado livre na natureza, porque todos eles são
fortemente eletropositivos. Na natureza os metais alcalinos-terrosos
encontram-se em vários minerais. Por exemplo, o Cálcio ocorre em
grande quantidade como calcário, giz, mármores. Que são as
diversas formas de Carbonato de cálcio (CaCO3), o Magnésio é
encontrado na natureza como cloreto na água do mar e em vários
minérios e, é o 2º metal mais abundante no oceano.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos elementos deste


grupo;

• Descrever a ocorrência dos metais alcalinos terrosos;


Objectivos da licção
• Explicar as características dos elementos II grupo principal.

a) História da Descoberta Metais Alcalinos Terrosos


1-O Berílio foi descoberto como óxido em 1797 por Vanguelin
quando analisava o minério berilo e somente em 1828 o químico
306

alemão Friederich Wohler (1800-1882) e Bussy trabalhando


independentemente isolaram-no, fazendo reagir potássio sobre o
Cloreto de berílio.

2-O Magnésio: a primeira referência conhecida a sais contendo este


elemento, data de 1618, em Epsom, Inglaterra. A investigação de
um gosto amargo na água, que levava as vacas daquela zona a
recusarem bebê-la, conduziu à obtenção de cristais de Sulfato de
mangésio (MgSO4) que se encontravam dissolvidos na água. Estes
cristais foram baptizados de sais de Epsom cuja composição
química era ainda desconhecida na época, e que tiveram bastante
aplicação como remédio para tratamento de todos os males,
incluindo irritações cutâneas e prisão de ventre.

Em 1755, em Edimburgo na Escócia, Joseph Black identificou pela


primeira vez este elemento. Porém, somente em 1808 Sir Humphry
Davy conseguiu isolar uma pequena porção de magnésio por
electrólise de uma mistura de óxido de magnésio (MgO) e óxido de
mercúrio (HgO). Contudo, o nome que prevaleceu foi o de
magnésio, pois provinha de um mineral, a magnesite (um carbonato
de magnésio), oriunda de Magnésia, uma região da Grécia antiga.

A produção de uma quantidade razoável de Magnésio, que permitiu


a descrição das propriedades deste elemento, foi conseguida através
da redução de Cloreto de magnésio fundido com potássio metálico e
realizada pela primeira vez pelo cientista francês Bussy em 1831.

3-O Cálcio: era conhecido desde os tempos mais remotos da


antiguidade sob a forma de óxido de cálcio (CaO), mas só em 1808.
Sir Humphry Davy conseguiu isola-lo puro por electrólise, depois
de Berzelius, também té-lo preparado por electrólise de uma
amalgama de CaO. O cálcio. Este é o 5º metal mais abundante da
crosta terrestre.

4-O Estróncio: de Strontian, cidade escocesa. Em 1790, Adair


Crawford (químico escocês) identificou o mineral estroncianita, mas
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 307

o elemento foi isolado pela primeira vez em 1808 por Humphry


Davy (químico inglês) com uso de eletrólise.

5-O Bário: Em 1774, Scheele descobriu que o mineral (“pedra de


bolonha-baritina) continha uma nova terra que originava um sulfato
insoluvel em água.
Guyton de Morveau chamou-lhe "barote", do grego barys (pesado),
devido a elevada densidade de alguns dos compostos deste
elemento.
O Bário é o 2º metal mais abundante no oceano foi isolado em
1808, pela eletrólise do cloreto de bário, por Sir Humphry Davy na
Inglaterra O nome bário prové do grego "barys" que significa
"pesado". Este nome foi posteriormente alterado por Lavoisier para
barita, actualmente usado para o óxido hidratado de bário.

6-O Rádio: foi descoberto em 1898 pelo casal Pièrre e Marie Curie.

O rádio (do latim "radius", raio) foi descoberto por Marie Curie e
seu marido Pierre em 1898 na pechblenda/uranita proveniente do
norte da Boémia. Os Curies, removendo o urânio da pechblenda
encontraram um material residual que ainda emitia certa energia, a
qual denominariam energia radioactiva. Isolaram da mistura,
composta principalmente de bário, um material de chama de cor
vermelha brilhante e linhas espectrais nunca visto antes, que
concluíram ser um novo elemento.

Em 1902, o rádio foi isolado na forma pura pelo casal Curie e André
Debierne por electrólise de uma solução de cloreto de rádio, usando
um cátodo de mercúrio e ânodo de platina-irídio, numa atmosfera de
gás hidrogénio.

O rádio tem 25 diferentes isótopos, 4 dos quais são encontrados na


natureza, sendo o Ra-226 o mais comum e o mais estável. O Ra-
223, Ra-224, Ra-226 e o Ra-228 são todos gerados a partir de da
deterioração de urânio ou tório. O Ra-226 é um produto do
decaimento do U-238, e é o isótopo do rádio de mais longa vida,
com uma meia-vida de 1602 anos. Em seguida, o de mais longa
308

vida é o Ra-228, um produto do Th-232 , com uma vida de 200


anos.

Depois de ler o texto acima, diga quem descobriu e quando os


elementos: Magnésio, Cálcio e Bário.

b) Ocorrência dos metais alcalinos terrosos


Nenhum dos metais alcalino-terrosos é encontrado livre na natureza,
porque todos eles são fortemente eletropositivos e reacivos.. Na
natureza os metais alcalinos-terrosos encontram-se em vários
minerais
O termo “alcalinos terrosos” provém da época da Alquimia e refere-
se a substâncias pouco solúveis em água e estáveis a alta
temperatura (terras oxídricas) que dão reacções alcalinas.

1-O Berílio: O Berílio é relativamente escasso. Pode ser encontrado


em cerca de 32 espécies de minérios, sendo os mais importantes os
Berilo [Be3Al2 6SiO3], o Crisoberilo, a Fanacita e as pedras
preciosas (esmeraldas). O tipo mais comum de Berilo é a água
marinha encontrada principalmente no Brasil.

2-O Magnésio: é o sexto metal mais abundante na crosta terrestre.


Ele ocorre em muitos minerais, na água do mar, em fontes naturais e
em depósitos formados pela evaporação de lagos. É encontrado na
natureza como cloreto na água do mar e em vários minérios, sendo
os mais importantes: dolomita (MgCO3.CaCO3), magnesita
(MgCO3), carnalita (KCl.MgCl2.6H2O), Brucita: Mg(OH)2, cainita
(KClMgSO43H2O), olivina (MgFe)2SiO4, Spinélio Mg(AlO2)2,
amianto CaMg3(SiO3), o talco e pedra-sabão, H2Mg3(SiO3)4 e a
esteatita. Como depósitos salinos encontram-se nos sulfatos, sob
forma de Kieserita MgSO4.H2O e Kainita. Também podemos
encontrar na clorofila das plantas.

3-O Cálcio é o terceiro metal mais abundante de todos. Ocorre em


grande quantidade como calcário, giz, mármore que são as diversas
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 309

formas de Carbonato de cálcio (CaCO3), Gesso (CaSO42H2O),


Fluorita (CaF2), Apatita [3Ca3(PO4)2CaF2], Anidrita(CaSO4),
Silicatos (CaSiO3) e, em quantidades gigantescas, como Dolomita
(CaCO3.MgCO3), Gipsita: CaSO4 . 2 H2O , também nos grandes
depósitos de fosforita [Ca3(PO4)2].

Os sais de cálcio ocorrem na maioria das águas minerais e são


componentes essenciais tanto dos tecidos das plantas como dos
animais, bem como de conchas e ossos.

4-Estrôncio encontra-se na natureza sob a forma de carbonatos e


sulfatos. Encontra-se na Estroncianita (SrCO3), Celestita (SrSO4) ou
Sulfato de estrôncio.

5-Bário: as principais fontes de bário são os minerais: Barita ou


Baritina (BaSO4), Witherita (BaCO3) e conhece-se também o
Psilomelano (BaOMnO2). As principais reservas de Barita estão nos
EUA, Alemanha Ocidental, México e Canadá, mas também ocorrem
na Itália e no Brasil.

6-Rádio: na natureza o rádio ocorre em muitos minerais, porém,


sempre em quantidades mínimas. Suas principais fontes são
minérios de urânio, ainda que os mais ricos entre eles jamais
contenham quantidades superiores a 0,2 g de rádio por tonelada.
Actualmente as fontes ricas de rádio (minério) ficam no Zaire,
grandes lagos do urso no Canadá e nas areias de carnotita do
colorado, E.U.A. As recentes pesquisas, mostram novas descobertas
em: Ontório, México e Austrália.

c) Caracteristicas gerais dos metais alcalinos terrosos


O II grupo principal da Tabela Periódica é composto pelos
elementos : Berílio (Be), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Estrôncio
(Sr), Bário (Ba) e Rádio (Ra), que constitui a família dos metais
alcalinos-terrosos. Apresentam dois electrões no subnivel “s” na
orbital mais externa. Tipicamente bivalentes, constituem uma série
gradual de metais muito reactivos, formando geralmente compostos
310

iónicos incolores, e menos básico que os do Grupo I. Apresentam o


raio atómico menor que os metais alcalinos, devido ao aumento da
carga positiva no núcleo. Predomina a tendência de transferir
(ceder) electrões de valência e o estado de oxidação é +2.
A alta reactividade esta associada a formação de compostos na
Natureza como fluoretos, cloretos, óxidos, sulfatos, carbonatos,
silicatos, etc.
Todos apresentam propriedades metálicas bem evidentes
exceptuando o Berílio que forma compostos com ligação covalente.
Por exemplo:
• Be forma BeF2(g) (covalente com hibridização sp)
• Be forma [BeF4]2- (covalente com hibridização sp3)
• BeF2 é um aceitador de pares electrónicos (conceito de ácido
e base de lewis)
O Rádio (Ra), que é o elemento mais pesado da família, é um
elemento fortemente radioativo e relativamente escasso.
Os compostos são sais típicos.
Os metais são bons redutores, com excepção do Be são todos bons
condutores.

1-O Berílio é o menor elemento do grupo, isto é, tem menor raio


atómico e iónico, em consequência é o elemento de mais baixa
electropositividade e possui maior energia de ionização comparando
com os outros elementos do seu grupo, não obstante ele apresenta
mais facilidade na formação de iões e de complexos. Os seus sais
são os mais hidrolisáveis e não possuem mais de 4 moléculas de
água de cristalização.
O Berílio tem menor poder de absorção por unidade de espessura
entre todos os materiais utilizados em aparelhos, o Berílio é branco
metálico, duro, frágil e leve, muito estável a corrosão.

O Berílio é um metal tão duro que corta o vidro. É um elemento


muito tóxico. O óxido liberado na sua combustão, se respirado,
pode produzir, mesmo em quantidades inferiores a um miligrama,
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 311

um envenenamento mortal. Esta não se manifesta imediatamente,


podendo mesmo aparecer anos depois.

O Berílio difere do restante do grupo, por causa da


eletronegatividade relativamente alta (1,5), formando
preferentemente duas ligações covalentes

Os sais de Berílio são ácidos quando dissolvidos em água. Estes sais


nunca apresentam mais de quatro moléculas de água de
cristalização, pois só existem disponíveis quatro orbitais no segundo
nível eletrónico, já que o Magnésio pode apresentar número de
coordenação seis, com a participação de alguns orbitais 3d, ao lado
dos orbitais 3s e 3p.

2-Magnésio:
O Magnésio é um metal bastante resistente e leve, aproximadamente
30% menos denso que o alumínio. Possui coloração prateada,
perdendo seu brilho quando exposto ao ar, por formar óxido de
magnésio. Quando pulverizado e exposto ao ar se inflama
produzindo uma chama branca. Reage com a água somente se esta
estiver em ebulição, formando hidróxido de magnésio e liberando
hidrogénio. O Be e o Mg são mais semelhantes entre si. Mg pode
formar algumas ligações covalentes. Ex. Compostos de Grignard
(R-Mg-X).

3-O Cálcio é um metal branco prateado e brilhante, muito leve e é


um dos mais moles que existem, ao ser exposto ao ar, ele cobre-se
rapidamente pela camada do óxido e ao ser aquecido arde com
chama viva avermelhada, possuindo assim a alta reactividade
química.
A sua densidade é cerca de 2,63g/cm3; p.e= 14800C, p.f= 8000C,
r=0,197nm, a estrutura da camada exterior é: 4s2.
Como na atmosfera existe, aproximadamente 0,04% de CO2,
praticamente todas as águas superficiais são soluções de gás
carbónico. Consequentemente, todas essas águas estão em
312

condições de dissolver o calcário:

CaCO3 + CO2 + H2O Ca2+ + 2 HCO3-

4-Bário: é um elemento metálico quimicamente semelhante ao


cálcio, contudo é macio, com alto ponto de fusão e, na forma pura,
apresenta aspecto branco prateado semelhante ao chumbo. Este
metal oxida-se muito facilmente quando exposto ao ar e é altamente
reactivo com água ou álcool. Alguns dos compostos de bário são
notáveis pela elevada massa específica, como o Sulfato de bário,
BaSO4, (Barita). O Bário oxida rapidamente no ar, inflamando-se
quando finamente dividido, e por isso deve ser guardado em
hidrocarbonetos líquidos, livres de oxigénio. Tem mais de 16
isótopos, sendo sete deles encontrados na natureza.

5-Rádio: É um elemento radiactivo, de massa atómica 226. Ao


emitir partículas alfa e radiações gama, converte-se em uma
substância gasosa, o radônio, de massa atómica 222. O radônio tem
uma vida bastante curta (3,85 dias) e, por emissão de partículas alfa,
converte-se em rádio-A (de massa 218). Este, por sua vez, dá
origem, por sucessivos decaimentos alfa, beta e gama, a novos
elementos radiactivos: rádio-B e rádio-C e assim por diante. O
último termo dessa série radiactiva é o rádio-G, um elemento estável
e de propriedades químicas idênticas às do isótopo 207 do chumbo.
Assim, como todos os metais alcalino-terrosos, seus sais geralmente
são pouco solúveis em água. O cloreto de rádio (RaCl2) é uma
excessão.

6-Estrôncio Muitos de seus compostos assemelham-se aos


compostos de bário e alguns distinguem-se pela diferença de
solubilidade em água. O estrôncio oxida-se facilmente, queimando
no ar com chama vermelha intensa.

Estrôncio é mais macio que cálcio e reage com água de forma mais
intensa. O metal recém cortado tem aparência prateada que
rapidamente se torna amarelada devido à formação de óxido. Deve
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 313

ser conservado em querosene para impedir a oxidação. Alguns sais


de estrôncio dão um aspecto vermelho vivo a chamas.

Uma vez que possui propriedades semelhantes às do cálcio, se o


estrôncio for ingerido juntamente com os alimentos contaminados, é
metabolizado e fixa-se nos ossos, provocando graves danos devido à
radiação.

O estrôncio tornou-se famoso devido à existência do seu isótopo


radioactivo Sr90 que se forma sobretudo nas explosões das bombas
atómicas. Este isótopo possui um período de semidesintegração de
28 anos, que se origina na fissão do urânio-235 e do chumbo-239.

Variação das propriedades dos metais alcalinos terresos ao


longo do grupo

Configuração electrónica: os metais alcalino-terrosos apresentam


configuração electrónica terminada em ns2, ou seja, possuem dois
electrões na camada de valência.

Tabela 20: variação das propriedades dos metais alcalinos terrosos

Elementos Be Mg Ca Sr Ba Ra
Nome Berílio Magnésio Cálcio Estróncio Bário Rádio
Z 4 12 20 38 56
Estrutura da camada [He] 2S2 [Ne] 3S2 [Ar] [Kr] 5S2 [Xe] 7s2
electrónica exterior do átomo 4S2 6S2
Pf (ºC) 1287 649 839 768 727 960
Peb (ºC) 1277 650 838 768 714 700
Raio atómico- rA (A°) 0,89 1,36 1,74 1,91 1,98 ------
Raio Iônico (A)° 0,31 0,65 0,99 1,13 1,35 1,50
Ei1 (kj/mol) 898 736 589 548 503
Ei2 (kj/mol) 1762 1449 1144 1060 960
EN 1,5 1,2 1,0 1,0 0,9
Dens (g/cm3) 1,85 1,74 1,55 2,63 3,62 5,0
314

Entalpia padrão de
atomização do metal a 320,5 150,2 192,5 164,0 175,7 130
250CKj/mol de átomo
Abundância na crosta 6 20.000 36.300 300 250 1,30x
terrestre 10-6

1-Tamanho dos átomos e iões

Os tamanhos de atómos dos elementos do II grupo principal são


grandes porque a remoção de dois electrões aumenta a carga
efectiva. O raio atómico aumenta ao descer no grupo e os pontos de
fusão e ebulição diminuem. O aumento do número atómico é
directamente proporcional ao tamanho dos átomos (maior raio) e a
carga nuclear efectiva é a mesma para todos os elementos do grupo
(no estado neutro).

2-Energias de ionização

A energia de ionização para o Be2+ é alta, e seus compostos são


tipicamente covalentes. O Mg2+ também forma alguns compostos
covalentes. Contudo, os compostos formados por Mg, Ca, Sr e Ba
são predominantemente divalentes e iónicos. Como os átomos são
menores que os do I-grupo principal, os electrões são ligados mais
firmemente ao núcleo, e a energia necessária para remover o
primeiro electrão (primeira energia de ionização) é maior que no I
grupo. A segunda energia de ionização, em relação à primeira, é
quase o dobro do seu valor, porque com um electrão a menos, a
carga efectiva do núcleo aumenta.

3-Estrutura cristalina

Os metais alcalino-terrosos têm cor branco prateada. Eles possuem


dois electrões de valência que podem participar das ligações, o que
leva a uma maior eficiência da ligação e, consequentemente, uma
maior dureza do metal e uma maior energia de coesão. Além disso,
o menor tamanho dos átomos gera uma ligação mais curta, e, por
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 315

isso, mais forte. Mas apesar disso, os metais do grupo II-A ainda
são relativamente moles.

4-Densidade, Ponto de fusão e Ponto de ebulição

Como os átomos dos metais alcalino-terrosos (IIA) possuem maior


massa atómica e são menores que os dos metais alcalinos (IA), os
elementos do grupo IIA têm densidades maiores que os do grupo
IA.

A energia de coesão dos átomos dos metais alcalinos-terrosos é


maior que a dos metais do grupo IA, fazendo com que os valores
dos pontos de fusão e ebulição sejam maiores do que os destes
últimos. O ponto de fusão varia dentro do grupo de modo irregular,
devido às diferenças entre as estruturas cristalinas que cada metal
assume: Be e Mg - hexagonal compacta, Ca e Sr - cúbica de face
centrada e Ba - cúbica de corpo centrado.

5-Eletronegatividade e tipos de ligação

Os valores das eletronegatividades dos metais do grupo IIA são


pequenos, porém, maiores que os do grupo IA. O valor para o Be é
o mais elevado do grupo. O composto BeF2 apresenta a maior
diferença de eletronegatividade de todos os compostos do berílio, e
é o composto de berílio com maior caráter iónico. Porém, sua
condutividade quando fundido é muito baixa e esse composto é
encarado como covalente.

6-Entalpias de formação dos compostos iónicos

Com os halogénios menores, o lítio é o mais reactivo, pois é um


átomo que forma um catião pequeno e, ao se ligar a um anião,
também pequeno, gasta pouca energia, devida à relativa facilidade
de unir esses iões pequenos. Assim, maior quantidade de energia é
liberada. Por outro lado, os compostos formados têm baixos calores
de formação, pois há uma maior dificuldade de polarização de um
316

anião pequeno (com uma nuvem eletrónica pequena), para efectuar


a ligação. Assim, a energia gasta nesse processo é maior.

7-Cor dos compostos

Como os iões dos metais alcalinos, os iões dos metais alcalino-


terrosos apresentam configuração eletrónica de gás nobre, e é muito
difícil promover transições eletrónicas nesse estado. Por isso, a
todos os compostos do grupo IIA são incolores, a não ser que o
anião seja colorido.

8-Energias de hidratação

As energias de hidratação dos iões do grupo IIA são cerca de quatro


vezes maior que as dos iões do grupo IA. Isso se deve ao menor
tamanho e à maior carga, e o valor de energias de hidratação
decresce de cima para baixo no grupo, à medida que aumenta o
tamanho dos iões. Como são catiões menores e de maior carga,
geram um campo elétrico maior, que envolve maior quantidade de
moléculas de água.

9-Solubilidade e Energia reticular

A solubilidade da maioria dos sais decresce com o aumento da


massa atómica do elemento, embora se observe uma tendência
inversa com os fluoretos e hidróxidos deste grupo. Para que uma
substância se dissolva, a energia de hidratação deve ser maior que a
energia reticular.

Do Be ao Ba, os iões metálicos aumentam de tamanho, e tanto a


energia reticular como a energia de hidratação diminuem. Uma
diminuição de energia reticular fornece um aumento de
solubilidade, ao passo que uma diminuição da energia de hidratação
favorece uma diminuição da solubilidade. Se a energia de
hidratação diminui mais rapidamente do que a energia reticular, os
compostos se tornarão menos solúveis. Isto ocorre com a maioria
dos compostos do Grupo IIA, mas fluoretos e hidróxidos
apresentam aumento de solubilidade do Be ao Ba, porque a energia
reticular decresce mais rapidamente do que a energia de hidratação.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 317

As energias reticulares são muito maiores que os valores dos


correspondentes do grupo IA, por causa do efeito do aumento da
carga.

Nesta lição, você percebeu que existem muitas semelhanças entre os


metais alcalinos e alcalinos-terrosos no que concerte a ocorrência,
reactividades e a variação das características gerais, porque ambos
são metais típicos.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
história de descoberta, ocorrência e propriedades gerais dos metais
alcalinos terrosos. Agora deve ler novamente o texto e responder o
seguinte:

1-Porque devemos ter cuidado ao manipular o Estrôncio e o Berílio


no laboratório?

2-Explique porque razão o Bário deve ser guardado em ambientes


livres de Oxigénio?

Auto-avaliação

1. Como é que se altera o primeiro potencial de ionização com o


aumento do número atómico nos elementos do grupo II ?
Exercícios
2. Porque é que o primeiro potencial de ionização do átomo de
Berílio (9,32V) é superior ao do átomo de Lítio (5,39V)?
318

Questão no 1:.O Berílio é um elemento muito tóxico. O óxido


liberado na sua combustão, se respirado, pode produzir, mesmo em
quantidades inferiores a um miligrama, um envenenamento mortal.
Chave de correcção
E o Estrôncio quando for ingerido juntamente com os alimentos
contaminados, é metabolizado e fixa-se nos ossos, provocando
graves danos devido à radiação.

Questão no 2: O Bário oxida-se rapidamente no ar, inflamando-


se quando finamente dividido, e por isso deve ser guardado em
hidrocarbonetos líquidos, livres de oxigénio.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: O potencial de ionização diminui com o aumento do


número atómico ao longo do grupo II.

Questão no 2:. Como o átomo do Berílio é menor que o do Lítio, os


electrões são ligados mais firmemente ao núcleo, e a energia
necessária para remover o primeiro electrão (primeira energia de
ionização) é maior que a do Lítio. A segunda energia de ionização,
em relação à primeira, é quase o dobro do seu valor, porque com
um electrão a menos, a carga efectiva do núcleo aumenta.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 319

Lição no 02
Reactividade dos metais alcalinos
terrosos
Metodos de obtenção dos metais
alcalinos terrosos
Precauções no trabalho com
metais alcalinos terrosos

Introdução
Nesta lição tratarás da reactividade dos elementos do II grupo-A, os
métodos de obtenção e dos cuidados ao manipulá-los.

Na lição anterior você percebeu que a semelhança dos metais


alcalinos, os metais alcalinos-terrosos também são extremamente
electropositivos e reactivos. Assim, para melhor manipulá-los é
importante conhecer a sua reactividade e as formas de obtenção.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar e representar as principais reacções dos


elementos II grupo-A;

• Identificar e representar os principais métodos de obtenção;


Objectivos da lição
• Descrever os perigos e cuidados a tomar durante o trabalho
os elementos do II grupo.

a) Reactividades dos Metais Alcalinos -Terrosos


Sabe-se que os metais alcalinos-terrosos possuem dois electrões na
última camada electrónica, esses são removidos com facilidade
relativa de átomos, que se transformam, neste caso, em iões
bicarregados positivamente, portanto predomina a tendência de
320

ceder 2 electrões. Portanto, eles são pouco menos activos


quimicamente em relação aos metais alcalinos do I grupo.
-Os metais alcalinos terrosos reagem com água, formando
hidróxidos, desprendendo o hidrogénio e libertando calor.
Me + 2H2O Me(OH)2 + H2 + xCalor; Me-
metal.
A frio os metais que reagem são (Ca, Sr ou Ba), pois atendendo que
a reactividade no grupo aumenta com o aumento do número
atómico. O Be reage apenas com vapor de água, o magnésio reage
com água acima de 600C.
Ca + H2O Ca(OH)2 + H2
- Be e Mg reagem muito lentamente, porém rapidamente com vapor
de água. O Ca, Sr e Ba reagem rapidamente com água fria.

-A reacção com a água é bastante elucidativa para compreender a


variação da reactividade ao longo do grupo:
Be + H2O Tº X
Mg + H2O Tº MgO + H2↑
Ca + H2O Ca(OH)2 + H2↑

1-Berílio
Com o aquecimento o Berílio queima-se no seio de Oxigénio e no
ar, reage com Enxofre e Nitrogénio do ar dando Óxido berilíco,
nitreto e sulfeto, respectivamente (BeO, Be3N3 e BeS);
-Com Hidrogénio nas condições normais não reage mesmo a
10000C (mais existe o hidreto de berílio). Não é atacado pelos
halogéneos a frio. Devido a película do óxido de berílio não reage
com água; o Be tem propriedades anfotéricas.
2Be + H3O+ + 7H2O 2 [Be(OH2)4]2+ + 1/2 H2
2Be + 6OH- + 2H2O 2 [Be(OH)4]2- + H2
Em Ácido nítrico HNO3 e Sulfúrico H2SO4 concentrado a frio o
Berílio é passivo, com o aquecimento a película dissolve-se e reage.
Be + 2NaOH + 2H2O Na2[Be(OH)4] + H2
Tetrahidroxoberilato de sódio
O Hidróxido de berílio tem carácter anfótero claramente exprimido,
e por isso difere dos hidróxidos dos metais alcalino-terrosos. Na
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 321

Água ele é praticamente insolúvel, mas dissolve-se facilmente tanto


em ácidos como nas bases, no último caso com formação dos
hidroxoberilatos:
Be(OH)2 + 2NaOH Na2[Be(OH)4]
O Berílio arde com vapor de enxofre formando BeS. Este composto
não se pode obter por via húmida, embora como o BeO, não reage
com água, o sulfureto de magnésio obtido duma forma semelhante
do metal e do enxofre hidrolisa-se rapidamente.
MgS + 2H2O Mg(OH)2 + H2S
O Berílio e os seus carbonetos reagem com água formando bases e
desprendendo CH4
Be2C + 4H2O 2Be(OH)2 + CH4
Reage com hidróxidos de sódio desprendendo hidrogénio e
formando berilatos:
Be + 2NaOH Na2BeO2 + H2
O Berílio é semelhante num grau essencial com alumínio
(fenómeno chamado de semelhança diagonal).
-Formação de ligações covalentes (BeF2, BeCl2)
-BeO é insolúvel em água.
-Reactividade relativamente fraca.
-Razão: valores altos da EN: 1.5 e rA pequeno
Reagem com hidrogénio formando hidretos, todos são salinos
menos o BeH2 é covalente.
Ex: Be + H2 BeH

2-O Magnesio quando exposto ao ar, oxida-se facilmente e, em


estado finamente dividido, queima no ar com uma chama intensa,
rica em raios ultravioleta.
Ex: 2Mg + O2 2MgO
O Magnésio é um grande agente redutor e reage com vários ácidos,
produzindo hidrogénio. Não é atacado por bases e só a quente
desloca o hidrogénio da água.
Mg + 2HCl MgCl2 + H2
322

3-O Cálcio queima no ar com uma chama de coloração


avermelhada, todavia, bastam impurezas de sódio, estrôncio e bário
para mascarar essa cor. Combina-se com o oxigénio do ar para
formar o óxido (CaO).

2Ca(s) + O2(g) 2CaO(s)

-Também pode-se obter o óxido de cálcio a partir da decomposição


térmica do carbonato:

CaCO3 CaO + CO2, O óxido, reagindo com água,


produz o hidróxido:

CaO + H2O Ca(OH)2,

O Hidróxido pode reagir com CO2, produzindo o carbonato:

Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O

Da eletrólise do óxido de cálcio resulta o carbeto (CaC2), conhecido


como carbureto, e este, reagindo com a água, produz o acetileno:
CaC2 + H2O C2H2 + Ca(OH)2

Reagem com hidrogénio formando hidretos.


Ca + H2 CaH2
Reagem com nitrogénio da atmosfera formando nitretos.
Ex: 3Ca + N2 Ca3N2
Por sua vez nitratos reagem com água formando hidróxido do metal
e libertando NH3.
Ex: Ca3N2 + 6H2O 3Ca(OH)2 + 2NH3

4-Bário: no ar, o Bário arde com chama verde-esmeralda. Dissolve-


se em água, gerando o hidróxido de bário- Ba(OH)2, fortemente
alcalina. Por aquecimento em corrente de oxigénio, a temperaturas
elevadas, o Bário forma o Peróxido (BaO2).
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 323

b) Metodos de obtenção dos metais alcalinos terrosos

Os metais alcalinos terrosos podem ser preparados de modo


semelhante dos metais alcalinos, embora os iões M²+ sejam mais
facilmente reduzidos que os iões M+. Os metais alcalino terrosos
são, comumente, obtidos pela eletrólise dos seus halogenetos (sais)
anidridos fundidos, na presença de algum halogeneto de metal
alcalino-terrosos que provoque uma redução do ponto de fusão e
melhore a condutividade do eletrólito.
1. Electrólise de fundidos dos cloretos:
MCl2 fusão M2+ + 2 Cl-
M2+ 2 Cl- M + Cl2
O Mg é 1º a ser produzido devido ao seu potencial.

2. O Mg também pode ser obtido por:



a) Mg(OH)2 MgO + H2O (decomposição térmica)
2 MgO + C 2000ºC 2 Mg + CO2 (redução com
Carbono)
b) Água do mar + CaO Mg(OH)2↓ +HCl
MgCl2(aq)
evaporação fusão
MgCl2 Mg2+ + 2 Cl- Mg + Cl2
3. O Be pode ser obtido por redução química.
BeF2 (l) + Mg(s) Be(s) + Mg2+(s)

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
reactividade, formas de obtenção e precauções com metais alcalinos
terrosos. Agora deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Porque o Berílio não é atacado pela água a frio e é estável à


corrosão?

2-Explique justificando como é que varia a reactividade ao longo do


II grupo principal?
324

1-Como variam as propriedades básicas dos hidróxidos dos metais


do subgrupo principal do grupo II na série Be(OH)2 –Ba(OH)2?
2-. Descreve o comportamento dos metais alcalinos-terrosos
Exercícios perante água e oxigénio do ar.
3-.Concluir as equações das reacções:
a) Be + NaOH
b) Ba(OH)2 + H2O2

Questão no 1: Não é atacado pela água a frio e é estável a corrosão,


devido a película do óxido de berílio que forma quando exposto ao
ar.

Chave de correcção
Questão no 2: Ao longo do grupo a reactividade aumenta com o
aumento do número atómico, pois a energia de ionização
diminui.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: As propriedade básicas aumentam na série Be(OH)2


–Ba(OH)2, pois aumenta a tendência de ceder 2 electrões devido ao
aumento do número atómico e consequentemente diminuição da
energia de ionização.

Questão no 2: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto nesta lição sobre a reactividade dos metais
alcalinos terrosos e transcrever para sua folha de exrcício as
respectivas equações químicas.

Questão no 3:

a) Be + 2NaOH Na2BeO2 + H2
b) Ba(OH)2 + H2O2 BaO2 + 2H2O
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 325

Lição no 3
Compostos dos metais alcalinos
terrosos
Identificação dos catiões
Aplicações dos metais alcalinos
terrosos e dos seus compostos
Dureza da água e formas de
tratamento

Introdução
Nesta lição você vai tratar dos compostos dos metais alcalinos
terrosos, a particularidade para os compostos dos elementos Cálcio
e Bário. Vai conhecer também as aplicações dos compostos deste
grupo.

Nas lições anteriores você estudou que os metais alcalinos terrosos


não ocorrem na Natureza na forma livre mas apenas em forma de
compostos. Por exemplo, a água é constituída por vários iões entre
os quais de cálcio que deve estar em menor concentração, pois
quando os iões de cálcio, magnésio estão em maior concentração a
água torna-se dura. Ao longo desta lição, você vai aprender como é
que se elimina a dureza da água.
Em relacao à aplicacao dos metais alcalinos terrosos, por exemplo,o
Cálcio para além de ser um componente dos ossos e dentes, o seu
ião (Ca2+) activa diversos processos metabólicos, cardíacos,
contracção sanguínea, contracção muscular na transmissão de
impulsos no nosso organismo.
326

Ao completar esta licção, você será capaz de:

• Identificar os compostos formados pelos elementos do II


Grupo A;
• Nomear e caracterizar os compostos dos elementos do II
Objectivos da lição Grupo- A;
• Descrever as formas eliminação da dureza da água;
• Descrever as principais aplicações dos compostos dos
elementos deste grupo.

a) Compostos dos metais alcalinos terrosos.


1. Óxidos.
Todos os metais alcalino-terrossos, podem reagir com o Oxigênio
formando óxidos metálicos sólidos, MO. A reação é fortemente
exotérmica:
a) reacção com o Oxigénio MO., sendo M=metal

2M (s) + O2 (g) 2 MO (s)

O método mais comum de preparação destes óxidos é a


decomposição térmica dos carbonatos correspondentes.

MCO3 T MO + CO2
Todos os óxidos dos metais alcalino-terrosos, com exceção do BeO
(covalente), são cristais iónicos com estrutura cristalina.

O Berílio constitui excepção :reage pouco com o oxigénio devido á


formação duma camada impermeável de BeO

Be + 2 H2O OH-
Be(OH)2 + H2↑
Be(OH)2 + 2 HO - [Be(OH)4]2-
T
Be(OH)2 BeO

2-Hidróxidos
A reacção dos óxidos com a água formam bases M(OH)2, excepto o
Be(OH)2.
Mg(OH)2 pela reacção de NH4OH com MgCl2
MgCl2 + 2 NH4OH → Mg(OH)2↓ + 2 NH4+ + 2 Cl-
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 327

3-Carbonatos e Sulfatos.

Os carbonatos dos metais alcalino-terrosos são sais de Ácido fraco


(H2CO3) e bases fortes (Me(OH)2). À medida que aumenta a
basicidade dos hidróxidos, aumenta, também, a estabilidade dos
carbonatos MeCO3 em relação a hidrólise, desde Be(OH) 2 até
Ba(OH) 2.

Os carbonatos CaCO3, SrCO3 e BaCO3 são formados simplesmente


pela mistura de uma solução aquosa que contenha os respectivos
iões metálicos, Me2+, com uma solução aquosa que contenha iões
CO32-. Os carbonatos, que são praticamente insolúveis, precipitam
da solução sob forma de pó cristalino branco:

Me2+ (aq) + CO32- (aq) MeCO3 (s)

Os sulfatos dos metais alcalinos-terrosos, MSO4, são sólidos branco,


cristalinos, extremamente estáveis ao calor. Eles podem ser
preparados pela acção do H2SO4 sobre os óxidos, hidróxidos e
carbonatos metálicos:

MeO + H2SO4 MeSO4 + H2O


Me(OH) 2 + H2SO4 MeSO4 + 2H2O
MeCO3 + H2SO4 MeSO4 + H2O + CO2

Ocorrência:

O Carbonato de cálcio (CaCO3) ocorre na forma de Calcário,


Mármore, MgCO3 ocorre conjuntamente com CaCO3 e
CaSO4.2H2O ocorre como matéria-prima do gesso.

Exemplos de algumas reacções

1) CaO + CO2 CaCO3 ↓


2) Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 ↓ + H2O
3) CaO + H2SO4 CaSO4 ↓ + H2O
4) Ca(OH)2 + H2SO4 CaSO4 ↓ + 2 H2O
5) Me + H2CO3 MeCO3 + H2 ↑
328

6) MeO + H2CO3 MeCO3 + H2O


7) Me(OH)2 + H2CO3 MeCO3 + 2 H2O
8) Na2CO3 + CaCl2 CaCO3 + 2 NaCl
O H2CO3 (ácido carbónico) forma dois tipos de sais conforme a
reacção em duas etapas com a água.
1) H2CO3 + H2O H3O+ + HCO3- Hidrogenocarbonato
2) HCO3- + H2O H3O+ + CO32- Carbonato

Solubilidade dos sais:

Carbonatos: Ba> Sr> Ca> Mg

Sulfatos: Ba < Sr < Ca < Mg


-Hidrogenocarbonatos, são normalmente mais solúveis

-Sais muito solúveis que se formam com Cl-, Br-, I-, ClO3-, ClO4-,
NO2-, NO3-, ac-
-Sais pouco solúveis formam-se com: CO32-, SO42-, C2O42-, IO3-,
SO32-

4-Sulfetos os sulfetos dos metais alcalino-terrosos podem ser


preparados seja por união direta dos elementos, seja pela redução do
sulfato metálico com carbono à temperatura elevada:

Me + S MeS
MeSO4 + 2C MeS + CO2
Com exceção de BeS, todos os sulfetos se hidrolisam em água,
formando Me(OH) 2 e H2S:
MeS + 2 H2O M(OH)2 + H2S

A reação é muito lenta com água, mais é rápida com soluções


aquosas ácidas:

MeS + 2H+ Me2+ + H2S


MgS + 2H+ Mg2+ + H2S

5-Halogenetos

Todos os metais alcalino-terrosos, se combinam diretamente e


exotérmicamente com os halogénios, para formar halogenetos
metálicos, MeX2:
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 329

Me(s) + X2 (g) MeX2 (s)


Ca + Cl2 CaCl2

O caráter da ligação metal-halogénio nos halogenetos de metais


alcalino-terrosos varia muito, dependendo do ião metálico e do
halogénio.

Os halogenetos dos outros metais alcalino-terrosos são


essencialmente iónicos e dissolvem em água, produzindo soluções
neutras dos iões Me2+ e X- hidratados.

O BeCl2 que é covalente, quando entra em contacto com a água, ele


se hidrata formando uma solução de caráter ácido:

BeCl2 (s) + H2O (l) Be (OH)2 (s) + 2HCl (aq)

Os halogenetos de berílio, BeBr2 e BeI2, covalentes são solúveis em


muitos solventes orgânicos, como álcool metílico, CH3OH. Dos
outros halogenetos de metais alcalinos-terrosos, somente o MgBr2 e
o MgI2 são solúveis em solventes dessa natureza.

6-Hidretos

Os hidretos dos metais do Grupo II – A, MeH2, são sólidos brancos,


de caráter consideravelmente iónico. Como os metais alcalinos, os
metais alcalino-terrosos mais eletropositivos, o Ca, o Sr e o Ba,
reagem prontamente com gás hidrogénio a temperaturas elevadas
para formar os hidretos essencialmente iónicos:

Me + H2 Me2+ (H-)2

Os hidretos BeH2 e MgH2 só podem ser preparados por vias


indiretas:

MeH2 (s) + 2 H2O (l) Me(OH)2 (s) + 2 H2 (g)

7-Nitretos

Os metais alcalino-terrosos, com exceção do Be, formam nitretos


iónicos, M3N2, contendo ião metálico no seu estado de oxidação
normal, +2, e o ião nitreto trinegativo, N3-. Esses nitretos iónicos
330

são cristais transparentes, incolores, com pontos de ebulição


elevados. Eles podem ser formados pela união directa do metal com
o gás nitrogénio a temperaturas elevadas:

3Me (s) + N2(g) M3N2 (s)

Os nitretos de metais alcalinos-terrosos reagem com a água para


formar hidróxido de metal e amónia:

Me3N2 (s) + 6H2O 3Me(OH)2 + 2NH3

b) Identificação dos catiões


Ba2+ + CrO42- BaCrO4 ↓ amarelo
Sr2+ + SO42- SrSO4 ↓ cristalino
Ca2+ + C2O42- CaC2O4 ↓ branco
Mg2+ + NH3 + HPO4- água
MgNH4PO4. 6H2O ↓ cristalino

c) Dureza da água e formas de tratamento

É muito importante conhecer o teor dos iões da água porque nela


estão presente iões que provocam incrustações em caldeiras e
tubulações nos fornos industriais e, em consequência, a sua rápida
deterioração. Os iões cálcio e magnésio em concentações elevadas
na água, fazem com que seja classificada como dura.

Uma água que contém iões HCO3- juntamente com iões Ca2+ e Mg2+
é chamada temporariamente dura, porque, quando se ferve a água,
os iões metálicos precipitarão sob a forma de carbonatos básicos ou
carbonatos normais.

Fervura: Ca2+ + HCO3- T


CaCO3 ↓ + H2O

Uma dureza da água é dita permanentemente se além dos iões Ca2+


e Mg2+, contiver iões como SO42-, que não formam sais insolúveis
com os iões metálicos quando a solução é aquecida.

Alguns dos inconvenientes de uma água dura podem ser constatados


na experiência diária. Por exemplo, a emulsão de sabões nessa água
forma pouca espuma. É que a presença de sais de cálcio e magnésio
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 331

provoca reacções entre o sabão e os iões, produzindo sais orgânicos


(os sabões geralmente são sais alcalinos de ácidos graxos,
especialmente o estearato e o palmitato de sódio). Evitar esse
fenómeno é especialmente importante para as indústrias que fazem
uso de sabão, seja como detergente, seja como reagente. A perda de
sabão nas reacções com os iões Ca2+ e Mg2+ acaba aumentando o
custo industrial a um ponto quase intolerável. Além disso, os sais
insolúveis formados nessas reacções depositam-se sobre as paredes
das caldeiras, reduzindo seu tempo de vida útil. Com esses
exemplos, podemos compreender a necessidade de um controle
preciso em relação à dureza da água.

O mais rápido método de determinação da dureza baseia-se no


emprego do sal sódico do ácido etileno diaminotetracético (EDTA),
que dá complexos solúveis com os iões Ca2+ e Mg2+. Usando
indicadores adequados, pode-se titular as quantidades desses iões
presentes na água.

O método mais comum para se remover a dureza da água, tanto


temporária quanto a permanente, é fazer passar a água através de
um trocador de iões.

O trocador de iões é uma substância insolúvel, natural (um mineral)


ou sintética (uma resina) que tem a capacidade de se ligar com
catiões prejudiciais, nesse caso o Ca2+, o Mg2+ e o Fe2+,
substituindo-os por catiões não prejudiciais, como o Na+:

(Resina . nH) (s) + Ca2+ (aq) (Resina (n-2)HCa + 2H+(ag))

Os melhores trocadores de iões são aqueles que removem todos os


catiões metálicos presentes na água substituindo-os por iões H+, ao
mesmo tempo que também substitui todos os aniões presentes na
água por iões OH-. Os iões H+ e OH- assim produzidos combinam-
se para formar H2O, e assim se obtém uma água que é livre de todos
os sais dissolvidos. A água que assim resulta é chamada água de
desionizada.

A formação de Ca(HCO3)2 a partir do calcário, dióxido de carbono e


332

água é importante na natureza. Ela constitui uma fonte de erosão do


calcário e ao mesmo tempo provoca a dureza temporária da água:
CaCO3 + H2O + CO2 Ca(HCO3)2 (aq)
H2O + CO3 H+ + HCO3-
H+ + CaCO3 Ca2+ + HCO3-
H2O + CO2 + CaCO3 Ca2+ + 2 HCO3-

Água da torneira contém os iões Ca2+, Mg2+, SO42-, HCO3-, Cl-, em


pequenas quantidades, etc.
A água que contém os Ca2+, Mg2+, SO42, em grandes quantidades
denomina-se água dura.

d) Aplicações dos metais alcalinos terrosos e dos seus


compostos
1-Berílio: As placas metálicas finas do berílio deixam passar o raio
X e servem de material singular para fabricar janelinhas de tubos de
raios X.
As ligas do níquel com 2-4% de berílio que são comparáveis com os
aços inoxidáveis da alta qualidade devido a sua elasticidade e
resistência a corrosão aplicam-se na fabricação das molas e
instrumentos cirúrgicos.

O Berílio é usado na manufatura de ligas leves (Cu – Be, Ni – Be)


que são resistentes à corrosão por água salgada.

O óxido de berílio, BeO, é empregado na manufatura de cadinhos


refratários e no revestimento de lâmpadas fluorescentes.

2-Magnésio: Usa-se em fogo de artifício, junto com o cloreto de


potássio, em bombas incendiárias; em solda como oxidante. É
também usado como agente redutor na produção do urânio puro e
outros metais.

O Magnésio em pó ou fita é usado na fabricação de flash e bulbos


para fotografia, e sínteses industriais de muitos compostos
orgânicos, e na preparação de ligas leves com grande resistência à
tensão. O Óxido de magnésio, MgO, por causa de seu ponto de
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 333

fusão extremamente elevado e baixa reactividade é usado no


revestimento de fornos metalúrgicos. Uma mistura de Mg(OH)2 e
CaCO3 é usada como revestimento isolante em tubulações de vapor
de água em caldeira. O MgSO4.7 H2O (sol de epson) é um purgativo
e Mg(OH)2, em água, comumente chamado de leite de magnésia, é
usado no tratamento da acidez do estómago e também serve como
constituinte de muitas pastas dentifrícias.

3-Cálcio: é usado como agente redutor de óxidos metálicos. Serve


como agente ligante para metais como alumínio e cobre. Para além
de ser um componente maioritário dos ossos e dentes, o seu ião
(Ca2+) activa diversos processos metabólicos, cardíacos, contracção
sanguínea, contracção muscular na transmissão de impulsos.
Contribui no crescimento de corais e esponjas calcárias de conchas
e algas marinhas.
É também usado na produção dos seus compostos como o CaO,
CaH2, CaSO4 e outros.

O CaCO3, serve como fonte de CaO, que é utilizada na fabricação


do NaCO3 (pó alvejante).

4-Estrôncio: os seus compostos têm muita aplicação: Ex: O


Hidróxido de estrôncio é usado na refinação de açúcar e o Nitrato de
estrôncio na pirotécnica para a produção de fogos artifícios.

5-Bário: o metal Bário encontra muito pouco emprego na forma


metálica, no entanto o BaO, é utilizado como agente secante, que se
combina com água formando o Ba(OH)2 e com Dióxido de carbono
formando o BaCO3. O Sulfato de Bário é usado como material na
fabricação de tintas, usam-se em pigmentos e trabalho para
diagnosticação em raio X e na fabricação de papel e da borracha; o
Nitreto e o Cloreto são usados no fogo artifício para fornecer a luz
verde.
334

6-Rádio é um elemento mais radioactivo, um milhão de vezes que o


urânio, sendo suas radiações usadas no tratamento do câncer.

Nesta lição, você aprofundou o esudo dos metais alcalinos terrosos


que se asemelham ao metais alcalinos na ocorrência, reactividade e
nas formas de obtenção.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
durezade água e as suas formas de tratamento, as formas de
obtenção dos metais alcalinos terrosos e suas aplicações. Agora
deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-O que é água dura?

2-Mencione os tipos de durezas da água que estudou?

3-Porque é importante controlar a dureza da água no uso industrial?

Auto-avaliação

1-Como é que se pode identificar os catiões Ba2+ , Sr2+ e Ca2+ no


Laboratório.
Exercícios 2-O que é mármore, calcário e giz?
3-Como se pode eliminar a dureza temporária?
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 335

Questão no 1: A água dura é aquela que contém os Ca2+, Mg2+,


SO42, em grandes quantidades. Isto é, em concentações elevadas

Chave de correcção Questão no 2: A dureza temporária e permanente

Questão no 3: Os sais insolúveis formados a partir da água dura


depositam-se sobre as paredes das caldeiras, reduzindo seu tempo
de vida útil.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto nesta lição sobre a identificação dos catiões dos
metais alcalinos terrosos e transcrever para sua folha de exrcício as
respectivas equações químicas.

Questão no 2: É o carbonato de cálcio (CaCO3)

Questão no 3: Elimina-se a dureza temporária através da fervura,


onde os iões metálicos precipitarão sob a forma de carbonatos
básicos ou carbonatos normais.

Fervura: Ca2+ + HCO3- T


CaCO3 ↓ + H2O
336

Lei mais sobre os metais alcalinos terrosos em:

• GLINKA, N. “Química Geral”. Vol.1, Editora Mir


Moscovo, 1984
• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir Moscovo,
2ª Edição 1988.
Leitura complementar
• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.
Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987

• NABUCO, João R. & BARROs, Roberto Vizeu. “Química


Geral” Editora no livro Técnico; Rio Janeiro; 1978.

• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,


companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• NOVAIS, Vera Lucia Duarte. Quimica.vol.3. São Paulo:
Atual, 2000.
• KHODAKOV, IU. V.;et al, P. A.;Quimica Inorgânica 2,
Editora Mir Moscovo; 1986.
• NOVAIS, Vera L. Duarte. Química Volume 3. São paulo:
actual, 2000.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 337

Resumo da Unidade

Nesta unidade você consolidou e aprofundou os seus conhecimentos


sobre os metais alcalinos terrosos:

• Os elementos do II grupo principal compreende o Berílio


(Be), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Estrôncio (Sr), Bário
(Ba) e Rádio (Ra), que constitui a família dos metais
alcalinos-terrosos Apresentam dois electrões no subnivel “s”

• Os metais alcalinos terrosos não ocorrem na Natureza na


foram livre porque são muito electropositivos e reactivos;

• O Carbonato de cálcio (CaCO3) ocorre na forma de Calcário,


Mármore e Giz ;

• Os iões Cálcio e Magnésio em concentações elevadas na


água, fazem com que seja classificada como dura.

• Existe dureza temporária e permanente;

• Os metais alcalino terrosos são, comumente, obtidos pela


eletrólise dos seus halogenetos (sais);
338

Unidade n° 09
Estudo dos gases nobres

Introdução
Esta unidade tem um total de três lições e você irá descrever a
história a descoberta dos elementos do VIII grupo principal,
também designados “gases nobres”, a sua ocorrência, as
características gerais dos elementos, os métodos de obtenção e
aplicação dos compostos formados por estes elementos.

Os elementos deste grupo, durante muito tempo foram considerados


de “preguiçosos” em geral incapazes de entrar em reacções
químicas. As experiências que eram feitas provavam a grande
estabilidade das camadas electrónicas exteriores destes elementos e,
consequentemente uma alta energia química.

Mas os químicos nunca desistiram de superar esta particularidade


dos gases raros tentando obrigá-los a participar em reacções
químicas.
A Victória foi alcançada em 1962 por um químico canadiano Neil
Bartlett, trabalhando na universidade de Coimbra na Inglaterra,
verificou que o hexafluoreto de platina era um agente oxidante
suficientemente forte para converter o oxigénio molecular no
composto O2+ PtF6. A partir disso concluiu que o Xénon poderia ser
convertido de forma semelhante pelo PtF6 num catião, uma vez que
a primeira energia de ionização do Xénon é mais ou menos igual a
da molécula de oxigénio Quando ele misturou o vapor vermelho-
escuro de PtF6 com um excesso de Xénon a temperatura ambiente,
estes reagiram imediatamente dando um sólido amarelo que ele
identificou como sendo XePtF6. Desta forma abriu um novo e vasto
campo de investigação. Os gases nobres fazem parte da composição
do ar atmosférico embora em concentações muito infímas.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 339

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Descrever a história de descoberta dos gases nobres

• Explicar a ocorrência dos gases nobres;

Objectivos da lição • Descrever as principais características dos elementos deste


grupo e dos seus compostos;

• Identificar os principais compostos formados pelos gases


nobres;

• Descrever as aplicações dos gases nobres e dos seus


compostos mais importantes.
340

Lição no 01
História da descoberta
Ocorrência dos gases nobres
Caracteristicas gerais dos gases
nobres

Introdução
Nesta lição você vai conhecer os elementos que a muitos anos foram
considerados inertes, a história da sua descoberta, a sua ocorrência e
as suas características gerais.

Antes de 1962, os gases nobres eram chamados por gases inertes,


incapazes de formar compostos, mas depois da descoberta de flúor-
compostos de xénon nesse ano tornou-se mais adequados chama-los
gases nobres.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Descrever a história da descoberta dos elementos do VIII


grupo;
• Descrever a ocorrência dos elementos do VIII grupo;
Objectivos da licção • Explicar a variação das características dos elementos ao
longo grupo.

a) Descoberta dos Gases Nobres.

O elemento Hélio é o mais leve dos gases nobres, foi o primeiro


deles a ser descoberto como também foi o primeiro elemento
descoberto fora da Terra. Um facto peculiar é que o hélio foi
primeiro descoberto no Sol e só depois na Terra. Em 1868, durante
um eclipse do Sol na Índia, um espectrómetro foi usado pela
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 341

primeira vez no estudo da cromosfera, que envolve o Sol. O


espectro da cromosfera continha muitas riscas brilhantes, entre as
quais se encontravam as do hidrogénio e uma, amarela, que se
julgava ser a risca amarela do sódio. O astrónomo francês Janssen
achou, no entanto, que devia investigar melhor aquela risca, e tentou
obter o espectro da cromosfera com a luz solar ordinária. Foi bem-
sucedido no estudo das várias riscas do espectro e conseguiu provar
que a risca amarela não era a do sódio, mas provavelmente uma
risca espectral de um novo elemento.

Lockyer e Frankland confirmaram estes resultados e provaram que


aquela risca amarela não poderia ser obtida de nenhum elemento
"terrestre" conhecido. Frankland propôs o nome de "hélio", a partir
da palavra grega Sol "hélios".

O elemento Néon (do grego néos “novo”) foi descoberto em 1898


pelos químicos ingleses William Ramsay (1852-1916) e Morris
Travers (1872-1961) em Londres. Foi descoberto quando Ramsay
refrigerou uma amostra retirada da atmosfera até que se tornou um
líquido, em seguida, o líquido foi aquecido e Ramsay capturou os
gases quando era fervido. Os gases encontrados foram o Crípton,
Xénon e o Néon. A cor vermelha brilhante, que é emitida pelo néon
gasoso foi notada imediatamente, sendo que Travers escreveu mais
tarde: "A chama da luz vermelha do tubo contou sua própria
história".

O elemento Argón em 1785 isolou-se o árgon pela primeira vez,


sem se saber, quando o investigador Henry Cavendish converteu em
Dióxido de azoto, o Oxigénio e o Nitrogénio contidos numa
determinada quantidade de ar, fazendo descargas eléctricas
repetidas em presença de oxigénio, que, após eliminado, restava em
torno de 1% de um gás original que não podia ser dissolvido.
Cavendish afirmava, diante disso, que nem todo o «ar flogisticado»
era Nitrogénio. Hoje, sabe-se que se tratava fundamentalmente de
342

Árgon.

Em 1892 Lord Rayleigh descobriu que o Nitrogénio atmosférico


tinha uma densidade maior que o Nitrogénio puro obtido a partir do
nitro. Em 1894, John William Strutt Rayleigh e Sir William
Ramsay, físico e químico britânicos, respetivamente, voltaram a
isolar o referido gás a partir do ar e demonstraram que a diferença
devia-se à presença de um segundo gás pouco reactivo e mais
pesado que o Nitrogénio: o Árgon. O anúncio da descoberta foi
acolhido com muita desconfiança pela comunidade científica.
Comprovou-se que o Árgon não dava nenhuma reacção química,
pelo que lhe chamaram árgon, que em grego significa inerte, inativo
e sem energia.

O elemento Crípton (do grego "cryptos", ou escondido - já que a


sua quantidade no ar é ínfima 0,0001%) foi descoberto em 1898,
nos resíduos resultantes da evaporação de grandes quantidades de ar
líquido, utilizado para preparar árgon. Na realidade, este elemento
foi descoberto por acaso, quando Ramsay e Travers resolveram
fazer uma destilação fraccionada de ar líquido ao tentar isolar o
néon, então desconhecido. Centraram a sua atenção na fracção mais
pesada e, purificando-a de possíveis impurezas de azoto e oxigénio
que ainda pudessem existir, observaram o seu espectro. Ficaram
extremamente surpreendidos quando verificaram a existência de
uma linha amarela viva, que não pertencia ao hélio nem ao sódio,
indiciando a presença de um gás desconhecido. Este novo gás foi
denominado crípton, que deriva da palavra grega "escondido"
devido às circunstâncias em que foi descoberto.

O elemento Xénon

O Xénon foi o último gás raro a ser descoberto. Na sequência de


vários estudos efectuados por William Ramsay e Morris W.
Travers, em 1898, e como resultado da purificação de cripton por
destilação fraccionada, foi obtido um gás extremamente denso que
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 343

os dois cientistas não conseguiram identificar. A análise


espectroscópica desse gás revelou que se tratava de um novo
elemento a que foi chamada xénon. Este nome deriva da palavra
grega Xénon que significa "estranho".

O elemento Rádon

Em 1899, Robert B. Owens percebeu que a radioatividade dos


compostos de tório expostos ao ar era reduzida. Rutherford estudou
tal fenómeno e descobriu que o tório "emitia" um gás radioactivo,
que ficou então conhecido por "emanação do tório". Em 1900, Dorn
verificou que o mesmo se passava com o rádio, e, em 1903, A.
Debierne e Giesel reconheceram as mesmas "emanações" no
actínio. Estas "emanações" foram posteriormente identificadas
como radônio.
De um modo geral, os gases nobres foram descobertos por vários
cientistas a partir do ar atmosférico.

b) Ocorrência dos Gases Nobres


Os gases Hélio, Néon, Árgon, Crípton, Xénon e Rádon ocorrem na
atmosfera em pequenas quantidades.
O Hélio ocorre também em alguns gases naturais; exemplo, nas
grandes cavidades naturais onde existe o petróleo e nos gases
libertados em algumas fontes de água minerais. É abundante nas
camadas superiores da atmosfera. A principal fonte deste elemento é
o gás natural (cerca de 8% de Hélio).
Hélio é um produto de muitos processos de decomposição
radioactiva, as partículas libertadas nas destilações radioactivas
captam electrões e formam átomos de Hélio -4. O gás, portanto deve
encontrar-se associado a minerais que contém emissores de
partículas alfa.
O Hélio embora nuclídeo estável constitui 1,4.10-3% de Hélio
terrestre e é um produto da radioactividade do trítio e este por sua
vez resulta dos raios cósmicos de deutério.
3 β 3
1H 12,5 anos 2He (estável
344

O Néon
Néon é raro na Terra, encontrado na atmosfera terrestre a 1 parte em
15,4 ppm, considerando volume ou 1 parte em 12 ppm,
considerando na massa do Sol

O Argón
É encontrado no ar líquido numa proporção de aproximadamente
0,94%. A atmosfera de Marte contém 1,6% de Ar-40 e 5 ppm de
Ar-36. A de Mercúrio contém 7,0% e a atmosfera de Vénus contém
apenas traços.

O Crípton
Na natureza, o crípton encontra-se quase exclusivamente como gás
constituinte da atmosfera, onde está presente numa concentração da
ordem de 0,00011% por volume de ar seco. Também se encontra
em pequenas concentrações em alguns gases naturais e em gases
que emanam de águas termais ou dos vulcões e em diversos
mineirais em quantidades muito pequenas. É o segundo elemento
mais raro na crosta terrestre (considerando oceanos e atmosfera),
onde está presente em concentrações semelhantes às do Xénon. Na
atmosfera do planeta Marte se tem encontrado o crípton na
concentração de 0,3 ppm.

O Xénon
O xénon encontra-se na Natureza, como elemento constituinte da
atmosfera, onde ocorre numa percentagem de 8,6 x 10-6 % por
volume de ar seco. Este gás mais pesado que o Crípton e menos
abundante que os seus precessores no grupo dos gases inertes.
Estima-se a sua abundância em cerca de 2,9 x 10-9 % na crusta
terrestre (incluindo oceanos e atmosfera). A maior parte de xénon
existente na atmosfera tem origem primordial. No entanto, estima-se
que cerca de 0,5% tenha origem na fissão induzida do urânio e do
tório.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 345

O Rádon
O átomo de rádon é altamente instável e intensamente radioactivo.
Todos os seus isótopos têm semi-vidas extremamente curtas e
emitem radiação alfa, transformando-se em polónio. O Rádon é
formado na desintegração do rádio e, portanto, todos os minerais
que contêm rádio têm também Rádon.
Os seus isótopos resultam de actividade alfa, é um produto do
decaimento do radioactivo do raio. Os isótopos de Rádon que
pertencem as famílias radioactivas naturais do U- 238, Th- 235, Th-
232, são todos emissores de períodos curtos.
222 Alfa 218
86Rn 2,8d 84Po (alfa, 3 min)
220 Alfa 216
82Rn 55s 84Po (alfa, 0,15s)
219 Alfa 214
86Rn 3,9s 84Po (Alfa, 1,8*10-3s)

c) Caracteristicas Gerais dos Gases Nobres


O grupo do gases nobres é constituído pelos elementos hélio (He),
Néon (Ne), Árgon (Ar), Crípton (Kr), Xénon (Xe) e Rádon (Rn).
Estes elementos são gases monoatómicos e geralmente tem valência
igual a zero. Possuem a camada eletrónica mais externa completa.
Com a excepção do hélio (1S2), os seus átomos apresentam uma
estrutura electrónica periférica nS2 nP6. Neste tipo de configurações,
os eletrões estão fortemente ligados ao núcleo, pelo que não existe
nenhuma predisposição para ceder ou receber eletrões, Por isso, são
elementos de baixíssima reactividade, o que originou o seu nome de
gases nobres ou inertes até que se provasse que é possível fazer
alguns compostos com os representantes mais "pesados" da família.
Por exemplo, Kr, Xe e Rn podem formar compostos químicos (mas
com o F, Cl e O, os elementos mais eletronegativos, e em condições
enérgicas). Os compostos químicos de Hélio, Néon não são obtidos.
Os átomos dos elementos que têm camadas exteriores de electrões
completas não exercem uma atracção forte sobre electrões de outros
átomos.
A formação de compostos com outros elementos ocorre com muita
dificuldade. Todos os fluoretos dos gases nobres representam
cristais estáveis nas condições comuns.
346

Os gases nobres apresentam forças de atracção interatómicas


muito fracas, daí apresentarem baixos pontos de fusão e ebulição.
Por isso, são gasosos nas condições normais, mesmo aqueles que
apresentam átomos mais pesados.
O Hélio tem o mais baixo ponto de ebulição, entre todas as
substâncias, as energias de ionizaçao são elevadas e calores de
vaporização baixos; mostra ainda que tanto os pontos de ebulição
como os calores de vaporização aumentam regularmente à medida
que aumentam os seus números atómicos. Essas propriedades, bem
como o caráter monoatómico das moléculas, podem ser explicadas à
base da existência, unicamente, de forças de Van der Waals fracas
entre os átomos dos gases nobres.

O aumento regular do ponto de ebulição, do calor de vaporização e


da solubilidade em água quando se desce, na família, desde o hélio
até o Xénon, pode ser relacionado com o aumento das dimensões
das suas moléculas (átomos).
À medida que os átomos dos gases nobres crescem na extensão da
série tornam-se ligeiramente mais reactivos, daí poder-se induzir o
Xénon a formar compostos com o flúor.

Tabela 21: Variação das propriedades gerais dos gases nobres


He Ne Ar Kr Xe Rn
Número atómico (Z) 2 10 18 36 54 86
Conf. Ele 1S2 2S22P6 3S2 3P6 4S24P6 5S25P6 6S26P6
Raio atómico 0,122 0,160 0,192 0,198 0,218 --------
Energia de ionização 24,59 21,56 15,76 14,00 12,13 10,75
+
E-E , EV
Densidade g/l 0,18 1,90 1,78 3,71 5,85 9,73
Temp. Liquesfação sob -268,9 -246,0 -185,9 -153,2 -108,1 -61,9
pressão atmosférica
normal 0C
Temp. Solidificação -271,4 -248,6 -189,3 -157,4 -111,85 -71
Teor de ar %(vol) 0,0005 0,0016 0,93 10-1 ≈10-5 ≈10-12
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 347

Notemos que os baixos pontos de ebulição reflectem a fraqueza das


atraccões entre as moléculas do gás, as altas energias de ionização
são o resultado da elevada estabilidade dos seus átomos (com 2 ou 8
electrões na última camada).

Propriedades físicas

O Hélio é um gás mais leve, após o Hidrogénio, dentre todos os


gases. Ele é sete (7) vezes mais leve do que o ar.

O Néon é incolor, praticamente inerte, presente em pequena


quantidade no ar atmosférico, porém muito abundante no Universo,
que proporciona um tom aroxeado característico à luz das lâmpadas
fluorescentes nas quais o gás é empregado. A substância é obtida
tecnicamente pela retificação do ar líquido. É o segundo gás nobre
mais leve, apresentando um poder de refrigeração, por unidade de
volume, 40 vezes maior que o do hélio líquido e três vezes maior
que o do hidrogénio líquido. Na maioria das aplicações, o uso de
Néon líquido é mais económico que o do hélio.

Néon é abundante em uma escala universal, sendo o quinto


elemento químico mais abundante por massa no Universo, atrás do
hidrogénio, hélio, oxigénio, e carbono. Sua relativa raridade na
Terra, como a do hélio, deve-se à sua relativa leveza, alta pressão de
vapor a temperaturas muito baixas, e inércia química.

O Néon se encontra usualmente na forma de gás monoatómico,


tornando-o mais leve do que as moléculas de Nitrogénio e Oxigénio
diatómico que formam a maior parte da atmosfera da Terra, um
balão cheio de néon vai subir no ar, embora mais lentamente do que
um balão de Hélio.

O Argón é um elemento químico encontrado no estado gasoso em


temperatura ambiente. Tem uma solubilidade em água 2,5 vezes
maior que a do Nitrogénio ou a do Oxigénio. É um gás
monoatómico inerte, incolor e inodoro tanto no estado líquido
quanto no gasoso.
348

O Crípton à temperatura ambiente é um gás nobre incolor, inodoro,


insípido, de muito pequena reactividade, caracterizado por um
espectro de linhas verde e vermelha-alaranjada muito brilhante. É
um dos produtos da fissão nuclear do urânio. O crípton sólido é
branco, de estrutura cristalina cúbica centrada nas faces, igual aos
demais gases nobres.

Para propósitos práticos, pode-se considerá-lo um gás inerte, mesmo


que existam compostos seus formados com o flúor. Além disso,
pode formar hidratos com a água, de forma que seus átomos ficam
enclausurados na rede de moléculas de água. Também se têm
sintetizado solvatos com hidroquinona e fenol. Em combinação com
o flúor, quando submetido à descarga eléctrica em baixa
temperatura (-150°C), forma o fluoreto de criptónio KrF2, sólido
cristalino branco que se decompõe espontaneamente em
temperaturas normais.

O Xénon do grego xénos “estrangeiro” é um dos gases nobres da


classificação periódica dos elementos do grupo VIII. É inodoro,
muito pesado, incolor, encontrado como traço na atmosfera
terrestre, e faz parte do primeiro composto de gás nobre sintetizado.

Num tubo cheio de gás, o Xénon emite um bonito brilho azul


quando excitado com uma descarga elétrica. O Xénon também pode
formar solvatos com água, quando seus átomos ficam aprisionados
na rede de moléculas de água.

O Rádon do latim radonium - derivado do rádio, é um elemento


químico com o símbolo Rn, radioativo, a temperatura ambiente
encontra-se no estado gasoso. Na forma gasosa, é incolor, inodoro e
insípido; na forma sólida, tem cor avermelhada. A sua massa
atómica é de 222, o que implica que tem por média 136 neutrões.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 349

Este gás se difunde em ambientes de convívio humano por meio de


materiais de construção, solo e água, podendo continuar seu
processo de fissão emitindo partículas alfa, beta e gama, e
submetendo os ambientes à existência de radioatividade. A
radioatividade devida ao Rádon equivale a 54% das radiações a que
estamos sujeitos.
O Rádon é produto da desintegração do Rádio (elemento 88). Este
elemento é altamente radioativo, assim como do tório (elemento
90), de onde vem o nome de um dos seus isótopos, tóron, de meia-
vida de 55 segundos e de massa atómica 220.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
historia de descoberta, ocorrência e as características gerias dos
elementos do VIII-grupo, também chamados gases nobres. Agora
deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Porque os gases nobres ocorrem na forma livre?

2-Explique porque os gases nobres eram tidos como gases inertes, e


porque este conceito foi modificado.

Auto-avaliação
1-Diga porque os gases nobres apresentam energia de ionização
muito elevada?

2-Como ocorrem os gases nobres na Natureza?


Exercícios
350

Questão no 1: Possuem a camada eletrónica mais externa


completa. Com a excepção do hélio (1S2), os seus átomos
Chave de correcção apresentam uma estrutura electrónica periférica nS2 nP6. Neste tipo
de configurações, os eletrões estão fortemente ligados ao núcleo,
pelo que não existe nenhuma predisposição para ceder ou receber
eletrões, Por isso, são elementos de baixíssima reactividade e
ocorrem na forma momoatómica.

Questão no 2: Com a excepção do hélio todos apresentam oito


electrões naúltima camada e são quimicamente estáveis, o que
originou o seu nome de gases nobres ou inertes até que se
provou que é possível os últimos compostos reagirem com os
elementos mais eletronegativos (F, Cl e O) e formar alguns
compostos.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Os átomos dos elementos que têm camadas


exteriores de electrões completas não exercem uma atracção forte
sobre electrões de outros átomos porque os electrões são fortemente
atraídos pelo o núcleo.

Questão no2:Os gases nobres ocorrem na Natureza na forma de


gases monoatómico.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 351

Lição no 02
Propriedades químicas dos gases
nobres
Metodos de obtenção dos gases
nobres
Precauções com os gases nobres

Introdução
Nesta lição tratarás da estrutura química dos elemntos do VIII grupo
principal e os seus métodos de obtenção

Na lição anterior, você descreveu a história, a ocorrência e as


características dos elementos deste grupo, tendo constatado que
durante muito tempo eram considerados inertes porque a sua
química era pouco conhecida. No entanto, apesar de serem pouco
reactivos, os últimos elementos do grupo reagem com os elementos
mais electronegativos da Tabela Periódica formando alguns
compostos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Representar as principais equações das reacções químicas


dos elementos do VIII-grupo principal;

• Descreverr os principais métodos de obtenção dos gases


Objectivos da lição
nobres.

a) Estrutura e propriedades químicas dos Gases Nobres


As propriedades químicas dos gases nobres como, em geral, de
todos os elementos, podem ser explicadas com fundamento nas suas
configurações eletrónicas, seus potenciais de ionização e as suas
352

energias de promoção aos estados de valência mais baixos.


Conforme é de se esperar, os potenciais de ionização dos gases
nobres decrescem regularmente com o aumento do número atómico,
do mesmo modo que as suas energias de promoção.
Analogamente, à base das energias de promoção, podemos esperar
que a tendência de um gás nobre a formar compostos por
compartilhamento de pares de electrões com outros átomos aumente
à medida que aumente o número atómico. Com efeito, só dos três
membros mais pesados da família ─ Kr, Xe e Rn ─ são conhecidas
as suas reações químicas.

A actividade química mais alta do crípton, xénon e rádon em


comparação com os primeiros membros do grupo dos gases nobres
explica-se pelos potenciais de ionização relativamente baixos dos
seus átomos.
Todos os isótopos de Rádon são radioactivos e difíceis de manusear
no laboratório.O Rádon tem tido ultimamente considerável
publicidade pelo facto de se formar por decaimento de um isótopo
de Urânio.

Na interacção directa dos gases nobres com o Flúor formam-se os


fluoretos: KrF2, XeF2, KrF4, XeF4, e RnF4:
Xe(g) + F2 4000C, 1atm XeF2(g) ( Xe em excesso )
Fluoreto de xenon
Xe(g) + 2F2 6000C, 6atm XeF4(g) ( Xe; F2=1:5 )
Tetrafluoreto de xénon
Xe(g) + 3F2 8000C, 60atm XeF6(g) ( Xe; F2=1:20)
Hexafluoreto de xénon
São obtidos derivados de xénon com o número de oxidação +6: O
Hexafluoreto de xénon XeF6, também se forma o Trióxido XeO3, o
Hidróxido Xe(OH)6. Os dois últimos compostos revelam as
propriedades ácidas: assim, ao reagirem com os álcalis, eles formam
os sais do Ácido xenónico, por exemplo:
XeO3 + Ba(OH)2 BaXeO4 + H2O
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 353

Os derivados do Xénon (VI) são oxidantes fortes. Porém sob a


acção dos oxidantes ainda mais fortes podem ser obtidos os
compostos onde o Xénon tem o número de oxidação +8. De tais
compostos são conhecidos o Tetróxido XeO4 e o Oxohexafluoreto
XeOF6.

Outras reacções dos compostos de Xénon:

6XeF4 + 12H2O 4Xe + 2XeO3 + 3O2 + 24HF


2XeF6 + SiO2 2XeOF4 + SiF4
XeF6 + 3H2O XeO3 + 6HF
XeO3 + XeOF4 2XeO2F2
2CsXeF7 670K Cs2XeF8 + XeF6
XeF6 + H2O XeOF4 + 2HF

b) Obtenção dos Gases Nobres


O Hélio é obtido a partir de alguns gases naturais, nos quais ele está
presente como um produto de desintegração dos elementos
radioactivos e pode ainda ser obtido pela liquefacção e subsequente
destilação fraccionada.

O Neon, o Árgon, o Cripton, o Xenon, obtem-se apartir do ar por


via da separação dele durante a refrigeração profunda ou por
destilação fraccionadaa do ar liquido. O Árgon, devido ao seu teor
relativamente alto no ar, é obtido em quantidade essenciais, os gases
restantes- nas menores.

O Árgon é obtido por meio da destilação fraccionada do ar líquido,


resfriamento e liquefação deste, onde é encontrado numa proporção
de aproximadamente 0,94%, eliminando-se posteriormente o
oxigenio residual com hidrogénio. A atmosfera de Marte contém
1,6% de Ar-40 e 5 ppm de Ar-36. A de Mercúrio contém 7,0% e a
atmosfera de Vénus contém apenas traços.
O resfriamento é feito em grandes usinas de gases do ar utilizando-
354

se do principio de Joule-Thomson, através da compressão e


expansão.
Uma vez livre do Oxigénio, o Árgon é resfriado, liquefeito
novamente e destilado novamente. O Árgon líquido puro é então
armazenado em tanques criogênicos de grande capacidade.
O Cripton pode-se extrai-lo do ar por destilação fracionada
O Xénon é obtido comercialmente por extração dos resíduos do ar
líquido. Este gás nobre é encontrado naturalmente nos gases
emitidos por alguns mananciais naturais. Os isótopos Xe-133 e Xe-
135 são sintetizados mediante irradiação de neutrõess em reactores
nucleares.

O Rádon é formado na desintegração do Rádio e, portanto, todos os


minerais que contêm Rádio têm também Rádon.

c) Precauções com os gases nobres


O Árgon não é tóxico, mas pode agir como asfixiante simples ao
deslocar o ar atmosférico e reduzir a concentração de oxigénio
abaixo dos níveis mínimos para sustentação de vida. Devido a sua
baixa temperatura, o Árgon líquido, é muito perigoso uma vez que
pode causar queimaduras criogênicas, estas queimaduras são
extremamente doloridas.
Uma vítima que tenha inalado concentrações muito altas de Árgon
deve ser removida para um ambiente não contaminado de
preferência ao ar fresco, caso a vítima esteja inconsciente, deve-se
administrar oxigénio.

O Xénon pode afectar o metabolismo humano embora não seja


considerado um elemento tóxico. No entanto, os seus compostos são
bastantes nocivos devido as suas fortes propriedades oxidantes Por
exemplo: XeF2, XeF4, XeOF4, etc.

O Rádon a exposição prolongada à concentrações elevadas pode


provocar o cancro dos pulmões e a diminuição de glóbulos
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 355

vermelhos no sangue. Este problema põe-se principalmente aos


mineiros que trabalham em minas de urânio. Quando existe una
concentração considerável de Rádon no ambiente, o gás entra em
contacto com os pulmões por inalação. Essa incorporação supõe
uma contaminação radioactiva. As partículas alfa emitidas pelo
Rádon são altamente ionizantes, mas têm pouco poder de
penetração quandos se usa máscaras de proteção. No entanto, ao
inalar o gás, converte-se num problema, já que as partículas não
conseguem escapar de nosso corpo e depositam-se nele toda a sua
energia, podendo provocar lesões ou patologias de gravidade
diversa, de acordo com a quantidade de Rádon inalado.

O Rádon é a segunda maior causa de morte de câncer de pulmão nos


Estados Unidos, atrás apenas do cigarro. É provado por estudos da
EPA (Environmental Protection Agency dos EUA) que em torno de
20.000 pessoas morrem por ano por causa desse elemento químico.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
reactividade, métodos de obtenção e as precauções ao manipular os
dos elementos do VIII-grupo principal, também chamados gases
nobres. Agora deve ler novamente o texto e responder o seguinte:

1-Explique justificando como é que varia a reactividade ao longo do


VIII grupo.

2-Diga porque é se deve ter muito cuidado ao trabalhar com Xénon


e Rádon?
356

Auto-avaliação
1-Mencione duas propriedades quimicas Xénon?

2-Explique como é que se obtém os gases nobres?

Exercícios 3-Completa as seguintes equações químicas:

a) XeO3 + Ba(OH)2

b) XeF6 + H2O

Questão no 1: Ao longo do VIII grupo a reactividade aumenta


com o aumento do raio atómico. À medida que os átomos dos
gases nobres crescem na extensão da série tornam-se ligeiramente
mais reactivos porque os electrões da últimaca camada ficam mais
Chave de correcção
afastados do núcleo daí poder-se induzir o Xénon a formar
compostos com o flúor.

Questão no 2: Para responder esta questão, você deve procurar ler


novamente o texto nesta lição sobre as precauções com os gases
nobres e partilhar com um seu colega a sua resposta.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Xénon reagem com Flúor a temperaturas elevadas


formando fluoretos. Estes fluores ao reagirem com água formam
Óxidos de enxofre.

Questão no2:
a) XeO3 + Ba(OH)2 BaXeO4 + H2O
b) XeF6 + 3H2O XeO3 + 6HF
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 357

Lição no 03
Compostos dos gases nobres
Aplicações dos gases nobres

Introdução
Nesta lição você vai tratar dos compostos dos elementos dos gases
nobres. E suas aplicações.

Nas lições anteriores, você estudou que os gases nobres eram


chamados gases inertes porque eram quimicamente inertes. Isto é
não era conhecidos seus compostos o que levou as cientistas a
pensarem que não reagiam com os outros atómos. No entanto, com
passar dos anos através de várias investigações e experiência
provaram que estes gases apesar de ser muito estáveis, os elementos
mais pesasdos do grupo reagem formando alguns compostos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os compostos formados pelos elementos do VIII


Grupo A;
Objectivos da lição • Nomear e caracterizar os compostos dos elementos do VIII
Grupo- A;
• Descrever as aplicações dos elementos do VIIIgrupo principal e
dos seus compostos mais importantes.

a) Compostos dos Gases Nobres


Antes de 1962, os gases nobres eram chamados por gases inertes,
incapazes de formar compostos, mas depois da descoberta de
flúorcompostos de Xénon nesse ano tornou-se mais adequados
chamá-los Gases nobres.
358

Neil Bartlet, da universidade de British Colômbia tinha preparado


O2PtF6 (Hexafluoreto de platina), que contém catião Dioxigénio
observando que a primeira energia de ionização de oxigénio é muito
próxima de xénon (isto é, O2 O2+ + e-); ele tentou preparar o
XePtF6 por métodos semelhantes e teve sucessos. Depois quando se
apercebeu que a energia desses elementos não era absoluta como se
pensava, muitos outros elementos foram preparados.
Assim, desde 1962 são conhecidos compostos dos elementos
Crípton e Xénon:
-Difluoreto de xénon (XeF2) , Hexafluoreto de xénon (XeF6),
Perxenato de sódio (Na4XeO6), Tetrafluoreto de xénon (XeF4) e
Deutereto de xénon (XeH2 ou XeD2), Difluoreto de crípton (KrF2),
trióxido de xénon, (Xe O3) composto altamente explosivo, Dióxido
de xénon (XeO2), Tetróxido de xénon (XeO4), Dicloreto de xénon
(XeCl2), Tetracloreto de xénon (XeCl4), Hexacloreto de xénon
(XeCl6), etc. Se conhecem ao menos 80 compostos de xénon em
que este se liga com flúor ou oxigénio. A maioria destes compostos
são incolores, além de poderosos agentes oxidantes e de fluoração,
liberam como subproduto da reacção, entre outros produtos, gás
xénon
A formação destes compostos também pode ser explicada com base
na teoria de hibridização.
O Rádon foi combinado com o flúor formando o fluoreto de rádon,
RnF, que brilha intensamente na cor amarelada quando no estado
sólido. Além disso, o Crípton pode ser combinado com o Flúor
formando KrF2, o xénon para produzir o biatómico de curta-
duração Xe2 e pode-se reagir gás nobre com outros haletos
produzindo, por exemplo, XeCl2 usado em lasers.

Em 2002, foram descobertos compostos nos quais o urânio formava


moléculas com árgon, crípton ou xénon. Isso sugere que os gases
nobres podem formar compostos com os demais tipos de metais.
O Fluoreto de árgon (ArF2) foi descoberto em 2003 pelo químico
suíço Helmut Durrenmatt.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 359

1-Compostos de Xénon: Fluoretos


Difluoreto de xénon (XeF2) pode ser obtido a partir de uma
corrente gasosa dos elementos num tubo de níquel de pequeno
comprimento, sujeito a uma descarga eléctrica.
Xe + F2 XeF2
Difluoreto de xénon é um sólido cristalino e incolor, é menos volátil
dos fluoretos de xénon, funde a 400K. O líquido e o vapor são
também incolores. Dissolve-se em fluoreto de hidrogénio sem
reacção, é reduzido pelo hidrogénio à xénon e HF.
XeF2 + H2 Xe + 2 HF
Reage com água
2 XeF2 + 2 H2O → 2 Xe + 4 HF + O2

Estrutura.
Tem uma estrutura linear em ambas as fases, gasosa e líquida. No
estado sólido estão dispostos paralelamente. A ligaçao pode
envolver só um OA 5P do Xe e as orbitais 2P dos átomos de flúor
ficando livres 3 pares não compartilhados colocados simetricamente
num plano de átomo de xénon e perpendicular à linha F-Xe-F.
A teoria prevê ainda que um composto como XeF2 devera ser
considerado iónico com a carga + e no xénon e carga -1/2 de cada
átomo de flúor.

Hexa fluoreto de xénon (XeF6)


É o mais volátil dos três fluoretos, os cristais brancos fundem à
232,5K também se dissolve em fluoreto de hidrogénio, mas difere-
se do XeF2 e XeF4 por dar um soluto condutor. Prepara-se por
aquecimento de Xe e F sob pressão.

HF + XeF6 → XeF5+ + HF2-

• É reduzido pelo hidrogénio à Xe e por meio de uma hidrólise


controlada obtém-se oxifluoreto conforme as condições
experimentais.
• O XeF6 líquido dissolve o C5F e dá o sal C5XeF7.
C5F + XeF6 → C5XeF7 é um liquido amarelo estável a 330 K.
360

As suas orbitais moleculares se consideram formadas por 3 orbitais


atómicas (AO 5P de Xe e AO 2P de flúor), sobra um par não
compartilhado de electrões de xénon.

O Tetrafluoreto de xénon (XeF4)


É um sólido cristalino, incolor que sublima facilmente, sendo o
vapor também incolor, preparado pela acção dos elementos, mas
com maior pressão de flúor.
→ É sintetizado pela simples passagem de dois gases através dum
tubo de Níquel aquecido segundo a condensação do produto.
É um bom agente oxidante. A sua molécula tem uma estrutura
quadra plana, devido a utilização de duas orbitais atómicas (AO 5P
de xénon e AO 2P de flúor) e restam dois pares não compartilhados
colocados para cima e para baixo.
É solúvel sem reagir com fluoreto de H2 e em pentafluoreto de iodo.

Algumas reacções de XeF4


XeF4 + 2 H2 → Xe + 4 HF
XeF4 + 4 HCl → Xe + 4 HF + 2 Cl2
6 XeF4 + 12 H2O → 4 Xe + 24 HF + 2 XeO3 + 3 O2
XeF4 + 4 I- → Xe + 4 F- + 2 I2
XeF4 + 4 NO → Xe + 4 NOF
XeF4 + 4 BCl3 → 3 Xe + 4 BF3 + 6 Cl2
XeF4 + 2 SF4 → Xe + SF6
O tetrafluoreto de xénon foi preparado em 1962 aquecendo o flúor
com xénon num vaso metálico e em seguida arrefecido rapidamente.

2-Óxidos de xénon
• Trioxido de xénon (XeO3)
É um sólido volátil, altamente explosivo, pode ser preparado
directamente por hidrólise lenta de XeF6.
XeF6 + H2O XeO3 + 6 HF
Numa solução aquosa de XeO3 é um agente oxidante muito
forte, oxida Cl- à Cl2; Br- à BrO3- e Mn2+ à MnO4-, em
condições fortemente ácidas converte álcoois e ácidos
carboxílicos em CO2 e H2O.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 361

As soluções básicas causam a dismutação em XeVIII à Xe0.


2 XeO3 + 4 OH- → XeO64- + Xe + O2 + 2 H2O
XeO3 + Ba(OH)2 → Ba2.XeO6.1,5 H2O perxenato de Bário
E também podem-se preparar perxenatos como:
Ba4XeO6.6H2O, K4XeO6.9H2O.
A análise dos raios X mostra que o trioxido de xénon tem uma
estrutura triangular piramidal (tem par não compartilhado de
electrões por cima do átomo de Xe).
• Tetróxido de Xénon (XeO)
Quando se adiciona lentamente Ba2XeO6 ácido sulfúrico a 267
K produz-se o gás termicamente instável XeO4, o espectro de
infra vermelho mostra que a molécula é tetraédrica.
• Oxifluoretos.
O composto XeOF4 pode se obter como um líquido incolor por
condensação num tubo de níquel à 77 K de quantidades
equimolares de XeF6 e H2O.
XeF6 + H2O → XeOF4 + 2 HF
O HF e XeF6 que não reagem podem ser removidos por adição
de NaF que converte HF à NaHF2 e XeF6 à Na2XeF8.
Pode-se obter cristais incolores de XeO2F2 por reacção de XeO3
e XeOF4.
XeO3 + XeOF4 → 2 XeO2F2
A espectroscopia infra vermelha e raman mostra que o XeOF4 tem
uma estrutura pirâmide quadrada.
Outros Oxifluoretos: XeO2F4 e XeO3F2 (preparados por reacção de
NaXeO6 com XeF6).

3-Compostos Rádon e Crípton


Rádon reage espontaneamente à temperatura ambiente com flúor e
com todos os fluoretos de halogéneo com excepção de IF5, o
produto é RnF2.
Rn + F2 → RnF2
O Crípton é muito mais difícil de oxidar, o KrF2 que é termicamente
instável, foi preparado pela passagem de uma descarga eléctrica
362

através de uma mistura crípton/ flúor à 90 K e 2 Kpa e depois


arrefecido à 20K.
KrF2 é um sólido incolor, hidrolisa-se mais rapidamente do que
XeF2 em soluções neutras e ácidas.

4-Compostos de Néon
Ainda que o Néon seja praticamente inerte, tem-se obtido um
composto com flúor em laboratório. Não se sabe com certeza se este
ou algum outro composto de Néon diferente existe na natureza,
porém algumas evidências sugerem que podem existir. Os iões Ne+,
(NeAr)+, (NeH)+ e (HeNe+) têm sido observados em investigações
espectrométricas de massa e ópticos. Entretanto, sabe-se que o néon
forma um hidrato instável.

5-Compostos do Árgon

Em condições especiais é possível preparar alguns compostos


contendo Árgon, como o difluoreto de árgon (ArF2) e o fluoridreto
de árgon (HArF), ambos os compostos são estáveis a baixas
temperaturas. ArF2 é um sólido que se decompõe nos elementos à
temperatura ambiente.

b) Aplicações dos compostos dos gases nobres


Embora se utilize em pequenas quantidades as suas aplicações são
hoje em dia bastante variadas.

1-Hélio aplica-se no enchimento de aeróstatos.


-Devido a fraca densidade e a incombustibilidade do gás era usado
antigamente nos balões dirigíveis. Dado o preço elevado, o hélio,
usa-se misturado com o hidrogénio.
-Hoje é aplicado, assim como o árgon, na obtenção de uma
atmosfera gasosa inerte durante a soldagem autogénea de metais
(Al, Mg, Ti),e aço inoxidável, assim como na energética nuclear
onde se emprega a sua inércia química e baixa capacidade de captar
os neutrões.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 363

-Terá provavelmente futuro no arrefecimento dos reactores atómicos


como meio de transferência de calor, uma vez que é inerte e que não
se torna activo durante a irradiação
-É também usado, misturado com o oxigénio, no tratamento da
asma, porque se difunde mais rapidamente do que o ar nos canais
apertados dos pulmões.
-Usa-se uma mistura semelhante nos mergulhadores a grande
profundidade (Garante resistência do organismo a grandes pressões
– Quando é obrigado a respirar ar fortemente comprimido) porque o
hélio, sendo menos solúvel do que o azoto, não provoca a síndrome
por descompressão (embolia gasosa), saindo em bolhas no sangue
quando a pressão diminui.
-No estado líquido utiliza-se para conseguir temperaturas muito
baixas em certos dispositivos electrónicos ou para estudos na zona
0-5 K
-O hélio é, ainda, um gás adequado nos termómetros de gás de
baixas temperaturas, dado o seu baixo ponto de ebulição e o seu
comportamento quase ideal.
-Na produção do frio – A evaporação do hélio determina as mais
baixas temperaturas até hoje observadas (-273ºC).
-Aplica-se largamente no laboratório físico a título do agente
frigorífico e na física de baixas temperaturas. Ele serve também
duma substância termométrica nos termómetros que trabalham no
intervalo de temperaturas de 1 até 80K.

2-Árgon é empregado como gás de enchimento em lâmpadas


incandescentes, já que não reage com o material do filamento,
mesmo em altos níveis de temperatura e pressão. Com isso
prolonga-se a vida útil da lâmpada.
-Emprega-se também na substituição do néon, nas lâmpadas
fluorescentes, quando se deseja uma coloração verde azulada ao
invés do roxo do néon. Também é usado como substituto do
nitrogénio molecular( N2 ) quando este não se comporta como gás
inerte devido às condições de operação.
364

-Aplica-se nos processos metalúrgicos e químicos que exigem o


meio inerte durante a soldagem ao arco em Árgon das ligas de
alumínio e magnésio.

3-Néon é usado nos anúncios luminosos emprega-se “tubos de


Néon”que dão uma luz vermelha – alaranjado muito vistosa.
Misturando o néon com árgon em vapores de mercúrio, a variadas
proporções e a pressões diferentes, obtém-se outras tonalidades de
que se pode tirar belos efeitos artísticos.

-O tom roxo-alaranjado da luz emitida pelos tubos de néon é usado


profusamente para a fabricação de indicadores publicitários.
Também recebem a denominação de tubos de néon outros de cores
distintas que, na realidade, contêm gases diferentes.

4-O Crípton substitui o Árgon nas lâmpadas de filamentos de


grande eficiência como as dos minérios.
Devido à sua raridade, o crípton não tem muitas aplicações. O seu
principal uso comercial ocorre na indústria de iluminação, onde,
juntamente com o árgon, é utilizado nas lâmpadas fluorescentes,
uma vez que aumenta o seu brilho e melhora a eficiência dos tubos.
O crípton também é utilizado nos flashes usados em fotografias de
alta velocidade, pois permite uma emissão de luz muito intensa num
tempo muito reduzido (este gás, quando excitado, emite um flash
intenso que dura apenas 1/50000 de segundo). Embora em menor
quantidade, o elemento também pode ser usado em lâmpadas de
incandescência para aumentar o período de vida do filamento de
tungsténio. Pontualmente pode ser utilizado em medicina como
absorvente de raios-X ou anestésico.

5-O Xénon tem aplicacões reduzidas devido ao seu elevado custo e


reduzida abundância. O uso principal e mais famoso deste gás é na
fabricação de dispositivos emissores de luz, tais como lâmpadas
bactericidas, tubos eletrónicos, lâmpadas estroboscópicas e flashes
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 365

fotográficos, assim como em lâmpadas para excitar laser de rubi que


geram luz coerente.

-Utiliza-se no enchimento de contadores proporcionais para deteção


de radiação, devido a sua elevada secção eficaz para ionizaao por
raios-X e fotões gama.

Outros usos são:

-O Xénon possui um considerável poder narcótico, sendo usado


como anestésico na cirurgia humana. Esta propriedade esta
directamente relacionada com a sua elevada solubilidade em tecido
nervoso rico em lipidos

6-O Rádon tem sido aplicado como fonte de radiação em terapias


contra o câncer. Utiliza-se também como indicador radioativo para a
detecção de fuga de gases, e também na medida da velocidade de
escoamento de fluidos. Além disso, é utilizado em sismógrafos e
como fonte de neutrões.

Exercícios
Você teve oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos a
reactividade, aos compostos dos elementos do VIII-grupo principal,
também chamados gases nobres. Agora deve ler novamente o texto
e responder o seguinte:

1-Porque razão somente os gases nobres mais pesados é que


formam compostos?
2-Representa as formulas estruturais de XeF2, XeF4 e XeF6.
366

Auto-avaliação
1-Diga que tipo de hibridização apresenta o Xe nos seguintes
compostos: XeF4, XeF6

Exercícios 2-Mencione duas aplicações de Xénon e duas do Hélio.


Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 367

Questão no 1: Porque estes (Xe, Kr e Rn) apresentam menor


energia de ionização, visto que esta diminui ao longo do grupo
com o aumento do número atómico.
Chave de correcção

Questão no 2: Para responder esta questão, você deve procurar


aplicar os conhecimentos adquiridos nas unidades anteriores e na
Química Geral sobre a representação das fórmula estruturias. Para
tal, basta aplicar a regra de Lewis depois partilhe com um seu
colega a sua resposta.

- Em relação a actividade de auto-avaliação:

Questão no 1: Para responder esta questão, você deve procurar


aplicar os conhecimentos adquiridos nas unidades anteriores e na
Química Geral sobre processo de hibridização para os atómos que
apresentam sub níveis vazios ou incompletos. Depois partilhe com
um seu colega a sua resposta.

Questão no2:
Hélio: misturado com o Oxigénio é usado no tratamento da asma,
porque se difunde mais rapidamente do que o ar nos canais
apertados dos pulmões. Étambém usado no no enchimento de
aeróstatos
Xénon: é usado como anestésico na cirurgia humana. É também
usado no fabrico de flashes fotográficos.
368

Lei mais sobre os elementos do VIII grupo (gases nobres) em:

• GLINKA, N. “Química Geral”. Vol1, Editora Mir


Moscovo 1984
• GLINKA, N. Química Geral. Vol.2 , Editora Mir
Moscovo, 2ª Edição 1988. 1988.

• GLINKA, N. Problemas e exercícios de química geral.


Editora, Editora: Mir Moscovo, 1987
Leitura complementar
• SIENKO, Michell. J; PLANE, Robert A. Química,
companhia editora nacional, 7ª edição, sd.
• KHODAKOV, IU. V.;et al, P. A.;Quimica Inorgânica 2,
Editora Mir Moscovo; 1986.
• NOVAIS, Vera L. Duarte. Química Volume 3. São paulo:
actual, 2000.
Módulo de Química Inorgânica I - Ensino à Distância 369

Resumo da Unidade
Nesta unidade você consolidou e aprofundou os seus conhecimentos
sobre os gases nobres:

• Antes de 1962, os gases nobres eram chamados por gases


inertes, incapazes de formar compostos, mas depois da
descoberta de flúorcompostos de Xénon nesse ano tornou-se
mais adequados chamá-los Gases nobres.

• Os dades nobres ocorrem na Natureza em quantidade


infímas na forma de gases monoatómicos devido alta
estabilidade química;

• Deve se ter cuidado ao trabalhar com os gase nobres . Por


exemplo, o Xénon pode afectar o metabolismo humano
embora não seja considerado um elemento tóxico. No
entanto, os seus compostos são bastantes nocivos devido as
suas fortes propriedades oxidantes Por exemplo: XeF2,
XeF4, XeOF4, etc. O Rádon a sua exposição prolongada à
concentrações elevadas pode provocar o cancro dos pulmões
e a diminuição de glóbulos vermelhos no sangue;

• Os gases nobres são obtidos por meio da destilação


fraccionada do ar líquido, resfriamento e liquefação deste,Os
métodos de obtenção dos gases nobres;

• Os gases nobres tem muitas aplicações no quotidiano, por


exemplo, o xénon possui um considerável poder narcótico,
sendo usado como anestésico na cirurgia humana. Esta
propriedade esta directamente relacionada com a sua elevada
solubilidade em tecido nervoso rico em lipidos

• Os principais compostos dos gases nobres são Fluoretos e


Oxidos, por exemplo, XeF2, XeF4 , XeF6, XeO2F4 , XeO3F2,
XeO3, etc.

Potrebbero piacerti anche