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Globalização e Mundo do Trabalho – Prof.

º Fernando de Gonçalves

Max Weber, racionalização e o espírito do capitalismo

Tal como Marx, Max Weber (1864-1920) não pode ser simplesmente rotulado como sociólogo; os
seus interesses e preocupações abrangem muitas áreas. Nascido na Alemanha, onde passou a maior parte da sua
carreira académica, Weber era um indivíduo de grande erudição. As suas obras cobrem os campos da
Economia, do Direito, da Filosofia e da História Comparada, bem como da Sociologia. Grande parte da sua
obra dava também particular atenção ao desenvolvimento do capitalismo moderno e à forma como a sociedade
moderna era diferente de outros tipos anteriores de organização social. Através de um conjunto de estudos
empíricos, Weber explicitou algumas das características básicas das sociedades industriais modernas e
identificou debates sociológicos fundamentais, que ainda hoje permanecem centrais para os sociólogos.
Tal como outros pensadores do seu tempo, Weber tentou compreender a natureza e as causas da
mudança social. Foi influenciado por Marx, mas mostrou-se também muito crítico em relação a alguns dos
principais pontos de vista de Marx. Weber rejeitou a concepção materialista da história e deu ao conflito de
classes um significado menor do que Marx. Na perspectiva de Weber, os factores económicos eram
importantes, mas as ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social. Ao contrário dos
primeiros pensadores sociológicos, Weber defendeu que a Sociologia devia centrar-se na acção social, e não
nas estruturas. Argumentava que as ideias e as motivações humanas eram as forças que estavam por detrás da
mudança - as ideias, valores e crenças tinham o poder de originar transformações. Segundo o autor, os
indivíduos têm a capacidade de agir livremente e configurar o futuro. Ao contrário de Durkheim ou Marx,
Weber não acreditava que as estruturas existiam externamente aos indivíduos ou que eram independentes
destes. Pelo contrário, as estruturas da sociedade eram formadas por uma co-plexa rede de acções recíprocas. A
tarefa da Sociologia era procurar entender o sentido por detrás destas acções.
Algumas das obras mais importantes de Weber preocuparam-se com a análise das características
próprias da sociedade Ocidental, em comparação com as outras grandes civilizações. Estudou as religiões da
China, índia e Próximo Oriente, e no decorrer dessas pesquisas fez grandes contribuições para a Sociologia da
religião. Comparando os principais sistemas religiosos da China e índia com os do Ocidente, Weber concluiu
que alguns aspectos das crenças cristãs influenciaram grandemente o aparecimento do capitalismo. Este não
emergira, como Marx acreditava, apenas graças às mudanças económicas. Segundo Weber, os valores e as
ideias culturais contribuem para moldar a sociedade e as nossas acções individuais.
Um elemento importante da perspectiva sociológica de Weber era a ideia de tipo ideal - modelos
conceptuais ou analíticos que podem ser usados para compreender o mundo. Na vida real, é raro existirem, se é
que existem, tipos ideais - muitas vezes existem apenas algumas das suas características. Estas construções
hipotéticas podem, no entanto, revelar-se muito úteis, na medida em que se pode compreender qualquer
situação do mundo real através da sua comparação com um tipo ideal. Desta forma, os tipos ideais servem
como pontos de referência fixos. É importante sublinhar que por tipo «ideal» Weber não entendia que essa
concepção fosse algo de perfeito ou desejável, sendo antes uma forma «pura» de determinado fenómeno.
Weber utilizou os tipos ideais nas suas obras sobre a burocracia e o mercado.
Racionalização
Segundo Weber, a emergência da sociedade moderna foi acompanhada por importantes mudanças ao
nível dos padrões de acção social. O autor acreditava que as pessoas estavam a afastar-se das crenças
tradicionais baseadas na superstição, na religião, no costume e em hábitos enraizados. Em vez disso, os
indivíduos envolviam-se cada vez mais em cálculos racionais e instrumentais que tinham em consideração a
eficiência e as consequências futuras. Na sociedade industrial, havia pouco espaço para os sentimentos e para
fazer certas coisas só porque sempre tinham sido feitas assim desde há muitas gerações. O desenvolvimento da
ciência, da tecnologia moderna e da burocracia foi colectivamente descrito por Weber como racionalização - a
organização da vida económica e social segundo princípios de eficiência e tendo por base o conhecimento
técnico. Se nas sociedades tradicionais a religião e os hábitos enraizados definiam os valores e as atitudes das
pessoas, a sociedade moderna caracterizava-se pela racionalização de cada vez mais campos, da política à
religião, passando pela actividade económica.
De acordo com o autor, a Revolução Industrial e a emergência do capitalismo eram provas de uma
tendência maior no sentido da racionalização. O capitalismo não era dominado pelo conflito de classes, como
Marx defendia, mas pelo avanço da ciência e da burocracia - organizações de grande dimensão. Para Weber, o
carácter científico era um dos traços mais característicos do Ocidente. A burocracia, o único modo de organizar
eficientemente um grande número de pessoas, expandiu-se com o crescimento económico e político. O autor
utilizou o termo desencantamento para descrever a forma pela qual o pensamento científico no mundo moderno
fez desaparecer as forças sentimentais do passado.
Weber não era, no entanto, totalmente optimista em relação às consequências da racionalização. Temia
uma sociedade moderna que fosse um sistema que, ao tentar regular todas as esferas da vida social, destruísse o
espírito humano. Receava, em particular, os efeitos potencialmente sufocantes e desumanizantes da burocracia
e as suas implicações no destino da democracia. A agenda do Iluminismo do século XVIII, da promoção do
progresso, da riqueza e da felicidade através da rejeição da tradição e da superstição em favor da ciência e da
tecnologia, produz os seus próprios perigos.
A Ética Protestante
Na sua obra A Ética Protestante, Weber aborda um problema extremamente importante, o das razões
pelas quais o capitalismo se desenvolveu no Ocidente e não noutros lugares. Durante os cerca de treze séculos
que se seguiram à queda da Roma antiga, outras civilizações foram muito mais proeminentes na história do
mundo do que a ocidental. Na realidade, a Europa era uma área bastante insignificante do globo, enquanto a
China, a Índia e o Império Otomano, no Próximo Oriente, eram as maiores potências. Os chineses, em especial,
estavam muito mais avançados do que o Ocidente em termos do seu desenvolvimento tecnológico e
económico. O que aconteceu para provocar o surto de desenvolvimento económico na Europa a partir do século
XVII? Segundo Weber, para responder a esta questão, temos de mostrar o que distingue a indústria moderna
das formas anteriores de actividade económica.
Encontramos o desejo de acumular riqueza em civilizações muito diferentes, o que não é difícil de
explicar. As pessoas passaram a valorizar a riqueza pelo con-orto, segurança, poder e prazer que ela
proporciona. Desejam libertar-se da necessidade e, ao acumular riqueza, usam-na para viver mais
confortavelmente.
Se observarmos o desenvolvimento económico do Ocidente, argumenta Weber, encontramos algo
bastante diferente: uma atitude em relação à acumulação de riqueza única na história. Esta atitude constitui
aquilo a que Weber chama o espírito do capitalismo - um conjunto de crenças e valores defendidos pelos
primeiros capitalistas mercantis e industriais. Essas pessoas tinham uma forte tendência para acumular riqueza
pessoal. Contudo, não usavam essa riqueza para manter um estilo de vida luxuoso, ao contrário das classes
ricas em outras partes do globo. Na realidade, o seu estilo de vida era modesto e frugal. Viviam sóbria e
pacatamente, evitando as manifestações usuais de riqueza. Este conjunto de características pouco habituais,
tenta mostrar Weber, foi vital para o arranque do desenvolvimento económico do Ocidente, pois, ao contrário
dos ricos de eras anteriores e de culturas diferentes, estes grupos não esbanjavam a sua riqueza. Em vez disso,
reinvestiam-na para promover a expansão das empresas que dirigiam.
O ponto fulcral da teoria de Weber reside em defender que as atitudes envolvidas no espírito do
capitalismo decorrem da religião. Em geral, o Cristianismo teve um papel na promoção dessa perspectiva, mas
a força motivadora essencial foi imprimida pelo impacto do Protestantismo - e em especial por uma variedade
de Protestantismo, o Puritanismo. Os primeiros capitalistas eram, na maioria. Puritanos, e muitos seguiam os
preceitos Calvinistas. Weber defende que certas doutrinas Calvinistas foram a fonte directa do espírito do
capitalismo. Uma delas era a ideia de que os seres humanos são instrumentos de Deus na terra e que o Todo
Poderoso deseja que eles sigam uma vocação - uma ocupação - para a maior glória de Deus.
Um segundo aspecto importante do Calvinismo era a noção de predestinação, segundo a qual apenas
certos indivíduos predestinados fazem parte dos «eleitos» - aqueles que irão para o céu após a morte. Na
doutrina original de Calvino, nada do que uma pessoa faça nesta terra pode alterar o facto de ela vir a fazer
parte dos eleitos, pois tal está predeterminado por Deus. Contudo, esta crença causou tal ansiedade entre os
seus seguidores que foi modificada para permitir que os crentes reconhecessem certos sinais de eleição. O
êxito conseguido pela dedicação a uma vocação, indicado pela prosperidade material, tornou-se o sinal
principal de que uma pessoa era realmente um dos eleitos. Entre os grupos influenciados por estas ideias,
criou-se um tremendo impulso para o sucesso económico. Entretanto, esta motivação foi acompanhada pela
necessidade dos crentes viverem uma vida sóbria e frugal. Os Puritanos acreditavam que o luxo era diabólico
e, desta forma, o desejo de acumular riqueza juntou-se a um estilo de vida muito severo e simples.
Impelidos principalmente por motivos religiosos, os primeiros empresários tinham pouca consciência
de que estavam a ajudar a provocar mudanças enormes na sociedade. O estilo de vida ascético - quer dizer,
baseado na renúncia - dos Puritanos tomou-se subsequentemente uma parte intrínseca da civilização moderna.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, 2008.

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