Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
1
A palavra legalista, entre aspas, refere-se aos desvios, na prática, do verdadeiro sentido da palavra.
Algumas empresas, e não são poucas, “maquiam” seus ambientes de trabalho com Mapas de Risco, PPRA,
PCMAT e PCMSO, feitos por empresas especializadas em Segurança do Trabalho - sem a participação de
qualquer segmento da empresa, especialmente dos trabalhadores - com o objetivo puro e simples de
“cumprir” a Lei. Assim, paradoxalmente, acabam arcando com maiores custos, do que se estivessem
efetivamente controlando seus ambientes de trabalho. E como se não bastasse, continuam tendo parte
considerável de seus lucros corroídos pela não-conformidade de suas ações em relação às condições de
trabalho, traduzidos em prejuízos para o sistema produtivo e em passivos trabalhistas.
2
A ciência e arte devotada ao reconhecimento, avaliação e controle dos riscos
profissionais.
LEGISLAÇÃO:
Via de regra, entende que basta que o acidente do trabalho ocorra para que seja
devida uma indenização na esfera civil, já que a técnica e o cumprimento as
normas legais impediriam sua ocorrência, ou seja, o nexo causal entre a causa e
o fato que prejudicou a vítima, ou seja, a infortunística pode e deve ser
controlada pela execução de medidas técnicas, operacionais e administrativas,
que visem a não ocorrência do fato.
ACIDENTE DO TRABALHO
• CONCEITO PREVENCIONISTA
• É uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere
no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, e/ou lesões
nos trabalhadores e/ou danos materiais.
3
- Será considerado como do trabalho o acidente que, embora não tenha sido
a causa única, haja contribuído diretamente para a morte ou a perda ou a
redução da capacidade para o trabalho.
4
Os acidentes do trabalho (AT) são fenômenos socialmente determinados, previsíveis
e preveníveis. Ao contrario de constituir obra do acaso como sugere a palavra acidente, os
acidentes do trabalho são fenômenos previsíveis, dado que os fatores capazes de
desencadeá-los encontram-se presentes na situação de trabalho (passíveis de identificação)
muito tempo antes de serem desencadeados. A eliminação / neutralização de tais fatores é
capaz de evitar / limitar a ocorrência de novos episódios semelhantes, ou seja, além de
previsíveis, os acidentes do trabalho são preveníveis.
Afirmar que os AT são socialmente determinados equivale a dizer que resultam de
fenômenos sociais, sobretudo da forma de inserção dos trabalhadores na produção e,
conseqüentemente, no consumo, expressando as correlações de forças existentes em
sociedades concretas.
Nesses termos, sua prevenção ultrapassa o âmbito das ações desenvolvidas e, ou
coordenadas por ministérios como o do Trabalho, da Saúde e da Seguridade / Previdência
Social. Em outras palavras, as mudanças das condições de saúde e segurança do trabalho
passam necessariamente pela existência de políticas públicas de educação, saúde e
segurança do trabalho, sobretudo por pressões sociais que, praticamente inexistem no
Brasil.
Acreditar que o acidente do trabalho é fruto da fatalidade implica em aceitar que não
há como preveni-lo. Concebê-lo como castigo de Deus, em buscar a solução em orações.
Entender que os acidentes do trabalho são fenômenos uni ou pauci-causais, decorrentes,
sobretudo, de atos inseguros praticados pelos trabalhadores, implica em centrar as ações
preventivas no comportamento dos trabalhadores. Aliada à identificação de responsável
pelo acidente, tal concepção acaba por atribuir ao acidentado, culpa pela ocorrência de que
foi vitima. Cabe salientar que o encontro de responsável ou culpado, torna desnecessário
investigar as causas do acidente, deixando intocados os fatores que lhes deram origem.
Investigações que atribuem a ocorrência do acidente a comportamentos inadequados
do trabalhador ("descuido", "negligência", "imprudência", "desatenção" etc.), evoluem para
recomendações centradas em mudanças de comportamento: "prestar mais atenção", "tomar
mais cuidado", "reforçar o treinamento"... Tais recomendações pressupõem que os
trabalhadores são capazes de manter elevado grau de vigília durante toda a jornada de
trabalho, o que é incompatível com as características bio-psico-fisiológicas humanas. Em
conseqüência, a integridade física dos trabalhadores fica na dependência quase exclusiva de
seu desempenho na execução das tarefas.
De acordo com concepções mais recentes, os acidentes de trabalho resultam de
modificações ou desvios que ocorrem no interior de sistemas de produção, modificações ou
desvios esses que por sua vez resultam da interação de múltiplos fatores. Concebendo a
empresa como um sistema sócio-técnico aberto e o acidente como um sinal de mau
funcionamento desse sistema, investigá-lo implica em analisar aspectos do sub-sistema
técnico (instalações, máquinas, lay-out, tecnologia, produtos ...) e do sub-sistema social da
empresa (idade e sexo dos trabalhadores, qualificação profissional, organização do
trabalho, relações pessoais e hierárquicas, cultura da empresa, contexto psico-sociológico,
etc.).
Um conceito básico na teoria de sistemas e o de equilíbrio ou homeostase,
considerando-se estável o sistema que, submetido a perturbações, retorna à condição de
5
equilíbrio devido às suas características intrínsecas ou por ação externa. Em algumas
situações de trabalho o equilíbrio precário exige intervenção de operadores / trabalhadores
que nem sempre se desenrolam com sucesso, podendo advir prejuízos na produtividade e,
ou acidentes.
O Acidentado do Trabalho: de Vítima a Culpado
6
2.1 FUNDAMENTOS DOS MODELOS DE INVESTIGAÇÃO
a) Modelos causais
Esquema da Teoria do Dominó proposta por Heirinch, modificada por Bird e Loff.
(DNV)
Programas
inadequado Fatores Atos e Contato com Pessoas
s pessoais condições Energia ou Propriedade
Padrões abaixo do Substância Processo
inadequado Fatores do padrão Meio-
s do trabalho Ambiente
programa
Cumprimen
to
inadequado
Heinrich representou sua concepção da causalidade dos acidentes de trabalho por
dos
meio de um arranjo específico de cinco peças de dominó, conforme sugere a figura a
padrões
seguir:
7
A lógica da prevenção concebida por Heinrich é que a subtração de uma das peças
intermediárias impediria a queda da peça que simboliza o acidente ou a lesão.
A cadeia proposta por Heinrich inicia-se com a ancestralidade e o meio social, que
seriam responsáveis por características como o descuido, a teimosia e outros traços
indesejáveis de caráter que, na compreensão do autor, podem ser hereditários e/ou serem
desenvolvidos pelo meio social. Essa “peça” seria causadora da segunda, que é referida
como sendo defeitos pessoais, que são exemplificados por meio do temperamento violento,
nervosismo, falta de cuidado e outros. Essa segunda “peça” seria causadora da existência da
terceira, que é referida como ato inseguro e condição insegura. Essa “peça” seria causadora
da queda da quarta “peça” (o acidente), que por sua vez, causaria a lesão, representada pela
última peça da fila.
Na concepção de Heinrich, o elemento chave para a prática de prevenção, conforme
sugere a Figura, é o terceiro, representado pelo ato inseguro e pela condição insegura,
sendo que a grande maioria dos acidentes seria causada pelo comportamento inseguro do
trabalhador.
b) Abordagem Pro-Ativa
8
Fundamento: Para cada acidente sério ocorre aproximadamente 600 incidentes sem
perdas mensuráveis ou visíveis.
9
A grande limitação do tratamento superficial dispensado ao acidente do trabalho, ao
considerar apenas as falhas mais evidentes ou ativas, que se materializam nos chamados
atos inseguros, é não alcançar as causas raízes ou as condições latentes, de acordo com
Reason (1997), que repousam inativas no sistema de produção e que têm potencial para
contribuir, provocar ou permitir as ações praticadas pelo(s) trabalhador(es) e que tiveram o
condão de precipitar a indesejada ocorrência.
10
desde que esse disponha de interlocutor capaz de fornecer as informações que vier a
solicitar no decorrer da investigação do acidente.
Método Árvore de Causas (ADC) é a reconstrução do acidente a partir das lesões
até os fatores mais remotos relacionados com sua origem, organizando os fatos em esquema
denominado diagrama ou árvore de causas do acidente, utilizando os conceitos de sistema.
Situação de trabalho é um sistema em que: um indivíduo(I) executa uma
tarefa(T) com ajuda de material(M) no contexto de um meio de trabalho(MT). Eles
constituem a ATIVIDADE.
11
2-Utilizar apenas fatos objetivos (Variações e Habituais) na descrição do acidente. Evitar
interpretações e juízos de valor.
3-Pesquisar o habitual (modo normal do trabalho) para verificar o que variou.
4-Investigar os fatos (variações e permanente) segundo quatro componentes:
o trabalhador,
os meios usados (máquinas, ferramentas materiais),
a tarefa / atividade
o meio ambiente de trabalho (físico, cultural, social).
5-Montar as relações (Árvore) entre os fatos respeitando as coerências e procedências.
EXEMPLO 1:
12
Sr. G., 45 anos de idade, admitido como soldador há cinco anos, na ocasião do
acidente exercia a função de serralheiro, pois, há cerca de cinco meses o equipamento de
solda que operava estava com defeito, aguardando reparação.
Recentemente, coincidindo com novo plano econômico do governo, a empresa
atravessara fase de diminuição do número de encomendas, dispensando quase duzentos
trabalhadores. A posterior retomada do nível de produção não foi acompanhada de
recontratações, passando a empresa a aumentar o número de horas-extras e a deslocar
trabalhadores de uma função para outra, de acordo com as necessidades mais prementes e
imediatas. Nessa situação, o Sr. G. vinha executando tarefas de serralheiro, sem ter
recebido treinamento nem instruções sobre os riscos de sua nova função.
Na manhã da véspera do dia do acidente, o Sr. G. havia sido designado para furar
peças que tinham forma aproximada de C, com cantos retos; espessura de 2,5 cm; altura de
9,0 cm; 'braços do C' com 14 cm de comprimento e 10,5 cm de largura. Para tanto, operava
uma furadeira de peças, equipamento fixo, com bancada possuidora de mecanismo para
fixação de gabarito, na qual são posicionadas e presas as peças a serem furadas. Após
algumas horas de uso, esse equipamento, já antigo e não submetido a manutenções
preventivas, quebrou, fato que vinha se repetindo cerca de uma vez por mês, há tempos. O
Sr. G. passou a utilizar uma furadeira de chapas para furar as peças. Esta furadeira
apresentava como diferenças básicas em relação à de peças a ausência de mecanismo de
fixação de gabarito e bancada com dimensões maiores. A falta desse mecanismo exigia que
a furação fosse realizada com o trabalhador segurando manualmente o conjunto gabarito-
peça, com peso de cerca de 7 kg, solto sobre a bancada, de modo a mantê-lo imóvel e na
posição requerida para a realização da tarefa.
No dia seguinte, o Sr. G. dirigiu-se diretamente à furadeira de chapas para dar
prosseguimento ao trabalho iniciado na véspera, supondo que a furadeira de peças ainda
não tivesse sido reparada. Na verdade, ela já estava em condições de uso, pois a peça que se
quebrara havia sido trocada, fato desconhecido tanto pelo Sr. G., como por seu
contramestre.
Com a altura da broca regulada e a rotação ajustada em 400 rpm, o Sr. G. começou
seu trabalho. O processo de furação estava sendo realizado em duas etapas: na primeira,
com a peça ajustada ao gabarito, eram feitos os dois primeiros furos nos 'braços' horizontais
(peça em forma de C), com uma broca fina. Na segunda, com uma broca de 1,3 cm de
diâmetro, o furo era ampliado. A primeira etapa já havia sido executada em várias peças e o
acidente ocorreu durante a operação de ampliação dos furas da nona peça. Sentado em
frente à bancada da furadeira, cuja altura em relação ao solo era de 1,08 m, o Sr. G.
mantinha manualmente o conjunto gabarito-peça posicionado e imóvel.
Tendo sido ampliado o furo do 'braço' superior da peça, a broca começou a furar o
inferior, atravessando então, os dois 'braços' do C. Nessa situação, o gabarito movimentou-
se, travando a máquina, que, destravando-se em seguida, voltou a girar, quebrando a broca
e projetando o conjunto gabarito-peça e a broca na direção do trabalhador. Este, sentado na
cadeira, de frente para a furadeira, não conseguiu desligar o botão de acionamento
localizado no alto e à esquerda, não conseguindo também sair a tempo de seu posto de
trabalho, sendo atingido no tórax e sofrendo contusão da parede torácica e fratura de duas
costelas.
13
Trata-se de acidente sobrevindo durante execução de tarefa principal de atividade de
produção. A Tabela 2 apresenta a relação dos fatos contidos na descrição, reelaborados sob
a forma de frases curtas, cada uma delas contendo apenas um fato, classificado como
variação (Ο) ou fato habitual (□) e de acordo com o componente da atividade (I, T, M,
MT). A observação da árvore, apresentada na figura 3 em anexo, revela participação de 35
fatos, do quais 15 (42,9%) são variações, 12 (31,4%), fatos habituais e, em relação a nove
14
fatos, persistiram dúvidas quanto à classificação. Um dos fatos listados na Tabela 2, o de
número 26, não participou do acidente e não está inscrito na árvore.
Em relação ao componente da atividade, os fatos distribuíram-se em ordem
decrescente: tarefa 11 fatos (31,4%); meio de trabalho dez fatos (28,6%); material nove
fatos (25,7%) e indivíduo cinco fatos (14,3%).
A leitura e interpretação da árvore (Figura 4 anexo) revela que o componente
indivíduo, excluída a lesão, contribui com quatro fatos ou fatores de acidente, dos quais
dois referem-se à situação do trabalhador em relação à ocupação ser soldador e estar
exercendo função de serralheiro. O terceiro refere-se ao seu desconhecimento dos riscos de
furar peças com furadeira de chapas e o quarto, ao seu desconhecimento quanto à situação
de uso da furadeira de peças, já consertada; há uma distribuição equilibrada entre os
componentes tarefa, meio de trabalho e material; na origem do acidente, à esquerda da
árvore, observa-se nítida predominância de fatores classificados como pertencentes aos
componentes meio de trabalho e material.
A análise do esquema de fatores potenciais de acidentes ( Figura 3 ) revela que, na
origem remota do acidente, há participação de fatores gerenciais importantes. Submetida a
constrangimentos econômicos externos (FPA I) e produzindo a partir de encomendas, cujo
volume escapa de seu controle (FPA 2), a empresa adota a prática de alocar trabalhadores
de forma improvisada para funções e postos de trabalho (FPA 4), com o objetivo de
resolver os problemas decorrentes de efetivo insuficiente em relação às necessidades da
produção (FPA 4), prática que fragiliza a fiabilidade e a segurança do sistema. A tais
fatores sobrepõe-se a decisão de manter em operação equipamentos velhos e obsoletos,
sujeitos a panes (FPA 6) e facilitadores da ocorrência de incidentes (FPA 10), o que
acarreta a utilização de equipamentos impróprios à execução de determinadas tarefas (FPA
9), compondo uma tríade conhecida de fatores potenciais de acidentes, aos quais somam-se
falhas na circulação de informações (FPA 8).
FIGURA 3
15
Esse caso revela ainda a existência de equipamento com zona de operação aberta
(broca da furadeira desprotegida), condição identificável por meio de inspeção.
FIGURA 4
16
Estão inscritas na árvore da figura acima, sete interrogações, apontando para lacunas
de informação, merecendo destaque: a) Por que um equipamento para furar chapas é, ainda
que eventualmente, utilizado para furação de peças? b) Por que um trabalhador que há
cinco meses está desviado de função não recebeu treinamento que o capacitasse à execução
de suas novas tarefas? c) Por que uma indústria de grande porte mantém em funcionamento
um equipamento velho e obsoleto, sujeito a sucessivas panes, quando o preço de um novo é
irrisório em face do porte da empresa?
Exemplo 2:
17
Fatores ambientais que podem afetar a saúde.
FATORES BIOLÓGICOS
FATORES FÍSICOS
Bactérias, vírus, parasitas Ruído, clima, carga de
trabalho (exigência
biomecânica), luminosidade,
radiação,
FATORES QUÍMICOS
Produtos químicos, poeira, drogas,
tabaco, etc.
Fatores genéticos
Sexo
Nutrição
Condição física
Doenças Personalidade
18
Conhecimentos
19
3. Ao afetar o custo de produção, os acidentes e doenças do trabalho forçam as empresas a
elevar o preço dos bens e serviços que produzem o que pode gerar inflação ou sabotar a sua
capacidade de competir - o que compromete a sua saúde econômica, a receita tributária e o
desempenho da economia como um todo.
Na composição dos custos dos acidentes há duas categorias básicas: os custos
segurados (despesas com seguro acidentes) e os não segurados (outras despesas).
Durante muito tempo, considerou-se que a relação entre os custos segurados e os
não segurados era de 1:4. Considerando-se que a Previdência Social do Brasil arrecada e
gasta anualmente cerca de R$ 2,5 bilhões no campo dos acidentes do trabalho, as empresas
brasileiras estariam arcando com um custo adicional de R$ 10 bilhões o que, nos leva a
concluir que a precariedade da prevenção dos riscos do trabalho custa a elas, R$ 12,5
bilhões por ano.
Os acidentes têm custos para outros membros e entidades da sociedade, a saber:
1. Devem ser considerados aqui os danos aos trabalhadores e às suas famílias na forma de
redução de renda, interrupção do emprego de familiares, gastos com acomodação no
domicílio e, o mais importante, a dor e o estigma do acidentado ou doente. Os trabalhadores
e os familiares "bancam" uma grande parte dos custos dos acidentes, estimando-se que isso
eleva a relação acima para 1:5, fazendo subir o custo para R$ 15 bilhões por ano.
2. Além disso, os acidentes e doenças profissionais geram custos para o Estado não só em
termos de pagamento de benefícios a doentes e acidentados, mas também em termos do
pagamento das despesas de recuperação da saúde e reintegração das pessoas no mercado de
trabalho e na sociedade em geral, inclusive os do mercado informal (60% dos brasileiros).
Estima-se que isso acarrete um adicional de custo de R$ 5 bilhões Chega-se à triste
conclusão de que os acidentes do trabalho no Brasil geram uma despesa fenomenal que
chega à casa dos R$ 20 bilhões por ano!
Mesmo assim, esses números são subestimados. Calcula-se que 80% dos acidentes e
doenças profissionais no mercado de trabalho formal, especialmente, os de menor
gravidade, não são notificados.
Mas deixemos essa matemática de lado pois o ser humano vale muito mais do que
todos esses cálculos. O valor da vida não pode ser matematizado. Eventos como o da
Petrobrás, vão muitos além da aritmética dos burocratas e escancaram a necessidade de
empresários e trabalhadores elevarem substancialmente os cuidados com as vidas de todos
os brasileiros.
20
acidente do trabalho (CAT), encaminhada à Previdência Social, com cópia para outros
organismos públicos. Além disso, por força de obrigações definidas na legislação
trabalhista vigente, setores da empresa procedem à investigação do acidente.
As estatísticas oficiais de acidentes do trabalho são elaboradas com base nas
CATs e, apesar da precariedade das informações disponíveis e de suas limitações no que
tange ao dimensionamento do real impacto do trabalho sobre a saúde, mostram que sua
ocorrência assume dimensão alarmante. Assim é que, de 1981 a 1990, foram registrados
junto à Previdência Social 10.374.247 acidentes do trabalho, dos quais 254.550 resultaram
em invalidez e 47.251 em óbitos (Binder e Almeida 1997).
Na nova versão da Norma Brasileira 14280 (NBR 14280), a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) adota definição bastante semelhante à da legislação, embora
se refira também a eventos sem vítimas: “Acidente de trabalho é a ocorrência imprevista e
indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão
pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão”.
Nesses dois casos, legislação trabalhista e Norma Brasileira, a exploração de causas
predominantes baseia-se na noção introduzida pela terceira pedra da seqüência linear
proposta por Heinrich: atos inseguros e condição insegura. Por vezes, as denominações
usadas assumem pequenas mudanças: atos e/ou condições abaixo do padrão, condição
ambiente de insegurança. Na versão assumida na Norma Brasileira, enfatiza-se a
exploração da condição pessoal de insegurança, que, na seqüência das pedras do dominó,
aparece como aquela que dá origem ao ato inseguro.
3.2.1 Objetivo
21
3.2.2 Definições
22
INCAPACIDADE PERMANENTE PARCIAL Redução parcial da capacidade de
trabalho, em caráter permanente que, não provocando morte ou incapacidade permanente
total, é a causa de perda de qualquer membro ou parte do corpo, ou qualquer redução
permanente de função orgânica;
DIAS DEBITADOS Dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para
o cálculo do tempo computado;
23
COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES PARA FINS LEGAIS Qualquer
comunicação de acidente emitida para atender a exigências da legislação em vigor como,
por exemplo, a destinada à previdência social;
CUSTO SEGURADO Total das despesas cobertas pelo seguro de acidente do trabalho;
CUSTO NÃO SEGURADO Total das despesas não cobertas pelo seguro de acidente
do trabalho e, em geral, não facilmente computáveis, tais como as resultantes da
interrupção do trabalho, do afastamento do empregado de sua ocupação habitual, de danos
causados a equipamentos e materiais, da perturbação do trabalho normal e de atividades
assistências não seguradas;
Ex: Vinte e cinco homens trabalhando, cada um 200 horas por mês:
24
multiplicando-se o total de dias de trabalho pela média do número de horas trabalhadas por
dia.
Não são computáveis o dia da lesão e o dia em que o acidentado é considerado apto
para retornar ao trabalho.
25
DIAS A DEBITAR Devem ser debitados por morte ou incapacidade permanente, total
ou parcial, de acordo com o estabelecido no Quadro I-A:
Quadro 1 – A
TABELA DE DIAS DEBITADOS
Natureza Avaliação Dias
percentual debitados
Morte 100 6.000
Incapacidade total e permanente 100 6.000
Perda da visão de ambos os olhos 100 6.000
Perda da visão de um olho 30 1.800
Perda do braço acima do cotovelo 75 4.500
Perda do braço abaixo do cotovelo 60 3.600
Perda da mão 50 3.000
Perda do primeiro quirodáctilo (polegar) 10 600
Perda do qualquer outro quirodáctilo (dedo) 5 300
Perda de dois outros quirodáctilos (dedos) 12,5 750
Perda três outros quirodáctilo (dedos) 20 1.200
Perda de quatro outros quirodáctilos (dedos) 30 1.800
Perda do primeiro quirodáctilo (polegar) e qualquer outro 20 1.200
Perda do primeiro quirodáctilo (polegar) e dois outros 25 1.500
Perda do primeiro quirodáctilo (polegar) e três outros 33,5 2.000
Perda do primeiro quirodáctilo (polegar) e quatro outros 40 2.400
Perda da perna acima do joelho 75 4.500
Perda da perna no joelho ou abaixo dele 50 3.000
Perda do pé 40 2.400
Perda do primeiro pododáctilo (dedo grande) ou de mais 5 300
Perda do primeiro pododáctilo de ambos os pés 10 600
Perda de qualquer outro pododáctilos 0 0
Perda da audição de um ouvido 10 600
Perda da audição de ambos os ouvidos 50 3.000
26
parecer médico, que se deve basear nas tabelas atuariais de avaliação de incapacidade
utilizadas por entidades seguradoras;
TFA = N
x 1.000.000
H
Onde: TFA taxa de freqüência de acidentes
N número de acidentes com afastamento
H horas-homem de exposição ao risco
Apresenta a vantagem de alertar a empresa para acidentes que concorram para o aumento
do número de acidentes com afastamento;
O cálculo deve ser feito da mesma forma que para os acidentados vítimas de lesão com
afastamento. Auxilia os serviços de prevenção, possibilitando a comparação existente entre
acidentes com afastamento e sem afastamento.
TGA = T x 1.000.000
H
27
REGRAS PARA A DETERMINAÇÃO DAS TAXAS
PERÍODOS O cálculo das taxas deve ser realizado períodos mensais e anuais,
podendo-se usar outros períodos quando houver conveniência;
Os casos de lesões mediatas (doenças do trabalho) que não possam ser atribuídas a um
acidente de data perfeitamente fixável devem ser registrados com as datas em que as lesões
forem comunicadas pela primeira vez.
28
Desperdício de material ou produção fora de especificação, em virtude da emoção
causada pelo acidente;
Redução da produção pela baixa do rendimento do acidentado, durante certo tempo, após
o regresso ao trabalho;
Horas de trabalho dispendidas pelos supervisores e por outras pessoas:
Na ajuda do acidentado;
Na investigação das causas do acidente;
Em providências para que o trabalho do acidentado continue a ser executado;
Na seleção e preparo de novo empregado;
Na assistência jurídica;
Na assistência médica para os socorros de urgência;
No transporte do acidentado.
4 - RISCOS AMBIENTAIS
Riscos ambientais são aqueles causados por agentes físicos, químicos ou biológicos
que, presentes nos ambientes de trabalho, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador em função de sua natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição.
Agentes Físicos:
4.1 AGENTES FÍSICOS: são as diversas formas de energia a que possam estar expostos
os trabalhadores. São os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as
características físicas do meio ambiente, tais como: ruído, calor, vibrações, pressões
anormais, temperaturas (sobre carga térmica e fria), radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som. Por exemplo, a existência de um tear
numa tecelagem introduz no ambiente um risco do tipo aqui estudado, já que tal máquina
gera ruídos, isto é, ondas sonoras que irão alterar a pressão acústica que incide sobre os
ouvidos dos operários.
Os riscos físicos se caracterizam por:
Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua
nocividade.
Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do
risco.
Em geral ocasiona lesões crônicas, mediatas.
Alguns exemplos de riscos físicos ruídos (que podem gerar danos ao aparelho
auditivo, como a surdez, além de outras complicações sistêmicas); iluminação (que podo
provocar lesões oculares), calor, vibrações, radiações ionizantes (corno os Raios-X) ou não-
ionizantes (com a radiação ultravioleta), pressões anormais. Vale aqui destacar que a
gravidade (e até mesmo a existência) de riscos deste tipo depende de sua concentração no
ambiente de trabalho. Uma fonte de ruídos, por exemplo, pode não se constituir num
problema (e, por vezes, é até solução contra inconvenientes como a monotonia), mas pode
vir a se constituir numa fonte geradora de uma surdez progressiva, e até mesmo de uma
29
surdez instantânea (por exemplo, um ruído de impacto que perfure o tímpano), tudo
depende da intensidade e demais características físicas do ruído por ela gerado.
Ruído.
30
RUÍDO
METODOLOGIA:
(1) Medição em decibéis (dB) com o instrumento operando no circuito de compensação
"A" e circuito de resposta lenta (SLOW).{Portaria n.º 3214/78 do MTb – NR/15 – anexo n.º
1, item 2}
As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.
31
LIMITES DE TOLERÂNCIA – RUÍDO
CONTÍNUO OU INTERMITENTE
NR - 15 – ANEXO Nº 1
Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com
instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito
de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.
Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância
fixados no Quadro deste anexo.
Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não
estejam adequadamente protegidos.
32
Calor
É uma modalidade de riscos físicos que comumente se faz presente nos ambientes
de trabalho de diversas indústrias: têxtil, vidro, siderurgia, etc, que possuem fontes de calor
radiante, assim como naquelas que expõem os trabalhadores às intempéries, como na
construção civil e outras desenvolvidas ao ar livre.
A Organização Internacional do Trabalho - OIT recomenda como ideais, as
temperaturas entre 20 e 25oC, umidade relativa do ar entre 30 e 70% e velocidade do vento
entre 0,1 e 0,3 m/s, se a carga de trabalho for leve e não transmitir calor radiante.
O homem é um animal homeotérmico, ou seja, a sua temperatura corporal é
relativamente estável, apesar das variações da temperatura do meio exterior. Como, na
maioria das vezes, essas temperaturas são diferentes (principalmente quando o homem
trabalha exposto ao sol), há então, sempre a procura de um equilíbrio térmico entre a
produção de calor pelo corpo e a troca de energia térmica com o meio ambiente. O centro
de regulação térmica do nosso corpo fica no cérebro, na região conhecida como
hipotálamo.
O corpo pode ser capaz de manter a sua temperatura dentro de uma faixa estreita,
tanto em um clima quente quanto em um clima frio, por meio da sudorese, de alterações da
respiração, de tremores e da variação do fluxo sangüíneo que chega a pele e aos órgãos
internos. Contudo, a exposição excessiva a temperaturas elevadas pode acarretar distúrbios
como a exaustão pelo calor, a intermação, fadigas, cataratas, cefaléias, distúrbios
psicológicos e as câimbras causadas pelo calor.
O risco de apresentar um desses distúrbios causados pelo calor aumenta com a
umidade elevada, que diminui o efeito refrescante da sudorese, e com o esforço físico
prolongado, que aumenta a quantidade de calor produzido pelos músculos.
A produção de calor corporal (termogênese) é o resultado da soma das energias
produzidas ou liberadas através dos seguintes mecanismos:
Metabolismo basal = o gasto energético do organismo à temperatura de neutralidade
térmica, cujo valor é de 1700 cal para um homem de 70 kg, em jejum, em repouso, à 18oC,
estando o mesmo medianamente vestido;
Exercício muscular = o movimento voluntário dos músculos; o rendimento muscular é
pequeno, em torno de 20%, o restante é liberado como calor; e
Metabolismos associados = a alimentação, em particular.
A quantificação da carga metabólica do corpo em função do tipo de atividade
exercida, se encontra indicada no Quadro 3 da Norma NR 15 da Portaria 3214/78.
33
CONCEITOS DA NR-15 – ANEXO N.º 3 da Portaria 3214/78
A sobrecarga térmica está relacionada com o ambiente (exposição) e com a
atividade física do trabalhador (metabolismo).
IBUTG = Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo
tbn = Temperatura de bulbo úmido natural
tg = Temperatura de globo
tbs = Temperatura de bulbo seco
CALOR
NR - 15 / ANEXO Nº 3
IBUTG
AMBIENTES
AMBIENTES
INTERNOS
EXTERNOS
OU EXTERNOS
COM CARGA
SEM CARGA SOLAR
SOLAR
IBUTG = 0,7tbn +
IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg
0,1tbs + 0,2tg
34
Radiação térmica = transferência de energia entre a superfície do corpo e o meio exterior,
através de ondas eletromagnéticas, que se propagam à velocidade da luz; a pele perde calor
para amenizar a temperatura ambiente (a pele exposta ao sol, absorve calor); e
Evaporação-sudação = é a forma mais eficiente que o corpo humano tem de perder energia
calorífica para o meio ambiente, e se dá através das seguintes formas: perda de vapor
d´água pelos pulmões (desprezível para o homem); perspiração (difusão de água através das
camadas superficiais da pele para a superfície); sudação (evaporação do suor liberado pela
pele), quando a água evapora através da pele e elimina calor (facilitada pelo vento e
dificultada pela alta umidade relativa do ar).
Radiações ionizantes:
São consideradas Radiações Ionizantes aquelas que possuem energia suficiente para
atravessar a matéria e remover elétrons, ionizando os átomos e moléculas.
Radiação Ionizante é normalmente dividida em dois grupos: Radiação Corpuscular
– Radiação Eletromagnética.
Partículas subatômicas tais como elétrons, prótons, nêutrons, dêutrons e alojas
quando possuem alta velocidade, formam um feixe; são chamados de radiação corpuscular.
Por exemplo: emissão alfa ou beta de um elemento radioativo. Como todas as
partículas têm uma massa m e uma velocidade v a energia desta radiação corpuscular pode
ser calculada por: E = ½ m v².
A radiação eletromagnética consiste de “quanta” ou pacotes de energia transmitidos
em forma de movimento ondulatório. Ex.: Ondas de rádio, luz visível, Raios-X. As
radiações eletromagnéticas não possuem massa. São enquadradas como radiações
eletromagnéticas, todas as radiações que possuem oscilações elétricas e magnéticas; são
ondas que viajam numa velocidade e diferem somente no comprimento de suas ondas.
As duas classes de radiação (corpuscular e eletromagnética) servem para solucionar
uma série de problemas, por exemplo: reflexão, difração, polarização, podem ser estudadas
satisfatoriamente pelas ondas eletromagnéticas; entretanto, produção de raios-X, absorção
ou espalhamento dos raio-X podem ser explicados de melhor maneira se consideramos
como partículas ao invés de onda.
Aplicação: Várias atividades profissionais já utilizam material e/ou equipamento
emissor de radiação ionizante, entre as quais:
>Pesquisa: Laboratórios de pesquisa aceleradores de partículas e de reatores nucleares são
utilizados para descobrir novas partículas, conhecer melhor a estrutura de compostos
químicos, o metabolismo de certos alimentos e também para produzir novas fontes de
radiações ionizantes.
>Medicina: Isótopos radioativos são utilizados no tratamento de doenças e em pesquisas
médicas e biológicas. Como indicadores e emissores de radiação são utilizados na
pesquisas de metabolismo de certos alimentos, no controle do percurso de certas
substâncias pelo organismo humano e de animais e no diagnóstico e tratamento de certas
doenças. Por exemplo, em larga escala são tilizados os raios-X para identificar, localizar
35
e combater doenças. Da mesma forma outros elementos ativos são usados, como: Iodo,
estrôncio, ouro, cobalto, irídio, etc.
>Indústria: Fontes de radiação têm grande utilização na indústria em geral. Podemos citar
alguns empregos para ilustração:
>Como indicadores em análises químicas, detecção de impurezas, desgaste, medida de
descarga de líquidos, pesquisa de corrosão e difusão de metais, entre outros empregos.
Podemos citar, por exemplo, o emprego de raios-X industrial na verificação de falhas em
estruturas metálicas e identificação de soldas defeituosas.
>Como emissores de radiações penetrantes na medida de espessura, densidade, na
radiografia, produção de energia e localização de objetos ocultos.
>Na produção de energia elétrica.
>Nos transportes, reatores já são utilizados como meio de propulsão de navios e
submarinos, por exemplo.
As radiações ionizantes incluem os raios alfa, beta e gama, os raios X, nêutrons e
prótons, têm a capacidade de produzir íons, direta ou indiretamente. Os raios X e gama são
radiações eletromagnéticas, sendo as restantes corpusculares.
Oferecem sério risco à saúde dos indivíduos expostos. São assim chamadas pois
produzem uma ionização nos materiais sobre os quais incidem, isto é, produzem a
subdivisão de partículas inicialmente neutras em partículas eletricamente carregadas. As
radiações ionizantes são provenientes de materiais radioativos como é o caso dos raios alfa
(a), beta (b) e gama (g), ou são produzidas artificialmente em equipamentos, como é o caso
dos raios X.
Radioatividade:
Propriedade que os núcleos atômicos possuem de emitir partículas e radiações
eletromagnéticas para se transformarem em outros núcleos. Este fenômeno espontâneo é
chamado de desintegração radioativa ou reação de decaimento.
Obs.: A radioatividade natural só ocorre com átomos “pesados”, normalmente acima do
chumbo (número atômico = 82). Entretanto, pode-se, atualmente, fabricar isótopos
radioativos (também chamados de radioisótopos) de todos os elementos. Os núcleos dos
isótopos instáveis estão em níveis energéticos excitados e eventualmente podem dar origem
à emissão espontânea de uma partícula do núcleo, passando, então, de um núcleo (pai) para
outro (filho). Os isótopos radioativos podem ser usados de duas maneiras: Como traçadores
na diagnose – Como fontes de energia na terapia.
Células e a Radiação Ionizantes:
Existe perigo em se expor a radiações? A resposta é sim. Mas é importante saber
que tipo de perigo as radiações possuem e o grau de periculosidade. Antes de fazermos um
julgamento sobre riscos, é preciso aprendermos mais sobre o tema.
Uma das principais preocupações, sobre a exposição à radiação, é o potencial risco à
vida da célula. Se uma radiação ionizante entrar numa célula viva, ela pode ionizar os
átomos que a compõem. Já que um átomo ionizado é quimicamente diferente de um átomo
eletricamente neutro, isto pode causar problemas dentro da célula viva.
Normalmente, estes problemas não são significantes. Uma grande percentagem do
nosso corpo é feita de água, e a chance da ionização ocorrer na água é muito grande.
Quando o dano é feito a uma parte vital de uma célula, muitas vezes a própria célula
pode reparar o problema através de mecanismos internos. Cada dano aos cromossomos e ao
DNA podem serem reparados. Cromossomos contêm o DNA, que são importantes para
habilitar as funções do corpo. o DNA é uma longa molécula encontrada em cada uma das
36
células. As moléculas de DNA fornecem as instruções de como cada célula deve agir. Se o
DNA em uma célula for afetado, ela poderá não executar suas funções adequadamente. A
célula poderá morrer. Nosso corpo pode corrigir problemas no DNA. De fato, diariamente
são corrigidos cerca de 100.000 cromossomos danificados.
Muitos problemas podem surgir se as correções não forem feitas rapidamente. Se os
danos forem sérios, a célula poderá morrer. Também é possível que os danos alterem as
funções da célula e, em alguns casos, a célula se cria réplicas de si mesma. Isto pode gerar
um CÂNCER.
Basicamente, podem ocorrer quatro situações quando uma radiação entra em uma
célula:
1. A radiação pode atravessar a célula sem causar dano algum.
2. A radiação pode danificar a célula, mas ela consegue reparar o problema.
3. A radiação pode causar danos que não podem ser reparados e, para piorar tudo, a célula
cria réplicas defeituosas de si mesma.
4. A radiação causa tantos danos à célula que ela morre.
Quanto às doses de radiação, grandes doses recebidas durante um curto período são
mais perigosas do que as mesmas doses em um grande período. Quando ficamos expostos,
a uma certa dose radiação, num longo período de tempo, nosso corpo tem tempo para
reparar os danos. Porém, se o período for curto, os mecanismos de defesa podem não
conseguir corrigir o dano, e a célula morre.
Doses de Radiação: 1 roentgen é equivalente a cerca 50 radiografias de raio X.
Durante a vida de um ser humano, os tecidos profundos suportam uma exposição de 100 a
400 rem, os olhos 400 rem e a epiderme pode suportar até 600 rem.
37
hemorragias, infecções, perda de cabelo, leucemia.Terapia: transfusões de sangue e
antibióticos.
500 rem: Dose fatal. 100% de morte em 02 dias, pois há a destruição total da mucosa
intestinal. Grandes explosões solares. Pode chegar a mais de 2.000 rems/hora.
Dose letal para 50% dos indivíduos em 30 dias (rem): Carneiro= 250, Cachorro= 350,
Homem= 450, Camundongo= 600, Rato= 700, Coelho= 800, Caracol= 20.000, Mosca de
frutas= 80.000, Ameba= 100.000.
Radiação Beta
Este tipo de radiação é conseguida através da desintegração natural de elementos
como o Iodo 131 ou Cobalto 60, ou ainda artificialmente por meio de máquinas
aceleradoras de elétrons (eléctron beam). O eléctron beam é utilizado para a esterilização de
materiais plásticos de baixa espessura.
Radiação Gama
É produzido pela desintegração de certos elementos radioativos, o mais utilizado é o
Cobalto 60. Os raios gama possuem grande penetração nos materiais.
Utilização: Este tipo de esterilização é utilizado, especialmente, em artigos descartáveis
produzidos em larga escala (fios de sutura, luvas e outros)
Utilização na terapia:
Samário-153: emissores de ß- (usado no tratamento paliativo de câncer ósseo);
Iodo-125: emissores de radiação gama e de raios-X característicos (usado na braquiterapia
de próstata);
Iodo-131: emissores de radiação ß- e de radiação gama (usado no tratamento da glândula
tireóide);
Estanho-117m: emissores gama, elétrons Auger e elétrons de conversão interna (usado na
medicina nuclear).
38
laser; Micro-ondas de radiotelecomunicações, fornos de aquecimento, fornos de indução,
aparelhos de esterilização, etc.
No primeiro grupo, com exceção do caso especial dos raios laser, os principais
efeitos biológicos são os seguintes:
Frio
39
EFEITOS BIOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO AO FRIO
Perda mais significante de calor pelo corpo no frio ocorre com a imersão em água
fria ou com a exposição a baixas temperaturas do ar com ventos fortes e usando vestimenta
úmida.
Na exposição ao frio a manutenção da temperatura do núcleo do corpo ocorre
através de:
- decréscimo da perda de calor (vasoconstrição periférica)
- aumento da produção de calor (tremor)
- aumento da atividade física
Em exposição prolongada ao frio, ocorre a vasodilatação induzida pelo frio para
preservar as funções nas extremidades do corpo.
- Hipotermia
Redução da temperatura do núcleo do corpo abaixo de 35ºC. Resulta da
incapacidade do corpo de repor a perda de calor para o ambiente.
Temperaturas do ar de até 18,3ºC
Temperaturas da água de até 22,2ºC
Como a condutividade térmica da água é cerca de 20 vezes maior do que a do ar,
ocorre mais rápido em água fria.
Umidade
UMIDADE
NR - 15 - ANEXO Nº 10
40
Avaliação Qualitativa - Laudo de Inspeção realizada no local de trabalho.
{Portaria n.º 3214/78 do MTb – NR/15 – anexo n.º 10, item 1}
"As atividades ou operações executadas em locais alagados, encharcados, com umidade
excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas
insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho".
Vibrações
CONSEQÜÊNCIAS
Agentes Químicos:
41
As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de
trabalho classificam-se, em:
Aerodispersóides;
Gases e vapores.
Podemos classificar os agentes químicos pela sua forma de penetração em nosso
corpo:
VIAS RESPIRATÓRIAS: Gases, vapores, névoas, poeira, goticulas, fumos, poeiras,
fumaças que podem causar asma, bronquite, pneumoconiose, asfixia, redução da
capacidade respiratória.
ATRAVÉS DA PELE: Os produtos mais tóxicos penetram através dos poros, atingindo a
corrente sanguínea. Elementos químicos tais como o chumbo, mercúrio e arsênico, podem
causar doenças no fígado. Existem ainda aqueles produtos que podem causar lesões na pele
( dermatites ), tais como óleos, lubrificantes, solventes, graxas e desengraxantes.
VIA DIGESTIVA: Geralmente a intoxicação por via digestiva ocorre acidentalmente, ou
até pelo hábito de roer as unhas, ou lixá-las com os dentes.
Além do grande número de materiais e substâncias tradicionalmente utilizadas ou
manufaturadas no meio industrial, uma variedade enorme de novos agentes químicos em
potencial vai sendo encontrados, devido à quantidade sempre crescente de novos processos
e compostos desenvolvidos.
Eles podem ser classificados de diversas formas, segundo suas características
tóxicas, estado físico, etc.
Os agentes químicos, quando se encontram em suspensão ou dispersão no ar
atmosférico, são chamados de contaminantes atmosféricos. Estes podem ser classificados
em:
Aerodispersóides.
São dispersões de partículas sólidas ou líquidas de tamanho bastante reduzido
(abaixo de 100 microns, que podem se manter por longo tempo em suspensão no ar,
exemplos:
Poeiras - são partículas sólidas, produzidas mecanicamente por ruptura de partículas
maiores.
Fumos - são partículas sólidas produzidas por condensação de vapores metálicos.
Fumaça - sistemas de partículas combinadas com gases que se originam em combustões
incompletas
Névoas - partículas líquidas produzidas mecanicamente, como por em processo “spray”.
Neblinas - são partículas líquidas produzidas por condensações de vapores.
O tempo que os aerodispersóides podem permanecer no ar depende do seu tamanho,
peso específico (quanto maior o peso específico, menor o tempo de permanência) e
velocidade de movimentação do ar. Evidentemente, quanto mais tempo o aerodispersóides
permanece no ar, maior é a chance de ser inalado e produzir intoxicações no trabalhador.
As partículas mais perigosas são as que se situam abaixo de 10microns, visíveis
apenas com microscópio. Estas constituem a chamada fração respirável, pois podem ser
absorvidas pelo organismo através do sistema respiratório. As partículas maiores,
normalmente ficam retidas nas mucosas da parte superior do aparelho respiratório, de onde
são expelidas através de tosse, expectoração, ou pela ação dos cílios.
42
Gases.
São dispersões de moléculas no ar, misturadas completamente com este (o próprio
ar é uma mistura de gases). Não possuem formas e volumes próprios e tendem a se
expandir indefinidamente. À temperatura ordinária, mesmo sujeitos à pressão fortes, não
podem ser total ou parcialmente reduzidos ao estado líquido. São substâncias que em
condições normais de temperatura e pressão estão no estado gasoso.
Vapores.
São também dispersões de moléculas no ar, que ao contrário dos gases, podem
condensar-se para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e
pressão. Uma outra diferença importante é que os vapores em recintos fechados podem
alcançar uma concentração máxima no ar, que não é ultrapassada, chamada de saturação.
Os gases, por outro lado, podem chegar a deslocar totalmente o ar de um recinto.
Os trabalhadores podem encontrar no ambiente de trabalho devido a inalação de ar
impróprio, situação muito perigosa. Por exemplo, respirar ar contaminado acima da
chamada concentração Imediatamente Perigosa a Vida ou à Saúde (IPVS) (por exemplo,
1500 ppm de monóxido de carbono. 50.000 ppm de gás carbônico, 500 ppm de gás
sulfídrico. etc) produzem efeitos agudos irreversíveis à saúde, ou até morte imediata,
dependendo das circunstâncias. Inalar ar com deficiência de Oxigênio produz as mesmas
consequências quando a concentração do 02 no ar cai abaixo de 12,5%, ao nível do mar (
significa que a pressão parcial de 02 no ar é menor que 95 mm de Hg), isto é, o ambiente
também é considerado IPVS. Nestes casos a vítima perde a coordenação motora, tem a sua
capacidade de julgamento muito reduzida e ocorrem lesões irreversíveis no coração e se
não for resgatada imediatamente morrerá em alguns minutos. Mesmo resgatada, apresentará
problemas de saúde pelo resto da vida, devidos as lesões cerebrais e no músculo cardíaco.
Agentes Biológicos:
43
Classe 1 - onde se classificam os agentes que não apresentam riscos para o manipulador,
nem para a comunidade (ex.: E. coli, B. subtilis);
Classe 2 - apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para a comunidade e há
sempre um tratamento preventivo (ex.: bactérias - Clostridium tetani, Klebsiella
pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - EBV, herpes; fungos - Candida albicans;
parasitas - Plasmodium, Schistosoma);
Classe 3 - são os agentes que apresentam risco grave para o manipulador e moderado para a
comunidade, sendo que as lesões ou sinais clínicos são graves e nem sempre há tratamento
(ex.: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium
tuberculosis; vírus - hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos -
Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitos - Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma
gondii, Trypanosoma cruzi);
Classe 4 - os agentes desta classe apresentam risco grave para o manipulador e para a
comunidade, não existe tratamento e os riscos em caso de propagação são bastante graves
(ex.: vírus de febres hemorrágicas).
Agentes Ergonômicos:
Ergonomia (do Grego: Ergon = trabalho + nomos = normas, regras, leis) é o estudo
da adaptação do trabalho às características dos indivíduos, de modo a lhes proporcionar um
máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas atividades no trabalho.
44
entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficiência
humana e bem-estar no trabalho".
Riscos ergonômicos são os fatores que podem afetar a integridade física ou mental
do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença.
Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e
provocar sérios danos à saúde do trabalhador porque produzem alterações no organismo e
estado emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e segurança, tais como:
LER/DORT, cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono,
diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera),
tensão, ansiedade, problemas de coluna, etc.
Para evitar que estes riscos comprometam as atividades e a saúde do trabalhador, é
necessário um ajuste entre as condições de trabalho e o homem sob os aspectos de
praticidade, conforto físico e psíquico por meio de: melhoria no processo de trabalho,
melhores condições no local de trabalho, modernização de máquinas e equipamentos,
melhoria no relacionamento entre as pessoas, alteração no ritmo de trabalho, ferramentas
adequadas, postura adequada, etc.
45
CAPÍTULO 2: SÍNTESE DA LEGISLAÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
1. INTRODUÇÃO
46
verbal, o profissional estará a descoberto, pois não terá como provar que não se omitiu,
comunicando a quem de direito, a necessidade do cumprimento de norma legal.
É ideal que tal comunicação seja feita por escrito, informando o que está ocorrendo,
o nível do risco, as medidas a serem adotadas, bem como as responsabilidades da empresa e
de seus prepostos pelo não cumprimento, em duas vias, se em forma escrita comum, com o
aposto de recebido, ou por meio eletrônico de forma com que se consiga comprovar
envio/recebimento de mensagem. Com isso, transfere-se a responsabilidade pelo infortúnio
que vier a acontecer em função do não atendimento às suas recomendações.
Tem-se como direito básico do trabalhador o de receber salário, definido por
força de um contrato por estipulação legal, em contraprestação ao serviço prestado.
Todavia, é importante ressaltar que o trabalho é um meio de ganhar a vida e não de
perdê-la.
O empregado, que tem um valor inestimável, não pode ser comparado a uma
máquina, e por tal razão, deve receber mais atenção e cuidados por parte do empregador.
No entanto, o Brasil ocupa uma posição de destaque na lista dos maiores quando se fala
em acidentes de trabalho. Isto reflete o despreparo de nossos trabalhadores e,
principalmente, o descaso dos proprietários que preferem um maior lucro que investir
em segurança e treinamento.
Infelizmente, as indenizações e pensões vitalícias, pagas em função do acidente
no trabalho, na grande maioria das vezes, são o único motivo que convence os
empresários menos atentos, a zelar pela integridade física de seus empregados, até
mesmo porque, a garantia do pagamento das indenizações está no patrimônio do
devedor.
Enquanto não se adotarem medidas efetivas de prevenção dos acidentes de trabalho
e das doenças ocupacionais, o Brasil continuará batendo recordes de infortúnios, com
elevados gastos para a Previdência Social. Uma efetiva fiscalização por parte do Poder
Público tem reduzido os número de acidentes, a partir da tentativa de uma mudança de
mentalidade - prevenir, e não remediar.
A atuação da lei, imputando ao empregador a obrigação de indenizar o trabalhador
sempre que este vier a sofrer danos em razão do trabalho, é uma forma de tentar reduzir o
número de acidentes, porém insuficiente, pois não melhora a vida do indivíduo lesado: a
principal mudança a ser feita é a cultural.
Por tudo isso, o investimento nas condições de segurança do trabalhador propicia
reflexos em várias vertentes, sendo elas: pagamento dos adicionais de insalubridade e
periculosidade, ações trabalhistas e cíveis, taxa do seguro de acidente do trabalho, além de
benefícios indiretos como qualidade de vida no ambiente de trabalho, aumento do
rendimento e principalmente satisfação da necessidade básica de segurança.
2. CONCEITOS
JUSTIÇA: É a virtude moral pela qual se atribui a cada indivíduo o que lhe compete.
47
NORMA - do grego: gnorimos = esquadro - É tomado na linguagem jurídica como regra,
modelo, paradigma, forma ou tudo que se estabeleça em lei para servir de pauta ou padrão
na maneira de agir.
LEI
Derivado do latim lex, de legere = escrever.
48
HIERARQUIAS DA LEI
CF – Constituição Federal
CLT – Consolidação das Leis CF
do Trabalho
CCB – Código Civil Brasileiro
CPB – Código Penal Brasileiro
CLT, CCB,
ABNT – Associação Brasileira
CPB, outros
De Normas Técnicas
outros.
NR – Normas Regulamentadoras
NT – Normas Técnicas
PORTARIAS
NR & NT DA ABNT
2.1.2 OBRIGAÇÃO. É o vínculo jurídico nascido da lei ou de ato da vontade que obriga
alguém a dar a fazer ou a não fazer alguma coisa economicamente apreciável em
proveito de outrem.
2.1.3 ATO ILÍCITO. É o ato contrário ao Direito O mesmo que ato antijurídico. Ação ou
omissão que, consoante disciplinado pelo direito positivo implica em uma invasão
da esfera jurídica de outra pessoa e que por conseguinte dá legitimidade jurídica a
uma oposição com as correspondentes sanções civis (ressarcimento por exemplo) ou
penais.
49
penal que não é prevista na lei como crime A contravenção é comumente
denominada de "crime anão".
2.1.7 IMPRUDÊNCIA. É uma atitude em que o agente atua com precipitação, sem
cautelas, não usando de poderes inibidores. Ex.: O empregador que determina a um
empregado não qualificado que opere uma determinada máquina perigosa.
2.1.10 DOLO. É a vontade dirigida ao resultado delituoso, isto é, querer este resultado
(dolo direto) ou assumir o risco de produzi-lo (dolo eventual) É a mais grave das
formas de culpabilidade.
2.1.11 CRIME CULPOSO. Diz-se que o crime é culposo quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligencia ou imperícia.
2.1.12 CRIME DOLOSO. Ocorre quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.
50
2.1.16 RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL. É aquela atribuída ao profissional no
exercício de determinada função, cargo, emprego, trabalho ou serviço.
Art. 6°. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados na
forma desta Constituição.
Art. 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXII – Redução dos riscos inerentes aos trabalhos por meio de normas de saúde,
higiene e segurança do trabalho;
XXVIII - Seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado quando incorrer em dolo, ou culpa;
“Aplicando-se ao tema acima, se o empregado sofrer um acidente do trabalho, tem
direito a ser indenizado pelos danos materiais e morais, mas esta indenização é feita
sob a forma de seguro social, e pela mesma responde a instituição previdenciária.
Mas o empregador pode também ser responsabilizado, e responder de forma
concorrente com o INSS, se incorrer em dolo ou culpa. Neste caso, a
responsabilidade concorrente do empregador é subjetiva e não objetiva. Em suma,
pelos infortúnios do trabalho, a responsabilidade do órgão previdenciário é objetiva,
e, na hipótese de cumulação do ressarcimento dos danos, por parte do empregador, a
responsabilidade deste é subjetiva”.
51
Art. 36, § 6°. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
“Na teoria do risco, ou da responsabilidade objetiva, não tem relevância à intenção,
à vontade, a consciência, ou o modo de atuação do agente, mas apenas a verificação
da causa e do efeito, ou seja, a relação de causalidade entre a ação lesiva e o dano
causado. Registre-se, de passagem, que a responsabilidade civil do Estado é
objetiva, nos termos acima, da Constituição federal, com as pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviços públicos”.
52
d) o dolo ou culpa do agente causador.
Esta culpa, por ter natureza civil, se caracterizará quando o agente causador do dano
atuar com negligência ou imprudência, através da interpretação da primeira parte do art.
186 do Código Civil.
Do referido dispositivo normativo supra transcrito, verificamos que a obrigação de
indenizar (reparar o dano) é a conseqüência juridicamente lógica do ato ilícito, conforme se
infere o artigo 927 do Código Civil.
Entretanto, hipóteses há em que não é necessário ser caracterizada a culpa. Nesses
casos, estaremos diante do que se convencionou chamar de "responsabilidade civil
objetiva". Segundo tal espécie de responsabilidade, a conduta do agente causador do dano,
conquanto dolosa ou culposa, é irrelevante juridicamente, haja vista que somente será
necessária a existência do elo de causalidade entre o dano e o ato do agente, para que surja
o dever de indenizar.
As teorias objetivistas da responsabilidade civil procuram encará-la como uma mera
questão de reparação de danos, fundada diretamente no risco da atividade exercida pelo
agente. O nosso vigente diploma material civil abraçou a teoria subjetivista,
conforme se infere de uma simples leitura do referido art. 186 e 187, que fixa uma regra
geral da responsabilidade civil. Entretanto, as teorias objetivas não foram de todo
abandonadas, havendo diversas disposições esparsas que as contemplam.
53
os riscos do empreendimento, sob pena de ficar caracterizada a culpa in contraindo ou
culpa in eligendo. Ademais, deve ser vigilante para fiscalizar com rigor a cumprimento do
contrato e dos direitos trabalhistas, especialmente, das normas de segurança dos
trabalhadores, sob pena de ficar caracterizada por sua omissão a culpa in vigilando.
A empresa é responsável pela adoção e uso de medidas coletivas e individuais de
proteção e segurança da saúde do trabalhador.
Constitui contravenção penal, punível com multa, o descumprimento por parte das
empresas das normas de segurança e de higiene do trabalho.
O Seguro de Acidentes de Trabalho é custeado tão somente pelo empregador em
valores variáveis (1,2 ou 3% sobre a folha de salários) e, no caso do financiamento da
aposentadoria especial, as alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos
percentuais, respectivamente, se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa
ensejar a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de
contribuição (art. 202, do Decreto 3048/99).
Em resumo, a caracterização da responsabilidade civil do empregador ocorre
quando:
a) o acidente é fato humano que causa um dano;
b) configura-se como violação a um direito da vítima;
c) noção de dolo ou culpa do empregador, por ação ou omissão deste.
54
Os graus de culpa são: grave, leve levíssima.
A culpa da vítima não exclui a culpa do agente, o agente só não responde pelo
resultado se a culpa é exclusiva da vítima.
De acordo com o artº 121 do Código Penal – "Matar alguém – pena: reclusão de seis
a vinte anos" Em seu parágrafo 4º define o homicídio culposo qualificado e dentre as quatro
hipóteses previstas, cita a não observância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.
Por outro lado, o código penal isenta aquele que cumpre ordem de superior
hierárquico, desde que não seja manifestadamente ilegal.
Neste caso, somente o superior será punido, contudo é necessário que o executor da
ordem se ache em dependência funcional a quem dá a ordem. A ordem deve vir de pessoa
habilitada para dá-la, bem como se enquadrar dentro das atribuições do destinatário e o
autor imediato não devem exceder ao que lhe foi ordenado – se o fizer, responderá pelo
excesso. Contudo, se o subordinado reconhece a ilegalidade da ordem e a cumpre, não se
exime da pena; haverá co-autoria em fato delituoso.
Devem-se acautelar, portanto, os engenheiros e técnicos de segurança, os médicos e
enfermeiros do trabalho, os supervisores, os mestres-de-obras, os superintendentes,
diretores, cipeiros e todos aqueles que têm sob sua responsabilidade trabalhadores, vítimas
potenciais de acidentes, no tocante a rigorosa observância das normas de segurança e
higiene do trabalho, impedindo a execução de atividade em que haja possibilidade de
eventuais acidentes, comunicando por escrito ao superior hierárquico os perigos detectados,
fazendo inseri-los nas atas das CIPAS, munindo-se de testemunhas, com o fito de
demonstrar que agiram com as cautelas necessárias e que não se omitiram no cumprimento
de seu dever profissional.
55
Deverá ser provado pelo autor da demanda.(ônus probaldi).
• Existência de dano: Dano é a lesão (destruição ou diminuição) que, devido a um
certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em qualquer interesse ou bem
jurídico, moral ou patrimonial.
Toda responsabilidade consiste na existência de um dano; pois é claro que só pode
existir indenização se tiver existido prejuízo. Isto se dá porque a responsabilidade resulta
em obrigação de ressarcir. O dano deve ser certo, sendo necessária a prova real e concreta
dessa lesão.
Art 3º. Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto Lei Nº. 4.657, de 04 de setembro de
1942).
Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito, ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
“O ato ilícito, que agride a ordem jurídica, viola direito subjetivo individual,
causando dano patrimonial ou moral a outrem, gera para quem o praticou o dever de
indenizar o prejuízo.”
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
“Este dispositivo alude ao abuso de direito, ao exercício regular do direito, que,
igualmente, é ilícito, gera o dever de indenizar”.
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
“O novo Código Civil traz uma inovação importante, onde a teoria da
responsabilidade civil evoluiu de um conceito em que se exigia a existência de
culpa, para a noção de responsabilidade sem culpa, fundamentada no risco, Então,
se o trabalho é desenvolvido numa empresa em que o risco é inerente à atividade
(um fábrica de explosivos, por exemplo), a responsabilidade do empregador é
objetiva. Para que o empregado seja indenizado pelos danos que sofrer, não terá de
provar culpa do patrão, bastando que demonstre o nexo de causalidade, isto é, que o
dano foi conseqüência do próprio trabalho que desenvolvia”.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir ou por ocasião dele.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluto ou
56
relativamente incapaz.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal; não se podendo questionar
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se
acharem decididas no juízo criminal.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a
herança.
Art. 948. A indenização no caso de homicídio consiste:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da
família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em
conta a duração provável da vida da vitima.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu oficio
ou profissão, ou se lhe diminua o valor do trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá uma pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que este
sofreu.
57
Doença profissional é aquela que tem no trabalho a sua única causa. Surge,
portanto, somente no ambiente de trabalho, em função de sua insalubridade. São exemplos
a silicose, doença adquirida pela aspiração de poeira de pedra, ou a tenossinovite,
inflamação da bainha de tendão.
O acidente de trabalho típico caracteriza-se pela ocorrência súbita e pelo resultado
imediato, o que o difere das doenças, cujo resultado é mediato e caracterizado pela
progressividade.
O artigo 21 da Lei nº. 8.213/1991, traz ainda os chamados acidentes por ficção
legal, ou seja, segundo o § 1º do artigo 21 citado, os períodos destinados à refeição ou
descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do
trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Assim,
qualquer acidente ocorrido nesses períodos será considerado acidentes de trabalho.
58
Em 1991, com o advento da Lei nº. 8.213/1991, que tratou principalmente dos
planos de benefício de previdência social, os legisladores da época criaram um tipo penal
especial, no artigo 19 § 2º da referida lei, com a seguinte redação:
Art. 19.
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as
normas de segurança e higiene do trabalho.
É lamentável que no país seja necessária a intervenção do Direito Penal, criando
uma norma especial com este conteúdo, para obrigar os empresários e seus agentes a
cumprirem normas de segurança, demonstrando a necessidade de recrudescimento do
Estado no combate às irregularidades. Soluções mais civilizadas deveriam seguir pelos
rumos da tomada de consciência dos empresários, valorizando os trabalhadores. O mercado
moderno, com suas exigências, já não aceita posturas negligentes, que impliquem em
exploração do trabalho humano.
59
podiam e deviam agir.
60
A teoria do risco profissional, fundamentada na prévia aferição dos riscos e nas
obrigações provenientes do contrato de trabalho.
O risco profissional vem a ser o risco inerente a determinada atividade, sem que se
leve em conta à culpa do patrão ou do empregado. Em caso de infortúnio, a indenização é
paga como verdadeira contraprestação àquele que se arriscou na sua profissão, aquele que
suportou os incômodos desse risco. Por outro lado, o patrão aceita os riscos oriundos da
prestação de serviços, sem pesquisar a eventual culpa do trabalhador por ocasião do
acidente. Quem se beneficia com as vantagens, deve sofrer também os incômodos.
No direito trabalhista, o ressarcimento não se apresenta tão completo como no caso
de indenização pelo direito comum. O risco não cobre todo dano causado pelo acidente. As
várias incapacidades que podem sobrevir ao trabalhador, parciais ou totais, temporárias ou
permanentes, são previamente catalogadas, classificadas e tarifadas, em bases mais módicas
e razoáveis. A responsabilidade do patrão jamais ultrapassará as cifras antecipadamente
previstas. Essa responsabilidade é assim parcial e limitada. Esta é a razão pela qual, em face
do risco profissional, não se concede ao acidentado direito de optar pela indenização do
direito comum, tendo ele de se conformar com a outorgada pela legislação especial.
Pela teoria do risco profissional, esse risco é compartilhado pelas duas partes – a do
patrão e do empregado. Assim, o trabalhador ganha e perde ao mesmo tempo. Ganha
porque obtém indenização nos casos em que não há culpa do patrão e perde porque a
indenização previamente tarifada é menor do que a qual faria jus pelo direito comum. E
inversamente, o patrão também ganha e perde.
Contudo, com a nova tendência da teoria do seguro social, ou seja, com a passagem
do acidente do trabalho para o âmbito da Previdência Social, o trabalhador assegurou-se do
recebimento da prestação, enquanto perdure sua incapacidade para o trabalho.
Na área urbana, o empregador tem sob seu encargo, o pagamento do dia do acidente
e os primeiros quinze dias subseqüentes, sendo que na área rural, restringe-se apenas ao dia
do acidente. Os demais ficam a cargo da Previdência Social.
São independentes as ações de natureza civil, a de natureza penal e a de acidentes de
trabalho, ou seja, a indenização acidentaria não exclui a do direito comum, em caso de dolo
ou culpa grave do empregador. Tudo o que ocorrer dentro do risco normal do trabalho é
matéria puramente acidentaria. Aquilo que extravasa o simples risco profissional, cai no
domínio da responsabilidade civil, envolvendo a empresa, o patrão ou seus prepostos. É
presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.
Art. 3°. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não-
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos
adquiridos de seus empregados.
Art. 155. Incumbe ao órgão de âmbito nacional (Secretaria de Segurança e Saúde no
Trabalho SSST/MTb) competente em matéria de segurança e medicina do trabalho:
I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos
preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200;
61
II – coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais
atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o território
nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho;
III – conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de oficio, das
decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e
medicina do trabalho.
Art. 156. Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos limites de
sua jurisdição:
I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e
medicina do trabalho;
II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste
Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam
necessárias;
III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes
deste Capítulo, nos termos do art. 201.
Art. 157. Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a
tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
Art. 158. Cabe aos empregados:
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho. inclusive as
instruções de que trata o item II do artigo anterior;
II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.
Parágrafo único. Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II
anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.
Art. 161. O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço competente
que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento,
setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão, tomada
com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para
prevenção de infortúnios de trabalho.
§ 1°. As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às
medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho.
§ 2°. A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço competente
da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho ou por
entidade sindical.
§ 3°. Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados
recorrer no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente em matéria
de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito suspensivo ao
recurso.
62
§ 4°. Responderá por desobediência, além das medidas penais cabíveis, quem,
após determinada a interdição ou embargo, ordenar ou permitir o funcionamento do
estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou equipamento, ou o
prosseguimento de obra, se, em conseqüência, resultarem danos a terceiros.
§ 5°. O Delegado Regional do Trabalho independente de recurso, e após laudo
técnico do serviço competente, poderá levantar a interdição.
§ 6°. Durante a paralisação dos serviços em decorrência da interdição ou
embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício.
Art. 201. As infrações ao disposto neste Capítulo (Cap. V do Título da CLT, artigos 154 a
201), relativas á Saúde do Trabalhador serão punidas com multa de 630,475 a 6.304,475
UFIR, e as concernentes à Segurança do Trabalho com multa de 378,2847 a 3.728,8471
UFIR.
Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização,
emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a multa será aplicada em
seu valor máximo.
Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso correspondente à
relação de emprego.
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo da atividade da sociedade
cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e
os tomadores de serviços daquela.
Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações
derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia aos empregados, o direito
de reclamação contra empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por
parte do primeiro.
Parágrafo único: Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil,
ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção e importâncias a este devidas, para a
garantia das obrigações previstas neste artigo.
Art.448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os
contratos de trabalho dos respectivos empregados.
63
implantados, mais com fins de colocação de seu familiares, ou por pessoal com formação precária,
produto no mercado e qualificação. Tendência a provinda dos próprios quadros da fábrica.
atuação com recebimentos e entrega em "just-in- Não há ordens de serviço formais. Relacionamento
time", com o mínimo estoque possível. direto com proprietário da empresa, variando
Tendência à terceirização crescente de atividades enormemente, desde autoritarismo evidente até
penosas e insalubres, mesmo se atividades-fim da atitudes de paternalismo mascarando condições
empresa, com utilização de mão de obra temporária, precárias de trabalho.
firmas de seleção e "aluguel" de mão de obra, Não há informações sobre os riscos. Prevenção
incluindo falsas cooperativas montadas por baseada, no máximo, em EPI, sem critérios de uso ou
encomenda. substituição.
Ênfase nas ordens de serviço detalhadas sobre Métodos de trabalho pouco criteriosos, com
produção e organização, proibições, punições e improvisações freqüentes.
obrigações, omitindo-se sobre conduta em doenças Resultados de exames médicos e avaliações
do trabalho; a adoção de medidas para eliminação de ambientais ficam com terceiros, muitas vezes nem
insalubridade e condições inseguras depende dos conhecidos pelos proprietários. Acompanhamento
interesses da produção, geralmente baseadas em EPI. sindical menos problemático em nossa experiência.
A informação sobre riscos do trabalho e sobre os
meios de preveni-los é parcial, especialmente sobre
as limitações dos EPI. Os resultados dos exames
médicos são guardados pelo SESMT e pouco
divulgados. Os resultados das avaliações ambientais
não são divulgados em geral. Não se permite, na
maioria das vezes, que representantes dos
trabalhadores acompanhem a fiscalização dos
preceitos em segurança e medicina do trabalho, com
a alegação jurídica genérica que o vice-presidente da
CIPA faria esse papel.
NR 2 – Inspeção Prévia
Determina que todo o estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação
de suas instalações ao órgão regional do MTb, e ainda, que a empresa deverá comunicar e solicitar a
aprovação do órgão regional do MTb, quando ocorrer modificações substanciais nas instalações e/ou
nos equipamentos de seu(s) estabelecimento(s), visando assegurar que suas atividades estão livre de
riscos de acidentes e/ou doenças do trabalho.
NR 3 – Embargo ou Interdição
Dar autonomia ao Delegado Regional do Trabalho, à vista de laudo técnico do serviço competente, que
demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, para interditar estabelecimento, setor de serviço,
máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão tomada, com a brevidade que a
ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de acidentes do trabalho e
doenças profissionais. É considerado grave e iminente risco toda condição ambiental de trabalho que
possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade física do
trabalhador.
64
Desinteresse e até desconhecimento da atividade de
terceiros e empreiteiras.
NR 8 – Edificações
Estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para garantir
segurança e conforto aos que nelas trabalhem.
Instalações amplas, modernas e limpas, bem Instalações precárias, pequenas, sujas,
sinalizadas, com firmas terceirizadas para desorganizadas, com crescimento vegetativo
conservação e limpeza. Plantas industriais bem aproveitando prédios vizinhos ou improvisações de
cuidadas e bem projetadas, inclusive nas ampliações instalações. Pisos irregulares. Condições de conforto
e modificações. Preocupações com a legislação sobre precárias.
meio ambiente e com sua imagem pública e na
65
comunidade.
NR 12 – Máquinas e Equipamentos
Normatizar a Instalação e área de Trabalho, de Máquinas e Equipamentos, observando-se os pisos dos
locais de trabalho, as áreas de circulação, os espaços e distância mínima, inclusive, dispositivos de
segurança de acionamento, partida e parada dos mesmos.
Nas empresas mais antigas, grande quantidade de Maquinários muitas vezes obsoletam inadequado em
equipamentos de grande porte obsoletos, com altos sua maioria, com improvisações, especialmente na
níveis de ruído e poluição atmosférica. manutenção e forma de uso. Utilização perigosa de
Nas empresas mais modernas, equipamentos de máquinas com partes móveis expostas e conexões
ponta, utilização de robótica, informatização de elétricas precárias.
controle de processos. Tendência ao uso de linhas de
montagem com pessoal não especializado. Horários
contínuos para aproveitamento ao máximo do
equipamento instalado.
Manutenção de boa qualidade, a cargo de pessoal
especializado.
66
Normatizar os projetos de construção, acompanhamento de operação e manutenção, inspeção e
supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão, inclusive os meios de controle e registros.
Equipamentos estratégicos, geralmente bem cuidados Equipamentos antigos, com grande poluição sonora e
e inspecionados, com operadores treinados. Casas de atmosférica, instalados junto à área de produção, com
caldeira projetadas para tal. manutenção precária e fora dos cronogramas
mínimos. Operação por pessoal prático, sem
treinamento para tal.
NR 14 - Fornos
Normatizar a construção de fornos, observando-se a utilização de revestimento de materiais refratário
de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de tolerância estabelecido na NR 15, devendo
ser instalados em locais adequados, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores.
Ver observações sobre Caldeiras, acima. Ver observações sobre Caldeiras, acima.
NR 17 – Ergonomia
Estabelece parâmetro que permite a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente, incluindo os aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de
materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria
organização do trabalho.
Trabalho voltado para a produção em série, com Trabalho ainda artesanal em algumas atividades,
ritmos intensos e linhas de montagem clássicas e porém com grande utilização de força física. Menor
organização rígida do trabalho. Escamoteamento das exigência de tempo e maior variabilidade postural e
condições de risco ergonômico como posturas pouco de tarefas.
naturais, ritmos com cadências elevadas, altas Organização do trabalho mais flexível.
exigências de produção, inflexibilidade de tempo,
monotonia, repetitividade, ortostatismo prolongado.
Análises ergonômicas baseadas em estudos de
tempos e métodos, de interesse da produção, não
participativas. Grande número de casos de
LER/DORT no INSS, na Justiça e retornados na
própria fábrica.
67
CONSIDERAÇÕES GERAIS CONSIDERAÇÕES GERAIS
As condições de meio ambiente de trabalho na
indústria da construção sofreu, ao longo desses Mesmo nas pequenas e médias empresas essas
últimos 10 anos, significativa melhoria, embora, mudanças puderam ser observadas, talvez, não por
muito ainda tem a caminhar. iniciativa própria destas, mas, para se adequarem às
exigências de suas contratantes. Geralmente são
Apresentam grandes investimentos em publicidade e subempreiteiras e, raramente, assumem o papel da
imagem. construtora principal. Quando ocorre tal fato, com
Tendência de acompanhar os avanços tecnológicos. raras exceções, a situação das condições do meio
Nesse sentido, nós agentes da Fiscalização, já ambiente deixa a desejar.
encontramos certas dificuldades da aplicação da NR-
18, quando da fiscalização de novos métodos No entanto apresentam baixa capacidade de
construtivos. investimento, gerenciamento amador, Ignoram
Como exemplo citamos: que sentido faz a exigência qualquer sistema de gestão e apresentam grande
da instalação das bandejas (principal ou inércia às alterações e avanços tecnológicos.
intermediárias) em prédios de estrutura metálica ou
placas de concreto? E quanto aos equipamentos
importados que não se adequam à nossa norma?
Quais são as alternativas possíveis, nesses casos?
68
definição do responsável por sua
implementação e sua implementação
propriamente dita;
falta de auditorias da execução das medidas
propostas.
SESMT, centralizado, com razoável autonomia, mas, Ausência de profissionais especializados ou, no
sem participação efetiva nos processos de trabalho. máximo, um Técnico de Segurança do Trabalho,
para percorrer, esporadicamente, as diversas obras.
CIPA, centralizada, simplesmente para o Na grande maioria inexistente, quando existente é
cumprimento da exigência legal: pouco ou quase fictícia.
nenhuma participação e acompanhamento nos
canteiros. Preocupação em cumprir o calendário, nas
reuniões periódicas nos canteiros e com a
participação dos empreiteiros, apenas, para
cumprimento das formalidades legais.
EPI - Enfoque principal, ainda, está no treinamento e Exceção àquelas gerenciadas por grandes
uso adequado, dos mesmos. No PCMAT ignoram construtoras, não há algum controle sobre
completamente o item especificações técnicas desses fornecimento, o uso adequado e a reposição quando
equipamentos. necessário. No entanto, a grande maioria, apresenta
Grande fiscalização e cobrança dos empreiteiros e a ficha de entrega e de treinamento. Tal situação é
subempreiteiros, principalmente, naquelas empresas freqüentemente encontrada nas empresas que atuam
que atuam nas fases de acabamento. na fase de acabamento (instalação elétrica,
A manutenção desses equipamentos é muito hidráulica, gesso, pinturas, etc).
deficiente. Também, não muito raro, o desconto do valor dos
EPIs no salário dos empregados.
PCMSO elaborado por profissionais que nunca Dependentes de profissionais autônomos ou
pisaram num canteiro de obras. Normalmente assessorias de clínicas que disputam o menor preço
efetuado no escritório, completamente dissociado da por paciente. Emitem atestados de aptidão vagos e
realidade dos locais de trabalho e, desta forma, os com incorreções diversas.
riscos raramente são identificados. Normalmente o médico atesta a inexistência dos
riscos.
Quando esse serviço médico faz parte do SESMT, as
propostas são baseadas no PPRA. Nota: a questão dos PCMSO e ASO, na construção
Exames admissionais ou periódicos, normalmente, civil, é tão precária, que muitos AFTs, até os exige,
são resumidos aos exames clínicos e, quando muito, mas, evitam qualquer análise.
audiométricos.
Muitos ASO são assinados, previamente, em branco,
Não é raro encontramos ASO onde o médico atesta, e que serão preenchidos, posteriormente, pelos
não importa qual a atividade exercida, riscos administrativos, nas obras.
inexistentes. Alguns casos já fora encaminhados ao CRM, mas,
sem nenhum resultado satisfatório.
NR-08 Para as sedes (escritórios): Instalações amplas Sedes: Instalações pequenas, mas com toda
modernas e limpas. infraestrutura necessária.
Nos canteiros: toda infraestrutura: (telefone, fax, Canteiros: as condições variam em função das
computador, etc). condições oferecidas ou exigidas dos contratantes.
Quando sob sua responsabilidade, geralmente as
condições são precárias, principalmente as áreas de
vivências.
O PPRA normalmente é pelo SESMT e está, em tese, Elaborado por profissionais autônomos ou empresas
“contemplado” no PCMAT. de assessoria, cujo único contato entre o profissional
São realizadas algumas avaliações dos riscos e a situação a ser analisada, se dá, no escritório ou
ambientais, mas, são avaliações pontuais, sem com o contador da empresa.
69
representatividade da realidade das exposições em São documentos padrões que mudam apenas o
termos de dose, ciclo de trabalho, tipos de atividade e endereço da obra. Alguns destes, até esquecem de
fases da obra. fazê-lo. Nenhum levantamento quantitativo.
São raras ou inexistentes as propostas de medidas de Normalmente são engavetados nos canteiros sem
controle, além da utilização de EPIs. nenhuma utilidade.
Como diriam os advogados, é INSPRESTÁVEL.
Mesma situação para os PCMSO e, quando são
elaborados, para os PCMAT.
NR-10 nos Canteiros: São provisórias, executadas Nos canteiros: Idem suas observações.
por profissionais qualificados, no geral, são boas. Salvo quando gerenciada por uma grande
Mesmo assim ainda se encontram “gambiarras” e a construtora.
falta de aterramento elétrico de máquinas e
equipamentos é freqüente.
Grande quantidade e diversidade de máquinas e A situação é idêntica nas pequenas empresas, porém,
equipamentos pesados, com emissão de altos índices com dois agravantes:
de ruído, principalmente nas fases de escavação e
fundação. Esses equipamentos, normalmente •muitas delas, ainda, utilizam equipamentos
pertencem às empresas contratadas e não há algum arcaicos e/ou quase artesanais, com improvisações
controle, da contratante, sobre os programas de freqüentes e manutenção inexistente.
manutenção.
70
Talvez, até pelo desconhecimento dos riscos a que
estão expostos: calor, umidade, ruído, vibrações,
agentes químicos diversos e poeiras – minerais ou
incômodas.
Apesar das posturas desfavoráveis, repetitividade, Completo desconhecimento sobre avaliação e
esforços físicos elevados e, até monotonia, constata- controle e, na maioria das vezes, até da palavra –
se, através dos programas PCMAT, PPRA e PCMSO, ERGONOMIA
a completa omissão sobre a matéria.
O principal fator para tal omissão, ao nosso
entendimento, é o desconhecimento do assunto, da
maioria dos profissionais que elaboram esses
programas. Em alguns casos há citações genéricas de
“posturas inadequadas”.
Nas fases de escavação e fundação, principalmente, Mesma situação de exposição, mas, muitas vezes,
os trabalhadores se expõem a toda sorte de intempérie são agravadas pelo descaso das condições de
(frio, calor, vento, umidade), além das condições conforto,
ambientais de exposição ao ruído e poeiras. Nas
demais fase as condições de intempéries são mais
amenas.
Não há medias de controle para a situação da
exposição, mas, há certa preocupação nas condições
sanitárias.
No nosso entendimento o grande empreendedor da Valem as mesmas observações para NR8 quando
construção civil começa a tratar o operário do setor gerenciadas por grandes empresas.
como cidadão. Mesmo assim ainda é um grande
“gargalo” do setor. Quando sob sua responsabilidade geralmente as
condições são precárias, e valem as mesmas
As instalações são, com algumas exceções, no geral observações relativas às demais indústrias.
boas, Normalmente, há um responsável, no canteiro,
só para serviços manutenção e limpeza das áreas de A presença de funcionários alojados, embora em
vivência. Em alguns casos até oferecem áreas de menor escala, ainda é comum. Na maioria dos casos
lazer em precárias condições.
Os alojamentos, atualmente, são raros e estão
caminhando para a total abolição.
Raras são as empresas que se preocupam com as Nenhuma preocupação uma vez que, geralmente não
questões do meio ambiente. são os responsáveis pelo empreendimento. .
Tampouco os resíduos do setor são motivo de
preocupação da comunidade em geral.
A principal preocupação com a legislação ambiental
é, em alguns casos, a questão do corte de árvores.
NR 19 - Explosivos
Normatizar os procedimentos para: Depósito, Manuseio e Armazenagem de Explosivos.
Ver observações sobre as NRs 13 acima. Ver observações sobre as NRs 13 acima.
71
condições de ventilação, utilização mais segura de poeiras minerais, ruído e produtos químicos, além de
explosivos, riscos elétricos diminuídos por grande penosidade por trabalho em subterrâneos, sob
manutenção adequada, transporte motorizado. calor intenso, baixas concentrações de oxigênio ou
umidade intensa.
NR 25 – Resíduos Industriais
Normatizar os procedimentos a serem adotados para os resíduos industriais (gasosos, líquidos e sólidos)
dos locais de trabalho, bem como os produzidos por processos e operações industriais.
Preocupações constantes com a legislação ambiental Nenhuma preocupação específica, a não ser quando
e com a imagem pública têm melhorado as questões há questionamento judicial ou administrativo por
de resíduos industriais nas grandes empresas, com parte da vizinhança ou dos órgãos públicos. Resíduos
efluentes e emanações controladas por filtros e tóxicos a céu aberto, contaminação de cursos d'água e
tratamentos. rede pluvial.
NR 26 – Sinalização e Segurança
Fixar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando
os equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas nas
indústrias para a condução de líquidos e gases, e advertindo contra riscos.
Ver comentários sobre NR-8 Ver comentários sobre NR-8
NR 28 – Fiscalização e Penalidades
Disciplinar a fiscalização das disposições legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do
trabalhador, sendo efetuada obedecendo ao disposto nos Decretos n.º 55.841, de 15/03/65, e n.º 97.955,
de 26/07/89, no Título VII da CLT e no § 3º, do art. 6º, da Lei n.º 7.855, de 24/10/89 e nesta Norma
Regulamentadora.
72
Regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais, facilitar os primeiros-socorros
a acidentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores
portuários, bem como sua aplicabilidade.
Art. 19- Acidente do Trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VIl (produtor,
parceiro, meeiro e arrendatários rurais, garimpeiro, pescador artesanal e assemelhados) do
artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
ou a perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
§ 1° A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.
§ 2° Constitui Contravenção Penal, punível com multa, deixar a empresa de
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.
§ 3° E dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da
operação a executar e do produto a manipular.
§ 4° O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e
entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos
parágrafos anteriores conforme dispuser o Regulamento.
73
Art. 20- Consideram-se Acidentes do Trabalho, nos termos do artigo anterior as seguintes
entidades mórbidas:
I - Doença Profissional assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo MTPS.
II - Doença do Trabalho assim entendida a adquirida ou desencadeada em função
de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1° Não são consideradas como doenças do trabalho :
a) a doença degenerativa
b) a inerente a grupo etário:
c) a que não produza incapacidade laborativa:
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.
§ 2° Em caso excepcional constatando-se que a doença não incluída na relação
prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é
executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
acidente do trabalho.
Art. 21- Equiparam se também ao Acidente do Trabalho para efeitos desta Lei :
I - o acidente ligado ao trabalho que embora não tenha sido a causa única haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade
para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
conseqüência de :
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de
trabalho;
b) ofensa física intencional inclusive de terceiro por motivo de disputa relacionada com o
trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de
trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício
de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho :
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito:
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro
de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja
o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (Acidente de Trajeto
74
ou In Itinere)
§ 1° Nos períodos destinados a refeição ou descanso ou por ocasião da satisfação de
outras necessidades fisiológicas no local do trabalho ou durante este, o empregado é
considerado no exercício do trabalho.
§ 2° Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão
que resultante de acidente de outra origem se associe ou se superponha às conseqüências do
anterior
Art. 22- A Empresa deverá comunicar o Acidente do Trabalho à Previdência Social até 1°
(primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e em caso de morte de imediato à autoridade
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do
salário-de-contribuicao, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada
pela Previdência Social.
§ 1° Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou
seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria.
§ 2° Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio
acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou
qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.
§ 3° A comunicação a que se refere o § 2° não exime a empresa de responsabilidade
pela falta do cumprimento do disposto neste artigo.
§ 4° Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a
cobrança, nela Previdência Social, das multas previstas neste artigo.
Art., 42- A APOSENTADORIA POR INVALlDEZ, uma vez cumprida, quando for o caso,
a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxilio-doença
for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-Ihe-á paga enquanto permanecer nesta condição.
Art. 57- A APOSENTADORIA ESPECIAL será devida uma vez cumprida a carência
exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, conforme dispuser a Lei. (v. Decreto n° 2.172/97)
Art. 59- O AIJXÍI.IO-DOENCA será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando
for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho
ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
Parágrafo único - Não será devido o auxilio-doença ao segurado que se filiar ao
Regime Geral da Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como
causa para o beneficio, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão.
Art. 74- A PENSÃO POR MORTE será devida ao conjunto dos dependentes do segurado
75
que falecer, aposentado ou não, a contar da data de óbito ou da decisão judicial, no caso de
morte presumida.
Art. 86 O AUXÍLIO ACIDENTE será concedido, como indenização, ao segurado quando,
após a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza que
impliquem em redução da capacidade funcional.
§ 1° O auxilio-acidenie, mensal e vitalício, corresponderá a 50% (cinqüenta por
cento) do salário-de-benefício do segurado.
§ 2° O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
cidadão.
§ 3° O recebimento de salário ou concessão de outro beneficio não prejudicará a
continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
§ 4° Quando o segurado falecer em gozo do auxílio-acidente, a metade do valor
deste será incorporada ao valor da pensão se a morte não resultar do acidente do trabalho.
Art. 118- O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de
doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxilio-doenca acidentário, independentemente de percepção de auxilio-acidente .
Parágrafo único. O segurado reabilitado poderá ter remuneração menor do que a da
época do acidente, desde que compensada pelo valor do auxilío-acidente, referido no § 1°
do artigo 86 desta Lei.
76
Art. 120- Nós casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do
trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá ação
regressiva contra os responsáveis.
Art. 121- O pagamento, pela Previdência Social, das prestações por acidente do trabalho
não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem.
77
BIBLIOGRAFIA
BITTAR, Carlos Alberto, Responsabilidade Civil - Teoria & Prática, 2ª ed., Rio de
Janeiro, Forense Universitária, 1990
BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. V. 1. 7.ed. São
Paulo:Saraiva, 2002.
78
BRANDÃO, Cláudio. ACIDENTE DO TRABALHO E RESPONSABILIDADE CIVIL
DO EMPREGADOR. 1º. Edição. São Paulo. Editora LTr;
FRAGOSO, Heleno Cláudio, Lições de Direito Penal - A Nova Parte Geral, 7ª ed., Rio de
Janeiro, Forense,
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal: parte geral. V.1. 19. ed. São Paulo: Saraiva,1995.
Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil, vol. 7, 10ª ed., São Paulo, Editora Saraiva,
1996.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: parte geral. 2.ed. São Paulo:Editora
Revista dos Tribunais, 2000.
79