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Os acontecimentos finais:

“ESCATOLOGIA DA PESSOA”
Por Renold Blank

Em síntese: O autor trata da morte, do purgatório, da ressurreição dos corpos e do juízo


final propondo idéias que ele procura fundamentar na Escritura e na Tradição. Não leva na devida
conta o Magistério da Igreja. Apresenta assim uma obra imaginosa e "simpática" porque dissipa
o que possa impressionar negativamente um leitor não iniciado em Teologia.

Renold Blank é autor bem conhecido no Brasil por seus escritos referentes a escatologia.
Um dos mais expressivos do seu pensamento é intitulado "Escatologia da Pessoa"
([1]), adotado como manual de estudantes em certos institutos. O livro destoa de quanto a Igreja
ensina sobre tais assuntos e merece sérias restrições, que passamos a propor. O tema central
do livro é a morte; a esta se associam, na mente de Blank, lições antropológicas, o conceito de
purgatório, os de juízo final, da ressurreição corporal, do inferno e do céu. Tudo isto teria lugar
na hora da morte do indivíduo.

1. O conteúdo do livro
Um tema básico para R. Blank é a antropologia.
O autor julga que corpo e alma não se separam nem são distintos entre si. A clássica
concepção segundo a qual corpo e alma são duas substâncias incompletas que se unem para
realizar um todo substancial é tida como dualista, oriunda das escolas filosóficas gregas pré-
cristãs; a matéria seria má e o espírito, por si mesmo, bom.
"Para a Bíblia, o homem é uma unidade que não pode ser dividida em dois princípios,
chamados corpo e alma. Conseqüentemente também não é possível que, na morte, uma alma
se separe do corpo" (p. 81).
Em conseqüência, quando uma pessoa morre, morre tudo o que ela é, não resta em vida
a alma espiritual, que, na clássica teoria, é imortal.
E, para que não haja hiato entre a morte e a ressurreição, esta ocorre logo depois da
morte, efetuando uma personalidade idêntica à falecida, mas com forma corpórea invisível aos
nossos olhos.
Já que, ao falecer, o indivíduo entra logo na eternidade, ele presencia imediatamente o
juízo final sem ter que esperar, pois não há futuro na eternidade.
Na hora da morte, Deus dá ocasião a cada um de afirmar sua fé e entregar-se ao Senhor;
caso o indivíduo aceite essa dádiva de Deus, ele faz aí seu purgatório, repudiando tudo o que
ele reconhece ter sido menos correto em sua vida terrestre; assim chega a pessoa ao seu estado
definitivo, configurando-se plenamente ao projeto de Deus; em virtude dessa "metamorfose" a
pessoa ganha o céu; caso não aceite a oferta da graça divina, será o inferno. R. Blank dá a
entender que a misericórdia de Deus superará as resistências do homem, fazendo que ele aceite
a graça da conversão, sem o que lhe tocará o inferno ou a eterna separação de Deus.

Eis em poucas palavras o pensamento de R. Blank no livro citado. Reflitamos a propósito.

2. Analisando atentamente
Proporemos considerações sobre a temática em foco:
2.1. Corpo e alma
Temos abordado este assunto repetidamente em PR. Façamo-lo brevemente a seguir.
A distinção entre corpo e alma é clássica no pensamento cristão. Já os
judeus distinguiam dois elementos componentes do homem: o corpo ou eventualmente o
cadáver, que era sepultado no túmulo dos pais, e um núcleo da personalidade que sobrevivia
adormecido na região subterrânea dita kai scheol. Sob o influxo da filosofia grega, essa
dualidade passou a ser dita "corpo e alma" (soma e psyché); ambos são criaturas boas de Deus
que as fez complementares entre si. É necessário distinguir bem.
Dualismo: dois princípios antagônicos entre si - o que não é bíblico.
Monismo: um só princípio, como admitem Blank e sua escola.
Entre os dois extremos há a dualidade, que admite dois princípios distintos entre si
e separáveis, como corpo e alma, feitos não como antagônicos, mas como complementares.
O fato de que a filosofia grega já no século V a.C. falava de corpo e alma, não quer dizer
que esta teoria seja pagã ou falsa. Ela foi incorporada ao pensamento cristão desde cedo e
recebeu de S. Tomás de Aquino a sua formulação própria derivada da teoria do hilemorfismo.
Se não há alma espiritual no homem distinta do corpo, o ser humano é um bloco material que
poderia ser assemelhado a um macaco aperfeiçoado.
2.2. Tempo e eternidade
A alma humana que deixa o corpo quando este não lhe oferece mais as condições de
exercer suas funções vitais, não entra na eternidade. Esta não tem entrada; é a posse simultânea
de todo o ser vivente; só Deus é eterno e vive a eternidade, porque Ele não teve começo nem
terá fim; a alma humana tem começo, mas não terá fim; ela é, portanto, imortal e vive o
chamado "evo". Este é o "tempo psicológico", no qual há uma sucessão de atos da inteligência
e da vontade.
Aliás, às pp. 246s do seu livro, R. Blank parece cair em contradição consigo mesmo,
professando a teoria clássica dual. Com efeito, à p. 246 refere-se aos que morrem em pecado
grave sem arrependimento e diz:
"É com estas imagens que se pode tentar descrever a situação de morte sem
ressurreição em Deus".
À p. 247 lê-se: "Todo ser humano pode vivenciar tal situação na morte, pois como ser
espiritual, o âmago da pessoa não pode morrer. Sem a ajuda de Deus, porém, esse ser
interior também não pode sair de sua situação estática de morte, onde nada mais poderá ser
mudado".
Estes dizeres afirmam que no homem existe um ser espiritual que não morre nem
ressuscita gloriosamente, mas continua a viver afastado de Deus. A incoerência de Blank nesta
passagem bem manifesta quanto distante da realidade é o monismo "corpo-alma" professado
pelo autor.
2.3. Juízo final
Se após a morte já não existe a categoria "termo" e na eternidade não há futuro,
compreende-se que, para Blank, o ser humano falecido e ressuscitado já contempla, logo depois
de morrer, o juízo final da história.
Esta afirmação é totalmente inconsistente, pois quem morre em 2008, por exemplo, como
poderá contemplar irmãos que ainda não nasceram e, por conseguinte, não têm um teor de vida
a apresentar ao Juiz universal. Este postulado errôneo é conseqüência da não distinção
entre evo e eternidade. Não cabe dentro de um raciocínio sereno e objetivo.
2.4. Purgatório
Segundo Blank, se alguém não consegue no decorrer desta vida realizar plenamente
o projeto que Deus lhe traçou desde toda a eternidade, na hora da morte Deus lhe dá a graça
para atingir a plena realização de sua existência.
Diz Blank:
"Na morte Deus oferece à pessoa humana aquilo que lhe falta. Deus quer acrescentar a
graça àquilo que lhe falta; está disposto a oferecer ao homem de graça, também na morte tudo
aquilo que este lhe ficou devendo... Fica dentro da liberdade humana aceitar ou não esta
proposta" (p. 202s).
Tal graça é dada a todos - justos e pecadores - podendo ser a graça da conversão do
pecado grave para o estado de filho de Deus. Para todos, é um processo doloroso, pois significa
a destruição definitiva do homem velho, com seu egoísmo, sua vaidade, seu orgulho... Esta
purificação nada tem que ver com uma câmara de tortura cósmica, onde os pecadores são
purificados pelo fogo ou por outros meios.
"A última conversão na morte é um ato doloroso, de maior ou menor intensidade. Na
linguagem tradicional, ela foi denominada o Purgatório" (p. 208s).
Quem aceita tal graça na hora da morte vai para o céu, quem não a aceita, vai para o
inferno.

Estas idéias podem ser muito belas, mas não correspondem à doutrina oficial da Igreja,
que pode ser assim resumida:
Todo pecado, mesmo depois de perdoado pelo sacramento da Penitência, deixa no
indivíduo as suas raízes, a tal ponto que, mesmo muito arrependido, o pecador pode voltar (e
muitas vezes volta) a cometer os mesmos pecados. Ora, somos chamados a ver Deus face-a-
face - o que implica total pureza de alma, pois perante Deus não pode subsistir a mínima sombra
de pecado. Por conseguinte, o pecador, mesmo já absolvido, terá que eliminar as raízes do
pecado que lhe restam, ou nesta vida (mediante a ascese) ou na vida póstuma (no Purgatório)
sem fogo nem diabinhos, mas numa atitude profunda de repúdio a qualquer traço de pecado;
esta purificação é póstuma; durará mais ou menos do evo, de acordo com o maior ou menor
arraigamento do pecado.
A conversão do pecador pode ocorrer imediatamente antes da morte, mas não após a
morte.
Blank não se refere às impurezas que impedem de ver Deus face-a-face; encara o
purgatório de modo diferente da visão clássica, preocupado que está com a afirmação de que
há salvação para os mais endurecidos pecadores, que na hora da morte recebem a graça do
"purgatório" por Blank concebido.
2.5. Juízo de Deus

Ao falar de Deus como Juiz, R. Blank imagina-o sempre misericordioso e pronto para
perdoar. Na verdade, muitos textos bíblicos abonam esta concepção (ver SI 51; 103; Os 11...),
mas não se podem esquecer outras passagens bíblicas em que o Senhor exerce a justiça (cf.
entre outros segmentos os capítulos de Jr 1 -17, em que o Senhor prediz a vinda dos babilônios
a Judá para punir o povo idólatra).
Com outras palavras diz Blank: "Na morte, o homem se encontra com Deus... Jesus,
porém, é aquele que sempre interveio em nome de todos os que fracassaram, Aquele que veio
para salvar, e não para condenar, Aquele que exige de seus discípulos que eles perdoem
sempre" (p. 179). Mais, diz o autor: "O grito pela justiça é motivado pela atitude farisaica... É
muito interessante constatar que o grito pela justiça divina se ouve sempre na boca dos piedosos,
nunca dos pecadores. São sempre os bons cristãos, os que freqüentam as missas dominicais,
os fiéis aos mandamentos e as leis que exigem justiça" (p. 186).
É o fato de Deus ser Amor-Justiça que dissipa a idéia de Deus ser "Papai Bonachão", o
Deus socorrista, o Deus que abona a permissividade dos costumes.
2.6. Inferno
Eis como Blank conceitua o inferno:
"Situação impossível e contraditória em sua essência. Uma morte viva consciente, sem a
mínima possibilidade de poder providenciar uma saída pelos próprios recursos, entorpecido e
fixado em si mesmo.
São imagens paradoxais que contêm exatamente os elementos daquilo que as
transcrições tradicionais chamam de "inferno" (p. 246).
Blank pergunta se existe realmente alguém em estado de pecado endurecido que se
condene a ficar longe de Deus. Enfatiza o amor de Deus, que não deveria suportar o sofrimento
de uma criatura sua por tempos sem fim. Pergunta também se a justiça de Deus não é
diferente daquela dos homens (haja visto a parábola de Mt 20, 1-16, que na verdade não quer
insinuar diferente conceito de justiça).
Em suma, o autor diz tudo o que pode para insinuar que os pecadores mais empedernidos
podem chegar a salvação na hora da morte.
2.7. Céu
Céu é plenitude da vida, reencontro com os parentes e amigos falecidos, marcado pela
união íntima com Deus. Blank é sóbrio e correto ao falar do céu. Apenas se lhe pode observar
que seria mais adequado falar da visão de Deus face-a-face como primeira fonte de bem-
aventurança e, só depois, mencionar o reencontro com familiares e amigos.
O livro termina recomendando a responsabilidade de cada indivíduo frente ao curso da
história universal. É preciso "que o amor seja posto em prática em vez de ideologia de ameaça"
(p. 318).

3. Conclusão
O livro de R. Blank é todo inspirado pelo desejo de dissipar o medo que freqüentemente as
pessoas têm da morte e do além; a intenção é muito boa, mas para atingir tal efeito, não é
necessário construir uma nova escatologia imaginosa e infundada na Escritura e na Tradição
(por mais que Blank queira assim fundamentá-la).
Os fundamentos de Blank são
1) a não distinção entre corpo e alma, separáveis entre si e
2) a não aceitação de um meio-termo entre tempo e eternidade chamado "evo". Ora a
razão filosófica exige estas duas distinções e não somente a fé as propõe. Com efeito, a fé as
professa conforme Carta da Congregação para a Doutrina da Fé publicada e comentada em
PR 238/ 1979, pp. 399ss e PR 239/1979, pp. 456ss.

[1] Ed. Paulus, São Paulo 2000, 443pp.

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