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na Antiguidade Tardia.
[Deixar claro que o “cuidado de si” é mais antigo que a prática ascética cristã]
Este capítulo tem por objetivo discutir acerca das práticas ascéticas e os escritos
direcionados a conduta feminina na Antiguidade Tardia no contexto cristão. Para isso, faz-se
necessário uma discussão sobre ascetismo e santidade para entender esses conceitos que se
modificam dentro de contextos específicos, além das práticas que caracterizam os indivíduos
que almejam este estilo de vida. Logo em seguida, trataremos especificamente sobre a prática
da virgindade como uma forma de exercício da alma, percebendo as virtudes esperadas sobre
as praticantes. Sempre se utilizando da fonte para perceber como estas práticas foram
apresentadas
Nietzsche, estabelece no trecho acima sua visão um tanto sarcástica, mas bastante
razoável, sobre os ideais ascéticos. Em sua análise, ele diferencia os usos desses ideais por
determinados grupos de indivíduos: para nós “desgraçados”, seria uma tentativa de elevação
em relação a esse mundo, como uma forma de combate a dor e o tédio; Já os sacerdotes (ou
líderes religiosos) os utilizariam como um instrumento de poder, e que seria para eles uma
característica da fé sacerdotal; Para os santos seria uma forma de hibernação, seu descanso no
“nada”, ou seja no divino. Os usos sociais dos ideais ascéticos em Nietzsche, nós é
relativamente importante, pois nos faz encarar essas práticas com suas funções dentro da
sociedade, e para nós é evidente que a distinção social é um dos seus principais alvos.
Para a análise do texto VSM, assim como muitos textos cristãos, discutirmos sobre o
conceito de ascetismo é primordial, pois ao entendê-lo é possível aperfeiçoar o nosso olhar
sobre o objeto que são as representações do feminino em um contexto onde as noções de
santidade e sagrado estão sofrendo alterações em suas percepções pelos grupos cristãos, que
dessa forma influenciam na produção da representação de mulheres modelos, ditas santas, e
assim podemos entender o uso e necessidade de muitas das representações, femininas e
masculinas, propostas nesta obra dentro de seu contexto e intencionalidades.
O ascetismo nada mais é do que uma forma do cuidado do corpo e da alma,
especificamente “o cuidado de si”, nas palavras de Foucault, ou melhor, a “prática de si”, que
era utilizada como um dos caminhos para alcançar uma elevação espiritual, por cristãos ou
não. Nesse sentido Wanzeler aponta:
A fraqueza do atleta nesse caso foi a natureza, e por natureza, Gregório fala do
comportamento mulherio que logo a frente ele menciona (gritar, rasgar as vestes, queixar-se
das desgraças, gemer, etc.). Mas a intenção do autor é de exaltação das personagens de sua
família, assim como o modelo biográfico filosófico exigia, portanto ele não afirma
diretamente que sua mãe assim se comportou, mas fica perceptível nas entrelinhas, pois é
constante, em sua biografia, a conotação de natureza à condição sexual, ou genérica, das
personagens. Daí está presente o controle de si, ou seja, o controle da natureza feminina. O
autor em um outro momento, ainda sobre sua avó, Macrina, a Velha, compara com a figura do
atleta, reafirmando a conexão desta figura com os ascetas cristãos, principalmente com sua
família:
O nome da virgem era Macrina; ela foi assim chamada por seus pais depois
de uma famosa Macrina algum tempo antes na família do pai da nossa mãe
que tinha confessado a Cristo [962A] como um bom atleta no tempo das
perseguições (Greg., Vit. Macr., 2.1, grifo nosso).
Na versão espanhola, o tradutor prefere traduzir as últimas palavras do trecho com
“lutou bravamente, confessando a Cristo muitas vezes” 3. É perceptível a associação de uma
mártir a imagem de uma guerreira (como alguém que luta por uma causa) ou, no caso citado
acima, em que um atleta é mencionado, lembrando ao uso original do termo ascese. Contudo
é um tanto problemático pensarmos em uma mulher guerreira, atleta no século IV, pois a
principal representação do feminino estava atrelado ao perímetro do lar. Contudo é notório a
intenção dos biógrafos de mulheres ascetas a representação destas como “além de seu sexo”,
como Gregório chegou a expressar sobre Macrina uma vez. Eis manifesto aí a problemática
genérica das representações do feminino nas biografias cristãs: mulheres, menos femininas,
no que se trata às virtudes.
O controle de si, para as mulheres, estava no controle de sua natureza feminina, tida
por escandalosa e inapropriada. Subjetivamente e simultaneamente a isso surgem conexões
nítidas entre essas mulheres e as virtudes masculinas. A confusão é muitas vezes manifesta em
conjugações genéricas4, em comparações com figuras masculinas5, em atribuições de ações e
habilidades tipicamente masculinas, como no caso da figura do atleta e guerreiro.
Contudo, essa virilização do feminino, não é completa, pois muitos dos atributos e
condições do femininos, são mantidos. Isso, acredito eu, numa tentativa de manutenção da
ordem hierárquica dos sexos, ou seja, essas manutenção de atributos e condições femininas
nas representações de mulheres está no intuito de negar poderes masculinos às mulheres.
Mas sobre as intenções do autor na utilização da figura do atleta cristão sobre sua
família, entendemos que Gregório mantém presente a conexão da vida de seus familiares e a
figura do atleta, assim como daqueles que se exercitam em prol de um aperfeiçoamento, para
reforçar a ideia da prática do ascetismo em sua família. Essa associação de seus parentes e os
atletas cristãos, pode ter sido uma das artimanhas do autor de angariar uma legitimidade
dentro do mundo das discussões teológicas, por pertencer a uma família tão ilustre, ele se
legitimaria no meio cristão. Também mas a ênfase está na diatribe da filosofia cínica e
estoica especialmente quando trata da ética que no caso de Gregório ele coloca o
significado religioso.
Por muito tempo nos escritos cristãos está presente a relação entre ascese e renúncia,
tema que foi a principal associação elaborada pelos teólogos e bispos. A imagem do Cristo
seria crucial para o desenvolvimento desse discurso. Pois, ao anunciar que seus seguidores
3 “luchó valerosamente confesando muchas veces a Cristo” (Greg., Vit. Macr., 2.1)
4 Como no caso de alguns adjetivos no masculino que Gregório lança sobre sua irmã, quando descreve suas
qualidades.
5 Quando o autor a compara a Jó, um personagem bíblico.
deveriam “negar-se a si mesmo”6 e em outro momento dizer “sê perfeito” 7, são passagens que
podem significar as bases de inspiração para o movimento ascético e da busca pela renúncia.
Posteriormente, os apóstolos e os padres continuariam a reproduzir essa ideia de “renúncia de
si”, baseados na vida de Cristo, tomando este como o modelo perfeito de conduta a ser
imitada pelos cristãos.
A crítica nietzschiana sobre o ideal ascético abriu a mente de muitos estudiosos para
perceber as relações de poder estabelecidas no meio das práticas ascéticas. Este autor aponta
a figura do Sacerdote Ascético que teria um papel importante no desenvolvimento de uma
mentalidade de submissão nos fiéis, a partir do discurso de que o bem estar social só pode
existir se houver uma dominação de si e de prazeres individuais, afora que eles afirmavam
que a origem dos males e das dores do mundo é o pecado.(na época de Macrina existe a
ideia de bem estar social? Como assim?) Portanto, foram esses sacerdotes, o qual tanto o
Nisseno, como Macrina, em seu contexto específico do mosteiro feminino, se encaixam como
tais, que exerceram o papel de dominadores do rebanho que ansiavam por aproximarem de
Deus, mas que não conseguiam praticar essa negação de si. Isso pelo fato de esses sacerdotes
afirmarem praticar esse ascetismo (não casavam, ajudavam os pobres, negavam os seus
prazeres), assim sendo aqueles que podiam se aproximar de Deus, se estabelecendo como
intermediários entre Deus e os homens. Esta passagem está muito confusa, como era o
contexto específico do mosteiro? Além disso o irmão enaltece a irmã porque ela
renunciou a sua vida então como ela não pratica a negação de si? Existe um si para as
mulheres?
A partir de tudo que foi exposto, pode se entender ascetismo como a prática da
ascese, que por sua vez seria o exercício, o treinamento, da espiritualidade de um indivíduo
que objetiva a aproximação com o divino. Assim como um atleta, o asceta teria que fazer
muitas renúncias, que juntando com a prática de leituras, estudos bíblicos e orações, tinham o
intuito de serem mais “santos” e que na verdade, muitos foram oficializados pelas igrejas
cristãs, de fato, como santos. E a forma mais antiga do culto dos santos é o culto aos mártires,
que foram venerados por sua completa renúncia de si.
Acho que é preciso focar no IV século, entretanto a filosofia de Musonio Rufo e
de Suetônio já debatiam a necessidade da mulher dedicar-se a filosofia para suporar a
fraquela moral típica do seu sexo e a aquisição de um caráter forte. Ao lado do tema
“atleta de Cristo” aparece também a questão da mulier virilis, que é quando a mulher
6 “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.”
(Lucas 9, 23).
7 “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus, 5, 48).
que recusa o comportar-se como as outras mulheres e superar as características típicas
do seu sexo. Sêneca quando descreve as virtudes de sua mãe releva os comportamentos
que fazem dela diferente das outras mulheres. Gregório de Nissa faz isso em sua obra
mistura temática moral, particularmente nos argumentos relativos a filosofia e a medida
da dor. Seja no De virginitate, seja na Vita di Macrina. Assim sendo, este autor usando o
método de Sêneca fraz uma transposição de filosofia para a biografia filosófica
reinterpretando assim a vida cristã que algumas vezes se adapta aquela que é
considerada a realização perfeita do ideal religioso, seja a vida ascética, ou como, a
escolha monástica.
No mundo romano existiu eventuais ataques aos membros da religião cristã, por
vezes até mesmo incentivados pelos imperadores, que ficaram conhecidos na literatura
apologética como perseguições. Até os primeiros anos do século IV, os cristãos não eram bem
aceitos pelo mundo pagão, algumas vezes por conta de suas ideias, discursos e condutas, mas
8 Sobre esse assunto existem tantos outros trabalhos que discutem sobre a figura do Imperador Constantino. Cf.
VEYNE, 2010. Verificar ABNT para indicações dessa natureza
sobretudo pelo modo de funcionamento do ambiente religioso e filosófico. O início do século
foi bastante sangrento para os seguidores da mensagem de Cristo, apenas com Constantino e
Licínio, que assinaram o edito concedendo liberdade de culto para os cristãos, mudando
radicalmente a posição da religião cristã perante o poder imperial daí por diante.
No contexto da intolerância religiosa em finais do segundo e decorrer do terceiro
século surgiu a figura dos mártires, homens e mulheres que foram condenados à morte por
confessarem a sua fé no Cristo. Pelo fato de serem pessoas que admitiram professar uma
crença ilícita no contexto religioso e morreram por isso, criou-se um imaginário de que esses
crentes estavam mais próximos de Deus, e acabaram por se tornarem também modelos de
vida. Esse imaginário foi gestado e difundido por meio de um gênero de composição singular
que ficou conhecido como Atos dos mártires (Acta martyrium). As pessoas condenadas, assim
como autores cristãos diversos, registraram as suas memórias com o objetivo de perpetuar o
heroísmo daqueles que foram condenados ao martírio. Não apenas na morte que era
apresentado o sacrifício desses indivíduos, mas o fato de não negarem a Cristo era primordial,
preferindo sofrer as punições impostas, em tempos de alta perseguição. Os fugitivos, os
presos, os queimados, os crucificados, os apedrejados, os que perderam posses, etc., também
poderiam ser tidos por mártires. Criou-se assim um gênero literário específico com a narração
das últimas horas de vida e a descrição das execuções. São obras curtas que se destacam pela
sua capacidade de atingir e emocionar o leitor, uma das figuras retóricas muito comuns da
época eram os heróis e atletas da literatura clássica que nos Atos dos mártires sofreram uma
pequena alteração para o uso do exemplo de “atleta de Cristo”.
Gregório de Nissa herdou em grande parte o seu estilo de sua época isso é evidente
quando ele demonstra que foi esse o contexto de vida dos avós de Macrina, que haviam
perdido suas propriedades por professarem o Cristianismo no período da perseguição de
Diocleciano (284-305). Os pais dela, Basílio, o Idoso e Emélia, também sofreram
perseguições religiosas, durante o governo do imperador Galério Máximo (ZIERER, 2013). O
entendimento da morte como um processo de passagem, ou mesmo de um prêmio, garantia a
esses homens e mulheres uma posição de admiração, por sua coragem, sendo capazes de
suportar por meio da fé as dores e o sofrimento, até mesmo a morte (SIQUEIRA, 2004).
Acreditava-se então que esses mártires eram capazes de fazer milagres, mesmo depois de suas
mortes.
No movimento cristão, o martírio ganhou relativa valorização, pois alguns desses
indivíduos eram capazes de produzir milagres; serem portadores de visões, às vezes por meio
de sonhos; serem capazes de expulsar demônios de pessoas possessas; e até mesmo foi dado
ao martírio um valor propiciatório, ou seja, o sacrifício deles seria capaz de purificar outros.
Por conta disso, se desenvolve no meio do cristianismo um culto específico que venerava os
mártires9 (SIQUEIRA, 2004).
Já na segunda metade do século III, a veneração pelos santos mártires começava a
ser organizada, mas é apenas no século seguinte, com o fim das perseguições, que o culto dos
mártires passa a fazer parte da fé cristã e até mesmo direcioná-la, levando ao desenvolvimento
de verdadeiras festas nos seus aniversários e à posterior translação de suas relíquias
(MAGALHÃES DE OLIVEIRA, 2010). O martírio, de acordo com Siqueira (2004),
funcionou como um “reforço do referencial simbólico dos cristãos, evidenciado por essa ser
uma forma de “reviver a morte de Cristo”, por isso passariam a ter muitos atributos sagrados
(SIQUEIRA, 2004, p. 127).
Ainda de acordo com Bastos (2013), o fenômeno do culto dos santos, foi marcado
por uma relativa tendência de convergência a essas figuras, seja vivo ou morto. Tendência
essa que foi muito importante para a formação dos mosteiros, onde os indivíduos se reuniam
em torno de pessoas que pudesse ajudar a eles a conseguirem se aperfeiçoar. Essa tendência
de convergência aos santos, mesmo mortos, foi importante para a noção dos loca sacra, a
sepultura ad martyres ou ad sanctus (BASTOS, 2013). É então que a valorização dos túmulos
dos mártires e santos como um local sagrado, levava a muitos a procurarem enterrar seus
mortos próximo dos túmulos deles. É o caso, mencionado por Gregório, do sepultamento de
Macrina e seus pais, onde o bispo afirma ser o local do repouso destes:
9 Este culto aos santos mártires seria então também, de acordo com Bastos (2013), um reflexo das mudanças
ocorridas na sociedade romana. A troca de um modelo de relações sociais horizontais, característico do Alto
Império, refletido nas relações religiosas do paganismo romano, por um modelo vertical, que caracterizaria o
cristianismo. Nesse modelo vertical a relação com o divino seria intercedida por certos indivíduos, que por sua
vida e renúncias, estaria mais próximo de Deus.
Por ser entendida como uma forma de aproximação do homem com Deus,
multiplicaram o surgimento de basílicas e igrejas sobre esses túmulos, daí o fato de muitos
desses santos serem titulares desses templos (BASTOS, 2013).
Mas como dito anteriormente, com o fim das perseguições no mundo romano
surgiram novas formas de aproximação com o divino. O grande acervo de práticas de
purificação e exercício da santidade, produziu aquilo que ficou conhecido por movimento
ascético que é manifesto de várias formas e cheio de variantes, dependendo de cada grupo a
qual pertence, o local em que se originou, os líderes e bispos envolvidos, etc. Compete-nos
falar sobre alguns poucos modelos de ascetismo presente naquele momento.
Fugir para o deserto consistia numa libertação das obrigações civis e sociais, e
permitia aos indivíduos, momentos de contemplação, para que estes pudessem cuidar de si,
voltando a ideia do epimeleia heautou. Apesar de também, bastante ansiada pelos padres do
deserto, a libertação das tentações sexuais, não eram a única privação evocada por eles, o
alimento e a interminável batalha com a dor do jejum tinham muito mais importância para
eles (BROWN, 1990). Existia, na mentalidade cristã daquele período, principalmente no
10 As regiões para onde esses eremitas iam não necessariamente eram apenas desertos de areia, tal como logo
imaginamos, mas qualquer região onde não houvesse populações humanas que interrompessem a contemplação
do divino e da criação deste.
11 Existia a crença de que os desertos eram habitados por demônios, e ao se lançarem nessa “aventura” os
monges estariam exercitando tudo aquilo que aprenderam dos ensinamentos cristãos para “batalhar” contra esses
seres malignos. E era ao testemunhar os sacrifícios que esses monges faziam ao irem ao deserto que parte da
população rural acabava a se converter e até a imitar as práticas desses indivíduos.
Egito, que o primeiro pecado de Adão e Eva fora a gula, por isso, esses desejos alimentares
deveriam ser controlados.
A prática do eremitismo foi bastante comum no período tardo-antigo, porém
continuou a ser praticado durante a Idade Média principalmente pelos monges, e ainda hoje
existem casos parecidos. Gregório, inserido nesse imaginário bastante difundido de
valorização do deserto como local de purificação, nos apresenta um exemplo de homem que
viveu “afastado dos barulhos da cidade e das desordens que cercavam as vidas” (Greg., Vit.
Macr., 8.2), seu próprio irmão, Naucrácio. Na obra VSM dedica um trecho para elogiar a vida
de seu irmão:
Segundo de quatro irmãos, de nome Naucratius, que veio logo depois do
grande Basílio, superava o resto em dons naturais, em beleza física, força,
rapidez e habilidade para aprimorar sua mão para qualquer coisa. Quando
[968A] ele atingiu seu vigésimo primeiro ano e havia dado tal demonstração
de seus estudos ao falar em público que toda a audiência no teatro estava
emocionada, ele foi guiado pela Divina Providência para desprezar tudo que
já estava ao seu alcance e, levado por um irresistível impulso, retirou-se para
uma vida de solidão e pobreza. Ele não levou nada consigo, somente si
mesmo, salvo aquele de seus servos chamado Chrysapius, que o seguiu por
causa da afeição que ele tinha para com o seu patrão e a intenção que havia
formado de levar a mesma vida. (Greg., Vit. Macr., 8.2)
Ao se retirar para o deserto, Naucrácio acabou por dedicar-se aos trabalhos manuais 12
e ajudou a alguns idosos, por meio de seu trabalho e os alimentou por sua habilidade com a
caça e a pesca, sobre isso Gregório aponta:
12 O que parece ser uma constante, nos discursos de Gregório, ligada à vida ascética já que este menciona
constante, sempre ligada à elevação espiritual dos indivíduos, como no caso de Macrina e Pedro. Discutiremos
sobre esse aspecto no próximo capítulo.
13 Tanto nas traduções espanhola, italiana e latina, a expressão utilizada é juventude, respectivamente
“juventud”, “giovanili” e “adolescentiam”. O que pode remeter aos calores da juventude, a sexualidade. Já a
versão inglesa traz a ideia de masculinidade (manhood), o que pode também se associar a sexualidade.
3.4. A castidade, continência e as virtudes ascéticas
15 Em um trecho da obra, durante o ritual fúnebre de Macrina, Gregório apresenta um cântico, prece, clamor
das virgens que viviam com ela no retiro de anesi???, onde fica evidente a atuação de liderança de Macrina.
Sobre esse tema retomaremos adiante.
16 O termo encratita origina da palavra grega enkrateia que significava continência. Os encratitas acreditavam
que na igreja cristã, todos deveriam ser continentes, eles acreditavam na coexistência entre homens e mulheres
que renunciavam a seus anseios sexuais e assim viveriam de forma mais santa (BROWN, 1990). Não apenas os
clérigos, mas toda a comunidade, inclusive aqueles que a igreja mais tarde intitulará de “leigos”.
17 Pode ser influência de alguns autores que tiveram contato direto com os ideais encratitas, seja em
concordância ou não.
participavam (SIQUEIRA, 2004). Elas teriam que desenvolver um deserto em si, para buscar
o seu aperfeiçoamento, mesmo depois do surgimento do agrupamento dessas virgens.
O texto está encaminhado, mas precisa de revisão urgente. Você usa com abundância
pronomes onde não há necessidade, uso não indicado dos verbos no futuro do pretérito.
E na maioria dos casos começa uma discussão, por exemplo ascese e sem terminar passa
para outra questão. É preciso fazer a proposição e não perdê-la de vista.
18 No seu primeiro parto ela se tornou mãe de Macrina. Quando veio a hora devida, as dores agudas do parto
terminaram, ela adormeceu e parecia estar carregando em suas mãos aquilo que ainda estava em seu útero. E
alguém com forma e brilho mais esplêndido que um ser humano apareceu e dirigiu-se à criança que ela estava
carregando pelo nome de Thecla, que Thecla, eu quero dizer, que é tão famosa entre as virgens. Depois de fazer
isto e testemunhar isso três vezes, ele partiu da sua vista e deu a ela um parto fácil, de maneira que, naquele
momento, ela acordou do sono e viu seu sonho realizado. (Greg., Vit. Macr., 2.3)
BIBLIOGRAFIA