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Número do processo: 70056374234


Comarca: Comarca de Rio Grande
Data de Julgamento: 18/11/2013
Relator: Denise Oliveira Cezar

PODER JUDICIÁRIO

---------- RS ----------
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DOC

Nº 70056374234 (N° CNJ: 0362050-28.2013.8.21.7000)

2013/Cível

APELAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO. execução fiscal. EMBARGOS DE


TERCEIRO. penhora de bem imóvel determinada posteriormente à
celebração do contrato de compra e venda. AUSÊNCIA DE REGISTRO.
irrelevância. comprovação da alienação em data anterior à inscrição do
débito em dívida ativa. ilegitimidade da CONSTRIÇÃO. JULGAMENTO,
PELO STJ, DO RESP N. 1.141.990/PR SOB O REGIME DO ART. 543-C DO
CPC.

O Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do REsp


1.141.990/PR, firmou entendimento de que, nas execuções fiscais, o
reconhecimento de fraude à execução independe da existência de registro da
penhora do bem alienado ou de prova de má-fé do terceiro adquirente,
bastando que a alienação tenha sido posterior à citação do devedor e que este
não tenha reservado bens suficientes ao pagamento do débito. Inaplicabilidade
da Súmula 375 às execuções fiscais.

Caso concreto, porém, em que comprovada a alienação anteriormente à


inscrição do débito em dívida ativa. A ausência de registro do negócio jurídico
não afasta a ilegitimidade da penhora realizada sobre imóvel que
comprovadamente não é de propriedade do executado. Precedentes.

ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. INVERSÃO. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.

Conforme entendimento sumulado no STJ (verbete 303), quem dá causa à

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constrição indevida, não registrando o contrato de compra e venda no Ofício


Imobiliário, deve arcar com os ônus sucumbenciais correspondentes aos
embargos de terceiro. Precedentes.

APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. DECISÃO MONOCRÁTICA.

Apelação Cível Vigésima Segunda Câmara


Cível
Nº 70056374234 (N° CNJ: Comarca de Rio Grande
0362050-28.2013.8.21.7000)
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL APELANTE
ANA MARIA DE LIMA SILVEIRA APELADA

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.

Cuida-se de apelação interposta pelo ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL, em face da sentença (fls. 50-1 e 60-v.) que acolheu os embargos de
terceiro que em seu desfavor opõe ANA MARIA DE LIMA SILVEIRA proferida
nos seguintes termos:

Ante o exposto, julgo procedentes os presentes embargos de


terceiro, para desconstituir a penhora sobre o imóvel de matrícula nº
62.331. Arcará o embargado com as custas e honorários
advocatícios, estes fixados em R$ 600,00, corrigidos, pelo IGP/M, a
partir desta data e acrescido de juros legais, a contar da citação. (...)

Em suas razões (fls. 53-5v.), aduz o Estado que não há título transcrito no
registro de imóveis, mas apenas compromisso de compra e venda, o qual não
tem o condão de transferir a propriedade, consoante os arts. 530 e seguintes do
Código Civil de 1916 e art. 1.245 da atual lei civil. Relativamente à
perfectibilização da penhora, sustenta que o imóvel estava registrado em nome
do executado Ibrahim Haddad, assim, é considerado como proprietário do
imóvel em questão, devendo ser mantida a constrição. Afirma ser terceiro de
boa-fé, que não tinha condições de conhecer o negócio jurídico celebrado entre
a ora embargante e o executado, tendo requerido, portanto, a penhora legítima
sobre o patrimônio do executado. Por fim, salienta que, embora a Súmula nº 84
do STJ admita a oposição de embargos de terceiro com base apenas na posse,
a embargante não produziu qualquer prova de seu exercício sobre o imóvel em
questão. Objeta, ainda, contra o valor em que fixados os honorários
advocatícios, postulando a minoração para R$ 300,00. Requer o provimento do
recurso.

São apresentadas contrarrazões (fls. 72-5).

Vieram os autos conclusos para julgamento.

É o relatório.

Conheço do recurso, porquanto preenchidos os seus requisitos de


admissibilidade.

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O recurso comporta julgamento monocrático, na forma do artigo


557, § 1º-A, do CPC.

Por um lado, é consabido que a transmissão de bem imóvel somente se


dá com o registro do título translativo no Registro de Imóveis, conforme
determina o art. 1.245 do Código Civil, verbis:

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o


registro do título translativo no Registro de Imóveis.

Da mesma forma o artigo 1.046 do CPC é claro ao legitimar o possuidor


ao exercício dos embargos, verbis:

Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou


esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos
como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial,
arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam
manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

§ 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou


apenas possuidor.

Neste sentido, Ruy Rosado de Aguiar Junior:

“O Código de 1973 não repetiu a mesma regra, excluiu a referência


ao “direito” e distinguiu senhor e possuidor do possuidor. A omissão
ao direito já foi criticada, com procedência, por Pontes de Miranda,
pelo quê se deve interpretar “posse”, no texto do art. 1.046, caput,
“em sentido larguíssimo”, compreensivo de qualquer “direito.”1

Ocorre, todavia, que o Superior Tribunal de Justiça, por


ocasião do julgamento do REsp. n. 1.141.990/PR, em 10/11/2010,
submetido ao regime do art. 543-C do CPC, firmou posicionamento
no sentido de que a súmula n. 375 daquele tribunal não se aplica às
execuções fiscais, como se depreende da seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. DIREITO TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE
TERCEIRO. FRAUDE À EXECUÇÃO FISCAL. ALIENAÇÃO DE BEM POSTERIOR
À CITAÇÃO DO DEVEDOR. INEXISTÊNCIA DE REGISTRO NO DEPARTAMENTO
DE TRÂNSITO - DETRAN. INEFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO. INSCRIÇÃO
EM DÍVIDA ATIVA. ARTIGO 185 DO CTN, COM A REDAÇÃO DADA PELA LC N.º
118⁄2005. SÚMULA 375⁄STJ. INAPLICABILIDADE.

1. A lei especial prevalece sobre a lei geral (lex specialis derrogat lex
generalis), por isso que a Súmula n.º 375 do Egrégio STJ não se aplica às
execuções fiscais.

2. O artigo 185, do Código Tributário Nacional - CTN, assentando a presunção de


fraude à execução, na sua redação primitiva, dispunha que:

"Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou


seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública por crédito
tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução.

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Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados pelo devedor bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida
em fase de execução."

3. A Lei Complementar n.º 118, de 9 de fevereiro de 2005, alterou o artigo 185, do


CTN, que passou a ostentar o seguinte teor:

"Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou


seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito
tributário regularmente inscrito como dívida ativa.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida
inscrita."

4. Consectariamente, a alienação efetivada antes da entrada em vigor da LC n.º


118⁄2005 (09.06.2005) presumia-se em fraude à execução se o negócio jurídico
sucedesse a citação válida do devedor; posteriormente à 09.06.2005, consideram-
se fraudulentas as alienações efetuadas pelo devedor fiscal após a inscrição do
crédito tributário na dívida ativa.

5. A diferença de tratamento entre a fraude civil e a fraude fiscal justifica-se pelo


fato de que, na primeira hipótese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na
segunda, interesse público, porquanto o recolhimento dos tributos serve à
satisfação das necessidades coletivas.

(...)

9. Conclusivamente: (a) a natureza jurídica tributária do crédito conduz a que


a simples alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, pelo
sujeito passivo por quantia inscrita em dívida ativa, sem a reserva de meios
para quitação do débito, gera presunção absoluta (jure et de jure) de fraude à
execução (lei especial que se sobrepõe ao regime do direito processual civil);
(b) a alienação engendrada até 08.06.2005 exige que tenha havido prévia
citação no processo judicial para caracterizar a fraude de execução; se o ato
translativo foi praticado a partir de 09.06.2005, data de início da vigência da
Lei Complementar n.º 118⁄2005, basta a efetivação da inscrição em dívida ativa
para a configuração da figura da fraude; (c) a fraude de execução prevista no
artigo 185 do CTN encerra presunção jure et de jure, conquanto componente
do elenco das "garantias do crédito tributário"; (d) a inaplicação do artigo 185
do CTN, dispositivo que não condiciona a ocorrência de fraude a qualquer
registro público, importa violação da Cláusula Reserva de Plenário e afronta à
Súmula Vinculante n.º 10, do STF.

10. In casu, o negócio jurídico em tela aperfeiçoou-se em 27.10.2005 , data


posterior à entrada em vigor da LC 118⁄2005, sendo certo que a inscrição em dívida
ativa deu-se anteriormente à revenda do veículo ao recorrido, porquanto, consoante
dessume-se dos autos, a citação foi efetuada em data anterior à alienação,
restando inequívoca a prova dos autos quanto à ocorrência de fraude à execução
fiscal.

11. Recurso especial conhecido e provido. Acórdão submetido ao regime do artigo


543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08⁄2008.

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Extrai-se dos fundamentos do voto condutor do aresto


precitado que, para a caracterização da fraude à execução em feitos
executivos, torna-se irrelevante a comprovação de que o
adquirente tinha conhecimento da existência de execução fiscal
ou que agiu em conluio (má-fé) com o executado, objetivando
fraudar a execução:

Consectariamente, a alienação efetivada antes da entrada em vigor da LC n.º


¹¹⁸⁄ (09.06.2005) presumia-se em fraude à execução se o negócio jurídico
sucedesse a citação válida do devedor; posteriormente à 09.06.2005,
considera-se fraudulentas as alienações efetuadas pelo devedor fiscal após a
inscrição do crédito tributário na dívida ativa.

O segundo aspecto de extremo relevo para a fixação da tese é o de que os


precedentes que levaram à edição da Súmula n.º ³⁷⁵⁄STJ não foram exarados
em processos tributários nos quais se controverteu em torno da redação do
artigo 185 do CTN, de forma que o Enunciado não representa óbice algum ao
novo exame da questão.

Acrescente-se que a diferença de tratamento entre a fraude civil e a fraude


fiscal justifica-se pelo fato de que, na primeira hipótese, afronta-se interesse
privado, ao passo que, na segunda, interesse público, porquanto o recolhimento
dos tributos serve à satisfação das necessidades coletivas.

Deveras, a fraude de execução, diversamente da fraude contra credores, opera-


se in re ipsa, vale dizer, tem caráter absoluto, objetivo, dispensando o concilium
fraudis.

(...)

Conclusivamente:

(a) a natureza jurídica tributária do crédito conduz a que a simples alienação ou


oneração de bens ou rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo por quantia
inscrita em dívida ativa, sem a reserva de meios para quitação do débito, gera
presunção absoluta (jure et de jure) de fraude à execução (lei especial que se
sobrepõe ao regime do direito processual civil);

(b) a alienação engendrada até 08.06.2005 exige que tenha havido prévia
citação no processo judicial para caracterizar a fraude de execução; se o ato
translativo foi praticado a partir de 09.06.2005, data de início da vigência da Lei
Complementar n.º ¹¹⁸⁄ , basta a efetivação da inscrição em dívida ativa para a
configuração da figura da fraude;

(c) a fraude de execução prevista no artigo 185 do CTN encerra presunção jure
et de jure, conquanto componente do elenco das "garantias do crédito
tributário";

(d) a inaplicação do artigo 185 do CTN, dispositivo que não condiciona a


ocorrência de fraude a qualquer registro público, importa violação da Cláusula
Reserva de Plenário e afronta à Súmula Vinculante n.º 10, do STF.

O caso em tela, contudo, apresenta peculiaridades que autorizam afastar


a aplicação de tal norma, porque dos documentos colacionados a estes autos

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não resta qualquer dúvida acerca da veracidade das alegações da embargante.

Com efeito, o contrato particular de compra e venda das fls. 10-11


demonstra que o imóvel descrito na matrícula nº 62.331 foi adquirido pela
embargante no ano de 1996, muito antes do ajuizamento da execução fiscal em
apenso, na data de 14/06/2004, para cobrança de créditos tributários de IPVA
(fl. 04 do apenso).

Ocorre que, embora realizado o negócio jurídico, este não foi levado a
registro pela adquirente.

Nesse contexto, conquanto não tenha sido preenchido requisito de


transmissão formal do imóvel, não há como se afastar o fato de que o bem
constrito na execução em apenso não pertence ao executado Ibrahim Haddad,
não se mostrando legítima, portanto, a penhora realizada.

Com efeito, observando-se o princípio da verdade real no caso em tela,


tenho que deve ser mantida a procedência dos embargos de terceiro, a fim de
afastar a constrição sobre bem que, à toda evidência, não é de propriedade do
executado.

A Súmula n. 84 do STJ2 preceitua justamente que é admissível a


oposição de embargos de terceiro fundados na alegação de posse advinda do
compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.

Nesse sentido, colaciono precedentes desta Corte e do STJ:

APELAÇÃO CÍVEL Nº 70044668937, VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL,


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ARMÍNIO JOSÉ ABREU LIMA DA
ROSA, JULGADO EM 19/10/2011

PROCESSUAL CIVIL. INOVAÇÃO RECURSAL. INOCORRÊNCIA. MATÉRIA DE


ORDEM PÚBLICA. A fraude à execução, por envolver temática de ordem pública,
consubstanciada inclusive em ato atentatório à dignidade da Justiça (artigo 600, I,
CPC), pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição, sem que tal
implique repudiada inovação recursal. EMBARGOS DE TERCEIRO. PROMESSA
DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADA. PROVA DOS AUTOS. SÚMULA 84,
STJ. ALIENAÇÃO DO IMÓVEL ANTES DO AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO
FISCAL. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO CONFIGURADA. ARTIGO 185, CTN.
Sendo perfeitamente possível extrair da prova dos autos a alienação do imóvel aos
embargantes em data anterior à constrição, tendo por origem promessa de compra
e venda, bem podem defender sua posse, mesmo não registrado o negócio
obrigacional, nos termos da Súmula 84, STJ. Celebrado o compromisso de compra
e venda em data anterior ao próprio ajuizamento da execução fiscal, aplicável, à
hipótese, o artigo 185, CTN, em sua redação original, já que o ato traslativo foi
praticado em data anterior à vigência da Lei Complementar nº 118/05, não há falar
em fraude à execução.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 70033301813, DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL,


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ORLANDO HEEMANN JÚNIOR,
JULGADO EM 14/04/2011

APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO. EMBARGOS DE TERCEIRO. ALIENAÇÃO


DE BEM ANTES DO AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO E DA EMISSÃO DO TÍTULO

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EXECUTADO. FRAUDE Á EXECUÇÃO NÃO CARACTERIZADA. EXCEÇÃO DE


COISA JULGADA. 1. Exceção de coisa julgada. Opera-se a coisa julgada somente
entre as partes às quais foi dada a decisão, não beneficiando, nem prejudicando
terceiros. Art.472 do CPC. Possibilidade de o terceiro rediscutir a penhora sobre o
bem adquirido e cuja alienação fora incidentalmente declarada ineficaz, no processo
executivo. 2. Vendido o imóvel penhorado antes do ajuizamento da execução, e
mesmo antes da emissão do título (cheque) executado, não resta caracterizada a
fraude à execução, ainda que o registro da escritura tenha sido posterior. Posse de
boa-fé evidenciada. Precedentes jurisprudenciais. 3. Ônus da sucumbência.
Imposição a cargo do credor-embargado, ante a pretensão resistida. Imóvel que
fora indicado pelo credor e que se opôs à desconstituição do ato. Apelo do
embargante provido. Recurso adesivo improvido.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 70022328322, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ADÃO SÉRGIO DO NASCIMENTO CASSIANO,
JULGADO EM 20/02/2008

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DE


TERCEIRO. BEM IMÓVEL ALIENADO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA.
AUSÊNCIA DE REGISTRO. IRRELEVÂNCIA. Tendo sido comprovado que o bem
objeto da penhora fora alienado antes mesmo da constrição e do seu registro (art.
659, § 4º, do CPC), e ainda antes do ajuizamento do feito executivo, é cabível a
oposição de embargos de terceiro, ainda que ausente o registro da compra e venda
do imóvel, uma vez que o incidente tem por objetivo a defesa da posse, e não da
propriedade. Súmula nº 84 do STJ. Os embargos de terceiro destinam-se
especialmente a defender a posse e não a propriedade (CPC, art. 1.046), de modo
que desimporta, para a sua procedência o registro ou não do título no Ofício próprio.
Provada a posse e a regular venda pelo respectivo contrato de compromisso de
compra e venda, realizado perante serventia pública, anteriormente à penhora, a
procedência dos embargos é impositiva. À UNAMIDADE, APELAÇÃO
DESPROVIDA.

RESP 1005397/RS, REL. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA


TURMA, JULGADO EM 16/11/2010, DJE 29/11/2010

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. EMBARGOS DE


TERCEIRO. BEM IMÓVEL ANTERIORMENTE ADJUDICADO. FALTA DE
REGISTRO. POSSE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 84/STJ, POR ANALOGIA.

1. Versam os autos sobre embargos de terceiro opostos por Central SR


Distribuidora de Produtos Alimenticios Ltda. contra execução fiscal movida pela
Fazenda Nacional objetivando desconstituir penhora realizada sobre bem imóvel
anteriormente adjudicado, porém não-registrado no Registro de Imóveis.

2. Cinge-se a controvérsia em saber se a adjudicação anteriormente realizada por


credor hipotecário sobre bem imóvel, sem o registro de transferência da
propriedade no Registro de Imóveis, tem o condão de desconstituir penhora sobre
este bem posteriormente promovida pela Fazenda Nacional.

3. "É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de


posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que
desprovido do registro". Aplicação, por analogia, do enunciado da Súmula 84/STJ.

4. Recurso especial não provido.

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Destarte, constatado que a alienação do bem precedeu ao


ajuizamento da execução que deu ensejo ao decreto de
indisponibilidade do bem, efetivamente deve ser confirmada a
desconstituição da penhora.

Todavia, merece reparos a sentença no que tange à


distribuição dos ônus sucumbenciais.

A condenação ao pagamento dos ônus de sucumbência é


determinada com base no princípio da causalidade, que é assim
definido por Nelson Nery Júnior:

Pelo princípio da causalidade, aquele que deu causa à


propositura da demanda ou à instauração de incidente processual
deve responder pelas despesas daí decorrentes.

No caso em tela, houve desconstituição de penhora, por ter


sido efetivada sobre bem imóvel cuja propriedade havia sido
transmitida a terceiro em momento anterior à constrição judicial.

Ocorre que a embargante não cumpriu com seu dever de levar


a registro o contrato de compra e venda no Ofício Imobiliário e, com
isto, deu causa à constrição do bem que não mais respondia por
dívidas do credor e, por conseguinte, à oposição dos presentes
embargos. Assim, por não ter dado causa à constrição, não compete
ao Estado arcar com os ônus de sucumbência correspondentes.

Com efeito, dispõe a Súmula n. 303 do Superior Tribunal de


Justiça:

Em embargos de terceiro, quem deu causa à


constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL Nº 70054451745,


DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL,
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS,
RELATOR: NELSON JOSÉ GONZAGA,
JULGADO EM 20/06/2013

APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE


COMPRA E VENDA. EMBARGOS DE
TERCEIRO. PROCEDÊNCIA. ÔNUS
SUCUMBENCIAIS. APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. Ainda
que tenham sido julgados procedentes
os embargos de terceiro, a embargante
deu causa ao ajuizamento da ação,
porquanto deixou de registrar na
matrícula do imóvel penhorado a
alienação realizada, o que evitaria a
constrição e o ajuizamento desta ação.

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Responsabilidade, portanto, da
embargante, pelo pagamento das custas e
honorários do patrono do embargado.
Súmula 303 do STJ. Sentença reformada
em parte, para determinar à embargante o
pagamento dos ônus sucumbenciais, com
redimensionamento dos honorários.
DERAM PROVIMENTO AO RECURSO.
UNÂNIME.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 70053746608,


DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL,
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS,
RELATOR: PEDRO CELSO DAL PRA,
JULGADO EM 25/04/2013

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS


JURÍDICOS BANCÁRIOS. EMBARGOS
DE TERCEIRO. EXECUÇÃO.
DESCONSTITUIÇÃO DA PENHORA.
SUCUMBÊNCIA. PRINCIPIO DA
CAUSALIDADE. IMPUTAÇÃO DA
SUCUMBÊNCIA À PARTE
EMBARGANTE, EM SUA
INTEGRALIDADE, POR TER DADO
CAUSA À PENHORA E AO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO, AO DEIXAR
DE LEVAR A REGISTRO A AQUISIÇÃO
DO IMÓVEL. NEGARAM PROVIMENTO.
UNÂNIME.

AGRG NO AG 1153100/MG, REL.


MINISTRO PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
JULGADO EM 17/05/2011, DJE
24/05/2011

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL.
SÚMULA 182/STJ. NÃO INCIDÊNCIA.
EMBARGOS DE TERCEIRO. REGISTRO
DA TRANSFERÊNCIA DO IMÓVEL.
AUSÊNCIA. DESISTÊNCIA POSTERIOR
DA PENHORA. CONCOMITANTE
CONTESTAÇÃO DE MÉRITO.
ALEGAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO.
ENCARGOS SUCUMBENCIAIS.
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. SÚMULA
303/STJ. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA.

1. Reconsideração da decisão agravada,


que deixou de apreciar o agravo com
invocação da Súmula 182/STJ.

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2. A inércia da autora dos embargos de


terceiro em levar a registro o imóvel
penhorado deu causa à propositura da
demanda.

3. Aplicação do princípio da causalidade,


devendo suportar a embargante os
encargos sucumbenciais.

4. Hipótese diversa, em que o embargado,


apesar da posterior desistência da
penhora, contesta e apela quanto a venda
do imóvel ao embargante, buscando o
reconhecimento fraude à execução nas
instâncias ordinárias.

5. Inexiste omissão ou falta de


fundamentação em acórdão, quando há
tão-somente decisão fundamentada de
forma sucinta, contrária à pretensão da
parte recorrente.

6. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.

Assim, impõe-se a reforma


da sentença, no ponto, a fim de
inverter os ônus da sucumbência.

Ante o exposto, dou


parcial provimento ao recurso,
nos termos do art. 557, § 1º-A,
do CPC, unicamente para
determinar que a parte
embargante arque com o
pagamento dos ônus
sucumbenciais, no montante
determinado na sentença.

Intimem-se.

Porto Alegre, 04 de
novembro de 2013.

Des.ª Denise Oliveira Cezar,

Relatora.
DCF

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1 http://www.stj.jus.br/internet_docs/ministros/Discursos
/0001102/EMBARGOS%20DE%20TERCEIRO.doc

2 É admissível a oposição de embargos


de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra
e venda de imóvel, ainda que desprovido
do registro.

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