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Usina hidrelétrica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Usina hidrelétrica, ou central hidroelétrica, é
um complexo de projetos de engenharia civil, elétrica,
energia e mecânica, compreendendo as áreas de
hidráulica, estruturas de concreto, geotécnica,
geológica, de tecnologia do concreto, de computação,
de controle, de automação, ambiental, florestal, de
solos, de fundações, de materiais, de montagem
eletromecânica, etc. Um conjunto de obra e
equipamentos, que tem por finalidade produzir
energia elétrica através do aproveitamento do
potencial hidráulico existente em um rio.
Esquema de uma usina hidrelétrica.
As usinas hidroelétricas funcionam através da
pressão da água que gira a turbina, transformando a
energia potencial em energia cinética. Depois de passar pela turbina o gerador transforma a energia cinética em
energia elétrica. Através de fios e cabos a energia é distribuída, e antes de chegar nas casas e comércios é
transformada em baixa tensão.
Índice
Características
Tipos
Usina hidrelétrica a fio d'água
Complexo hidrelétrico
Impactos
Ambiente e sociedade
Economia
Ver também
Referências
Ligações externas
Características
A energia hidroelétrica é ainda um tipo de energia mais barata do que outras, como por exemplo a energia
nuclear. A viabilidade técnica de cada caso deve ser analisada individualmente por especialistas em
engenharia ambiental e especialista em engenharia hidráulica, que geralmente para seus estudos e projetos
utilizam modelos matemáticos, modelos físicos e modelos geográficos.
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O cálculo da potência instalada de uma usina é efetuado através de estudos de hidroenergéticos que são
realizados por engenheiros civis, mecânicos e eletricistas. A energia hidráulica é convertida em energia
mecânica por meio de uma turbina hidráulica, que por sua vez é convertida em energia elétrica por meio de um
gerador, sendo a energia elétrica transmitida para uma ou mais linhas de transmissão que é interligada à rede
de distribuição.
Um sistema elétrico de energia é constituído por uma rede interligada por linhas de transmissão (transporte).
Nessa rede estão ligadas as cargas (pontos de consumo de energia) e os geradores (pontos de produção de
energia). Uma central hidrelétrica é uma instalação ligada à rede de transporte que injeta uma porção da
energia pelas cargas.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, por exemplo, constituise em uma das maiores obras da engenharia mundial,
no entanto, a UHE Belo Monte, no rio Xingu no estado do Pará, é a maior usina 100% brasileira em potência
instalada, já que a Usina de Itaipu é binacional — tendo esta sido considerada uma das "Sete Maravilhas do
Mundo Moderno" pela American Society of Civil Engineers (ASCE).
O vertedor de Tucuruí é o maior do mundo com sua vazão de projeto calculada para a enchente decamilenar de
110.000 m³/s, pode, no limite dar passagem à vazão de até 120.000 m³/s. Esta vazão só será igualada pelo
vertedor da Usina de Três Gargantas na China. Tanto o projeto civil como a construção de Tucuruí e da Usina
de Itaipu foram totalmente realizados por firmas brasileiras, entretanto, devido às maiores complexidades o
projeto e fabricação dos equipamentos eletromecânicos, responsáveis pela geração de energia, foram realizados
por empresas multinacionais.
Tipos
Usina hidrelétrica a fio d'água
Usina hidrelétrica a fio d’água é aquela que não dispõe de reservatório de água ou têm reservatórios pouco
relevantes quando comparados com a vazão. Esse tipo de usina as vezes trabalha em combinação com uma (ou
mais) usina de grande reservatório situada no curso superior da bacia hidrográfica (a montante), para garantir
uma geração relativamente constante, ou sofre com uma grande variação na geração de energia elétrica
durante o ano.
Os custos ambientais, sociais e financeiros necessários para a construção de grandes reservatórios tem elevado
a tendência à construção desse tipo de usina hidrelétrica. [1]
Complexo hidrelétrico
Diz de um conjunto de usinas hidrelétricas que são planejadas e construídas em uma mesma bacia
hidrográfica de forma conjunta, para melhor aproveitar o potencial energético dos rios.
Impactos
Ambiente e sociedade
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Por muito tempo as hidrelétricas foram divulgadas como fontes de energia limpa, mas uma quantidade de
estudos recentes vem dando uma outra visão do cenário. A formação das bacias de reservatório, especialmente
as de grandes dimensões, muitas vezes exige um grande desmatamento, por si um fator de emissão de gases
estufa produtores do aquecimento global, além de produzir severos impactos ambientais e sociais paralelos:
bloqueia os ciclos de cheia e vazante dos rios; impede os ciclos reprodutivos de peixes migrantes; modifica em
larga escala ecossistemas e a distribuição geográfica de espécies; pode prejudicar a oferta de alimentos para
muitas espécies aquáticas, afetar negativamente povos ribeirinhos que dependem da pesca e povos indígenas,
dificultar o acesso à água, pode exigir remoção forçada de populações destruindo comunidades inteiras, e
muitas vezes gera importantes conflitos sociais, culturais, políticos, jurídicos e fundiários difíceis de
resolver. [2][3][4][5][6]
As barragens também causam efeitos negativos muito distantes do seu local, especialmente pelas alterações no
regime de vazão dos rios e pelas alterações na qualidade e temperatura da água a jusante, ameaçando a
conservação de matas ciliares ao longo dos rios, modificando os ecossistemas aquáticos e interferindo em
sistemas de irrigação e abastecimento de água. Bloqueando as inundações periódicas naturais, fica impedida a
fertilização natural das terras contíguas aos leitos fluviais, e, por consequência, afeta a agricultura e a oferta
alimentos de grandes regiões. Os danos ambientais do represamento muitas vezes podem ser vastos e
imprevisíveis. [6] Os reservatórios coletam grandes quantidades de sedimentos suspensos e material orgânico,
que se depositam e oxidam, podendo criar águas ácidas e mal oxigenadas que depois são liberadas rio abaixo.
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O represamento também eleva a temperatura da água, um fator importante porque os seres aquáticos como
peixes e invertebrados mantêm seu metabolismo em estrita dependência da temperatura do meio. [11] As bacias
são altas emissoras de gases estufa, especialmente se localizadas em zonas tropicais e se a área inundada é
vasta, devido à decomposição de matéria orgânica residual (troncos, folhas e material no solo) após a
inundação. Bacias que não são limpas adequadamente antes da inundação emitem mais gases por longos
períodos do que plantas produtoras de energia equivalente baseadas em combustíveis fósseis. [12][13] Um
estudo recente calculou que as usinas de todo o mundo podem emitir até 1 bilhão de toneladas de gases estufa
a cada ano, principalmente na forma de metano, o que equivale a mais do que toda a emissão anual do
Canadá. [11] Projetos mal planejados também significam baixa
eficiência e altos custos. É um exemplo clássico a Usina de Balbina,
no estado do Amazonas. Implantada em uma região de planície,
alagou 2360 km2 de floresta tropical para produzir apenas 112,2
MW de energia. A floresta não foi removida antes do alagamento,
perdendose uma vasta quantidade de madeira aproveitável, e sua
decomposição acidificou e desoxigenou a água do reservatório,
corroendo as turbinas, além de emitir desde sua construção dez
vezes mais gases estufa do que uma usina termelétrica de potência
Troncos de árvores não removidas
equivalente, num total de 3 milhões de toneladas de carbono por
no lago da Usina de Balbina.
ano. Pela escassa declividade do terreno, foram formadas várias
áreas de água permanentemente estagnada. Um terço da
população existente da etnia indígena WaimiriAtroari, que ali vivia, teve de ser realocada. [14][15]
A construção de múltiplas usinas em uma mesma bacia hidrográfica, como é o caso da Amazônia, onde 142
usinas já operam e está prevista a construção de mais 160, produz um impacto negativo de grande escala não
apenas nos níveis ambientais, sociais e culturais, mas também em nível geográfico e geomorfológico,
modificando a própria paisagem devido principalmente às interferências nos processos de distribuição de
sedimentos e de formação de meandros, planícies e terras alagadas. [10] A retenção de materiais sólidos pela
barragem afeta a estrutura do próprio rio a jusante, privandoo de materiais para formação de habitats para as
espécies. [11] Essa alta proliferação de usinas na Bacia Amazônica foi identificada como uma das 15 principais
ameaças ambientais do mundo, e os seus impactos têm sido sistematicamente subestimados pelas instâncias
oficiais. [10] O mesmo problema de multiplicação de usinas afeta as bacias dos rios Congo e Mekong, que juntos
com a bacia amazônica reúnem a maior biodiversidade aquática do mundo. [16] De modo geral rios não
represados têm uma água de melhor qualidade e com mais biodiversidade. É significativo que desde a década
de 1970, quando iniciou uma fase de grande proliferação de usinas em todo o mundo, a biodiversidade dos rios
caiu em 80%, e embora a construção de usinas não seja o único elemento na equação, é relevante. [10]
A construção de pequenas usinas vem sendo incentivada e vem ganhando impulso, pois por algum tempo gera
emprego e desenvolvimento local e é vista geralmente como de baixo impacto ambiental. [17] Em todo o mundo
existem cerca de 83 mil plantas, e milhares de outras estão em projeto. [18] Contudo, o fato é que os efeitos
globais das plantas pequenas são muito mal conhecidos, pois os estudos especializados são relativamente
escassos neste tópico. Por isso, sua implantação em larga escala, sem um bom conhecimento sobre seus efeitos,
tem o potencial de representar uma grande ameça pelos impactos cumulativos. [19][20] Numerosos trabalhos
têm surgido recentemente analisando casos específicos, questionando as alegadas vantagens das usinas de
pequena escala e demonstrando a existência de efeitos negativos diversificados. Vários impactos são
registrados já ao longo do processo de construção, como desmatamento, modificação na paisagem pela
abertura de estradas e acessos, perturbação da rotina das comunidades afetadas pelo contínuo trânsito de
materiais e equipamentos, levantamento de nuvens de poeira, produção de muito ruído, fumaça, lixo e
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resíduos, alteração da qualidade da água do rio, bloqueios temporários no fluxo, morte de muitos animais,
possíveis contaminações da água e solo pelo derramamento acidental de óleos, combustíveis e outras
substâncias tóxicas. Isso depende muito da competência das construtoras e sua adequação às normas legais,
bem como da fiscalização oficial, e muitos desses problemas são temporários. A ocorrência desse tipo de
problemas, naturalmente, se verifica também na construção de grandes usinas, em escala muito maior. [17]
Segundo um grande estudo elaborado sob os auspícios da Comissão Mundial de Represas em parceria com a
União Internacional para a Conservação da Natureza e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a
construção de usinas tem um lado legítimo no aspecto humano, pela geração de energia e concomitante
regularização dos fluxos fluviais, mas os impactos ambientais e sociais, especialmente no caso das grandes
usinas, são geralmente altos e poucas vezes são levados em consideração adequada pelos promotores dos
projetos. Ao mesmo tempo, impactos ambientais geram impactos adicionais para a sociedade, da mesma
forma poucas vezes bem avaliados ou compensados. [23]
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Economia
Também por muito tempo as hidrelétricas foram divulgadas pelos
governos e companhias como fontes de energia barata, mas isso
não corresponde bem aos fatos. Um relatório da Agência
Internacional de Energia Renovável (AIER) em parte corrobora essa
afirmação, dizendo que os custos da energia hidrelétrica de um
modo geral tendem a ser mais baixos do que outras fontes de
energia, mas advertiu que cada planta tem características únicas e
há expressivas diferenças de caso para caso. [24] As grandes usinas,
Usina de Itaipu.
em particular, têm um custo real que em regra ultrapassa em muito
as estimativas oficiais, geralmente levam muito mais tempo para
construir do que o previsto, e segundo a Comissão Mundial de Represas, no melhor dos casos, as grandes
represas são apenas marginalmente viáveis em termos econômicos. [25][10] Uma revisão da bibliografia
publicada em 2014 indicou que em países emergentes o balanço é negativo, inclusive gerando inflação e alto
endividamento público. Cerca de metade das usinas estudadas tiveram um custo tão alto a ponto de serem
dadas como perdidas. A maioria nunca consegue recuperar o seu custo de construção, e muito menos elevar a
qualidade de vida das populações locais. No Brasil, a construção de Itaipu prejudicou as finanças nacionais
por três décadas, e a despeito da sua importância central no sistema energético do país, economicamente ela
provavelmente nunca pagará seus custos de construção e manutenção. [26][27][10] A Usina de Belo Monte
também é um caso de megaprojeto em que os custos provavelmente ultrapassarão os benefícios, [27] além de
estar envolvida em uma grande controvérsia desde o início por uma série de irregularidades em sua
construção, omissão de dados relevantes, violação de direitos humanos e prejuízos múltiplos causados à
comunidade e ambiente regionais. [28][29] Segundo os economistas James Robinson e Ragnar Torvik, a própria
ineficiência desses grandes projetos é o que os torna politicamente sedutores, pois oferecem grandes
oportunidades para desvios de verbas. [10]
No caso das pequenas usinas, em termos econômicos elas tendem a ser proporcionalmente menos vantajosas
que as grandes plantas, embora seu custo absoluto seja menor. Alguns estudos indicam que sua energia custa
cerca de 15% mais para ser gerada do que a das grandes usinas. [18] Um levantamento realizado pela AIER
chegou a conclusões similares, mostrando que os custos instalados são maiores do que as grandes para cada
KW produzido, numa relação de 1050 a 7650 dólares para cada KW nas grandes usinas, para 1300 a 8000
dólares para cada KW nas pequenas. Os custos de operação e manutenção também podem ser
proporcionalmente maiores: 2 a 2,5% dos custos instalados nas grandes e 1 a 4% nas pequenas. [24] Na mesma
direção aponta um levantamento da Agência Internacional de Energia, indicando custos finais de geração de
energia de 40 a 110 dólares por MW nas grandes usinas contra 45 a 120 dólares por MW nas pequenas. As
microusinas têm custos relativos ainda maiores: 55 a 185 dólares para cada MW gerado. [30]
Ver também
Central hidroelétrica reversível
Central nuclear
Energia maremotriz
Hidroelétricas em Portugal
Hidrologia
Lista de usinas hidrelétricas do Brasil
Parque eólico
Turbina hidráulica
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Usina termoelétrica
Referências
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29. Sullivan, Zoe. "Brasil desprovido: a barragem de Belo Monte é devastadora para as culturas indígenas" (http
s://pt.mongabay.com/2017/02/brasildesprovidobarragembelomontedevastadoraasculturasindigenas/).
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30. IEA / ETSAP [Lako, Paul & Tosato, Giancarlo]. Hydropower (https://ieaetsap.org/ETechDS/PDF/E06hydr
opowerGSgct_ADfina_gs.pdf). Technology Brief E06, 2010
Ligações externas
Usinas hidrelétricas da Rússia (http://www.russobras.com.br/econ/usinas_hidro.php)
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