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CONFRONTO DOUTRINÁRIO

João de Oliveira

Digitalizado por: Ale.vera Santos


Editado e Revisado por: Escriba Digital
Índice

Prefácio........................................................................................... 4
Apresentação .................................................................................. 5
Introdução....................................................................................... 6
1. É bíblica a vocação ministerial do pastor .................................. 8
2. A ordem divina quanto ao sustento do pastor .......................... 12
3. Bebedores de vinho .................................................................. 16
4. O uso do véu à luz da Bíblia .................................................... 20
6. Coletas, dizimes e ofertas ........................................................ 29
7. Como e quando deve alguém ser batizado .............................. 33
8. A oração - como e quando deve ser feita ................................. 37
9. É bíblica a confissão de pecados em público........................... 42
10. A única regra que rege a igreja .............................................. 48
11. Pecado, arrependimento e perdão .......................................... 54
12. O pecado fora do corpo .......................................................... 59
Prefácio

"Confronto Doutrinário", que o leitor tem diante dos olhos, não é


uma obra volumosa, destinada a comentar assuntos que
requerem esclarecimentos mais amplos.
Contudo, este livrinho esclarece muitos pontos doutrinários
com os quais o cristão se defronta diariamente e que, por
parecerem tão simples, nem sempre se lhes dá a interpretação
certa.
O autor escolheu um determinado número de assuntos para
interpretá-los à luz da palavra de Deus, e o fez de forma prática e
clara, de maneira a ajudar o leitor a entendê-los com a simples
leitura das páginas deste livro.
Emílio Conde
Apresentação

Não era minha intenção, quando saíram d luz os primeiros


artigos sob a epígrafe "Confronto Doutrinário”, torná-los um
livro. Recebi, porém, incentivo da parte de vários colegas de
ministério, para que fossem os referidos trabalhos publicados em
um livro.
Assim, animado por esses apelos, resolvi, pela graça de
Deus e após o preparo de novos capítulos, lançar o presente
trabalho como boa semente na seara, esperando do Senhor os
resultados.
Confio em que Deus abençoará este livrete, a fim de que
sirva para esclarecimento de muitos, e para glória do nome do
nosso Mestre.
O autor
Introdução

Têm surgido ultimamente no campo do evangelismo muitos


entraves e perturbações causados pelo que, na Palavra de Deus, é
chamado de outra doutrina (1 Tm 6.3). Essas anomalias são
oriundas de um conjunto de erros introduzidos por falsos
doutrinadores das verdades bíblicas (1 Tm 1.20; 4.1-4; 2 Tm
2.14-18; Tt 1.9-15).
O mais lamentável é que, às vezes, até mesmo alguns
crentes sinceros, por causa dessas irregularidades, chegam ao
estado de desespero e ficam desapontados a ponto de vacilarem
quanto à fé e galardão que há em Cristo (2 Jo 2.8). Felizmente
isso não acontece com todos: aqueles que estão em Cristo, a
Rocha dos Séculos, não se abalam, pois, acerca deles está escrito
que as portas do Inferno não prevalecerão contra eles (Mt 16.18).
O apóstolo Paulo, já nos primórdios do cristianismo, teve de
lutar contra esses perturbadores, designados por "bestas", "cães",
"falsos obreiros", e "falsos apóstolos", o que demonstra
cabalmente o seu caráter (1 Co 15.32; 2 Co 11.13; Fp 3.2).
Portanto, não é de admirar que em nossos dias surjam
pessoas com as mesmas características e sentimentos
perturbadores.
Com a Bíblia aberta, não teremos dúvida em responder aos
que desejarem, sinceramente, receber luz, esclarecendo-os sobre
todos os pontos errados, doutrinas esdrúxulas e textos em que os
falsos doutrinadores se apóiam para semearem suas idéias.
Paulo declarou que ao servo do Senhor não convém
contender, e que devemos ser pacientes com todos, prontos a
ensinar. Por essa razão, desejamos não contender, mas ensinar e
esclarecer, conforme determina a Palavra do Senhor (1 Co 11.16;
1 Tm 4.6).
1
É bíblica a vocação
ministerial do pastor
"Cada um fique na vocação em que foi chamado" (1 Co
7.20).
O primeiro ponto que desejamos focalizar é o do título. Seja
qual for o ponto de vista que os homens defendam com relação à
vocação do obreiro, a chamada ministerial é genuinamente
bíblica, tem apoio tanto no Antigo como no Novo Testamento,
que mostram pessoas que deixaram tudo para obedecerem à
vocação divina e dedicarem suas vidas inteiramente ao serviço do
Senhor, quer se tratasse de profetas, reis ou sacerdotes (Êx cap. 3;
Nm cap. 17; 1 Rs 19.18-21; Is 6.6-9). No Novo Testamento, a
chamada dos servos de Deus está colocada num plano mais claro,
pois é ordenada por Cristo diretamente aos seus discípulos,
conforme se lê em Mateus 10.10; Lucas 10.2,3; João 21.15-17;
Efésios 4.11; Hebreus 13.7-17. Portanto, a vocação do obreiro,
isto é, do ministro, está apoiada na Palavra de Deus; por essa
razão é bíblica; é certa à luz da Bíblia.
É bom saber que essa vocação, essa chamada para o
ministério do Evangelho vem do próprio Deus e é sentida pelo
vocacionado, que é conduzido e guiado pelo Espírito Santo (At
13.1-4; 1 Tm 1.12; 3.2; 4.6). Não é exagero afirmar-se que onde
não há pastor, aí há somente meio ministério, pois faltando a parte
principal, o ministério está incompleto.
A vocação de pastor depende do Senhor, pois nenhum de
nós pode vocacionar outrem como pastor ou evangelista, porque o
dom e a vocação vêm de Deus. Podemos consagrar ao ministério
homens em quem reconhecemos a chamada divina, porém esse
ato não transforma tais pessoas em pastores, ou evangelistas,
automaticamente. O dom e a vocação que faz um verdadeiro
pastor não é o ato exterior de consagração ao ministério, é o
preparo que Deus outorga, é a graça e a unção que o Senhor
concede. A própria Palavra de Deus declara que o Senhor mesmo
"deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas e outros para pastores e doutores" (Ef 4.11). Tudo
isso de conformidade com o que está escrito: "Há diversidade de
ministérios" (1 Co 12.5).
Quanto ao êxito, isto é, consagração e dedicação à causa do
Senhor, pertence ao obreiro propor em seu coração realizar, fazer
a parte que lhe toca, voluntariamente, ama vez que Deus cumpre o
que promete. O exemplo que temos na Bíblia, a começar p r
Aarão, é de que o servo vocacionado dedica-se e esforça-se para
cumprir fielmente o ministério que lhe foi confiado. Consagração
quer dizer separação para determinado fim; neste caso, separação
é dedicação inteira e completa ao serviço do Senhor. Ora, não se
compreende que alguém se consagre à obra de Cristo e permaneça
preso e embaraçado com as coisas desta vida, isto é, com assuntos
alheios ao ministério (2 Tm 2.4).
Conforme acima citamos, há diversidade de ministérios.
Essa diversidade, porém, é o complemento de uma obra, pois não
existe diversidade para os servos de Deus se prejudicarem uns aos
outros.
O pastorado é um cargo distinto do presbítero. O presbítero
pode auxiliar no pastorado. No Antigo Testamento, os anciãos
auxiliavam Moisés na tarefa de conduzir o povo, mas não
prescindiam da presença e do ministério de Moisés.
Portanto, à luz da Palavra de Deus, o ministério de pastor é
bíblico, a vocação de pastor é bíblica, a chamada é bíblica, enfim,
foi o Senhor quem "deu uns para profetas..., pastores", etc. Tudo
isso está de acordo com a doutrina apostólica, de acordo com os
ensinos de Pedro e os demais apóstolos, e ninguém pode contestar
estes fatos com a Palavra de Deus.
Infelizmente, em muitos lugares, estão se manifestando
idéias e interpretações errôneas acerca do pastorado. Há
presbíteros que, desconhecendo a verdadeira doutrina, levantam-
se contra o ministério do pastor, depreciando a autoridade divina,
querendo usurpar o lugar do pastor, sobrepondo-se a qualquer
autoridade na igreja. Tais pessoas laboram em erro, estão em
desacordo com os ensinos da Bíblia, a qual mostra que cada
ministério tem seu lugar definido. Portanto, confrontando essas
doutrinas com a Palavra de Deus, torna-se evidente que o
ministério de pastor é bíblico, é uma instituição divina e tem a
aprovação de Deus, mesmo que alguns desordenados se insurjam
contra isso. Devemos desejar um ministério completo, de acordo
com as Escrituras. O apóstolo Pedro disse: "E quando aparecer o
sumo Pastor, alcançareis incorruptível coroa de glória" (1 Pe 5.4).
Ora, é lógico que, se há um sumo pastor, é porque há outros
pastores, se assim não fosse a linguagem bíblica seria diferente.
Ainda para reforçar este confronto de doutrinas e demonstrar que
é bíblico o que afirmamos, leiamos mais o que está escrito:
"Obedecei a vossos pastores" (Hb 13.17). Não é possível supor
que alguém tenha dúvida ou creia que aqui se trata do sumo
Pastor; não, trata-se pura e simplesmente daqueles que Deus
vocacionou, chamou e colocou na igreja para apascentarem o seu
rebanho. Neste confronto, fiquemos com o que ensinam as
Escrituras.
2
A ordem divina quanto ao
sustento do pastor
“Digno é o obreiro do seu salário" (1 Tm 5.18).

O segundo ponto do confronto doutrinário que estamos


apresentando é o do titulo. A Palavra de Deus é muito clara a esse
respeito, quando diz: "Digno é o obreiro do seu salário" (1 Tm
5.18).
O assunto de que tratamos neste capítulo merece um
esclarecimento maior, por ser de caráter controvertido,
principalmente entre certos grupos evangélicos que não aceitam o
ministério nem o pastorado na igreja tal qual é ensinado nas
Escrituras. Para combaterem o ministério do pastor, tais pessoas
se apóiam em alguns fatos e na forma como o apóstolo Paulo
procedeu em relação aos coríntios, sem, entretanto, atentarem
para o modo como agiu com outras igrejas. A fim de não ser
pesado aos coríntios, isto é, para favorecê-los, teve de receber de
outras igrejas, quiçá mais necessitadas. Paulo mesmo declarou aos
coríntios, ao sentir o espírito mesquinho e avaro de alguns:
"Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas
salário" (2 Co 11.8). Eis aí a reprovação do apóstolo ao egoísmo e
à avareza de alguns da igreja de Corinto, em cujo exemplo se
baseiam aqueles que rejeitam o sustento do pastor pela igreja.
Portanto, saibam esses que Paulo não apoiou tal ensino nem o
apoiaria em nossos dias.
O apóstolo recebeu salário de outras igrejas para servir aos
coríntios. A declaração que ele fez, condenando-lhes a atitude de
recusarem sustento aos obreiros, atinge também os desordenados
que, em nossos dias, possuem o mesmo espírito.
- Acaso não basta essa declaração tão explícita de Paulo
para provar que o obreiro é digno de sustento?
O argumento que apresentam os que não concordam no
sustento do ministério da igreja é que o obreiro deve trabalhar e
ganhar o pão com suor e esforço. - Ora, acaso o trabalho de
pastor, o seu constante interesse pela igreja, sua atividade
incessante para atender a tudo e a todos, não é ama função
espinhosa e dura a de suportar? Às vezes não é só o suor, são
também as lágrimas, o preço que o obreiro paga para servir a
Deus e à igreja (1 Co 9.26,27; Fp 2.17).
Note-se que Paulo, nesse caso de sustento de obreiros, não
louvou os coríntios; ao contrário, censurou-os. - Como, então,
proceder contra o ensino do apóstolo para justificar a recusa de
sustento ao obreiro? Quando Paulo expressou seu pensamento
acerca desse assunto em 1 Coríntios 9.6, deixou perceber que na
igreja de Corinto a avia obreiros remunerados. Esse pensamento
mais se acentua nos versículos 12 e 13 onde ele declara ter o
mesmo direito que outros têm de participar do sustento.
Se Paulo não recebeu sustento dos coríntios, foi por causa da
dureza e cegueira de alguns, mas teve de receber salário de outras
igrejas, teve de despojá-las para cuidar dos coríntios.
"Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas
salários", foi o que Paulo disse aos coríntios, quando alguns
manifestaram certas objeções. Essa declaração não deixa qualquer
dúvida quanto aos ensinos de Paulo acerca do sustento do obreiro,
e é completada por esta outra: "Assim ordenou o Senhor aos que
anunciam o Evangelho que vivam do Evangelho" (1 Co 9.14).
Não há argumentos nem suposições que destruam o que Paulo
ensinou. Se acaso Paulo não usou do direito que tinha de viver do
Evangelho, por causa da dureza de alguns, contudo, não cessou de
recomendar e ensinar que o obreiro é digno do seu salário (Mt
10.10-12; Lc 10.7; 2 Tm 2.4-6; Tt 3.13).
Por outro lado, o obreiro deve ocupar-se inteiramente do seu
ministério e consagrar-se ao serviço para o qual foi chamado: essa
é a vontade de Deus, porque agrada àquele que o chamou e está
de acordo com o que Paulo recomendou a Timóteo: "Ninguém
que milita se embaraça com os negócios desta vida, a fim de
agradar àquele que o alistou para guerra" (2 Tm 2.4). Ora, aquele
que se alistou para a guerra tem de dedicar sua atividade a esse
mister: não se pode ocupar com atividades estranhas. Assim
também o obreiro cristão: alistou-se para servir a Deus, não deve
dedicar-se a outros ministérios para não prejudicar a causa de
Cristo. Portanto, assim como o soldado recebe o sustento para
servir, o obreiro deve ser sustentado, a fim de poder dedicar-se
inteiramente à obra do Senhor.
O apóstolo Paulo usa uma comparação para ilustrar e
ensinar que o obreiro é digno de viver do seu trabalho, isto é, de
receber o sustento. Escrevendo a Timóteo, disse: “O lavrador que
trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos" (2 Tm 2.6). Com
isso, Paulo queria dizer que o obreiro que trabalha tem direito a
gozar do fruto de seu trabalho.
A ordem do Senhor ao povo de Israel foi no sentido de
trazer mantimentos à sua casa. É claro que a ordem visava à
abundância para aqueles que ministravam no templo, pois Deus
nada toma para si. Quando o povo deixou de obedecer à ordem do
Senhor, os sacerdotes deixaram o templo e foram trabalhar com
suas próprias mãos (Ne 10. 38,39: 13.10,11). Isso aconteceu
porque faltou o sustento aos obreiros, aos sacerdotes, aqueles que
ministravam. Por fim, mais uma comparação do apóstolo para
mostrar que o obreiro deve receber seu sustento: “Não ligarás a
boca do boi que debulha" É claro que Paulo se referia aos
obreiros.
Portanto, no confronto bíblico das doutrinas que alguns
desordenados pregam, é claro que a Palavra de Deus esclarece o
que muitos procuram obscurecer.
Portanto, não há dúvida quanto ao sustento dos obreiros ser
doutrina bíblica. Deus mesmo ordenou isso. Jesus Cristo
confirmou e os apóstolos proclamaram. De acordo com o que está
escrito, digno é o obreiro do seu salário.
3
Bebedores de vinho

Não vos embriagueis com vinho, no qual está a devassidão"


(Ef 5.18).
A abstinência é uma das grandes virtude proclamadas nas
Escrituras e os filhos Deus devem cultivá-la, para obedecer ao que
está escrito, e para honra e glória do Senhor (l Co 9.25).
O homem ou a mulher que persiste em beber vinho, quando
alguém condena biblicamente essa bebida e aponta os males que
pode causar, constitui-se advogado dos seguidores de Baco.
Argumentam erradamente que a Bíblia não condena o uso de
vinho, e que nela há exemplos de uso dessa bebida, e dizem, que
o crente deve usar o vinho como parte de sua alimentação; alegam
que Jesus Cristo transformou água em vinho, e que o apóstolo
Paulo aconselhou Timóteo a usar um pouco de vinho misturado
com água, por causa de enfermidade do estômago (1 Tm 5.24).
Esses fatos não podem, todavia, ser considerados uma porta
aberta à embriaguez. Convém conhecer, também, os trechos
bíblicos que condenam o uso do vinho como bebida forte. Só
depois de um confronto é que se deve julgar se é lícito ou é
perigoso acostumar-se a beber vinho.
A Bíblia condena o uso do vinho como geralmente é usado:
com elevado teor alcoólico; há vários tipos de vinhos, mas os
advogados do uso dessa bebida não querem ver a distinção que há
entre vinho e vinho. Todos sabem que o vinho é fruto da vide, e
pode ser conservado sem o álcool que embriaga. O suco da uva,
isto é, o vinho sem fermentação, é alimento: não embriaga, não
faz mal, não prejudica nem altera o estado mental do homem.
Esse é o vinho que alegra o coração do homem (SI 104.15) -
contentamento natural pela colheita abundante; não se trata de
embriaguez.
Entretanto, o vinho como bebida forte e perturbadora é
condenado nas Escrituras como veremos a seguir: "Mas também
estes erram por causa do vinho, e com bebida forte se
desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da
bebida forte são absorvidos pelo vinho" (Is 28.7; Os 4.11). "O
vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele
que neles errar, nunca será sábio" (Pv 20.1; 23.20,30,35; Is 5.20-
22; 23.29,30).
A advertência da Palavra de Deus é no sentido de nos
afastarmos da bebida forte, a fim de não sermos arrastados à
ruína. Conheço casos de pessoas que começaram por tomar um
pequeno cálice para "curar a gripe", mas o resultado foi à ruína.
Mas vejamos ainda o que a Palavra de Deus insiste em
declarar: "Não é próprio dos reis. ó Lemuel, não é próprio dos reis
beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte" (Pv 31.4).
No versículo acima, estão incluídos reis, príncipes, juízes,
sacerdotes, sábios e fariseus: eles não deviam beber bebida forte,
a fim de conservarem sempre lúcidas as faculdades de julgar,
pensar e agir. Os cristãos estão incluídos nessa recomendação,
pois eles também possuem certas responsabilidades, que é
necessário honrar. Tratando-se de obreiros de evangelho, é claro
que se devem abster de tudo quanto possa toldar a mente e
impedir a comunhão com Deus. O vício é pecado e todo o pecado
é iniqüidade (Is 59.2; 1 Jo 3.4).
O apóstolo Paulo inclui os bebedores na lista de pecadores,
sobre os quais depois escreveu: "Os que cometem tais coisas não
herdarão o reino de Deus" (G1 5.21). Ora, se a Palavra de Deus
declara que os obreiros devem ser exemplo dos fiéis, é claro que
não devem usar tais coisas (1 Tm 3.3-8; 4.12; Tt 1.7).
No dizer do profeta, "a incontinência, o vinho e o mosto
tiram a inteligência "(Os 4.11). - Ora, se o vinho tolda a
inteligência, como se justifica seu uso? Tenho ouvido alguns se
justificarem desta forma: "Eu bebo moderadamente, com
temperança". Mas tenho observado que tais pessoas não raro se
embriagam, apesar de afirmarem que bebem com método.
A primeira maldição que pesou sobre a terra foi causada
pela desobediência, isto é, pela transgressão à ordem divina, no É-
den, mas a segunda que a Bíblia registra, foi por causa do vinho
(Gn 9.20-26).
Neste confronto doutrinário poderíamos acrescentar muitos
outros argumentos da Bíblia em contraposição ao uso e costume
de alguns que vivem desordenadamente. Entretanto, apenas mais
um para encerrar o assunto deste capítulo: o rei Belsazar e seus
grandes, num banquete, em Babilônia, beberam vinho,
embriagaram-se, perderam a razão, deram louvores aos ídolos e
Deus ali mesmo lavrou a sentença de condenação desses
beberrões (Dn 5.1-31). A bebida forte não prejudica somente
aqueles que bebem: prejudica e desgosta os pais, é um mau
exemplo para os filhos; a bebida causa desgraças, incomoda
vizinhos. é um mal para a sociedade, é uma ameaça para todos.
Para o Evangelho, é desonra e vergonha, e causa de tristeza sem
fim. Os prejuízos econômicos que a embriaguez impõe são
elevados. Saúde abalada, dinheiro desperdiçado, famílias
arruinadas, vidas inutilizadas é o balanço trágico do holocausto
oferecido ao deus Baco, o vinho. Apenas uns poucos lucram na
transação: o taberneiro, Satanás e o Inferno. Foi por isso que
Isaías fez esta lamentação: "Ai da coroa de soberba dos bêbados
(Is 28.1). A alegria produzida pelo vinho dura pouco, porém os
males que causa perduram pela eternidade, pois o fim dos
bebedores é fora do Céu (1 Co 6.9,10). A recomendação da
Palavra de Deus é essa: “Não vos embriagueis com vinho, em que
há contenda, mas enchei-vos do Espírito (Ef 5.18).
Que Deus nos guarde do vício e do vinho! Amém.
4
O uso do véu à luz
da Bíblia
“Pois o cabelo lhe é dado [à mulher] em lugar do véu!" (1
Co 11.15).
O véu é uma das muitas peças do vestuário feminino; foi
muito usado nos tempos antigos entre os orientais, e ainda o é no
tempo atual.
Na Inglaterra e nos países do Norte da Europa, o que
predomina entre as mulheres é o uso do chapéu, até mesmo no
sentido religioso, como sinal de respeito.
Lendo atentamente a Palavra de Deus, encontramos que a
primeira mulher a usar véu foi Sara, mulher de Abraão; quem a
aconselhou, foi Abimeleque, isso como advertência, a fim de
evitar certos abusos (Gn 20.16).
O véu também era usado na presença de pessoas estranhas,
como sinal de respeito (Gn 24.65; Ct 5.7).
Contudo, o uso do véu, no tempo presente não pode ser feito
dogmaticamente como procedem alguns julgando que, dessa
forma, estão em melhores condições espirituais do que aqueles
que não usam um pedaço de pano sobre a cabeça. Para tratar deste
assunto seria necessário ir muito longe, a fim de demonstrar
àqueles que dogmatizam acerca do véu que há muitas coisas que
as mulheres no Antigo Testamento usavam, mas que hoje
ninguém mais usa. O véu era usado de outra forma, para cobrir o
rosto também. - Será que alguém usará o véu dessa forma, hoje?
Se escolhemos somente uma peça do vestuário antigo e
desprezamos o restante, parece-nos que pouco valor terá, senão
como ornamento.
Quando o apóstolo Paulo falou acerca do véu, no sentido
doutrinário, ele o fez como sinal de obediência e submissão da
mulher ao marido; esse sentido se percebe claramente nas
seguintes frases: "A mulher é a glória do varão" (1 Co 11.7);
"Deve a mulher ter o sinal de autoridade sobre a cabeça por causa
dos anjos." Tudo isso tem um fundo doutrinário muito apreciável
pois os anjos estão em plena sujeição e nada fazem sem permissão
de Deus (por isso estão com os rostos cobertos - Is 6.3). Assim,
também, deve a mulher trazer o sinal de sujeição sobre sua cabeça
- pois estando ela descoberta, desonra o próprio marido, ao qual a
mulher está ligada com inteira submissão e obediência (Rm 7.1-3;
Ef 5.22-24; 1 Pe 3.1-6).
- Mas qual seria, então, a situação da mulher solteira, visto
não ter marido para desonrar? Argumentará alguém: Neste caso,
certamente trata-se do próprio Cristo. O texto, porém, não dá
margem a essa interpretação. Paulo aqui trata exclusivamente da
mulher casada. Até mesmo no Antigo Testamento, quando a
mulher fazia um voto, só era obrigada a cumpri-lo quando o
marido era informado e consentia que a mulher o fizesse (Nm
30.6-8).
Se alguém quiser argumentar que Cristo e a cabeça da
mulher, está em desacordo com a Palavra de Deus, que diz mui
claramente ser Cristo o cabeça do varão, por isso sua cabeça não
pode ser coberta. Entretanto, sendo o homem cabeça da mulher,
então a cabeça dela deve estar coberta por causa do marido. O que
parece contradição no ensino de Paulo é exatamente a harmonia
do ensino. Por exemplo, no versículo 13 ele diz: "Julgai vós
mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?" Mas no
versículo 14 faz alusão ao cabelo, dizendo: "Não ensina a própria
natureza que se o homem tiver cabelo crescido, é para ele
desonra?" Entretanto, o complemento do assunto está neste
versículo: "Mas se a mulher tiver cabelo comprido, é para ela uma
glória, pois o cabelo lhe foi dado em lugar de véu" (1 Co 11.15).
Notem bem o que o apóstolo declara: "O cabelo lhe foi dado
em lugar de véu" (1 Co 11.15).
- Ora, se à mulher foi dado por Deus o cabelo em lugar de
véu, por que não deve ela dar preferência ao legítimo véu: o
cabelo, o véu que, além de honroso, é uma glória?
Neste confronto doutrinário desejamos fique bem claro o
que a Palavra de Deus diz acerca dos assuntos que focalizamos
em contraste com os costumes e tradições sem apoio bíblico. Se a
mulher tem o cabelo como véu que valor terá diante de Deus um
pedacinho de pano no alto da cabeça, tal qual fazem os povos
pagãos? Temos a certeza de que em muitos casos usam o véu
porque é costume, costume ensinado pelos homens, mas não têm
convicção do que estão fazendo. Melhor que tudo é obedecer ao
que está escrito, honrar a Palavra, usar cabelos em sinal de
obediência e fé, conforme doutrina o apóstolo Paulo.
No Brasil, as mulheres em geral desconhecem o uso do véu,
a não ser algumas da alta sociedade, assim mesmo não fazem por
motivos religiosos, mas por questões de moda, adicionando-o ao
chapéu para ficar mais vistoso. O véu, tal como alguns o usam
com fins religiosos, e que em certos casos é tão pequeno, que nem
cobre a cabeça, não pode dar qualquer virtude ou santidade, pelo
contrário, pode até encobrir pecados horrendos. (Ver Gênesis
38.14,15.)
O cabelo da mulher é parte indispensável de seu ornamento,
foi-lhe dado como um "diadema de glória" pelo Criador. E,
também, como já dissemos, sinal de submissão.
Quando Maria, irmã de Lázaro, ungiu os pés do Senhor
Jesus, certamente não trazia um pano na cabeça, pois se o tivesse,
com ele enxugaria os pés do Senhor, e não com os cabelos, como
aconteceu. Igualmente fez a mulher pecadora: em vez de enxugar
os pés do Mestre com um véu de pano, fê-lo com o "véu" natural:
o próprio cabelo.
Portanto, neste confronto, fica demonstrado que santidade
não vem pelo uso ou aplicação de ornamentos exteriores,
cobrindo a cabeça com um pano, mas cobrindo o coração com a
fé, com um espírito manso, com o sangue de Cristo (1 Pe 3.3-6).
5
O cristão e o ósculo

"Saudai a todos os irmãos com o ósculo santo";


"Permaneça o amor fraternal" (1 Ts 5.26; Hb 13.1).
Queiramos ou não, somos forçados a reconhecer que, para
existir a união fraternal, nada é mais necessário do que o amor:
nenhuma manifestação exterior, seja ósculo, seja lá o que for,
pode substituir o amor.
A vida vitoriosa dos primitivos cristãos foi exemplificada
pelo amor, e de tal maneira, que o odor de Cristo espalhou-se por
toda a parte: alcançou a Roma dos Césares, e conquistou as
multidões. Note-se que era o amor, e não os atos exteriores de
ósculo ou outros quaisquer, que prendia os corações.
Paulo fez esta observação acerca dos crentes primitivos:
"Porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que
tendes para com todos os santos" (Cl 1.4). Note-se que era o amor
que sobressaía, era 0 amor que dava testemunho: não eram os
costumes exteriores. Um costume pode esconder alguma coisa,
mas o amor nada encobre, tudo revela. O amor cristão é luz.
O amor não guarda só para si, mas beneficia e reparte com
os outros: dá-se a si mesmo (G1 6.6).
A maior força espiritual na igreja é o amor; o amor equilibra
todas as coisas em Cristo. O perdão divino está baseado no amor
de Deus (Jo 3.16) e aquele que é perdoado, também ama (Lc
7.47).
Portanto, examinando qual a nota predominante na vida da
igreja primitiva, constatamos que era o amor, e não este ou aquele
costume. A perda do amor representava a perda de tudo, embora
alguém conservasse algum costume exterior: "Lembra-te de onde
caíste" - é a admoestação àqueles que perdem o amor (Ap 2.5).
Infelizmente, em nossos dias, como em todos os tempos, há
os que pretendem dar mais valor às manifestações exteriores do
que à existência do amor. É uma anomalia que entrou em algumas
comunidades cristãs assim como entram outros erros doutrinários.
Através da história da Igreja, verificamos que alguns usos
antigos entraram como bagagem, e agora são matéria dogmática,
quando, na verdade, não passam de costumes de ordem puramente
exterior e sem qualquer valor espiritual. Entre alguns grupos de
cristãos, quem não faz uso beijo, não tem amor. Para esses, o
ósculo é lei, é ordem, é dogma que deve ser usado em todos os
cultos, em todas as reuniões: é lei, por isso têm de se beijarem uns
aos outros.
Entretanto, há uma verdade que todos devem conhecer: À
luz da Palavra de Deus pode existir ósculo sem amor, assim com
pode haver, o que é mais importante, o amor sem ósculo. Em
muitos casos, o que vimos entre os que usam o "ósculo santo" não
passa de um ato sem valor, pela forma superficial como é
aplicado. Em algumas reuniões, são os moços ricos e de boa
aparência os candidatos a essa forma de saudação, da mesma
forma que o são as jovens posses e bem trajadas. As pessoas
idosas feias e pobres, que esperem, e, às vezes, só de longe. E,
mesmo assim, tratam o óculo dado de pouca vontade, de "ósculo
santo".
Num confronto com a Bíblia, em certos casos, o ósculo não
fica muito bem acentuado. Há o exemplo daqueles que tinham o
beijo nos lábios e a traição no coração. No caso de Joabe e
Amassa, um beijo precedeu à morte pela espada (2 Sm 20.9,10).
O caso de Judas é do conhecimento de todos: um beijo precedeu a
traição (Lc 22.47).
- De que vale o ósculo como saudação, se logo após se
engana o próximo, se são enganados os irmãos? Muita iniqüidade
há escondida nos corações de certas pessoas que usam o beijo
como saudação. Aos tais, o apóstolo trata de falsos irmãos (2 Co
11.26).
Num confronto entre o amor e o ósculo, não há paralelo, o
ósculo não resiste ao menor exame: pode ser usado para encobrir
traições e despeito, ao passo que o amor atravessa as
adversidades, retribuindo o bem àqueles que procedem mal.
O ósculo, apesar de ser bíblico, é, como se vê, um costume
da época em que viveram os primitivos cristãos. Naturalmente
que era usado sem o costumeiro abuso, mas simplesmente entre
os familiares, quando se despediam para longas viagens, como
algumas famílias o fazem ainda hoje. Nas poucas referências que
encontramos nas Epístolas, quando diz: "Saudai-vos uns aos
outros com o ósculo santo" tem o mesmo sentido de uma
saudação nossa, quando escrevemos a pessoas íntimas e pedimos
para dar um beijo nas crianças e um abraço neste ou naquele. (Ver
Romanos 16:16; 1 Coríntios 16.20; 2 Coríntios 13.12; 1
Tessalonicenses 5.26; 1 Pedro 5.14.) Como se vê, o ósculo não
tem a força de lei que alguns lhe querem dar: não há nas
referências das Epístolas qualquer mandamento ou dogmatismo:
era simplesmente uma referência afetuosa.
- Sendo assim, de que vale o ósculo sem amor? Que
significação tem um ato que se pratica unicamente por tradição?
De nada vale, em confronto com o amor. O que tem valor na vida
espiritual, no dizer de Paulo, é o amor (1 Co 13.1-8). O amor não
faz mal ao próximo, mas o ósculo pode fazer.
O autor destas linhas, em certos casos de despedida ou
chegada de longas viagens às vezes, faz uso do ósculo, pois não
há inconveniente nisso. Entretanto, estabelecer o uso e generalizá-
lo na igreja como lei ou dogma, isso é coisa diferente: a Bíblia
não autoriza impor-se esse costume, embora a família cristã, em
casos especiais, o possa usar, sem dele abusar.
Seria ir longe com este assunto, se quiséssemos continuar
confrontando os costumes de outrora, mas perguntamos: por que
os defensores de certos costumes não usam todos os costumes que
havia na igreja primitiva? Por que não vendem suas propriedades
e dão o produto à igreja? Por que não se vestem de túnica e
turbante como era costume naquela época, em vez de se trajarem
de acordo com a última moda? Por que não usam a mesma forma
de barba e cabelo que se usava naquele tempo? Tudo isso eram
costumes menos prejudiciais do que o beijo.
- Por que escolher o que mais agrada? Gostaríamos que os
apologistas do ósculo conhecessem as regras perfeitas de higiene
que havia entre os judeus, em contraste com a série de
enfermidades infecciosas e contagiosas de nossos dias. Entre eles
não havia qualquer perigo ou suspeita de contágio; o cuidado que
a lei exigia para a conservação do corpo, proibia muitas vezes
qualquer contato com outras pessoas ou animais (Lv caps. 14 e
15). Hoje, o que se vê é de horrorizar.
Se as condições daquele tempo não fossem de tanta
segurança para a saúde; se fossem como atualmente, certamente o
apóstolo não teria permitido o uso do ósculo.
Mas além dos males de ordem moral que o ósculo pode
encobrir, além dos já mencionados e registrados na Bíblia, há
ainda o de Absalão,. que se revoltou contra o próprio pai, Davi.
Para furtar o coração do povo, beijava todos quantos dele se
aproximavam. É claro que muitos julgavam tratar-se de um
"príncipe amoroso" porém o ósculo escondia falsidade e traição
(Ver 2 Samuel 15.5,6).
Quando Paulo fez menção do ósculo santo, é claro que foi
para traduzir seu afeto por todos a quem se dirigia, e não para
encontro forçado de rostos, coisa que tratam de ósculo santo! O
ósculo, como já dissemos, pode traduzir boas ou más intenções;
pode ser reverente ou profano, fictício ou real, porém mais clara
que tudo é esta recomendação do apóstolo, não acerca do óculo,
mas em relação ao amor. "Permaneça o amor fraternal" (Hb 13.1).
6
Coletas, dízimos e ofertas

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro”; “e o


depositavam aos pés dos apóstolos” (Ml 3.10; At 4.34).
No presente capítulo trataremos de um assunto por alguns
muito combatido – dízimo, coletas e ofertas. Infelizmente, o
ensino sobre contribuir tem sido desprezado por uns, combatido
por outros, mas aceito pela maioria.
Mas até mesmo entre nós há obreiros que entraram por
caminhos diferentes no que respeito ao ensino sobre contribuição
para o trabalho, abstendo-se de tirar coletas em cultos públicos,
temerosos de escandalizarem os avarentos e os desobedientes à fé.
Desejamos acentuar, neste confronto doutrinário, que
coletas, dízimos e ofertas são as formas de contribuição usadas
em nossas igrejas, ensino genuinamente bíblico praticado tanto no
tempo dos patriarcas e profetas como também entre os apóstolos.
Não desejo estender-me sobre o dízimo, pois o espaço é pequeno;
mas se alguém deseja conhecer mais sobre isso, pode adquirir
uma obra sobre mordomia cristã, que trata do assunto.
Apenas falaremos acerca de coletas - se podemos fazê-las
publicamente na congregação e se têm apoio nas Escrituras.
No que diz respeito às ofertas, de acordo com o que
encontramos na Bíblia, não se trata de dízimos. Oferta diz
respeito a uma contribuição extra, independente do dízimo, isto é,
uma dádiva de gratidão que se oferece a favor do trabalho. Na
Bíblia encontramos estas três palavras de que estamos tratando:
dízimos, ofertas e coletas. Dízimo é a décima parte do que se
ganha e que é entregue ao legítimo dono, que é o Senhor, o
possuidor de tudo. Oferta, como já explicamos, é uma
contribuição à parte, além do dízimo. Coleta é a forma de recolher
dízimos, ofertas, ou qualquer espécie de donativo. O que estamos
focalizando é o fato de saber se é bíblica a forma pública das
coletas. Embora alguns julguem a forma sem importância, nos
tempos da igreja primitiva tinha importância (1 Co 16.1-3).
No Antigo Testamento, o ato de coletar, arrecadar os valores
para a manutenção do trabalho, era feito publicamente (Ver
Êxodo 25.1-9; 35.5,20-29; 36.6,7; 2 Reis 31.1-7). Seria longa a
lista das referências que poderíamos citar para demonstrar que o
ato de receber, coletar ou arrecadar era público.
- Ora, se à luz das Escrituras todas as formas de contribuição
eram públicas, a não ser nos casos de ofertas que o ofertante
fizesse em caráter particular, como pode alguém escandalizar-se
por serem as coletas feitas publicamente?
No Novo Testamento temos o exemplo daqueles que
vendiam até as propriedades e traziam o valor delas e o
depositavam aos pés dos apóstolos, de forma pública, à vista de
todos. Se tais coisas acontecessem em nossos dias, muitos se
escandalizariam com a liberdade ou com o ato público da oferta,
mas naquele tempo não havia esses ensinadores desordenados.
Maior escândalo é colocar dinheiro no bolso de alguém que o
recebe e finge que não sabe de nada.
Jesus Cristo não ordenou que fizéssemos coletas às ocultas;
ensinou, isso sim, que o fizéssemos com singeleza e sinceridade
(Lc 21.1-4).
Quando Jesus estava diante do Gazofilácio do templo, onde
se faziam coletas públicas, não criticou a forma, criticou a
intenção, o espírito com que os ricos ofertavam. O fato de todos
verem as duas pequenas moedas da viúva e as dos ricos, prova
que a coleta era um ato público, e não há qualquer palavra de
reprovação por parte de Jesus.
O apóstolo Paulo, na recomendação aos coríntios, escreveu:
"Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também
o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia (1 Co 16.1). Ora,
lendo-se com atenção o que o apóstolo recomenda, verifica-se que
as coletas eram periódicas e nada tinham de reservado, eram
recomendadas publicamente, nas cartas a serem lidas em público.
Somente aqueles que começam a declinar da graça é que
encontram desculpas para não contribuírem, e, por isso,
escandalizam-se com as coletas públicas, entram então no
caminho mesquinho do le-galismo dogmático, e dizem que tudo é
contrário à Palavra de Deus.
Ora, aquele que entra por semelhante caminho tem o
coração endurecido, é ava-rento; o que não dá publicamente
também não contribui de forma particular. Entretanto aqueles que
contribuem liberal, generosa e publicamente, recebem bênçãos de
Deus e concorrem para que aumentem as ações de graças entre os
salvos.
A ordem do Senhor é esta: "Trazei todos os dízimos à casa
do tesouro... à minha casa" (Ml 3.10).
- Se nos dias apostólicos as ofertas, dízimos, etc., eram
depositadas aos pés dos apóstolos, de forma pública, por que não
deve a igreja, hoje, seguir o exemplo: receber ofertas e dízimos
publicamente? Os argumentos daqueles que são contrários a
contribuição, não resistem a um confronto doutrinário à luz da
Palavra de Deus.
Portanto, os cristãos devem continuar a atribuir, dar, ofertar
ao Senhor, com alegria e louvor (2 Co 8.5).
Que o Senhor nos ajude a contribuir, com graça e pela
graça! Amém.
7
Como e quando deve
alguém ser batizado
Ide fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"; "os que receberam
a Palavra foram batizados" (Mt 28.19; At 2.4).
É evidente que o batismo deve ser ministrado aos que são
crentes em Cristo Jesus, aos que receberam a Palavra de Deus,
aqueles que se tornaram discípulos. Um discípulo é um aprendiz,
um aluno matriculado na escola espiritual e, para ser discípulo,
necessita de espírito de renúncia (Lc 14.25-33). Na escola
espiritual, o aluno adquire mais e mais conhecimento do caminho
do Senhor, conforme se pode ler em Mateus 28.20; Colossenses
1.28 e 2 Timóteo 3.14-17.
Primeiramente vejamos quem deve ser batizado. É assunto
claro na Bíblia que o candidato ao batismo deve ser um crente,
aquele que deu o passo inicial de fé, que publicamente aceitou a
Cristo e deseja continuar recebendo mais do conhecimento
espiritual.
Temos vários exemplos na Bíblia para ilustrar o assunto.
Um dos mais salientes é o do eunuco: "Indo eles pelo caminho,
chegaram a um lugar onde havia água, então ele disse: Que me
impede de ser batizado? Filipe porém respondeu: É lícito, se crês
de todo o coração!" (At 8.36,37). Também temos o caso de
Cornélio, que creu no Senhor ao ouvir a Palavra de Deus. Ele
recebeu o batismo com o Espírito Santo, e em seguida foi
batizado juntamente com todos os que creram (At 10.44-48).
Naturalmente, há exceções a anotar, há candidatos que logo após
aceitarem Jesus estão aptos a serem batizados; mas a maioria tem
de esperar certo tempo para adquirir conhecimento e convicção
mais profunda.
O caso de Simão, referido em Atos 8.9-13, é um exemplo.
Talvez se ele tivesse esperado mais um pouco, teria adquirido
maior convicção espiritual, porém assim não sucedeu. Portanto
antes de batizar aqueles que vêm do mundanismo idolátrico e das
práticas ocultas (espiritismo, etc. deve-se aguardar algum tempo,
a fim de darem eles realmente um testemunho de verdadeira fé no
Senhor.
É um crime espiritual o fato de batizar nas águas uma pessoa
que não possui conhecimento bíblico nem convicção do pecado; é
falta grave batizar aqueles que bebem, fumam, e dão mau
testemunho do Evangelho.
Pode acontecer que pessoas sejam batizadas sem estarem
preparadas para isso. Essa falta pode ser nossa, por negligência e
descuido na observação que fazemos; por isso é bom estarmos
sempre atentos.
E conveniente esperar que os candidatos saibam o que vão
fazer. Melhor que a precipitação é orar pelos candidatos e instruí-
los no caminho.
O batismo é um ato de obediência, e ao mesmo tempo
capacita o crente a tornar-se ativo do corpo visível de Cristo, a
Igreja. O batismo não é para salvar, como alguns supoem. O
batismo é, na verdade, uma ordenança que faz parte da salvação,
mas não salva; o que salva é o batismo de regeneração e
renovação pelo lavatório do Espírito Santo (Tt 3.5); no dizer de
Pedro, é a indagação duma boa consciência diante de Deus (1 Pe
3.21). O que salva é a graça e a fé em Cristo (Ef 2.8).
Para que se é batizado. - Somente pelo arrependimento ou
para a fé em Cristo? O batismo ordenado por Jesus é diferente do
batismo de João Batista, pelo seguinte: João Batista batizava para
arrependimento. (Ver Mateus 3.11; Marcos 1.4.) Esse batismo era
preparatório para esperar aquele que vinha - o Cristo! Tanto assim
que o batismo de João Batista não teve ordem sucessória. Nesse
caráter, sem elemento de fé, esse batismo findou com a morte do
Batista. Isso é claro em Atos 19.1-7. Portanto batismo do Batista
foi para esperar o Cristo; foi especialmente uma ordem para os
judeus e para os gentios (prosélitos). Porém o batismo ordenado
por Jesus Cristo foi diferente. Além de exigir arrependimento, é
também uma ordem de fé para os que crêem em seu nome. O
batismo de João era da Antiga Dispensação, válido até a morte do
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Mas o batismo da
ordem evangélica, ordenado por Jesus Cristo, é para os que crêem
em seu nome e o aceitam por Salvador (Mt 28.19; Lc 24.47; At
10.43).
No batismo, o candidato declara sua fé na morte expiatória
do Cordeiro, tendo já deixado o mundo, tudo, enfim (Rm 6.1-6).
Portanto, é claro que não se deve batizar qualquer pessoa
que desconheça estes princípios, mas só aquelas que,
publicamente, alcançaram testemunho de fé em Cristo de acordo
com a Bíblia. (Ver Atos 8.35-39)
Quando devem ser batizados. Ninguém está a altura de
marcar limite ao batismo; contudo sempre vemos sinais visíveis
na conversão de alguém, após o arrependimento e convicção do
pecado. (Ver Lucas 19.7-18). O caso do eunuco está enquadrado
nesta exigência, pois ele alcançou testemunho pelo Espírito Santo
(At 8.37).
No confronto com a Palavra de Deus, cremos haver
respondido às três teses apresentadas.
1) Quem deve ser batizado. O discípulo que deseja mais e
mais receber as verdades evangélicas, e que dá prova desse desejo
( Ler Atos 2.41.)
2) Porque ser batizado. O batismo é para um Testemunho
público de obediência e fé ao nome de Jesus Cristo. (Ver Mateus
3.15).
3) Quando se deve receber o batismo. É assunto por demais
claro na Bíblia, que o batismo deve ser ministrado quando a
consciência é despertada pela convicção plena do pecado (At
2.37-41.)
A Palavra de Deus esclarece que o batismo somente deve
ser ministrado aos que morreram para o pecado (Rm 6.2) e se
uniram, pela fé, a Jesus (v. 5), aqueles sobre os quais não mais
reina o pecado, porém Cristo.
8
A oração - como e
quando deve ser feita
“Encheu toda a casa em que estavam assentados" - "Orai
sem cessar." (At 2.2; 1 Ts 5.17).
-A ração é um dos assuntos magnos da doutrina bíblica e
não se compreende cristianismo sem oração. A oração é a única
via de comunicação do homem com os céus. A oração é a válvula
de respiração da alma, isto é, o veículo através do qual a alma
recebe a vida do Espírito.
É bom lembrar que todos os heróis da Bíblia foram homens
de oração; foram heróis de oração, pela qual mantiveram íntima
comunhão com Deus.
Alguém classificou a oração como sendo a mais linda arte
espiritual. De fato, se é permitido tratar a oração de arte, então
não há dúvida de que é a verdadeira arte divina. A oração é
também uma arma poderosa e eficiente na guerra espiritual.
Há um sem-número de coisas que prejudicam e impedem a
oração; dentre elas podemos citar:
a) A desobediência (Dt 1.4; 1 Sm 14.37,38).
b) O pecado oculto - o mal em embrião no coração (SI
68.18).
c) O indiferentismo (Pv 1.28).
d) O desprezo à Palavra (Pv 21.9).
e) A falta de misericórdia (Pv 21.13).
f) As mãos criminosas (Is 1.15).
g) A obstinação (Is 7.13).
h) A iniqüidade (Is 59.2).
i) A inconstância (Tg 1.6,7).
O que parece incomodar algumas pessoas é a forma de orar,
isto é, como se deve orar. Porém, conforme acima declaramos, o
que perturba e impede a oração, são motivos de ordem moral e
espiritual; a forma ou posição do corpo não é o fator que
prejudica a oração. Na Bíblia não há regra estabelecida para orar:
se de joelhos, se em pé, se assentado, se prostrado. - Portanto, se
não há exigência, por que condenar aqueles que oram na mesma
posição que nós o faremos? Teremos nós maior autoridade do que
a Bíblia para exigir que a oração somente deve ser feita de
joelhos? Se fomos ensinados assim, e se nos sentimos bem orando
de joelhos, continuemos a fazê-lo; porém não nos assiste o direito
de impor aos outros a mesma forma de orar, já que a Bíblia não
determina esta ou aquela forma.
Mesmo que pareça estranho a alguns, devemos declarar aqui
que no dia de Pentecoste quando o Espírito Santo desceu num
som como de um vento impetuoso e encheu toda a casa em que
estavam assentados, Deus com isso não os condenou, ao
contrário, confirmou o seu beneplácito, dando-lhes a bênção.
Pagãos, budistas, maometanos, e outros oram prostrados. A
Bíblia ordena "Orai sem cessar!", sem determinar se de joelhos
assentado, prostrado ou em pé. - Se eu sentir necessidade de orar
em espírito, enquanto estou andando ou viajando, por que não
devo fazê-lo?
Não é a posição que determina a aceitação ou a rejeição da
oração: "A um coração purificado da má consciência, Deus não
desprezará" (SI 51.17; Hb 9.14; 1 Jo 1.7).
Nas Escrituras encontramos homens e mulheres de vida
consagrada, orando de várias formas: Abraão, orando em pé
diante de Deus (Gn 18.22); Moisés, orando em pé (Êx 17.11; 1
Sm 1.12). No Evangelho de Lucas 2.27-32, na apresentação da
criança no templo, tudo indica que oravam em pé: pela lógica, a
referência do versículo 37 indica que Ana devia estar sentada e
não de joelhos.
O próprio Senhor Jesus, conforme se lê no Evangelho de
João 11.14, estava em pé, quando orou, e Lázaro saiu do sepulcro;
no mesmo Evangelho, capítulo 17 quando Jesus proferiu a
formosa oração, tudo indica que estavam em pé. O apóstolo
Pedro, quando orou pelo coxo que esmolava à porta formosa, fê-
lo em pé (At 3.6). A Bíblia também registra outras formas de
oração:
Orando de joelhos (Ef 3.14).
Orando sentados (At 2.2).
Orando prostrados em terra (Mt 26.39: Mc 14.35).
Orando com o rosto entre os joelhos (1 Rs 18.42).
Orando deitado (SI 4.1-4). Aqui usa a forma de oração
consultiva: Davi orou sentado diante do Senhor (2 Sm 7.18).
Neste confronto de textos bíblicos com o costume de alguns
que aprenderam uma forma de orar, e julgam ser essa a única e
verdadeira, concluímos que ninguém tem autoridade para impor
ou dogmatizar acerca da forma de oração. O que ora em pé, não
pode julgar o que ora de joelhos; o que ora de joelhos não critique
o que ora em pé. Quer seja sentado, em pé ou de joelhos, se a
oração for sincera, será aceita por Deus. A postura na oração não
deve ser motivo de vangloria de uns sobre outros, mesmo porque
a Bíblia não especifica posição para orar.
Orar caracteriza-se como questão íntima e espiritual e
ninguém pode impedir outrem de orar como deseja. A ordem
bíblica é orar sem cessar, sem outra exigência não ser orar no
Espírito, orar com o coração puro, orar em sinceridade, orar
sempre.
Façamos, pois, como a Bíblia ensina e não como ensinam os
homens, sem terem perfeito conhecimento da Bíblia.
Orai sem cessar, orai em todo o tempo, orai não por
formalidade, mas por necessidade; orai para serdes ouvidos por
Deus, e não para agradar aos homens; orai da forma que puderdes,
mesmo que estejais deitados no leito, pois Deus não é injusto para
desprezar a oração do enfermo que não se pode erguer.
Há tempos, quando escrevemos sobre as formas de orar,
alguém, após nos haver lido, ficou um tanto embaraçado em
relação ao que está escrito em 2 Samuel 7.18 e nos Salmos 4.1-6;
77.6, onde se menciona Davi orando deitado e sentado.
A pessoa a que nos referimos achou impossível orar em tais
posições, diante do Senhor. Entretanto o que está escrito é
exatamente o que afirmamos, pois é a seguinte a declaração de
Davi: "Consultei no meu leito" (SI 4.1-4); "Consultei com meu
coração..." (SI 77.6). Ora, tratando-se de uma pessoa que está
diante do Senhor para o consultar, pedir e receber, é claro que tem
de suplicar.
Orar é suplicar, pedir é falar; quem consulta a alguém, fala
com esse alguém. -Como pode alguém consultar sem falar? Logo,
se Davi, no leito, consultava a Deus, estava falando com Deus.
Essa é a dedução lógica. Outros homens de Deus também oraram
da mesma forma diante do Senhor.
Nós, usualmente oramos de joelhos, porém nada impede que
façamos oração se estivermos no leito, quer estejamos enfermos,
quer repousando ou pensando nas coisas de Deus. Igualmente, se
estamos andando, ocupados com as coisas espirituais, nada
impede que oremos em espírito. Está escrito que onde há o
Espírito do Senhor, aí há liberdade, não para pecar, mas para
buscar a face bendita do Senhor.
O estado físico de Davi era tal, que chegaram a dizer a
respeito dele: "Não se levantará mais". Ele, porém, mesmo no
leito, orou e o Senhor o ouviu (SI 41.8). No versículo 3, o próprio
Davi declara que Jeová sustentará no leito todos aqueles que nEle
confiam.
Quanto ao que está escrito em 2 Samuel 7.18-29, Davi
estava assentado diante do Senhor quando orou, e Deus ouviu a
súplica de seu humilde servo.
Oremos, pois, irmãos, em todo o tempo, em nome de Jesus,
segundo ordena a Palavra de Deus!
9
É bíblica a confissão
de pecados em público
“...pelo contrário, deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo..."
(2 Co 2.7).
A confissão pública de pecados no Antigo Testamento era
assunto que merecia atenção e foi larga e insistentemente
ensinada (Lv 5.5; Nm 5.6,7). No Novo Testamento verificamos
que esse uso não foi esquecido nem abolido, mas seguiu o mesmo
ritmo, isto é, continuou a ser feito em público, como
demonstração de arrependimento.
Em Israel era fato comum verem-se, diariamente, pessoas se
dirigirem ao local escolhido por Deus, à Tenda da Congregação,
levando consigo o objeto do sacrifício pelo pecado, em sinal de
humilhação (Lv 4.1-4,22-25,27,28).
Note-se que a entrada no local era pública e tudo era feito
publicamente. 0 que dá mais ênfase ao assunto é constatar que as
faltas e pecados não eram somente confessados publicamente,
mas também eram registrados pela iluminação do Espírito de
Deus, a fim de que servissem de exemplo e ensino a todas as
gerações (1 Co 10.6-10).
Para melhor entendermos o que significa o registro desses
fatos, lembremo-nos de que está escrito que um homem justo (o
décimo depois de Adão) Noé, infelizmente embriagou-se. Ora,
esse fato Noé jamais o poderia esquecer, e para nós é uma
advertência (Gn 9.20-23).
Vejamos ainda outro caso de um homem que foi um
exemplo de fé, mas falhou, quando faltou à verdade. Note-se,
porém, que por causa dessa falta sofreu ele próprio as
conseqüências, e os seus descendentes também foram seriamente
prejudicados (Gn 12.18; 26.7-10; 27.18-20).
Há ainda outros casos de homens de Deus que falharam;
entretanto o plano de Deus não mudou nem mudará. Se a Bíblia
fosse um livro idealizado pelos homens, procuraria esconder esses
fatos. Porém, sendo divino, nele o dedo de Deus aponta as falhas
até dos homens santos, a fim de usar de misericórdia (Rm 11.32).
Ante a denúncia e a reprovação da Palavra de Deus, é fácil
encontrar Davi a clamar a Deus por misericórdia, e todos estão
cientes desse ato (SI 51; 86.3). No tempo do Antigo Testamento,
quer se tratasse de profetas, de santas mulheres, ou de outros
quaisquer, uma vez que saíssem do padrão espiritual, recebiam o
castigo merecido, a fim de que isso servisse de exemplo para todo
o povo de Deus (Nm 12.1-15; 20.12). As faltas e os pecados que
estamos mencionando, repetimos, eram confessados publicamente
e registrados como exemplo do justo juízo de Deus.
Quando Miriã fícou leprosa, por causa do pecado de
murmurar contra o seu irmão Moisés, teve de ficar sete dias fora
do arraial; houve atraso na marcha do povo Canaã e todos ficaram
sabendo do fato. Isso foi também uma advertência para os outros;
por certo muitos deles oraram ao Senhor por Miriã, a fim de que o
Senhor a restabelecesse espiritualmente, como era costume entre
o povo de Deus.
Portanto, o pecado na sua manifestação pública merece, em
público, uma confissão sincera. No Antigo Testamento era assim
(SI 32.5).
A doutrina da confissão de pecados em público, no Novo
Testamento, segue a mesma linha, exceção de alguns casos
particulares ou individuais, porém, mesmo assim, após serem
tratados pela igreja, ou particularmente, a correção se tornava
pública; havia a confissão, a fim de haver também perdão (Mt
18.17; Tg 5.20).
A História da Igreja Cristã confirma que no princípio, de
fato, era assim: os casos que incluíam pecados eram levados à
congregação e julgados publicamente. "Aos que pecam,
repreende-os diante de todos". A finalidade da repreensão, está
claro, servia como admoestação, para que outros tivessem temor
de pecar: a confissão pública lhes servia, também, para
alcançarem perdão (1 Tm 5.20).
Os casos de confissão em público eram comuns nos dias de
Paulo. Por essa razão, o apóstolo instruiu a igreja acerca desse
assunto (1 Co 6.1). Essa instrução e ensino eram no sentido de
levar à assembléia todas as dificuldades surgidas entre os cristãos,
para serem julgados à luz da Palavra de Deus.
Quando Jesus foi levado a julgamento, quiseram forçá-lo a
confessar publicamente o que eles consideravam um grande
pecado, isto é, perguntaram-lhe: "És tu o Cristo, o Filho do Deus
bendito?" (Mc 14.6). O sumo sacerdote queria ouvir dos próprios
lábios de Jesus a confissão pública. Ante a confissão, devia
morrer.
Jesus estava ante o inimigo, bem o sabia, mas também
estava consciente de sua real e celeste personalidade e por essa
razão firmemente declarou: "Eu sou" (v. 62).
Houve, pois, confissão pública: o sumo sacerdote então
declarou: "Para que necessitamos mais testemunhas?"
Todos esses acontecimentos nos levam a crer, então, que nos
dias dos apóstolos, e mesmo depois da era apostólica, era comum
a confissão em público. Só muito mais tarde é que foi introduzida
na igreja a cofissão particular e depois a auricular.
Um exemplo que confirma e ilustra o que afirmamos, é o
caso de Ananias e Safíra, registrado no capítulo 5 do livro de Atos
dos Apóstolos. Verificou-se repreensão em público, e certamente
Ananias já havia fechado o coração à mensagem divina: não
entrou pelo caminho do arrependimento, por essa razão recebeu a
punição merecida. Ante o acontecido, veio o temor sobre todos.
Outro fato, ainda no livro de Atos 19.18, um relato
impressionante, dá a entender que, após o tremendo conflito
espiritual, vencida a luta com o endemoninhado, veio o temor aos
corações daqueles que já haviam crido e confessaram em público
os seus pecados.
Está escrito que até os que exerciam artes mágicas fizeram
isso, isto é, confessaram em público os seus pecados e queimaram
os seus livros (v. 19).
Entre aqueles que João Batista batizava havia confissão
pública e arrependimento (Mt 3.6; Mc 1.5). Era, portanto, um fato
comum naqueles dias a confissão em público, em conformidade
com a tradição.
A confissão de pecados em particular tem trazido inúmeros
prejuízos à comunidade cristã e sérios embaraços aos obreiros do
Senhor que desejam fazer tudo de acordo com a Palavra de Deus.
Conclusão: biblicamente há várias formas de confissão.
1. Confissão diante de Deus, por meio dum profundo
arrependimento e exame de consciência (1 Co 11.28; 2 Co 13.5).
A confissão é um dos temas da oração dominical, implícita nesta
declaração: "Perdoa-nos'; (Mt 6.12).
2. Fazer confissão ao próximo, o ofensor ao ofendido (Mt
5.24; 18.15; Cl 3.13; Tg 5.16). "Confessai os vossos pecados uns
aos outros" é o que está escrito.
3. Confissão diante da congregação, por causa do mau
testemunho e escândalo público (2 Co 2.6,7).
Naturalmente, temos de pedir perdão a quem temos
ofendido e quem perdoa deve ter consciência de que perdoou, mas
para isso requer-se o pedido de perdão do ofensor ao ofendido.
- Como pode a esposa pecar contra o marido e depois ir
pedir perdão em particular, ao pastor? Se ela pecou contra Deus,
contra o marido e contra a igreja toda, o perdão tem de vir na base
dos itens 1,2 e 3, isto é, dos ofendidos; fora dessa base é
antibíblica a forma de tratar do assunto. Exigen-se ainda os
seguintes elementos que constituem a base segura do profundo e
sincero arrependimento.
a) Humildade (Ed 9.6; Dn 9.7,8; Ef 4.2; Cl 3.12,13).
b) Conversão e arrependimento (1 Rs 8.47; 2 Cr 6.37).
c) Tristeza segundo Deus (SI 38.17,18; 2 Co 7. 10).
d) Abandono do pecado (Pv 28.13; Jo 8.11).
e) Reparação da culpa - concerto (Nm 5.5-8).
f) Plena submissão à disciplina (Lv 26.41: Sl 51.4; Jo 10.15;
2 Co 2.5-7).
Nos grandes avivamentos evangélicos, um dos sinais
visíveis da operação do Espírito Santo, é e sempre tem sido a
confissão em público dos pecados.
A Igreja é realmente o verdadeiro tribunal espiritual deste
mundo, no qual e através do qual já tem começado o julgamento
divino (1 Pe 4.17), para o livramento, daqueles que estão em
Cristo, de toda e qualquer condenação (Rm 8.1; 1 Co 11.31,32).
Desde que não pode haver julgamento sem ter havido confissão
do delito, é necessário haver na igreja confissão pública de
pecados, a fim de que o culpado receba o julgamento, a disciplina
e o perdão, da assembléia.
Quem oculta suas transgressões não prospera; mas quem as
confessa e as abandona, alcançará misericórdia (Pv 28.13). É
verdade que nós nos confessamos a Deus por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo, mas, também devemos fazer confissão diante
dos homens, a fim de que todos tenham temor de Deus (1 Tm
5.20).
Que Deus nos ajude a viver no santo temor para permanecer
diante dele por misericórdia e graça. Amém!
10
A única regra
que rege a igreja
“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”
(2 Tm 3,16 ).
É com convicção e firmeza que declaramos ser a única regra
para governar a Igreja a Palavra de Deus. Segundo o versículo
acima citado, ela é apta para ensinar, repreender, corrigir e instruir
em toda a justiça, sem a intromissão de adendos ou inovações
perigosas que matam a espiritualidade.
Portanto, os dons espirituais têm um papel muito importante
na igreja, especialmente o dom de profecia; porém o dom nunca
poderá tomar o lugar da Palavra de Deus, pois a verdadeira igreja
é aquela que é regida tão-somente pela Palavra de Deus.
Quando lemos com atenção o Novo Testamento, notamos
que as manifestações dos dons eram visíveis na igreja primitiva;
contudo não eram os dons que a regiam, mas o conteúdo da
revelação divina consubstanciada nas Escrituras (Jo 7.38).
Nesse sentido temos os inequívocos e grandes exemplos na
novel igreja do Novo Testamento, quando, no primeiro concilio
apostólico, o apóstolo Pedro demonstrou o valor da Palavra de
Deus, dizendo: "Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo
Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da
minha boca a Palavra do evangelho e cressem" (At 15.7).
Ainda no mesmo concilio notamos mais uma vez a citação
da Palavra de Deus, para esclarecer, guiar e orientar (vv. 15-18).
Portanto, em todas as questões da igreja primitiva, a Palavra
foi consultada e as decisões foram baseadas e resolvidas tão-
somente de acordo com os ensinos da Palavra de Deus, as
Escrituras. Ainda que eles tivessem em grande estima o valor dos
dons, e apesar de a revelação e a profecia terem um papel
proeminente na igreja primitiva, os dons jamais definiram
doutrina, jamais na igreja dos apóstolos a profecia serviu para
resolver casos: tudo era resolvido à luz da Palavra de Deus.
Quando o apóstolo Pedro falou sobre a profecia, é lógico
que ele não se referia ao dom na acepção restrita, mas à Palavra
de Deus dada aos profetas como revelação segura e única da
vontade do Senhor (2 Pe 1.19-21).
É pela Palavra de Deus que somos corrigidos e esclarecidos
em todos os erros doutrinários, tanto na forma como na prática,
conforme 2 Timóteo 3.16.
O apóstolo Paulo, em todas as suas resoluções doutrinárias,
dá ênfase à Palavra de Deus, pois por ela, até as profecias na
igreja devem ter o seu julgamento doutrinário, a fim de que não
sejam usadas erradamente (1 Co 14.29-32; 1 Ts 5.20,21).
“Falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem". - Essa
é recomendação do apóstolo.
- Julgar o quê? julgar a mensagem do que profetizou, se está
segundo a doutrina (1 Tm 3.15; 4.13). - E depois, julgar como? –
É lógico: julgar pela Palavra de Deus.
Portanto, não poderemos aceitar uma profecia por mais
agradável que seja ou mesmo qualquer revelação, se não tiver o
apoio doutrinário na Palavra de Deus. Todas as manifestações e
resoluções devem submeter-se ao exame da Palavra de Deus, a
única autoridade para julgar.
Na Epístola aos Hebreus 4.12, assim está escrito: "Pois a
Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante que qualquer
espada de dois gumes, e que penetra até a divisão da alma e do
espírito, e juntas e medulas, e pronta para discernir as intenções e
pensamentos do coração".
É lógico, pois, segundo o versículo acima citado, que tudo
está sujeito à Palavra de Deus. Infelizmente muitos erros
doutrinários têm entrado na igreja, através da porta da profecia e
dos demais dons espirituais, por não serem confrontados com a
genuína fonte de revelação divina - a Palavra de Deus.
Através da história da Igreja, notamos a manifestação de
dogmas bárbaros e doutrinas de demônios juntamente com os
pensamentos de homens corruptos e privados da verdade de Jesus
Cristo (G1 1.6-11; 3.1-5; 4.9-11; 1 Tm 4.1-5; 2 Tm 3.5-9).
Portanto, concluímos que os dons espirituais são realmente
maravilhosos, contudo necessitam de permanecer dentro da
doutrina e têm de ser examinados pela Palavra de Deus, infalível
e imutável!
Podemos ilustrar o assunto da seguinte forma: Estamos
edificando um grande edifício - a Igreja (1 Co 3.9; Ef 4.15,16).
Ora, para a edificação espiritual, necessitamos de andaimes
(andaimes neste caso são os dons). Nas construções há
necessidade de que os andaimes estejam bem ajustados e nos
devidos lugares. No edifício espiritual, os andaimes, isto é, os
dons espirituais, devem estar firmados na doutrina da Palavra, a
fim de que não haja desastre espiritual (Dt 32.1,2; Ec 12.11; 1 Co
14.39), etc.
O Senhor Jesus fez uso da Palavra de Deus; venceu todas as
tarefas, revelou os problemas difíceis e pôs em fuga o Diabo, tudo
porque usou a Palavra de Deus (Mt 4.1-11; 22.23-32).
Qualquer trabalho evangélico relacionado com a igreja
necessita do apoio da Palavra de Deus. Até mesmo as tarefas mais
simples: cânticos, festividades que se organizam, e visitas, devem
ter o apoio da Palavra, do contrário, não terão aceitação aos olhos
do Senhor (SI 119.105; Cl 3.16). "Lâmpada para os meus pés é a
tua palavra". Logo, se a Palavra é a lâmpada, claro está que é para
nos guiar em toda a verdade de Deus.
Muitos desprezam a Palavra de Deus para receberem a
palavra de um homem e a recebem cegamente, muito embora não
tenha ela apoio na Palavra de Deus. Dizem outros obviamente:
"Nós obedecemos à Bíblia, de capa a capa", contudo estão fora da
doutrina da Bíblia. A Palavra de Deus tem por objetivo o
seguinte:
Iluminar o espírito (SI 19.8; 119.30).
Instruir para a esperança (Rm 15.4; 1 Co 10.11).
Capacitar para salvação (1 Tm 4.16; 2 Tm 3.15).
Produzir fé (Jo 17.20; Rm 10.17; 1 Jo 5.13).
Regenerar (Ef 5.26; Tg 1.18; 1 Pe 1.23).
Restaurar a alma (SI 19.7; 119.81).
Santificar (Jo 17.17; 1 Tm 4.5; 2 Tm 3.17).
Alimentar espiritualmente (Dt 1 Pe 2.2).
Portanto, a Palavra é a base segura para nossa salvação e
governo da Igreja (1 Co 15.1,2; Ef 1.13; Tg 1.21). Não devemos
desprezar a Palavra de Deus, pois todas as coisas foram criadas
pela Palavra de Deus e por ela subsistem (Gn 1.1-3; Hb 1.3; 2 Pe
3.5-7). Destarte, a disciplina e a ordem dentro da Igreja devem ser
apoiadas na Palavra de Deus (1 Pe 2.22-25).
Tudo tem de ser examinado na "Pedra de Toque" - a Palavra
de Deus quer seja doutrina, revelação ou nossa própria vida e
trabalho. Assim fizeram os nobres de Beréia (At 17.10,11),
porque receberam a Palavra com toda avidez, indagando
diariamente nas Escrituras se estas coisas eram assim.
Conclusões:
1. Deus usa a sua Palavra (Gn 1.3).
2. Jesus Cristo usou a Palavra de Deus (Hb 10.7).
3. O Espírito Santo tem a Palavra como espada (Ef 6.17) e
pela Palavra Ele revela os planos de Deus no terreno profético (At
1.16).
Infelizmente muitos dizem que esperam a vontade do
Senhor, quando já essa vontade se acha revelada no plano de
Deus. O que há para fazer é tão-somente obedecer à revelação da
Palavra de Deus, tal como fez Cornélio, ao ouvi-la dos lábios de
Pedro. Pela obediência, o centurião recebeu a Deus e a bênção (At
10.43,44).
Portanto, é a Palavra de Deus que deve reger todo o curso da
vida espiritual, especialmente as reuniões, a fim de recebermos a
divina aprovação e apoio da revelação divina - a Bíblia Sagrada.
Exemplifiquemos, para esclarecer: Há congregações que,
para celebrarem a Ceia do Senhor, esperam uma profecia,
determinando que seja celebrada. Isto está errado, pois o Senhor
disse: "Fazei isso em memória de mim". E Paulo acrescenta:
"Todas as vezes" (Lc 22.19; 1 Co 11.26). Portanto, para tal ato
não há necessidade de revelação, pois já está revelado e ordenado
na Palavra de Deus, como se deve fazer.
Outros esperam uma revelação para disciplinar alguém ou
para receber em comunhão um membro excluído. Porventura
estarão agindo conforme manda o Senhor? Não, absolutamente,
não. A Palavra de Deus determina a exclusão ou a inclusão,
segundo o proceder e o testemunho; até setenta vezes sete, temos
de perdoar o nosso irmão; quanto aos resultados futuros, a
responsabilidade pertence ao perdoado.
11
Pecado,
arrependimento e perdão
“E o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora”
(Jo 6.37).
Não desejo tratar de toda a doutrina sobre o pecado, mas,
apenas, demonstrar a gravidade de todos os pecados, e o
conseqüente perdão, mediante um profundo e sincero
arrependimento.
O pecado é a verdadeira imagem do Diabo, e, também é a
manifestação dos vários aspectos do seu mau caráter.
Todo o pecado é abominável e todos os pecados são iguais
quanto à sua relação com a justiça e o reino dos céus.
Na lista bíblica sobre os vários pecados, "todos" estão na
mesma categoria posicionai: "Os que tais coisas praticam
(pecado), não herdarão o reino de Deus" (G1 5.21; Ef 5.5). Há
várias formas de apresentação de listas de pecados, onde todos
figuram debaixo da mesma condenação (Mt 15.19,20; 1 Co
6.9,10; G1 6.19-21; Ef 5.3-6; 2 Tm 2.1-7; Ap 21.8; 22.15).
Qualidades de pecado:
1. A incredulidade é o pecado mãter (isto é, o gerador dos
demais).
2. A mentira é o pecado original (Gn cap. 3).
3. A feitiçaria (Ap 22.15) é um pecado que desmente a
Deus.
4. A idolatria (Ap 21.8) é um pecado que provoca a ira
divina.
5. A rebelião (1 Sm 16.23; 1 Tm 3.10,11) é um pecado
contrariador.
6. A fornicação e o adultério (2 Sm 12.13; SI cap. 51) são
pecados de imundícia.
7. O coração duro (Mt 5.21-26; 6.14,15) é o pecado que
demonstra a falta de misericórdia (Mt 18.27-35).
João diz: "Todo pecado é iniqüidade" (1 Jo 3.4).
E Isaías confirma: "As vossas iniqüidades fizeram uma
separação entre vós e o vosso Deus" (Is 59.2).
Logo, o pecado, seja ele qual for, faz um muro de separação
entre nós e Deus. Pela ação do pecado, o corpo, a alma e o
espírito são expostos ao perigo da condenação. Jesus Cristo deu-
nos uma lição importante neste sentido, na parábola do Filho
Pródigo, o qual, por cometer toda a sorte de pecados, chegou a ser
considerado morto (Lc 15.32). Entretanto, quando "todos" os
pecados lhe foram perdoados (Lc 15.30), entrou logo a gozar a
comunhão do Pai, obteve restauração completa e imediata: não
necessitou entrar em prova, porque no ato do perdão não existe
essa exigência.
O apóstolo João diz: O sangue de Jesus Cristo seu Filho nos
purifica de todo o pecado (1 Jo 1.7). Ele é o nosso Advogado e
propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.1).
Portanto, há na Bíblia promessa de perdão para todo o
pecado, menos para o pecado de blasfêmia contra o Espírito
Santo, ou a apostasia, que é um ramo de blasfêmia (Mt 12.31; Mc
3.28; Lc 12.19; Hb 6.6; 10.26,27). É pecado de blasfêmia porque
é o Espírito Santo quem convence o pecador (Jo 16.8) e também,
intercede e ajuda os crentes (Rm 8.26,27) e guia os filhos de Deus
(Rm 8.14).
Pecaram contra Deus o Pai. Veio nosso Senhor Jesus Cristo,
o Deus Filho, resistiram a Ele, veio o Espírito Santo, a terceira
Pessoa do Deus Trino, resistiram e pecaram contra Ele. Então
foram abandonados em seus pecados e desamparados de toda a
graça (At 7.51; Ef 4.30). Eis o grande perigo!
O pecador, nesta condição, chega ao auge do desespero e
não encontra lugar para arrependimento (Hb 12.17). Não havendo
arrependimento, também não resta mais sacrifício (Hb 10.26) e
não pode haver remissão de pecados, porque a única fonte é o
sangue do Cordeiro aplicado pelo Espírito (Hb 9.13-15). Pois
bem, _o apóstolo Paulo excluiu da comunhão dos santos alguém
que caiu em pecado de imoralidade (1 Co 5.1-5). Entretanto, ele,
mais tarde, voltou penitente, e a igreja de Corinto negou-lhe o
perdão; porém Paulo, cheio de ternura, e conhecendo o plano de
Deus, pede a sua readmissão na comunhão dos santos (2 Co
2.6,7), a fim de que Satanás não ganhasse vantagem (v. 11).
O próprio Deus dá tempo para um sincero arrependimento
(Pv 28.13; Mt 5.27; Tg 4.4-10; Ap 2.20,21), porque a vontade de
Deus e a reconciliação do pecador (Ez 33.11) e Deus pôs em nós
esta gloriosa palavra de reconciliação (2 Co 5.20).
É nosso dever perdoar e ajudar nessa parte; quanto à
restauração, depende do penitente diante de Deus. Se o faltoso,
como servo de Deus no passado, buscar com todo o coração a
face do Senhor, receberá o perdão e ser-lhe-á restituído o gozo da
salvação (SI 51.12).
Quanto àqueles que pecaram para morte, isto é, para
destruição do corpo (1 Cc 5.5; 1Jo5.16) devemos ter muito
cuidado.
Todos os pecados podem causar morte prematura. A esse
respeito há vários exemplos: Ananias e Safira morreram por causa
do pecado da mentira (At cap. 5). Acã morreu por causa do
pecado de cobiçar o que fora considerado anátema (Js 7.25). Os
filhos de Aarão morreram pelo pecado de irreverência:
ofereceram fogo estranho diante do Senhor (Lv cap. 10). Uzá
morreu pelo pecado de incredulidade e profanação: pôs a mão na
Arca do Senhor (2 Sm 6.7). Os dois filhos de Judá morreram por
causa do pecado de maldade e torpeza (Gn cap. 38). Coré, Datã e
Abirão, por causa do pecado de rebelião, morreram tragicamente
(Nm 16.31-35). E os murmuradores, pelo pecado de murmuração
também morreram (Nm 16.45-49; 1 Co 10.1-10).
Moisés quase foi punido com a morte prematura, devido ao
pecado de falta de circuncisão dos filhos, sinal dado por Deus, a
Abraão (Êx 4.24-26).
Miriã quase foi destruída pela lepra, por causa do pecado de
murmuração contra seu irmão (Nm 12.1-12).
Enfim, até o pecado de glutonaria traz graves conseqüências
(Lc 21.34).
Todos os pecados estão, pois, sujeitos a severa punição (1
Co 11.30), porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Pode
haver casos em que o pecado traga destruição do corpo para que a
alma seja salva no dia do Senhor (1 Co 11.32). Sendo suas obras
queimadas, o tal não poderá receber galardão (1 Co 3.14,15) no
dia do Senhor, quando se dará a sua volta para a Igreja (1 Ts 4.13-
17).
Que ninguém queira passar por essa tremenda experiência!
Pois está sujeito a perder tudo (Mt 25.30). O melhor caminho é a
humilhação e o arrependimento sincero, fortalecidos pela fé no
sangue do redentor, para receber o perdão dos pecados. Que Deus
nos abençoe. Amém!
12
O pecado fora
do corpo
"Fugi da fornicação. Todo o outro pecado, qualquer que o
homem comete, é fora do corpo; mas aquele que comete
fornicação, peca contra o seu próprio corpo" (1 Co 6.18 -
Tradução Brasileira).
Infelizmente, muitos exploram certos versículos das
Escrituras Sagradas, a fim de manipularem doutrinas. Segundo
seus sentimentos depravados e maus, deixam os tais à margem os
contextos que fornecem luz para o jornadear cristão e entram pelo
caminho enganoso da falsa doutrina (Jd 11-13).
O pecado fora do corpo é o texto de que nos servimos para
nossa meditação e ensino.
Em primeiro lugar, façamos algumas considerações sobre o
corpo. O corpo é matéria inerte, substância tangível diferente da
"carne", que é o estado decaído da personalidade humana.
Segundo o apóstolo Paulo, a "carne" é, em si, inimizade contra
Deus (Rm cap. 8). Também está escrito que a carne e o sangue
não podem herdar o reino de Deus (1 Co 15.50). Mas o corpo é
potencialmente redimido pela obra redentora do Calvário e será
glorificado no dia do Senhor (1 Co 6.19 e 15.52).
O pecado fora do pecador. Na Primeira Epístola aos
Coríntios 6.18, a palavra "ektós" se traduz por exterior ou fora.
Rohdem assim traduz no seu Novo Testamento: Todos os
outros pecados que o homem comete não lhe atingem o corpo.
Parece absurdo, que os apologistas da doutrina filosófica
epicurista, achem no versículo supra, o fundamento de sua teoria
para cometerem toda a qualidade de pecados, menos a fornicação
ou prostituição, que é fora do corpo. Que absurdo! O apóstolo na
epístola aos Coríntios não justifica qualquer pecado. Paulo estava
demonstrando aos cristãos que todos os pecados são de
consequências terríveis, porém, que a prostituição, além de ser um
pecado feio, traz para o corpo graves conseqüências. Quem lê a
história da prostituição religiosa sabe perfeitamente que foi coisa
muito praticada no passado entre os pagãos. Especialmente entre
os babilônicos e os fenícios, esse pecado era praticado sob
inspiração religiosa, bem como em vários países do mundo.
Infelizmente, isso ainda hoje acontece. A prostituição, além de ser
um dos grandes pecados, traz para dentro do corpo moléstias que
prejudicam não só o corpo do indivíduo mas também os seus
futuros descendentes, que podem ser arruinados pelas
conseqüências dos pecados dos pais. Quantas pessoas deformadas
há por aí, filhos de pais que se arrependem da vida de prostituição
que tiveram! Quantas enfermidades passam às gerações futuras,
em razão desse pecado! Deveria haver mais cuidado e ordem de
saneamento por parte das autoridades nesse sentido.
É com razão que o apóstolo diz: "Fugi da prostituição!"
Com isso não quer dizer que não se deva fugir também dos
outros pecados; não, Paulo nessa expressão está salientando o
dever de os cristãos se guardarem do pecado, especialmente o da
prostituição.
O texto grego diz: "Porneu eis idios soma amartieni", isto é,
a prostituição, para dentro de si próprio (ou do seu corpo), comete
(ou traz) pecado.
Isso significa que não se trata de apenas cometer um pecado,
mas implica em graves conseqüências desse pecado para o corpo
e para os descendentes, conforme acima explicamos.
O pecado se define em errar o alvo, por querer contrariar a
suprema vontade divina; portanto, nesse sentido, tudo que se
pratica contra a vontade de Deus é pecado; por exemplo: Saul
errou por querer sacrificar contra a vontade e a ordem do Senhor
(1 Sm 13.8-14; 15.10-24). Esse foi um pecado de desobediência e
grande pecado; mas qualquer pecado, nos afasta da comunhão
com Deus (Is 59.2; G1 5.19-21; 1 Jo 3.4; Ap 21.8; 22.15). Há
outras citações de pecados, nas quais somos advertidos a não cair
neles (Lc 21.34; Ef 4.17; 5.18; Cl 3.5-9). Porém Paulo não está
discutindo a grandeza do pecado, mas a gravidade dos resultados
no corpo daqueles que o cometem. Está escrito que o templo do
Espírito Santo é o corpo; ora, se o corpo é um santuário,
santificado para a divina morada, somos responsáveis em mantê-
lo limpo e asseado pela graça do Senhor Jesus, livre de toda a
contaminação e mancha, tal como o requer o Senhor (Ef 5.26,27).
Assim, todo o pecado que concorre para desfigurar o corpo,
quer seja a boca defeituosa pelo uso do cachimbo, ou sinais
produzidos pelo uso do álcool ou ainda distúrbios causados por
doenças infecciosas da prostituição, são pecados cometidos para
dentro do próprio corpo, com a agravante de se expor ao perigo de
perder aqui o seu galardão no dia de Jesus (Fp 1.10).
Portanto, o pecado fora do corpo é perigoso como é tudo
quanto se acha embrionado no coração humano (Mc 7.20-23).
O apóstolo Paulo nos diz: "Tendo, portanto, estas
promessas, amados, purifiquemos a nós mesmos de toda a
imundícia da carne e do espírito e aperfeiçoemos a santidade no
temor de Deus" (2 Co 7.1).
Porém, devemos fugir muito mais da fornicação, porque não
só é um pecado fora do corpo, mas traz também para dentro do
corpo as graves conseqüências da desobediência que deve ser
evitada em nossa vida.
Que Deus nos ajude, em nome do Senhor Jesus! Amém!

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