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36ª aula

Sumário:
Radiações ionizantes. Grandezas e unidades relativas às radiações. Aplicações

Radiações ionizantes

As radiações provenientes de desintegrações radioactivas têm energias


tipicamente da ordem do milhão de electrões-volt (MeV) e são radiações ionizantes.
Como a sua própria designação indica, são radiações que ionizam a matéria através da
qual passam, “arrancando” electrões aos átomos que a constituem. A passagem de
radiação ionizante deixa “rastos” de iões. As características geométricas destes rastos
(comprimento e espessura) dependem do tipo de radiação ionizante. Os sistemas vivos
muito sensíveis, como as células, podem ser irreversivelmente afectados pela passagem
de radiações ionizantes. Também certas componentes electrónicas muito sensíveis,
como alguns transístores, podem alterar-se devido à ionização produzida por radiações.
Para além da radiação nuclear − como a radiação alfa, beta e gama, há outras
radiações ionizantes como, por exemplo, os raios X, que podem ter origem nuclear mas
também origem atómica: um fotão de raios X é emitido quando se dá uma transição
electrónica de um estado excitado para um estado de energia mais baixa a que
corresponda uma diferença de energia da ordem do quilo-electrão-volt (keV). A
radiação de neutrões (igualmente de origem nuclear) também tem características
ionizantes. Os neutrões, por serem neutros, efectuam longos percursos na matéria,
interagindo com os núcleos sobretudo quando a sua energia é pequena (neutrões
térmicos). Em resultado desta interacção pode resultar a emissão de raios gama ou de
protões que ionizam a matéria ao atravessá-la.
O poder de penetração da radiação na matéria depende da sua energia: quanto
mais energética for a radiação, maior será o seu alcance. Contudo, diferentes radiações,
mesmo que tenham a mesma energia, penetram a matéria com alcances diferentes. Por
ordem crescente de penetração na matéria temos: 1) partículas alfa; 2) partículas beta
(electrões, positrões); 3) fotões (X e gama); 4) neutrões.
A tabela seguinte mostra o alcance de radiações de igual energia (1 MeV) em
tecidos moles.

Radiação Energia / MeV Alcance / cm


Alfa 1 0,001
Beta 1 0.4
Gama 1 15
Neutrões 1 100

O alcance das partículas alfa de 1 MeV é pequeno mas cresce à medida que a energia
das partículas aumenta. Por outro lado, as fontes emissoras de partículas alfa têm
tempos de meia-vida da ordem das centenas de anos o que as torna potencialmente
perigosas se forem ingeridas pois podem ficar alojadas numa parte do corpo, radiando
continuamente. Apesar de o alcance desta radiação ser pequeno, ela é muito destrutiva.
O problema não existiria (ou seria mais limitado) se as meias vidas fossem, no máximo,
da ordem de grandeza do dia.

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O poder de penetração depende, portanto, do tipo de radiação, da energia desta e,
obviamente, do material irradiado. Na Fig. 36.1 representa-se o alcance das partículas
alfa em função da sua energia para diferentes materiais. Esse alcance é muito distinto no
ar ou noutros materiais sólidos ou líquidos. Por isso, e por comodidade de
representação, utilizou-se uma escala vertical logarítmica.

Radiação α
100

Ar
10
alcance / cm

0,1
alumínio
água
0,01 chumbo

0,001
10 20 30 40
Energia / MeV

Figura 36.1

O alcance das partículas no ar é cerca de mil vezes maior (ordem de grandeza) do que
nos outros materiais referidos na figura. O chumbo absorve bem as partículas alfa: uma
chapa com meio milímetro de espessura absorve todas as partículas alfa até 40 MeV.
As partículas alfa provenientes de uma fonte monoenergética têm um
comportamento na matéria que se caracteriza por quase todas terem a mesma penetração
(ver Fig. 36.2).
Nº partículas α absorvidas
Número de partículas α

R0 x R0 x

Figura 36.2

Na parte esquerda da Fig. 36.2 representa-se o número de partículas alfa de uma dada
energia que atingem a profundidade x num material. Poderia acontecer que as partículas
fossem absorvidas à medida que o feixe penetrasse, diminuindo a sua intensidade. Não é
isto que se verifica. Quase todas atingem a profundidade designada na figura por R0 que
é, assim, o alcance médio das partículas. Claro que algumas não chegam a ter esse

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alcance mas outras até o ultrapassam. No lado direito da Fig. 36.2 mostra-se o número
de partículas alfa absorvidas pelo material em função da distância. Quase metade
ultrapassa a posição R0, mas são absorvidas quase imediatamente.
Este mesmo comportamento ocorre com iões pesados (outro nome que se dá aos
núcleos dos átomos) o que aconselha a sua utilização em terapia pois “desaparecem” em
zonas muito limitadas.
As partículas beta (electrões e positrões de origem nuclear) têm massa muito
menor do que a das partículas alfa e energias que podem ser muito maiores do que as
energias típicas com que as partículas alfa são emitidas. Quando atravessam a matéria,
as partículas beta têm trajectórias ziguezagueantes devido justamente à sua massa
diminuta. A sua massa pequena faz, por outro lado, que tenham uma penetração maior
do que as partículas alfa. Na Fig. 36.3 representa-se o alcance da radiação β− na água
alumínio e chumbo. Para uma melhor comparação, representa-se na mesma figura o
alcance das partículas alfa em água (a curva é a mesma da Fig. 36.1 mas notar as escalas
diferentes).

Radiação β
100
água
10 alumínio
alcance / cm

1 chumbo

0,1

α água
0,01

0,001
0,1 1 10 100 1000
Energia / MeV

Figura 36.3

Tal como na Fig. 36.1, utiliza-se na Fig. 36.3 uma escala vertical logarítmica; ao
contrário da Fig. 36.1, utilizamos agora uma escala horizontal também logarítmica pois
a banda de energia da radiação beta é muito maior do que a da radiação alfa. Dos
materiais referidos na figura, o chumbo é o que tem maior capacidade de absorção de
radiação beta. Para parar um feixe de electrões de 100 MeV é necessária uma placa de
chumbo com cerca de 1 cm de espessura.
Os fotões e os neutrões têm ainda maiores penetrações na matéria.

Grandezas e unidades relativas às radiações

Quando se pretende quantificar a radiação que é absorvida por um material,


define-se a chamada dose absorvida como a energia que é transferida pela radiação para
um quilograma de material:

E
D= , (36.1)
M

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onde D é a dose absorvida e E a energia depositada no material de massa M. A unidade
SI de dose absorvida é o joule por quilograma ou gray (símbolo Gy). O rad é uma
unidade também muito utilizada: 1 rad = 0,01 Gy. A designação “rad” vem de radiation
absorved dose.
Radiação com a mesma energia pode ter efeitos fisiológicos distintos. É que o
tipo (ou “qualidade”) da radiação também conta! Daí que se defina um “factor de
qualidade”, Q, tendo por base os efeitos produzidos num órgão ou tecido por uma certa
radiação e os efeitos produzidos por uma radiação de referência (raios X de 200 keV). A
chamada dose de radiação equivalente, que se representa por H, é a dose absorvida
ponderada pelo factor de qualidade dessa radiação: H = QD . Se houver
simultaneamente vários tipos de radiação, a dose equivalente é uma soma de parcelas
como esta:

H= Qi Di (36.2)
i

sendo a soma estendida a todas as diferentes radiações presentes. Na tabela seguinte


indicam-se os factores de qualidade para várias radiações

Radiação Factor de qualidade (Q)


Raios γ do 60C (1,17 a 1,33 MeV) 0,7
Raios γ de 4 MeV 0,6
Raios X de 200 keV 1
Partículas β 1
Protões (1 a 10 MeV) 2
Neutrões 2−10
Partículas α 10−20

A dimensão da grandeza “dose equivalente” é a mesma da de “dose absorvida”. No


entanto, para a dose equivalente utiliza-se, no SI, a unidade sievert (símbolo Sv). A
unidade rem, que não é do SI também se utiliza frequentemente, sendo 1 rem = 10−2 Sv.
Para além dos aspectos já considerados da absorção de radiação que poderemos
resumir nos termos “quanto?” e “do quê?”, há um terceiro aspecto que é igualmente
importante e tem a ver com “onde?”. Na verdade, diferentes órgãos ou diferentes
tecidos do organismo têm sensibilidades diferentes a uma mesma radiação. Por isso se
define a dose de radiação efectiva, , que é a dose equivalente pesada por um factor
adimensional, N, que depende do órgão ou tecido irradiado e o caracteriza. Para uma só
radiação e órgão ou tecido, = NQD [se houver várias radiações e/ou órgãos tem de se
somar tal como em (36.2)]. A unidade SI de dose de radiação equivalente é o sievert.
O homem tem de conviver com as radiações ionizantes. Por um lado há as
radiações naturais provenientes da radioactividade e também dos raios cósmicos. Por
outro lado, existem também numerosas fontes artificiais de radiação: aparelhos de raios
X, reactores nucleares, isótopos radioactivos que o próprio homem fabrica para
utilização em medicina, etc. Há organizações internacionais, nacionais e, por vezes,
regionais, vocacionadas para o estabelecimento não só das doses máximas permitidas
como também de monitorar instalações que operem ou onde existam radiações
ionizantes.

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Aplicações

A medicina é um dos muitos campos onde se utilizam radiações ionizantes. Essa


utilização faz-se em duas áreas: diagnóstico e terapêutica.
No diagnóstico clínico, os raios X são conhecidos de todos e é curioso assinalar
que a sua utilização em medicina ocorreu pouco tempo depois da sua descoberta. Por
outro lado, também já há muito tempo se utilizam “marcadores” radioactivos. Tratam-se
de substâncias radioactivas introduzidas no paciente. A detecção da sua actividade no
exterior permite monitorar a sua posição e os níveis de absorção. A técnica é já
relativamente antiga mas havia a desvantagem de não se disporem de muitos
radioisótopos adequados já que é muito importante que tenham tempos de meia-vida
curtos (mas suficientemente longos para permitir os exames médicos!). Com a
possibilidade de produção artificial de radioisótopos emissores de fotões com energia da
ordem de 150 keV e meia-vida da ordem de algumas horas, a utilização de marcadores
saiu muito beneficiada. Por exemplo, o iodo-131 (e mais recentemente o iodo-123) é
utilizado para estudar o funcionamento da tiróide e avaliar as suas disfunções.
A tomografia por emissão de positrões (PET) permite igualmente a obtenção de
imagens de uma região a partir da detecção de fotões que são emitidos dessa região.
Não se trata, porém, de fotões provenientes do decaimento de núcleos radioactivos
previamente administrados ao paciente.

Figura 36.4

De facto são administrados ao paciente radioisótopos emissores β + (positrões) com


tempos de meia-vida de alguns minutos (de 2 a 100 minutos, tipicamente). Os positrões
emitidos aniquilam-se com electrões do meio de acordo com a reacção

e + + e − → 2γ . (26.3)

Em resultado da aniquilação de um positrão por um electrão surgem dois fotões com


energias iguais a 511 keV e movendo-se em direcções opostas. Esta energia e o facto de
se moverem em direcções opostas tem a ver com o facto de o positrão e o electrão terem
pequena energia cinética comparativamente à sua energia em repouso me c 2 . A
conservação de energia no processo implica que cada fotão tenha uma energia igual a

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me c 2 (511 keV) e a conservação do momento linear implica que um fotão tenha a
mesma direcção do outro mas sentido oposto pois o momento linear inicial pode ser
considerado nulo. Cada reação como a (26.3) produz um par de fotões que são
detectados “em coincidência” temporal por detectores colocados em torno do paciente
(Fig. 36.4).
No campo da terapêutica os radioisótopos desempenham um papel importante.
As radiações gama e X são as mais utilizadas e o cobalto-60 uma das fontes mais
usadas. No futuro, a radiação produzida em aceleradores de partículas (radiação de
sincrotrão) irá, substituir em muitos casos as fontes tradicionais. Também a terapia com
hadrões (neutrões, protões, etc.) e iões pesados (núcleos de carbono, por exemplo) virá a
ter uma importância crescente. A vantagem está no facto de a energia das radiações de
hadrões se depositar numa região limitada, na parte final do percurso no organismo.
Desta maneira pode-se confinar a dose à região a tratar, poupando-se os tecidos das
regiões vizinhas. A situação é idêntica à que vimos atrás para as partículas alfa (Fig.
36.2).
As radiações têm aplicação noutros campos como a agricultura. Por exemplo,
com marcadores radioactivos pode-se compreender melhor a acção de adubos e
pesticidas. Por outro lado, a irradiação de sementes permite induzir mutações genéticas
com consequências que podem ser positivas na produção de alimentos. Este assunto,
que é de grande actualidade, tem, como é sabido, dado origem a grandes polémicas.
No campo da indústria e da ciência dos materiais, a utilização de radiação é
abundante e de muito vantajosa (detecção de defeitos em materiais, verificação dos
níveis de desgaste de peças, etc.)

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