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Código/designação da unidade

9183 / Desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos - iniciação

Carga horária 25 horas

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ÍNDICE

Índice ...................................................................................................................................................................................................................2

Objetivo Geral ......................................................................................................................................................................................................3

Objetivos Específicos ..........................................................................................................................................................................................3

Conteúdos Programáticos ...................................................................................................................................................................................3

Introdução ............................................................................................................................................................................................................4

Fases do desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos ....................................................................................................................................5

O conceito de desenvolvimento ....................................................................................................................................................................5

Desenvolvimento dos 0 aos 6 meses ............................................................................................................................................................6

Desenvolvimento dos 6 aos 12 meses ........................................................................................................................................................12

Desenvolvimento do 1 aos 2 anos ..............................................................................................................................................................15

Dos dois aos três anos de idade .................................................................................................................................................................18

Fatores condicionantes do desenvolvimento da criança ...................................................................................................................................24

Aspetos genéticos .......................................................................................................................................................................................24

Aspetos ambientais .....................................................................................................................................................................................25

Factores nutricionais ...................................................................................................................................................................................25

Fatores sócio emocionais ............................................................................................................................................................................25

Culturais ......................................................................................................................................................................................................25

Políticos e socioeconómicos .......................................................................................................................................................................25

Crianças com alterações nas funções ou estruturas do corpo ou com risco grave de atraso de desenvolvimento .........................................26

Do nascimento ao 1º ano de vida ................................................................................................................................................................26

Do 1º ano ao 2º ano de vida ........................................................................................................................................................................26

Nos 3º e 4º anos de vida .............................................................................................................................................................................26

Conclusão ..........................................................................................................................................................................................................27

Referências bibliográficas..................................................................................................................................................................................28

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OBJETIVO GERAL

 Reconhecer as fases do desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos.


 Identificar os fatores condicionantes do desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos.
 Identificar os sinais de alerta relativos aos problemas de desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos.
 Reconhecer os tipos de alterações nas funções ou estruturas do corpo da criança dos 0 aos 3 anos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Defina Aqui os Objetivos Específicos (consulte programa de formação)

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

 Fases do desenvolvimento da criança dos 0 aos 3 anos


o Desenvolvimento físico e psicomotor
o Desenvolvimento cognitivo
o Desenvolvimento da linguagem
o Desenvolvimento sócio afectivo
 Vinculação: a criança e o adulto de referência
 Primeiros comportamentos sociais
 Segurança afetiva
 Curiosidade e ímpeto exploratório
 Autoestima
 Fatores condicionantes do desenvolvimento da criança
 Problemas de desenvolvimento: sinais de alerta
 Crianças com alterações nas funções ou estruturas do corpo ou com risco grave de atraso de desenvolvimento

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e mudança a nível físico, comportamental, cognitivo, linguístico
e emocional ao longo da vida. Em cada fase surgem características específicas. As linhas orientadoras de desenvolvimento
aplicam-se a grande parte das crianças, no entanto, cada criança é um indivíduo e pode atingir estas fases de
desenvolvimento mais cedo ou mais tarde do que outras crianças da mesma idade, sem se falar, propriamente, de
problemáticas.

De seguida abordaremos um módulo interessantíssimo onde ficaremos a conhecer por que várias etapas passam as
crianças dos 0 aos 3 anos de vida e, consequentemente, quais os sinais que devemos identificar como sendo de alerta, ou
seja, que poderão evidenciar algum tipo de problema no bebé.

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FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DOS 0 AOS 3 ANOS

O conceito de desenvolvimento

Para que consigamos entender por que processos passa a criança ao longo do seu desenvolvimento, interessa esclarecer
logo de início o conceito de desenvolvimento.

O desenvolvimento é o conjunto de transformações qualitativas e quantitativas que marcam a vida do indivíduo da sua
conceção até à morte, apesar de se notarem as alterações mais profundas na infância e adolescência.

O desenvolvimento segue uma sequência temporal que se desenvolve ao longo de toda a vida, variando de pessoa para
pessoa, podendo suceder no seu decorrer acelerações e retardamentos.

Este desenvolvimento acontece no ser humano porque este está em constante interação com o meio (família, amigos,
escola, …).

No entanto, deveremos analisar o conceito aos olhos de alguns profissionais. Aos olhos do pediatra o desenvolvimento é o
aumento da capacidade do indivíduo realizar tarefas cada vez mais complexas; do psicólogo são os aspetos cognitivos, a
inteligência, a adaptação, a inter-relação com o meio ambiente; aos olhos do psicanalista importam as relações com os
outros e a constituição do psiquismo.

Assim, o desenvolvimento vai além de uma determinação biológica e necessita de uma abordagem multiconceptual e
multidisciplinar.

Sócio
afetivo

Físico e Desenvol
Cognitivo
psicomotor
vi-mento

Linguístico

De seguida analisaremos estas quatro dimensões do desenvolvimento nas várias fases de crescimento da criança dos 0
aos 3 anos de idade.

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Desenvolvimento dos 0 aos 6 meses

Desenvolvimento físico e psicomotor

O desenvolvimento motor é um processo de mudanças no nível de funcionamento de um indivíduo, onde uma maior
capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. O desenvolvimento motor não se deve apenas à
maturação neurológica, mas também a um sistema auto-organizado que envolve a tarefa, o ambiente e o indivíduo, isto é, a
melhora constante das habilidades motoras representa aquisição de independência e adaptação social para a criança.

O desenvolvimento psicomotor envolve o desenvolvimento funcional de todo o corpo e das suas partes, sendo através dele
que a criança deixa de ser a criatura frágil da primeira infância e se transforma numa pessoa livre e independente do auxílio
alheio.

O desenvolvimento psicomotor envolve a capacidade de controlar um conjunto de atividades de movimento de certos


segmentos do corpo, com emprego de força mínima, a fim de atingir uma resposta precisa à tarefa.

Neste sentido é importante entender que a motricidade global diz respeito à habilidade de controlar as contrações dos
grandes músculos corporais na geração de movimentos amplos (ex: braços e pernas). Este desenvolvimento é
maturacional, ou seja embora estas aquisições devam ser feitas à medida que se processa o desenvolvimento físico da
criança, cada criança atinge metas em momentos ligeiramente diferentes. Contudo, todos os bebés independentemente da
etnia, classe social ou temperamento atingem-nos pela mesma ordem.

Numa primeira fase, relativamente ao desenvolvimento físico e psicomotor observamos um processo de fortalecimento
gradual dos músculos e do sistema nervoso: os movimentos bruscos e descontrolados iniciais vão dando lugar a um
controlo progressivo da cabeça, dos membros e do tronco.

Por volta das 8 semanas é capaz de levantar a cabeça sozinho durante poucos segundos, deitado de barriga para baixo.

O controlo completo da cabeça dá-se por volta dos 4 meses: deitado de costas, levanta a cabeça durante vários segundos;
deitado de barriga para baixo, levanta-se com apoio das mãos e dos braços e virando a cabeça.

Assim, no sentido de se avaliar a progressão do desenvolvimento psicomotor, podemos avaliar a evolução do


desenvolvimento da criança partindo de diferentes posturas.

Comportamento face aos objetos

Idade Postura
- Em decúbito dorsal, junta as mãos na linha média e “brinca” com elas.
3º mês - Colocando-se um objeto na mão leva-o à boca.
- Agita o guizo “involuntariamente”.
4º mês - Coordenação visão-preensão.
5º mês Contacto mais eficiente com o objeto.
6º mês Transferência do objeto de uma mão para a outra.

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Posição em decúbito ventral

Idade Postura
Recém-nascido Cabeça de lado
1º mês Ergue o queixo
2º mês Ergue a cabeça e ombros
3º/4º mês Apoia-se sobre o antebraço
5º/6º mês Apoia-se sobre as mãos

Criança sentada

Idade Postura

1º mês Com grande apoio, costas curvas, levanta a cabeça de vez em quando.

3º mês Com grande apoio, mantém a cabeça direita e a coluna dorsal direita.

3º/4º mês Senta-se com apoio durante 1 minuto.

Idade Postura

4º/5º mês Em decúbito dorsal, seguro pelas mãos, faz força para se sentar.

6º/7º mês Senta-se com apoio, por exemplo, numa cadeira alta.

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Posição vertical e locomoção

Idade Postura

Recém-nascido Reflexo de marcha automático, reflexo do degrau.

3º mês Suspenso pelas axilas reflecte os joelhos e coxas.

5º/6º mês Suspenso pelas axilas, apoio intermitente.

Relativamente à visão, com 1 mês, o bebé é capaz de focar objetos a 90 cm de distância e progressivamente vai sendo
capaz de utilizar os dois olhos para focar um objeto próximo ou afastado, bem como de seguir a deslocação das pessoas.

Entre os 4 e os 6 meses a visão e a coordenação olho-mão encontram-se próximas da do adulto.

Relativamente à audição, entre os 2 e os 4 meses, o bebé reage aos sons e às alterações do tom de voz das pessoas que o
rodeiam e por volta dos 4-6 meses, possui já uma grande sensibilidade às modulações nos tons de voz que ouve.

Desenvolvimento cognitivo

Nesta fase da vida, a aprendizagem faz-se sobretudo através dos sentidos. Mas para entendermos melhor este
desenvolvimento cognitivo, façamos um parênteses para analisarmos a Teoria Cognitiva de Piaget.

Segundo esta teoria e o seu autor, existem 4 estádios de desenvolvimento:

 Sensório-motor (0-2 anos)


 Pré-operatório (2-7 anos)
 Período das operações concretas (7 -11/12 anos)
 Período das Operações formais (11/12 -15/16 anos)

Sensório-motor (0-2 anos)

É um estádio de desenvolvimento que se caracteriza por uma inteligência prática que se aplica à resolução de problemas
(procurar um guizo escondido, alcançar a bola, entre outros), e que põe em jogo as perceções e o movimento - daí a
designação de sensório-motor. A este nível a inteligência é vista como resultante da interação entre o nível sensorial e
motor, isto é, a criança capta as informações através dos seus sentidos e exprime-as através dos movimentos. Assim sendo
a inteligência neste estádio é eminentemente prática, uma vez que a criança ainda não adquiriu a capacidade da linguagem
nem a capacidade de representar mentalmente os objetos.

A criança nasce com reflexos e atividades espontâneas, e vai evoluindo devido ao confronto com as experiências com o
mundo envolvente, tendo um papel ativo no seu desenvolvimento.

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Este estádio foi ainda dividido por Piaget em 6 sub-estádios. Nesta primeira fase analisaremos os três primeiros uma vez
que se enquadram na divisão etária por nós definida para este manual.

1º sub-estádio (0-1 mês) - exercícios reflexos; esquemas reflexos

Os primeiros esquemas de ação são os esquemas reflexos inatos, como sucção e apreensão, e as capacidades sensoriais,
como a audição, a visão, o olfato e o tato, ainda não coordenadas entre si.

Desde que nasce, o bebé exercita os seus reflexos inatos. Por exemplo, alguns dias após o nascimento, mama melhor. Ele
vai assimilando e acomodando a partir dos reflexos.

Para o bebé neste estádio ainda não há divisão entre ele e o meio que o envolve. O mundo é percecionado como caótico,
pois não é estruturado em função de um tempo e um espaço.

2º Sub-estádio (1-4 meses) - primeiros hábitos ou adaptações adquiridas; esquemas primários; modificação em
função da experiência

Neste sub-estádio a criança começa a adquirir os primeiros hábitos, modificando os seus comportamentos em função das
experiências com as quais vai contactando através do meio.

A este nível Piaget introduz um conceito importante: reação circular primária que consiste em comportamentos repetidos,
que são descobertos por acaso pela criança e que se repetem porque o resultado é agradável para a criança. A este nível
estes comportamentos ainda incidem sobre o próprio corpo.

Ex: o bebé brinca sistematicamente com a língua, lábios e gengivas; mais tarde (3-4meses) demonstra já condutas de
coordenação entre a visão e a preensão (agarra o objeto que vê) e entre a preensão e a sucção (agarra o objeto que vê e
leva-o à boca).

3º Sub-estádio (4-8 meses) - reação circular e esquemas secundários; coordenação dos esquemas de visão -
preensão

A este nível Piaget introduziu um outro conceito importante que é o da reação circular secundária. Estes comportamentos
consistem em reencontrar gestos que provocaram uma ação interessante nas coisas, sendo que contrariamente ao estádio
anterior, estes incidem sobre objetos exteriores e não sobre o seu próprio corpo. Assim, a criança primeiro descobre por
uma fase de exploração do meio e à medida que se diverte repete a ação.

Ex: criança deitada no berço agarra por acaso, um fio suspenso do teto, o que provoca o abanar dos guizos. A partir daí
repete o gesto um grande número de vezes para repetir esse resultado interessante.

Assim, por volta do 6º mês, compreende algumas palavras familiares (o nome dele, "mamã", "papá"...), virando a cabeça
quando o chamam.

Analisaremos os restantes estágios nas páginas que se seguem.

Desenvolvimento da linguagem

O ser humano utiliza os símbolos para comunicar, não só com os outros como consigo próprio. Poderemos então definir a
linguagem como um sistema de símbolos culturais internalizados, que permitem a adaptação do ser humano ao ambiente e,

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sobretudo, que permitem a comunicação, sendo que esta comunicação pode ser observada segundo dois grandes aspetos:
comunicação verbal e comunicação não verbal.

A linguagem inicia-se na barriga da mãe. O ser humano inicia o seu processo de comunicação muito cedo, antes mesmo de
nascer, quando ainda está no ventre materno. Os movimentos que faz durante a gestação são respostas aos estímulos
sonoros externos e são muito importantes para que a comunicação entre mãe e bebé se faça adequada desde esse
período.

A criança desde cedo tende a comunicar com os que a rodeiam, contudo, esta não é feita de forma oral. Ao longo do
primeiro ano de vida existe já comunicação interativa entre a criança e o meio ambiente, tendo ao longo deste período uma
forte evolução, devendo ter presente que mesmo antes da verbalização da primeira palavra, já existe verbalização e
comunicação.

A criança com poucos meses já possui uma grande variedade de expressões emocionais e comunicativas que poderão ser
interpretadas pelo adulto como manifestações de bem-estar. Ex: expressões faciais, chilreio, choro, etc.

Uma etapa importante, por exemplo, é que por volta dos 2 meses a criança já procura adaptar as suas expressões às
expressões da mãe - capacidade de imitação da expressão do outro. Tanto a mãe como a criança estão desejosas de
iniciar a comunicação. As expressões apresentadas pela criança vão dar início ao processo comunicativo do bebé com as
outras pessoas, estando na base do aparecimento da comunicação intersubjetiva.

O bebé vocaliza portanto, espontaneamente, sobretudo quando está com adultos. A partir dos 4 meses, começa a imitar
alguns sons que ouve à sua volta.

Assim e resumindo:

Idade Desenvolvimento

É capaz de se aperceber do discurso, chora e revela algumas respostas


Nascimento aos sons. Reconhece as vozes mais familiares enquanto se encontrava no
ventre materno, como a mãe.

Entre o 1º e o 3º
Dá gargalhadas.
mês

3º mês Brinca com os sons da fala.

5º a 6º mês Produz sons constantes, tentando igualar o que ouve.

Desenvolvimento sócio afetivo

O nascimento do domínio sócio afetivo num bebé começa na relação que é estabelecida com a mãe. A qualidade dos
cuidados maternos prestados ao recém-nascido e a relação que este estabelece com a figura que lhe presta cuidados é
indissociável do desenvolvimento do bebé e garantia de uma boa saúde mental.

As primeiras experiências intersubjetivas permitem à mãe comunicar os seus afetos interpretando as necessidades e
desejos do bebé. Para isto, ela utiliza as suas capacidades de empatia, que lhe permitem perceber os estados afetivos do
bebé, interpretá-los e dar uma resposta ajustada às necessidades do mesmo.

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A relação mãe/bebé é uma relação que se inicia desde cedo e que irá condicionar as interações futuras da criança com o
mundo que a rodeia, sendo este mundo composto de objetos mas, sobretudo, também de afetos e emoções. Há uma
partilha da mãe com a criança do mundo exterior de acordo com as suas capacidades crescentes de usufruir do mundo
exterior, e é a partir deste momento que a criança começa a percecionar a vida - através da primeira relação social que é
com a mãe.

É importante sublinhar que as características desta relação no primeiro ano de vida vão ter grande importância no
desenvolvimento futuro da criança tendo grande influência no desenvolvimento da personalidade, auto-estima, confiança
em si próprio, entre outros.

Um dos principais teóricos que abordou o tema do desenvolvimento afetivo no ser humano foi Bowlby tendo abordado o
tema da vinculação.

Para este, a vinculação era a tradução da necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o
bebé e a mãe e outras pessoas próximas. Este refere que durante o primeiro ano de vida, a criança desenvolve um laço
afetivo preferencial e privilegiado com uma figura particular, que assume o papel de figura de vinculação principal, cabendo
a esta o papel de conferir segurança e proteção através dos seus cuidados.

Desta forma poderemos afirmar que a relação entre o adulto e o bebé é uma relação interativa, na qual o bebé demonstra
uma procura de cuidados e atenções que lhe garantam a satisfação das suas necessidades de proteção e segurança e o
adulto deverá estar disponível e capaz de responder às solicitações da criança através da prestação de cuidados. Ao
realizar regularmente este papel, o adulto tenderá a tomar-se uma figura de vinculação para a criança.

Para a criança a figura de vinculação deverá proporcionar um sentimento de segurança quando esta se sente ameaçada
por uma experiência de medo, desconforto ou mal-estar generalizado. Assim, particularmente nestas circunstâncias, a
criança exibe comportamentos de vinculação, que por definição são qualquer forma de comportamento que tem como
resultado manter ou estabelecer a proximidade da criança com essa figura. Sublinhamos que a indiferença e a falta de
resposta atempada e ajustada às necessidades da criança por parte desta figura de vinculação é um elemento gerador de
ansiedade na criança.

Ao avaliarmos a evolução do estabelecimento deste fenómeno de vinculação, poderemos mencionar alguns momentos
importantes. Nos primeiros meses a criança manifesta alguns comportamentos de vinculação, tais como sorrir, agarrar,
chupar, seguir, aproximar ou afastar, que desde cedo tendem a ser dirigidos a alguém em particular. Sublinhamos que as
respostas afetivas e calorosas por parte dos pais são essenciais.

Por volta dos 4 meses, o bebé tem a capacidade de reconhecimento das pessoas mais próximas, o que influencia a forma
como se relaciona com elas, tendo reações diferenciadas consoante a pessoa com quem interage. É também capaz de
distinguir pessoas conhecidas de estranhos, revelando preferência por rostos familiares.

Manifesta a sua excitação através dos movimentos do corpo, mostrando prazer ao antecipar a alimentação ou o colo.

A criança apresenta ainda medo perante barulhos altos ou inesperados, objetos, situações ou pessoas estranhas,
movimentos súbitos e sensação de dor.

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Sinais de alerta

Os sinais de alerta para esta primeira fase são os seguintes:

 Problemas na alimentação: rejeição do peito ou biberão.


 Regressões no desenvolvimento: apatia; ausência de sorriso; manifestações de desprazer, com rejeição das
tentativas de o confortar.
 Não reconhecimento das pessoas mais próximas (por ex., não haver distinção entre a mãe e um estranho).
 Ao nível da linguagem: não imita sons.
 Comportamento: passividade; retirada; falta de iniciativa; défice na resposta a estímulos provenientes de pessoas,
brinquedos, animais, etc.; choro fácil e frequente; aprendizagem lenta; coordenação motora pobre.
 Sono: dificuldade em adormecer sozinho; insónias.

Desenvolvimento dos 6 aos 12 meses

Desenvolvimento físico e psicomotor

Nesta fase há um desenvolvimento da motricidade: os músculos, o equilíbrio e o controlo motor estão mais desenvolvidos,
sendo o bebé capaz de se sentar direito sem apoio e de fazer as primeiras tentativas de se pôr de pé, agarrando-se a
superfícies de apoio.

A partir dos 8 meses, consegue arrastar-se ou gatinhar e a partir dos 9 meses poderá começar a dar os primeiros passos,
apoiando-se nos móveis.

Desenvolve a preensão, entre os 6 e os 8 meses, é capaz de segurar os objetos de forma mais firme e estável e de os
manipular na mão.

Por volta dos 10 meses, é já capaz de meter pequenos pedaços de comida na boca sem ajuda, é capaz de bater com dois
objetos um no outro, utilizando as duas mãos, bem como adquire o controlo do dedo indicador (aprende a apontar).

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Rastejar e caminhar

Idade Postura

7º mês Joelho para a frente

8º mês Rastejar

10º mês Gatinhar

Posição vertical e locomoção

Idade Postura

Mantém-se de pé com apoio, não consegue baixar-se e levantar-se de


9º/10º mês
seguida.

Movimenta-se com apoio, permanece de pé sozinho, baixa-se e


12º mês
levanta-se com apoio.

Desenvolvimento cognitivo

A aprendizagem continua a fazer-se através dos sentidos, principalmente através da boca. Desenvolve a noção de
permanência do objeto, ou seja, a noção de que uma coisa continua a existir mesmo que não a consiga ver.

A partir dos 10 meses, a noção de causa-efeito encontra-se bem desenvolvida: sabe o que vai acontecer quando bate num
determinado objeto (produz som) ou quando deixa cair um brinquedo (o pai ou a mãe apanha-o). Começa também a
relacionar os objetos com o seu fim (por ex., coloca o telefone junto ao ouvido).

Há uma progressiva melhoria da capacidade de atenção e concentração: consegue manter-se concentrado durante
períodos de tempo cada vez mais longos.

Ainda seguindo a teoria de Piaget, retomamos o 4ºSub- estádio (8-12 meses) - coordenação dos esquemas secundários;
intencionalidade

Neste estádio a criança já não se contenta em repetir esquemas para reproduzir resultados interessantes, passa a partir
desta fase a combinar esquemas para obter resultados desejados. Podemos indicar algumas condutas características deste
estádio, entre elas o afastar dos obstáculos, encontrar intermediários entre o sujeito e o objeto.

Uma das grandes aquisições deste estádio de desenvolvimento é a aquisição de intencionalidade dos comportamentos por
parte da criança.

Desenvolvimento da linguagem

Os gestos acompanham as suas primeiras "conversas", exprimindo com o corpo aquilo que quer ou sente (por ex., abre e
fecha as mãos quando quer uma coisa).

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Alguns dos seus sons parecem-se progressivamente com palavras, tais como "mamã" ou "papá" e ao longo dos próximos
meses o bebé vai tentar imitar os sons familiares, embora inicialmente sem significado.

A partir dos 8 meses desenvolve o palrar, acrescentando novos sons ao seu vocabulário. Os sons das suas vocalizações
começam a acompanhar as modulações da conversa dos adultos - utiliza "mamã" e "papá" com significado.

A primeira palavra poderá surgir por volta dos 10 meses.

Linguagem

Idade Desenvolvimento

6º ao 10º mês Balbucia juntando consoantes e vogais.

9º mês Usa gestos para comunicar.

9º ao 10º mês Começa a compreender palavras e imita sons.

9º ao 12º mês Usa alguns gestos sociais.

10º ao 14º mês Diz a primeira palavra, geralmente um nome.

Desenvolvimento sócio afetivo

O bebé está mais sociável, procurando ativamente a interação com quem o rodeia (através das vocalizações, dos gestos e
das expressões faciais).

Manifesta comportamentos de imitação, relativamente a pequenas ações que vê os adultos fazer (por ex. lavar a cara,
escovar o cabelo). A partir dos 10 meses, apresenta maior interesse pela interação com outros bebés.

Forma nesta fase um forte laço afetivo com a figura materna (cuidadora) – vinculação, há presença de ansiedade na
separação, que se manifesta quando é separado da mãe e ainda presença de ansiedade perante estranhos: sendo
igualmente uma etapa normal do desenvolvimento emocional do bebé, manifesta-se quando pessoas desconhecidas o
abordam diretamente.

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A partir dos 8 meses, tem maior consciência de si próprio.

Nesta fase, é comum os bebés mostrarem preferência por um determinado objeto (um cobertor ou um peluche), o qual terá
um papel muito importante na sua vida, ajuda a adormecer, é objeto de reconforto quando está triste.

Sinais de alerta

Os principais sinais de alerta são:

 passividade;
 retirada;
 falta de iniciativa;
 défice na resposta a estímulos provenientes de pessoas, brinquedos, animais, etc.;
 choro fácil e frequente;
 aprendizagem lenta;
 coordenação motora pobre;
 dificuldade em adormecer sozinho; insónias.

Desenvolvimento do 1 aos 2 anos

Desenvolvimento físico e psicomotor

É agora que o bebé começa a andar, sobe e desce escadas, trepa os móveis. O equilíbrio é inicialmente bastante instável,
os músculos das pernas não estão ainda bem fortalecidos. A partir dos 16 meses, já é capaz de caminhar e de se manter
de pé em segurança, com movimentos muito mais controlados.

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Posição vertical e locomoção

Idade Postura

13 meses Anda sozinho

18 meses Sobe escadas com ajuda, empurra a bola com o pé.

21 meses Desce escadas seguro pela mão.

24 meses Corre, anda para trás, dá pontapés numa bola, desce e sobe escadas sozinho.

Dá-se uma melhoria da motricidade fina devido à prática - capacidade de segurar um objeto, manipulá-lo, passá-lo de uma
mão para a outra e largá-lo deliberadamente. Por volta dos 20 meses, será capaz de transportar objetos na mão enquanto
caminha.

Relembramos que a motricidade grossa diz respeito a: movimentos dinâmicos corporais que envolvem um conjunto de
movimentos coordenados de grandes grupos musculares, e a motricidade fina diz respeito à atividade manual, guiada por
meio da visão, ou seja, coordenação visuomanual, com o emprego de força mínima, a fim de atingir uma resposta precisa à
tarefa.

Desenvolvimento cognitivo

Nesta fase do crescimento dá-se um maior desenvolvimento da memória, através da repetição das atividades - permite-lhe
antecipar os acontecimentos e retomar uma atividade momentaneamente interrompida.

Através da sua rotina diária, o bebé desenvolve um entendimento das sequências de acontecimentos que constituem os
seus dias e dos seus pais.

Retomando a teoria de Piaget, estamos perante o 5º Sub-estádio (12 -18 meses) - reação circular e esquemas terciários;
experimentação ativa, tentativa e erro.

Neste sub-estádio a criança começa a apresentar a reação circular terciária, que consiste na diversificação dos movimentos
por parte da criança, esta gradua-os, por exemplo, larga um objeto de cada vez mais alto, vira e torna a virar uma caixa em
vários sentidos, etc. - é uma reação para ver, para observar as diferenças.

A criança manifesta uma procura intencional da novidade e explora ativamente o meio por tentativa e erro.

Ex: face a um objeto demasiado afastado, pousado num tapete a criança, depois de tentar em vão atingi-lo diretamente,
pode conseguir arrastar o tapete e o objeto, e por tentativas, puxar o tapete para aproximar o objeto e agarrá-lo

6° sub-estádio (18-24 meses) - Combinação mental de esquemas; invenção de novos meios de combinação mental; início
da função simbólica.

A principal aquisição desta fase surge com o início da função simbólica, isto é, a capacidade da criança representar o
mundo exterior através do uso de símbolos, nomeadamente, da linguagem.

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A função simbólica representa a capacidade de representar o objeto quando está ausente (o que vai permitir a fala da
criança), observando-se a formação das primeiras palavras, através da função simbólica e da imitação diferida (imitação de
comportamentos/ sons; imitação do que vê/ouve; ao falar de "avó", "cão" já tem imagens mentais correspondentes).

Neste estádio os comportamentos deixam de ser manifestados por tentativa e erro e passam a ser feitas mentalmente,
manifestando a capacidade de "invenção" de soluções. Esta capacidade de "invenção" na prática não é mais do que
tentativas invisíveis que apenas foram interiormente esboçadas, ou seja reflexo de novos meios de combinação mental de
esquemas para apresentar uma solução ou resposta face a um problema.

É esta interiorização que vai permitir uma súbita compreensão dos problemas.

Começa a entender que há um espaço geral, onde ele e vários objetos se incluem.

Nesta fase a criança exibe maior curiosidade: gosta de explorar o que o rodeia, compreende ordens simples, inicialmente
acompanhadas de gestos, a partir dos 15 meses, sem necessidade de recorrer aos gestos. As experiências físicas que vai
fazendo ajudam a desenvolver as capacidades cognitivas. Por volta dos 20 meses, sabe que um martelo de brincar serve
para bater e já o deve utilizar. Consegue estabelecer a relação entre um carrinho de brincar e o carro da família.

Desenvolvimento da linguagem

Embora possa estar ainda limitada a uma palavra de cada vez, a linguagem do bebé começa a adquirir tons de voz
diferentes para transmitir significados diferentes.

Progressivamente irá sendo capaz de combinar palavras soltas em frases de 2 palavras. É capaz de acompanhar pedidos
simples, como por ex. “dá-me a caneca”.

Idade (em meses) Desenvolvimento

12 a 18 meses Diz palavras simples.

13 meses Usa gestos mais elaborados.

16 a 24 meses Aprende muitas palavras novas, expandindo o seu vocabulário rapidamente, de cerca de
50 palavras até 400; utiliza verbos e adjetivos.

18 a 24 meses Diz a primeira frase.

20 meses Utiliza poucos gestos; nomeia objetos.

20 a 22 meses Revela um avanço na compreensão.

Desenvolvimento sócio afetivo

Nesta fase a criança aprecia a interação com adultos que lhe sejam familiares, imitando e copiando os comportamentos que
observa. Apresenta maior autonomia, sente satisfação por estar independente dos pais quando inserida num grupo de
crianças, necessitando apenas de confirmar ocasionalmente a sua presença e disponibilidade. No entanto, as suas

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interações com outras crianças são ainda limitadas, as suas brincadeiras decorrem sobretudo em paralelo e não em
interação com elas.

A partir dos 20-24 meses, e à medida que começa a ter maior consciência de si própria, física e psicologicamente, a criança
começa a alargar os seus sentimentos sobre si própria aos outros, dá-se o início do desenvolvimento da empatia (começa
a ser capaz de pensar sobre o que os outros sentem).

Surge uma grande reatividade ao ambiente emocional em que vive, mesmo que não o compreenda, apercebe-se dos
estados emocionais de quem está próximo dela, sobretudo dos pais. Está a aprender a confiar, pelo que necessita de saber
que alguém cuida dela e vai de encontro às suas necessidades. Desenvolve o sentimento de posse relativamente às suas
coisas, sendo difícil partilhá-las. Embora esteja normalmente bem disposta, a criança nesta fase exibe por vezes, alterações
de humor, as chamadas "birras". É bastante sensível à aprovação/desaprovação dos adultos.

Sinais de alerta

Os principais sinais de alerta são:

 adaptabilidade excessiva, ou seja, passividade, retirada;


 medos excessivos;
 comportamentos executados de forma obsessiva: por exemplo, abanar a cabeça, chuchar no dedo;
 falta de interesse pelos objetos, jogos ou pelo ambiente que a rodeia;
 comportamentos rebeldes excessivos: alterações bruscas de humor, comportamentos incontroláveis, tais como
morder ou bater;
 dificuldade em adormecer sozinho; insónias.

Dos dois aos três anos de idade

Desenvolvimento físico e psicomotor

A criança vai-se desenvolvendo fisicamente, cada vez mais, o seu equilíbrio e coordenação aumentam, é capaz de saltar,
andar ao pé-coxinho ou saltar de um pé para o outro quando está a correr ou a andar. É mais fácil manipular e utilizar
objetos com as mãos, como um lápis de cor para desenhar ou uma colher para comer sozinha. Começa gradualmente a
controlar os esfíncteres (primeiro os intestinos e depois a bexiga).

Desenvolvimento cognitivo

Esta é uma fase de grande curiosidade, sendo muito frequente a pergunta "Porquê?". À medida que se desenvolvem as
suas competências linguísticas, a criança começa a exprimir-se de outras formas, que não apenas a exploração física -
trata-se de juntar as competências físicas e de linguagem (por ex., quando faço isto, acontece aquilo), o que ajuda ao seu
desenvolvimento cognitivo. É capaz de produzir regularmente frases de 3 e 4 palavras.

Segundo Piaget e em síntese, até aos 2 anos, o estádio Sensório – Motor, os bebés descobrem características do mundo
através das suas impressões sensoriais, atividades motoras, e pela coordenação das duas. Dos 2 aos 7 anos as crianças
estão num estádio Pré-operatório, não são capazes de pensar por operações, manipulando e transformando a informação

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de maneira básica e lógica. Só conseguem pensar por imagens e símbolos e formar representações mentais de objetos e
acontecimentos.

A partir dos 32 meses, é já capaz de conversar com um adulto usando frases curtas e de continuar a falar sobre um assunto
por um breve período. Desenvolve a consciência de si: a criança pode referir-se a si própria como "eu" e pode conseguir
descrever-se por frases simples, como "tenho fome".

A memória e a capacidade de concentração aumentaram (a criança é capaz de voltar a uma atividade que tinha
interrompido, mantendo-se concentrada nela por períodos de tempo mais longos).

A criança está a começar a formar imagens mentais das coisas, o que a leva à compreensão dos conceitos -
progressivamente, e com a ajuda dos pais, vai sendo capaz de compreender conceitos como dentro e fora, cima e baixo.

Por volta dos 32 meses, começa a apreender o conceito de sequências numéricas simples e de diferentes categorias (por
ex., é capaz de contar até 10 e de formar grupos de objetos).

Desenvolvimento da linguagem

O vocabulário da criança desenvolve-se cada vez mais.

Idade (em meses) Desenvolvimento

30 meses Aprende novas palavras quase todos os dias; fala combinando 3 ou mais palavras.
Compreende muito bem.

36 meses Diz até 1000 palavras, 80% inteligíveis.

Desenvolvimento sócio afetivo

A mãe é ainda uma figura muito importante para a segurança da criança, não gostando de estranhos. A partir dos 32
meses, a criança já deve reagir melhor quando é separada da mãe, para ficar à guarda de outra pessoa, embora algumas
crianças consigam este progresso com menos ansiedade do que outras. Imita e tenta participar nos comportamentos dos
adultos: por ex., lavar a loiça, maquilhar-se, etc.. É capaz de participar em atividades com outras crianças, como por
exemplo ouvir histórias.

Inicialmente o leque de emoções é vasto, desde o puro prazer até à raiva. Embora a capacidade de exprimir livremente as
emoções seja considerada saudável, a criança necessitará de aprender a lidar com as suas emoções e de saber que
sentimentos são adequados, o que requer prática e ajuda dos pais.

Nesta fase, as birras são uma das formas mais comuns de a criança chamar a atenção - podem dever-se a mudanças ou a
acontecimentos, ou ainda a uma resposta aprendida (as birras costumam estar relacionadas com a frustração da criança e
com a sua incapacidade de comunicar de forma eficaz).

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DESENVOLVIMENTO DA VINCULAÇÃO

4ª FASE – Formação de uma relação recíproca - 2 aos 3 anos

O bebé desenvolve uma relação de parceria com a sua figura de vinculação: ele torna
seus os objetivos que a figura de vinculação ambiciona. Ao mesmo tempo, o bebé
orienta-se a partir do comportamento da sua figura de vinculação.

Sinais de alerta

 Adaptabilidade excessiva: retirada, passividade;


 Medo excessivo;
 Falta de interesse pelos objetos, pelo meio ou pelo jogo;
 Alterações de humor excessivas, bater ou morder de forma incontrolável;
 Birras prolongadas, com muito pouca tolerância aos limites impostos pelas figuras cuidadoras;
 "Consciência de si" muito frágil, que se pode traduzir na dificuldade de tomar decisões;
 Aceitação passiva das imposições dos outros;
 Incapacidade de se identificar como "eu";
 Atraso significativo ao nível da linguagem: por exemplo, não é capaz de produzir frases simples (3, 4 palavras);
 Sono: Dificuldade em adormecer sozinho; Insónias.

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Vinculação: a criança e o adulto de referência

Sentimento de segurança (Base segura)

Se houver um equilíbrio entre os comportamentos de vinculação e os comportamentos exploratórios da criança, a interação


entre o bebé e a sua figura de vinculação irá garantir um sentimento de segurança à criança e, portanto, a vinculação será
uma base segura para o bebé.

Apresentamos de seguida os tipos de vinculação de Ainsworth (1978).

Vinculação Segura (B)


As crianças utilizam a mãe como base segura a partir da qual exploram o meio.
• Nos momentos de separação demonstram sinais de perturbação, especialmente durante a segunda
separação. Não são reconfortadas pelo estranho.
• Nos momentos de reunião, saúdam activamente a mãe com um sorriso, vocalização ou gestos.
Sinalizam ou procuram contacto com a mãe.
• Uma vez reconfortadas, regressam à exploração.
• Equilíbrio entre os comportamentos de vinculação e de exploração.

Vinculação Insegura Evitante (A):

• Permanecem mais ou menos indiferentes


face à localização da mãe, explorando de
imediatamente o meio.
• Podem ou não chorar quando as mães
saem da sala. Se ficam perturbadas é
provável que o estranho as consiga
reconfortar.
• Nos momentos de reunião, desviam o
olhar da mãe e evitam o contacto com ela.
• Comportamentos exploratórios prevalecem
face aos comportamentos de vinculação.

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Vinculação Insegura Ambivalente(C)
Permanecem junto da mãe e aparentam alguma ansiedade, mesmo quando se encontram na sua proximidade,
não explorando o meio.
• Nos momentos de separação demonstram grande perturbação.
• Nos momentos de reunião podem alternar tentativas e contacto com sinais de rejeição, zanga ou fúrias
ou podem demonstrar passividade ou demasiada perturbação para sinalizar ou procurar contacto com a
mãe. Não conseguem confortar-se com a mãe.
• Não retomam a brincadeira quando a mãe regressa, em vez disso ficam vigilantes.
• Os comportamentos vinculativos predominam face aos exploratórios.

A autoestima

De entre os vários aspetos do desenvolvimento infantil, há algo importante surge da relação que a criança vai
estabelecendo com a mãe e com as pessoas com as quais convive: a autoestima. Podemos entender a autoestima como a
maneira pela qual uma pessoa se sente em relação a si mesma, o quanto se respeita e o valor que se atribui. À medida que
vai sendo construída, essa impressão de si vai ajudando a compor a identidade da pessoa.

Entre as características de uma boa autoestima está a convicção de que “podemos ser amados”, de que “somos capazes
de amar”, de que “temos valor” e de que “temos algo de bom” para oferecer a outras pessoas. Para que haja esta convicção
é necessário que as pessoas que cuidam da criança sejam coerentes com aquilo que dizem e aquilo que realmente sentem
em relação a ela. Não basta dizer à criança que a amam, é imprescindível que a própria criança sinta que isso é verdade.
Principalmente no caso dos bebés, a nossa linguagem corporal (gestos, olhar, carinho, acolhimento,...) representa um
importante meio de comunicação.

Devemos sublinhar que a autoestima elevada, sendo um sentimento verdadeiro, não se apresenta de forma pretensiosa.
Tal atitude tende a esconder na verdade um sentimento de inferioridade. É importante lembrar que as pessoas que se
sentem realmente valorizadas não precisam de perder tempo e energia a tentar convencer os outros de que são
importantes.

O valor que a pessoa se atribui exerce forte influência na própria vida. Sabe-se que pessoas que puderam, ao longo da
vida, fortalecer sua própria imagem possuem mais hipóteses de obter sucesso, seja no campo pessoal como no
profissional. Talvez, uma das funções mais importantes dos pais e educadores em relação ao desenvolvimento infantil seja
ajudar a criança a criar um bom conceito sobre si mesma. Desta forma podemos dizer que nós funcionamos como um
espelho para a criança, mostrando-lhe aquilo que ela nos faz sentir.

As crianças nascem sem a noção de individualidade. Nascem emocionalmente dependentes da mãe e precisam de ir
aprendendo que são indivíduos. Na sua imaturidade cognitiva e psicológica, os bebés recebem essas mensagens através
de sensações corporais (tato, fome, sons, dores, afagos, saciedade,…). Tais sensações vão dando à criança uma noção,
ainda que rudimentar, acerca de sentimentos como o amor e a hostilidade, por isso, é importante a troca afetiva entre a
criança e a pessoa que a acompanha ao longo do seu desenvolvimento.

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Com a aquisição dos movimentos voluntários, surgem as primeiras experiências que unem aspetos cognitivos e emocionais
a respeito da individualidade. O bebé percebe que há diferença entre a mãe dar a papinha ou ser ele próprio a fazer isso.

Entre os 12 e os 18 meses, aproximadamente, com o desenvolvimento da fala e da capacidade de andar, a criança já


possui uma compreensão mais clara da separação no seu sentido corporal. No entanto, ainda é presente uma grande
dependência emocional.

Quanto mais cedo e frequentemente a criança experimenta o sentimento de não ser amada, a autoestima empobrecida fica
mais rígida, o que dificulta a sua alteração ao longo da vida. Neste caso é comum existir uma sensação de “vazio” que
nunca vai conseguir completar. O que parece acontecer é que a pessoa tende a recusar o que de bom lhe vai acontecendo.

Mas devemos recordar que a autoimagem é construída e não herdada, podendo assim ser reestruturada, ainda que
enrijecida. Essa alteração depende de novas experiências de êxito e aceitação. No entanto, alterar a imagem que se tem de
si implica uma mudança e essa, por sua vez, está ligada à possibilidade de se tentar algo novo. Significa rever conceitos
muitas vezes tidos como verdades. Considerando-se que a construção da autoimagem ocorre de forma mais significativa na
infância, é compreensível que quanto mais cedo esta distorção de imagem for corrigida, menos complicadas são as
consequências ao longo da vida.

Os educadores têm um papel importante nesta construção, no fortalecimento de uma boa auto-imagem e dos sentimentos
de aceitação e adequação, contribuindo para que se tornem adultos mais seguros do seu valor e da sua condição de amar
e receber amor.

FATORES CONDICIONANTES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

O desenvolvimento infantil é um processo de crescimento que será influenciado por fatores intrínsecos (genéticos) e
extrínsecos (ambientais), de entre os quais se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados
gerais com a criança, entre outros. É da interação destes diferentes elementos que se processa o desenvolvimento da
criança, podendo o mesmo ser potenciado ou retardado consoante os fatores do meio e as tarefas propostas como desafio
à criança. Sublinhamos que o crescimento da criança depende grandemente dos fatores sócioeconómicos e culturais, pelo
que se compreende a importância da estimulação precoce e de um trabalho sistemático e continuado com as crianças,
procurando assegurar o seu saudável desenvolvimento nos diferentes domínios.

Aspetos genéticos

As características hereditárias exercem grande influência sobre o crescimento e o desenvolvimento. Herdamos a maioria
das características físicas, mas também muitas das dimensões da personalidade. Estas influenciam a forma como a criança
cresce e interage com o meio ambiente. Embora se pense que se pode estabelecer limites do potencial biológico individual,
este pode também sofrer influências ambientais.

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Aspetos ambientais

À medida que as crianças crescem as experiências de vida desempenham um papel mais importante. Os fatores ambientais
são inúmeros e podem atuar e influenciar períodos diferentes do desenvolvimento. Podem atuar no período pré-natal, peri-
natal ou pós natal.

Podem ser de múltiplas origens:

 Físicos
 Químicos
 Infecciosos
 Imunológicos, entre outros.
 Uma vigilância de saúde durante e após o nascimento da criança pode reduzir consideravelmente esta linha de
fatores.

Factores nutricionais

A nutrição é a influência isolada mais importante sobre o crescimento. Durante o período rápido de crescimento pré-natal, a
deficiência nutricional pode influenciar o desenvolvimento.

Durante o período de latência, as necessidades proteico-calóricas são maiores do que em qualquer outra época pós-natal.

À medida que a velocidade do crescimento se reduz, há uma redução correspondente das necessidades proteico-calóricas.

Fatores sócio emocionais

Os fatores sociais e emocionais onde a criança está inserida podem modificar o potencial de crescimento e
desenvolvimento.

A posição da criança na família, a qualidade de interação entre as crianças e os pais, as metas estabelecidas para a criança
e os conceitos pessoais e necessidades dos pais, são muito importantes para o grau de realização pessoal conseguido pela
criança.

Culturais

Os fatores culturais podem limitar a criança estabelecendo expectativas para o seu comportamento, podendo mesmo alterar
o esquema de novas aquisições.

Algumas etapas do desenvolvimento como a preensão, o sentar, o pôr-se de pé, andar, que se pensava depender apenas
da maturação, estão também dependentes de fatores desta natureza.

Políticos e socioeconómicos

A definição do tipo de prioridade que a sociedade estabelece de uma forma global exerce também grande influência.

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O tipo de estruturas e infraestruturas que esta põe ao seu dispor podem funcionar como facilitador e promotor ou por outro
lado, como limitador do potencial de desenvolvimento.

Existem também evidências que indicam que o nível socioeconómico produz impacto no desenvolvimento.

Por exemplo, crianças de classe média e superior são mais altas que as crianças de classes inferiores.

CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES NAS FUNÇÕES OU ESTRUTURAS DO CORPO OU COM RISCO


GRAVE DE ATRASO DE DESENVOLVIMENTO

Do nascimento ao 1º ano de vida

Sem sorriso social; pobre atenção visual; passividade; pouca interação social, choro persistente; não segura a cabeça nem
pega em objetos; não se senta, nem com apoio; não se apoia nos membros inferiores, bebé silencioso, sem “palreio”; sono
irregular.

Do 1º ano ao 2º ano de vida

Não reconhece adultos e familiares, nem o próprio nome; alheio aos sentimentos dos adultos; não passa para a posição de
sentado; não se levanta, mesmo apoiado; não agarra objetos pequenos; não dá passos sozinho; não diz palavras, nem usa
os objetos pela função.

Nos 3º e 4º anos de vida

Não brinca com outras crianças; não tem consciência do perigo; birras frequentes; não desenvolve um jogo sem ajuda de
um adulto; não identifica objetos; não faz rabiscos circulares; marcha insegura; não usa mais de 50 palavras com sentido
nem joga “o faz de conta”.

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CONCLUSÃO

Ao longo das sessões conseguimos refletir, partilhar e adquirir conhecimentos sobre o desenvolvimento global das crianças
dos 0 aos 3 anos.

O desenvolvimento nesta fase é rapidíssimo, assim como a absorção de informação nesta fase por parte da criança. Assim,
o contacto com a criança precisa de ser delicado e ao mesmo tempo atencioso. A criança é um ser em desenvolvimento
motor, cognitivo, emocional e social. O desenvolvimento psicomotor é um processo dinâmico e contínuo, sendo constante a
ordem de aparecimento das diferentes funções. Contudo, a velocidade de passagem de um estádio a outro varia de uma
criança para outra e, consequentemente, a idade de aparecimento de novas aquisições também difere, foi o que
trabalhamos ao longo do módulo.

A criança é uma esponjinha que absorve tudo quanto pode 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Wagner Luiz Garcia Teodoro (2013) – “O desenvolvimento infantil de 0 a 6 e a vida pré-escolar”.

Motor de busca do Google.

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