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Módulo 02
O AT e o contexto da sua redação
MÓDULO 2
O ANTIGO TESTAMENTO
E O CONTEXTO DA SUA REDAÇÃO1
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Sempre que encontrar algum termo negritado em azul, consulte seu significado no
glossário da unidade.
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A Bíblia e seu contexto
MÓDULO INTRODUTÓRIO ESPECIALIZAÇÃO EM EXEGESE BÍBLICA
5.5. História
5.6. Fenomenologia
Referências Bibliográficas deste Módulo
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UNIDADE 1
BREVE HISTÓRIA DOS POVOS VIZINHOS
A história do Antigo Israel e, por consequência, dos escritos do Antigo Testamento, fica
melhor entendida quando a estudamos à luz da história sociopolítica e econômica dos
povos vizinhos. O local onde Israel se estabeleceu desde a antiguidade sempre foi uma
rota de passagem, que promovia intercâmbio entre a Assíria, Egito e Mesopotâmia. A
influência destas culturas em trânsito na região provocou em Israel uma tradição mes-
clada de elementos estrangeiros. A região recebeu a designação de "corredor siro-
palestinense" e sua importância no âmbito das comunicações e do comércio entre as
grandes civilizações de sua época a tornava fortemente disputada.
“[...] esse corredor foi ao longo dos milênios um cadinho de influências políticas e
culturais que, provindo de todas as direções, ali se encontravam e eram processa-
das [...]” (DONNER: 2000, p. 33).
PERÍODOS ARQUEOLÓGICOS
IDADES DATAÇÕES
BRONZE ANTIGA 3500 – 2200 AEC
BRONZE INTERMEDIÁRIA 2200 – 2000 AEC
BRONZE MÉDIA 2000 – 1550 AEC
BRONZE POSTERIOR 1500 – 1150 AEC
FERRO I 1150 – 900 AEC
FERRO II 900 – 586 AEC
PERÍODO BABILÔNICO 586 – 538 AEC
PERÍODO PERSA 538 – 333 AEC
A região sempre foi um “tampão” de poder, sendo fronteira entre nações muito mais for-
tes e poderosas politicamente do que ela. Quando as nações no norte se fortaleciam, o
Egito perdia o controle sobre Canaã. Quando o Egito se fortalecia, eram as nações do
norte que perdiam o controle sobre Canaã.
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Fonte dasiImagens: Crescente fértil: Eneas TONINI: Geografia Bíblica. Diagrama de
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Blocos da Palestina: Tim DOWLEY: Atlas Vida Nova da Bíblia e da História do Cristianis-
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O Egito teve um momento de grande expansão do Antigo Império na época das pirâmi-
des, entre 3100 até 2180 com a 17ª dinastia. Depois houve uma dominação de reis es-
trangeiros3, conhecidos como Hycsos (1730-1530 AEC). Estes faraós deixaram de atuar
no Egito com retomada de poder pelos faraós nacionais, a partir da 18ª dinastia.
Este período entre a saída dos Hycsos e a retomada dos faraós nacionais exigiu que as
atenções dos egípcios estivessem todas voltadas para si. Neste período (1500 – 1000
AEC) a região de Canaã ficou livre da pesada dominação estrangeira em função das mu-
danças políticas internas no Egito. Os períodos de ausência de dominação estrangeira
naquele território são chamados de “vácuos de poder”.
Neste tempo, o Egito, na tentativa de se reorganizar, tentou a todo custo retomar a gló-
ria do Antigo Império, o da época das pirâmides. Mas este processo foi comprometido
pela devoção ao Sol (o deus Ra) promovida pelo faraó Amenófis IV que quase levou o
Egito ao colapso de suas fronteiras. Amenófis IV foi morto numa conspiração e foi suce-
dido por seu general que não deixou herdeiros.
A nova linhagem de poder no Egito, a 19ª dinastia, levantou-se com ímpeto de restaurar
a glória do Antigo Egito. Uma sucessão de faraós austeros permaneceu no poder, culmi-
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O conceito de faraó é posterior a este período e passa a ser usado na história a partir
do século X AEC. Neste período é mais acertado referir-se a Rei do Egito e não faraó.
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A Bíblia e seu contexto
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nando com Ramses II “O Grande", considerado o mais famoso de todos os reis do Egito,
que permaneceu no poder por um longo período, realizou muitas construções monumen-
tais no Egito, cidades com seu nome e usou duramente a mão-de-obra escrava dos is-
raelitas. É este o faraó que Moisés enfrenta para libertar o povo em nome de Yahweh.
3100 -2180 AEC ANTIGO IMPÉRIO EGÍPCIO (PIRÂMIDES) até 17ª DINAS
1730 – 1580 AEC DOMÍNIO HICSO/ANATOLIANO: FARAÓS ESTRANGEIROS
1570 – 1200 AEC NOVO IMPÉRIO EGÍPCIO: FARAÓS NACIONAIS
1570 – 1345 AEC 18ª DINASTIA
1502 – 1448 AEC TUTMOSIS III
1413 – 1377 AEC AMENÓFIS III
1377 – 1360 AEC AMENÓFIS IV (ECNATON),
1360 – 1334 AEC NEFERTITI, TUTANCAMON – GOLPE DE HAREMRAB
1334 – 1306 AEC HAREMRAB GOVERNA MAS MORRE SEM FILHOS
1306 – 1200 AEC 19ª DINASTIA
1306 – 1304 AEC RAMSÉS I
1304 – 1290 AEC SETH I
1290 – 1224 AEC RAMSÉS II (FARAÓ DO ÊXODO)
1224 – 1204 AEC MERNEPTAH
1186 – 1184 AEC SETHNACHT
1184 – 1069 AEC 20ª DINASTIA
1069 – 945 AEC 21ª DINASTIA
945 – 935 AEC 22ª DINASTIA
935 – 730 AEC DOMÍNIO DOS LÍBIOS – FARAÓS ESTRANGEIROS
A partir de 900 AEC o Império Neo-Assírio começou a ganhar força no cenário internacio-
nal em decorrência de um Egito cada vez mais enfraquecido e ameaçado pelos seus pró-
prios conflitos internos. Os reinados de Assurbanipal (884-859 AEC) Salmanasar III
(859-824 AEC) e posteriormente de Tiglat-Pileser III (745-727 AEC) foram períodos de
muita tensão entre aquelas nações do Oriente Próximo, com fortes reverberações no ter-
ritório israelita.
Estes eventos coincidiram com o profetismo de Elias, Eliseu, Amós, Oséias, Isaías e Mi-
quéias, cujos textos refletem muito nitidamente o conturbado movimento entre as potên-
cias e nações menores. Em termos de monarquia israelita, estamos paralelos aos reina-
dos de Roboão à Jotão em Judá e de Jeroboão I a Oséias na região de Efraim.
A região de Efraim, ou reino do norte, deixou de existir como nação quando Samaria foi
destruída pela Assíria em 722 AEC, início do reinado de Sargão II. Isso ocasionou um
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grande fluxo migratório de israelitas para o sul, além da deportação de muitos israelitas
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para terras longínquas pelo império Assírio. Não apenas israelitas do norte migraram pa-
ra o sul, mas também as nações estrangeiras ocuparam o território do norte de Israel.
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A Bíblia e seu contexto
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Neste período de enfraquecimento assírio, o Egito tentou recuperar sua hegemonia, mas
suas tentativas foram intimidadas pela força do império Neo-Babilônico, que permitiu ao
Egito manter apenas a delimitação mais restrita de suas fronteiras. Essas tentativas es-
tão retratadas nas iniciativas tanto de Josias quanto de seus sucessores até Zedequias de
fazer aliança com o Egito para se livrar da Assíria, aliança condenada pelo profeta Jere-
mias.
Testemunhos destes fatos estão nas constantes admoestações do profeta Jeremias pra
que Judá não fizesse alianças com o Egito, pois na disputa política, quem se aliasse à
Babilônia ficaria em melhor situação.
Babilônia exerceu seu domínio de 626 -538 AEC, um curto período, mas período de pro-
fundo impacto na vida do povo de Israel. O período exílico é parte desta época de domi-
nação Babilônica (597-538 AEC). Depois de um cerco relativamente tolerante em Judá,
Zedequias se aliou ao Egito. Nabucodonosor devastou Jerusalém em 587/6 AEC, depor-
tando toda a elite jerusalemita para a capital do império e espalhando os camponeses
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Usando palavras atuais, poderíamos dizer que, em termos internacionais, a Pérsia herdou
da Babilônia um potentado gigantesco, “antiadministrativo” para o padrão centralizador;
uma aberração governamental para aquela época. As terras eram longínquas demais, os
povos diversificados demais, as culturas e idiomas também. Como manter leal ao Impé-
rio Persa nações tão diferenciadas e em territórios tão distantes?
A estratégia da Pérsia era mais eficiente e conseguiu manter os povos sob seu domínio
por mais tempo, mais equilíbrio, menos rebeliões. A Assíria tentara uma anulação de
identidade dos povos subjugados através de programas de massificação, aglomerando
culturas diferentes. A Pérsia optou por devolver a autonomia, pelo menos religiosa destes
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maico tornou-se língua oficial e mais tarde substituiu o hebraico como língua popular na
Palestina.
O Império Persa foi dividido em diversas regiões estratégicas chamadas satrapias. Estas
funcionavam como uma espécie de sede administrativa regional, representante oficial do
Império Persa. Eram responsáveis pelo que acontecia nas províncias à sua volta.
Junto com os sátrapas havia outros funcionários. Estes eram funcionários de alto-escalão
do Império, enviados pelo grande Rei da Pérsia para fiscalizar o funcionamento das sa-
trapias. Eram considerados protetores dos interesses da realeza. Já estes outros funcio-
nários eram homens de confiança, fiscais do imperador, o título deles significava “olho do
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rei” ou “ouvido do rei”. Assim as províncias eram administradas com duplicidade de re-
gência: centralizada e descentralizada.
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O relato bíblico nos fornece informações lineares, como se os eventos tivessem aconteci-
do simultaneamente, mas o fato é que temos muitos governantes estrangeiros envolvi-
dos em narrativas sobre Israel nos livros de Jeremias, Ezequiel, Isaías, Ester, Daniel,
Crônicas e Reis, muitos destes relatos referentes aos períodos Assírio, Babilônio e Persa.
No reinado de Dario III (335-331 AEC) o Grande Império Persa teve seu fim com a vitó-
ria de Alexandre na batalha de Isso em 333 AEC.
Após sua morte, seus generais disputaram o controle dos territórios conquistados por
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Sob o domínio Selêucida (a partir de 187 AEC), diversos conflitos, de ordem cultural e
religiosa, começaram a acontecer na Palestina. O processo de helenização foi massivo e
opressivo para os mais resistentes. Aspectos da cultura grega como: filosofia, religião,
literatura, política e principalmente a língua invadiram as fronteiras dominadas. A cultura
de cada povo foi sendo mesclada à dos gregos. Cada povo falava sua própria língua e o
grego comum (koinê) como idioma principal. Os que resistiam a estas mudanças passa-
ram a ser perseguidos.
Este foi um período de farta produção de escritos bíblicos. Quase a totalidade dos livros
proféticos, poéticos e dos escritos teve sua redação final e sua compilação canônica neste
período, principalmente os livros chamados dêutero-canônicos, que constam nas Bí-
blias católicas, mas não nas Bíblias Protestantes (Macabeus, Sirácida, Eclesiástico, Tobi-
as, Judith, Bel e o Dragão).
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Mapas: Império Assírio, Babilônio, Persa, Grego, Ptolemaico e Selêucida: Tim DOWLEY.
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UNIDADE 2
BREVE HISTÓRIA DO ANTIGO ISRAEL
A narrativa bíblica nos fala da chegada de Abraão a Canaã, depois de sua descida ao Egi-
to, seu retorno à Canaã onde nasceram seus filhos Ismael, Isaque e os filhos de Quetura.
Os dois filhos de Isaque, Esaú e Jacó nasceram na região de Canaã. Jacó ficou exilado
por vários anos em Arã até que voltou para Canaã com suas esposas, concubinas e doze
filhos. Depois da venda de José para o Egito começamos a nos situar no tempo dentro da
história dos povos vizinhos mencionada na Unidade 1.
Estima-se que os israelitas tenham mudado para o Egito por volta de 1650 AEC. A Bíblia
fala de 400 anos no Egito, mas este não é um número matematicamente preciso, é mais
uma simbologia teológica do que uma contagem precisa. Muitos comentaristas afirmam
que os descendentes de Jacó estiveram no Egito na época dos Hicsos, teoria perfeita-
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mente plausível. Faraós estrangeiros tinham a tendência de serem mais tolerantes com
os estrangeiros no Egito do que os faraós nacionais, que sempre subjugavam ou baniam
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os estrangeiros do território.
to.
A ideia sobre Israel ser regido por um sistema monárquico era conflitiva. A ocupação de
Canaã de forma alguma significou hegemonia israelita no território e extermínio completo
dos canaanitas. Em Jz 1 encontramos uma grande lista da extensão do território canaani-
ta não conquistado. Os canaanitas habitaram junto com os israelitas e com eles sua teo-
logia e seus sistemas de culto.
muitos canaanitas que não eram excluídos nem do povo, nem do trabalho do templo,
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nem dos trabalhos da corte, nem do harém do rei e nem mesmo da oficialização da li-
turgia. Foi o rei que fez mais alianças entre Israel e os povos vizinhos. Apesar de haver
A dinastia de Amri, de onde veio o rei Acabe, foi a dinastia mais longa da região de
Efraim. Efraim era a maior das 10 tribos do norte, sempre que o texto bíblico se refere a
Efraim está, de fato, se referindo às 10 tribos.
Os israelitas que ficaram em Samaria eram a parte mais pobre da nação. Muitos dos que
estavam em Samaria fugiram para Judá trazendo com eles muito material escrito, e que
depois tornou-se a principal fonte literária para a composição da Obra Historiográfica
Deuteronomista. Em Samaria um sacerdote solitário pregava a adoração a Yahweh por
ordem do governo, todavia cada povo estrangeiro para ali deslocado seguia praticando
seus próprios costumes religiosos (2Rs 17).
Com a ascensão de Josias ao trono do Sul, as reformas foram retomadas com força ainda
maior (625 AEC). Entretanto, a reforma de Josias foi bem mais rígida em relação à litur-
gia em Jerusalém, era mais do que um mero chamamento do povo para a exclusividade
na adoração a Yahweh. Junto com esta tentativa houve também a centralização da ado-
ração no templo e a desautorização dos santuários regionais, e Jerusalém assumiu o pa-
pel de único "lugar escolhido por Yahweh para ali ser adorado" (Dt. 12).
Em 2 Rs 22, quando o rei Josias mandou seus assessores consultarem a profetisa Hulda,
diz o texto que ela morava no bairro novo de Jerusalém, ou seja, Hulda provavelmente
era descendente dos israelitas que migraram do norte para o sul no período de expansão
da Assíria.
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Judá permaneceu no controle do território até 597 AEC. Após pesado cerco, foi dominado
pelos babilônios. Vários setores da população
foram sendo deportados em diversas levas. O
templo de Jerusalém e a cidade foram destruí-
dos dez anos depois, em 587 AEC. Dos que
ficaram na terra muitos fugiram para o Egito,
mas a grande maioria permaneceu no territó-
rio judaíta.
Os judeus foram duramente perseguidos. Durante mais de três anos foram completa-
mente privados de seus direitos civis e religiosos; os sacrifícios diários foram proibidos;
em Jerusalém foi erigido um altar ao deus Júpiter. No grande altar do sacrifício foi sacrifi-
cada uma porca para profaná-lo e a água em que foi servida sua carne foi salpicada so-
bre os rolos da Lei e sobre as principais partes do templo. A identidade judaica foi tre-
mendamente afetada, até provocar a guerra dos Macabeus.
UNIDADE 3
MOVIMENTOS LITERÁRIOS
A divisão de livros do Antigo Testamento das Bíblias Cristãs é diferente da divisão de li-
vros da Bíblia Hebraica. A divisão hebraica proporciona mais sentido para a compreensão
dos movimentos literários do AT.
A Bíblia Hebraica está dividida em três grandes blocos como veremos no módulo mais
adiante: (i) Torá – a lei; (ii) Nebiim – os profetas, e (iii) Ketuvim – os escritos. Para en-
tender quais movimentos literários deram origem a estes grupos de escrituras, é neces-
sário entender um pouco do funcionamento da sociedade do Antigo Israel. Este assunto
será melhor trabalhado na disciplina Bíblia e Cultura, mas de antemão esboçaremos uma
síntese destes grupos sociais que produziram movimentos literários.
O berço da profecia do Antigo Israel é Efraim. Os pais de Samuel eram de Efraim e Sa-
muel era natural desta região. Nesta região também atuaram Elias e Eliseu. O reino do
sul só conhecerá profetas ativos e com autoridade sobre os governantes a partir da des-
truição de Samaria, quando o movimento profético migrou para o Sul. No Sul, nos dias
de David, o profeta de maior relevância é Samuel, que reside no norte. Depois de Samu-
el encontramos Natã, mas Natã foi um profeta que atuou praticamente a serviço do palá-
cio e não de toda a nação como Samuel e os demais.
que a figura do rei. O berço da pro- oráculos e visões recebidos pelos profetas. Ou
fecia do Antigo Israel é Efraim. seja, enquanto os Anteriores narram o suporte
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Os Profetas Anteriores são também res narram o que foi falado neste período his-
conhecidos como Historiografia tórico.
Deuteronomista ou Obra Historio-
gráfica Deuteronomista que muitas Os Profetas Anteriores são também conhecidos
vezes aparece abreviada como como Historiografia Deuteronomista ou Obra
OHD. Os profetas Anteriores con- Historiográfica Deuteronomista que muitas
tam a história de como o Deutero- vezes aparece abreviada como OHD. A origem
nômio se cumpriu quando Israel deste nome está no princípio que a forma co-
não obedeceu à lei de Yahweh. mo os relatos são compostos nestes livros
obedece a lógica dos preceitos de obediência
exclusiva a Yahweh contidas na lei do Deute-
ronômio. A historiografia dos Profetas Anterio-
res quer ensinar a Israel que todas as vezes que Israel desviou-se da obediência aos
mandamentos de Yahweh, as ameaças anunciadas no livro do Deuteronômio se cumpri-
ram, daí o vínculo entre o Deuteronômio e os Profetas Anteriores. Os profetas Anteriores
contam a história de como o Deuteronômio se cumpriu quando Israel não obedeceu à lei
de Yahweh.
Cabe ressaltar que, diferente da tradição protestante, a Bíblia Hebraica não considera
Lamentações e o livro de Daniel como componentes do bloco profético.
Dentro da Torá existem divisões internas que não se resumem apenas aos cinco livros
(Pentateuco) que já conhecemos: Gn, Ex, Lv, Nm e Dt. Os especialistas em exegese da
Torá admitem algumas divisões importantes que são mencionadas em diversos manuais
de estudo exegético do AT, a saber:
refere à Efraim.
D – deuteronomista – é uma fonte literária que parte dos preceitos do
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A partir do séc. VIII AEC uma parte significativa das leis de Israel começou a sair do for-
mato avulso ganhando a estrutura de códigos. A ênfase num modelo de vida nacional
que privilegia uma sociedade igualitária é bastante visível. O surgimento destas leis co-
meçou a destacar a tensão entre viver dentro dos preceitos estabelecidos por Yahweh ou
viver conforme aos Cananeus e povos vizinhos.
do AT e como este bloco literário estava sendo fechado efetivamente neste período, atri-
bui-se grande responsabilidade da composição do cânon aos grupos sacerdotais. O papel
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UNIDADE 4
MUDANÇAS NOS PARADIGMAS TEOLÓGICOS
Como foi dito no princípio desta disciplina, a Bíblia é um livro teológico. Ignorar este
pressuposto na exegese bíblica é esquecer o princípio fundamental do seu texto, a arga-
massa que solidificou todo o compêndio de livros numa única obra, o livro mais lido do
planeta. Entender a teologia subjacente ao texto bíblico e seu processo de formação
sempre traz luz à compreensão da composição do cânon e também da mensagem bíblica.
Numa leitura geral, se tem a tendência de pensar que Israel foi monoteísta desde sua
formação. Isto não é verdade, pois nem Abraão foi monoteísta a vida inteira. O texto de
Hebreus cita Abraão como um fabricante de deuses na terra dos Arameus, isto é, em
Arã, a primeira parada do Clã de Terá quando saiu da Mesopotâmia, de Ur da Caldeia.
É importante que se perceba que vários são os grupos humanos que participam da sua
composição de Israel, dos quais o clã de Abraão é apenas um. Cada um destes grupos
traz sua carga de experiência religiosa e sua teologia original. Deve-se lembrar que a
religião dos povos da antiguidade foi fator determinante
para quase tudo que aconteceu naquelas culturas. A teo- A Bíblia é um livro teoló-
logia que Israel adquiriu no período pós-exílico é um refi- gico. Compreender o
namento desta teologia multifacetada do Israel das Ori- texto bíblico implica ob-
gens. jetivamente em compre-
ender o processo de
Schwantes propõe a origem de Israel como resultado de amadurecimento da
quatro grupos humanos diferenciados: (i) Os hapirus, (ii) compreensão teológica
os grupos abraâmicos, (iii) os escravos do Egito e (iv) o que seus personagens
grupo sinaítico. Outros autores preferem a divisão em três desenvolveram, na me-
grupos principais e, ao invés de considerarem os grupos dida em que saíam da
abraâmicos como um grupo autônomo, eles o fundem no condição de politeístas
grupo dos arameus, e é esta a divisão que seguiremos para monoteístas.
aqui.
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Esse "Deus dos Pais" que acompanha o clã possui nove características pessoais: 1) é
pessoal (vinculado à pessoa a quem se revelou), 2) é dinâmico (que age e intervém), 3)
é familiar (ligado às realidades familiares), 4) é peregrino (que caminha com seus devo-
tos) , 5) faz promessa, 6) tem um culto particular, 7) é adorado na casa ou 8) no lugar
onde estiver o altar, 9) não precisa mediadores especializados na adoração. O Deus dos
patriarcas era um Deus da intimidade da vida do clã e nele se revelava. Era o Deus da
família.
Os hapirus representavam uma grandeza social de Canaã. Eram grupos de origens diver-
sificadas e que possuíam alguns traços em comum. Eles habitavam as cidades-estado de
Canaã. Os hebreus no Egito que prestavam
trabalhos forçados têm sido identificados
com os hapirus. Alguns autores associam o
próprio Abraão também a este grupo.
Os hapirus
eram pessoas O principal problema dos hapirus era sobreviver, eles emprega-
que tentavam vam-se como escravos, partiam para o banditismo como saltea-
livrar-se do dores, ladrões e fugitivos ou atuavam em serviços militares e
jugo que o Egi- para-militares. Mas em geral tratava-se de um grupo marginali-
to e as cidades- zado social e juridicamente. De todas as formas, encontramos
estado lhes um importante traço comum entre estes grupos: os hapirus
impunham.
eram pessoas que tentavam de alguma forma livrar-se do jugo
Suas práticas
religiosas eram que o Egito e as cidades-estado lhes impunham.
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tão sincretistas
quanto era a Pastores, escravos, comerciantes ou funileiros, possuíam um
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própria mescla sentido de vida comum que não lhes permitia subordinar a um
de gente que sistema de vida injusto, explorador e opressivo. As práticas reli-
os compunha.
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A narrativa bíblica especifica que o grupo que saiu do Egito tinha que ir para o deserto
para render culto ao Deus de seus pais, o Deus que apareceu a Moisés numa sarça in-
candescente e se apresentou como “Eu Sou”. No entanto na região do Sinai havia mais
pastores semi-nômades, criadores de gado miúdo, descendentes do clã de Midiã cujo
melhor representante é o sogro de Moisés (Jetro ou Reuel). Este grupo adorava o Deus
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A tradição de Yahweh como o Deus do Sinai é tão antiga e estreita que o Sinai identifica
Yahweh e Yahweh identifica o Sinai. Yahweh não é uma divindade canaanita como Baal,
Dagom, Ashera, Astarte e etc. Yahweh é um Deus que se levanta do Sinai para livrar seu
povo (Jz 5,4 e 5).
A noção de que Yahweh é um Deus que vem de fora de Canaã é anterior a existência de
Israel. O sogro de Moisés é um sacerdote midianita deste Deus Yahweh, e Moisés teve
seu primeiro encontro com este Deus em terras midiani-
tas (Ex 3). Os beduínos de Edom (Esaú) também são
A tradição de Yahweh
associados com Yahweh até mesmo em documentos ar-
como o Deus do Sinai é
queológicos egípcios. tão antiga e estreita que
o Sinai identifica
De todas as formas, a ciência, com toda a sua metodolo- Yahweh e Yahweh iden-
gia, parece ter chegado à consonância de que esse Deus tifica o Sinai. Yahweh é
era adorado por descendentes de Esaú (Edom), descen- um Deus único, cuida-
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dentes de Midiã (filho de Abraão com Quetura represen- doso e ciumento, que
não admite outros deu-
tados em Jetro) e são os descendentes de Jacó, que es-
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tavam todos no Egito, que a partir do Sinai começarão a conhecer a personalidade deste
Deus.
Yahweh é aquele que mora no Sinai. É necessário peregrinar até lá para adorá-lo. Dife-
rente do “Deus dos Pais” que acompanhava o clã em suas peregrinações, suas manifes-
tações estão conectadas com eventos espetaculares da natureza como abrir o Mar Ver-
melho, enviar pragas ao Egito, etc. Yahweh é um Deus único, cuidadoso e ciumento, que
não admite outros deuses diante dele e nem imagens de si mesmo feitas por mão huma-
na.
Somando-se as características de
“Deus dos pais”, “Deus libertador”
e “Yahweh do Sinai” percebe-se
claramente que o Yahweh do mo-
noteísmo israelita dos tempos de
Esdras e Neemias funde as três
figuras de divindade num único
Deus, o Deus de Israel, e o reco-
nhece como soberano sobre todo
o panteão de divindades canaani-
tas. Com isso houve uma acomo-
dação das diversas tradições teo-
lógicas sobre o Deus de Israel
numa única expressão: a da fé
em Yahweh.
Este panorama nos ajuda a compreender como a história política dos povos vizinhos in-
terferiu completamente na configuração da teologia do Antigo Israel e porque as narrati-
vas bíblicas registraram os fatos do jeito que fizeram.
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Na cosmovisão hebraica, os elementos mais importantes não estão no início, nem no fim,
estão no centro. Os Profetas Anteriores e Posteriores ocupam, por isso, o centro da Bíblia
No Pós-Exílio, quase mil anos depois do Êxodo, Israel se tornou, finalmente mono-
teísta, depois de longo amadurecimento teológico.
Este grupo também é grandemente responsável para que todo o Israel compreen-
desse o caráter deste Deus único, ciumento e totalmente distinto de qualquer di-
vindade de Canaã, Egito ou Mesopotâmia.
A Teologia que subjaz aos escritos bíblicos é construída desta forma. O testemunho teo-
lógico que é o texto bíblico tem fundamento na construção de um monoteísmo que per-
passa mil anos da história do Antigo Israel.
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UNIDADE 5
A CONTRIBUIÇÃO DAS CIÊNCIAS BÍBLICAS
A esta altura você deve estar se perguntando: “mas de onde sai tanta informação que dá
sentido ao texto bíblico que não é percebida quando se lê o texto na sua superfície?” Este
é o importante papel desempenhado pelas ciências bíblicas.
Por incrível que possa parecer, todo o material que dá origem a esta visão histórico-
social está no próprio texto bíblico. É nas suas nuances e pequenos detalhes, despercebi-
dos na leitura superficial, que são levantadas as grandes suspeitas hermenêuticas. Estas
suspeitas são investigadas com persistência por pesquisadores de diversas áreas de co-
nhecimento.
Em cada área científica que investiga as mesmas suspeitas, são recuperados elementos
relevantes e que, quando reunidos, proporcionam ao texto bíblico um sentido muito mais
rico do que aquele fornecido pela leitura superficial e pela hermenêutica intuitiva. Conhe-
çamos de que forma cada uma delas contribui para uma compreensão mais rica do texto
bíblico.
Esta ciência é responsável pela reconstrução do modo de vida das sociedades do Antigo
Oriente. Utiliza métodos investigativos da própria sociologia e seu enfoque é recuperar a
trajetória sociológica natural dos povos da região.
Descobre-se, pela sociologia bíblica, como eram as relações políticas e econômicas entre
os povos, as relações sociais, as estruturas de poder e os grupos humanos inclusos na
composição do Antigo Israel. Delineia-se como o povo saiu da estrutura nômade e clânica
para se tornar uma grandeza política unificada com traços próprios.
ta em si mesmo.
Esta é uma ciência paralela à sociologia, mas seu intuito é partir do modo de vida das
sociedades para descrever o ser humano prefigurado no texto bíblico e todas as figuras
de linguagens utilizadas no texto.
A geografia bíblica recupera para o exegeta o sentido de toda mensagem do texto bíblico
que está vinculada aos detalhes do espaço geográfico onde os eventos narrados aconte-
ceram primordialmente.
A assimilação de Yahweh no norte foi mais conflitiva do que no sul. Por isso mesmo o
movimento profético do norte foi mais profuso e intenso do que o do sul. Todos estes
elementos são possíveis de serem percebidos quando estudamos a geografia bíblica den-
tro da perspectiva da geografia das religiões.
Esta é uma das ciências que auxilia a exegese e a hermenêutica bíblica de modo mais
encantador do que se imagina que possa auxiliar. A filologia dos textos originais é fasci-
nante e reveladora de inúmeros sentidos do texto em si mesmo.
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Igualmente a semiótica estuda os signos da linguagem bíblica como cores, gestos, pala-
Página
vras, espaços e a sua articulação com o conteúdo do texto e sua mensagem. O escritor
bíblico está todo o tempo realizando um exercício semiótico quando deixa suas palavras
registradas. Porém o leitor se aproxima deste exercício semiótico na intenção de decifrar
estes signos e para isso ele precisa realizar exercícios semânticos.
5.5. História
5.6. Fenomenologia
Como dito desde a primeira unidade, o texto bíblico é um texto sagrado. Ele deriva da
experiência com o Sagrado que os personagens do Antigo Israel vivenciaram. Para ser
devidamente compreendido, o texto precisa ser examinado à luz do fenômeno sagrado.
Para isto há nesta pós-graduação uma disciplina exclusiva para o estudo do fenômeno
religioso que subjaz o conteúdo do texto bíblico.
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