Historia 97
Esbozo de su Visión de la Administración Pública
Don Valentín
Letelier Madariaga
N o h a s i d o t a r e a f á c i l e l a b o ra r u n
t r a b a j o s o b r e d o n Va l e n t í n L e t e l i e r
Madariaga, en par ticular acerca de su
v i s i ó n y g e s t i ó n e n l a A d m i n i s t ra c i ó n
Pública de nuestro país en el impor tan-
te período histórico en el que a este
e m i n e n t e c h i l e n o l e c o r r e s p o n d i ó v i v i r,
c o n e l o b j e t o d e d e s t a c a r s u c o n t r i bu -
ción tanto a su estudio teórico como a
su desarrollo práctico. La dificultad más
evidente fue encontrarse con un perso-
n a j e c o m o L e t e l i e r, c u yo g e n i o s e ex -
p r e s ó e n t a n va r i a d o s y d i fe r e n t e s t e -
m a s, c o n u n b r i l l o y p e r s p e c t i va d e f u -
t u r o c o m o n o e s c o m ú n e n c o n t ra r e n
nu e s t ra h i s t o r i a y c o m o s u vo c a c i ó n d e
s e r v i d o r p ú bl i c o t ra s p a s a m u c h a s d e
ellas.
ES LETELIER UN FILÓSOFO, UN
MAESTRO, UN JURISTA, UN POLÍTICO
No solamente fue idealista, sino un
hombre de acción. En todos los cam-
pos en los que actuó, dejó una huella
i m b o r ra bl e d e s u a c t i v i d a d , a t r av é s d e
l a s nu m e r o s a s o b ra s q u e d i o a l a p u -
blicidad.
C o m o p o l í t i c o, s e c u e n t a c o n nu -
merosos ar tículos de prensa que escr i-
* Administrador Público, Candidato a Magíster en Ciencia Política. Universidad Católica. Director de
Asuntos Administrativos Ministerio de Relaciones Exteriores.
Claudio Henríquez Arce*
b i ó y d i s c u r s o s q u e p r o nu n c i ó a c e r c a
d e l o s m á s va r i a d o s t e m a s s o c i a l e s,
p o l í t i c o s y e c o n ó m i c o s.
C o m o f i l ó s o fo, j u r i s t a y e d u c a d o r,
su legado es de una calidad intelectual
notable y se manifiesta en obras didác-
ticas como «La Génesis del Estado»,
« L a G é n e s i s d e l D e r e c h o » , « L a E vo l u -
ción de la Historia» y su «Filosofía de
la Educación».
En el campo estrictamente jurídi-
c o, s u c o l e c c i ó n d e d i c t á m e n e s e m i t i -
dos desde su cargo de Fiscal del Tr ibu-
n a l d e C u e n t a s, c o n s t i t u ye n u n e j e m -
plo de claridad y de correcta y ajusta-
d a i n t e r p r e t a c i ó n d e l a l ey.
Este Tr ibunal de Cuentas será pos-
ter ior mente uno de los elementos cons-
t i t u t i vo s d e l a a c t u a l C o n t ra l o r í a G e n e -
ra l d e l a R e p ú bl i c a .
ES LETELIER UN PRECURSOR, UN
HOMBRE CON VISIÓN DE FUTURO
Ello se aprecia en su actuación po-
l í t i c a , ya q u e e s u n o d e l o s p r i m e r o s
d e n t r o d e l ra d i c a l i s m o c h i l e n o e n p l a n -
t e a r l a c u e s t i ó n s o c i a l , ex p o n i e n d o e n
las convenciones de su par tido los pos-
t u l a d o s d e m e j o ra m i e n t o s o c i a l y e c o -
98 ESTADO, GOBIERNO, GESTIÓN PÚBLICA. Revista Chilena de Administración Pública
nómico de las clases pobres como res-
p o n s a b i l i d a d d e l E s t a d o.
Como educador, desde los años en
q u e s e p u bl i c a s u « F i l o s o f í a d e l a E d u -
cación» hasta los años en que asume
l a R e c t o r í a d e l a U n i ve r s i d a d , s u o b ra
e s d e u n a t ra s c e n d e n c i a n o t a bl e, i m -
pulsando la creación del Instituto Peda-
gógico, unidad académica decisiva en la
for mación de profesores de enseñanza
media, en la instrucción de la mujer, etc.
Como Fiscal del Tr ibunal de Cuen-
tas, sus dictámenes per miten calificar-
lo como un hombre de notables cuali-
dades de jur ista acucioso y sensato. Es
en esta mater ia en la que el calificativo
de precursor es más apropiado, al luchar
fir memente por la total independencia
del Tribunal de Cuentas, como poder fis-
calizador y contralor de los demás Po-
deres Públicos y organismos fiscales.
N a c e d o n Va l e n t í n L e t e l i e r M a d a -
r i a g a e n l a p r ov i n c i a d e L i n a r e s. S u s
padres son don Gregor io Letelier, agr i-
c u l t o r d e M a u l e, y d o ñ a Tr á n s i t o M a d a -
r i a g a , d e a s c e n d e n c i a va s c a . L a fa m i -
l i a L e t e l i e r e ra d e a s c e n d e n c i a f r a n c e -
s a y s u o r i g e n g a l o va s c o p r o p o r c i o n a
algunos de los perfiles de su carácter :
t e n a z e n e l t r a b a j o, s e g u r i d a d e n s í
m i s m o, t e n d e n c i a h a c i a e l a i s l a m i e n t o
y p a r c o e n e l t ra t o.
I n i c i a s u s e s t u d i o s e n Ta l c a , t r a s -
ladándose al Instituto Nacional al em-
pezar el segundo año de humanidades,
en una época en que el director es don
Diego Barros Arana, aprovechando por
t a n t o t o d a l a r e n ova c i ó n e d u c a c i o n a l
i m p l a n t a d a p o r é s t e.
Es en este período cuando inicia
s u c a r r e ra d e e s c r i t o r a t rav é s d e c o m -
posiciones de poesía y prosa.
En 1872 es nombrado Inspector
d e l I n s t i t u t o, c a r g o q u e a b a n d o n a d e s -
pués para desempeñarse en la cátedra
d e H i s t o r i a e n e l C o l e g i o A m e r i c a n o.
Recibe su título de abogado en
1 8 7 5 . E n e l t ra n s c u r s o d e s u s e s t u d i o s
VoI.II Nº4
de leyes hace clases en establecimien-
t o s d e e n s e ñ a n z a p a r t i c u l a r, l o q u e l e
permite subsistir modestamente y fi-
n a n c i a r s u s e s t u d i o s, d a d o q u e p e r t e -
n e c í a a u n a fa m i l i a mu y nu m e r o s a y d e
r e c u r s o s e c o n ó m i c o s e s c a s o s.
Ese mismo año, titulado de aboga-
do se radica en Copiapó, desempeñán-
d o s e c o m o p r o fe s o r e n l a s c á t e d ra s d e
L i t e ra t u ra y F i l o s o f í a e n e l L i c e o d e d i -
cha ciudad.
Durante su per manencia en Copia-
pó, tiene una intensa actividad perio-
d í s t i c a c o l a b o ra n d o c o n e l d i a r i o « E l
Atacama», hasta llegar a ser su direc-
tor, escr ibiendo numerosos ar tículos de
l o s m á s d i ve r s o s t e m a s.
E n n ov i e m b r e d e 1 8 7 8 r e g r e s a a
Santiago.
Su destacada labor en Copiapó y
s u d e d i c a c i ó n a l e s t u d i o i n f l u ye n p a r a
que sus amigos en esa ciudad decidan
elegirlo diputado por los depar tamen-
t o s d e C o p i a p ó y C a l d e ra .
En el inter tanto ejerce libremente su
profesión de abogado en Santiago, des-
plegando sus atributos como escritor, lo
que se manifiesta en sus ar tículos en los
diar ios «Los Tiempos», «Las Noveda-
des» y «El Heraldo» de Santiago.
Al poco tiempo, se le ofrece la opor-
tunidad de viajar a Europa, permanecien-
do en Berlín como Secretario de la Dele-
gación de Chile, bajo las órdenes de su
padre político, don Guillermo Matta, Mi-
nistro Plenipotenciario. Durante su esta-
día en dicho país, se dedica a estudiar
diversos aspectos de la realidad alema-
na, en particular, su sistema educacional.
D e r e gr e s o e n C h i l e, s e h a c e c a r -
g o d e l a p u bl i c a c i ó n p o r c u e n t a d e l E s -
tado de las «Sesiones de los Cuer pos
L e g i s l a t i vo s d e s d e 1 8 1 1 a 1 8 4 5 » , q u e
c o n s t a d e m á s d e 2 5 vo l ú m e n e s.
En 1888 vuelve a la Cámara de Di-
putados como representante de Talca y
es designado profesor de la cátedra de
Derecho Administrativo, poco después
2003-2004

del triunfo de la Revolución de 1891, que
ter mina con el gobier no del Presidente
Balmaceda.
Es en esa misma época que se le
d e s i g n a c o m o F i s c a l d e l Tr i bu n a l d e
Cuentas, dedicándose de lleno a las le-
t ra s, e s c r i b i e n d o b r i l l a n t e s a r t í c u l o s y
libros de tendencia filosófica positivis-
t a . P u bl i c a o b ra s m a g i s t ra l e s q u e f u e -
r o n mu y p o l é m i c a s e n s u t i e m p o t a l e s
c o m o « L a C i e n c i a Po l í t i c a e n C h i l e » ,
« F i l o s o f í a Po s i t i va » , « F i l o s o f í a d e l a
Educación», «La Ciencia del Derecho»,
«Génesis del Derecho», «Génesis del
Estado y de sus Instituciones Funda-
mentales», «La Ciencia del Derecho
Administrativo», «Descentralización
A d m i n i s t r a t i va » , « L a E n s e ñ a n z a d e l
D e r e c h o A d m i n i s t ra t i vo » .
Esta extensa y valiosa obra rodean
su nombre de prestigio de sabio y reno-
vador de viejas tendencias y, por esta
razón, su candidatura para Rector de la
Universidad de Chile genera polémica,
que se disipará cuando en el desempe-
ño de su cargo demuestre una conduc-
ta respetuosa, imparcial y científica.
Fa l l e c e d o n Va l e n t í n L e t e l i e r e n
S a n t i ag o , e n 1 9 1 9 .
ES LETELIER UN PENSADOR
INFLUENCIADO POR EL POSITIVISMO
FRANCÉS DE COMTE Y LITTRÉ
El objeto de sus obser vaciones fue
siempre la sociedad como un todo ar-
m ó n i c o y o r g á n i c o, e n e l c u a l l a s i n s t i -
tuciones políticas, jurídicas o educacio-
n a l e s, s i a p a r e c e n c o m o f u n c i o n e s d i -
fe r e n t e s , s e d i r i g e n e n c a m b i o h a c i a
una misma finalidad, que no es otra que
l a l i b r e ex p r e s i ó n d e l i n d i v i d u o d e n t r o
de un conjunto social a cuyo desarrollo
el mismo individuo está en el deber de
c o n c u r r i r. E l h o m b r e e s e n t o d a s p a r -
tes y por sobre todo un producto social.
Cuando una de las ciencias socia-
les enfoca a los hombres desde el pun-
Historia 99
to de vista par ticular que le interesa,
su posición sería falsa si no considera-
s e a l a ve z q u e l a v i d a d e r e l a c i ó n d e
esos hombres entre sí no cabe en el
objeto que tal ciencia se propone, pues
e n l a r e a l i d a d e s mu c h o m á s va r i a d a y
compleja.
Así, la Ciencia del Derecho toma
a los hombres en sus relaciones recí-
procas o en sus relaciones con el Es-
t a d o, r e g i d a s p o r l a s l eye s o n o r m a s
c o e r c i t i va s, p e r o l o s h o m b r e s d e s a r r o -
llan actividades diferentes al margen de
esas leyes, son prácticas y usos socia-
les que ningún código determina, por
l o q u e l a C i e n c i a d e l D e r e c h o n o l o gra
reducir a sus dominios a toda la vida
social, por lo que necesita mantenerse
en contacto con las demás ciencias
congéneres.
Por tanto, no se puede desconocer
la existencia del hombre integral y com-
plejo de la realidad.
Las ciencias se han hecho enton-
c e s p a ra o b s e r va r a l h o m b r e t a l c o m o
es, no fragmentado sino completo en su
v i d a d e r e l a c i ó n c o n l o s d e m á s.
E s t a v i s i ó n d e r i va e n t e ra m e n t e d e
l a f i l o s o f í a p o s i t i va q u e s e a p o d e ra d e
s u s fa c u l t a d e s d e s d e t e m p ra n a e d a d .
Ya e n s u e s t a d í a e n C o p i a p ó d e -
b i ó , p a ra s e r v i r d i g n a m e n t e l a C á t e d ra
d e F i l o s o f í a , e s t u d i a r e l gra n s i s t e m a
d e Au g u s t o C o m t e.
En esta ciudad, en junio de 1875,
e l d i a r i o « E l A t a c a m a » p u bl i c a s u e s -
t u d i o t i t u l a d o « E l Po d e r M u n i c i p a l o l a
D e s c e n t ra l i z a c i ó n A d m i n i s t ra t i va » , d e -
dicada a las Municipalidades de
C o p i a p ó y Ta l c a .
El ensayo descr ibía el régimen co-
mu n a l d e E s p a ñ a , a s í c o m o l o q u e h a -
bía sido en sus colonias en América.
C o m p a ra b a e s t e r é g i m e n c o n e l d e l a s
colonias inglesas y señalaba la supe-
rioridad de este último desde el punto
de vista de los intereses locales, de los
intereses nacionales y de las liber tades
100 ESTADO, GOBIERNO, GESTIÓN PÚBLICA. Revista Chilena de Administración Pública
públicas. En su concepto la comuna tenía
necesidades propias que no siempre po-
dían ser contempladas oportunamente por
la política general y los gobiernos centra-
lizados. Las comunas requerían más ad-
ministración que política, buenos servicios
públicos.
El municipio era una herramienta de
progreso y las autoridades con atribucio-
nes propias y sometidas al control de los
ciudadanos serían más responsables, efi-
caces y garantizarían mejor los derechos
de cada individuo.
Esta publicación era la memoria es-
crita en Santiago meses antes para op-
tar a la Licenciatura en Leyes y Ciencias
Políticas.
La emancipación de la mujer median-
te una educación adecuada ya es uno de
sus temas favoritos.
De regreso de Alemania, de donde
llega con un gran conocimiento del siste-
ma educacional prusiano, propone la re-
forma de la Facultad de Leyes y Ciencias
Políticas, para «formar una burocracia ilus-
trada y disciplinada científicamente, de la
cual los escogidos habrían de desviarse
para consagrar al servicio público todos
sus esfuerzos».
Proponía que la Escuela dividiera sus
cursos para corresponder a tres finalida-
des diferentes: 1º política y diplomacia; 2º
administración y estadística; 3º abogacía
y judicatura.
En 1888, Letelier inicia su Curso de
Derecho Administrativo.
ESTA ES SU CONCEPCIÓN
El derecho administrativo debía con-
siderarse en las dos formas que lo consti-
tuyen: como precepto y como ciencia.
En el primer caso, está contenido en
las leyes, decretos, reglamentos, ordenan-
zas e instrucciones que dicta todo Estado
para la organización y funcionamiento de
sus servicios públicos. Algunas de estas
disposiciones estructuran los servicios,
VoI.II Nº4
otras determinan las relaciones de subor-
dinación de los funcionarios entre sí, y
otras señalan los deberes y prerrogativas
de estos empleados.
Como ciencia, el Derecho Administra-
tivo investiga los principios generales en
que la función social del Estado se funda
y aquellas según los cuales esta función
debe ser organizada. Así, el precepto nor-
ma la conducta y la ciencia el criterio.
Como derecho positivo, el conoci-
miento de la administración pública en sus
diferentes ramas interesa a todos los ciu-
dadanos.
Respecto de la ciencia de la Admi-
nistración Pública, de poco sirve el cono-
cimiento de las normas legales y regla-
mentarias si no se tiene la información de
los principios jurídicos en que ellas des-
cansan.
La par te científica abarcará los prin-
cipios generales, el origen de las institu-
ciones, los elementos del arte de adminis-
trar y los límites de la acción del Estado.
La innovación del curso residía en el
método. «En materias sociales, decía, el
conocimiento se ha formado sobre la base
del estudio de los orígenes». Las socie-
dades y las instituciones no parecen ser
un fenómeno natural, sino cuando se es-
tudia su desenvolvimiento desde su esta-
do embrionario.
Por ejemplo, respecto del estudio del
sistema de provisión de cargos públicos,
lo que debía hacerse era examinar los di-
ferentes sistemas puestos en práctica des-
de la antigüedad por los pueblos más ade-
lantados, conocer el por qué uno había
prevalecido sobre otro, los resultados ob-
tenidos y luego la manera como se había
hecho esa provisión en Chile.
Para Letelier, la administración pú-
blica se desenvuelve a parejas con la so-
ciedad. Sus instituciones no son el resul-
tado del capricho de un estadista o de un
gobierno. Surgen dónde y cuando las ne-
cesidades colectivas las reclaman. Esto
es tan, cier to, que la evolución de cual-
2003-2004

quier sociedad organizada puede obser-
varse a través de su derecho administra-
tivo practicado.
La función primordial del Estado con-
siste en satisfacer las necesidades socia-
les que en determinado momento se ha-
gan sentir y, en todo caso, su acción está
condicionada por el medio.
Así puede la ley instituir el registro
civil, pero no hacer que la masa proletaria
de la población inscriba el nacimiento de
sus hijos.
La verdadera norma de la acción ad-
ministrativa hay que buscarla en las ca-
racterísticas propias de cada pueblo, en
su grado de cultura, en sus costumbres,
en sus tendencias ideológicas, en su tem-
peramento en cuanto constituye su per-
sonalidad colectiva. El Estado, la Socie-
dad y el Derecho crecen, prosperan o
decaen paralelamente en una invariable
penetración recíproca. El Estado es la ins-
titución social por excelencia y el Dere-
cho no es una fuerza externa que afianza
el orden, y la estabilidad social, sino que
es una simple manera de ser de la socie-
dad misma.
Si por cualquier motivo la sociedad
cambia en su estructura o en sus condi-
ciones de vida, las relaciones jurídicas y
las formas del Estado en que ellas se con-
tienen también cambian. Sociedad, Esta-
do, Derecho, son pues tres términos con-
currentes en un mismo proceso evolutivo.
Establecida la base científica del de-
recho público, podía entonces definirse la
teoría general de la administración y des-
lindarse el campo de sus aplicaciones.
Es preciso clarificar lo que se entien-
de por Administración Pública e insistir en
no confundirla con el Gobierno. Esta con-
fusión es común y proviene de que en el
período embrionario de los Estados, unas
mismas personas desempeñan las funcio-
nes políticas y las administrativas; pero en
el período de pleno desarrollo de los Es-
tados modernos gobernar ha llegado a ser
una función diferente de la de administrar.
Historia 101
Gobernar es ejercer la potestad polí-
tica para mantener el orden interno, las
garantías constitucionales, la integridad
territorial y las relaciones con los demás
Estados. Es ejercer la autoridad constitu-
tiva de todos los servicios públicos y la au-
toridad inspectiva sobre los funcionarios
encargados de ellos. Por esta facultad el
Gobier no reglamenta esos ser vicios y
nombra, amonesta, traslada, suspende y
destituye empleados.
Todos estos actos se resuelven en
decretos. Gober nar es todavía fijar los
rumbos generales de la actividad del Es-
tado e impulsar intereses comunes.
Gobernar, en suma, lleva envuelta
la idea de poder y mando.
Administrar, en cambio, no implica
propiamente el ejercicio de ninguna auto-
ridad, si no es la indispensable para el
mantenimiento de la disciplina interna de
cada repar tición pública.
Los empleados de aduanas, co-
rreos, tesorerías, hospitales, escuelas,
no tienen ninguna potestad de mando,
cautelan intereses y prestan ser vicios
especiales, confor me a la naturaleza de
cada institución.
Dependen del Gobierno, pero no es-
tán subordinados a ningún fin político. Su
misión es atender por cuenta del Estado a
la satisfacción inmediata de necesidades
públicas previstas. Esto es administrar.
La Administración lleva envuelta la
idea de servir a la sociedad y al Estado
también, pero no a un determinado régi-
men político o Gobierno.
A m ayo r a bu n d a m i e n t o, e l G o b i e r -
n o o r d e n a y l a A d m i n i s t ra c i ó n e j e c u t a .
E l g o b i e r n o o r g a n i z a l o s s e r v i c i o s, l a
A d m i n i s t ra c i ó n l o s e j e c u t a . E l G o b i e r -
n o n o m b ra y e l e m p l e a d o d e s e m p e ñ a
l a f u n c i ó n q u e l e c o r r e s p o n d e.
Cuando el Gobierno decide la cons-
trucción de una línea férrea y la manda
ejecutar realiza un acto político, pero el
trabajo de constr uir la y la explotación
posterior son actos administrativos.
102 ESTADO, GOBIERNO, GESTIÓN PÚBLICA. Revista Chilena de Administración Pública
ESTA ERA LA TEORÍA SUSTENTADA
POR LETELIER EN SU CÁTEDRA
En junio de 1902, el Rector de la
Universidad reunió un grupo de profeso-
res, personas afectas a la educación pú-
blica, para ocuparse de la Celebración
de un Congreso General de Enseñanza.
A Letelier le correspondió presidir el Co-
mité organizador de la Sección de Ense-
ñanza Universitaria y Profesional.
El apor te de Letelier fue la presen-
tación de las «Bases Generales de re-
organización de la Enseñanza Nacio-
nal» bajo una sola dirección y confor me
a las disposiciones contenidas en los ar-
tículos 144 y 145 de la Constitución.
El estudio se refería a las disposiciones
constitucionales que ordenaban al Gobierno
dedicar atención preferente a la enseñanza
pública y establecer una Superintendencia
del ramo bajo su autoridad.
El ar tículo 144 de la Constitución de
1833 prescribía: «La educación pública es
una atención preferente del gobierno».
El 1º de octubre de 1906 asume
Letelier el cargo de Rector de la Uni-
ve r s i d a d , m e r e c i e n d o s u d e s e m p e ñ o,
elogios de todos los sectores del país
p o r s u p o n d e ra c i ó n y c r i t e r i o.
D e s d e 1 8 9 1 h a s t a 1 9 1 8 , D o n Va -
lentín Letelier ocupa el cargo de Fiscal
d e l Tr i bu n a l d e C u e n t a s.
SON 27 GRUESOS VOLÚMENES
QUE REFLEJAN SU ABNEGADA Y
DEDICADA LABOR
La colección está dispuesta en or-
d e n c r o n o l ó g i c o y d o s vo l ú m e n e s c o n -
t i e n e n u n í n d i c e a l fa b é t i c o y a n a l í t i c o
q u e p e r m i t e s e g u i r a ñ o p o r a ñ o, l a l a -
bor realizada con el sumario doctrinal
de cada pieza.
El Tribunal de Cuentas era una ins-
t i t u c i ó n a d m i n i s t ra t i va y j u d i c i a l , c r e a -
da por ley el 20 de enero de 1888, para
e l « ex a m e n y j u z g a m i e n t o d e t o d a s l a s
VoI.II Nº4
cuentas que deban rendir los emplea-
d o s y l o s e s t a bl e c i m i e n t o s o p e r s o n a s
q u e a d m i n i s t r e n , r e c a u d e n o i nv i e r t a n
va l o r e s f i s c a l e s o d e b e n e f i c e n c i a p ú -
bl i c a y e n g e n e ra l , l a s d e l o s q u e p o r
leyes especiales deban rendir sus
c u e n t a s a l Tr i bu n a l » .
Constaba de dos secciones, una en-
cargada del examen de las cuentas y la
otra del juzgamiento de las mismas. Esta
última se llamaba Cor te de Cuentas y se
componía de un Presidente, tres Minis-
tros, un Fiscal y un Secretario Relator.
Controlaba también a los poderes
públicos en cuanto a la legalidad de los
g a s t o s e fe c t u a d o s p o r s u o r d e n . Pa s a -
b a a l C o n gr e s o l a c u e n t a a nu a l d e i n -
ve r s i ó n q u e e l E j e c u t i vo d e b í a p r e s e n -
t a r, a j u s t a d a a l a l ey d e p r e s u p u e s t o s
y a las leyes especiales que habían au-
t o r i z a d o l o s g a s t o s.
En fin, ejercía un papel de control
tanto financiero como de legalidad para
t o d a l a a d m i n i s t ra c i ó n p ú bl i c a .
Como Fiscal, Letelier debió abar-
c a r e n s u s v i s t a s l a s m á s va r i a d a s m a -
t e r i a s d e l a A d m i n i s t ra c i ó n P ú bl i c a y
mu c h a s ve c e s s e r e f i r i e r o n a A c t o s d e l
Gobierno con el ánimo de mantenerlo
d e n t r o d e l a e s fe ra d e s u c o m p e t e n c i a .
El proceso de descentralización
a d m i n i s t ra t i va q u e s e h a d e s a r r o l l a d o
e n C h i l e, f u e ya e s b o z a d o y p r o p i c i a d o
por Letelier en el año 1896.
Considerando la complejidad y ex-
tensión de los ser vicios públicos, se ha-
b í a h e c h o c a s i i m p o s i bl e q u e u n M i n i s -
tro de Estado pudiera imponerse de to-
das las necesidades de su depar tamen-
to, averiguar los antecedentes persona-
les de los candidatos a cargos públicos,
estudiar los antecedentes legales de
t o d o d e c r e t o d e p a g o, e t c .
Se imponía entonces, una reacción
que simplificara trámites, suprimiera in-
for mes inútiles, reconociera a las Direc-
c i o n e s G e n e ra l e s y S u p e r i n t e n d e n c i a s
s u s p r e r r o g a t i va s y r e s e r va ra a l o s M i -
2003-2004

nistros la misión política que les es pro-
pia, como impulsores y super vigilantes
d e l a a d m i n i s t ra c i ó n e n t e ra .
Estas ideas tomaron fuerza y poco
a poco los ser vicios nacionales se fue-
r o n r e o r g a n i z a n d o c o n fo r m e a e s a
o r i e n t a c i ó n , q u e e ra p o r l o d e m á s, l a
opinión de la mayoría de los tratadistas
d e d e r e c h o p ú bl i c o.
Ya se ha hecho referencia a que en
1875, la memor ia con que Letelier obtu-
vo el título de licenciado en Leyes y Cien-
cias Políticas versó precisamente sobre
descentralización, con el propósito de re-
forzar las atribuciones de las Municipali-
dades. Veinte años después renovaba
sus ideas como Fiscal del Tribunal.
E n o t r o o r d e n d e i d e a s, e s p r e c i s o
r e fe r i r s e b r eve m e n t e a d o s d e s u s
o b ra s m á s c a p i t a l e s : « L a G é n e s i s d e l
Estado», impresa en 1917; y la «Géne-
sis del Derecho», editada en 1919.
Uno de los aspectos más desta-
c a bl e s e n t r e o t r o s q u e a n a l i z a , e s s u
clasificación de las materias del De-
r e c h o P ú bl i c o, d i s t i n g u i e n d o l o s E l e -
m e n t o s E x t e r n o s d e l E s t a d o, a s a b e r
p o b l a c i ó n , t e r r i t o r i o, c i u d a d ; d e s u s
Elementos Inter nos, subdivididos en
BIBLIOGRAFÍA

«Valentín Letelier y su Obra», 1852 -
1919. Luis Galdames, Imprenta Univer-
sitaria, 1937.

«Génesis del Estado y de sus Institucio-
nes Fundamentales».Valentín Letelier,
Cabaut y Cía. Editora Buenos Aires, 1919.
Historia 103
dos categorías: Elementos políticos,
l e g i s l a t u r a , g o b i e r n o, j u s t i c i a y E l e -
m e n t o s a d m i n i s t r a t i vo s. E s t o s ú l t i m o s
s e d i v i d í a n a s u ve z e n d o s c a t e g o r í a s.
A d m i n i s t r a c i ó n Po l í t i c a ( E j é r c i t o, Po l i -
c í a s, A d u a n a s, Te s o r e r í a s, e t c . ) y A d -
m i n i s t ra c i ó n S o c i a l ( s a l u b r i d a d , b e n e -
ficencia, educación, correos, etc.).
Esta clasificación no concordaba, al
d e c i r d e G a l d a m e s, c o n l a s p r o p u e s -
t a s d e l o s m á s n o m b ra d o s p u bl i c i s t a s.
E ra é s t a u n a c l a s i f i c a c i ó n m á s g e n é t i -
ca que sistemática.
Al finalizar esta pequeña síntesis
de uno de los aspectos que fueron ob-
jeto de estudio de este pensador chile-
n o, n o c a b e s i n o ex p r e s a r l a m á s e n -
cendida admiración por una figura ilus-
t r e d e nu e s t r o p a í s, q u e i n c u r s i o n ó e n
t a n d i fe r e n t e s t e m a s d e l a c o n t e c e r h u -
m a n o c o n t a n n o t a bl e b r i l l a n t e z .
E n e s t e s e n t i d o, e s t e e s b o zo q u e
se ha pretendido hacer de su visión teó-
rica y práctica en el campo de la Admi-
nistración Pública, no puede ser sino un
a l i c i e n t e p a ra a q u e l l o s q u e d e s e e n e s -
tudiar la herencia intelectual que ha
d e j a d o, l a q u e s e m a n t i e n e a ú n v i g e n -
t e e n mu c h o s d e s u s a s p e c t o s.

«El Pensamiento Político y Jurídico de
don Valentín Letelier». Gabr iela Boza
Cadot - Mercedes Urzúa Asúa. Memoria
de Prueba para optar al Grado de Licen-
ciado en Ciencias Jurídicas y Sociales de
la Universidad de Chile.