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Capítulo 7

Potência em circuitos de corrente alternada

Neste capítulo são apresentados os conceitos básicos relativos ao fornecimento e


consumo de potência em circuitos de corrente alternada. É introduzido o conceito
de fator de potência, a sua influência em uma instalação elétrica, principalmente
industrial, e são apresentados métodos para a sua correção.

7.1 Conceitos básicos


A Figura 7.1 mostra um circuito constituído por uma fonte de tensão alternada u (t )
que alimenta uma carga, representada por sua impedância Z.

i(t)

~ u(t) Z

Figura 7.1 - Circuito de corrente alternada genérico

Nos terminais da fonte tem-se uma tensão senoidal u (t ) = 2 ⋅ U ef sen( wt ) cujo respectivo

fasor é Û = U ef ∠0
o
V.
Genericamente, a impedância Z pode ser expressa por Z = |Z|∠φ = R + j X.

Nesse caso, a corrente em regime permanente corresponde a:


U ef
i( t ) = 2 ⋅ I ef ⋅ sen( wt − φ ) = 2 ⋅ . sen( wt − φ )
Z
o U
Û U ef ∠0 ef
Î = = = ∠ − φ = I ef ∠ − φ
Z Z ∠φ Z

Obs.: φ (ângulo da impedância) é também o ângulo de defasagem entre a corrente e a


tensão na fonte.

A potência instantânea fornecida pela fonte e entregue à carga é dada pelo produto
da tensão pela corrente:

p(t ) = u (t ) ⋅ i(t ) (7.1)

Substituindo as respectivas expressões de u (t ) e i (t ) nesta expressão, tem-se:


p(t) = 2 ⋅ U ef ⋅I ef ⋅ sen( wt ) ⋅ sen( wt − φ )
Fazendo uso de algumas relações trigonométricas, a equação para a potência
instantânea passa a ser expressa por:

p(t) = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) ⋅ [ 1 − cos( 2 wt )] − U ef ⋅I ef ⋅ sen( φ ) ⋅ sen( 2 wt ) (7.2)


14444442444444 3 1444442444443
{A} {B}
O termo {A} é composto de uma componente constante, U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) , e de uma
componente “senoidal” cuja freqüência é o dobro da freqüência da tensão, e, o
termo {B} também apresenta uma componente “senoidal” com freqüência dupla. Assim,
a potência instantânea p(t) corresponde a uma forma de onda senoidal com
freqüência dupla somada a um termo constante.

58
Exemplo 7.1
Calcular a potência média fornecida à carga e apresentar as formas de onda de
tensão, corrente e potência do circuito da Figura 7.1 para as seguintes condições:

U ef = 100 V I ef = 10 A w = 377 rad/s φ = 30o


Solução:

As expressões para a tensão, corrente e potência são:


u (t ) = U p ⋅ sen (wt) = 100 ⋅ 2 ⋅ sen ( 377.t) i (t ) = I p ⋅ sen( wt − φ ) = 10 ⋅ 2 ⋅ sen( 377.t − 30o )

p(t) = 100 ⋅10 ⋅ cos ( 30 o ) ⋅ [ 1 − cos ( 2 ⋅ 377 ⋅ t)] − 100 ⋅ 10 ⋅ sen ( 30 o ) ⋅ sen ( 2 ⋅ 377 ⋅ t)
1444444424444444 3 144444424444443
{A} {B}
p( t ) = 500 ⋅ 3 ⋅ [ 1 − cos( 754 ⋅ t )] − 500 ⋅ sen( 754 ⋅ t )
14444244443 144 42444 3
{A} {B}
A Figura 7.2 mostra as formas de onda de u(t), i(t) e p(t). Fatores de
multiplicação foram utilizados para tornar adequada a visualização.

Figura 7.2 - Formas de onda para o exemplo 7.1

Dado que a forma de onda da potência instantânea tem freqüência angular igual a
754 rad/s, o período corresponde a:
2π 2π
T= = = 8,33 ms
w 754
Note que este valor corresponde à metade do período das formas de onda da tensão e
da corrente, ou seja, π rad, e portanto, a freqüência de p(t), 120 Hz, corresponde
ao dobro da freqüência das formas de onda da tensão e da corrente.
O valor médio da potência fornecida à carga é calculado através de:
1 T
Pm = ∫ p( t ) ⋅ dt
T o
Pm =
1 T
{
∫ 500 ⋅ 3 ⋅ [ 1 − cos( 754 ⋅ t )] − 500 ⋅ sen( 754 ⋅ t ) dt
T o
}
Pm =
1 T
{(
∫ 500 ⋅
T o
3 )⋅ dt − ∫oT[500 ⋅ ]
3 ⋅ cos( 754 ⋅ t ) ⋅ dt − ∫oT[500 ⋅ sen( 754 ⋅ t )]⋅ dt }
Pm =
1
T
{ }
500 ⋅ 3 ⋅ T − 0 − 0 = 500 ⋅ 3 W
Genericamente:
1 T 1 π
Pm = ∫o p( t ) ⋅ dt = ∫o p( wt ) ⋅ d ( wt ) = U ef ⋅I ef ⋅ cos φ
T π

Unidade de Pm → Watt (W)


59
Portanto, a potência média corresponde à componente constante do termo {A} da
equação (7.2).

A forma de onda da potência instantânea p(t) dada pela equação (7.2) depende dos
valores eficazes da tensão e da corrente, e também dos valores da freqüência e da
impedância da carga. Analisemos a expressão da potência para diferentes tipos da
impedância na Figura 7.1.

Impedância Resistiva

Na Figura 7.1, a impedância Z corresponde a uma carga puramente resistiva:


X =0 Z =R φ = 0o

A expressão da potência dada pela equação (7.2) reduz-se a:

p(t) = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) ⋅ [ 1− cos( 2wt )] (7.3)


14444442444444 3
{A}
Verifica-se que o termo {B} da equação (7.2) é igual a zero.

A Figura 7.3 mostra as formas de onda de tensão, corrente e potência instantânea


para uma impedância resistiva.

Figura 7.3 - Formas de onda para uma impedância resistiva

Pode-se observar que p(t) tem o dobro da freqüência de u(t) e i(t) e é sempre
maior ou igual a zero. Associando-se ao sinal positivo de p(t) o consumo de
potência pela carga, pode-se afirmar que a energia que o resistor recebe da fonte,
é totalmente consumida.

Pode-se obter facilmente o valor médio da potência fornecida pela fonte através da
expressão:
Pm = U ef ⋅I ef ⋅ cos φ [W]

Sendo φ = 00 (impedância resistiva), a potência média corresponde a Pm = U ef ⋅I ef

Impedância Indutiva

Na Figura 7.1, a impedância Z corresponde a uma carga puramente indutiva:


π
R=0 Z = XL = w⋅ L φ = 90 o ou φ= rad
2
A expressão da potência instantânea neste caso é dada por:

p( t ) = − U ef ⋅I ef ⋅ sen( 2 wt ) (7.4)
144424443
{B}

60
Verifica-se que o termo {A} da equação (7.2) é igual a zero e que o valor médio da
potência também é igual a zero.

A Figura 7.4 mostra as formas de onda de tensão, corrente e potência para uma
carga puramente indutiva.

Figura 7.4 - Formas de onda para uma carga puramente indutiva

Note que a corrente está atrasada de 90o em relação à tensão e que a potência
instantânea para o indutor assume valores positivos e negativos ao longo do tempo.
No intervalo de tempo em que a potência assume valores positivos — e que
corresponde a um quarto de ciclo da tensão — o indutor recebe energia da fonte. No
intervalo de tempo seguinte, em que a potência assume valores negativos, o indutor
fornece energia à fonte. Assim, o indutor é considerado um elemento armazenador de
energia, no sentido de que a energia armazenada durante um período de tempo é
totalmente devolvida à fonte no período de tempo seguinte.

Impedância Capacitiva

Na Figura 7.1, a impedância Z corresponde a uma carga puramente capacitiva:


1 π
R=0 Z = XC = φ = −90 o ou φ=− rad
w⋅C 2
A expressão da potência instantânea neste caso é dada por:
p( t ) = U ef ⋅I ef ⋅ sen( 2 wt ) (7.5)
14442444 3
{B}
Da mesma forma que para o puramente indutivo, também são iguais a zero, o termo
{A} da equação (7.2) e o valor médio da potência instantânea.

A Figura 7.5 mostra as formas de onda de tensão, corrente e potência para uma
carga puramente capacitiva.

Figura 7.5 - Formas de onda para uma carga puramente capacitiva

61
Note que nesse caso, a corrente está adiantada de 90o em relação à tensão e que a
potência instantânea para o capacitor também assume valores positivos e negativos
ao longo do tempo. No intervalo de tempo em que a potência assume valores
positivos — e que corresponde a um quarto de ciclo da tensão — o capacitor recebe
energia da fonte. No intervalo de tempo seguinte, em que a potência assume valores
negativos, o capacitor fornece energia à fonte. Assim, o capacitor também é
considerado um elemento armazenador de energia, no sentido de que a energia
armazenada durante um período de tempo é totalmente devolvida à fonte no período
de tempo seguinte.

Analise:
Comparando entre si as equações (7.4) e (7.5) bem como as Figuras 7.4 e 7.5,
comente sobre o comportamento elétrico do capacitor e do indutor sob o ponto de
vista da energia armazenada.

Impedância RLC

Na Figura 7.1, a impedância Z corresponde a uma conexão série de um resistor, um


indutor e um capacitor sendo que as formas de onda da tensão, da corrente e da
potência podem ser, por exemplo, as mostradas na Figura 7.6.

Figura 7.6 - Carga RLC com comportamento predominantemente capacitivo

Neste caso a corrente está adiantada em relação à tensão de um ângulo φ, indicando


que a carga apresenta um comportamento predominantemente capacitivo. No entanto, φ
pode variar de -90o a 90o , dependendo dos valores de R, L e C e da freqüência. A
potência assume valores positivos e negativos ao longo do tempo e o valor médio da
potência fornecida corresponde à componente constante do termo {A} da equação
(7.2):
Pm = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) [W]

Durante o intervalo de tempo em que os valores de potência são positivos, a carga


recebe energia da fonte. Para o intervalo de tempo em que a potência assume
valores negativos, a carga devolve energia à fonte, como resultado da presença de
elementos armazenadores de energia na composição da carga.

Comparando-se a área sob a parte positiva da curva p(t) com a área contida na
parte negativa, conclui-se que a energia fornecida pela fonte é maior do que a
energia que lhe é devolvida, indicando que ao longo do tempo há uma energia
líquida que é consumida pela carga, devido à existência de bipolos resistivos na
composição da carga. Este aspecto é destacado na Figura 7.7 (esta figura é a
própria Figura 7.6 da qual separamos a curva p(t) das curvas de tensão e
corrente).

62
Figura 7.7 - Carga RLC com comportamento predominantemente capacitivo

No entanto, a análise e as definições apresentadas a seguir, são gerais, sendo


válidas para qualquer circuito de corrente alternada.

Retomando a expressão da potência instantânea dada pela equação (7.2):

p(t) = U ef .I ef . cos( φ ) ⋅ [ 1 − cos( 2 wt )] − U ef .I ef ⋅ sen( φ ) ⋅ sen( 2 wt )


144444 42444444 3 1444442444443
{A} ou p A ( t ) {B} ou p R ( t )

O termo {A}, representado por pA(t), passa a ser denominado potência ativa
instantânea, enquanto que o termo {B}, correspondente a pR(t), é denominado
potência reativa instantânea. Os respectivos valores médios de pA(t) e pR(t) são:

PAm = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) = Pm

PRm = 0

Simplificando, define-se:
P = PAm = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) = Pm
como a potência ativa, que corresponde ao valor médio de pA(t) e de p(t).

Define-se também:
Q = U ef ⋅I ef ⋅ sen( φ ) [VA]
como a potência reativa, que corresponde ao valor de pico de pR(t).

Assim, a equação (7.2) pode ser escrita como:

p(t) = P ⋅ [1 − cos(2 wt )]− Q ⋅ sen(2 wt ) (7.6)


1442443 14 4244 3
{A} {B}
Através da utilização de fasores pode-se eliminar o tempo na análise de tensões e
correntes em circuitos c.a., lembrando que na representação fasorial somente são
explicitadas as características particulares das tensões e correntes, ou seja,
seus valores eficazes e seus ângulos de fase, já que as formas de onda e
freqüência de todas elas são as mesmas.

É possível fazer o mesmo na análise da potência, utilizando-se para isso os


fasores da tensão e da corrente.

A equação (7.6) corresponde à forma geral da potência instantânea para um circuito


de corrente alternada. Somente os valores de P e Q mudam de acordo com as
características de cada circuito, já que dependem dos valores eficazes da tensão e
da corrente e também da defasagem entre elas. Assim, se P e Q forem conhecidos, a
potência instantânea também será conhecida, bastando substituir seus respectivos
valores na equação (7.6).

63
Retomando os fasores associados à tensão e à corrente do circuito da Figura 7.1
tem-se:
Û = U ef ∠0 o Î = I ef ∠ − φ
em que a tensão é tomada como referência angular.

A equação (7.1) corresponde a uma expressão para a potência, resultante do produto


da tensão pela corrente. Analogamente, define-se o número complexo S, chamado
potência complexa como:
S = Û ⋅ Iˆ ∗ (7.7)

Lembrete: o ∗ indica o conjugado de um número complexo.


Substituindo as expressões dos fasores da tensão e da corrente em (7.7) tem-se:

(
S = U ef ∠0 o ⋅ I ef ∠ − φ ∗ )
S = U ef ∠0 o ⋅ I ef ∠φ = U ef ⋅ I ef ∠φ

S = U ef ⋅ I ef ⋅ cos φ + jU ef ⋅ I ef ⋅ sen φ

Retomando as expressões definidas para a potência ativa e para a potência reativa:

P = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) Q = U ef ⋅I ef ⋅ sen( φ )

a expressão para a potência complexa resulta:


S = P + jQ [VA]
ou ainda:
Q
S = S ∠φ S = U ef ⋅ I ef = P 2 + Q 2 tgφ =
P
S é denominado potência aparente.

A potência aparente é a grandeza utilizada no dimensionamento de instalações


elétricas industriais e de equipamentos em geral (transformadores, motores, etc.).

A potência ativa é associada à energia que, ou nos circuitos ou nos equipamentos,


é convertida em outras formas: mecânica, térmica, acústica, etc.

A potência reativa é associada à energia necessária para formar os campos


elétricos e/ou magnéticos necessários em determinados equipamentos, como por
exemplo, nos motores.

A unidade utilizada tanto para a potência complexa como para a potência aparente é
o Volt-Ampère (VA). Em circuitos para os quais as potências atingem valores altos,
3
utiliza-se o kilo-volt-ampère (kVA) que é igual a 10 VA, e o mega-volt-ampère
6
(MVA), que corresponde a 10 VA.

A unidade para potência ativa é o Watt (W) e de acordo com a NBR12552/1992, a


unidade legal para a potência reativa é o Volt-Ampère (VA), ou seja, a mesma
unidade da potência aparente (S). Da mesma forma, são utilizados: kW, MW, kVA e
MVA.
Obs.: Na literatura pode ser encontrado o Volt-Ampère reativo (VAr) como unidade
para a potência reativa (segundo norma técnica IEC-International
Electrotechnical Comission).

64
Analise:
A partir das expressões P = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) e Q = U ef ⋅I ef ⋅ sen( φ ) deduza as relações:

P = R ⋅ I ef2 Q = X ⋅ I ef2

Estas expressões tornam claras as relações existentes entre as potências ativa e


reativa e os elementos do circuito. A potência ativa é relacionada com a presença
de elementos resistivos, enquanto que a potência reativa é relacionada com a
presença de elementos reativos (indutores e capacitores).

Exemplo 7.2
1
Um circuito RL série é composto por um resistor de 10 Ω e um indutor de H e
37,7
está conectado a uma fonte de tensão alternada, 60 Hz: u (t ) = 100 ⋅ 2 sen( wt ) V
Obter:
a) a corrente i(t) fornecida pela fonte;
b) a potência p(t) na carga;
c) as potências complexa, ativa e reativa;
d) o triângulo de potências.

Solução:
a) Considerar a tensão fornecida pela fonte como a referência angular:
Û = 100∠0 o = 100 V
Para a freqüência de 60 Hz a impedância do circuito vale:
1
Z = 10 + j 377 ⋅ = 10 + j10 = 10 2∠45 o Ω
37,7
Û 100∠0 o
A corrente fornecida pela fonte vale: Iˆ = = = 5 2∠ − 45 o A
Z 10 2∠45 o
Portanto,
i(t) = 2 ⋅ 5 ⋅ 2 ⋅ sen( wt − 45o ) = 10 ⋅ sen( wt − 45 o ) A

Note que o ângulo de 45o da impedância total da carga, também é o ângulo da


defasagem entre a corrente e a tensão na fonte.

b) Utilizando as definições das potências ativa e reativa:

P = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) = 100 ⋅ 5 2 ⋅ cos 45o = 500 W

Q = 100 ⋅ 5 2 ⋅ sen 45 o = 500 VA

A partir da expressão (7.6) obtém-se:

p(t) = 500 ⋅ [ 1 − cos( 2 wt )] − 500 ⋅ sen( 2 wt ) W

c) Através da expressão (7.7) obtém-se:


S = Û ⋅ Iˆ ∗ = 500 2∠45 o VA
e
Q
S = U ef ⋅ I ef = P 2 + Q 2 = 500 2 VA tgφ = = 1 → φ = 45 o
P

65
d) O triângulo de potências (Figura 7.8) corresponde à representação das potências
ativa, reativa e complexa no plano complexo.
Im

500

S
Q Q
φ Re
P 500
Figura 7.8 - Triângulo de potências para o exemplo 7.2

Exemplo 7.3
1
Repetir o exemplo 7.2 acrescentando um capacitor de F em série com a carga RL.
7540
Solução:
a) A inserção do capacitor no circuito resulta em uma carga RLC série cuja
impedância total é:
1 7540
Z = 10 + j 377 ⋅ − j = 10 − j10 = 10 2∠ − 45 o Ω
37,7 377
Note que o ângulo da impedância é negativo, indicando que a carga RLC apresenta um
comportamento predominantemente capacitivo.

A corrente fornecida pela fonte vale:

Û 100∠0 o
Iˆ = = = 5 2∠45 o A
Z 10 2∠ − 45 o
Portanto,

i( t ) = 2 ⋅ 5 ⋅ 2 ⋅ sen  wt −( −45o ) = 10 ⋅ sen( wt + 45o ) A
 
A corrente está adiantada de 45o em relação à tensão.

b) Aplicando as definições das potências ativa e reativa:

P = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) = 100 ⋅ 5 2 ⋅ cos( −45 o ) = 500 W

Q = 100 ⋅ 5 2 ⋅ sen( −45o ) = −500 VA


Analise:
Diferentemente do exemplo 7.2, a potência reativa resultou em um valor negativo.
Por quê?

A partir da expressão (7.6) obtém-se:


p( t ) = 500 ⋅ [ 1 − cos( 2 wt )] + 500 ⋅ sen( 2 wt ) W
c) Através da expressão (7.7) obtém-se:

S = Û ⋅ Î ∗ = 500 2∠ − 45 o VA
e
Q
S = U ef ⋅ I ef = P 2 + Q 2 = 500 2 VA tgφ = = −1 → φ = −45 o
P
66
d) O respectivo triângulo de potências é mostrado na Figura 7.9.

Im
P 500 Re

φ
Q Q
S
-500
Figura 7.9 - Triângulo de potências para o exemplo 7.3

Comparando os resultados dos exemplos 7.2 e 7.3, nota-se que a potência ativa é
sempre positiva e que, dependendo da composição da carga em termos de seus
elementos armazenadores de energia, a potência reativa pode assumir valores
positivos ou negativos. Isto é um resultado direto da mudança de sinal do ângulo
da impedância Z.

Para um circuito c.a. genérico como aquele mostrado na Figura 7.1, o ângulo de
defasagem entre a tensão e a corrente está contido no intervalo entre –90o e 90o.
Assim, a potência ativa P em um circuito sempre apresenta valores maiores ou
iguais a zero pois, para este intervalo de ângulos, cos φ ≥ 0. Dado que a potência
ativa está relacionada com a dissipação de potência nos elementos resistivos do
circuito, associa-se um valor positivo de potência ativa ao consumo de potência
pela carga, ou ao fornecimento de potência ativa da fonte para a carga.

A potência reativa Q pode apresentar valores positivos (cargas indutivas) ou


valores negativos (cargas capacitivas).Associa-se um valor positivo de potência
reativa ao consumo de reativos pela carga indutiva, ou ao fluxo de reativos da
fonte para a carga indutiva. Analogamente, associa-se um valor negativo de
potência reativa ao consumo de reativos pela fonte, ou ao fluxo de reativos da
carga capacitiva para a fonte, sendo que este comportamento é o inverso do que
ocorre com a carga indutiva.

A Figura 7.10 ilustra a discussão precedente. Não se deve, no entanto, perder de


vista os fenômenos físicos envolvidos na operação dos elementos armazenadores de
energia apesar da nomenclatura utilizada na prática.

Figura 7.10 – Fluxos das potências ativa e reativa em circuito c.a.

67
ATENÇÃO: Uma característica importante na análise de circuitos c.c. e c.a. é que a
potência fornecida por uma fonte a várias cargas é igual à soma das
potências fornecidas a cada uma delas, independentemente da forma como
elas estão ligadas. Este fato é destacado nos exemplos a seguir.

Exemplo 7.4
Obter expressões para a potência complexa fornecida pela fonte nos dois circuitos
ilustrados na Figura 7.11.

Î Î Î1 Î2
Û1 Z1
~ Û ~ Û Z1 Z2
Û2 Z2

(a) série (b) paralelo


Figura 7.11
Solução:
As potências fornecidas às impedâncias Z1 e Z2 no circuito série valem:
ˆ∗ ( )
S1 = Û 1 ⋅ I = Z 1 Iˆ I = Z 1 I ˆ∗ 2
( )
S 2 = Û 2 ⋅ Iˆ ∗ = Z 2 Iˆ Iˆ ∗ = Z 2 I 2

Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff ao circuito série tem-se: Û = Û1 + Û 2


A potência fornecida pela fonte é igual a:

S = Û ⋅ Iˆ ∗ = (Û1 + Û 2 )Iˆ ∗ = Û1 Iˆ ∗ + Û 2 Iˆ ∗ = S1 + S 2
Portanto, a potência fornecida pela fonte é igual à soma das potências entregues a
cada carga.

As potências fornecidas às impedâncias Z1 e Z2 no circuito paralelo valem:


∗ ∗
Û  U2 Û  U2
S1 = Û ⋅ Iˆ1∗ = Û   = S2 = Û ⋅ Iˆ2∗ = Û   =
 Z1  Z 1∗  Z2  Z 2∗
Aplicando a lei dos nós de Kirchhoff ao circuito paralelo tem-se: Iˆ = Iˆ1 + Iˆ2
A potência fornecida pela fonte é igual a:

(
S = Û ⋅ Iˆ ∗ = Û Iˆ1 + Iˆ2 )∗ = Û ⋅ Iˆ1∗ + Û ⋅ Iˆ2∗ = S1 + S 2
Dos resultados obtidos, conclui-se que a potência fornecida pela fonte é igual à
soma das potências fornecidas a cada elemento do circuito, independentemente do
tipo de ligação desses elementos.

Exemplo 7.5
Considerar o circuito paralelo da Figura 7.11(b), para o qual tem-se:
Û = 100∠0 o = 100 V Z1 = 10∠30 o Ω (carga RL) Z 2 = 5∠ − 30 o Ω (carga RC)
Obter os valores de todas as potências (nas impedâncias e na fonte) e a corrente
na fonte.

Solução:
As potências fornecidas a cada impedância valem:

U2 2
S1 = = 100 = 1000∠30 o = 866 + j 500 VA

Z1 10∠ − 30 o

68
com P1=866 W e Q1=500 VA (indutivo)

U2 2
S2 = = 100 = 2000∠ − 30 o = 1732 − j1000 VA
Z 2∗ 5∠30 o
com P2 =1732 W e Q2 =-1000 VA (capacitivo)

As correntes em cada impedância são iguais a:

Û 100 Û 100
Iˆ1 = = = 10∠ − 30 o A Iˆ2 = = = 20∠30 o A
Z 1 10∠30 o Z 2 5∠ − 30 o

A corrente na fonte corresponde a: Iˆ = Iˆ1 + Iˆ2 = 26,46∠10,89 o A

A potência total fornecida pela fonte vale S = Û ⋅ Iˆ ∗ = 100 ⋅ 26,46∠ − 10,89 o = 2598 − j 500 VA

ou, de outra forma: S = P + jQ = S1 + S 2 = P1 + P2 + j (Q1 + Q2 ) = 2598 − j 500 VA

7.2 Medição das potências ativa e reativa

Potência Ativa
A potência ativa consumida por uma impedância Z pode ser medida através de um
instrumento denominado wattímetro. Particularmente, nesta seção é descrita a
utilização do wattímetro eletrodinâmico (Figura 7.12).

Bornes da
Bornes da Bobina de
Bobina de Potencial
Corrente (BP)
(BC)

Chave seletora do
Fundo de escala

Figura 7.12 – Wattímetro Eletrodinâmico

ATENÇÃO: Na Figura 7.13 tem-se a representação padronizada de um wattímetro em um


diagrama elétrico. Os terminais da BC estão identificados pela letra A e
os da BP pela letra V.

Figura 7.13 – Representação padronizada do wattímetro

69
O wattímetro eletrodinâmico, ou eletromecânico, é composto de:
• uma bobina de corrente (BC) que é conectada em série com o bipolo, sendo
constituída por um número pequeno de espiras de fio de grande diâmetro, de
forma que sua resistência seja desprezível quando comparada com a do bipolo;
• uma bobina de potencial (BP) que é conectada em paralelo com a fonte ou com
o bipolo, sendo constituída por um grande número de espiras de fio de
pequeno diâmetro, de forma que sua resistência seja muito alta quando
comparada com a do bipolo.

As correntes que circulam pela BC e pela BP geram campos magnéticos, os quais


interagem resultando em uma força mecânica que deflete o ponteiro do wattímetro,
cuja escala é ajustada para indicar o valor da potência em Watts (W). Note que na
Figura 7.13 há uma mesma ligação da fonte em dois bornes do wattímetro, sendo um
da BC e o outro da BP. Estes dois bornes têm alguma marca (p.ex., ● ou 0) e esta
conexão com a fonte deve ser realizada para que a deflexão do ponteiro ocorra de
forma correta.

Potência Reativa
A medição da potência reativa pode ser realizada com um equipamento similar ao
wattímetro, denominado varímetro. Entretanto, como na prática é mais comum se ter
voltímetros, amperímetros e wattímetros do que varímetros, freqüentemente opta-se
pelo cálculo da potência reativa a partir dos valores de tensão, corrente e
potência ativa. Assim, para obter a potência reativa fornecida a uma carga, pode-
se medir a tensão, a corrente e a potência ativa através da conexão apropriada dos
equipamentos de medição e realizar o seguinte cálculo:

Q= (U ⋅ I )2 − P 2
Analise
Desenhe um diagrama elétrico padronizado com a instrumentação mínima necessária
para obter os valores de todas as potências em um motor monofásico. Descreva a
obtenção experimental destes valores.

7.3 Fator de potência


Na Figura 7.15 tem-se o diagrama fasorial para o circuito da Figura 7.14, em que
os fasores associados à tensão e à corrente são, respectivamente:

Û = U ef ∠α Î = I ef ∠(α − φ )
Û
i(t)

α 0o
~ α-φ φ
Z
u(t)

Î
Figura 7.14 Figura 7.15 - Diagrama fasorial

A potência complexa fornecida à carga é igual a S = Û ⋅ Î ∗ = U ef ⋅ I ef ∠φ em que o


ângulo da potência φ corresponde à defasagem entre os fasores da tensão e da
corrente. A potência aparente é dada pelo módulo da potência complexa, ou seja,
pelo produto dos valores eficazes da tensão e da corrente. A potência ativa
entregue à carga é dada por:

70
P = S ⋅ cos (φ) = U ef ⋅ I ef ⋅ cos (φ)

Como o ângulo φ está compreendido entre –90o e 90o, o valor de cos(φ) varia entre 0
e 1. Assim, a potência ativa, que corresponde à potência dissipada nos elementos
resistivos do circuito, pode variar entre 0 e 100% da potência aparente |S|.
Portanto, cos(φ) pode ser interpretado como um fator que define a parcela da
potência aparente que é dissipada nos elementos resistivos do circuito. Este fator
é denominado de fator de potência. Da definição de potência ativa, tem-se:

P P
fp = cos( φ ) = =
S U ef ⋅ I ef
O fator de potência é o cosseno do ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente
na fonte. E pode ser explicitado em porcentagem bastando multiplicar por 100.

Exemplo 7.6
Para o circuito da Figura 7.14 tem-se: Û = 100∠0 o = 100 V Î = 2∠ − φ A

Determinar S, S , P, Q e o fator de potência para as seguintes situações:


a) φ=0o (carga resistiva);
b) φ=30o (carga indutiva);
c) φ=-30o (carga capacitiva).

P
Solução: S = U ⋅ I ∗ = P + jQ S = P2 + Q2 cos φ =
S

a) φ=0o (carga resistiva)


 S = 200 VA

 P = 200 W
o 
S = 200 ∠0 VA → Q = 0 VA

 fp = cosφ = 1 ou fp = 100%


b) φ=30o (carga indutiva)


 S = 200 VA

 P = 173,2 W
o 
S = 200∠30 VA → Q = 100 VA

 fp = cos φ = 0 ,866 ou fp = 86 ,6%


c) φ=-30o (carga capacitiva)


 S = 200 VA

 P = 173,2 W
o 
S = 200∠ − 30 VA → Q = −100 VA

 fp = cos φ = 0 ,866 ou fp = 86 ,6%

Conclusões válidas para o exemplo 7.6:
• a potência aparente é a mesma para os três casos;
• nos itens b) e c), somente 86,6% da potência aparente é dissipada no elemento
resistivo do circuito;

71
• é satisfeita a convenção da figura 7.10 - o valor da potência reativa é
positivo para a carga indutiva e negativo para a carga capacitiva;
• numericamente, o fator de potência é o mesmo para a carga indutiva e para a
capacitiva, pois ambas têm, em valor absoluto, o mesmo ângulo de impedância.
Lembrete: cos(30o)=cos(-30o)=0,866

Convenção para fator de potência:

Para tornar explícita a diferença entre as características das cargas, diz-se que,
para uma carga indutiva, o fator de potência é indutivo ou atrasado, indicando que
a corrente está atrasada em relação à tensão. E para a carga capacitiva, o fator
de potência é capacitivo ou adiantado, indicando que a corrente está adiantada em
relação à tensão.

7.4 Correção do fator de potência

Considere o circuito c.a. chave


mostrado na Figura 7.16, no
qual:
Iˆ f Iˆm
Û = 440∠0 o V
Iˆc

Zm = 100∠30o Ω ~ Û Zm Zc
Zc = -j300 Ω

Figura 7.16

Com a chave aberta, a corrente na fonte é a que circula na carga (Zm):

Û 440∠0 o
Iˆ f = Iˆm = = = 4,4∠ − 30 o A
Z m 100∠30 o

Note que a corrente está atrasada em relação à tensão, pois a carga é indutiva e a
potência complexa suprida pela fonte é igual à potência exigida pela carga:

S f = S m = Û ⋅ Iˆ ∗f = 440∠0 o ⋅ 4,4∠30 o = 1936∠30 o = 1676


142 43 + j 968
,6252 12,300 VA
P Q

Como Q>0, conclui-se que a fonte está suprindo uma potência reativa de 968 VA,
necessária para o funcionamento da carga além da potência ativa de aproximadamente
1,7 kW.

Com a chave fechada, a corrente na carga não se altera, pois a tensão aplicada
sobre ela permanece a mesma (circuito paralelo).

A corrente no capacitor vale:


Û 440∠0 o
Iˆc = = = 1,4667∠90 o A
Z c 300∠ − 90 o

E a corrente na fonte pode ser calculada por:

Î f = Î m + Î c = 3,8804∠ − 10,89 o A

Importante:

A conexão do capacitor em paralelo resultou em um valor menor da corrente na fonte


e o ângulo de atraso desta corrente em relação à tensão na fonte também diminuiu.

72
A potência complexa no capacitor vale:

Û  U2 440 2
S c = Û ⋅ Iˆc∗ = Û ⋅   = = = 645,3333∠ − 90 o = − j 645,3333 VA

Z
 c Zc 300∠90 o

Note que no capacitor não há componente relativa à potência ativa e o valor


negativo da potência reativa calculada, indica que o capacitor fornece potência
reativa ao circuito.

Importante:

A potência complexa na carga (Sm) não se altera com o fechamento da chave.

A potência complexa fornecida pela fonte é igual a:

S f = Û ⋅ Iˆ ∗f = 440∠0 o ⋅ 3,8804∠10,89 o = 1707,3760∠10,89 o = 1676,6291 + j 322,5644 VA


Como o capacitor não consome potência ativa, a fonte continua fornecendo os mesmos
1,7 kW que são consumidos pela carga a qual necessita de uma potência reativa de
968 VA, sendo que a fonte fornece aproximadamente 322,6 VA e o capacitor supre
aproximadamente 645,3 VA. Na realidade, ocorre um intercâmbio de energia entre o
indutor que compõe a carga, o capacitor e a fonte. A cada quarto de ciclo de
tensão, as parcelas de energia fornecidas pela fonte e pelo capacitor são
armazenadas no indutor, que as devolve no quarto de ciclo de tensão seguinte.
Deve-se observar que o indutor e o capacitor se complementam no que diz respeito
ao intercâmbio de energia. Este fato pode ser confirmado através da análise das
Figuras 7.4 e 7.5 e explica o fato de que a corrente na fonte diminui com a
inclusão do capacitor, embora a corrente na carga não se altere. A Figura 7.17
mostra os fluxos de potência com a chave aberta e fechada.

Figura 7.17 - Fluxos de potência ativa e reativa

Se o capacitor for trocado por um outro tal que Zc = -j150 Ω, tem-se:


Û 440∠0 o
Iˆc = = = 2,9333∠90 o A
Z c 150∠ − 90 o
E a corrente na fonte pode ser calculada por:

Î f = Î m + Î c = 3,8804∠ + 10,89 o A
Note que com o novo capacitor, a corrente na fonte está adiantada em relação à
tensão.
A potência complexa neste capacitor vale:

Û  U2 440 2
S c = Û ⋅ Iˆc∗ = Û ⋅   = = = 1290,6667∠ − 90 o = − j1290,6667 VA

 Zc  Z c 150∠90 o

E a potência complexa fornecida pela fonte é igual a:



S f = Û ⋅ Iˆ f = 440∠0 o ⋅ 3,8804∠ − 10,89 o = 1707,3760∠ − 10,89 o = 1676,6291 − j 322,5644 VA
73
Importante:

Como o capacitor não consome potência ativa, a fonte continua fornecendo os mesmos
1,7 kW que são consumidos pela carga, a qual também continua demandando 968 VA de
potência reativa.

Porém, com o novo capacitor, a


fonte deve absorver 322,6 VA de
potência reativa enquanto o
capacitor supre 1290,7 VA.
Na Figura 7.18 tem-se a repre-
sentação dos novos fluxos de
potência reativa.

Figura 7.18 - Fluxos de potência ativa e reativa

Na Figura 7.19 tem-se os diagramas fasoriais completos.

Û (a)

Î=Îm
Îc

Î Û (b)
escalas
Îm 10 V/cm
Îc 2 A/cm

Î
Û (c)

Îm
Figura 7.19 - Diagramas fasoriais

Note que quanto menor for a reatância do capacitor, maior será a corrente por ele,
a qual, somada à corrente na carga, resulta em uma corrente total na fonte que
pode refletir um comportamento indutivo, resistivo ou capacitivo da combinação
carga-capacitor.

A partir dos diagramas da Figura 7.19 é possível concluir que, dependendo da


combinação carga-capacitor, a fonte pode suprir ou absorver potência reativa
enquanto a potência ativa fornecida pela fonte é constante, independentemente do
capacitor conectado. A relação Sf = Sm + Sc é sempre válida.

74
No circuito da Figura 7.16, com a chave aberta, sabe-se que a fonte deve suprir
uma potência ativa de 1,7 kW e uma potência reativa de 968 VA. Se assumirmos que o
capacitor a ser conectado em paralelo deve fornecer toda a potência reativa
requerida pela carga, a fonte será responsável somente pelo fornecimento de
potência ativa, e portanto:
S c = − j 968 VA

E assim, pode-se calcular a corrente no capacitor:



S 
Iˆc =  c  = 2,2∠90 o A
Û 
e a sua respectiva impedância:
Û
Zc = = − j 200 Ω

c
ou seja, Xc =200 Ω.

Dessa forma tem-se o valor da reatância do capacitor capaz de suprir toda a


potência reativa que a carga indutiva necessita e sabendo-se o valor da
freqüência, pode-se obter o valor da capacitância pois Qc = U2/Xc = U2.w.C.

Considere que no circuito da Figura 7.16, com a chave aberta, a tensão aplicada
pela fonte tem um valor eficaz de 15 kV e a carga é do tipo indutiva, com P=1 MW e
Q=1 MVA. Esta é a situação normalmente encontrada em instalações industriais, onde
a indústria representa uma carga indutiva para a concessionária de energia
elétrica, devido à instalação de motores, equipamentos de refrigeração, iluminação
fluorescente, transformadores, condicionadores de ar, etc. A potência complexa
proveniente da rede elétrica (Sr) é igual à potência complexa da carga (SZ):

S r = S Z = P + jQ = 1 + j1 = 2∠45o MVA
O fator de potência global é igual ao cosseno do ângulo de defasagem entre a
tensão aplicada e a corrente total, ou ainda igual ao cosseno do ângulo da
potência complexa Sr. Assim:

P
fp = cos( φ ) = = cos 45 o = 0,7071
Sr
O valor eficaz da corrente total é:

P Sr 2 ⋅ 10 6
I ef = = = = 94 ,3 A
U ef ⋅ fp U ef 15 ⋅ 10 3

A Figura 7.20 ilustra a transmissão de potência da rede elétrica (fonte) para a


carga através de um condutor ideal.
condutor
P P P
fonte carga
Q Q Q

Sf=P+jQ Sc=P+jQ
Figura 7.20 - Fluxo das potências ativa e reativa para uma carga

Através dos cálculos realizados, percebe-se que quanto maior for a potência
reativa suprida pela fonte, menor será o valor do fator de potência. Como a fonte
é projetada para atender à potência aparente requerida, um baixo fator de potência
75
significa que uma pequena porcentagem da potência aparente fornecida pela fonte
corresponderá à potência ativa, referente à dissipação de potência nos elementos
resistivos do circuito. Percebe-se também que quanto mais baixo for o fator de
potência maior será a corrente nos condutores, nos quais há perdas do tipo Joule
(R.I2), e portanto, quanto maior for a corrente, maiores serão as perdas na
transmissão da potência da fonte à carga. Finalmente, quanto maior a corrente,
maior será a queda de tensão nos condutores e menor a tensão aplicada sobre a
carga, pois os condutores têm suas próprias impedâncias.

Tendo em vista os fatos apresentados, conclui-se que é vantajosa a elevação do


fator de potência da instalação.

Com o fechamento da chave e portanto, com a conexão de um ou mais capacitores em


paralelo, pode-se conseguir que a fonte forneça somente a potência ativa, enquanto
que a potência reativa necessária ao funcionamento da carga é suprida pelos
capacitores.

A Figura 7.21 ilustra o circuito alterado, no qual é inserida uma fonte de


potência reativa.

capacitor(es)

condutor Q
P P P + P
fonte carga
Q

S'f = P Sc=P+jQ

Figura 7.21 - Fluxo das potências ativa e reativa para a carga


com a conexão de capacitor(es) em paralelo

A nova potência aparente fornecida pela rede elétrica será: Sr' = P = 1 MVA, que é
menor que a potência aparente fornecida anteriormente.
P
O novo fator de potência global será: fp' = = 1,0
S r'
e a corrente total passa a ser:

S 'f 1 ⋅10 6
I ef' = = = 66,7 A
U ef 15 ⋅10 3
que é menor que a corrente fornecida anteriormente. A diminuição da corrente deve-
se à eliminação da componente de potência reativa que era transferida da fonte
para a carga.

O procedimento adotado para a elevação do fator de potência de uma instalação, e


que consiste na inserção de uma fonte de potência reativa (capacitor em paralelo),
é denominado de correção do fator de potência.

Deve-se notar que não há alteração no modo de operação da carga, garantindo-se as


mesmas potências ativa e reativa que ela necessita, sendo que a potência reativa
pode ser fornecida por outra fonte (capacitor em paralelo), cuja instalação
implica em custos adicionais. Há, portanto, um compromisso entre a economia obtida
com a fonte e os condutores e os gastos de instalação de fontes de potência
76
reativa. É fato que fatores de potência altos visam um aumento da eficiência de
utilização dos sistemas de geração e transmissão de energia existentes.

Estudos realizados indicaram a necessidade de as indústrias manterem um fator de


potência mínimo, que atualmente é de 0,92. Instalações em que o fator de potência
atinge valores menores que o valor mínimo estipulado são penalizadas no pagamento
da conta de consumo de energia elétrica, sendo calculada da seguinte forma:
0,92
Valor a pagar = custo da energia consumida •
fpind

Este cálculo pode resultar em um acréscimo considerável no valor a ser pago.

Exemplo 7.7
Considerar o circuito alimentado em 60 Hz mostrado na Figura 7.22, em que um motor
de uma indústria é submetido a testes de desempenho.

Figura 7.22 - Circuito para o exemplo 7.7

ATENÇÃO: Na Figura 7.22 tem-se a representação padronizada de um wattímetro em um


diagrama elétrico.

As medidas obtidas foram as seguintes: 127 V 5 A 500 W


a) Calcular as potências aparente e reativa fornecidas ao motor;
b) Calcular a impedância do motor e apresentar o diagrama fasorial;
c) Obter as leituras nos amperímetros e no wattímetro após o fechamento da chave
que causa a conexão de um capacitor de 33 µF em paralelo com o motor.
Apresentar o diagrama fasorial para a nova situação.

Solução:
a) As potências aparente e reativa fornecidas ao motor são calculadas por:

2
S = U ⋅ I = 127 ⋅ 5 = 635 VA Q= S − P 2 = 391,4 VA

A potência reativa apresenta valor positivo pois o motor é um equipamento de


característica indutiva.

U
b) O módulo da impedância do motor é facilmente calculado por: Z = = 25,4 Ω
I
Q
O ângulo da impedância é dado por: tgφ = → φ = 38,1o
P
ou seja: Z = 25,4∠38,1o Ω

Tomando a tensão de entrada como referência angular, pode-se obter o fasor de


o
corrente: Iˆ = 5∠ − 38,1 A. Portanto, a corrente está atrasada em relação à tensão.

A Figura 7.23 mostra o respectivo diagrama fasorial.

77
φ Û escalas

30 V/cm
Î 2,5 A/cm
Figura 7.23 - Diagrama fasorial para o circuito do exemplo 7.7

c) A impedância do capacitor é igual a:


1 1
Zc = − j =−j = 80,4 Ω
w⋅C 377 ⋅ 33 ⋅ 10 −6
Após o fechamento da chave, circula pelo capacitor uma corrente igual a:
Û 127∠0 o
Iˆc = = = 1,58∠90 o A
Z c 80,4∠ − 90 o

Como a tensão de entrada permanece a mesma, a corrente pelo motor também não se
altera (IM cte.), mas a corrente de entrada (IF), cujo valor eficaz é medido pelo
amperímetro vale:
Î F = 5∠ − 38,1o + 1,58∠90o = 4 ,21∠ − 20,9o A

A potência lida no wattímetro é


P = U ef ⋅I ef ⋅ cos( φ ) = 127 ⋅ 4 ,21 ⋅ cos( 20,9 o ) = 500 W

ou seja, a inserção do capacitor não altera a potência lida no wattímetro. Na


realidade, este resultado já era esperado, pois se sabe que o capacitor não
consome potência ativa. O diagrama fasorial após o fechamento da chave é mostrado
na Figura 7.24.
lugar geométrico

Îc escalas

30 V/cm
Î Û
2,5 A/cm

Figura 7.24 - Diagrama fasorial para o circuito do exemplo 7.7 – chave fechada

O ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente diminuiu após a entrada do


capacitor em operação. A corrente pelo capacitor está sempre 90o adiantada em
relação à tensão sobre ele. Assim, a soma dos fasores das correntes pelo capacitor
e pela carga resulta em um fasor cuja extremidade está sobre a linha pontilhada
mostrada na Figura 7.24. Esta linha define o lugar geométrico da extremidade do
fasor da corrente de entrada.

78
Exemplo 7.8
Uma indústria é alimentada pela empresa distribuidora de energia elétrica conforme
mostra a Figura 7.25.

Î Îc carga
ÎL ÎR
chave
entrada Û
XL R
C

distribuidora indústria
de energia
Figura 7.25 - Circuito para o exemplo 7.8

A indústria é alimentada com uma tensão de 15 kV, 60 Hz, e sua carga total é
representada por um circuito RL paralelo:
R = 100 Ω XL = 150 Ω

A indústria dispõe de um banco de capacitores para a correção do fator de


potência, os quais podem ser postos em operação através do fechamento de uma
chave.

a) Com a chave aberta, determinar as potências ativa, reativa e aparente


fornecidas pela fonte, assim como a corrente Î e o fator de potência na entrada da
indústria;

b) Determinar o valor do capacitor a ser inserido para que o fator de potência na


entrada passe a ser igual a 0,92 indutivo. Determinar também as novas potências e
a corrente Î.

Solução:
a) As correntes pelo circuito são calculadas por:

Û 15 ⋅10 3 ∠0 0
IˆR = = = 150∠0 o A
R 100

Û 15 ⋅10 3 ∠0 0
IˆL = = = 100∠ − 90 o A
X L ∠90 0
150∠90 0

Iˆ = IˆR + IˆL = 150 − j100 = 180,3∠ − 33,7 o A

A potência complexa entregue pela distribuidora é:

S = Û ⋅ Iˆ ∗ = 15 ⋅10 3 ∠0 o ⋅180,3∠33,7 o = 2,70∠33,7 o MVA


Logo:
 S = 2,70 MVA

P = 2,25 MW
S = 2,70∠33,7 o MVA → 
Q = 1,50 MVA
fp = cos 33,7 o = 0,832
 indutivo

79
Na Figura 7.26 tem-se o triângulo de potências para esta situação.

S
Q
φ
P
Figura 7.26 - Triângulo de potências com a chave aberta

b) Com o fechamento da chave, a potência fornecida à carga continua a mesma, pois


a tensão aplicada sobre ela se mantém e o capacitor inserido no circuito não
consome potência ativa:
P = 2,25 MW

Com relação à potência reativa, esta será fornecida em parte pelo capacitor e em
parte pela fonte. O novo ângulo da potência complexa é obtido a partir do fator de
potência desejado:
φ' = cos −1 0,92 = ±23,1o
Como deseja-se um fator de potência indutivo, adota-se φ' = −23,1o .

Conhecidos os valores de P e φ’, pode-se determinar os novos valores das potências


aparente e reativa fornecidas pela fonte:

P 2,25 ⋅ 10 6
S' = = = 2,45 MVA
fp ' 0,92

Q' = S'. sen φ' = 2 ,45 ⋅ 10 6 ⋅ sen 23,1o = 0,96 MVA

A nova potência aparente é menor que a anterior. A potência reativa a ser


fornecida pelo capacitor ∆Q é determinada pela diferença entre as potências
reativas fornecidas pela fonte depois e antes de sua inserção:

∆Q = Q'−Q = 0,96 − 1,50 = −0,54 MVA

A Figura 7.27 mostra o triângulo de potências para o circuito com o capacitor,


incluindo a parcela a ser fornecida por ele.

∆Q
S 
  |S’| Q’
Q

φ φ’

P
Figura 7.27 - Triângulo de potências com a chave fechada

Pode-se obter o valor do capacitor a partir da potência reativa ∆Q que ele deve
fornecer ao circuito.
Para uma tensão Û = U ef ∠α , a corrente no capacitor corresponde a Iˆ = I ef ∠(α + 90 o )

80
A potência complexa fornecida ao capacitor vale:

 Pcap = 0
S cap = U ef ⋅ I ef ∠ − 90 o → 
Qcap = −U ef ⋅ I ef

Definindo Zc como a impedância do capacitor, tem-se:

U ef U ef
I ef = = = w.C.U ef
Zc Xc

A potência reativa no capacitor vale então:


Qcap = − w.C.U ef2

e finalmente o valor do capacitor é:


Qcap
C=−
w.U ef2
Aplicando esta equação ao exemplo 7.8, obtém-se C = 6,4 µF.

E a corrente fornecida pela fonte vale 163,3 ∠-23,1o A, sendo portanto, menor que
a corrente total na carga.

A Figura 7.28 mostra os fasores de tensão e corrente antes e depois da correção do


fator de potência, onde se pode notar o efeito da ligação do capacitor em paralelo
com a carga.
lugar geométrico

Îc

φ’ Û
Î’
φ
Î
Figura 7.28 - Diagrama fasorial para o exemplo 7.8

A corrente Îc no capacitor, adiantada de 90o em relação à tensão, soma-se à


corrente pela carga, resultando uma nova corrente total Î'. Pode-se notar também
que φ'< φ, significando um aumento do fator de potência.

Quanto maior for o valor do capacitor, maior será a corrente Îc fazendo com que a
defasagem entre Û e Î’ diminua ainda mais. A extremidade do fasor da corrente
segue o lugar geométrico representado pela linha pontilhada da Figura 7.26.

O valor mínimo de Î' ocorre para um determinado valor de Îc para o qual a


defasagem entre Û e Î’ é nula, ou seja, o circuito passa a apresentar um
comportamento resistivo.

Aumentando-se ainda mais o valor do capacitor, a corrente Î' passa a crescer


novamente, ficando adiantada em relação a Û. Neste caso, a defasagem entre Û e δ
começa a aumentar, e portanto, o fator de potência diminui. A partir de então, o
circuito passa a apresentar um comportamento capacitivo.
81
O método de obtenção do valor do capacitor através da análise do triângulo de
potências é válido quando a mesma tensão é aplicada ao capacitor e à carga, ou
seja, quando as duas impedâncias estão em paralelo. Esta é a situação usual. É
possível corrigir o fator de potência acrescentando capacitores em série com a
carga, no entanto, isto não é feito na prática. A correção do fator de potência
com a ligação de capacitor em série, resulta em um aumento da corrente fornecida
pela fonte e em um aumento da tensão na carga, podendo, portanto, causar danos aos
equipamentos. No entanto, a instalação de capacitores em série, também chamada de
compensação série, é utilizada em outras situações na operação de sistemas
elétricos de potência.

O procedimento descrito no exemplo 7.8 é freqüentemente realizado em indústrias,


cuja carga é fortemente indutiva. No caso de instalações residenciais, só é medida
e cobrada a potência ativa consumida, pois a potência reativa apresenta valores
desprezíveis do ponto de vista da empresa distribuidora de energia.

A correção do fator de potência implica também na diminuição da queda de tensão e


das perdas de potência ativa em linhas de transmissão. Conforme já demonstrado, a
correção do fator de potência resulta na diminuição da corrente. Assim, a queda de
tensão na linha será menor. As perdas de potência ativa na linha de transmissão,
que representam basicamente o aquecimento do condutor devido à passagem de
corrente por ele, são dadas por:
PT = R ⋅ I ef2
A potência de perdas na linha de transmissão também depende da corrente. Se a
corrente diminui com a correção do fator de potência, as perdas na linha também
diminuem.

Conclui-se pois, que a correção do fator de potência aumenta a eficiência e


qualidade de operação de uma instalação, liberando a capacidade de fornecimento
das fontes, melhorando o perfil de tensões, através da diminuição das quedas de
tensão, reduzindo as perdas e reduzindo os gastos com as contas de consumo de
energia elétrica.

7.5 Leituras adicionais


• Análise de Circuitos Elétricos
W. Bolton, MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., São Paulo, 1994.
• Circuitos de Corrente Alternada - Um Curso Introdutório
Carlos A. Castro Jr e Márcia R. Tanaka, Editora da Unicamp - Campinas - 1995.
• Circuitos Elétricos
Robert A. Bartkowiak, MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., São Paulo, 1994.
• Circuitos Elétricos
Yaro Burian Jr. e Ana Cristina Cavalcanti Lyra
Editora: Pearson Prentice Hall, 2006.
Vídeo:
Correção do Fator de Potência de um Motor de Indução
http://www.youtube.com/watch?v=K1n23Hyl8yw

82

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