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X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 1

O ENSINO DE ÓPTICA ATRAVÉS DA CONSTRUÇÃO DE TELESCÓPIOS

A.B. Netoa (netobat@fc.unesp.br)


A.A.C. Cristófaloa (airton@fc.unesp.br)
M.A. Pinheiroa (mac@fc.unesp.br)
T.O. Bernardesa (linafis@fc.unesp.br)
V.F. Pennaa (vitorpenna@yahoo.com.br)
L.J.Andreatto (ljandreatto@ig.com.br)
R.M.F. Scalvia (rosama@fc.unesp.br)

a
Departamento de Física – Faculdade de Ciências – CP 473, CEP 17033-360, Unesp – Bauru- SP

RESUMO
O objetivo principal deste trabalho é a aplicação de conceitos básicos de Física,
relacionados à óptica, através da construção de cinco telescópios refletores pelos alunos
de graduação de Licenciatura em Física, e sua posterior aplicação e utilização pelos
alunos de Ensino Médio e Fundamental das escolas públicas do município de Bauru.
Visamos estimular e preparar o aluno de graduação, a discutir questões fundamentais
junto aos alunos do ensino médio e fundamental, despertando neles o interesse pelos
fenômenos físicos. O trabalho de construção dos telescópios segue as seguintes etapas:
i) esmerilhamento dos blocos de vidros a fim de obter a curvatura necessária para
obtenção dos espelhos, ii) polimento dos blocos de vidros, correção e parabolização dos
espelhos, iii) deposição da camada refletora sobre o vidro, iv) construção do tripé
equatorial e corpo do telescópio, v) confecção do espelho secundário e vi) alinhamento
da óptica do aparelho. Quatro telescópios são do tipo Newtoniano e possuem razões
focais F/D = 5, F/D = 6, F/D = 6,5 e F/D = 8. Um único telescópio é do tipo Cassegrain,
cuja construção é mais difícil em comparação ao Newtoniano. Com os aparelhos
construídos será possível a abordagem da fotografia lunar e planetária de alta resolução.
Também com o desenvolvimento deste trabalho foi criado um grupo de estudos em
astronomia a fim de discutir assuntos relacionados ao tema e criar material de apoio
didático, como vídeos, slides e cdroms, que serão utilizados pelos alunos do curso de
Licenciatura em Física da Unesp, no atendimento aos alunos do Ensino Médio e
Fundamental. Os temas abordados pelo grupo são: i) História e Ensino de astronomia no
Brasil, ii) Astronomia de posição, iii) Instrumentos iv) Sistema Solar, v) Estrelas e
galáxias e vi) Cosmologia.

P ALAVRAS CHAVES : ENSINO, ASTRONOMIA, TELESCÓPIOS

INTRODUÇÃO
O estudo dos astros constitui, talvez, a mais antiga atividade científica do homem.
Especificamente, no Brasil, a história da astronomia remonta a algum tempo antes da chegada dos
colonizadores ao país [1,2]. Os índios que aqui habitavam já carregavam consigo uma ampla carga
de conteúdos astronômicos que eram ensinados de geração em geração [3]. Além disso, pesquisas
na área de arqueoastronomia brasileira estudam a viabilidade de que inscrições encontradas nas
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rochas em sítios arqueológicos tragam informações sobre o conhecimento astronômico das pessoas
que viviam entre 7000 e 4000 anos atrás, na região Nordeste do Brasil [4].
O telescópio, embora existam controvérsias, tem pelo menos 400 anos de história, e nela muito
colaborou para o desenvolvimento tecnológico da humanidade [5]. Os rádios- telescópios,
instrumentos hoje largamente empregados para estudos e pesquisa sobre formação de estrelas e
galáxias, e mais recentemente para a investigação sobre a origem do universo, embora apliquem
princípios de radiofreqüência orientam-se no passado de seus predecessores, os telescópios ópticos.
É possível dizer que a astronomia talvez seja a única ciência em que amadores contribuem
significativamente com dados e informações para a comunidade científica profissional. Muitos
foram os campos das contribuições de astrônomos amadores, tais como descobertas de novos
cometas, estrelas novas e supernovas, estudo e descoberta de asteróides, monitoramento de estrelas
variáveis, registro de manchas solares, ou o estudo de atmosferas planetárias [4].
Dentro deste contexto, verifica-se que a astronomia é uma das áreas que mais atrai a atenção e
desperta à curiosidade dos alunos, desde os primeiros anos escolares até sua formação nos cursos de
graduação, abrangendo todas as áreas e, principalmente, do curso de Física. Dessa forma, o ensino
de astronomia nas escolas de ensino fundamental e médio tem sido objeto de diversas pesquisas na
área de educação em ciência [4]. As pesquisas mostram que no ensino dessa ciência encontram-se
diversos problemas que necessitam ser estudados visando, principalmente, a melhoria da qualidade
dos docentes que o ministram, nas escolas de ensino fundamental e médio.
Estudos mostram que as principais causas dos problemas causados no ensino de astronomia são
[4]: (i) dificuldades cognitivas deste tema e de outros relacionados, tais como óptica, luz ou
geometria; (ii) ausência de evidências claras e perceptíveis que provem o movimento terrestre; (iii)
metodologia de ensino, geralmente caracterizada pelo excesso de leitura e interpretação de textos e,
por falta de observações diretas do céu, nem sempre estimulados pelos livros didáticos ou pelos
professores; (iv) deficiente formação dos docentes no campo da Astronomia, tanto do ponto de vista
teórico como prático; (v) tipo de vida cada vez mais urbano, que não facilita as observações do céu
noturno, devido à poluição luminosa, ou seja, a luz excessiva que ofusca o brilho dos corpos
celestes.
Diante dessa realidade, este trabalho pretende proporcionar aos alunos do curso de Licenciatura
em Física, conhecimento prático e teórico na área de observações astronômicas através da
construção e instalação de cinco telescópios refletores, sendo quatro do tipo Newtoniano e um do
tipo Cassegrain [6]. Além disso, temos por objetivo motivar os alunos de Licenciatura a refletir e
discutir acerca dos fenômenos físicos relacionados principalmente a ótica, através do estudo de
astronomia, colaborando assim no atendimento de estudos que retratam a deficiência no ensino
nesta área, conforme mencionado acima.

Descrição do trabalho desenvolvido

A primeira parte deste trabalho trata da construção dos aparelhos. De modo geral, o processo de
construção dos telescópios pode ser descrito de acordo com as seguintes etapas: 1) corte de cinco conjuntos
de vidros no formato circular, com diâmetro aproximado de 20 cm. Cinco vidros possuem espessura de 10
mm e outros cinco de espessura de 20 mm. Nesta fase foi utilizada uma máquina de corte projetada e
construída a partir de sucatas, como correias, motor de geladeira,etc, cuja eficiência é comprovadamente
assegurada, necessitando em torno de 30 minutos para o corte de cada um dos vidros; 2) esmerilhamento dos
vidros mais espessos com carburundum de granas 60, 80, 180, 500, 1000 e 2000, respectivamente, iniciando
com a mais grossa e finalizando com a mais fina. Este processo é realizado com movimentos adequados de
vaivém, circulando em torno de um suporte para os vidros, com o vidro mais espesso sobre o vidro mais fino
(10 mm), sendo que o vidro mais espesso dará origem ao espelho primário dos aparelhos construídos; 3)
polimento dos vidros com óxido de ferro a fim de se obter a curvatura desejada dos espelhos concâvos; 4)
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correção da parabolização dos vidros utilizando método de Focault [6]. Esta é a fase mais complexa do
trabalho de construção e os alunos tem a oportunidade de compreender fenômenos ópticos, como refração e
difração da luz de maneira prática e criativa, pois participam também da construção do dispositivo de Focault
para desenvolver esta etapa; 5) deposição da camada refletora sobre os vidros, obtendo assim os espelhos
primários dos aparelhos. Esta etapa é realizada por empresa especializada, uma vez que a evaporadora
existente em nossos laboratórios de pesquisa, não atendem material com diâmetro maior do que 4 cm; 6)
montagem dos aparelhos, utilizando tubo pvc e 7) confecção dos tripés, seguindo modelo equatorial.

Cada um dos cinco alunos envolvidos dedica-se a confecção de espelhos com diferentes razões focais,
sendo F/D = 5, F/D = 6, F/D = 6,5 e F/D = 8 para os telescópios Newtonianos e F/D = 12,5 para o telescópio
Cassegrain. A fase 3 da etapa de construção pode ser observada na figura 1 e, na figura 2, é mostrado,
parcialmente, o aparelho de Focault construído neste trabalho.

Figura 1 – Processo de polimento de um vidro Figura 2 – Equipamento para correção da


(futuro espelho do telescópio refletor) parabolização, utilizando método de Focault

A 2ª etapa do trabalho, envolve a formação de um Grupo de Estudos em Astronomia, formado por


alunos de graduação de Licenciatura em Física, um mestre na área de Ensino de Física, um ex-aluno,
graduado em Licenciatura em Física e um astrônomo amador do município de Bauru, Sr. Leonel José
Andreatto, que possui vasta experiência na construção artesanal de telescópios e que é o responsável,
voluntário, pelo aprendizado dos alunos de Licenciatura em Física no processo de construção. Os temas
escolhidos para estudo no grupo são: i) História da Astronomia e seu Ensino no Brasil; ii) Astronomia de
Posição; iii) Instrumentos; iv) Sistema Solar, v) Estrelas e Galáxias e vi) Cosmologia. Nesta etapa, quatro dos
cinco alunos envolvidos no projeto de construção, além do astrônomo amador e da coordenadora do projeto,
se responsabilizam pela apresentação de um dos temas acima, pesquisando material e preparando uma
apresentação multimídia com duração aproximada de 30 minutos. Após a apresentação todo o grupo é
convidado a discutir, questionar e colaborar com outras informações a respeito do tema, aprimorando o
material apresentado na reunião. Dessa forma, estão sendo criados materiais que serão utilizados na 3ª etapa
do trabalho, relacionada a utilização dos aparelhos construídos pelos alunos do Ensino Fundamental e Médio
do município de Bauru e toda comunidade acadêmica do campus da Unesp-Bauru.

Resultados Obtidos

Até o presente momento, as etapas 1 e 2, Construção dos Aparelhos e Reuniões do Grupo de


Estudos, respectivamente, estão sendo executadas pelos alunos de graduação em Licenciatura em Física. Nas
etapas iniciais do processo de construção, corte, esmerilhamento e polimento dos vidros, os alunos foram
instigados a compreender o sistema óptico de um telescópio refletor [7,8], estudando fenômenos explicados
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na óptica geométrica, como formação de imagens, usando lentes e espelhos, que são abordados apenas
teoricamente na disciplina Física V no curso de Licenciatura em Física. Atualmente, a construção dos
aparelhos está na fase de correção na parabolização dos vidros que darão origem aos futuros espelhos
primários dos telescópios. Nesta fase, os alunos estão tendo oportunidade de estudar e entender os cálculos
apresentados em apostilas e manuais de construção, que tratam de forma geral a fabricação dos espelhos,
mas, na prática a aplicação não é direta, pois cada um dos vidros trabalhados, que darão origem aos espelhos
dos telescópios, tem suas próprias características. Dessa maneira, estão sendo realizados os cálculos de
curvatura dos espelhos observando na prática a sensível influência da temperatura do ambiente nesses
cálculos, comparando-as com as referências da literatura [6]. Em relação ao Grupo de Estudos, as reuniões
têm ocorrido semanalmente e até o momento as discussões foram sobre os temas História e Ensino de
Astronomia e Astronomia de Posição. O material gerado nas reuniões será, num futuro próximo,
disponibilizado em um site que está sendo construído sobre o Grupo de Astronomia do Curso de Física.
Além da etapa de construção dos aparelhos e criação do grupo de estudos, estão sendo iniciadas as primeiras
observações do céu, a olho nu, com a utilização de cartas celestes.

Conclusões

A execução deste trabalho é voltada inteiramente para um esforço crescente efetuado em favor do
ensino da Astronomia, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental até os anos finais de curso de
graduação de formação de professores, principalmente de Física, contemplando não só a fundamentação
teórica para isso, mas também a prática observacional, utilizando instrumentos ópticos, como os telescópios
construídos e binóculos e também observações a olho nu, adquirindo, por exemplo, noções de localização no
espaço, constelações da época, etc. Além disso, está sendo gerado material de apoio ao professor de ensino
médio e fundamental preparado pelos próprios alunos de Licenciatura, futuros professores de Física. Com
isto, acreditamos que este trabalho irá colaborar significativamente com a inserção da astronomia na
formação de docentes que, de acordo com a literatura, apresenta falhas que podem ser superadas com esforço
conjunto dos cursos de formação de professores, não só de Física, mas também de Biologia, Pedagogia e
Matemática, oferecidos pela Faculdade de Ciências de Bauru.

Referências
1) Reichen, C.A. – História da Astronomia. Editions Rencontre and Erik Nitsche
International, 1966.
2) Alarsa, F.; Faria, R.P.; Pimenta, A.P.; Marino, L.A.A., Oliveira, R.S.; Cardoso, W.T.
– Fundamentos de Astronomia, Papirus Livraria e Editora, 1966.
3) Neves, M.C.D.; Arguello, C.A. – A Astronomia de régua e compasso: de Kepler a
Ptolomeu, Papirus Livraria e Editora, 1986.
4) Laghi, R. – Dissertação de Mestrado: Um estudo exploratório para a inserção da
astronomia na formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental,
Unesp, FC, 2004
5) Mourão, R.R.F. – Manual do Astrônomo, 5 ed., Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor,
2001.
6) Scherman, J. e Viola, H.A. – Construccion de Telescópios – Manual para el
Aficionado, Associacion Argentina Amigos de La Astronomia, Buenos Aires, 1960.
7) Young, H.D., Freedman, R.A. – Física IV: Ótica e Física Moderna – Pearson
Education do Brasil, São Paulo, 2004.
8) Halliday, D., Resnick, R., Walker, J. – Fundamentos de Física 4: Ótica e Física
Moderna – Livros Técnicos e Editora Ltda, Rio de Janeiro, 1995.

Apoio: FUNDUNESP-PROEX

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