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O Vale e a escravidão: Em outras palavras, o que está por traz dos dados de Slenes era o
fato de que a lei que regulava o ventre livre não alterou o quadro de crescimento da
escravidão no Vale até o final da década de 1870. Ficara evidente que a expansão do
complexo cafeeiro e sua consolidação conferiam estabilização e ampliação à escravidão,
a despeito do fim do tráfico atlântico de escravos. Nesse sentido, era emblemático o
crescimento da população escrava que mais que triplicou de tamanho na província do Rio
de Janeiro, passando de 119 mil em 1844, para cerca 370 mil no final de 1870.41 A partir
de então, a escravidão começava a se esvaziar nas regiões que impulsionaram sua
expansão a partir da década de 1820, seguindo a tendência do que já ocorria em relação à
população da Corte e de outras regiões do Império.42 Nessas áreas, já havia retração da
demografia cativa anteriormente àquele marco. Em meados do século, enquanto doze dos
vinte e três municípios da província fluminense tinham em sua população mais de 50%
de indivíduos reduzidos à escravidão, em 1872, havia apenas cinco municipalidades
nessa situação. Dito de outra forma, na província que abrigava a Corte, 52,8% de sua
população era conformada por escravos em 1850; percentual reduzido para 49,9% em
1856 e 37,4% em 1872.43 De forma geral, o declínio da demografia da escravidão era a
regra para diversas regiões do Rio de Janeiro nesse período, com exceção do Vale.44 A
redução não era impulsionada pelos municípios vinculados à economia cafeeira, salvo
exceções das áreas pioneiras, como Piraí e S. João do Príncipe, mas, sobretudo, por
regiões desvinculadas da grande lavoura, abertas à incorporação de mão de obra livre,
como ocorria, por exemplo, nos litorais sul e norte fluminense.