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Philippe (20/02/19)

O cerne da função da fala em psicanálise é se deparar com o silêncio. Se o psicanalista


ignorar o que o silêncio opera, ele acabará preenchendo o silêncio com algo para além da
fala. Analisando o comportamento do analisando, por exemplo, ele encontra ali o que ele
não diz, e encontra é o si mesmo do analista. O silêncio deve ser sustentado, pois é ali que
“irá engajar o monumento de seu narcisismo”.

A introspecção é bobagem, o douto sujeito que chega com o discurso pronto trava em
coisas tolas e percebe que o trabalho da associação livre leva a caminhos não explorados
e, por isso, transformadores – por conta disso é trabalho, porque forma e educa (referência
a Hegel). Em que consiste esse trabalho?

A teoria nos lembra a frustração, agressividade e regressão. Em vez de se contentar com


isso, é a esses termos que Lacan se dedicará a esclarecer.

Frustração: A frustação é inerente ao próprio discurso do sujeito, este se empenha, em


seu discurso, numa despossessão cada vez maior de si mesmo (caso contrário não viria
pra análise). Mas, como o discurso não é outra coisa que a afirmação de seu imaginário
(hábitos adquiridos e repetitivos que fogem ao controle) o sujeito acaba se reconhecendo
alienado a esses hábitos. Esse trabalho que faz o sujeito em reconstruir seu imaginário
para um outro (o analista), acaba o fazendo ver os momentos em que essas obturações
imaginárias se formaram como um fruto das circunstâncias (como um outro), e para
satisfazer um Outro – foi no desejo de ser amado/reconhecido nos estágios iniciais
edípicos e pre-edípicos que o sujeito adquiriu esses cacoetes imaginários para satisfazer
o desejo do Outro (inicialmente a mãe [o Outro primordial] e depois o pai).

Desse modo, o ego é frustração em sua essência, pois alienado, alienado a obturações
imaginárias surgidas em períodos remotos. Mesmo que o ego pudesse elaborar um objeto
que se espelhasse ou calhasse bem a ele, ainda seria frustrado, pois é o gozo do Outro que
ele reconheceria ali, é um formação imaginária, condensadora de gozo e imprimida nele
num momento remoto que estaria ali. É por isso que não há reposta adequada para o
discurso do ego, ou objeto do ego.

Túlio (27/02/19)

Agressividade: Lacan retoma Hegel para desenvolver a ideia de que a agressividade


experimentada em análise não se confunde com a “agressividade animal do desejo
frustrado”, esta é apenas a máscara de uma agressividade “menos agradável para todo
mundo: a agressividade do escravo”. A agressividade do escravo é o produto da
interiorização da alienação de seu trabalho, pelo qual o escravo mantém-se em uma
relação dialética com o senhor, o Outro. A agressividade é uma resposta “à frustração”
do trabalho do escravo.

Lacan aponta que uma saída encontrada no meio psicanalítico para lidar com esta
agressividade foi a análise das resistências, cujo objetivo seria o de denunciar “as
intenções imaginárias do discurso” do analisante, almejando desmontar “o objeto que o
sujeito construiu para satisfazê-las”. No entanto, a análise das resistências incorreria no
erro ingênuo de prover “doutas explicações” do passado do sujeito para ele próprio,
desconsiderando o que é próprio da estrutura discursiva, qual seja: que o sujeito está – no
nível do enunciado (consciente) – alienado de sua enunciação (inconsciente). Sendo
assim, explicar ao analisante suas questões é ignorar o que é próprio da experiência
analítica: que o sujeito possa implicar-se com sua enunciação.

Nesse sentido, Lacan propõe que para além das intenções imaginários, o analista deve
estar atento à relação simbólica entre o sujeito e o psicanalista. O analista confronta o
sujeito a partir de sua enunciação para que, consequentemente, este possa deslocar-se
daquilo que concerne ao eu imaginário (moi), seu enunciado, para a assunção de sua
posição na enunciação pela primeira pessoa (je). Philippe nos deu um exemplo que ajuda
a ilustrar esta questão: há dois meninos, o menino A é irmão do menino B, enquanto A
não gosta de doces, B gosta de doces. Supomos uma situação em que A pede algumas
moedas para o pai para comprar doces, o pai estranhando o pedido de A o confronta: “mas
essas moedas são para você mesmo?”. A questão do pai obriga uma resposta de A, em
que ele deverá confrontar-se com a própria posição de enunciação da sua fala e assumir,
em primeira pessoa, esta mesma posição. Ao implicar-se com sua enunciação o sujeito é
capaz de confrontar-se com a posição que ele ocupa diante de si, de B e do pai.

Este movimento impulsionado por uma análise realiza “o despontar permanente da


assunção que o sujeito faz de suas miragens”, dos aspectos imaginários de seu discurso,
a partir do qual ele poderia afirmar: “Só fui assim para me transformar no que posso ser”.

Para a manutenção deste progresso em análise é importante que seja qual for a intervenção
do analista esta seja na direção de compor as “partes mudas” do discurso narcísico do
sujeito, para Lacan “a arte do analista deve consistir em suspender as certezas do sujeito”
de modo a não alimentar novas capturas imaginárias do sujeito em novas objetivações.
Através do discurso, mesmo que seja um discurso vazio, que se consumirá “as últimas
miragens” do sujeito, i.e., suas construções imaginárias, pois o mais simples discurso,
mesmo que não comunique nada, seria capaz de enunciar algo da ordem da verdade do
sujeito, pois denuncia a posição que ele ocupa em seu próprio discurso.

Jenifer

Lacan enfatiza a importância da função da fala como o único meio disponível ao


psicanalista para efetivamente operar clinicamente. Qualquer recurso para além da fala
acaba reforçando a alienação do sujeito no seu narcisismo. A maneira como Lacan
esclarece isso é a seguinte: 1) a associação-livre é o dispositivo através do qual se
estabelece a assunção da fala do paciente. 2) Trata-se da assunção da fala como um
trabalho do discurso sem escapatória: vale o que é dito, sem importar a intenção,
circunstância ou motivação. 3) Com base nessa regra fundamental a tríade frustração,
agressividade e regressão ganham o seu sentido adequado:

3.1) Frustração

Se o analista cai na tentação de ceder quanto ao seu silêncio, e responde à fala do paciente,
para começar ele abandona a única regra fundamental da análise. Dessa forma, o discurso
para o qual o que vale está no ato de dizer passa a ser um discurso impregnado de
intenções, motivações e apelos às circunstâncias. Neste caso, conforme os termos
psicanalíticos, o registro da fala deixa de funcionar simbolicamente e passa para o registro
do imaginário. Este registro, cuja instância mor é o Ego, consiste no conjunto de imagens
construídas e erigidas para e em função do outro: como gostaria de ser, o que não queria
ser, o que eu fui e não sou mais, o que nunca serei etc. Quaisquer desses ideais – como
também podem ser chamados na Psicanálise - se referem à imagem de um eu para um
outro. A questão estrutural ou inerente a esse registro do discurso é que ele tende a ser
frustrado por qualquer impasse mínimo, contradição, mudança, contingência, encontro
etc. É o caso, por exemplo, do melancólico: sustentado apenas pelo registro imaginário,
quando sofre alguma perda simbólica ele não tem recursos para elaborá-la – sobretudo a
ambivalência que a envolve - e acaba identificando-se com(o) o objeto perdido já que
suas imagens não dão conta de tamanha frustração. Ou seja, o melancólico passa a ser a
frustração em si mesma. Além disso, mesmo que tudo corra bem e o sujeito consiga por
uma sorte do destino nunca se deparar com nenhuma falta (situação puramente hipotética
e inverossímil) o próprio reforço dos seus ideais é motivo de frustração, uma vez que se
trata neles do gozo do outro. É o caso, por exemplo, da epidemia de depressões hoje em
dia: a pessoa sequer sabe o motivo de seu sofrimento, ela enumera todos os campos de
sua vida: relação amorosa, profissional, social etc. e está tudo bem – tudo bem = super
alienado no gozo do outro -, e ainda assim – ou melhor, justamente por isso – está mal.

3.2) Agressividade

Um desdobramento da frustração é a agressividade como uma resposta do paciente ao


trabalho interrompido. O exemplo dado por Lacan é a análise das resistências, que
denuncia toda a plêiade imaginária sem que o próprio paciente tenha por si mesmo,
através do seu trabalho de discurso, chegado a incertezas, surpresas, insuficiências,
limites do gozo do outro. No registro imaginário trata-se da lei da selva: ou eu ou o outro.
Amo os semelhantes, pois são como eu, e odeio os diferentes, pois não são eu. Nessa
estorinha não tem lugar para a ambivalência: amo ou odeio. Se me amo, odeio o outro.
Se, também de maneira selvagem, o analista coloca o paciente contra a parede e aponta
suas incoerências, fixações, inibições, repetições etc., a resposta do paciente não pode ser
outra senão se salvaguardar por meio da agressividade contra o outro. Por isso Lacan diz
que o perigo no caso da análise das resistências bem como na “análise causalista”
(transformar à força o sujeito através de doutas explicações sobre o seu passado) não é a
“reação terapêutica negativa”, mas antes a reprodução da alienação do sujeito numa
captura objetivante. Ou seja, é menos uma defesa do sujeito ao tratamento do que uma
má condução que o leva dirigir uma agressividade ao outro para salvaguardar sua
alienação.

3.3) Regressão

Apesar do discurso sem escapatória da associação-livre ser o único meio adequado no


qual o analista deve se fiar para conduzir uma análise, o discurso egóico inevitavelmente
se fará presente em ato - sobretudo se reconhecemos a força mobilizadora mas também
resistente da transferência. Isso, contudo, não deve ser motivo para abandonar a regra
fundamental da análise e situar essa registro imaginário em outros lugares que não no
próprio discurso – na contratrasferência, relações pré-verbais, relação de objeto etc. De
acordo com Lacan, o discurso é só aparentemente vazio: “mesmo que não comunique
nada, o discurso representa a existência da comunicação”. Isso quer dizer – sem trocadilho
– que, se o discurso negar a evidência, isto é, se for um delírio por exemplo, o que importa
é que é a fala que constitui a verdade, ou se o discurso for uma mentira, como os
neuróticos tanto temem, o que importa é o endereçamento ao Outro. Fora isso, trata-se de
ouvir a que parte do discurso é confiado o termo significativo. É na superfície da fala
vazia – registro imaginário – que repousam os termos significativos. Tal superfície não
pode ser outra senão discursiva. Neste ponto a atenção flutuante adota pelo analista é
fundamental: sem se atear no sentido do discurso é possível ouvir o relato de uma história
cotidiana como uma fábula, que a bom entendedor dirige as meias-palavras ou um lapso
como uma declaração muito complexa. Para de fato atravessar o espelho imaginário deve-
se efetuar uma pontuação oportuna. O exemplo de uma pontuação que efetivamente dá
sentido ao discurso do sujeito é, por exemplo, a suspensão da sessão. Diferentemente de
uma pausa cronométrica indiferente à trama do discurso, a suspensão da sessão funciona
como uma escanção do discurso cujo valor é de uma intervenção: ela precipita momentos
conclusivos e liberta um termo de seu contexto rotineiro. Portanto, se se quer falar de
regressão, é por meio da intervenção e da pontuação que ela pode ocorrer. Enquanto
atualização no discurso das relações fantasísticas a regressão só se manifesta sub-
repticiamente, por meio dos tropeços, inflexões e fraseados. Nessa medida Lacan
denuncia a postura da psicanalise intuicionista que situa a regressão e suas relações
fantasísticas no registro imaginário da relação atual com o objeto. Para começar, essa
relação real com o objeto é buscada numa relação transferencial que impede qualquer
contato com a realidade. Depois, para legitimar essa suposta relação com o real o recurso
à supervisão só reforça mais ainda essa impossibilidade: o supervionando filtra o discurso
do paciente e o leva todo esquadrinhado ao supervisor, e este, por sua vez oferece uma
segunda visão –geralmente mais douta – só para validar seus pressupostos. Afinal, como
diz Lacan: “Se a via da psicanálise fosse estabelecer um contato com a realidade seria a
outros meios que ela recorreria. Ou então, a psicanálise seria o exemplo mor de um
método que proíbe a si mesmo os meios de atingir seu fim”.

Philippe

O analista estabelece uma relação imaginária com o analisando (este o coloca, digamos,
num lugar esperado, num campo de expectância). Se isso constitui mais um modo de
repetir a estrutura sintomática, é esse o material de trabalho do analista. Pois numa relação
de análise, o analista não se coloca por fora do discurso, numa perspectiva
correspondencialista ou explicativa.
A fala, então, é tomada como fala vazia, já que se trata de uma fala que somente reproduz
um repertório já estabelecido. Como fito anteriormente, todo objeto de um eu é um objeto
frustrante (porque veio do Outro, é alienado), nunca se terá um objeto que realize o desejo.
É a partir desse frustração inerente que o Lacan se propõe a mostrar como a fala tem sido
“depreciada” pelos analistas, porque esses analistas só fazem colocar “fatores
psicofiosiológicos individuais” para explicar isso que chamamos repertório estabelecidos,
e, colocando esses fatores, a análise não se move no campo da simbolização, mas do falso
movimento causado por uma substituição interpretativa fornecida pelo analista.

A anamnese teria um valor de mola do progresso terapêutico (isso ainda não está claro
para mim): transformando a intra-subjetividade obsessiva em intersubjetividade histérica,
a análise das resistências em interpretação simbólica. E ele dirá que é nisso daí que
começa a realização da fala plena.

Anteriormente, os psicólogos pensavam que do que tratava era de conscientização de um


processo psíquico, pro Lacan, basta a verbalização – leia-se a simbolização. Posto que a
linguagem já é a própria consciência.

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