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Sumário:
Campo eléctrico criado por um plano uniformemente carregado. Condutores e
distribuição de carga num condutor em equilíbrio electrostático. Campo eléctrico junto
de um condutor.
P'
Figura 13.1
Além de ser perpendicular ao plano, a uma certa distância d deste o campo deve ter o
mesmo valor, como mostra a Fig. 13.2. Não importa que o ponto esteja mais para cima
ou mais para baixo, mais para a esquerda ou mais para a direita. Quanto muito, a
intensidade do campo dependerá da distância do ponto ao plano (mas veremos que nem
isso!).
Na Fig. 13.2 O plano carregado, que é perpendicular ao plano do papel (ou do
ecrã do monitor!) está representado pela linha vertical.
1
plano
+ E
−d d x
+
Figura 13.2
Vamos considerar como superfície de Gauss um cilindro cuja área da base é A e altura
L = 2d , com o seu eixo perpendicular ao plano e colocado simetricamente em relação
ao plano, como se mostra na Fig. 13.3. As bases do cilindro ficam paralelas ao plano e à
mesma distância deste, de um lado e do outro lado do plano.
Q=σΑ
Α
E
Α
Figura 13.3
2
Independentemente do valor do campo eléctrico, o fluxo do campo eléctrico através da
superfície lateral do cilindro é nulo pois o campo é tangente a essa superfície. O fluxo
através de cada uma das bases é o produto do campo (uniforme em todos os pontos de
cada uma das bases) pela área da base, A, ou seja, este fluxo é EA. Como há duas bases
e o fluxo é o mesmo para cada uma das bases (notar que o versor em dA na expressão
seguinte aponta sempre para o exterior), temos
E ⋅ dA = E ⋅ dA + E ⋅ dA = 0 + 2 EA . (13.1)
cilindro sup. bases
lateral
Por outro lado, este fluxo é igual à carga encerrada pelo cilindro, Q = σA , a dividir por
ε 0 (lei de Gauss) o que permite escrever
σA
2 EA = (13.2)
ε0
e portanto
σ
E= . (13.3)
2ε 0
Para a região x > 0 (ver Fig. 13.2) o campo eléctrico é dado por
σ ˆ
E= i. (13.4)
2ε 0
Para x < 0 o campo aponta no sentido oposto. Este resultado não depende de d
(distância da base do cilindro ao plano) o que quer dizer que o campo eléctrico é
uniforme de cada lado do plano (embora aponte em sentidos opostos de um e do outro
lado do plano).
3
Gauss são interiores ao condutor e, dado que não há cargas no interior tem-se, da lei de
Gauss,
E ⋅ dA = 0 . (13.5)
S
Esta expressão verifica-se para toda e qualquer superfície de Gauss interior ao condutor.
Resta pois concluir que E = 0 em todos os pontos do interior do condutor. Este
resultado é consistente com o obtido na aula anterior para uma esfera oca (Fig. 12.3).
S2
S1 S3 condutor
Figura 13.4
Em resumo: quando se colocam cargas num condutor isolado estas deslocam-se para a
superfície do condutor, e é nulo o campo resultante desta distribuição das cargas no
interior do condutor.
A distribuição de cargas à superfície do condutor em equilíbrio electrostático
não tem só como consequência o anulamento do campo no interior. Tem outras
consequências.
Sabemos que as linhas do campo são perpendiculares às superfícies
equipotenciais. As linhas de campo (do lado de fora) são necessariamente
perpendiculares à superfície do condutor. Se não fossem perpendiculares, o campo
eléctrico teria uma componente tangencial, E t (Fig. 13.5), o que originaria uma força
tangencial sobre as cargas à superfície, deslocando-as. O condutor deixaria, pois, de
estar em equilíbrio electrostático. Assim, a única maneira de as cargas estarem imóveis
é o campo eléctrico apontar perpendicularmente à superfície do condutor. Ora, se o
campo eléctrico é perpendicular à superfície do condutor, a circulação de E ao longo de
qualquer trajecto sobre essa superfície será sempre nula. A superfície do condutor é,
portanto, uma superfície equipotencial.
En
E E
Et
Figura 13.5
4
Como a superfície do condutor em equilíbrio electrostático está ao mesmo potencial e o
campo eléctrico é nulo no seu interior, da Eq. (9.12),
∆V = − E ⋅ dl , (13.6)
AB
E(r ) = 0
no interior do condutor (13.7)
V ( r ) = C te
Et (r ) = 0
à superfície do condutor (13.8)
V ( r ) = C te
∆A
∆A
condutor
Figura 13.6
5
parte de cima do cilindro, que está infinitesimalmente próxima do condutor, mas não lhe
toca, o fluxo é E∆A pois o campo é normal à superfície do topo superior do cilindro
que tem área ∆A . O fluxo total é, portanto,
Φ = E ∆A . (13.9)
∆A σ
Usando agora a lei de Gauss, Φ = Q / ε 0 , resulta E ∆A = e, finalmente,
ε0
σ
E= . (13.10)
ε0