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Sumário:
Bioelectricidade: fenómenos eléctricos nas células. Resistência e capacidade
membranares. Potencial membranar e bomba de sódio-potássio.
Figura 20.1 [Figura retirada do livro J.W. Kane, M.M. Sternheim, Physics, 3rd ed. John Wiley
& Sons, New York (1988)]
1
Resistência e capacidade membranares
ρ
R= (20.1)
πr 2
onde ρ é a resistividade do material e o comprimento do condutor. O raio do axónio
é cerca de 5 micrómetros,
r = 5 × 10 −6 m (20.2)
e a resistividade do axoplasma é
ρ =2 m. (20.3)
Figura 20.2 [Figura retirada do livro J.W. Kane, M.M. Sternheim, Physics, 3rd ed. John Wiley
& Sons, New York (1988)]
2
Tanto no interior do axónio como no seu exterior há iões em solução − como
veremos com mais pormenor na próxima secção − havendo acumulação de cargas
eléctricas nas duas faces desta membrana: negativas no lado de dentro e positivas no
lado de fora. A membrana deve ser vista como um condensador. Ora, a membrana em
volta do axoplasma é tão fina que uma pequena secção pode ser considerada plana. E
como a capacidade de um condensador é proporcional à área [ver expressão (15.13) da
15ª aula para o caso de um condensador plano], se designarmos por C m a capacidade
média da membrana por unidade de área (ver Fig. 20.2 c), a capacidade da membrana é
C = C m 2πr (20.4)
O facto de haver mielina faz aumentar a distância entre as "placas" do condensador com
a consequente diminuição da sua capacidade [ver de novo a já referida expressão
(15.13)].
Uma outra propriedade eléctrica do axónio que importa identificar está ligada à
resistência da membrana à passagem de corrente do interior para o exterior, ou seja, do
axoplasma para o fluido intersticial. O facto de esta resistência não ser infinita resulta na
existência de uma "corrente de fuga" entre o interior e o exterior (ver figura 20.2 b).
Esta resistência é expressa em termos de um parâmetro Rm que é a resistência média da
membrana de área unitária (exprime-se, portanto, em ohms metro quadrado). A
resistência membranar, R' , para o comprimento de um axónio é, portanto,
Rm
R' = (20.6)
2π r
o que resulta em R ' = 6,4 × 10 5 por centímetro (axónio sem mielina), valor muito
menor do que o encontrado para R! A corrente que entra no axónio perde-se facilmente
através da membrana!
É importante conhecer o valor do comprimento para o qual R = R' . Este
comprimento, λ , é, digamos, um parâmetro espacial que nos indica a distância
percorrida pela corrente eléctrica num axónio antes de se ter perdido através da
membrana. Igualando as eqs (20.1) e (20.6), e definindo λ = encontramos a expressão
rRm
λ= ; (20.8)
2ρ
3
usando os valores típicos (20.2), (20.3) e (20.7) obtemos os seguintes valores típicos:
R' C membrana
interior da célula
axoplasma R
Figura 20.3
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for menor. Esta difusão (deslocamento passivo) é comum a todas as partículas que
existam em concentrações diferentes em regiões contíguas entre as quais possa haver
trânsito de partículas. Para além da diferença de concentração e da permeabilidade da
membrana a essa espécie iónica, tem igualmente de se considerar o movimento passivo
devido ao campo eléctrico no interior da membrana − que é o campo eléctrico entre as
placas de um condensador − que aponta do lado das cargas positivas (o exterior) para o
lado onde estão as cargas negativas (o interior). Assim, este campo “facilita” a
passagem de iões positivos do exterior para o interior e de iões negativos do interior
para o exterior mas “dificulta” o trânsito em sentido oposto. A Fig. 20.4 mostra, em
esquema, as concentrações de iões sódio, cloro e potássio e as correntes através da
membrana devido às diferentes concentrações (correntes Ic) e à diferença de potencial
de repouso (correntes Ip).
Na+
Na+
Na+ Na+
exterior
Na+ Na+ Na+
Ic Ip
membrana + + + + + +
− − − − − −
Na+ E
interior Na+
Cl− Cl−
Cl−
exterior Cl−
Cl− Cl−
Ic Ip
membrana + + + + + +
− − − − − −
Cl− Cl−
E
interior
K+
exterior K+
Ic Ip
membrana + + + + + +
− − − − − −
K+ K+ K+ E
interior K+
K+ K+ K+
Figura 20.4
5
A equação de Nernst permite obter a diferença de potencial que "equilibraria" o
efeito da diferença de concentração. Essa equação, cuja dedução está fora do âmbito
deste curso introdutório, escreve-se1
ci
V ≈ −61 log (mV), (2.9)
ce
1
A expressão (2.9) está escrita para iões positivos. Para iões negativos tem-se o simétrico.