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A introspecção é bobagem, o douto sujeito que chega com o discurso pronto trava em
coisas tolas e percebe que o trabalho da associação livre leva a caminhos não explorados
e, por isso, transformadores – por conta disso é trabalho, porque forma e educa (referência
a Hegel). Em que consiste esse trabalho?
Desse modo, o ego é frustração em sua essência, pois alienado, alienado a obturações
imaginárias surgidas em períodos remotos. Mesmo que o ego pudesse elaborar um objeto
que se espelhasse ou calhasse bem a ele, ainda seria frustrado, pois é o gozo do Outro que
ele reconheceria ali, é um formação imaginária, condensadora de gozo e imprimida nele
num momento remoto que estaria ali. É por isso que não há reposta adequada para o
discurso do ego, ou objeto do ego.
Túlio (27/02/19)
Lacan aponta que uma saída encontrada no meio psicanalítico para lidar com esta
agressividade foi a análise das resistências, cujo objetivo seria o de denunciar “as
intenções imaginárias do discurso” do analisante, almejando desmontar “o objeto que o
sujeito construiu para satisfazê-las”. No entanto, a análise das resistências incorreria no
erro ingênuo de prover “doutas explicações” do passado do sujeito para ele próprio,
desconsiderando o que é próprio da estrutura discursiva, qual seja: que o sujeito está – no
nível do enunciado (consciente) – alienado de sua enunciação (inconsciente). Sendo
assim, explicar ao analisante suas questões é ignorar o que é próprio da experiência
analítica: que o sujeito possa implicar-se com sua enunciação.
Nesse sentido, Lacan propõe que para além das intenções imaginários, o analista deve
estar atento à relação simbólica entre o sujeito e o psicanalista. O analista confronta o
sujeito a partir de sua enunciação para que, consequentemente, este possa deslocar-se
daquilo que concerne ao eu imaginário (moi), seu enunciado, para a assunção de sua
posição na enunciação pela primeira pessoa (je). Philippe nos deu um exemplo que ajuda
a ilustrar esta questão: há dois meninos, o menino A é irmão do menino B, enquanto A
não gosta de doces, B gosta de doces. Supomos uma situação em que A pede algumas
moedas para o pai para comprar doces, o pai estranhando o pedido de A o confronta: “mas
essas moedas são para você mesmo?”. A questão do pai obriga uma resposta de A, em
que ele deverá confrontar-se com a própria posição de enunciação da sua fala e assumir,
em primeira pessoa, esta mesma posição. Ao implicar-se com sua enunciação o sujeito é
capaz de confrontar-se com a posição que ele ocupa diante de si, de B e do pai.
Para a manutenção deste progresso em análise é importante que seja qual for a intervenção
do analista esta seja na direção de compor as “partes mudas” do discurso narcísico do
sujeito, para Lacan “a arte do analista deve consistir em suspender as certezas do sujeito”
de modo a não alimentar novas capturas imaginárias do sujeito em novas objetivações.
Através do discurso, mesmo que seja um discurso vazio, que se consumirá “as últimas
miragens” do sujeito, i.e., suas construções imaginárias, pois o mais simples discurso,
mesmo que não comunique nada, seria capaz de enunciar algo da ordem da verdade do
sujeito, pois denuncia a posição que ele ocupa em seu próprio discurso.
Jenifer
3.1) Frustração
Se o analista cai na tentação de ceder quanto ao seu silêncio, e responde à fala do paciente,
para começar ele abandona a única regra fundamental da análise. Dessa forma, o discurso
para o qual o que vale está no ato de dizer passa a ser um discurso impregnado de
intenções, motivações e apelos às circunstâncias. Neste caso, conforme os termos
psicanalíticos, o registro da fala deixa de funcionar simbolicamente e passa para o registro
do imaginário. Este registro, cuja instância mor é o Ego, consiste no conjunto de imagens
construídas e erigidas para e em função do outro: como gostaria de ser, o que não queria
ser, o que eu fui e não sou mais, o que nunca serei etc. Quaisquer desses ideais – como
também podem ser chamados na Psicanálise - se referem à imagem de um eu para um
outro. A questão estrutural ou inerente a esse registro do discurso é que ele tende a ser
frustrado por qualquer impasse mínimo, contradição, mudança, contingência, encontro
etc. É o caso, por exemplo, do melancólico: sustentado apenas pelo registro imaginário,
quando sofre alguma perda simbólica ele não tem recursos para elaborá-la – sobretudo a
ambivalência que a envolve - e acaba identificando-se com(o) o objeto perdido já que
suas imagens não dão conta de tamanha frustração. Ou seja, o melancólico passa a ser a
frustração em si mesma. Além disso, mesmo que tudo corra bem e o sujeito consiga por
uma sorte do destino nunca se deparar com nenhuma falta (situação puramente hipotética
e inverossímil) o próprio reforço dos seus ideais é motivo de frustração, uma vez que se
trata neles do gozo do outro. É o caso, por exemplo, da epidemia de depressões hoje em
dia: a pessoa sequer sabe o motivo de seu sofrimento, ela enumera todos os campos de
sua vida: relação amorosa, profissional, social etc. e está tudo bem – tudo bem = super
alienado no gozo do outro -, e ainda assim – ou melhor, justamente por isso – está mal.
3.2) Agressividade
3.3) Regressão
Philippe
O analista estabelece uma relação imaginária com o analisando (este o coloca, digamos,
num lugar esperado, num campo de expectância). Se isso constitui mais um modo de
repetir a estrutura sintomática, é esse o material de trabalho do analista. Pois numa relação
de análise, o analista não se coloca por fora do discurso, numa perspectiva
correspondencialista ou explicativa.
A fala, então, é tomada como fala vazia, já que se trata de uma fala que somente reproduz
um repertório já estabelecido. Como fito anteriormente, todo objeto de um eu é um objeto
frustrante (porque veio do Outro, é alienado), nunca se terá um objeto que realize o desejo.
É a partir desse frustração inerente que o Lacan se propõe a mostrar como a fala tem sido
“depreciada” pelos analistas, porque esses analistas só fazem colocar “fatores
psicofiosiológicos individuais” para explicar isso que chamamos repertório estabelecidos,
e, colocando esses fatores, a análise não se move no campo da simbolização, mas do falso
movimento causado por uma substituição interpretativa fornecida pelo analista.
A anamnese teria um valor de mola do progresso terapêutico (isso ainda não está claro
para mim): transformando a intra-subjetividade obsessiva em intersubjetividade histérica,
a análise das resistências em interpretação simbólica. E ele dirá que é nisso daí que
começa a realização da fala plena.