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Desde muito pequena que Cristalina

se sentia diferente das outras nuvens.


Enquanto todas brincavam à apanhada
pelo mundo fora, ela preferia isolar-
se num cantinho do céu a ler poemas.

Plim! Catrapuz! Como por efeitos de


magia, a pequena nuvem desenhava
com o seu corpo um lindo cavalo no
Aquela nuvem céu, inspirada pelo poema.
parece um cavalo...
Ah! Se eu pudesse montá-lo!
(José Gomes Ferreira)

E era assim que passava os seus


dias, a brincar com a imaginação.
Mas, neste momento, ela tinha
uma grande preocupação.

O exame da Quarta Atmosfera


aproximava-se e ela tinha de
passar a maior prova de todos
os céus: chover!

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Já há alguns dias que andava muito pesada com a humidade que crescia
na sua barriga e a tornava cada vez mais cinzenta. Nem parecia a
nuvem cor de cristal que era quando nascera! Até aí tinha aprendido
bem as lições e engordado uns valentes quilos. Mas há uma semana
que andava a esforçar-se e nem uma gotinha lhe saía do seu corpinho
de ar! Estava cheia de medo... Mas, ao ver o Sol, recuperou o ânimo
e dirigiu-se a ele em forma de flecha.

- Senhor Sol! Senhor Sol! Não


se ponha já, queria dar-lhe uma
palavrinha!

- Só se não for demorado. A Lua


já está à minha espera.

- Não demora. Será que me pode


ajudar a chover? É a minha
primeira vez!

- Ó minha querida nuvenzinha de


algodão-doce, eu não posso
ajudar-te! Repara como sou
quente e já estamos no fim do
dia. À mais pequena aproximação dos
meus raios a chuva que trazes no
teu corpo secará e deixarás de ter
água para dar. Lamento, mas nada
posso fazer por ti!

- Se assim é, paciência, e obrigada


de igual forma. Até breve! E bom
pôr!

- Até breve, menina nuvem!

Cristalina estava novamente só.


A sua esperança de chover
começava já a ficar pequenina
quando, sem se dar conta, deu um
trambolhão no ar.

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- Vento: Ah! Ah! Ah! Nem te aguentas de pé, és mesmo fraquinha!!!

- Seu pateta! Pára lá quieto e vê se te tornas útil. Ajuda-me a chover!

- Eu?! Ajudar-te a chover?! Tenho mais que fazer, vamos mas é brincar!

- Com um sopro enorme o vento empurrou Cristalina para longe, apesar


do esforço dela para se manter no mesmo sítio.

- Imbecil, vai-te embora! Não serves para nada!

- Pronto, pronto, já cá não está quem soprou. Vou chatear as árvores!

E lá foi o vento, a bufar por tudo quanto era lado.


Ao longe, ainda se ouviu o piropo sorrateiro que mandou ao bando de
andorinhas que vinha na direcção de Cristalina.

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- Bom dia, andorinhas!
Será que vocês podem
ajudar-me a chover?

- Estamos com pressa,


nuvem. Partimos para o
Sul, porque vem aí a
estação das chuvas e do
frio. Temos de nos
proteger.
Não gostamos de chuva,
por isso não podemos
ajudar-te.

- Oh!!! Que pena! Também vocês têm de ir embora?! Já estou a ficar


preocupada. Como hei-de eu chover?

- Hás-de conseguir, nuvenzinha, hás-de conseguir!

Cristalina começava realmente a desesperar, já não sabia a quem


recorrer. Fez, uma vez mais, um esforço para chover, puxando até ao
último vapor, a água guardada em si. Nada, não saía nada.

Do horizonte crescia um
gigantesco muro negro de
nuvens, que engolia o espaço
azul-bebé em redor de
Cristalina. O cheiro da
humidade invadiu rapidamente
o ar e alertou a pequena
nuvem para a chegada das
suas colegas.

- Com que então não sabes


chover?

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A multidão desatou às gargalhadas. Amarrotada e pálida do esforço inútil que
fizera e da vergonha que agora passava, a pequena nuvem parecia um velho
farrapo esbranquiçado, abandonado numa gaveta.

- Seca! Seca! Seca!

Cristalina pensava que


crueldade como esta era
coisa que não existia à face
do céu.
Começou lentamente a
transformar-se num corvo
preto
de tristeza, a esgravatar
o ar e afastou-se para
longe das outras,
a conter os soluços que
teimavam em sair.

Viu-se então num deserto, seco como ela, onde a solidão e a secura
agravavam ainda mais a sua tristeza. Absorvida nos seus pensamentos
cinzentos, nem se deu conta que uma vegetação densa e muito verde
nascia na terra quente do deserto, como se fosse milagre. A terra,
estranhando o nascimento de tantas plantas, cantou alegremente:

Chuva, chuva, chuvinha,


cai na minha terrinha!

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- Estou a chover! Estou a
chover!

A tristeza da Cristalina
transformara-se em
grossas pingas-lágrimas
de chuva que tornaram
o deserto num autêntico
prado verdejante.

À sua volta, a comunidade


do céu reuniu-se para
apreciar o milagre da
pequena nuvem.

Todos aplaudiram
maravilhados.

As colegas da Cristalina empalideceram de vergonha.


O Sol sorria e estendia pelo céu os seus braços-raios. E até o vento
assobiava de contente as canções do deserto. Todos estavam felizes
e Cristalina também. Já não chorava, mas continuava a chover. Tinha
superado bem a prova e dado uma lição às outras nuvens vaidosas.
Cristalina aprendeu: é preciso confiar em nós mesmos e deixar o medo
de lado.

Vocês não acham?

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