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A GESTÃO
POR MEIO DE
PROCESSOS
Leandro Jesus e André Macieira
REPENSANDO
A GESTÃO
POR MEIO DE
PROCESSOS
[2014]
Algo Mais Editora
Praça Monte Castelo, 18/702
20.051-030 – Centro
Rio de Janeiro – RJ
Tel: (21) 3549-4621
1ª edição Março de 2014
AGRADECIMENTOS
A
lexandre Carrasco, gerente de Processos e Melhoria Contínua
na AES Eletropaulo;
Prefácio.................................................................................................................................... 15
Capítulo 1 Motivação............................................................................................................... 19
1.1. “O grande problema ao trabalhar com processos é a falta de apoio da alta
administração!”.............................................................................................................. 19
1.2. A importância de melhores processos para os negócios no mundo.......................... 21
1.3. A importância de melhores processos para os negócios no Brasil............................ 24
1.4. A importância de fazermos um repensar de BPM neste momento........................... 25
1.5. Nossas credenciais para escrever este livro................................................................. 27
1.6. Público-alvo.................................................................................................................... 28
1.7. Estrutura do livro............................................................................................................ 29
Capítulo 5 Colocando as práticas em ação: uma metodologia para a gestão orientada por
processos........................................................................................................................... 185
5.1. Metodologia versus corpo de conhecimento............................................................. 186
5.2. Outras metodologias existentes na literatura............................................................ 188
5.3. A metodologia proposta.............................................................................................. 190
5.3.1. Execução de projetos de transformação....................................................... 193
5.3.2. Gestão do dia a dia......................................................................................... 197
5.3.3. Desdobramento da Estratégia para Processos............................................. 199
5.3.4. Tecnologia para suportar os projetos e a gestão do dia a dia...................... 203
5.4. Governança associada à metodologia........................................................................ 207
5.5. Visão completa da metodologia de BPM................................................................... 214
5.6. Metodologia versus estratégia de implantação......................................................... 217
Anexo I A criação de valor nos processos e seu impacto em crescimento e lucro para os
negócios............................................................................................................................ 265
Qual o valor de um ativo?...................................................................................................... 266
10 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Bibliografia............................................................................................................................. 315
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 4.12 – Conexão entre uma Arquitetura de Processos e um Mapa Estratégico.......... 156
Figura 4.13 – Desdobramento da estratégia para metas de processos................................. 160
Figura 4.14 – Transição da estratégia dos processos para os projetos.................................. 162
Figura 4.15 – Profissionais em formato T: integração entre competências para a transforma-
ção (Fonte: adaptado de Ramias e Wilkins, 2013).................................................................... 171
Figura 4.16 – Exemplo de elementos similares na BPMN 2.0................................................ 173
Figura 4.17 – Grau de utilização dos principais objetos da notação BPMN (Fonte: ZUR
MUEHLEN et alli, 2008).............................................................................................................. 174
Figura 4.18 – Aplicações tradicionais com visão funcional................................................... 177
Figura 4.19 – Aplicações orientadas por processos................................................................ 178
Figura 5.1 – Visão geral das etapas da metodologia................................................................ 192
Figura 5.2 – Detalhamento da “Execução de Projetos de Transformação”.......................... 194
Figura 5.3 – Detalhamento da “Gestão do Dia a Dia”............................................................. 198
Figura 5.4 – Detalhamento do “Desdobramento da Estratégia para Processos”.................. 201
Figura 5.5 – Execução de projetos de transformação com foco no desenvolvimento de solu-
ção tecnológica orientada por processos ...................................................................... 206
Figura 5.6 – Governança de processos a partir do estabelecimento de guardião e escritório de
processos...................................................................................................................................... 209
Figura 5.7 – Visão geral das responsabilidades associadas às etapas da metodologia........ 213
Figura 5.8 – Visão completa da metodologia de BPM da EloGroup...................................... 215
Figura 6.1 – Levantamento de problemas ............................................................................... 223
Figura 6.2 – Diagrama de escopo do processo de compras.................................................... 226
Figura 6.3 – Canvas de transformação do processo de compras........................................... 228
Figura 6.4 – Relação esforço x ganho 239
Figura 6.5 – Modelo para o levantamento integrado de melhorias, requisitos e casos
de uso........................................................................................................................................... 243
Figura 6.6 – Exemplo de matriz funções vs. processos........................................................... 247
Figura 6.7 – Sistema para gestão da estratégia, macroprocessos e processos...................... 249
Figura 6.8 – Abordagem integrada para o portfólio de projetos............................................ 254
Figura 7.1 – Síntese dos conceitos-chave do livro................................................................... 259
Figura Anexo I.1 – Percepção de valor criado por um processo........................................... 272
Figura Anexo I.2 – Criação de valor e a cadeia de valor......................................................... 274
Figura Anexo I.3 – Distribuição do valor criado por um processo entre o negócio e seus
clientes ......................................................................................................................................... 275
Figura Anexo I.4 – Comparativo da percepção de valor dos clientes no segmento de
telefonia........................................................................................................................................ 284
Figura Anexo II.1: Blocos do Diagnóstico de Maturidade..................................................... 290
Figura Anexo II.2: Síntese das práticas avaliadas no Diagnóstico........................................ 291
Figura Anexo II.3: Escala do Diagnóstico de Maturidade..................................................... 291
Figura Anexo II.4: Exemplo de Resultado do Diagnóstico de Maturidade.......................... 311
Figura Anexo II.5: Gap na Evolução da Maturidade das Empresas...................................... 312
ÍNDICE DE TABELAS
1
‘Gerenciamento de Processos de Negócio’, ‘Gestão de Processos’ ou, ainda, ‘Gestão por
Processos’.
16 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
CAPÍTULO
Motivação
1
1.1. “O GRANDE PROBLEMA AO TRABALHAR COM
PROCESSOS É A FALTA DE APOIO DA ALTA
ADMINISTRAÇÃO!”
Quantas vezes você já não ouviu ou até mesmo proferiu estas palavras em
eventos, cursos, apresentações ou reuniões de trabalho? Qual profissional de
BPM nunca declarou a frase acima em tom de resignação ao tentar discutir
processos frente à agenda estratégica do negócio? Quantos profissionais aca-
baram relegando suas iniciativas com processos a uma mera padronização
de rotinas de trabalho após tentativas frustradas de fazer algo maior?
Primeiramente, é importante observar que executivos e gestores são
continuamente desafiados a gerar crescimento e lucro para os negócios
dentro de um ambiente marcado por estagnação de diversos mercados e
economias, aumento da competição global, maior conscientização e exigên-
cia dos clientes, incertezas políticas e regulatórias, necessidade de diferen-
ciação de produtos que são tão rapidamente copiados, legados de arquitetu-
ras tecnológicas desenvolvidas e adquiridas ao longo do tempo etc.
Com tantos problemas para resolver, é racional e lógico que a alta ad-
ministração relegue nosso mundo técnico de fluxogramas de processos, mo-
delos de governança, cadeias de valor, entre outros, ao espaço livre de suas
agendas tão disputadas. Se BPM não gera o crescimento e o lucro que os
acionistas desejam, então, objetivamente, não é uma prioridade para a alta
administração hoje, e muito provavelmente não será uma prioridade ama-
nhã. Simples assim!
19
20 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Ambiente organizacional em que predomina a estabilidade. Com- Incerteza, dinamismo e flexibilidade passam a ser característi-
petição restrita a poucas grandes empresas capazes de produzir em cas predominantes. A competição passa a ser globalizada e mais
escala. acirrada.
Valor criado unilateralmente pela organização a partir da execução Valor cocriado a partir das interações com o cliente. Abordagem “de
de atividades sequenciais. fora para dentro”, em que a experiência do cliente ganha importância.
Funcionários valorizados por suas habilidades físicas. Atuam como Colaboradores valorizados pelo seu capital intelectual. Ênfase na ges-
“engrenagens” de uma máquina. tão de conhecimento e competências.
Motivação 23
2
Certified Business Process Professional
28 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Tudo neste livro reflete, portanto, nossa experiência pessoal com a dis-
ciplina de BPM.
1.6. PÚBLICO-ALVO
Este livro foi escrito com foco principal nos gestores responsáveis pela im-
plementação de BPM em seus negócios. Em geral, são gestores intitulados
como responsáveis por Escritórios de Processos ou áreas com denominação
correlata. Em particular, essa é uma versão do livro focada nos gestores que
atuam em empresas privadas, continuamente desafiadas a gerar crescimen-
to e lucro num ambiente de concorrência.3
Não há dúvidas, contudo, que outros gestores que atuam em áreas en-
volvidas com a transformação e gestão do negócio, tais como, Planejamento
Estratégico, Gestão de Projetos, Tecnologia da Informação, Qualidade e Re-
cursos Humanos, podem identificar-se e obter benefícios com os conceitos e
as práticas apresentados.
Analistas de processos, analistas de negócios, consultores e demais
profissionais envolvidos com a prática de BPM em suas empresas também
se identificarão e encontrarão informações relevantes para sua atuação pro-
fissional.
3
De forma análoga, há outra versão do livro destinada a gestores públicos cujo foco não é a geração
de lucro num ambiente de concorrência, mas sim, a geração de valor para o cidadão e a sociedade
a partir da melhor prestação do serviço público.
Motivação 29
CAPÍTULO
2
A orientação por
processos e seu impacto
para os negócios
31
32 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
1 2 Avidades de
natureza produzir
Avidades de Avidades de
natureza comprar natureza vender
3 4
LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
1 2 1
n
No contexto compevo estável e No contexto compevo dinâmico e
com poucos produtos, a organização com muitos produtos, a organização
funcional dava conta de coordenar funcional passa a ser insuficiente
os processos para coordenar os processos
4
Uma curiosidade histórica: Nos primeiros anos de produção do modelo Ford T, os carros não
eram disponibilizados na cor preta. Aos poucos, as opções de cores foram eliminadas de forma a
ganhar escala e reduzir os custos de produção. A cor preta foi escolhida devido à sua durabilidade
e baixo custo.
A orientação por processos e seu impacto para os negócios 37
Todos os negócios são sistemas que existem para gerar resultados de valor
– por exemplo, produtos e serviços para clientes, e lucro para os acionistas.
38 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
interconectadas executadas por um negócio para entregar valor aos seus clien-
tes. Para o autor, toda empresa tem atividades primárias, que agregam valor
diretamente aos clientes, e atividades de suporte, que sustentam a execução
das atividades primárias. Em outras palavras, podemos dizer que a articulação
entre as atividades primárias é o principal processo de qualquer negócio.
Porter argumentou que uma empresa pode criar uma vantagem com-
petitiva sustentável ao ajustar sua Cadeia de Valor à estratégia pretendida. A
Figura 2.3, abaixo, mostra um exemplo básico de Cadeia de Valor, com suas
atividades primárias e de suporte:
Infraestrutura da Empresa
Aquisição
Avidades Primárias
Figura 2.3 – Modelo básico de Cadeia de Valor (Porter, 1985)
5
Ver, por exemplo, o trabalho de Fjeldstad e Andersen (2003) sobre Cadeias de Valor, Oficinas de
valor e Redes de Valor.
42 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Valor realizado nas transações apenas Valor cocriado com os clientes, ao longo do
para fornecedor (eventos) tempo (relacionamento)
Firma e atividade como unidade de análise Interações (ofertas) como unidade de análise
6
Ver, por exemplo, Schurter & Towers, 2006; Towers, 2010, Ramaswamy & Gouillart, 2011.
Acionistas Reguladores/
Governança Comunidade
Fornecedores
Suporte: relacionados a recursos e capacitações
Clientes
Consumidores
Fornecedores de RH Fornecedores de
A orientação por processos e seu impacto para os negócios
Fornecedores de TI Equipamentos e
Instalações
43
Figura 2.4 – Arquitetura de Processos em função das partes interessadas (Burlton, 2010)
44 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
P
rocessos Primários (Centrais, Essenciais ou Finalísticos): asso-
ciados à concepção e à entrega dos produtos e serviços. Necessa-
riamente, agregam valor direto para os clientes finais ao entregar
os resultados nos prazos e custos esperados, com a qualidade
desejada pelos clientes.
P
rocessos de Suporte (ou Apoio): sustentam as atividades primá-
rias fornecendo recursos, tais como, insumos adquiridos, tecno-
logia, recursos humanos e outras funções. Agregam valor para a
própria empresa e seus funcionários, ao prover recursos com efi-
ciência e eficácia, e aos fornecedores de recursos.
P
rocessos Gerenciais (ou Reguladores): direcionam a evolução
do negócio por meio de planejamento e controle. Agregam valor
para os acionistas, ao garantir o resultado financeiro das opera-
ções, e para as entidades externas, ao garantir aderência a regula-
ções, práticas socioambientais etc.
7
Enterprise Resources Planning ou simplesmente Sistemas de Gestão Empresarial.
A orientação por processos e seu impacto para os negócios 47
Uma vez que a gestão isolada de funções de trabalho não é suficiente para
garantir produtos e serviços excepcionais para seus clientes e partes interes-
sadas, os negócios devem gerenciar o ciclo de vida deste ativo denominado
processo. Ou seja, uma empresa deve gerir o modo como entende e soluciona
as diversas necessidades de seus clientes a partir de suas unidades funcionais.
O conceito de um gerenciamento do ciclo de vida tem suas origens no
ciclo PDCA proposto pelo controle da qualidade:
mesmas serão analisadas e tratadas. A Figura 2.6 ilustra esse ciclo de projeto
e gerenciamento contínuo de um processo:
Ao trazer a orientação por processos para nossa forma de gerir atual, passa-
mos a entender os processos como elemento central e integrador de outros
elementos de um sistema de gestão. Ou seja, os processos são um elemento
primário para o projeto e gestão de todo o negócio.
A partir de uma estratégia definida e desdobrada em processos, o ne-
gócio pode definir as alterações necessárias em capacitações e recursos-
chave, tais como: tecnologia da informação, perfil e quantidade de pessoas,
estrutura organizacional, entre outras. Os processos são, então, um articula-
dor das mudanças desses demais elementos. A gestão do negócio passa a ser
orientada e conformada por processos, conforme ilustra a Figura 2.7:
Desta forma, adotar uma gestão orientada por processos significa ca-
pacitar e convencer executivos, gestores, coordenadores e analistas das em-
presas a mudar a forma como pensam, analisam e tomam decisões. Uma
coisa é tomar uma decisão e mudar os processos da empresa para adequá-la
a esta decisão, outra coisa é utilizar a orientação por processos para tomar
novas e melhores decisões.
Adicionalmente, deve-se observar que a gestão orientada por proces-
sos objetivamente não remete a uma estrutura organizacional utópica base-
ada em conjuntos de pessoas que se autorregulam ao redor dos processos,
mesmo sem hierarquia funcional. Esta visão de que a orientação por pro-
cessos leva a uma estrutura organizacional revolucionária, infelizmente, de
nada contribui para ajudar os negócios a criar melhores produtos e serviços
para seus clientes.
A gestão por processos deve garantir mecanismos para o acompanha-
mento do desempenho de como uma empresa executa um trabalho para
atender as necessidades dos seus clientes, mas jamais eliminar o que já existe
em termos de estrutura de gestão. Ou seja, ajuda uma empresa a lidar com as
vulnerabilidades de sua estrutura em silos funcionais, ao invés de substituí-la.
A gestão orientada por processos e a filosofia de pensar nos processos
como ativos corporativos ainda são promessas para muitas empresas. Desta
forma, temos que ter em mente que a adoção de uma gestão orientada por
processos é uma trajetória gradual de capacitação e evolução para uma ló-
gica de gestão na qual os processos passam a ganhar relevância. Em outras
palavras, a gestão por meio de processos pressupõe nos capacitarmos para
evoluir gradativamente em busca de um sistema de gestão mais colabora-
tivo, com ênfase na responsabilidade transversal, organização do trabalho
para atendimento das necessidades dos clientes e partes interessadas.
Finalmente, é importante afirmar que a gestão de processos, assim
como a gestão de um negócio orientada por processos, são níveis de maturi-
dade de uma mesma disciplina que implanta a orientação por processos em
uma empresa. O que têm em comum? Ambas focam em entender as neces-
sidades de seus clientes e repensar o modo como o trabalho é distribuído ao
longo de suas unidades para gerar melhores produtos e serviços.
Por outro lado, o que possuem de diferente? Enquanto uma foca em
estruturar o gerenciamento do ciclo de vida de um determinado processo,
A orientação por processos e seu impacto para os negócios 59
O que é a tarefa de um gestor? Por definição, o termo gestor pode ser apli-
cado a alguém responsável por todo um negócio ou por alguma parte deste.
Qualquer gestor precisa ajudar a realizar o potencial de outras pessoas para
que elas possam ter maior conhecimento, tomar melhores decisões e agir de
forma a alcançar os resultados pretendidos (Mintzberg, 2010).
Gerir, na prática, envolve bastante habilidade e experiência, mescla-
dos com arte, intuição e um pouco de ciência. A gestão não é, portanto, algo
totalmente sistemático e objetivo. Ela depende de um contexto e de fatores
específicos da natureza de cada negócio.
Já vimos anteriormente que um negócio atende as necessidades de
seus clientes por meio de processos que produzem e entregam produtos
e serviços. Contudo, usualmente as empresas são gerenciadas a partir de
funções de trabalho. Essa gestão baseada em funções isoladamente nem
sempre dá conta de garantir que o melhor produto ou serviço será en-
tregue aos clientes porque negligenciam o que vem sendo chamado de
orientação por processos. Neste contexto, devemos pensar como assegu-
rar o gerenciamento efetivo de como o trabalho é realizado para atender
as necessidades dos clientes, complementando a gestão funcional que já
existe em nossas empresas.
O que seria, portanto, a figura de um gestor responsável por um pro-
cesso? Por definição, alguém, pessoa ou grupo de pessoas, responsável pela
“saúde” de um processo, isto é, por sustentar seu desempenho conforme as
60 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
8
O que vemos hoje no mercado é uma confusão de nomes sem um padrão aparente. Dono, gestor,
patrocinador, guardião, facilitador, líder, coordenador, todos são nomes que procuram representar
essa visão genérica de alguém que gerencia um processo, com algumas variações sutis de significado.
A orientação por processos e seu impacto para os negócios 61
10%
42%
42%
7%
42% Base: 60 arquitetos de TI
Algumas iniciavas de
BPM veram sucesso,
porém algumas falharam
4%
32%
44%
20%
18%
Não vemos sucesso
Base: 25 arquitetos de TI
mensurável até o
momento Um Escritório de Processos
foi criado
3% Não sabe Um Escritório de Processos
está planejado
Uma equipe foi criada para
tratar de questões de BPM
Nenhuma equipe oficial
foi formada
Base: 142 arquiteto de TI
(porcentagens podem não totalizar
100 por questões de arredondamento)
Figura 2.9 – Resultados alcançados com BPM vs. criação de Escritórios de Proces-
sos (Forrester, 2009)
9
BPTrends, 2010, The State of Business Process Management, Celia Wolf, Paul Harmon (eds): www.
bptrends.com
A orientação por processos e seu impacto para os negócios 65
de negócio
Aumento da
maturidade
de BPM
Envolvimento do Escritório
de Processos
10
Não é nossa intenção aqui descrever em detalhes o funcionamento prático de uma solução BPMS.
Caso o leitor tenha interesse, recomendamos que consulte material especializado das próprias fa-
bricantes de tecnologia para se aprofundar no assunto.
A orientação por processos e seu impacto para os negócios 71
CAPÍTULO
Como a gestão
por processos está
sendo aplicada no
Brasil? 3
Ao longo do primeiro capítulo, analisamos o desafio vivenciado por diversos
profissionais de BPM, ao redor do Brasil e do mundo, ao trazerem a discussão
de processos para a alta administração. Neste sentido, reforçamos que dentro
do ambiente de competição, incerteza e dinamismo extremos, característicos
do século XXI, a gestão orientada por processos pode ser um importante ins-
trumento para apoiar gestores a entregar melhores produtos e serviços para
seus clientes. Ainda, e em particular para a realidade brasileira, é possível su-
portar o momento atual de crescimento e distribuição de riqueza.
O segundo capítulo abordou conceitualmente o que é a orientação
por processos e como este tipo de visão ajuda uma empresa a gerir melhor o
valor entregue a seus clientes. Adicionalmente, analisou-se como enxergar,
projetar e gerir um negócio a partir da orientação por processos.
Este terceiro capítulo propõe agora uma migração da teoria para a prá-
tica, analisando objetivamente qual o valor criado ao longo da última déca-
da de aplicação de BPM no Brasil e apresentando desafios e propostas para
a evolução da disciplina. Nesta análise, vamos considerar diversos debates
que devem ser exercitados, como, por exemplo:
73
74 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
des do negócio possuem sobre esse tema? Quais são as reações que as uni-
dades pensam quando lhes é remetida a ideia de trabalhar com processos?
Nos últimos anos, fizemos essas perguntas a diversos profissionais de
BPM, em uma série de eventos e seminários da EloGroup. As respostas obti-
das nos alertam que existe uma distância significativa entre o feedback real
e o desejado que recebemos das áreas do negócio. A Tabela 3.1 ilustra essa
contraposição:
Tabela 3.1 – O que ouvimos e gostaríamos de ouvir com relação ao tema ‘processos’
“Processo é o modo como minha empresa “Ouvi um monte de palavras bonitas, mas
distribui o trabalho ao longo de suas uni- não entendi o que realmente isto impacta
dades para atender as necessidades de no meu dia a dia...”;
nossos clientes”.
“Já estou cheio de coisas para fazer e ainda
“A gestão orientada por processos ajuda tenho que perder tempo mapeando meus
minha empresa a entregar produtos e ser- processos? Isso não serve para nada”.
viços inovadores para nossos clientes”.
“Manter os processos atualizados não é
“A área de processos é um parceiro estra- responsabilidade minha”.
tégico que nos apoia em nossas ações de
gestão. Sempre que precisamos, sabemos “Lá vem a área de processos novamen-
que podemos contar com eles”. te nos entrevistar. Não aguento mais dar
atenção a eles. Para que eles existem?
“Eu sou gestor de processo e gerencio
como minha empresa entende e soluciona “Como se não bastasse executar todas as
as necessidades de nossos clientes”. minhas atividades no negócio, ainda tenho
que assumir o papel de gestor de proces-
“A orientação por processos mudou o sos? O que eu ganho com isso?”
modo como eu vinha tomando decisões
nos últimos anos”. “A empresa dá lucro. Por que melhorar os
processos agora?”
“Nossos clientes estão mais satisfeitos
agora que adotamos a gestão orientada “Agora começou o modismo de gestão por
por processos”. processos... será mais uma dessas iniciati-
vas de gestão que vêm e vão, sem levar a
“A gestão por processos, ao aumentar a nada concreto”...
produtividade e inovação dos nossos pro-
dutos e serviços, trouxe ganhos significati- “Trabalhar com processos definitivamente
vos de crescimento e lucro”. não é uma prioridade para nós agora”.
Tabela 3.2 – O que admitimos vs. o que deveríamos questionar com ‘processos’
“A empresa não percebe os resultados que Será que sabemos que resultados o traba-
o trabalho com processos está gerando!” lho com processos deveria gerar?”
“A empresa não entende o que é orienta- “Será que eu estou comunicando a orien-
ção por processos!” tação por processos de forma correta?”
“A empresa não quer utilizar gestão orien- “Será que eu estou aplicando a gestão
tada por processos!” orientada por processos de forma correta?”
11
O conteúdo integral das edições da Pesquisa de Iniciativas de BPM pode ser encontrado no site
da EloGroup. Em 2013, a pesquisa foi promovida pela ABPMP sob o nome de “Pesquisa Anual de
Gerenciamento de Processos de Negócio”, já com algumas alterações em suas perguntas.
80 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Aqui, podemos notar pelo gráfico a seguir (Figura 3.3) a grande lacuna
existente entre os resultados relevantes obtidos vs. os resultados relevantes
pretendidos. Isso demonstra que há uma quebra de expectativas pelo alcan-
ce de resultados. Possivelmente, os próprios profissionais responsáveis pelas
ações de processos enxergam uma pressão, explícita ou implícita, por tais
resultados, uma necessidade de evidenciar para o negócio que seu trabalho
pode trazer contribuições significativas.
O cruzamento das respostas obtidas nas pesquisas nos permite uma
análise adicional interessante:
Como a gestão por processos está sendo aplicada no Brasil? 81
Figura 3.3 – Cruzamento entre resultados obtidos vs. esperados com iniciativas
de BPM (2009-2011)
Figura 3.4 – Maturidade alcançada com as práticas de BPM (2009 vs. 2013)
Como a gestão por processos está sendo aplicada no Brasil? 83
Por esse gráfico, podemos observar que a maior parte das práticas
questionadas está sendo executada numa baixa maturidade (entre 2 e 3, na
escala apresentada), e que há ainda um longo caminho a evoluir para sua
implantação efetiva.
É importante destacar que as práticas mais amadurecidas nas empre-
sas são as de Construção e Atualização de Manuais, Procedimentos e Mape-
amento, e Atualização de Processos. Isso corrobora nossa afirmação anterior
que os trabalhos de processos muitas vezes têm um foco excessivamente
operacional. De fato, a documentação de fluxogramas e manuais sem uma
preocupação com a análise e a implantação de melhorias não é capaz de
trazer resultados efetivos.
Da mesma forma, procuramos analisar a maturidade com as práticas
de disseminação da cultura e marketing de processos. Conforme já falamos
anteriormente, tão importante quanto gerar resultados é divulgá-los adequa-
damente, legitimando nas áreas do negócio a percepção de que a orientação
por processos pode gerar melhores produtos e serviços para os clientes.
O gráfico a seguir (Figura 3.5) avalia o uso de práticas de comunicação,
tais como, eventos temáticos, criação de portais para a disseminação de in-
formações, elaboração e divulgação de vídeos para comunicar os benefícios,
e resultados alcançados com BPM. Apresentamos a seguir a avaliação da res-
posta a essa questão, aplicada pela última vez em 2011:
84
LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Nos últimos anos, também analisamos qual o sucesso esperado com a apli-
cação de BPM, ou seja, qual a motivação definida para os negócios inicia-
rem seus esforços. Reforçamos, contudo, que o conceito de sucesso obri-
gatoriamente deve ser mensurado e demonstrado em termos práticos, a
partir de métricas.
Neste sentido, nos últimos dois anos, realizamos o seguinte questiona-
mento durante nossos treinamentos, seminários e atividades de consultoria
para os profissionais envolvidos nas iniciativas de processos:
Como sua empresa poderá saber, daqui a 12 meses, que está sen-
do bem-sucedida com BPM? Qual sua forma de mensurar e de-
monstrar sucesso?
uma filosofia a ser integrada ao sistema de gestão do negócio que deve ser
amadurecida com o passar do tempo. Desta forma, BPM não é um fim por
si só! BPM é um meio para alcançarmos outros resultados! Pensar num di-
recionamento estratégico que coloca BPM como finalidade principal é um
equívoco, uma falta de visão estratégica.
Por sinal, o que mais nos preocupa, em casos como o exposto acima, é
o fato de essa visão ser discutida e aprovada no âmbito de um Planejamento
Estratégico. Isso só reforça a visão distorcida que alguns executivos têm so-
bre a disciplina, e por isso, é tão importante trabalharmos na conscientiza-
ção e na divulgação de seus benefícios.
Passemos ao segundo exemplo de resposta:
por processos e do que é gerenciar com foco para entregar melhores pro-
dutos e serviços para os clientes. Posteriormente, podemos avançar para o
conceito de metas compartilhadas entre as áreas do negócio.
Cabe reforçar novamente que a gestão do dia a dia de processos não
elimina, mas sim complementa, o aspecto funcional, permitindo aos gesto-
res tomar melhores decisões no seu dia a dia. Os indicadores e metas de pro-
cessos devem permitir às diversas áreas do negócio uma melhor tomada de
decisão a partir de uma gestão colaborativa.
Da mesma forma, a implementação da gestão do dia a dia de processos
não elimina a necessidade dos projetos de processo. Os projetos continuam
existindo, porém não apenas de maneira ad-hoc, e sim de forma estruturada
em função do desempenho atual dos processos frente às prioridades estra-
tégicas do negócio. No limite, toda a estratégia é desdobrada em função dos
ganhos de desempenho esperados em cada um dos processos da Arquitetu-
ra de Processos. Os grandes ganhos de desempenho devem ser implementa-
dos a partir dos projetos de processos, enquanto que os ganhos incrementais
são tratados a partir de uma lógica consistente de gestão do dia a dia.
Sem dúvida, entre os projetos de processos e a ativação da gestão do
dia a dia de processos há um abismo a ser explorado! Sabemos certamente
que projetos bem-sucedidos podem fazer toda a diferença para chamar a
atenção da alta administração. Contudo, ainda paira uma grande dúvida so-
bre como adicionar a orientação por processos nas práticas de gerir o dia a
dia do negócio.
Um ponto-chave nessa transição é o envolvimento efetivo das áreas
do negócio. Muitos projetos ainda são conduzidos pelo Escritório de Proces-
sos ou por consultoria externa, que promove a interação com as equipes das
áreas do negócio. A gestão do dia a dia, por outro lado, é responsabilidade
de todo gestor (e não de um Escritório ou mesmo da consultoria externa),
pois pressupõe o estabelecimento de responsáveis pelos processos de negó-
cio ponta a ponta. Esse conceito, que denominamos ‘gestor de processo’ no
Capítulo 2, infelizmente também não é implementado de forma adequada
na prática.
Aqui, vemos o cenário típico de empresas que, ao aderir ao modismo
da gestão orientada por processos, criam ‘gestores de processo’ de forma de-
sorganizada, sem definir claramente uma estrutura de governança. As res-
100 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
No que diz respeito à utilização de tecnologias para apoiar a gestão por pro-
cessos, percebemos que estamos engatinhando no Brasil.
Nas mesmas pesquisas sobre iniciativas de BPM comentadas em tó-
picos anteriores deste capítulo, procuramos avaliar quais módulos de fer-
ramentas tecnológicas têm sido utilizados pelas empresas. O resultado
demonstra que a maior parte delas ainda adota apenas ferramentas de mo-
delagem de processos. Os recursos tecnológicos para a automação, moni-
toração de desempenho e simulação são muito pouco utilizados no geral,
conforme mostra o gráfico a seguir (Figura 3.8):
Figura 3.8 – Módulos utilizados nas ferramentas de apoio a BPM (2010 – 2011)
Como a gestão por processos está sendo aplicada no Brasil?
101
102 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Isso reforça a tese de que muitos projetos de processo ainda estão fo-
cados nos tipos 1 e 2 (documentação e diagnóstico), sem conseguirem avan-
çar nas mudanças que envolvem a implementação de soluções tecnológicas
de forma adequada.
Muitas empresas, inclusive, tratam os “projetos de processos” e os
“projetos de TI” como duas instâncias em separado, executadas por equipes
distintas e de forma não integrada. Com isso, os profissionais de BPM dedi-
cam-se ao desenho de um processo futuro, mas não são envolvidos no de-
senvolvimento da solução tecnológica e na implementação efetiva do novo
processo.
Os retrabalhos decorrentes dessa separação de competências são
óbvios e ficam evidentes quando enxergamos os papéis dos profissionais
de BPM e profissionais de TI dentro de uma empresa. As informações são
levantadas com o usuário de forma duplicada e, por vezes, não são repas-
sadas adequadamente. Como consequência, o prazo total para a mudança
(desde a concepção do novo processo até sua entrada em operação) au-
menta significativamente.
Não obstante os retrabalhos e atrasos, há ainda o risco de que o proces-
so implementado não esteja aderente ao que foi concebido originalmente.
Isso coloca em questionamento a própria atuação do profissional de BPM,
que fica limitado ao desenho de um modelo de processo, mas não garante
que aquele desenho foi, de fato, colocado em prática.
As tentativas de buscar esse alinhamento entre os processos e a TI
passam pela introdução dos sistemas BPMS, mas o fato é que, hoje, poucas
empresas no Brasil utilizam, de forma consistente, ferramentas tecnológi-
cas para apoiar todo o ciclo de vida da gestão dos processos críticos. Ob-
servamos diversos exemplos de empresas que, inclusive, já investiram sig-
nificativamente na aquisição de um sistema BPMS e ainda não conseguiram
comprovar o retorno com essa aquisição. Como consequência, temos pouca
gestão do dia a dia suportada por tecnologias de monitoramento, controle e
melhoria contínua.
O que vemos como cenário mais comum é a utilização de ferramen-
tas BPMS para processos de suporte, com baixa criticidade para o negócio.
Exemplos típicos são os de automação dos processos de aquisição de bens
e serviços, processamento de solicitações de viagens, entre outros. Vemos
Como a gestão por processos está sendo aplicada no Brasil? 103
Por outro lado, ao superar esse desafio, um negócio começará a ter su-
cesso em alcançar ganhos com seus projetos. Esse é o início para que a alta
direção perceba que a gestão orientada por processos é uma boa maneira de
melhorar os produtos e serviços, e contribuir para o crescimento e lucro. É o
caminho para demonstrar para os executivos que BPM vale a pena!
CAPÍTULO
113
114 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Tabela 4.1- Boas práticas para executar projetos de transformação que melho-
rem os produtos e serviços entregues aos clientes
12
Enterprise Resources Planning (ERP) ou, simplesmente, Sistemas Integrados de Gestão Empre-
sarial.
13
Customer Relationship Management (CRM) ou, simplesmente, Sistemas de Gestão do Relacio-
namento com Cliente.
116 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
solicitar acesso aos sistemas TI, solicitar espaço de trabalho para o Admi-
nistrativo etc.
Um escopo adequado de processo pressupõe a integração entre essas
rotinas de trabalho. Isso pode ser alcançado, por exemplo, com um ponto
único de contato, facilitando a interação com o cliente (neste caso, o cliente
faz uma única solicitação e as áreas envolvidas no processo interagem para
alcançar um resultado integrado).
Para garantirmos uma visão ponta a ponta, sugerimos a introdução de
uma prática de definição do escopo do(s) processo(s) a ser(em) trabalha-
do(s) como primeira atividade de qualquer projeto de transformação. Isso
nos ajuda a caracterizar um processo ponta a ponta como o ativo a ser trans-
formado pelo projeto.
A definição do escopo do processo inclui o detalhamento da missão
do processo e os resultados esperados, limites de atuação (DE-ATÉ), saídas
e clientes do processo, insumos e fornecedores do processo, leis, normas,
políticas e indicadores, atores envolvidos, sistemas, infraestrutura e instru-
mentos. A Figura 4.3 mostra um exemplo de template para a construção de
um escopo de processo:
120
LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
14
Para maiores detalhes, ver Anexo 1.
122 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Com base nos padrões acima, fica mais fácil entender por que muitos
projetos de processos não agregam valor de fato. Os projetos de documen-
tação, por exemplo, não questionam como aumentar o valor criado por um
processo. Projetos desse tipo acabam restritos a documentar o passo a pas-
so dos processos do negócio, ao invés de debater como reduzir os custos
ou como melhorar a percepção de um cliente em relação a um produto ou
serviço.
Da mesma forma, os projetos de diagnostico e mudança de processos
que não discutem adequadamente como um processo impacta o dia a dia
de seus clientes e não conseguem gerar ideias inovadoras que efetivamente
aumentem o valor percebido por estes. Muitas melhorias de processos res-
tringem-se a ganhos marginais em seu fluxo que pouco impactam o valor
percebido ou o custo de um processo.
Mesmo os projetos de transformação que buscam ganhos, acabam
fortemente orientados pela ótica da redução de custos. Dá-se muita ênfase a
resultados financeiros de curto prazo, olhando excessivamente para “dentro
de casa”, o que, por vezes, gera decisões inconscientes. São, em geral, inicia-
tivas locais, tomadas por gestores que precisam justificar a folha de paga-
mento de sua equipe ou mesmo a liberação de recursos para investimentos.
Acontece que tais decisões têm uma visão míope e podem implicar em uma
redução desproporcional do valor percebido pelo cliente e, portanto, acabar
destruindo o valor criado por um processo. Uma análise inteligente de como
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 123
Investimentos Características
Relacionados à aquisição de máquinas e equipamentos,
Infraestrutura assim como ao desenvolvimento e à aquisição de sof-
tware e hardware de TI.
Relacionados ao treinamento de pessoal no novo pro-
Treinamento
cesso a ser implementado.
Relacionados à comunicação da iniciativa para os cola-
Comunicação boradores. Inclui usualmente eventos de sensibilização e
produção de material gráfico.
Horas de trabalho da Relacionados às horas gastas pela equipe interna em
equipe interna toda a iniciativa.
Onde:
s ganhos envolvem:
O
• Redução dos custos do processo
•
Aumento do valor percebido por clientes
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 127
DE GANHOS PARA
DE INVESTIMENTO PARA
Note que, nesse momento, falamos apenas sobre uma estimativa. En-
quanto não tivermos as ações de melhoria efetivamente implementadas,
os ganhos reais não poderão ser apurados. Da mesma forma, note que
estamos trabalhando nesse exemplo apenas com o valor que pode ser
quantificado em termos financeiros. É perfeitamente possível que outros
ganhos não financeiros possam ser quantificados e utilizados para refor-
çar a demonstração do valor da iniciativa.
Entendemos que a busca por ganhos deva ser o propósito, e não con-
sequência, de um projeto de transformação. Percebemos que essa é uma
mensagem muito forte e facilmente compreendida, mesmo por pessoas não
familiarizadas com a disciplina de BPM.
Ao justificarmos os ganhos na redução de custos e no aumento do va-
lor percebido, conseguimos demonstrar que a atuação em processos contri-
bui para o aumento de crescimento e lucro. Começamos a dialogar em uma
linguagem universal, compreendida pela alta administração e pelos diversos
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 129
Tabela 4.3 – Boas práticas para gerir o dia a dia sustentando o valor criado para
os clientes e o negócio
Os padrões associados
Os padrões associa-
Garantir uma padro- aos processos man-
dos aos processos são
2.1 nização adequada dos têm-se atualizados e
revisados de forma
processos são consultados por
reativa
executores e gestores
Os indicadores moni-
Os indicadores moni-
toram o alcance das
Amadurecer o escopo toram o alcance das
metas compartilhadas
2.2 dos indicadores de metas de uma unidade
e que materializam as
desempenho funcional na realização
necessidades e as ex-
de suas atribuições
pectativas dos clientes
A conformidade e os
A conformidade de riscos são monitorados
Integrar o monitora-
processos é cobrada de forma integrada à
2.4 mento de conformida-
como instrumento de gestão do processo,
de e os riscos à gestão
controle visando aprimorar a
tomada de decisão
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 139
Quantas vezes nos deparamos com situações em que as pessoas não estão
alinhadas com o direcionamento estratégico estabelecido pelo negócio?
Diversos projetos concebidos no nível estratégico não são bem-sucedidos
por conta das resistências das pessoas para a implementação das mudanças
pretendidas. A ideia de que a mudança é, em geral, traumática e que muitos
projetos não entregaram os resultados esperados cria um forte sentimento
de que implementar uma estratégia é algo muito difícil.
Em seu livro Execução (2004), Larry Bossidy e Ram Charan abordam
por que planos estratégicos brilhantemente desenvolvidos não conseguem
ser implementados corretamente e trazer os resultados propostos. A grande
constatação é que as estratégias dão errado porque não são bem executadas.
E para uma boa execução, três elementos-chave devem estar conectados: es-
tratégia, operação (processos) e pessoas.
Nesse contexto, bons processos devem ser capazes de unir as pessoas
à estratégia pretendida, indicando o caminho a ser seguido para que cada
colaborador execute, em seu dia a dia, ações capazes de suportar os resul-
tados esperados pelo negócio. A orientação por processos tem um papel
fundamental nesse sentido, definindo prioridades para que todos trabalhem
alinhados e buscando os mesmos resultados.
Vemos, no entanto, uma grande dificuldade em tornar os processos
parte do cotidiano da liderança de um negócio. Como já falamos no capítulo
anterior, a alta administração está preocupada em gerar crescimento e lucro,
mas não consegue entender que a gestão orientada por processos pode ser
um diferencial competitivo para a obtenção desses resultados.
Consequentemente, esse assunto não é transmitido como prioridade
para o restante da empresa. Os colaboradores, hoje, não são estimulados a
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 153
Tabela 4.4 – Boas práticas para desdobrar a estratégia para a atuação em processos
Desdobramento for-
O desdobramento da malizado a partir das
Vincular a estratégia às estratégia para pro- metas do processo,
3.2
metas do processo cessos é realizado de que influenciam na
forma tácita revisão do plano estra-
tégico
Pessoas estimuladas
As pessoas adotam as
a adotar a gestão por
Estimular as pessoas práticas de gestão por
3.4 processos a partir de
a implantar a estratégia processos por obriga-
mecanismos financei-
ção institucional
ros e não financeiros
mais simples para demonstrar para a liderança que trabalhar com processos
é algo relevante!
Uma vez que Arquitetura de Processos e as técnicas de planejamen-
to estratégico estejam conectadas, a liderança naturalmente passará a dar
prioridade a acompanhar os processos em maiores detalhes, pois eles es-
tarão ligados à estratégia. Alcançar resultados na execução de processos
passará a ser importante para o alcance dos objetivos do cliente e financei-
ros. Esse é o ponto de partida para alinharmos a atuação do dia a dia dos
diversos colaboradores, de todos os níveis do negócio, para o alcance da
estratégia definida.
As equipes de proces-
As equipes de proces-
Integrar as equipes de sos e TI atuam de forma
4.1 sos e TI são um mesmo
processos e TI fragmentada como dois
time.
projetos distintos
Os usuários executam
Disponibilizar sistemas Os usuários acessam os
o processo com a
4.3 orientados por pro- sistemas especialistas
orquestração dos siste-
cessos que suportam o processo
mas legados
15
Pessoalmente, a primeira vez que ouvi falar sobre o termo foi em 2006, num seminário da IBM
em Nova Iorque sobre Ciência de Serviços junto a Universidades de todo o mundo. O argumento
apresentado era de que a economia do século XXI demandaria profissionais com conhecimentos
de negócio, humanos e tecnológicos, e que por isso, cada vez mais as universidades deveriam bus-
car a formação de tais profissionais multidisciplinares.
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 171
16
Event-driven Process Chain (EPC), notação popularizada pela empresa alemã IDS Scheer, fabri-
cante da ferramenta de modelagem de processos ARIS, na década de 1990 e, ainda hoje, utilizada
por muitas empresas no Brasil.
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 173
Logo, para que a notação possa de fato entregar o que propõe, é im-
prescindível que todos os envolvidos tenham um conhecimento mínimo nos
elementos mais usados da notação. Segundo uma pesquisa conduzida em
2008 (ZUR MUEHLEN et alii , 2008), estes não são muitos, conforme mostra
a Figura 4.17:
17
O primeiro elemento representa um evento intermediário de recebimento de mensagem, en-
quanto o segundo representa o envio de uma mensagem. A partir da versão 2.0, foi introduzida a
opção de se utilizar uma atividade para representar tanto o recebimento quanto o envio de mensa-
gem (representado como o último elemento na figura).
174 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Figura 4.17 – Grau de utilização dos principais objetos da notação BPMN (Fonte:
ZUR MUEHLEN et alli, 2008)
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 175
to. É por esse motivo que dizemos que os sistemas BPMS, mais do que facilitar
a execução, suportam diretamente a gestão dos processos.
Muitos BPMS já possuem, inclusive, alguns indicadores-chave disponí-
veis, ou seja, tão logo os processos comecem a ser executados, as ferramentas
já estarão gerando e armazenando informações. Alguns exemplos desses indi-
cadores são: tempo de execução da instância do processo, tempo de execução
de uma atividade, tempo em que o processo ficou parado aguardando inter-
venção humana, número de vezes que o processo foi executado, entre outros.
Não seria correto, contudo, dizer que somente uma aplicação desen-
volvida em BPMS consegue monitorar dados e gerar relatórios sobre o de-
sempenho do processo. As aplicações tradicionais podem também trazer
esse beneficio e apresentar dashboards gerenciais bastante úteis. Não é à toa
que investimentos em ferramentas de monitoramento e tomada de decisão,
tais como, as de BAM (Business Activity Monitoring) e BI (Business Intelligen-
ce), bem como ferramentas de simulação, já existem há alguns anos.
A grande vantagem das aplicações em BPMS, no entanto, está na pos-
sibilidade de ajustar a configuração dos processos frente ao desempenho
observado, intervindo quando necessário para viabilizar sua melhoria con-
tínua, com baixa dependência dos profissionais de TI. É nesse momento em
que completamos o ciclo de vida da gestão de um processo, analisando-o e
reprojetando-o frente à observação do desempenho inadequado.
Vemos, inclusive, como tendência, o surgimento de ‘processos inte-
ligentes’, ou seja, aplicações orientadas por processos que permitam a aná-
lise preditiva e a intervenção automática a partir da observação dos dados
que estão sendo monitorados por fontes distintas. As tecnologias passariam
a atuar de forma cada vez mais proativa, facilitando assim o trabalho dos
gestores.
Acreditamos que a popularização das aplicações orientadas por pro-
cesso permitirá um ganho significativo, em termos de gestão, a partir desse
monitoramento automático e controle do desempenho. É nesse momento
que veremos, de fato, o corpo gerencial do negócio fazendo a gestão de seus
diversos processos de forma estruturada!
Boas práticas para evoluir na gestão por processos 181
Projetos de
cliente
transformação
A gestão da mudança foca em imple-
Garantir a gestão da mudança na A gestão da mudança foca em imple-
1.4 mentar a transformação e capacitar
transformação mentar a transformação
gestores para sustentá-la
Os padrões associados aos processos
Garantir uma padronização adequada Os padrões associados aos processos
2.1 mantêm-se atualizados e são consul-
dos processos são revisados de forma reativa
tados por executores e gestores
Os indicadores monitoram o alcance
Os indicadores monitoram o alcance
Amadurecer o escopo dos indicadores das metas compartilhadas e que ma-
2.2 de metas de uma unidade funcional
de desempenho terializam as necessidades e as expec-
na realização de suas atribuições
LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Dia a Dia
2.3
dia dos processos da execução e na controle de desvios a ponta, visando aprimorar a tomada
no desempenho de decisão
Conformidade e riscos são monitora-
Integrar o monitoramento de confor- A conformidade de processos é cobra- dos de forma integrada à gestão do
2.4
midade e riscos à gestão da como instrumento de controle processo, visando aprimorar a toma-
da de decisão
Cod. Prática DE PARA
Adotar a Arquitetura de Processos A Arquitetura de Processos é difundi-
A Arquitetura de Processos é conheci-
3.1 como instrumento efetivo de execu- da e utilizada no desdobramento da
da apenas pela área de processos
ção da estratégia estratégia
Desdobramento formalizado por meio
Vincular a estratégia às metas de O desdobramento da estratégia para
3.2 de metas de processos, que influen-
processos processos é realizado de forma tácita
ciam na revisão do plano estratégico
Os projetos são desdobrados do pla-
Vincular a estratégia aos projetos de Os projetos de transformação são
3.3 no estratégico e integrados no portfó-
transformação priorizados de forma desestruturada
da estratégia
lio corporativo
Desdobramento
As pessoas adotam práticas de gestão Pessoas estimuladas a adotar a gestão
Estimular as pessoas a implantar a
3.4 por processos por obrigação institu- por processos, a partir de mecanis-
estratégia
cional mos financeiros e não financeiros
As equipes de processos e TI atuam
As equipes de processos e TI são um
4.1 Integrar as equipes de processos e TI de forma fragmentada como dois
mesmo time.
projetos distintos
Utilizar a modelagem de processos Modelagem como descrição do fun- Modelagem como estágio para a
4.2
como base para a automação cionamento de um processo automação do processo
Disponibilizar sistemas orientados por Os usuários acessam os sistemas es- Os usuários executam o processo com
4.3
processos pecialistas que suportam o processo a orquestração dos sistemas legados
Dados monitorados automaticamente
Adotar tecnologias para monitorar os
Suporte tecnológico
4.4 Dados coletados manualmente frente à execução do processo, permi-
processos em ação
tindo análise preditiva e intervenção
Boas práticas para evoluir na gestão por processos
183
184 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Não acreditamos em uma gestão orientada por processos que não tra-
balhe com esse conjunto de práticas. As práticas aqui apresentadas carac-
terizam nosso entendimento sobre o que precisa evoluir para a consolida-
ção da prática da gestão por processos. No próximo capítulo, detalharemos
como, a partir delas, podemos aplicar uma gestão por processos que real-
mente funcione!
Colocandoaspráticasemação:umametodologiaparaagestãoorientadaporprocessos
CAPÍTULO
Colocando as práticas em
ação: uma metodologia
para a gestão orientada
por processos 5
Passados esses capítulos, o leitor atento absorveu um conhecimento sufi-
ciente para entender o que efetivamente é a gestão orientada por proces-
sos, para que serve, por que muitas de suas iniciativas acabam não criando
o valor esperado e quais boas práticas podem guiar sua evolução. A partir
das próximas páginas, vamos aprofundar-nos em uma visão pragmática de
como essas práticas podem ser aplicadas de forma integrada.
Vamos utilizar como base para a condução deste trabalho a metodo-
logia de BPM desenvolvida pela EloGroup ao longo dos últimos anos e que
vem sendo implantada em diversas empresas em todo o Brasil. A palavra
metodologia deriva de ‘método’ (do grego methodos), com o significado de
“via ou caminho” (hodos) “para se ir além” (meta). Utilizar uma metodologia
é, portanto, definir uma trilha, caminho, uma sequência de etapas para que
um determinado resultado possa ser alcançado. É exatamente isso que es-
tamos propondo: um caminho para a aplicação das práticas até então apre-
sentadas e a evolução da gestão por meio da orientação por processos nas
empresas nacionais.
Ao longo das próximas seções, vamos apresentar, portanto, uma visão
geral dessa metodologia e como a mesma introduz um caminho prático para
a adoção das práticas analisadas no capítulo anterior.
185
186 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Neste momento, alguns leitores devem estar perguntando-se: Por que apre-
sentar uma metodologia se já existe um corpo de conhecimento para a dis-
ciplina de BPM? Vamos iniciar o capítulo fazendo essa distinção entre o pro-
pósito de uma metodologia e o de um corpo de conhecimento.
Um corpo de conhecimento se propõe a identificar quais áreas de co-
nhecimento devem ser conhecidas por um profissional que trabalha com
determinada disciplina. Para a disciplina de BPM, temos hoje como referên-
cia principal o BPM CBOK (Business Process Management Common Body of
Knowledge) da ABPMP, que, nos últimos anos, tem sido bastante adotado,
em especial no Brasil.18 Segundo o BPM CBOK, as nove áreas de conheci-
mento que um profissional de BPM deve conhecer são:
Desenho de processo;
Transformação de processos;
18
Existem, no exterior, outros esforços em andamento para a elaboração de corpos de conhecimen-
to para a disciplina de BPM, e não é nossa intenção analisá-los. Manteremos o foco na referência da
ABPMP por ser, sem dúvida alguma, a mais difundida no Brasil e no mundo. Isso não significa que
não enxerguemos limitações no conteúdo de seu corpo de conhecimento; pelo contrário, existem
oportunidades de melhoria, o que é algo reconhecido pela própria ABPMP e natural para quem se
propõe a compilar uma visão geral de conhecimentos de uma disciplina em evolução.
COLOCANDO AS PRÁTICAS EM AÇÃO: UMA METODOLOGIA PARA A GESTÃO... 187
É por isso que uma metodologia não pode ser confundida com um
corpo de conhecimento. Ambos têm claramente objetivos distintos!
188 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
19
Sigla para ‘Define – Measure – Analyze – Improve – Control’
COLOCANDO AS PRÁTICAS EM AÇÃO: UMA METODOLOGIA PARA A GESTÃO... 189
desafios próprios da cultura brasileira. Talvez, o que seja óbvio para eles não
seja tão óbvio assim para nós, e vice-versa. Vivemos um momento extrema-
mente favorável ao desenvolvimento da disciplina de BPM no Brasil e, por
isso, entendemos que é hora de nos desprendermos e formamos nossa pró-
pria maneira de pensar.
Por esses motivos, optamos pelo desenvolvimento de uma metodolo-
gia nacional, que possa conjugar a aplicação das diversas práticas necessá-
rias à evolução da gestão orientada por processos.
Entendemos que a gestão do negócio é uma rotina que deve ser também
pensada e detalhada como um processo, possuindo, assim, missão, entra-
das e saídas claramente definidas:
Figura 5.5 – Execução de projetos de transformação com foco no desenvolvimento de solução tecnológica orientada
por processos
COLOCANDO AS PRÁTICAS EM AÇÃO: UMA METODOLOGIA PARA A GESTÃO... 207
Processos
formação a dia sultados de BPM na orga-
Estratégia para
Validar portfolio de proje- nização, além de capacitar
Desdobramento da
tos de transformação gestores e guardiões
Patrocinar de forma ativa Definir visão de futuro Participar do entendimen- Liderar a execução dos Suportar os guardiões na
os projetos de transfor- para o projeto de trans- to, análise e concepção projetos de transforma- condução e gestão dos
mação, definido diretrizes formação de soluções para os novos ção projetos de transforma-
para sua realização, e Validar análise e soluções processos Analisar, propor soluções ção
priorizando as soluções a de melhoria propostas Realizar ações de imple- e gerir a implementação Manter padrões para
serem implementadas
Projetos
Acompanhar status e mentação de melhorias de melhorias execução de projetos de
Execução de
resultados da implemen- Estimar e apurar ganhos transformação
de Transformação
tação com a transformação
Patrocinar de forma ativa Analisar o desempenho, Propor sugestões para Monitorar desempenho, Suporta os guardiões no
a gestão do dia a dia, riscos e conformidade no a melhoria contínua ou riscos e conformidade no monitoramento,e reporte,
participando das reuni- dia a dia correção de desvios na dia a dia, reportando-se reuniões de análise crítica
ões de análise crítica e Conduzir reuniões para execução dos processos para os gestores e ações de padronização
efetivamente utilizando análise crítica Executar planos de ação Propor sugestões para Manter padrões para
esses fóruns para tomar a melhoria contínua ou gestão do dia a dia
Validar planos de ação e
Gestão
decisões correção de desvios na
alterações na padroni-
do Dia a Dia
zação execução dos processos
Manter a estrutura de
padronização
COLOCANDO AS PRÁTICAS EM AÇÃO: UMA METODOLOGIA PARA A GESTÃO... 213
CAPÍTULO
6
Estratégia de implantação da
metodologia: um
exemplo prático
219
220 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
20
Vale ressaltar que essa abordagem de projeto piloto é semelhante a de outras disciplinas de ges-
tão. As áreas de TI, por exemplo, frequentemente realizam provas de conceito (POCs) antes de im-
plementar grandes sistemas. Tais provas de conceito servem como um piloto para demonstrar que
o sistema funciona e pode trazer ganhos.
222 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Com base nos critérios acima citados, Antônio toma sua decisão e se-
leciona o processo de Compras, ou melhor, o processo “Da Requisição Ao
Pagamento de um Bem ou Serviço”, para ser seu projeto piloto. Após algumas
reuniões com os gestores das unidades de Compras, Jurídico e Contas a Pa-
gar, ele vislumbra que estes seriam seus parceiros ideais para fazer um pro-
jeto fantástico e mostrar ao negócio como o uso da orientação por processos
pode gerar crescimento e lucro!
21
Aqui, encaixam-se as transformações que envolvem disputas de poder, resistências políticas, le-
gislações incertas ou mesmo soluções tecnológicas complexas.
Estratégia de implantação da metodologia: um exemplo prático 223
então, que este é o momento ideal para lançar perguntas e criar novas pers-
pectivas para entender as ideias levantadas na Visão de Futuro e tornar as
soluções propsotas mais robustas.
Da mesma forma, o gerente observa o surgimento de muitas novas
ideias para gerar os ganhos esperados, que não tinham aparecido anterior-
mente na visão de futuro. É como se os profissionais envolvidos estivessem
gradativamente aprimorando sua compreensão sobre o processo de com-
pras e, simultaneamente, desenvolvendo sua criatividade para solucionar os
problemas de compras do negócio.
Adicionalmente, Antônio inicia a mensuração do desempenho atual
do processo de forma alinhada com os ganhos identificados na Visão de
Futuro, construindo, assim, evidências que possam servir para comprovar
o diagnóstico qualitativo realizado e demonstrar os ganhos gerados a pos-
teriori. Contudo, ao longo da coleta de dados sobre as aquisições realizadas
nos últimos meses, ele logo percebe uma grande dificuldade para levantar
registros estruturados que sejam acessíveis e passíveis de ser trabalhados.
Nosso personagem opta, então, pela coleta de dados por amostragem
com os executores do processo e pela elaboração de estimativas simplificada
de tempos médios para cada etapa do processo de compras. Deste modo,
chega aos seguintes números estimados, os quais, certamente serão aprimo-
rados conforme o desenrolar do projeto:
nal de contas, não adianta ser bom apenas em executar projetos, é preciso
aprender a escolher quais projetos devem ser executados. Entende, então,
que é o momento ideal para a construção da Arquitetura de Processos da
BPM Brasil Ltda. para suportar o Escritório de Processos no planejamento,
enquadramento e priorização dos seus projetos.
Como você deve recordar, no momento da criação do Escritório de
Processos na BPM Brasil Ltda., Antônio cogitou elaborar a Arquitetura de
Processos da empresa. Na epóca, isto foi postergado, devido à resistência de
algumas pessoas e, sobretudo, pela falta de maturidade técnica da empresa
em gestão por processos. Porém, o momento agora é outro e essa iniciativa
está bem alinhada com os anseios do negócio.
Na BPM Brasil Ltda., como na maioria das outras empresas, já havia
um desenho prévio de uma Cadeia de Valor. Todavia, de nada servia, pois
esta não era reconhecida pelos colaboradores. Neste contexto, Antônio co-
meça a revisar a Arquitetura existente, convencendo as pessoas de que se
quisessem avançar em uma gestão orientada por processos, precisariam re-
conhecer quais são os principais processos do negócio e começar a tomar
decisões em função deles.
A equipe do Escritório de Processos, coordenada pelo gerente, define,
então, os gestores e os executivos a serem entrevistados, constrói um rotei-
ro de perguntas, cronograma de reuniões e validações etc. O gerente alerta
sua equipe da necessidade de comunicar a empresa inteira sobre a iniciati-
va de construção da Arquitetura de Processos, ressaltando sua importância
enquanto “mapa de batalha” para suportar uma decisão mais consciente de
onde as batalhas de transformação do negócio devem ser travadas!
Uma vez construída e homologada a nova Arquitetura de Processos,
Antônio decide partir para a definição dos critérios de priorização dos proje-
tos a serem conduzidos ao longo do próximo ano. Ele sabe que, na prática, há
diversos critérios sendo adotados no mercado, mas o Escritório de Processos
decide prezar pela simplicidade. Em sua visão, um critério muito simples é
o de classificar, por um lado, os ganhos esperados com a transformação de
cada processo e, por outro, o esforço (ou o investimento) necessário para a
implementação dessas melhorias. A Figura 6.4 ilustra esse conceito numa
simples matriz 2x2:
Estratégia de implantação da metodologia: um exemplo prático 239
vemente, ele entende que será preciso democratizar a execução dos proje-
tos, sem perder o controle sobre eles.
Nesta linha de raciocínio, ele começa a pensar na formalização dos
Guardiões de Processos na empresa. Antônio entende que os Guardiões de-
vem estar presentes para os diversos processos do negócio, sob orientação
do Escritório, atuando em projetos de transformação e na gestão do dia a dia.
Após a leitura de algumas literaturas na área, ele define que não fará
um amplo programa de formação de Guardiões para ser implementado de
imediato; pelo contrário, decide que a melhor estratégia para a introdução
desse papel na BPM Brasil Ltda. seja a de começar de forma cautelosa – ele
já viu casos e experiências de formação simultânea de um grande conjunto
de Guardiões fracassar, pois alguns dos profissionais designados não tinham
perfil adequado e/ou não tiveram coaching suficiente, ficando rapidamente
desmotivados. Sendo assim, o papel definido para o Escritório é identificar
tais problemas e atuar de maneira muito próxima desses profissionais num
primeiro momento, supervisionando-os até que estejam preparados para
caminhar com maior autonomia. Ou seja, para Antônio, é mais prudente
começar designando poucos Guardiões e aumentar esse número gradativa-
mente, conforme a prática se demonstre bem-sucedida.
Com isso, ao longo de seu segundo ano de atuação, o Escritório de
Processos inicia, informalmente, o treinamento de um primeiro Guardião de
Processos. O processo escolhido para tal é o de Compras, no qual as reuniões
de gestão do dia a dia já estão em andamento e surgem outras demandas
de melhoria que não podem, nesse momento, ser absorvidas pelo Escritório
por falta de fôlego. O papel de Guardião ainda não está formalizado na BPM
Brasil Ltda., e o Escritório espera usar a experiência desse “piloto” para, em
breve, estruturar um programa formal de formação de Guardiões.
246 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
CAPÍTULO
Conclusão
7
Nosso objetivo principal ao escrever este livro foi o de questionar as limita-
ções e debater como evoluir a prática da disciplina de BPM nas empresas na-
cionais. Se queremos ver um Brasil mais forte, com produtos e serviços mais
competitivos, sabemos que precisamos investir esforços na melhoria e na
gestão dos processos em nossas empresas. Esse é um desafio real e imediato
que não pode mais ser postergado. A disciplina de BPM pode ter, portanto,
uma contribuição relevante na transformação dos negócios no país.
De fato, procuramos mostrar que a orientação por processos é a base
para a otimização da gestão de qualquer negócio, alinhando esforços e ga-
rantindo a entrega de resultados mais consistentes. Por isso, precisamos mu-
dar o patamar da disciplina de BPM, garantindo que sua aplicação contribua
para que as empresas criem e entreguem melhores produtos e serviços a
seus clientes, gerando crescimento e lucro. Para reforçar esse raciocínio, va-
mos aqui conectar alguns pontos centrais que foram apresentados ao longo
de todo o livro.
Falamos primeiramente que um processo descreve como um negócio
utiliza recursos (humanos, materiais, financeiros e tecnológicos) para a en-
trega de um produto ou serviço aos seus clientes. A orientação por proces-
sos, portanto, é a articulação estruturada desses recursos para a geração de
um determinado produto ou serviço. É fundamental evoluirmos do enten-
dimento comum de que os processos são meros fluxogramas ou manuais
de atribuições. A orientação por processos é simplesmente uma forma mais
lógica e integrada de compreender a operação de qualquer negócio.
257
258 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Falamos também que é a partir dos processos que criamos valor. Pro-
cessos otimizados nos garantem uma maior produtividade e inovação na
operação do negócio, e consequentemente, a entrega de produtos e servi-
ços valorizados pelos clientes. Processos otimizados permitem, dessa forma,
que o próprio negócio alcance seu propósito de crescer e distribuir lucro.
A orientação por processos e a criação de valor são, portanto, concei-
tos intrinsecamente relacionados. Todo negócio existe com a finalidade de
criar valor para seus clientes e partes interessadas (acionistas, Governo, so-
ciedade, entre outros). Essa finalidade, em empresas privadas é, em geral,
expressada na estratégia de busca por crescimento e lucro. Se por meio de
melhores processos distribuímos maior valor, gerando crescimento e lucro,
então, gerir um negócio com base em seus processos é central para uma es-
tratégia de sucesso.
De toda forma, devemos reconhecer que processos são o meio, e não
o fim. Crescimento e lucro são o verdadeiro fim a ser perseguido por todo
negócio. A orientação por processos nada mais é que um meio estruturado
para chegarmos a esse fim.
A Figura 7.1 procura sintetizar esses pontos:
Conclusão
CAPÍTULO
P
A
R
Anexos
T
E
2
Acriaçãodevalornosprocessoseseuimpactoemcrescimentoelucroparaosnegócios
ANEXO
A criação de valor nos
processos e seu impacto em
crescimento e lucro para os
negócios I
A relação entre o mundo operacional dos processos, o mundo financeiro de
crescimento de participação no mercado e o lucro dos negócios é um grande
desafio para os gestores de processos atuantes nos mais diversos tipos de
segmentos e indústrias. Aparentemente, existe um grande abismo entre me-
lhorias e ganhos de produtividade em processos e seu impacto efetivo nos
indicadores financeiros do negócio.
Desta forma, para que a gestão orientada por processos entre efetiva-
mente na agenda da alta administração e institucionalize-se como um ins-
trumento fundamental para a transformação do negócio, será necessário
que profissionais de processos entendam e, principalmente, comuniquem
como os processos impactam a geração de crescimento e lucro.
Neste contexto, sugerimos que a abordagem conceitual de criação de
valor nos processos – a ser apresentada ao longo deste Anexo – seja utiliza-
da enquanto perspectiva central para aproximar o “mundo” das melhorias
e ganhos nos processos do “mundo” da criação de crescimento e lucro, e,
consequentemente, da transformação do negócio.
Os processos criam valor para o negócio ao habilitar a entrega de melho-
res produtos e serviços para seus clientes. Esse valor deve ser quantificado em
função de como os clientes e suas partes interessadas foram impactados com
os novos produtos e serviços recebidos. Sem um foco claro em entender como
os clientes e as partes interessadas são impactados com os novos produtos e
serviços entregues a partir dos processos, não existem meios de diferenciar as
iniciativas que criam ou destroem o crescimento e o lucro.
265
266 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
A visão de valor deve ser percebida como uma filosofia que norteia a
aplicação da gestão orientada por processos, apoiando gestores para discu-
tirem quais processos devem ser melhorados e como esses processos impac-
tam o crescimento e o lucro. A visão de valor orienta como os tomadores de
decisão, gestores e executores devem intervir nos processos de um negócio
de forma análoga ao modo como um analista financeiro avalia o mercado de
ações ou um general interpreta um mapa de batalha para definir seu próxi-
mo ataque.
Este Anexo detalhará o que significa a criação de valor nos processos
e como ela impacta a geração de crescimento e lucro em um negócio. Co-
meçaremos detalhando o valor de um produto/serviço entregue ao cliente e
a partir daí, o valor criado e distribuído por um processo ao gerar esse pro-
duto/serviço. Por fim, falaremos sobre como aumentar o valor criado para
clientes e acionistas, gerando crescimento e lucro.
Não há dúvidas de que o conceito de orientação por processos apre-
sentado ao longo do livro possui um enorme potencial para transformar o
negócio. Contudo, precisamos entender o que efetivamente significa criar
valor e como a criação de valor nos processos impacta o crescimento ou o
lucro para o negócio. Os conceitos de orientação por processos e a criação de
valor complementam-se e devem ser internalizados nos sistemas de gestão
dos negócios para ajudá-los a competir no ambiente do século XXI.
Finalmente, observe que este Anexo de forma alguma objetiva realizar
uma revisão teórica da temática de valor conforme abordado pelas literatu-
ras de economia e finanças. Nosso objetivo é meramente simplificar alguns
conceitos centrais que subsidiem a discussão de como a criação de valor nos
processos impacta o crescimento e a lucratividade para o negócio.
Ponto de O ônibus vale R$ 50.000,00 porque este é o valor pago pelo dono da em-
Vista1 presa, ou seja, seu preço determinado em uma negociação de mercado.
O ônibus vale R$ 85.300,00, pois este seria o valor do fluxo de caixa gerado
Ponto de para o dono da empresa, considerando o aumento esperado de receita
Vista 2 com o aumento da frota. Ou seja, o ônibus vale o quanto ele adiciona ao
resultado financeiro da empresa de ônibus.
22
Novamente, reforça-se que esta categorização de possíveis interpretações para o termo valor é
uma simplificação de estudos que vêm sendo conduzidos, principalmente pelos campos de econo-
mia, finanças e marketing. Temos ciência de que esta análise poderia ser abordada de forma muito
mais densa para outros propósitos, que fogem ao escopo deste livro.
A CRIAÇÃO DE VALOR NOS PROCESSOS E SEU IMPACTO EM CRESCIMENTO... 269
Figura Anexo I.3 – Distribuição do valor criado por um processo entre o negócio
e seus clientes
LUCRO DO NEGÓCIO:
O lucro do negócio é o valor resultante do preço cobrado do cliente menos
os custos incorridos na fabricação do produto/serviço. Segundo Engels et alii
(2009), o objetivo da alta administração deve ser sempre: a) maximizar o va-
lor criado, aumentando o valor percebido pelo cliente ou reduzindo os custos
incorridos para gerar esse valor; b) capturar o maior lucro possível em relação
ao valor criado, assegurando uma posição sustentável frente ao ataque da con-
corrência. Adicionalmente, Besanko et alii (2007) reforçam que o segmento
industrial no qual a empresa está inserida é um forte direcionador da relação
entre o preço cobrado ao cliente e os custos incorridos na geração dos produ-
tos ou serviços. Cabe, portanto, à própria empresa construir melhores proces-
sos que habilitem uma melhor performance dentro da indústria em que atua.
Voltando ao nosso exemplo, a fabricante do ônibus capturou um
total de R$20.000,00 ao vender por R$50.000,00 um ativo que lhe custou
R$30.000,00 para a produção. Este foi o valor capturado pelo negócio.
EXCEDENTE DO CLIENTE:
Segundo Besanko et alii (2007), o excedente do cliente é resultante do valor
percebido pelo cliente menos o preço cobrado. Desta forma, embora a cria-
ção de valor seja baseada na diferença entre o valor percebido pelo cliente
e os custos incorridos, é a definição do preço (o qual raramente é aplicada a
um processo específico) que determinou como o valor criado é distribuído
entre o lucro para o negócio e o excedente para o cliente.
Conceitualmente, o consumidor, ao realizar sua decisão de compra e
ao comparar as diversas ofertas de empresas semelhantes, tende a optar por
aquela que maximiza seu excedente independentemente do lucro gerado
para o negócio. Desta forma, o excedente do cliente é um importante dire-
cionador de crescimento no mercado (marketshare), uma vez que o cliente
é fortemente sensível ao preço e, portanto, sempre consumirá os processos
da empresa que lhe apresentar maior excedente, e não necessariamente o
maior valor percebido (Engels et alii, 2009).
Voltando ao nosso exemplo, pode-se observar que o excedente do
cliente (empresa de transporte) é de R$35.300,00 ao obter um ativo que au-
mentará o seu resultado financeiro em R$85.300,00 pelo custo de R$50.000,00.
Em resumo, o lucro do negócio é de R$20.000,00 e o excedente do cliente é de
A CRIAÇÃO DE VALOR NOS PROCESSOS E SEU IMPACTO EM CRESCIMENTO... 277
Recursos Desperdícios
cada vez mais acirrado, a tendência é que o consumidor migre para a em-
presa que ofereça o maior excedente para o cliente, e não necessariamente a
que oferece o maior valor percebido pelo cliente (relembrando que o exce-
dente do cliente corresponde à diferença entre o valor percebido pelo cliente
e o preço a ser incorrido)!
Ou seja, muito se fala em criação de valor e eficiência de custos, con-
tudo, não podemos ignorar que para ter produtos e serviços excepcionais,
não basta criar valor. Nossos clientes possuem alternativas de consumo e
certamente irão atrás da empresa que lhes permita apropriar o maior valor
possível, ou seja, que lhe possibilite uma maior diferença entre o valor perce-
bido no produto/serviço e o preço que está sendo cobrado. De nada adianta
criar valor e alcançar a excelência em custos se o cliente simplesmente opta
pelos produtos e serviços de seu concorrente, uma vez que este entrega uma
proposta de valor melhor e diferenciada!
Adicionalmente, observa-se que de forma alguma estamos defenden-
do uma redução de preços, o que efetivamente impacta o aumento do exce-
dente para o cliente, mas, por outro lado, pode acabar impactando negativa-
mente o lucro gerado para o negócio. O desafio aqui é efetivamente utilizar a
lógica da orientação por processos, ou seja, o diagnóstico de como o trabalho
deve ser projetado para assegurar maior diferenciação nos produtos e servi-
ços entregues ao cliente!
Primeiramente, devemos antecipar o grande desafio existente ao es-
timar quantitativamente qual o valor total percebido pelo cliente com um
produto/serviço recebido. A quantificação prática do conceito de valor total
percebido pelo cliente passa obrigatoriamente pelos seguintes desafios:
Melhoria na experiência
Novas opções de atendimento
de interação do cliente
Redução de reclamações
Referência ao livro “A Estratégia do Oceano Azul”, escrito por W. Chan Kim e Renée Mauborgne,
23
publicado em 2005, que fala sobre uma estratégia de investir em mercados pouco explorados e,
portanto, inovadores.
286 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
24
Para um maior detalhamento do conceito de ‘inovação diruptiva’, sugerimos a leitura da obra “O
Dilema da Inovação” (2001), de Clayton Christensen.
A CRIAÇÃO DE VALOR NOS PROCESSOS E SEU IMPACTO EM CRESCIMENTO... 287
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANEXO
Modelo de Avaliação de
Maturidade da Gestão por
Processos II
Com base no conteúdo dos Capítulos 4 e 5, que estabelece boas práticas e
uma metodologia para evoluir a prática da gestão orientada por processos,
apresentaremos neste Anexo um modelo para a avaliação da maturidade
da gestão por processos em um negócio, desenvolvido e aplicado pela Elo-
Group em diversas empresas nacionais.
Uma avaliação ou diagnóstico de maturidade da gestão por processos
é de suma importância para as empresas analisarem suas práticas atuais de
BPM e estabelecerem um roadmap de ações, buscando a evolução no tema. É
recomendado como ponto de partida para toda empresa que pretende revisar
sua maneira de aplicar a gestão por processos de forma a agregar maior valor.
Um diagnóstico típico envolve:
289
290 LEANDRO JESUS • ANDRÉ MACIEIRA
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Estimativa e Ganhos não são Ganhos são iden- Ganhos são esti- Ganhos são apura-
apuração de calculados e de- tificados qualita- mados a priori e dos e dissemina-
ganhos monstrados no tivamente como definidos como dos como evidên-
projeto. consequência do o propósito do cia do sucesso do
projeto. projeto. projeto.
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Confor- Não existe sis- A conformidade Os processos de Os processos de
midade e temática para dos processos negócio passam negócio tem seus
auditoria de assegurar a con- com os padrões, por auditorias controles e riscos
processos formidade dos regulamentos internas e/ou ex- analisados de for-
processos execu- e legislação é ternas formais. As ma integrada com
tados em relação verificada e co- não conformida- a abordagem de
aos padrões, brada de forma des identificadas gestão de proces-
regulamentos e sistemática pelos são devidamente sos. As deficiências
legislações. gestores funcio- tratadas ao longo de controles e
nais e guardiões da gestão do dia riscos são moni-
do processo. a dia. toradas e devida-
mente tratadas ao
longo da gestão do
dia a dia.
Uma gestão orientada por processos deve ser capaz de integrar e oti-
mizar os diversos aspectos da gestão de um negócio. Entendemos, portanto,
que a gestão do dia a dia envolve não apenas o monitoramento de desempe-
nho, mas também uma avaliação adequada de não conformidades e riscos
nos processos.
As empresas de Nível 0, com gestão desestruturada, sequer possuem
uma sistemática para avaliar a conformidade dos processos executados com
relação a padrões, regulamentos e legislações vigentes.
Nas empresas de Nível 1, a prática de verificação de conformidade é
estabelecida. Essa verificação de conformidade, no entanto, é utilizada como
instrumento de controle e cobrança por partes dos gestores funcionais.
As empresas de Nível 2 entendem que as não conformidades identi-
ficadas devem ser devidamente tratadas na gestão do dia a dia, visando a
melhoria contínua dos processos. Dão maior valor, portanto, aos resultados
de uma avaliação de conformidade, que passam a ser formalizados em audi-
torias internas e/ou externas.
As empresas de Nível 3 vão além e formalizam, além da avaliação de
conformidade, as práticas para a avaliação de riscos e definição de contro-
les de forma integrada com a gestão do processo. As deficiências observadas
com o controle e o levantamento de riscos são devidamente debatidas e tra-
tadas ao longo da gestão do dia a dia.
Modelo de Avaliação de Maturidade da Gestão por Processos 303
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Utilização Não há uma A cadeia de va- A cadeia de valor A cadeia de valor é
da cadeia de cadeia de valor/ lor/ arquitetura é amplamente utilizada por outras
valor / arquitetura de de processos é difundida na iniciativas de ges-
arquitetura processos na conhecida apenas organização. tão (por exemplo,
de processos oranização. pela unidade de estratégia, audito-
processos. ria, recursos huma-
nos etc.).
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Desdobra- Não há ligação Desdobramento Desdobramento Desempenho dos
mento da entre as diretrizes da estratégia para da estratégia é processos influen-
estratégia estratégicas e a processos é rea- formalizado por ciam a construção
para metas Gestão por Pro- lizado de forma meio de metas de da estratégia,
funcionais e cessos na organi- tácita (a ligação processo. ajudando a definir
de processos zação. A prioriza- entre estratégia e prioridades de
çao da estratégia processos existe atuação a partir do
não considera o na cabeça de entendimento das
impacto em pro- alguns interlocu- necessidades dos
cessos. tores, porém não clientes.
está formalizada).
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Constru- Não existem Projetos de trans- Projetos de Projetos de trans-
ção de um projetos de formação são transformação formação estão
portfólio de transformação solicitados e prio- são solicitados de integrados com o
projetos de na organização rizados de forma forma estrutura- portfólio corporati-
transfor- (ou existem de desestruturada da e priorizadas a vo e a abordagem
mação maneira informal a qualquer mo- partir das metas de gestão de pro-
e pontual). mento, sem que desdobradas do jetos.
haja alinhamento plano estratégico
com o ciclo da e da definição do
estratégia. orçamento.
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
BLOCO 4: GOVERNANÇA
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
‘Envolvi- Não existe a A alta adminis- A alta adminis- A alta adminis-
mento do figura de um tração patrocina tração patrocina tração patrocina
Patroci- patrocinador que de forma tímida a de forma ativa os de forma ativa da
nador da enxerga a impor- adoção da Gestão Projetos de Trans- gestão do dia a dia,
Gestão por tância da Gestão por Processos, formação, dando definido as metas
Processos por Processos aprovando a diretrizes para sua para os processos a
como disciplina realização de realização, priori- partir da estratégia,
de gestão. Projetos de Trans- zando as melho- participando das
formação e esti- rias a serem reali- reuniões de análise
mulando a reali- zadas e cobrando crítica e efetiva-
zação de reuniões efetivamente a mente utilizando
de gestão do dia implantação dos estes fóruns para
a dia. planos de ação. tomar decisões.
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
Prática
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3
Avaliada
RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO
Bibliografia
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