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Petrópolis
Setembro/2017
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PETRÓPOLIS
2017
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Petrópolis
2017
4
Aprovada em _____/_____/__________
______________________________________________________________________
Profª. Dra. Dayse Martins Hora - UCP
(Orientadora)
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Mauricio Castanheira – CEFET/RIO
(membro externo)
__________________________________________________________________________
Profa. Dra. Stella Cecilia Duarte Segenreich - UFRJ
(membro externo)
__________________________________________________________________________
Profa. Dr. Pedro Benjamim Garcia - UCP
(membro interno)
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DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, José Nivaldo e Jandira, mais do que a educação formal que vocês me
ofereceram com toda a dificuldade que enfrentaram, a formação humana foi o que de mais
importante vocês me proporcionaram. Sou e serei eternamente grata por tudo que vocês
dedicaram e dedicam a mim. Tenho muito orgulho de ser filha de vocês e muita admiração
pelos pais que tenho. Obrigado por tudo. Amo muito vocês!
A Janici, Lidy, Francy e Danny, meu amor maior, razão de todos os meus esforços, meu
orgulho. Vocês são os diamantes raros e únicos do meu tesouro, são o meu sonho tornado
realidade, a maior realização da minha vida.
Ao Thiago, Pedro e Sther pelos sorrisos e a certeza de que tudo vale a pena por vocês.
Ao Fabio Nobel, que chegou em minha vida, me completando, dividindo comigo minhas
angústias, parceiro em todas as horas.
Ao pai das minhas filhas que sempre me apoiou nos momentos mais difíceis.
Aos Professores Marlos Bessa, Eduardo Magrone, Eliane Medeiros, que sempre acreditaram
em mim e compartilharam seus saberes de maneira tão solidária.
A equipe do curso de Administração Pública da UFJF que não mediu esforços em possibilitar
meu acesso aos documentos do curso.
A minha orientadora acadêmica, Stella, por aceitar tornar-se minha orientadora em 2014.
Obrigada pela parceria nesses anos de estudos e desafios. Seu olhar criterioso possibilitou
muitas aprendizagens e constantes reflexões em torno de meu objeto de estudo. A minha
orientadora institucional Dayse pela confiança em me aceitar como orientanda.
Aos meus amigos do doutorado e da vida, Rayssa, Lenise e José Augusto por todo
companheirismo, risos e choros compartilhados nessa estrada tão cheia de surpresas que
trilhamos juntos.
E a DEUS uma vez que, sem Ele, esses agradecimentos não seriam construídos.
7
na terra.””
RICHARD BACH
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RESUMO
Não há fronteiras para a EAD (Educação a Distância), no ano de 2009 o MEC assinou uma
parceria com Moçambique (África) oferecendo a esse país 04 cursos de graduação: Biologia,
Matemática, Pedagogia e Administração Pública. Esses cursos foram oferecidos a partir de
uma parceria entre quatro instituições brasileiras (UFG, UFF, UNIRIO e UFJF) e duas
moçambicanas (Universidade Pedagógica e Eduardo Mondlane). Os conteúdos dos cursos
deveriam ser desenvolvidos pelas seis instituições que também produziriam materiais
didáticos impressos e recursos multimídias. O objetivo inicial era a participação de 50% de
professores brasileiros e 50% de professores moçambicanos. Os tutores que dariam apoio
presencial aos alunos nos polos seriam de Moçambique. Nessa perspectiva, este trabalho
pretende compreender o processo de instituição e implantação do Programa de apoio à
expansão da educação superior a distância na república de Moçambique, como uma política
pública de cooperação técnica bilateral e internacionalização pioneira da Universidade
Aberta do Brasil, e com enfoque institucional no Curso de Administração Pública oferecido
pela Universidade Federal de Juiz de Fora e realizado na Universidade de Mondlane. Assim,
dois eixos condutores da pesquisa foram explorados. O primeiro concentra-se na análise de
como a educação a distância é tomada como uma estratégia de execução desse projeto de
internacionalização, no bojo de uma política de expansão da educação superior brasileira. O
segundo eixo se refere ao projeto de parceria com Moçambique como exemplo de uma
política pública de internacionalização horizontal. Esta pesquisa vem dar uma contribuição
inédita no conjunto de pesquisas já realizadas ao tratar especificamente do curso de
Administração Pública, único curso oferecido pela Universidade de Mondlane no Programa
Brasil/UAB – Moçambique firmado em 2010. Esta nova política brasileira de
internacionalização da educação superior na modalidade a distância e o interesse do Brasil em
fortalecer seus laços com países da África também justifica plenamente a intensificação de
estudos sobre essa temática. Três estratégias foram utilizadas para explorar a situação de
estudo: a pesquisa bibliográfica, o levantamento/análise de documentos e a entrevista. Os
sujeitos para entrevista foram, inicialmente, o Coordenador Residente do Programa em
Moçambique e os Coordenadores do curso de Administração Pública das duas instituições de
educação superior parceiras (Universidade Federal de Juiz de Fora e Universidade Eduardo
Mondlane - Moçambique). Os resultados apontaram para as dificuldades encontradas no
início dos cursos do Programa em função do pouco tempo concedido ao seu planejamento,
tendo em vista tratar-se de uma experiência internacional horizontal e pioneira via UAB,
9
ABSTRACT
There are no frontiers for EAD (Distance Education). In 2009 MEC signed a partnership with
Mozambique (Africa) offering 04 undergraduate courses: Biology, Mathematics, Pedagogy
and Public Administration. These courses were offered through a partnership between four
Brazilian institutions (UFG, UFF, UNIRIO and UFJF) and two Mozambican ones
(Universidade Pedagógica and Eduardo Mondlane). The content of the courses should be
developed by the six institutions that would also produce printed didactic materials and
multimedia resources. The initial objective was the participation of 50% of Brazilian teachers
and 50% of Mozambican teachers in order to train 600 Mozambican students who would
receive diplomas with double certification. In this perspective this work aimed to understand
the process of institution and implementation of the Program of support to the expansion Of
distance higher education in the Republic of Mozambique, as a public policy of bilateral
technical cooperation and pioneering internationalization of the Open University of Brazil,
and with an institutional focus in the Public Administration Course offered by the Federal
University of Juiz de Fora and held at the University of Mondlane . Thus, two drivers of the
research were explored. The first focuses on the analysis of how distance education is taken as
a strategy for the execution of this internationalization project, within the framework of a
policy of expansion of Brazilian higher education. The second axis refers to the project of
partnership with Mozambique as an example of a public policy of horizontal
internationalization. This research makes an unprecedented contribution to the set of
researches already carried out by specifically addressing the Public Administration course, the
only course offered by the University of Mondlane in the Brazil / UAB - Mozambique
Program signed in 2010. As well as the new Brazilian internationalization policy Higher
education in the distance modality being the interest of Brazil to strengthen its ties with
African countries also fully justifies the intensification of studies on this subject. Three
strategies were used to explore the study situation: the bibliographic research, the survey /
analysis of documents and the interview. As subjects for interview we initially defined as the
Coordinator Resident of the Program in Mozambique and the Coordinators of the two partner
institutions of higher education (Federal University of Juiz de Fora and Eduardo Mondlane
University - Mozambique), offering the course of Public Administration. The results were an
outline of the possibilities and limitations of the study, announcing possibilities and
perspectives for expanding / deepening knowledge, as well as the assumptions for the success
of experiences of the same nature and the challenges in terms of continuity of studies.
11
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 21
1. CAMINHOS DA INVESTIGAÇÃO................................................................ 32
1.1. CONSTRUINDO A CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA........................... 33
1.2. SITUAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO: O PAÍS E O PROGRAMA
UAB/MOÇAMBIQUE........................................................................................ 35
ANEXOS 199
01 Regulamento Decreto n.º 35/2009: Aprova o Regulamento do Ensino à
Distância Moçambique........................................................................................ 200
Introdução
22
INTRODUÇÃO
Trajetória profissional
biblioteca com exemplares de livros para formação básica dos cursos que estavam sendo
oferecidos. Nesta segunda etapa, era grande a responsabilidade dos avaliadores, na medida em
que, a constatação do não cumprimento das medidas saneadoras poderia gerar o fechamento
dos polos, o que realmente aconteceu em alguns casos. Essa experiência permitiu perceber
deficiências no instrumento de avaliação, na medida em que, ele se centrava mais nas
condições materiais de oferta dos cursos a distância, despertando meu interesse, inicialmente,
em analisar até que ponto os instrumentos que estavam sendo usados realmente avaliavam a
qualidade desses cursos.
No mesmo ano em que iniciei a avaliação dos polos (2011), por conta de minha
participação no projeto piloto do curso de Administração Pública da UAB e em cursos de
especialização a distância na UFJF, passei a integrar, como pesquisadora, o Grupo de Estudos
em Educação, Cultura e Comunicação (EDUCCO) que acompanhou a inserção das
universidades brasileiras em Moçambique através do PROGRAMA UAB/MOÇAMBIQUE –
Expansão da Educação Superior a Distância na República de Moçambique1.
Esse Programa havia sido instituído no Brasil pela Portaria Normativa do MEC de nº.
22, de 26 de outubro de 2010, e implantado em sistema de cooperação entre as instituições
moçambicanas e brasileiras. Seis instituições participaram - quatro brasileiras e duas
moçambicanas - oferecendo 04 cursos de graduação, com dupla certificação, quais sejam:
Administração Pública- oferecido pela UFJF na Universidade Eduardo
Mondlane (UEM);
Ciências Biológicas- oferecido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) para
a Universidade Pedagógica (UP);
Matemática – oferecido pela Universidade Federal Fluminense (UFF) para a
Universidade Pedagógica(UP)
Ensino Básico - oferecido pela UNIRIO para a Universidade Pedagógica (UP)
Os PPs foram construídos pelas universidades parceiras no segundo semestre de 2010.
No caso da parceria UFJF/UEM, as reuniões foram realizadas com a participação de
professores das duas instituições, às quais não tive acesso.
Entretanto, em 2011, participei da análise dos Projetos Pedagógicos (PPs) de todos os
cursos a serem oferecidos pelas diferentes universidades como parte da equipe de uma
pesquisa institucional da UFJF financiado pela FAPEMIG, sem nenhuma ligação oficial com
o Programa Brasil/Moçambique. Naquele momento fiquei bastante interessada em
1
Esse Programa será identificado no decorrer da tese como Programa UAB/Moçambique.
24
acompanhar como ocorreria o processo de implantação destes cursos, que documentos seriam
utilizados, e, como essa experiência poderia ser apropriada pelos dois países integrantes de
cada uma das parcerias.
Por fim, em 2012, a UFJF recebeu a incumbência de desenvolver o projeto técnico
R1.18 de Monitoramento e Avaliação Institucional do Programa UAB – Moçambique, do qual
fiz parte também. O projeto tinha como objetivo realizar uma avaliação sistemática, de caráter
diagnóstico, com vistas ao aprimoramento contínuo dos processos de ensino-aprendizagem
dos cursos em andamento. Segundo a proposta do projeto:
2
O autor antes de entrar para o doutorado era Reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) de
Moçambique
27
Entre as contribuições dessa pesquisa para este trabalho destacam-se: sua análise como
espectadora privilegiada das dimensões políticas da instituição e interrupção do Programa em
2014 com a formação de uma única turma do curso de Bacharelado em Administração; e os
testemunhos dos gestores pedagógicos de curso, gestores das Universidades e dos Sistemas de
Ensino do Brasil e de Moçambique.
Um dos gestores entrevistados pelas duas pesquisadoras foi o coordenador residente
do Programa UAB-Moçambique. Desde a elaboração do projeto de tese, a leitura dos relatos
publicados por Preti (2013a, 2013b) sobre a sua vivência ratificou minha impressão sobre a
importância de desenvolver um estudo sobre este Programa como uma experiência pioneira
de cooperação internacional, interinstitucional e bilateral, via Universidade Aberta do Brasil, e
as múltiplas possibilidades de pesquisa que pode suscitar um “programa que envolve
diferentes instituições, dois países e duas ‘culturas’ ”(PRETI, 2013a, p.39).
Justificativas
Organização do texto
O relato do estudo está organizado em seis capítulos.
1. Caminhos da investigação
Nesse capítulo é descrito o caminho percorrido pela investigação seguindo as etapas
de Quivy (2005), definindo o tipo de pesquisa, a situação do objeto de estudo, os
sujeitos pesquisados, as estratégias utilizadas na coleta de dados, o desenvolvimento
da pesquisa e a proposta de análise dos resultados.
2. A EaD no sistema de educação superior brasileira pós-LDB
Serão apresentados os marcos regulatórios da EAD no Brasil desde a LDB/96, com
destaque para a criação da Universidade Aberta do Brasil como uma das principais
ações diretas do governo federal para expansão da educação superior a distância no
país e sua internacionalização mediante cursos de formação profissional via EaD.
Além da análise de documentos oficiais, foram citados vários autores no que diz
respeito à concepção/avaliação de EaD (BELLONI, 1999, 2012; PRETI, 2002, 2005a,
2005b; MORAN, 2002, 2005; KENSKI, 2010) e o movimento de expansão da EaD
(SEGENREICH, 2008, 2014, 2015, 2016).
3. Internacionalização da Educação Superior via EaD
O foco desse capítulo se centra na internacionalização do Ensino Superior enquanto
política buscando, inicialmente, compreender seus diferentes significados. Após
descrever o que alguns autores entendem por internacionalização e suas análises sobre
31
CAMINHOS DA INVESTIGAÇÃO
33
1. CAMINHOS DA INVESTIGAÇÃO
Por outro lado, apesar de não se pretender mais avaliar o Programa no sentido de
emitir um juízo de valor, a proposta do estudo passou a ser a possibilidade de dar subsídios
para que os atores direta ou indiretamente envolvidos possam procurar soluções para
problemas encontrados, como proposta no objetivo geral da pesquisa. Para compreender a
multiplicidade de aspectos que poderiam merecer nossa atenção utilizamos o modelo de
avaliação de Hadji (1994) que defende a ideia de que a avaliação se faz em todos os
momentos da ação estudada e que resulta de uma comparação do que se promete fazer em
termos de Instituição, Programa, Curso, Disciplina (referente) e a realidade do fato em si
34
(referido).
No Quadro 1 a seguir, é possível ter uma visão de um conjunto de indicadores
qualitativos e quantitativos que permitem conhecer a realidade do objeto de estudo em três
momentos: antes, durante e depois do Programa.
Quadro 1: Modelo de avaliação de Hadji
O país tem a extensão territorial 801.590 km2, sua capital é Maputo e está dividido em
11 províncias, como mostra a Figura 2.
3
Disponível em: http://ppgconsulting.files.wordpress.com/2012/06/mozambique_600.jpg. Acesso em: 14 de
Abril de 2017
36
20
16,0
15 12,1
10 7,5
6,4
0
1950 1960 1980 1997 2007 2012 2013 2014
4
Disponível em: http://ppgconsulting.files.wordpress.com/2012/06/mozambique_600.jpg. Acesso em: 14 de
Abril de 2017
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De 1960 a 2012, a população cresceu mais de 200% (de 7,5 para 23,7 milhões), a partir de
2012 o crescimento ficou menos acelerado. Aproximadamente 70% da população vivem na zona
rural.
Ex-colônia de Portugal, Moçambique conseguiu sua independência no dia 25 de junho
de 1975. Apesar de o português ser o idioma oficial do país, esse idioma se divide com outros
dezoito idiomas também considerados nacionais. O português é aprendido normalmente nas
escolas principalmente no interior do país.
Moçambique, por conta de sua história é um território marcado pela diversidade de
línguas, possuindo oito idiomas diferentes considerados línguas nacionais. Depois da
independência a língua portuguesa passou a ser a oficial, o que significa que órgãos públicos e
de ordem oficial teriam que fazer divulgações e notícias em língua portuguesa, este foi um
dos motivos para a assinatura do convênio em 2010.
Procuramos dar uma visão de como se apresentava a educação do país no ano da
criação do Programa, por meio de dados relativos ao ensino primário, secundário e superior
no país, e o coeficiente professor aluno. Esses dados foram divulgados pelo Instituto
Nacional de Estatística, no documento intitulado Estatísticas e Indicadores Sociais, 2008-
2010.
O documento aponta que a educação é um dos fatores na luta contra pobreza. Em 2009,
cerca de 71% tinham concluído o ensino primário do 1º grau (EP1) e apenas 48% o ensino
primário do 2º grau (EP2). Dois dos objetivos propostos eram assegurar que, em 2015, todas
as crianças frequentassem o ensino primário e que não houvesse disparidades de gênero em
todos os níveis do ensino. Os três gráficos a seguir demonstram a necessidade do investimento
na área educacional e a necessidade da busca de ações para o atendimento do grande número
da população moçambicana que ainda estava sem acesso.
Fonte: INE Estatísticas e Indicadores Sociais, 2008-2010 gráfico elaborado pela autora
38
10
6 Total
4 Homens
Mulheres
2
0
2008 2009 2010
Total 6,4 7,4 8,2
Homens 5 4,1 4,5
Mulheres 1,3 3,2 3
Fonte: INE Estatísticas e Indicadores Sociais, 2008-2010 gráfico elaborado pela autora
80.000
70.000
60.000
50.000 Total
40.000 Homens
30.000 Mulheres
20.000
10.000
0
Público Privado
Total 72.136 28.821
Homens 46.412 14.730
Mulheres 25.724 14.091
Fonte: INE Estatísticas e Indicadores Sociais, 2008-2010 gráfico elaborado pela autora
80
60
40
20
0
Ensino Ensino
Primário 1º Secundário 1º
grau Ciclo
2008 73 45
2009 69 47
2010 66 45
Fonte: INE Estatísticas e Indicadores Sociais, 2008-2010 gráfico elaborado pela autora
Tabela 1: Distribuição das matrículas e dos concluintes por área de formação em nível superior e
categoria administrativa 2010
Matriculados Concluintes
A Tabela 1 nos remete a outras inferências entre elas destacamos o pequeno número de
graduados em todas as áreas independente da categoria administrativa. Os cursos de Ciências
Sociais, Gestão, Direito e Educação são os cursos que têm o maior número de matriculados, nas
duas categorias administrativas. Nas instituições públicas temos o curso de Educação que
apresenta um melhor rendimento, com um índice mais elevado de concluintes. Nas instituições
privadas o curso de Ciências Sociais, Gestão, Direito é que apresenta esse índice mais elevado de
concluintes.
Era essa a realidade educacional de Moçambique, seu desenho educacional quando foi
assinada a proposta do Programa de Expansão da Educação Superior a Distância na
República de Moçambique, programa instituído pela Portaria Normativa do MEC de nº 22, de
26 de outubro de 2010, e implementado um sistema de cooperação entre as instituições
moçambicanas e brasileiras integrantes do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Os
cursos de graduação do Programa em Moçambique eram voltados para a qualificação dos
professores de escolas públicas (Ensino Básico, Biologia, Matemática) e de gestores públicos
(Administração Pública).
Além de descrever e analisar o Programa UAB/Moçambique desenvolvido pelo Brasil
estabelecemos como recorte o processo de implantação do Curso de Administração Pública a
distância, coordenado pela UFJF/UAB, na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) de
Moçambique. Para esse curso, iniciado em fevereiro de 2011, foram abertas 90 vagas, 30 para
cada um dos polos selecionados pelo Programa UAB/Moçambique: Maputo, Lichinga e
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5
Disponível em http://cdn.portalsaofrancisco.com.br/wp-content/uploads/2016/08/818.gif Acesso em 13
de Abril de 2017.
42
mencionado na introdução deste relatório. O Quadro 3 apresenta com mais detalhes as fontes
bibliográficas selecionadas.
Lüdke e André (1986) afirmam que, análise documental constitui uma técnica
importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras
técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema. Esta análise nos propicia
informações que ampliarão o entendimento de objetos de estudo cuja compreensão necessita
de contextualização histórica e sociocultural.
Para a pesquisa documental foi considerado que:
[...] os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser
retiradas evidências que fundamentam afirmações e declarações do pesquisador.
Representam ainda uma fonte “natural” de informação. Não são apenas uma
fonte de informação contextualizada, mas surgem num determinado contexto e
fornecem informações sobre esse mesmo contexto.(LÜDKE e ANDRÉ, 1986
p.39)
Cellard (2008) afirma que,“além disso, muito frequentemente ele permanece como o
45
único testemunho de atividades particulares ocorridas num passado recente”( p. 295). O autor
destaca que a análise documental inicia-se pela avaliação preliminar de cada documento,
realizando o exame e a crítica do mesmo, sob o olhar dos seguintes elementos: contexto,
autores, interesses, confiabilidade, natureza do texto e conceitos-chave, sendo que os
elementos de análise podem variar conforme as necessidades do pesquisador.
Os elementos de análise documental mais utilizados no levantamento inicial dos
documentos podem ser resumidamente descritos, conforme Cellard (2008):
O contexto: é importante uma análise do contexto histórico e social em que foi
elaborado o documento; esta avaliação permite “apreender os esquemas conceituais de seu ou
de seus autores, compreender sua reação, identificar as pessoas, grupos sociais, locais, fatos
[...]” (CELLARD, 2008, p. 299).
O autor ou autores: É fundamental ter conhecimento da identidade, dos interesses e
dos motivos da escrita da pessoa que se expressou. “Elucidar a identidade do autor possibilita,
portanto, avaliar melhor a credibilidade de um texto, a interpretação que é dada a alguns fatos,
a tomada de posição que transparece de uma descrição, as deformações que puderam sobrevir
na reconstituição de um acontecimento”. (CELLARD, 2008, p. 300).
A autenticidade e a confiabilidade do texto: É importante verificar a relação entre
o(s) autor(es) e seus escritos, levando em consideração se foram testemunhas diretas ou
indiretas, o tempo do acontecimento e sua descrição, se reportaram falas de outra pessoa, se
cometeram enganos, em que posição estavam para fazer tal observação ou julgamento, etc.
O levantamento e análise de documentos se centraram em fontes pertinentes ao Ensino
Superior a Distância no Brasil e Moçambique, ao Programa UAB/Moçambique e ao curso de
Administração Pública UAB/UFJF realizado em Moçambique.
Na análise da realidade brasileira da educação superior a distância prevaleceram os
arquivos públicos nacionais que registram leis, decretos, portarias e pareceres que têm
construído os marcos regulatórios da educação superior e da educação a distância. Quanto aos
dados sobre Moçambique, além das teses e dissertações já mencionadas, documentos originais
de domínio público foram obtidos no decurso do projeto de avaliação da qual participei e
posteriormente no sites dos organismos relacionados e mediante contato com coordenadores
do Programa.
No que se refere à descrição da trajetória do Programa como um todo foi importante
contar com documentos originais gerados pelos diferentes organismos intervenientes,
envolvidos no seu planejamento e execução. Nesse momento, os registros de documentos
escritos em forma de atas de reunião, relatos de missão e relatórios oficiais foram uma peça
46
Em artigo publicado três anos mais tarde, Belloni (2012) já se posiciona mais
claramente ao declarar que “o fenômeno educação a distância, aqui [é] entendido como
parte de um processo de inovação educacional mais amplo que é a integração das novas
tecnologias de informação e comunicação nos processos educacionais”. ( p.123)
Quanto à educação a distância, o conceito tende a se transformar, pois uma das
macrotendências que se pode vislumbrar no futuro próximo do campo educacional é uma
“convergência de paradigmas” que unificará o ensino presencial e a distância, em formas
novas e diversificadas que incluirão um uso muito mais intensificado das TICs. Neste
contexto, “educação a distância” deixa de ser apenas mais uma modalidade de educação, para
se tornar sinônimo de uma nova fatia de mercado, muito rentável, para a indústria da
comunicação e o setor privado da educação.
distância, foi oferecido em 1995 para 350 professores da rede pública, numa região ao norte
do Estado de Mato Grosso. Preti (2005a, apud SEGENREICH, 2008) destaca as seguintes
características do curso, no que diz respeito à sua organização: (a) parceria com as
secretarias estadual e municipais de educação; (b) organização de polos regionais e centros
de apoio; (c) orientador acadêmico local e membro da rede estadual ou municipal de
ensino; e, (d) uso de material didático impresso.
Em relação à parceria com outras instituições, o projeto do curso não foi fruto de uma
iniciativa isolada da UFMT, mas de um processo compartilhado por diferentes atores. Nas
palavras de Preti, a UFMT disponibiliza recursos humanos para a equipe pedagógica de
coordenação e especialistas em diferentes áreas do conhecimento; a SEDUC disponibiliza
técnicos para participarem da equipe pedagógica e professores da rede para atuarem como
orientadores acadêmicos; os municípios disponibilizam e mantêm a estrutura dos Centros
de Apoio e dos Núcleos Municipais de EAD, além de colocar à disposição do projeto
professores da rede para atuarem como orientadores acadêmicos e oferecer o apoio
necessário para que o professor-aluno possam participar dos momentos presenciais do
curso.
No que se refere à estrutura organizacional, os Centros de Apoio, situados no
município-sede do polo, não se caracterizavam como uma instância meramente
administrativa, mas ganharam um sentido pedagógico porque a coordenação de polo
(formada por um professor da UFMT e um técnico da SEDUC) promovia reuniões com os
orientadores acadêmicos; nesses momentos, a instituição “universidade” ganhava
visibilidade e materialidade para o orientador acadêmico, que, assim, se sentia parte dela.
O material didático impresso, também procurava fugir do modelo auto-instrucional.
Quanto ao sistema de orientação, todo o trabalho formativo de estar junto com o
estudante era desempenhado pelo “orientador acadêmico”, expressão que substituiu o termo
tutor, por ser esse fortemente marcado por uma concepção positivista e tecnicista da
atividade pedagógica, segundo seus criadores. Este orientador era um professor da rede
pública, com formação superior, geralmente morador do município em que estavam os
alunos, recebia a proposta do curso e uma formação inicial mediante um curso de
especialização em EAD. Disponível em dedicação exclusiva, ele fazia o acompanhamento
de 20 a 25 estudantes ao longo do curso. Sua função era a de promover “o trabalho
formativo cotidiano do estar junto com o ‘estudante’” (PRETI, 2005a, p.46).
Em uma avaliação da trajetória dessa experiência, no período 1992 – 2005, Preti
55
MEC na época, visitou a recém-criada Open University em Londres para pensar numa
possível implementação da experiência no Brasil com um grupo de especialistas. A ideia de
uma Universidade Aberta encontrou resistência da comunidade acadêmica brasileira, da
área da educação, e o relatório final produzido foi desfavorável. Entretanto, segundo
Niskier (1996):
[...] em termos oficiais, foi o embrião de tudo o que agora desabrocha, como acaba
de ocorrer com a Lei n° 9.394/1996 (LDB), em que nada menos de nove artigos
explicitam o que se deseja em termos de aplicação da educação a distância em
nossos sistemas de ensino. (NISKIER, 1996, p.51)
[...] facilitar a todo cidadão, por meio da educação aberta, continuada e à distância, o
acesso ao conhecimento social e científico disponível na sociedade brasileira e de
servir de apoio à consecução dos propósitos do Plano Decenal de Educação para
Todos, aplicando os recursos das comunicações, telecomunicações e informática no
sistema educacional brasileiro. (BRASIL. DECRETO Nº. 1.237, DE 6 DE
SETEMBRO DE 1994, s/p).
Entretanto, somente dois anos depois, com a Lei nº. 9394/96, a educação a distância
foi formalmente introduzida no sistema educacional, ainda que vista como uma alternativa
à modalidade presencial. No que se refere à LDB/96 (BRASIL, 1996), o artigo 80 não só
reconhece a EaD como modalidade de ensino, como já indica em seu parágrafo terceiro, a
necessidade da criação de normas e regulamentação.
[...] quando a LDB, foi promulgada, muitos se alegraram porque, finalmente, a lei
tratava da educação a distância, em seu artigo 80, nas Disposições Gerais. Poucos
perceberam, no entanto, que mais importante que esse artigo 80, é o fato de a Lei
referir-se ao tema em todos os níveis e modalidades de ensino. (NEVES, 2010,
p.1)
A partir da LDB/96 foram estabelecidos marcos regulatórios e ações para a sua oferta
no sistema de educação superior brasileiro. Em 1998, ela é regulamentada somente para fins
de credenciamento específico pelo Decreto n.º 2.494/1998, pelo Decreto n.º 2.561/19986,
com posterior normatização pela Portaria Ministerial n.º 301/1998.
No Decreto nº. 2.494/98, a EAD é definida, em seu artigo 1º, com ênfase na
autoaprendizagem e uso de tecnologias de informação e comunicação.
Desde sua institucionalização, a EAD passa a ser tema de muitos debates, sendo
considerada, na opinião de vários educadores, um instrumento de democratização e
universalização do ensino; para outros, ela representa uma educação de baixa qualidade,
com intenções mercantilistas.
Entretanto, é com a aprovação do Plano Nacional de Educação 2001 – 2010
(BRASIL, 2001) que a EaD entra definitivamente no sistema com as metas estabelecidas
para atender exigência de titulação de nível superior para os professores da educação
básica. Segundo Segenreich (2014), com as definições adicionais sobre o modelo de EaD
que o governo federal pretende implantar, é reservado um espaço significativo para esta
6
O Decreto nº. 2.561/98 procurou resolver essa contradição buscando respeitar a autonomia dos sistemas e a
descentralização administrativa assegurada constitucionalmente.
59
como polos de apoio para a UFMG. Cerca de 14 mil professores participaram desta
experiência, que tinha, além do objetivo de certificação, a proposta de proporcionar a estes
professores uma vivência do ambiente universitário.
No Rio de Janeiro a criação do CEDERJ, em 2002, teve como objetivo constitutivo
a expansão e interiorização do ensino superior no Estado, mas deu prioridade à formação
inicial de professores para contribuir no atendimento às metas de qualificação de
professores no Rio de Janeiro. Segundo Segenreich (2014)
[...] a diferença entre o CEDERJ e as outras duas experiências citadas é que ele se
constituiu, não como um projeto pontual, mas como uma fundação, com espaço
físico próprio e a responsabilidade pela produção técnica do material didático,
pela gestão operacional da metodologia da EaD e pela montagem e
operacionalização dos polos regionais. As IES públicas do estado do Rio de
Janeiro integravam o CEDERJ, por sua vez, participavam com o projeto
pedagógico do curso, a elaboração do conteúdo das disciplinas, a tutoria a
distância (não se envolvia com a tutoria presencial) e pela titulação dos alunos.
Na realidade, para a comunidade acadêmica da maioria dessas instituições a EaD
permaneceu como uma modalidade educacional praticada fora dos “muros” da
universidade. (SEGENREICH 2014, p.61)
o
Art.1 Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos
de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL. Decreto nº.
5.622/2005, art.1.s/p.)
Esse decreto foi dividido em 6 capítulos e 37 artigos, nos quais são definidas
normas referentes a:
momentos presenciais obrigatórios;
O artigo 26 nos chama atenção pela orientação no que diz respeito à celebração de
convênios, uma vez que, o presente trabalho abordará o Programa de cooperação Brasil
Moçambique, que será apresentado nos próximos capítulos.
Após seis meses de vigência do Decreto nº. 5.622/2005, o MEC institui o Sistema
Universidade Aberta do Brasil – UAB. Segundo Segenreich (2008), a proposta da
Universidade Aberta do Brasil apresenta um modelo bem análogo ao do CEDERJ. Em
primeiro lugar, ela também “é fruto de uma política pública (mais do que de um projeto
educacional) de expansão quantitativa de vagas na rede pública de educação superior pelos
números que pretende alcançar e pelos mecanismos de adesão que adota” (SEGENREICH,
2008, p.441). Esse mecanismo pode ser percebido no site do Programa, na medida em que
condiciona a obtenção de novas vagas docentes à adesão da IES.
62
Atualmente é o INEP que conduz todo o sistema de avaliação dos cursos superiores
no país. Os instrumentos que subsidiam a produção de indicadores de qualidade e os
processos de avaliação de cursos desenvolvidos pelo INEP são: o Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes (Enade) e as avaliações in loco realizadas pelas comissões de
especialistas. O Enade foi criado no mesmo ano do SINAES e dele participam alunos
ingressantes e concluintes dos cursos avaliados, que fazem uma prova de formação geral e
formação específica. As avaliações feitas pelas comissões de avaliadores designadas pelo
INEP caracterizam-se pela visita in loco aos cursos e instituições públicas e privadas e se
destinam a verificar as condições de ensino, em especial aquelas relativas ao perfil do corpo
docente, as instalações físicas e a organização didático-pedagógica.
63
Portaria nº. 10, de 2 de Julho de Fixa critérios para dispensa de avaliação in loco e dá outras
2009 providências
Portaria nº. 209, de 5 de Designa membros para compor o Grupo de Trabalho para
Maio de 2016 organização de padrões e parâmetros de qualidade da modalidade
de educação a distância, definição de indicadores para os
instrumentos de avaliação externa do SINAES e estabelecimento de
processo avaliativo dos estudantes, conforme as Diretrizes e
Normas Nacionais para a Oferta de Programas e Cursos de
Educação Superior na Modalidade a Distância.
Fonte: Quadro elaborado pela pesquisadora (2017).
No que se refere à avaliação dos cursos de EaD, em 2007 é publicada uma portaria
que aponta especificamente os procedimentos de regulação e avaliação dos cursos a
distância através da Portaria nº. 1 do MEC. Até então era utilizado o primeiro documento
publicado pelo INEP/MEC que referenciava a qualidade da educação a distância, intitulado
Referenciais de Qualidade para curso a Distância (2003). Este documento foi produzido
por Carmen Moreira de Castro Neves, naquele momento diretora de Política de Educação a
Distância. Ela afirma que o documento é fruto do aprofundamento de um texto escrito em
1997 e publicado na Revista Tecnologia Educacional nº. 144/98. Na apresentação, a autora
afirma que:
64
No Quadro 9, a seguir, são comparados os itens que constituem estes dois documentos.
Nos referenciais de 2007, também se chama atenção para os debates que estavam e
estão ocorrendo a respeito da EaD. São elencadas reflexões sobre educação, escola,
currículo, estudante, professor, gestão escolar, dentre outros. Inclui, também, referências
específicas sobre polos de apoio presencial.
Também aponta-se que não há um único modelo de EaD, pois programas podem
66
Na realidade a UAB não é uma nova instituição educacional, pois não tem sede ou
endereço. O nome faz referência a uma rede nacional experimental voltada para a pesquisa
e para a educação superior (compreendendo formação inicial e continuada), constituída pelo
conjunto de IES públicas em articulação e integração com o conjunto de polos municipais
de apoio presencial.
O Projeto Universidade Aberta do Brasil começou a ser viabilizado em 2005,
quando, através do Edital nº. 1, de 20 de dezembro de 2005, foi feita a chamada pública
67
para a seleção de polos municipais de apoio presencial, propostos por governos estaduais,
municipais e Distrito Federal assim como cursos superiores, na modalidade a distância,
propostos por Instituições Federais de Ensino Superior para a UAB. Em 8 de junho de 2006,
o Sistema - UAB – é oficialmente instituído pelo Decreto nº. 5.800, que estabelece seus
principais objetivos e modelo de execução, destacando-se, em seu Art. 7º a prerrogativa do
MEC de implantar, acompanhar, supervisionar e avaliar os cursos do Sistema (BRASIL,
2006).
No Decreto nº. 5.800/2006, em seu artigo 1º, são apontados a finalidade e os objetivos
do Sistema UAB, nos seguintes termos:
A Figura 4 representa bem a intrincada rede em que IES federais ficaram envolvidas
no momento que se integraram a UAB. Elas passam a depender do funcionamento dos
polos que estão sob responsabilidade de estados e municípios, perdendo parte de sua
autonomia. Além disso, o Sistema é acompanhado por uma multiplicidade de portarias
normatizadoras baixadas sob a orientação da CAPES, como mostra o Quadro 2. Para
melhor compreensão, elas foram agrupadas com base em seus objetivos.
7
Disponível em:
http://uab.capes.gov.br/images/stories/downloads/uabimagens/mapauab_etapas_visaoexterna.jpg
69
Portarias Objetivos
Portaria nº 183, de 21 de outubro de 2016 / Portaria Objetivam a regulamentação e autorização
Conjunta Capes/CNPq nº 002, de 22 de julho de 2014/ para bolsas na UAB.
Portaria Conjunta Capes/CNPq nº 001, de 12 de dezembro
de 2007
Portaria nº 199, de 10 de novembro de 2016/ Portaria nº Constituem grupos de trabalhos relativos a
189, de 3 de novembro de 2016/ Portaria INEP nº 209 de referenciais de qualidade (2016), avaliação,
05 de maio de 2016/ Portaria MEC nº 173 DE 4 de abril de implementação, institucionalização.
2016 – ref qualidade/ Portaria MEC nº 159 DE 24 de Destaque para a Portaria nº.170 de 2012 que
março de 2016 / Portaria nº 53, de 30 de abril de 2015/ instituiu o fórum de coordenadores do Sistema
Portaria n° 37, de 27 de Fevereiro de 2014 /Portaria n°170, UAB.
de 5 de dezembro de 2012/Portaria n° 79, de 14 de abril de
2010/ Portaria n° 78, de 14 de abril de 2010/Portaria n° 77,
de 14 de abril de 2010 /Portaria n°75, de 14 de abril de
2010
Portaria MEC nº 1.492 de 20 de dezembro de 2016/ Tratam do processo de internacionalização da
Portaria nº 228, de 12 de dezembro de 2016 UAB, objeto de estudo desta pesquisa.
Portaria nº 60, de 04 de maio de 2015
Portaria Interministerial n° 1.009, de 10 de Agosto de 2012
Portaria CAPES nº 051, de 14 de Junho de 2007
Portaria nº 106, de 14 de julho de 2016/ Institui o portal Edu CAPES, além de inserir
Portaria nº 127, de 28 de agosto de 2012 outras IES ao Sistema UAB.
Portaria n° 1.369, de 07 de dezembro de 2010 Tratam do credenciamento e implementação
Portarias nº 370 e 371, de 29 de março de 2010 de polos da UAB
Portaria nº 40, de 21 de janeiro de 2010
Portaria nº 802, de 18 de agosto de 2009
Portaria nº 803, de 18 de agosto de 2009
Fonte: Quadro elaborado pela autora (2017)
educação básica; os professores interessados em participar dos cursos fazem sua pré-
inscrição; as secretarias municipais e estaduais de educação validam a pré-inscrição dos
professores de sua rede; as universidades extraem a relação de professores pré-inscritos e,
após o processo seletivo, registram os alunos matriculados.
3 - INTERNACIONALIZAÇÃO DA
EDUCAÇÃO SUPERIOR VIA EAD
73
Nesta nova dinâmica, o fato mais marcante refere-se à expansão do acesso ao ensino
superior em escala mundial ao longo da última década. Segundo esses autores um:
Quadro 12: Novo entorno para o Ensino Superior em escala mundial: principais
tendências de transformação
Mudança nas características do Quebra do monopólio geográfico com surgimento de novas forças
setor de Educação Superior, por competitivas.
meio da introdução de novos Mudança do modelo organizacional do ensino superior para uma
elementos, tais como: “indústria” do conhecimento
Transformação das universidades em instituições mais especializadas
e centradas no aluno.
Fortalecimento das interações entre instituições, visando o
intercâmbio de atividade e o desenvolvimento e operação de
projetos comuns.
Mudança na estrutura do setor de Universidades corporativas, patrocinadas ou administradas por
Educação Superior grandes empresas.
Empresas instrucionais - instituições terceirizadas que prestam
serviços às universidades.
Entidades de Intermediação, cuja função é fazer a ponte entre os
provedores de educação superior e os “consumidores”.
Organizações não-Tradicionais. Entrada no setor de novos tipos de
protagonistas.
Mudanças nas relações da Além dos papéis clássicos de ensino, pesquisa e extensão, tem
Universidade com a sociedade. desempenhado outras funções de interesse da sociedade (serviços
de saúde e assistência, desenvolvimento econômico,
entretenimento etc.), as barreiras que a protegiam das invasões de
agentes políticos e econômicos estão sendo derrubadas.
Mudança na natureza da prestação Aprendizagem continuada.
dos serviços acadêmicos Ausências de fronteiras rígidas entre os serviços.
Aprendizagem assíncrona (qualquer tempo, qualquer lugar).
Serviços bastante diversificados.
Mudança no modo de execução das Evolução do atual “modelo artesanal” de produção para outro mais
atividades acadêmicas. próximo da “produção em massa” da era industrial.
Surgimento de uma “geração digital”, com suas demandas por novos
processos e relacionamentos.
Os processos de criação tornar-se-ão muito mais coletivos e
multidisciplinares.
“Biblioteca” da Universidade do Século XXI, suportada por
diferentes mídias, extrapolará de muito suas atuais funções e seus
domínios tradicionais de abrangência.
Fonte: Porto e Régnier (2003, p.18-23).
Três itens chamaram nossa atenção, no item 1 quando os autores abordam a formação
76
dos blocos econômicos (NAFTA, ALCA, MERCOSUL, OCDE, etc.) que permitem
transferências de profissionais de um país a outro. Assim:
No item 04, cabe ressaltar que, um dos desafios do processo de internacionalização são
as legislações e os instrumentos de controle sobre a oferta dos serviços educativos que variam
de país para país, o que torna difícil assegurar a qualidade e o reconhecimento dos títulos
obtidos. Observamos que o:
E por fim, o item 06 chama a nossa atenção a criação de universidades virtuais para a
oferta do ensino a distância e de consórcios para a atuação tanto na EaD quanto no presencial.
Segundo os autores, a formação de consórcios (regionais, nacionais e até mesmo globais) não
se restringe a EaD. Ao contrário, eles vão muito além, atingindo tanto o desenvolvimento de
pesquisas quanto o intercâmbio de estudantes em programas tradicionais de formação. Alguns
exemplos desses consórcios já existentes em 2003 no panorama internacional, são citados por
Porto e Régnier (2003)
A) Consórcios existentes entre IES
Universitas 21 – é um consórcio de 18 instituições de pesquisa na Austrália, Ásia, Canadá, Inglaterra e
USA fundado em 1997. Seu principal objetivo é ajudar às instituições membro a se tornarem
verdadeiramente globais e fortalecer suas iniciativas educacionais e de pesquisa.
CLUSTER (Cooperative Link between Universitities of Science and Technology for Education and
Research) – é uma rede de 11 universidades Européias de tecnologia. Fundada em 1990 conta com
instituições de ponta e está focada na pesquisa, na educação e em tecnologia.
Parceria entre o MIT e a Universidade de Cambridge – consiste em uma associação entre Cambridge e o
Instituto MIT financiada pelo governo britânico e a indústria. As iniciativas irão incluir a criação de um
currículo conjunto / unificado e tópicos de pesquisa tais como tecnologias, produtividade e
empreendedorismo
77
A Columbia University, a London School of Economies, a Cambridge University Press, a New York
Public Library, a British Libraty e o Smithsonian Institute formaram uma associação lucrativa voltada
para a educação on-line: a Fathom.com, para tornar disponíveis seus materiais didáticos (livros, apostilas,
etc.) e oferecer atividades educacionais em conjunto.
Quadro 13: Quatro cenários para o ensino superior no Mundo 2003 – 2025
CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
INTERNACIONALIZAÇÃO
CENÁRIO 3 CENÁRIO 4
Manutenção das Aumento do
RESTRITA
diferenças fosso entre o
Norte e o Sul
Fonte: PORTO e RÉGNIER(2003), p.44.
a) dimensão internacional – presente no século XX, que se caracteriza por ser uma
fase incidental mais do que organizada; b) educação internacional – atividade
organizada prevalente nos Estados Unidos, entre a segunda guerra mundial e o
80
(Projeto Pedagógico).
Segundo Lima e Condel (2009, p.11), a proposta era desenvolver uma política de
internacionalização ativa. A criação destas Universidades teriam como objetivo:
8
Desde 2007 a CAPES também é responsável pelo Sistema UAB.
9
Ministério da Educação de Moçambique
10
O Programa instituído pela Portaria Normativa do MEC de nº 22, de 26 de outubro de 2010.
91
Objetivo: Apoiar os esforços de formação de professores, de nível superior, para atuarem em escolas de nível
básico e médio em Moçambique, bem como formar quadros, de nível superior, para atuarem em órgãos do
governo. A cooperação tem como eixo central o fortalecimento da política nacional de educação, a partir das
seguintes perspectivas:
•Capacitação de pessoal para dar seqüência à implantação da política de EaD.
•Reforço à capacidade institucional do MINED-Moçambique.
•Reforço do sistema de formação de professores para atuarem no ensino fundamental e médio, utilizando a EaD
como modelo de democratização de acesso.
•Reforço do sistema de formação de técnicos, de nível superior, para atuarem em órgãos do Governo,
utilizando a EaD como modelo de democratização de acesso.
Tipo: Cooperação Sul-Sul
Situação: Em execução
Data de início: 09/11/2010
Data de término: 30/12/2019
Setor: Educação
Sub-setor: Formação Profissional
Em abril do mesmo ano, retornando ao site para levantar outros dados, verificamos
que este registro tinha sido retirado do site da ABC. Entretanto este registro permitiu
estabelecer vários parâmetros do Projeto tais como título oficial, objetivos, atores
institucionais envolvidos e, principalmente, vigência prevista. Quanto à sua vigência, ele se
92
estendia até 2019, mas foi retirado da relação de projetos este ano.
No próximo capítulo são apresentados dados da realidade das políticas e dados do
sistema educacional de Moçambique, o parceiro do Brasil no acordo Bilateral.
93
4 - MOÇAMBIQUE: O PARCEIRO DO
ACORDO BILATERAL
94
Este capítulo tem por objetivo, contextualizar a pesquisa, dando uma visão dos marcos
da política educacional de Moçambique, enfatizando os mecanismos de implementação da
Educação Superior e da Educação a Distância, mediante a análise de documentos reguladores
do ensino moçambicano a partir de sua independência em 1975.
Analisaremos a política educacional de Moçambique a partir dos seus planos
estratégicos, para situar a Educação Superior e a Educação a Distância nesse contexto antes e
durante a vigência do acordo bilateral com o Brasil.
Três teses de doutorado, já mencionadas na introdução do relatório e referenciadas no
capítulo 1, contribuíram bastante para a reconstrução do período que antecedeu a assinatura
do Programa UAB/Moçambique tendo em vista que, foram defendidas justamente em 2010,
ano de assinatura do acordo, período de mais difícil acesso a documentos primários.
Taimo (2010), por exemplo, ao fazer uma descrição da trajetória do Ensino Superior
em Moçambique destaca que, apenas em 1962 foi instituída a primeira universidade no país
com o nome de Lourenço Marques. Essa instituição tinha por objetivo atender aos filhos de
portugueses que residiam nos país. Em 1976, após a declaração de independência ela passa a
se chamar Eduardo Mondlane, justamente a instituição que, pelo acordo bilateral, vai oferecer
o curso objeto deste estudo.
O segundo estudo feito por Brito (2010) já se detém mais especificamente na descrição
do ensino superior a distância em Moçambique destacando o interesse do governo e do
cidadão moçambicano pela busca do conhecimento, não apenas presencialmente, mas também
a distância .
Por fim, um terceiro trabalho de Mussa (2010) que tem por objetivo fazer o “estado da
arte” da educação a distância de Moçambique em todo o sistema, e fornece, entre outras
contribuições, informações sobre as condições de oferecimento da educação a distância na
época da assinatura do acordo.
Quanto aos períodos seguintes, foi possível utilizar documentos primários de domínio
público, coletados pessoalmente ou acessados pela internet.
95
Após a sua Independência, em 1975, o país passou por uma guerra civil de
aproximadamente 20 anos (entre as décadas de 1970 e 1990) que foi responsável pela morte
de mais de 1 milhão de habitantes e pela destruição da infraestrutura do país, afetando
diretamente a economia nacional. De acordo com Bagnol e Cabral (1998), no ano da
independência (1975), a taxa de analfabetismo era de 93%.
Nos anos 80, o conflito, resultado da grande disputa política entre a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO),
tornou-se mais brutal. Segundo Bolinhas (2005)
Neste período de conflitos foi aprovada a Lei do Sistema Nacional de Educação (SNE),
considerada um instrumento para aquisição da consciência social, de orientação marxista
leninista. A esta lei se seguiram vários marcos regulatórios e planos de ação governamental
que passamos a descrever.
pela iniciação e rito, pelo dogma e superstição, pela religião e magia, pela
tradição, o indivíduo era preparado para aceitar a exploração como uma lei
natura e assim reproduzi-la no seu grupo etário, na sua família, na sua tribo,
96
A guerra civil terminou em 1992 com a assinatura dos Acordos Gerais de Paz entre a o
FRELIMO e a RENAMO. Pela necessidade de adequações à Lei de 1983, em 1992 foi
promulgada a nova Lei do Sistema Nacional de Educação. Os objetivos passaram a ser:
11
Certificação de qualidade atribuída através de avaliação externa efetuada pelo INED (Regulamento do Ensino
a Distância, Decreto 35/2009 de 7 de Julho do Conselho de Ministros).
101
Pode-se depreender que o SNE/1992 ainda está vigente. O que mudam são os planos
estratégicos que vão definir as prioridades e direções do sistema educacional para um
determinado período. Para continuar a construção deste quadro passamos a descrever a
construção do sistema de ensino superior em Moçambique.
O Plano Estratégico de Educação 1999 – 2005 (PEE) Lei de 2003. Substitui Lei 1/1993
Plano Estratégico de Educação e Cultura 2006- Lei de 2006 Regula a atividade de ensino
2010/11 - PEEC superior e aplica-se a todas as IES
Fonte: Quadro elaborado pela autora
103
12
A entrevista foi realizada por Fernanda de Cassia Rodrigues Pimenta.
104
Constata-se, neste quadro, que até o ano 2000, somente quatro instituições de ensino
superior públicas funcionavam no país, duas delas universidades. De 2003 a 2008 são criadas
mais 16 instituições, mas somente duas novas universidades, as duas em 2006: a Universidade
Lúrio (UniLúrio) e a Universidade Zambeze (UniZambeze).
Por outro lado, já neste período existiam 20 instituições privadas de ensino superior,
sendo que, até no ano 2000 já existiam seis universidades, como pode ser comprovado
analisando o Quadro 18.
Nº Instituição Data de
criação
01 Universidade Católica de Moçambique (UCM) 1995
02 Universidade Politécnica (A POLITÉCNICA) 1995
03 Instituto Superior de Ciência e Tecnologiade Moçambique (ISCTEM) 1996
04 Universidade Mussa Bin-Bique (UMB)* 1998
05 Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC) 1999
06 Universidade Técnica de Moçambique (UDM) 2002
07 Escola Superior de Economia e Gestão (ESEG) 2004
08 Universidade Jean Pieget (UJPM) 2004
09 Universidade São Tomás de Moçambique (USTM) 2004
10 Instituto Superior Cristão (ISC) 2005
11 Instituto Superior de Educação e Tecnologia (ISET) 2005
12 Instituto Superior de Formação, Investigação e Ciência (ISFIC) 2005
13 Instituto Superior Dom Bosco (ISDB) 2006
14 Instituto Superior de Comunicação e Imagem de Moçambique (ISCIM) 2008
Podemos afirmar de acordo com os dados acima apresentados que, o PEES 2000-2010
refletiu no número expressivo de instituições criadas no período, contribuindo assim para a
expansão e acesso a educação superior. Ainda segundo Chibungo (2013):
Mussa (2010) aponta que, a primeira medida implementada a partir dessa lei foi a
criação de um núcleo de especialistas em ensino a distância e, em 1984, foi ofertado o
primeiro curso de formação com duração de seis meses realizado pelo Instituto de Radiofusão
Educativa da Bahia (IRDEB) financiado pelo governo brasileiro e pela UNESCO. Esses
participantes foram treinados para, a partir dessa formação, trabalharem em um curso para
1.300 professores do primário que não tinham formação e estavam em serviço.
Em 1992, com a aprovação da nova Lei do Sistema Nacional de Educação o ensino a
distância de acordo com o artigo 32 passa a constituir-se como uma alternativa do ensino
escolar. O artigo aponta ainda que, esta modalidade deverá ser utilizada prioritariamente no
ensino de jovens e adultos e na formação continuada de professores:
Duas experiências retratadas por Mussa (2010) devem ser também mencionadas: a do
107
No artigo 5º de seu Estatuto (LANGA; CUMAIO; RAFAEL, 2014, p.271), o INED está
especificamente autorizado a “suspender ou anular a acreditação de instituições de educação a
distância e de cursos de educação a distância.” No mesmo artigo, o INED tem a
responsabilidade de promover o desenvolvimento e a formação profissional de especialistas
em educação à distância, identificar as áreas prioritárias para educação à distância, e
promover projetos de experimentação e demonstração, bem como pesquisa e avaliação.
Ainda de acordo com o artigo 5º, o INED deverá “estabelecer acordos de cooperação e
109
Neste sentido, de acordo com o documento, entre outros objetivos, fazia-se necessário
reforçar e desenvolver programas de educação a distância que propiciassem a formação de
professores em serviço com o objetivo de melhorar a qualidade da educação.
Em 2007, o governo realizou uma avaliação com consultores nacionais e
internacionais para avaliar os progressos até então obtidos sobre a educação a distância no
país. Dentre as colocações dos pesquisados (diretores, alunos dos projetos pilotos que estavam
em desenvolvimento), a criação do INED aparece como o mais notável sucesso, apontando
que a comunidade da EaD reconhecia-o e aceitava formalmente o órgão. Outra conclusão a
que se chegou foi que as experiências com os cursos já existentes no país promoveriam
indivíduos críticos com conhecimento teórico e prático suficiente sobre EaD para avançar na
sua implementação pelo país. Esses dados estão disponibilizados no documento “Avaliação da
Rede em Educação a Distância em Moçambique” (MOÇAMBIQUE, 2007).
Em 2009, o Conselho de Ministros, reconhecendo que o ensino a distância já era uma
prática em Moçambique, aprovou o Decreto nº 35/2009 que passou a regulamentar o ensino a
distância em Moçambique.
O artigo 4º, ao discorrer sobre a natureza do ensino a distância afirma que e EaD é uma
modalidade constituída por vários componentes entre os quais:
Nos artigos 6 e 7, são abordados o volume de trabalho que deverá ser similar ao
presencial, sendo também permitida a mobilidade acadêmica entre ensino presencial e a
distância.
Neste Regulamento o INED aparece como responsável por: 1) garantir a inclusão, na
estatística nacional, de todos os alunos matriculados em cursos de EaD. 2) avaliar as instituições
que queiram prover cursos de EaD; 3) acreditar instituições provedoras de EaD, os cursos e
programas a distância; 4) emitir normas, parâmetros e padrões da EaD; 5) publicizar as
instituições e cursos autorizados e acreditados da forma definida pelo artigo 38:
Essa afirmação pode ser observada nos dados apontados no documento “Estatística e
indicadores sociais 2013-2014” (MOÇAMBIQUE/INE, 2014) que afirma que 90% das
escolas primárias são públicas, esse número cai para 70% no secundário. O país tem buscado
aumentar a cobertura escolar gratuita do ensino primário para todas as crianças de 6 a 12 anos.
No ensino secundário de primeiro ciclo a relação aluno/professor caiu de 45 para 38.
Entretanto, podemos perceber que ainda há muitos obstáculos a serem superados no
país no que se refere ao ensino primário e secundário. O Plano Estratégico da Educação 2012-
2016 aponta esses grandes desafios a serem superados, com destaque para o desenvolvimento
da primeira infância. Nesse nível, a relação aluno/professor ainda chegava a 62,5 em 2014.
Segundo o documento:
o desenvolvimento da primeira infância é crucial para o sucesso acadêmico e
social das nossas crianças, e ao desenvolvimento de competências com vista
a garantir a formação de capital humano qualificado necessário ao aumento
da produção e da produtividade e inovar a produção de bens de serviços.
(MOÇAMBIQUE, 2012, p.2)
113
Para atender a esses objetivos, o PEE 2012-2016 aponta algumas necessidades, entre
elas: aumentar o número de graduados através de uma maior eficiência interna das
114
instituições, oferecer lanche e material escolar para crianças mais vulneráveis, aumento de
recursos financeiros e humanos, professores melhor preparados, motivados e apoiados para
assegurar a aprendizagem dos alunos, enfoque também na gestão escolar, capacitação dos
gestores, responsabilização de todos os envolvidos no setor educacional, descentralização de
orçamentos entre outras necessidades (MOÇAMBIQUE, 2012, p. 6-7)
O documento afirma ainda que, para assegurar a implementação do plano estratégico
será necessário assegurar a realização dos objetivos propostos. Segundo o PEE 2012/2016, em
relação ao Ensino superior, as instituições gozam de autonomia científica, pedagógica e
administrativa, sendo regulamentada pela Lei do Ensino superior.
Nº Instituição Ano de
criação
01 Instituto Superior de Gestão de Negócios (ISGN) 2011
02 Universidade Adventista de Moçambique (UAM) 2011
03 Universidade Nachingwea (UNA) 2011
04 Instituto Superior de Estudos de DesenvolvimentoLocal (ISEDEL) 2012
05 Instituto Superior Mutasa (ISMU) 2012
06 Escola Superior de Gestão Corporativa e Social 2013
07 Instituto Superior de Gestão, Administração e Educação (ISG) 2013
08 Instituto Superior de Ensino à Distância (ISEAD) 2014
09 Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) 2014
10 Instituto Superior de Gestão e Empreendedorismo Gwaza-Muthini (ISGE-GM) 2014
11 Universidade Metodista Unida de Moçambique 2014
Fonte: MCTESTP Moçambique 2017, quadro elaborado pela autora
120.000
100.000
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80.000
2014
60.000
40.000
20.000
0
Número de Número de Número de Número de
matriculados maticulados concluintes concluintes
no no Ens. no Ens. no
Ens.Público Privado Público Ens.Privado
2010 72.541 28.821 10.606 2.799
2014 104.979 52.452 8.881 4.522
[...] um sistema que garante aos cidadãos o acesso aos diferentes níveis e
tipos de Educação e Formação de qualidade. A missão é promover, através
120
Vale registrar que esse documento foi publicado quando ainda se desenvolvia o
Programa UAB/Moçambique nas duas universidades mencionadas e o instituto citado
oferecia justamente um curso de Administração Pública a distância.
Este documento se propõe a servir como:
No Plano Estratégico que se seguiu - PEE 2012/2016 - está registrado que o setor
educacional tem se beneficiado de apoio técnico e financeiro dos vários parceiros
internacionais, 23 países participam da agenda internacional de eficácia e ajuda externa.
Além desses acordos, outras parcerias bilaterais e institucionais incluem o Brasil, Vietnam,
China, Austrália, e o Banco Islâmico para o Desenvolvimento. Em 2012, os parceiros
internacionais financiavam cerca de 30% da despesa da Educação através de diferentes
modalidades. De acordo com o Plano:
distrital, especialmente àqueles que, por razões econômicas e ou geográficas, não poderiam
participar de cursos presenciais nas capitais provinciais. Segundo o site da Agência Brasileira
de Cooperação Internacional do Itamarati:
5 – O PROGRAMA BRASIL
UAB/MOÇAMBIQUE: DESENHANDO
O PERCURSO
126
Essa conferência13, realizada em 1955, foi um marco para esse tipo de cooperação,
pois reuniu 29 países que estavam em busca do desenvolvimento, sem a presença dos Estados
Europeus, Estados Unidos ou União Soviética. A partir desse encontro, ficaram estabelecidos
os dez princípios de Bandung, destacamos o respeito pelos direitos humanos, a soberania, a
integridade territorial das nações e a promoção de interesses mútuos e da cooperação. Termos
como “ajuda externa” e “doador” incomodava e incomoda as nações e são trocados por
13
Conferência de Bandung é o nome com o qual ficou conhecido, historicamente, o encontro ocorrido nesta
cidade da Indonésia entre 18 e 24 de abril de 1955 e que reuniu os líderes de 29 estados asiáticos e africanos,
responsáveis pelos destinos de 1 bilhão e 350 milhões de seres humanos.
127
Entretanto, de acordo com Tatim (2014) o Brasil tardou em identificar os países africanos
como parceiros históricos e estratégicos. Rodrigues (1964, apud TATIM, 2014) já manifestava
a necessidade de rever a política exterior brasileira.
Assim, a partir de 1964, houve uma aproximação maior das relações do Brasil com a
África, especialmente com os países lusófonos. O Projeto no qual se insere o Programa UAB-
Moçambique foi produzido em 2010, nomeado como um de seus subprojetos.
Em 2014, foi publicado um relatório avaliativo sobre a cooperação técnica que diz
128
respeito ao nosso objeto de estudo, aprovado em 2010. Vamos apresentar aqui, sinteticamente,
o relatório do Projeto IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS DE
COOPERAÇÃO TÉCNICA PRESTADA A PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
BRA/04/044, (MRE/ABC, 2014) porque o Programa UAB- Moçambique estava inserido
nele, como um subprojeto, com a denominação de BRA/04/044-S282.
O Projeto BRA/04/044 abrange cooperações técnicas brasileiras em países das
Américas, leste Europeu e países da África, Ásia e Oceania. De acordo com o relatório de
2014 na América Latina e Caribe:
Vale ressaltar que, a maior parte dos programas educacionais com a África é com os
PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), notadamente, pela facilidade em se
educar na língua materna. Em todos os programas listados, a cobertura dos recursos para execução
das atividades previstas é de responsabilidade do governo brasileiro.
Os subprojetos desse projeto podem ser agrupados nas seguintes áreas: alfabetização
de jovens e adultos; concessão de bolsas de estudo; educação a distância; educação
profissional; formação científica; implementação da bolsa-escola e merenda.
Cabral (2011, apud TATIM, 2014) assim descreve como percebe esse caráter de
129
Um reflexo dessa afirmação foi a eleição de Roberto Azevedo como diretor geral da
Organização Mundial do Comércio (OMC) em 201314, sendo o primeiro brasileiro e latino-
americano a comandar o órgão. Essa vitória se deu, principalmente, por conta dos países
africanos que, representando 25% da OMC, votaram em massa no candidato brasileiro
(ressaltamos que 25% da OMC são constituídos por países africanos). Em 22 de maio de
2013, o jornal O Estado de São Paulo publicou:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta- feira que o
‘apoio maciço’ do continente africano foi fundamental para a vitória do
embaixador Roberto Azevêdo para a diretoria- geral da Organização
Mundial do Comércio (OMC). [...] "Estou seguro de que podemos aumentar
tanto nossa cooperação social quanto nossos investimentos na África",
afirmou. Ele lembrou que o comércio brasileiro com a África representa
5,3% das relações comerciais brasileiras com o mundo. Disse, ainda, que o
fluxo de comércio do Brasil para a África era de US$ 5 bilhões em 2002 e
quintuplicou até 2012, quando chegou a cerca de US$ 26 bilhões. (O Estado
de São Paulo, p. 26, 22 mai. 2013).
Nesse sentido, o Brasil vem conquistando seus objetivos com a cooperação com a África,
tendo em vista o bom relacionamento com os países do continente e o apoio em ações como a
eleição da OMC. Passamos a descrever o Programa UAB-Moçambique propriamente dito.
Como já vimos nos capítulos anteriores, a UAB é um sistema integrado por universidades
públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de
14
Neste ano, Programa UAB- Moçambique já estava em seu terceiro ano de funcionamento.
130
Quanto a CAPES é preciso lembrar que ela somente recebeu o comando operacional
da UAB em 2009 e estava ainda se organizando para ocupar essas novas funções.
A extensão da relação de instituições envolvidas direta ou indiretamente no Programa, nem
sempre conhecida pelos seus participantes ou registrada oficialmente, mas não atuante desde o
início do Programa (UNILAB), permite antever a complexidade de seu planejamento e implantação.
No ano de sua implementação chamamos ainda atenção para a participação indireta da
15
Ressaltamos que a UNILAB havia sido criada em 20 de julho de 2010 através da Lei nº. 12.289, com o
objetivo de “ministrar ensino superior, desenvolver pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e promover a
extensão universitária, tendo como missão institucional específica formar recursos humanos para contribuir com
a integração entre o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP,
especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural,
científico e educacional (art. 2).”
132
Essa afirmação levantou alguns pontos que serão levantados no item 5.2.2.
Inicialmente, o acordo previa a formação de 7.290 moçambicanos em até 17 semestres
(oito anos e meio), com recursos financiados pelo MEC/Capes/UAB, MRE/ABC e Ministério da
Educação de Moçambique (MINED). Destes alunos, 4.290 atuavam como professores no ensino
16
BRA/04/044- S282 –UAB Programa de Cooperação entre a Universidade Aberta do Brasil – UAB, o
Ministério da Educação – MINED, a Universidade Pedagógica – UP, a Universidade Eduardo Mondlane – UEM,
de Moçambique, para Formação de professores, para atuação em escolas de nível básico e médio, e agentes do
serviço público. Cabe informar aqui que o Programa de Cooperação UAB-Moçambique é apenas um dos
programas que estão inseridos neste projeto. Chamamos atenção para a afirmação que os países do continente
africano constituem-se os principais parceiros da cooperação técnica Sul-Sul do Brasil, particularmente os países
de língua oficial portuguesa – PALOP (p.122).
134
básico nas escolas de Moçambique, enquanto 1.350 trabalhavam como técnicos administrativos em
órgãos do governo moçambicano. O acordo previa ainda a capacitação prévia de 200 professores,
10 técnicos e mais de 100 tutores presenciais que atuariam nos Centros de Apoio Presencial (polos).
De acordo com o BRA/04/044 S282, os cursos oferecidos deveriam se fundamentar em
03 princípios:
1. Dupla certificação.
2. Equivalência das disciplinas que integravam a matriz curricular em
ambas universidades.
3. Utilização de recursos em EaD compatíveis com as exigências de
formação e garantia de qualidade.(BRASIL/MRE/ABC, 2010, p.6)
PARTES OBRIGAÇÕES
acompanhamento do projeto.
-Apoiar a implementação do presente projeto em seus polos;
-Manter os proventos dos funcionários do polos (exceto Coordenador
Governo Moçambique, por intermédio de Polo e Tutor Presencial)
do Ministério da Educação/Instituto -Manter os polos em perfeito funcionamento, arcando com as despesas
Nacional de Educação a Distância necessárias (luz, água, telefone, internet banda larga) para sua operação
( INED) e manutenção;
-Manter em perfeito funcionamento os equipamentos enviados pelo
Governo Brasileiro para o projeto
Nesta ocasião, o então presidente retorna o discurso de uma dívida histórica com o
povo africano, afirmando ainda que apenas a educação pode garantir igualdade de
oportunidades e por fim que o lançamento do projeto é a realização de um “sonho de anos”:
Por parte do governo moçambicano Preti (2012) aponta que o interesse se dava pela
necessidade de formação de funcionários públicos, assim:
138
Assim, podemos afirmar que o programa foi idealizado através de vontade política dos
governantes de ambos os países. Preti (2012) aponta que:
Neste momento, demos voz aos relatos de coordenadores que vivenciaram o início do
Programa em Moçambique.
Lendo os relatos produzidos por Preti entre 2012 e 2013, bem como algumas
entrevistas relatadas por Jesus (2015), constatamos que entre as diversas dificuldades
enfrentadas no início do Programa, destaca-se a ausência das coordenações brasileiras. Desta
forma, os coordenadores moçambicanos se responsabilizaram pela sua implementação a partir
do planejamento desenvolvido. Um dos coordenadores do Programa, denominado
Entrevistado 1 na dissertação de mestrado de Jesus (2015), afirma que apesar dessa ausência
houve um direcionamento do lado brasileiro no que se refere ao planejamento dos diferentes
cursos, entre a ratificação do acordo e o início dos cursos.
139
Então eu acho que os primeiros dois anos, nessa pressa das coisas
acontecerem, e também na preocupação de que o programa caminhasse
regularmente, houve certo... Não digo autoritarismo, mas houve um
direcionamento do lado brasileiro sobre o lado moçambicano, sem dar muito
tempo e espaço para ouvi-los, para até reformular o projeto em função da
experiência que eles tinham em EaD, e procurar outros caminhos que não
sejam o modelo clássico da UAB no Brasil. Mas nos primeiros tempos
houve essa percepção por parte deles de que o Brasil estava impondo, não
dava tempo de ouvi-los, eles usavam até um termo interessante, que era:
“nós queremos ser ouvidos, e não vociferados”, no sentido que vinham as
missões e vinham as coordenações e falavam, falavam e falavam, e não
paravam para ouvir. Era muito mais um discurso do Brasil pra Moçambique
do que ouvir o que Moçambique tinha a dizer, para nós do Brasil em relação
ao trabalho, a maneira deles perceberem as coisas, como é que eles
gostariam que as coisas caminhassem. (JESUS, 2015, p.87)
Essa fala da entrevista vai ratificar a afirmação de Gonzaga (2017) sobre a falta de
uma real cooperação bilateral entre as instituições participantes do programa.
Essa falta de um relacionamento cooperativo se manifesta na ata da Reunião
Extraordinária dos Coordenadores Moçambicanos17 ocorrida em Maputo em junho de 2012.
Nessa reunião foi lido um telegrama da CAPES. Nesse telegrama era informado aos
moçambicanos que a CAPES passaria a partir daquele momento a coordenar o Programa.
Também foi comunicada a não renovação de um dos coordenadores brasileiros e encaminhada
uma agenda de visitas para o período de 19 a 23 de junho de 2012 “a fim de verificar os
entraves na execução do programa”. Após essa leitura os coordenadores moçambicanos
pediram a palavra para demonstrar as suas insatisfações na forma em que a CAPES assumiu o
programa, ratificando as críticas de Gonzaga (2017) e Jesus (2015), demonstrando então o:
É porque antes era aquela ideia de ensinar para os outros como é que faz
Educação a Distância, e sem a gente ter tido o cuidado, a atenção, de saber
quais eram as experiências de Moçambique, quais eram os problemas e as
dificuldades que eles tinham para trabalhar com um curso a distância. Então
eu acho que logo de cara a gente deu... A gente bateu a cara na parede,
caímos do cavalo. Porque quando a gente começou a trabalhar a gente viu
que o que estava desenhado no projeto estava um pouco fora da realidade de
Moçambique. E ai aos poucos os coordenadores tentaram ajeitar aqui e
acolá. (Entrevistado 1, apud JESUS, 2015, p. 88).
Chama-nos atenção a falsa ideia dos representantes brasileiros de que a EaD fosse algo
novo para Moçambique, o que não era verdade, uma vez que várias instituições utilizavam a
EaD nos diferentes níveis do sistema educacional. Tanto a Universidade Pedagógica (UP)
quanto a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) já ofereciam cursos de EaD, com modelos
próprios, diferenciados. Na perspectiva de Preti18 (2012):
18
Preti foi nomeado coordenador residente em 2011.
141
O que estava sendo proposto pelo Programa era ir além. Propunha construir
caminhos colaborativamente, vivenciar novas experiências na modalidade a
distância. Havia a perspectiva de expansão expressiva de matriculas de
estudantes por meio da modalidade a distância em todas as províncias do
país (5,5 mil para cursos da UP e 1,5 mil para o da UEM), a proposta do uso
da plataforma como ferramenta importante no processo de ensinar a
distância, o desenvolvimento de disciplinas e de material didático em
colaboração envolvendo instituições moçambicanas e brasileiras. (PRETI,
2012, p.5).
custos para deslocamento e necessidade de acesso pela Internet Café, bem como pagamento
das mensalidades, aumentavam o custo dos cursos para eles. Além desses custos tinha ainda o
custo referente às apostilas que eram utilizadas nos cursos de licenciaturas. O curso de
Administração Pública não as utilizavam, pois disponibilizavam os arquivos em pdf na
plataforma de ensino. Entretanto, consideramos que o fato do curso disponibilizar online o
material não representava economia de gastos, pois a grande maioria dos alunos tinha que
acessar em Internet Café e/ou imprimir, o que também gerava custos.
Em relação ao aspecto positivo, os alunos avaliaram a relação do curso com a
profissão, a qualidade do curso, o material didático e a tutoria a distância. Como aspectos
negativos à infraestrutura dos polos, apontaram bibliotecas, sala de informática e espaço
físico. Os autores chamaram atenção, ainda, para o fato de que de acordo com os alunos, as
desistências, mesmo em número reduzido, não ocorreram por conta desses problemas, mas
sim pelo aspecto financeiro e sistema de avaliação, nos seguintes termos:
Preti em seus relatos (2012; 2013; 2014) observa que não foram poucas as
dificuldades, denominadas por ele “pedras nos caminhos” encontradas no percurso da
implementação do Programa. A primeira que ele observa foi a rapidez da implementação
como vimos anteriormente. Essa rapidez não levou em consideração questões como
infraestrutura, material didático, dispersão geográfica dos estudantes e a aplicação e
acompanhamento das avaliações nos estudantes que acabaram por não contemplar a forma
que estava expressa nos documentos.
Os polos (Centro Provincial de EaD- CPED) apesar de bem construídos apresentavam
problemas nas instalações elétricas, redes de água e rede de internet, desta forma, os
estudantes acabavam por não ter acesso à plataforma moodle no polo, tendo que buscar este
acesso em salas de “internet café”. Esse deslocamento causou custos não previstos. O caso
mais grave se encontrava no polo de Lichinga, nos outros dois polos eram identificados esses
problemas, mas em número menor (PRETI, 2012).
Em relação à produção do material didático, no início as coordenações utilizaram
materiais disponibilizados de outros cursos ou de outras instituições, por conta do atraso em
143
decidir qual equipe ficaria responsável pelo processo de produção do material e como seria a
liberação das bolsas da UAB, Preti (2012) afirma que:
Sem uma equipe de produção não foi possível realizar revisão dos textos em
produção nem adequação dos textos já disponíveis, nem diagramá-los a
partir de um projeto gráfico do Programa. Os textos produzidos por docentes
moçambicanos passaram por revisão da língua portuguesa e da linguagem
para EaD – realizada pela equipe do CEAD, no caso da UP e do CEND, para
os textos da UEM. (PRETI, 2012, p. 7)
Outro problema relatado pelo coordenador residente foi a dispersão geográfica dos
alunos que viviam em locais distantes e de difícil acesso, com condições precárias de
comunicação. Esse fator não foi previsto no programa dificultando o atendimento por parte
dos tutores e docentes, como também a frequência dos alunos aos encontros presencias
(realização de provas) e virtuais (atividades online).
Diante dessa série de dificuldades, Preti (2012) apontou que, no primeiro ano do curso,
críticas foram surgindo entre os estudantes que não recebiam feedback de suas atividades,
afirmando que:
Segundo a ata, esse procedimento poderia ser utilizado tanto se a avaliação for por
escrito ou via computador. Quando a avaliação for escrita, o tutor deverá escanear a avaliação
e enviar por email.
Em junho de 2012, os coordenadores fizeram uma reunião extraordinária, onde o
coordenador residente fez uma rápida retrospectiva do Programa, chamando atenção para 3
momentos: 2010- a construção do programa, 2011- extinção da Secretaria de Educação a
Distância- SEED e em 2012- a entrada da CAPES como gestora do Programa. De acordo com
os registros, os coordenadores moçambicanos afirmam que em 2010, quando a equipe
brasileira esteve em Maputo para propor o Programa de parceria, a equipe abordou a UEM e
UP com um espírito colaborativo, propondo a construção de uma experiência em EaD numa
relação Sul-Sul, respeitando as políticas e as visões moçambicanas. Percebe-se que os
coordenadores esperavam da CAPES essa mesma postura e estranharam o fato de seus
representantes não terem se reunido com eles e encaminhar uma agenda de visitas sem ter
solicitado a opinião dos intervenientes moçambicanos. Assim, os coordenadores apresentaram
outra agenda para visita da CAPES.
Em outra reunião, realizada em outubro de 2012 com a mesma equipe, as dificuldades
eram a falta de uso do email institucional pela dificuldade do acesso dos coordenadores, e,
talvez, pela falta de hábito de acessar regularmente o email. Com isso algumas solicitações
não eram atendidas, como, por exemplo, o pagamento das bolsas da UAB. Outro problema
discutido pelo grupo foi o procedimento a ser adotado em relação aos alunos reprovados. A
145
disciplinas até o momento, pagamento das bolsas e produção do material didático dos cursos.
Esses problemas foram respondidos pelos coordenadores executivos brasileiros que
explicaram os procedimentos institucionais adotados para a sua solução. Segundo o
documento, em relação a situação da UNIRIO no Programa, a coordenadora representante da
CAPES explicou o Acordo feito pela UNIRIO E UP, e que naquele semestre a UNIRIO havia
iniciado as disciplinas com os seus docentes; em relação aos pagamentos das bolsas, o
coordenador residente afirmou que eram poucos os bolsistas que não haviam recebido ainda,
mas que os problemas ainda pendentes estavam sendo solucionados; por fim, em relação ao
material didático, o coordenador residente informou que com a regularização do pagamento
dos autores e revisores e a elaboração de um Termo de comprometimento seria possível
agilizar a produção do material didático.
Segundo esse documento, para evitar os constrangimentos relativos ao pagamento das
bolsas, no início de cada semestre deveria ser oferecido um curso para que os bolsistas
conhecessem os trâmites para os pagamentos das bolsas.
Em relação à expansão dos cursos, os representantes da UP e da UEM pediram que
aguardassem o segundo semestre de 2014 para as novas entradas.
Nessa reunião também a representante da UNILAB, em sua primeira visita a Moçambique,
firmou o compromisso que a instituição assumiria o seu papel no Programa, pois segundo a
representante:
A outra reunião dessa equipe, realizada no mês de novembro de 2013, teve como
objetivos: propor ações para acompanhar e avaliar o desenvolvimento do programa UAB
Moçambique; trocar experiências no âmbito dos cursos e da sua gestão; apresentação do plano
de trabalho para 2014; e, definição de novas ofertas. Como resultado, 15 ações foram
apresentadas, elaboramos o quadro abaixo relacionando os objetivos com as ações:
147
OBJETIVOS AÇÕES
Discussão com as reitorias da UP e UEM em relação ao
acompanhamento do processo de regulação dos cursos e processo
de institucionalização do Programa.
Acompanhar e avaliar o Avaliação do processo de institucionalização tendo por meta o
desenvolvimento do programa alinhamento do programa com os departamentos e Centros de
UAB Moçambique Educação a Distância.
Constituição de uma equipe de apoio para o aperfeiçoamento da
gestão política, administrativa e financeira do programa
UAB/Moçambique, como também transferência de expertise de
gestão em EaD.
Sistematização dos dados levantados, através da elaboração de
manuais.
Trocar experiências no âmbito Organização de Seminário no início do segundo semestre de 2014
dos cursos e gestão Plano de formação, trocas de experiências, tecnologias e
expertises relacionadas a gestão da EaD pelos Centros (UNILAB)
Acompanhamento da missão técnica da UNILAB com objetivo
de conhecer as estruturas e ações dos centros de EaD das
Universidade moçambicanas
Plano de trabalho para 2014 Discussão da metodologia da construção do Projeto de avaliação
institucional do programa (UFJF).19
Organização de agenda de trabalho para o primeiro semestre de
2014
Discussão com as reitorias da UP e UEM quanto aos planos e
Expansão do Programa estratégias para novas ofertas e expansão.
Apresentação ao Vice Ministro de Educação o cenário da
discussão e definição dos dados da expansão do programa.
Fonte: Ata da Missão constante no Termo de Referência da Coordenação Executiva a Moçambique Maputo
29/11/2013. Quadro elaborado pela autora
É importante registrar que neste mesmo ano foram feitas três revisões do Programa,
além da revisão feita em 2010 e já comentada. O Quadro 25 sintetiza essas revisões.
19
A primeira visita a Moçambique para a constituição desse projeto ocorreu em setembro de 2013, apenas na
capital Maputo. Nesta visita da qual participei como integrante da equipe de avaliadores), tivemos os primeiros
contatos com os gestores Moçambicanos, coordenadores dos cursos, tutores e alunos dos cursos. Neste primeiro
encontro, apresentamos o projeto de avaliação, demonstrando a todos a importância dos atores moçambicanos na
constituição desse projeto. Nesta visita, ouvimos a visão que os atores moçambicanos tinham do Programa.
Esses dados e os levantados nas visitas subsequentes foram encaminhados ao MEC em 2015, e não foram ainda
disponibilizados.
148
Revisões Modificações
Dilatação de prazo, a ABC deveria providenciar revisão unilateral do
REVISÃO A projeto com vistas à definição de novo período de vigência e, neste
2010 caso, encaminhará cópias da revisão a todas as instituições envolvidas.
Na Revisão C,20 há uma justificativa porque até 2013 não haviam formado novas
turmas. Segundo o documento, por razões de não previsão legal, a CAPES não tinha como
20
O documento está disponibilizado no anexo 04, apenas as partes referentes as despesas não foram
digitalizadas, devido a não abordarmos questões relativas a valores do convênio.
149
arcar com o pagamento das bolsas de tutores e professores moçambicanos. Esse problema foi
resolvido com a Medida Provisória nº. 586, de 08 de novembro de 201221. Como a situação
legal foi resolvida e o pagamento das bolsas acertadas, o documento então, apontou as novas
ações que seriam desenvolvidas. Entre as ações definidas estavam a ampliação do número de
vagas e ampliação de polos.
Como observamos no quadro acima, as revisões C e D aprovaram a vigência do
programa para 30/12/2019, e foi apresentada a modificação da estrutura administrativa do
MEC (Brasil): extinção da Secretaria de Educação a Distância, sucessão política no MEC e na
UNILAB.
Chamou nossa atenção o número de cursos de capacitação que seriam oferecidos pelas
Universidades brasileiras. Para a Universidade Federal de Goiás estavam destinados cinco
cursos de capacitação, para a Universidade Federal de Juiz de Fora dois cursos de capacitação
além da responsabilidade do monitoramento e avaliação do Projeto, a Universidade Federal
Fluminense deveria oferecer dois cursos de capacitação.
A ação “discussão da metodologia da construção do projeto de avaliação institucional
do Programa” apesar de ser apresentada como uma ação a ser desenvolvida em 2014, desde
2010 já havia sido apresentado ao MEC um projeto de avaliação deste Programa, que foi
aprovado e a equipe responsável por ele fez sua primeira visita a Moçambique em 2013. De
acordo com este projeto, os objetivos dessa avaliação seriam:
UAB/Moçambique. A avaliação institucional que estava sendo realizada pela UFJF sugeria a
necessidade da cooperação de todos, uma vez que, segundo o documento, o trabalho deveria
ser coletivo e, para isso, recomendava a constituição de um comitê de avaliação local que
trabalharia em parceria com o Brasil. Durante a reunião foram também feitas várias
indicações de novas ações:
Vale ressaltar que neste encontro estavam também presentes parte da equipe de
avaliação da UFJF, que novamente se reuniu com equipe gestora, coordenadores, professores,
tutores e alunos em todos os três polos, essas visitas seriam utilizadas na avaliação. E essa
avaliação fazia parte da compreensão de que era necessário modificar para a expansão do
programa, por isso era tão importante a participação de todos, principalmente pelas
experiências que haviam sido acumuladas até então. Foi proposta, neste relatório, a abertura
de um espaço na plataforma Moodle para as discussões sobre conceitos e compartilhamento
de documentação, onde todos os intervenientes tivessem acesso e contribuíssem na construção
de uma avaliação institucional. Uma das ações que citamos determina:
22
De acordo com a coordenadora do projeto de avaliação em Moçambique Eliane Borges, mais tarde houve Uma
tentativa de transformar em uma avaliação compartilhada. Que não era o objetivo do projeto de avaliação
151
inicial. Eu entendo a avaliação como um momento de você se entender... para aprimoramento...o não ter o olhar
avaliativo os riscos de cometer os mesmos erros é muito grande. Foi uma aprendizagem, a avaliação foi como
uma investigação mesmo, uma pesquisa. Os moçambicanos tinham uma tradição oral, eram extremamente
articulados, provavelmente mais que nós... por outro lado é uma sociedade conservadora, muito tradicional
hierarquizadas... se por um lado eles falam e falam muito bem, por outro lado eles não falam tudo que pensam.
Havia muito desconforto na relação do projeto como um todo. Frases como “os governos se juntam para fazer as
coisas e temos que nos adaptar”....Um incomodo também com a ideia “Olha que chega o colonizador de novo”,
por conta da experiência de colônia que eles tinham e agente chega dizendo como deveria ser feito as coisas,....
Com certeza foi um dos pecados do projeto (ELIANE BORGES, 2017).
152
Quadro 26: Número de novos ingressos em 2015 por região, instituições e cursos.
Biologia 120
02 provincias (Lichinga, UP Matemática 120
Norte Nampula) Ensino Básico --
UEM Administração Pública 40
Total Biologia 480
UP Matemática 480
Ensino Básico 360
UEM Administração Pública 320
Fonte: Preti, 2014, Relatório Final (Quadro elaborado pela autora)
entre eles: o pagamento de bolsas, o acervo bibliográfico para bibliotecas dos Centros de
Recursos, equipamentos para os laboratórios de informática e Biologia, produção de material
didático dos cursos, meios de comunicação, a contrapartida das instituições moçambicanas
que não estava previsto no orçamento das instituições (havia problemas com deslocamento de
coordenadores, professores e tutores).
O relatório apresenta também os pontos positivos do programa, que, apesar das
dificuldades elencadas acima, demonstraram, segundo Preti (2014), o êxito do programa. No
quadro abaixo é possível observar como ele analisa esse êxito.
Quadro 27: Aspectos positivos observados na primeira turma do Programa
Apontam também as dificuldades iniciais dentro da própria instituição por conta das
resistências das IES à modalidade a distância. Reconheceram que as dificuldades do programa
são problemas e culpa dos dois países - Brasil e Moçambique. Por fim, a preocupação do
coordenador, em seu relatório escrito quase ao final da finalização da primeira turma, não
pode deixar de ser citada:
23
Este documento apresenta a avaliação de todos os programas de cooperação técnica desenvolvida pelo Brasil
em parceria com diversos países, no anexo fizemos um recorte apresentando apenas os dados referente ao
Programa UAB Moçambique.
155
Assim, partes das ações que foram apresentadas anteriormente não tiveram
continuidade. Segundo Gonzaga, (2017, p.208) “grandes partes das ações iniciaram, mas não
tiveram continuidade, por decisão política do governo brasileiro, ao destituir a equipe de
Coordenação Executiva, com cortes de recursos financeiros frente a crise econômica e política
enfrentada pelo governo Dilma em meados de 2014”.
Não foi possível ter acesso a documentos que esclareçam o fechamento do curso, que
inclui inclusive toda documentação feita pela equipe da UFJF. Como vimos a modalidade
de ensino à distância atende às necessidades de formação superior e de qualificação do corpo
docente para atuar no sistema de ensino. Dificuldades para a implementação do projeto
foram inúmeras, mas pensamos que a expansão do programa poderia ser mais uma
alternativa para possibilitar a democratização do serviço de educação em Moçambique.
Também ressaltamos a importância do intercâmbio institucional que deveria continuar, pois
Brasil e Moçambique têm muito a ganhar com o compartilhamento de experiências. Como
156
6 - O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA NA PARCERIA UFJF/UEM
158
A Universidade Federal de Juiz de Fora foi criada em dezembro de 1960 pelo então
presidente do Brasil, Juscelino Kubitscheck, mas apenas em 1969 é que o campus foi
construído. De acordo com o site da instituição, a universidade conta com 93 cursos de
graduação, 36 cursos em nível de mestrado e 17 cursos em nível de doutorado. Oferece
também, sete cursos de graduação a distância, seis cursos de especialização a distância,
distribuídos em 54 polos por todo o país e o Curso de Mestrado Profissional, na modalidade
semipresencial, destinado a diretores de escolas públicas e a técnicos dos órgãos de gestão da
educação básica pública em exercício.
A Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) é a responsável pela
oferta dos cursos de Administração. De acordo com o site três cursos são ofertados: a)
Bacharelado em Administração (presencial) onde são oferecidas 80 vagas anualmente; b)
Bacharelado em Administração Pública a Distância com 250 vagas oferecidas anualmente; e,
por fim, c) o curso Bacharelado em Administração Pública em Moçambique onde foram
ofertadas 90 vagas. Por conta dessas divisões são adotadas três grades curriculares
diferenciadas.
159
Fonte: Universidade Federal de Juiz de Fora- XXII Seminário Nacional de Segurança das IPES24
24
Disponível em: http://www.ufjf.br/seminarionacionalseguranca/ufjf/conheca-o-campus/ Acesso em 15 de Julho
de 2017.
160
de ensino presenciais considera que o ensino a distância apresenta-se como uma alternativa de
expansão dessas oportunidades (UEM, 2009).
A adoção da educação a distância (EaD) possibilita a introdução de alternativas
flexíveis de formação e de treinamento e os grandes e rápidos avanços na área das tecnologias
de informação e comunicação (TIC’s) e as suas aplicações na educação tornam o ensino a
distância mais promissor para poder atingir grande número de pessoas, independentemente
das limitações que a sua situação geográfica lhes possa colocar. Esses avanços tecnológicos,
que enriqueceram os recursos de aprendizagem e meios desenvolvidos especificamente para o
ensino a distância, têm, também, beneficiado o ensino presencial (UEM, 2009)
De acordo com o site da instituição, o Centro de Ensino a Distância da UEM
(CEND/UEM) oferece, atualmente, 3 cursos a distância em nível de graduação em parceria
com as faculdades, a destacar:
Cursos Faculdade
Licenciatura em Gestão de Negócios Faculdade de Economia
Licenciatura em Organização e Gestão da
Faculdade de Educação
Educação
Faculdade de Letras e Ciências
Licenciatura em Administração Pública (*)
Sociais
(*) Este último curso é oferecido no âmbito do projecto da Universidade Aberta do Brasil, numa parceria entre a
UEM e a Universidade Juiz de Fora do Brasil.
Cursos Faculdade
Faculdade de Agronomia e
Economia Agrária
Engenharia Florestal
Mestrado em Produção Animal Faculdade de Veterinária
Mestrado em Planeamento e Gestão de Faculdade de Arquitectura e
Assentamentos Informais Planeamento Físico
Segundo Preti (2007), em setembro de 2004 foi instituído o Fórum das Estatais pela
Educação com o objetivo de desenvolver ações para potencializar as políticas públicas na
educação. Segundo o autor, essa potencialização se daria
162
Assim, em 2005, o fórum lançou o Projeto UAB, que ofertou como projeto piloto o
Curso de Administração Pública para 25 Universidades públicas sendo 18 federais, entre elas
a Universidade Federal de Juiz de Fora e 07 estaduais.
De acordo com o site do CEAD (Centro de Educação a Distância) da UFJF:
logo após o projeto piloto, foi iniciado outro curso que recebeu o nome de
UAB2, com o tempo percebeu que o projeto não continuaria, então
começaram a oferecer aos alunos as disciplinas que eles haviam sido
reprovados. (COORDENADOR DA UFJF EM ENTREVISTA CEDIDA A
AUTORA, 2017)
26
Disponível em http://www.cead.ufjf.br/curso/administracao-publica/
163
Foi analisado o Projeto Pedagógico do Curso (Projeto Pedagógico - PP, 2010) anexo
08 elaborado pelos professores: Anderson Lopes Belli Castanha, Marcos Tanure Sabino,
Ricardo Rodrigues Silveira de Mendonça professores integrantes do quadro da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF) e os professores Domingos do Rosário e Gulano Taju
integrantes do quadro de professores da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
De acordo com o Projeto Pedagógico, o curso denomina-se “Bacharelado em
Administração Pública- UFJF- Licenciatura em Administração Pública- UEM”, segundo o
documento o público alvo seria concluintes do 2º grau (Brasil) ou concluintes da 12ª Classe
(Moçambique) selecionados por meio de processo seletivo de ingresso de responsabilidade da
Universidade Eduardo Mondlane - UEM (PP, 2010, p.5).
O curso poderia ser concluído entre 8 a 12 semestres, com a previsão de oferecer 160
vagas anuais em 04 processos seletivos (2010, 2012, 2013 e 2014). Essas vagas seriam
distribuídas entre 09 províncias ( Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Tete, Sofala,
Inhabane, Gaza, Maputo), no total o projeto pretendia oferecer 640 vagas. O processo seletivo
seria realizado pela Universidade Eduardo Mondlane, e o curso teria dupla certificação.
O documento foi dividido em 10 partes: identificação do curso, caracterização das
instituições, concepção do Curso Administração Pública na modalidade a distância, estrutura
administrativa pedagógica, infraestrutura, processo de gestão acadêmica/ administrativa e, por
166
PROFISSIONAL ATRIBUIÇÃO
Professores autores Responsáveis pela produção dos materiais didáticos (impressos e/ou em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem);
Professores Responsáveis pela oferta de determinada disciplina no curso;
formadores
Professores Ligados às IES, com a função de acompanhar o desenvolvimento do curso
pesquisadores para monitorar e avaliar o sistema como um todo, ou alguns de seus
subsistemas, para contribuir no processo de reconstrução da caminhada da
Instituição na modalidade a distância;
Para essa equipe, de acordo com o projeto pedagógico, foram oferecidos cursos de
capacitação em: produção de materiais didáticos, formação de tutores, capacitação em gestão
de educação a distância, formação de pessoal técnico administrativo (Estrutura e Projeto
Pedagógico do Curso e Ambiente Virtual de Aprendizagem).
O corpo docente do curso foi composto por professores mestres e doutores das duas
instituições, o documento apresenta os docentes que serão responsáveis pela constituição do
curso. A relação das disciplinas, sua área de formação e sua vinculação à universidade que as
ofertou constitui o Quadro 30 que esta reproduzido a seguir:
Fala-se ainda no projeto pedagógico sobre a carga horária das disciplinas, sobre o
material didático, sobre o ambiente virtual de aprendizagem , o papel do tutor e as atividades
presencias que serão realizadas nos Centros Provinciais de Recursos Digitais (CPRD’s) do
Ministério de Ciências e Tecnologias (Moçambique).
No que diz respeito ao material didático, sua criação e organização cabem ao professor
de cada disciplina, auxiliado por uma equipe que presta serviços técnicos de design e
editoração. A distribuição do material didático não é feita de forma impressa, sendo
disponibilizada na plataforma Moodle por disciplina. Ainda que tenha sido prevista a
utilização de material didáticos oriundo do PNAP (Programa Nacional de Formação em
Administração Pública), o qual a UFJF integra há alguns anos, a produção e disponibilização
de materiais das disciplinas ministradas pela UFJF no decorrer das atividades ficou mais
vinculada ao professor que ministra a disciplina, dando maior flexibilidade à determinação
dos materiais utilizados e à produção de outros materiais por autores moçambicanos,
objetivando customizá-los.
A parte relativa à Avaliação da Aprendizagem e Institucional, é entendida no projeto
pedagógico do curso de Administração Pública UFJF/UEM como uma:
Atividade política que tem por função básica subsidiar a tomada de decisão.
Nesse sentido, pressupõe não só análises e reflexões relativas a dimensões
estruturais e organizacionais do curso, numa abordagem didático-
173
Avaliação “Na fase de planejamento, o tutor / assistente deve participar da discussão, com os
professores formadores, a respeito dos conteúdos a serem trabalhados, do material
didático a ser utilizado, da proposta metodológica, do processo de acompanhamento e
avaliação de aprendizagem, e dos Seminários Temáticos. No desenvolvimento do
curso, o tutor é responsável pelo acompanhamento e avaliação do percurso de cada
estudante sob sua orientação: em que nível cognitivo se encontra, que dificuldades
apresenta, se ele coloca-se em atitude de questionamento re-construtivo, se reproduz o
conhecimento, socialmente produzido e julgado necessário para compreensão da
realidade, se reconstrói conhecimentos, se é capaz de relacionar teoria-prática, se
consulta bibliografia de apoio, se realiza as tarefas e exercícios propostos, como
estuda, quando busca orientação, ( p.35)
(p. 32)
“Haverá Encontros Presenciais que serão realizados nos Centros Provinciais de
Recursos Digitais (CPRD´s) do Ministério de Ciências e Tecnologia, tendo as
seguintes atribuições:
• Encontro inicial de Abertura do Curso, 1º período;
• Realização das Avaliações Presenciais;
• Acesso dos alunos a Internet;
• Biblioteca de apoio
Para suporte das ações do Curso de Administração Pública a distância serão utilizados
os CPRD´s das seguintes Províncias:
Infra-estrutura Província/Centro de Apoio
de apoio 1. Niassa
2. Cabo Delgado
3. Nampula
4. Zambézia
5. Tete
6. Sofala
7. Inhambane
8. Gaza
9. Maputo
Total = 9 (nove)” (p. 36-37)
1) Há definição do sistema de tutoria do curso (p. 35-36) e previsão de
capacitação dos profissionais envolvidos a partir da realização de curso de
Formação de Tutores / Assistentes. Há também, no PP, previsão de avaliação
tanto do desempenho dos professores-tutores quanto da adequação do
Gestão
sistema de tutoria (p. 39)
Acadêmico-
Administrativa;
2) Previsão de coordenação de tutoria: Os tutores recebem capacitação em
EaD, antes de iniciarem suas atividades e ao longo do curso, sob a
supervisão de um coordenador de “tutoria”, função ocupada por um
professor do curso de Administração Pública. (p. 31)
27
O Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (SIGA) abrange as áreas acadêmica e administrativa. O sistema,
desenvolvido por técnicos da própria UFJF, utiliza a filosofia do software livre, é acessível através da Internet e
possui uma estrutura de módulos integrados.Acesse o sistema através do endereço http://siga.ufjf.br.
178
Alguns dados desse Quadro explicam a dificuldade que os alunos tiveram para
acompanhar o curso oferecido. Dos 63 alunos respondentes, 41 não tinham computador em
casa, 60 alunos faziam uso do celular. Em relação à internet, 43 tinham acesso à internet, mas
apenas 11 alunos acessam em casa; isso significa que 20 alunos não têm acesso à internet e 32
têm que utilizar outros espaços como, por exemplo, internet café. No que diz respeito à
distância entre residência e o polo chamou nossa atenção que 24 alunos não responderam,
talvez não tenham entendido a pergunta, uma vez que na pergunta seguinte, sobre meio de
transporte utilizado, 58 alunos responderam e destes 28 informaram que utilizavam um
transporte local que eles chamam de “Chapa”28 e 23 iam a pé.
Em dezembro de 2013 mais um relatório foi produzido, desta vez por representantes
moçambicanos, apresentando as percepções dos alunos do curso de Administração Pública.
Os estudantes avaliaram positivamente os tutores presenciais, os tutores a distância e a gestão
do curso pela universidade. Em relação ao atendimento, estrutura e funcionamento do polo e
feedback das provas, a avaliação ficou no índice regular. Outra avaliação apontada é que no
curso de Administração Pública, regra geral, tutores a distância são mais frequentes em
responder e intervir a eventuais inquietações dos estudantes em relação aos docentes de
especialidade.
Em relação à elaboração do material didático para o curso de Administração Pública
foi organizado uma equipe multidisciplinar composta por professores que tinham a
responsabilidade de construir o material para ser veiculado na web, assim como material
impresso. Essa equipe tinha um revisor de redação e linguagem especifica para EaD; um
revisor de ortografia, pois os livros eram escritos em português do Brasil; um revisor de
normas para trabalhos científicos e um diagramador. O relatório assinado em 25 de julho de
2014, pela coordenadora do Projeto de Elaboração de Material Didático para Moçambique
afirma que
28
Refere-se aos meios de transportes rodoviários, de passageiros com capacidade de 15 a 34 lugares (assentos)
no máximo, os mini-bus. Esses carros são majoritariamente de pessoas privadas sejam elas singulares ou
coletivas.
179
Quadro 33: Orientação para revisão do Material Didático do Curso de Administração Pública
de Moçambique
Quanto ao formato do livro /módulo
A estrutura do livro /módulo deve conter as seguintes partes:
1. Texto de apresentação do livro/módulo contempla considerações gerais dos autores sobre o
material (objetivo, importância dos temas e o contexto em que o livro situa) Atenção para o
nome correto da disciplina.
2. Sumário apresenta as unidades, seções e subseções e a respectiva paginação.
3. Unidades de Ensino Cada unidade é constituída de uma página especial de abertura, contendo o
titulo da unidade e o respectivo número, bem como os objetivos da unidade.
4. O desenvolvimento da unidade propriamente dito deve ser precedido dos objetivos e de um
texto de apresentação.
5. No desenvolvimento do texto poderá aparecer: glossário, saiba mais, observações importantes,
reflexões, atividades.
6. No final de cada unidade deverá ser apresentado um pequeno resumo da Unidade.
7. No final de cada Unidade deverá ser proposta atividade para verificar se os objetivos
apresentados foram alcançados. Apresente aqui questões que levem o estudante a consolidar os
conhecimentos adquiridos ao longo do estudo da unidade.
8. Apresentar o gabarito da(s) atividade (s) proposta para estudo. Em MZ é chamado de “chave de
correção”
9. Bibliografia complementar: indicação de outros materiais que o aluno poderá consultar.
10. Referencias bibliográficas do livro: devem constar no final do livro e seguem a normatização
da ABNT.
No relatório é apontado também que algumas disciplinas não produziram livros, pois
utilizaram artigos de revistas especializadas.
O coordenador do curso no Brasil ao ser consultado na entrevista sobre os resultados
concretos que decorreram deste trabalho aponta que a experiência foi muito positiva e que
mesmo sem ter como comprovar ele acredita que o curso foi o único que teve fim. De acordo
com ele
Desde o inicio havia uma grande preocupação com a legalidade do curso,
assim o curso foi aprovado no departamento, conselho de unidade, conselho
de graduação, conselho superior, essas documentações facilitaram a vida.
(Entrevista cedida a autora)
Ao avaliar o Programa, o coordenador foi claro em afirmar que o projeto foi bom,
houve um aprendizado, cita a necessidade de um registro desta experiência, pois foi uma
inovação. Critica a forma que a Capes entrou no programa com a extinção da SEED.
Segundo ele “ao entrar a CAPES houve uma briga de egos, lembro que fiquei mais de um ano
sem ir lá porque não tinha dinheiro para ir. A CAPES não ajudou, atrapalhou. Para terminar o
curso teve que ter intervenção de um monte de gente” Também chama atenção para o material
didático segundo ele “o material deveria ser como o do antigo Veredas [...] uma vez que os
polos não tinham. Mas segundo ele, faria de novo, como os mesmos professores, tutores e
avalia a conclusão do curso como um show, os TCCs foram planos de intervenções”. Outra
inovação foram os certificados de dupla validade, que de acordo com o coordenador não havia
no Brasil um modelo para ser seguido, assim de acordo com o mesmo,
O diploma deixa claro que foi elaborado dentro dos termos do convênio assinado entre
a UFJF e a Eduardo Mondlane. (anexo 07).
182
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE
PESQUISA
183
Morosini ao que ela chama de internacionalização periférica (vertical ou norte-sul), pela qual
países desenvolvidos somente transferem seu modelo para os países menos desenvolvidos.
Neste sentido, o Brasil ao implementar um programa de graduação a distância, tenta no seu
discurso modificar esse cenário propondo uma internacionalização horizontal de cooperação
Sul-Sul. A política governamental brasileira ampliou seu papel junto aos países em
desenvolvimento que, além de um passado comum, compartilham desafios e experiências
semelhantes, o que faz da cooperação Sul-Sul uma ferramenta fundamental para a
disseminação de práticas que assegurem o desenvolvimento baseado na transferência
tecnológica e de aprendizagem.
A busca por uma maior inserção internacional e pelo reconhecimento do Brasil como
um ator estratégico na nova ordem mundial, logrou iniciativas de estabelecer um diálogo mais
aberto com os países africanos. Com o governo Lula, as relações com a África passaram a ser
prioritárias, no sentido de consolidar o eixo de cooperação Sul-Sul. A partir da década de
2000, iniciativas concretas de aproximação foram tomadas. Para o presidente, o estreitamento
das relações com os países africanos constituíam- se como uma obrigação política, moral e
histórica. Segundo o então presidente, o problema da educação deveria ser resolvido pelo
Estado, e ainda afirmou que o Brasil tinha uma dívida histórica com o povo africano,
afirmando que as duas nações poderiam sair da condição de pobres ou emergentes. Segundo
ele, o sul não pode ser dependente do norte, e é através do estudo que o governo poderá
garantir as pessoas a igualdade de oportunidades, de empregos e de salários.
Na análise do Programa um dos aspectos observados foi justamente como este
discurso se refletiu na sua realidade. Por outro lado, no momento em que tomamos
consciência do sentido de cooperação em termos de transferência “horizontal” tecnológica e
de aprendizagem foi estabelecido como um dos objetivos contextualizar o Programa na
realidade de Moçambique como parceiro do acordo bilateral para, só então entrar na análise
do programa propriamente dito. De acordo com os documentos consultados, a estratégia da
cooperação técnica prestada pelo Brasil está centrada no fortalecimento institucional de
nossos parceiros, condição fundamental para que a transferência e a absorção dos
conhecimentos sejam efetivadas. Sem fins lucrativos e desvinculada de interesses comerciais,
a cooperação técnica pretende compartilhar êxitos e melhores práticas nas áreas demandadas
pelos países parceiros. Logo, cooperação horizontal implica em parceiros que se conhecem ou
definem um período de tempo para desenvolver este conhecimento no decorrer do
planejamento de qualquer programa. Nossa preocupação se voltou, então, para o
conhecimento de Moçambique como parceiro do Programa.
185
REFERÊNCIAS
191
REFERÊNCIAS
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Brasilia: Liber Livro Editora, 2005.
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Curriculum, São Paulo, v. 3, n. 2, junho de 2008. http://www.pucsp.br/ecurriculum. Acesso
em 26 jan. 2016.
193
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Janeiro, Zahar, 1975. 246pp.
2013
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cento a distância: Estudo de caso da Faculdade Sumaré–SP. Trabalho apresentado no XII
Congresso Internacional da Associação Brasileira de Educação a Distância, Florianópolis,
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em: 12 de fevereiro de 2006.
SEGENREICH. Stella Cecilia Duarte, CASTRO, Alda Maria Duarte Araújo . A inserção da
educação a distância no ensino superior do Brasil: diretrizes e marcos regulatórios, Revista
Educação em Questão, Natal, v. 42, n. 28, p. 89-118, jan./abr. 2012.
SEGENREICH. Stella Cecilia Duarte. ProUni e UAB como estratégias de EaD na expansão
da educação superior. Pró- Posições. Campinas, v.20, n.2 (59), 205-222, maio/ago. 2009.
SILVA, L. I. L. Discurso do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião do
lançamento do Programa UAB-Moçambique–Maputo, Moçambique, em
09/11/2011.Diponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-artigos-e-entrevistas-
categoria/presidente-da-republica-federativa-do-brasil-discursos?start=180
_______________. Discurso do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião
da abertura da cúpula Brasil- Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, Cabo
Verde, em 03/07/2010 Disponível em:
http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_tags&view=tag&id=637-
cedeao&lang=pt-BR acesso em 10/01/2014
198
Documentos:
2010 Convênio de colaboração entre UFJF e UEM
2010 Encontro com discentes - Relatório autoria Orestes
2010 Grade curricular
2010 Programa de Cooperação Técnica
2010 Projeto pedagógico do curso
2010 Resolução 28/2010 Criação do Curso Adm. Pública a Distância
2010 Resolução 34/2010 - Aprovação PPP do curso
2011 Atas reuniões coordenadores Adm Publica
2011 Relatório Implementação do curso de Lic. Administração Pùblica
2012 Ata reunião coordenadores Maputo
2012 Ata reunião extraordinária dos coordenadores Maputo
2012 Síntese questionário avaliação Adm publica
2013 Ata Missão constante no termo referencia da coordenação Maputo
2013 Ata planejamento de coordenação de cursos
2013 Ata reunião conjunta entre coords. brasileiros e moçambicanos Maputo
2013 Avaliação semestral do curso Adm publica (alunos)
2013 Ata reunião Comitê gestor e missão brasileira
2014 Relat. da Missão constante no termo de referencia da coord executiva a Moçambique
2014 Relatório elaboração Material didático
2014 Relatório final 2014 escrito por Oreste Preti.
199
ANEXOS
200
ANEXO 01
BOLETIM DA REPÚBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
4.º SUPLEMENTO
SUMÁRIO
Conselho de Ministros:
Ratifica o Acordo de Crédito celebrado entre o Governo da República de Moçambique e o Banco Árabe
para o Desenvolvimento Económico em África (BADEA), no dia 2 de Junho de 2009, em Ashgabat,
Turquemenistão, no montante de USD 10 000 000,00 (dez milhões de dólares americanos), destinado
ao financiamento do Projecto de Desenvolvimento de Irrigação do Vale do Save.
Ratifica o Acordo de Crédito celebrado entre o Governo da República de Moçambique e o Banco Islâmico
de Desenvolvimento (BID), no dia 3 de Junho de 2009, em Ashgabat, Turquemenistão, no montante de
USD 15 260 000,00 (quinze milhões e duzentos e sessenta mil dólares americanos), destinado ao
financiamento do Projecto de Desenvolvimento do Ensino Secundário do 1.º Ciclo.
Ratifica o Acordo de Crédito celebrado entre o Governo da República de Moçambique e o Banco Islâmico
de Desenvolvimento (BID), no dia 3 de Junho de 2009, em Ashgabat, Turquemenistão, no montante de
USD 10 314 000,00 (dez milhões e trezentos e catorze mil dólares americanos), destinado ao
financiamento do Projecto de Electrificação Rural da Província do Niassa.
Reconhece à Fundação Vida para África a qualidade de sujeito de direito com personalidade jurídica.
CONSELHO DE MINISTROS
202
CAPÍTULO I
Disposições gerais
ARTIGO 1
Definições
Para efeitos do presente Regulamento, entende-se por:
a) Acreditação – atribuição, pelo órgão correspondente de certificação de
qualidade, com base nos resultados da avaliação externa da instituição, do
curso ou programa de estudo;
b) Auto-avaliação institucional – conjunto de normas, mecanismos e
procedimentos operados pelas próprias instituições, para avaliar o seu
desempenho;
c) Avaliação externa – análise de normas, de mecanismos e de procedimentos
internos, feita por uma entidade externa e reconhecida pelo Ministro que
superintende a área da educação;
d) Certificação – acto administrativo do qual resulta a emissão de um
documento oficial de comprovação das qualificações ou estudos realizados
em estabelecimentos escolares legalmente constituídos; e) Curso –
organização de matérias de uma determinada área de conhecimentos e/ou
experiências de aprendizagem relacionadas, ministradas numa base regular e
sistemática, geralmente por um período de tempo previamente fixado;
203
ARTIGO 2
Objecto
O presente Regulamento tem como objecto a normação da actividade de
Ensino à Distância em Moçambique.
ARTIGO 3
Âmbito de aplicação
O presente Regulamento aplica-se a todas as instituições provedoras de
Ensino à Distância em Moçambique.
ARTIGO 4
Princípios
O Ensino à Distância em Moçambique guia-se pelos seguintes princípios:
a) Acesso à educação como direito e dever do cidadão;
b) Paridade entre as modalidades presencial e à distância;
c) Equidade regional, social e de género;
d) Racionalização no uso de recursos e infra-estruturas;
e) Articulação entre os diferentes níveis de ensino e entre instituições públicas e
privadas.
ARTIGO 6
Volume de trabalho
Para além do disposto em legislação específica para cada tipo e nível de
ensino, o volume de trabalho de um curso à distância deve, no mínimo, ser
igual ao de cursos similares ministrados na modalidade presencial.
ARTIGO 7
Mobilidade académica
1. Os estudantes gozam do direito de mobilidade acadêmica entre cursos
presenciais e à distância.
2. No âmbito do referido no número anterior, é permitida a transferência de
créditos de uma modalidade para a outra ou efectuar estudos, misturando
ambas as modalidades, desde que se respeitem os requisitos definidos na
regulamentação específica de cada curso.
ARTIGO 8
Matrículas
1. O estudante do Ensino à Distância deve estar matriculado numa instituição de
ensino.
2. A instituição de ensino deve organizar a estatística dos estudantes
matriculados em cursos à distância e manter devidamente informado o
Ministério responsável pela área da educação.
3. O Instituto Nacional de Educação à Distância (INED) deve garantir a
inclusão, na estatística nacional, de todos os estudantes matriculados em
cursos à distância.
CAPÍTULO II
SECÇÃO I
Condições para provimento
ARTIGO 9
Instituições provedoras
1. Podem prover Ensino à Distância instituições nacionais ou estrangeiras de
formação, públicas, privadas, que revistam, nomeadamente, a forma de
205
Criação de instituições
1. A criação de instituições para o provimento de cursos à distância, com a
excepção do ensino superior, carece de autorização do Ministro que
superintende o sector da educação, ouvido o Instituto Nacional de Educação à
Distância.
2. A criação de instituições do ensino superior, para o provimento de cursos à
distância, é da competência do Conselho de Ministros, ouvido o Conselho
Nacional do Ensino Superior.
3. Com excepção das instituições do ensino superior, cuja competência é do
Conselho de Ministros, a autorização de instituições de ensino presencial para
a introdução da modalidade de Ensino à Distância é requerida ao Ministro
que superintende a área da educação.
ARTIGO 11
Caducidade da autorização
O prazo para iniciar a implementação de cursos à distância caduca findos oito
meses, a contar da data da tomada de conhecimento do despacho de
autorização, podendo a instituição solicitar uma nova autorização.
ARTIGO 13
Intransmissibilidade da autorização
A autorização concedida a uma instituição para prover cursos à distância é
intransmissível.
SECÇÃO II
Início de actividades
ARTIGO 14
ARTIGO 15
ARTIGO 16
Instalações físicas
As instalações físicas devem estar em consonância com o tipo de cursos a
prover e podem compreender:
a) Laboratórios científicos, bibliotecas, acervos de áudio/ /vídeo, acervo
electrónico remoto e acesso por meio de redes de comunicação e sistemas de
informação, com regime de funcionamento e atendimento adequados a
estudantes do ensino à distância;
b) Centros de Recursos disponibilizados, ajustados às necessidades dos
estudantes à distância, para a realização das funções pedagógico-
administrativas do curso.
ARTIGO 17
Tecnologias educativas
As tecnologias educativas compreendem recursos tecnológicos e condições
de acesso à redes de informação e à comunicação:
a) Entre estudantes;
b) Dos estudantes com os docentes e tutores;
c) Para atendimento dos estudantes, tutores e professores.
ARTIGO 18
ARTIGO 19
Composição de parcerias
Pode celebrar acordos de parcerias para provisão de Ensino à Distância
208
Constituição de parcerias
A constituição de parcerias, com o objectivo de prover o Ensino à Distância,
só é possível desde que se reúna cumulativamente:
a) Ter-se devidamente constituído como instituição nos termos da lei em vigor;
b) Uma das partes seja habilitada para prover Ensino à Distância.
ARTIGO 21
ARTIGO 22
Entidade competente
Compete ao Ministro que superintende a área da educação reconhecer,
homologar e atribuir equivalências a níveis e graus académicos, bem como
estudos realizados na modalidade à distância, observando as normas e
procedimentos aplicáveis.
ARTIGO 23
Avaliação final
O mecanismo de avaliação final de cursos à distância deve constar no
Regulamento de avaliação do curso de cada instituição, a ser submetido à
entidade competente, no acto do pedido de autorização para provimento de
Ensino à Distância.
ARTIGO 25
ARTIGO 28
ARTIGO 33
210
Publicação de informação
O INED deve publicar, no último trimestre de cada ano, a lista de instituições,
cursos e programas autorizados e acreditados nesse ano.
ARTIGO 36
ARTIGO 38
ARTIGO 39
Actualização tecnológica
A actualização tecnológica das infra-estruturas e dos procedimentos, bem
como o acesso massificado às tecnologias educativas, constituem elementos
essenciais na avaliação externa e na fixação de padrões pelo INED.
ARTIGO 40
211
Validade da Acreditação
1. A Acreditação tem a validade de cinco anos, a partir dadata da sua concessão.
2. O prazo referido no número anterior é renovável, medianteverificação dos
requisitos estabelecidos no presente Regulamento.
CAPÍTULO VI
Sanções
ARTIGO 41
Actividades irregulares
Sob proposta do INED e nos termos da legislação aplicável, a abertura
irregular e o início da provisão de cursos à distância, assim como o
recrutamento e/ou matrícula irregular de estudantes, sem observância do
previsto no presente Regulamento, fica sujeita à aplicação das seguintes
sanções:
a) Advertência escrita;
b) Suspensão das actividades por período até dois anos;
c) Encerramento definitivo.
ARTIGO 42
Transmissão da autorização
A violação do artigo 13 deste Regulamento acarreta a revogação da
autorização concedida à instituição para a provisão do Ensino à Distância.
212
ANEXO 02
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA NORMATIVA Nº 22, DE 26 DE OUTUBRO DE 2010
FERNANDO HADDAD
215
ANEXO 03
Considerando
ANEXO 4
VERSÃO C DO PROJETO
Ministério das
Relações Exteriores
Agência Brasileira de
Cooperação
BRA/04/044-UAB-282
BRASIL-MOÇAMBIQUE
BASE LEGAL:
(258) 21-486908
E-mail: antoniodominguesfranque@yahoo.com.br
fjf.edu.br Telefone:
(55) 32-32293520/
32293521
4. DADOS SOBRE AS INSTITUIÇÕES
Educação – MEC
Endereço: Esplanada dos Ministérios, bloco L, 8º andar
Código Posta: 70047-900
Telefone: (55) 61- 2022-7828 / 7822 Cidade: Brasília (DF)
País: Brasil
Nome do Dirigente da Instituição: Aloisio Mercadante Oliva
Contato: Luiz Antônio de Mello Rebello (Chefe do Gabinete)
E-mail: gabinetedoministro@mec.gov.br /
chefedegabinete@mec.gov.br Telefone: (55) 61-
20227840 / 7839
Sítio: www.mec.gov.br
UNILAB
Endereço: Avenida da Abolição nº 3 – Centro
Código Postal: 62790-000 Cidade: Redenção País: Brasil
Telefone: (55) 85- 33321410
Fax: (55) 85- 33321750
Nome do Dirigente da
Instituição: Nilma Lino Gomes
Nome do contato: Maria
Aparecida da Silva
E-mail: gabinete@unilab.edu.br/
mapasilva@unilab.edu.br Sítio:
www.unilab.edu.br
II. O PROJETO
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:
TOTAL 30.615.553,86
225
2. JUSTIFICATIVA DA REVISÃO:
Pública Nampula
Quelimane
Tete
SUBTOTAIS 90 500 590
Maputo
Beira
Lichinga
Inhambane
Biologia Manica
Nampula
Quelimane
Tete
SUBTOTAIS 180 500 680
Maputo
Beira
Lichinga
Inhambane
Matemática Manica
Nampula
Quelimane
Tete
SUBTOTAIS 180 500 680
Maputo
Beira
Lichinga
Inhambane
Pedagogia Manica
Nampula
Quelimane
Tete
SUBTOTAIS 180 500 680
TOTA 630 2000 2630
IS
3. OBJETIVO DA REVISÃO:
Os bens móveis adquiridos com recursos financeiros aqui definidos são de propriedade do
Organismo Internacional, até serem transferidos ao país recipiendário, a qualquer momento
durante a vigência deste documento ou após o término das atividades aqui estabelecidas.
RESULTADOS E ATIVIDADES
2010 2011 2011 2012 2012 2013 2013 2014 2014 2015 2015 2016 2016 2017 2017 2018 2018 2019 2019
/2 /1 /2 /1 /2 /1 /2 /1 /2 /1 /2 /1 /2 /1 /2 /1 /2 /1 /2
A1.1.1 Custear as
atividades
de coordenação
executiva do projeto no
Brasil e em Moçambique
(remuneração
da consultoria )
A1.2.1 Custear as
atividades
de acompanhamento da
execução do Projeto
(custeio de viagens das
autoridades e dos
técnicos brasileiros e
moçambicanos entre os
países e nos respectivos
países)
A1.3.1 a A 1.3
A1.4.1 Custear
as despesas relacionadas
à coordenação
pedagógica e
administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
relativas à conclusão da
primeira oferta do curso
de
Administraç
ão
Pública.
234
A1.5.1 Custear
as despesas relacionadas
à coordenação
pedagógica e
administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
235
atividades pedagógicas,
relativas à conclusão da
primeira oferta do curso
de Biologia.
A1.6.1 Custear
as despesas relacionadas
à coordenação
pedagógica e
administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
relativas à conclusão da
primeira oferta do curso
de Matemática.
A1.7.1 Custear
as despesas relacionadas
à coordenação
pedagógica e
administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
relativas à conclusão da
primeira oferta do curso
de Pedagogia.
A1.8.1 Custear
as despesas relacionadas
à coordenação
pedagógica e
administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
236
relativas à segunda
oferta do curso de
Administração Pública.
A1.9.1 Custear
as despesas relacionadas
à coordenação
pedagógica e
administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
237
relativas à segunda
oferta do curso de
Biologia.
A1.10.1 Custear as
despesas relacionadas à
coordenação pedagógica
e administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
relativas à execução da
segunda oferta do curso
de Matemática.
A1.11.1 Custear as
despesas relacionadas à
coordenação pedagógica
e administrativa, bem
como
ao
desenvolvimento das
atividades pedagógicas,
relativas à segunda
oferta do curso de
Pedagogia.
A1.12.1 Custear
as despesas
relacionadas à
elaboração/atualização
dos materiais didáticos
do curso
de
Administração Pública.
A1.13.1 Custear
as despesas
relacionadas à elaboração/atualização
dos materiais didáticos
do curso de Biologia.
238
A1.14.1 Custear
as despesas
relacionadas à
elaboração/atualização
dos materiais didáticos
do curso de Matemática.
A1.15.1 Custear as
239
despesas relacionadas à
elaboração/atualização
dos materiais didáticos
do curso de Pedagogia.
A1.16.1 Custear
as despesas
relacionadas à
complementação de
infraestrutura dos 3 (três)
polos de apoio presencial
da primeira oferta dos
cursos (Maputo, Beira e
Lichinga), garantindo a
continuidade e a
qualidade das atividades
presenciais.
A1.17.1 Custear as
despesas relacionadas à
instalação
de
infraestrutura dos 5
(cinco) polos de apoio
presencial da segunda
oferta dos cursos
(Inhambane,
Te
te, Quelimane, Nampula
e Manica), garantindo a
qualidade das atividades
presenciais.
A1.18.1
Custe
ar despesas relativas ao
monitoramento e à
avaliação do Projeto,
visando à sua
qualificação e à integral e
adequada transferência
de tecnologias relativas
ao objeto da cooperação
técnica.
240
ASSINATURAS
241
Data: / / Data: / /
Data: / /
Data: / /
Data: / / Data: / /
Data: / /
Data: / / Data: / /
243
ANEXO 05
RELATÓRIO DE PROGRESSO
2011
i) EM NEGOCIAÇÃO/ASSINATURA (9)
Objetivo:
O projeto visa apoiar os esforços do Ministério da Educação de Moçambique na
formação de professores do ensino médio e na formação de quadro técnico para o Governo
local, por meio da instalação de pólos de ensino a distância. A iniciativa da Universidade
Aberta do Brasil em Moçambique constitui-se em uma atividade experimental com vistas a
replicação nos Países de Língua Portuguesa. O projeto, de forma inédita para esta Agência,
conta com a participação financeira da CAPES no pagamento de bolsas para tutores e
professores moçambicanos.
Instituições executoras:
Pelo lado brasileiro: MEC/CAPES/ Universidade de Universidade Federal Fluminense,
Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Juiz de Fora.
Pelo lado moçambicano: Ministério da Educação, Universidade Pedagógica e
Universidade Eduardo Mondlane.
Custos:
ABC US$ 1.226.940,00
MEC US$ 79.440,00
CAPES US$ 26.485.975,00
Universidade Pedagógica (Moçambique): US$ 2.921.400,00
Universidade E. Mondlane (Moçambique) US$ 588.600,00
Instituto Nacional de Ensino a Distância US$ 974.160,00
Total US$ 32.276.515,00
Situação em fins de 2011:
Por iniciativa da CAPES e ABC está sendo constituído um comitê gestor
interministerial integrado por representantes do MEC, CAPES, ABC e MRE para
coordenação estratégica do projeto. A indefinição do MEC quanto à unidade organizacional
245
RELATÓRIO DE PROGRESSO
2014
Descrição (Sinopse):
Apoiar os esforços de formação de professores, de nível superior, para atuarem em
escolas de nível básico e médio em Moçambique, bem como formar quadros, de nível
superior, para atuarem em órgãos do governo, por meio do ensino a distância.
Atualmente, por motivos legais alegados pela Capes, o projeto dá prioridade ao cumprimento da
primeira fase do projeto, ou seja, os 690 alunos inscritos em 2011. Diversas mensagens foram
envidas ao Presidente da CAPES, à Chefe da Assessoria Internacional do MEC, ao Chefe de
Gabinete do Ministro e ao Secretário Executivo do MEC, comunicando a situação do projeto.
Diante do impasse, a Agência solicitou a convocação do Comitê Gestor do Programa para
deliberar sobre o futuro do projeto, mas não obteve qualquer manifestação a respeito.
ANEXO 06
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Convênio:
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Brasil
Universidade Eduardo Mondlane (UFJF), Moçambique
Agosto/ 2010.
249
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Convênio:
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Brasil
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Moçambique
Equipe Responsável pela Elaboração:
SUMÁ
2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 7
ANEXOS ................................................................................................................................................... 44
b) Proponente:
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Eduardo Mondlane
(UEM)
c) Público-Alvo:
Concluintes do segundo grau (Brasil) ou concluintes da 12ª Classe (Moçambique),
selecionados por meio de processo seletivo de ingresso de responsabilidade da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
d) Número de Vagas:
Serão ofertadas 160 (cento e sessenta) vagas anuais, distribuídas por Províncias,
em 4 (quatro) processos seletivos nos anos de 2010 (outubro), 2012, 2013 e 2014,
totalizando 640 (seiscentos e quarenta) vagas.
As Províncias atendidas serão:
1. Niassa
2. Cabo Delgado
3. Nampula
4. Zambézia
5. Tete
6. Sofala
7. Inhambane
8. Gaza
9. Maputo
e) Local do curso:
Moçambique
f) Forma de Ingresso:
Processo Seletivo realizado pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM)
g) Duração do Curso:
Mínimo de 8 e máximo de 12 semestres para integralização curricular.
253
h) Certificação:
Dupla certificação pela UFJF e UEM.
2. Introdução
O Projeto Universidade Aberta do Brasil – UAB foi criado pelo Ministério da
Educação, em 2005, no âmbito do Fórum das Estatais pela Educação, para a articulação e
integração de um sistema nacional de educação superior a distância, em caráter
experimental, visando sistematizar as ações, programas, projetos e atividades
pertencentes às políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do
ensino superior gratuito e com qualidade no Brasil.
Objetivando a consecução e fomento dos cursos da UAB, e consequentemente, a
democratização, expansão e interiorização da oferta de ensino superior público, e da
formação de gestores públicos, o Ministério de Educação, por intermédio da Secretaria de
Educação a Distância – SEED, estimula a oferta do curso de Administração Pública na
modalidade a distância, operacionalizado pelas Instituições Públicas de Ensino Superior -
IPES, de acordo com os instrumentos legais emanados pela UAB.
O Curso Bacharelado / Licenciatura em Administração Pública vem ao encontro
das necessidades das organizações públicas contemporâneas, que buscam por gestores
com visão holística das ações administrativas e políticas governamentais, capacitados
portanto, para exercitar a gestão na esfera regional, nacional e internacional, de forma a
contribuir para o alcance dos objetivos da nação.
Para atender a demanda pela formação superior de gestores públicos no Estado de
Minas Gerais, incluindo seus mais distantes municípios, a Universidade Federal de Juiz
de Fora – UFJF oferta o curso de Administração Pública na modalidade a distância
(EaD), como forma eficaz para ampliar o número de beneficiários da formação superior
gratuita e realizada com qualidade, cumprindo assim sua missão e colaborando com o
desenvolvimento da sociedade brasileira.
O projeto pedagógico do curso está pautado na observância aos dispositivos legais
254
Neste cenário foi criada em 1960, por ato do então Presidente Excelentíssimo Sr.
Juscelino Kubitschek de Oliveira, a Universidade Federal de Juiz de Fora que é pólo
acadêmico e cultural da Zona da Mata mineira congregando algo em torno de
aproximadamente 2,5 milhões de habitantes no Sudeste do Estado de Minas Gerais.
Reúne hoje 17 unidades acadêmicas, que oferecem 33 cursos de graduação, 23 Mestrados
e 9 Doutorados, além de 55 cursos de Especialização, nas mais diversas área do
conhecimento e cursos de Educação Profissional e Média, ministrados por seu Colégio
Técnico Universitário e Educação Fundamental e Média, denominado Colégio de
Aplicação João XXIII.
grande o orgulho que a instituição sente ao longo da sua história, pelo seu envolvimento
na formação de professores capazes de garantir a educação das jovens gerações
moçambicanas, na formação de técnicos superiores, preparando-os assim para o exercício
profissional em diferentes esferas e contextos de atuação.
A história da instituição, desde a sua criação, reflete os períodos da história do
país, que influenciaram e determinaram o processo de ensino, de investigação e de
ligação à sociedade, desde a definição dos perfis profissionais no nível da formação, ao
4. Aspectos Institucionais
pluralismo de idéias;
democratização do ensino;
gestão democrática;
Métodos Quantitativos I
Métodos Quantitativos II
Métodos Quantitativos III
Métodos Quantitativos IV
6. Estrutura Administrativo-Pedagógica
Estamos vivendo um período histórico de “crise”, de “transição”, cujos modelos
e paradigmas tradicionais de compreensão e explicação da realidade estão sendo
revistos enquanto outros estão emergindo. As teorias clássicas no campo da educação e
da Administração não dão mais conta da complexidade dos fenômenos contemporâneos
e, especificamente, das práticas no campo dos processos de ensinar e de aprender e da
Administração Pública.
O paradigma positivista precisa ser substituído por outro ou outros. Os atuais
paradigmas educacionais falam da necessidade da participação, da construção do
conhecimento, da autonomia de aprendizagem, de currículo aberto, de redes de
conhecimentos, da interconectividade dos problemas, das relações. No campo da
Administração fala-se de pró-atividade, de empowerment, de fidelização, de gestão do
271
Professores autores
Professores formadores
Professores pesquisadores
administrativo-pedagógica do Curso:
7.2 Disciplinas
O Curso de Administração Pública a distância está estruturado em disciplinas
com carga horária de 60 horas/aulas, exceto os Seminários Temáticos, que possuem
carga de 30 e 60 horas/aulas. Neste contexto, as disciplinas serão ofertadas por
bimestres, em até 3 (três) disciplinas por bimestre, integralizadas em 8 (oito) semanas.
Ao longo do curso haverá, dentro da concepção de Seminários Temáticos, 9
(nove) disciplinas, com a seguinte comporição:
1 Seminário Integrador
277
3 Seminários Temáticos
3 Seminários Temáticos de Formação e
1 Seminário de Orientação de TCC
A Disciplina de Seminário de Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC)com orientação de docentes, admitirá a relação máxima de um docente para 15
alunos
1
O chat funciona como uma sala de virtual síncrona através da qual os alunos poderão interagir. Nota de
responsabilidade dos Autores.
2
O fórum é um canal de reflexão coletiva do curso e tem um caráter de discussão acadêmica assíncrona sobre um
determinado tema de interesse de uma disciplina específica. Nota de responsabilidade dos autores
278
7.6. A Presencialidade
A presencialidade é motivo de amplo planejamento, envolvendo os atores
pedagógicos e administrativos dos subsistemas do Curso. Entre as atividades a serem
contempladas podem ser incluídas, dentre outras: apresentação de palestras; visitas
técnicas e de integração social da comunidade acadêmica e defesa de TCC, inclusive
por meio de TIC´s.
Haverá Encontros Presenciais que serão realizados nos Centros Provinciais de
Recursos Digitais (CPRD´s) do Ministério de Ciências e Tecnologia, tendo as seguintes
atribuições:
Encontro inicial de Abertura do Curso, 1º período;
Realização das Avaliações Presenciais;
Acesso dos alunos a Internet;
Biblioteca de apoio
Para suporte das ações do Curso de Administração Pública a distância serão
utilizados os CPRD´s das seguintes Províncias:
Província/Centro de Apoio
1. Niassa
2. Cabo Delgado
280
3. Nampula
4. Zambézia
5. Tete
6. Sofala
7. Inhambane
8. Gaza
9. Maputo
Total = 9 (nove)
281
282
desempenho do estudante;
eficácia do programa.
283
A estrutura de EaD projetada para o curso possibilita a integração das ações dos
atores de EaD, permitindo controle e sinergia no processo ensino-aprendizagem, assim
como a prática de acompanhamento efetivo do estudante e sua avaliação em dimensão
sistêmica e continuada. Os resultados das avaliações deverão ser utilizados com a
função de retroalimentar os subsistemas de EaD, objetivando o aprimoramento e a
conquista de novos patamares de qualidade e eficácia.
1. AAD:
Realização de atividades em Fóruns, Chats, Tarefas, Questionário e
outras atividades conforme plano pedagógico das disciplinas.
2. Prova Presencial
Realização de 2 (duas) Provas/Exames Presenciais nas 5ª e 8ª semanas de
cada bimestre;.
As Provas Presenciais consideram os conteúdos das disciplinas, com
duração de 90 minutos, construída por questões discursivas;
285
Anexo 07
Diploma com validade de dupla certificação
288
289