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CONTRATO CAERN Nº 09.

0232

PLANO DIRETOR DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA


CIDADE DE NATAL/RN

RELATÓRIO PARCIAL Nº 1
CONSOLIDAÇÃO DOS LEVANTAMENTOS DE DADOS, ESTUDOS E
PROJETOS EXISTENTES
REV . 0
RELATÓRIO PARCIAL Nº 1
CONSOLIDAÇÃO DOS LEVANTAMENTOS DE DADOS,
ESTUDOS E PROJETOS EXISTENTES
Rev. 0

Abril/2010

PLANO DIRETOR DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA


CIDADE DE NATAL/RN

NATAL – RN

REVISÃO ALTERAÇÕES DATA ELABORAÇÃO APROVAÇÃO


0 Emissão do Relatório 12/04/10 JLCA JLCA
ÍNDICE
1. Apresentação ............................................................................................................. 1
2. Estudos de potencial hídrico....................................................................................... 2
2.1. Bacias Maxaranguape, Punaú e Boa Cica no RN – FUNPEC, 2008 ........................................................ 2
2.1.1. Área de estudo ............................................................................................................................ 2
2.1.2. Bacia do Maxaranguape.............................................................................................................. 4
2.1.3. Demanda já prevista e potencial de retirada de vazões ............................................................. 5
2.1.4. Estudo hidrométrico ................................................................................................................... 7
2.1.5. Qualidade das águas do Maxaranguape, Punaú e Boa Cica ..................................................... 12
2.1.6. Análise ....................................................................................................................................... 13
2.2. Lagoa de Extremoz – ENGESOFT, 2004 .............................................................................................. 15
2.2.1. Localização ................................................................................................................................ 15
2.2.2. Características da bacia contribuinte........................................................................................ 16
2.2.3. Potencial explotável .................................................................................................................. 16
2.2.4. Qualidade das águas ................................................................................................................. 17
2.2.5. Uso da água na agricultura ....................................................................................................... 17
2.2.6. Recomendações do estudo ....................................................................................................... 18
2.2.7. Análise ....................................................................................................................................... 19
2.3. Lagoa de Boqueirão – ENGESOFT, 2001 ............................................................................................. 21
2.3.1. Localização ................................................................................................................................ 21
2.3.2. Características da bacia contribuinte........................................................................................ 21
2.3.3. Potencial explotável .................................................................................................................. 22
2.3.4. Qualidade das águas ................................................................................................................. 23
2.3.5. Uso da água na agricultura ....................................................................................................... 24
2.3.6. Recomendações do estudo ....................................................................................................... 24
2.3.7. Análise ....................................................................................................................................... 25

3. Estudos de planejamento ......................................................................................... 28


3.1. Plano Diretor de Esgotamento Sanitário de Natal e Áreas Limítrofes – KL, 2004 .............................. 28
3.1.1. Evolução da população ............................................................................................................. 28
3.1.2. Evolução da demanda ............................................................................................................... 31
3.1.3. Análise ....................................................................................................................................... 33
3.2. Plano de Desenvolvimento para o Sistema de Saneamento Básico do Município de Natal – FGV,
2009 ................................................................................................................................................... 39
3.2.1. Evolução da população ............................................................................................................. 39
3.2.2. Evolução das demandas ............................................................................................................ 40
3.2.3. Expansão do sistema ................................................................................................................. 42
3.2.4. Melhoria do sistema ................................................................................................................. 43
3.2.5. Investimentos em água ............................................................................................................. 44
3.2.6. Análise ....................................................................................................................................... 45

4. Levantamento de dados de População – Censos e contagens .................................... 47

i
4.1. Censos e contagens ............................................................................................................................ 47
4.2. Setores censitários ............................................................................................................................. 47
4.3. Análise ................................................................................................................................................ 48

5. Estudos operacionais ............................................................................................... 50


5.1. Plano de controle operacional e de melhorias operacionais do sistema de abastecimento de
água de Natal e bairros adjacentes dos municípios limítrofes – BBL, 2005....................................... 50
5.1.1. Carências e desafios operacionais ............................................................................................ 50
5.1.2. Produção e reservação ............................................................................................................. 53
5.1.3. Setorização................................................................................................................................ 54
5.1.4. Investimentos previstos ............................................................................................................ 58
5.1.5. Análise ....................................................................................................................................... 60
5.1.6. Per capita e índice de perdas .................................................................................................... 61
5.2. Levantamento de poços utilizados no abastecimento ....................................................................... 64
5.2.1. Resumo e resultados................................................................................................................. 64
5.2.2. Análise ....................................................................................................................................... 65

6. Bases cartográficas................................................................................................... 67
7. Referências bibliográficas ......................................................................................... 68

Figuras
Figura 1 – Sistema Hidrográfico do Estado – Divisão de Bacias Hidrográficas.............................. 3
Figura 2 – Bacias do Punaú e do Maxaranguape ............................................................................. 3
Figura 3 – Seções estudadas para captação .................................................................................... 11
Figura 4 – Seções escolhidas para Q = 6 m3/s ................................................................................ 14
Figura 5 – Lagoa de Extremoz – localização .................................................................................. 16
Figura 6 – Potencialidade do Aqüífero Barreiras na região da Lagoa Extremoz........................... 20
Figura 7 – Bacia do Rio Boqueirão – localização ........................................................................... 22
Figura 8 – Potencialidade do Aqüífero Barreira na Bacia do Rio Boqueirão ................................ 26
Figura 9 – Consumo de água por economia de outras cidades – benchmark ................................. 37
Figura 10 – Taxas de crescimento linear e geométrico ................................................................... 49

Quadros
Quadro 1 – Demandas outorgadas na Bacia do Rio Maxaranguape ................................................ 5
Quadro 2 – Demanda futura na bacia do Rio Maxaranguape .......................................................... 5
Quadro 3 – Demandas outorgadas na Bacia do Rio Punaú .............................................................. 6
Quadro 4 – Demanda futura na bacia do Rio Punaú ........................................................................ 6
Quadro 5 – Demanda futura na bacia do Rio Boa Cica .................................................................... 7
Quadro 6 – Seções de controle para o estudo hidrométrico .............................................................. 8
Quadro 7 – Parâmetros das curvas de recessão para as seções transversais monitoradas.............. 9
Quadro 8 – Descargas líquidas nas seções de monitoramento – (m3/s) .......................................... 10

ii
Quadro 9 – Curva de permanência de vazões do Rio Maxaranguape na seção de Dom Marcolino
.......................................................................................................................................................... 10
Quadro 10 – Disponibilidade hídrica e garantias de permanência................................................. 11
Quadro 11 – Pontos de amostragem da qualidade da água ............................................................ 12
Quadro 12 – Disponibilidade hídrica e garantia de permanência – seções escolhidas – bacia do
Maxaranguape ................................................................................................................................. 14
Quadro 13 – Disponibilidade hídrica e garantia de permanência – seções escolhidas - Extremoz 19
Quadro 14 – Vazões e rebaixamentos correspondentes, com garantia de 100% ............................ 20
Quadro 15 – Potencialidade do Aqüífero por Subáreas .................................................................. 26
Quadro 16 – Vazões disponíveis – Resultados das simulações entre 1936 e 1989.......................... 27
Quadro 17 – Rebaixamento máximo - (Período 36/57-59/89)......................................................... 27
Quadro 18 – Taxas médias de crescimento geométrico da população – declaradas ...................... 28
Quadro 19 – Taxas médias de crescimento geométrico da população – utilizadas ........................ 29
Quadro 20 – Projeção da população do PDE ................................................................................. 30
Quadro 21 – Consumo per capitaRESIDENCIAL .................................................................................... 31
Quadro 22 – Poços particulares em relação à CAERN – estimativa .............................................. 32
Quadro 23 – Consumo per capitaTOTAL ............................................................................................ 32
Quadro 24 – Consumo per capita considerando perdas ................................................................. 33
Quadro 25 – Consumo médio por economia residencial ................................................................. 35
Quadro 26 – Consumo de água por economia de outras cidades – benchmark .............................. 36
Quadro 27 – Projeção populacional adotada pela FGV ................................................................. 40
Quadro 28 – Evolução do per capita e do índice de perdas adotado pela FGV ............................. 41
Quadro 29 – Capacidades dos sistemas (NS) e (NN) ...................................................................... 42
Quadro 30 – Necessidade de ampliação da reservação .................................................................. 43
Quadro 31 – Necessidade de investimentos em água ...................................................................... 44
Quadro 32 – População urbana total – Natal ................................................................................. 47
Quadro 33 – Taxas de crescimento linear e geométrico.................................................................. 48
Quadro 34 – Produção atual e projetada do sistema de abastecimento de água ............................ 53
Quadro 35 – Reservação atual e projetada do sistema de abastecimento de água ......................... 54
Quadro 36 – Setorização proposta – subsistema sul (NS) ............................................................... 55
Quadro 37 – Setorização proposta – subsistema norte (NN)........................................................... 56
Quadro 38 – Investimentos previstos para as intervenções, por sistema ........................................ 59
Quadro 39 – Investimentos previstos para as intervenções, por tipo .............................................. 60
Quadro 40 – Perdas por ligação e índice de perdas ....................................................................... 61
Quadro 41 – Perdas por ligação e índice de perdas – Situação “C” ............................................. 62
Quadro 42 – Perdas por ligação e índice de perdas – situação “A” e “D” ................................... 63
Quadro 43 – Resultado do Cadastramento de Poços- Natal ........................................................... 65

iii
1. Apresentação

Este relatório apresenta a Consolidação dos Levantamentos de Dados, Estudos e Proje-


tos Existentes referentes ao desenvolvimento do Plano Diretor de Abastecimento de
Água de Natal.
Procurou-se consolidar a informação relevante para o desenvolvimento do PDAAN acom-
panhada de análises sobre sua pertinência e utilidade como fonte, evitando-se a simples
reprodução de partes dos relatórios.
O relatório agrupa em sua estrutura os estudos por área de interesse. O Capítulo 2 ‘Estu-
dos de potencial hídrico’ traz os estudos dos mananciais:

• Bacias Maxaranguape, Punaú e Boa Cica;


• Lagoa de Extremoz;
• Lagoa de Boqueirão.

O Capítulo 3 ‘Estudos de planejamento’ aborda os planos de desenvolvimento:

• Plano Diretor de Esgotamento Sanitário de Natal e Áreas Limítrofes;


• Plano de Desenvolvimento para o Sistema de Saneamento Básico do Mu-
nicípio de Natal.

Já o Capítulo 4 abrange ‘Levantamento de dados de População – Censos e contagens’


com a informação oficial sobre a população. O Capítulo 5 aborda os ‘Estudo Operacio-
nais’, o Capítulo 6 descreve as ‘Bases cartográficas’ disponíveis e, finalmente, o Capítulo 7
apresenta a relação das ‘Referências bibliográficas’.

1
2. Estudos de potencial hídrico

2.1. Bacias Maxaranguape, Punaú e Boa Cica no RN – FUNPEC,


2008

Nesta seção apresenta-se a análise do Estudo da Potencialidade Hídrica das Bacias Maxa-
ranguape, Punaú e Boa Cica, contratado pela CAERN junto à Fundação Norte Riogranden-
se de Pesquisa e Cultura – FUNPEC, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ten-
do sido desenvolvido pelo Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da
UFRN – LARHISA. O documento analisado é o “Relatório Final”, FUNPEC (2008).
O estudo apresenta a potencialidade hídrica dos rios Maxaranguape, Punaú e Boa-Cica
para possível abastecimento de água da região metropolitana de Natal, RN.
O estudo enfoca a questão da crescente demanda pelo uso da água e do abastecimento
de água potável, em razão da ocupação populacional e do dinamismo da economia da
RMN que abriga cerca de metade da população do Estado do Rio Grande do Norte. Desta-
ca ainda que o crescimento populacional nas áreas das bacias dos mananciais superficiais
e subterrâneos vem comprometendo o abastecimento, tanto por insuficiência quanto
pela poluição, levando a CAERN a procurar novas fontes para o abastecimento da Região,
levando em conta os aspectos socioeconômicos, ambientais e integradas à política de
recursos hídricos do Estado. A metodologia desenvolvida baseou-se nos fundamentos da
Política Estadual de Recursos Hídricos definidos na Lei Estadual No. 6.908, de 01/07/1996.
O estudo considerou a Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento dos recursos
hídricos para um horizonte de médio e longo prazo – de 30 anos e recomendou que o
mesmo subsidiasse a elaboração do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região
Metropolitana de Natal.
Desenvolveu a análise da disponibilidade hídrica e suas respectivas garantias representa-
das pela sua permanência no tempo.

2.1.1. Área de estudo

O estudo abrange as seguintes bacias hidrográficas, todas localizadas no litoral Leste do


estado do Rio Grande do Norte:

• Bacia do Rio Punaú: Bacia 04 com 448 km2 de superfície;


• Bacia do Rio Maxaranguape: Bacia 05 com 1.010 km2; e
• Bacia do Riacho Boa Cica: Sub-bacia 16-6 com 187,7 km2.

2
Figura 1 – Sistema Hidrográfico do Estado – Divisão de Bacias Hidrográficas

Fonte: FUNPEC (2008)

Figura 2 – Bacias do Punaú e do Maxaranguape

Fonte: FUNPEC (2008)

3
As bacias apresentam grandes áreas rurais e não contam com reservatórios de grande
porte, ou mesmo de médio porte, para acumulação. Porém, nas proximidades do exutório
da Bacia do Maxaranguape ocorrem afloramentos de águas subterrâneas, dando origem a
lagoas em meio à região de dunas, das quais se destacam:

• Lagoa das Pedras;


• Lagoa Guajiru;
• Lagoa dos Patos;
• Lagoa das Barreiras;
• Lagoa da Cutia; e
• Lagoa do Junco.

2.1.2. Bacia do Maxaranguape

A Bacia do Maxaranguape abrange os municípios relacionados a seguir, dos quais apenas


Pureza e Maxaranguape têm sua sede inserida na área da bacia:

• Ceará-Mirim;
• João Câmara;
• Maxaranguape;
• Poço Branco;
• Pureza;
• Rio do Fogo;
• Taipu; e
• Touros.

A bacia possui grande aporte de recursos hídricos subterrâneos, armazenados principal-


mente nos aqüíferos das formações Barreiras e Jandaíra, que dão origem à Fonte d’água
de Pureza, a principal surgência pontual de águas subterrâneas, e que são responsáveis
por assegurar os escoamentos observados no Rio Maxaranguape no período de estiagem.
A Fonte de Pureza é o manancial responsável pelo abastecimento das cidades de Pureza,
Taipu, Poço Branco, Bento Fernandes e João Câmara (SERHID-PROÁGUA, 2006).

4
2.1.3. Demanda já prevista e potencial de retirada de vazões

2.1.3.1. Bacia do Rio Maxaranguape

Existem alguns comprometimentos relevantes do uso das águas da Bacia do Rio Maxa-
ranguape, com a de vazão outorgada1 de cerca de 1 m3/s à época do estudo, a montante
da rodovia BR 101.

Quadro 1 – Demandas outorgadas na Bacia do Rio Maxaranguape

tipo de uso demanda (l/s)


abastecimento humano 112
2
consumo humano 3
irrigação 662
lavagem de frutas 2
abastecimento viveiros 32
carcinicultura 267
Total 1.080

Fonte: FUNPEC (2008)

As demandas futuras previstas para região, considerando o crescimento populacional e


agropecuário dos empreendimentos localizados à montante da seção de estudo são:

Quadro 2 – Demanda futura na bacia do Rio Maxaranguape

3
ano demanda real (l/s) acréscimos (l/s) demanda esperada (l/s)
2010 1.145 ------- 1.145
2015 1.145 69 1.214
2020 1.154 138 1.293
2025 1.163 208 1.371

Fonte: FUNPEC (2008)

1
pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH–RN.
2
o quadro apresentado no relatório não explica a diferença entre ‘abastecimento humano’ e ‘consumo humano’; po-
rém nas previsões de demanda este item desaparece, constando apenas o ‘abastecimento humano’.
3
‘demanda real’ é a demanda esperada para os anos considerados; ‘acréscimos’ é a previsão de aumento no consumo
de água para irrigação e a pecuária.

5
Portanto, existe hoje a previsão de comprometimento futuro de Q=1,4 m3/s, que deverá
ser respeitada para as eventuais futuras retiradas para o abastecimento de Natal.

2.1.3.2. Bacia do Rio Punaú

Existem comprometimentos de uso das águas da Bacia do Rio Punaú a montante da rodo-
via BR 101 que totalizam cerca de 0,8 m3/s, volume considerado baixo face ao potencial
da bacia.

Quadro 3 – Demandas outorgadas na Bacia do Rio Punaú

tipo de uso demanda (l/s)


abastecimento humano 78
irrigação 466
pecuária 4
4
carcinicultura 267
Total 820

Fonte: FUNPEC (2008)

As demandas futuras para região, considerando o crescimento populacional e agropecuá-


rio dos empreendimentos localizados à montante da seção de estudo são:

Quadro 4 – Demanda futura na bacia do Rio Punaú

5
ano demanda real (l/s) acréscimos (l/s) demanda esperada (l/s)
2010 821 - 821
2015 830 47 877
2020 839 94 933
2025 848 141 989

Fonte: FUNPEC (2008)

4
o valor apresentado é igual ao do Maxaranguape, o que leva à suposição de que foi considerada a mesma produção
nas duas bacias.
5
a coluna ‘demanda real’ apresenta a demanda esperada para os anos considerados; a coluna ‘acréscimos’ é a previsão
de aumento no consumo de água para irrigação e a pecuária.

6
A vazão futura comprometida é inferior a Q=1 m3/s, o que significa que os estudos hidro-
lógicos desenvolvidos para esta bacia indicam a possibilidade de retirar as vazões previs-
tas para o abastecimento de Natal.

2.1.3.3. Bacia do Rio Boa Cica

Na Bacia do Rio Boa Cica existe a demanda do sistema de abastecimento da região do


Agreste/Trairi/Potengi feito através da Adutora Monsenhor Expedito; o sistema composto
pela lagoa do Bonfim e Poços Adjacentes pode garantir uma adução de até 250 l/s. As
demandas esperadas na Bacia do Rio Boa Cica são apresentadas a seguir:

Quadro 5 – Demanda futura na bacia do Rio Boa Cica

ano demanda (l/s)


2010 44
2015 100
2020 167
2025 247

Fonte: FUNPEC (2008)

Os estudos hidrológicos demonstraram que o Rio Boa Cica apresentou a capacidade de


derivação de vazão máxima de 250 l/s; assim se esta alternativa for a escolhida para a
complementação do abastecimento do Sistema da Adutora Monsenhor Expedito, o ma-
nancial será exigido em seu limite, não havendo condição de aproveitamento adicional.

2.1.4. Estudo hidrométrico

O estudo considerou a oferta hídrica nas condições mais desfavoráveis, com levantamen-
to de informações hidrométricas em seis seções transversais ao longo da rede hidrográfi-
ca existente.
O monitoramento hidráulico foi realizado por um período de 6 meses, entre agosto de
2007 a janeiro de 2008, nas seguintes seções de controle:

7
Quadro 6 – Seções de controle para o estudo hidrométrico

Seção Localização Município

Rio Maxaranguape Jusante aproximadamente 100 metros da fonte Pureza Pureza


Rio Maxaranguape Ponte da rodovia estadual (RN). Seção monitorada pela Dom Marcolino
Agencia Nacional de Águas (ANA)
Rio Maxaranguape Ponte da rodovia BR-101
Rio Maxaranguape Montante da ponte próxima ao município de Maxaranguape Maxaranguape
na rodovia RN 306
Rio Maxaranguape Ponte na rodovia RN-309
Rio Riachão Ponte na rodovia BR-101 Ceará-Mirim
Rio Punaú Ponte na rodovia BR-101
Rio Punaú Ponte na rodovia RN-064
Rio Tatú Ponte na rodovia RN-064
Riacho Boa Cica Ponte na rodovia RN-063 Nísia Floresta

Fonte: FUNPEC (2008)

O estudo apresenta a fase de recessão do hidrograma, indicando a redução gradual das


vazões durante o período que corresponde à ausência de precipitação na bacia hidrográ-
fica. Para representar o comportamento da curva de recessão, utilizou-se uma função do
tipo exponencial:
    

onde:
 = vazão no tempo t;
 = vazão no inicio da fase de recessão; e
  = k = constante de recessão, indicador da influência do escoamento.

Valores altos da constante de recessão refletem domínio do escoamento de base nos es-
coamentos da bacia.

8
O tempo médio de duração do escoamento de base é identificado como “Tempo de Resi-
dência”, sendo definido pela expressão:
1



onde:

= tempo médio de duração do escoamento de base - em dias;

O Quadro 7 apresenta os parâmetros obtidos a partir do ajuste das curvas de recessão


para as seções transversais monitoradas.

Quadro 7 – Parâmetros das curvas de recessão para as seções transversais monitoradas

 
SEÇÃO TRANSVERSAL 3  K R2
(m /s) (dias)
Riacho Boa Cica (RN 064) 0,82 0,0036 0,996 278 0,69

Rio Riachão (BR 101) 1,50 0,0066 0,993 152 0,95


Rio Maxaranguape (BR 101) 2,86 0,0031 0,997 323 0,73
Rio Punaú (BR101) 3,79 0,0037 0,996 270 0,97
Rio Tatú (RN 064) 1,61 0,001 0,999 1000 0,51
Rio Punaú (RN 064) 1,45 0,0024 0,998 417 0,72

Fonte: FUNPEC (2008)

Os valores da constante de recessão K obtidos indicam forte influência das descargas pro-
venientes do aqüífero livre na bacia.
O Quadro 8 resume as vazões observadas entre Agosto de 2007 a Fevereiro de 2008:

9
Quadro 8 – Descargas líquidas nas seções de monitoramento – (m3/s)

Bacia Hidrográfica do Rio Maxaranguape


Seção ↓ Data → 24/08 19/09 05/10 19/10 09/11 23/11 07/12 21/12 04/01 17/01
Rio Riachão (BR-101) 1,57 1,20 1,11 1,09 0,86 0,81 0,71 0,79 0,59 0,70
Rio Maxaranguape (BR-101) 3,33 2,62 2,19 2,24 2,22 2,06 2,10 2,10 2,00 2,20
Rio Maxaranguape (RN-306) 6,04 5,00 5,18 3,89 --- --- 3,56 3,28 - 3,00 ---

Bacia Hidrográfica do Rio Punaú


Seção ↓ Data → 21/09 05/10 19/10 09/11 23/11 07/12 21/12 04/01 17/01
Rio Tatu (RN-064) 1,64 1,63 1,49 1,44 1,57 1,52 1,45 1,45 1,73
Rio Punaú (RN-064) 1,59 1,40 1,25 1,22 1,27 1,16 1,18 1,18 1,28
Rio Punaú (BR-101) 3,88 3,52 3,48 3,03 3,02 2,88 2,74 2,57 3,05

Bacia Hidrográfica do Riacho Boa Cica


Seção ↓ Data → 21/09 02/10 17/10 07/11 20/11 04/12 18/12 16/01
Riacho Boa Cica (RN-063) 0,89 0,82 0,71 0,61 0,61 0,74 0,57 0,56

Fonte: FUNPEC (2008)

Com as leituras das vazões no Rio Maxaranguape na seção de Dom Marcolino foi ajustado
um modelo estocástico que permitiu gerar a seguinte curva de duração:

Quadro 9 – Curva de permanência de vazões do Rio Maxaranguape na seção de Dom Marcolino

Q Q (m³/s)
% do tempo (m3/s) 5
4,5
10 4,50 4
3,5
20 3,00
3
30 1,80 2,5
2
85 1,54
1,5
90 1,44 1
y = -1,234ln(x) + 1,1508
0,5
95 1,34
0
100 1,14 0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: GERENTEC a partir de FUNPEC (2008)

Observando os resultados, verifica-se que a vazão em Dom Marcolino calculada pelo mo-
delo estocástico fica sempre acima de 1,1 m3/s. Apenas para percentuais abaixo de 30%
do tempo (anos) a vazão mínima anual situa-se acima de 2,0 m3/s. Dessa forma, pode-se
considerar que a vazão máxima disponível está em torno de 1,3 m3/s.

10
A regionalização dos dados apresentou as vazões constantes do Quadro 10, para as se-
ções indicadas na Figura 3.

Figura 3 – Seções estudadas para captação

Fonte: Elaborado por GERENTEC a partir de dados da FUNPEC (2008)

Quadro 10 – Disponibilidade hídrica e garantias de permanência

Ponto Seção Garantia no atendimento


100% 95% 90% 85%
1 Dom Marcolino 1.14 1.34 1.44 1.54
2 Riachão (BR 101) 0.84 1 1.03 1.12
3 Rio Maxaranguape (BR 101) 2.13 2.48 2.62 2.85
4 Rio Maxaranguape (RN 306) 3.71 4.1 4.39 4.57
5 Rio Tatu 1.4 1.71 1.87 1.97
6 Rio Punaú (RN 064) 1.31 1.41 1.54 1.65
7 Rio Punaú (BR 101) 3.12 3.4 3.77 3.98
8 Riacho Boa Cica (RN-063) 0.63 0.72 0.76 0.81

Fonte: FUNPEC (2008)

11
2.1.5. Qualidade das águas do Maxaranguape, Punaú e Boa Cica

O estudo da qualidade da água foi desenvolvido pelo Laboratório de Análises Físico-


químicas e Microbiológicas do PPGES (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitá-
ria da UFRN). O relatório apresenta também diretrizes para CAERN a elaborar um Plano
de Segurança da Água.
Os parâmetros de qualidade avaliados foram comparados com os valores máximos permi-
tidos (VMP) preconizados pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde e com os pa-
drões de classificação das águas doces de classe 1, estabelecidos na Resolução 357/2005
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Foi também realizada a classificação
da água para irrigação quanto aos riscos de salinidade e sodicidade6 do solo.
Foram definidos sete pontos de amostragem, sendo três no Rio Maxaranguape, três no
Rio Punaú e um no Riacho Boa Cica, entre os meses de agosto de 2007 a janeiro de 2008.

Quadro 11 – Pontos de amostragem da qualidade da água

Manancial Ponto escolhido


Rio Maxaranguape MA1 – ponte de entrada da cidade de Maxaranguape;
MA2 – lado direito da BR101
MA3 – lado esquerdo da BR101
Rio Punaú PU1 – lado esquerdo da BR101;
PU2 – lado esquerdo da RN064;
PU3 – lado esquerdo da RN064
Riacho Boa Cica BC – lado esquerdo da Rota do Sol, sentido Barra de Tabatinga / Nísia Floresta

Fonte: FUNPEC (2008)

Os parâmetros analisados foram cor, turbidez, pH, condutividade, sólidos dissolvidos,


nitrogênio amoniacal, nitrato, dureza, sódio, sulfeto de hidrogênio, cloreto, ferro, zinco,
manganês, alumínio, coliformes, ciano bactérias e risco de salinidade.

6
O manejo inadequado da irrigação pode resultar no acúmulo de sais no solo, cuja intensidade depende da qualidade
da água utilizada na irrigação, da fração de lixiviação adotada e da evapotranspiração.

12
2.1.6. Análise

O estudo aborda aspectos relevantes da exploração de novos mananciais para abasteci-


mento da RMN.
É promissor o aproveitamento das águas da Bacia do Maxaranguape, mais especificamen-
te do Rio Maxaranguape e do Rio Punaú, tanto do ponto de vista da disponibilidade hídri-
ca, como no aspecto da qualidade da água, pois a exploração destes mananciais poderia
resolver o problema do abastecimento de Natal.

Qualidade
A maioria dos parâmetros analisados estava dentro dos limites da Portaria 518/2004.
Aqueles que por ventura excederam os limites preconizados não inviabilizam o uso do
manancial, mas, tão somente, apontam para a necessidade de se implantar tratamento
convencional.
Em relação ao nitrato, parâmetro preocupante no atual sistema de abastecimento de
Natal, por conta da contaminação de vários poços, as amostras apresentam valores infe-
riores ao limite máximo definido pela portaria 518/2004.

Pontos de captação
Os locais das obras deverão ser analisados com enfoque ambiental, pois poderá ser con-
siderada, por exemplo, a implantação de barramentos ou adutoras em áreas protegidas.
O Plano Diretor de Abastecimento de Água levará em consideração as conclusões deste
estudo para o planejamento das novas fontes de abastecimento de água de Natal.

Vazões disponíveis
Considerando a alternativa de implantação de captações em quatro das seções estuda-
das, pode-se conseguir a disponibilidade de 6 m3/s, suficiente para o abastecimento de
Natal. As seções escolhidas estão indicadas na ilustração da Figura 10 e, relacionadas com
as respectivas garantias de permanência no Quadro 12.

13
Quadro 12 – Disponibilidade hídrica e garantia de permanência – seções escolhidas – bacia do
Maxaranguape

Seção garantia no atendimento


100% 95% 90% 85%
Riachão (BR 101) 0,84 1,00 1,03 1,12
Rio Maxaranguape (BR 101) 2,13 2,48 2,62 2,85
Rio Punaú (BR 101) 3,12 3,40 3,77 3,98
TOTAIS 6,09 6,88 7,42 7,95

Fonte: FUNPEC (2008)

Figura 4 – Seções escolhidas para Q = 6 m3/s

Fonte: FUNPEC (2008)

14
O estudo destaca ainda, que se o Riacho Boa Cica for utilizado para reforço do abasteci-
mento do Sistema da Adutora Monsenhor Expedito, será atingido o limite de exploração
deste manancial. Por este motivo, não deve ser considerado como alternativa para o
reforço do abastecimento de Natal.

2.2. Lagoa de Extremoz – ENGESOFT, 2004

Nesta seção apresenta-se a análise da quantificação da oferta hídrica da região da Lagoa


de Extremoz/RN, contratado pela SERHID7 junto à Engesoft Engenharia e Consultoria Ltda.
O documento analisado é o “Relatório Final”, ENGESOFT (2004).

2.2.1. Localização

A área do estudo é a bacia hidrográfica correspondente aos cursos superior e médio do


Rio Doce, na costa leste do Estado do Rio Grande do Norte, cuja região é conhecida como
Região dos Vales Úmidos. É caracterizada pela existência de rios e riachos perenes devido
à estrutura geológica associado a precipitações pluviométricas elevadas.
A área de estudo abrange parcialmente os municípios de Extremoz, Ceará Mirim, São
Gonçalo de Amarante, Taipu e Ielmo Marinho, com superfície total da ordem de 330 km2.
A Lagoa de Extremoz é um reservatório d’água alongado com cerca de 7,5 km de exten-
são, se no sentido oeste-leste, alimentado pelos rios Guajiru e Mudo. A partir da lagoa
forma-se o Rio Doce.
A Lagoa de Extremoz constitui a principal fonte de suprimento hídrico (70%) de água po-
tável para a Zona Norte da cidade de Natal cuja população era8 da ordem de 250 mil habi-
tantes, enquanto as águas subterrâneas (explotadas do curso inferior da bacia) contribu-
em com apenas 30%. As cidades de Extremoz e Ceará Mirim são totalmente abastecidas
por águas subterrâneas situadas no domínio da área do projeto. As águas subterrâneas e
as águas da Lagoa de Extremoz são utilizadas também por indústrias e no desenvolvimen-
to de culturas irrigadas.

7
atualmente SEMARH
8
na época do estudo

15
Figura 5 – Lagoa de Extremoz – localização

Fonte: ENGESOFT (2004)

2.2.2. Características da bacia contribuinte

A lagoa do Extremoz possui uma capacidade total de acumulação de cerca 14,7 milhões
de m3 e espelho d’água de 4,3 mil km2. A profundidade média da lagoa está em torno dos
4,2 metros, variando entre os extremos de 9,2 m para a profundidade máxima e de 0,8 m
de profundidade mínima.
A Bacia do Rio Doce, na área do estudo, está sujeita a quase 3.000 horas de incidência
solar direta, principal fator responsável pelas altas taxa de evaporação, aliás, como acon-
tece em grande parte do Nordeste.
As precipitações médias anuais são da ordem de 1.000 mm, porém nas nascentes dos rios
as precipitações são inferiores, da ordem de 700 mm/ano. A temperatura média oscila na
faixa dos 23,4 aos 26,5 oC ao longo do ano, proporcionando valores de evapotranspiração
potencial de 1.427 mm/ano. A recarga da água subterrânea é feita diretamente pelas pre-
cipitações pluviométricas com lâmina d’água média infiltrada é da ordem de 69 mm/ano.

2.2.3. Potencial explotável

Os exutórios são representados pelo fluxo subterrâneo natural, pela evapotranspiração e


principalmente pela explotação através da captação por poços, principalmente para o

16
abastecimento da Zona Norte da cidade de Natal (avaliado em 6,4 milhões de m3/ano, ou
203 l/s).
Os recursos de águas subterrâneas anuais explotáveis do aquífero Barreiras são da ordem
de 13,8 milhões de m3/ano (438 l/s), dos quais 6,4 milhões (203 l/s) já são captados por
poços, havendo, portanto, um saldo a explotar de 7,4 milhões de m3/ano, ou 234,7 l/s.
O Rio Guajirú, Rio do Mudo e a Lagoa de Extremoz apresentam condições de efluência
com as águas subterrâneas, ou seja, estes são em geral alimentados pelas águas subter-
râneas. A descarga natural do fluxo subterrâneo é da ordem de 238 l/s, sendo que 80%
deste valor são oriundos dos setores a leste e ao sul da Lagoa de Extremoz, que descarre-
gam em direção a este reservatório superficial.
As maiores ocorrências de águas subterrâneas situadas no setor leste da área ou mais
precisamente as margens da Lagoa de Extremoz. Neste setor, é possível a perfuração de
poços produzindo 50 a 100 m3/h com profundidades que podem variar de 30 a 90 m.
No setor oeste da área, os recursos de águas subterrâneas são bastante limitados, com
possibilidades hidrogeológicas restritas à perfuração de poços produzindo no máximo 10
m3/h com profundidades que podem variar de 10 a 60 m.
A CAERN monitora sistematicamente os níveis da lagoa de Extremoz no sistema de capta-
ção instalado para o abastecimento da zona norte de Natal. Cerca de 650 l/s são bombe-
ados da lagoa para o abastecimento de aproximadamente 70% dos 712.000 habitantes de
Natal.

2.2.4. Qualidade das águas

As águas subterrâneas da Região da Lagoa de Extremoz podem ser consideradas de exce-


lente qualidade química em suas condições naturais, para o uso humano, porém, os teo-
res nitrogênio amoniacal em 32% das amostras de amostras de água analisadas se mos-
traram elevados, sugerindo uma contaminação local e recente.
Quanto aos teores de nitrato, dos 28 pontos de controle, apenas um apresentou o valor
de 21,7 mg/l (Pz-12-Massaranduba).
Com relação às águas superficiais, não existem restrições de qualidade do ponto de vista
químico. Na área de influência da Lagoa de Extremoz foi constatada a presença de coli-
formes em índices elevados, indicando contaminação e mostrando a necessidade de tra-
tamento para consumo humano.

2.2.5. Uso da água na agricultura

A captação de água diretamente da lagoa para irrigação é praticamente inexistente (cerca


de 6 l/s), e uso industrial é feito através de poços.

17
As águas subterrâneas da Região da Lagoa de Extremoz são em sua maioria de baixo risco
de salinização e baixo risco de alcalinização, sendo em geral águas excelentes para irriga-
ção, podendo ser utilizadas sem restrições na irrigação de quase todos os tipos de cultu-
ras e quase todos os tipos de solos.
No setor oeste da área, as águas, entretanto apresentam um nível de salinização um pou-
co mais elevado, porém não é comprometedor, exigindo tão somente lixiviação modera-
da do solo e culturas que apresentem moderada tolerância de sais.
As águas superficiais são em sua maior parte caracterizadas como “boa” para a irrigação,
tendo sido verificado a ocorrência de qualidade “média” no Rio do Mudo. Neste caso, as
águas já são de salinidade média, requerendo solos com drenagem moderada a boa e
com culturas que apresentem boa a moderada tolerância salina.

2.2.6. Recomendações do estudo

O Relatório apresenta várias recomendações para o aproveitamento das águas subterrâ-


neas da Região da Lagoa de Extremoz, garantindo o aproveitamento sustentável dos re-
cursos hídricos disponíveis.
São feitas recomendações para um monitoramento dos níveis dos poços, piezômetros e
da Lagoa de Extremoz, bem como, instalação de postos fluviométricos na bacia e estação
meteorológica:

• Realização de testes de aquífero de longa duração a fim de obter parâme-


tros hidrodinâmicos mais precisos, especialmente porosidade efetiva;
• Elaboração de monitoramento qualitativo das águas subterrâneas, dos rios
e da Lagoa Extremoz.

O Relatório faz recomendações para serem executadas limpezas periódicas nos leitos dos
rios Guajiru e do Mudo para remoção de material assoreado e lixo, para não interferir
medições hidrológicas. Indica também a necessidade de inspeções periódicas nas mar-
gens da Lagoa de Extremoz e dos rios para detectar desmatamentos, acumulo de lixo e
prevenir assoreamento.
Recomenda-se obedecer ao limite de 3m de rebaixamento máximo da lagoa, podendo-se
para isso explorar os 690 l/s indicados, controlando-se a exploração a partir do segundo
metro de rebaixamento, como recomendado nos estudos de simulação além de elaborar
um modelo tridimensional de explotação do sistema lagoa-aquífero com base em resulta-
dos do monitoramento e demais atividades, após 2 anos de monitoramento.

18
2.2.7. Análise

O trabalho apresenta informações relevantes sobre as condições de exploração da oferta


hídrica da região da Lagoa de Extremoz para o abastecimento da RMN.

Qualidade
Existe uma preocupação com referência aos teores de nitrogênio amoniacal, pois 32% das
amostras coletadas apresentaram teores elevados, denotando contaminação com esgoto.
Quanto à água superficial, os resultados apresentaram boas condições, exceto em relação
à presença de bactérias coliformes, o que indica a necessidade de tratamento adequado
de água para permitir o consumo humano.
Em relação ao nitrato, os resultados acusaram valores entre 0,0 a 21,7 mg/l (em um pon-
to de coleta), com média de 2,46 mg/l. A maioria das amostras apresentaram resultados
abaixo do valor da Portaria 518-MS, exceto o ponto Pz-12 (Massaranduba-municipio de
Ceará-Mirim) com 21,7 mg/l, talvez devido a existência de um aterro sanitário na região e
a própria cidade de Extremoz.

Pontos de captação
No Setor Leste do aqüífero Barreiras estão as maiores ocorrências de águas subterrâneas,
nas margens da Lagoa de Extremoz, sendo possível a perfuração de poços produzindo de
50 a 100 m3/h com profundidades de 30 a 90 m. No Setor Oeste, as águas subterrâneas
são bastante limitadas, com possibilidades hidrogeológicas restritas à perfuração de po-
ços com no máximo 10 m3/h e em profundidades que podem variar de 10 a 60 m. A Figu-
ra 6 indica a potencialidade do Aqüífero Barreiras na região da Lagoa Extremoz.

Vazões disponíveis
A simulação do sistema aqüífero-rio-lagoa para as retiradas com garantias de 85% a 100%
estão apresentados a seguir:

Quadro 13 – Disponibilidade hídrica e garantia de permanência – seções escolhidas - Extremoz

Seção garantia no atendimento


100% 95% 90% 85%
3
Lagoa de Extremoz (m /s) 0,58 0,89 1,04 1,12

Fonte: ENGESOFT (2004)

19
As simulações apontam para a Lagoa de Extremoz um potencial garantido da ordem de
580 a 1.120 l/s com garantia de 100% e 85%. A análise do bombeamento praticado pela
CAERN para abastecimento da Zona Norte de Natal indicou uma vazão constante e inin-
terrupta de 650 l/s com garantia de 98%.

Figura 6 – Potencialidade do Aqüífero Barreiras na região da Lagoa Extremoz

Fonte: ENGESOFT (2004)

Embora a Lagoa tenha um grande potencial hídrico, o principal limitante são os grandes
rebaixamentos ocasionados pela exploração intensa. Por tratar-se de um sistema onde há
a interação aqüífero-rio-lagoa, deve-se manter o equilíbrio entre as modalidades de ex-
ploração. Devem-se levar em conta os rebaixamentos associados à exploração, de forma
a evitar impactos ambientais sobre a preservação da flora e fauna aquática e demais usos
da água. O Quadro 14 mostra a simulação dos rebaixamentos e às vazões.

Quadro 14 – Vazões e rebaixamentos correspondentes, com garantia de 100%

Rebaixamento Máximo (m) 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0


3
Vazão (m /s) 0,27 0,37 0,48 0,59 0,69

Fonte: ENGESOFT (2004)

20
Na lagoa de Extremoz, as simulações apontam para a possível oferta de 0,27 a 0,69 m3/s
(garantia de 100%) com rebaixamentos correspondentes de 1 m e 3m.

2.3. Lagoa de Boqueirão – ENGESOFT, 2001

Nesta seção apresenta-se a análise da Quantificação da Oferta Hídrica do Manancial Sub-


terrâneo e da Lagoa do Boqueirão/RN, contratado pela SERHID9 junto à Engesoft Enge-
nharia e Consultoria Ltda. O documento analisado é o “Relatório Final”, ENGESOFT (2001).

2.3.1. Localização

A Lagoa do Boqueirão é um reservatório com cerca de 6 km de extensão no sentido NE-


SW e largura média de cerca de 348 m, localizado no curso médio do Rio Boqueirão, cuja
bacia hidrográfica situa-se no extremo nordeste do Estado. A bacia localiza-se no Municí-
pio de Touros, sendo que apenas uma pequena porção no curso superior do rio pertence
ao município de Pureza.
O Rio Boqueirão é um curso d’água perene e muda sua denominação para Rio Maceió
pouco antes de desaguar no Oceano Atlântico, cortando a cidade de Touros. Já a montan-
te da Lagoa do Boqueirão chama-se Riacho Boa Cica10.

2.3.2. Características da bacia contribuinte

A Lagoa do Boqueirão tem capacidade total de acumulação de 11 milhões de m3, corres-


pondente à cota máxima de acumulação de 10,783 metros em relação ao nível do mar,
ocupando uma superfície total de 2,089 km2. A área de drenagem da bacia contribuinte
alcança 190 km2. A profundidade média da lagoa está em torno dos 5,3 m, com profundi-
dades variando entre os extremos de 10,20 m para a profundidade máxima e de 0,70 m
de profundidade mínima.

9
Secretaria de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte
10
Não deve ser confundido com o Riacho Boa Cica, objeto do estudo da FUNPEC, 2008. Boa Cica é também o nome de
um bairro do município de Touros.

21
Figura 7 – Bacia do Rio Boqueirão – localização

Fonte: ENGESOFT (2001)

A pluviometria mensal da região é caracterizada por índices pluviométricos que variam de


6 a 210 mm mensais. Na bacia do boqueirão existem dois postos pluviométricos próxi-
mos, o posto de Touros com pluviometria anual em torno de 1.090 mm e o posto de Cana
Brava com 792 mm. Este último é o mais representativo das condições climáticas da parte
superior da bacia e, portanto, do local da área de estudo.
Para a taxa de evaporação média anual, o estudo utilizou as informações da estação de
Ceará-Mirim, que indicou valores de evaporação da ordem de 1.550 mm.

A temperatura média oscila na faixa de 23,4 a 26,6oC ao longo do ano. A insolação média
anual é de cerca de 2.680 horas de exposição para a estação de Ceará-Mirim, podendo-se
concluir de maneira aproximada que 61% dos dias possuem incidência solar direta.

2.3.3. Potencial explotável

As águas subterrâneas contribuem com cerca de 2 milhões de m3 de água no suprimento


doméstico e principalmente irrigação de culturas da bacia do Rio Boqueirão. No cadas-

22
tramento efetuado em Dezembro de 2000, indicou-se a utilização de 36 poços tubulares e
15 cacimbões. Os poços tubulares apresentam profundidades que variam de 10 a 256 m,
em sua maioria captando águas do aqüífero Barreiras com vazões muito variadas, desde
0,2 m3/h até 110 m3/h.
Os estudos realizados indicam que existe uma estreita relação entre as águas subterrâ-
neas e as águas superficiais. A lagoa do Boqueirão é alimentada pelas águas subterrâneas
oriundas de do setor de escoamento Sul-Sudoeste da Lagoa e outra frente de escoamento
oriunda da região leste. A Lagoa do Boqueirão é alimentada também pelo dreno superfi-
cial conhecido localmente como Riacho Cana Brava.
Os escoamentos oriundos do Setor Sudoeste (região de Cana Brava – Baixa da Preguiça)
condicionam a ocorrência da fonte Cana Brava que alimenta o dreno superficial e contri-
bui para a perenização do riacho Cana Brava (Rio Boqueirão).
Segundo avaliação, os recursos explotáveis são superiores a 8,2 milhões de m3/ano. Con-
siderando o valor médio da reserva reguladora e da infiltração eficaz, o relatório aponta
uma vazão explotável da ordem de 9,8 milhões de m3/ano.

2.3.4. Qualidade das águas

A análise global dos resultados dos estudos hidroquímicos sugere a ocorrência de diferen-
tes compartimentos com características hidroquímicas próprias.
As águas subterrâneas não apresentam - em geral - restrições quanto ao uso humano. A
ocorrência de casos com sólidos totais dissolvidos elevados e concentrações também ele-
vadas de sódio e ferro é atribuída à contaminação local de poços, principalmente cacim-
bões.
As águas subterrâneas do aquífero Barreiras no setor a Leste da Lagoa do Boqueirão são
de excelente qualidade para irrigação, podendo ser utilizadas sem restrições na irrigação
de quase todos os tipos de culturas e quase todos os tipos de solos.
As análises de qualidade das águas superficiais indicam boa qualidade físico-química. En-
tretanto, existem indícios de contaminação local do reservatório superficial, pela ocorrên-
cia de amoníaco com concentração da ordem de 0,61 mg/l, no Balneário do Boqueirão.
No setor a oeste da Lagoa do Boqueirão e no setor a montante da lagoa, as águas são de
qualidade mediana quanto ao uso para irrigação. Já as águas da Lagoa do Boqueirão e do
próprio Rio Boqueirão são águas de boa qualidade para o uso na irrigação. Essas águas de
um modo geral não deverão apresentar qualquer tipo de problema na irrigação de cultu-
ras na região da Lagoa do Boqueirão.

23
2.3.5. Uso da água na agricultura

A Lagoa do Boqueirão constitui o principal recurso utilizado pela população na irrigação


de culturas. Estima-se que atualmente o nível de exploração mensal da lagoa é da ordem
de 230 l/s (600 mil m3/mês), em grande parte destinada à irrigação de fruticultura. Estes
níveis de exploração praticamente consomem toda a capacidade de oferta do sistema
para os níveis de rebaixamento propostos.

2.3.6. Recomendações do estudo

O Relatório apresenta várias recomendações para o aproveitamento das águas subterrâ-


neas e das águas superficiais da Lagoa do Boqueirão, de forma a garantir o aproveitamen-
to sustentável dos recursos hídricos disponíveis.
São feitas recomendações para verificação dos níveis estáticos, testes de longa duração,
elaboração de modelo tridimensional de explotação do sistema lagoa-aquífero dos poços,
níveis e medição da vazão da Lagoa do Boqueirão, monitoramento da qualidade das
águas superficiais e subterrâneas.
Existem outras recomendações de ordem operacional como limpezas periódicas no leito
do Rio Boqueirão para promover a remoção de material assoreado e possível deposição
de lixo, inspeção das margens da Lagoa do Boqueirão e do próprio rio quanto a possíveis
desmatamentos e acumulo de lixo, para prevenir assoreamentos e possíveis abaixamen-
tos adicionais nos níveis d’água.
O estudo recomenda dar prioridade à explotação de águas subterrâneas no setor a leste
da lagoa do Boqueirão, onde o aquífero Barreiras é de maior potencial hidrogeológico e
controle nos níveis de exploração da lagoa hoje utilizada principalmente para a irrigação
de fruticulturas, mantendo retiradas médias diretas da lagoa entre 230 e 240 l/s, sob pe-
na de incorrer em rebaixamento excessivo e danos à fauna e flora.

24
2.3.7. Análise

O relatório analisa as condições de exploração da oferta hídrica da região da Lagoa do


Boqueirão para a utilização das mesmas no abastecimento humano e uso na irrigação.

Qualidade
As águas subterrâneas não apresentam restrições quanto aos parâmetros físicos - 70%
das amostras d’água analisadas são de qualidade excelente e boa para o uso humano e,
30% (9 amostras) apresentam concentrações de cloreto superior ao limite máximo per-
missível estabelecido pela Portaria MS 1469 que é de 250 mg/l.
As águas superficiais são de boa qualidade físico-química, ressaltando-se que na Lagoa do
Boqueirão foi constatada a presença de amônia, com concentração de 0,14 mg/l no ponto
de coleta próximo ao limite superior da lagoa e 0,61 mg/l em ponto próximo ao seu limite
inferior, sugerindo alguma contaminação no reservatório superficial.
As águas subterrâneas do aqüífero Barreiras no setor a Leste da Lagoa do Boqueirão são
de baixo risco de salinização e baixo risco de alcalinização e foram classificadas como
águas de excelente qualidade para irrigação.
No setor a Oeste da Lagoa do Boqueirão e no setor à montante da lagoa ocorrem desde
águas de baixa salinidade até águas de alta salinidade e risco de sódio de baixo a médio,
sendo águas identificadas como médias quanto ao uso na irrigação.
As águas da Lagoa do Boqueirão e do próprio Rio Boqueirão são águas de salinidade mo-
derada e risco de sódio baixo, caracterizadas como águas de boa qualidade para o uso na
irrigação. Essas águas de modo geral não deverão apresentar qualquer tipo de problema
na irrigação de culturas na região da Lagoa do Boqueirão.

Pontos de captação
A bacia do Rio Boqueirão apresenta setores com diferentes comportamentos hidrogeoló-
gicos condicionados à presença de falhamentos que limitam a ocorrência e distribuição
das águas subterrâneas. Os estudos hidrogeológicos permitiram identificar quatro sub-
áreas com diferentes possibilidades hidrogeológicas, conforme a Figura 8.

25
Figura 8 – Potencialidade do Aqüífero Barreira na Bacia do Rio Boqueirão

Fonte: ENGESOFT (2001)

Quadro 15 – Potencialidade do Aqüífero por Subáreas

Subáreas Potencialidade (m3/h)


A > 100
B ≤ 50
C ≤ 10
D nula

Fonte: ENGESOFT (2001)

26
Vazões disponíveis
Foram realizadas simulações do sistema aquífero-rio-lagoa, com as retiradas para as ga-
rantias de 70 a 100 %. Os resultados das simulações para o período de 1936-1989, exclu-
indo-se o ano de 1950, que apresentou uma seca anormal, com pluviometria anual de
453 mm, são apresentados no quadro a seguir. O rebaixamento máximo da lagoa neste
período para a garantia de 100% chegou a 2,17 m.

Quadro 16 – Vazões disponíveis – Resultados das simulações entre 1936 e 1989

Garantia (%) 100 95 90 85 80 75 70


Vazão (l/s) (considerando o ano 1958) 202 257 304 336 372 404 444
Vazão (l/s) 227 284 358 440 511 635 756

Fonte: ENGESOFT (2001)

Para este sistema, com interação aqüífero-rio/lagoa, a característica do rebaixamento é


muito importante, devendo ser estabelecido um limite máximo não só para evitar a salini-
zação e minimizar os impactos ambientais da exploração do complexo, mas também para
preservação da flora e fauna aquática.
O estudo simulou alternativas de rebaixamento com os valores de vazão máxima permis-
sível compatível com o rebaixamento requerido, apresentados no quadro a seguir.

Quadro 17 – Rebaixamento máximo - (Período 36/57-59/89)

Rebaixamento máximo (m) 1 2 3


Vazão (l/s) considerando ano 1958 198 201 203
Vazão (l/s) 236 241 244

Fonte: ENGESOFT (2001)

As simulações indicam para a Lagoa do Boqueirão a oferta de 244 l/s e garantia de 100%
para rebaixamentos da ordem de 3 m, vazão bem próxima do nível de exploração, atual-
mente verificado na região da Lagoa que é de 230 l/s.
Portanto, com base nas simulações e na necessidade de se restringir os rebaixamentos
excessivos provocados por uma super-exploração da lagoa, recomenda-se que a explora-
ção da lagoa seja limitada a 230 l/s.

27
3. Estudos de planejamento

3.1. Plano Diretor de Esgotamento Sanitário de Natal e Áreas


Limítrofes – KL, 2004

Esta seção apresenta a descrição e análise dos pontos relevantes do Plano Diretor de Es-
gotamento Sanitário da Região Metropolitana de Natal, contratado pela CAERN junto à
empresa KL. O documento analisado é o “Relatório 6 – Consolidação – Edição Definitiva”,
KL (2004).
O PDE apresentado pela KL tratou da questão do esgotamento sanitário da Cidade do
Natal e de áreas limítrofes, conurbadas à capital, das cidades de Parnamirim, Macaíba,
São Gonçalo do Amarante e Extremoz.

3.1.1. Evolução da população

Para definir a população em cada bacia de esgotamento, a KL utilizou a população dos


bairros como a unidade primária de cálculo, ponderando conforme a área de cada bairro
contida em cada bacia. Para as bacias que extrapolavam os limites de Natal, em São Gon-
çalo do Amarante e Extremoz, foi acrescentada a parcela de população correspondente,
utilizando os setores censitários do IBGE.
A KL adotou como critério para determinação da estimativa da evolução de população em
cada bacia, sua respectiva participação na população total no ano 2000.
A KL descartou a curva logística para projetar a população total de Natal, pois esta meto-
dologia não apresentou consistência aos dados históricos. Adotou o crescimento geomé-
trico, por sua melhor aderência à série histórica, com as taxas do Quadro 18:

Quadro 18 – Taxas médias de crescimento geométrico da população – declaradas

PERÍODO TMCG
2002 a 2005 1,700%

2006 a 2009 1,581%

2010 a 2013 1,438%

2014 a 2017 1,279%

2018 a 2021 1,113%

2022 a 2025 0,946%

Fonte: KL (2004)

28
Porém, na aplicação efetiva das taxas, a KL adotou valores ligeiramente diferentes, con-
forme as taxas calculadas e apresentadas na coluna “TAXA UTILIZADA” no Quadro 19.

Quadro 19 – Taxas médias de crescimento geométrico da população – utilizadas

POPULAÇÃO
TAXA TAXA
ADOTADA
ANO INFORMADA UTILIZADA
– NATAL –
(%) (%)
(hab)
2000 - 712.317
2001 1,700 724.426 1,700
2002 1,700 736.741 1,700
2003 1,700 749.285 1,703
2004 1,700 761.986 1,695
2005 1,581 774.032 1,581
2006 1,581 786.269 1,581
2007 1,581 798.700 1,581
2008 1,581 802.185 0,436
2009 1,438 813.720 1,438
2010 1,438 825.421 1,438
2011 1,438 837.290 1,438
2012 1,438 849.331 1,438
2013 1,279 860.194 1,279
2014 1,279 871.196 1,279
2015 1,279 882.338 1,279
2016 1,279 893.623 1,279
2017 1,113 903.569 1,113
2018 1,113 913.625 1,113
2019 1,113 923.794 1,113
2020 1,113 934.076 1,113
2021 0,946 942.912 0,946
2022 0,946 951.822 0,945
2023 0,946 960.836 0,947
2024 0,946 969.926 0,946

Fonte: KL (2004); grifo nosso.

29
A área de estudo incorporou, além da Cidade do Natal, áreas conurbadas dos municípios
limítrofes. A projeção da população total na área de estudo é apresentada no Quadro 20.

Quadro 20 – Projeção da população do PDE

TAXA EFETIVA,
POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO APLICADA AO
ANO ADOTADA ADOTADA ADOTADA CONJUNTO DA
– NATAL – – CONURBADA – – TOTAL – POPULAÇÃO
(% aa)
2000 712.317 40.520 752.837 -

2001 724.426 41.797 766.223 1,778

2002 736.741 44.147 780.888 1,914

2003 749.285 45.130 794.415 1,732

2004 761.986 46.003 807.989 1,709

2005 774.032 46.963 820.995 1,610

2006 786.269 47.912 834.181 1,606

2007 798.700 48.844 847.544 1,602

2008 802.185 49.794 851.979 0,523

2009 813.720 50.761 864.481 1,467

2010 825.421 51.753 877.174 1,468

2011 837.290 52.636 889.926 1,454

2012 849.331 53.835 903.166 1,488

2013 860.194 54.448 914.642 1,271

2014 871.196 55.356 926.552 1,302

2015 882.338 56.519 938.857 1,328

2016 893.623 57.481 951.104 1,304

2017 903.569 58.459 962.028 1,149

2018 913.625 59.454 973.079 1,149

2019 923.794 60.468 984.262 1,149

2020 934.076 61.020 995.096 1,101

2021 942.912 62.457 1.005.369 1,032

2022 951.822 63.518 1.015.340 0,992

2023 960.836 64.587 1.025.423 0,993

2024 969.926 65.783 1.035.709 1,003

Fonte: Elaboração própria, a partir de KL (2004).

30
3.1.2. Evolução da demanda

A avaliação da quota per capita teve como base, os “Resumos de Consumo” fornecidos
pela Gerência de Gestão Comercial – GGC, através da Gerência de Sistema de Informação
– GSI, no qual foi possível identificar, por zona de abastecimento, o número de economias
micro-medidas, bem como os volumes medidos mensalmente para as várias categorias de
consumo, quais sejam: residencial, comercial, industrial e público.
O per capitaRESIDENCIAL foi obtido através da divisão do volumes médios medidos no perío-
do de Agosto de 2002 a Julho de 2003, pela média do número de economias micro-
medidas no mesmo período e pela relação habitante/domicílio, conforme censo de 2000
do IBGE, utilizando a expressão:
 !" #$% ""$$
   
%"# ""$$# & '()/$"+

Além dos volumes micro-medidos, a KL estimou a participação proporcional dos grandes


clientes residenciais micro-medidos e, do volume extraído de poços particulares, em cada
uma das zonas, e somou os três valores.
O resultado do per capitaRESIDENCIAL considerando volumes micro-medidos, grandes clien-
tes residenciais micro-medidos e, volume extraído de poços particulares, em cada uma
das zonas, é apresentado no Quadro 21:

Quadro 21 – Consumo per capitaRESIDENCIAL

economias volume mensal residencial


ZONA residenciais micro- clientes poços hab/dom per capitaRES
medidas TOTAL
medido especiais particulares
Sul 31.898 499.892 7.085 228.140 735.117 3,81 202

Leste 22.373 265.042 7.086 108.851 380.979 3,83 149

Oeste 26.517 285.277 7.086 102.327 394.690 4,12 121

Norte 35.568 368.787 7.085 131.556 507.428 4,08 117

Clientes especiais 18,523 28,342

TOTAL 134,878 1,447,340 28.342 570.874 2.018.213

Fonte: KL, 2004.

Para considerar as demandas das categorias ‘comercial’, ‘industrial’ e ‘público’, a KL calcu-


lou a proporcionalidade dos volumes micro-medidos destas categorias, de grandes clien-

31
tes e de poços particulares adicionando-os ao per capitaRESIDENCIAL. O resultado obtido é
apresentado no Quadro 23:
Há em Natal uma grande quantidade de poços particulares não cadastrados e, portanto,
não medidos. Sua participação no abastecimento é considerada relevante, mas os volu-
mes reais são desconhecidos por falta de informação objetiva. O volume fornecido pelos
poços foi então estimado pela KL, em conjunto com a CAERN, conforme o Quadro 22.

Quadro 22 – Poços particulares em relação à CAERN – estimativa

volume poços / volume CAERN


ZONA
RES COM IND PUB

Sul 45% 50% 30% 30%

Leste 40% 35% 30% 40%

Oeste 35% 30% 30% 25%

Norte 35% 35% 60% 35%

Fonte: KL, 2004.

Quadro 23 – Consumo per capitaTOTAL

economias volume mensal


- residenciais hab/domper capitaTOT
medidas RES COM IND PUB TOTAL

Sul 31.898 735.117 56.238 15.516 21.102 827.973 3,81 228

Leste 22.373 380.979 50.433 4.887 26.620 462.918 3,83 181

Oeste 26.517 394.689 2.727 4.138 15.754 417.309 4,12 131

Norte 35.568 507.428 11.158 21.698 17.387 557.670 4,08 129

TOTAL 2.018.213 120.556 46.238 80.863 2.265.870

Fonte: KL, 2004.

Para a adoção de consumo per capita de projeto, a KL considerou um índice de perdas de


25% para todas as zonas. O resultado obtido é apresentado no Quadro 24:

32
Quadro 24 – Consumo per capita considerando perdas

ZONA per capitaTOT PERDAS per capitaTOTcPERDAS per capitaPROJ

Sul 228 25% 303 300

Leste 181 25% 241 250

Oeste 131 25% 175 180

Norte 129 25% 171 180

Fonte: KL, 2004.

O per capitaTOTALc/PERDAS foi ‘arredondado’ para os valores que aparecem na coluna per
capita PROJETO que foram os valores adotados para o consumo de água para o desenvolvi-
mento do Plano Diretor de Esgotos da Região Metropolitana de Natal (KL; 2004).

3.1.3. Análise

Evolução populacional
A metodologia utilizada pela KL para determinar a evolução populacional tendo como
unidade de análise os bairros, para, a partir daí, extrapolar para as bacias de esgotamen-
to, mostra-se adequada e poderá servir de apoio ao cálculo da evolução das demandas
para o PDAAN. Demonstrando ainda ser adequada a metodologia usada para estabelecer
o crescimento geométrico.
Todavia, para a aplicação das taxas de crescimento adotadas pela KL, há algumas restri-
ções para sua aplicação como base de análise.
O primeiro ponto é a adoção da mesma taxa anual11 de crescimento geométrico em prati-
camente todas as sub-bacias da área de projeto, independentemente de suas particulari-
dades. O próprio relatório da KL tece considerações a respeito das diferenças de ocupa-
ção entre a porção da cidade situada ao norte do Rio Potengi das demais, chegando, in-
clusive, a calcular quotas per capita diferenciadas para cada uma das quatro zonas urba-
nas da cidade. No cálculo do per capita considerou, entre outros fatores, o número de
habitantes por domicílio, calculado a partir dos dados do IBGE, diferente para cada zona:
Norte, Sul, Leste e Oeste.

11
ver Quadro 19 – Taxas médias de crescimento geométrico da população – utilizadas, à pág. 29

33
Não fica evidente, portanto, o motivo pelo qual não se tenha considerada uma evolução
diferenciada para cada sub-bacias, uma vez que as unidades de análise declaradas foram
o bairro e o setor censitário.
Foram adotadas taxas diferenciadas de crescimento apenas para:

• sub-bacia N, onde se encontra 80% da população do bairro da Ponta Ne-


gra, para a qual a KL adotou taxas de crescimento 50% maiores que as do
Quadro 19;
• sub-bacia nE, onde está parte do bairro Lagoa Azul com sérias restrições
ambientais ao adensamento;
• sub-bacia nQ, onde se situa o bairro Salinas, para o qual a KL adotou taxas
cerca de crescimento de 5% a.a. ao longo de todo o horizonte de projeto,
até o ano 2024;
• sub-bacia nRN, onde se situa o bairro Redinha Nova, para o qual a KL ado-
tou taxas cerca de crescimento 200% maiores, em média, que as do Qua-
dro 19.

Quota per capita


A metodologia de se incorporar os volumes consumidos por clientes residenciais, comer-
ciais ou industriais a um per capita único simplifica a tarefa de se projetar a evolução dos
consumos comerciais e industriais, quando adota a população como direcionador12. É
uma consideração útil, prática e pode ser muito eficiente.
Contudo, a forma como foi calculado o per capita, remete a algumas considerações.
A KL partiu dos dados de número de economias micro-medidas e seus volumes corres-
pondentes - considerou os grandes clientes e os volumes estimados de poços particula-
res- considerando também, o número de habitantes por domicílio - calculado a partir dos
dados do IBGE - para cada uma das quatro zonas da cidade.
Não fica claro o embasamento dos seguintes critérios:

• a distribuição dos consumos residenciais dos grandes clientes foi feita em


partes iguais para as quatro zonas da cidade (25% para cada);
• a percentagem atribuída ao consumo atendido por poços é cerca de 40%
dos consumos medidos;
• as perdas são incorporadas ao per capita e consideradas iguais a 25%;
• o per capita é considerado constante ao longo do horizonte de projeto.

12
driver

34
Algumas distorções podem ser geradas com a aplicação de tais critérios como foram ex-
plicitados.

Grandes clientes
Incorporar os consumos residenciais dos grandes clientes em partes iguais (25%) para
cada uma das quatro zonas da cidade pode gerar distorções, pois os volumes podem ter
porcentagens muito diferentes em cada zona; o processamento do banco de dados co-
mercial da CAERN poderia apontar a proporção correta, melhorando a informação.

Poços particulares – 40%


Incorporar o volume dos poços particulares aos volumes medidos, mantendo-se o núme-
ro base de economias envolvidas no cálculo, pode distorcer o per capita para cima. A
questão é: qual o volume de poços não oficiais que as ligações micromedidas considera-
das no calculo do per capita utilizam?
A partir dos dados do Quadro 23 (pág. 32) a GERENTEC calculou os consumos médios
mensais por economia. Pode-se observar que a Zona Sul apresentava maior consumo por
economia, o que talvez possa ser explicado considerando uma melhor situação sócio-
econômica em relação às demais. No outro extremo, a Zona Norte e a Oeste, que sabi-
damente apresentavam condições sócio-econômicas menos favoráveis.
Outro indicador sócio-econômico relevante, e que, inclusive, consta do Quadro 23, é o
número de habitantes por domicílio. A análise deste indicador permite conclusões coe-
rentes com as decorrentes da análise do consumo por economia e ambas apontam para
as mesmas características sócio-econômicas das zonas da cidade.

Quadro 25 – Consumo médio por economia residencial

economias residen- volume micromedido consumo por economia hab/dom


ZONA
ciais medidas 3
m / mês
3
m / mês

Sul 31.898 735.117 23,0 3,81

Leste 22.373 380.979 17,0 3,83

Oeste 26.517 394.689 14,9 4,12

Norte 35.568 507.428 14,3 4,08

Total / Média 116.356 2.018.213 17,3

Fonte: GERENTEC, a partir de dados de KL, 2004.

35
O consumo por economia residencial, por outro lado, apresenta valores coerentes com
outras cidades comparáveis a Natal, conforme pode ser apreciado no Quadro 26, que
apresenta para Natal valores ainda mais baixos que os 17,3 calculados acima.

Quadro 26 – Consumo de água por economia de outras cidades – benchmark

13 economias ativas consumo mensal por


volume micromedido 14
CIDADE UF micromedidas economia micromedida
[1.000 m³/ano]
[economia] [(m3/mês)/econ]

Aracaju SE 30.948,00 162.430 15,88

Belém PA 27.462,20 164.126 13,94

Belo Horizonte MG 151.624,35 871.256 14,50

Brasília DF 156.365,71 756.540 17,22

Campinas SP 76.360,90 396.674 16,04

Cuiabá MT 35.934,60 128.065 23,38

Curitiba PR 93.744,25 624.806 12,50

Florianópolis SC 22.251,99 157.448 11,78

Fortaleza CE 109.818,57 739.370 12,38

Goiânia GO 68.206,00 427.463 13,30

João Pessoa PB 27.812,61 177.980 13,02

Maceió AL 14.006,00 147.934 7,89

Manaus AM 38.272,87 215.163 14,82

Natal RN 26.026,70 159.153 13,63

Porto Alegre RS 96.625,36 570.921 14,10

Recife PE 37.143,34 289.514 10,69

Rio de Janeiro RJ 349.881,72 1.411.275 20,66

Salvador BA 117.880,11 681.012 14,42

São Luís MA 20.584,00 94.253 18,20

São Paulo SP 702.980,90 3.978.369 14,73

Vitória ES 29.818,01 113.713 21,85

Fonte: GERENTEC, a partir de dados do SNIS, 2007

13
AG008 do SNIS
14
AG014 do SNIS

36
Esta análise, enriquecida com a comparação de outras cidades brasileiras (Quadro 26 e
Figura 9), nos permite afirmar que, não há congruência em se incorporar adicionais de
40% referentes a poços particulares aos volumes micro-medidos.
O mais racional, do ponto de vista da composição dos volumes a produzir e distribuir,
seria considerar separadamente volumes e vazões fornecidos por poços particulares.

Figura 9 – Consumo de água por economia de outras cidades – benchmark

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0
Recife

Brasília
Maceió

Aracaju
Natal

Porto Alegre

Campinas

Cuiabá
Florianópolis

Belém

Manaus
Belo Horizonte

São Luís
Fortaleza

Curitiba

Vitória
Rio de Janeiro
Goiânia

São Paulo
Salvador
João Pessoa

Fonte: GERENTEC, a partir de dados do SNIS, 2007

Perdas de 25%
A incorporação de perdas ao per capita para o cálculo de vazões de esgotos só faz sentido
sendo referente à parcela das perdas aparentes15 de água, ou seja, quanta água está sen-
do consumida, além do que os hidrômetros conseguem marcar. No caso do esgoto esta

15
conforme o conceito da IWA

37
informação é relevante, pois implica encaminhar às redes coletoras vazão maior que a
indicada pelo consumo medido.
As perdas aparentes (ou comerciais) incluem a fraude e a sub-medição, esta última ge-
ralmente causada pelo funcionamento inadequado do hidrômetro. Os elementos que
influenciam a grandeza da imprecisão de medida são:

• faixa de trabalho (“range”) do medidor;


• idade do medidor e;
• volume medido acumulado.

Erros de medição são inerentes aos equipamentos. Todos os medidores têm imprecisões
incorporadas ao processo de medição. Essa imprecisão tende a aumentar se o equipa-
mento atua fora das faixas de vazão estipuladas pela especificação do fabricante e com o
tempo de instalação na rede, em função do envelhecimento e desgaste das peças com-
ponentes do equipamento. O desgaste é acelerado em áreas com intermitência no abas-
tecimento.
Também contribuem para a sub-medição, os hidrômetros parados e/ou quebrados insta-
lados na rede, que são ‘lidos’ pela média histórica.
Outro fator cultural relevante contribui para a sub-medição. No Brasil é comum o uso de
caixas d’água. Esta prática, originada em regiões com intermitência para regularizar o
abastecimento, disseminou-se. Como o sistema de acionamento da caixa d’água é feito
através da bóia, cuja movimentação é lenta, pequenos consumos ‘passam’ pelo hidrôme-
tro sem que sejam medidos, pois, estão dentro da margem de erro do medidor.
Contudo, adotar perdas aparentes na ordem de 25% do volume produzido para o hori-
zonte de projeto é uma consideração bastante forte. Espera-se que em prazo tão longo,
medidas sejam tomadas pela CAERN para reduzir as perdas totais, o que inclui as perdas
aparentes.
Vale lembrar que a redução das perdas aparentes impacta diretamente no caixa da em-
presa, pois se trata de aumentar a arrecadação sem realizar investimentos em infra-
estrutura.
A proposta da GERENTEC é para que não sejam incorporadas as perdas ao per capita, mas
sim aos volumes e vazões de projeto a partir do cálculo de um indicador de perdas por
ligação (l/[lig.dia]), que evolui ao longo do horizonte de projeto. Desta forma, adquire-se
maior sensibilidade ao peso das perdas sobre o sistema e a relevância de ações para re-
duzir ou controlar as perdas. De qualquer modo é preciso considerar variação nas perdas
ao longo do horizonte da análise.

38
Per capita constante
Outro ponto a ser comentado é a fato de ter sido mantido o mesmo per capita e o mesmo
número de habitantes por domicílio ao longo do horizonte de projeto. Com a melhoria
esperada do nível sócio econômico, a tendência é que o per capita aumente e o número
de habitante por domicílio diminua ao longo do tempo.

3.2. Plano de Desenvolvimento para o Sistema de Saneamen-


to Básico do Município de Natal – FGV, 2009

Nesta seção apresenta-se a análise do Plano de Desenvolvimento para o Sistema de Sa-


neamento Básico do Município de Natal, contratado pela CAERN junto à FGV do Rio de
Janeiro. O documento analisado é o “Produto III - Relatório Técnico II - Plano de Sanea-
mento para os Dois Subsistemas de Natal”, FGV (2009).
O Plano de Metas e de Investimentos apresentado pela FGV tratou as áreas atendidas
pelos subsistemas Natal Sul (NS) e Natal Norte (NN) separadamente. O período de análise
foi do ano 2010 – inclusive até o horizonte de projeto de 30 anos, ou seja, o ano 2039.

3.2.1. Evolução da população

A distribuição da população urbana residente na área de abrangência de cada um dos


subsistemas foi calculada a partir do percentual da população por região administrativa,
resultando em:

• população urbana na área de (NS) = 65,64%


• população urbana na área de (NN) = 34,36%

Para definir a projeção populacional adotada no estudo, a FGV considerou os parâmetros


apresentados no Plano Diretor de Esgotos de Natal (KL; 2004), efetuou correções em fun-
ção dos dados IBGE de 2006, ajustando as projeções até 2024. Desse ano em diante, ado-
tou a taxa anual de crescimento como sendo igual a 1% a.a., resultando nas projeções
apresentadas no Quadro 27.

39
3.2.2. Evolução das demandas

Também para o per capita, a FGV considerou os parâmetros do PDE (KL; 2004), adotando
para a área Sul (NS) o per capita médio das três zonas urbanas que a compõe, resultado
em:

• per capita (NS) = 180 l/s.hab.dia


• per capita (NN) = 129 l/s.hab.dia

Quadro 27 – Projeção populacional adotada pela FGV

TAXA POPULAÇÃO URBANA IAA


16 POPULAÇÃO ATENDIDA
ANO
ANUAL (%) NS NN TOTAL (%) NS NN TOTAL
2010 530.912 277.912 808.824 98 520.294 272.354 792.648
2011 1,45 538.630 281.952 820.582 100 538.630 281.952 820.582
2012 1,49 546.643 286.147 832.790 100 546.643 286.147 832.790
2013 1,27 553.589 289.783 843.372 100 553.589 289.783 843.372
2014 1,30 560.798 293.556 854.354 100 560.798 293.556 854.354
2015 1,33 568.246 297.455 865.701 100 568.246 297.455 865.701
2016 1,30 575.658 301.335 876.993 100 575.658 301.335 876.993
2017 1,15 582.270 304.796 887.066 100 582.270 304.796 887.066
2018 1,15 588.958 308.297 897.255 100 588.958 308.297 897.255
2019 1,15 595.727 311.840 907.567 100 595.727 311.840 907.567
2020 1,10 602.284 315.272 917.556 100 602.284 315.272 917.556
2021 1,03 608.502 318.527 927.029 100 608.502 318.527 927.029
2022 1,00 614.587 321.713 936.300 100 614.587 321.713 936.300
2023 1,00 620.733 324.930 945.663 100 620.733 324.930 945.663
2024 1,00 626.940 328.179 955.119 100 626.940 328.179 955.119
2025 1,00 633.210 331.461 964.671 100 633.210 331.461 964.671
2026 1,00 639.542 334.775 974.317 100 639.542 334.775 974.317
2027 1,00 645.937 338.123 984.060 100 645.937 338.123 984.060
2028 1,00 652.396 341.504 993.900 100 652.396 341.504 993.900
2029 1,00 658.920 344.919 1.003.839 100 658.920 344.919 1.003.839
2030 1,00 665.510 348.369 1.013.879 100 665.510 348.369 1.013.879

Fonte: FGV, 2009.

16
índice de atendimento em água = população abastecida/população urbana total

40
A FGV considerou o per capita evoluindo ao longo do horizonte de sua análise. As quotas
per capita apresentadas no Quadro 28, permitem observar a variação de 180 l/hab.dia a
200 l/hab.dia na área sul (NS) e de 129 l/hab.dia a 155 l/hab.dia na área norte (NN).
A FGV adotou o mesmo conceito usado no PDE (KL; 2004), no que se refere a incorporar
perdas no per capita. Porém, ao invés de usar uma percentagem fixa ao longo do horizon-
te de análise, utilizou uma redução progressiva das perdas.

Quadro 28 – Evolução do per capita e do índice de perdas adotado pela FGV

per capita per capita perdas perdas per capitaTOTcP per capita
ANO NS NN NS NN NS NN
(l/hab.dia) (l/hab.dia) (% vol. prod.) (% vol. prod.) (l/hab.dia) (l/hab.dia)
2010 180 129 55 72 398 468
2011 180 130 53 70 383 433
2012 181 132 50 67 362 400
2013 181 134 45 65 329 383
2014 182 135 40 62 303 355
2015 182 135 38 60 294 338
2016 185 135 36 58 289 321
2017 185 140 36 55 289 311
2018 188 140 35 52 289 292
2019 188 140 35 50 289 280
2020 188 145 35 48 289 279
2021 188 145 35 45 289 264
2022 190 145 34 42 288 250
2023 190 148 34 40 288 247
2024 190 148 34 38 288 239
2025 192 150 33 36 287 234
2026 192 150 33 34 287 227
2027 192 152 33 32 287 224
2028 195 152 32 32 287 224
2029 195 152 32 32 287 224
2030 200 155 30 30 286 221

Fonte: FGV, 2009.

A diminuição das perdas projetada compensa o aumento previsto do per capita, resultan-
do em um per capitaTOTAL c/ PERDAS decrescente ao longo do horizonte de análise, variando
de 398 l/hab.dia a 286 l/hab.dia na área sul (NS) e de 468 l/hab.dia a 221 l/hab.dia na
área norte (NN).

41
3.2.3. Expansão do sistema

3.2.3.1. Produção

Quadro 29 – Capacidades dos sistemas (NS) e (NN)

SISTEMA COMPONENTE m3/h m3/s


SISTEMA SUL ETA do JIQUI 2.800 0,78

POCOS_PROD 7.920 2,20

TOTAL 10.720 2,98

SISTEMA NORTE ETA de EXTREMOZ 2.340 0,65

POCOS_PROD 1.752 0,49

POCOS_A ATIVAR 660 0,18

TOTAL 4.752 1,32

Fonte: FGV (2009)

A FGV destaca em sua avaliação17 que é possível manter a capacidade do Subsistema Sul
caso a redução de perdas ocorra como o estabelecido na projeção apresentada. Porém,
se as perdas continuarem no patamar atual, é visível a necessidade de ampliação imedia-
ta da capacidade do subsistema, além das intervenções que se encontram em andamen-
to. A FGV ressalta em função disso a importância deste quesito (redução das perdas) na
operacionalização do subsistema.
A FGV tece considerações sobre a demanda da população flutuante e refaz os cálculos
com k1=1,3, chegando a déficits de produção nos primeiros anos e nos últimos anos do
horizonte de análise. Para sanar esta necessidade a FGV aponta para duas possíveis alter-
nativas:

• perfuração de novos poços na área Candelária / San Vale, região livre de


nitratos, segundo a CAERN. Neste caso, a maior dificuldade encontra-se no
acesso à região por esta ser uma área de preservação ambiental;
• novo sistema produtor de água, utilizando como manancial superficial o
Rio Doce, que teria disponibilidade hídrica de 1,0 m3/s, do qual 0,6 m3/s
seria destinado ao sistema sul (NS) e 0,4 m3/s ao sistema norte (NN).

17
com k1 = 1,2

42
3.2.3.2. Reservação

A FGV aponta ainda para deficiências na reservação, indicando a necessidade de se am-


pliar a capacidade da ordem de 66.000 m3.

Quadro 30 – Necessidade de ampliação da reservação

VOLUME CAPACIDADE NECESSIDADE DE


SISTEMA
NECESSÁRIO ATUAL AMPLIAÇÃO

SISTEMA SUL 83.000 37.000 46.000

SISTEMA NORTE 33.700 14.200 19.500

Fonte: FGV (2009)

3.2.3.3. Distribuição

Além da expansão da Produção e Reservação, a FGV prevê a expansão da rede, mas não
indica os possíveis trechos.

3.2.4. Melhoria do sistema

Além das intervenções em expansão, a FGV previu intervenções cuja meta é melhorar a
eficiência do sistema.

3.2.4.1. Substituição de redes problemáticas

Da mesma forma que as redes a serem implantadas para permitir a expansão do atendi-
mento, as redes problemáticas foram abordadas de forma qualitativa.

3.2.4.2. Melhoria e modernização dos serviços

Para a melhoria e modernização, a FGV, prevê (FGV-2009):

• Redução do índice de perdas de água 30% com implantação de um Pro-


grama de Redução de Perdas;
• Garantia de índice de micro-medição superior a 95%;
• Manutenção do parque de hidrômetros em perfeitas condições de leitura;
• Cadastramento Comercial;

43
• Reestruturação do Sistema de Distribuição com setorização, macro-
medição e, definição de setores piezométricos;
• Veículos e equipamentos adequados.

3.2.4.3. Elaboração de Estudos de Concepção e Projetos de Engenharia

Para o aprofundamento e melhor detalhamento das ações e para a caracterização das


intervenções necessárias ao cumprimento das metas, a FGV indica a necessidade de con-
tração de estudos e projetos de engenharia consultiva.

3.2.5. Investimentos em água

Para contemplar as ações previstas, a FGV prevê investimentos da ordem de 210 milhões
de reais para o Sistema de Abastecimento de Água de Natal.

Quadro 31 – Necessidade de investimentos em água

TOTAL
ITEM DE INVESTIMENTO (NS) (NN)
(R$ milhões)
Investimentos em expansão
ampliação do sistema de produção – Rio Doce 24,24 16,16 40,40
ampliação da reservação 21,60 9,60 31,20
renovação e ampliação da rede 38,00 19,30 57,30
83,84 45,06 128,90
Investimentos em melhorias
implantação de programa de redução de perdas 12,60 6,50 19,10
troca e redimensionamento de micromedidores 14,58 7,52 22,10
setorização e macromedição 25,10 12,95 38,05
52,28 26,97 79,25
TOTAL 136,12 72,03 208,15
Fonte: FGV (2009)

44
3.2.6. Análise

Evolução da população
Ao considerar a proporcionalidade da população das áreas Norte e Sul (NN e NS), a FGV
adota o critério de separar as áreas atendidas pelos dois sistemas de abastecimento: o
Norte e o Sul, o que, sem dúvida é adequado. Poderia ter aplicado uma discriminação
maior, talvez considerando, por exemplo, as quatro zonas administrativas, o que equiva-
leria à subdivisão da área sul, nas zonas Leste, Sul e Oeste. Por outro lado, utiliza a mesma
evolução da população do PDE (KL, 2004) com taxas idênticas de crescimento para ambas
as áreas. Apenas os per capita e os índices de perda foram considerados diferenciados
para as áreas (NN) e (NS).

Per capita
A GERENTEC considera a premissa adotada como - conceitualmente válida - em uma aná-
lise de planejamento mais geral, como é o caso do estudo da FGV, pois os valores (i) resul-
tam de cálculos realizados a partir de informações do banco de dados comercial da
CAERN, como volumes micro-medidos e número de economias, e (ii) refletem as diferen-
ças sócio econômicas da população que ocupa cada uma das áreas.
Há que se ressaltar, que a subdivisão de Natal em apenas duas zonas pode distorcer pro-
jeções, especialmente as destinadas para definir a distribuição, incluindo a reservação,
anéis da rede primária e as elevatórias.
A incorporação das perdas no per capita deve ser evitada para permitir uma maior racio-
nalidade na análise, possibilitando inclusive, comparações.
Pode-se comparar o per capita de consumo da ‘cidade A’ com o per capita de consumo da
‘cidade B’ e também o índice de perdas da ‘cidade A’ com o índice de perdas da ‘cidade
B’, podendo-se chegar a algumas conclusões válidas. Mas, comparar per capita incluindo
perdas de duas cidades, ou dois sistemas, não permite extrair conclusões válidas, mas ao
contrário, pode induzir ao erro.

Necessidade de aumento de produção e reservação


Nas considerações da FGV, não é levado em conta a deterioração da qualidade da água
dos mananciais, o que certamente comprometerá as projeções elaboradas.
A regra de garantir uma reservação equivalente a 1/3 do consumo do dia de maior con-
sumo, apesar de ter sido aprimorada para a metodologia do balanço de massa, prevendo
uma análise dinâmica do ‘estoque’ de água, continua sendo utilizada por muitos planeja-
dores.

45
Já a regra alternativa utilizada como benchmark pela FGV, de calcular o volume para 1/5
do dia de maior consumo não é uma regra ‘usual’ nem é uma regra que contempla o prin-
cípio do balanço de massa.

Necessidade de substituição de redes


Nas considerações da FGV, apesar de não detalhada, a renovação e a ampliação da rede
são apontadas corretamente. Parte da rede existente é feita com material inadequado,
como cimento amianto, há arrebentamentos freqüentes e alto índice de perdas.

Ações de melhoria
As ações apontadas são coerentes com o panorama encontrado em Natal e com as neces-
sidades de modernização.
Não é possível precisar se as ações de melhoria de gestão e capacitação inerentes ao su-
cesso de um programa de redução de perdas estão contempladas nos valores de investi-
mento ou se apenas as intervenções técnico-operacionais.

46
4. Levantamento de dados de População – Censos e contagens

4.1. Censos e contagens

Para Natal, encontram-se disponíveis no IBGE ‘Censos’ e ‘Contagens’ de população reali-


zados entre os anos 1960 e 2007. Para cada um destes levantamentos, a população urba-
na encontrada é apresentada no Quadro 32:

Quadro 32 – População urbana total – Natal

ANO CENSO CONTAGEM


1960 160.253
1970 264.379
1980 416.892
1991 606.887
1996 652.902
2000 712.317
2007 792.733

Fonte: IBGE

4.2. Setores censitários

O ‘Setor Censitário’ é a menor unidade territorial criada para fins de controle cadastral da
coleta de dados empreendida pelo IBGE. Para cada Setor Censitário são computados da-
dos quantitativos e indicadores para a caracterização sócio-econômica da população e
dos domicílios.
A divisão dos Setores Censitários nos levantamentos realizados pelo IBGE a partir do ano
2000 – o ‘Censo Demográfico de 2000’ e a ‘Contagem da População de 2007’ – utilizados,
coincide com a divisão das unidades territoriais de planejamento municipal de Natal que
entraram em vigor a partir de 1994.
Para estes levantamentos mais recentes, a distribuição dos setores censitários está dispo-
nível na forma de arquivos ‘.shp’ que permitem o georreferenciamento e a geração de
mapas temáticos. Com estas informações de posicionamento geográfico, associadas a
dados numéricos, é possível verificar, por meio de processamento da informação, a dis-
tribuição da população em outros tipos de limites geográficos como, por exemplo, zonas

47
homogêneas de ocupação e setores de abastecimento, constituindo ferramenta avançada
de análise da evolução populacional e das demandas correspondentes.
Análises apoiadas em mapas deste tipo serão geradas no desenvolvimento do trabalho e
serão apresentadas nos relatórios referentes aos estudos de população e demandas.

4.3. Análise

A análise das taxas calculadas para incrementos populacionais entre os Censos e Conta-
gens permite identificar uma inconsistência nos dados da contagem de 1996. Observan-
do-se a Quadro 33, verifica-se que o crescimento no período de 1996 a 2000 resulta em
uma taxa anual superior à do período imediatamente anterior, tanto no modelo linear de
crescimento como no modelo geométrico. Verifica-se ainda que as taxas resultantes para
o período de 1991 a 1996 são inferiores as do período de 2000 a 2007.
Tomando-se o período de 1991 a 2000, excluindo-se a Contagem de 1996, as taxas encon-
tradas apresentam-se menores que a do período anterior (1981 a 2000) e mostram-se
consistentes com a tendência de diminuição das taxas de crescimento, o que indica que
não se deve utilizar a Contagem de 1996 na análise da evolução populacional.

Quadro 33 – Taxas de crescimento linear e geométrico

população urbana crescimento linear crescimento geométrico


ano
(hab) com 1996 sem 1996 com 1996 sem 1996
1960 160.253
6,50% 6,50% 5,13% 5,13%
1970 264.379
5,77% 5,77% 4,66% 4,66%
1980 416.892
4,14% 4,14% 3,47% 3,47%
1991 606.887
1,52% 1,93% 1,47% 1,80%
1996 652.902
2,28% 2,20%
2000 712.317
1,61% 1,61% 1,54% 1,54%
2007 792.733

Fonte: GERENTEC, a partir de dados do IBGE

48
Figura 10 – Taxas de crescimento linear e geométrico

7,00%

6,00%

5,00%

4,00% LINEAR c/ 1996


LINEAR s/ 1996
3,00% GEOM c/1996
GEOM s/1996

2,00%

1,00%

0,00%
1960 1970 1980 1991 1996 2000

Fonte: GERENTEC, a partir de dados do IBGE

Os dados apresentados na Quadro 33 e no gráfico da Figura 10 permitem observar um


contínuo declínio das taxas de crescimento tanto no modelo de crescimento linear como
no modelo de crescimento geométrico em todo o período considerado (levando em conta
a ressalva anterior sobre a contagem do ano de 1996).
Pode-se identificar também, que a variação desta desaceleração é crescente até o ano
2000, sofrendo significativa redução no período de 2000 a 2007.
A análise dos dados do IBGE indica aderência ao crescimento geométrico a taxas declinan-
tes.

49
5. Estudos operacionais

5.1. Plano de controle operacional e de melhorias operacio-


nais do sistema de abastecimento de água de Natal e
bairros adjacentes dos municípios limítrofes – BBL, 2005

Esta seção apresenta a descrição e análise dos pontos relevantes do estudo desenvolvido
pela empresa BBL – Bureau Brasileiro Ltda., em 2005. Os documentos analisados são:

• R1 – Levantamento e avaliação das condições gerais de operação das uni-


dades do sistema de abastecimento de água de Natal;
• R2 – Diagnóstico operacional;
• R3 – Alternativas de solução para otimização do sistema de abastecimento
de água de Natal;
• R4 – Orçamento estimativo das ações propostas.

5.1.1. Carências e desafios operacionais

O Relatório R1 “Levantamento e Avaliação das Condições Gerais de Operação das Unida-


des do Sistema de Abastecimento de Água de Natal” apresentou o arranjo geral do siste-
ma de abastecimento, incluindo todas as unidades operacionais existentes. Ao final, o
relatório destacou alguns pontos de extrema importância, entre eles:

• problemas nas ETAs:


- problemas estruturais que interferem na capacidade de produção, fis-
suras e rachaduras que provocam vazamentos constantes, ocasionando
a perda de água já tratada;
- inexistência de processo de decantação ou flotação na ETA do Jiqui, so-
brecarregando o tratamento nos período de chuvas intensas, reque-
rendo lavagens dos filtros com maior freqüência (de hora em hora),
elevando significativamente o volume de perda de água no tratamento
e nos custos de produção (energia elétrica, produtos químicos e mão-
de-obra);
• equipamentos obsoletos e/ou apresentando mau funcionamento:
- comportas antigas e defeituosas nas ETA’s, que não apresentam total
vedação, gerando assim, perda de água tratada;

50
- conjuntos moto-bomba, que além de gerar diversos gastos com manu-
tenção, apresentam baixíssima eficiência e conseqüentemente elevado
consumo de energia;
- registros antigos e quebrados que dificultam as manobras para manu-
tenção das redes de distribuição.
• sérios problemas na distribuição:
- insuficiência de reservação;
- inexistência de setorização que estabeleça limites conhecidos entre os
setores de abastecimento e, entre Natal e os municípios limítrofes, o
que prejudica sensivelmente a manutenção e o controle operacional;
- inexistência de cadastro confiável de redes, o que dificulta interven-
ções para operação e manutenção, ou seja, mesmo para um simples
reparo de vazamento na rede, na maioria das vezes é necessário fechar
a saída do reservatório ou desligar as bombas dos poços, deixando
grande parte da população sem abastecimento – gerando o aumento
de perdas físicas e aparentes;
- ineficiência no resgate de informações cadastrais: o Cadastro Técnico
existente está disponível em meio físico (papel) e está desatualizado;
não há processos ou procedimentos internos documentados que pos-
sibilitem o resgate das informações de forma ágil nas intervenções de
rede para a atualização dos dados cadastrais; as plantas cadastrais exis-
tentes são muito antigas, encontram-se desatualizadas e também são
disponibilizadas em meio físico (papel); praticamente todas as informa-
ções cadastrais estão centralizadas na memória dos técnicos responsá-
veis pela manutenção e operação dos sistemas, representando risco de
perda de informações operacionais ao longo do tempo ou ocorrência
de falha humana por não haver procedimento definido;
- grande extensão de adutoras e redes antigas em cimento amianto, com
constantes rompimentos e alto índice de vazamentos, dificuldade para
reposição de peças no processo de conserto/manutenção, gerando o
aumento das perdas e conseqüente desgaste na imagem da Compa-
nhia;
- grande extensão de rede antiga em ferro fundido, com incrustação,
aumentando a perda de carga e o consumo de energia, ocasionando
sujeira na água, expondo a imagem da Companhia;
- intermitência no abastecimento a que são submetidas muitas áreas, o
que provoca insatisfação dos consumidores, ocasionando freqüentes
reclamações e desgaste na imagem da Companhia;

51
- falta de planejamento da expansão da rede, ou mesmo de projetos de
prolongamento, para atendimento de novas áreas, contribuindo para a
intermitência;
- áreas submetidas a grandes variações de pressão e outras submetidas
a elevadas pressões, o que causa fadiga do material das tubulações,
vazamentos constantes, consumo excessivo e desequilíbrio no sistema;
- há ocorrência de diversas áreas com pressões elevadas, não havendo,
todavia, controle de pressão nas redes ou válvulas reguladoras de pres-
são;
- inexiste planejamento de ações preventivas e contingenciais, no tocan-
te a manutenções de maneira geral e na identificação das característi-
cas atuais, bem como, a eficiência dos componentes do sistema;
- dimensionamento inadequado de equipes com carência de pessoal pa-
ra atender às demandas de serviços das áreas de operação e manuten-
ção do sistema, pitometria, pesquisa de vazamentos, entre outros;
- hidrometração ineficiente, ou seja, existem muitos hidrômetros antigos
que certamente já não registram com exatidão os valores reais consu-
midos e, grande índice de ligações sem hidrômetros, o que incentiva o
desperdício de água por parte dos usuários, favorecendo o consumo
exagerado e aumentando o desperdício;
- inexistência de programas de recadastramento e dimensionamento
correto de hidrômetros nas ligações de grandes consumidores;
- falta de bombas de reserva, materiais e peças de reposição para a ma-
nutenção dos poços tubulares, que chegam a ficar desativados por lon-
gos períodos, contribuindo com o agravamento da situação do abaste-
cimento irregular e intermitente, demonstrando ineficiência contin-
gencial e, conseqüente desgaste na imagem da Companhia;
- grande quantidade de poços com a presença de nitrato, boa parte com
teores muito superiores ao limite máximo de 10 mg/l, admitido em
águas para abastecimento público, chegando até 30 mg/l conforme
comprovam os dados do relatório de Controle do Teor de Nitrato nas
Captações de Natal - Zona Sul;
- grande quantidade de poços injetando água diretamente nas redes de
distribuição - parte sem tratamento e outros sem controle automático
de dosagem de produtos químicos - há apenas dosagem de hipoclorito
de sódio, efetuada diretamente na tubulação de saída dos poços, fato
este, que está provocando oxidação das redes de ferro fundido, com-
prometendo seriamente a qualidade da água.

52
O relatório R2 “Diagnóstico Operacional” identificou pontos críticos e carências nas uni-
dades operacionais do sistema e apontou soluções para adequação e reabilitação destas
unidades.
O relatório R3 “Alternativas de Solução para Otimização do Sistema de Abastecimento de
Água de Natal”, apresentou a avaliação da capacidade de produção e reservação no sis-
tema, bem como estudo de demandas. Apresentou Plano de Ação para intervenções físi-
cas no sistema, categorizando as ações propostas da seguinte forma: (i) intervenções
imediatas ou emergenciais; (ii) intervenções de médio e longo prazos.

5.1.2. Produção e reservação

O estudo da capacidade produção e reservação, atual e futura, segundo a setorização


proposta no estudo pela BBL (2005), conclui que há déficit de reservação.

Quadro 34 – Produção atual e projetada do sistema de abastecimento de água

18
PRODUÇÃO PRODUÇÃO NECESSÁRIA
SISTEMA SETOR ATUAL (l/s)
(l/s) 2005 2015 2025
(NS) Ponta Negra 57 58 66 72
Pirangi 78 60 68 74
Satélite 144 116 131 143
Guarapes 23 17 19 20
R6 654 396 448 489
R4 / R5 278 334 378 412
R3 / R1 / R2 / R7 324 439 497 543
subtotal 1.558 1.420 1.607 1.753
(NN) 8 161 142 161 176
14 408 360 408 445
15 73 52 59 65
16 173 239 271 296
subtotal 815 793 899 982
(LS) Nova Parnamirim 143 76 86 94
subtotal 143 76 86 94
2.516 2.289 2.592 2.829

Fonte: BBL (2005)

18
máxima diária

53
Quadro 35 – Reservação atual e projetada do sistema de abastecimento de água

19
RESERVAÇÃO RESERVAÇÃO NECESSÁRIA
SISTEMA SETOR ATUAL (l/s)
(l/s) 2005 2015 2025
(NS) Ponta Negra 900 1.670 1.901 2.074
Pirangi 200 1.728 1.958 2.131
Satélite 3.300 3.341 3.773 4.118
Guarapes 200 490 547 576
R6 5.700 11.405 12.902 14.083
R4 / R5 7.400 9.619 10.886 11.866
R3 / R1 / R2 / R7 12.800 12.643 14.314 15.638
subtotal 30.500 40.896 46.282 50.486
(NN) 8 4.500 4.090 4.637 5.069
14 8.000 10.368 11.750 12.816
15 0 1.498 1.699 1.872
16 0 6.883 7.805 8.525
subtotal 12.500 22.838 25.891 28.282
(LS) Nova Parnamirim 0 2.189 2.477 2.707
subtotal 0 2.189 2.477 2.707
43.000 65.923 74.650 81.475

Fonte: BBL (2005)

5.1.3. Setorização

No R3 foi apresentado o “Plano de Ações para Controle Operacional e Redução de Per-


das”. Este abordou de forma conceitual a redução de perdas e propôs uma topologia de
setorização, atualizando e aprofundando estudos e proposições de setorização existentes
na CAERN. Contudo, com a implantação da setorização proposta, algumas áreas apresen-
tariam pressões elevadas. A BBL propôs, para enfrentar esta situação, o gerenciamento
das pressões, com a introdução de 31 VRPs, sendo 18 no subsistema (NS) e 13 no subsis-
tema (NN), conforme os quadros a seguir.

19
1/3 do volume da demanda média diária

54
Quadro 36 – Setorização proposta – subsistema sul (NS)

SETOR SUB-SETOR DISTRITOS VRP


1 Ponta Negra Praia Areia Branca VRP
Praia Norte VRP
Conjunto – –
Vila Praia Sul VRP
2 Pirangi R11 Zona Alta –
Zona Baixa VRP
R11–A – –
3 Satélite Norte – –
Sul – –
Planalto – –
4 Guarapes – – –
5 R6 Candelária Zona Alta –
Zona Baixa-1 VRP
Zona Baixa-2 VRP
Cidade Esperança – –
Cidade Nova – –
Felipe Camarão Nossa Senhora do Rosário VRP
Cidade Jardim Lagoa Nova 2 VRP
Mirassol –
Jardim VRP
Neópolis – –
Capim Macio – –
6 R3 Alecrim Centro (parte) VRP
Tirol Centro (parte) VRP
Nova Descoberta – –
Centro Administrativo – –
7 R5 Machadão –
Ceasa VRP
Tororós VRP
Bom Pastor VRP
8 R4 Bernardo Vieira VRP
Quintas VRP
Nordeste VRP
9 R1 Cidade Alta – –
Ribeira – –
10 Areia Preta Praia VRP
11 Mãe Luiza Zona Baixa VRP

Fonte: BBL (2005)

55
Quadro 37 – Setorização proposta – subsistema norte (NN)

SETOR SUB-SETOR DISTRITOS VRP


1 Setor 8 Zona Alta – –
Zona Baixa ZB–1 VRP
ZB–2 VRP
Redinha Redinha–ZA VRP
Redinha–ZB VRP
Redinha Nova
2 Setor 14 14 A 14 A–2 VRP
14 A–3 VRP
14 A–4 VRP
14B 14 B–1 VRP
14 B–2 VRP
14 B–3 VRP
Amarante
Golandim ZB VRP
Jd Lola
3 Setor 15 15 A
15 B
4 Setor 16 Nova Natal
Gramoré
Pajuçara PAJ–2 VRP
PAJ–3 VRP

Fonte: BBL (2005)

As áreas - sejam sub-setores ou distritos - para as quais não esteja prevista a instalação de
VRP, também poderão ser tratadas como distritos de medição e controle.
Ainda como parte da proposta de setorização, o estudo indica a otimização do controle
de pressão nos boosters, por meio, da instalação de variadores de freqüência e na reade-
quação de sua área de influência.

5.1.3.1. Macro-medição

Com relação à macro-medição, o R3 apontou que deverão ser implementadas as seguin-


tes ações para o sistema de macro-medição:

• readequação e complementação da macro-medição do sistema de produ-


ção;
• implantação da macro-medição setorial;
• automação do sistema;

56
• desenvolvimento de sistema de informação, processo de obtenção de in-
formações dos macro-medidores, leitura, telemetria, compilação e valida-
ção dos dados, disponibilização das informações às áreas envolvidas etc.;
• desenvolvimento e implantação de distritos pitométricos;
• elaboração de programa de manutenção preventiva e corretiva: aferições
nos macro-medidores, calibrações dos elementos secundários, consertos,
substituições etc.;
• treinamento e capacitação do corpo técnico da CAERN.

5.1.3.2. Cadastro Técnico

O R3 aponta ainda a necessidade um Cadastro Técnico Informatizado que deverá abran-


ger o desenvolvimento de uma série de atividades de engenharia, de Organização e Mé-
todos e, de conversão de dados analógicos (plantas, planilhas e tabelas) para digital, bem
como a coleta destes dados em campo, por meio de cadastramento, detecções e sonda-
gens (BBL; 2005):
“Deverá utilizar a plataforma do geoprocessamento (GIS), associando a base cartográ-
fica a um banco dados, que permita a avaliação e o gerenciamento das informações
contidas no cadastro técnico espacialmente, de forma a traduzir-se em uma nova sis-
temática operacional do Cadastro Técnico, de grande confiabilidade, com um verda-
deiro banco de dados gráficos.”

O Cadastro Técnico Informatizado deverá ser baseado na modelagem digital das plantas
cadastrais e na criação de sistema gerencial de dados de engenharia, onde qualquer usuá-
rio possa acessar e buscar as informações desejadas, com agilidade e confiabilidade, ob-
tendo como produto final, Relatórios Gerenciais Customizados, Mapas Temáticos, Cro-
quis, Gráficos e Plantas Cadastrais.
Deverá ainda, possuir capacidade de armazenar, recuperar e combinar bancos de dados e
imagens gráficas e relacioná-los a entidades com alguma referência geográfica, tais como,
tramos de redes, PVs, nós, adutoras, reservatórios, interceptores e emissários, por exem-
plo, criando uma interface de acesso simples aos clientes finais do Cadastro Técnico. As
palavras-chave neste processo são: acessibilidade e confiabilidade, pois deverá sistemati-
camente arquivar toda a valiosa experiência anterior e multiplicar este conhecimento por
meio da consolidação de um banco de dados de fácil acesso aos gerentes operacionais e
de uma metodologia de alimentação e realimentação deste.

5.1.3.3. Sistema supervisório

Destaca-se ainda, a recomendação do R3 para a implantação de um sistema de supervi-


são, controle e automação (BBL; 2005):

57
“O Sistema de Supervisão, Controle e Automação (SSCA) proposto está subdividido
em duas áreas: O SSCA Natal Sul e o SSCA Natal Norte, as quais correspondem, res-
pectivamente, aos Subsistemas Natal Sul (SSNS) e Natal Norte (SSNN). Cada região do
SSCA deverá possuir um Centro de Operação Regional (COR). As duas regiões do SSCA
estarão interligadas ao Centro de Controle Operacional (CCO).

...

O CCO terá a função primária de supervisão dos Centros Regionais Sul e Norte. Em ca-
so de uma indisponibilidade operacional de qualquer um dos COR’s, o CCO assume o
controle operacional da área.

Os Centros Regionais Sul e Norte terão a função principal de supervisão e controle das
áreas de abastecimento. Os sub-sistemas Sul e Norte do SSCA terão independência na
sua operação, uma vez que os Subsistemas Natal Sul e Natal Norte são independen-
tes. A interligação entre o CCO e os COR Sul e Norte será feito através da contratação
de um circuito de comunicação de dados entre cada COR e o CCO. Para a implemen-
tação do CCO e dos COR’s deverá ser utilizado o mesmo aplicativo supervisório.”

5.1.4. Investimentos previstos

A BBL previu investimentos em produção, reservação, elevatórias e adutoras. O relatório


R4 “Orçamentos Estimativos” apresenta as estimativas orçamentárias para a realização
das intervenções nos sistemas, segundo indicações dos planos de ação propostos no R3,
estas estimativas não contemplam algumas das ações propostas, como por exemplo, os
subprojetos de Cadastro Técnico Informatizado e o Sistema de Supervisão, Controle e
Automação.

58
Quadro 38 – Investimentos previstos para as intervenções, por sistema

ITEM TOTAL
SUBSISTEMA SUL – (NS)
SISTEMA PRODUTOR JIQUI 3.863.280,00
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR R3 2.249.879,85
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR CANDELÁRIA 1.686.789,73
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR LAGOA NOVA I E LAGOA NOVA II 1.524.560,48
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR SATÉLITE / PLANALTO 280.321,75
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR PIRANGI / LAGOINHA 1.278.317,88
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR PONTA NEGRA 767.989,72
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR GUARAPES 53.927,72
sub-total 11.705.067,13

SUBSISTEMA NORTE – (NN)


SISTEMA PRODUTOR EXTREMOZ 26.000,00
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR Z-14 1.655.754,72
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR Z-08 1.067.860,21
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR Z-16 2.837.173,17
SISTEMA MACRO-DISTRIBUIDOR Z-15 1.750.890,22
sub-total 7.337.678,32

TOTAL 19.042.745,45

Fonte: BBL (2005)

Os investimentos se concentram em alguns itens da infra-estrutura dos sistemas e de


otimização e melhoria operacional.

59
Quadro 39 – Investimentos previstos para as intervenções, por tipo

ITEM (NS) (NN) TOTAL


INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA
ADUTORAS 383.302,84 1.402.165,58 1.785.468,43
ELEVATÓRIAS 318.472,03 1.115.410,43 1.433.882,45
ETA 3.785.280,00 - 3.785.280,00
RESERVAÇÃO 2.727.260,37 2.170.611,59 4.897.871,96
sub-total 7.214.315,24 4.688.187,59 11.902.502,84

INVESTIMENTOS EM OTIMIZAÇÃO
ADEQUAÇÃO E MODERNIZAÇÃO 664.106,76 409.212,75 1.073.319,50
IMPLANTAÇÃO DE GERENCIAMENTO DE REDES 1.729.493,70 921.185,83 2.650.679,53
IMPLANTAÇÃO DE SUB SETORIZAÇÃO 1.673.673,65 1.238.884,24 2.912.557,88
IMPLANTAÇÃO DO MACRO SETOR 423.477,78 80.207,92 503.685,69
sub-total 4.490.751,89 2.649.490,73 7.140.242,61

TOTAL 11.705.067,13 7.337.678,32 19.042.745,45

Fonte: BBL (2005)

5.1.5. Análise

Além do próprio diagnóstico das componentes do sistema, um dos pontos relevantes do


trabalho é a proposta de setorização apresentada, que pode ser visualizada no desenho
anexo a este relatório (planta nºs 258-DES-SET-01 e 02 – Sistema de Abastecimento de
Água – Setorização).
Os pontos relevantes abordados no R1 (BBL, 2005) foram comentados no Plano de Traba-
lho apresentado pela GERENTEC.
Na relação de carências apontadas no R1, não há destaque para o fato de que muitas de-
las podem ser encaradas como resultado de uma carência central de capacitação em ter-
mos de recursos humanos, materiais e de gestão.
No relatório R2 “Diagnóstico Operacional” apesar da identificação de pontos críticos e
carências nas unidades operacionais do sistema e, da indicação de soluções para adequa-
ção e reabilitação destas unidades, sua apresentação foi realizada de forma genérica.
Não houve aprofundamento quanto aos processos institucionais e/ou de gestão que ori-
ginam, pelo menos em parte, as condições precárias de operação do sistema, o que aju-

60
daria a conformar uma visão sistêmica. Entretanto, as identificações apresentadas, embo-
ra fragmentadas, direcionam de uma forma correta para solução dos problemas.
A proposta de otimização do controle de pressão nos boosters através da instalação de
variadores de freqüência e na readequação de sua área de influência, é oportuna e deve-
rá ser revista e atualizada na elaboração do PDAAN.

5.1.6. Per capita e índice de perdas

Os cálculos de volume de reservação foram feitos considerando o consumo per capita de


200 l/hab.dia. Supõe que este consumo per capita inclua perdas reais, mas neste caso,
possivelmente estaria abaixo do necessário.
Além disso, é único para toda a área de estudo e não considera as particularidades de
cada área, como os aspectos sócio-econômicos, que têm, como se sabe, relação direta
com o consumo per capita e por ligação.
A GERENTEC considera mais adequado o cálculo da evolução das perdas a partir da evolu-
ção do número de ligações e da perda por ligação, procedimento mais aderente à meto-
dologia preconizada pela IWA20. Este procedimento elimina algumas distorções e permite
desenvolver sensibilidade em relação aos diversos fatores.
Para exemplificar, considerem-se duas situações, “A” e “B”, em que apenas o número de
habitantes por domicílio seja diferente, mas o per capita seja idêntico, assim como as
perdas por ligação, índice preferido pela IWA (ver Quadro 40).

Quadro 40 – Perdas por ligação e índice de perdas

CONSUMO CONSUMO PERDA POR VOLUME


ÍNDICE DE
EXEMPLO hab/dom PER CAPITA PER LIGACAO LIGAÇÃO ENTREGUE
PERDAS
(l/hab.dia) (l/lig.dia) (l/lig.dia) (l/lig.dia)

SITUAÇÃO A 4,00 150 600 300 900 33%


SITUAÇÃO B 3,00 150 450 300 750 40%

Fonte: GERENTEC (2010)

Pode-se observar o impacto sobre o ‘índice de perdas’ que passa- no exemplo - de 33% na
“SITUAÇÃO A” para 40% na “SITUAÇÃO B”. Este exemplo poderia representar dois mo-

20
IWA - International Water Association

61
mentos em um mesmo sistema de abastecimento, ilustrando o impacto que a evolução
(redução, no caso) do número de habitantes por domicílio sobre o índice de perdas,
mesmo que a perda por ramal não aumente.
Esta característica ressalta a importância da gestão, pois para enfrentar o momento “B” a
Companhia é solicitada a exercer um trabalho ainda mais intenso sobre as perdas, para,
mesmo diminuindo o volume de perdas por ramal, possa manter, e quem sabe até reduzir
seus índices de perdas.
Este cenário poderia ser representado pela situação “C”, a seguir:

Quadro 41 – Perdas por ligação e índice de perdas – Situação “C”

CONSUMO CONSUMO PERDA POR VOLUME


ÍNDICE DE
EXEMPLO hab/dom PER CAPITA PER LIGACAO LIGAÇÃO ENTREGUE
PERDAS
(l/hab.dia) (l/lig.dia) (l/lig.dia) (l/lig.dia)

SITUAÇÃO A 4,00 150 600 300 900 33%


SITUAÇÃO C 3,00 150 450 222 672 33%

Fonte: GERENTEC (2010)

A utilização do índice de perda por ramal (por ligação) indica uma redução de 300 para
222 l/hab.dia, ou seja, uma redução de 26%, que não pode ser considerada trivial, e que
só aconteceria como resultado de um trabalho organizado e focado. Observe-se que o
índice de perdas geral, neste exemplo, não se altera, ou seja, permanece em 33%.
Finalmente, cabe analisar o impacto do aumento do consumo per capita sobre o índice de
perdas. Considerando apenas o aumento do consumo per capita, o volume entregue au-
menta apenas na quantidade correspondente a este fator. Como o volume (absoluto) das
perdas se mantém, o índice global diminui.
Como ilustração deste efeito pode-se observar o Quadro 42. O ‘índice de perdas’ passa,
no exemplo, de 33% na “SITUAÇÃO A” para 27% na “SITUAÇÃO D”. Este exemplo poderia
representar dois momentos em um mesmo sistema de abastecimento, ilustrando o im-
pacto que a evolução (melhoria, no caso) das condições sócio-econômicas dos habitantes
pode gerar sobre o índice de perdas, mesmo que a perda por ramal não diminua.

62
O cenário poderia ser representado pela situação “D”, a seguir:

Quadro 42 – Perdas por ligação e índice de perdas – situação “A” e “D”

CONSUMO CONSUMO PERDA POR VOLUME


ÍNDICE DE
EXEMPLO hab/dom PER CAPITA PER LIGACAO LIGAÇÃO ENTREGUE
PERDAS
(l/hab.dia) (l/lig.dia) (l/lig.dia) (l/lig.dia)

SITUAÇÃO A 4,00 150 600 300 900 33%


SITUAÇÃO D 4,00 200 800 300 1.100 27%

Fonte: GERENTEC (2010)

Estes efeitos podem se compensar, mas devem ser analisados em separado, para permitir
seu melhor entendimento e o desenvolvimento de sensibilidade em relação à sua variabi-
lidade.
Reservação
O cálculo da reservação seguiu a regra de 1/3 da demanda média diária. A norma da
ABNT NBR 12.217 “Projeto de reservatório de água para abastecimento público”, de Julho
de 1994, que alterou o critério de cálculo, introduzindo em seu lugar uma metodologia
racional de balanço de massas.
Para o projeto, considera-se ainda uma margem de segurança de 20%. O novo critério da
norma leva na maioria das vezes a valores sensivelmente inferiores aos critérios antigos,
como está demonstrado na literatura técnica. De fato, o volume útil do reservatório de-
pende da modulação das vazões de entrada e da curva de demanda do sistema. Quanto
mais as vazões de entrada puderem ser moduladas à curva de demanda do sistema, me-
nor o volume do reservatório destinado a regularizar flutuações de demanda.
A dificuldade é que, em sistemas com pouco controle ou flexibilidade operacional e com
altos índices de perdas reais, como é o caso de Natal, esta situação demonstra:
(i) tendência a achatar as curvas de demanda, medidas nas entradas dos setores
(as vazões mínimas e máximas estão mais próximas do que deveriam, devido à
vazão base correspondente às perdas);
(ii) eliminação ou minimização da possibilidade de modulação nas vazões de en-
trada, obrigando às instalações de bombeamento a aduzir continuamente va-
zões máximas;
(iii) possibilidade de demandar produção e reservação excessivas, gerando custos
operacionais e necessidades de investimento pouco eficientes do ponto de vis-
ta econômico.

63
De qualquer modo, nas projeções a serem calculadas como parte do PDAAN, a GERENTEC
considerará os dois critérios: o balanço de massas proposto pela norma, prevendo a in-
corporação de importante esforço da gestão e a antiga regra do 1/3 do consumo médio
diário, para efeito de verificação.
Para a validade do novo critério de cálculo, é preciso prever novas condições de operação
do sistema, reduzindo perdas altas e, implantando macro e micro-medição, setorização
etc. A redução dos investimentos em reservação pode compensar, ao menos em parte, os
investimentos na melhoria operacional do sistema.

Investimentos
A BBL previu investimentos em produção, reservação, elevatórias e adutoras. Não há,
porém, indicação de investimentos em renovação de redes. Faz ainda, menção à alterna-
tiva de construção de uma ETA no Rio Pitimbú, para abastecimento do Setor Satélite, to-
davia esta não é considerada nos investimentos previstos.
É provável que a BBL tenha considerado parte dos investimentos utilizados pela FGV, uma
vez que os valores previstos para investimento são muito inferiores.

5.2. Levantamento de poços utilizados no abastecimento

5.2.1. Resumo e resultados

Em 2006 a FUNCERN21 realizou para a SERHID22 o projeto “Cadastramento e Nivelamento


de Poços do Aquífero Barreiras no Município de Natal” com o objetivo de obter e organi-
zar as informações para o desenvolvimento de estratégias de gestão das águas subterrâ-
neas do Sistema Aquífero Dunas/Barreiras. Este trabalho correspondeu à fase inicial de
implantação. A etapa seguinte, de operação do sistema de monitoramento não foi inicia-
da.
O cadastro gerado consistiu-se em aspectos de localização e também na análise da situa-
ção da qualidade das águas em relação ao processo de contaminação por nitrato, valores
de parâmetros hidrodinâmicos do sistema aqüífero Dunas/Barreiras e modelo hidrogeo-
lógico conceitual.
Resultando no cadastramento de 1.508 poços, incluindo cacimbões. A previsão inicial da
SERHID era cadastrar 2.000 poços - sua estimativa do número de poços existentes no mu-
nicípio de Natal - os resultados do cadastro encontram-se resumidos no Quadro 43:

21
Fundação de Apoio a Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte.
22
Secretaria de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte.

64
Quadro 43 – Resultado do Cadastramento de Poços- Natal

item quant unidade


pontos levantados, incluindo poços e fontes 1.508 un
poços cadastrados 1.481 un
percentual de poços em relação ao total de pontos cadastrados 99,98%
poços tubulares cadastrados 1.008 un
percentual de poços tubulares em relação aos pontos de água 67%
3
água subterrânea bombeada nos poços do sistema público de abastecimento 50 milhões de m /ano
3
subterrânea bombeada por poços particulares (ver obs] 16 milhões de m /ano
3
volume total de água subterrânea bombeada 66 milhões de m /ano

Fonte: FUNCERN, 2006


OBS: Analisando o estudo, estes volumes foram obtidos com base na medição da vazão na ocasião da vistoria, estiman-
do os resultados para o período de um ano.

Foram selecionados 60 pontos para uma rede de monitoramento dos níveis e qualidade
da água para duas campanhas de medição, que ofereceram os primeiros resultados e
demonstraram a situação em setembro de 2009.
Desse monitoramento foi observado que tanto na Zona Sul, como na Zona Norte da cida-
de de Natal, ocorrem fluxos localizados ou secundários de uma região central do aqüífero
em direção aos vales dos rios principais e em direção ao mar. A superfície potenciométri-
ca é pouco afetada por abaixamentos da superfície potenciométrica devido a bombea-
mentos concentrados. Isso pode ocorrer devido à recarga urbana propiciada pelos efluen-
tes domésticos em direção às águas subterrâneas.
Com relação à qualidade da água, o teor de Nitrato em Natal é alto, considerando o limite
estabelecido pela Organização Mundial de Saúde que é de 10 mg/l de N. As localidades
não afetadas são as regiões do San Vale e todo o setor sul de Ponta Negra até a Lagoa do
Jiqui. Na Região Norte, trata-se da região oeste do bairro de Nossa Senhora da Apresenta-
ção e parte dos bairros de Potengi e Redinha.
O estudo também gerou banco de dados considerando as informações cadastrais em ar-
quivo Access.

5.2.2. Análise

A análise preliminar deste banco de informações permite identificar que existiam na épo-
ca do cadastramento 206 poços de propriedade da CAERN – sendo: 12 abandonados, 8
não instalados, 50 paralisados e 136 em operação.

65
Para 125 poços em operação ou 60% do total geral de poços da CAERN, há análise para
verificação da presença de nitrato. Destes, 58 poços, totalizando cerca de 20 milhões de
m3/ano, apresentaram concentrações de nitrato acima de 10,0 mg/l, à época do cadas-
tramento.
Apenas com este banco de informações não é possível identificar o volume utilizado na
distribuição, sendo necessários os dados específicos de produção individual dos poços
(macromedição), uma vez que medições realizadas constantemente apresentam números
mais próximos da realidade ao longo de um período, podendo dar a dimensão dos volu-
mes reais que foram utilizados na distribuição de água e estabelecer alternativas para
tratamento e desativação de unidades mais críticas.

66
6. Bases cartográficas

Encontra-se disponível na CAERN a base geo-referenciada de Natal, sobre a qual o cadas-


tro técnico vem sendo atualizado.
Em anexo encontram-se plantas obtidas dessa base, sobre a qual já foram lançadas in-
formações da rede primaria e limites de setorização (BBL, 2005) e poços, a princípio, para
elaboração das simulações de modelo hidráulico (em elaboração), listadas a seguir;
258-DES-POC-01 e 02 – Sistema de Abastecimento de Água – Cadastro de Poços da CAERN
258-DES-RED-01 e 02 – Sistema de Abastecimento de Água – Cadastro de Rede Existente
258-DES-SET-01 e 02 – Sistema de Abastecimento de Água – Setorização Proposta (BBL
2005)

Foram também inseridos os shapes dos setores censitários do IBGE para análise de estudo
populacional (em elaboração).

67
7. Referências bibliográficas

ARREGUI, F. et al. Integrated water meter management. IWA – International Water Asso-
ciation, 2006.
BBL – Bureau Brasileiro Ltda. Plano de Controle Operacional e de Melhorias Operacio-
nais do Sistema de Abastecimento de Água de Natal e bairros adjacentes dos municípios
limítrofes. CAERN, 2005.
ENGESOFT – Engesoft Engenharia e Consultoria S/C Ltda. Quantificação da Oferta Hídrica
da Região da Lagoa de Extremoz/RN: Relatório Final. SERHID/RN – Secretaria de Recursos
Hídricos do Rio Grande do Norte. 2004.
ENGESOFT – Engesoft Engenharia e Consultoria S/C Ltda. Quantificação da Oferta Hídrica
do Manancial Subterrâneo e da Lagoa do Boqueirão/RN: Relatório Final. SERHID/RN –
Secretaria de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte. 2001.
FGV – Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. Plano de Desenvolvimento para o Siste-
ma de Saneamento Básico do Município de Natal: Produto III – Relatório Técnico II –
Plano de Saneamento para os Dois Subsistemas de Natal. CAERN – Cia. de Águas e Esgo-
tos do Rio Grande do Norte. 2009.
FUNCERN – Fundação de Apoio a Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio
Grande do Norte - Cadastramento e Nivelamento de Poços do Aqüífero Barreiras no
Município de Natal: Relatório Final. SERHID/RN - Secretaria de Recursos Hídricos do Rio
Grande do Norte, 2006
FUNPEC – Fundação Norte Riograndense de Pesquisa e Cultura, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – Estudo das potencialidades hídrica das bacias Maxaranguape,
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do Norte. 2008.
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