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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas


Curso de Bacharelado de Engenharia Elétrica

Vítor Onofre de Sousa

ESTUDO DA VIABILIDADE FINANCEIRA PARA A INSTALAÇÃO DE SISTEMAS


FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA DE DISTRIBUIÇÃO NO
ESTADO DO ACRE

Trabalho de Conclusão de Curso

RIO BRANCO
2017
Vítor Onofre de Sousa

ESTUDO DA VIABILIDADE FINANCEIRA PARA A INSTALAÇÃO DE SISTEMAS


FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA DE DISTRIBUIÇÃO NO
ESTADO DO ACRE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica, da
Universidade Federal do Acre, como requisito
parcial para obtenção do título de bacharel em
engenharia elétrica.

Orientadores: Prof. Dr. Omar Alexander Chura Vilcanqui


Prof. MSc. Elmer Osman Hancco Catata

Rio Branco

2017
iii

COMISSÃO JULGADORA

Trabalho de Conclusão de Curso

Autor: Vítor Onofre de Sousa

Data da Defesa: 10/11/2017

Título do Trabalho: Estudo da Viabilidade Financeira para a Instalação de Sistemas


Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica de Distribuição no Estado do Acre

__________________________________________
Prof. Dr. Omar Alexander Chura Vilcanqui - CCET/UFAC (Presidente)

__________________________________________
Prof. Dr. Roger Fredy Larico Chavez - CCET/UFAC

__________________________________________
Prof. Esp. José Elieser de Oliveira Jr. - Centro/Ufac
iv

Dedico este trabalho a meus pais, Valter e Rosângela, que desde a minha
infância conduziram e incentivaram minha educação formal.
v

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, agradeço a Deus, pela saúde e capacidade dada a mim para realizar
este trabalho.
Agradeço a minha família, na figura dos meus pais, Manoel Valter e Rosângela
Onofre, e irmã, Amanda Onofre, por todo o suporte e incentivo durante toda a graduação, sem
os quais, eu não teria vencido essa etapa de minha vida.
Aos meus familiares, por todo apoio, direto ou indireto nesta caminhada, em especial,
aos meus tios, Rosilene Onofre e Reginaldo Rodrigues, que foram fundamentais na minha
adaptação à nova cidade, longe da família.
Agradeço a minha namorada, Vanessa Rocha, por todo o carinho, incentivo e
compreensão nas horas difíceis.
Aos meus colegas, os quais conheci no decorrer da graduação e que são parte dessa
caminhada, em especial aos meus amigos: Joab Lima, Lucas Nascimento, Marcelo Porfírio,
Wanderley Araújo, Paulo Henrique, Ademilde Chalub, Caroline Vieira, Fernanda Charbel,
Paulo Otávio e Bruna Renata, por toda a ajuda e contribuição direta ou indireta para a realização
deste trabalho.
Aos professores Omar Alexander e Elmer Osman, pela orientação neste trabalho, ao
professor José Elieser, pelos dados fornecidos para o desenvolvimento deste trabalho. Esse
agradecimento se estende a todos os professores do curso Bacharelado em Engenharia Elétrica
que contribuíram para minha formação.
A Universidade Federal do Acre e a coordenação do curso de Bacharelado em
Engenharia Elétrica, na pessoa do professor José Humberto.
Aos professores da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas a este
estudo.
vi

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre os aspectos técnico, econômico e legislativo


da instalação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede no estado do Acre. É realizado um
estudo sobre os índices de radiação solar brasileiro e acreano, e apresentada a metodologia
utilizada para o projeto e dimensionamento desses sistemas, desde a escolha dos componentes,
ao custo estimado dos mesmos. Esses estudos são realizados por meio de dois estudos de caso,
os quais consistem na instalação de sistemas fotovoltaicos para unidades consumidoras de um
condomínio localizado na cidade de Rio Branco, Acre. É apresentada, para cada caso, a análise
financeira para diagnóstico da viabilidade do investimento a ser realizado, objetivando estimar
o tempo necessário para amortização do valor investido, onde verificou-se um retorno
econômico atrativo a médio e longo prazo para a região de estudo.

Palavras-chave: Geração Distribuída. Sistemas fotovoltaicos. Energia solar. Análise de


investimento. Microgeração.
vii

ABSTRACT

This work presents a study, on the economic, technical and legal aspects of the grid-
connected installation of photovoltaic systems in the state of Acre. A study was carried out on
the indices of Brazilian and Acrean solar radiation, and about the methodology used for the
design of these systems, approaching the choice of components, and their estimated cost. These
studies are carried out through two case studies, which consist in the installation of the
photovoltaic systems for consumers of a condominium located in the city of Rio Branco, Acre.
For each case, the financial analysis is presented to diagnose the feasibility of the investment
to be carried out, aiming to estimate the time needed to amortize the amount invested, where
was observed an attractive economic return in the medium and long term for the analyzed
region.

Key-words: Distributed generation. Photovoltaic systems. Solar energy. Investment analysis.


Microgeneration.
viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Fluxo de radiação solar e sua iteração com a atmosfera terrestre. Os valores numéricos representam a
fração de energia em cada processo radiativo na atmosfera. Fonte: (PEREIRA, MARTINS, et al., 2006). ......... 21
Figura 2. Órbita descrita pela terra em torno do sol, com seu eixo Norte-Sul inclinado em um ângulo de 23,5°.
Indicando as estações no hemisfério sul. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014). ................................................... 22
Figura 3. Efeito da inclinação dos raios solares na radiação recebida por unidade de área. (a) plano horizontal;
(b) inclinação de 45°; (c) inclinação de 30°. Fonte: Floor (2004 apud TOLMASQUIM, 2016, p. 324). .............. 23
Figura 4. Relação irradiação solar × latitude para o hemisfério sul. Fonte: Tolmasquim (2016 apud
SENTELHAS; ANGELOCCI, 2009). ................................................................................................................... 23
Figura 5. Mapa brasileiro de irradiação solar em plano inclinado (média anual). Fonte: (PEREIRA,2006). ........ 25
Figura 6. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e Alemanha. Fonte: Adaptado de NREL (2017). ....... 26
Figura 7. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e China. Fonte: Adaptado de NREL (2017). .............. 26
Figura 8. Variação sazonal da irradiação solar no estado do Acre. Fonte: Adaptado de PEREIRA (2006). ......... 27
Figura 9. Médias mensais da irradiação solar diária incidente sobre um painel coletor inclinado de 10°N em Rio
Branco/AC, latitude -9,96° e longitude -67,79°. Cada série é oriunda de um banco de dados distinto. Fonte:
elaboração própria, com dados de (NASA, 2017), (CRESESB, 2017), (NREL, 2017) e (LABSOL, 2017). ........ 29
Figura 10. Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Fonte: (ANEEL, 2016). .............................................. 33
Figura 11. Impacto do Convênio ICMS 16/2015 no custo nivelado e paridade tarifária. Fonte: (EPE, 2014). ..... 35
Figura 12. Capacidade de geração de energias renováveis 2015-2016. Fonte: (REN21, 2017). ........................... 37
Figura 13. Capacidade FV global e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017). ......................................................... 38
Figura 14. Top 10 países em capacidade de geração fotovoltaica e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017). ........ 38
Figura 15. Adições em capacidade instalada (global) de energia FV do Top 10 e resto do mundo. Fonte: (REN21,
2017)...................................................................................................................................................................... 39
Figura 16. Top 3 países em energia solar fotovoltaica per capita. Fonte: (INTERNATIONAL ENERGY
AGENCY, 2016). .................................................................................................................................................. 40
Figura 17. Penetração de energia FV em % na demanda nacional de eletricidade em 2016. Fonte:
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2016). .............................................................................................. 40
Figura 18. Segmentação das instalações fotovoltaicas - adições anuais. Fonte: (REN21, 2017). ......................... 41
Figura 19. Diferentes cenários do total global do alcance do mercado de energia FV até 2020. Fonte:
(SCHMELA, MASSON, et al., 2016). .................................................................................................................. 42
Figura 20. Preços típicos de sistemas FV 2013-2015 em países selecionados (U$). Fonte: Adaptado de (IEA
PVPS, 2016). ......................................................................................................................................................... 43
Figura 21. Distribuição de custos dos materiais utilizados em um sistema FV residencial. Fonte: (IDEAL, 2016).
............................................................................................................................................................................... 44
Figura 22. Evolução do preço dos módulos e sistemas fotovoltaicos 2006 - 2015 (U$/Watt). Fonte: (IEA PVPS,
2016)...................................................................................................................................................................... 44
Figura 23. Número de micro e minigeradores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL,
2017)...................................................................................................................................................................... 45
Figura 24. Conexões por tipo de fonte até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
............................................................................................................................................................................... 46
Figura 25. Evolução da potência instalada (MW) até 20/08/17. Fonte: elaboração própria com dados de
(ANEEL, 2017). .................................................................................................................................................... 47
Figura 26. Potência instalada por fonte até 20/08/17. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
............................................................................................................................................................................... 47
Figura 27. Classes de consumo dos consumidores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, a partir de
(ANEEL, 2017). .................................................................................................................................................... 48
Figura 28. Número de conexões por Estado até 23/05/17. Fonte: (ANEEL, 2017). ............................................. 48
Figura 29. Tarifa de eletricidade versus custo da geração distribuída fotovoltaica. Fonte: (IDEAL, 2016). ........ 49
Figura 30. Preços dos sistemas FV em 2015 por faixa de potência. Fonte: (IDEAL, 2016). ................................ 50
Figura 31. Preços usuais para um sistema FV de 3 KWp. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017). .............................. 51
Figura 32. Estrutura básica de uma célula fotovoltaica. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). ........................ 52
Figura 33. Estruturas moleculares dos materiais P e N. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). ........................ 53
Figura 34. Partes que compõem um módulo fotovoltaico. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017) .............................. 55
Figura 35. Curva I - V de um módulo fotovoltaico. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). .............................. 56
Figura 36. Curva P - V de um módulo fotovoltaico. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). ............................. 56
Figura 37. Influência da temperatura na tensão e potência do módulo. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). 57
Figura 38. Curvas I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em série. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014).
............................................................................................................................................................................... 60
Figura 39. Curva I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em paralelo. Fonte: (PINHO e GALDINO,
2014)...................................................................................................................................................................... 61
Figura 40. Componentes de um sistema fotovoltaico residencial conectado à rede. Fonte: elaborado pelo autor. 63
Figura 41. Etapas de projeto de um SFCR. Adaptado de (PINHO e GALDINO, 2014). ...................................... 64
Figura 42. Condomínio Morada Nova, localidade da implantação do sistema fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE
EARTH, 2017). ..................................................................................................................................................... 66
Figura 43. Localidade da instalação do gerador fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE EARTH, 2017). ....................... 67
Figura 44. Ilustração do condomínio, local de instalação do sistema FV, com dimensões e área de telhado
disponível. Fonte: elaborado pelo autor. ............................................................................................................... 67
Figura 45. Ilustração do condomínio, local de instalação dos sistemas fotovoltaicos. Fonte: elaborado pelo autor.
............................................................................................................................................................................... 68
Figura 46. Mínimos requisitos técnicos para a conexão de uma central de geração fotovoltaica. (ANEEL, 2017).
............................................................................................................................................................................... 70
Figura 47. Diagrama de conexão de uma central geradora à rede de distribuição. Fonte: (ELETROBRAS, 2016).
............................................................................................................................................................................... 73
Figura 48. Especificações do módulo solar GCL 325 Wp. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). .................................... 75
Figura 49. Especificações Técnicas do inversor Fronius Galvo 2.5-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). .................. 75
Figura 50. Especificações do DPS DC solar 20/40 kVA. Fonte: (EMBRAR, 2017). ........................................... 77
Figura 51. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,6 kWp no período
de Set/16 a Jul/17. ................................................................................................................................................. 79
Figura 52. Dados meteorológicos de temperatura e precipitação anuais para a cidade de Rio Branco - AC. Fonte:
(INPE, 2017). ........................................................................................................................................................ 80
Figura 53. Especificações técnicas do painel Canadian CSI CS6K-270P. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). ............ 82
Figura 54. Especificações técnicas do Inversor Fronius Galvo 3.0-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). ................... 82
Figura 55. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,97 kWp no
período de Abr/16 a Fev/17. .................................................................................................................................. 84
Figura 56. Evolução da tarifa residencial B1no período de 2007 a 2016. Fonte: Nota Técnica n° 379/2016-
SGT/ANEEL. (ANEEL, 2017) .............................................................................................................................. 88
Figura 57. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança................................................................................................................................................................ 92
Figura 58. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança – caso 2.................................................................................................................................................. 95
Figura 59. Estimativas do payback para sistemas fotovoltaicos instalados no estado do Acre. Fonte:
(NAKABAYASHI, 2014), (KONZEN, 2014), (ANEEL, 2017), (WEG, 2017). .................................................. 97
x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores base para consumidores residenciais. ....................................................................................... 51


Tabela 2. Dados comparativos da eficiência das diferentes tecnologias de células fotovoltaicas. ........................ 58
Tabela 3. Aplicabilidade do faturamento mínimo referente ao custo de disponibilidade do sistema elétrico para
consumidores do grupo B. ..................................................................................................................................... 69
Tabela 4. Cálculo da energia mensal produzida pelo sistema dimensionado de 2,6 kWp. .................................... 78
Tabela 5. Cálculo da energia mensal produzida pelo sistema dimensionado de 2,97 kWp. .................................. 83
Tabela 6. Aplicação do ICMS para a distribuidora Eletroacre. ............................................................................. 87
Tabela 7. Condições padrão para análise financeira dos dois casos. ..................................................................... 89
xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Orçamento do sistema fotovoltaico de 2,6 kWp ................................................................................... 80


Quadro 2. Orçamento do sistema fotovoltaico de 2,97kWp .................................................................................. 85
Quadro 3. Análise da viabilidade financeira do sistema fotovoltaico de 2,6 kWp. ............................................... 90
Quadro 4. Análise da viabilidade financeira do sistema fotovoltaico de 2,97 kWp. ............................................. 93
xii

LISTA DE SIGLAS

ABINEE Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica


AM Air Mass
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
BIG Banco de Informações de Geração
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CENSOLAR Centro de Estudos de la Energia Solar
COBEI Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações
COFINS Contribuição para o Fornecimento de Seguridade Social
CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária
COSIP Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública
CRESESB Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito
DDR Disjuntor Diferencial Residual
DPS Dispositivo de Proteção contra Surtos
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FDI Fator de Dimensionamento de Inversores
FV Fotovoltaico
GD Geração Distribuída
HSP Horas de Sol Pleno
ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDEAL Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina
IEA International Energy Agency
IEC Electrotechnical Commission International
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
MPPT Maximum Power Point Tracking
NREL National Renewable Energy Laboratory
O&M Operação e Manutenção
PIS Programa de Integração Social
PNE Plano Nacional de Energia
PRODIST Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
REN Resolução Normativa
SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
SSE Surface Meteorology and Solar Energy
STC Standart Test Conditions
SWERA Solar and Wind Energy Resource Assessment
TD Taxa de Desempenho
TIR Taxa Interna de Retorno
TUG Tomada de Uso Geral
UFAC Universidade Federal do Acre
VPL Valor Presente Líquido
Wp Watt-pico
xiii

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 15
1.1. Apresentação ........................................................................................................................................ 15
1.2. Justificativa e motivações .................................................................................................................... 17
1.3. Objetivos .............................................................................................................................................. 19
1.4. Objetivos específicos ........................................................................................................................... 19
1.5. Metodologia e estrutura capitular ........................................................................................................ 19
2 MAPEAMENTO DO RECURSO SOLAR .................................................................................................. 20
2.1. Radiação solar ...................................................................................................................................... 20
2.2. Avaliação do recurso solar brasileiro ................................................................................................... 24
2.2.1. Levantamento do recurso solar para o estado do Acre ................................................................ 26
3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS ..................................................... 30
3.1. Valor Presente Líquido (VPL) ............................................................................................................. 30
3.2. Taxa Interna de Retorno ....................................................................................................................... 31
3.3. Prazo de retorno de investimento (Payback)........................................................................................ 31
4 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: POLÍTICAS DE INCENTIVO E ASPECTOS REGULATÓRIOS .............. 32
4.1. Regulamentação da Geração Distribuída ............................................................................................. 32
4.1.1. Breve histórico ............................................................................................................................ 32
4.1.2. O Sistema de compensação de energia (Net Metering) ............................................................... 33
4.2. Incentivos à energia solar no Brasil ..................................................................................................... 34
5 O MERCADO DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA .................................................................................... 37
5.1. Cenário global ...................................................................................................................................... 37
5.1.1. Competitividade da energia solar fotovoltaica no mercado global .............................................. 43
5.2. Cenário nacional .................................................................................................................................. 45
5.2.1. Competitividade da energia solar fotovoltaica no mercado nacional .......................................... 49
6 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA .................................................. 52
6.1. Energia solar fotovoltaica .................................................................................................................... 52
6.1.1. O Efeito fotovoltaico ................................................................................................................... 52
6.2. Módulos fotovoltaicos ......................................................................................................................... 54
6.2.1. Características elétricas dos módulos fotovoltaicos .................................................................... 55
6.2.2. A influência da temperatura nas características elétricas ............................................................ 56
6.2.3. Eficiência do módulo .................................................................................................................. 58
6.2.4. Arranjos de dispositivos fotovoltaicos ........................................................................................ 60
6.3. Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede - SFCR ................................................................................. 61
6.3.1. Componentes dos SFCRs ............................................................................................................ 61
7 PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE SFCRS ...................................................................................... 64
7.1. Prospecção ........................................................................................................................................... 64
7.1.1. Levantamento do recurso solar.................................................................................................... 64
7.1.2. Localização e configuração do sistema ....................................................................................... 65
7.1.3. Avaliação do consumo de energia ............................................................................................... 68
7.2. Dimensionamento do Sistema .............................................................................................................. 69
7.2.1. Dimensionamento do gerador fotovoltaico ................................................................................. 70
7.2.2. Dimensionamento do inversor..................................................................................................... 71
7.3. Instalação do sistema ........................................................................................................................... 72
7.4. Estudo de caso ..................................................................................................................................... 73
7.4.1. Estudo de caso 1 – apartamento .................................................................................................. 74
7.4.1. Estudo de caso 2 – Área Comum ................................................................................................ 81
8 ESTUDO DA VIABILIDADE FINANCEIRA DOS SFCRs ....................................................................... 86
8.1. Análise Financeira do Caso 1 ............................................................................................................... 89
8.2. Análise Financeira do Caso 2 ............................................................................................................... 92
9 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 96
9.1. Sugestões para trabalhos futuros .......................................................................................................... 98
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................. 100
Anexo A - Convênio ICMS 101/97 ................................................................................................................... 103
Anexo B - Convênio ICMS 16, DE 22 de abril de 2015 .................................................................................. 104
Anexo C – LEI Nº 13.169, de 6 de outubro de 2015. ...................................................................................... 106
ANEXO D – Etapas de Acesso de Microgeradores ao Sistema de Distribuição Eletrobrás Distribuição
Acre..................................................................................................................................................................... 108
15

1 INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação

A questão do abastecimento de energia elétrica tem sido uma temática amplamente


discutida. Preocupação essa, despertada na década de 1970, com as crises do petróleo, quando
se deu conta de que as reservas finitas de combustível fóssil, bem como de outras fontes de
energia não renováveis (como carvão, gás natural, energia nuclear) não constituem uma base
sólida para as próximas décadas, no que diz respeito ao equacionamento entre oferta e demanda
de energia, uma vez que a perspectiva é da escassez das reservas energéticas convencionais,
atrelada ao custo crescente da energia de origem fóssil (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2014). Uma série de fatores corroboraram para a busca de outras formas de
aumentar a oferta de energia, dentre os quais, destaca-se: escassez das fontes de energia de
origem fóssil; restrições ambientais associadas aos setores energéticos; escassez de potenciais
para a instalação de grandes empreendimentos energéticos; extensos prazos para a construção
de usinas; fortes impactos ambientais que grandes empreendimentos geralmente provocam.
(ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). Em estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética,
acrescenta-se:
Em adição à perspectiva de custos mais elevados da energia de origem fóssil, a
preocupação com a questão das mudanças climáticas decorrentes do aquecimento
global do planeta, aquecimento este atribuído, em grande medida, à produção e ao
consumo de energia, trouxe argumentos novos e definitivos que justificam destacar a
eficiência energética quando se analisa em perspectiva a oferta e o consumo de
energia. (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2014).
Fatores de ordem econômica e ambiental, tem impulsionado a discussão sobre o tema
eficiência energética, com o reconhecimento de que “um mesmo serviço poderia ser obtido com
menor gasto de energia e, consequentemente com menores impactos econômicos, ambientais,
sociais e culturais” (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2014). Nesse cenário de
conservação de energia, a geração distribuída deverá desempenhar um importante papel nos
próximos anos, uma vez que contribui para a redução das perdas nos centros de transformação
e nos sistemas de transmissão e distribuição. Com o objetivo de combinar as vantagens da
Geração Distribuída (GD) com os benefícios das ações de eficiência energética, a Resolução
Normativa nº 556/2013 incluiu a possibilidade de inserir geração distribuída nos projetos de
eficiência energética regulados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
No âmbito nacional brasileiro, “o país tem caminhado na direção de incentivar a
penetração da geração distribuída de pequeno porte” (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA,
16

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2013), impulsionado pela Resolução Normativa


(REN) nº 482/2012 da ANEEL, que, entre outras, estabelece as condições gerais para o acesso
de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica. Esta
resolução regulamenta também do sistema de compensação de energia elétrica, possibilitando
que o excedente de energia gerada em determinado mês seja convertido em créditos, que podem
ser abatidos nas faturas dos meses subsequentes.
De acordo com a ANEEL, a geração distribuída é caracterizada pela instalação de
geradores de pequeno porte (normalmente a partir de fontes renováveis ou mesmo utilizando
combustíveis fósseis) localizados próximos aos centros de consumo de energia elétrica. Zilles
(2012) define ainda geração distribuída como a “produção de energia elétrica proveniente de
empreendimentos de permissionários, agentes concessionários ou autorizados, conectados
diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador”. São regulamentadas pela REN
nº 482/2012 centrais geradoras que utilizem fontes com base em energia hidráulica, solar,
eólica, biomassa ou cogeração qualificada. No entanto, do total de sistemas de geração
distribuída instalados no Brasil, a geração de energia solar fotovoltaica representa praticamente
99% do número total de instalações, respondendo por quase 70% da potência instalada
(ANEEL, 2017), demonstrando que o aproveitamento da energia solar possui grande potencial
de expansão no cenário nacional.
Com a regulamentação do sistema de compensação de energia (Net Metering), o
Brasil se coloca como candidato, à exemplo de países como Alemanha e Japão, a consolidar a
inserção da energia solar fotovoltaica de maneira significativa em sua matriz energética,
principalmente pela contribuição de sistemas de pequena escala, incentivado pela redução
progressiva dos custos da tecnologia, pelo aumento das tarifas nacionais de energia e pela
isenção do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no sistema de Net
Metering.
É nesse contexto que este trabalho visa realizar o estudo da viabilidade técnica e
financeira da implementação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede para o estado do Acre,
levando em consideração suas variáveis tarifárias, regulatórias, tributárias e de irradiação solar,
mensurando assim o potencial de investimento e o tempo de retorno financeiro da instalação de
sistemas de microgeração distribuída para duas unidades consumidoras de um condomínio
localizado na cidade de Rio Branco.
17

1.2. Justificativa e motivações

Em vista da crescente demanda de energia prevista para as próximas décadas no Brasil,


entende-se que o aproveitamento da energia fotovoltaica, especialmente por unidades
descentralizadas, constitui uma alternativa interessante para a complementação da oferta de
energia elétrica e para a diversificação da matriz energética brasileira já prevista no Plano
Nacional de Energia (PNE – 2030)1. A geração distribuída, como é chamada aquela localizada
na própria unidade consumidora, possui um grande potencial de crescimento no Brasil, país que
por sua localização na zona tropical, possui incidência de radiação solar favorável e até mesmo
privilegiada se comparada as grandes potências no quesito geração fotovoltaica, como
Alemanha, Japão etc.
Um passo importante para a inserção da geração fotovoltaica distribuída no Brasil foi
dado com a deliberação da Resolução Normativa Nº 482/2012, posteriormente atualizada
mediante a REN 687/2015, que estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração
e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, a se destacar o
sistema de Net Metering, que permite o abate da energia gerada do consumo da unidade
consumidora. Fatores como: recurso solar favorável, incentivos fiscais, aperfeiçoamento
tecnológico e a tendência da diminuição do custo de geração mediante a taxa de crescimento
elevada do uso de fontes de energia solar, fazem com que a mesma tenha um papel de
protagonismo no cenário global e brasileiro nas próximas décadas, ao passo que apresenta uma
série de boas oportunidades não só de negócio, mas de desenvolvimento da indústria nacional,
de formação de mão de obra qualificada e de inclusão social.
Pelos motivos explanados anteriormente, pode-se dizer que o cenário atual para a
utilização de fontes alternativas de energia, especialmente de forma de geração distribuída, tem
se mostrado promissor. Isso fica evidente pelo elevado crescimento do número de sistemas
instalados nos últimos anos. Segundo a ANEEL, até o fim de 2016 haviam 7662 sistemas com
geração distribuída no Brasil, o que corresponde a mais de quatro vezes o número de sistemas
instalados no ano anterior, que era de 1827. Registros atuais da ANEEL para o ano de 2017 já
contabilizam mais de 15.000 unidades consumidoras com sistemas fotovoltaicos instalados até
o primeiro semestre, ratificando a tendência de elevado crescimento da disseminação de
sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCRs) no país.

1
O Plano Nacional de Energia – PNE 2030 é o primeiro estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos
realizado no âmbito do Governo brasileiro. Conduzidos pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE em estreita
vinculação com o Ministério de Minas e Energia – MME.
18

Esse crescimento notório é impulsionado por uma série de fatores, dos quais pode-se
destacar: a regulamentação, como já discutido anteriormente; o apelo ambiental, por se tratar
de uma energia limpa, renovável e sustentável, contribuindo para as metas de redução de
carbono e também benefícios socioeconômicos, com potencial de geração de empregos e
aquecimento da economia, bem como redução de gastos com energia elétrica. Adicionalmente,
o fator que mais tem contribuído para a adoção desses sistemas de geração distribuída, seja o
custo que tem caído gradativamente nos últimos anos. Segundo IEA (2014), a taxa de redução
de custos de investimento para a energia fotovoltaica pode variar entre 15% e 22%, à medida
que a produção acumulada dobra. Em outro estudo, IEA (2012) estima que entre 2010 e 2020
haverá decréscimo de mais de 40% do custo de instalação dos sistemas fotovoltaicos.
Um impacto ainda mais relevante para esse prognóstico positivo foi a promulgação do
convênio ICMS nº 16/015, que autoriza a conceder isenção nas operações internas relativas à
circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica de que trata a Resolução Normativa nº 482, de 2012, da Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, aderido por 22 estados brasileiros, incluindo o estado do Acre. Além desse
incentivo tributário, tem-se também: convênio ICMS nº 101/1997, que concede isenção do
ICMS nas operações com equipamentos e componentes para o aproveitamento das energias
solar e eólica e isenção de PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para
o Fornecimento de Seguridade Social), conforme dispõe a Lei nº 13.169/ 2015, reduzindo a
zero as alíquotas da Contribuição do PIS e COFINS incidentes sobre a energia elétrica ativa
fornecida pela distribuidora à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da
energia elétrica ativa injetada na rede de distribuição pela unidade consumidora relativa aos
créditos de energia nos termos do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, para
microgeração e minigeração distribuída, conforme regulamentação da ANEEL.
Justificado pelo panorama brasileiro favorável à geração distribuída, se faz relevante
o estudo da inserção de SFCRs, bem como a avaliação da viabilidade econômico-financeira da
instalação desses sistemas, com base nas muitas iniciativas de fomento ao aproveitamento
dessas fontes de energia. Escolheu-se o estado do Acre como contexto de estudo devido ao fato
de ser um dos estados que aderiram ao convênio ICMS nº 16/015 e por ser uma localidade em
que há pouco estudo relativo a implementação de sistemas GD (segundo a ANEEL há
atualmente 5 sistemas instalados), reafirmando assim a importância de maior disseminação e
pesquisa para esta região.
19

1.3. Objetivos

O Objetivo global deste trabalho é realizar o dimensionamento e avaliação da


viabilidade financeira para a instalação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica no
cenário de microgeração distribuída e nas condições de radiação solar do estado do Acre, para
unidades consumidoras de um condomínio.

1.4. Objetivos específicos

 Realizar o levantamento e estudo dos níveis de irradiação solar para a região de estudo
(Estado do Acre);
 Realizar o dimensionamento de um sistema de geração fotovoltaica conectado à rede para
apartamentos de um condomínio localizado na cidade de Rio Branco/AC. Serão realizados
dois estudos de caso: um para um dos apartamentos, com consumo mensal médio de 325
kWh, outro para a área de uso comum do condomínio, cujo consumo médio é de 377 kWh
mensais.
 Avaliar a viabilidade econômico-financeira da instalação dos sistemas fotovoltaicos
dimensionados, quantificando: o custo da instalação, o Valor Presente Líquido (VPL), a
Taxa Interna de Retorno (TIR) e o período de retorno do investimento (Payback) na
modalidade de microgeração distribuída.

1.5. Metodologia e estrutura capitular

Visando cumprir os objetivos desse trabalho, foram realizadas uma série de estudos e
revisões bibliográficas, baseadas em livros, notas técnicas, manuais e monografias com o intuito
de fundamentar o conhecimento a respeito da energia solar, mais especificamente sobre os
Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede.
No primeiro capítulo são apresentados o tema, justificativa e objetivos do trabalho. No
capítulo dois é realizado o estudo da disponibilidade de recurso solar para a região do estado
do Acre. Uma breve explanação sobre métodos de análise financeira foi realizada no capítulo
três, e, para inteirar o leitor a respeito das condições atuais de legislação e mercado de geração
distribuída, foi realizada uma abordagem nos capítulos quatro e cinco sobre a situação
regulatória e econômica da geração distribuída no cenário nacional e internacional.
Por fim, nos capítulos seis, sete e oito, foram abordadas as técnicas de
dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos, bem como seu orçamento e análise do
investimento através de ferramentas da matemática financeira.
20

2 MAPEAMENTO DO RECURSO SOLAR

A energia proveniente da radiação solar constitui-se em uma forma de energia


renovável e com potencial de utilização praticamente ilimitado. De fato, quase todas as formas
de energia (hidráulica, biomassa, combustíveis fósseis, entre outros) dependem indiretamente
da energia solar. Além do mais, a radiação do sol pode ser convertida diretamente em energia
elétrica mediante efeitos da radiação (luz e calor) sobre materiais semicondutores,
caracterizando o efeito fotovoltaico, no qual a radiação solar é transformada em energia elétrica
utilizando-se painéis solares. Portanto, para o estudo do aproveitamento da energia solar em
sistemas fotovoltaicos, objeto de estudo deste trabalho, se faz necessária a avaliação do recurso
solar, isto é, da radiação incidente em determinada área ou localidade, útil para aproveitamento
na geração de energia elétrica.

2.1. Radiação solar

Estima-se que a radiação solar2 incidente na atmosfera da terra, seja da ordem de


1,5 x 1018 kWh de energia, valor correspondente a aproximadamente 10000 vezes o consumo
mundial de energia levando-se em conta o mesmo período (CRESESB, 2017). Contudo, a
disponibilidade de radiação solar efetiva que incide sobre a superfície da terra depende das
condições atmosféricas (umidade relativa do ar, nebulosidade etc.), da latitude do local, da hora
do dia, ou do dia do ano. Podemos observar na Figura 1, que, cerca de 30% de toda a radiação
solar incidente é refletida ou absorvida diretamente pela atmosfera (por nuvens, gases e
partículas atmosféricas). Os 70% restantes dessa radiação são absorvidos pela superfície
terrestre, produzindo o aquecimento do sistema e reemitida na faixa do infravermelho do
espectro de radiação eletromagnética. (PEREIRA, MARTINS, et al., 2006).

2
O termo radiação solar é utilizado neste texto para se referir à energia vinda do sol, não obstante, utilizado
como terminologia para designar a densidade de fluxo de energia da radiação solar (geralmente medida em
kW/m2) de acordo com a NBR 10899.
21

Figura 1. Fluxo de radiação solar e sua iteração com a atmosfera terrestre. Os valores numéricos representam a
fração de energia em cada processo radiativo na atmosfera. Fonte: (PEREIRA, MARTINS, et al., 2006).

Tolmasquim (2016) destaca que, para analisar a radiação solar incidente em uma
superfície, podemos decompô-la em planos, horizontal e inclinado, em que, no primeiro, a
radiação global consiste na soma das componentes direta e difusa, enquanto no último, além
das componentes citadas, leva-se em consideração uma parcela refletida na superfície e nos
elementos circundantes, como vegetação, solo, terrenos rochosos, obstáculos etc. O autor
ressalta ainda que, para o aproveitamento na geração fotovoltaica, a componente mais relevante
é a irradiação global horizontal (HHOR), que é composta pela parcela de radiação dispersa e
enfraquecida por reflexões nas nuvens e outros elementos em suspensão na atmosfera (HDIF) e
pela parcela que atinge o solo diretamente, sem atenuações (HDIR).
Além dos fatores citados anteriormente, para o mapeamento do recurso solar, devemos
levar em conta o fato de que o sol é uma fonte de energia intermitente e variável. Sendo assim,
o recurso solar é variável durante o período do dia ou do ano, e dependente da localização
geográfica. Para um melhor aproveitamento da radiação solar, é necessário, portanto, uma
avaliação dos fatores geográficos e astronômicos que ocasionam essa variação, no intuito de se
alcançar uma maior previsibilidade do recurso solar de determinado local.
O planeta terra, durante seu movimento translacional, percorre uma trajetória elíptica
em um plano inclinado de aproximadamente 23,5º em relação ao plano equatorial. É essa
inclinação a causadora da variação da posição do sol no horizonte, ao longo dos dias em relação
a um horário determinado, originando assim, as estações do ano. (CRESESB, 2017). A posição
22

angular solar em relação ao plano do equador, ao meio dia solar, é chamada de Declinação Solar
(δ). Este ângulo é mostrado na Figura 2 e varia de acordo com o período do ano, dentro dos
limites de -23,45° < d < 23,45°. A variação das estações mostrada na Figura 2 é referente ao
hemisfério sul, onde o estado do Acre, local de interesse para os estudos desse trabalho, se
localiza.

Figura 2. Órbita descrita pela terra em torno do sol, com seu eixo Norte-Sul inclinado em um ângulo de 23,5°.
Indicando as estações no hemisfério sul. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014).

É possível afirmar que os raios solares atingem a terra paralelamente, e com


intensidade que pode ser considerada constante, numa superfície imaginária normal a esses
raios. Contudo, nem toda a superfície terrestre é perpendicular aos raios do sol, de modo que a
insolação num plano horizontal não é a mesma em diferentes latitudes e longitudes
(TOLMASQUIM, 2016). A Figura 3 ilustra essa situação. Observe que na Figura 3 (a), a área
de incidência solar é maior do que nas figuras (b) e (c), fazendo com que nessas últimas, a
intensidade por unidade de área (irradiância) seja menor.
23

Figura 3. Efeito da inclinação dos raios solares na radiação recebida por unidade de área. (a) plano horizontal;
(b) inclinação de 45°; (c) inclinação de 30°. Fonte: Floor (2004 apud TOLMASQUIM, 2016, p. 324).

Em virtude disso, regiões em menores latitudes, próximas a linha do equador,


apresentam menor variação da irradiação em um período anual, enquanto em regiões polares,
em grandes latitudes, os valores de irradiação variam nos meses de verão (quando há maior
radiação) e durante o inverno (quando há menor radiação). A Figura 4 mostra a relação de
variação da irradiação solar com a latitude, onde observamos que, regiões mais próximas à linha
do equador apresentam variação menor da radiação ao longo do ano, ao passo que localidades
em grandes latitudes apresentam maiores valores de radiação nos meses de verão, e menores
valores durante os meses de inverno. Assim, podemos perceber que a energia total anual
recebida nas maiores latitudes é menor do que a energia recebida em localidades com latitude
mais próximas de zero.

Figura 4. Relação irradiação solar × latitude para o hemisfério sul. Fonte: Tolmasquim (2016 apud
SENTELHAS; ANGELOCCI, 2009).
24

Felizmente, a maior parte do território brasileiro se encontra relativamente próximo da


linha do equador, o que confere ao país favorável incidência de raios solares e pouca variação
na duração solar do dia.
Assim, para aproveitar o máximo de radiação solar na geração fotovoltaica,
recomenda-se ajustar a posição do painel fotovoltaico de acordo com a latitude da localização
geográfica e do período do ano. Por exemplo, para o estado do Acre, situado no hemisfério Sul,
os painéis de um sistema fotovoltaico devem ser orientados para o Norte, com inclinação
angular semelhante ao da latitude local (aproximadamente 10º) (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2005).

2.2. Avaliação do recurso solar brasileiro

Uma das primeiras etapas preliminares à concepção do projeto de um sistema


fotovoltaico é o levantamento do recurso solar disponível no local da aplicação (PINHO e
GALDINO, 2014). Se faz necessária, portanto, a análise do potencial de recurso solar em
disponibilidade no território brasileiro, levando em conta o fato de que a maior parte do
território brasileiro se encontra situado na região limitada pela linha do equador e o trópico de
capricórnio. Isso confere ao país uma incidência de raios solares mais vertical, promovendo ao
Brasil, condições privilegiadas de radiação em quase todo o território nacional
(TOLMASQUIM, 2016).
A Figura 5 mostra o mapa da média anual da irradiação solar diária incidente sobre
um plano de inclinação igual a latitude (considerado o ângulo ótimo).
Pode-se observar na Figura 5 que as médias anuais de radiação no Brasil são
relativamente altas em todo o território, apresentando boa uniformidade. Em uma análise mais
minuciosa, podemos constatar que o valor máximo de irradiação (6,5 kWh/m2) ocorre no norte
da Bahia, valor influenciado pelo regime semiárido e com poucas chuvas ao longo do ano. Os
menores valores de irradiação solar do território brasileiro podem ser observados no litoral norte
de Santa Catarina (4,25 kWh/m2) devido a maior variação inter-sazonal da região Sul e do
regime de chuvas mais distribuído no decorrer do ano. Para o estado do Acre, observamos uma
radiação média de cerca de 5 kWh/m2. Contudo, se levarmos em conta os menores valores de
irradiação solar global do Brasil, ainda assim, esses valores são equiparáveis ou superiores aos
da maioria dos países da Europa, região onde o aproveitamento da energia solar é amplamente
disseminado. Em valores anuais a exemplo da França (entre 2,5 e 4,5 kWh/m2) e Espanha (entre
3,5 e 5 kWh/m2) (PEREIRA, MARTINS, et al., 2006).
25

Figura 5. Mapa brasileiro de irradiação solar em plano inclinado (média anual). Fonte: (PEREIRA,2006).

A Figura 6 e Figura 7 mostram o comparativo de irradiação horizontal global entre o


Brasil e dois dos países com maior capacidade de geração fotovoltaica instalada no mundo:
China e Alemanha (IEA PVPS, 2016).
26

Figura 6. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e Alemanha. Fonte: Adaptado de NREL (2017).

A Alemanha, embora seja o quarto país com maior capacidade instalada de sistemas
fotovoltaicos (IEA PVPS, 2016), possui valores de irradiância solar máximos no sul do país, da
ordem de 3-3,5 kWh/m2, valor inferior ao mínimo brasileiro (cerca de 4,25 kWh/m2) como visto
anteriormente.
Em comparação com a China, líder mundial em geração fotovoltaica, o Brasil
apresenta valores máximos de irradiação semelhantes (entre 5,5 e 6 kWh/m2), contudo, observa-
se que no país asiático, menos da metade do território possui recurso solar semelhante aos
valores predominantes no território brasileiro (entre 4,5 e 5 kWh/m2).

Figura 7. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e China. Fonte: Adaptado de NREL (2017).

Percebe-se, portanto, que o Brasil é um país com grande potencial para aproveitamento
de energia solar em praticamente todo o seu território, é válido então realizar uma análise mais
minuciosa e direcionada para a localidade de aplicação do sistema fotovoltaico, a saber, a cidade
de Rio Branco, no estado do Acre.

2.2.1. Levantamento do recurso solar para o estado do Acre

Conforme pode ser observado na Figura 5, a região do estado do Acre possui irradiação
solar média anual próxima de 5 kWh/m2, contudo, para o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico que atenda à demanda de potência desejada com mais confiabilidade em todo o
período anual, é indispensável conhecer a inter-sazonalidade do local, atentando para as
variações do recurso solar no decorrer do ano (PINHO e GALDINO, 2014).
A Figura 8 mostra a disponibilidade de radiação solar no estado do Acre disponível
para cada estação do ano. Observe que há variação significativa da incidência de irradiação
entre os períodos sazonais, principalmente durante o período de setembro a novembro, quando
há baixa precipitação na região e nota-se os valores mais elevados de radiação solar do ano.
27

Figura 8. Variação sazonal da irradiação solar no estado do Acre. Fonte: Adaptado de PEREIRA (2006).

Para avaliar o potencial de conversão fotovoltaica na localidade desejada, é útil ter em


mãos dados confiáveis de irradiação solar disponível em intervalos mensais, o que é de grande
importância no planejamento e dimensionamento do sistema FV em vista da energia consumida
mensalmente por uma unidade consumidora. Tradicionalmente, os dados de irradiação solar
são armazenados pelo total de diário de radiação, ou médias mensais, sendo que correlações
permitem realizar uma estimativa da irradiação mensal a partir de variáveis meteorológicas,
como nebulosidade e o número de horas de insolação. Agregado a isso, estimativas de radiação
obtidas através de dados de satélite, conferem melhor exatidão quando relatadas em médias
mensais (PINHO e GALDINO, 2014).
Quanto à base de dados de irradiação solar de determinada região, existem
informações que podem ser acessadas em publicações especializadas ou pela internet 3. Assim,

3
Base de dados online:
 SWERA: disponível em: https://maps.nrel.gov/swera/#/?aL=0&bL=groad&cE=0&lR=0&mC=-
12.060809058367294%2C-62.4462890625&zL=5, acesso em 12 de setembro de 2017;
 SunData: disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata, acesso em 12 de
setembro de 2017;
 SOLARMEDATLAS: disponível em: http://www.soda-pro.com/solar-med-
atlas#_48_INSTANCE_4Y6OeN5XzA47_=http%3A%2F%2Fwww.soda-
pro.com%2FHERON%2FSolarMedAtlas.html%3F, acesso em 13 de setembro de 2017;
28

para o mapeamento do recurso solar da localidade a ser instalado o sistema fotovoltaico, foi
realizada uma compilação de dados, tabelados e plotados na Figura 9, com informações de
diferentes bancos de dados, selecionados com base na latitude e longitude do local desejado.
A título de conhecimento, é válido destacar os principais bancos de dados de irradiação
solar, dos quais extraíram-se os valores presentes na Figura 9.
 O SSE da NASA, (Surface Meteorology and Solar Energy), que contém um banco de
dados baseado na análise de dados de vários satélites.
 Mapas e dados compilados sobre a radiação solar no Programa SWERA, onde podem
ser encontrados mapas e dados referentes ao Atlas Brasileiro de Energia Solar,
juntamente com dados da América Latina, os quais foram desenvolvidos pelo NREL
(National Renewable Energy Laboratory do Departamento de Energia dos Estados
Unidos), além da base de dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
 O programa SunData, desenvolvido pelo Cepel e disponível em CRESESB (2017),
construído com base no banco de dados Valores Medios de Irradiacion Solar Sobre
Suelo Horizontal do Centro de Estudos de la Energia Solar (CENSOLAR, 1993).
 O programa RADIASOL 2, desenvolvido no Laboratório de Energia Solar da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que utiliza ferramentas de interpolação
para compilar as bases de dados do Atlas Solarimétrico, do programa SWERA e do
Atlas Brasileiro de Energia Solar.

A partir dos dados presentes na Figura 9, pode-se estimar os níveis de radiação do local
do condomínio no qual será instalado o sistema fotovoltaico, na cidade de Rio Branco, devendo-
se, no entanto, ponderar os valores de referência a serem adotados, visando que o sistema opere
com uma margem de segurança adequada para o pior dos casos (adotando o mês de menor
insolação como referência) ou tomando-se a média dos valores mensais dos dados obtidos.
29

Figura 9. Médias mensais da irradiação solar diária incidente sobre um painel coletor inclinado de 10°N em Rio
Branco/AC, latitude -9,96° e longitude -67,79°. Cada série é oriunda de um banco de dados distinto. Fonte:
elaboração própria, com dados de (NASA, 2017), (CRESESB, 2017), (NREL, 2017) e (LABSOL, 2017).
30

3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A realização de qualquer empreendimento demanda um investimento de capital


financeiro. De maneira geral, chama-se investimento “a toda aplicação de dinheiro visando
ganhos” (HAZZAN e POMPEO, 2007). Este investimento, por sua vez, pode ou não ser
aceitável, isto porque o retorno futuro poderá não ser atrativo, ou até mesmo inferior ao valor
investido. Portanto, para a análise da viabilidade de um projeto, se faz necessária a análise
financeira do mesmo, sendo relevante, para os objetivos deste trabalho, um apanhado geral
sobre alguns métodos de análise de investimentos mais usuais.

3.1. Valor Presente Líquido (VPL)

O Valor Presente Líquido – VPL, é definido como o valor presente de fluxo de caixa
(a somatória dos valores presentes das entradas de caixa subtraídas da soma dos valores das
saídas de caixa) (PUCCINI, 2011). “Os fluxos de caixa são trazidos a valor presente,
descontados de uma determinada taxa de juros” ASSAF NETO (Apud NAKABAYASHI,
2014). A expressão matemática para o cálculo do VPL com apenas uma saída inicial de fluxo
de caixa, é dada por (1).

 n PMTk 
VPL   k 
 PV (1)
 k 1 (1  i ) 
Onde:
 PMTj – representa os fluxos operacionais líquidos de entrada gerados pelo
investimento, esperados no período de k (1 ≤ k ≤ n);
 PV – é a saída de caixa (o investimento inicial feito);
 i se refere à taxa de atratividade (ou taxa de desconto) do investimento,
utilizada para atualização o fluxo de caixa.
 n representa os número de períodos (meses/anos) analisados no fluxo de caixa.
“Por essa definição, o VPL pode ser interpretado como uma medida do valor presente
da riqueza futura gerada pelo projeto” (PUCCINI, 2011). O critério para análise do
investimento é simples. Se VPL ≥ 0, significando que as entradas de caixa são maiores do que
o valor aplicado (PV), então o investimento é aceitável, pois se reflete em um ganho extra para
o investidor. (HAZZAN e POMPEO, 2007)
Caso contrário, se VPL ≤ 0, o investimento não deve ser aceito, pois não é
economicamente viável, ou seja, as receitas do projeto não excedem o valor que foi investido
somado às despesas do projeto.
31

3.2. Taxa Interna de Retorno

Outra figura de mérito utilizada para avaliação financeira de projetos é a Taxa Interna
de Retorno (TIR). Puccini (2011) define a TIR como a taxa de desconto que torna o valor
presente líquido de um fluxo de caixa nulo, isto é, a taxa que iguala, em dado momento, os
valores das entradas e saídas de caixa. Matemáticamente, TIR é a raiz da função VPL, sendo a
taxa de desconto a variável independente. A equação (2) expressa a relação do VPL com a TIR.
(NAKABAYASHI, 2014).

PMT1 PMT2 PMTn


VPL   PV    ...  0 (2)
(1  TIR) 1
(1  TIR) 2
(1  TIR) n

A TIR representa uma taxa de rentabilidade relativa (percentual unitária) de


investimento de um projeto, devendo ser comparada com a taxa de atratividade do
empreendimento. Caso a TIR supere a taxa mínima de atratividade, o investimento é
considerado economicamente atrativo. Caso contrário, deve-se rejeitar o projeto, pois incorre
em um VPL negativo. Assim, o critério para tomada de decisão deve ser: TIR ≥ taxa mínima
de atratividade (PUCCINI, 2011).

3.3. Prazo de retorno de investimento (Payback)

Um terceiro método para avaliação do investimento de um projeto, é o tempo de


retorno financeiro sobre o investimento (payback), que consiste no número de períodos
(meses/anos) necessários para que o fluxo de caixa acumulado venha a se tornar positivo, ou
seja, o tempo de recuperação do investimento realizado, considerando que o investimento é
aplicado no primeiro período e as receitas são obtidas nos anos seguintes. (NAKABAYASHI,
2014).
Matematicamente, o retorno de investimento corresponde ao momento (n) na Equação
(2) em que o valor da entrada de fluxo de caixa se igualar ao investimento inicial. Levando para
a ótica de um projeto de um sistema fotovoltaico conectado à rede na modalidade de net
metering, o retorno financeiro traduz-se em economia na fatura de energia, sendo a entrada do
fluxo de caixa, os valores economizados anualmente.
Para a análise do payback de um sistema fotovoltaico, deve-se também observar os
aumentos tarifários, que de maneira geral ocorrem anualmente e variam de acordo com cada
distribuidora de energia, podendo variar ainda, a depender da classe em que o consumidor é
atendido. (SIQUEIRA, 2015).
32

4 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: POLÍTICAS DE INCENTIVO E ASPECTOS

REGULATÓRIOS

“O Brasil, possui potencial para aproveitamento de energia solar superior a outras


nações em que essa fonte já é utilizada significativamente” (SILVA, 2015), além do mais, como
já foi discutido na sessão 2.2, “em comparação com outros países que concentram a maior parte
da geração fotovoltaica no mundo, o Brasil é muito privilegiado para a exploração dessa fonte
de energia” (VILLALVA e GAZOLI, 2015). No entanto, a participação da energia solar
fotovoltaica na matriz energética brasileira é, ainda, praticamente desprezível, respondendo por
apenas 0,11% da potência instalada no Brasil (BIG, 2017). Felizmente, há perspectivas bastante
positivas de esse cenário se transforme nos próximos anos, e esse cenário animador se deve,
entre outros fatores, à queda de alguns obstáculos institucionais e tributários, somados a
políticas de incentivo e regulamentação para o desenvolvimento dessa fonte de energia.

4.1. Regulamentação da Geração Distribuída

4.1.1. Breve histórico

Avanços no setor de energia solar se iniciaram no ano de 2011, resultado de discussões


promovidas pelo Grupo Setorial de Energia Fotovoltaica da Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica (ABINEE) e da comissão de estudos do Comitê Brasileiro de Eletricidade,
Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (COBEI) (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
 Em 2011, a ANEEL promoveu a Audiência Pública nº 42/2011, no intuito de debater os
dispositivos legais concernentes à conexão de geração descentralizada de porte
residencial na rede de distribuição (ANEEL, 2016).
 Em 2012, no mês de abril, foi aprovada pela ANEEL a resolução normativa (REN) nº
482, que possibilita a microgeração e a minigeração de energia elétrica de energia
elétricas a partir de fontes alternativas renováveis com sistemas conectados à rede de
distribuição.
 Em 2015, foi publicada a REN nº 687/2015, que revisou a REN nº 482/2012 visando
aprimorar alguns pontos da mesma, tais como: diminuição dos custos e do tempo para
conexão da micro e minigeração, aumentar o público alvo, e compatibilizar as condições
gerais de fornecimento da GD com as normas vigentes (ANEEL, 2016).
33

4.1.2. O Sistema de compensação de energia (Net Metering)

A Resolução Normativa Aneel nº 482, de 17/04/2012, constituiu as condições gerais


necessárias para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de
distribuição de energia elétrica, estabelecendo o sistema de compensação de energia elétrica
(política de net metering).
A microgeração é caracterizada por uma central geradora de energia elétrica, com
potência instalada menor ou igual a 75 kW, enquanto a minigeração consiste em centrais
geradoras com capacidade instalada maiores que 75 kW e com limite de 3 MW para fontes
hídricas, e 5 MW, para demais fontes.
O Sistema de Compensação de Energia Elétrica, permite que o excedente de energia
gerado pela unidade consumidora seja injetado diretamente na rede elétrica de baixa tensão, a
qual funciona como uma grande bateria, que armazena o excedente produzido na forma de
créditos de energia (kWh), que pode ser deduzido do consumo de outro posto tarifário (no caso
de consumidores com tarifa horária) ou ser descontado na fatura dos meses seguintes, sendo
esses créditos válidos por 60 meses. O sistema de compensação é ilustrado na Figura 10. A
energia gerada pode ser autoconsumida diretamente pelas cargas da unidade consumidora, e o
excedente é injetado na rede elétrica. O medidor bidirecional é responsável por registrar tanto
o consumo quanto a energia injetada na rede.

Figura 10. Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Fonte: (ANEEL, 2016).

É válido ressaltar, no entanto, que a fatura de energia não pode ser totalmente abatida
pelo sistema de compensação de energia. Para unidades consumidoras do grupo B (conectadas
em baixa tensão), mesmo que a geração seja superior à energia consumida, o consumidor deverá
efetuar o pagamento referente ao custo de disponibilidade, valor que corresponde à 30 kWh
(monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico). Analogamente, consumidores do
grupo A (conectados em alta tensão) deverão pagar apenas a parcela da fatura referente à
demanda contratada (ANEEL, 2016).
34

Quanto à classificação dos usuários, a REN 687/2015 acrescentou a possibilidade de


adesão ao sistema net metering para unidades consumidoras nas seguintes modalidades
definidas a seguir:
Autoconsumo remoto: Caracterizado por unidades consumidoras de titularidade de
uma mesma Pessoa Jurídica, incluídas matriz e filial, ou Pessoa Física que possua
unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local
diferente das unidades consumidoras, dentro da mesma área de concessão ou
permissão, nas quais a energia excedente será compensada. (ANEEL, 2016)
Geração compartilhada: Caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa,
composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com
microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras nas quais a energia excedente será compensada. (ANEEL, 2016)
Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras (Condomínio):
Caracterizado pela utilização da energia elétrica de forma independente, no qual cada
fração com uso individualizado constitua uma unidade consumidora e as instalações
para atendimento das áreas de uso comum constituam uma unidade consumidora
distinta, de responsabilidade do condomínio, da administração ou do proprietário do
empreendimento, com microgeração ou minigeração distribuída, e desde que as
unidades consumidoras estejam localizadas em uma mesma propriedade ou em
propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de passagem aérea
ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes do empreendimento.
(ANEEL, 2016)

4.2. Incentivos à energia solar no Brasil

Com o objetivo de diversificar a matriz energética, reduzir o carregamento da rede


elétrica e com a maior preocupação em reduzir a emissão de CO2, algumas políticas de incentivo
a energias renováveis, em especial à energia solar fotovoltaica têm sido implantados no país
nos últimos anos, dentre os quais é importante destacar:

I. Convênio nº 101, de 1997, do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ):


 Confere isenção do Imposto Sobre Circulação De Mercadorias E Serviços (ICMS) nas
operações que utilizem componentes e equipamentos para o aproveitamento das fontes
de energia solar e eólica. Consta no Anexo A.

II. Convênio ICMS nº 16/2015.


 Estabelece que, pelo prazo de 5 anos do início da geração, a base de cálculo do
imposto sobre operações em microgeração e do minigeração de energia elétrica,
será reduzida, de forma que a cobrança do tributo seja praticada apenas sobre a
energia consumida da rede elétrica, sendo descontada a energia devolvida à rede.
Consta no Anexo B.
35

 Os 22 estados que aderiram são: Alagoas, Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso,
Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pará, Piauí, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia,
Sergipe, São Paulo, Tocantins e o Distrito Federal.
 A Figura 11 mostra o efeito de caráter negativo da tributação sobre a energia
compensada, eliminada pelo convênio ICMS nº 16/2015. Basicamente, com a
tributação incidindo somente sobre o consumo líquido vindo da rede elétrica
(descontados os créditos de energia), o custo nivelado da geração fotovoltaica é
reduzido em aproximadamente 19% para uma residência típica, em comparação
com o cenário anterior à vigência do convênio ICMS 16, de 22 de abril de 2015,
implicando assim em um adiantamento da paridade tarifária em cerca de quatro
anos (EPE, 2014).

Figura 11. Impacto do Convênio ICMS 16/2015 no custo nivelado e paridade tarifária. Fonte: (EPE, 2014).

III. Isenção de PIS/PASEP e COFINS, conforme dispõe a Lei nº 13.169/ 2015 (Anexo C).
Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS
incidentes sobre a energia elétrica ativa fornecida pela distribuidora à unidade
consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica ativa injetada
na rede de distribuição pela unidade consumidora relativa aos créditos de energia nos
termos do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, para microgeração e
minigeração distribuída, conforme regulamentação da Aneel.

IV. Condições Diferenciadas de Financiamento:


36

 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): BNDES


Finem – Eficiência energética: financiamento de até 80% do valor da implantação
ou ampliação de empreendimentos de eficientização energética de edificações, com
foco em condicionamento de ar, iluminação, envoltória e geração distribuída,
incluindo cogeração, para unidades novas ou já existentes (retrofit), conforme
critérios definidos pelo BNDES. (BNDES, 2017).
o Público alvo: empresas brasileiras e entidades e órgãos públicos;
o Taxa de Juros: TJLP (7% ao ano) + 2,1% + 6,56%;
o Prazo: até 10 anos.
 Banco do Brasil: Pronaf4 Eco: Possibilita financiar até R$ 165 mil em investimentos
para a implantação de tecnologias de energia renovável e silvicultura. (BANCO DO
BRASIL, 2017).
o Público alvo: Produtores familiares que apresentem Declaração de Aptidão
ao Pronaf;
o Taxa de Juros: 2,5% ao ano;
o Prazo: até 12 anos com até 8 anos de carência.

Banco Santander: CDC Eficiência Energética de Equipamentos: financia a compra de


equipamentos e serviços que utilizem energias renováveis ou energias convencionais
de forma eficiente. (SANTANDER, 2017).
o Público alvo: Pessoas físicas e jurídicas interessadas no parcelamento de
bens e serviços relacionados a soluções sustentáveis;
o Taxa de Juros: varia de acordo com os valores, os prazos e as demais
condições escolhidas pelo cliente no ato da compra;

4
Pronaf - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
37

5 O MERCADO DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA

A geração de energia solar fotovoltaica tem conquistado cada vez mais espaço nas
matrizes energéticas do Brasil e do mundo, sendo impulsionada por fatores como: a
modularidade da tecnologia, de propícia adequação ao ambiente urbano; a redução dos custos
dos equipamentos nos últimos anos e o baixo impacto ambiental dessa fonte de energia, dado o
cenário de aquecimento global (IDEAL, 2016).

5.1. Cenário global

Conforme mostra a Figura 12, a capacidade de geração advinda de energias renováveis


viu seu maior aumento anual em 2016, com uma estimativa de 161 gigawatts (GW) de
capacidade adicionada, representando um aumento de quase 9% em comparação com o ano
anterior, num total de aproximadamente 2,017 GW de capacidade instalada ao fim de 2016.
Desse montante, a energia solar FV teve adição anual recorde, com acréscimo superior a
qualquer outra tecnologia de geração, com cerca de 75 GW de potência instalada, equivalente
a mais de 31000 painéis instalados a cada hora e respondendo por cerca de 47% da capacidade
de geração recentemente instalada em 2016 dentre as fontes renováveis, constituindo 15% do
total da capacidade instalada (incluindo hidrogeração) até o fim deste ano.

Figura 12. Capacidade de geração de energias renováveis 2015-2016. Fonte: (REN21, 2017).

Se observamos o panorama de crescimento da energia fotovoltaica no cenário global


durante a última década, podemos perceber com mais clareza a dimensão do desenvolvimento
e inserção dessa tecnologia no mercado mundial. A Figura 13 mostra a evolução da capacidade
instalada (com as adições anuais) entre os anos de 2006 e 2016, que teve uma taxa de
crescimento anual média durante a última década de 48%.
38

Figura 13. Capacidade FV global e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017).

Nessa evolução do mercado fotovoltaico, a Ásia tem exercido o protagonismo nos


últimos anos, respondendo por cerca de dois terços das adições globais, principalmente pela
contribuição de China e Japão. A China vem liderando o ranking de países com maior
aproveitamento de energia solar pelo terceiro ano seguido, sendo também o mercado com mais
adições anuais, evidenciando o elevado crescimento dessa modalidade de geração de energia
do país. Completando o ranking das cinco maiores potências em energia solar até o ano de 2016,
tem-se: Japão, Alemanha, Estados Unidos e Itália, conforme pode-se observar na Figura 14.

Figura 14. Top 10 países em capacidade de geração fotovoltaica e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017).
39

A Figura 15 mostra que os cinco mercados que mais cresceram foram: China, Estados
Unidos, Japão, Índia e Reino Unido, representando cerca de 85% das adições no ano de 2016,
o que mostra que o mercado europeu, ainda que represente uma parcela significativa de
capacidade instalada no cenário mundial, tem sido eclipsado pelo mercado asiático, líder em
crescimento. Nas américas, destaca-se apenas os Estados Unidos, que já se caracteriza como
um importante mercado mundial de energia solar.

Figura 15. Adições em capacidade instalada (global) de energia FV do Top 10 e resto do mundo. Fonte: (REN21,
2017).

Embora a China seja líder absoluta em termos de capacidade instalada, é válido levar
em conta outros fatores para mensurar a real dimensão da penetrabilidade da energia FV em
dado país. Por exemplo, a Alemanha, embora tenha perdido nos últimos anos o posto de país
com maior aproveitamento em energia solar fotovoltaica, ainda é líder se considerarmos a
capacidade instalada per capta, onde para cada habitante, produz-se em média 511 Watts. No
Top 3, segue-se Japão e Itália, respectivamente, como mostra Figura 16.
Podemos observar também a significância da contribuição da energia solar FV
mediante sua penetração ou contribuição sobre a demanda energética de um país. Embora seja
uma tarefa difícil mensurar a real produção de energia fotovoltaica devido sua variabilidade por
região ou período do ano, a Figura 17 apresenta uma estimativa da penetração da modalidade
geração fotovoltaica em relação à demanda anual de eletricidade de alguns países, mediantes
estimativas baseadas na capacidade cumulativa da produção de energia FV no ano de 2016.
40

Com Honduras na liderança, observa-se que os países com maior produção de energia
fotovoltaica per capita, como Alemanha, Japão e Itália possuem significativa contribuição dessa
modalidade de geração para a demanda energética dos mesmos, enquanto a China, líder em
termos de capacidade instalada, fica apenas na décima-nona posição do que se refere à
penetração da energia FV, o que em muito se deve a sua vultosa população.

Figura 16. Top 3 países em energia solar fotovoltaica per capita. Fonte: (INTERNATIONAL ENERGY
AGENCY, 2016).

Figura 17. Penetração de energia FV em % na demanda nacional de eletricidade em 2016. Fonte:


(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2016).
41

É importante ressaltar que os dados analisados dizem respeito ao aproveitamento de


energia solar de maneira geral, o que inclui a geração em larga escala e a geração
descentralizada, ou distribuída, sendo importante realizar uma análise de maneira disjunta
destes dois seguimentos.
Na China, os empreendimentos em larga escala ainda representam mais de 86% da
capacidade instalada até o final de 2016, apesar do esforço do governo em incentivar as
pequenas instalações para uso residencial. De maneira semelhante, nos Estados Unidos o
crescimento no segmento de energia solar fotovoltaica se deu principalmente em aplicações em
larga escala, com um recorde de adição de 10.6 GW ao fim do ano de 2016. O setor residencial
observou um crescimento de 19% no mesmo ano, em parte, devido à saturação de grandes
mercados dado o grande número de adeptos nos anos anteriores. Não obstante a isso, cinco
estados dos EUA apresentaram crescimento superior a 70%, se tornando mercados emergentes
nesse segmento (REN21, 2017).
A capacidade dos sistemas conectados à rede tem crescido rapidamente e continua a
responder pela grande maioria das instalações de energia solar fotovoltaica em todo o mundo.
Os sistemas descentralizados (sistemas de telhados residenciais, comerciais e industriais) que
utilizam conexão à rede têm lutado para manter o mercado global aproximadamente estável
(em termos de capacidade adicionada anualmente) desde 2011. Os projetos de grande porte
centralizados, em contrapartida, têm compreendido uma crescente participação nas instalações
anuais - particularmente nos mercados emergentes - apesar dos desafios de conexão na rede e
agora representam a maioria das instalações anuais. A Figura 18 mostra a parcela de sistemas
instalados anualmente, incluindo sistemas Off-Grid (sistemas isolados).

Figura 18. Segmentação das instalações fotovoltaicas - adições anuais. Fonte: (REN21, 2017).
42

Seja via sistemas em larga escala ou de aplicação residencial, o mercado de energia


solar fotovoltaica tem observado uma expansão, como mostra um estudo realizado pela
Schmela et all (2016) ilustrado na Figura 19, que vislumbra diferentes cenários de perspectivas
de crescimento da energia FV. Este crescimento tem sido impulsionado principalmente pela
crescente competitividade da energia solar, bem como pelo aumento da demanda por
eletricidade e devido a uma maior conscientização por partes dos países sobre o potencial de
sistemas FV no alívio da poluição e redução das emissões de CO2. Esse cenário promissor,
tende a firmar a energia solar fotovoltaica como uma alternativa cada vez mais competitiva no
mercado mundial, forçando uma queda nos custos desses sistemas e incentivando a pesquisa e
aperfeiçoamento dessa tecnologia.

Figura 19. Diferentes cenários do total global do alcance do mercado de energia FV até 2020. Fonte:
(SCHMELA, MASSON, et al., 2016).
43

5.1.1. Competitividade da energia solar fotovoltaica no mercado global

O crescimento emergente do mercado fotovoltaico global tem coincidido com


reduções rápidas nos custos de módulos e sistemas. O custo nivelado da energia dos sistemas
fotovoltaicos já está abaixo dos preços da eletricidade no varejo (taxa por kWh) em vários
países e aproxima-se rapidamente do nível de custos de geração de alternativas convencionais.
(IEA PVPS, 2016).
Os preços reportados para sistemas fotovoltaicos variam amplamente e dependem de
uma série de fatores, incluindo tamanho do sistema, localização, tipo de cliente, conexão uma
rede elétrica, especificações técnicas, entre outros. A Figura 20 mostra o declínio do preço
médio dos sistemas fotovoltaicos no segmento residencial no período de 2013 a 2015 para
alguns países selecionados, baseado nos dados da International Energy Agency (2016). De fato,
verifica-se significante variação dos custos para diferentes países, mas em todos eles, sem
exceção, foi observada uma queda no custo dos sistemas fotovoltaicos.

Figura 20. Preços típicos de sistemas FV 2013-2015 em países selecionados (U$). Fonte: Adaptado de (IEA
PVPS, 2016).

Como mostra a Figura 21, a maior parte do custo de um sistema fotovoltaico se deve
ao valor dos módulos fotovoltaicos (cerca de 42%), e consequentemente, a queda nos custos
dos sistemas observada se deve em grande parte ao dimunuiçao dos preços desses módulos no
decorrer dos anos. Isso fica evidente ao observarmos a Figura 22, que mostra a evolução dos
44

custos dos sistemas fotovoltaicos atrelada à regressão do valor dos módulos durante a ultima
década.

Figura 21. Distribuição de custos dos materiais utilizados em um sistema FV residencial. Fonte: (IDEAL, 2016).

Figura 22. Evolução do preço dos módulos e sistemas fotovoltaicos 2006 - 2015 (U$/Watt). Fonte: (IEA PVPS,
2016).

Seguindo a tendência de diminuição do custo dos sistemas fotovoltaicos, há boas


razões para acreditar que os custos de células e módulos diminuirão ainda mais, à medida que
aumente a implantação desses sistemas e que a tecnologia e eficiência dos mesmos sejam
aprimoradas nas próximas décadas.
45

5.2. Cenário nacional

O Brasil, no que diz respeito à geração de eletricidade, tem nas fontes renováveis de
energia a maior parcela de participação na capacidade de geração do país, com contribuição
principalmente da geração hidrelétrica e eólica. Segundo o Banco de Informações de Geração
- BIG, dos empreendimentos em operação, mais de 61% da potência instalada se deve à
hidrogeração, enquanto a geração eólica já responde por mais de 7% da capacidade instalada.
No que se refere à contribuição da geração de energia FV, o país ainda engatinha, contudo, a
perspectiva é animadora. Em escala utilitária, os empreendimentos de geração FV
compreendem apenas 0,11% do total, com 51 usinas, num total de 176 MW de potência
instalada. Contudo, dentre os empreendimentos em construção, há 37 usinas fotovoltaicas,
constituindo um montante superior a 1 GW de potência outorgada (BIG, 2017).
Os dados se mostram ainda mais animadores quando analisamos o segmento de
geração distribuída. Muito embora tenha sido regulamentada apenas a partir de 2012, e no início
tenha atravessado um lento processo de difusão dos sistemas descentralizados, observou-se a
partir de 2016 uma grande aceleração desse processo, culminando em mais de 15 mil unidades
consumidoras com sistemas instalados, até agosto de 2017. Essa evolução pode ser melhor
percebida observando-se a Figura 23.

Figura 23. Número de micro e minigeradores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL,
2017).

Da totalidade de sistemas distribuídos instalados atualmente, a maioria esmagadora


consiste em sistemas de micro e minigeração fotovoltaica, como mostra a Figura 24, em que a
46

fonte solar fotovoltaica representa cerca de 99% do número total de instalações dentre os
segmentos regulamentados.

Figura 24. Conexões por tipo de fonte até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).

Em termos de capacidade de geração, até agosto de 2017 já se registrava mais de 150


MW de potência instalada, como mostrado na Figura 25, o que evidencia a crescente evolução
da capacidade instalada na modalidade de geração distribuída desde 2012, a qual tem
experimentado um salto nos últimos dois anos, sendo observado no ano de 2016 um
crescimento de 407% em relação a 2015. Esse crescimento tem sido impulsionado pela
disseminação dos sistemas fotovoltaicos, segmento que responde sozinho por mais de 100 MW
de potência instalada, representando quase 70% da capacidade total em geração distribuída no
Brasil, como ilustra a Figura 26.
Com relação ao perfil das unidades consumidoras que têm adquirido sistemas de
geração distribuída, a grande parcela dos sistemas instalados é de classe residencial, que
corresponde quase 79% dos sistemas, seguido pelo comercial, com cerca de 15,5% do total
(veja a Figura 27).
47

Figura 25. Evolução da potência instalada (MW) até 20/08/17. Fonte: elaboração própria com dados de
(ANEEL, 2017).

Figura 26. Potência instalada por fonte até 20/08/17. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
48

Figura 27. Classes de consumo dos consumidores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, a partir de
(ANEEL, 2017).

Quanto à distribuição dos micro e minigeradores no país, a Figura 28 mostra que os


estados de Minas Gerais e São Paulo concentram a maior parte dos sistemas descentralizados.
O Acre, localidade do interesse desse trabalho, é o estado com menor número de sistemas
instalados, possuindo apenas 5, todos eles geradores fotovoltaicos.

Figura 28. Número de conexões por Estado até 23/05/17. Fonte: (ANEEL, 2017).
49

Os dados analisados anteriormente nos mostram uma perspectiva promissora de


crescimento da modalidade de geração distribuída no Brasil, e conforme foi visto, esses dados
são reflexo do crescimento do setor de geração fotovoltaica, que assim como nos demais países
do mundo, tem experimentado um crescimento e disseminação do aproveitamento de energia
solar a nível residencial, e a tendência é de que esse crescimento continue a aumentar, à medida
que os custos dos sistemas venham diminuindo e que mais políticas de incentivo ao
aproveitamento de fontes renováveis de energia sejam implementadas

5.2.1. Competitividade da energia solar fotovoltaica no mercado nacional

O crescimento na inserção da geração fotovoltaica distribuída no território brasileiro,


a exemplo de outros países, tem sido impulsionado por políticas de incentivo – como discutido
no capítulo 4 - além da queda nos custos dos sistemas fotovoltaicos e o crescimento da
disponibilização de informações sobre essa alternativa aos consumidores finais. No Brasil,
contudo, outro fator tem incentivado a disseminação de sistemas fotovoltaicos: o nivelamento
tarifário. Estudos apontam que “para consumidores finais, o aumento de mais de 35% das tarifas
de eletricidade em 2015 tornou a solução de micro e minigeração FV financeiramente viável na
maioria dos estados brasileiros” (IDEAL, 2016), como demonstra a Figura 29, a qual mostra
que, para a concessionária de energia do estado do Acre, já é observada a paridade tarifária
quando há incidência da bandeira vermelha na tarifa de energia.

Figura 29. Tarifa de eletricidade versus custo da geração distribuída fotovoltaica. Fonte: (IDEAL, 2016).
50

Em estudo realizado pelo Instituto IDEAL5, no qual 323 empresas do setor


fotovoltaico brasileiro foram entrevistadas, foram levantados os valores dos sistemas FV por
faixa de potência nominal para empresas instaladoras e fabricantes/revendedoras de módulos
e/ou inversores. O preço médio registrado para sistemas de até 5 kWp foi de R$ 8,42/Wp6, valor
ligeiramente inferior ao ano anterior, quando o preço médio indicado em 2014 era de
R$8,81/Wp (IDEAL, 2016).
Como é de se esperar, conforme aumenta a faixa de potência, o preço médio tende a
diminuir, uma vez que os custos fixos se mantém. A Figura 30 contém alguns valores indicados
para cada faixa de potência.

Figura 30. Preços dos sistemas FV em 2015 por faixa de potência. Fonte: (IDEAL, 2016).

A Figura 30 nos dá um panorama dos custos dos sistemas fotovoltaicos no mercado


brasileiro ao fim de 2015, contudo, é necessário ressaltar que o estudo realizado pelo instituto
IDEAL se deu com base em entrevista às empresas do setor, o que é refletido na elevação dos
valores, visto que se deve considerar custos operacionais, de instalação e margem de lucro,
valores estes que contrastam com a redução de preços no mercado internacional, refletindo a
inflação anual e as variações no câmbio do dólar, visto que a maioria dos componentes costuma
ser importada (IDEAL, 2016).
Em estudo realizado pela ANEEL, vide a Nota Técnica n° 0056/2017-SRD/ANEEL
estabelece-se valores de referência de sistemas fotovoltaicos residenciais para os anos de 2015
e 2016, os quais constam na Tabela 1. Levando-se em conta sistemas de 3 kWp, num regime

5
O Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América latina (IDEAL) é uma organização
privada sem fins lucrativos, com sede em Florianópolis (SC), que atua na promoção de energias renováveis e de
políticas de integração energética na América Latina.
6
Wp – Watt-pico: denomina a máxima potência de um módulo/sistema fotovoltaico, atingida nas condições de
irradiação padrão – 1000 W/m2 - 25º C.
51

médio de consumo de 60%, se comparado ao consumo sem a geração, e ainda o montante de


55% de energia injetada pelo microgerador, com base nas tarifas vigentes em novembro de
2015 e dezembro de 2016, adotando-se a aplicação do Convênio ICMS nº 16, de 22 de abril de
2016. Os valores apresentados mostram que em 2016, o preço médio dos sistemas FV foi de
R$ 7,00/Wp.
Tabela 1. Valores base para consumidores residenciais.

2015 2016
Potência (kWp) 3 3
Degradação anual 0,5% 0,5%
Vida útil (anos) 25 25
Tarifa residencial Ago/15 Dez/16
Custo (R$/kWp) 9000 7000
Adequação da medição (R$) 0 0
Custo disponibilidade (kWh) 100 100
Substituição do inversor 2250 1750
(R$/kW)
Consumo após GD (%) 60% 60%
Energia compensada com a 55% 55%
geração (%)

Fonte: (ANEEL, 2017).


Para fins de comparação, em simulação de orçamento, realizado na ferramenta
“simulador solar”, disponível em PORTAL SOLAR (2017), foram obtidos os valores presentes
na Figura 31 para um sistema de 3 kWp.

Figura 31. Preços usuais para um sistema FV de 3 KWp. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017).

Observamos uma variação de valores de R$ 18.600 a R$ 22.500 para um sistema de


microgeração do porte de 3 kWp, o que corresponde a custos de R$ 6,2/Wp a R$ 7,5/Wp,
demonstrando os valores praticados atualmente no mercado.
52

6 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA

6.1. Energia solar fotovoltaica

Conforme abordado no Capítulo 2 deste trabalho, a radiação solar consiste na


incidência de irradiação solar sobre a superfície terrestre, e esta, pode ser utilizada para produzir
eletricidade, através do efeito fotovoltaico, o qual consiste na conversão direta da luz solar em
energia elétrica (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

6.1.1. O Efeito fotovoltaico

“A transformação da energia contida na radiação luminosa em energia elétrica é um


fenômeno físico conhecido como efeito fotovoltaico” (ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). Este
fenômeno, primeiramente observado pelo físico francês Edmond Becquerel em 1839, ocorre
em materiais semicondutores com propriedades específicas, os quais possuem a capacidade de
absorver a energia presente nos fótons contidos na radiação luminosa incidente, convertendo-a
em eletricidade. O efeito fotovoltaico, é, portanto, uma característica física intrínseca ao
material que compões os dispositivos de conversão fotovoltaica. Tais dispositivos são
chamados de células fotovoltaicas.
A topologia básica de uma célula fotovoltaica é mostrada na Figura 32, a qual ilustra
a estrutura da célula, integrada por duas camadas de material semicondutor P e N, uma grade
de contatos metálicos na parte superior e uma base de metal na parte inferior. A grade e a base
metálica constituem os terminais elétricos que coletam a corrente elétrica que se estabelece
mediante a incidência de radiação solar no semicondutor.

Figura 32. Estrutura básica de uma célula fotovoltaica. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

“Um semicondutor é um material que não pode ser classificado como condutor
elétrico nem como isolante” (VILLALVA e GAZOLI, 2015). Assim, suas propriedades podem
53

ser manipuladas mediante a dopagem desses materiais. De fato, existem atualmente diversas
tecnologias para a fabricação de células fotovoltaicas, tais como: tecnologia baseada em filmes
finos de telureto de cádmio (CdTe), silício amorfo hidrogenado (a-SI:H), disseleneto de cobre
índio e gálio (CIGS), entre outras. Contudo, a tecnologia dominante no mercado atualmente é
a baseada em silício cristalino (mono ou policristalino) (PINHO e GALDINO, 2014), e,
portanto, será a tecnologia abordada neste trabalho.
Conforme visto na Figura 32, a célula fotovoltaica é composta tipicamente pela junção
de duas camadas de material semicondutor, uma do tipo N e outra do tipo P.
O material N é formado usualmente por uma camada de silício (Si), cujos átomos
possuem quatro elétrons na camada de valência, dopado com fósforo (P), que possui cinco
elétrons de ligação. Essa configuração faz com que haja um elétron excedente, que não poderá
ser emparelhado e ficará “sobrando”, fracamente ligado ao seu átomo original (CRESESB,
2017).
O material P por sua vez, é composto por silício dopado com boro (B), o qual dispõe
de apenas três elétrons de ligação, gerando assim uma carência de um elétron para que as
ligações com os átomos de silício sejam satisfeitas. A essa falta de elétron, chama-se buraco ou
lacuna, caracterizando uma região com densidade de carga positiva (CRESESB, 2017). A
Figura 33 ilustra as estruturas moleculares dos semicondutores P e N.

Figura 33. Estruturas moleculares dos materiais P e N. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

Quando duas camadas de semicondutores do tipo P e N são colocadas em contato,


forma-se o que se chama junção semicondutora (ou junção PN), onde os elétrons da camada N
migram para a camada P ocupando os espaços vazios das lacunas, resultando em um acúmulo
de elétrons no lado de P, fazendo com que fique negativamente carregado, e uma diminuição
do número de elétrons do lado N, tornando-o eletricamente positivo. Este processo alcança um
equilíbrio quando é originado um campo elétrico, criando uma barreira potencial entre as duas
54

camadas. Os elétrons e lacunas se mantêm presos atrás dessa barreira quando a célula
fotovoltaica não está iluminada (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Quando o semicondutor é iluminado, esse estado de equilíbrio é quebrado. Ao passo
que um elétron da banda de valência é atingido por um fóton, ele absorve a energia deste,
fazendo com que o elétron tenha energia suficiente para libertar-se de sua ligação química,
passando assim para a banda de condução e criando um par elétron-lacuna. O campo elétrico
existente atrai o elétron para a região N ao mesmo tempo que a lacuna é “atraída” para a região
P. A energia dos fótons desencadeia este processo, formando mais pares elétron-lacuna, que
são separados pelo campo, ocorrendo assim, um desequilíbrio nas correntes da junção e o
estabelecimento de uma diferença de potencial. Se conectarmos coletores metálicos em cada
lado da junção PN e fecharmos o circuito, circulará uma corrente elétrica contínua, chamada de
fotocorrente, a qual é proporcional à quantidade de luz e à área da célula. (ZILLES, MACÊDO,
et al., 2012; VILLALVA e GAZOLI, 2015).

6.2. Módulos fotovoltaicos

Quando à aplicabilidade do aproveitamento das células fotovoltaicas, Villalva (2015,


p. 68) ressalta que:
Uma célula fotovoltaica sozinha produz pouca energia e apresenta uma tensão elétrica
muito baixa, mas várias células podem ser ligadas em série para fornecer uma grande
quantidade de energia elétrica e uma tensão mais elevada. (VILLALVA e GAZOLI,
2015).
Na prática, as células fotovoltaicas são agrupadas em associações série e paralelo, de
modo a produzir corrente e tensão nos níveis adequados às aplicações a que se destinam. Esses
agrupamentos de células fotovoltaicas formam os painéis ou módulos fotovoltaicos.
(VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Além de compor a associação das células, o módulo tem como função proteger as
mesmas das condições climáticas externas, bem como isolá-las eletricamente de contatos
exteriores e fornecer rigidez mecânica ao agrupamento. (ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). A
Figura 34 ilustra as características construtivas de um módulo fotovoltaico.
55

Figura 34. Partes que compõem um módulo fotovoltaico. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017)

6.2.1. Características elétricas dos módulos fotovoltaicos

O comportamento de um módulo fotovoltaico difere das fontes de energia


convencionais, sendo necessária a compreensão das características peculiares desses
dispositivos para o correto dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos, visando assegurar a
confiabilidade da operação dos mesmos.
A tensão elétrica de um módulo fotovoltaico depende da sua corrente e vice-versa.
Assim, o ponto de operação do módulo depende do que está conectado a seus terminais. Se
nenhuma carga estiver conectada à célula, quando iluminada, aparecerá uma tensão em seus
terminais chamada de tensão de circuito aberto (Voc). Por outro lado, se conectarmos uma carga
que demanda muita corrente, a tensão nos terminais do módulo tenderá a cair. (VILLALVA e
GAZOLI, 2015; ZILLES, MACÊDO, et al., 2012).
Outros parâmetros de grande importância são: a corrente de curto circuito (Isc – short
circuit) e a potência máxima (Pmp). A corrente de curto circuito é obtida mediante a aferição da
corrente do módulo quando o mesmo está em curto circuito. Já o ponto de máxima potência
corresponde à situação na qual o módulo fornece a máxima potência sob as condições padrão
de teste (STC – Standart Test Conditions), valor este que é fornecido pelo fabricante como
potência de pico. As condições padrão (ou condições de referência) são definidas para valores
de irradiancia solar de 1000W/m2 na temperatura de 25º C e AM=1,5, para a massa de ar.
(ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). A Figura 35 ilustra a relação entre a tensão e a corrente de
saída de um módulo fotovoltaico na curva I – V, destacando-se os pontos de operação
anteriormente assinalados Voc, Isc e Pmp.
56

Figura 35. Curva I - V de um módulo fotovoltaico. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

Para cada curva I- V, há uma curva P – V correspondente, como mostra a Figura x, na


qual ilustra-se a variação da potência do módulo em função de sua tensão.

Figura 36. Curva P - V de um módulo fotovoltaico. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

6.2.2. A influência da temperatura nas características elétricas

As características das células fotovoltaicas podem sofrer alterações em razão de fatores


intrínsecos e extrínsecos a estas. (ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). Podemos destacar, por
exemplo, o efeito da temperatura, a qual afeta os parâmetros elétricos da célula, de modo que
em temperaturas mais baixas, as tensões são mais elevadas, enquanto em maiores temperaturas,
as tensões são menores. A corrente fornecida pelo módulo não se altera com a temperatura, no
57

entanto, a potência é sensível à variação da temperatura, uma vez que esta é o produto da tensão
e da corrente do módulo. (VILLALVA e GAZOLI, 2015). Essas situações são ilustradas na
Figura 37.

Figura 37. Influência da temperatura na tensão e potência do módulo. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

Para células de silício cristalino, valores típicos da variação da tensão de circuito aberto
em função da temperatura são da ordem de -2,3 mV/célula °C, ou -0,37%/°C. Já na corrente de
curto circuito, verifica-se um acréscimo de cerca de + 0,004 mA/cm2.°C ou +0,01%/°C. A
variação típica observada para a máxima potência (potência de pico) é de -0,5%/°C. (PINHO e
GALDINO, 2014).
A temperatura nominal de operação de um módulo fotovoltaico é geralmente indicada
pelo fabricante. Tomando como exemplo um módulo típico com temperatura de operação
nominal da célula de 45 °C (NEO SOLAR, 2017), podemos estimar a influência da temperatura
na potência do mesmo. Considerando que a temperatura de operação ideal é de 25 °C nas
condições padrões de teste, um aumento de 20 °C em relação a essa temperatura, com uma taxa
de variação de potência de -0,5%/°C, para um painel de 325 Wp, por exemplo, resultaria em
uma redução de 10% (ou de 32,5 Wp) na potência máxima desse módulo. O efeito da
temperatura, no entanto, será considerado no dimensionamento do projeto, para o qual será
considerada uma Taxa de Desempenho (TD) de 0,75, de modo que o sistema seja
sobredimensionado em 25% para compensar eventuais perdas por temperatura ou outros fatores
externos. Isso é abordado com mais detalhes na sessão 7.2.1 deste trabalho.
58

6.2.3. Eficiência do módulo

Os geradores fotovoltaicos, como qualquer outra fonte de energia, não são capazes de
transformar toda a energia incidente em eletricidade, devido a suas limitações inerentes à
tecnologia das células fotovoltaicas. O valor da eficiência de um módulo fotovoltaico é
geralmente especificado pelo fabricante, mas pode também ser calculada pela seguinte
expressão:

P max
p 
A p  1000 (3)
Onde Pmax é a potência máxima ou de pico do módulo [W] e Ap é a área do módulo em m2. O
termo 1000 corresponde à taxa de irradiância padronizada de1000W/m2 em STC.
A Tabela 2 resume as eficiências típicas de diferentes tecnologias das células
fotovoltaicas existentes, dentre as quais, as mais comuns encontradas no mercado são as células
de silício monocristalino e policristalino.

Tabela 2. Dados comparativos da eficiência das diferentes tecnologias de células fotovoltaicas.

Material da célula fotovoltaica Eficiência da célula Eficiência da Eficiência dos


em laboratório célula comercial módulos comerciais
Silício monocristalino 24,7% 18% 14%
Silício policristalino 19,8% 15% 13%
Silício cristalino de filme fino 19,2% 9,5% 7,9%
Silício amorfo 13% 10,5% 7,5%
Silício micromorfo 12% 10,7% 9,1%
Célula solar híbrida 20,1% 17,3% 15,2%
CIS, CIGs 18,8% 14% 10%
Telureto de Cádmio 16,4% 10% 9%

Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015)

Uma abordagem sobre algumas das principais tecnologias de fabricação de células


fotovoltaicas é realizada a seguir.

 Silício monocristalino e policristalino


As células de silício são predominantes no mercado. Em 2011 representavam 89,7%
do mercado mundial. (PINHO e GALDINO, 2014) . Esse domínio em muito se deve ao
59

aperfeiçoamento dessa tecnologia pela microeletrônica, e pelo fato de que esse material é
abundante na natureza. (ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). As diferenças entre as células de
silício mono e policristalino baseiam-se em seu processo de fabricação e grau de pureza.
O silício monocristalino é fabricado com blocos de silício ultrapuro, através de um
processo chamado Czochralski, onde são formados lingotes de silício monocristalino, os quais
possuem uma estrutura cristalina única e organização molecular homogênea. Seu aspecto é
uniforme, normalmente azulado ou preto. As células de silício monocristalino são as
comercialmente mais eficientes produzidas em larga escala, alcançando eficiências de 14 a
18%, mas apresentam custo de produção mais elevado que outras tecnologias. Em laboratório,
sua eficiência chega aos 25% aproximadamente. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
O silício policristalino é fabricado através de um processo mais barato do que o do
silício monocristalino. Os lingotes desse material são formados por um aglomerado de
pequenos cristais e possuem aspecto heterogêneo, normalmente na cor azul. Possui eficiência
comercial entre 13 e 15%, ligeiramente inferiores à do silício monocristalino. No entanto, seu
custo de fabricação é inferior. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

 Filmes finos
São fabricados através da disposição de camadas finais de materiais semicondutores
(dentre eles, o silício) sobre uma base rígida ou flexível. As tecnologias disponíveis no mercado
mais usuais são baseadas em telureto de cádmio (CdTe), disseleneto de cobre-índio-gálio
(CIGS) e silício amorfo hidrogenado (a-Si:H). Esses materiais possuem coeficientes de
absorção luminosa de 10 a 100 vezes superiores que o silício, o que permite que esses filmes
sejam muito mais finos, lhe conferindo maior flexibilidade. Outra vantagem dessa tecnologia é
que é seu menor coeficiente de temperatura, isto é, apresenta menor perda de potência à medida
que a temperatura da célula aumenta (TOLMASQUIM, 2016).
Apesar de possuir custo relativamente baixo, os filmes finos têm baixa eficiência
comercial (entre 7,5% e 14%), e necessitam de uma área maior de módulos para produzir a
mesma energia que as tecnologias cristalinas. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
 Células híbridas
Essa tecnologia alia as características das células cristalinas com a célula de filme fino.
Não apresenta degradação da eficiência devido ao envelhecimento pela exposição da luz, e
assim como os filmes finos possui maior produção de energia em elevadas temperaturas, se
comparadas as células cristalinas. Possui custo atraente. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
60

6.2.4. Arranjos de dispositivos fotovoltaicos

Os módulos fotovoltaicos podem ser associados em arranjos série e/ou paralelo, de


modo a se obter os níveis de tensão e correntes desejados para determinada aplicação. “Um
agrupamento de módulos é denominado arranjo ou conjunto fotovoltaico”. (VILLALVA e
GAZOLI, 2015).
Na associação em série, o terminal elétrico positivo de um dispositivo fotovoltaico é
ligado ao terminal negativo do dispositivo adjacente, e assim sucessivamente, de maneira que,
para dispositivos idênticos e igualmente iluminados, as tensões dos mesmos são somadas, sendo
que a corrente não é afetada, como ilustra a Figura 38. (PINHO e GALDINO, 2014).

Figura 38. Curvas I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em série. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014).

Já no arranjo em paralelo, os terminais elétricos positivos dos dispositivos são


interconectados entre si, da mesma forma para os terminais negativos, de forma que as correntes
dos dispositivos são somadas, permanecendo inalterada a tensão como mostra a Figura 39. Este
tipo de arranjo é pouco utilizado. (PINHO e GALDINO, 2014).
61

Figura 39. Curva I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em paralelo. Fonte: (PINHO e GALDINO,
2014).

6.3. Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede - SFCR

Um sistema conectado à rede, é aquele que opera em paralelismo com a rede de


distribuição. Diferentemente dos sistemas off-grid, eles dispensam o uso de acumuladores
(baterias), uma vez que a energia produzida pode ser consumida diretamente pela carga, ou
ainda, injetada na rede elétrica convencional. O objetivo do SFCR é gerar eletricidade para
consumo local e representa uma fonte geradora complementar ao sistema elétrico ao qual está
conectado. (VILLALVA e GAZOLI, 2015; PINHO e GALDINO, 2014).

6.3.1. Componentes dos SFCRs

A configuração básica de um sistema fotovoltaico interligado à rede, consiste no


conjunto formado pelo gerador fotovoltaico, o inversor e a rede elétrica de distribuição local.
(ZILLES, MACÊDO, et al., 2012).
O gerador fotovoltaico é o dispositivo que converte energia solar em eletricidade (em
corrente contínua) por meio do efeito fotovoltaico, como explanado anteriormente, e é
composto pelos módulos fotovoltaicos. Os módulos comerciais de silício cristalino são
normalmente encontrados produzem entre 50 e 250 W de potência e apresentam tensões
máximas da ordem de 37 V, podendo fornecer até 8 A de corrente elétrica. (VILLALVA e
GAZOLI, 2015).
“O inversor pode ser considerado o coração do SFCR” (ZILLES, MACÊDO, et al.,
2012). Consiste em um dispositivo eletrônico que provê energia elétrica em corrente alternada
(c.a) a partir de determinada fonte de energia em corrente contínua (c.c), esta, coletada dos
62

módulos fotovoltaicos. A tensão alternada de saída deve possuir amplitude, frequência e


conteúdo harmônico compatível com as cargas a serem atendidas. (PINHO e GALDINO,
2014). Além do mais, nos sistemas conectados à rede, a tensão de saída deve ser sincronizada
com a tensão da rede, não se pode confundir, portanto, os inversores utilizados em sistemas
autônomos, que fornecem tensão elétrica, com os inversores utilizados em SFCRs, que
fornecem corrente elétrica e não tensão, sendo capazes de funcionar apenas quando conectados
à rede elétrica. O inversor tem também por função efetuar o seguimento do ponto de máxima
potência que pode ser suprida pelo gerador em determinado momento. (VILLALVA e
GAZOLI, 2015). É importante ressaltar a função anti-ilhamento destes inversores, que
identifica a interrupção da alimentação da rede elétrica, desconectando assim o inversor
automaticamente, garantindo assim a segurança dos equipamentos, da rede, e das pessoas que
possam estar fazendo manutenção da rede.
Quando à conexão na rede elétrica, é importante destacar o papel da medição do fluxo
de energia para a operação do SFCR, especialmente no modelo net metering. Assim, um
componente importante do sistema conectado à rede é o medidor bidirecional, o qual é
responsável por aferir o fluxo de energia, tanto gerada pelo sistema fotovoltaico, como
consumida da concessionária de energia. A energia gerada pelo sistema fotovoltaico é injetada
e distribuída na rede elétrica interna da unidade consumidora ou é consumida no próprio local
e o excedente, se houver, é exportado para a rede de distribuição da concessionária de energia.
(FERREIRA, 2016; VILLALVA e GAZOLI, 2015).
A Figura 40 ilustra um sistema fotovoltaico típico de microgeração conectado à rede
elétrica de uma residência, que mostra os componentes principais de um SFCR, a saber: o
gerador fotovoltaico, composto pelos módulos; o inversor, que converte a energia produzida
em corrente contínua em corrente alternada compatível com a rede, além de integrar funções
como a desconexão automática em caso de ilhamento (falta de energia da rede elétrica); o
quadro de distribuição, que direciona a energia produzida para as cargas ou para a rede; e o
medidor bidirecional, responsável por registrar tanto a energia consumida quanto a injetada na
rede de distribuição.
63

Figura 40. Componentes de um sistema fotovoltaico residencial conectado à rede. Fonte: elaborado pelo autor.
64

7 PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE SFCRS

A concepção de qualquer empreendimento requer um estudo preliminar das condições


e informações necessárias para o desenvolvimento do mesmo. No que tange ao projeto de um
sistema de geração fotovoltaica, uma série de etapas preliminares devem ser analisadas, tais
como a disponibilidade de recurso solar, a demanda de geração, a disponibilidade de área para
instalação dos módulos, entre outros. Nesse sentido, Pinho e Galdino (2014) recomenda a
observação de algumas etapas preliminares à construção de um sistema fotovoltaico conectado
à rede, as quais estão resumidas no fluxograma presente na Figura 41.

Figura 41. Etapas de projeto de um SFCR. Adaptado de (PINHO e GALDINO, 2014).

7.1. Prospecção

Na etapa inicial do projeto do sistema FV, deverão ser levantadas informações


relativas à disponibilidade de recurso solar na localidade do empreendimento, análise das
características construtivas do imóvel que receberá o sistema e avaliação do consumo de energia
da unidade consumidora, informações estas que servirão como base para os cálculos do
dimensionamento do sistema solar fotovoltaico.

7.1.1. Levantamento do recurso solar

A primeira etapa da prospecção de um sistema de geração fotovoltaica consiste na


avaliação da incidência de radiação solar no local da implementação. Este levantamento foi
realizado no capítulo 2, cuja quantificação dos resultados constam na Figura 9.
65

Como valor de referência para o dimensionamento do sistema fotovoltaico,


utilizaremos o valor de irradiação diária média anual, extraído dos valores apresentados na
Figura 9 (série de dados “MÉDIA”), dos quais a média aritmética resulta no valor 4,845
kWh/m2.
O valor médio de irradiação obtido é mostrado na forma de valores de energia por
unidade de área. No entanto, para efeito de cálculo, o tratamento desse dado se faz necessário,
uma vez que a variação da irradiância no decorrer de um dia é significativa, dependendo da
posição solar e das condições climáticas. É útil então ignorar os efeitos da variação da
irradiância solar ao longo de um dia e considerar o total de energia diária incidida como um
equivalente de intervalos horários de sol pleno (ou Horas de Sol Pleno - HSP). Essa
aproximação exprime a radiação solar diária como um equivalente de horas em que a incidência
de irradiância é constante e com valor igual a 1000W/m2. (PINHO e GALDINO, 2014).
Dessa forma, tomando a taxa de radiação diária média anual de 4,845 kWh/m2 e
convertendo esse valor para o número de HSP, temos:

4,845[kWh / m 2 ]
HSP   4,845[h / dia] (4)
1[kWh / m 2 ]

Dessa forma, a insolação solar diária equivale à situação em que, durante todo o dia, a
superfície recebesse 4,845 horas de radiação a 1 kWh/m2, enquanto no restante do dia, houvesse
ausência de radiação incidente.

7.1.2. Localização e configuração do sistema

A definição do local e análise das características do ambiente de instalação do sistema


FV é de suma importância para seu desempenho. Variáveis estéticas e arquitetônicas devem ser
levadas em consideração, do mesmo modo que fatores como a orientação dos painéis e a
existência de elementos que possam gerar sombreamento ou reflexão próximas ao sistema
fotovoltaico, interferem no desempenho e eficiência do sistema, e devem ser levadas em conta
no projeto. Outro fator extremamente importante para o desenvolvimento do projeto, é a
informação da disponibilidade de área útil de telhado existente para a instalação dos painéis
solares, tendo em mente que, quanto maior a potência do sistema, mais painéis serão
necessários, e, portanto, uma maior área para instalação será requerida.
Quanto à localidade do sistema FV a ser desenvolvido neste trabalho, trata-se de um
condomínio de três andares, com doze apartamentos, o qual é mostrado na Figura 42. Sua
66

localização é dada pelas coordenadas: latitude -9,96° e longitude -67,79°, obtidas através do
Google Earth, conforme podemos observar na Figura 43, que também ilustra a orientação do
prédio em relação aos pontos cardeais, na qual podemos observar que, devido ao fato de a
cobertura ser plana, nenhuma parte do telhado fica oculta da radiação do sol no decorrer de todo
o seu percurso diário, e devido à ausência de inclinação do telhado, a alocação e inclinação dos
painéis solares à 10º (próxima a latitude) é facilitada. Observamos ainda que não há prédios ou
árvores altas próximas ao local analisado (no sentido do movimento do sol), excluindo assim
maiores problemas relativos ao sombreamento dos painéis em períodos do dia, cuja
preocupação deverá ser somente relativa às caixas d’água presentes no topo da cobertura.

Figura 42. Condomínio Morada Nova, localidade da implantação do sistema fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE
EARTH, 2017).
67

Figura 43. Localidade da instalação do gerador fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE EARTH, 2017).

Para a avaliação da área disponível, foi realizado uma estimativa da alocação dos
painéis fotovoltaicos, supondo fosse instalado um sistema fotovoltaico para cada um dos doze
apartamentos, mais a área de uso comum. Para cada sistema hipotético foi considerado um
sistema FV com 8 painéis de 325 Wp com dimensões usuais de 0,95m×1,95m, os quais,
comporiam sistemas com potência instalada de 2,6 kWp. A Figura 44 mostra a disposição dos
sistemas fotovoltaicos em arranjos de 8 módulos, todos alinhados para o norte com inclinação
igual à latitude (10º), a qual também apresenta as dimensões da laje do prédio.

Figura 44. Ilustração do condomínio, local de instalação do sistema FV, com dimensões e área de telhado
disponível. Fonte: elaborado pelo autor.

Conforme podemos ver, há espaço suficiente para a alocação dos 13 sistemas


fotovoltaicos (12 apartamentos e área comum), e, ainda que se trate de uma estimativa (uma
vez que as potências dos sistemas dimensionados podem ser maiores ou menores do que 2.6
68

kWp), podemos assegurar que, há espaços livres suficientes para a disposição desses sistemas,
bastando para isso algumas adequações nas disposições dos painéis fotovoltaicos. Os painéis
devem ser fixados em estrutura com uma leve inclinação (10º) e apontados no sentido norte.
Na Figura 45 podemos ter uma melhor noção da disposição desejada dos painéis solares.

Figura 45. Ilustração do condomínio, local de instalação dos sistemas fotovoltaicos. Fonte: elaborado pelo autor.

No que diz respeito à configuração do sistema fotovoltaico a ser instalado, trata-se de


um sistema de microgeração fotovoltaica conectada à rede, uma vez que a potência instalada
será menor que 75 kW e dispensará o uso de acumuladores de energia (baterias). O
dimensionamento será realizado levando-se em conta as unidades consumidoras individuais
(apartamentos e área de uso comum).

7.1.3. Avaliação do consumo de energia

Para o consumidor, objetivo financeiro da implementação de um sistema de geração


fotovoltaica residencial é o abate da energia gerada em sua conta de energia, conforme prevê o
sistema de compensação net metering. Dessa forma, o sistema deve produzir energia suficiente
para atender a demanda de energia, de maneira que o consumo mensal seja menor ou igual à
quantidade de energia gerada, levando os custos da conta de energia ao mínimo possível.
69

É importante ressaltar, no entanto, que a concessionária de energia exige um


pagamento mínimo referente ao custo de disponibilidade da rede elétrica de distribuição, valor
que varia de acordo com a classe de consumo, conforme mostrado na Tabela 3. Assim, deve-se
dimensionar o sistema de geração para suprir o correspondente à energia efetivamente passível
de compensação, isto é, a energia consumida (kWh) deduzindo o consumo mínimo de energia
(kWh) faturável devida ao custo de disponibilidade. (ANEEL, 2010).

Tabela 3. Aplicabilidade do faturamento mínimo referente ao custo de disponibilidade do sistema elétrico para
consumidores do grupo B.

Custo de disponibilidade do sistema elétrico


Monofásico ou bifásico a 2 (dois) Bifásico a 3 (três) condutores Trifásico
condutores
30 kWh 50 kWh 100 kWh

Fonte: (ANEEL, 2010).

As unidades consumidoras a serem analisadas neste trabalho encaixam-se na categoria


residencial bifásica, cabendo a elas o pagamento do custo de disponibilidade referentes ao
consumo mínimo de 50 kWh. Para o dimensionamento do sistema FV, será utilizado o consumo
médio diário de energia elétrica, cujos valores serão apresentados em momento oportuno.

7.2. Dimensionamento do Sistema

Para projetar um SFCR, uma série de procedimentos e exigências devem ser


respeitadas. As orientações referentes ao acesso do micro e minigerador à rede são encontradas
na sessão 3.7 do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional). (ANEEL, 2017). Os critérios de acesso do sistema de geração à rede de
energia devem seguir as normas específicas da concessionária de distribuição local, em
consonância com o PRODIST. Um resumo das etapas de acesso de microgeradores ao sistema
de distribuição Eletrobrás Acre consta no Anexo D deste trabalho.
Os requisitos técnicos obrigatórios para a execução do projeto de microgeração, estes
definidos pelo PRODIST. A Figura 46 indica os requisitos necessários para o ponto de conexão
do sistema de geração em consonância com a potência instalada. É válido ressaltar que os
inversores atuais integram vários componentes de proteção como anti-ilhamento, sincronismo,
entre outros.
70

Figura 46. Mínimos requisitos técnicos para a conexão de uma central de geração fotovoltaica. (ANEEL, 2017).

Notas: (1) Chave seccionadora visível e acessível que a acessada usa para garantir a desconexão da central geradora
durante manutenção em seu sistema.
(2) Elemento de desconexão e interrupção automático acionado por comando e/ou proteção.
(3) Não é necessário relé de proteção específico, mas um sistema eletroeletrônico que detecte tais anomalias e que
produza uma saída capaz de operar na lógica de atuação do elemento de desconexão.
(4) Nas conexões acima de 300 kW, se o lado da acessada do transformador de acoplamento não for aterrado,
deve-se usar uma proteção de sub e de sobretensão nos secundários de um conjunto de transformador de potência
em delta aberto.
(5) Se a norma da distribuidora indicar a necessidade de realização estudo de curto-circuito, caberá à acessada a
responsabilidade pela sua execução.
(6) Os ensaios devem ser os mesmos recomendados pelo fabricante e deverão ser realizados pelo acessante.

7.2.1. Dimensionamento do gerador fotovoltaico

Uma vez estabelecidas as bases de cálculo para o projeto, pode-se dimensionar o


gerador FV de forma que atenda de forma confiável a demanda da unidade consumidora.
A potência dos componentes de geração de um SFCR pode ser calculada com base na
demanda de energia elétrica consumida (E [Wh/dia]), na média diária de Horas de Sol Pleno no
decorrer de um ano (HSPMA[h]) e da taxa de desempenho do sistema (TD[adimensional]) que
é a relação entre o desempenho real do sistema sobre o máximo desempenho teórico possível,
71

parâmetro esse que avalia a operação do sistema levando em conta fatores atenuantes, como
sombreamento, perdas em condutores, eficiência do inversor, temperatura, entre outros. Um
valor comumente adotado na literatura é de TD = 0,75. (PINHO e GALDINO, 2014). Este valor
será utilizado para fins de projeto e equivale a um sobredimensionamento do sistema em 25%,
visando compensar as eventuais perdas acima citadas. A potência de geração dos painéis
fotovoltaicos (PFV[Wp]) pode ser calculada por (5).

E
PFV  TD
(5)
HSPMA

Uma grande vantagem dos sistemas FV é a sua modularidade, o que significa que o
sistema pode ser expandido pelo simples acréscimo de painéis (e/ou inversores) conectados em
paralelo. Isso também possibilita uma maior flexibilidade no projeto do sistema no que diz
respeito a escolha dos módulos e sua quantidade de acordo com a área e eficiência dos mesmos,
visando otimizar a relação de potência gerada com a área ocupada.
Conhecendo a energia fornecida por um módulo e tendo em mente o valor da demanda
de energia a ser produzida pelo sistema (diariamente ou mensalmente), pode-se determinar a
quantidade de painéis necessários para este sistema por (6). (VILLALVA e GAZOLI, 2015).

P FV
NP  (6)
PPAINEL

Onde PFV é a potência calculada do sistema e PPAINEL é a potência do módulo escolhido.

7.2.2. Dimensionamento do inversor

A escolha de um inversor depende de uma série de fatores: a potência de geração do


sistema, as características do módulo, a utilização de um inversor central ou inversores
descentralizados, entre outros. Portanto, alguns critérios devem ser observados para a escolha
do inversor a ser utilizado no sistema.
Deve-se observar para que a tensão de circuito aberto Voc dos módulos ligados em
série (string) não ultrapasse a máxima tensão permitida na entrada do inversor (Vimax), visando
não prejudicar a integridade do equipamento. Disso decorre que, para um inversor escolhido,
há um número limite de módulos que podem ser conectados em série na sua entrada, de modo
que o critério de máxima tensão seja satisfeito, condição essa expressa por (7). (PINHO e
GALDINO, 2014).
72

N o MÓDULOS _ SÉRIE  Voc  ViMAX (7)

Semelhantemente, deve-se atentar para a corrente máxima de entrada do inversor, de


modo que este valor não seja excedido. Devemos então calcular o número máximo de strings
conectadas em paralelo, como mostra a equação (8). (PINHO e GALDINO, 2014).

I iMAX (8)
N o STRINGS _ PARALELAS 
I sc

Onde IiMAX (A) é a corrente contínua máxima suportável na entrada do inversor e Isc é
a corrente de curto circuito do painel fotovoltaico nas condições padrão.

7.3. Instalação do sistema

A última etapa do projeto de um SFCR consiste na instalação e conexão com a rede


elétrica. A instalação elétrica de um sistema fotovoltaico deve seguir as normas estabelecidas
para a instalação em baixa tensão, normatizadas pela ABNT NBR 5410 – “Instalações Elétricas
em Baixa Tensão”, como qualquer instalação elétrica convencional, e, portanto, deve dispor de
todos os componentes apontados na Figura 46 para conexões em baixa tensão. Além do mais,
as obras que compõem a conexão das instalações de uso privativo do consumidor (dispositivos
de proteção, eletrodutos, isoladores e demais componentes) são de responsabilidade deste,
devendo ser construídas seguindo os padrões predefinidos da concessionária de energia, a saber,
Eletrobras Distribuidora, cujo diagrama esquemático de conexão é mostrado na Figura 47.
Podemos observar que, é necessário um quadro de proteção tanto no lado de corrente contínua
quanto no lado de corrente alternada, a começar por um dispositivo de seccionamento em carga,
no lado de corrente contínua, de forma que seja possível realizar a desconexão do sistema de
forma segura para eventuais manutenções. Também são necessários Dispositivos de Proteção
contra Surtos – DPS, visando proteger os equipamentos contra descargas atmosféricas. As
demais proteções são gerais a instalações elétricas em baixa tensão, sendo necessária a proteção
contra sobrecorrentes por meio de disjuntores.
À concessionária cabe realizar as obras de adequação ou reforço em seu sistema de
distribuição para permitir a conexão da microgeração, bem como realizar a troca do medidor
de energia pelo medidor adequado (bidirecional). (ELETROBRAS, 2016).
73

Figura 47. Diagrama de conexão de uma central geradora à rede de distribuição. Fonte: (ELETROBRAS, 2016).

7.4. Estudo de caso

Conforme abordado anteriormente, neste trabalho será realizado o dimensionamento


de SFCRs em unidades consumidoras de um condomínio com doze apartamentos, contudo,
para fins de análise, será realizado o dimensionamento de sistemas de microgeração para um
dos apartamentos, e para a unidade consumidora referente às áreas comuns do prédio. Para
todos os casos, as unidades consumidoras são de classe residencial bifásicas.
74

7.4.1. Estudo de caso 1 – apartamento

Conforme definido na sessão 7.1.1, utilizaremos como base de cálculo o valor médio
de Horas de Sol Pleno diárias como sendo HSP = 4,845 h/dia, então, o primeiro passo para o
dimensionamento do sistema FV para o apartamento é o levantamento do consumo da unidade
consumidora, o que será feito pelo consumo médio de energia extraído da conta de energia, da
qual verificou-se um consumo médio nos últimos 12 meses (até agosto de 2017) de 325 kWh.
Desse valor, será descontado o consumo mínimo faturado, o qual baseado na Tabela 3 é 50
kWh. Dessa forma o valor utilizado nos cálculos de dimensionamento será:

325 kWh  50 kWh  275 kWh  E  275  9,167 k Wh dia  9167 Wh dia (9)
30

 Dimensionamento do gerador fotovoltaico

Recorrendo à equação (5), com a Taxa de Desempenho adotada de: TD = 0,75,


podemos calcular a potência do sistema necessária para abastecer a demanda da unidade
consumidora.

9160
0,75
PFV   2520 W  2,5 kWp (10)
4,845

Temos, portanto que a potência do sistema FV para este apartamento deve ser de 2,5
kWp. O que nos leva à escolha dos módulos fotovoltaicos. Foi selecionado um painel se silício
policristalino de 325 Wp, o qual possui certificação do INMETRO nota A e cujas especificações
são mostradas na Figura 48. Podemos então definir a quantidade de módulos necessários para
o projeto a partir da equação (6).
2500 Wp (11)
NP   7,69  8 módulos
325 Wp

Serão necessários pelo menos 8 módulos de 325 Wp, resultando em um sistema de 2,6 kWp.
75

Figura 48. Especificações do módulo solar GCL 325 Wp. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).

 Dimensionamento do Inversor

Uma vez definida a potência do sistema (PFV = 2,6 kWp) podemos determinar a
potência nominal PN do inversor. O dispositivo com potência nominal mais próxima do
desejado foi o Inversor Grid-Tie Fronius Galvo de 2,5 kW, que coincide com a potência de
geração do sistema inicialmente calculada pela equação (10). As especificações técnicas do
inversor são apresentadas na Figura 49.

Figura 49. Especificações Técnicas do inversor Fronius Galvo 2.5-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).

Uma vez escolhido o inversor utilizado, devemos verificar se suas demais


características atendem aos requisitos do sistema, e assim, definir o arranjo de módulos
fotovoltaicos. Sabendo que a tensão máxima admitida na entrada do inversor é ViMAX = 550
76

Vcc e que a tensão de circuito aberto dos painéis é Voc = 46 Vcc, podemos verificar a condição
expressa na equação (7), de modo que:
8  46 V  368 V  550 V (12)
Verificamos então que as condições de tensão de entrada foram satisfeitas, o que significa
que o sistema foi bem dimensionado, e que podemos utilizar uma única string de painéis na
entrada do inversor. Analogamente podemos verificar que a tensão resultante dos módulos em
série satisfaz o critério de tensão mínima de entrada do inversor, a saber, 165 Vcc. Por fim, o
sistema também atende ao critério de corrente, uma vez que a corrente de curto circuito dos
módulos em série (Isc=9,24 A) é inferior à máxima corrente de entrada admitida pelo inversor
(IiMAX= 16,4 A). Verificamos então que os componentes escolhidos satisfazem todas as
condições de operação do sistema FV.

 Dimensionamento dos dispositivos de proteção


Para a instalação elétrica, conforme podemos verificar no diagrama de conexão
mostrado na Figura 47 serão necessários Dispositivos de Proteção contra Surtos – DPS e
dispositivos de interrupção (disjuntores) e dispositivos de desconexão (chave de desconexão
CC).
Como elemento de desconexão em corrente contínua, será utilizada a Chave
seccionadora fotovoltaica Schneider C60NA DC, com tensão de isolamento de 1000 Vcc, 2
polos e corrente de operação de até 50 A. (NEO SOLAR, 2017).
Os dispositivos de proteção contra surtos são componentes essenciais em sistemas
fotovoltaicos, sendo utilizados para a proteção dos equipamentos e das pessoas contra efeitos
de descargas atmosféricas que venham a atingir a rede elétrica, as quais provocam um surto de
tensão, podendo danificar os equipamentos. Há DPS voltados para o uso em corrente contínua
e corrente alternada. Os mesmos devem ser dimensionados ligeiramente acima da tensão de
operação dos equipamentos conectados ao sistema.
Para o sistema em questão foi escolhido o DPS DC de 400 Vcc da fabricante HASKI,
tensão ligeiramente superior à máxima tensão do arranjo de painéis, calculada em (12), a saber,
368 V. As especificações deste componente constam na Figura 50.
77

Figura 50. Especificações do DPS DC solar 20/40 kVA. Fonte: (EMBRAR, 2017).

Quanto aos DSP no lado de corrente alternada foi escolhido um DPS classe II, com
tensão máxima comercial de 275 V e corrente máxima de 20 kA, visto que a faixa de tensão de
saída do inversor é de 180 ~ 270V de acordo com a Figura 49.
Para o dimensionamento do disjuntor de proteção para as cargas, foi escolhido um
disjuntor bipolar tipo DIN/IEC de 15 A, uma vez que a corrente máxima de saída do inversor é
de 12,1 A.
 Dimensionamento dos condutores
Os cabos utilizados nas conexões em corrente contínua devem ser específicos para
aplicações em sistemas fotovoltaicos. Os cabos que conectam os módulos ao inversor devem
possuir tensão de isolação entre 300V e 1000V, e sua capacidade de condução de corrente deve
ser 25% superior à corrente de curto circuito dos módulos utilizados (VILLALVA e GAZOLI,
2015). Assim, temos que:
I CABOS  I SC  1,15  I CABOS  9,24 A  1,25  11,55 A (13)
A despeito da corrente calculada, o condutor de menor bitola encontrado no mercado
foi de 4mm2 e isolação de 1kV, com capacidade de corrente de até 26 A segundo a
NBR5410/2004, valor mais do que suficiente para o projeto em questão.
Para as conexões em corrente alternada, escolheu-se o cabo de cobre flexível com
seção de 2,5 mm2, valor mínimo recomendado pela NBR 5410 para os circuitos de TUGs, cuja
capacidade de corrente é de 19,5 A, valor que atende à corrente máxima de saída do inversor,
que é de 12,1A. Assim o dimensionamento do sistema está completo, cabendo ao projetista a
escolha de acréscimo ou não de componentes complementares, como Disjuntor Diferencial
Residual diferenciais – DDR, fusíveis de proteção aos módulos, medidores de energia para
monitorar a produção de energia do sistema, entre outros. A norma exige também que tanto os
78

quadros de proteção de corrente contínua, quanto o quadro de proteção de corrente alternada


devem possuir aterramento para os componentes do sistema.
 Desempenho do sistema de geração fotovoltaica

Podemos calcular a produção de energia do sistema a partir dos dados de eficiência e


área dos módulos utilizados, com base na irradiação diária de cada mês. A geração de energia
de um módulo pode ser calculada pela equação (14). (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
EG  E S  AM   M . (14)
Onde:
EG - Produção diária de energia do módulo [Wh].
ES - Irradiação diária [Wh/m2/dia].
AM – Área da superfície do módulo [m2].
ηM = Eficiência do módulo.
Devemos lembrar, no entanto, de levar em consideração a Taxa de Desempenho do
sistema, uma vez que o mesmo apresenta perdas por fatores externos. Para os cálculos
realizados a seguir, multiplicaremos a equação (14) por TD=0,75, como abordado
anteriormente.
Da Figura 48 temos que a eficiência do módulo utilizado é de 16,7%, e a partir das
dimensões dadas, calculamos sua área como sendo 1,94m2. A Tabela 4 apresenta a estimativa
de produção mensal de energia do sistema projetado para os doze meses do ano.

Tabela 4. Cálculo da energia mensal produzida pelo sistema dimensionado de 2,6 kWp.

Mês Dias Qte. de Radiação Área do Eficiência Energia


módulos Solar[kWh/m2/dia] Módulo [m2] do Módulo Gerada
[kWh]
Janeiro 31 8 4,417 1,940 0,167 266,170
Fevereiro 28 8 4,377 1,940 0,167 238,234
Março 31 8 4,652 1,940 0,167 280,331
Abril 30 8 4,626 1,940 0,167 269,772
Maio 31 8 4,661 1,940 0,167 280,873
Junho 30 8 4,689 1,940 0,167 273,446
Julho 31 8 5,219 1,940 0,167 314,498
Agosto 31 8 5,489 1,940 0,167 330,769
Setembro 30 8 5,226 1,940 0,167 304,762
Outubro 31 8 5,245 1,940 0,167 316,065
Novembro 30 8 4,982 1,940 0,167 290,532
Dezembro 31 8 4,565 1,940 0,167 275,088
TOTAL 365 15,520 3440,539
79

Temos então que o sistema dimensionado ocupará uma área de cerca de 15,52m2 e
produzirá em torno de 3440 kWh anuais. É válido ressaltar que se trata de uma estimativa, e
que a produção de energia do sistema poderá ser maior ou menor para cada mês, dependendo
das condições climáticas sazonais, do regime de chuvas e do acúmulo ou não de sujeira nos
painéis.
Por fim, a Figura 51 mostra a relação entre a produção de energia calculada na Tabela
4 e o consumo analisado a partir dos os dados de consumo7 do histórico da conta de energia do
apartamento analisado, do período de setembro de 2016 a julho de 2017. Verifica-se que o
sistema projetado atende bem à demanda de energia, o qual visa o máximo autoconsumo
praticável, gerando, no período selecionado, 189 kWh a mais do que o consumido (descontado
o consumo de 50 kWh referentes à taxa mínima do custo de disponibilidade). Deve-se entender
que esses 189 kWh excedentes, não serão convertidos em créditos de energia, uma vez que o
sistema foi projetado para um consumo de 50 kWh a menos que a média mensal, visto que esse
valor mínimo seria faturado na conta de energia independente do seu efetivo consumo. Assim,
o excedente de energia ao final do ano, não será utilizável, e sim, consumido no decorrer dos
meses, não servindo, contudo, para compensação de energia, uma vez que o faturamento da
unidade consumidora não pode ser zerado.

Figura 51. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,6 kWp no período
de Set/16 a Jul/17.

Verifica-se pela Figura 51 que o consumo supera a geração justamente nos meses em
que há elevado índice de precipitação e temperatura na cidade de Rio Branco, conforme mostra
a Figura 52.

7
Foram deduzidos do consumo mensal 50kWh referentes ao custo de disponibilidade.
80

Figura 52. Dados meteorológicos de temperatura e precipitação anuais para a cidade de Rio Branco - AC. Fonte:
(INPE, 2017).

 Custo do sistema

Com o sistema dimensionado, nos resta estimar o custo do mesmo. O Quadro 1


apresenta o valor de mercado encontrado para cada um dos componentes dimensionados, bem
como o custo estimado total do sistema.

Quadro 1. Orçamento do sistema fotovoltaico de 2,6 kWp

SISTEMA FOTOVOLTAICO 2,6 KWP


Preço por
Item Descrição Unidades Fornecedor Total
unidade
Combo com 8 Painéis Solares
1. 1 R$ 5.592,00 NeoSolar R$ 5.592,00
GCL-P6/72 325Wp
Inversor Fronius Galvo 2.5-1
2. 1 R$ 5.154,00 NeoSolar R$ 5.154,00
(2.500W)
Cabo solar Conduspar Prosolar
3. 20 metros R$ 3,79 NeoSolar R$ 75,80
4mm Preto 1 kV
Cabo solar Conduspar Prosolar
4. 20 metros R$ 3,79 NeoSolar R$ 75,80
4mm Vermelho 1 kV
5. FRETE NeoSolar R$ 1.008,11
DPS 40 kA 400 Vcc classe II
6. 2 R$ 49,72 EMBRAR R$ 99,44
monopolar
81

Composição do
preço médio para a
Dispositivo DPS classe II, 1
cidade de Rio
7. polo, tensão máxima de 275 2 R$ 59,41 R$ 118,82
Branco feita através
VAC, corrente máxima de 20 kA
do SINAPI8
09/2017
Chave Seccionadora
8. Fotovoltaica Schneider C60NA 1 R$ 289,00 NeoSolar R$ 289,00
DC
9. Composição do
preço médio para a
Disjuntor tipo DIN/IEC,
1 R$ 43,68 cidade de Rio R$ 43,68
bipolar de 15 A.
Branco feita através
do SINAPI 09/2017
10. Cabo de cobre, flexível, classe Composição do
5, isolação em PVC/A, preço médio para a
antichama BWF-B, 1 condutor, 20 metros R$ 1,50 cidade de Rio R$ 30,00
0,6/1 kV, seção nominal 2,5 Branco feita através
mm2 do SINAPI 09/2017
11. Mão de obra9 R$ 450,00
CUSTO TOTAL R$ 12.936,65

7.4.1. Estudo de caso 2 – Área Comum

O dimensionamento do sistema para esse estudo de caso seguirá a mesma metodologia


utilizada no caso 1. Aqui, será realizado o dimensionamento de um sistema fotovoltaico com o
objetivo de abastecer as áreas de uso comum do condomínio.
 Dimensionamento do gerador fotovoltaico

Conforme calculado anteriormente, o valor de referência de HSP utilizado será de


4,845 h/dia. A média de consumo registrada nos últimos 12 meses anteriores a fevereiro de
2017, foi de 377 kWh. A unidade consumidora é da subclasse comercial bifásica, a qual se
aplica a cobrança do custo de disponibilidade, com um faturamento mínimo de 50 kWh.
(ANEEL, 2010). Assim, o valor de consumo base para os cálculos será de 327 kWh mensais
(ou 10,9 kWh diários).
Com base na equação (5), calculou-se a potência necessária do sistema FV para
abastecimento da unidade consumidora, a saber, PFV = 3 kWp.

8
SINAPI - Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil: É um sistema de pesquisa que
informa os custos de projetos e índices da construção civil. (CAIXA, 2017).
9
A composição do custo de mão de obra foi realizada com base nos valores do SINAPI 09/2017, com a
referência dos valores horários de trabalho dos profissionais que se seguem:
- 1 Eletricista: R$ 15,61/hora
- 1 Ajudante de Eletricista: R$ 11,70/hora
Considerando que o trabalho de instalação seja realizado durante duas diárias de 8 horas, temos o preço total da
mão de obra de R$ 436,68, valor que foi arredondado para R$ 450,00.
82

Para o gerador fotovoltaico, foram escolhidos painéis de silício policristalino de 270


Wp, dos serão necessários 11 painéis, totalizando uma potência instalada de 2,97 kWp,
ligeiramente inferior ao sistema calculado, o que não compromete o abastecimento do sistema,
uma vez que o mesmo foi calculado com uma margem de segurança de 25% (vide Taxa de
Desempenho, TD =0,75). As especificações do painel são mostradas na Figura 53.

Figura 53. Especificações técnicas do painel Canadian CSI CS6K-270P. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).

 Dimensionamento do inversor

Com base no sistema dimensionado, foi escolhido um inversor de 3 kW, cujas


especificações constam na Figura 54.

Figura 54. Especificações técnicas do Inversor Fronius Galvo 3.0-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).
83

Por simples análise das especificações do painel e do inversor, o leitor pode verificar
que as condições das equações (7) e (8) são satisfeitas, portanto, utilizando um arranjo de 11
painéis em série o sistema estará bem dimensionado.

 Dimensionamento dos condutores e dispositivos de proteção

Alguns dos dispositivos de proteção contra surtos dimensionados no caso 1 podem ser
utilizados também para os componentes do sistema no caso 2, no lado de corrente alternada a
tensão de saída do inversor é a mesma nos dois casos, de modo que o DPS classe II, 275V/20
KVA será igualmente utilizado neste sistema. Semelhantemente a Chave seccionadora
fotovoltaica Schneider C60NA DC de 1000 Vcc atende aos requisitos desse sistema. De igual
modo, o disjuntor DIN/IEC de 15 A é suficiente para o sistema dimensionado, visto que a
corrente máxima de saída do inversor é de 14,5 A.
Já para a proteção contra surto em corrente contínua, utilizaremos o DPS Schneider
PRD-DC40r 600PV Fotovoltaico, que possui dois polos e tensão de operação de 600 Vcc, esta,
levemente superior à tensão de saída do inversor escolhido, e, portanto, atende satisfatoriamente
os critérios de proteção para o equipamento.

 Dimensionamento dos condutores

Os condutores escolhidos para o sistema do caso 1, também atendem às condições do


sistema FV do caso 2, uma vez que foram sobredimensionados no primeiro caso, atendendo às
condições de corrente dos dois sistemas projetados.

 Desempenho do sistema de geração fotovoltaica

A Tabela 5 mostra a geração de energia estimada do sistema dimensionado para os 12


meses do ano.
Tabela 5. Cálculo da energia mensal produzida pelo sistema dimensionado de 2,97 kWp.

Qte. de Radiação Solar Área do Eficiência do Energia Gerada


Mês Dias
módulos [Wh/m2/dia] Módulo [m2] Módulo [kWh]
Janeiro 31 11 4,417 1,637 0,165 305,086
Fevereiro 28 11 4,377 1,637 0,165 273,066
Março 31 11 4,652 1,637 0,165 321,317
Abril 30 11 4,626 1,637 0,165 309,214
Maio 31 11 4,661 1,637 0,165 321,939
Junho 30 11 4,689 1,637 0,165 313,42
84

Julho 31 11 5,219 1,637 0,165 360,481


Agosto 31 11 5,489 1,637 0,165 379,130
Setembro 30 11 5,226 1,637 0,165 349,320
Outubro 31 11 5,245 1,637 0,165 362,276
Novembro 30 11 4,982 1,637 0,165 333,010
Dezembro 31 11 4,565 1,637 0,165 315,308
TOTAL 365 18,0048 3943,57

Temos, portanto, que o sistema dimensionado ocupará uma área de aproximadamente


18m2, produzindo cerca de 3943 kWh anuais e 328 kWh mensais. A Figura 55 mostra a projeção
de energia gerada em comparação com o consumo registrado pela unidade consumidora
(descontado 50 kWh do custo de disponibilidade) entre o período de abril de 2016 a fevereiro
de 2017.

Figura 55. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,97 kWp no
período de Abr/16 a Fev/17.

Analogamente, observa-se pela Figura 55 que o consumo supera a geração nos meses
de maior índice de precipitação e temperatura na cidade de Rio Branco, conforme mostra a
Figura 52. Contudo na média, a geração anual superou o consumo efetivo em 57,29 kWh.
85

 Custo do sistema
Quadro 2 mostra a relação de componentes do sistema fotovoltaico e seus respectivos
custos.
Quadro 2. Orçamento do sistema fotovoltaico de 2,97kWp

SISTEMA FOTOVOLTAICO 2,97 KWP


Preço por
Item Descrição Unidades Fornecedor Total
unidade
Painel Solar Fotovoltaico
1. 11 R$ 599,00 NeoSolar R$ 6.589,00
GCL-P6/60 270Wp
Inversor Fronius Galvo 3.0-1
2. 1 R$ 5.274,00 NeoSolar R$ 5.274,00
(3.000W)
Cabo solar Conduspar
3. 20 metros R$ 3,79 NeoSolar R$ 75,80
Prosolar 4mm Preto 1kV
Cabo solar Conduspar
4. 20 metros R$ 3,79 NeoSolar R$ 75,80
Prosolar 4mm Vermelho 1kV
5. FRETE NeoSolar R$ 1028,42
DPS Schneider PRD-DC40r
6. 1 R$ 549,00 NeoSolar R$ 549,00
600PV Fotovoltaico
Composição do preço
Dispositivo DPS classe II, 1
médio para a cidade
polo, tensão máxima de 275
7. 2 R$ 59,41 de Rio Branco feita R$ 118,82
VAC, corrente máxima de 20
através do SINAPI
kA
09/2017
8. Chave Seccionadora
Fotovoltaica Schneider 1 R$ 289,00 NeoSolar R$ 289,00
C60NA DC
8. Composição do preço
médio para a cidade
Disjuntor tipo DIN/IEC,
1 R$ 43,68 de Rio Branco feita R$ 43,68
bipolar de 15 A.
através do SINAPI
09/2017
9. Cabo de cobre, flexível, classe Composição do preço
5, isolação em PVC/A, médio para a cidade
antichama BWF-B, 1 20 metros R$ 1,50 de Rio Branco feita R$ 30,00
condutor, 0,6/1 kV, seção através do SINAPI
nominal 2,5 mm2 09/2017
10. Mão de obra R$ 450,00
CUSTO TOTAL R$ 14.523,52
86

8 ESTUDO DA VIABILIDADE FINANCEIRA DOS SFCRs

Conforme visto no capítulo anterior, foram utilizados como base para a realização do
dimensionamento e orçamento de um SFCR, dois casos objetos de análise para um condomínio,
sendo o caso 1, um apartamento com consumo médio mensal de 325 kWh, e o caso 2 a unidade
consumidora da área de uso comum, com média de consumo mensal de 377 kWh. Neste
capítulo abordaremos a análise econômica dos projetos dimensionados, utilizando para isso
ferramentas de análise financeiras, tais como a estimativa do VPL – Valor Presente Líquido, a
TIR – Taxa Interna de Retorno e o payback (tempo de amortização do investimento), figuras
de mérito estas discutidas no capítulo 3 deste trabalho.
Antes de realizarmos a análise da viabilidade financeira do projeto, algumas condições
padrão devem ser estabelecidas, tais como: a tarifa de energia praticada pela concessionária,
bem como seu reajuste médio anual e a taxa de atratividade do investimento.
A tarifa base utilizada para os cálculos, será a tarifa aplicada pela distribuidora
ELETROACRE, com base no último reajuste, praticado a partir de 30 de novembro de 2016,
cujo valor, sem impostos, é de 0,50291 R$/kWh para o subgrupo tarifário B1 (residencial).
(ELETROBRAS, 2017).
A desconsideração da incidência de impostos (PIS/COFINS e ICMS) sobre a energia
gerada, é baseada na isenção estabelecida pelo convênio ICMS nº 16/2015, que determina que
a cobrança do tributo ICMS seja realizada apenas sobre a energia consumida da rede,
descontando a energia injetada; e pela Lei nº 13.169/ 2015, que isenta a cobrança de
PIS/COFINS sobre a energia gerada.
Lembremos, portanto, que, haverá um consumo mensal equivalente ao consumo
mínimo faturado de 50 kWh, portanto, sobre esta parcela haverá a incidência de impostos, cujo
cálculo da tarifa cobrada é dado em (15). (ANEEL, 2017).

Tarifa SEM IMPOSTOS


TarifaCOBRADA  (15)
1  ( PIS / COFINS  ICMS )

A alíquota média referente ao PIS/COFINS praticada na distribuidora Eletroacre,


segundo a Nota Técnica n° 379/2016-SGT/ANEEL, é de 4,8%, enquanto a alíquota do ICMS,
para o valor de 50 kWh é nulo, segundo a Tabela 6.
Podemos então, calcular o valor mensal mínimo faturado para os dois casos a serem
analisados neste capítulo, que, para um consumo mínimo de 50 kWh, aplicando a tarifa
calculada pela equação (15), tem-se:
87

FaturaMÍNIMA  TarifaCOBRADA  50 kWh  0,52826  50 kWh  R$ 26,41 (16)

Adicionalmente, é cobrado na tarifa de energia um encargo municipal, relativo a


Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública – COSIP, que para o município
de Rio Branco teve seu valor base instituído pela Lei Complementar Nº 2 DE 09/09/2013, a
qual define as seguintes alíquotas para base de cálculo da COSIP:
 Acima de 50 até 100 kWh - 5% (cinco por cento);
 Acima de 100 até 500 kWh - 6% (seis por cento);
 Acima de 500 kWh - 7% (sete por cento);
 Alta tensão - 3% (três por cento).
Levando-se em conta que, para os dois casos, o consumo mínimo efetivo será de
50kWh, a alíquota aplicada é de 5%. Assim o valor mínimo a ser pago mensalmente será de:
(17)
Fatura FINAL  R$ 26,41  (0,05  50 kWh  0,50291 R$ / kWh)  R$ 27,67

Tabela 6. Aplicação do ICMS para a distribuidora Eletroacre.

APLICAÇÃO DO ICMS NO ESTADO DO ACRE


(LC ESTADUAL Nº100 DE 18/12/2001 - D.O.E Nº 8.184 DE 20/12/2001)
TODAS AS CLASSES
TABELA DE CONSUMO ALÍQUOTA
ATÉ 100 kWh ISENTO
101 a 140 kWh 17%
ACIMA DE 140 kWh 25%

Fonte: (ELETROBRAS, 2017).


Para fins de comparação, precisamos calcular o valor da fatura que o consumidor
pagaria sem o sistema de geração fotovoltaica, visando medir o valor economizado
mensalmente. Para isso, utilizaremos a tarifa aplicada com impostos, extraída do talão de
energia das unidades consumidoras analisadas. Utilizaremos como valor de referência para os
cálculos a tarifa aplicada no mês de julho de 2017, que é de 0,706408 R$/kWh.
Quanto ao reajuste anual da tarifa de energia, será utilizado como referência a média
do reajuste anual dos últimos 10 anos, conforme dados da Figura 56, a partir da qual, calculou-
se um reajuste anual médio de 5,6%.
88

Figura 56. Evolução da tarifa residencial B1no período de 2007 a 2016. Fonte: Nota Técnica n° 379/2016-
SGT/ANEEL. (ANEEL, 2017)

Para a utilização de algumas ferramentas de análise financeira, como o VPL e a TIR,


é necessário que seja adotada uma taxa de desconto, a qual segundo Puccini (2011), é o custo
de oportunidade10 de um investimento, e para este trabalho, será utilizado uma taxa de desconto
equivalente à taxa de rendimento da caderneta de poupança, cujo valor acumulado nos últimos
12 meses anteriores a outubro de 2017 foi de 7,2%. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2017).
Consideraremos ainda um gasto anual relativo à Operação e Manutenção (O&M) do
sistema, prática essa, fundamental para garantir o funcionamento satisfatório do sistema.
Quanto à manutenção preventiva, é importante a inspeção periódica dos módulos fotovoltaico,
realizando a limpeza dos mesmos, bem como verificar se todas as conexões, tanto do painel,
como dos dispositivos de proteção estão firmes ou oxidadas. Realizar, quanto necessário, a
troca dos dispositivos de proteção, caso estejam danificados. (PINHO e GALDINO, 2014). Para
essas despesas, será considerado o custo de 1% do investimento inicial por ano.
(NAKABAYASHI, 2014).

10
É definido como o grau de sacrifício feito ao se optar por uma alternativa em detrimento de outra, ou seja,
aquilo de que se abre mão para obter o que se deseja.
89

A Tabela 7 resume as condições utilizadas para a análise do investimento dos dois


sistemas fotovoltaicos desenvolvidos.

Tabela 7. Condições padrão para análise financeira dos dois casos.

Variável Condição
Tarifa praticada (sem impostos) 0,50291 R$/kWh
Tarifa praticada (com impostos) 0,706408 R$/kWh
Faturamento mínimo mensal R$ 27,67
Reajuste anual da tarifa 5,6%
Taxa de desconto 7,2%
O&M 1% do investimento inicial / Ano

8.1. Análise Financeira do Caso 1

Para a análise financeira do sistema fotovoltaico para o apartamento do condomínio,


será levado em consideração como tempo de operação do mesmo, o tempo de vida útil dos
painéis fotovoltaicos, que é de 25 anos, considerando uma degradação anual de 0,5% ao ano
(valor deduzido da potência gerada). (PINHO e GALDINO, 2014). Outro aspecto que deve ser
considerado, é o inversor. O inversor escolhido neste trabalho possui garantia de 10 anos,
podendo seu tempo de vida útil ser maior. Assim, será considerado, no horizonte de 25 anos,
que o inversor seja trocado uma vez.
De acordo com a Tabela 5, o valor inicial de investimento é de R$ 12.936,95.
Consideraremos que o inversor seja trocado ao fim dos dez primeiros anos de operação do
sistema. O custo do mesmo é de R$5.154,00.
Conforme podemos observar na Figura 51, tanto o consumo quanto a geração de
energia são variáveis no decorrer dos meses do ano, não sendo a variação do consumo, em
particular, previsível. Portanto, visando minimizar os erros na análise do consumo e geração do
sistema, serão utilizados os valores anuais dos mesmos, a saber, 3900 kWh (325 kWh ×12) de
consumo total anual do apartamento, e geração anual de 3440,54 kWh para o sistema, conforme
a Tabela 4. Em cada mês, será considerado apenas o pagamento do faturamento mínimo do
custo de disponibilidade, que é de R$ 26,67, totalizando um custo anual de R$ 320,00. Contudo,
a medida que, devido à degradação do sistema, ele deixe de produzir a energia necessária para
que o consumidor pague apenas o mínimo faturamento, a tarifa aplicada ao consumo resultante
será calculada a partir de (15).
90

Levando-se em conta os aspectos anteriormente ressaltados, bem como as condições


padrão da Tabela 7, podemos estimar o tempo de retorno de investimento a partir do cálculo do
Valor Presente Líquido, conforme a teoria abordada no capítulo 3. Relembrando, o tempo de
retorno de investimento, corresponde ao momento em que o valor de investimento inicial é
igualado pelas receitas obtidas (no caso, o valor economizado). Os cálculos realizados constam
no Quadro 3
Quadro 3. Análise da viabilidade financeira do sistema fotovoltaico de 2,6 kWp.

Custo
Custo anual Custo anual
Geração Consumo sistema Economia Economia Valor
tarifário sem tarifário com
Ano anual anual solar anual acumulada Presente VPL (R$) TIR
microgeração microgeração
(kWh) (kWh) (O&M) (R$) (R$) (R$)
(R$) (R$)
(R$)
0 INVESTIMENTO INICIAL 12936,65
1 3440,54 3900,00 2872,67 129,37 320,00 2423,31 2423,31 2260,55 -10676,10 -81%
2 3423,34 3900,00 2982,51 129,37 320,00 2533,14 4956,45 2204,30 -8471,81 -45%
3 3406,13 3900,00 3098,49 129,37 320,00 2649,13 7605,57 2150,40 -6321,41 -22%
4 3388,93 3900,00 3220,98 129,37 320,00 2771,61 10377,18 2098,71 -4222,70 -8%
5 3371,73 3900,00 3350,32 129,37 320,00 2900,95 13278,13 2049,11 -2173,59 1%
6 3354,53 3900,00 3486,90 129,37 320,00 3037,53 16315,67 2001,48 -172,10 7%
7 3337,32 3900,00 3631,13 129,37 320,00 3181,77 19497,43 1955,71 1783,61 11%
8 3320,12 3900,00 3783,44 129,37 320,00 3334,07 22831,51 1911,69 3695,30 14%
9 3302,92 3900,00 3944,28 129,37 320,00 3494,91 26326,42 1869,32 5564,62 16%
10 3285,72 3900,00 4114,13 129,37 545,35 3439,41 29765,83 1716,07 7280,69 17%
11 3268,51 3900,00 4293,48 5154,00 591,13 -1451,65 28314,18 -675,64 6605,05 17%
12 3251,31 3900,00 4482,88 129,37 640,32 3713,19 32027,37 1612,17 8217,21 18%
13 3234,11 3900,00 4682,89 129,37 693,18 3860,35 35887,72 1563,49 9780,70 19%
14 3216,90 3900,00 4894,10 129,37 749,94 4014,79 39902,51 1516,83 11297,53 19%
15 3199,70 3900,00 5117,13 129,37 810,90 4176,87 44079,38 1472,07 12769,60 20%
16 3182,50 3900,00 5352,66 129,37 876,33 4346,96 48426,34 1429,12 14198,72 20%
17 3165,30 3900,00 5601,37 129,37 946,56 4525,45 52951,79 1387,87 15586,59 21%
18 3148,09 3900,00 5864,02 129,37 1021,91 4712,74 57664,53 1348,24 16934,83 21%
19 3130,89 3900,00 6141,37 129,37 1102,75 4909,26 62573,78 1310,13 18244,96 21%
20 3113,69 3900,00 6434,25 129,37 1189,44 5115,44 67689,23 1273,47 19518,43 21%
21 3096,49 3900,00 6743,53 129,37 1282,40 5331,77 73021,00 1238,17 20756,60 21%
22 3079,28 3900,00 7070,14 129,37 1382,05 5558,72 78579,72 1204,18 21960,78 22%
23 3062,08 3900,00 7415,03 129,37 1488,85 5796,81 84376,53 1171,41 23132,19 22%
24 3044,88 3900,00 7779,24 129,37 1603,30 6046,57 90423,11 1139,81 24272,01 22%
25 3027,68 3900,00 8163,84 129,37 1725,92 6308,56 96731,66 1109,33 25381,33 22%
TOTAL 21195,45 96731,66
91

Podemos ver no Quadro 3 que no sétimo ano, o valor presente líquido se torna positivo,
o que significa que a receita (ou economia) angariada nesse período, “trazida” para o valor
presente, superou o valor inicial investido. Em outras palavras, o sistema se pagaria a partir do
sétimo ano.

Uma aproximação mais exata do payback do sistema pode ser feita analisando-se a
Taxa Interna de Retorno. Observa-se também uma TIR de 7% no sexto ano, a qual se reflete
em um VPL negativo pelo fato de que essa taxa é levemente inferior à taxa de desconto adotada
(7,2%). Isso é evidenciado pelo fato de que o VPL no sexto ano, embora negativo, é “próximo
de zero”, se levarmos em conta a receita anual do sistema. Assim, dada a proximidade da TIR
no ano seis com a taxa de desconto de 7,2%, é seguro inferir que o VPL é zerado (e a TIR
igualada a 7,2%) logo no primeiro mês do sétimo ano. Em resumo, podemos estimar que o
tempo de retorno do investimento é de cerca de 6 anos e 1 mês.

Observamos que o VPL total ao fim dos 25 anos é de R$ 25.381,33, o que significa
que toda a economia futura acumulada - considerando-se a variação do dinheiro no tempo e
descontando-se o investimento inicial, equivaleria à um ganho real no valor presente de R$
25.381,33. Logo, podemos dizer que o investimento é aconselhável, uma vez que o VPL é
positivo e se traduz em lucro para o investidor.

A linha em vermelho, corresponde ao ano da troca do inversor (que possui garantia de


10 anos e deve ser trocado ao fim desse período), e coluna Valor Presente, expressa as entradas
de fluxo de caixa anuais dos valores futuros corrigidos para o valor presente pela taxa de
desconto.
De fato, o sistema desenvolvido se mostra bastante vantajoso a médio e longo prazo.
Ao fim da primeira década a taxa de retorno de investimento chega a 17%, rentabilidade esta
que é justificada pelo considerável valor economizado anualmente, economia essa que tende a
crescer a cada ano, devido aos reajustes tarifários. No décimo ano, antes da troca do inversor,
já se observa uma economia acumulada de R$ 29.765,83. Ao longo dos 25 anos, a TIR alcança
22%, e a economia líquida acumulada chega a R$ 96.731,00. Se descontarmos o valor total
gasto com o sistema, o saldo líquido no decorrer dos 25 anos seria de R$ 75.536,21.
Para exemplificar a rentabilidade do investimento no sistema, vamos compará-lo com a
aplicação na caderneta de poupança, com uma taxa de rendimento anual de 7,2%, como adotado
neste trabalho. A Figura 57 ilustra essa situação. Vamos supor que um indivíduo aplique o valor
correspondente ao investimento do sistema fotovoltaico (R$ 12.936,65) na caderneta de
92

poupança, representado pela saída de fluxo de caixa no ano zero, no gráfico da Figura 57. A
linha em verde representa o rendimento do valor investido no decorrer dos anos, enquanto a
linha vermelha, mostra a receita de capital economizado no mesmo período. Podemos observar
que, a partir do oitavo ano, o investimento no sistema fotovoltaico se torna mais rentável,
condição que se mantem até o final dos 25 anos. A depressão na rentabilidade ocorrida depois
do décimo ano, se deve ao gasto adicional da troca do inversor. Contudo, isso não prejudica a
atratividade do investimento nos anos posteriores.

Figura 57. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança.

8.2. Análise Financeira do Caso 2

Para a análise do sistema de 2,97 kWp do segundo cenário analisado, serão adotadas
as mesmas condições padrão presentes na Tabela 7, e da mesma maneira que para o caso
anterior, o tempo de análise será de 25 anos, tempo de vida útil dos módulos fotovoltaicos (com
degradação de 0,5% ao ano), considerando uma troca de inversor nesse período. O valor inicial
de investimento do projeto é de R$ R$ 14.523,52 e o custo do inversor R$ 5.274,00. Os cálculos
realizados são mostrados no Quadro 4
93

Quadro 4. Análise da viabilidade financeira do sistema fotovoltaico de 2,97 kWp.

Custo anual Custo Custo anual


Geração Consumo Economia Valor
tarifário sem sistema tarifário com Economia
Ano anual anual Acumulada Presente VPL (R$) TIR
microgeração solar (R$) microgeração anual (R$)
(kWh) (kWh) (R$) (R$)
(R$) (O&M) (R$)

0 INVESTIMENTO INICIAL 14523,52


1 3943,57 4524,00 3332,30 145,24 320,00 2867,06 2867,06 2674,50 -11849,02 -80%
2 3923,85 4524,00 3459,71 145,24 349,88 2964,59 5831,65 2579,74 -9269,28 -44%
3 3904,13 4524,00 3594,25 145,24 380,74 3068,27 8899,93 2490,63 -6778,65 -21%
4 3884,42 4524,00 3736,33 145,24 413,95 3177,14 12077,07 2405,79 -4372,86 -7%
5 3864,70 4524,00 3886,37 145,24 449,68 3291,45 15368,52 2324,95 -2047,91 2%
6 3844,98 4524,00 4044,80 145,24 488,11 3411,46 18779,98 2247,87 199,96 8%
7 3825,26 4524,00 4212,11 145,24 529,43 3537,45 22317,43 2174,34 2374,29 12%
8 3805,55 4524,00 4388,79 145,24 573,84 3669,71 25987,14 2104,14 4478,43 14%
9 3785,83 4524,00 4575,36 145,24 621,57 3808,56 29795,70 2037,08 6515,51 16%
10 3766,11 4524,00 4772,39 145,24 672,84 3954,31 33750,01 1972,98 8488,49 18%
11 3746,39 4524,00 4980,44 5274,00 727,91 -1021,47 32728,54 -475,43 8013,06 18%
12 3726,67 4524,00 5200,14 145,24 787,04 4267,87 36996,40 1852,99 9866,05 19%
13 3706,96 4524,00 5432,15 145,24 850,52 4436,40 41432,80 1796,79 11662,84 19%
14 3687,24 4524,00 5677,15 145,24 918,65 4613,27 46046,07 1742,94 13405,78 20%
15 3667,52 4524,00 5935,88 145,24 991,75 4798,89 50844,96 1691,30 15097,08 21%
16 3647,80 4524,00 6209,08 145,24 1070,16 4993,69 55838,65 1641,74 16738,82 21%
17 3628,08 4524,00 6497,59 145,24 1154,26 5198,10 61036,75 1594,16 18332,98 21%
18 3608,37 4524,00 6802,26 145,24 1244,43 5412,59 66449,34 1548,46 19881,44 21%
19 3588,65 4524,00 7123,99 145,24 1341,10 5637,65 72086,99 1504,52 21385,96 22%
20 3568,93 4524,00 7463,73 145,24 1444,72 5873,78 77960,77 1462,25 22848,21 22%
21 3549,21 4524,00 7822,50 145,24 1555,74 6121,52 84082,29 1421,57 24269,78 22%
22 3529,50 4524,00 8201,36 145,24 1674,70 6381,43 90463,72 1382,40 25652,18 22%
23 3509,78 4524,00 8601,44 145,24 1802,12 6654,09 97117,80 1344,65 26996,82 22%
24 3490,06 4524,00 9023,92 145,24 1938,58 6940,11 104057,91 1308,25 28305,07 22%
25 3470,34 4524,00 9470,06 145,24 2084,69 7240,13 111298,04 1273,14 29578,22 22%
TOTAL 23283,16 111298,04 44101,74

Nota-se que o sistema de 2,97 kWp passa a dar retorno de investimento a partir do
sexto ano, como destacado na linha em verde, momento em que o VPL supera o valor inicial
investido e que a TIR supera a taxa de atratividade adotada de 7,2%. De fato, o VPL verificado
ao fim do sexto ano é de R$ 199,96, e a taxa de retorno de investimento ligeiramente superior
a 7,2%. Esse indicativo nos leva a inferir que o VPL é zerado nos meses finais do ano seis, e,
portanto, consideraremos o cálculo do payback descontado como 6 anos.
O investimento tende a se tornar cada vez mais economicamente atrativo com o passar
dos anos. Na primeira década, a TIR chega a 18%, e a despeito dos custos com despesas e troca
do inversor, a Taxa de Retorno de Investimento chega a 22% no décimo nono ano, e assim se
mantém até ao fim dos 25 anos, quanto o Valor Presente Líquido final chega a R$ 29.578,22,
representando o ganho extra do investidor, realizadas as devidas correções no decorrer dos anos
94

pela taxa de investimento. Assim, verificamos, que, a exemplo do caso anterior, este
investimento é economicamente atrativo, uma vez que seu VPL é positivo e sua TIR em muito
supera a taxa de desconto adotada.
Como foi possível perceber, os resultados para este cenário se mostraram bastante
semelhantes ao do caso anterior, isso devido ao fato de que a potência instalada dos dois
sistemas é bastante semelhante, e consequentemente, o custo não difere significativamente. A
diferença desse caso para o caso do apartamento, é que, por se tratar de um sistema que abastece
as áreas de uso comum do condomínio, o investimento para o sistema poderia ser realizado
pelos moradores das oito unidades consumidoras, dividindo-se os custos do investimento
inicial, de modo que cada morador teria que desembolsar R$ 1.815,44, sendo o ganho posterior
de forma indireta, por exemplo, na diminuição da taxa mensal do condomínio. Essa abordagem
não influencia do tempo de retorno de investimento, mas certamente é vantajosa devido ao fato
de que o capital investido inicial por pessoa é menor. De fato, o maior obstáculo para a larga
adoção dos sistemas fotovoltaicos é a alta quantia inicial a ser custeada, e a divisão desse valor
entre os moradores, tornaria a decisão de investimento mais fácil, uma vez que os custos
individuais seriam menores.
Realizemos agora a comparação entre rendimento do capital investido no sistema
fotovoltaico com o ganho que seria obtido se o mesmo valor fosse aplicado na poupança. A
Figura 58 mostra essa situação, onde observamos que o sistema FV se torna mais atrativo
economicamente entre o sétimo e o oitavo ano, e, refletindo a rentabilidade expressada pela
TIR no decorrer dos anos, se torna ainda mais atrativo economicamente com o decorrer dos
anos. Assim, considerando a economia líquida acumulada no decorrer dos anos, ao fim dos 25
anos, teriam sido economizados R$ 111.298,04, ao passo que, se o valor do investimento inicial
fosse investido na poupança, com taxa de 7,2% ao ano, ao fim dos 25 anos ter-se-ia R$
82.529,67.
95

Figura 58. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança – caso 2.
96

9 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, foram apresentadas, por meio de estudos de caso, a metodologia de


implantação de SFCRs para o estado do Acre, bem como a análise do investimento a ser
realizado, levando-se em conta os cenários econômico, técnico e legislatório inerentes à região
acreana. De acordo com os levantamentos realizados, as perspectivas tanto para o cenário
nacional quanto estadual são animadoras, devido a aspectos como políticas de incentivo,
isenção de impostos, a queda dos preços dos componentes do sistema fotovoltaico e crescente
disseminação desses sistemas pelo país, o que tem levado as pessoas a obterem mais
conhecimento sobre esse segmento, e consequentemente, despertando o interesse de potenciais
consumidores. De fato, essa propensão à adoção da microgeração fotovoltaica é atestada por
uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha em outubro de 2016, que diz que 72% dos
entrevistados comprariam sistemas fotovoltaicos se houvessem linhas de crédito a baixos juros.
(CANAL ENERGIA, 2017).
Para a análise da prospecção de sistemas fotovoltaicos na região, foram realizados
estudos para dois empreendimentos em um condomínio na capital do Acre: um apartamento
com cerca de 92 m2 e com consumo médio de 325 kWh/mês, com sistema dimensionado de 2,6
kWp, e a área comum do mesmo, cujo consumo médio é de 377 kWh/mês e sistema
dimensionado de 2,97kWp. Esses cenários de análise, acabam por representar uma boa base de
referência de estudos para os consumidores acreanos, uma vez que o consumo médio total por
subsistema do estado, no ano de 2016, foi de 333,4 kWh/mês, valor aproximado dos cenários
abordados neste trabalho.
Para a avaliação da economia anual na tarifa de energia, devido a energia gerada, foi
realizada a quantificação do valor economizado, se comparado o custo na conta de energia
referente ao consumo sem microgeração fotovoltaica, e o custo após esse mesmo consumo ser
suprido pelo sistema de microgeração. Foram considerados como gastos extras a troca do
inversor, no décimo primeiro ano, e um gasto anual com manutenção preventiva e corretiva,
necessárias para o bom funcionamento do sistema (limpeza dos painéis, verificação dos
componentes etc.), cujo valor gasto foi considerado como sendo 1% do investimento inicial por
ano.
Para ambos os sistemas dimensionados, o retorno do investimento ocorreu em torno dos
6 anos, sendo que, para o sistema FV do apartamento, foi alcançada uma taxa interna de retorno
de investimento de 17% já na primeira década, com VPL de R$ 7.280,69, o que mostra a alta
rentabilidade do sistema já nos primeiros 10 anos. Já para o sistema FV projetado para atender
97

a área comum do condomínio, verificou-se, ao fim de dez anos, uma TIR de 18% e VPL de R$
8.488,49. Dos sistemas abordados, o sistema FV de 2,97 kWp se mostrou ligeiramente mais
rentável, uma vez que apresentou uma geração 14,62% maior que o sistema de 2,6 kWp,
custando apenas 12,66% a mais.
Podemos concluir a partir das análises realizadas que os sistemas projetados se
mostraram altamente atrativos financeiramente, possuindo um tempo de retorno de
investimento de acordo com as estimativas de mercado e menor que a maioria das projeções
realizadas para a região, como mostra a Figura 59, a qual compila as estimativas do tempo
médio de retorno de investimento para o estado Acre realizadas em diferentes estudos,
comparando com o payback estimado neste trabalho para os dois sistemas dimensionados (em
amarelo).

Figura 59. Estimativas do payback para sistemas fotovoltaicos instalados no estado do Acre. Fonte:
(NAKABAYASHI, 2014), (KONZEN, 2014), (ANEEL, 2017), (WEG, 2017).

Podemos observar na Figura 59 que os sistemas dimensionados neste trabalho


apresentaram um payback menor que a média estimada para consumidores residenciais, e
consideravelmente inferior às projeções e estimativas realizadas no ano de 2014, o que mostra
a acentuada queda nos valores referentes a esses sistemas. Vale ressaltar que, o payback pode
ser afetado por uma série de fatores, tais como a economia nacional, a inflação, reajustes
tarifários, ou até mesmo fatores climáticos como taxas de precipitação anuais acima da média.
Contudo, a metodologia adotada nesse trabalho, buscou considerar a variação do dinheiro no
tempo, realizando o payback descontado, partindo da premissa de que o dinheiro presente, vale
mais do que o dinheiro futuro, portanto, as análises foram realizadas com base em uma taxa de
98

desconto (representando o custo de oportunidade de se investir na poupança) e considerando


ainda a os ajustes anuais das tarifas de energia praticadas no estado do Acre (média dos últimos
anos), abordagem que contribui para resultados mais confiáveis.
Algumas das razões para a obtenção de resultados tão positivos se consideradas as
projeções de anos anteriores, é que, ao considerarmos o ajuste médio anual da tarifa de energia
aplicada no Acre (5,6%), acabamos indiretamente por considerar a influência da inflação, o
que, no período de 25 anos no qual foi realizada a análise, acarreta em preços mais altos a serem
pagos na conta de luz, e, consequentemente, maiores valores economizados anualmente pela
utilização do sistema FV. Mas podemos dizer que o principal fator que tem viabilizado
financeiramente esses sistemas, é a isenção do ICMS sobre a energia gerada, o qual tem um
impacto significante na fatura de energia. De acordo com a Tabela 6, para usuários com
consumo superior à 140 kWh mensais (que é o caso dos dois cenários analisados nesse
trabalho), o impacto da cobrança do ICMS é de 25% do consumo. Dessa forma, considerando
um autoconsumo de 100%, em que o usuário apenas pague o faturamento mínimo, a não
incidência desse imposto acaba por se refletir em uma economia muito maior e em um
investimento muito mais rentável.
Por fim, destaca-se o grande potencial brasileiro e acreano para uma maior inserção de
sistemas fotovoltaicos conectados à rede, contribuindo para o aumento da utilização de energias
limpas e para a geração direta e indireta de empregos, beneficiando técnicos e engenheiros
eletricistas. Finalmente, sendo o Acre um estado que ainda está engatinhando nesse segmento,
ressalta-se a importância de mais estudos voltados para a geração fotovoltaica distribuída,
buscando cada vez mais soluções para a melhoria da eficiência dos sistemas, bem como do
aprimoramento das políticas de incentivo para a consolidação da geração distribuída no Brasil.

9.1. Sugestões para trabalhos futuros

Sugere-se para trabalhos futuros alguns tópicos importantes de estudos a serem


realizados:
 Análise dos impactos técnicos da inserção em larga escala da geração distribuída na
rede de distribuição;
 Pesquisa e estudo para otimização da eficiência dos sistemas fotovoltaicos instalados;
 Estudo dos impactos ambientais da utilização de sistemas fotovoltaicos em detrimento
de outras fontes de energia.
99

 Estudo para análise e aprimoramento das políticas de incentivo à geração distribuída no


Brasil, bem o prognóstico dos resultados da implantação no país, de mecanismos de
incentivo utilizados nos países europeus.
 Instalação física dos sistemas projetados e verificação dos seus resultados na prática.
100

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103

Anexo A - Convênio ICMS 101/97

 Publicado no DOU de 18/12/97.


 Ratificação Nacional DOU de 02.01.98, pelo ATO-COTEPE 01/98.
 Efeitos até 30.06.98.
 Alterado pelos Conv. ICMS 46/98, 61/00, 93/01.
 Prorrogado, até 30.04.99, pelo Conv. ICMS 23/98.
 Prorrogado, até 30.04.00, pelo Conv. ICMS 05/99.
 Prorrogado, até 30.04.02, pelo Conv. ICMS 07/00.
 Prorrogado, até 30.04.04, pelo Conv. ICMS 21/02.
 Prorrogado, até 30.04.07, pelo Conv. ICMS 10/04.

Concede isenção do ICMS nas operações com


equipamentos e componentes para o
aproveitamento das energias solar e eólica que
especifica.

O Ministro de Estado da Fazenda e os Secretários de Fazenda, Finanças ou


Tributação dos Estados e do Distrito Federal, na 88ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional
de Política Fazendária, realizada no Rio de Janeiro, RJ, no dia 12 de dezembro de 1997, tendo
em vista o disposto na Lei Complementar n° 24, de 7 de janeiro de 1975, resolvem celebrar o
seguinte
CONVÊNIO

Cláusula primeira Ficam isentas do ICMS as operações com os produtos a


seguir indicados, classificados na posição ou código da Nomenclatura Brasileira de
Mercadorias - Sistema Harmonizado - NBM/SH:
DISCRIMINAÇÃO CÓDIGO
NBM/SH
Aerogeradores para conversão de energia dos ventos em energia mecânica 8412.80.00
para fins de bombeamento de água e/ou moagem de grãos
Bomba para líquidos, para uso em sistema de energia solar fotovoltaico em 8413.81.00
corrente contínua, com potência não superior a 2 HP
Aquecedores solares de água 8419.19.10
Gerador fotovoltaico de potência não superior a 750W 8501.31.20
Gerador fotovoltaico de potência superior a 750W mas não superior a 75kW 8501.32.20
Gerador fotovoltaico de potência superior a 75kW mas não superior a 375kW 8501.33.20
Gerador fotovoltaico de potência superior a 375Kw 8501.34.20
Aerogeradores de energia eólica 8502.31.00
Células solares não montadas 8541.40.16
Células solares em módulos ou painéis 8541.40.32
104

Anexo B - Convênio ICMS 16, DE 22 de abril de 2015

O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 238ª reunião extraordinária,


realizada em Brasília, DF, no dia 22 de abril de 2015, tendo em vista o disposto na Lei
Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975 e na Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril
de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, resolve celebrar o seguinte

CONVÊNIO
Cláusula Primeira. Ficam os Estados do Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal
autorizados a conceder isenção do ICMS incidente sobre a energia elétrica fornecida pela
distribuidora à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica
injetada na rede de distribuição pela mesma unidade consumidora com os créditos de energia
ativa originados na própria unidade consumidora no mesmo mês, em meses anteriores ou em
outra unidade consumidora do mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de
Energia Elétrica, estabelecido pela Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de
2012. (Redação do caput dada pelo Convênio ICMS Nº 75 DE 18/07/2016 efeitos a partir
do primeiro dia do segundo mês subsequente ao da sua publicação).
§ 1º O benefício previsto no caput:
I - Aplica-se somente à compensação de energia elétrica produzida por microgeração e
minigeração definidas na referida resolução, cuja potência instalada seja, respectivamente,
menor ou igual a 100 kW e superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW; (Redação do inciso
dada pelo Convênio ICMS Nº 130 DE 04/11/2015).
II - não se aplica ao custo de disponibilidade, à energia reativa, à demanda de potência, aos
encargos de conexão ou uso do sistema de distribuição, e a quaisquer outros valores cobrados
pela distribuidora.

§ 2º Não se exigirá o estorno do crédito fiscal previsto no art. 21 da Lei Complementar nº 87,
de 13 de setembro de 1996.
(Redação da cláusula dada pelo Convênio ICMS Nº 130 DE 04/11/2015):
Cláusula segunda. O benefício previsto neste convênio fica condicionado:
I - à observância pelas distribuidoras e pelos microgeradores e minigeradores dos
procedimentos previstos em Ajuste SINIEF;
105

II - a que as operações estejam contempladas com desoneração das contribuições para os


Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP
e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS.".
Cláusula terceira. Este convênio entrará em vigor na data da publicação de sua ratificação
nacional no Diário Oficial da União, produzindo efeitos para os fatos geradores ocorridos a
partir de 1º de setembro de 2015.
106

Anexo C – LEI Nº 13.169, de 6 de outubro de 2015.


Altera a Lei no 7.689, de 15 de
dezembro de 1988, para elevar a
alíquota da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido - CSLL em relação às
pessoas jurídicas de seguros privados e
de capitalização, e às referidas nos
incisos I a VII, IX e X do § 1o do art.
1o da Lei Complementar no 105, de 10
Mensagem de veto
de janeiro de 2001; altera as Leis nos
9.808, de 20 de julho de 1999, 8.402,
Produção de efeito
de 8 de janeiro de 1992, 10.637, de 30
de dezembro de 2002, 10.833, de 29 de
Conversão da Medida Provisória nº 675, de 2015
dezembro de 2003, 11.033, de 21 de
dezembro de 2004, 12.715, de 17 de
setembro de 2012, 9.249, de 26 de
dezembro de 1995, 11.484, de 31 de
maio de 2007, 12.973, de 13 de maio
de 2014, 10.150, de 21 de dezembro de
2000, e 10.865, de 30 de abril de 2004;
e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 7.689, de 15 de dezembro de 1988, passa a vigorar com as seguintes


alterações: (Produção de efeito)

“Art. 3o ........................................................................

I - 20% (vinte por cento), no período compreendido entre 1o de setembro de 2015 e 31 de


dezembro de 2018, e 15% (quinze por cento) a partir de 1o de janeiro de 2019, no caso das
pessoas jurídicas de seguros privados, das de capitalização e das referidas nos incisos I a
VII e X do § 1o do art. 1o da Lei Complementar no 105, de 10 de janeiro de
2001; (Produção de efeito)

II - 17% (dezessete por cento), no período compreendido entre 1o de outubro de 2015 e 31 de


dezembro de 2018, e 15% (quinze por cento) a partir de 1o de janeiro de 2019, no caso das
pessoas jurídicas referidas no inciso IX do § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 105, de 10
de janeiro de 2001;

III - 9% (nove por cento), no caso das demais pessoas jurídicas.” (NR) (Produção de efeito)

Art. 2o Ficam isentos e remidos do laudêmio, do foro e das taxas de ocupação os


contribuintes localizados na Área A do antigo Aeroporto de Petrolina, Estado de Pernambuco,
identificados no Anexo I desta Lei.
107

Parágrafo único. Aplica-se a remissão aos débitos patrimoniais devidos à União,


constituídos e não pagos, inclusive os inscritos em dívida ativa, executados judicialmente ou
não.

Art. 3o (VETADO).

Art. 4o O art. 1o da Lei no 8.402, de 8 de janeiro de 1992, passa a vigorar acrescido do


seguinte § 3o:

“Art. 1o ........................................................................

......................................................................................

§ 3o Na aplicação do regime aduaneiro especial de drawback à industrialização de


embarcação de que trata o § 2o, o prazo de suspensão dos tributos poderá ser de até sete anos.”
(NR)

Art. 5o (VETADO).

Art. 6o (VETADO).

Art. 7o O art. 16 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, passa a vigorar com a


seguinte redação:

“Art. 16. Os beneficiários do Reporto descritos no art. 15 desta Lei ficam acrescidos das
empresas de dragagem definidas na Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013 - Lei dos Portos, dos
recintos alfandegados de zona secundária e dos centros de formação profissional e treinamento
multifuncional de que trata o art. 33 da Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013, e poderão efetuar
aquisições e importações amparadas pelo Reporto até 31 de dezembro de 2020.” (NR)

Art. 8o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da


Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre a
energia elétrica ativa fornecida pela distribuidora à unidade consumidora, na quantidade
correspondente à soma da energia elétrica ativa injetada na rede de distribuição pela
mesma unidade consumidora com os créditos de energia ativa originados na própria
unidade consumidora no mesmo mês, em meses anteriores ou em outra unidade
consumidora do mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de Energia
Elétrica para microgeração e minigeração distribuída, conforme regulamentação da
Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.
108

ANEXO D – Etapas de Acesso de Microgeradores ao Sistema de Distribuição


Eletrobrás Distribuição Acre

Etapa Ação Responsável Prazo


1.a. Formalização da
solicitação de acesso,
1. Solicitação de com o encaminhamento
acesso de documentação, ACESSANTE -
dados e informações
pertinentes, bem como
dos estudos realizados.
Distribuidora:
1.b. Recebimento da
Processo de Grandes -
solicitação de acesso.
Clientes
1.c. Notificação de Distribuidora:
No ato do
pendências, caso Processo de Grandes
recebimento
existam. Clientes
1.d. Solução de
pendências relativas às ACESSANTE -
informações solicitadas.
Até 15 (quinze) dias
após a ação 1.b ou
1.d, se não houver
necessidade de
execução de obras de
reforço ou de
Distribuidora: ampliação no sistema
2.a. Emissão de parecer
2. Parecer de Processo de de distribuição.
com a definição das
acesso Planejamento da Até 30 (trinta) dias
condições de acesso.
Distribuição quando houver
necessidade de
execução de obras de
melhoria ou reforço
no sistema de
distribuição, após a
ação 1(b) ou 1(d).
Até 120 (cento e
3.a. Solicitação de
ACESSANTE vinte) dias após a
vistoria
ação 2.a.
3.Implantação da
conexão Distribuidora:
3.b. Realização de Até 7 (sete) dias após
Processo de
vistoria a ação 4.a.
Engenharia da
Medição
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Distribuidora:
3.c. Emissão do Processo de Até 5 (cinco) dias
Relatório de vistoria Engenharia da após a ação 3.b.
Medição

Definido pelo
ACESSANTE
4.a. Adequação das
Após a eliminação de
condicionantes do ACESSANTE
pendências técnicas,
Relatório de Vistoria.
4. Aprovação do o ACESSANTE deve
ponto de conexão solicitar nova vistoria
(voltar à ação 4.a)
4.b. Aprovação do Distribuidora:
Até 7 (sete) dias após
ponto de conexão, Processo de
a ação 3.b, desde que
liberando-o para Engenharia da
não haja pendências.
conexão. Medição

5.a. Apresentação do Distribuidora:


5. Relacionamento Até a conclusão do
Relacionamento Processo de Grandes
Operacional Item 2.a.
Operacional Clientes

Fonte: (ELETROBRAS, 2016).

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